Apostila Modulo 226 Teologia Pastoral - Alan Brizotti
Apostila Modulo 226 Teologia Pastoral - Alan Brizotti
Apostila Modulo 226 Teologia Pastoral - Alan Brizotti
1. Introdução
2. AULA I: Definições
Ser pastor em Israel é ser fiel à vocação do povo. Os dirigentes da nação de Israel
eram chamados de pastores. Jeremias, por exemplo, critica os maus pastores de
Israel, culminando com o discurso através do qual foi fustigando sucessivamente a
família real de Judá (Jr 21:11, 23:2).
No Novo Testamento, Jesus Cristo é o Bom Pastor. Toda sua vida é a atividade
pastoral. Ele é o modelo excelente e perfeito. Para nós, não basta apenas ter fé em
Jesus; é preciso ter a fé de Jesus.
A ação pastoral só se legitima quando forma Cristo em nós. Se Cristo for formado em
mim como pastor, compreenderei que o ungido é Cristo, e só posso ser ungido
enquanto permanecer nele, para que pelo fluxo de sua Graça ele aja em mim, através
de mim e apesar de mim.
Não há como entendermos o ministério pastoral na Bíblia sem refletir a atuação de
Deus em Israel e de Cristo no mundo. Deus presente na história cuidando de seu
rebanho.
AULA I: Definições
E dar-vos-ei pastores segundo o meu coração, os
quais vos apascentarão com ciência e com
inteligência.
Jeremias 3:15
A ação dessa liderança muitas vezes não está clara no meio evangélico, sendo na
maioria das vezes relacionada a uma administração, organização ou preocupações
institucionais, e não com a Palavra.
Conceito bíblico
“Esta é minha preocupação: que vocês cuidem do rebanho de Deus com todo o
cuidado de um pastor, não porque são obrigados, mas porque desejam agradar a
Deus. Não calculando o que vão ganhar com isso, mas agindo com espontaneidade.
Não como mandões, dizendo aos outros o que fazer, mas apontando o caminho com
toda gentileza”.
Provérbios 27:23 reforça o conselho: Esforce-se para saber bem como suas ovelhas
estão, dê cuidadosa atenção aos seus rebanhos. A teologia pastoral é uma área
aberta às conexões. Ela possui relações com diversos outros campos do
conhecimento (como psicologia pastoral, eclesiologia, administração eclesiástica,
homilética, evangelismo, missões).
A Teologia Prática foi, e continua sendo, chamada Teologia Pastoral [no sentido de
“teologia do pastor”]. Porém, a ação pastoral não só se refere ao trabalho do pastor.
A ação pastoral é crescentemente compreendida como a ação da comunidade da
Igreja, ou os atos dos crentes.
Nos séculos XVIII e XIX é que se desenvolveu com mais base a teologia pastoral ou
a chamada teologia aplicada. Em meados do século XVIII o conceito de teologia
ganhou mais espaço na literatura teológica, inclusive na Alemanha. Foi considerada
a coroa dos estudos teológicos, e tinha como tarefa definir o modo de manter e
aperfeiçoar a igreja.
Teologia pastoral é uma disciplina que não acaba, e vive em constante estado de
mutação. Nos últimos anos, os pastores estão diante de novas questões e padrões
que precisam ser avaliados à luz da Bíblia. A teologia pastoral ainda carrega inúmeros
desafios e possibilidades.
AULA II: O conceito bíblico de ministério
O conceito bíblico de ministério
Pastoreiem o rebanho de Deus que está aos seus
cuidados. Olhem por ele, não por obrigação, mas
de livre vontade, como Deus quer. Não façam
isso por ganância, mas com o desejo de servir.
Não ajam como dominadores dos que lhes foram
confiados, mas como exemplos para o rebanho.
Quando se manifestar o Supremo Pastor, vocês
receberão a imperecível coroa da glória.
1 Pedro 5:2-4
Ministério é serviço. A palavra “ministro” vem do termo latino “minister”, que por sua
vez, deriva de “minus”, ou seja, “menos”. O “minister” era o servo, o homem do
serviço. Na antiguidade, havia o “minister cubiculi”, que era o servo encarregado de
arrumar os quartos da casa; havia também o “minister vini”, que era o servo
encarregado de manter as taças cheias de vinho nos banquetes. O ministro é
chamado para servir.
Em João 13, Jesus dá o grande exemplo: deixa a mesa principal e parte para o
serviço. Esse ato nos dá a dimensão maior do ministério: somos chamados para
servir. O apóstolo Paulo mostra no texto de I Tm.6.11, uma lista de qualidades que o
ministro deve ter: justiça, piedade, fé, amor, paciência, mansidão. Todas são
qualificações para a prestação de um serviço digno.
Ministério não é vitrine para um desfile de uma personalidade doentia, marcada pela
vaidade; não é para os viciados em bajulação. Ministério é para trabalhadores da
seara, servos. Um pastor muito sábio dizia: “O símbolo do ministério é o avental sujo”.
Toda a cultura do Antigo Testamento era pastoral, e o povo de Israel em sua relação
com Deus vivia à luz dessas imagens e metáforas. Aliás, o Salmo 23 é todo baseado
nessa metáfora pastoral, evocando imagens tremendas de descanso, vida e ética
pastoral.
No Novo Testamento o conceito toma vida e forma: Cristo, o Bom Pastor (Jo 10, Mt
18:12; 25:32,33; 26:31). A figura do pastor é geral em todo o Novo Testamento. Se
no Antigo o conceito já aparece até dentro de uma lógica cultural forte, no Novo esse
conceito se expande:
O pastor precisa viver bem, sua saúde completa em todas as áreas de sua vida
precisa de atenção e cuidados constantes. Idios, no grego, significa aquilo que é
próprio. O pastor como indivíduo precisa preservar sua saúde integral: somos templo
do Espírito Santo (I Co 6:19)
Há pastores que cometem um erro grave: julgam que devem morrer pela obra. Esses
esquecem de que Jesus já morreu pela igreja. Aos pastores, o mandamento não é
que morram, mas que saibam viver.
C.S. Lewis disse algo decisivo: “Certamente você realizará o propósito de Deus, não
importa como esteja agindo, mas faz diferença se você serve como Judas ou como
João”.
O que Deus procura é um homem ou uma mulher que sejam inteiros. Deus trabalha
com os autênticos, os fiéis, os obedientes. Deusa trabalha com nossa integridade. O
pastor deve trabalhar com todo amor, cuidado e honra, pois está a serviço do Rei dos
reis e Senhor dos senhores (Ap 19:16). É bom lembrar que nosso serviço não será
em vão no Senhor (1 Co 15:58).
Há pelo menos 4 compromissos que o pastor não pode esquecer jamais em sua vida
espiritual:
1. Compromisso com a Bíblia: Paulo disse a Timóteo que o ensino das Escrituras
deveria ser transmitido a outros. É o fluxo da Graça. Nosso grande desafio é
não deixar o fluxo da Graça parar. Um ministro que não tem compromisso com
a Bíblia terá fatalmente sua atenção direcionada às outras fontes. Sem Bíblia,
condenamos o povo às heresias.
Em 2Tm 2:6, Paulo apresenta a figura do agricultor, e afirma que trabalha com
esperança, pois planta no solo duro da vida as sementes que quer ver brotar.
Diante de Deus: como soldados que devem estar aptos a desempenhar suas
funções com excelência e coragem, porque Deus não tolera soldados apáticos,
medrosos, cínicos e dissimulados. Ele procura soldados corajosos,
determinados e que não se embaraçam nos negócios dessa vida.
Um pastor que não cuide de sua família está negando a própria fé. A família está no
coração de Deus. Os pastores investem grande parte de seus ministérios cuidando
de famílias, pois a igreja nada mais é que um amontoado de famílias. Há alguns
conceitos errados que o pastor recebe rem relação à família:
1. “Cuide da minha igreja e Eu cuidarei da sua família”: esse falso conceito acaba
por transferir uma responsabilidade intransferível. É óbvio que Deus cuida de
nossa família, mas o faz em parceria conosco. Deus não endossa o abandono
familiar.
2. “Pastor não precisa de folga ou descanso”: esse falso conceito gera enorme
dificuldade em ficar em casa, atender a família me desenvolver uma vida de
qualidade.
1. Raiva e ressentimentos
2. Fracasso na comunicação
6. Falta de sensibilidade
Cabe ao pastor proteger e cobrir de amor e carinho sua esposa, não permitindo que
fique depressiva, frustrada e destruída. Se você como pastor não sabe cuidar de sua
esposa, como vai conseguir cuidar da Noiva de Cristo?
A família do pastor não é perfeita: esposa e filhos sofrem para manter padrões que
ninguém consegue! O pastor precisa manter sua família unida e comprometida. Isso
só é possível quando todos estão na mesma direção e movidos pelos mesmos
sonhos.
AULA V: O pastor e seus ofícios
Portanto, quer comais quer bebais, ou façais
outra qualquer coisa, fazei tudo para glória de
Deus.
1 Coríntios 10:31
Paulo trabalha com a ideia de ofício. A prática ministerial é testada todos os dias. O
ministro sempre é convidado para diversos eventos (datas comemorativas, visitas a
hospitais, lares e prisões, eventos cívicos, festas, formaturas), e todos os eventos
servem como instrumentos de avaliação da conduta de excelência do ministro.
Casamento: contribuindo para a felicidade dos outros (Jo 2) - Antes de qualquer coisa,
é preciso lembrar que um casamento é uma data especial. Alguns ministros sofrem a
síndrome de pop estar, tentando ser mais importantes que o noivo. Chama atenção
desnecessariamente e vestem-se com trajes inapropriados.
Na cerimônia:
No funeral: solidariedade e respeito pela dor dos outros (Ec 7:2). Poucas cerimônias
são tão intensas quanto o funeral, principalmente para o cristão. É uma cerimônia que
deve ser realizada com muito cuidado. Alguns ministros precisam aprender a respeitar
a dor das pessoas enlutadas. Muitos ministros querem, em nome da certeza da
salvação, transformar essa cerimônia num congresso. Além de cruel, isso é
desumano, pois os que ali estão acabaram de perder um ente querido, estando
fragilizados, vulneráveis e por mais que tenham certeza do céu, ainda estão na terra.
Durante a cerimônia:
Formatura: o ministério que apoia o conhecimento (Pv 4:6) - Cada vez mais pessoas
estudam e se formam, nossa igrejas estão repletas de graduados, doutores e pós
doutores. Uma igreja genuína não tem medo do conhecimento, mas o incentiva e nele
investe. O ministro convidado para uma formatura deve sentir-se honrado, portando-
se com dignidade, honra e responsabilidade.
● Respeite o horário.
● Se for falar, não tente impressionar com seus conhecimentos.
● Fale apenas do valor do estudo, a realização dos pais e da contribuição cultural
e acadêmica do momento.
● Quando estiver em frente aos mestres, não tente ensiná-los.
● Pesquise sobre a área do formando para não cometer gafes.
● Respeite a hierarquia da universidade.
● Cuidado com o vestuário.
● Reconheça a conquista do formando.
Celebração ao ar livre: sendo igreja fora do templo (Mt 6:5) - Uma das maiores
oportunidades para a propagação do evangelho está nas cerimônias ao ar livre.
Quando fora das paredes do tempo, podemos mostrar nossa fé no cotidiano
Visitas a hospitais: o ministério que abraça os feridos (Mt 25:36) - Hospitais são
escolas de humanidade. A tragédia de muitos ministros é não ter a atenção com os
enfermos. Para Jesus, solidariedade e justiça social são as marcas do que andam
com Deus. Jesus coloca as bases da justiça social como as bases do reino de Deus.
Hoje há diversos cursos de capelania para auxiliar o ministro nessas ocasiões. Deve-
se observar algumas diretrizes básicas:
Visitas ao lar:
Visita ao presídio:
Datas cívicas (Mt 22:15-22) - apesar de sermos cidadão dos céu, ainda estamos na
terra.
● Conheça a cerimônia.
● Cuidado com o cerimonial da entrada das bandeiras.
● Convide as autoridades municipais e militares, apresente-as com o devido
respeito e seguindo a ordem hierárquica das patentes.
● Não faça piadinhas: civismo não combina com gafes humorísticas.
● Postura: não viole o hino nacional.
● Não confunda data cívica com ano eleitoral.
Esse texto é tão tremendo exatamente por ser escrito no contexto de uma igreja.
Filipos era uma espécie de colônia romana da época que se orgulhava de ser
intitulada uma “mini Roma”. Portavam-se como romanos, vestiam-se como eles,
tinham uma diferenciação de classe como eles.
Essa igreja era muito querida por Paulo, e teve seu início na casa e Lídia, vendedora
de púrpura, e que incluía o famoso carcereiro que converteu-se juntamente com sua
casa. Aqui também havia a jovem escrava possessa. Era uma igreja de classes
sociais bastante diferentes, e Paulo ensina-nos que “reconheçam os outros acima de
si mesmos” e que “nossa cidadania está no céu”.
Ao longo da história da igreja, ela tem sido muito agredida pelos inimigos de fora e de
dentro. John Stott, um dos maiores mestres da história da igreja, disse em uma de
suas entrevistas que a igreja da atualidade tem 5.000km de extensão, mas 5cm de
profundidade. É a era da infoxicação.
2. Cristo em todos: é Jesus que escolhe os seus! A igreja não é a sociedade dos
perfeitos, mas a comunidade dos imperfeitos, cansados, aflitos, imprevisíveis
e daqueles que são alvos da graça de Deus. Não é um nazismo religioso ou
uma espiritualidade em série, mas uma coisa profunda, vista da ótica divina.
A igreja não é um ato social que possa ser controlado a partir de um algoritmo,
mas uma obra tremenda da multiforme graça de Deus. Essa relação
discípulo/mestre precisa ser renovada. Somos discípulos de Jesus, e essa
relação de discipulado faz com que compreendamos as pessoas colocadas na
igreja.
3. Cristo como alvo: Jesus é o nosso Supremo Modelo! Se Cristo não for nosso
supremo modelo de ministério e de vida, precisamos nos converter
urgentemente. Um homem cheio de si não pode pregar o Cristo que se
esvaziou.
Para fazer isso há um caminho que passa pela humildade - do radical latino
humus, ou “pó” (Sl 103:14). A humildade é fundamental, o legado de quem
anda com Jesus. Liderar a igreja de Jesus é tarefa para os que possuem o
mesmo espírito de humildade que ele.
Paulo falando aos anciãos da igreja de Éfeso entra naquilo que é a ferida dos
conjuntos de liderança: os lobos cruéis, as raposas e os animais que entram para
destruir o rebanho. O apóstolo sente um peso no coração, sabendo que dentre os
irmãos surgirão lobos perversos que intentarão destruir e agir predatoriamente sobre
os santos. Toda a liderança cruel deixa destroços nos rebanhos.
Pode-se construir toda uma teologia do servo que só se legitima quando ele de fato
serve. Essa é a diferença do servo pra celebridade. Esta se contenta em criar uma
aura em torno de si, mesmo que falsa. O servo faz e sai de cena, dando porque já
recebeu. Ele é discreto, íntimo de Deus e vive de seu movimento secreto com o Pai.
Vivemos num momento crítico. Nossa posição é de que hoje, apesar da situação do
mundo contemporâneo, Estamos sendo levantados por Deus como uma liderança
dinâmica respirando um novo ar e se prontificando a fazer a obra para Deus. Isso só
é possível quando nos posicionamos no sentido de deixar claro que nossa vocação é
uma benção, um privilégio, e que estamos trabalhando para a Sua obra.
É preciso, entretanto, muito cuidado para não se sentir atordoado, como uma peça
fora do ambiente. O tempo muda, o século passa e as situações são alteradas. Tudo
vive em processo de mudança, e é importante que compreendamos isso para que
tenhamos uma visão mais ampla. Não podemos nos esquecer de nossa essência.
O que fazer para não ser destruído numa época de tantas crises?
Wayne Meyers escreveu que a real medida de nossa riqueza é o quanto valeríamos
se perdêssemos tudo. Prosperidade para Deus vai para muito além da simples troca
monetária. Deus não pede o que há no topo de sua bolsa, mas o que habita na
profundidade de seu coração.
A Bíblia nos conduz na estrada do valor, que é contrário ao preço. Deus ama o valor
que você em, não o preço que a sociedade tenta impor. Jesus falou muito de dinheiro
em seu ministério, mas em nenhum momento fala como pertencendo a ele ou sendo
manipulado para ele, antes tratando de assunto dentro de uma conexão com uma
espiritualidade profunda, deixando claro quem manda nessa relação: se você for
senhor do dinheiro, ele será benção, se ele for o senhor, você está morto e vendido
como mercadoria no balcão da facilidade.
Se há algo que um pastor não deve fazer é ser focado em dinheiro. Por outro lado,
não se faz nada sem dinheiro numa sociedade capitalista como a nossa.
Dependemos do dinheiro para manter o lugar do culto, as dependências, a energia, a
água, o pessoal administrativo e a máquina institucional.
4. Cuidado com a ganância. Não use seu próprio poder para designar quanto
você deve percentualmente ganhar na igreja. Integridade no ministério tem um
valor muito maior que bem estar financeiro. Escolha Ser íntegro se tiver que
lidar com as finanças. Igrejas que possuem orçamento forte correm fortes
riscos quando pastores gananciosos tomam conta do dinheiro.
5. Quando o assunto for o seu salário, seja equilibrado. Apesar de que você não
deve exercer seu poder para fixar seu próprio salário, seja claro com a igreja
acerca de sua pretensão salarial para não ficar frustrado no meio do caminho.
Você deve estabelecer com sua família o que é necessário para que vivam em
dignidade.
7. Não cometa o pecado de viver como escravo das dívidas. Dívidas são um
problema real. Não seguir com o orçamento pode provocar uma crise
financeira que afetará não só sua vida pessoal como família, ministério e igreja:
é um efeito cascata.
É bom lembrar que o pastor é uma figura humana, essa é uma verdade da qual não
se deve fugir. Vivemos num mundo caído, marcado pelo pecado. Estar nesse mundo
é experimentar a iminência das tentações. É bom lembrar também que ser testado
não é pecado: pecado é consumar as tentações e cair em suas armadilhas.
b. A cobiça dos olhos são tentações que nos assaltam de fora pra dentro.
Se não formos policiais de nossos olhares, abrimos as janelas de
nossas almas pros servos intrusos do mundo e da deusa mídia.
Precisamos resgatar urgentemente o princípio de Jó 31:1.
8. A tentação da onipotência são pastores que acham que não podem passar por
tempos de dúvida ou solidão, ou acreditam que possuem poder para fazer
todas as coisas, ou que a igreja não pode funcionar sem eles;
9. A tentação da unanimidade (Mt 10:34): a verdade discerne quem está com ela
ou contra ela. Unanimidade é ignorar a tensa realidade das pessoas e a tensão
do próprio evangelho;
10. A tentação da hipocrisia (mt 10:42): cuidado para que as dores da missão não
nos tornem cínicos e frios. Há dores e perdas, mas também há prazeres e
generosidade;
Vivemos numa era marcada pela banalização sexual. Um mundo erotizado de líderes
envenenados pela maldição poornográfica. Jaziel Botelho escreveu que a
sexualidade é o calcanhar de Aquiles do pastor. Quando o assunto é sexo, o solteiro
alimenta curiosidade, o divorciado, anseio, o viúvo, saudade e alguns casados,
frustração.
Quando deturpada, a sexualidade pode ser fatal, mesmo no casamento. Em 1Tm 3:2,
Paulo não escreve que o bispo ou pastor seja marido de uma só esposa, mas marido
de uma só mulher. Há aqui uma conotação sexual. Quando o assunto é sexualidade,
muitos ainda caminham no campo minado dos tabus, uma mistura exclusiva de
tensão, tesão e temores.
Uma matéria na edição n°118 da Revista Eclésia trouxe dados terríveis sobre os
pastores contemporâneos:
Dados da Revista Linha Aberta publicados em seu site confirmam que 75% dos
pastores dedicam menos de uma noite por semana para a família e o casamento.
Pastores assim casam-se com a igreja, mas separam-se da família.
Sinais de alerta contra o pecado sexual: A partir do texto de 2Sm 11, podemos
observar poderosos sinais de alerta que, se levados a sério, podem nos salvar do
abismo sexual:
Fugir para salvar o casamento é a marcha triunfal sobre a tentação. Fugir por optar
pela esposa companheira nos árduos caminhos do ministério é a volta olímpica para
comemorar o amor sobre a fútil atração. Fugir para preservar a igreja que o Supremo
Pastor lhe confiou é a corrida de um campeão sobre as sutilezas do pecado. Aprenda
a fugir.
5. Ato consumado
Cuidado com os encantos viciantes do prazer. São terríveis as coisas que podem
destruir o coração de todo o pastor. Encantos viciantes do prazer podem de uma hora
pra outra arrebentar com o coração de um pastor. Alguém descreveu a crise da meia
idade do homem como a época em que homem se depara com quatro inimigos:
● O corpo: o passar dos anos começa a pesar, e chega a fatura dos excessos;
● O trabalho: surge a angustiante questão: estou realizado?
● A família: as pressões que a família começa a impor;
● Deus: Deus passa as ser visto como o causador de todos os problemas
(Jeremias 20:7);
Esse perfil é tão assustador porque é extremamente real. Quantos líderes vivem à
beira do abismo sexual porque negligenciam ou nem conhecem esses sintomas ou
não os discernem? Procure por vestígios disso em sua própria intimidade. Esse olhar
do diagnóstico pode ser o primeiro passo para a libertação da arapuca maldita de
uma sexualiadade desvarada e destruidora.
AULA XI: O pastor e a autoridade espiritual
Os onze discípulos foram para a Galiléia, para o monte que Jesus lhes indicara. Quando o viram o adoraram;
mas alguns duvidaram. Então, Jesus aproximou-se deles e disse: "Foi-me dada toda a autoridade no céu e na
terra. Portanto, vão e façam discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai e do Filho e do
Espírito Santo, ensinando-os a obedecer a tudo o que eu lhes ordenei. E eu estarei sempre com vocês, até o fim
dos tempos".
Mateus 28:16-20
Um antigo ditado judaico diz que o homem que não sabe controlar-se a si mesmo
torna-se absurdo quando quer controlar os outros. Há muita coisa equivocada
tratando-se de autoridade. Infelizmente, em muitos quintais evangélicos essa palavra
tornou-se sinônimo de controle, abuso de poder ou nazismo religioso.
Autoridade espiritual:
A autoridade que está sobre a igreja não legitima a busca obsessiva por domínios,
tronos e glórias. Ela alimenta o desejo sincero de servir a causa de Cristo e trabalhar
pelo reino da liberdade e da vida. Qual é a autoridade que está sobre a igreja? Aquela
que alimenta o desejo sincero de servir a causa de Cristo e trabalhar pelo reino da
liberdade e da vida.
Disse-lhe Jesus: Eu sou o caminho, e a verdade
e a vida; ninguém vem ao Pai, senão por mim.
João 14:6
Para Jesus, a verdadeira autoridade é aquela que liberta a pessoa para andar, pensar
e viver. Liberdade e vida! Vamos analisar sete princípios fundamentais da autoridade
espiritual à luz da Bíblia:
1. Autoridade não é grito, é dom! (1 Co 12:28): Paulo fala aqui sobre o dom do
governo ou administração. Os dons são concedidos à igreja visando a
edificação do corpo de Cristo. Autoridade não tem a ver com opressão ou
postura de chefe, mas com alegria em servir a Cristo no reino de Deus.
4. A autoridade vem de Cristo, portanto quem manda é Ele (Mt 28:18): O único
ungido é Cristo, e toda e qualquer unção que por ventura venhamos a ter deriva
dele. É preciso entender que temos que lembrar o que Paulo disse em Rm
11:36: dele, por ele e para ele são todas as coisas.
Jamais use a autoridade que Deus te deu para humilhar ou destruir pessoas.
A autoridade espiritual é de reconstrução, nunca de destruição de vidas. A
autoridade espiritual trabalha com Jo 10:10, isto é, “eu vim para que tenham
vida e vida em abundância”.
6. Autoridade espiritual não é arrogância ministerial (Fp 2:3): John Stott afirmou
que “O símbolo de uma liderança autenticamente cristã não é a veste de
púrpura de um imperador, mas o avental batido de um escravo; Não é um trono
de marfim e ouro, mas uma bacia de água para a lavagem dos pés.”
É uma pergunta que vai até o porão da alma. O texto de João coloca algo
decisivo: pastorear e cuidar. É como se Jesus dissesse a Pedro “você só pode
cuidar e pastorear as pessoas se você me amar, porque se esse cuidado não
for fruto do amor por mim, será peso e angústia para você”.
A única coisa capaz de equilibrar o ser e o fazer é o amor que temos por Jesus,
Senhor da obra. A autoridade espiritual não é um anúncio de festa num
shopping em meio aos aplausos, mas um chamado para triunfarmos sobre a
injustiça, o engano, a mentira e as coisas que afastam as pessoas de Deus.
Lembre-se: se a autoridade que você exerce pode machucar as pessoas que
Deus ama, cuidado para não se tornar um inimigo de Deus!
AULA XII: A felicidade pastoral
Davi louvou o Senhor na presença de toda a assembléia, dizendo: "Bendito sejas, ó Senhor, Deus de Israel,
nosso pai, de eternidade a eternidade. Teus, ó Senhor, são a grandeza, o poder, a glória, a majestade e o
esplendor, pois tudo o que há nos céus e na terra é teu. Teu, ó Senhor, é o reino; tu estás acima de tudo. A
riqueza e a honra vêm de ti; tu dominas sobre todas as coisas. Nas tuas mãos estão a força e o poder para
exaltar e dar força a todos. Agora, nosso Deus, damos-te graças, e louvamos o teu glorioso nome. "Mas quem
sou eu, e quem é o meu povo para que pudéssemos contribuir tão generosamente como fizemos? Tudo vem de
ti, e nós apenas te demos o que vem das tuas mãos.
1 Crônicas 29:10-14
O homem é uma animal que agradece. Está na raiz de seu ser a dádiva da gratidão.
Essa nobreza de alma que o diferencia radicalmente dos outros animais. No Éden o
Criador terminou sua obra dando ao homem a capacidade de perceber a beleza.
Tecnicamente falando, Deus nos deu o dom da estética: o homem é capaz de
perceber e expressar o belo, de forma que nem o mais terrível dos idólatras presenteia
a divindade de sua devoção com algo feio.
Irineu, um bispo da igreja, dizia que os olhos curados pela Graça projetam e
enxergam Deus em todos os lugares. Sem gratidão o belo fica feio, o sublime,
grosseiro e o sagrado, profano. Quando os olhos são tocados pela gratidão, o
resultado natural é adoração. Se o seu coração é grato a Deus, seus olhos
contemplarão o Eterno.
Muitos pastores não ouvem a fúria da alma por estarem presos em seus
gabinetes. Santo Agostinho dizia “criaste-nos para vós, e nossa alma só
encontra descanso quando repousa em vós”. Dostoiévski, por sua vez, afirmou
que o vazio da alma humana tem o tamanho exato de Deus.
Precisamos ser gratos mesmo quando Deus age de um modo que não aprovamos.
Tanto a ida a Nínive quanto a salvação da cidade desapontaram o profeta Jonas. Seu
nos ensina que o ressentimento contra Deus é a antimatéria da adoração. Gratos,
adoramos!
Um pastor completo é o pastor que o mundo clama, anseia, aguarda e tanto precisa.
O mundo busca pastores felizes que não estão bancando o bonzinho e esperando
morrer, mas que estão vivendo verdadeiramente. A fé cristã não é morrer e ir para o
céu, mas ir para o céu antes de morrer. Que Deus levante pastores marcados pela
Graça, pela excelência e pelo amor!