Estudo de Caso 01 - Unidade 02-Microeconomia C

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ

PROGRAMA UNIVERSIDADE ABERTA DO BRASIL


CURSO DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA – MODALIDADE
DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

TEMA DO ESTUDO DE CASO: Conselho Administrativo de Defesa da Economia - CADE

OBJETIVOS: i. Buscar compreender o CADE, enquanto órgão institucional de defesa da


concorrência no Brasil (TAREFA 01); ii. Descrever resumidamente os dois casos mais
emblemáticos da atuação do CADE: caso AMBEV e caso Kolynos (TAREFA 02)

TAREFA 01

Responder com base na leitura dos textos anexos as seguintes perguntas:

1. O que vem a ser um cartel?

Trata-se de uma associação entre empresas do mesmo ramo de produção com o escopo de dominar
o mercado, disciplinar a concorrência e maximizar seus lucros. As partes entram em acordo para
padronizar um preço, cobrindo um alto valor de seus produtos ou serviços. A formação de um cartel
é ilegal, uma vez que prejudica a economia e o acesso do consumidor a livre concorrência.

2. Descreva suscintamente o significado da sigla CADE, seus objetivos e finalidades (Ver


item 1.2 do artigo de Marcelo Grazzi Taddei).

A sigla CADE significa Conselho Administrativo de Defesa Econômica e tem como objetivo cuidar
pela livre concorrência no mercado. O CADE é a entidade responsável, no âmbito do Poder
Executivo, por investigar e decidir, em última instância, sobre a matéria concorrencial (como
condutas anticompetitivas e fusões ou aquisições empresariais que criam monopólio). Além disso,
possui a finalidade de fomentar e dissemina a cultura da livre concorrência.

3. Por que é importante defender a concorrência? (Ver item 1.1 da Cartilha do


Judiciário)

A concorrência é o processo pelo qual os agentes econômicos – empresas ou pessoas físicas –


disputam entre si parcelas de mercado via preços, qualidade de produto ou serviço e inovação.
Pode-se dizer que a concorrência é o motor que faz com que os empresários sirvam os interesses de
toda a sociedade com o aumento do bem-estar social. Assegurada a concorrência, aumentam-se o
emprego, a renda e o crescimento econômico.

Os empresários podem procurar eliminar a concorrência para aumentar seu poder econômico e, com
isso, maximizar seus lucros e diminuir os riscos inerentes à atividade empresarial. A política de
defesa da concorrência tem o objetivo de preservar a concorrência e combater o abuso do poder
econômico. O poder econômico é a capacidade de uma empresa (ou de um grupo de empresas
atuando de forma concertada) determinar ou influenciar de forma significativa as variáveis de
mercado de um produto ou serviço. O foco do combate é o poder econômico exercido de modo
“abusivo”, pois podem existir situações em que uma empresa detém poder econômico por méritos
próprios ou por uma decorrência natural do mercado.

Por exemplo, a concessionária de saneamento básico tem o monopólio do serviço de fornecimento


de água na sua região. O consumidor não tem como optar receber hoje água da empresa “A” ou
“B”. Isso ocorre porque os custos de instalação da infraestrutura são tão altos que não comportam
dois concorrentes atuando simultaneamente no mesmo mercado. Esses casos, denominados pelos
economistas de “monopólio natural”, geralmente são regulados pelo Estado, por meio das agências
reguladoras ou outros órgãos estatais.

4. Por que combater a formação de monopólios e cartéis? (Ver item 1.2 da Cartilha do
Judiciário)

Em primeiro lugar, quando a concorrência é eliminada, os preços sobem. Se o consumidor está


pagando mais do que pagaria por um produto ou serviço caso os empresários estivessem
competindo livremente, isto gera uma indevida transferência de renda do bolso do consumidor para
o bolso do fornecedor. Ou seja, um furto, tanto quanto aquele do “trombadinha” de rua que nos leva
a carteira. A diferença é que um cartel pode “furtar” muito mais gente e em valores bilionários.

Em segundo lugar, se os preços sobem menos gente poderá consumir aquele produto ou serviço.
Isso causa uma injusta exclusão do mercado de consumo de uma parcela da população que poderia
estar consumindo aquele produto ou serviço caso não houvesse o cartel ou o monopólio.

Em terceiro lugar, ao excluir os concorrentes do mercado, não só o agente econômico não tem
incentivos para ofertar bens e serviços a menores preços e maiores quantidades, como também não
é incentivado a investir no incremento de qualidade e em avanços tecnológicos. As vítimas são o
consumidor e a economia nacional. Por fim, os cartéis e os monopólios causam um prejuízo a toda
sociedade que os economistas chamam de “alocação ineficiente de recursos na economia”.

Para explicar isso de uma forma simples, basta entender o seguinte: se um consumidor está pagando
mais do que devia por um produto ou serviço, recursos faltarão a ele para outros fins (por exemplo,
consumir outros produtos ou poupar dinheiro).

Quando isso acontece, o mercado começa a funcionar distorcidamente, não do modo mais desejado
pela coletividade de consumidores e empresários. Os recursos escassos daquela sociedade passam a
ser alocados de uma forma que privilegia um grupo ou um pequeno grupo de empresários e não o
conjunto da sociedade.

5. O que é o Sistema Brasileiro de Defesa da Concorrência? (Ver item 1.3 da Cartilha do


Judiciário)

A expressão Sistema Brasileiro de Defesa da Concorrência – SBDC - é comumente usada para


designar os três órgãos administrativos federais responsáveis pela promoção de uma economia
competitiva, por meio da prevenção e da repressão de ações que possam limitar ou prejudicar a livre
concorrência no Brasil, sendo sua atuação orientada pela Lei nº 8.884, de 11 de junho de 1994.

Nos termos dessa lei, tais órgãos são: o Conselho Administrativo de Defesa Econômica - CADE, a
Secretaria de Direito Econômico do Ministério da Justiça - SDE e a Secretaria de Acompanhamento
Econômico do Ministério da Fazenda - Seae. Todos – pessoas físicas, empresas públicas e privadas,
associações de classe e sindicatos, independentemente do setor de atuação – estão sujeitos aos
dispositivos da Lei de Defesa da Concorrência.
A atuação dos órgãos do SBDC na defesa da concorrência apóia-se em três ações principais:
• Ação preventiva: dá-se por meio da análise das operações de concentração (p.ex., fusões,
aquisições e incorporações de empresas) e cooperação econômica (p.ex., determinadas joint
ventures).
• Ação repressiva: dá-se por meio da investigação e punição de condutas anticompetitivas. São
exemplos de práticas lesivas à concorrência o cartel e as práticas abusivas de empresas dominantes
(acordos de exclusividade, vendas casadas, preços predatórios, etc.).
• Ação educativa: dá-se por meio da difusão da cultura da concorrência. O SBDC promove
seminários, palestras, cursos e publicações de relatórios e matérias em revistas especializadas para
difundir a importância da concorrência para a sociedade. Nesse âmbito, tem sido crescente a
interação entre as autoridades de defesa da concorrência e aquelas voltadas para a defesa do
consumidor.

6. O que é um Programa de Leniência (Ver item 1.10 da cartilha do Judiciario)

O Programa de Leniência é um dos instrumentos mais efetivos no combate aos cartéis e se


caracteriza como espécie de “delação premiada” na esfera administrativa: um membro do cartel
denuncia a prática e todos os coautores, apresentando provas da existência do acordo em troca de
imunidade administrativa e criminal.

A Lei de Defesa da Concorrência reconhece que o interesse dos cidadãos brasileiros em ver
desvendados e punidos cartéis supera o interesse de sancionar uma única empresa ou indivíduo que
possibilitou a identificação e desmantelamento de todo o cartel e a punição de todos os seus outros
membros. Os participantes de cartéis sabem que estão cometendo um ilícito e, por isso, se valem de
manobras que criam obstáculos à sua detecção.

A comunicação entre os membros do cartel ocorre, via de regra, de maneira sigilosa e com poucos
rastros, o que dificulta o acesso a provas documentais. Daí decorre a importância de um Programa
de Leniência que, ao conceder benefícios a um membro do cartel em troca de cooperação com os
órgãos de defesa da concorrência, permite a identificação e punição dessa prática que traz prejuízos
substanciais ao consumidor brasileiro.

A SDE é o órgão competente para negociar e firmar o Acordo de Leniência com pessoas físicas e
jurídicas, com a possibilidade de extinção total das penalidades criminais e administrativas
originalmente aplicáveis pela prática de cartel em troca de colaboração plena na investigação da
prática denunciada. Uma vez firmado o Acordo de Leniência, suspende-se automaticamente a
possibilidade de oferecimento de denúncia e o prazo prescricional. A extinção da punibilidade penal
não depende de declaração judicial. Ela se opera automaticamente, nos termos da lei, uma vez
cumpridas as obrigações legais do Acordo de Leniência.
7. Um dos principais cartéis desmantelados pelo SBDC foi o chamado “Cartel das
Britas”. Descreva suscintamente este caso. (Ver páginas 27 e 28 da Cartilha do
Judiciário)

Um dos principais cartéis desmantelados pelo SBDC foi o chamado “Cartel das Britas”. Em 2002, a
SDE recebeu uma denúncia sobre suposto cartel envolvendo empresas de pedra britada na Região
Metropolitana de São Paulo. As empresas operavam um cartel para fixar preços, alocar
consumidores, restringir a produção e fraudar licitações públicas no mercado de pedra britada,
insumo essencial para a indústria de construção civil. As empresas utilizavam software sofisticado
para direcionar as vendas e fiscalizar o cumprimento do acordo. O cartel passou a atuar de forma
mais sistemática a partir de fins de 1999, como forma de combater a queda no preço médio do
produto que ocorria no mercado desde 1995. Houve a condenação em 2005, na qual foi provado que
as empresas dividiam novos clientes com o auxílio de um sistema informatizado.
TAREFA 02
Com base na leitura dos artigos de autoria de Marcelo Gazzi Taddei e Arturo Barrionuevo, em
anexo, descreva de modo suscinto os dois casos clássicos de atuação do CADE (AMBEV E
KOLYNOS), abordados na última parte do referido artigo

No caso Kolynos, o mercado relevante de creme dental entendeu haver ameaça substantiva à
concorrência, em razão da fatia de mercado (market share) de 78,1% (Colgate 25,6% e Kolynos
52,5%). O mercado relevante geográfico foi o nacional, diante do constatado baixo grau de
contestabilidade das importações.
A principal barreira à entrada detectada se refere à diferenciação do produto a partir da marca,
decorrente, principalmente, da forte lealdade do consumidor. Seriam necessários substanciais gastos
de publicidade para introduzir uma nova marca no mercado. Assim, a relatoria entendeu que
qualquer medida de intervenção no mercado deveria referir-se à própria marca. Foram oferecidas 3
alternativas: suspensão temporária do uso da marca Kolynos; licenciamento exclusivo para terceiros
da marca Kolynos; alienação da marca Kolynos.
Em qualquer uma das opções o objetivo foi permitir a entrada de um novo concorrente, atenuando,
temporariamente, a barreira representada pela marca. A opção adotada pela Colgate foi a suspensão,
pelo período de 4 anos, do uso da marca Kolynos, criando a marca Sorriso.

Quanto à criação da AmBev, esta foi submetida à apreciação do CADE, uma vez que o ato de
concentração representou mais de 20% do mercado relevante de bebidas. No mercado de cerveja, o
ato foi aprovado com uma série de condições, como a viabilização de um novo concorrente
mediante a alienação da marca Bavaria, assim como a transferência dos contratos de fornecimento e
distribuição relacionados a marca e a alienação de uma unidade fabril para a produção da cerveja,
localizada em cada uma das 5 regiões do mercado relevante geográfico.

Além disso, a Ambev deveria promover vários programas de retreinamento e recolocação de


trabalhadores que perderam emprego em razão da fusão nos 4 anos subsequentes, bem como seria
necessário ocorrer a desobrigação da exclusividade no ponto de venda.

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