Belém Brasília
Belém Brasília
Belém Brasília
Abstract
The Belém-Brasília Highway, is one of the most important and busiest highways in Brazil,
being mainly used for cars, buses and trucks, and with that the volume of movement of people is
very large, causing the influence for the development of cities, especially the State of Tocantins.
This article aims to analyze what series would be necessary on the previous highway for the
development of cities in the State of Tocantins, which brought people to the region that was
previously known as northern Goiás. In the first part of the work, the reason for the construction of
the highway is presented, followed by the history of the construction of the road, and finally what
were the changes it brought to the then State of Tocantins. Thus, at the end of the article, the
conclusion reaches what led President Juscelino Kubitschek when carrying out the BR-153.
Introdução
Este trabalho busca analisar qual a influência a Rodovia Belém-Brasília teve para o
desenvolvimento das cidades da região norte goiano que mais tarde viria a ser o Estado do
Tocantins, ou seja, o que mudou no espaço regional após a realização da rodovia. A concepção e
construção da rodovia Belém-Brasília foi fator fundamental para o desenvolvimento dos núcleos
urbanos do Norte de Goiás, que hoje em dia é onde se localiza o estado do Tocantins. A construção
da rodovia se tornou um marco por alguns fatores, a integração da Amazônia com o Centro-Sul do
Brasil, ajudou no desenvolvimento urbano do Estado do Goiás e outras cidades próximas que
futuramente fariam parte do estado tocantinense.
A ideia inicial da construção da rodovia, que também foi chamada de Rodovia da Unidade
Nacional, era ligar a primeira metrópole da Amazônia à Brasília, e representava uma estratégia
geopolítica de ocupação de uma enorme região localizada no interior do país caracterizada pelo
grande vazio demográfico. Por consequência, a ação efetiva da construção da Belém-Brasília
influenciou desde os núcleos urbanos pré-existentes até o surgimento de outros núcleos além da
zona rural e antigos povoamentos ribeirinhos.
Rodovia Belém-Brasília
Segundo Haesbart (apud MARQUES), a reterritorialização ocorre quando é criada uma nova
interdependência ao se conectar a economia e cultura às regiões mais longínquas. Tendo isso em
mente, Marques (2019, p. 77) parafraseando Aquino (1996), Brito (2009) e Feitosa (2011), mostra
que esses autores entendem que a região de Goiás que fica às margens da Belém-Brasília (BR 153)
foi afetada pela construção da rodovia. Além dos incentivos fiscais que a região norte de Goiás
recebeu entre 1960 e 1980.
A construção da Belém-Brasília, em 1950, permitiu o estabelecimento de uma ligação do
norte de Goiás ao mercado nacional, e consequentemente, trouxe maiores estímulos a atividade
agropecuária. Ao longo da Belém-Brasília foram verificados novos centros urbanos, como
Araguaína, Gurupi e Paraíso do norte, que se tornaram entrepostos comerciais no meio rural, tendo
como principal função fazer a coleta de excedentes agropecuários produzidos regionalmente e
repassadores dos bens industrializados provenientes do Sudeste (VALVERDE; DIAS, 1967 apud
MARQUES, 2019)
A BR 153 contribuiu ainda para a expansão da fronteira agrícola, visto que as estradas
anteriormente encontravam-se em péssimo estado e o transporte era feito majoritariamente por
tropas de burros ou carros de bois. Após a implementação da Belém-Brasília o transporte da
produção tornou-se mais fácil, levando a uma expansão mais dinâmica da fronteira agrícola.
Podemos destacar como um caso emblemático para a expansão da fronteira agrícola o projeto Rio
Formoso, que visava à implantação de culturas irrigadas, sobretudo arroz e soja, às margens do rio
Formoso. O acesso a esse projeto é feito pela BR-242, que tem seu início na BR-153.
O mercado agropecuário da região Norte de Goiás não teve uma expansão uniforme, seja
espacial ou temporalmente, tendo melhores resultados nas áreas mais férteis e/ou melhor, situadas
em relação à rede de transportes. Com isso podemos frisar que a rodovia Belém-Brasília foi de vital
importância para a ligação da região norte de Goiás ao mercado regional e nacional devido ao fato
disso ter ocorrido por meio da expansão da fronteira agrícola.
A região norte de Goiás sempre foi isolada, seja no contexto regional ou nacional. A região
apresentava vias de transporte precárias, pobreza e péssimas condições de vida para seus
moradores. Porém, o avanço da fronteira agrícola permitiu a alteração da estrutura socioeconômica
da região, tendo como principal ponto de indução a rodovia Belém-Brasília, que permitiu a criação
e o crescimento de vários núcleos urbanos.
A rápida expansão da fronteira agrícola trouxe muitos imigrantes da região nordeste,
fazendo com que a população rural crescesse substancialmente, no entanto, quando os trabalhos na
zona rural chegavam ao fim os trabalhadores se viam obrigados a alocarem-se nos centros urbanos.
Segundo Marques (2019), a população urbana do norte goiano cresceu 126% de acordo com os
censos de 1970 e 1980. O problema encontrava-se no fato de que as cidades não tinham estrutura
para comportar um crescimento populacional tão vigoroso, fazendo com que a pobreza urbana
acentue-se. A precariedade nos centros urbanos estava em vários setores da sociedade, temos
problemas com as moradias, onde quase metade ainda era feita de piso de terra e paredes de taipa. O
sistema de fornecimento de água atingia apenas 9% da população, e 70% dos domicílios utilizavam
poço ou nascente, além de 60% não possuir nenhum tipo de escoadouro. A taxa de mortalidade
infantil chegava a 31, 5% em Porto Nacional e 27,5% em Xambioá. A educação também era
deficitária, tendo a região apresentado 51% de um total de 609 mil habitantes com 5 anos ou mais
que não sabiam ler (Ipeadata, 1980 apud MARQUES, 2019, p. 95)
Tendo essa conjuntura social em vista, a elite política regional buscou a divisão territorial,
para eles a região não dispunha de forças políticas representativas, e acabava por ficar desassistida
pelo poder público. Assim, a criação de um novo ente federativo, no caso o território do estado do
Tocantins, seria imperativo para o desenvolvimento regional, possibilitado pela maior
descentralização de recursos e maior autonomia na alocação de investimentos, gerando emprego e
renda para a população (OLIVEIRA, 2002 apud MARQUES, 2019, p. 97).
O deputado Siqueira Campos foi responsável pelo projeto de criação do estado do Tocantins
e fez frente para que o projeto fosse aprovado. Em 1º de setembro de 1988 a Assembleia Nacional
Constituinte aprovou a criação do Tocantins, que passou a existir oficialmente em 1º de janeiro de
1989.
Após a criação do estado tocantinense iniciou-se a busca por melhorias em todo o território.
Fato interessante a se destacar nesse sentido é que o rio Tocantins perdeu seu papel de principal
agente da integração econômica na região para a rodovia Belém-Brasília. Isso quer dizer que com a
construção da BR-153 os municípios que se localizam à margem direita do rio Tocantins enfrentam
obstáculos para chegar ao novo eixo econômico que se caracterizou com a chegada da Belém-
Brasília. Marques (2019), ao citar Aquino (1996) e Feitosa (2011) mostra que a população urbana
das cidades situadas às margens do rio Tocantins tiveram o crescimento médio anual de 7,8%, com
apenas 38,6% de sua população vivendo em zonas urbanas. Já as cidades que ficam às margens da
BR-153 registraram, desde 1970, uma população urbana superior à rural. Tendo esses municípios
registrados uma taxa de 70,1% de população urbana.
Em 1990 a situação dos municípios manteve-se praticamente com a mesma configuração, é
notável a diferença nos desenvolvimentos dos municípios que se localizam as margens da BR-153
para os que não têm acesso à rodovia ou a qualquer ramal da mesma. Nota-se que em 1990 os dois
municípios com maior índice de desenvolvimento regional (IDR) estavam localizados às margens
da Belém-Brasília, além de outros municípios que se caracterizam como polos regionais também
estarem localizados próximos à rodovia. Já os municípios que não têm acesso à BR-153 ou a
corredores menores apresentaram os piores índices de desenvolvimento regional.
Projeto Rio Formoso em Formoso do Araguaia
Conclusão
Referências Bibliográficas
AGÊNCIA BRASÍLIA. Bernardo Sayão – um herói do Cerrado. Agência Brasília. Disponível em: <https://www.a-
genciabrasilia.df.gov.br/2019/07/04/bernardo-sayao-um-heroi-do-cerrado/>. Acesso em: 31 Mar. 2021.
ANTERO, Roberto. Controvérsias Sobre a Rodovia Belém-Brasília no Tocantins. Revista Tocantinense de Geografia,
Araguaína – TO, n. 11, p. 99-113, set/dez de 2017.
BRESSAN. » Dicas para a BR-010 El Bando Moto Clube. Elbando.com.br. Disponível em: <https://www.elbando.-
com.br/2018/07/26/dicas-para-a-br-010/>. Acesso em: 31 Mar. 2021.
BECKER, Bertha k. A implantação da rodovia belém-brasília e o desenvolvimento regional. Rio de Janeiro: UFRJ, p.
32-46, 1977.
JUSTILEX. Há 50 anos morria Bernardo Sayão, engenheiro que ajudou a construir Brasília. Jusbrasil. Disponível em:
<https://justilex.jusbrasil.com.br/noticias/597516/ha-50-anos-morria-bernardo-sayao-engenheiro-que-ajudou-a-cons-
truir-brasilia>. Acesso em: 31 Mar. 2021.
MARQUES, Nilton. Desenvolvimento Regional e Territorial do Tocantins. Palmas, EDUFT, 2019.
Memorial da Democracia - Belém-Brasília une país de norte a sul. Memorial da Democracia. Disponível em: <http://
memorialdademocracia.com.br/card/belem-brasilia-rodovia-de-integracao>. Acesso em: 31 Mar. 2021.
SOUSA, Michelle Louise; PACHECO, Rafael Araujo. A influência da rodovia Belém-Brasília no processo de desen-
volvimento das cidades do centro-norte de Goiás. Revista Eletrônica Geoaraguaia, Barra do Garças – MT, v. 3, n. 2,
2013.
Superintendência do Plano de Valorização Econômica da Amazônia. SPVEA. Rodovia da Unidade Nacional. Belém,
1958. IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Cidades.
TAVARES, Maria Goretti. A Amazônia brasileira: formação histórico-territorial e perspectivas para o século XXI. GE-
OUSP - Espaço e Tempo, São Paulo, Nº 29 . p. 107-121, 2011
UNKNOWN. Fig. 1 -Localização das cidades novas ao longo da rodovia... ResearchGate. Disponível em: <https://
www.researchgate.net/figure/Localizacao-das-cidades-novas-ao-longo-da-rodovia-Belem-Brasilia-criadas-durante-
o_fig1_333296644>. Acesso em: 31 Mar. 2021.