UEA-PROFORMAR. Metodologia Do Desenvolvimento Da Pesquisa
UEA-PROFORMAR. Metodologia Do Desenvolvimento Da Pesquisa
UEA-PROFORMAR. Metodologia Do Desenvolvimento Da Pesquisa
Desenvolvimeno
da Pesquisa
Universidade do Estado do Amazonas
Metodologia do
Desenvolvimeno
da Pesquisa
Manaus/AM
UEA
Edições
2006
© 2006, Universidade do Estado do Amazonas
Coordenação Pedagógica
Cíntia Maria Lins
Lana Maria Duarte Padilha
Linda Esmeralda Mary da Cruz Messa
Lúcia Helena Pinheiro de Oliveira
Márcia Ribeiro Maduro Taveira
Norma Sandra Cabral Romero
Rejane Ricardo da Silva
Ricardo Riquena
Rita de Cássia Gaspar de Mello
Capa
Aurelino da Silva Bentes
Diagramação e Formatação
Celson de Souza Costa
Ficha Catalográfica
Elizabeth Heitor Pinto
Coordenação Editorial
Irene da Costa Alves
Revisão
Irene da Costa Alves
Cíntia Maria Lins
Tiragem
8.000 cópias
Logística
Francisco Benedito Gaspar de Mello
132p.: il.; 28 cm
Inclui bibliografia.
ISBN
CDU 001.891
CDD 001.42
UEA Edições
Avenida Djalma Batista, 3578 - Flores
CEP 69050-030, Manaus-AM
Fone: (92) 3214-5773
Endereço eletrônico: editorauea@uea.edu.br
Dedicamos este Manual Acadêmico aos pro-
fessores e às professoras amazonenses que
corajosamente se dedicaram à Pesquisa em
Educação.
AGRADECIMENTOS
O trabalho acadêmico jamais pode ser uma obra solitária, sobretudo quando o
produzimos tendo como destinatários àqueles que estarão conectados através da escola
aos produtores de conhecimento. Esta telepresença é um estímulo forte para que vença-
mos todos os obstáculos.
Em primeiro lugar, temos a agradecer à Universidade do Estado do Amazonas pela
coragem e pelo descortino de manter um programa da magnitude do PROFORMAR e que,
certamente, fará substancial diferença na nossa qualidade de ensino público. Este traba-
lho hercúleo só se realiza graças a uma cadeia de pessoas competentes que exigem,
cobram prazos e qualidade dos Professores Titulares, responsáveis pela Disciplina.
Agradecemos a todos os autores nesta obra referenciados, pois integram o univer-
so teórico-prático da pesquisa e dos quais somos eternos devedores.
Agradecemos aos Professores Assistentes, nossos indispensáveis parceiros, res-
ponsáveis diretos pelo retorno das informações sobre o desempenho das equipes de
professores titulares. Aos nossos alunos, destinatários incontestes desta obra, os nossos
agradecimentos pelos questionamentos competentes que provocam a nossa reflexão e
melhoram nossas práticas como profissionais da educação.
Enfim, a todos que estão por trás desta obra na produção gráfica e a todos que
ficarão anônimos preparando os roteiros para as aulas, as artes, a produção técnica de
som e imagem ou recebendo as dúvidas, as críticas e os elogios por meio do call center,
o nosso mais profundo agradecimento.
Os Autores
PEDAGOGIA DA AUTONOMIA
LISTA DE TABELAS
REFERÊNCIAS ................................................................................................................. 99
GLOSSÁRIO ................................................................................................................ 103
ANEXOS ................................................................................................................ 105
Apresentação
Saudações da Equipe.
1 O MODO DE PRODUZIR
CONHECIMENTO EM EDUCAÇÃO
2 OS ENFOQUES E A PESQUISA
EM EDUCAÇÃO NO BRASIL
Os estudos sobre a sala de aula, conforme Oliveira (1993) reportam-se aos seguin-
tes pressupostos:
1. O referencial estrutural-funcionalista tem suas limitações, principalmente na
compreensão das relações intra-escolares pertinente às desigualdades sociais e à produ-
ção do fracasso escolar;
2. A importância do estudo sobre os sujeitos da escola, das interações na sala de
aula, inclusive quanto à formação dos professores;
3. O espaço dinâmico e dialético da sala de aula com as suas contradições e
conflitos pertinentes às relações de desigualdade social;
4. A busca de apoio teórico na Antropologia para as pesquisas sobre a sala de
aula, devido à complexidade em que se constitui o seu cotidiano;
5. A importância da sala de aula como objeto de estudo da Didática.
a) Enfoque fenomenológico-hermenêutico
Neste enfoque, o objetivo maior consiste no estudo dos atores que convivem na
sala de aula em suas relações sociais, ou seja, compreende a realidade pedagógica na
interação professor e alunos.
b) Enfoque crítico-dialético
No enfoque crítico-dialético, verifica-se a preocupação de descobrir os conflitos de
interesse que existem no cotidiano escolar e principalmente na sala de aula. Esta é compre-
endida como um espaço de desigualdades sociais, contradições, confrontos e conflitos,
intimamente relacionada com a realidade social.
Segundo este enfoque, é importante conhecer a realidade em sua concreticidade,
contextualizando-a historicamente, compreendendo as interações entre os sujeitos em
processos de ação-reflexão-ação.
Uma linha de pesquisa constitui-se a partir de uma temática não muito ampla,
mas que comporte, com flexibilidade, subtemas ligados ao mesmo referencial teórico.
Embora exista uma Teoria Geral da Educação, como vimos no início desse texto, a
Educação é devedora de várias outras ciências que com ela colaboram. É inegável que,
quando tratamos de Didática, temos de levar em consideração uma contribuição rela-
tivamente grande da Psicologia e da Sociologia. Quando falamos de aprendizagem, a
Psicologia educacional é fundamental. Ao tratarmos de Arte e Recreação, não podemos
esquecer as teorias sobre a arte e a estética; e, para completar, na parte da recreação,
é salutar incorporar às noções de arte e estética também as de fisiologia humana. Sem
compreender o corpo humano, sua capacidade de resistência e possibilidades, não é
possível pensar em recreação nem em arte como meio de expressão.
Um dos propósitos deste material é fornecer pistas para a construção ampliada do
Referencial Teórico que deverá constar de Relatório de Pesquisa que integrará o Trabalho
de Final de Curso (TCC). O Referencial Teórico constante do Projeto de Pesquisa (que você
já produziu e tem em mãos) constitui-se em um ponto de partida. No Relatório, ele deverá
aparecer ampliado, fortalecido com as leituras que já foram ou serão feitas e referenciadas
em seu corpo. Ele não pode restringir-se a duas ou três páginas (como no Projeto). Deve
ter corpo e substância teórica.
Lembre-se de que um bom referencial teórico ajuda o pesquisador a melhor com-
preender o objeto de estudo, a problemática do objeto da pesquisa, e tem fundamental
importância para a análise dos dados. Quem não domina as teorias de sua área de
pesquisa encontra dificuldades para avançar no trabalho científico. Uma boa indicação de
construção teórica consiste em você levantar todos os textos das diversas disciplinas
cursadas e que se relacionam com o seu trabalho. Em seguida, busque as bibliotecas de
sua cidade e selecione o que for possível encontrar sobre o tema objeto de seu trabalho.
Tendo acesso à Internet, utilize os “sites” que estamos indicando e outros que sejam de
seu conhecimento. Recomenda-se, nesse caso, que os trabalhos recolhidos via Internet
sejam referenciados ao final do Relatório, juntamente com livros, revistas, artigos e de-
mais obras consultadas. Constitui roubo intelectual o uso indevido de material de autores
sem referenciá-los no corpo e ao fim do trabalho acadêmico.
Não existe uma média de trabalhos a serem consultados, mas recomenda-se, para
um relatório ou monografia de final de curso, que, pelo menos, trinta a cinqüenta autores,
com obras ligadas a sua linha de pesquisa, sejam citados, sob pena de seu trabalho
padecer do que se chama de “pobreza teórica”. Você pode citar no seu trabalho um autor
que foi citado por outro autor e, neste caso, deve usar a expressão latina “apud”, que já
significa “citado por”. Ex.: FREIRE, 1996 apud GADOTTI, 2002, p. 253. No entanto, se
houver possibilidade de ir ao original, assim proceda, é mais seguro e valoriza mais a sua
busca, demonstra o seu esforço em busca das fontes primárias de consulta.
Em relação aos projetos apresentados na disciplina Pesquisa e Prática Pedagógica
I, verificou-se, após todo um trabalho estatístico, que estes comporiam, por agrupamen-
to, cinco distintas Linhas de Pesquisa, expostas a seguir com seus respectivos quantita-
tivos:
A Educação Ambiental
A defesa dos direitos ambientais das populações unifica lutas sociais com distin-
tos objetivos específicos: o acesso a bens coletivos como a água e o ar, em níveis e
qualidade compatíveis com condições adequadas de existência; o acesso a recursos
naturais de uso comum necessário à existência de grupos socioculturais específicos
como seringueiros, apanhadores de castanha e comunidades indígenas; a garantia
de uso público do patrimônio natural constituído por áreas verdes, cursos d’água e
nascentes, freqüentemente degradados pelo uso privado incompatível com os inte-
resses coletivos da sociedade.
Esse desafio foi citado por Edgard Morin (2000) ao ressaltar que o conhecimento
do mundo com o mundo é uma necessidade ao mesmo tempo intelectual e vital. E essa
tarefa é específica dos educadores atuais. O autor observa que o problema universal de
todo cidadão no novo milênio é: como ter acesso às informações sobre o mundo e como
ter a possibilidade de articulá-las e organizá-las. Como perceber e conceber o Contexto, o
Global (a relação todo/partes), o Multidimensional, o Complexo? Para ter sentido, a pala-
vra necessita do texto, que é o seu contexto, e o texto necessita do contexto no
qual se enuncia. Constata-se, desse modo, que a educação ambiental enquanto nova
área de atuação do ensino e presente nos PCNs deve primar pela conquista da cidadania
por meio da participação nos processos decisórios dos diversos setores da vida social e
pessoal.
A interdisciplinaridade do estudo
A nossa proposta constitui-se das seguintes áreas e suas respectivas vertentes:
área biológica: cineantropometria, aptidão física; socioantropológica: estilo de vida
e atividades físicas habituais; psicológica: motivação para as práticas desportivas.
Áreas de intervenção
Estrutura da proposta
A perspectiva de um sentido global do projeto e de suas subdimensões (áreas de
intervenção) traduz-se por meio de uma visão de sistema. Sendo assim, embora as partes
apresentem identidade própria, podendo inclusive serem realizadas por equipes diferen-
tes em momentos que também podem variar, sua integração ao conjunto impõe uma
identidade global que deverá se situar para além da simples soma de suas partes. Toda a
dinâmica da proposta é planejada nessa perspectiva. Há um eixo integrador interdisciplinar
que tem por objetivo a configuração de um conjunto integrado de conhecimentos cujo
objetivo converge na demarcação do perfil da educação física do desporto escolar.
Área 1. Cineantropometria
Objetivos:
1 ) Identificar o desempenho motor e de aptidão física dos jovens de ambos os
sexos, envolvidos com educação física escolar e desporto escolar;
2 ) Relacionar o desempenho motor com o de aptidão física, em ambos os sexos
ao longo dos diferentes intervalos etários e em diferentes práticas desportivas.
Objetivo Geral
Identificar os indicadores da expressão das capacidades motoras de crianças e
adolescentes na faixa etária entre 7 a 14 anos e utilizar os resultados do presente estudo
na preparação de programas de formação motora e desportiva de crianças e adolescen-
tes.
Objetivos Específicos:
1 ) Identificar a expressão dessas capacidades motoras de acordo com a idade, o
sexo, a maturação biológica e o nível de prestação desportiva;
2 ) Identificar indicadores de prestação desportiva no plano motor.
Testes Motores para a Coleta de Dados
1 ) Mobilidade articular da coluna vertebral: Sit and reach (caixa específica ou
banco sueco com graduação em centímetros).
2 ) Força de membros inferiores: salto em comprimento sem balanço.
3 ) Agilidade: corrida de 10 x 5 metros.
4 ) Força estática: dinamômetro de mão (hand-grip)
5 ) Resistência muscular abdominal: sit up´s
6 ) Resistência aeróbica: teste dos 9 minutos.
7 ) Velocidade de reação: teste de Nélson
8 ) Velocidade de deslocamento: 20 metros lançados.
Objetivos
Avaliar o estilo de vida na infância e adolescência com base em indicadores que
respeitem:
1 - as características familiares;
2 - o tipo de habitação;
3 - as atividades habituais;
4 - os incentivos referentes aos espaços para a prática de atividades físicas e
desportivas;
5 - as formas de participação sociocultural.
Objetivo
Identificar os fatores de motivação referentes às práticas desportivas em crianças e
adolescentes.
Instrumento de Coleta de Dados
Questionário de Motivação para a Prática Desportiva (QMPD)
Método de Abordagem para a investigação global
Tendo como orientação que o desporto de crianças e adolescentes é um fenômeno
biocultural, quer como expressão da prática social, quer como manifestação das capaci-
dades de prestação e de mestria corporal-motora, o estudo assume uma orientação
multimétodo. A visão unificadora será acessível nos termos de um caminho planejado e
realizado em comum por especialistas independentes, embora não indiferentes à lógica,
ao poder e às limitações de cada disciplina implicada na elucidação do problema.
2 ARTE NA ESCOLA
Temos certeza de que não poderemos dar conta de todo o universo discursivo e
teórico da Arte na Educação. Sendo assim, o que importa tratar, neste momento, diz
respeito ao papel que os trabalhos científicos sobre arte podem assumir para uma melhor
compreensão do cotidiano da escola e das práticas educativas dos educadores.
As metodologias a serem utilizadas numa pesquisa cuja temática esteja relaciona-
da à História da Arte numa escola são aquelas usadas para as demais áreas de Ciências
Humanas. Desse modo, nos estudos sobre resgates de práticas artísticas realizados nas
escolas, o pesquisador pode muito bem recorrer aos estudos de memória de antigos
professores, de ex-alunos e de animadores locais. Pode, ainda, recorrer à pesquisa docu-
mental, se houver registro dessa memória.
O mesmo não acontece quando queremos analisar as práticas do ensino da arte
ou a arte associada a outras práticas educativas vivenciais como a recreação. Desse
3 DIDÁTICA
Esta foi a Linha de Pesquisa que reuniu 18,2% dos projetos elaborados pelos pro-
fessores em formação, abrangendo as conceituações acerca da didática e seus funda-
mentos, dificuldades de aprendizagem, fracasso escolar e avaliação da aprendizagem.
Delimitar o conceito de Didática é identificar esta disciplina como básica para todos
os cursos de formação de professores. Ela está presente nos processos e procedimentos
das matérias específicas, e do ensino das ciências, embasando ainda as práticas peda-
gógicas que ocorrem na sala de aula. Mas à didática também é destinada a teorização e
a reflexão dos problemas e desafios da prática. Nesse sentido, ela se caracteriza como
mediadora do processo de ensino e aprendizagem. Sendo assim, esta disciplina recorre
às outras disciplinas das ciências pedagógicas e visa atingir os seguintes objetivos:
1. Reflexão sobre o papel sociopolítico da educação, da escola e do ensino;
2. Compreensão do processo de ensino em suas múltiplas determinações;
3. Instrumentalização teórica e prática do professor para a práxis pedagógica;
4. Redimensionamento da prática pedagógica voltada para uma perspectiva crítica
de educação.
METODOLOGIA DA METODOLOGIA
PESQUISA QUALITATIVA DIDÁTICA (RECONSTRUÍDA)
3. Aprofunda os fatos sociais nas suas re- 3. Parte do cotidiano para o planejamento e
lações e interdependências. sua transformação, assumindo uma compre-
ensão histórico-crítica da realidade social.
c) Relação Pedagógica
A relação pedagógica tem como base o homem e o conjunto das relações sociais.
Caracteriza-se pela horizontalidade entre professor e aluno. Mesmo que difícil, o profes-
sor, neste prisma, busca a participação dos alunos, contribuindo para que eles compreen-
dam as relações entre educação e sociedade, com pensamento crítico e criativo perante
a realidade diária.
Professor e alunos constroem a relação pedagógica por intenção consciente, clara
e objetiva. Por isso, professor e aluno devem determinar explicitamente suas
intencionalidades, evitando mascarar a significação social real dos fins educacionais e
objetivos de ensino.
Tais causas podem representar o porquê do aluno não estar aprendendo. Associa-
das ou não, apresentadas no cotidiano escolar de forma simples ou complexa, cabe ao
professor-pesquisador identificá-las para melhor direcionar sua práxis pedagógica. Não se
trata de resolver todos os problemas dessa realidade, mas de refletir sobre os desafios
que esta apresenta, para uma didática mais consciente, crítica e intencional do professor
em relação aos seus alunos.
MEDIDA AVALIAÇÃO
4 ENSINO DA LEITURA
5 ENSINO DA MATEMÁTICA
a) Contextualizando a Matemática
A Matemática que conhecemos hoje não é a mesma do início da humanidade. Ela
vem se desenvolvendo na história e entre os diversos povos e recebeu diversas contribui-
ções para o que hoje se encontra universalizado. Primeiramente, é importante conceber a
Matemática como uma ciência construída pelo homem conforme as suas necessidades e
relações com o mundo social. Rosa Neto (2002) afirma que a Matemática utilizada pelo
homem do paleolítico inferior refletia a sua necessidade de sobrevivência como um nôma-
de-predador, com noções de mais-menos, maior-menor, formas e simetria para produzir
os seus instrumentos de caça e pesca, por exemplo.
O processo de evolução humana, marcado pelas modificações das estruturas bio-
lógicas, sociais e ambientais, fez com que houvesse elaborações mais refinadas a respei-
to dessa área do conhecimento. Assim, podemos estruturar um pequeno resumo evolutivo
e representativo da Matemática, conforme Rosa Neto (2002).
b) O Conhecimento Matemático
Muitos professores desconhecem a categoria epistemológica da Matemática. Faz-
se necessária uma distinção entre três tipos de conhecimento:
1. Conhecimento físico – é o conhecimento que o homem tem sobre as coisas
físicas, do mundo real, como o conhecimento sobre o rio, o carro, a pedra etc;
2. Conhecimento social – este é um tipo de conhecimento que é realizado por meio
das convenções sociais. Ex: letras do alfabeto, a numeração arábica, palavras etc;
3. Conhecimento lógico-matemático – este conhecimento, para Piaget (1978), é
construído internamente pelo próprio ser humano por meio da abstração construtiva, que
se desenvolve a todo momento. Piaget classificou o desenvolvimento das estruturas
cognitivas nos estágios sensório-motor, pré-operatório, operações concretas e operações
formais, estabelecendo padrões característicos de construções mentais por assimilação,
acomodação e adaptação.
Rosa Neto (2002) expõe essas classificações piagetianas e as operações matemá-
ticas, lembrando que estas variam de criança a criança, inclusive na apresentação de
comportamentos entre os estágios de desenvolvimento cognitivo.
Nada adiantará solicitar, por exemplo, cálculo de frações a um aluno que ainda
não apresenta o comportamento característico de multiplicação lógica (Estágio das
Operações Concretas). Na premissa da construção do conhecimento, se o aluno
ainda não elaborou suas estruturas cognitivas, nenhuma didática, por mais moderna
que seja, facilitará a mediação desse conhecimento.
A criança pode ou não acertar a quantidade colocada na mesa. Isso não é impor-
tante. O que deve ser observado é como representa os objetos pela quantidade existente.
3 bolas 4 carrinhos
B Π
5 casinhas
4 carrinhos
5 casinhas
3 bolas 4 carrinhos
5 casinhas
QUESTÃO
1. Se as crianças que conseguiram escrever os numerais solicitados explicita-
mente na ausência de objetos, por que não escreveram os numerais que conheciam
quando apresentadas aos objetos?
1 O QUESTIONÁRIO
Questões mistas
Ex.: Quem financia seus estudos?
( ) Pai ou mãe
( ) Outro parente
( ) Outra pessoa
( ) O próprio aluno
Outro:
________________________________
3 A PESQUISA
DOCUMENTAL
População e amostra
O objetivo de toda a investigação científica é propor generalizações. Todavia, como
normalmente não é possível analisarmos a população por inteiro, lançamos mão dos
procedimentos de amostragem, cujas técnicas devem ter condições de representar ade-
quadamente a população de onde se originou. Somente a partir de uma amostra repre-
sentativa de uma população, é que se pode generalizar resultados.
População ou universo – é qualquer conjunto de informações que tenham, entre
si uma CARACTERÍSTICA COMUM. Exemplo: o conjunto de TODAS as estaturas de uma
determinada comunidade constitui uma população de estaturas; o conjunto de TODOS
os pesos constitui uma população de pesos; o conjunto de TODAS as cores de olhos
constitui uma população de cores de olhos. Enquanto que a “amostra, basicamente
constitui uma redução da população a dimensões menores, sem perda das característi-
cas essenciais.” (COSTA, 1998, p. 25-26)
Uma amostra, para ser BOA, tem de ser representativa, ou seja, deve conter EM
PROPORÇÃO tudo o que a população possui QUALITATIVA e QUANTITATIVAMENTE. E tem
de ser IMPARCIAL, isto é, todos os elementos da população devem ter IGUAL OPORTUNI-
DADE de fazer parte da amostra.
Tipos de amostra
São duas as formas correntes de classificarmos os tipos de amostra: amostras
probabilísticas ou aleatórias e amostras não-probabilísticas.
Amostras probabilísticas ou aleatórias
No tipo de amostra probabilística ou aleatória, cumprimos o princípio da
equiprobabilidade. Isso significa que, na composição de uma amostra deste tipo, todos os
indivíduos da população têm a mesma probabilidade de serem selecionados (para com-
por a amostra).
A amostragem probalística pode se apresentar de várias formas, dentre elas: alea-
tória simples; aleatória sistemática;estratificada proporcional.
No que diz respeito à amostragem probabilística, trataremos exclusivamente sobre a
aleatória simples, já que a mesma é a mais utilizada no âmbito das Ciências Humanas.
Amostra aleatória simples – é o mais conhecido modelo de amostragem, bem
como aquele que atinge o maior rigor científico.
Sua principal característica é a garantia de que cada indivíduo da população tem a
mesma oportunidade de ser selecionado para compor a amostra. Trata-se, portanto, de um
sorteio, no qual podemos escolher os sujeitos várias vezes – processo com reposição – ou
Amostras não-probabilísticas
A principal característica da amostragem não-probabilística é que ao não utilizar o
critério da equiprobabilidade torna impossível a aplicação de técnicas estatísticas para
determinar inferências. No entanto, embora tais limitações sejam relevantes, a adoção de
técnicas de amostragens não-probabilísticas são necessárias e, muita vezes, inevitáveis.
No que se refere à amostra não-probabilística, apresentamos as formas mais
utilizadas no âmbito da pesquisa: amostra acidental, amostra por cotas, amostra intenci-
onal e amostra voluntária.
No âmbito da amostra não-probalística, evidenciaremos apenas dois tipos, ou seja:
amostra intencional e amostra voluntária.
Amostra intencional – a amostra intencional caracteriza-se pelo emprego de cri-
térios previamente definidos e por um esforço deliberado para se obter amostras repre-
sentativas mediante a inclusão de áreas típicas ou grupos supostamente capazes de
fornecer as informações necessárias à investigação.
Na amostragem intencional, como se refere a própria nomenclatura, o pesquisador
está interessado no comportamento de determinados sujeitos da população, sujeitos que
possivelmente pela situação que desfrutam na comunidade investigada sejam capazes de
fornecer os dados que o investigador procura.
Exemplo: Vamos imaginar que um pesquisador queira delinear o perfil de opiniões
sobre a extinção da obrigatoriedade das aulas de educação física nos currículos escola-
res. Optando pela técnica de amostragem do tipo intencional, o pesquisador poderia
selecionar diretores das faculdades de educação física, diretores de escolas de ensino
fundamental e ensino médio, dirigentes de associações de profissionais da educação
física, coordenadores de comissão de pais e mestres, centro estudantis etc.
Como se pode observar, nesta técnica de amostragem o pesquisador não se dirige
à população em geral, mas opta por selecionar aqueles que, segundo seu entendimento,
6 NOÇÕES DE PESQUISA
QUALITATIVA
Para início de conversa, a Pesquisa Qualitativa não pode ser entendida como supe-
rior ou inferior a outras metodologias de investigação científica. Não vale, também, a idéia
errônea de que seja uma simplificação grosseira do empirismo. Sob esta rubrica, abrigam-
se experiências metodológicas das mais variadas e que foram se aperfeiçoando e adaptan-
do-se às várias situações. É possível situar a etnometodologia, a história de vida, a pesqui-
sa-ação, o método clínico, a fenomenologia-hermenêutica, o interacionalismo simbólico, a
semiologia, esta última muito usada nos estudos culturais, nas artes e, até, na medicina.
São experiências bem-sucedidas para buscar o desvelamento dos fenômenos, desde que
bem aplicadas aos tipos de temas e problemáticas a que se presta.
Bogdan e Biklen (1994) apontam as características principais da investigação qua-
litativa como sendo:
a) A fonte direta dos dados é o ambiente natural, constituindo o investigador o instru-
mento principal – o investigador assume um papel preponderante no processo de elucidação
das questões levantadas pela pesquisa, pois está sempre muito preocupado com o contex-
to e com o acontecer, dentro da dinâmica que os próprios fenômenos contêm;
b) A investigação qualitativa é descritiva – os seus dados são transcrições de depoi-
mentos, histórias, relatos, fotografias, vídeos, documentos pessoais, registros oficiais; nada
é trivial, tudo interessa: um gesto, um olhar, documento, dados, possui um significado;
c) Os investigadores se interessam mais pelo processo do que simplesmente pelos
resultados ou produtos – neste particular, os questionamentos são fundamentais para
entender o processo, o curso do acontecer dos fatos, os seus desdobramentos, as suas
conexões com as múltiplas realidades e, por isso, esse tipo de pesquisa tem sido particu-
larmente útil à educação, por ser esta um fenômeno dinâmico, complexo e que comporta
uma ação processual de constante intervenção. “As técnicas quantitativas conseguiram
demonstrar, recorrendo a pré e pós-testes que as mudanças acontecem. As estratégias
qualificativas patentearam o modo como as expectativas se traduzem nas atividades,
procedimentos e interações diários.” (BOGDAN; BIKLEN, 1994, p. 49);
d) Os pesquisadores qualitativos tendem a analisar os seus dados de forma indutiva
– não trabalham com hipóteses; as abstrações surgem da interpretação dos dados agru-
1 VARIÁVEIS
Uma variável representa uma característica ou atributo e tem como objetivo confe-
rir maior precisão aos enunciados científicos.
Assim, quando determinado fenômeno é investigado, as características de interes-
se são levantadas e analisadas tendo em mente os objetivos a serem alcançados.
De modo a permitir a descrição tabular e gráfica das características populacionais
ou amostrais observadas, dividiremos as variáveis em quantitativas e qualitativas.
São aquelas que descrevem quantidades e, desse modo, podem ser comparadas a
conjuntos numéricos. As variáveis quantitativas serão aqui classificadas em contínuas e
discretas.
● Variáveis quantitativas contínuas: características mensuráveis que assumem
valores em uma escala contínua (na reta real), para as quais valores fracionais fazem
sentido. Em geral, são provenientes de processos de mensuração. Por exemplo, o peso
em kg e a altura em cm de um grupo de alunos.
São aquelas usadas para descrever qualidades, categorias etc. As variáveis quali-
tativas serão aqui classificadas em Nominais e Ordinais. De modo geral, não podem ser
comparadas a conjuntos numéricos.
✔ Variável qualitativa nominal: não existe ordenação entre as categorias;
✔ Variável qualitativa ordinal: existe uma ordem natural nas categorias indican-
do intensidades crescentes de realização.
Exemplos:
✔ nominal: sexo, raça, consumo de álcool (sim, não), gostar de Matemática (sim,
não),...
✔ ordinal: classe social, grau de instrução, consumo de álcool (pouco, médio,
muito),...
✔ discreta: número de filhos, número de reprovações em Matemática, número de
membros da família que residem na mesma casa,...
✔ contínua: estatura, nota na prova de Matemática, idade,...
Observa-se que uma variável quantitativa pode ser coletada de forma qualitativa.
Por exemplo, a variável idade é quantitativa contínua; mas, se for coletada na forma de
Faixas Etárias (0 a 5 anos, 6 a 10 anos etc), é qualitativa ordinal.
3) De uma escala de 0 a 10, atribua uma nota para o quanto você gosta de
Matemática: ______ (Variável discreta)
Note que é praticamente impossível concluir “qualquer coisa” por meio desse amon-
toado de dados. Os dados assim, dispostos sem qualquer ordem lógica que vise a uma
melhor interpretação, recebem o nome de DADOS BRUTOS.
Um passo seguinte seria a construção de um ROL, que consiste numa tabela com
os dados ordenados, geralmente em ordem crescente.
ROL
R ........... R M ......... M
M .......... M B .......... B
B ........... B O .......... O
Embora esse passo não seja obrigatório, por intermédio dele podemos obter algu-
mas informações, por exemplo, qual é o menor conceito
(Lmin = limite inferior do rol), qual é o maior conceito (Lmax=limite superior do rol) e assim
por diante. Para agrupar esses dados, um procedimento utilizado é o da contagem.
Ao número de vezes que ocorre o i-ésimo valor de uma variável, define-se por fre-
qüência absoluta simples ( i = 1, 2, ...., v).
Denotaremos aqui, a frequência absoluta simples do i-ésimo valor assumido pela
variável por fi . No exemplo em questão temos que:
f1 = 23; f2 = 42; f3 = 41; f4 = 14
FATOS:
1. Às freqüências absolutas simples chamaremos simplesmente “freqüências”.
2. Neste texto, usaremos quadros ou tabelas auxiliares. Em geral, quando isto ocorrer,
não faremos citações de títulos e/ou fontes de referências. Denotaremos por A – número.
3. Note que a Tabela 1 descreve a distribuição de freqüências dos valores assumidos
pela variável: conceitos dos professores em formação do município X. Em outras palavras,
ela nos mostra quantas vezes (com que freqüência) ocorre cada valor da variável (R, M,
B, O). Decorre daí, o seu título. No entanto, esse título pode não ser muito esclarecedor
para os profissionais da área de vocês (área de educação) e de muitas outras áreas que, em
geral, estão pouco familiarizados com a terminologia estatística. Quando se pensa, por
exemplo, que em educação o ente mais importante é o aluno, um título mais natural flui
normalmente se respondermos à seguinte questão: Como estão, na disciplina XY, os profes-
sores em formação do município X ? Sem dúvida uma resposta seria: eles estão assim
distribuídos......Nesse contexto, um título equivalente àquele, mas que pode atingir com
mais força aos interessados em educação, poderia ser: Distribuição dos professores em
formação do município X , segundo seus conceitos na disciplina XY.
São válidas, e necessárias, também aqui algumas regras de bom senso. Além
disso, o gráfico (ou figura) deve conter:
- um título (nos moldes do utilizado para tabela);
- uma fonte de referência (a mesma da tabela).
O gráfico de setores circulares, para este tipo de variável, constitui-se num círculo
no qual são destacados v setores, cada qual com área proporcional à freqüência do i-
ésimo, valor assumido pela variável.
Tomemos por exemplo, para a construção de um gráfico de setores, os dados da
Tabela 2.
Exemplo 3 - Os dados apresentados na tabela 2 são resultados de pesquisa reali-
zada com moradores das margens do igarapé do 40, em Manaus. Tal pesquisa trata de
analisar a percepção dos moradores sobre o lixo. Para tanto, foram entrevistados 117
moradores, ou 177 residências das margens direita e esquerda do Igarapé do 40, na
altura do Distrito Industrial e do bairro Japiim II.
Tabela 2 – Distribuição de freqüências da variável Lixo como fonte de renda, para
os moradores do Igarapé do 40.
Graficamente teremos
No exemplo 2, teremos:
Freqüência acumulada = Fi
No exemplo 2, as freqüências acumuladas para os conceitos (xi ) são dadas por :
F1 = f 1
F2 = f2 + f1
F3 = f3 + f2 + f1
F4 = f4 + f3 + f2 + f1 = n
Substituindo os valores das freqüências da Tabela 1, teremos:
F1 = 23
F2 = 42 + 23 = 65
F3 = 41 + 42 + 23 = 106
F4 = 14 + 41 + 42 + 23 = 120
Conceitos fi fi F% F%i
RUIM 23 23 f%1 = (23/120)*100 F%1=f%1
MÉDIO 42 =42+23 f%2 = (42/120)*100 F%2=f%1+f%2
BOM 41 =41+42+23 f%3 = (41/120)*100 F%2=f%1+f%2+f%3
ÓTIMO 14 =14+41+42+23 f%4 = (14/120*100 F%2=f%1+f%2+f%3+f%4
Conceitos fi Fi f% F%i
RUIM 23 23 19 19
MÉDIO 42 65 35 54
BOM 41 106 34 88
ÓTIMO 14 120 12 100
Exercício:
Simule uma situação real que possa ser descrita por uma variável qualitativa. Exem-
plo: a classificação dos alunos em formação de sua sala de aula, segundo o estado civil,
classificado como: casado, solteiro, separado, divorciado, viúvo, outro. Apresente a tabe-
la e o gráfico (a sua escolha) para descrever seus dados.
3 VARIÁVEIS QUANTITATIVAS
UNIDIMENSIONAIS
0 1 1 1 1 2 2 2 2 2
2 3 3 3 3 3 3 3 3 3
3 4 4 4 4 4 4 4 5 5
Para exercitar o método, construa o gráfico relativo aos dados dispostos na tabela 3
usando um gráfico de barras.
Obs.: O ponto médio de uma classe é considerado como o seu valor representativo,
ou seja, para efeito de análise estatística dos dados, faz-se a suposição de que todos os
valores da classe coincidem com seu ponto médio.
Mas, observe que assim procedendo, somente a primeira classe apresenta ampli-
tude igual a 4kg, enquanto que as demais apresentam amplitude igual a 3kg. Como
resolver esta questão?
A solução dessa questão é relativamente simples e passa pelo predomínio do ta-
manho das classes, segundo os procedimentos vistos anteriormente, e inclui o cálculo do
limite superior máximo (real) das classes.
Sabe-se que a amplitude das classes (h) é calculada por intermédio da fórmula:
h=L max
-L min
K
onde L max
= limite máximo das classes;
L min
= limite mínimo das classes e
K = número de classes.
O nosso limite mínimo real das classes corresponde ao limite inferior real da
primeira classe: L min
= 48,5 kg.
(limites reais)
48,5|—51,5 3 50 3 30
51,5|—54,5 4 53 7 40
54,5|—57,5 1 56 8 10
57,5|—60,5 1 59 9 10
60,5|—63,5 1 62 10 10
Total 10 100
Fonte: Dados fictícios
BERQUÓ. E. S.; SOUZA, J.M.P. de ;GOTLIEB, S.L.D. Bioestatística. 2.ed. São Paulo: EPU,
2002.
CARVALHO, I. É possível fazer EA num país com fome? In: WWF Brasil e ECOPRESS. Educa-
ção Ambiental: seis anos de experiências e debates. São Paulo, 2000.
MARCONI, M. de A.; LAKATOS, E.M. Técnicas de pesquisa. 5.ed. São Paulo: Atlas,
2002.