CPC 00 - Estrutura Conceitual 2020

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O Professor Gabriel Rabelo é Auditor Fiscal da Secretaria da

Fazenda do Estado do Rio de Janeiro, aprovado também, entre


outros concursos, em primeiro lugar para o concurso de Auditor
Fiscal da Secretaria da Fazenda do Estado do Espírito Santo, aos 21
anos.
Autor do Livro Contabilidade Avançada Facilitada para Concursos e
Professor para Concursos e Exames há mais de 10 anos.
Criador do Instagram @contabilidadefacilitada, a maior rede social
da área contábil no país.
Criador dos sites CFC De A a Z e Passei EQT, preparatórios para os
Exames de Suficiência e Exame de Qualificação Técnica para
Auditor Independente e Perito Contábil.

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SUMÁRIO
1 NBC TG 00 – A norma mais cobrada no Exame ........................................................................................................................................................ 4
2 Introdução ................................................................................................................................................................................................................ 5
3 Objetivo, Utilidade e Limitações do Relatório Financeiro para Fins Gerais .............................................................................................................. 6
3.1 Informações sobre recursos econômicos da entidade que reporta, reivindicações contra a entidade e alterações em recursos e
reivindicações ................................................................................................................................................................................................................... 10
4 Desempenho Refletido pelo Regime de Competência ........................................................................................................................................... 11
5 Capítulo 2: Características Qualitativas Da Informação Financeira Útil .................................................................................................................. 12
6 Características Qualitativas Fundamentais ............................................................................................................................................................. 14
6.1 - Relevância ................................................................................................................................................................................................. 14
6.2 Representação Fidedigna ............................................................................................................................................................................ 16
7 Características Qualitativas De Melhoria ................................................................................................................................................................ 18
7.1 Comparabilidade ......................................................................................................................................................................................... 18
7.2 Verificabilidade ............................................................................................................................................................................................ 19
7.3 Tempestividade ........................................................................................................................................................................................... 19
7.4 Compreensibilidade ..................................................................................................................................................................................... 20
8 Restrição de Custo na Elaboração e Divulgação de Relatório Contábil-Financeiro Útil .......................................................................................... 21
9 Capítulo 3 – Demonstrações Contábeis e a Entidade Que Reporta ........................................................................................................................ 22
9.1 Entidade que reporta .................................................................................................................................................................................. 24
10 Capítulo 4: Elementos Das Demonstrações Contábeis ...................................................................................................................................... 26
11 Posição Financeira ............................................................................................................................................................................................ 26
12 Ativos ................................................................................................................................................................................................................ 27
12.1 Direitos ........................................................................................................................................................................................................ 28
12.2 Potencial de produzir benefícios econômicos ............................................................................................................................................. 29
12.3 Controle ....................................................................................................................................................................................................... 31
13 Passivos............................................................................................................................................................................................................. 32
13.1 Obrigação .................................................................................................................................................................................................... 32
13.2 Transferência de recurso econômico........................................................................................................................................................... 33
13.3 Obrigação presente como resultado de eventos passados ......................................................................................................................... 34
14 Patrimônio Líquido............................................................................................................................................................................................ 35
15 Desempenho ..................................................................................................................................................................................................... 37
16 Capítulo 5 - Reconhecimento e Desreconhecimento ........................................................................................................................................ 39
16.1 Processo de Reconhecimento...................................................................................................................................................................... 39
16.2 Critérios de Reconhecimento ...................................................................................................................................................................... 40
16.3 Relevância ................................................................................................................................................................................................... 41
16.4 Incerteza na mensuração ............................................................................................................................................................................ 42
16.5 Desreconhecimento .................................................................................................................................................................................... 43
17 Capítulo 6 - Mensuração ................................................................................................................................................................................... 44
17.1 Base de Mensuração ................................................................................................................................................................................... 44
17.1.1 Custo Histórico ................................................................................................................................................................................. 44
17.1.2 Valor Atual ........................................................................................................................................................................................ 46
17.1.3 Valor Justo ........................................................................................................................................................................................ 47
17.1.4 Valor em uso e valor de cumprimento.............................................................................................................................................. 48
17.1.5 Custo Corrente.................................................................................................................................................................................. 49
18 Capítulo 7 – Apresentação e Divulgação ........................................................................................................................................................... 52
18.1 Objetivos e princípios de apresentação e divulgação .................................................................................................................................. 53
18.2 Classificação ................................................................................................................................................................................................ 54
18.3 Classificação de ativos e passivos ................................................................................................................................................................ 54
18.4 Compensação .............................................................................................................................................................................................. 55
18.5 Classificação de patrimônio líquido ............................................................................................................................................................. 55
18.6 Demonstração do resultado e demonstração do resultado abrangente ..................................................................................................... 56
18.7 Agregação.................................................................................................................................................................................................... 56
19 Capítulo 8 – Manutenção do Capital Físico e Financeiro ................................................................................................................................... 57
19.1 Conceito de capital ...................................................................................................................................................................................... 57

4
CPC 00 – Estrutura Conceitual – Versão 2020
Olá, pessoal! Tudo bem com vocês?
Hoje falaremos sobre a Estrutura Conceitual Básica da Contabilidade. Muitos não sabem, mas este
é o assunto mais cobrado nas provas de contabilidade. E acreditamos que assim se manterá.

A revisão 2 entrou em vigor em janeiro de 2020 e deve ser bastante explorada nas próximas provas.
Toda a versão em vídeo desta norma poderá ser encontrada no nosso canal no Youtube: Professor
Gabriel Rabelo.

Um abraço.

Prof. Gabriel Rabelo.


@contabilidadefacilitada

2 Introdução
Vamos falar hoje sobre a Estrutura Conceitual Básica da Contabilidade – NBC TG 00.
Com a Revisão 2, que entrou em vigor em janeiro, o CPC 00 passa a ter oito capítulos.
- Capítulo 1: Objetivo do Relatório Financeiro para Fins Gerais.
- Capítulo 2: Características Qualitativas de Informações Financeiras Úteis.
- Capítulo 3: Demonstrações Contábeis e a Entidade que Reporta.
- Capítulo 4: Elementos das Demonstrações Contábeis.
- Capítulo 5: Reconhecimento e Desreconhecimento.
- Capítulo 6: Mensuração.
- Capítulo 7: Apresentação e Divulgação.
- Capítulo 8: Conceitos de Capital e Manutenção do Capital.
Quais são os principais objetivos da Estrutura Conceitual?

Auxiliar desenvolvimento
das Normas Internacionais
(IFRS)

Auxiliar os preparadores
Objetivos do CPC 00 das demonstrações
contábeis

Auxiliar a entender e
interpretar os CPCs

5
3 Objetivo, Utilidade e Limitações do Relatório
Financeiro para Fins Gerais
O primeiro aspecto importante que devemos compreender é que as demonstrações contábeis são
preparadas para usuários externos em geral. Embora alguns órgãos do governo, fiscos, entre
outros, determinem o cumprimento de certas exigências, isso não tem o condão de retirar o
público a quem se dirige as demonstrações contábeis preparadas sob a égide da Estrutura
Conceitual Básica: usuários externos em geral.
As demonstrações contábeis também são úteis aos usuários internos. Todavia, elas se destinam aos
usuários externos.
Esses usuários se utilizarão das demonstrações para diversos fins, tais como decidir quando
comprar e vender ações, avaliar a segurança quanto à recuperação de recursos financeiros
emprestados à entidade, entre outros.

1.2 O objetivo do relatório financeiro para fins gerais é fornecer informações financeiras
sobre a entidade que reporta que sejam úteis para investidores, credores por
empréstimos e outros credores, existentes e potenciais, na tomada de decisões
referente à oferta de recursos à entidade. Essas decisões envolvem decisões sobre:

(a) comprar, vender ou manter instrumento de patrimônio e de dívida;


(b) conceder ou liquidar empréstimos ou outras formas de crédito; ou
(c) exercer direitos de votar ou de outro modo influenciar os atos da administração que
afetam o uso dos recursos econômicos da entidade.

1.3 As decisões descritas no item 1.2 dependem dos retornos que os existentes e
potenciais investidores, credores por empréstimos e outros credores esperam, por
exemplo, dividendos, pagamentos de principal e juros ou aumentos no preço de
mercado. As expectativas dos investidores, credores por empréstimos e outros credores
quanto aos retornos dependem de sua avaliação do valor, da época e da incerteza
(perspectivas) de futuros fluxos de entrada de caixa líquidos para a entidade e de sua
avaliação da gestão de recursos da administração sobre os recursos econômicos da
entidade. Investidores, credores por empréstimos e outros credores, existentes e
potenciais, precisam de informações para ajudá-los a fazer essas avaliações.

Aqui, o que eu gostaria que você entendesse é que cada usuário pode utilizar das demonstrações
de diversas formas.
Exemplo, se eu, Gabriel, sou acionista de determinada sociedade, vou avaliar anualmente se a
empresa continua lucrativa, se ela se mantém gerando caixa, pouco endividada e outras condições
para que eu continue sócio do empreendimento.
Portanto, os interesses podem ser assim explicados:
(a) comprar, vender ou manter instrumento de patrimônio e de dívida;

6
Por exemplo, se eu tenho uma determinada quantia de dinheiro para investir, quero analisar o
retorno e também os riscos de comprar ações. Por isso, verei as demonstrações contábeis daquela
empresa.
(b) conceder ou liquidar empréstimos ou outras formas de crédito; ou
Aqui, por exemplo, se a companhia Light (distribuidora de energia no Rio de Janeiro) quer fazer um
empréstimo por debêntures, eu analisarei os balanços para ver a capacidade de pagamento da
companhia. Verei índices de liquidez, endividamento, entre outros.
(c) exercer direitos de votar ou de outro modo influenciar os atos da administração que afetam o
uso dos recursos econômicos da entidade.
Então, se tenho uma parcela significativa no capital de uma empresa, poderei votar em suas
assembleias.
Isso caiu no Exame 2019.1 da seguinte forma:
(Consulplan/Exame CFC/2019.1/Adaptada)
Com base na Resolução CFC nº 1.374/2011 – NBC TG Estrutura Conceitual, as “Demonstrações
Contábeis têm por finalidade satisfazer as necessidades comuns da maioria dos seus usuários, uma
vez que quase todos eles utilizam essas demonstrações contábeis para a tomada de decisões
econômicas”. Considerando o disposto na referida resolução, NÃO é uma decisão econômica
comum a maior parte dos usuários:
A) Conceder ou liquidar empréstimos ou outras formas de crédito.
B) Exercer direitos de votar ou de outro modo influenciar os atos da administração que afetam o
uso dos recursos econômicos da entidade..
C) Decidir quando comprar, manter ou vender instrumentos patrimoniais.
D) Determinar quais instrumentos de controle gerencial são melhores para mensurar o
desempenho organizacional.
Comentários:
Como explicamos acima, o nosso gabarito é letra d.
Determinar os instrumentos de controle gerencial para mensurar o desempenho organizacional
não é uma finalidade das demonstrações contábeis.
Gabarito  D.
Daqui em diante:

Relatório Financeiro de Propósito Geral  Demonstrações Contábeis


Seu objetivo é fornecer informação contábil-financeira que sejam úteis aos seus usuários.
Vamos exemplificar:
- Acionistas e investidores  Esperam dividendos e aumento do preço de mercado das ações.
- Credores  Esperam pagamento de juros e segurança para recebimento do principal.
Como os acionistas e investidos podem fazer as ditas avaliações: através das demonstrações
contábeis, principalmente.

7
Se eu vou comprar ação de uma empresa, eu quero saber qual o retorno histórico essa empresa
vem dando, quanto terei de lucro para os próximos anos, quais as expectativas terei para essas
ações. As mesmas considerações valem se eu irei emprestar dinheiro para a entidade.
Similarmente, decisões a serem tomadas por credores por empréstimos e por outros credores,
existentes ou em potencial, relacionadas a oferecer ou disponibilizar empréstimos ou outras formas
de crédito, dependem dos pagamentos de principal e de juros ou de outros retornos que eles
esperam.

1.5 Muitos investidores, credores por empréstimos e outros credores, existentes e


potenciais, não podem exigir que as entidades que reportam forneçam informações
diretamente a eles, devendo se basear em relatórios financeiros para fins gerais para
muitas das informações financeiras de que necessitam. Consequentemente, eles são os
principais usuários aos quais se destinam relatórios financeiros para fins gerais.

O Pronunciamento enfatiza que as informações se destinam principalmente ao público externo,


com foco nos investidores, credores por empréstimos e a outros credores, quando da tomada
decisão ligada ao fornecimento de recursos para a entidade. Ou seja, destinam-se principalmente
aos financiadores da entidade, sejam os acionistas ou os credores, pois eles não podem solicitar
informações diretamente para a entidade.
Muitos usuários externos não podem requerer que as empresas prestem a eles diretamente as
informações de que necessitam, devendo desse modo confiar nos relatórios contábil-financeiros
de propósito geral, para grande parte da informação contábil-financeira que buscam.
Consequentemente, eles são os usuários primários para quem as demonstrações contábeis são
direcionadas.

1.6 Contudo, relatórios financeiros para fins gerais não fornecem nem podem fornecer
todas as informações de que necessitam investidores, credores por empréstimos e
outros credores, existentes e potenciais. Esses usuários precisam considerar
informações pertinentes de outras fontes, como, por exemplo, condições e expectativas
econômicas gerais, eventos políticos e ambiente político e perspectivas do setor e da
empresa.

Entretanto, relatórios contábil-financeiros de propósito geral não atendem e não podem atender
a todas as informações de que necessitam os usuários, que precisam considerar informação
pertinente de outras fontes, como, por exemplo, condições econômicas gerais e expectativas,
eventos políticos e clima político, e perspectivas e panorama para a indústria e para a entidade.
Portanto, atente-se! As demonstrações contábeis não possuem todas as informações de que um
investidor necessita.

1.7 Relatórios financeiros para fins gerais não se destinam a apresentar o valor da
entidade que reporta, mas fornecem informações para auxiliar investidores, credores
por empréstimos e outros credores, existentes e potenciais, a estimar o valor da
entidade que reporta.

8
As informações contábil-financeiras auxiliam os usuários a estimar, mas não são elaborados para
mostrar o valor econômico da entidade. Expliquemos.
As demonstrações podem evidenciar os ativos e passivos (recursos e reivindicações) da entidade.
Mas o valor econômico refere-se principalmente às expectativas quanto ao resultado futuro
(lucro e fluxo de caixa) do que quanto à situação atual.
Por exemplo, um investidor pode estar avaliando duas lanchonetes que possuem o mesmo valor de
ativos e passivos. Mas uma delas pode estar ao lado de uma grande faculdade, e a outra não. Nesse
caso, ainda que os ativos e passivos sejam semelhantes, o valor econômico (em função do
resultado futuro) é diferente.
Assim, cada investidor e/ou credor, usando as informações contábil-financeiras, deve avaliar, de
acordo com suas expectativas, o valor da entidade.

1.8 Usuários primários individuais têm necessidades e desejos de informação diferentes


e possivelmente conflitantes. Ao desenvolver os Pronunciamentos, busca-se fornecer
um conjunto de informações que atenda às necessidades do maior número de
principais usuários. Contudo, concentrar-se em necessidades de informação ordinárias
não impede que a entidade que reporta inclua informações adicionais que sejam mais
úteis para um subconjunto específico de principais usuários.

É tranquilo de entender. Por mais que, por exemplo, grande parte dos usuários de uma
demonstração contábil sejam acionistas e credores, por exemplo, nada impede que a companhia
publique informações adicionais para que seus empregados possam ter ali algum tipo de
informação sobre a companhia.

1.9 A administração da entidade que reporta também está interessada em informações


financeiras sobre a entidade. Contudo, a administração não precisa se basear em
relatórios financeiros para fins gerais, pois ela pode obter internamente as informações
financeiras de que precisa.

A administração pode “beber direto da fonte”. Ela não precisa das informações contidas nas
demonstrações contábeis para tomar decisão.
Um fato curioso é que tendemos a achar que todos os empregados são usuários internos da
contabilidade. Mas isso não verdade. O empregado somente será usuário interno se tiver acesso
gerencial à informação. Caso contrário, será usuário externo.

1.10 Outras partes, como reguladores e o público em geral, que não investidores,
credores por empréstimos e outros credores, podem também considerar relatórios
financeiros para fins gerais úteis. Contudo, esses relatórios não são direcionados
essencialmente a esses outros grupos.

Portanto, se você é Auditor Fiscal, você, no curso de uma fiscalização pode utilizar as
demonstrações contábeis para embasar a sua auditoria. Todavia, como o Estado tem poder
extroverso (podendo impor a sua vontade) ele não é um usuário principal da demonstração
contábil.

9
Neste ponto, ainda, o CPC 00 estabelece que as demonstrações contábeis são baseadas em
estimativas, julgamentos, modelos, mas não em representações exatas.

3.1 Informações sobre recursos econômicos da entidade que


reporta, reivindicações contra a entidade e alterações em
recursos e reivindicações

1.12 Relatórios financeiros, para fins gerais, fornecem informações sobre a posição
financeira da entidade que reporta, as quais consistem em informações sobre os
recursos econômicos da entidade e as reivindicações contra a entidade que reporta. Os
relatórios financeiros fornecem ainda informações sobre os efeitos de transações e
outros eventos que alteram os recursos econômicos e reivindicações da entidade que
reporta. Ambos os tipos de informações fornecem dados úteis para decisões referentes
à oferta de recursos à entidade.

O Pronunciamento destaca a principal informação obtida das demonstrações contábil-financeiras: a


posição financeira (obtida principalmente pelo Balanço Patrimonial) e o efeito de transações e
outros eventos que alteram os recursos econômicos (demonstração do resultado do exercício e
demonstração do resultado abrangente).

Posição
Patrimonial
Balanço
patrimonial
Posição
Demonstrações Financeira
contábeis
Posição
DRE e DRA
econômica

As informações do Balanço Patrimonial, ou seja, os recursos econômicos (ativos) e reivindicações


(passivo) podem auxiliar os usuários a identificar a fraqueza e o vigor financeiro da empresa,
inclusive para avaliar sua liquidez e solvência e suas necessidades em termos de financiamento.
Já as informações sobre as mudanças nos recursos econômicos e reivindicações (Resultado do
Exercício e Resultado Abrangente) ajudam a avaliar a performance da empresa, mostrando como a
administração tem sido no desempenho de suas responsabilidades. São úteis também para a
predição de retornos futuros da entidade sobre os seus recursos econômicos (função preditiva).

10
4 Desempenho Refletido pelo Regime de
Competência
Texto do Pronunciamento Conceitual Básico

1.17 O regime de competência reflete os efeitos de transações e outros eventos e


circunstâncias sobre reivindicações e recursos econômicos da entidade que reporta
nos períodos em que esses efeitos ocorrem, mesmo que os pagamentos e
recebimentos à vista resultantes ocorram em período diferente. Isso é importante
porque informações sobre os recursos econômicos e reivindicações da entidade que
reporta e mudanças em seus recursos econômicos e reivindicações durante o período
fornecem uma base melhor para a avaliação do desempenho passado e futuro da
entidade do que informações exclusivamente sobre recebimentos e pagamentos à vista
durante esse período.

1.20 Informações sobre os fluxos de caixa da entidade que reporta durante o período
também auxiliam os usuários a avaliar a capacidade da entidade de gerar futuros
fluxos de entrada de caixa líquidos e avaliar a gestão de recursos da administração
sobre os recursos econômicos da entidade. Essas informações indicam como a
entidade que reporta obtém e despende caixa, incluindo informações sobre
contratação e amortização de dívida, dividendos em dinheiro ou outras distribuições de
caixa a investidores, e outros fatores que podem afetar a liquidez ou solvência da
entidade. Informações sobre fluxos de caixa auxiliam os usuários a compreender as
operações da entidade que reporta, avaliar suas atividades de financiamento e
investimento, avaliar sua liquidez ou solvência e interpretar outras informações sobre o
desempenho financeiro.

Este item reafirma a importância do regime de competência para a elaboração das demonstrações
contábil-financeiras. A utilização do Regime de Competência fornece melhor base de avaliação da
performance passada e futura da entidade do que a informação puramente baseada em
recebimentos e pagamentos em caixa ao longo desse mesmo período.

Regime a ser Regime de


utilizado competência

No entanto, informações sobre os fluxos de caixa da entidade que reporta a informação durante
um período também ajudam os usuários a avaliar a capacidade de a entidade gerar fluxos de caixa
futuros líquidos, indicando como a empresa obtém e despende caixa, informações sobre seus
empréstimos e resgate de títulos de dívida, dividendos e outras distribuições para seus
investidores, e outros fatos que podem afetar a liquidez e a solvência da entidade.

11
Regime de competência Ajuda a avaliar a performance da empresa

Fluxo de caixa Ajuda a avaliar a capacidade de geração de caixa

Os recursos econômicos e reivindicações da entidade podem ainda mudar por outras razões que
não sejam resultantes de sua performance financeira, como é o caso da emissão adicional de suas
ações. Informações sobre esse tipo de mudança são necessárias para dar aos usuários uma
completa compreensão do porquê das mudanças nos recursos econômicos e reivindicações da
empresa e as implicações dessas mudanças em sua futura performance financeira.
Os ativos e passivos podem mudar não somente pelo desempenho financeiro (DRE), mas, por
exemplo, pela emissão de instrumentos de dívidas (por exemplo, debêntures) ou emissão de novas
ações. A companhia deve também informar quando este for o caso:

1.21 Os recursos econômicos e reivindicações da entidade que reporta podem sofrer


alterações também por outras razões além do desempenho financeiro, como, por
exemplo, a emissão de instrumentos de dívida ou de instrumentos patrimoniais.
Informações sobre este tipo de alteração são necessárias para propiciar aos usuários
pleno entendimento do motivo para as alterações nos recursos econômicos e
reivindicações da entidade que reporta e das implicações dessas alterações em seu
desempenho financeiro futuro.

Além de todas as informações aqui ditas, a companhia também pode divulgar informações
adicionais sobre como vem cumprindo suas responsabilidades, para provar quão eficiente e eficaz
vem sendo na alocação dos recursos.

5 Capítulo 2: Características Qualitativas Da


Informação Financeira Útil
As características qualitativas servem para dizer quais informações tendem a ser mais úteis aos
usuários, a fim de que estes tomem decisões.
Segundo o CPC 00:

2.2 Relatórios financeiros fornecem informações sobre os recursos econômicos da


entidade que reporta, reivindicações contra a entidade que reporta e os efeitos de
transações e outros eventos e condições que alteram esses recursos e reivindicações.
(Essas informações são referidas nesta Estrutura Conceitual como informações sobre os
fenômenos econômicos.) Alguns relatórios financeiros incluem também material
explicativo sobre as expectativas e estratégias da administração para a entidade que
reporta e outros tipos de informações prospectivas.

Em síntese, isso quer dizer que as demonstrações contábeis evidenciam os ativos (bens e direitos),
os passivos (obrigações) e os fatos que alteram esses ativos e passivos. Muitas vezes as

12
demonstrações contábeis podem ter também explicações, por exemplo, da administração sobre o
ano ou um trimestre que está sendo reportado (Relatório da Administração, por exemplo).
As características qualitativas devem ser aplicadas tanto a informações financeiras como a essas
informações mais gerenciais, contidas nos relatórios, notas explicativas, entre outros.

2.4 Se informações financeiras devem ser úteis, elas devem ser relevantes e representar
fidedignamente aquilo que pretendem representar. A utilidade das informações
financeiras é aumentada se forem comparáveis, verificáveis, tempestivas e
compreensíveis.

As características qualitativas foram divididas em duas categorias: Características qualitativas


fundamentais (relevância e representação fidedigna) e Características qualitativas de melhoria
(comparabilidade, verificabilidade, tempestividade e compreensibilidade)

Relevância
Características qualitativas

Fundamentais
Representação
fidedigna

Comparabilidade

Verificabilidade
De melhoria
Tempestividade

Compreensibilidade

13
6 Características Qualitativas Fundamentais
2.5. As características qualitativas fundamentais são relevância e representação
fidedigna.

Relevância
Características
Fundamentais
qualitativas
Representação
fidedigna

Vejamos como foi cobrado em prova:


(FBC/Exame de Suficiência/CFC/2017.1) De acordo com a NBC TG ESTRUTURA CONCEITUAL –
ESTRUTURA CONCEITUAL PARA ELABORAÇÃO E DIVULGAÇÃO DE RELATÓRIO CONTÁBIL-
FINANCEIRO, as Características Qualitativas da informação Contábil-Financeira Útil se dividem
em Qualitativas Fundamentais e Qualitativas de Melhoria.
Considerando-se o exposto, é CORRETO afirmar que:
a) a Comparabilidade, a Compreensibilidade, a Tempestividade e a Verificabilidade
representam Características Qualitativas Fundamentais da Informação Contábil-Financeira
Útil.
b) a Comparabilidade, a Compreensibilidade, a Materialidade, a Relevância, a Representação
Fidedigna, a Tempestividade e a Verificabilidade representam Características Qualitativas de
Melhoria da informação contábil.
c) a Materialidade, a Relevância e a Representação Fidedigna representam Características
Qualitativas de Melhoria da informação contábil.
d) a Relevância e a Representação Fidedigna representam Características Qualitativas
Fundamentais da Informação Contábil-Financeira Útil.
Gabarito  D.

6.1 - Relevância
Informação contábil-financeira relevante é aquela capaz de fazer diferença nas
decisões que possam ser tomadas pelos usuários.
A informação contábil-financeira é capaz de fazer diferença nas decisões se tiver valor preditivo,
valor confirmatório ou ambos.
A informação contábil-financeira tem valor preditivo se puder ser utilizada pelos usuários para
predizer futuros resultados. A informação contábil-financeira não precisa ser uma predição ou uma
projeção para que possua valor preditivo. A informação contábil-financeira com valor preditivo é
empregada pelos usuários ao fazerem suas próprias predições.

14
A informação contábil-financeira tem valor confirmatório se retro-alimentar – servir de feedback
– avaliações prévias (confirmá-las ou alterá-las).
É importante que fique claro que uma informação pode continuar sendo relevante, mesmo que
um ou mais usuários decidam não a levar em consideração ou se já souberem da informação por
outra maneira.
Relevância

Pode predizer
Valor preditivo
futuros resultados
Diferença nas Valor
Serve de feedback
decisões confirmatório

Ambos

2.10 Os valores preditivo e confirmatório das informações financeiras estão inter-


relacionados. Informações que possuem valor preditivo frequentemente possuem
também valor confirmatório. Por exemplo, informações sobre receitas para o ano
corrente, que podem ser utilizadas como base para prever receitas em anos futuros,
também podem ser comparadas a previsões de receitas para o ano corrente que
tenham sido feitas em anos anteriores. Os resultados dessas comparações podem
ajudar o usuário a corrigir e a melhorar os processos que foram utilizados para fazer
essas previsões anteriores.

Continuando...

Materialidade

2.11 A informação é material se a sua omissão, distorção ou obscuridade puder


influenciar, razoavelmente, as decisões que os principais usuários de relatórios
financeiros para fins gerais tomam com base nesses relatórios, que fornecem
informações financeiras sobre entidade específica que reporta. Em outras palavras,
materialidade é um aspecto de relevância específico da entidade com base na natureza
ou magnitude, ou ambas, dos itens aos quais as informações se referem no contexto do
relatório financeiro da entidade individual. Consequentemente, não se pode especificar
um limite quantitativo uniforme par a materialidade ou predeterminar o que pode ser
material em uma situação específica.

A materialidade é um aspecto de relevância específico da entidade, baseado na natureza ou na


magnitude. Ou seja, o que é material para uma empresa pode não ser para outra. Não é possível
determinar um valor ou um percentual uniforme para todas as empresas.
Um item pode ter valor pequeno, mas ser material devido à sua natureza.

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Por exemplo, se uma grande empresa inicia um novo negócio, este pode ter, originariamente, valor
pequeno em relação às operações da empresa. Mas pode ter muito potencial de rentabilidade e
crescimento, ou de inovação, o que justifica a sua materialidade. Continuando o exemplo, quando
as empresas começaram a fabricar aparelhos de Blue-Ray, esse era um negócio pequeno, frente à
operação de DVD (que já estava estabelecida). Após alguns anos, os aparelhos de DVD perderam
um espaço relativo para os aparelhos blue-ray (que estão perdendo espaço para programas de
streamimg, como Netflix e afins).

6.2 Representação Fidedigna

2.12 Relatórios financeiros representam fenômenos econômicos em palavras e


números. Para serem úteis, informações financeiras não devem apenas representar
fenômenos relevantes, mas também representar de forma fidedigna a essência dos
fenômenos que pretendem representar. Em muitas circunstâncias, a essência de
fenômeno econômico e sua forma legal são as mesmas. Se não forem as mesmas,
fornecer informações apenas sobre a forma legal não representaria fidedignamente o
fenômeno econômico (ver itens de 4.59 a 4.62).

A representação fidedigna refere-se a três atributos, precisando ser completa, neutra e isenta de
erros. Essas qualidades têm de ser maximizadas tanto quanto possível!
Para ser completa, a informação deve conter o necessário para que o usuário compreenda o
fenômeno sendo retratado, incluindo descrições e explicações necessárias.
Para ser neutra, deve estar livre de viés na seleção ou na apresentação, não podendo ser distorcida
para mais ou para menos. Ela não pode ser manipulada para aumentar a probabilidade de que as
informações sejam recebidas de forma favorável ou desfavorável pelos usuários.
Finalmente, ser livre de erros não significa total exatidão, mas sim que o processo para obtenção
da informação tenha sido selecionado e aplicado livre de erros. No caso de estimativas, ela é
considerada como tendo representação fidedigna se, além disso, o montante for claramente
descrito como sendo estimativa e se a natureza e as limitações do processo forem devidamente
revelados.

Informação O que é
Completa Contém o necessário para compreender o fenômeno retratado
Neutra Não possui viés na apresentação e seleção. Não é distorcida.
Livro de erros Não significa exatidão, mas escolha dos métodos corretos

Prudência! Atenção!
A prudência havia sido retirada da última versão do CPC 00, pois era incompatível com a
neutralidade. Isto é, quando você deixava ao elaborador das demonstrações contábeis a
possibilidade de ser ou não prudente, isso poderia enviesar demais as demonstrações contábeis.
Todavia, na revisão que ocorreu em 2020, a prudência está de volta, com o seguinte teor:

16
2.16. A neutralidade é apoiada pelo exercício da prudência. Prudência é o exercício de
cautela ao fazer julgamentos sob condições de incerteza. O exercício de prudência
significa que ativos e receitas não estão superavaliados e passivos e despesas não estão
subavaliados. Da mesma forma, o exercício de prudência não permite a subavaliação de
ativos ou receitas ou a superavaliação de passivos ou despesas. Essas divulgações
distorcidas podem levar à superavaliação ou subavaliação de receitas ou despesas em
períodos futuros.

Portanto, a prudência deve ser observada quando da elaboração das demonstrações contábeis.
Vejam a questão seguinte, que caiu no Exame do CFC em 2017.
(FBC/Exame de Suficiência/CFC/2017.1) Uma Empresa Individual de Responsabilidade
Limitada possui um único proprietário, que exige do Profissional da Contabilidade responsável
que ignore os ajustes relacionados às estimativas de perdas econômicas, para que não afetem
o resultado.
Segundo o proprietário:
As estimativas de perdas previstas no conjunto normativo, assim como a redução ao Valor
Realizável Líquido, Redução ao Valor Recuperável e com Créditos de Liquidação Duvidosa não
são dívidas, ou seja, não serão pagas, e refletem apenas reduções nos benefícios dos ativos, o
que interessa apenas a mim, especificamente.
Considero ainda inadequado o seu reconhecimento no resultado, pois será reduzido o lucro
ou o prejuízo aumentado, pois o Fisco não admite a sua dedutibilidade.
Afinal, sou o proprietário e o Gestor, portanto, como usuário principal, minhas necessidades é
que devem ser atendidas.
Considerando-se a NBC TG ESTRUTURA CONCEITUAL – ESTRUTURA CONCEITUAL PARA
ELABORAÇÃO E DIVULGAÇÃO DE RELATÓRIO CONTÁBIL-FINANCEIRO, é CORRETO afirmar que
o Profissional da Contabilidade:
a) deve aceitar as exigências do proprietário, afinal não há risco fiscal no atendimento à
necessidade manifestada pelo proprietário, que é o usuário principal; dessa forma, estaria
agindo de acordo com a Característica Qualitativa da Compreensibilidade.
b) deve acatar as exigências do proprietário, pois os casos mencionados são estimativas, logo,
o seu atendimento, não marcado por uma transação efetiva, representa a perda da
Característica Qualitativa da Objetividade.
c) não pode atender às exigências do proprietário; se o fizer, a informação contábil perderá a
Característica de Representação Fidedigna, marcada pela neutralidade.
d) não pode atender às exigências do proprietário, se o fizer, a informação contábil perderá a
Característica Qualitativa da Prudência, inerente à profissão contábil.
Comentários:
Vejam! O proprietário desta empresa quer que o contador ignore componentes que são de
reconhecimento obrigatório pela legislação, tornando as demonstrações contábeis
enviesadas.

17
Ao fazer isso, estamos ferindo uma característica qualitativa de melhoria, que é a
representação fidedigna.
Lembre-se de que a informação deve ser completa, NEUTRA e livre de erro.
Gabarito  C.

7 Características Qualitativas De Melhoria


2.23 Comparabilidade, capacidade de verificação, tempestividade e compreensibilidade
são características qualitativas que melhoram a utilidade de informações que sejam
tanto relevantes como forneçam representação fidedigna do que pretendem
representar. As características qualitativas de melhoria podem também ajudar a
determinar qual de duas formas deve ser utilizada para representar o fenômeno caso se
considere que ambas fornecem informações igualmente relevantes e representação
igualmente fidedigna desse fenômeno.

7.1 Comparabilidade

2.24 As decisões dos usuários envolvem escolher entre alternativas, como, por
exemplo, vender ou manter o investimento, ou investir em uma ou outra entidade que
reporta. Consequentemente, informações sobre a entidade que reporta são mais úteis
se puderem ser comparadas a informações similares sobre outras entidades e a
informações similares sobre a mesma entidade referentes a outro período ou a outra
data.

Comparabilidade

Outros períodos
Outras entidades
da mesma
similares
entidade

2.25 Comparabilidade é a característica qualitativa que permite aos usuários identificar


e compreender similaridades e diferenças entre itens.

Diferentemente de outras características qualitativas, a comparabilidade não está relacionada com


um único item. A comparação requer no mínimo dois itens. Um usuário pode, por exemplo,
comparar as receitas geradas em um ano com as receitas do ano atual.
Galera, cabe lembrar aqui que, segundo a Lei 6.404:

18
Art. 176, § 1º As demonstrações de cada exercício serão publicadas com a indicação dos
valores correspondentes das demonstrações do exercício anterior.

Continuando...

2.26. Consistência, embora esteja relacionada com a comparabilidade, não significa o


mesmo. Consistência refere-se ao uso dos mesmos métodos para os mesmos itens,
seja de período a período na entidade que reporta ou em um único período entre
diferentes entidades. Comparabilidade é a meta; a consistência auxilia a alcançar essa
meta.

2.27 Comparabilidade não é uniformidade. Para que informações sejam comparáveis,


coisas similares devem parecer similares e coisas diferentes devem parecer diferentes.
A comparabilidade de informações financeiras não é aumentada fazendo-se que coisas
diferentes pareçam similares, tanto quanto se fazendo que coisas similares pareçam
diferentes.

Comparação de informações com entidades similares e outros


períodos da mesma entidade

Comparabilidade Consistência: uso dos mesmos métodos para os mesmos itens

Comparabilidade não significa uniformidade

7.2 Verificabilidade

2.30 A capacidade de verificação ajuda a garantir aos usuários que as informações


representem de forma fidedigna os fenômenos econômicos que pretendem
representar. Capacidade de verificação significa que diferentes observadores bem
informados e independentes podem chegar ao consenso, embora não a acordo
necessariamente completo, de que a representação específica é representação
fidedigna. Informações quantificadas não precisam ser uma estimativa de valor único
para que sejam verificáveis. Uma faixa de valores possíveis e as respectivas
probabilidades também podem ser verificadas.

Verificabilidade Diferentes observadores podem chegar a um consenso.

7.3 Tempestividade

2.33 Tempestividade significa disponibilizar informações aos tomadores de decisões a


tempo para que sejam capazes de influenciar suas decisões. De modo geral, quanto
mais antiga a informação, menos útil ela é. Contudo, algumas informações podem

19
continuar a ser tempestivas por muito tempo após o final do período de relatório
porque, por exemplo, alguns usuários podem precisar identificar e avaliar tendências.

Tempestividade Ter informação disponível a tempo de poder influenciar nas decisões

7.4 Compreensibilidade

2.34 Classificar, caracterizar e apresentar informações de modo claro e conciso as torna


compreensíveis.

2.35 Alguns fenômenos são inerentemente complexos e pode não ser possível tornar a
sua compreensão fácil. Excluir informações sobre esses fenômenos dos relatórios
financeiros pode tornar mais fácil a compreensão das informações contidas nesses
relatórios financeiros. Contudo, esses relatórios seriam incompletos e, portanto,
possivelmente distorcidos.

2.36 Relatórios financeiros são elaborados para usuários que têm conhecimento
razoável das atividades comerciais e econômicas e que revisam e analisam as
informações de modo diligente. Algumas vezes, mesmo usuários bem informados e
diligentes podem precisar buscar o auxílio de consultor para compreender informações
sobre fenômenos econômicos complexos.

Relatórios contábil-financeiros são elaborados para usuários que têm conhecimento razoável de
negócios e de atividades econômicas e que revisem e analisem a informação diligentemente.
Por vezes, mesmo os usuários bem informados e diligentes podem sentir a necessidade de procurar
ajuda de consultor para compreensão da informação sobre um fenômeno econômico complexo.

Resumindo as informações

Características qualitativas de melhoria


Comparação de informações com entidades similares e outros
períodos da mesma entidade
Comparabilidade
Consistência: uso dos mesmos métodos para os mesmos itens
Comparabilidade não significa uniformidade
Verificabilidade Diferentes observadores podem chegar a um consenso.
Tempestividade Ter informação disponível a tempo de poder influenciar nas decisões

Compreensibilidade Classificar, caracterizar e apresentar a informação com clareza e


concisão torna-a compreensível.

As características qualitativas de melhoria devem ser maximizadas na extensão possível.


Entretanto, as características qualitativas de melhoria, quer sejam individualmente ou em grupo,

20
não podem tornar a informação útil se dita informação for irrelevante ou não for representação
fidedigna.
Mapa resumo das características qualitativas de acordo com o CPC 00

8 Restrição de Custo na Elaboração e Divulgação


de Relatório Contábil-Financeiro Útil
2.39 O custo é uma restrição generalizada sobre as informações que podem ser
fornecidas pelo relatório financeiro. O relatório de informações financeiras impõe
custos, e é importante que esses custos sejam justificados pelos benefícios de
apresentar essas informações. Há vários tipos de custos e benefícios a serem
considerados.

O custo para gerar a informação é uma restrição, que impede a geração de toda a informação
considerada relevante para o usuário. Se divulgar uma informação é mais caro do que a
informação propriamente dita, pode ser que seja necessário avaliar se essa decisão é mesmo
necessária para a divulgação das demonstrações contábeis. Assim, é necessária a consideração da
relação custo-benefício da informação, por parte dos órgãos normatizadores e também por parte
de quem elabora as demonstrações contábeis.

21
9 Capítulo 3 – Demonstrações Contábeis e a
Entidade Que Reporta
O objetivo das demonstrações contábeis é fornecer informações financeiras sobre os ativos,
passivos, patrimônio líquido, receitas e despesas da entidade.

3.3 Essas informações são fornecidas:

(a) no balanço patrimonial, ao reconhecer ativos, passivos e patrimônio líquido;


(b) na demonstração do resultado e na demonstração do resultado abrangente, ao
reconhecer receitas e despesas; e
(c) em outras demonstrações e notas explicativas, ao apresentar e divulgar informações
sobre:
(i) ativos, passivos, patrimônio líquido, receitas e despesas reconhecidos, incluindo
informações sobre sua natureza e sobre os riscos resultantes desses ativos e passivos
reconhecidos;
(ii) ativos e passivos que não foram reconhecidos (ver item 5.6), incluindo informações
sobre sua natureza e sobre os riscos resultantes deles;
(iii) fluxos de caixa;
(iv) contribuições de detentores de direitos sobre o patrimônio e distribuições a eles; e
(v) os métodos, premissas e julgamentos utilizados na estimativa dos valores
apresentados ou divulgados, e mudanças nesses métodos, premissas e julgamentos.

Informações

Obtidas

Outras
Balanço Patrimonial DRE e DRA demonstrações e
NEs

Ativo Receitas Explicações

Ativos e passivos
Passivo Despesas
não reconhecidos

PL Fluxo de caixa

Métodos utilizados,
premissas,
julgamentos

22
As demonstrações contábeis são elaboradas em um período de tempo específico (no mínimo
anualmente, segundo o CPC 26).
Além disso, deve haver informação comparativa de ao menos um período.
As demonstrações contábeis são elaboradas do ponto de vista da entidade e não sob o enfoque de
investidores, credores, acionistas específicos.

Premissa de Continuidade Operacional

3.9 As demonstrações contábeis são normalmente elaboradas com base na suposição


de que a entidade que reporta está em continuidade operacional e continuará em
operação no futuro previsível. Assim, presume-se que a entidade não tem a intenção
nem a necessidade de entrar em liquidação ou deixar de negociar. Se existe essa
intenção ou necessidade, as demonstrações contábeis podem ter que ser elaboradas
em base diferente. Em caso afirmativo, as demonstrações contábeis descrevem a base
utilizada.

O “princípio”1 da continuidade está diretamente ligado à avaliação dos ativos e passivos da


empresa.
Basicamente, todo o ativo fica registrado inicialmente por valores de entrada. Por exemplo, as
máquinas e equipamentos ficam registrados pelos valores que a empresa pagou, menos a
depreciação acumulada e eventual ajuste para perdas. Esse critério de avaliação é válido em
função da continuidade esperada da empresa.
Se não houver continuidade (se a empresa for fechar as portas), aí não importa mais quanto a
empresa pagou pelas máquinas; interessa saber por quanto elas serão vendidas.
Assim, na ausência de continuidade, saímos de uma contabilidade basicamente a preços de entrada
para uma contabilidade a preços de saída.
No caso do Passivo, se a empresa tiver dívidas a longo prazo e houver descontinuidade, as dívidas
passam a ter vencimento antecipado (ninguém vai ficar com dívidas de uma empresa fechada; se
houver falência, os credores irão se habilitar junto à massa falida, enfim, vão tomar as providências
necessárias para receber a dívida).

Empresa vai continuar em Se houver previsão de fim,


Premissa da continuidade
operação (preços de entrada) utilizamos preços de saída

1Atenção! A expressão está sendo utilizada entre aspas, pois é de conhecimento amplo que a Resolução CFC
750/93, que tratava dos princípios de contabilidade, foi revogada. Todavia, o CPC 00 mantém a estrutura desses
princípios.

23
9.1 Entidade que reporta

3.10 A entidade que reporta é a entidade que é obrigada a, ou decide, elaborar


demonstrações contábeis. A entidade que reporta pode ser uma única entidade ou
parte da entidade ou pode compreender mais de uma entidade. Uma entidade que
reporta não é necessariamente uma entidade legal.

A entidade que reporta é aquela que está apresentando as demonstrações contábeis.


Não necessariamente é uma pessoa jurídica. A consolidação de várias entidades, por exemplo, não
necessariamente exige que seja uma única companhia LEGALMENTE.
A consolidação, conforme o Manual de Contabilidade Societária – FIPECAFI, é uma aplicação
clássica da primazia da essência sobre a forma.
Neste escopo, vai o CPC 00:

3.11 Às vezes, a entidade (controladora) tem o controle sobre outra entidade


(controlada). Se a entidade que reporta compreende tanto a controladora como suas
controladas, as demonstrações contábeis da entidade que reporta são denominadas
“demonstrações contábeis consolidadas” (ver itens 3.15 e 3.16). Se a entidade que
reporta é apenas a controladora, as demonstrações contábeis da entidade que reporta
são denominadas “demonstrações contábeis não consolidadas” (ver itens 3.17 e 3.18).

Portanto, aqui no Brasil, geralmente quando vamos olhar as demonstrações contábeis de empresas
temos as demonstrações consolidadas e as demonstrações da controladora.
Isso praticamente não ocorre em outros países, como os Estados Unidos.

Fonte: http://ri.ambev.com.br/

Pode ocorrer também de que duas entidades que não tenham vínculo de controladora-controlada
apresentem as demonstrações conjuntamente. Neste caso, as demonstrações contábeis são
denominadas demonstrações combinadas.

24
Controladora e Demonstrações
Controlada Consolidadas

Demonstrações
Somente Controladora
Individuais

Não são controladora e Demonstrações


controlada combinadas

As demonstrações consolidadas apresentam as demonstrações contábeis de um grupo como se


fosse somente uma única entidade.
As demonstrações consolidadas não têm por objetivo fornecer informações sobre cada controlada
separadamente, mas sim do grupo.
Caso você queira informações separadas de controladas, deve procurar nas demonstrações
específicas destas.

3.18 As informações fornecidas nas demonstrações contábeis não consolidadas


normalmente não são suficientes para atender às necessidades de informações de
investidores, mutuante e outros credores, existentes e potenciais, da controladora.
Consequentemente, quando demonstrações contábeis consolidadas são requeridas,
demonstrações contábeis não consolidadas não podem substituir demonstrações
contábeis consolidadas. Não obstante, a controladora pode ser obrigada a, ou escolher,
elaborar demonstrações contábeis não consolidadas adicionalmente às demonstrações
contábeis consolidadas.

25
10 Capítulo 4: Elementos Das Demonstrações
Contábeis
Os elementos diretamente relacionados à mensuração da posição financeira no balanço são os
ativos, os passivos e o patrimônio líquido. Os elementos diretamente relacionados com a
mensuração do desempenho financeiro na demonstração do resultado são as receitas e as
despesas.

Ativo
Elementos relacionados

Posição Financeira Passivo

Patrimônio Líquido
Mensuração

Receitas
Desempenho
Financeiro
Despesas

11 Posição Financeira
As definições que se apresentam a seguir são, indubitavelmente, as mais importantes (deste tema)
para a prova. Portanto, tratem de entendê-las e decorá-las.
Importantíssimo – Tabela que consta do CPC 00:

Comecemos pelo ativo.

26
Exemplificando. A empresa X comprou a mercadoria Y. Esta mercadoria atende a definição de
ativo?!
Vamos ver:
1) É um recurso econômico controlado pela entidade? Sim, pois ela faz o que bem entender desta
mercadoria, cujo título jurídico, a propriedade, lhe pertence.
2) É resultado de evento passado? Sim. O evento passado é a própria compra desta mercadoria.
3) Se espera benefício econômico futuro? Sim. Com a venda de mercadoria, se espera que seja
gerado lucro para a empresa.
Pronto! Fácil não?
Passivo é obrigação presente da entidade de transferir um recurso econômico como resultado de
eventos passados.
Por exemplo, se temos um montante de R$ 1.000 de salários a pagar. Vamos ver se essa conta
atende a definição de passivo?
É uma obrigação presente da entidade? Sim, pois dela pode ser exigida.
É derivada de eventos já ocorridos? Sim, pois os funcionários já prestaram serviços.
A liquidação desta dívida será feita por recursos que poderiam gerar benefícios econômicos? Sim,
como a conta caixa, por exemplo.
Já o patrimônio líquido pode ser encontrado pela diferença entre o ativo e o passivo de uma
entidade. O PL é nada mais que o capital próprio empregado nas atividades empresariais.
Da equação básica da contabilidade temos que:

Patrimônio Líquido = Ativo – Passivo Exigível

12 Ativos
4.3 Ativo é um recurso econômico presente controlado pela entidade como resultado
de eventos passados.

4.4 Recurso econômico é um direito que tem o potencial de produzir benefícios


econômicos.

4.5 Esta seção discute três aspectos dessas definições:

(a) direito (ver itens de 4.6 a 4.13);


(b) potencial de produzir benefícios econômicos (ver itens de 4.14 a 4.18); e
(c) controle (ver itens de 4.19 a 4.25).

27
12.1 Direitos

4.6 Direitos que têm o potencial de produzir benefícios econômicos assumem muitas
formas, incluindo:

(a) direitos que correspondem à obrigação de outra parte (ver item 4.39), por exemplo:
(i) direitos de receber caixa;
(ii) direitos de receber produtos ou serviços;
(iii) direitos de trocar recursos econômicos com outra parte em condições favoráveis.

Esses direitos incluem, por exemplo, contrato a termo para comprar um recurso
econômico em condições que são atualmente favoráveis ou a opção de comprar um
recurso econômico;

(iv) direitos de beneficiar-se de obrigação de outra parte para transferir um recurso


econômico se ocorrer evento futuro incerto especificado (ver item 4.37);

(b) direitos que não correspondem à obrigação de outra parte, por exemplo:
(i) direitos sobre bens corpóreos, tais como imobilizado ou estoques. Exemplos desses
direitos são direito de utilizar bens corpóreos ou direito de beneficiar-se do valor
residual de objeto arrendado;
(ii) direitos de utilizar propriedade intelectual.

Em síntese, este item diz que o direito pode ser de várias formas:

Clientes

Obrigação de Despesas
outras parte antecipadas
Direitos

Duplicatas a
receber

Estoques

Direitos reais Imobilizados

Intangíveis

Portanto, os direitos podem ter por origem uma obrigação vinda de outra parte, como a conta
clientes ou valores a receber, até mesmo despesas antecipadas.
Os direitos também podem ser reais, que são os direitos que você tem a utilizar coisas, como
estoques, imobilizados, marcas, patentes e mais.

28
4.9 Nem todos os direitos da entidade são ativos dessa entidade para serem ativos da
entidade, os direitos devem ter tanto o potencial de produzir para a entidade benefícios
econômicos além daqueles disponíveis para todas as outras partes (ver itens de 4.14 a
4.18) como serem controlados pela entidade (ver itens de 4.19 a 4.25). Por exemplo,
direitos disponíveis para todas as partes sem custo significativo como direitos de acesso
a bens públicos, tais como direitos públicos de passagem, ou know-how que seja de
domínio público normalmente não são ativos para as entidades que os detêm.

Item que reforça a necessidade de que o ativo deve gerar benefício econômico futuro para a
entidade.

4.10 A entidade não pode ter direito de obter benefícios econômicos de si mesma.
Portanto:

(a) instrumentos de dívida ou instrumentos patrimoniais emitidos pela entidade e


recomprados e detidos por ela por exemplo, ações em tesouraria não são recursos
econômicos dessa entidade; e
(b) se a entidade que reporta consiste em mais de entidade legal, instrumentos de
dívida ou instrumentos patrimoniais emitidos por uma dessas entidades legais e
mantidos por outra dessas entidades legais não são recursos econômicos da entidade
que reporta.

Este item reforça que a contabilidade tem por finalidade fornecer informações principalmente aos
usuários externos. Portanto, quando uma entidade faz uma empréstimo para sua coligada, ela não
pode reportar esse empréstimo como um direito a receber de terceiros, que gerará valor para si, já
que esse recurso econômico está simplesmente circulando entre o grupo.

12.2 Potencial de produzir benefícios econômicos

4.14 Um recurso econômico é um direito que tem o potencial de produzir benefícios


econômicos. Para que esse potencial exista, não precisa ser certo, ou mesmo provável,
que esse direito produzirá benefícios econômicos. É necessário somente que o direito
já exista e que, em pelo menos uma circunstância, produzirá para a entidade
benefícios econômicos além daqueles disponíveis para todas as outras partes.

Benefício •Não Precisa


Ser Certo ou
Econômico Provável

Pode ser •Existir em


alguma
potencial circunstância

29
4.15 Um direito pode atender à definição de recurso econômico e, portanto, pode ser
um ativo, mesmo se a probabilidade de que produzirá benefícios econômicos for
baixa. Não obstante, essa baixa probabilidade pode afetar decisões sobre quais
informações fornecer sobre o ativo e como fornecer essas informações, incluindo
decisões sobre se o ativo é reconhecido (ver itens de 5.15 a 5.17) e como é mensurado.

Por exemplo, você criou uma patente e registrou no Intangível. Você espera que essa patente vá
gerar benefícios econômicos futuros. Todavia, você não sabe ao certo se essa patente gerará
resultados decorrentes da venda dos produtos patenteados.

4.16 Um recurso econômico pode produzir benefícios econômicos para a entidade ao


autorizá-la ou ao permiti-la fazer, por exemplo, um ou mais dos seguintes atos:

(a) receber fluxos de caixa contratuais ou outro recurso econômico;


(b) trocar recursos econômicos com outra parte em condições favoráveis;
(c) produzir fluxos de entrada de caixa ou evitar fluxos de saída de caixa, por exemplo:

(i) utilizando o recurso econômico individualmente ou em combinação com outros


recursos econômicos para produzir produtos ou prestar serviços;
(ii) utilizando o recurso econômico para melhorar o valor de outros recursos
econômicos; ou
(iii) arrendando o recurso econômico a outra parte;
(d) receber caixa ou outros recursos econômicos por meio da venda do recurso
econômico; ou
(e) extinguir passivos por meio da transferência do recurso econômico.

Este item apenas diz algumas formas pelas quais os benefícios econômicos podem ser gerados.

Receber caixa Aplicações financeiras

Trocar recursos
econômicos em condições Vendas de imóvel
Benefícios econômicos

favoráveis
(Formas)

Máquinas para produção

Produzir fluxos de caixas:


Máquinas que serão
arrendadas

Receber caixa Venda de mercadorias

Pagamento de
Extinguir passivos
fornecedores

30
4.18 Há uma associação próxima entre incorrer em gastos e adquirir ativos, mas os dois
não coincidem necessariamente. Assim, quando a entidade incorre em gastos, isso pode
fornecer evidência de que a entidade buscou benefícios econômicos futuros, mas não
fornece prova conclusiva que a entidade obteve um ativo. Similarmente, a ausência de
gasto relacionado não impede que o item atenda à definição de ativo. Ativos podem
incluir, por exemplo, direitos que o governo outorgou à entidade gratuitamente ou que
outra parte doou à entidade.

Este item quer dizer que não necessariamente a entidade tem de gastar para ter um ativo. Um
ativo pode advir, por exemplo, de uma subvenção governamental. Ou seja, o governo pode doar
um terreno para a entidade, de que forma que esse terreno produza benefício econômico futuro.

12.3 Controle

4.19 Controle vincula um recurso econômico à entidade. Avaliar se existe controle


ajuda a identificar o recurso econômico que a entidade contabiliza. Por exemplo, a
entidade pode controlar parcela proporcional na propriedade sem controlar os direitos
decorrentes da posse de toda a propriedade. Nesses casos, o ativo da entidade é a
parcela na propriedade que ela controla e, não, os direitos decorrentes da posse de
toda a propriedade, que ela não controla.

Portanto, se há um controle compartilhado, por exemplo, de um grande terreno utilizado por várias
indústrias, a minha entidade somente poderá contabilizar aquela da qual tem controle.
A indústria B não pode contabilizar como seu o terreno utilizado pela indústria C.

Controle Vincula Recurso Entidade

4.20 A entidade controla um recurso econômico se ela tem a capacidade presente de


direcionar o uso do recurso econômico e obter os benefícios econômicos que podem
fluir dele. Controle inclui a capacidade presente de impedir outras partes de direcionar
o uso do recurso econômico e de obter os benefícios econômicos que podem fluir dele.
Ocorre que, se uma parte controla um recurso econômico, nenhuma outra parte
controla esse recurso.

4.21 A entidade tem a capacidade presente de direcionar o uso de recurso econômico


se tiver o direito de empregar esse recurso econômico em suas atividades, ou de
permitir que outra parte empregue o recurso econômico nas atividades dessa outra
parte.

O controle geralmente pode ser provado pelo fato de a entidade conseguir direcionar o recurso
para obter benefício econômico dele. Por exemplo, os estoques podem ser vendidos pela empresa
para obter lucro.

31
4.22 O controle de recurso econômico geralmente resulta da capacidade de fazer
cumprir os direitos legais. Contudo, também pode haver controle se a entidade possui
outros meios de assegurar que ela, e nenhuma outra parte, possui a capacidade
presente de direcionar o uso do recurso econômico e de obter os benefícios que
possam fluir dele. Por exemplo, a entidade pode controlar o direito de utilizar know-
how que não seja de domínio público se a entidade tiver acesso ao know-how e a
capacidade presente de manter o know-how em sigilo, mesmo se esse know-how não
estiver protegido por patente registrada.

4.23 Para a entidade controlar um recurso econômico, os benefícios econômicos


futuros desse recurso devem fluir para a entidade direta ou indiretamente e, não, para
outra entidade. Esse aspecto de controle não implica que a entidade pode assegurar
que o recurso produzirá benefícios econômicos em todas as circunstâncias. Em vez
disso, significa que se o recurso produz benefícios econômicos, a entidade é a parte que
os obterá direta ou indiretamente.

Por exemplo, a Apple é a única e proprietária exclusiva da marca IPhone. Ou seja, por questões
legais, somente ela poderá produzir e fabricar esses celulares com sua marca.
Vejam que a marca da “maçãzinha” não é de domínio público, sendo o seu acesso restrito.
Ah, mas outras pessoas revendem estes IPhones. Mas, neste caso, a marca Iphone é exclusiva da
Apple. Os aparelhos podem ser revendidos por terceiros. Estes terão estoques de Iphone para
revenda, mas não terão a marca em seus balanços patrimoniais.

13 Passivos
4.26 Passivo é uma obrigação presente da entidade de transferir um recurso econômico
como resultado de eventos passados.

4.27 Para que exista passivo, três critérios devem ser satisfeitos:

(a) a entidade tem uma obrigação (ver de 4.28 a 4.35);


(b) a obrigação é de transferir um recurso econômico (ver itens de 4.36 a 4.41); e
(c) a obrigação é uma obrigação presente que existe como resultado de eventos
passados (ver itens de 4.42 a 4.47).

O item 4.26 diz que é um requisito para a existência de um passivo a chamada obrigação
presente.

13.1 Obrigação
O primeiro critério para o passivo é que a entidade tenha a obrigação.

4.29 A obrigação é o dever ou responsabilidade que a entidade não tem a capacidade


prática de evitar. A obrigação é sempre devida à outra parte (ou partes). A outra parte

32
(ou partes) pode ser uma pessoa ou outra entidade, grupo de pessoas ou outras
entidades, ou a sociedade em geral. Não é necessário conhecer a identidade da parte
(ou partes) para quem a obrigação é devida.

Por exemplo, se você efetuou uma compra de mercadorias a prazo, não tem alternativa que não
seja quitar essa compra.
Se você deve impostos ao Governo, não tem alternativa outra que não seja quitar essa obrigação.

4.31 Muitas obrigações são estabelecidas por contrato, legislação ou meios similares e
são legalmente exigíveis pela parte (ou partes) para quem são devidas. Obrigações
também podem resultar, contudo, de práticas usuais, políticas publicadas ou
declarações específicas da entidade se a entidade não tem capacidade prática de agir
de modo inconsistente com essas práticas, políticas ou declarações. A obrigação que
surge nessas situações é denominada, às vezes, “obrigação presumida”.

Essa obrigação pode ser legalmente exigível, quando decorre de contrato ou lei, ou pode ser
decorrente de um compromisso que a entidade firma com seus clientes, decorrente de usos,
costumes.
É o caso de a empresa decidir trocar os produtos com defeitos mesmo após o período de garantir.
Isso configurará uma obrigação para a empresa (também chamada de provisão – prevista no CPC
25). Assim, ela deverá constituir um passivo com base na melhor estimativa possível, pelo valor que
ela estima será necessário para trocar os produtos com defeitos.

13.2 Transferência de recurso econômico


O segundo critério para um passivo é que a obrigação seja de transferir um recurso econômico.

4.37 Para satisfazer a esse critério, a obrigação deve ter o potencial de exigir que a
entidade transfira um recurso econômico para outra parte (ou partes). Para que esse
potencial exista, não é necessário que seja certo, ou mesmo provável, que a entidade
será obrigada a transferir um recurso econômico a transferência pode, por exemplo, ser
obrigada somente se ocorrer evento futuro incerto especificado. É necessário somente
que a obrigação já exista e que, em pelo menos uma circunstância, exigirá que a
entidade transfira um recurso econômico.

Vejam que o item 4.37 diz que essa obrigação não necessariamente tem de ser líquida e certa. Uma
provisão, por exemplo, é reconhecida quando se tem uma saída de recursos apenas provável. Você
não necessariamente desembolsará esse valor lá frente (provisão é um passivo de prazo ou valor
incerto), mas é bastante provável que o fará.
Por exemplo: auto de infração recebido da Receita Federal em que se recorre no Judiciário.

4.38 A obrigação pode atender à definição de passivo, mesmo se a probabilidade de


transferência de recurso econômico for baixa. Não obstante, essa baixa probabilidade
pode afetar decisões sobre quais informações fornecer sobre o passivo e como fornecer

33
essas informações, incluindo decisões sobre se o passivo é reconhecido (ver itens de
5.15 a 5.17) e como é mensurado.

Neste caso, vale lembrar-se dos passivos contingentes. Quando a probabilidade de desembolso é
somente possível (menor do que 50%) você tem o que se chama de passivo contingente. Um
passivo contingente não é contabilizado, mas não deixa de ser um passivo.

4.39 Obrigações de transferir um recurso econômico incluem, por exemplo:

(a) obrigações de pagar o valor à vista;


(b) obrigações de entregar produtos ou prestar serviços;
(c) obrigações de trocar recursos econômicos com outra parte em condições
desfavoráveis. Essas obrigações incluem, por exemplo, contrato a termo para vender
um recurso econômico em condições que são atualmente desfavoráveis ou a opção que
dá direito à outra entidade de comprar um recurso econômico da entidade;
(d) obrigações de transferir um recurso econômico se ocorrer evento futuro incerto
específico;
(e) obrigações de emitir instrumento financeiro se esse instrumento financeiro obrigar a
entidade a transferir um recurso econômico.

Compra de
Pagar o valor à vista
mercadorias à vista

Entregar produtos ou Adiantamentos


prestar serviços recebidos
Obrigações de
Transferir
Obrigações de
transferir recursos Provisões
(evento futuro incerto)

Instrumentos Emissão de
Financeiros debêntures

13.3 Obrigação presente como resultado de eventos passados


O terceiro critério para um passivo é que a obrigação seja uma obrigação presente que exista como
resultado de eventos passados.

4.43 A obrigação presente existe como resultado de eventos passados somente se:

(a) a entidade já tiver obtido benefícios econômicos ou tomado uma ação; e

34
(b) como consequência, a entidade terá ou poderá ter que transferir um recurso
econômico que de outro modo não teria que transferir.

Como já dissemos, quando você compra e revende mercadorias, surge a obrigação de pagar o
fornecedor. Se você comprou essa mercadoria lá no passado e, inclusive, já vendeu essa
mercadoria, não tem solução outra que não quitar a sua obrigação. Se não pagar, você poderá até
mesmo ser processado.

4.47 A entidade ainda não tem a obrigação presente de transferir um recurso


econômico se ainda não tiver satisfeito os critérios no item 4.43, ou seja, se ainda não
tiver obtido benefícios econômicos, ou tomado uma ação, que exija ou possa exigir que
a entidade transfira um recurso econômico que, de outro modo, não teria que
transferir. Por exemplo, se a entidade celebrou um contrato para pagar ao empregado
um salário em troca dos serviços do empregado, a entidade não tem a obrigação
presente de pagar o salário até que tenha recebido os serviços do empregado. Antes
disso, o contrato é executório a entidade tem combinados o direito e a obrigação de
trocar o salário futuro por serviços futuros do empregado (ver itens de 4.56 a 4.58).

Item que reforça o regime de competência. Uma obrigação somente surge no momento em que
você se utiliza dos serviços, quando o empregado trabalha e assim por diante.

14 Patrimônio Líquido
Dissemos por aqui que o Patrimônio Líquido representa nada mais do que o capital próprio
empregado nas atividades empresariais pelos sócios e os resultados auferidos com a exploração
dos negócios pela empresa (lucro ou prejuízo).
Pois bem, tal como o ativo e o passivo exigível, o patrimônio líquido também é subdividido.
Atualmente, o PL compõe-se dos seguintes grupos:
1) Capital social;
2) Reservas de capital;
3) Ajustes de avaliação patrimonial;
4) Reservas de lucros;
5) Ações em tesouraria; e
6) Prejuízos acumulados (Veja que a lei não fala em lucros acumulados).

4.63 Patrimônio líquido é a participação residual nos ativos da entidade após a dedução
de todos os seus passivos.

4.64 Direitos sobre o patrimônio líquido são direitos sobre a participação residual nos
ativos da entidade após a dedução de todos os seus passivos. Em outras palavras, são
reivindicações contra a entidade que não atendem à definição de passivo. Essas

35
reivindicações podem ser estabelecidas por contrato, legislação ou meios similares, e
incluem, na medida em que não atendem à definição de passivo:

(a) ações de diversos tipos emitidas pela entidade; e


(b) algumas obrigações da entidade de emitir outro direito sobre o patrimônio líquido.

Veja que o próprio CPC enfatiza que o PL são reivindicações que não são passivos. Seria como se
fosse uma obrigação da entidade com os próprios sócios. O patrimônio líquido é algo diferente do
passivo. A Lei 6.404 diz que o passivo é composto pelo passivo exigível e pelo PL, mas os CPCs
trazem o PL como grupo distinto.

4.65 Diferentes classes de direitos sobre o patrimônio líquido, tais como ações
ordinárias e ações preferenciais, podem conferir a seus titulares diferentes direitos, por
exemplo, direitos de receber a totalidade ou parte dos seguintes itens do patrimônio
líquido:

(a) dividendos, se a entidade decide pagar dividendos aos titulares elegíveis;


(b) proventos pelo cumprimento dos direitos sobre o patrimônio líquido, seja
integralmente na liquidação, ou parcialmente em outras ocasiões; ou
(c) outros direitos sobre o patrimônio líquido.

Portanto, cada entidade pode ter um ou mais tipo de ações. Às vezes, existem diversos tipos de
ações ordinárias em uma única entidade. A XP, corretora brasileira que abriu capital nos Estados
Unidos, mesmo tem dois tipos de ações ordinárias. Um tipo dá direito a um voto para cada ação.
Outro tipo dá direito a dez votos para cada ação ordinária.
Além disso, a companhia pode ter também ações preferenciais. As ações preferenciais muitas vezes
não dão direito a voto, mas acabam por pagar dividendos às vezes maiores.
Ademais, além de dividendos, os acionistas podem receber juros sobre capital próprio, podem
receber bonificações em ações, etc.
Também é muito importante que vocês saibam que o patrimônio líquido não necessariamente
corresponde ao valor de mercado (valor justo) da entidade, já que existe o que nós chamamos no
direito empresarial de aviamento, ou seja, o todo, o conjunto, as perspectivas da empresa valem
mais do que a simples soma dos seus componentes patrimoniais.

36
15 Desempenho
4.68 Receitas são aumentos nos ativos, ou reduções nos passivos, que resultam em
aumentos no patrimônio líquido, exceto aqueles referentes a contribuições de
detentores de direitos sobre o patrimônio.

4.69 Despesas são reduções nos ativos, ou aumentos nos passivos, que resultam em
reduções no patrimônio líquido, exceto aqueles referentes a distribuições aos
detentores de direitos sobre o patrimônio.

Aumento Ativo
Receita

Redução Passivo

Não são operações


Aumentam PL
com sócios

Vamos ver as despesas...


Despesas

Reduções Ativo

Aumento Passivo

Não são operações


Diminuem PL
com sócios

37
Portanto, as receitas podem ser de diversos tipos, como receita de vendas, receitas financeiras,
receitas de aluguel, entre outras.
As receitas ou aumentam o valor do ativo (exemplo: vendas a prazo) ou diminuem o valor do
passivo (desconto concedido em uma conta a pagar).
Uma vez que o resultado do exercício é transferido para o PL, as receitas acabam por aumentar o
valor deste grupo.
Importante também frisar que as receitas são operações que geram riquezas para a companhia
vindas de operações com terceiros de modo geral, e não com os sócios.
Portanto, a subscrição de capital, por exemplo, aumenta o ativo e aumenta o PL, mas não é um
exemplo de receita.
Já as despesas também podem ser de tipos distintos. Um exemplo são as despesas administrativas
ou o próprio custo da mercadoria vendida, que, apesar do nome, tem natureza de despesa.
As despesas diminuem o ativo (exemplo: despesa de aluguel paga no período, saindo dinheiro do
caixa) ou podem aumentar o passivo (exemplo: despesa com impostos a serem pagos em um
período subsequente).
Como o resultado do exercício é transferido para o PL, as despesas acabam por reduzir este grupo.
Quanto mais despesas, menor o patrimônio líquido.
Importante salientar também que as despesas não são distribuições aos sócios. Por exemplo, o
pagamento de dividendos diminui o PL, mas não é um exemplo de despesa.
Neste sentido é o item 4.70 do CPC 00:

4.70 Decorre dessas definições de receitas e despesas que contribuições de detentores


de direitos sobre o patrimônio não são receitas, e distribuições a detentores de direitos
sobre o patrimônio não são despesas.

Além disso, o CPC enfatiza que, por mensurar o desempenho da entidade, a apresentação de
receitas e despesas é tão importante quanto as próprias informações do balanço patrimonial.

4.71 Receitas e despesas são os elementos das demonstrações contábeis que se


referem ao desempenho financeiro da entidade. Os usuários das demonstrações
contábeis precisam de informações tanto sobre a posição financeira da entidade como
de seu desempenho financeiro. Assim, embora receitas e despesas sejam definidas em
termos de mudanças em ativos e passivos, informações sobre receitas e despesas são
tão importantes como informações sobre ativos e passivos.

38
16 Capítulo 5 - Reconhecimento e
Desreconhecimento
16.1 Processo de Reconhecimento

5.1 Reconhecimento é o processo de captação para inclusão no balanço patrimonial ou


na demonstração do resultado e na demonstração do resultado abrangente de item que
atenda à definição de um dos elementos das demonstrações contábeis ativo, passivo,
patrimônio líquido, receita ou despesa. Reconhecimento envolve refletir o item em uma
dessas demonstrações seja isoladamente ou em conjunto com outros itens em palavras
e por meio do valor monetário, e incluir esse valor em um ou mais totais nessa
demonstração. O valor pelo qual ativo, passivo ou patrimônio líquido é reconhecido no
balanço patrimonial é referido como o seu “valor contábil”.

Portanto, reconhecer um item é você evidenciar este item em uma demonstração contábil. Por
exemplo, integralização de capital, no valor de R$ 100.000,00.
Esse valor é reconhecido no balanço patrimonial da companhia (no PL e no ativo).
O saldo da conta caixa e da conta capital social será chamado de valor contábil.
O reconhecimento se dará no balanço, na DRE ou na DRA.

Reconhecimento

Balanço DRE DRA

Por que os itens são reconhecidos nessas três demonstrações? O próprio CPC 00 responde:

5.2 O balanço patrimonial, demonstração do resultado e a demonstração do resultado


abrangente refletem o ativo, passivo, patrimônio líquido, receitas e despesas
reconhecidos da entidade em sumários estruturados que se destinam a tornar as
informações financeiras comparáveis e compreensíveis. (...)

Nestas três demonstrações é que temos todos os ativos, passivos, PL, receitas e despesas de uma
entidade.

5.3 O reconhecimento vincula os elementos, o balanço patrimonial e a demonstração


do resultado e a demonstração do resultado abrangente, conforme abaixo (ver
Diagrama 5.1):

39
(a) no balanço patrimonial no início e no final do período de relatório, total do ativo
menos total do passivo equivale ao total do patrimônio líquido; e
(b) alterações reconhecidas no patrimônio líquido durante o período de relatório
compreendem:
(i) receitas menos despesas reconhecidas na demonstração do resultado e na
demonstração do resultado abrangente; mais
(ii) contribuições de detentores de direitos sobre o patrimônio, menos distribuições aos
detentores de direitos sobre o patrimônio.

No item 5.3, a, o CPC 00 reafirma a já propalada equação fundamental da contabilidade, que


sabemos ser:
Ativo = Passivo + PL  PL = Ativo – Passivo
O PL é, portanto, o valor residual, o que sobra do ativo depois de deduzidos os passivos.
O item 5.3, b, reza que o PL pode ser alterado de duas formas:
1 – Receitas e despesas reconhecidas na DRE e também na DRA.
2 – Alterações decorrentes de operações com os sócios (subscrição de capital, por exemplo).

16.2 Critérios de Reconhecimento

5.6 Somente itens que atendem à definição de ativo, passivo ou patrimônio líquido
devem ser reconhecidos no balanço patrimonial. Similarmente, somente itens que
atendem à definição de receitas ou despesas devem ser reconhecidos na demonstração
do resultado e na demonstração do resultado abrangente. Contudo, nem todos os itens
que atendem à definição de um desses elementos devem ser reconhecidos.

Ativos

Balanço
Reconhecimento Passivos
Patrimonial

PL

Receitas
Reconhecimento DRE e DRA
Despesas

Contudo, o excerto final do CPC 00 diz “contudo, nem todos os itens que atendem à definição de
um desses elementos devem ser reconhecidos.”

40
Por exemplo, o passivo contingente, atende à definição de passivo, contudo, pelo dispositivo do
CPC 25, não deve ser reconhecido nas demonstrações contábeis.
Para ser reconhecida, a informação de ser útil e deve representar fidedignamente aquilo que se
propõe a representar. Parece familiar para você essa informação? São as características qualitativas
das demonstrações contábeis.
Ademais, cumpre salientar que o custo também é uma restrição presente na elaboração das
demonstrações contábeis, como enfatiza o CPC 00:

5.8 Assim como o custo restringe outras decisões de relatório financeiro, também
restringe decisões de reconhecimento. Há um custo para reconhecer um ativo ou
passivo. Os responsáveis (preparadores) pela elaboração das demonstrações contábeis
incorrem em custos na obtenção da mensuração relevante de ativo ou passivo. Os
usuários das demonstrações contábeis também incorrem em custos de análise e
interpretação das informações fornecidas. O ativo ou passivo deve ser reconhecido se é
provável que os benefícios das informações fornecidas aos usuários das demonstrações
contábeis pelo reconhecimento justifiquem os custos de fornecer e utilizar essas
informações. Em alguns casos, os custos do reconhecimento podem superar seus
benefícios.

Todavia, esse julgamento do que é ou não útil, fidedigno e o custo de gerar a informação é um
julgamento a ser feito pela entidade que elabora as demonstrações contábeis.

Reconhecimento

• Informação útil
• Informação fidedigna
• Custo deve justificar

5.11 Mesmo se o item que atende à definição de ativo ou passivo não seja reconhecido,
a entidade pode precisar fornecer informações sobre esse item nas notas explicativas. É
importante considerar como tornar essas informações suficientemente visíveis para
compensar a ausência do item do sumário estruturado fornecido pelo balanço
patrimonial e, se aplicável, pela demonstração do resultado e pela demonstração do
resultado abrangente.

Aqui voltamos ao exemplo do passivo contingente. Eles não são reconhecidos como passivos,
contudo, como podem, futuramente, implicar em gasto para a companhia, devem ser evidenciados
em notas explicativas, caso haja possibilidade razoável de perda.

16.3 Relevância

5.12 As informações sobre ativos, passivos, patrimônio líquido, receitas e despesas são
relevantes para os usuários das demonstrações contábeis. Contudo, o reconhecimento

41
de ativo ou passivo específico e quaisquer receitas, despesas ou mutações do
patrimônio líquido resultantes nem sempre podem fornecer informações relevantes.
Esse pode ser o caso se, por exemplo:

(a) é incerto se existe ativo ou passivo (ver item 5.14); ou


(b) existe ativo ou passivo, mas a probabilidade de entrada ou saída de benefícios
econômicos é baixa (ver itens de 5.15 a 5.17).

Portanto, informar os totais de ativos, passivos, PL, é relevante. Contudo, se, por exemplo, é incerto
que aquele passivo ou ativo existe, informa-lo não tornará a informação útil.
É o caso de um auto de infração lavrado por um Auditor da Receita Federal cobrando ICMS. Ele não
tem competência para tanto. Lavrou com vício de competência, portanto, este auto vai cair, nem
sequer precisa ser reconhecido. Isso exemplifica os itens 5.12, a e b.
Ou, também, exemplificando o item a, imagine que a Empresa A está na justiça processando o
indivíduo B, alegando que tem deste um direito a receber. Contudo, até que haja algum tipo de
decisão, nada há comprovado acerca deste direito, portanto, nenhum ativo deve ser reconhecido.

16.4 Incerteza na mensuração

5.19 Para que o ativo ou passivo seja reconhecido, ele deve ser mensurado. Em
muitos casos, essas mensurações devem ser estimadas e, portanto, estão sujeitas a
incerteza na mensuração. Conforme observado no item 2.19, o uso de estimativas
razoáveis é parte essencial da elaboração de informações financeiras e não prejudica a
utilidade das informações se as estimativas são descritas e explicadas de forma clara e
precisa. Mesmo o elevado nível de incerteza na mensuração não impede,
necessariamente, essa estimativa de fornecer informações úteis.

Portanto, quando você vai reconhecer um ativo ou passivo, precisa mensurá-lo (isto é, estimar o
seu valor). Mas, muitas vezes, há incerteza sobre os valores.
Exemplo: um processo judicial trabalhista contra a empresa A e é muito provável que a entidade
perca. Todavia, ela não sabe exatamente quanto pagará ao trabalhador. Uma estimativa razoável é
que esse valor seja de R$ 20.000,00. Ela, portanto, se utilizará deste valor para reconhecimento da
provisão.
E se a incerteza sobre o valor for muito elevada? Neste caso, a companhia pode fazer uma
estimativa e descrever, em notas explicativas, as incertezas que afetam o caso. Ou, ao contrário,
pode procurar uma solução alternativa, menos relevante, mas menos sujeita à incerteza.
Ou, ainda, em última instância, se todas as formas de mensurar estão sujeitas a altíssimo nível de
incerteza, pode ser o caso de não reconhecer o ativo ou passivo.

5.23 Seja o ativo ou passivo reconhecido ou não, a representação fidedigna do ativo ou


passivo pode precisar incluir informações explicativas sobre as incertezas associadas à
existência ou mensuração do ativo ou passivo, ou ao seu resultado –o valor ou época de

42
qualquer entrada ou saída de benefícios econômicos que resultarão dele (ver itens de
6.60 a 6.62).

16.5 Desreconhecimento

5.26 Desreconhecimento é a retirada de parte ou da totalidade de ativo ou passivo


reconhecido do balanço patrimonial da entidade. O desreconhecimento normalmente
ocorre quando esse item não atende mais à definição de ativo ou passivo:

(a) para o ativo, o desreconhecimento normalmente ocorre quando a entidade perde o


controle da totalidade ou de parte do ativo reconhecido; e
(b) para o passivo, o desreconhecimento normalmente ocorre quando a entidade não
possui mais uma obrigação presente pela totalidade ou parte do passivo reconhecido.

Desreconhecer é como deixar de reconhecer.


A própria norma diz que é retirar parte ou o todo do ativo ou passivo do balanço da entidade.
É o caso, por exemplo, se o ativo ou passivo não mais atende à definição de ativo ou passivo.
Quando você, por exemplo, desreconhecerá um ativo nas suas demonstrações contábeis?
Por exemplo, você tem contabilizado no seu ativo intangível, o direito de exploração da linha
rodoviária entre a cidade Alfa e a cidade Beta pelo período de 10 anos. Você ganhou a licitação da
prefeitura para explorar tal trecho.
Após findo este prazo, você desreconhecerá este ativo das suas demonstrações contábeis já que
você perdeu o controle deste ativo reconhecido, bem como não terá mais os benefícios
econômicos gerados em prol da entidade.
Para o passivo, vamos supor que haja uma obrigação com o Governo de ICMS, no valor de R$ 10
milhões. Todavia, o Governo anistiou parte deste valor, com a finalidade de receber os créditos
tributários o mais breve possível. Nesta hipótese, você desreconhecerá parte do passivo, já que não
há mais obrigação presente pelo passivo reconhecido.
Em síntese, desreconhecer é o processo de baixar um ativo ou passivo.

43
17 Capítulo 6 - Mensuração
6.1 Os elementos reconhecidos nas demonstrações contábeis são quantificados em
termos monetários. Isso exige a seleção de uma base de mensuração. A base de
mensuração é uma característica identificada por exemplo, custo histórico, valor justo
ou valor de cumprimento de item sendo mensurado. Aplicar a base de mensuração a
ativo ou passivo cria uma mensuração para esse ativo ou passivo e para as respectivas
receitas e despesas.

O que este item quer dizer é que ao reconhecer um elemento nas demonstrações contábeis você
precisa selecionar uma base de mensuração. Os estoques, por exemplo, segundo o CPC 16, são
mensurados inicialmente ao custo. Depois ficam registrado pelo custo ou valor realizável líquido,
dos dois o menor.

6.2 É provável que a consideração das características qualitativas de informações


financeiras úteis e da restrição de custo resulte na seleção de diferentes bases de
mensuração para diferentes ativos, passivos, receitas e despesas.

O que o item prescreve é que a aplicação das características qualitativas pode levar a diferentes
bases de mensuração.
Por isso, se um item tem alta probabilidade de desembolso, será reconhecido pela melhor
estimativa disponível no momento, como uma provisão. Isso está de acordo com a prudência,
dentro da neutralidade (representação fidedigna).
Todavia, o dinheiro em caixa é reconhecido pelo valor original e não sofre qualquer tipo de
variação.

6.3 Um pronunciamento pode precisar descrever como implantar a base de


mensuração selecionada nesse pronunciamento. (...)

O CPC 00 não ordena que você mensure o ativo X ou Y da forma Z ou W. Essas regras estão em cada
um dos Pronunciamentos específicos (estoques, intangível, recuperabilidade, imobilizado, e assim
por diante).

17.1 Base de Mensuração


17.1.1 Custo Histórico

6.4 A mensuração ao custo histórico fornece informações monetárias sobre ativos,


passivos e respectivas receitas e despesas, utilizando informações derivadas, pelo
menos em parte, do preço da transação ou outro evento que deu origem a eles.
Diferentemente do valor atual, o custo histórico não reflete as mudanças nos valores,
exceto na medida em que essas mudanças se referirem à redução ao valor recuperável
de ativo ou passivo que se torna onerosa (ver itens 6.7(c) e 6.8(b)).

44
A base de mensuração mais comumente adotada pelas entidades na preparação de suas
demonstrações contábeis é o custo histórico.
A norma diz que são informações do preço de transação ou outro evento que deu origem a eles.

6.5 O custo histórico de ativo quando é adquirido ou criado é o valor dos custos
incorridos na aquisição ou criação do ativo, compreendendo a contraprestação paga
para adquirir ou criar o ativo mais custos de transação. O custo histórico de passivo
quando é incorrido ou assumido é o valor da contraprestação recebida para incorrer ou
assumir o passivo menos custos de transação.

Portanto, o custo histórico é o quanto você irá pagar ou receber.

Custos de Mais Custos


Aquisição de Transação
Ativo
Custos de Mais Custos
Criação de Transação
Custo
Histórico
Custo de Menos Custo
Assumir de Transação
Passivo
Custo de Menos Custo
Incorrer de Transação

6.6 Quando o ativo é adquirido ou criado, ou o passivo é incorrido ou assumido, como


resultado de um evento que não seja uma transação em termos de mercado (ver item
6.80), pode não ser possível identificar o custo, ou o custo pode não fornecer
informações relevantes sobre o ativo ou passivo. Em alguns desses casos, o valor atual
do ativo ou passivo é utilizado como custo atribuído no reconhecimento inicial, e esse
custo atribuído é então utilizado como ponto de partida para mensuração subsequente
ao custo histórico.

Aqui seria o exemplo de um terreno recebido pelo Governo. Você pode não ter tido custos para
recebê-lo.
Neste caso, teremos a utilização valor justo (valor de mercado), que será usado para o
reconhecimento inicial.

6.7 O custo histórico de ativo é atualizado ao longo do tempo para refletir, se aplicável:

(a) o consumo da totalidade ou parte do recurso econômico que constitui o ativo


(depreciação ou amortização);
(b) pagamentos recebidos que extinguem a totalidade ou parte do ativo;

45
(c) o efeito de eventos que fazem com que a totalidade ou parte do custo histórico do
ativo não seja mais recuperável (redução ao valor recuperável); e
(d) provisão de juros para refletir qualquer componente de financiamento do ativo.

Portanto, o custo histórico pode ser atualizado pela depreciação de um veículo, de máquinas. O
custo histórico pode ser atualizado pelo recebimento de parte de uma receita de venda a prazo.

6.8 O custo histórico de passivo é atualizado ao longo do tempo para refletir, se


aplicável:

(a) o cumprimento da totalidade ou parte do passivo, por exemplo, efetuando


pagamentos que extinguem a totalidade ou parte do passivo ou satisfazendo a
obrigação de entregar produtos;
(b) o efeito de eventos que aumentam o valor da obrigação de transferir os recursos
econômicos necessários para cumprir a obrigação em tal medida que o passivo se torna
oneroso. O passivo é oneroso se o custo histórico não é mais suficiente para refletir a
obrigação de satisfazer o passivo; e
(c) provisão de juros para refletir qualquer componente de financiamento do passivo.

Aqui, por exemplo, você pode atualizar o custo histórico do passivo pelo pagamento de parte da
sua conta com determinado fornecedor.

17.1.2 Valor Atual


Uma vez mensurados pelo custo histórico, os valores de ativos e passivos podem variar. Sabemos
que dinheiro não é moeda constante ao longo do tempo. E a contabilidade deve refletir isto da
forma mais fiel possível em suas demonstrações contábeis.
Por isso, essa variação do custo histórico é hoje chamada de Valor Atual.

6.10 As mensurações ao valor atual fornecem informações monetárias sobre ativos,


passivos e respectivas receitas e despesas, utilizando informações atualizadas para
refletir condições na data de mensuração. Devido à atualização, os valores atuais de
ativos e passivos refletem as mudanças, desde a data de mensuração anterior, em
estimativas de fluxos de caixa e outros fatores refletidos nesses valores atuais (ver itens
6.14, 6.15 e 6.20). Diferentemente do custo histórico, o valor atual de ativo ou passivo
não resulta, mesmo em parte, do preço da transação ou outro evento que deu origem
ao ativo ou passivo.

São as seguintes as bases de mensuração do valor atual:

6.11 As bases de mensuração do valor atual incluem:

(a) valor justo (ver itens de 6.12 a 6.16);


(b) valor em uso de ativos e valor de cumprimento de passivos (ver itens de 6.17 a
6.20); e

46
(c) custo corrente (ver itens 6.21 e 6.22).

Valor Atual

Valor de
Valor em Uso Custo
Valor Justo Cumprimento
de Ativos Corrente
de Passivo

17.1.3 Valor Justo

6.12 Valor justo é o preço que seria recebido pela venda de ativo ou que seria pago
pela transferência de passivo em transação ordenada entre participantes do mercado
na data de mensuração.

Então, valor justo é uma espécie de valor de mercado.


Se vou comprar uma ação na Bolsa de Valores, pagarei o valor justo. Não importa a minha condição
social, idade, nada, apenas o preço que está ali, no home broker. O valor pago é o valor justo. Em
uma transação não forçada.

6.13 O valor justo reflete a perspectiva dos participantes do mercado participantes em


mercado ao qual a entidade tem acesso. O ativo ou passivo é mensurado utilizando as
mesmas premissas que os participantes do mercado utilizariam ao precificar o ativo ou
passivo se esses participantes do mercado agirem em seu melhor interesse econômico.

Continuemos com o mesmo exemplo. Compra de instrumentos financeiros (como ações) em Bolsa.
O valor que está ali reflete as perspectivas dos participantes do mercado sobre aquele ativo.
O que se espera? Você está comprando para ganhar dividendos? Por que espera ganhar com uma
alta?

6.14 Em alguns casos, o valor justo pode ser determinado diretamente, observando-se
os preços em mercado ativo. Em outros casos, o valor justo é determinado
indiretamente utilizando técnicas de mensuração, por exemplo, baseadas em fluxo de
caixa (ver itens de 6.91 a 6.95), refletindo todos os seguintes fatores: (...)

47
Seguindo nosso exemplo, a Bolsa de Valores é um mercado ativo em que esses títulos são
negociados.

Transação Ordenada

Perspectiva dos
Valor Justo
participantes do mercado

Pode ser mensurado Ou utilizando-se técnicas


utilizando mercado ativo de mensuração

17.1.4 Valor em uso e valor de cumprimento

6.17 Valor em uso é o valor presente dos fluxos de caixa, ou outros benefícios
econômicos, que a entidade espera obter do uso de ativo e de sua alienação final. Valor
de cumprimento é o valor presente do caixa, ou de outros recursos econômicos, que a
entidade espera ser obrigada a transferir para cumprir a obrigação. Esses valores de
caixa ou outros recursos econômicos incluem não somente os valores a serem
transferidos à contraparte do passivo, mas também os valores que a entidade espera
ser obrigada a transferir a outras partes de modo a permitir que ela cumpra a
obrigação.

Portanto, o valor em uso é definido pela norma como valor presente decorrente do uso do ativo e
alienação final.
Valor de cumprimento é o valor presente que você teria de desembolsar para pagar hoje uma
obrigação.

Valor Presente do
Uso + Alienação Final
Ativo
Valor
Valor Presente para
Cumprimento
Cumprir a Obrigação

Portanto, o valor em uso é o valor presente dos fluxos de caixa do ativo. Isso é, quanto você teria a
receber se “alguém que te deve”, por exemplo, você pagar hoje.
O valor de cumprimento é o quanto você, por exemplo, teria que desembolsar hoje para conseguir
quitar determinado financiamento.

48
6.19 O valor em uso e o valor de cumprimento refletem premissas específicas da
entidade em vez de premissas de participantes do mercado. Na prática, às vezes pode
haver pouca diferença entre as premissas que os participantes do mercado utilizariam e
aquelas que a própria entidade utiliza.

O valor em uso e o valor de cumprimento são específicos da entidade e não valor obtidos através
de participantes do mercado.
O valor em uso tem ligação direta com o valor presente previsto no CPC 12 e na Lei 6.404.
Em lição comezinha, valor presente, como o próprio nome sugere, é quanto vale hoje um ativo ou
passivo pertencente à empresa.
O ajuste a valor presente está previsto na Lei 6.404/76 para ativos e passivos de longo prazo e para
os de curto prazo (estes apenas quando houver efeito relevante) – artigo 183, VIII e artigo 184, III,
do seguinte modo:

Art. 183. No balanço, os elementos do ativo serão avaliados segundo os seguintes


critérios:
VIII – os elementos do ativo decorrentes de operações de longo prazo serão ajustados a
valor presente, sendo os demais ajustados quando houver efeito relevante.

Art. 184. No balanço, os elementos do passivo serão avaliados de acordo com os


seguintes critérios:
III – as obrigações, os encargos e os riscos classificados no passivo não circulante serão
ajustados ao seu valor presente, sendo os demais ajustados quando houver efeito
relevante.

Se tenho um ativo de longo prazo, uma duplicata a receber, por exemplo, no valor de R$
200.000,00, com juros sobre este valor de R$ 50.000,00. Qual o seu valor presente? É no valor de
R$ 150.000,00.

Ativos e Passivos Longo Prazo Sempre


Ajuste a Valor
Presente
Curto Prazo Efeito Relevante

17.1.5 Custo Corrente

6.21 O custo corrente de ativo é o custo de ativo equivalente na data de mensuração,


compreendendo a contraprestação que seria paga na data de mensuração mais os
custos de transação que seriam incorridos nessa data. O custo corrente de passivo é a
contraprestação que seria recebida pelo passivo equivalente na data de mensuração
menos os custos de transação que seriam incorridos nessa data. Custo corrente, como
custo histórico, é o valor de entrada: reflete preços no mercado em que a entidade

49
adquiriria o ativo ou incorreria no passivo. Assim, é diferente do valor justo, valor em
uso e valor de cumprimento, que são valores de saída. Contudo, diferentemente de
custo histórico, custo corrente reflete condições na data de mensuração.

O que vem a ser o custo corrente? Vejamos através de um exemplo.


Os estoques são contabilizados pelo valor de compra (custo histórico).
Depois, devem ser avaliados pela regra custo ou mercado, dos dois o menor. Atualmente, o “valor
de mercado” é chamado de “valor realizável líquido”. Mas vamos chamar temporariamente esse
valor realizável líquido de valor justo. Então agora temos custo ou valor justo, dos dois o menor.
Pois bem. Imagine-se que uma empresa comprou matéria prima, digamos, comprou ácido sulfônico
para usar em alguns produtos químicos.
Chegado a época de fechar o balanço (data da mensuração), a empresa ainda tem ácido sulfônico
em estoque.
O que seria o valor justo para o ácido sulfônico?
Se a empresa não costuma vender esse material no mercado, não podemos usar o valor que a
empresa conseguiria numa eventual venda de ácido sulfônico.
Se ela não tem tradição, não fabrica ácido sulfônico, não conhece ou não tem relacionamento
comercial com possíveis compradores desse produto, então o preço que ela poderia estimar numa
eventual venda não é o valor justo (provavelmente seria menor que o valor justo).
Ela não consegue estimar esse valor com confiança, pois não é participante deste mercado.
O que ela tem de ácido sulfônico é para utilizar em sua produção, tão-somente.
Assim, para as matérias primas, o valor justo é o valor que a empresa iria gastar para comprar o
produto dos fabricantes/vendedores de ácido sulfônico.
O preço pelo qual ela poderia repor o ácido sulfônico em seu estoque, mediante compra no
mercado.
Veja o texto da lei 6404/76:

§ 1o Para efeitos do disposto neste artigo, considera-se valor justo: (Redação dada pela
Lei nº 11.941, de 2009)

a) das matérias-primas e dos bens em almoxarifado, o preço pelo qual possam ser
repostos, mediante compra no mercado;

O que isso tem a ver com o custo corrente?


Veja a definição de custo corrente: O custo corrente de ativo é o custo de ativo equivalente na data
de mensuração, compreendendo a contraprestação que seria paga na data de mensuração mais os
custos de transação que seriam incorridos nessa data.
Ou seja, o custo corrente é o custo de reposição, ou melhor, o valor que a empresa pagaria hoje
pela matéria prima, se fosse comprá-la (repor) na data das demonstrações contábeis, que o CPC 00
chama de data de mensuração.

50
Os estoques destinados à venda (estoques de produtos acabados) só podem gerar dinheiro (futuros
benefícios econômicos) para a empresa com a venda.
No caso de matéria prima, elas podem ser vendidas ou podem ser usadas na fabricação de
produtos acabados.
Vamos voltar ao exemplo do ácido sulfônico: se o valor do estoque for de R$ 10.000, e o custo
corrente (custo de reposição, o preço que vai custar para comprar mais ácido sulfônico) cair e for
de R$ 9.500, em princípio, deveríamos reconhecer uma perda (debita “despesa com perda em
estoque – resultado” e credita “ajuste para perdas prováveis em estoque – retificadora do ativo).
Mas se os produtos nos quais o ácido sulfônico não tiver queda de preço, então não há perda.

51
18 Capítulo 7 – Apresentação e Divulgação
7.1 A entidade que reporta comunica informações sobre seus ativos, passivos,
patrimônio líquido, receitas e despesas apresentando e divulgando informações em
suas demonstrações contábeis.

As entidades elaboram demonstrações contábeis e apresentam para os usuários externos.

7.2 A comunicação efetiva de informações nas demonstrações contábeis torna essas


informações mais relevantes e contribui para uma representação fidedigna de ativos,
passivos, patrimônio líquido, receitas e despesas da entidade. Também aprimora a
compreensibilidade e comparabilidade das informações nas demonstrações contábeis.
A comunicação efetiva de informações nas demonstrações contábeis requer:
(a) concentrar-se em princípios e objetivos de divulgação e apresentação em vez de
concentrar-se em regras;
(b) classificar informações de maneira a agrupar itens similares e separar itens
diferentes; e
(c) agregar informações de tal modo que não sejam obscurecidas por detalhes
desnecessários ou por agregação excessiva.

A seguir, o balanço patrimonial apresentado pelas Lojas Renner, relativo ao exercício de 2019:

52
Vejam que, por exemplo, o imobilizado é apresentado como um grupo, de forma líquida, de forma
a dar uma ideia do todo. Isso serve para que não sejam apresentadas informações excessivas, que
tornem a demonstração contábil demasiadamente extensa.

Portanto, deve haver uma concentração em princípios e objetivos e não em regras.

As demonstrações devem dar uma ideia ampla, do todo.

18.1 Objetivos e princípios de apresentação e divulgação

7.4 Para facilitar a comunicação efetiva de informações nas demonstrações contábeis,


ao desenvolver requisitos de apresentação e divulgação nos pronunciamentos, é
necessário um equilíbrio entre:

(a) dar às entidades a flexibilidade para fornecer informações relevantes que


representem fidedignamente os ativos, passivos, patrimônio líquido, receitas e
despesas da entidade; e
(b) exigir informações que sejam comparáveis, tanto de período a período para a
entidade que reporta como em um único período de relatório para diferentes
entidades.

Vejam que há necessidade de um equilíbrio.


A entidade não precisa fornecer informações que não sejam relevantes em suas demonstrações
contábeis.
Ao mesmo tempo, ela dava dar dados suficientes para que se possa comparar o desempenho da
entidade, entre diferentes períodos.

7.5 Incluir objetivos de apresentação e divulgação em pronunciamentos dá suporte à


comunicação efetiva nas demonstrações contábeis porque esses objetivos ajudam as
entidades a identificar informações úteis e a decidir como comunicar essas informações
da forma mais eficiente.

Cada um dos CPCs, no início, contém uma disposição chamada Apresentação. Este item dá uma
breve síntese sobre o que tratará aquele Pronunciamento específico. Vejam o CPC 20 – Custo de
Empréstimos.

Todos os CPCs, ao final, contêm um item chamado Divulgação. Vejamos, como exemplo, o CPC 20 –
Custo de Empréstimos.

53
Portanto, essas informações devem constar das notas explicativas de entidade que tenha custos de
empréstimos capitalizados.

18.2 Classificação

7.7 Classificação é a organização de ativos, passivos, patrimônio líquido, receitas ou


despesas com base em características compartilhadas para fins de divulgação e
apresentação. Essas características incluem, entre outras, a natureza do item, seu papel
(ou função) dentro das atividades de negócio conduzidas pela entidade e como é
mensurado.
7.8 Classificar diferentes ativos, passivos, patrimônio líquido, receitas ou despesas em
conjunto podem obscurecer informações relevantes, reduzir a compreensibilidade e a
comparabilidade e pode não fornecer representação fidedigna do que pretendem
representar.

O item 7.7 reforça a necessidade de classificar ativos, passivo, PL, receitas e despesas de forma
sistematizada, de acordo com as regras contábeis.
O item 7.8 diz que você não pode, por exemplo, misturar coisas diferentes. Classificar contas a
receber de longo prazo e de curto prazo de forma conjunta poderia levar ao engano dos usuários
das demonstrações contábeis.

18.3 Classificação de ativos e passivos

7.9 A classificação é aplicada à unidade de conta selecionada para ativo ou passivo (ver
itens de 4.48 a 4.55). Contudo, às vezes pode ser apropriado separar o ativo ou passivo
em componentes que possuem diferentes características e classificar esses
componentes separadamente. Isso é apropriado se classificar esses componentes
separadamente melhoraria a utilidade das informações financeiras resultantes. Por
exemplo, pode ser apropriado separar ativo ou passivo em componentes circulantes e
não circulantes e classificar esses componentes separadamente.

Vejamos as demonstrações contábeis da Weg relativas ao ano de 2019. Veja que ela separada, por
exemplo, caixa e equivalentes, aplicações financeiras e instrumentos financeiros derivativos. São
ativos monetários, mas com características distintas e classificados separadamente.

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18.4 Compensação

7.10 Compensação ocorre quando a entidade reconhece e mensura tanto ativo como
passivo como unidades de conta separadas, mas as agrupa em um único valor líquido
no balanço patrimonial. Compensação classifica diferentes itens em conjunto e,
portanto, geralmente não é adequado.
7.11 Compensar ativos e passivos é diferente de tratar um conjunto de direitos e
obrigações como uma única unidade de conta (ver itens de 4.48 a 4.55).

A compensação ocorre, por exemplo, quando você tem um valor de ICMS a Recolher (obrigação) e
um valor de ICMS a Recuperar (direito) e apresenta tudo como se fosse uma única rubrica.

18.5 Classificação de patrimônio líquido

7.12 Para fornecer informações úteis, pode ser necessário classificar direitos sobre o
patrimônio líquido separadamente se esses direitos sobre o patrimônio líquido tiverem
diferentes características (ver item 4.65).

Vamos continuar com o exemplo do balanço patrimonial da Weg, para o exercício de 2019.
Vejam que ela separa o direito dos acionistas controladores e dos não controladores.

55
18.6 Demonstração do resultado e demonstração do resultado
abrangente

7.15 As receitas e despesas são classificadas e incluídas:


(a) na demonstração do resultado;11 ou
(b) fora da demonstração do resultado, na demonstração do resultado abrangente.

As despesas e receitas de uma entidade são classificadas, em regra, na demonstração do resultado


do exercício.
Todavia, há receitas e despesas que são reconhecidas diretamente no patrimônio líquido da
entidade, na chamada demonstração de resultados abrangentes.

18.7 Agregação

7.20 A agregação é a soma de ativos, passivos, patrimônio líquido, receitas ou despesas


que possuem características compartilhadas e são incluídas na mesma classificação.
7.21 A agregação torna as informações mais úteis ao resumir grande quantidade de
detalhes. Contudo, a agregação oculta alguns desses detalhes. Portanto, deve-se
observar um equilíbrio de modo que as informações relevantes não sejam obscurecidas
por grande quantidade de detalhes insignificantes ou por agregação excessiva.

Você não precisa, por exemplo, lançar todos os ativos imobilizados de forma individual nas
demonstrações contábeis.
Pode haver, por exemplo, o lançamento da rubrica ativo imobilizado, contendo todos os valores, já
líquidos de depreciação, amortização ou exaustão.

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19 Capítulo 8 – Manutenção do Capital Físico e
Financeiro
19.1 Conceito de capital

8.1 O conceito financeiro de capital é adotado pela maioria das entidades na elaboração
de suas demonstrações contábeis. Sob o conceito financeiro de capital, tal como caixa
investido ou poder de compra investido, capital é sinônimo de ativos líquidos ou
patrimônio líquido da entidade. Sob o conceito físico de capital, tal como a capacidade
operacional, o capital é considerado como a capacidade produtiva da entidade com
base, por exemplo, nas unidades de produção diária.
8.2 A seleção do conceito apropriado de capital pela entidade deve ser baseada nas
necessidades dos usuários de suas demonstrações contábeis. Desse modo, o conceito
financeiro de capital deve ser adotado se os usuários das demonstrações contábeis
estiverem principalmente preocupados com a manutenção de capital nominal investido
ou com o poder de compra do capital investido. Se, contudo, a principal preocupação
dos usuários for com a capacidade operacional da entidade, deve ser usado um
conceito físico de capital. O conceito escolhido indica a meta a ser atingida na
determinação do lucro, ainda que possa haver algumas dificuldades de mensuração
para tornar o conceito operacional.

Portanto, a forma predominantemente utilizada pelas entidades é o conceito financeiro de capital.


Isto é, quanto a entidade tem em termos monetários.
Todavia, ela pode também se utilizar do conceito de manutenção do capital físico, daí a
necessidade de avaliação da capacidade física.

Financeiro Capital investido


Capital
Capacidade
Físico
produtiva

Você deve procurar entender qual a métrica mais importantes para os usuários das demonstrações
contábeis.

8.3 Os conceitos de capital do item 8.1 originam os seguintes conceitos de manutenção


de capital:

(a) Manutenção de capital financeiro. Sob esse conceito, o lucro é auferido somente se
o montante financeiro (ou dinheiro) dos ativos líquidos no final do período exceder o
montante financeiro (ou dinheiro) dos ativos líquidos no início do período, após excluir
quaisquer distribuições para, e contribuições de, sócios durante o período. A

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manutenção de capital financeiro pode ser mensurada em unidades monetárias
nominais ou em unidades de poder aquisitivo constante.

(b) Manutenção de capital físico. Sob esse conceito, o lucro é auferido somente se a
capacidade produtiva física (ou capacidade operacional) da entidade (ou os recursos ou
fundos necessários para alcançar essa capacidade) no final do período exceder a
capacidade produtiva física no início do período, após excluir quaisquer distribuições
para, e contribuições de, sócios durante o período.

Então, a manutenção do capital financeiro se dá, por exemplo, se ao final do período a entidade
teve um valor maior para seus proprietários do que ao início do período.
Sociedade iniciou o exercício com um ativo líquido de R$ 200.000,00 e terminou com R$
300.000,00. Sob o viés do capital financeiro, você manteve o seu poder.
Mas pode ocorrer de a sua capacidade produtiva ter diminuído.
A manutenção do capital físico ocorre somente quando você tem um ganho na capacidade
operacional. Isto é, no início do período você conseguia produzir um total de 1.000 unidades.
Agora, por conta de diversos problemas, sua capacidade diminuiu para somente 900 unidades.
Sob este ótica, você não conseguiu manter o capital físico, dada a perda de capacidade produtiva.

Manutenção do capital financeiro

• Manutenção do capital (dinheiro investido)

Manutenção do capital físico

• Capacidade física produtiva, operacional

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