A Internet Do Dinheiro 2020 Andreas Antonopoulos
A Internet Do Dinheiro 2020 Andreas Antonopoulos
A Internet Do Dinheiro 2020 Andreas Antonopoulos
com
“Sempre me perguntei o que teria acontecido se tivéssemos feito pagamen-
tos com um clique no navegador desde o início. Com o bitcoin, finalmente
conseguimos essa ‘Internet do Dinheiro’. Mas este livro não é apenas uma
ode ao bitcoin - é uma ode a protocolos abertos, o que acontece quando você
conecta pessoas on-line com o poder da inovação na internet. ”
Marc Andreessen , co-fundador da Netscape e Andreessen Horowitz
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Andreas M. Antonopoulos é um tecnólogo e empreende-
dor em série que se tornou uma das figuras mais conheci-
das e respeitadas do bitcoin. Ele é o autor de “Mastering
Bitcoin”, publicado pela O’Reilly Media e considerado por
muitos como o melhor guia técnico para o bitcoin. Como
um palestrante, professor e escritor envolvente, Andreas
torna assuntos complexos acessíveis e fáceis de entender.
Como consultor, ele ajuda as startups a reconhecer, ava-
liar e navegar pelos riscos de segurança e de negócios.
Andreas foi um dos primeiros a usar a frase “A Internet
do Dinheiro” para descrever o bitcoin e seus possíveis im-
pactos sobre a humanidade.
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A Internet do Dinheiro
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Palestras de Andreas M. Antonopoulos
https://antonopoulos.com/
@aantonop
Tradução Colaborativa
Este livro foi traduzido numa experiência colaborativa coordenada pela
Editora EmRede, com a participação de mais de 20 pessoas.
Revisão geral
EmRede Editora
Langway
Revisão técnica
O trabalho de revisão técnica final foi realizado pela profissional especialis-
ta em criptomoedas e blockchain Rosine Kadamani, fundadora da Blockchain
Academy, um projeto educacional na área.
A627i
ISBN 978-85-85265-00-7
CDD 600
CDU 336
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Dedicado à comunidade bitcoin
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Licenciamento
Quase todos os direitos do trabalho original de Andreas são distribuídos sob licenças
creative commons. Andreas nos concedeu CC-BY para modificar e distribuir o trabalho
incluído neste livro desta maneira. Se você quiser usar partes do nosso livro em seu
projeto, envie uma solicitação para o e-mail: emredeeditora@gmail.com. Concedemos a
maioria dos pedidos de licenciamento rapidamente e de forma gratuita.
Ressalvas
Este é um livro de comentários e opiniões editadas. Grande parte do conteúdo é ba-
seado em experiência pessoal e acontecimentos curiosos. Pretende-se promover con-
siderações reflexivas de novas ideias, estimular o debate filosófico e inspirar pesquisas
independentes. Não são conselhos de investimentos; não use este material para tomar
decisões relacionadas a isso. Não é um aconselhamento jurídico; consulte um advogado
em sua jurisdição para questões legais. Pode conter erros e dados incompletos, apesar
dos nossos melhores esforços. Andreas M. Antonopoulos, Merkle Bloom LLC, editores,
responsáveis editoriais, transcritores e designers não se responsabilizam por erros ou
omissões. As coisas mudam rapidamente na indústria do bitcoin e blockchain. Use este
livro como uma referência, mas não sua única referência.
Referências para obras com marcas registradas ou com direitos autorais são apenas
para críticas e comentários. Qualquer termo de marca registrada é propriedade de
seus respectivos proprietários. As referências a indivíduos, empresas, produtos e
serviços estão incluídos apenas para fins ilustrativos e não devem ser considerados
como endossos.
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO por Andreas M. Antonopoulos • 13
NOTA DOS EDITORES • 14
EDIÇÃO BRASILEIRA • 15
O que é bitcoin? • 16
Bitcoin, a invenção • 16
O dinheiro do povo • 18
Moedas, negócios e pagamentos internacionais •
18
• Solucionando problemas de pagamento • 19
Neutralidade, criminosos e bitcoin • 19
O bitcoin como um mecanismo de entrada e saída • 21
• Altcoins: moedas para todos • 21
Dinheiro programável para todos nós • 22
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Neutralidade da rede e não-discriminação • 34
• Não há transações de spam no bitcoin • 34
Dinheiro centrado em rede • 35
Sonhando com controle totalitário sobre todas as transações financeiras • 35
• Censura de transações financeiras • 36
• O dinheiro centrado na rede é resistente à censura • 36
Sousveillance, not surveillance • 36
Bancos para todos • 38
Bitcoin, o zumbi de moedas • 38
Moedas evoluem • 39
• Ataques criam resistência • 40
Bem-vindo ao futuro do dinheiro • 40
INVERSÃO DE INFRAESTRUTURA • 59
Novas tecnologias, cavalgando sobre velhas estruturas • 59
• Infraestrutura para cavalos • 60
• De cavalos para veículos • 61
• Infraestrutura para gás natural • 61
• Do gás natural à eletricidade • 62
• Infraestrutura para vozes humanas • 63
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• Da voz aos dados • 65
Do sistema bancário para bitcoin • 66
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Transações bitcoin: segurança na estrutura • 97
O dinheiro como um tipo de conteúdo • 98
Parar as transações de bitcoin é impossível • 98
• Transmitir bitcoin transações via skype como caracteres • 99
• Transmitir transações bitcoin via rádio de ondas curtas • 100
Separando o meio da mensagem • 100
O dinheiro é a mensagem, agora liberado do meio • 103
Grande arco da tecnologia • 104
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INTRODUÇÃO
Por Andreas M. Antonopoulos
Quando comecei minha jornada com o bitcoin, nunca achei que iria levar a
isso. Este livro é como um diário abreviado das minhas descobertas sobre o
bitcoin e foi produzido a partir de uma série de palestras que realizei entre
2013 e 2016.
Nos últimos três anos, realizei mais de 150 palestras públicas em todo o mun-
do. Gravei mais de 200 episódios de podcast e respondi algumas centenas de
perguntas. Dei também mais de 150 entrevistas para a rádio, imprensa escrita
e TV. Apareci em oito documentários e escrevi um livro técnico, com o título:
Mastering Bitcoin. Quase todo esse material está disponível gratuitamente
por meio de licenciamento de código aberto, on-line. As palestras incluídas
neste livro são apenas uma pequena amostra do meu trabalho, selecionado
pela equipe editorial, para fornecer uma visão inicial sobre bitcoin, seus usos
e seu impacto sobre o futuro.
Cada uma das palestras foi realizada ao vivo, sem slides ou qualquer ajuda vi-
sual, e na maioria das vezes improvisada. Embora eu tenha sempre um tema
em mente antes de cada palestra, muito da minha inspiração vem da energia
e interação com cada público. De palestra para palestra, os temas evoluem à
medida que experimento novas ideias, vejo a reação das pessoas e desenvol-
vo essas ideias ainda mais. No fim das contas, algumas ideias que começam
como uma única frase evoluem ao longo de várias palestras, tornando-se um
tópico inteiro.
Este processo de descobertas não é perfeito, claro. Por isso, minhas palestras
gravadas contêm pequenos erros factuais. Eu menciono datas, eventos,
números e detalhes técnicos com base na minha memória, e frequentemente
cometo erros. Neste livro, os erros ocorridos durante esses improvisos e os
meus tiques de linguagem foram corrigidos pelos editores. O que permanece
é a essência de cada apresentação, como eu gostaria de tê-las apresentado,
ao invés de uma transcrição literal de minhas palestras. Mas, por causa dessa
edição existe um preço a ser pago. Perdeu-se a atmosfera dos encontros. A
energia do público, o tom das minhas frases e minhas risadas espontâneas
junto com as pessoas na sala. Por essas e por outras, você deve assistir aos
vídeos. Os links estão descritos no livro.
Este livro e o meu trabalho nos últimos três anos é sobre mais do que o
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bitcoin. Essas palestras refletem minha visão de mundo, minhas ideias
políticas e esperanças, bem como meu fascínio técnico e minha nerdice
escancarada. Elas resumem meu entusiasmo por essa tecnologia e o futuro
surpreendente que eu imagino. Essa nova visão de mundo começou com o
bitcoin. Um experimento excêntrico de cypherpunk que desencadeou uma
onda de inovação, criando A internet do dinheiro e radicalmente transfor-
mando a sociedade.
Apesar dos nossos melhores esforços, temos certeza de que podemos me-
lhorar e mudar as coisas, esta é uma primeira edição. Nós editamos pesa-
damente em alguns lugares para facilitar a leitura, enquanto procurávamos
simultaneamente preservar a essência da palestra. Nós acreditamos que con-
seguimos um bom equilíbrio e estamos satisfeitos com o livro, como um todo.
Esperamos que você também fique satisfeito. Se tiver algum comentário so-
bre esta edição, conteúdo ou sugestões de como podemos melhorar o livro,
envie-nos um e-mail para emredeeditora@gmail.com.
14 Andreas M. Antonopoulos
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Dica para tornar sua experiência de leitura ainda melhor:
Edição Brasileira
É com enorme alegria que trazemos a versão em Português desse livro tão
importante para a comunidade Bitcoin mundial. A intenção de traduzir e dis-
tribuir o livro Bitcoin, a Internet do Dinheiro, é de trazer um guia simples e
direto para a comunidade brasileira de usuários de criptomoedas que cresce
dia após dia.
Esse livro foi uma vivência com a nossa capacidade de inovar, cocriar e co-
laborar. Quanto mais conseguimos expandir esse horizonte, maior é o grau
de liberdade que alcançamos. O Bitcoin cria esse ambiente com uma estru-
tura tecnológica que propicia a mesma vivência com o dinheiro, numa escala
nunca antes vista pela humanidade.
A Internet do Dinheiro 15
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O QUE É BITCOIN?
Disromper, Start-up, Escalar: Atenas, Grécia; Novembro 2013
Nota do editor: esta palestra foi dada no final de 2013. As transações em bit-
coin não são mais gratuitas, mas as taxas continuam sendo baixas.
Boa tarde, Atenas! Obrigado por me receber hoje. Quer ser disruptivo? Eu
tenho algo disruptivo. Tenho participado de uma verdadeira revolução. Hoje,
vamos falar sobre a mais empolgante, mais interessante e provavelmente a
mais importante invenção tecnológica na ciência da computação dos últi-
mos 20 anos. Estou aqui para falar sobre o bitcoin.
O bitcoin é uma moeda digital, mas é muito mais do que isso. Dizer que bit-
coin é apenas uma moeda digital é como dizer que a internet é um telefone
chique. É como dizer que a internet se resume a mandar e-mail. Dinheiro é
apenas a primeira aplicação. O bitcoin é uma tecnologia, é uma moeda e uma
rede internacional de pagamentos e trocas que é completamente descen-
tralizada. Não depende dos bancos. Não depende de governos.
"Dizer que bitcoin é apenas uma moeda digital é como dizer que a internet é um telefone
chique."
Nós nunca fizemos isso antes na história da humanidade. Esta invenção é ver-
dadeiramente revolucionária. Quando olhamos para trás, veremos que este é
um momento histórico na evolução da ciência da computação, mas também
é uma revolução social e política em construção. Então, vamos começar.
Bitcoin, a invenção
Bitcoin é dinheiro digital. É dinheiro assim como euros ou dólares, só que
não é de propriedade de um governo. Você pode enviá-lo de qualquer ponto
do mundo a qualquer outro ponto do mundo instantaneamente, de forma se-
gura, com taxas mínimas ou sem taxas. Há dois dias, vimos uma das maiores
transações já registradas na rede bitcoin, onde alguém transferiu $ 150 mi-
lhões entre duas contas bitcoin, em um segundo, com taxa zero. Só isso per-
mite que você perceba o quão disruptiva esta tecnologia será em termos de
sistemas de pagamento internacionais. Mas isso é só o começo.
Bitcoin é uma moeda digital que surgiu em 2008 como a invenção de uma
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pessoa chamada Satoshi Nakamoto. Ele publicou um artigo no qual afirmou
que encontrou o caminho para criar uma rede descentralizada, que poderia
alcançar consenso e adesão sem qualquer autoridade central de controle.
Agora, se você estudou ciência da computação ou sistemas distribuídos, isso
é conhecido como “Problema dos generais bizantinos”. Foi descrito pela pri-
meira vez em 1982. Até 2008, era um problema sem solução. Então, Satoshi
Nakamoto disse: "Eu resolvi o problema". Adivinha o que aconteceu depois?
Todos riram, ignoraram-no e rejeitaram-no. Ele publicou seu artigo e, três
meses depois, publicou o software que permitiu que as pessoas começassem
a construir a rede bitcoin.
Assim, quando eu envio dinheiro da minha conta para a conta de outra pes-
soa, nesta rede ponto a ponto (peer to peer), completamente descentralizada,
é como se estivesse enviando um e-mail. Não existe ninguém no meio do
caminho. A cada dez minutos toda a rede entra em acordo sobre as tran-
sações realizadas, sem qualquer autoridade centralizada, por uma simples
eleição que ocorre eletronicamente.
Agora, alguns de vocês devem ter ouvido falar que o bitcoin, enquanto moe-
da, tem um preço extremamente elevado num dia e muito baixo no dia se-
guinte. Estou aqui para dizer-lhe que ignore o preço, ignore o bitcoin en-
quanto di-nheiro e compreenda o bitcoin como tecnologia, como invenção
e a rede que ele cria. Se essa moeda der errado, nós apenas reiniciaremos
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outra. A invenção do bitcoin, a tecnologia que o torna possível, não pode ser
desfeita. Ela cria as possibilidades de organização descentralizada em uma
escala nunca antes vista neste planeta.
"A invenção do bitcoin, a tecnologia que o torna possível, não pode ser desfeita. Ela cria
as possibilidades de organização descentralizada em uma escala nunca antes vista neste
planeta."
O dinheiro do povo
Aqui estão os motivos pelos quais o bitcoin é importante para mim.
18 Andreas M. Antonopoulos
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A melhor maneira de fazer isso é encontrar um produto ou serviço que você
possa oferecer a alguém que queira comprar com bitcoin e começar a ganhar
bitcoin.
Você não pode fazer isso com o dinheiro e com os sistemas de pagamento
de hoje. Os cartões de crédito foram feitos na década de 1950, e eles certa-
mente não foram feitos para uma era na internet. Bitcoin é feito para a era
da internet.
“Os cartões de crédito foram feitos na década de 1950, e eles certamente não foram feitos
para uma era na internet. Bitcoin é feito para a era da internet."
A Internet do Dinheiro 19
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Bitcoin é neutra para o remetente, para o destinatário e para o valor da tran-
sação. Isso significa que dá a cada cidadão, a cada usuário de bitcoin, a habili-
dade de inovar em termos de instrumentos financeiros, sistemas de pagamen-
to e operações bancárias. Você pode operar no mesmo nível do Citibank. Isso
é verdadeiramente revolucionário.
“Bitcoin é neutra para o remetente, para o destinatário e para o valor da transação. Isso sig-
nifica que dá a cada cidadão, a cada usuário de bitcoin, a habilidade de inovar em termos de
instrumentos financeiros, sistemas de pagamento e operações bancárias."
Posso te dizer hoje que estou muito feliz que o preço de bitcoin está subindo
muito, porque eu possuo um pouco de bitcoin e isso me traz uma sensação
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agradável. Mas não me importa o preço. Se o bitcoin colapsasse amanhã de
manhã, a tecnologia continua sendo revolucionária. Tal como se um site fa-
lhar na internet, ou um aplicativo falhar na internet, a internet não desaparece.
"O bitcoin cria um ambiente propício para a inovação, porque não é apenas uma moeda, é
uma tecnologia, uma rede e uma moeda."
A Internet do Dinheiro 21
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Vamos construir mais delas. As moedas criptográficas serão o alicerce do
nosso futuro financeiro. Elas farão parte do futuro deste planeta, porque elas
foram inventadas. É simples assim. Você não pode desinventar esta tecnolo-
gia. Você não pode transformar este omelete em ovos novamente. Já temos
mais de 100 moedas concorrentes no espaço, o que mostra a rapidez com
que a inovação explodiu, mesmo além do bitcoin como moeda. Existem mui-
tas outras moedas alternativas, altcoins, como são conhecidas — que usam a
mesma tecnologia básica de um registro de ativos descentralizado usando
o consenso na rede com o algoritmo do Satoshi. Algumas dessas moedas
são inflacionárias, algumas deflacionárias, algumas utilizam penalidade por
sobrestadia ou taxas de juros negativas, algumas são beneficentes e redis-
tribuem uma proporção da renda para as organizações filantrópicas.
Bitcoin não é apenas dinheiro para a internet. É dinheiro perfeito para a inter-
net. É instantâneo, é seguro, é de graça. Sim, é dinheiro para a internet, mas
é muito mais. Bitcoin é a internet do dinheiro. A moeda é apenas a primeira
aplicação. Se você entender isso, você poderá olhar para além do preço, para
além da volatilidade, para além do modismo. Na sua essência, bitcoin é uma
tecnologia revolucionária que mudará o mundo para sempre.
Obrigado.
22 Andreas M. Antonopoulos
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DINHEIRO PONTO A PONTO
Reinventar dinheiro na Universidade Erasmus; Roterdão, Países Baixos; Se-
tembro 2015
Muita gente me pede para falar sobre as últimas novidades no bitcoin, mas
o que eu realmente quero falar é sobre a História Antiga. Quero fornecer um
contexto histórico para o dinheiro e falar sobre por que o bitcoin é impor-
tante no contexto histórico.
Uma coisa que surpreende as pessoas é que o dinheiro é mais antigo que a
escrita. Nós sabemos disto, porque quando olhamos para as descobertas ar-
queológicas da escrita, encontramos hieróglifos e encontramos cuneiformes.
Quando olhamos para essas antigas formas de escrita, adivinhem sobre o
que estavam escrevendo. Dinheiro. Eles escreviam livros contábeis. Toda a
escrita antiga que encontramos, as primeiras formas de escrita, são livros
contábeis. Eles escreviam sobre dinheiro. Porque o dinheiro é mais velho do
que a escrita.
O dinheiro é mais antigo do que a roda? Não sei, mas sabemos que as rodas
já foram usadas como dinheiro. Talvez a primeira roda tenha sido vendida
por dinheiro ou tenha sido usada como uma forma de dinheiro em si. Os
sítios arqueológicos que retornam à Idade da Pedra revelaram a presença de
dinheiro sob a forma de conchas, penas e contas.
A Internet do Dinheiro 23
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Na realidade, podemos ensinar aos primatas como usar o dinheiro. Há vários
estudos nos quais os chimpanzés são ensinados como usar dinheiro. Eles são
ensinados que um tipo específico de pedra pode ser trocado por bananas.
Pesquisadores então observam os macacos para ver o que eles farão com
essa nova informação. Então, eles rapidamente inventam o assalto à mão ar-
mada. Eles descobrem que, ao bater em outro macaco e pegar suas pedras,
podem trocá-las por bananas. Surpreendentemente, uma segunda coisa que
eles inventam é a prostituição. Descobrem que os favores sexuais podem ser
trocados por pedras, que então podem ser trocadas por bananas. O que isso
nos diz sobre a natureza do dinheiro?
24 Andreas M. Antonopoulos
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- uma pena, uma pérola, uma corda com nós, alguma coisa colorida que pu-
desse ser usada para fins estéticos. Foi quando dinheiro assumiu uma for-
ma abstrata. O primeiro grande momento de transformação tecnológica
para o dinheiro foi quando o dinheiro deixou de ser usado para o consumo
tangível de valor intrínseco, tornando-se algo que se referia ao valor, como
uma abstração.
“O primeiro grande momento de transformação tecnológica para o dinheiro foi quando
o dinheiro deixou de ser usado para o consumo tangível de valor intrínseco, tornando-se
algo que se referia ao valor, como uma abstração. Uma das formas mais populares dessas
abstrações foi usar metais preciosos para expressar o valor."
Uma das formas mais populares dessa abstração foi usar metais preciosos
para expressar o valor. Metais preciosos combinam algumas das característi-
cas mais importantes do dinheiro: difícil de encontrar (escasso); facilmente
transportáveis (pelo menos quando comparado a uma pedra gigante ou um
barril inteiro de plumas); fácil de dividir (você pode cortar uma moeda de
ouro em pedaços e subdividir as peças); e universalmente ser valorizado para
fins estéticos. Essa é a segunda grande transformação na tecnologia do di-
nheiro. Foram necessários centenas de milhares de anos antes de vermos a
introdução de metais preciosos. Historicamente, começamos a ver metais
preciosos no início das civilizações agrárias na região do Crescente Fértil no
Oriente Médio. Os babilônios, os egípcios e os gregos desenvolveram esses
metais preciosos.
Com cada evolução tecnológica do dinheiro, há ceticismo. Mas acho que este
pode ser o momento de maior ceticismo na civilização humana. Para mui-
tas pessoas, essa nova invenção do dinheiro como papel era algo controver-
so. Você acha que as pessoas estão enlouquecendo com o bitcoin? Imagine
o quanto elas se assustaram quando lhes disseram que, agora, em vez de
negociar ouro, elas trocariam pedaços de papel. Para muita gente, isso era
impensável. Quero dizer, afinal de contas, claramente que para muitos, este
papel não tinha qualquer valor real. Demorou cerca de 400 anos para que o
papel, como dinheiro, fosse aceito amplamente. Foi uma grande aberração.
"Você acha que as pessoas estão enlouquecendo com o bitcoin? Imagine o quanto elas
se assustaram quando lhes disseram que, agora, em vez de negociar ouro, elas trocariam
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pedaços de papel.”
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fundamentais. Essa transformação é uma grande "era" centrada em redes.
• Arquitetura p2p
Nós dizemos que o bitcoin é um dinheiro ponto a ponto. O que isso signifi-
ca? Refere-se a uma arquitetura usada em termos de ciência da computação
ou rede ou sistemas distribuídos, usados para descrever uma relação entre
os participantes em um sistema. A arquitetura do bitcoin é ponto a ponto
porque cada participante na rede usa o protocolo bitcoin em um nível igual.
Não há nenhum nó bitcoin especial; todos os nós são iguais.
Ponto a ponto significa que quando você envia uma transação para a rede,
cada ponto a trata da mesma maneira. Não existe um contexto dentro de
um sistema de ponto a ponto além do que é recebido da rede. Uma questão
interessante em sistemas distribuídos é essa questão de contexto e estado.
Se você logar no Facebook e tiver uma conta do Facebook, você não está usan-
do um protocolo. Todo o estado é controlado pelo Facebook. Você tem uma
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sessão de login e todos os dados são mantidos por eles. Nós chamamos isso
de arquitetura cliente-servidor. Bitcoin é diferente por que é ponto a ponto,
como e-mail ou TCP/IP.
• Arquitetura cliente-servidor
Nós somos relutantes quanto a discutir sobre dinheiro. De fato, é chocante
saber que em muitos países, dinheiro não faz parte do sistema de educação.
Crianças de 5 anos fazem grandes perguntas sobre dinheiro. A maioria dos
pais acha quase impossível responder a essas perguntas. "O que é dinheiro,
mamãe? Como funciona o dinheiro? Por que não temos mais dele? Por que
todos não podem ter mais dele?". Você não fala pra ela: "Suzy, vá pro seu
quarto estudar inflação, como uma boa garota, e não saia de lá até saber
responder a todas essas questões!".
Eu acho que a arquitetura tem algo a ver com isso. Antes do bitcoin, nas
primeiras versões do dinheiro -- quando começou a ser emitido a troco de
metais preciosos guardados em um cofre --, o que ele representava era uma
forma de débito. Esse é um conceito importante para compreender, pois dá
cores à nossa discussão.
"Antes do bitcoin, nas primeiras versões do dinheiro -- quando começou a ser emitido a troco de
metais preciosos guardados em um cofre --, o que ele representava era uma forma de débito."
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tem absolutamente nenhum controle sobre ele. Você não tem nem qualquer
interação básica com esse dinheiro, a menos que seja mediada pelo servidor.
É o que faz uma arquitetura cliente-servidor.
• Arquitetura mestre-escravo
Temos outro termo em sistemas distribuídos que descreve uma forma espe-
cífica de arquitetura cliente-servidor, onde a entidade secundária tem ape-
nas uma cópia parcial que não é realmente significativa. Chamamos a isso
de uma arquitetura de mestre-escravo. Se você pensa no uso anterior do di-
nheiro como uma arquitetura de mestre-escravo, você tem que fazer uma per-
gunta desconfortável: quem é o escravo? Porque em um sistema de dívida,
uma das duas partes é sempre o escravo.
Hoje, se você vai para um caixa eletrônico e insere o seu cartão, o banco pode
decidir se lhe dará o seu dinheiro. Um dia — como o povo de Chipre, Grécia,
Venezuela, Argentina, Bolívia, Brasil e uma lista de centenas de países ao
longo das últimas décadas e mesmo séculos descobriram —, você vai ao ban-
co e o banco não quer dar-lhe o dinheiro, porque não são obrigados. Essa é a
essência de uma relação mestre-escravo.
"Bitcoin é fundamentalmente diferente porque, em bitcoin, você não deve nada a ninguém e
ninguém deve nada a você. Não é um sistema baseado em dívida."
A Internet do Dinheiro 29
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Bitcoin, uma transformação fundamental de dinheiro
Bitcoin representa uma transformação fundamental de dinheiro. Uma in-
venção que muda a tecnologia mais antiga que temos na civilização. Alteran-
do-o radicalmente e disruptivamente ao mudar a arquitetura fundamental
para uma onde cada participante é igual. Onde as transações não têm ne-
nhum estado ou contexto, a não ser obediência das regras de consenso da
rede que ninguém controla. Onde seu dinheiro é seu. Você o controla abso-
lutamente através do uso de assinaturas digitais e ninguém pode censurá-lo,
ninguém pode capturá-lo, ninguém pode congelá-lo. Ninguém pode lhe dizer
o que fazer ou não fazer com seu dinheiro.
Obrigado.
30 Andreas M. Antonopoulos
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PRIVACIDADE, IDENTIDADE,
VIGILÂNCIA E DINHEIRO
Barcelona, Bitcoin Reunião no FabLab; Barcelona, Espanha; Março 2016
Porque uma vez que elas se estabelecem, o poder se acumula, elas se tornam
centralizadas e, com poder centralizado, a corrupção ocorre. Esse não é um
conceito novo. Meus antepassados - venho da Grécia - descobriram que a cor-
rupção ocorre em sistemas de poder. E o poder absoluto produz corrupção
absoluta. Não há mais poder absoluto do que o poder sobre o dinheiro.
"A cada 30 ou 40 anos pelo menos, as coisas que se estabeleceram precisam ser disruptadas.
Porque uma vez que elas se estabelecem, o poder se acumula, elas se tornam centralizadas
e, com poder centralizado, a corrupção ocorre. Não há poder mais absoluto do que o poder
sobre o dinheiro. "
A Internet do Dinheiro 31
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Vivemos em um mundo onde o banco foi inventado como um grande liber-
tador. Foi uma invenção que transferiu as finanças dos reinos dos reis, para o
domínio das pessoas comuns.
Trabalhei com muitos banqueiros. São pessoas legais. Eles tentam alimentar
a família, pagar sua hipoteca, manter seu emprego estável. Entre eles, existem
alguns sociopatas que inevitavelmente se elevam às mais altas posições de
poder, porque a sociopatia é uma vantagem em sistemas hierárquicos. Mas a
maioria dos problemas com a concentração tradicional de poder no dinheiro
não tem nada a ver com as pessoas serem malignas. Isso tem a ver com o fato,
de que essas instituições, através de sua forma, através de sua arquitetura,
produzem resultados que não são bons. Eles produzem resultados que não
são igualitários. Eles produzem resultados que são restritivos. Eles começam
a expressar o nativismo, o nacionalismo, o tribalismo, a estrutura de classes e
todas essas coisas fazem do mundo um lugar menor.
A razão pela qual está diminuindo é que essas estruturas isoladas de fi-
nanças, em sua própria arquitetura, levantam paredes: fronteiras nacionais,
estruturas de classes e diferenças em como seu dinheiro e seu comércio são
tratados. Vivemos em um mundo cada vez mais global e interligado. Existe
até uma cultura global emergente através da internet. E, ainda assim, nossos
sistemas financeiros são paroquiais, insulares e separados.
32 Andreas M. Antonopoulos
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"Vivemos em um mundo cada vez mais global e interligado, e ainda assim, nossos sistemas
financeiros são paroquiais, insulares e separados."
Se você está olhando para uma perspectiva de rede, existem sistemas de di-
nheiro para transmissão de pequenas quantidades e sistemas de dinheiro
para transmissão de grandes quantidades. Sistemas de dinheiro para paga-
mentos de consumidores, sistemas de dinheiro para pagamentos de empresa
a empresa. Todos eles são separados geograficamente com base em fron-
teiras, jurisdições legais, estados-nação. O que essa estrutura produz é uma
separação. Isso significa que, como pessoas, somos cada vez menos livres
para negociar com o resto do mundo. A geopolítica está afetando as finanças
de uma forma séria porque a combinação de estado e dinheiro produz resul-
tados tóxicos.
Pense nisso como um banco por computador. Da mesma forma que a im-
pressão pelo computador, as publicações por computador, e os websites mu-
daram a comunicação, o banco por computador - bancos controlados indi-
vidualmente com todo o poder do maior banco do mundo - criará disrupção.
Imagine um mundo onde cada pessoa tem uma habilidade não apenas para
executar transações, mas também para criar instrumentos e sistemas finan-
ceiros complexos sem pedir permissão a ninguém. Simplesmente conectan-
do-se à rede, qualquer um pode iniciar uma nova aplicação. Sistemas cen-
tralizados não podem fazer isso.
A Internet do Dinheiro 33
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tralizado, você pode criar um novo aplicativo, mas você deve primeiro pedir
permissão. E então, a permissão só é concedida se o seu uso puder aplicar-se
a uma população muito grande e ser lucrativa.
34 Andreas M. Antonopoulos
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Dinheiro centrado em rede
A partir da década de 1970, vimos o mundo começar a adotar moedas digi-
tais. Quando as pessoas chamam o bitcoin de uma "moeda digital", eles estão
perdendo o ponto. O euro é uma moeda digital, o dólar é uma moeda digital.
Menos de 8% dessas moedas existem em forma física; o resto é bits e regis-
tros em livros contábeis. Mas a diferença fundamental é que esses livros são
controlados pelas organizações centralizadas, enquanto no bitcoin, não são.
Bitcoin possui uma rede descentralizada, uma rede aberta.
"Bitcoin não é uma moeda digital. É uma criptomoeda. É um dinheiro centrado em rede."
A Internet do Dinheiro 35
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• Censura de transações financeiras
Como membro da elite privilegiada do mundo desenvolvido, tenho a habili-
dade de abrir uma conta de corretagem em 24 horas, eletronicamente. E den-
tro de 24 horas, posso negociar em ienes no mercado de ações de Tóquio. Eu
posso enviar e receber dinheiro em qualquer lugar do mundo sem realmente
nenhum limite. Tudo o que tenho a fazer é sacrificar minha privacidade e
minha liberdade.
Porque enquanto eu posso fazer todas essas coisas e elas são muito poderosas,
existem algumas coisas que não posso fazer. Não estou falando sobre comprar
drogas. Não é assim tão interessante. O que estou falando são coisas simples,
por exemplo, doar para uma organização ativista como o WikiLeaks. Alguns
anos atrás, o WikiLeaks foi completamente excluído do sistema financeiro
mundial simplesmente pela pressão extrajudicial aplicada nos poucos e prin-
cipais fornecedores de pagamento: a Visa, a MasterCard, o sistema de trans-
ferência bancária, o PayPal, etc. Sem qualquer processo legal, sem qualquer
condenação e talvez, na minha opinião, sem qualquer crime, além de revelar a
verdade do crime, WikiLeaks foi cortado do sistema financeiro do mundo. Isso
está acontecendo agora não apenas nas associações ativistas; está acontecen-
do com países inteiros.
36 Andreas M. Antonopoulos
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indivíduos de não serem supervisionados. O sigilo é um poder de uma mi-
noria, para escapar da prestação de contas e para fugir às responsabilidades,
para não ter transparência.
Vivemos em um mundo onde cada transação individual que você faz através
do sistema financeiro é catalogada, analisada e transmitida para serviços de
inteligência em todo o mundo que colaboram, e ainda assim não temos ideia
do que nossos governos fazem com o dinheiro. Os sistemas financeiros dos
poderosos são completamente opacos. Nossas transações são totalmente
visíveis através desse novo sistema de vigilância. Este mundo está de cabeça
para baixo. Bitcoin dá esse direito.
A Internet do Dinheiro 37
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Bancos para todos
A habilidade de transacionar através das fronteiras significa que nós agora
seremos capazes de estender os serviços financeiros para bilhões de pessoas
que não possuem acesso. Não necessariamente através de uma tecnologia
complicada. Às vezes eu falo com vários bancos regionais, aqueles que não
têm medo de bitcoin. Dizem-me coisas como 80% da nossa população está a
quilômetros de distância de uma agência bancária e não podemos servi-los.
Em um caso, eles disseram que eram quilômetros de canoa. Vou deixar você
adivinhar em qual país. No entanto, mesmo nos lugares mais remotos na Ter-
ra, agora há uma torre de celular. Mesmo nos lugares mais pobres da Terra,
muitas vezes vemos um pequeno painel solar em uma pequena cabana que
alimenta um telefone Nokia 1000, o dispositivo mais produzido na história
da fabricação, com bilhões deles espalhados. Podemos transformar cada um
desses, não numa conta bancária, mas num banco.
"Não tenho uma conta bancária suíça no meu bolso. Tenho um banco suíço.”
38 Andreas M. Antonopoulos
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mente tende a sobreviver". Eu chamo de bitcoin "a internet do dinheiro", mas
talvez devêssemos chamá-lo de "o zumbi das moedas". É a moeda que é um
morto-vivo.
"Eu chamo de bitcoin 'a internet dinheiro', mas talvez devêssemos chamá-lo 'o zumbi das moe-
das'. É uma moeda que é um morto-vivo."
A questão aqui é que agora estamos criando um sistema que ameaça a maior
indústria do mundo, a indústria financeira. Eles vão se opor. Eles vão tentar
impedir o avanço, e eles vão usar a tática emocional mais comum e efetiva
que existe, que é o medo. Eles vão tratá-lo de tal forma, como se você fosse
um idiota e vão tentar convencê-lo de que é algo a ser temido. Quando as
pessoas ouvem essa mensagem e, talvez, no dia seguinte, vêm a uma dessas
reuniões aqui e conhecem um dentista que possui bitcoin, um arquiteto que
possui bitcoin ou um motorista de táxi que usa bitcoin para enviar dinheiro
para a família - pessoas normais que usam bitcoin, que lhes dá poder finan-
ceiro e liberdade financeira –, cada vez que uma mensagem é quebrada pela
dissonância cognitiva, o bitcoin sai ganhando. Tudo o que o bitcoin real-
mente tem que fazer é sobreviver. Até agora, está indo muito bem.
Moedas evoluem
No novo mundo centrado em rede, moedas ocupam nichos evolutivos. Eles
evoluem, como espécie, com base no estímulo que eles têm do seu ambi-
ente. O bitcoin é um sistema dinâmico com desenvolvedores de software,
que podem mudá-lo. A questão é, em qual direção o bitcoin evoluirá? Em
qual nicho ambiental ele se encaixará? E como isso é afetado pelas ações dos
poderosos? Se eles atacarem o bitcoin, ele evoluirá para se defender contra
os predadores, assim como qualquer espécie.
A Internet do Dinheiro 39
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se mais resistente."
40 Andreas M. Antonopoulos
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Bitcoin é muito mais do que uma moeda. Quando digo que o bitcoin é "a
internet do dinheiro", a ênfase não está em "dinheiro", a ênfase está em "inter-
net". Bem-vindo ao futuro do dinheiro.
Obrigado.
A Internet do Dinheiro 41
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INOVADORES, DISRUPTORES,
DESENCAIXADOS E BITCOIN
Maker Faire; Henry Ford Museum, Detroit Michigan; Julho de 2014
Bom dia! Nossa, que vídeo engraçado, não? Há cerca de um mês, eu vendi
meu carro para comprar bitcoin. Foi uma experiência interessante, um novo
mundo. Quantos aqui têm bitcoin? Daqueles que não têm, quais de vocês já
ouviram falar de bitcoin? 95% do público já ouviu falar de bitcoin. Alguém
nunca ouviu falar de bitcoin? Okey, ótimo, isso vai ser muito mais fácil do
que pensei.
Reconhecendo a inovação
O bitcoin é o dinheiro digital da internet, mas é muito mais do que isso. Para
este público em particular e para as pessoas que estão aqui no Maker Faire,
quero falar sobre bitcoin na perspectiva dos desencaixados, dos esquisitos,
dos anormais. As pessoas que se recusam a pensar da forma que todos os
outros pensam. As pessoas que veem uma tecnologia elegante com metade
do trabalho em andamento, e não veem o trabalho pela metade; elas veem o
lado elegante. Elas reconhecem a inovação. E elas reconhecem inovação, não
apenas alguns meses ou alguns anos antes dos outros, mas às vezes uma dé-
cada antes. Esses são os tipos de pessoas que vêm para Maker Faire. E então
é um ótimo lugar para começar a falar sobre bitcoin.
42 Andreas M. Antonopoulos
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mudar tudo", e ser zoado por todos na sala. Então, seguir em frente e con-
tinuar, até, de fato, mudar tudo. Isso acontece em tecnologia o tempo todo.
Nós só esquecemos isso. Nós ignoramos. Nós reescrevemos a história em
termos brilhantes.
Essa histeria ficou tão séria que, em 1865, no Reino Unido, aprovaram uma lei
chamada a Lei da Bandeira Vermelha. A Lei da Bandeira Vermelha instituía
que para operar um veículo seriam necessários três tripulantes na equipe:
um motorista, um engenheiro e um sinalizador. O motorista iria conduzir o
veículo, o engenheiro iria supervisionar essa operação (pense em ferrovias)
e o sinalizador carregaria uma bandeira vermelha e andaria 100 metros à
frente do carro para avisar os pedestres da chegada iminente de uma máqui-
na mortífera infernal que iria cortá-los ao meio.
O que você não viu neste vídeo é que, até então, eles estavam vencendo.
Os primeiros carros realmente funcionais foram construídos na Inglaterra.
A Internet do Dinheiro 43
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Eles já haviam vencido a corrida na Revolução Industrial, com o motor a
vapor. Naquela época, a Inglaterra era uma potência na inovação industrial.
Estavam ganhando, até que eles decidiram que aquela máquina suja deveria
ser confinada a um espaço muito limitado e cercada de regras. Eles mataram
o ganso. Sem mais ovos de ouro para eles.
“Os primeiros carros realmente funcionais foram construídos na Inglaterra... Naquela épo-
ca, a Inglaterra era uma potência na inovação industrial. Estavam ganhando, até que eles
decidiram que aquela máquina suja deveria ser confinada a um espaço muito limitado e
cercada de regras.”
Claro, você realmente não poderia usar eletricidade porque seria necessária
uma revisão completa de sua casa. Você teria que colocar fios em sua casa,
que poderiam pegar fogo. Você teria que comprar dispositivos especiais para
se conectar a esses fios, antes de sua casa pegar fogo. Só os ricos poderiam
pagar. Claramente, essa tecnologia foi apenas uma moda entre ricos. Era só
um brinquedo com nenhum valor prático.
Você pode adivinhar o que as pessoas estão dizendo sobre o bitcoin? Estão
dizendo que é uma tecnologia estranha e complicada. Uma tecnologia que
atende aos desencaixados, traficantes, degenerados, pornógrafos, terroristas,
ladrões, vigaristas. Não vejo nenhuma dessas pessoas nesta sala..., mas é me-
lhor tomarmos cuidado, no caso de elas aparecerem.
Claro, eles estão errados. Bitcoin não é nenhuma dessas coisas. Bitcoin é ape-
44 Andreas M. Antonopoulos
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nas uma tecnologia. Muitas vezes, o primeiro uso que uma tecnologia encon-
tra é nas mãos de criminosos. Os primeiros carros foram usados como veícu-
los de fuga. Os primeiros telefones foram usados para tramar conspiração.
Os primeiros telegramas foram usados para enviar postais de longa distân-
cia contendo esquemas de fraude e esquemas de Ponzi. As primeiras formas
de eletricidade foram usadas para executar fraudes médicas e enganar as
pessoas. Essas coisas sempre acontecem com uma nova tecnologia, e elas
acontecem com bitcoin também.
“Bitcoin é apenas uma tecnologia. Muitas vezes, o primeiro uso que uma tecnologia encon-
tra é nas mãos de criminosos. Os primeiros carros foram usados como veículos de fuga. Os
criminosos utilizam a mais avançada tecnologia porque eles operam em um ambiente com
margens de lucro muito altas e de muito alto risco."
Por que acha que os criminosos usam a tecnologia dessa forma? Poderíamos
ser moralistas e olhar para as razões reais. Os criminosos utilizam a mais
avançada tecnologia porque eles operam em um ambiente com margens de
lucro muito altas e de muito alto risco. Nesse ambiente, a concorrência é
feroz. Usar uma tecnologia nova, se você já está correndo enormes riscos,
não significa grande coisa. E se você ganhar, isso lhe dá uma vantagem
enorme. Ao longo da história, as tecnologias mais incríveis foram adotadas
por criminosos primeiro. Acho que não é necessariamente o que queremos
dizer no plano de marketing do bitcoin, mas é interessante olhar para o que
os criminosos fazem e como isso acaba sendo tecnologia mainstream uma
década mais tarde. Há uma certa dinâmica aí.
Hoje vou falar sobre o bitcoin enquanto tecnologia porque está acontecendo
algo muito emocionante. Algo vai abalar nosso sistema financeiro e bancário
como os carros fizeram com a indústria do cavalo, como o petróleo fez com a
indústria baleeira, tanto quanto a eletricidade abalou a indústria de madeira
e lenha. Bancos estão prestes a sofrer disrupção. Sem dúvida, isso já está
acontecendo. Na verdade, quando eles descobrirem como esta destruição é
séria, o jogo já terá acabado. Isso é geralmente o caso.
A Internet do Dinheiro 45
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gia disruptiva, elas ignoram-na porque não pensam ser possível se tratar de
uma ameaça. Na perspectiva dos detentores do poder, dos galhos mais altos
de uma empresa monopolista estabelecida, essas ameaças parecem crianças
brincando. Para o JPMorgan Chase, bitcoin é como uma barraca de limonada
tentando quebrar a Walmart. Se a tecnologia continua a existir, então eles
vão para a próxima fase, quando começam a zombar da tecnologia. De re-
pente eles a veem por toda parte e eles começam a fazer piadas. Então, assim
como com o automóvel, as primeiras pessoas que compraram carros foram
ridicularizadas. Eles eram retratados sempre de joelhos com uma chave in-
glesa, tentando consertar sua máquina que tinha quebrado novamente. Era a
imagem de um proprietário de automóvel nos primeiros anos.
A essa altura, é tarde demais. A essa altura, eles são Kodak: indo de número
um do mundo para, no prazo de três anos, perder uma indústria de US$ 12
bilhões para uma empresa da qual nunca tinham ouvido falar antes. Uma
empresa que nem mesmo fazia câmeras. Você sabe quem destruiu a Kodak?
Uma pequena empresa finlandesa que nunca tinham ouvido falar chamada
Nokia. Uma empresa que não fabrica câmeras — até que eles fizeram. Den-
tro de três anos, eles fizeram meio bilhão de câmeras e destruíram a Kodak.
Tower Records dominaram a indústria da música. Dentro de quatro anos,
desapareceram. Por que? Porque o MP3 deu escolha às pessoas.
46 Andreas M. Antonopoulos
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cabeçou a lista de falidos, HP foi comprada, seu setor de computação foi
fechado e a IBM deu o fora da indústria de computadores pessoais.
Agora, 80 por cento dos celulares no planeta rodam o sistema Android -- que
a propósito é Linux. Os servidores se conectaram para rodar Linux. Os ban-
cos que usamos rodam Linux. Os sistemas de entretenimento que usamos
rodam linux. Os carros que dirigimos rodam Linux. Você poderá perceber
se eles pararam de rodar Linux: a telinha azul que o cumprimenta dirá “Blá.
Desculpe. Falha. Escolha errada de sistema operacional". Imagine que você
está num avião. O sistema de entretenimento que inicia roda Linux. Se você
dissesse, 15 anos atrás, para um engenheiro da IBM "Vocês estão prestes a
ser destruídos por um sistema operacional construído por um estudante fin-
landês em seu dormitório", ele provavelmente riria de você.
“Se você dissesse, 15 anos atrás, para um engenheiro da IBM "Vocês estão prestes a ser
destruídos por um sistema operacional construído por um estudante finlandês em seu dor-
mitório", ele provavelmente riria de você.”
A Internet do Dinheiro 47
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e fazer o que quiser. Claro, em 2008 descobrimos que esses seres malicio-
sos na verdade comandavam os bancos. E eles assumiram o controle. Eles
destruíram milhões de proprietários de imóveis, aposentados e poupadores
pelo mundo com sua ganância.
"Bitcoin é diferente porque não depende de controle de acesso para permanecer seguro. De-
pende de uma simples fórmula matemática de incentivos e recompensas."
48 Andreas M. Antonopoulos
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é uma aplicação que roda na rede bitcoin. Bitcoin é a internet do dinheiro
e moeda é apenas a primeira aplicação. Hoje, existem milhares de empre-
sas criando a próxima aplicação. Essas empresas empregam dezenas de mi-
lhares de pessoas na mais vibrante indústria que nós temos visto nas duas
últimas décadas. Em 2014, startups de bitcoin receberão mais de 250 milhões
de dólares em investimentos. Isso é notável porque é um crescimento mais
rápido que a taxa de investimentos na internet em 1995. Nós estamos à frente
da curva. Bitcoin está crescendo mais rápido que o Twitter nos seus primeiros
três anos. Bitcoin está crescendo mais rápido que o Facebook nos seus pri-
meiros anos. A razão para isso é que cada um dos desajustados, estranhos,
esquisitões ou programadores de qualquer lugar do mundo pode se conectar
ao bitcoin sem pedir permissão a ninguém, levar a cabo sua ideia desajustada
e criar um novo serviço financeiro. Uma nova aplicação bancária. Um novo
aplicativo de compras. Um novo aplicativo para escrow. E isso é exatamente
o que as pessoas estão fazendo. Elas estão construindo coisas inovadoras,
novas, e brilhantes. Coisas que nunca vimos no mundo bancário antes. Cois-
as que nunca passariam nas reuniões de planejamento do seu banco, porque
seriam derrubadas.
"Quando você tem estes dois ambientes funcionando lado a lado -- o ambiente bancário,
onde tudo requer permissão e o mais certo é que não seja concedida, e um sistema que é
completamente aberto, onde inovações acontecem nas periferias sem permissão --, adivinha
qual vence. Adivinha onde todas as coisas interessantes acontecem.”
A Internet do Dinheiro 49
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Então, eles inovaram de muitas maneiras para enrolar seus clientes.
Em bitcoin ninguém está fazendo esse tipo de inovação. A razão por que esse
tipo de inovação não é feita é que em bitcoin não se pode forçar alguém a
usar uma aplicação. Se você é cliente de um grande banco, trata-se da rede
deles, da política deles, você estará usando o cartão de débito deles, jogando
as regras deles, e se você não gosta disso, você pode ir para outro banco e
descobrirá que todos são iguais. Bitcoin é um sistema optativo. Você escolhe
usá-lo. Você escolhe os aplicativos que vai rodar. Você escolhe com que vai
interagir. Você escolhe as regras do jogo com o qual vai interagir. Se você
não gosta de uma aplicação, não a usa. Se você ama uma aplicação, você faz
download e fala a todos os seus amigos sobre ela. É por isso que bitcoin vai
vencer. Pois entrega as inovações que os consumidores querem e precisam.
Existem ao todo 2 bilhões de pessoas que não têm quaisquer contas bancárias.
Existem outras 4 bilhões de pessoas com acesso muito limitado a serviços
bancários. Serviços bancários sem moedas internacionais, sem mercado in-
ternacional, sem liquidez. Bitcoin não é para o um bilhão. Bitcoin é para todos
os outros 6 e 1/2 bilhões. As pessoas que atualmente são ignoradas pelos
bancos internacionais. O que você acha que acontece quando você, de re-
pente, transforma um simples telefone com mensagens de texto, ligado a um
painel solar numa área rural da Nigéria, em um terminal bancário? Em um
terminal de remessas da Western Union? Em um sistema internacional de
originação de empréstimos? Um mercado de ações? Um impulsionador de
IPO? No início, nada, mas espere alguns anos.
50 Andreas M. Antonopoulos
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um pequeno painel solar no topo da cabana de barro, que não serve para
gerar luz, mas para recarregar um telefone celular Nokia 1000. Esse aparelho
informa sobre a previsão do tempo, os preços dos grãos no mercado e conec-
ta as pessoas ao mundo. O que acontece se esse telefone se torna um banco?
Porque com bitcoin, isso é possível. O que acontece se você conecta 6,5 bi-
lhões de pessoas a uma economia global sem quaisquer barreiras de acesso?
"O que acontece se você conecta 6 1/2 bilhões de pessoas a uma economia global sem quais-
quer barreiras de acesso?"
Todos os dias, um imigrante de algum lugar recebe seu salário e fica em fila
para transferir 50% de seu pagamento para seu país de origem a fim de ali-
mentar sua família extendida. Aqui nos EUA, 60 milhões de pessoas não têm
contas bancárias, mas ainda assim elas recebem seu pagamento e enviam
para fora. No total, em todo o mundo, são enviados 550 bilhões de dólares em
remessas de países de primeiro mundo. Grande parte desse dinheiro é envia-
do principalmente para cinco destinos: México, Índia, Filipinas, Indonésia
e China. Em alguns desses lugares, as remessas representam mais de 40%
da economia local. Sentada sobre esses 550 bilhões estão empresas como a
Western Union, que tomam em média 9% de cada uma dessas transações dos
bolsos das pessoas mais pobres do mundo.
"Imagine o que acontecerá quando um dia um desses imigrantes descobrir que eles podem
enviar dinheiro de volta para seu país de origem em bitcoin. Não a uma taxa de 15%, nem 10%
ou 5%, mas por 5 centavos." Não uma porcentagem; uma taxa fixa.
A Internet do Dinheiro 51
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bitcoin como um serviço internacional de transferência de valores.
Obrigado.
52 Andreas M. Antonopoulos
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REDES BURRAS, INOVAÇÃO E
O FESTIVAL DOS "COMMONS”
O'Reilly Radar Summit; São Francisco, California; Janeiro de 2015.
Hoje, quero falar sobre redes burras. Eu quero falar sobre redes inteligentes.
Eu quero falar sobre o valor do open-source quando encontra financiamento.
E eu quero falar sobre o festival dos “Commons".
"Bitcoin é uma moeda, uma rede, uma tecnologia. E você não pode separar essas coisas."
Bitcoin é uma moeda. Bitcoin é uma rede. Bitcoin é uma tecnologia. E você
não pode separar essas coisas. Uma rede que por consenso baseia o seu valor
em uma moeda não funciona sem a moeda. Você não pode fazer o blockchain
sem uma moeda valiosa por trás dele, e a moeda não funciona sem a rede.
Bitcoin é ambos. É a convergência de uma rede consensual e participativa e
de uma moeda global, sem fronteiras que é fungível, rápida e segura.
Hoje, quero falar um pouco sobre a rede bitcoin e focar em um conceito que
tem alguns paralelos com os primórdios da internet.
Bitcoin é simplesmente uma rede burra, e essa é uma das suas características
mais fortes e mais importantes. Quando você projeta redes, quando você ar-
quiteta o sistema de rede, uma das escolhas mais fundamentais é esta: você
A Internet do Dinheiro 53
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faz uma rede burra que ofereça suporte a dispositivos inteligentes, ou você
faz uma rede inteligente que oferece suporte a dispositivos burros?
Há uma pequena desvantagem das redes inteligentes. Elas têm que ser atu-
alizadas a partir do seu centro. E isso significa que a inovação ocorre no cen-
tro, por parte de um agente, e requer permissão. "Como resultado do projeto
de rede inteligente, inovação só acontece quando um recurso é necessário
para todos os usuários da rede, quando ele é atraente o suficiente para provo-
car a disrupção da função de toda a rede para atualizá-lo."
54 Andreas M. Antonopoulos
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Para rodar um aplicativo novo ou inovar em uma rede burra, tudo o que você
precisa fazer é adicionar a inovação no periférico. Porque uma rede burra
pode suportar dispositivos inteligentes, você não precisa mudar nada na
rede. Se você empurrar a inteligência para a periferia da rede, um aplicativo
que tem apenas cinco usuários pode ser instalado se aqueles cinco usuári-
os atualizarem seus dispositivos para essa implementação. A rede burra vai
transportar seus dados porque não sabe a diferença e não se importa.
A Internet do Dinheiro 55
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sobre bitcoin. Bitcoin é todas essas coisas porque não discrimina, é neutro,
não se importa, é burro.
“O sistema atual tem redes para grandes pagamentos, pequenos pagamentos ou pagamen-
tos rápidos, mas não tudo o que foi dito acima sobre bitcoin. Bitcoin é todas essas coisas
porque não discrimina, é neutro, não se importa, é burro.”
Bitcoin é um recurso comum cujo uso aumenta o valor desse recurso, sem ex-
cluir de ninguém. Se uma empresa cria um novo recurso que pode ser usado
em bitcoin sob uma licença open-source, esse recurso então pode ser usado
por todos no ecossistema. Isso significa que a inovação enriquece todos na
rede. Se uma empresa investe dinheiro no protocolo bitcoin, ela se benefi-
56 Andreas M. Antonopoulos
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cia, mas também todos os outros na rede. Quando eles apostam na esfera
bitcoin, eles beneficiam os investimentos de todos os outros neste espaço.
Então, isso retorna várias vezes. Você participa dessa sinergia maravilhosa
onde cada empresa que investe nesta incrível tecnologia a torna melhor para
todo mundo. Não é um princípio de exclusão; em vez de uma tragédia dos
"commons", temos um festival dos "commons". Algo que fica melhor quando
mais empresas o usam.
“Não é um princípio de exclusão; em vez de uma tragédia dos commons, temos um festival
dos "commons". Algo que fica melhor quando mais empresas o usam.”
Em 2014, durante o pior ano da bitcoin, 500 startups receberam 500 mi-
lhões de dólares em investimentos, gerando dezenas de milhares de em-
pregos, e nenhuma das inovações criadas geraram retorno, porque elas mal
começaram. Todos os incríveis avanços da tecnologia que vimos em 2014
cresceram a partir de invenções criadas em 2012. Agora, o que acontece
quando você joga 500 empresas e 10.000 desenvolvedores para resolver o
problema? Dê-nos dois anos, e veremos algumas coisas espantosas em bit-
coin. E essa é a vantagem do festival dos comuns.
Acelerando a inovação
Enquanto os jornalistas estão escrevendo mais um obituário para bitcoin,
vejo um ecossistema de possibilidades. Vejo um ecossistema que está geran-
do empregos em uma economia que está quase morta. Vejo um ecossistema
que tem algumas das pessoas mais inteligentes que já conheci criando as in-
ovações mais surpreendentes. E o mais incrível é que nós todos nos beneficia-
A Internet do Dinheiro 57
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mos com tudo isso. Realmente não estamos competindo uns contra os outros.
Estamos participando do Festival dos recursos comuns, e como resultado,
nós estamos vendo uma taxa de inovação que está acelerando. Já está a uma
velocidade vertiginosa, e está acelerando.
Não é possível parar isso. É por isso que eu estou tão animado em estar no
espaço bitcoin: uma rede burra que coloca toda a inteligência e inovação nas
periferias para que nós possamos inovar sem pedir permissão a ninguém, e
possamos participar deste festival incrível de recursos comuns.
Obrigado.
58 Andreas M. Antonopoulos
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INVERSÃO DE INFRAESTRUTURA
Encontro Bitcoin de Zurique, Zurique; Suiça; Março de 2016
Não somente é uma bagunça, como é uma oportunidade para os que apoiam
o sistema financeiro tradicional de dizer: "Viu, não funciona. É devagar. Isso
não funciona muito bem." Isso não é novidade. Este é um fenômeno que
acontece cada vez que você tem uma tecnologia que é disruptiva, nos seus
primeiros anos de adoção ela precisa ser carregada pela tecnologia que será
disruptada por ela.
"Cada vez que você tem uma nova tecnologia que é disruptiva, nos seus primeiros anos de
adoção ela precisa ser carregada pela tecnologia existente que será disruptada por ela."
Vamos dar uma olhada histórica em como essas coisas se desenrolam. Quan-
do você lê sobre uma tecnologia disruptiva 20, 30, 40 anos no futuro, é sem-
pre muito suave. É óbvio porque visto de agora tudo parece mais claro. Por
exemplo, automóveis foram uma grande invenção. E é claro que quando os
automóveis foram inventados todos disseram "Yay! Nós não precisamos mais
dos cavalos!" Correto? Não foi exatamente o que aconteceu. Em vez disso,
eles disseram "Isso é loucura. Essas máquinas barulhentas e desconfortáveis
irão provavelmente matar nós todos, elas nunca funcionarão. E por que al-
guém, além das estúpidas pessoas ricas brincando com seus brinquedos
barulhentos, irá querer que usemos essas máquinas horríveis quando nós
A Internet do Dinheiro 59
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temos cavalos perfeitamente bons?"
Isso é o que acontece realmente pela história quando são apresentadas tec-
nologias disruptivas. Você encontra resistência. Resistência é a primeira
reação. Os que têm sucesso são os que continuam - mesmo que o restante da
sociedade diga que são loucos - perseguindo uma ideia louca: automóveis,
eletricidade, internet, bitcoin. Esses loucos pioneiros, que foram caçoados
por todos os outros na sociedade por suas ideias loucas, persistiram até que
todos pudessem ver que o que estavam fazendo estava correto.
Há algumas coisas sobre cavalos que os carros não têm. Esses carros anti-
gos possuíam tração apenas nas rodas dianteiras. Então, apenas duas rodas
girando. Os cavalos são veículos de quatro patas de tração, o que lhes dá
muita flexibilidade. Eles também têm o equilíbrio. Você tinha uma estrada
que foi projetada para cavalos e não foi pavimentada. Algumas delas tinham
paralelepípedos, mas a grande maioria das estradas não era pavimentada.
Elas também não eram secas. Elas eram geralmente cobertas de lama e cocô
de cavalo (porque é isso que os cavalos fazem). Esse é o ambiente no qual
o automóvel teve que se impor na prática. Não começou com "Sim, ótimo,
inventamos um automóvel agora. Permitam-me demonstrar as suas capaci-
dades na autoestrada." Em vez disso, as pessoas ricas e loucas que estavam
experimentando essa tecnologia estavam dirigindo seus carros em estradas
com buracos profundos, onde os cavalos tinham passado. Em estradas não
projetadas para automóveis, na lama. O que aconteceu? Os carros ficavam
presos porque não tinham equilíbrio nem quatro patas.
Os críticos disseram: "Ah, nós avisamos que isso nunca iria funcionar. Olhem
para vocês. Você não consegue sequer sair da lama.”
Além disso, onde você vai pegar gasolina? Existe apenas um posto de gaso-
lina. O que acontece se você ficar sem gasolina antes de chegar lá? Significa
que se seu cavalo tiver fome, você poderá pelo menos andar mais algumas
milhas, mas se sua nova ideia maluca de carro ficar sem gasolina, aí acabou,
60 Andreas M. Antonopoulos
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você está preso. Você já estava preso por causa da lama, mas agora você está
realmente preso porque ficou sem gasolina. Isso nunca vai funcionar."
Isso é uma inversão de infraestrutura. Você começa com a nova tecnologia vi-
vendo na infraestrutura da velha e, então, ela muda. Você constrói infraestru-
tura e a velha infraestrutura também utiliza a infraestrutura projetada para
a nova tecnologia.
"Isso é uma inversão de infraestrutura. Você começa com a nova tecnologia vivendo na velha
infraestrutura e, então, uma substitui a outra."
A Internet do Dinheiro 61
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em uma casa? Em primeiro lugar, o único motivo para colocar eletricidade
na casa é porque você é uma dessas pessoas ricas e loucas. Provavelmente
uma das mesmas pessoas que comprou um automóvel. Agora você está ba-
sicamente colocando raios em suas paredes, o que certamente é uma ideia
maluca que resultará em sua casa queimando. Isso foi o que os jornais escre-
veram. Eles escreveram sobre todas as casas que incendiaram e como essas
pessoas malucas estavam colocando eletricidade em suas casas.
62 Andreas M. Antonopoulos
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fazê-lo mais eficientemente, em alguns casos, com a eletricidade. Mas agora,
você pode fazer coisas novas. Você pode fazer ventiladores, ar condiciona-
dos, pode fazer motores, misturadores e secadores de cabelo e, de um modo
geral, as casas não pegam fogo por causa da eletricidade com frequência.
Veja, a rede telefônica é projetada para fazer uma coisa e apenas uma coi-
sa. É altamente especializada, assim como a rede de gás, que entrega gás
para as casas, é projetada apenas para fornecer gás. Não água, eletricidade
ou óleo. Apenas gás, e é especializada. O sistema telefônico foi projetado
para fornecer apenas voz, e a voz humana é muito precisa. Nossa frequência
A Internet do Dinheiro 63
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principal é 1 kilohertz; ficamos perto desse intervalo, às vezes indo um pouco
acima e um pouco abaixo. Existem algumas poucas pessoas que podem ir
um pouco além de um alcance comum. Adolescentes podem alcançar fre-
quências que não consigo nem ouvir mais. Mas, devido ao uso especializa-
do da voz e às dificuldades de transmitir vozes, especialmente em grandes
distâncias, os engenheiros reduziram o alcance aceitável. Se você permitir
uma gama completa, você obtém voz, mas você também recebe ruídos estáti-
cos, interferências elétricas em altas frequências. Você também tem barulhos
estranhos, interferência elétrica de motores em frequências muito baixas. O
que acontece se sua linha telefônica tem ruídos estáticos e ruídos estranhos?
Você adiciona um filtro que corta as baixas e outro filtro que corta as altas.
Agora, a conexão é mais limpa, mas a voz humana começa a parecer mais
estranha porque está sendo comprimida.
64 Andreas M. Antonopoulos
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ciente para criar uma base de usuários. Isso nunca acontecerá." Exatamente
a mesma ideia.
Acontece que é muito difícil transferir dados através de uma linha de tele-
fone limitada projetada para voz, mas se você inverter a equação, colocar
a voz sobre uma conexão de dados, é insignificantemente fácil. Qual é a
diferença? Um é extremamente especializado. Já escolheu o aplicativo para
você. O aplicativo é voz; os dados são a exceção que você está tentando com-
primir. O outro é muito genérico. Os dados significam alguma coisa, e a voz é
apenas uma das aplicações realizadas confortavelmente.
Eles não tinham desligado. Eles ainda estavam lá. Não havia nada de estáti-
ca. Então, as empresas de telefonia inventaram a tecnologia mais brilhante
existente, que é a geração de ruído de conforto. Este é um dispositivo que
fica no outro extremo do seu telefone e parece ver se a conexão ainda está
aberta e, se estiver, sussurra estática em seu ouvido apenas para fazer você se
sentir tranquilo que a outra pessoa ainda está lá. Na verdade, ele gera ruído
A Internet do Dinheiro 65
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de alta frequência de propósito, artificialmente na sua ponta - ruído que não
está no sistema, apenas para que você não pense que a outra pessoa desligou.
Os bancos apontam para isso e dizem: "Não funciona. Olha, você tem que
seguir toda a regulamentação que nós temos de seguir. Você tem que fazer
toda a identificação que nós temos que fazer. Você tem que diminuir tudo até
a velocidade do sistema bancário tradicional. Isso nunca vai funcionar. Não
apenas isso, mas você não tem usuários suficientes para criar infraestrutura,
e você não possui infraestrutura suficiente para atrair novos usuários. Então,
isso claramente nunca vai funcionar.”.
66 Andreas M. Antonopoulos
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um blockchain global aberto, é trivial. Tudo o que você precisa fazer é usar
todas as suas capacidades e desacelerá-las. Por exemplo, eu posso criar
um aplicativo que faz sua transação de bitcoins e a liquida em três a cinco
dias úteis por um custo de 5 dólares. Eu implementei o sistema bancário
tradicional. É como uma geração de ruído de conforto.
“Nos próximos 15 a 20 anos, veremos uma grande inversão de infraestrutura acontecer nas
finanças."
Para aqueles dentre nós tão acostumados com o sistema bancário de uma
geração anterior que diz "Eu não gosto desse financiamento rápido. Me sin-
to desconfortável. Eu quero sentar na mesa da minha cozinha todos os do-
mingos e conferir meu talão de cheques e certificar-me de que nenhum dos
meus cheques tenha voltado. Eu não gosto dessa transferência eletrônica
instantânea global. Isso me assusta”, nós podemos desacelerá-lo.
Habilitar o futuro no seu sistema antigo é muito difícil. Enquanto você está
tentando fazer isso, todos estão apontando para o futuro e dizendo: "Olhe.
Isso não funciona.”. Uma vez que você reverteu a infraestrutura, a simulação
do passado na rede do futuro torna-se extremamente fácil.
"Uma vez que você reverteu a infraestrutura, a simulação do passado na rede do futuro tor-
na-se extremamente fácil.”
Agora nós fazemos parte dos estágios iniciais à medida que olhamos para o
futuro do dinheiro e os primeiros estágios da maior inversão de infraestrutu-
ra que o mundo já viu.
Obrigado.
A Internet do Dinheiro 67
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A MOEDA COMO UMA LINGUAGEM
Bitcoin Expo 2014 - Principal Palestrante; Toronto, Ontário, Canadá;
Abril de 2014
Isso será mais como uma palestra filosófica sobre o futuro das criptomoedas
e o que eu aprendi aqui neste evento. Este evento é chamado de Bitcoin Expo
2014. Ele poderia ter sido chamado de Bitcoin and Ethereum Expo 2014. Não
sei se você reparou, mas o Ethereum teve uma presença um tanto quanto
forte aqui. Surge uma pergunta interessante, na realidade um número sig-
nificante de pessoas me perguntou: "O Ethereum ameaça o futuro do bit-
coin? Ele rouba um pouco da sua força?". Essas são perguntas que eu ouvi
muitas vezes, ouvi também pessoas se referindo a essa questão ao tentar
entender as altcoins -- imaginando se as altcoins ameaçam a dominância
do bitcoin, se elas enfraquecem o bitcoin, se o valor da rede passa a ser de-
masiadamente distribuído.
Nascido na moeda
Eu venho pensando sobre esta questão por um bom tempo. Fundamental-
mente, é uma questão que evoca o velho paradigma das moedas. Todos
crescemos em um mundo onde as moedas são impostas a nós de forma
monopolista, onde as moedas são definidas estritamente pela localização
geográfica em que ocorrem, e onde a escolha da moeda não é sua. É um
acidente de nascimento, como muitas outras coisas em nossas vidas. Em
um acidente de nascimento, nasci em uma família de classe média alta na
Grécia, acompanhado de uma loteria de privilégios na minha vida. Eu tam-
bém adquiri o dracma. Eu não escolhi o dracma, assim como não escolhi
ser um homem branco, assim como não escolhi nascer em uma família de
pessoas instruídas. Essas coisas simplesmente aconteceram comigo.
"A moeda é um objeto da nação. Ela nos impõe uma certa restrição. Não escolhemos nossa
moeda; ela nos escolhe."
68 Andreas M. Antonopoulos
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nossos pensamentos.
Enquanto pensava sobre a evolução das altcoins, como são chamadas, eu per-
cebi que estava fazendo as perguntas erradas. Quantas moedas vão existir?
Quantas altcoins vão existir? De que forma as altcoins competirão no mundo
das criptomoedas enquanto caminhamos para o futuro? Haverá centenas de
altcoins? Se existirem centenas de altcoins, o que isso significará para o valor
de cada uma individualmente? Como elas competem? Essa é a forma errada
de pesar sobre essa questão. Eu via as moedas como um jogo de soma zero,
tal como tinha sido imposto sobre a minha visão de mundo pelas nações que
as criaram. Então, comecei a pensar a moeda como uma aplicação. Em segui-
da, passei a pensar a moeda como uma forma de expressão.
A Internet do Dinheiro 69
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• Inventando moedas no playground
Isso acontece nas sociedades humanas onde existem moedas formais ou não.
Se você não tem uma moeda com um rosto estampado nela, você a inven-
ta. Uma das coisas que realmente me cativou foi entender que se você tem
um ambiente de escola primária e observa as crianças em seu hábitat natu-
ral (um hábitat não muito natural na maioria das escolas), para as crianças
pequenas não existe moeda, e elas não entendem o conceito de moeda.
70 Andreas M. Antonopoulos
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surgimento do primeiro sistema descentralizado que eu conheci, a internet.
O que ele fez para a compreensão de informações, escassez de informação,
opinião e autoridade da opinião. O que ele fez para nós, como sociedade,
enquanto a internet emergia no cenário global.
Costumava haver um tempo em que, se você quisesse ler uma opinião con-
fiável, você comprava um pedaço de jornal de uma organização que tinha
uma impressora num prédio de três andares de altura e quatro campos de fu-
tebol de comprimento e tinha um nome realmente excelente, como The New
York Times. Aquela organização poderia comprar tinta por barril e, através
da propriedade dessa enorme fábrica, eles tinham o peso da autoridade. Nós
atribuímos autoridade a essas instituições, e usávamos essa autoridade para
decidir quais opiniões importavam ou não. Nós os usávamos como portado-
res de autoridade para nos dar orientação na compreensão da opinião.
A Internet do Dinheiro 71
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por quantas pessoas usam e pra que elas usam.
"Precisamos nos acostumar com um mundo onde devemos julgar a moeda não por quem a
emitiu, mas por quem a usa. Ou melhor, por quantas pessoas usam e pra que elas usam."
Para essas pessoas, não importa quem emitiu a moeda; o que importa é se
tem poder aquisitivo ou não. A moeda é agora avaliada puramente em sua
base monetária, por causa de sua adoção, por causa de seu uso. Existe uma
diferença fundamental entre essas duas moedas. Uma tem um suprimen-
to previsível, estável, algorítmico. A outra tem uma velha senhora branca
chamada Elizabeth nela. Então, na verdade, uma delas tem algum valor in-
trínseco porque removeu alguma incerteza do sistema monetário com ela. A
outra não necessariamente.
Nós precisamos nos preparar para viver em um mundo onde múltiplas moe-
das coexistam.
Como nós devemos operar em um mundo desse tipo? O que significaria ha-
ver competição entre moedas se existem milhões? O que seria se a escassez
digital realmente ocorresse, mas apenas em uma base local e somente no
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contexto de cada uma dessas moedas? Se a escassez não fosse derivada pelo
emitente, mas fosse derivada em termos de adoção e em termos do símbolo
em si?
"Moeda como meio de expressão, moeda como ferramenta de linguagem, não é mais sobre o
emitente. Cabe a nós como indivíduos fazer a escolha de usar aquela moeda, e nós daremos
valor a ela através do nosso uso."
Nós iremos ter moedas para diferentes usos. Portanto, você já tem o bit-
coin que provê um tipo muito específico de política monetária. Você tem
a Ethereum que pode prover uma plataforma de contratos. Existe a Name-
coin para convenções nominativas distribuídas. Existem muitas outras,
e irão existir muitas outras que irão resolver outros problemas: enovelar
proteínas, a busca por vida extraterrestre. Talvez nós tenhamos moedas que
serão melhores para microtransações e micropagamentos com uma res-
olução muito rápida. Talvez nós tenhamos moedas que são melhores para
grandes transações, como imóveis. Quem sabe. Se você pensa em moeda
como um aplicação, então você percebe que isso realmente não importa.
Na internet, o e-mail foi o vovô de todos eles. Ou vovó deles. E-mail, como
bitcoin, foi a aplicação matadora que nos permitiu ver o poder das comuni-
cações descentralizadas e adotar essa nova plataforma. Foi o suficiente para
criar utilidade para expandir a rede por todo o mundo, mas isso foi só a pri-
meiro aplicação. Depois, mensagens instantâneas, fóruns, quadros de bole-
tim, Facebook, Twitter. Você receia que o Twitter vá destruir o e-mail? Você
tem medo que o Facebook vá destruir as mensagens instantâneas? Você
teme que o valor do e-mail seja corroído de alguma maneira pela existência
do Twitter? Nós não nos preocupamos com essas coisas porque entendemos
que cada um serve a um propósito diferente. Alguns nos permitem expressar
uma modalidade de comunicação instantânea e em tempo real. Alguns nos
permitem uma comunicação assimétrica, onde usando o Twitter posso me
dirigir a um público de milhares de pessoas e receber feedback em tempo
real sem precisar de ter uma comunicação bidirecional e síncrona. Alguns,
como o e-mail, nos permitem ter uma comunicação mais assíncrona, de lon-
go prazo, entre as pessoas.
A Internet do Dinheiro 73
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interface unificada.
"O que fazemos é construir interfaces, construímos abstrações, criamos ferramentas unifica-
doras que nos permitem usar todas essas modalidades a partir de uma única interface e nos
mover fluidamente de uma para outra".
Posso ver um mundo em que possamos suavemente nos mover entre moe-
das de forma multimodal. Existe mais uma coisa que vem por aí, que a pos-
sibilidade real de abstrairmos o valor em taxa de câmbio a partir da moeda
real. Se nós temos um sistema de comunicação multimodal, nós não precis-
amos mais olhar os valores individuais e as taxas de câmbio de todos esses
commodities, ativos, moedas, chame-os como você quiser.
• Moeda índice
Existe uma real possibilidade de que teremos uma moeda índice, uma moe-
da que não é em si negociável, que não tem uma utilidade intrínseca como
mercadoria transacional, mas no lugar disso é usada para expressar o poder
aquisitivo vis-à-vis das várias moedas em nossa carteira.
Eu posso ter mil unidades de moeda unificada. Você não pode comprar uni-
dades de moeda unificada. Você pode comprar bitcoin e depois me dizer o
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quanto de unidades de moeda unificada vale. Eu valorizo tudo em unidades
de moeda unificada, e depois eu pago em Dogecoin ou Namecoin ou bitcoin
ou ether, dependendo de como eu quero usar.
“Posso ver um mundo onde nós possamos suavemente nos mover entre moedas em uma for-
ma multimodal.”
Eu espero que possamos ver muito disso com moedas. Nós, provavelmente,
iremos ver muitas meta-moedas cujo propósito é agregar valor para todas as
carteiras e todas as moedas, e nos permitindo entender o valor abstrato que
existe independentemente da moeda com a qual escolhemos nos expressar.
A Internet do Dinheiro 75
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qual aplicativo de internet quero me comunicar, estou também me alinhan-
do com a comunidade correspondente. Eu não uso Twitter só porque é um
mecanismo de comunicação conveniente. Eu uso o Twitter porque eu tam-
bém concordo com muitos dos conceitos e filosofias que a comunidade de
outras pessoas que escolheram usar o Twitter.
"Nós entramos no reino da meta-política, da política por algoritmos, da habilidade para co-
munidades globais de formarem em torno de um consenso comum de políticas através da
escolha da moeda."
Com a moeda, essa escolha se torna muito mais poderosa politicamente. Nós
entramos no reino da meta-política, da política por algoritmos, da habilidade
para comunidades globais de formarem em torno de um consenso comum de
políticas através da escolha da moeda. Você quer inflação? Use uma moeda
inflacionária. Você é um pró-ouro? Use uma moeda deflacionária. Você quer
uma moeda que crie uma renda mínima garantida para os pobres? Use uma
moeda que expresse essas políticas. Você quer uma moeda que dê brindes
por diminuir o carbono? Use uma moeda que expresse essas políticas verdes.
Estamos começando a ver comunidades, políticas e moedas convergirem e
nos permitir fazer essas escolhas. Assim como posso dar apoio à Joeycoin
para dizer que Joey é de fato o mais legal entres os garotos de 5 anos, eu pos-
so apoiar Greencoin porque eu me importo com o aquecimento global. Ou
não. Eu posso apoiar a Meatcoin se eu realmente gosto de carne vermelha.
Tanto faz. LigaMundialDeLutaLivreCOIN, não tem problema algum. Haverá
algumas dessas também.
Realmente, todas essas coisas são formas de expressão e que podem retornar
ao ponto original: a moeda, no fim, é uma forma de linguagem. É uma lingua-
gem pela qual podemos comunicar nossas expectativas de desejo de valores,
e agora que podemos fazer isso em uma escala tão massiva, que todos podem
criar moedas, nossas escolhas realmente importarão. Passamos do jogo de
somas de zero. Isso não é mais sobre nações-estado. Isso não é sobre quem
adotou primeiro o bitcoin ou as criptomoedas, porque a internet está adotan-
do as criptomoedas, e a internet é a maior economia global. É a primeira
economia transnacional, e precisa de uma moeda transnacional.
"Isso não é mais sobre nações-estado. A internet é a maior economia global. É a primeira
economia transnacional, e precisa de uma moeda transnacional."
76 Andreas M. Antonopoulos
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para criar soberania.
"Depois de 2008, a moeda cria soberania."
Depois de 2008, a moeda cria soberania. A internet tem sua própria moeda,
que significa que a internet tem seu poder aquisitivo. O que significa que a
internet tem liberdade econômica. O que significa que a internet pode exer-
cer a liberdade financeira numa forma pós-nacionalista, de uma forma que
ignora fronteiras, mas não torna as nações-estado obsoletas, só simplesmente
menos relevantes. Quando um blogueiro egípcio pode não somente postar
sobre a revolução como pode financiar a revolução com bitcoins, e ele pode
se conectar com pessoas de todo o mundo que compartilham suas ideias de
autodeterminação e liberdade, ele está expressando sua própria soberania
como indivíduo e está expressando a soberania como uma comunidade que
utiliza daquela moeda.
Obrigado.
A Internet do Dinheiro 77
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PRINCÍPIOS DO DESIGN DO BITCOIN
Esta palestra foi ministrada em junho de 2015 no Harvard Innovation Lab em
Boston, Massachusetts, como parte de uma oficina de design do IDEO Lab.
Durante este workshop de dois dias, os estudantes competiram para criar
protótipos de aplicativos baseados no bitcoin e na tecnologia blockchain.
Bom dia, pessoal. Uau, que tarefa difícil vocês têm. Em um nível muito básico,
vocês têm que tentar entender o que é o bitcoin. Eu posso responder a essa
pergunta em quatro palavras. Bitcoin é dinheiro digital, Mas isso não o cap-
tura de verdade. É mais como a internet do dinheiro. Na realidade o bitcoin é
uma rede de consenso descentralizada baseada na tecnologia do blockchain
e em um algoritmo de prova de trabalho que permite que um token digital aja
como um sistema de recompensa para uma competição, baseada em teoria
dos jogos, entre um conjunto descentralizado de mineradores que validam
e – "ah meu deus…" – imediatamente cai no penhasco.
Mesmo depois de alguns anos explorando "O que é bitcoin?", você verá que
ainda estará aprendendo, você ainda estará tentando entender o que é o bit-
coin. Parte da razão disso é porque o bitcoin é uma tecnologia muito nova,
é uma tecnologia realmente disruptiva, mas também é a abstração de uma
tecnologia muito antiga. Essa tecnologia é o dinheiro. Dinheiro é uma fer-
ramenta, é uma tecnologia. Na verdade ela compartilha semelhanças com
estruturas linguísticas, isso porque a usamos quase como uma linguagem
para comunicar o valor entre nós mesmos em uma sociedade.
A história do dinheiro
Quem quer me dizer aqui qual é a idade do dinheiro? Membro da audiência:
"5 mil anos?". Tudo bem, esse é um bom palpite. Um pouco mais velho. Tente
novamente. O problema em tentar entender a história do dinheiro é que o
dinheiro é mais velho que a história. Podemos seguir e dar uma olhada nos
textos sobre dinheiro. Dinheiro é mais velho do que a própria escrita. Isso
pode confundi-lo um pouco. Você está como, "o dinheiro é mais velho do que
a escrita? Não pode ser." Na verdade, se você olhar para as primeiras formas
de escrita que podemos encontrar, elas são planilhas. São livros de contabi-
lidade. A primeira coisa arranhada em tabletes criados com madeira e coisas
assim são os livros de contabilidade. Eles representam quantas ânforas de
óleo foram dadas ao faraó. Se voltarmos ainda mais no tempo, podemos en-
78 Andreas M. Antonopoulos
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contrar formas antigas de dinheiro entre as ruínas de antigas civilizações:
miçangas, penas, conchas, pedras gigantes. O dinheiro assumiu muitas for-
mas, mas ele existe e tem existido há quase tanto tempo quanto a linguagem.
Essa é uma tecnologia verdadeiramente antiga. Então, não tem 5 mil anos.
Provavelmente está perto de 500 mil anos.
• Primatas e dinheiro
Na verdade, vimos o dinheiro surgir com outras espécies. Espécies altamente
inteligentes como os primatas, certos tipos de pássaros como corvos, mesmo
mamíferos marinhos como golfinhos têm formas de sinais que eles usam
para expressar valor entre si. Ou eles podem aprender muito rapidamente
o mecanismo do dinheiro. Você pode ensinar primatas que, se virarem o
seixo, ganharão uma banana. E, em seguida, verá, dentro de um curto perío-
do de tempo, como isso não só se torna parte da cultura dos primatas, mas
é transmitido até a próxima geração, e eles começam a inventar atividades
econômicas. Não atividades econômicas legais. Eles inventam assalto à mão
armada: batem nos outros macacos e pegam seus seixos, para que possam
ganhar bananas. Eles inventam favores sexuais por seixos, para que possam
ganhar bananas. Eles inventam algumas das primeiras atividades econômi-
cas.
“Espécies de elevada inteligência como os primatas, certos tipos de pássaros como corvos,
e mesmo mamíferos marinhos como golfinhos têm formas de créditos que eles usam para
expressar valor entre si.”
Você está a quatro perguntas de "vá limpar seu quarto" numa conversa sobre
dinheiro porque adultos realmente não entendem o que é o dinheiro. Mesmo
que seja um artefato cultural que tem existido em nossa espécie por centenas
de milhares de anos, não entendemos como funciona.
A Internet do Dinheiro 79
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Características do dinheiro
Nós passamos por várias iterações tecnológicas do dinheiro. Começamos
com formas muito básicas de dinheiro. Essas formas básicas tinham carac-
terísticas únicas que as tornaram boas como dinheiro. O que torna o dinheiro
bom? Algo que é raro, conchas, penas. Você pode utilizar conchas como di-
nheiro, a menos que você more na praia; se você mora na praia, você não
pode usar conchas como dinheiro. Você pode transportar o valor facilmente.
Então, tem que ser portátil. Com poucas exceções, a maioria dos tipos de di-
nheiro são altamente portáteis. Se a quantidade de dinheiro que você precisa
para comprar uma vaca é mais pesada do que a vaca, então não é dinheiro
bom. É por isso que não vemos com frequência, por exemplo, o ouro sendo
usado em grandes transações. É muito pesado. Outras características do di-
nheiro. Tem que ser difícil de falsificar; tem que ser difícil de criar mais dele.
Você deve ser capaz de identificar rapidamente ou de forma relativamente
fácil que é autêntico; Deve ser fungível. Se eu estiver usando conchas, então
esta concha ou aquela concha são ambas o mesmo dinheiro. Se eu lhe der um
dólar, não importa qual dólar lhe dei; é fungível. Cada dólar pode ser substi-
tuído por qualquer outro dólar.
"O dinheiro em si é uma abstração. Se não é uma abstração, então não é dinheiro — é permuta. "
Essa reflexão nos leva a uma conclusão inescapável sobre dinheiro: dinheiro
é uma alucinação cultural compartilhada. É uma ilusão compartilhada. Nós
andamos por aí e nos relacionamos com outras pessoas sendo intermedia-
dos por pedaços de algodão impressos com tinta verde cheios de germe. Se
você fosse um antropólogo alienígena que pousou na terra a observar esse
comportamento, você provavelmente pensaria que é muito, muito estranho.
Que só através da troca dessas peças de algodão, você pode ter relações so-
ciais, fazer transações e participar do comércio — se alimentar, abrigar-se,
etc., etc. Não faz muito sentido, mas isso é baseado em uma alucinação com-
partilhada. É baseado no pressuposto de que se você me der um dólar hoje,
alguém vai aceitar aquele dólar em troca de algo de valor amanhã. Enquanto
se acreditar que isso é verdade, então o dólar tem valor. Valor vem do pres-
suposto de que posso usá-lo novamente.
80 Andreas M. Antonopoulos
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"O dinheiro é uma alucinação cultural compartilhada."
Você pergunta para as pessoas sobre o bitcoin e uma das primeiras coisas
que se ouve da maioria é que não é dinheiro real, pois não tem lastro por
ouro, como o dólar dos EUA — o que eu acho surpreendente. O dólar não tem
lastro por ouro desde 1936. No entanto, a maioria das pessoas acredita que,
em algum lugar no cofre, possivelmente em Fort Knox, ou algum outro local
presente em filmes, existem barras de ouro que correspondem lingote por
lingote aos pedaços de papel que elas têm no seu bolso. Eles não correspon-
dem. Isso não existe. Por que o bitcoin é dinheiro? Porque as outras pessoas
pensam que é dinheiro. Você pode escrever uma dúzia de dissertações de
doutorado explicando exatamente porque bitcoin não é dinheiro… e eu vivi
isso por dois anos. Portanto, não importa o que diz a sua tese. Para mim, é
dinheiro, porque eu o vivenciei por dois anos. Do mesmo modo que outras
milhares de pessoas. Portanto, para mim, é um dinheiro muito real.
Bitcoin e design
Você recebeu a tarefa de criar designs e conceitos em torno da mais antiga
tecnologia do mundo que pouquíssimas pessoas realmente entendem. Tra-
ta-se da mais recente e abstrata ideia, nova em folha e completamente sepa-
rada das expressões anteriores sobre dinheiro e extremamente complexa en-
quanto tecnologia. Essa é uma difícil tarefa. Quando confrontado com esse
desafio, a técnica que parece mais favorável é o uso de metáforas. Metáforas
são ferramentas extremamente poderosas. Elas nos permitem criar expecta-
tivas. Metáforas são as ferramentas pelas quais criamos expectativas. Quan-
do você tem um computador e ele tem uma área de trabalho, você assume
que alguma coisa vai acontecer quando arrasta alguma coisa pela área de
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trabalho. Isso porque você já trabalhou antes em uma área de trabalho real,
o que influencia suas expectativas. Você espera que o ambiente virtual se
comporte tal como aquele objeto que imita. Isso é metáfora de design. Metá-
foras de design são extremamente poderosas, mas também podem ser muito
perigosas se mal aplicadas.
“Metáforas de design são extremamente poderosas, mas também podem ser muito perigosas
se mal aplicadas. Em se tratando de bitcoin, todos os termos metafóricos são errados e falhos.”
Então, uma "carteira" não é uma carteira; é um chaveiro. Essa é uma metáfora
terrível. Você tem expectativas de que vai fazer uma carteira. Ela irá guardar
coisas. E que o conteúdo ficará escondido e enumerado. Nada disso existe
no bitcoin.
82 Andreas M. Antonopoulos
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Aqui vai um pequeno segredo: não há nenhuma moeda no bitcoin. Quando se
opera a mineração, não se criam moedas, mas sim registros de lançamentos.
Essas transações não enumeram moedas. Eles têm saídas (outputs) — tran-
sações de saída — que são frações de valor que são infinitamente divisíveis e
recombináveis. Moedas não fazem isso. Você não pode rastrear uma moeda
em bitcoin, porque não há nenhuma moeda.
Então, você tem uma "carteira" que não contém "moedas" — porque as moe-
das na verdade estão na rede e não são moedas, são registros de saídas —, e
o que você realmente tem é um chaveiro. As transações não são de um reme-
tente a um destinatário. Endereços não têm saldo em bitcoin. Não há tal coisa
como o saldo de um endereço. Um endereço controla as transações de saída,
e se você rastrear o blockchain e somar todas as transações de saída, você
pode extrair algum valor nocional. Se isso poderia mesmo ter sido gasto ou
quanto o é, é realmente muito difícil de determinar. Não há nenhum "saldo".
Você não tem nenhuma "conta" no bitcoin.
• Figuras skeuomórficas
Aqui está o próximo grande problema com metáforas e design. Existe um
determinado conceito chamado skeumorfismo. A palavra skeuomorphic sig-
nifica “uma sombra de seu eu anterior”. Sua forma é como uma sombra.
O que significa que, quando você cria elementos no projeto, isso lhe dá
referências ou dicas de algum modelo anterior. Um exemplo clássico, na pri-
meira iteração de iPads, o software iOS tinha vários elementos skeumórficos.
Se você abrisse a sua lista de contatos, o layout imitava couro. Um couro com
costura. Essa costura não servia para nada. Era apenas um elemento de de-
sign que não tinha nenhuma finalidade funcional, cuja intenção era colocá-lo
em contato com algo familiar, para que você pudesse entender a metáfora.
Quando você está jogando um jogo de cartas no seu computador e tem um
fundo falso de feltro sob as cartas, é porque está tentando remeter à metáfora
A Internet do Dinheiro 83
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de um cassino, introduzindo esse elemento de design. As figuras skeumórfi-
cas são extremamente poderosas. Também são extremamente perigosas.
Se você não usá-las de forma correta, novamente, pode criar expectativas
diferentes do que vai acontecer a seguir.
84 Andreas M. Antonopoulos
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década de 1970. Não conseguiram prever a internet. Não conseguirem en-
tender a ideia de armazenamentos de informações em rede. Eles tinham
computadores fantásticos que poderiam falar com você, mas não tinham
acesso a quaisquer dados. Eles não conseguiram prever coisas como meios
de comunicação sociais. O mais importante, prestando atenção, nota-se algo
muito estranho. Star Trek não tem dinheiro. Não há dinheiro em qualquer
lugar no universo de Star Trek. Por que isso? Porque sua visão mais distante
é uma sociedade sem dinheiro, uma sociedade sem um idioma para trans-
missão de valor, que é provavelmente a mais radical ruptura da realidade.
• Prevendo o futuro
Quando tentamos prever o futuro, encontramos certas áreas que são com-
pletamente escuras. Essas são as áreas que nunca foram vistas antes. Essas
são as aplicações que não podemos imaginar porque, para que venham a ex-
istir, muitas coisas têm que se encaixar. Para a rede acontecer, foi necessário
um protocolo padronizado de transmissão comum. Para a rede dar à luz a
mídia social, foi necessária a penetração maciça de correio eletrônico básico
e conexões TCP/IP. Era necessária a penetração dessas conexões em um
estado permanente. Eram necessários dispositivos móveis com alta capaci-
dade de computação na palma da mão conectados à internet. Todas essas
coisas tinham que se concretizar para que as mídias sociais fossem possíveis.
"Se você olhar para internet em 1992, você achará que ela iria substituir o telefone. Esta é a
única experiência que você tem."
"Se você olhar para internet em 1992, você achará que ela iria substituir
o telefone. Esta é a única experiência que você tem.". A internet é um
telefone chique. Talvez seja um telefone chique/fax, talvez uma impres-
sora multifuncional/fax/telefone. É muito chique. Então, as empresas de
telefone olham para isso e dizem "Oh, é um telefone chique. Nós podemos
fazer isso." Eles estavam errados, felizmente. De outra maneira, cada vez que
fosse para uma chamada no Skype, iria precisar de um pequeno buraco do
lado do meu computador onde eu teria que depositar 0,25$ a cada 3 segundos
para fazer uma ligação de Skype. Felizmente, não foram as empresas de tele-
fone que escreveram as regras. Eles possivelmente não poderiam prever os
resultados que vimos na internet, por que a maioria das coisas interessantes
não eram melhorias incrementais ou extensões das coisas prévias. Eram sim-
plesmente partidas radicais do passado, por que eles criaram condições para
coisas que não eram possíveis antes.
Vamos voltar para o bitcoin e pensar nisso por um segundo. Considere que
estamos falando sobre transações financeiras, sistema bancário e pagamen-
tos. "É um cartão de crédito chique." "É o Paypal, basicamente. É um Paypal
global." Mas não é. É algo completamente, radicalmente, diferente, mas nós
A Internet do Dinheiro 85
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não podemos ver onde isso vai dar. As aplicações que vão acontecer no bit-
coin, as aplicações realmente interessantes, são aquelas que só acontecem
quando você tem adoção e penetração suficientes nesta tecnologia, a habili-
dade para fazer transações transfronteiriças num nível nunca antes feito na
história humana.
“Considere que estamos falando sobre transações financeiras, sistema bancário e pagamen-
tos. "É um cartão de crédito chique." "É o Paypal, basicamente. É um Paypal global." Mas não
é. É algo completamente, radicalmente, diferente."
Parte da razão do bitcoin ser imparável é por que existe uma grande neces-
sidade para essa tecnologia. Bancos nos mundos em desenvolvimento não
podem estender serviços a essas populações. Recentemente, eu estava con-
versando com um banqueiro que me disse, "Metade da nossa população está
a 100 milhas da filial mais próxima, subindo o rio, de canoa. Nós não conse-
guimos atendê-los." Mas até na vila mais remota das bacias amazônicas tem
uma torre de celular, e alguém, naquela vila, tem painel de energia solar e um
celular Nokia 1000. Existem mais telefones da marca Nokia no mundo do
que qualquer outro tipo de aparelho eletrônico. É o dispositivo mais produzi-
do em grande escala que a humanidade já produziu. Quase 5 bilhões de pes-
soas têm acesso a telefones celulares. Quase 3 bilhões de pessoas têm acesso
ao celular e não têm acesso à água potável. Pense nisso. Telefones celulares
são mais difundidos do que a água em nosso planeta. O que acontece quando
cada um desses que falamos é um banqueiro. Para mim, a visão do bitcoin
não é para levar o banco para os outros 6 bilhões, é para desbancarizar todos
nós. Nós podemos fazer isso. Serviços bancários são uma aplicação.
"Para mim, a visão do bitcoin não é para levar o banco para os outros 6 bilhões, é para des-
bancarizar todos nós."
86 Andreas M. Antonopoulos
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Inovação intersticial
Esse é apenas o começo. As coisas realmente interessantes no bitcoin acon-
tecem no que eu chamo de "inovação intersticial" - a inovação em intervalos,
os lugares onde hoje os sistemas não alcançam. As tecnologias têm um efeito
interessante onde elas subitamente mudam os pressupostos básicos. Algu-
mas das coisas mais poderosas acontecem com a internet, acontecem não
por causa da conectividade, mas por causa do custo marginal da transmissão
de informação à distância. Antes da internet, a informação movia-se do ponto
A para o ponto B e custava muito dinheiro. A internet levou o custo quase a
zero. O resultado foi que milhões de aplicações que não poderiam acontecer
com os custos anteriores, mesmo se nós só imaginássemos, de repente se tor-
naram possíveis. Por que você iria transmitir música ao invés de comprá-la
e armazená-la localmente? Por que não custa nada. Uma vez que não custa
nada e você pode transmitir música, você de repente percebe que direito de
propriedade é meio que supervalorizado. Se uma geração inteira percebesse
isso, então a propriedade intelectual também estaria meio supervalorizada.
Adeus gravadoras! Esses efeitos acontecem por que a tecnologia modifica os
custos fundamentais de fazer as coisas.
O que isso significa? O que isso faz para o comércio, para as transações?
Podemos entender o que isso faz para o serviço bancário. Podemos entend-
er também que a Western Union está caindo nessa década. Cobrar 30% da
população mais pobre do planeta, você merece ser derrubado por uma tec-
nologia disruptiva. Ano passado, o CEO da Western Union disse, "A médio
A Internet do Dinheiro 87
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prazo, nós não estamos preocupados com o bitcoin." Eu quero isso enquadra-
do na minha parede. É uma dessas frases, como o chefe da Kodak dizendo
coisas assim enquanto a Nokia roubava seu almoço. A Kodak era a maior
empresa de câmeras fotográficas do mundo até uma empresa que não era do
ramo vender mais de 1 bilhão de câmeras em um ano e destruir sua indústria.
Eles nunca viram isso antes. Nokia, a propósito, é o maior fabricante mun-
dial de câmeras, sem dúvida. Isso é o que vai acontecer ao Western Union.
Essa é fácil. O que acontece quando você é capaz de fazer essa validação de
regras sem a participação de terceiros? Isso muda várias instituições soci-
ais fundamentais que temos hoje. Isso muda o que chamamos de “coefici-
ente de Coase”, que trata das despesas organizacionais. Se queremos fazer
algo como uma equipe, duas pessoas podem fazer mais do que uma. Três
pessoas podem conseguir ainda mais. Mas há um limite para isso. Uma vez
que você fica muito grande, os gastos gerais de comunicação entre os par-
ticipantes do grupo são maiores do que o aumento marginal da eficiência.
Então, adicionar mais pessoas piora, porque o grupo está crescendo muito
rápido. Bitcoin muda isso, porque agora reduz as despesas de organização,
transação e comércio, baseando-se em validação independente, em uma es-
cala extremamente grande. Agora podemos contar com 1 milhão de pessoas,
cerca de 5 mil máquinas, para aprovar a situação de um registro a cada dez
minutos com custos extremamente baixos. Isso nunca aconteceu antes. Abre
a porta para coisas que não podemos sequer imaginar. Bitcoin é uma radical
descontinuação do passado.
88 Andreas M. Antonopoulos
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ca aconteceu antes, e isso é só o começo. Suspiros da audiência: "Caramba!"
“Vamos pegar três tecnologias radicalmente disruptivas e misturá-las. Bitcoin + Uber + Carros
que dirigem sozinhos. O que acontece quando você mistura os três? O carro autoproprietário.”
A Internet do Dinheiro 89
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sa de ter um ser humano e reduzir a interação para o menor tempo possível
para alguém que tem uma relação preexistente com aquele banco. O que isso
tem em comum com um caixa de bitcoin? Absolutamente nada.
Então, você vai até um BTM e tenta movimentar bitcoins em tão poucos
cliques possíveis e com um mínimo de interação. É uma boa maneira de con-
struir a fidelidade da marca? É uma maneira de construir a experiência do
usuário? É uma boa maneira de introduzir novos usuários? Quer dizer, essas
máquinas jogam o bitcoin em você. Você não está preparado para isso. Por
favor, abra seu celular e mostre seu código QR. – Você: “O quê? O que é um
código QR? Um momento, vou pesquisar no Google por ‘QR code’… Existe
um app para escaneá-los… talvez eu deva usar aquele. Ou não deva usar
esse outro. Talvez eu devesse usar uma carteira de bitcoin. Oh! existem 26
delas. Qual delas será melhor? Eu não sei. Vou usar a Circle. Ah, essa requer
uma relação preexistente. Opa! Eu vou usar Coinbase. Ah, essa requer uma
relação preexistente. Opa!"
Finalmente, tenho a minha carteira e exibo o código QR, coloco algum di-
nheiro nela e eu agora tenho bitcoins. O que eu vou fazer com isso? Eu te-
nho todas essas dúvidas. Quem aceita o bitcoin? Onde posso gastá-lo? Como
faço para enviá-lo? Como faço para protegê-lo? Ele vai se perder se eu perder
meu celular? Não faço a menor ideia. Por quê? Porque esta máquina infernal
maldita não me informa nada. Ela só jogou o bitcoin em mim, e em 15 segun-
dos está pronta para o próximo cliente.
90 Andreas M. Antonopoulos
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no". Eu tenho um dispositivo conectado à internet com uma câmera e uma
tela e não estou usando isso para fazer o vídeo atendimento, isso é algum
tipo de brincadeira? Boom: Skype. Uma pessoa. "Que diabos é bitcoin? Onde
posso gastar eles?" "Oh, senhor, vejo que você está numa loja de vinhos na
Avenida 25. Existem outras três lojas que aceitam bitcoin em sua área. Deixe-
me mostrar-lhe um breve vídeo introdutório. Reúna todas as crianças na loja
e poderemos dançar uma canção bitcoin. Vamos ver outro vídeo." Não quero
interagir por somente 15 segundos. Quero interagir por duas horas e garantir
que todos os meus amigos sentem em frente da máquina e assistam a vídeos
de bitcoin e aprendam sobre bitcoin. Tem cores bonitas e me diz onde posso
gastá-los. Ele me dá sugestões sobre carteiras. Ele pode enviar diretamente
para o meu celular. Ele está construindo lealdade, marca e experiência. Não
é uma interação de 15 segundos. Esta é a primeira experiência que muitas
pessoas terão com bitcoin. Você tem a oportunidade de ter uma experiência
profunda, significativa, educacional. Mas você não tem.
A Internet do Dinheiro 91
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bancário tradicional. Tudo o que esse sistema faz é poluir sua mente. Você
quer que os novos usuários tenham uma nova experiência com bitcoin que
seja diferente de qualquer banco que eles verão. Você não quer nada parecido
com uma conta corrente. Deus me livre de você usar a palavra conta. Abra
qualquer uma das bolsas agora — Circle, Coinbase. Qual é o nome do seu
cadastro no Coinbase? É uma conta corrente e tem um saldo, e mostra-lhe
um extrato. Quem é que contrataram para fazer este layout? O que significa
a palavra conta? Significa uma conta na qual você pode escrever cheques.
Eu sei que isso é a América, e estamos 25 anos atrasados no fintech. O resto
do mundo não faz cheques, garanto. O que é um cheque? Um cheque é o
dispositivo pelo qual uma avó pode fazer 20 pessoas na fila atrás no super-
mercado reclamar simultaneamente. Eu uso para pagar meu aluguel todo
mês. Eu não sei porquê. Eu não posso fazer isso de outra forma. É uma loucu-
ra que eu esteja assinando um pedaço de papel e enviando pelo correio em
2015, para que meu senhorio possa caminhar até o banco e depositá-lo. Para
que ele possa ter o dinheiro três a cinco dias úteis depois, afinal eles já lhe
cobraram cinco dólares para possuir seu próprio dinheiro.
Não será preciso grande esforço para vender o bitcoin como algo melhor que
bancos. Tudo que você precisa para ganhar dos bancos é que uma pessoa
use bitcoin por uma semana e, em seguida, o banco cuidará do resto. Eles vão
congelar sua conta, eles vão dizer que estão fechados, vão fazê-lo esperar por
três a cinco dias úteis. Venderam bitcoin. Os bancos vão vendê-lo para você,
sempre.
92 Andreas M. Antonopoulos
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dias mais tarde — e esta é a melhor parte — eles disseram, "dinheiro retido.
Dinheiro liberado." Eles lançaram 80 dólares do montante total, que era uma
quantidade de quatro dígitos. 80 dólares. Por que 80? Que diabos é isso? O
que eu vou fazer com isso? Fique com tudo logo. Você está me provocando?
Isso não faz sentido.
Não havia nenhuma chance de minha mãe conseguir usar aquilo. Minha mãe
me ligou e disse que seu aparelho de som estava quebrado, e eu tentei en-
tender o porquê. Ela disse, "ele está exibindo uma mensagem de erro. Está
piscando para mim '0:00'". Levei alguns minutos para entender que ela tinha
puxado o plugue e o relógio tinha resetado. Então, o relógio estava esperando
para ser configurado novamente e estava piscando "0:00." Essa é a pessoa
que eu queria que usasse a internet para conversarmos, mas isso não ia acon-
tecer. Demorou quase 20 anos entre o dia em que eu mandei meu primeiro
e-mail e o dia que minha mãe mandou o primeiro e-mail dela. Para isso, um
A Internet do Dinheiro 93
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monte de coisas tinha que acontecer. O mais importante, o iPad. Ela foi capaz
de fazê-lo com um clique, o que era a única coisa capaz de tornar isso pos-
sível. Não tinha como a internet, em 1989, ser usada pelo público em geral.
• UX e sociedade
Existe um fantástico trecho de um programa matinal de TV, de 1994, que
não foi ao ar. Ele mostra os jornalistas em grupo pouco antes do programa.
Eles estão discutindo seu próximo assunto, que é história da internet, e es-
tão tentando acertar suas informações. Um jornalista está perguntando aos
outros jornalistas: "Então, espera, a internet é a coisa com o sinal 'no'?" "Não,
não, isso é o e-mail. A internet é a coisa com os 'www', com os pontos e as
barras." "Eu pensei que era o e-mail." "Não, isso é a internet." "Mas isso não
é a web?" Então há essa discussão circular. Um sistema projetado por en-
genheiros. Impossível de entender. Duas coisas aconteceram. Uma, feita de
tecnologia muito mais fácil de entender, muito melhor, mais refinada. Outra
coisa importante aconteceu: a sociedade mudou. Hoje, um cidadão médio
sabe exatamente a diferença entre um sinal de @ e um www, mesmo que seja
um design horrível. A sociedade, aprendeu a língua da internet porque era
importante o suficiente esse aprendizado.
“A sociedade aprendeu a língua da internet porque era importante o suficiente esse apren-
dizado.”
Enquanto fizemos a internet mais fácil, a sociedade fez sua parte compreen-
dendo também as partes realmente ininteligíveis da internet. A mesma coisa
está acontecendo com bitcoin. Vou a conferências abertas onde as pessoas
nunca ouviram falar de bitcoin antes e eu digo: "Escute, não se preocupe.
Alguém na sua vida pode te explicar sobre bitcoin. Quando terminarem de
arrumar seu quarto, peça-lhes para te ensinar". Suas crianças de 10 anos de
idade vão entender sobre isso. Já conheci crianças que usam interfaces base-
adas na web para criar suas próprias criptomoedas.
Uma das perguntas interessantes que muitas vezes me fazem é "Quantos ti-
pos de criptomoedas haverá?" A resposta é exatamente equivalente a "quan-
tos blogueiros haverá na internet?" Todos nós. Todos eles. Não centenas de
moedas, milhares, dezenas de milhares de moedas. Quando uma criança de
6 anos de idade pode criar uma moeda chamada Joeycoin para lançar em sua
escola como uma disputa de popularidade, o fato de que a sua moeda possui
escalabilidade é global, infalsificável e pode ser usada internacionalmente,
não importa para o Joey, enquanto seus cinco amigos realmente gostarem de
usar Joeycoin. Infelizmente, um concorrente, Mariacoin, é lançado na cena,
e começa uma antiquada guerra de moedas. Isso vai acontecer. Parte do mo-
tivo pelo qual afirmarmos isso é porque crianças criam moedas. Você deixa
as crianças em um jardim de infância por elas mesmas, e elas vão inventar
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moedas — elásticos, cartões de Pokémon, cubinhos. Elas vão começar a acu-
mular, trocar, vender por favores e então eventualmente brigar pela sua moe-
da imaginária que acabaram de inventar. Essa é uma experiência humana.
Nós apenas inventamos a moeda mais incrível do mundo. Seu trabalho ago-
ra é criar o design e as metáforas corretas para fazê-las funcionar para todo
mundo.
Muito obrigado.
A Internet do Dinheiro 95
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DINHEIRO COMO TIPO DE CONTEÚDO
Bitcoin conferência Sul; Queenstown, Nova Zelândia; novembro de 2014
Bom dia pessoal. Hoje eu quero falar sobre um novo tópico em que trabalhei:
dinheiro como tipo de conteúdo. Bitcoin introduziu uma transformação fun-
damental na forma em como o dinheiro vai ser visto no futuro, tornando o
dinheiro completamente independente do meio de transporte básico e trans-
formando-o em um tipo de conteúdo autônomo.
O que eu quero dizer com isso? Uma transação de bitcoin é uma estrutura
de dados assinada, que pode ser executada em qualquer lugar do mundo.
Muitas pessoas pensam que uma transação bitcoin tem de ser transmitida
na rede bitcoin. Isso não é verdade. Uma transação bitcoin deve chegar aos
mineradores e ser incluída em um bloco, mas não precisa ser transmitida
pela rede bitcoin. Não há nada especial sobre a rede bitcoin. Ele apenas
transmite transações e blocos. Uma transação pode ser transmitida por
qualquer forma ou meio de comunicação.
Uma das coisas sobre bitcoin mágicas é que uma transação não incorpora
mecanismos de segurança em si. A segurança está na prova de trabalho for-
necida pelos mineradores, e a assinatura digital na transação é colocada por
usuários finais com as chaves que eles armazenam. Não há nada de secreto
na transação bitcoin. Deixe-me explicar o que quero dizer com isso.
Desde o momento em que o cartão de crédito sai do meu bolso até que o di-
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nheiro esteja na conta do comerciante, ele é transportado pela rede em uma
série de carros blindados virtuais. Tem criptografia do ponto de venda ao re-
torno do comerciante. No retorno do comerciante, é criptografado através da
Visa para processamento em lote. Da Visa, é criptografado através do banco
de origem para o banco de destino, criptografando esse token em cada passo
do caminho porque essa chave é secreta. Se a criptografia falhar em qualquer
ponto da cadeia, a segurança do meu cartão de crédito é comprometida.
Existem realmente dois tipos de empresas lá fora: aquelas que não conse-
guiram tomar as medidas necessárias para garantir a segurança dos cartões
de crédito que você os confiou e aquelas que em breve deixarão de tomar as
medidas de segurança necessárias para proteger os cartões de crédito que
você os confiou. Você também já foi hackeado ou você vai ser hackeado -
essas são as duas categorias. Ninguém está imune a isso. Ninguém pode in-
ventar uma maneira de proteger milhões de tokens de acesso seguro contra
ataques motivados. É impossível de fazer. Nós não sabemos como fazê-lo.
Não há nenhum truque de segurança de informações que possa proteger to-
dos os tipos de possíveis ataques. Cartões de crédito são violados facilmente,
porque o token em si é a chave secreta. Se você transmite esse token, expõe
sua conta a riscos.
A Internet do Dinheiro 97
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de chave pública ou endereço bitcoin. Essa transação não contém dados con-
fidenciais. Se você roubar a informação da transação, tudo o que você sabe é
de qual endereço veio o dinheiro, para qual endereço o dinheiro está sendo
enviado, e quanto. E isso é tudo. A assinatura não revela nada. Os endereços
não revelam nada. Não existem identificações pessoais dos fornecedores.
Você poderia fazer a transação e imprimi-la. Você pode publicá-la em um
outdoor. Você poderia gritar do terraço. Uma transação de bitcoin pode ser
transmitida por um Wi-Fi completamente inseguro. Por sinal de fumaça.
Através de um sinal luminoso. Com pombos correio. Não importa. Nada
nessa mensagem pode ser comprometido.
“Uma transação de bitcoin pode ser transmitida por Wi-Fi completamente inseguro. Por
sinal de fumaça. Através de um sinal luminoso. Com pombos. Não importa. Nada nessa men-
sagem pode ser comprometido."
98 Andreas M. Antonopoulos
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o que quero dizer.
Agora, explique-me como alguém pode fazer isso parar, sem desligar o Skype.
Se fecharem o Skype, use o Facebook. Se fecharem o Facebook, você usará
Craigslist. Se fecharem a Craigslist, vou colocar minha transação em uma
postagem no TripAdvisor. Se fecharem o TripAdvisor, eu publicarei como
um comentário numa história dentro de um artigo da Wikipédia. Se fecha-
rem, vou postar isso como pano de fundo de uma imagem JPEG nas minhas
fotos de férias.
"O dinheiro agora é conteúdo de informação completamente desconectado."
A Internet do Dinheiro 99
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• Transmitir transações bitcoin via rádio de ondas curtas
Digamos que não tivéssemos a internet. Inventei um plano maluco e ridículo,
que é uma transmissão de transações de bitcoin via rádio de ondas curtas,
frequência-hopping, explosão. Isso seria usado ao estilo dos guerrilheiros.
Você pode imaginar o susto quando aparece algo como YouTube que reduz
os custos de produção para zero. Qual a suposição imediata que as pessoas
dessa indústria fazem? Se o custo é zero, o conteúdo deve ser inútil. Esse é
um mal-entendido fundamental sobre o que acontece quando você separa
o conteúdo do meio. Separando a mensagem do meio, a percepção de valor
desloca-se do custo de produção para o valor real que tem para o consumidor
final quando eles consomem o conteúdo.
"Quando o custo da impressão são valores astronômicos e os meios de impressão estão dis-
poníveis apenas para alguns selecionados, o único que você imprime é a Bíblia de Gutenberg."
O que você acha que Gutenberg pensaria do Twitter, que leva o custo de pro-
dução a zero, tornando tudo disponível universalmente, para todos e gratuita-
mente. Você vai da impressão da Bíblia de Gutenberg para a resposta de um
tweet com uma de minhas expressões favoritas, uma opinião de três carac-
teres, "BMC", que significa “Balançando Minha Cabeça". "Quando ‘Professor
Bitcorn’ diz que, "o bitcoin vai a zero," eu posso expressar toda minha gama
de opiniões e análises ponderadas como, balançando a cabeça com a mão
na face. Uso três caracteres e expresso minha opinião para o mundo. Se você
olhar para isso de uma perspectiva objetiva, certamente, essa mensagem é
inútil. Quando você parte da premissa equivocada de que se o custo de pro-
dução for zero, e a mensagem aparentar ser trivial, então a combinação intei-
ra de meio e mensagem deve ser inútil, trivial, e não ter nenhum valor - é um
erro que as pessoas costumam cometer em momentos de mudanças de era.
Quando o Twitter surgiu, as pessoas acharam que seria usado apenas para
Por que tiravam sarro dele. Eles erraram em assumir que se o custo da pro-
dução é zero, o valor da mensagem é zero. Confundiram o meio para a men-
sagem. Eles fizeram o erro de assumir que seu controle sobre o meio foi a fon-
te de qualidade. E muito depois que a qualidade desapareceu, agarraram-se
ao controle e pensaram que o controle seria a única maneira de alcançar
qualidade, e se você removesse controle, você removeria qualidade. Isso é
o fétido e desmascarado elitismo em seu pior absoluto. Isso assume que os
porteiros são fonte de qualidade quando são apenas porteiros. Eles assumem
que o fato de eles possuírem o meio mais caro significa que essa é a men-
sagem que vale a pena ouvir.
"Eles erraram em assumir que se o custo da produção é zero, o valor da mensagem é zero.
Confundiram o meio para a mensagem. Eles fizeram o erro de assumir que seu controle sobre
o meio foi a fonte de qualidade. E muito depois que a qualidade desapareceu, agarraram-se
ao controle…"
No momento em que você rasga essa mensagem longe do meio e você a abre
para toda uma gama de expressão, sim, expressará as mensagens mais trivi-
ais de sua cultura, incluindo "SMH". Mas também expressará as mensagens
mais interessantes de sua cultura, eventualmente.
Agora eles zombam do Twitter como trivial por que eles não entendem a dis-
tinção entre mensagem e meio. A televisão já foi ridicularizada como um pas-
satempo trivial por que ela obscurecia a arte da cinematografia. Cinematogra-
fia foi um passatempo trivial por que banalizou e vulgarizou a arte do teatro.
O teatro foi um passatempo vulgar e banal dos vitorianos por que banalizou
as grandes peças dramáticas dos romanos e antigos gregos. Continue por
Eles não entendem que quando você banaliza o meio, isso liberta a men-
sagem e a eleva. Agora é possível expressar uma vasta gama de mensagens.
Sim, as primeiras serão triviais e a razão disso é que as mídias preexistentes
não permitiam essa expressão. Elas não estavam habilitadas para essa ex-
pressão. Sim, temos memes. Mas também tweets ao vivo sobre a revolução
do Cairo. Com o tempo, eles descobrirão que nova mídia é a qualidade da
mensagem. Então, poderemos virar e chamar a próxima mídia de vulgar e
banal.
Qual é o primeiro uso desse novo modelo? Qual é o primeiro uso desse novo
meio de enviar mensagem? Agora nós podemos enviar pagamentos triviais.
Eu pego dicas no Twitter. Essa é uma demonstração que eu posso fazer que
claramente mostra às pessoas a diferença. Eu posso fazer algo que não podia
antes. Mas, para muitas pessoas isso é trivial. Para muitas pessoas, quando
eu mostro a parte mínima da gama de expressões, simplesmente reforço a
ideia de que se trata de um meio vulgar e ordinário. O que elas não conse-
guem entender é que esse meio não é apenas para o trivial; ele alcança uma
variedade inteira de transações, das mais modestas às enormes.
"O blockchain pode englobar uma inteira gama de transações, de um twitter de 10 centavos
a uma venda a débito de 100 bilhões."
As únicas pessoas que ainda assistem Fox News são vovôs, pois nós todos
lemos nossas notícias na internet. O que já foi trivial é agora nossa fonte
confiável de notícias e informações. Você não poderá explicar isso aos velhos
guardiões do passado. Nós lemos nossos livros digitalmente. Algumas pes-
soas vão dizer: "Existe algo especial em sentir o papel." Sim. É muito pesado
carregar 20 livros em uma mala, e eu leio essa quantidade em quatro ou cinco
semanas, então eu preciso carregar. Não existe nada sobre sentir papel, isso
é se agarrar ao passado.
“Enquanto nos mudamos para esse mundo onde o dinheiro é uma forma de conteúdo, os
guardiões do velho sistema de pagamentos vão se agarrar à ilusão de que os bancos tradicio-
nais são a qualidade. Que eles próprios são a qualidade. Mas não é aí que a qualidade está."
Enquanto nós nos mudamos para esse mundo onde o dinheiro é uma forma
de conteúdo, os guardiões do velho sistema de pagamentos vão se agarrar à
ilusão de que os bancos tradicionais são a qualidade. Que eles próprios são
a qualidade. Que qualidade é inerente ao controle à censura, às limitações.
Mas não é aí que a qualidade está. Nós estamos seguindo em frente e abrindo
Obrigado.
O bitcoin é como uma cebola. Você tem que desembrulhá-lo. Conforme você
o desembrulha, você encontra mais uma camada. Eu comecei cinco anos
atrás. Estou ainda descascando. Estou encontrando mais e mais coisas que
me surpreendem todos os dias sobre bitcoin.
Química é uma camada, mas abaixo disso há física atômica. Essa camada
é muito simples. Tem um punhado de elementos. Este punhado de poucos
elementos torna-se tudo o que sabemos de química, um pouco mais de 100
elementos na natureza que possuem propriedades diferentes e únicas, que
são completamente diferentes. Alguns deles são líquidos, alguns deles são
metais, alguns deles são gases. Eles se comportam diferentemente. Alguns
são ácidos, outros não são. Mas nada disso é a composição básica. Estes são
apenas padrões.
• Blocos de lego
Quando eu era criança, meu brinquedo favorito era Lego. A razão de ser meu
brinquedo favorito não foi por causa do que estava na caixa. Porque eu não
construí o que estava na caixa. Se na caixa tinha um caminhão de bombeiros
vermelho, eu construiria um dragão, ou um hipopótamo-girafa, alguma coisa
que não existia ou alguma ideia que eu tivesse. Era por isso que eu gostava.
Eu poderia pegar esses blocos de construção básicos e poderia construir o
que eu quisesse.
• Blocos de cozinha
Conforme eu fui crescendo, eu comecei a cozinhar como um hobby. O que
eu amei sobre a culinária é que é a combinação perfeita da arte e da ciência.
É de entendimento fundamental de como os ingredientes funcionam, como
eles se comportam, como a química muda quando eles são combinados ou
quando se adiciona um catalisador como sal ou quando você aplica calor
sobre eles, o que você pode criar. Você pode criar praticamente qualquer coi-
sa. Contanto que você entenda como os ingredientes trabalham, você pode
executar e entregar qualquer coisa que deseja criar.
• Blocos de bitcoin
Nós estamos começando a ver pessoas entenderem que o bitcoin é um con-
junto de ingredientes e você tem uma receita, mas você pode fazer diferentes
receitas. Pessoas estão agora tentando combinar esses ingredientes.
Os bancos não estão dizendo: "Seu caminhão tem quinas afiadas e seu ham-
búrguer é tão caro e leva mais de 45 segundos." O que eles estão realmente
dizendo é: "Suas taxas de transações são tão altas e vocês são tão lentos que
possivelmente não conseguirão produzir em escala." Falta um ponto. O pon-
to é que não estamos tentando vender um bilhão de hambúrgueres a cada 45
segundos; estamos tentando liberar a criatividade de uma geração inteira.
Estamos construindo um sistema onde mais de mil aplicativos que requei-
ram a confiança possam ser construídos.
Quando você constrói uma cozinha como o McDonald’s, você pode produzir
hambúrguer a cada 45 segundos, mas você não pode fazer almôndegas. Você
não pode fazer nada além disso. Você é aperfeiçoado para fazer uma coisa e
uma única coisa e, enquanto isso servir a sua linha de lucro, está tudo bem.
Porque estou certo de que você testou em um grupo-alvo para ter certeza de
que é o que todos querem.
Esta é uma péssima maneira de construir uma economia. Esta é uma péssi-
ma maneira de construir um sistema financeiro. Esta é uma péssima maneira
de construir uma rede de pagamentos.
Eles construíram um sistema que só pode fazer uma coisa: nos escravizar.
Que só pode fazer uma coisa: empobrecer-nos. Um sistema que remove a
liberdade da maneira mais eficiente possível para gerar lucros. O sistema
está quebrado, e isso não se adapta. Mas se é isso o que você está tentando
fazer, é o mais eficiente que você já viu.
Muito obrigado.
Histórias de escalabilidade
Hoje, eu vou falar sobre a escalabilidade. Muitos de vocês provavelmente no-
taram que há um debate muito interessante sobre como o bitcoin é escalável.
Esse é o tema que eu quero abordar, não de uma perspectiva técnica, mas de
uma perspectiva mais ampla, para tentar entender o que significa escalar.
Assim, a internet não poderia ganhar escala. Esse foi o começo da problema-
Mas, obviamente, a questão é que redes não ganham escala. Redes falham
em ganhar escala. Algumas redes fracassam elegantemente em ganhar esca-
la por décadas, e são essas as que triunfam no final das contas.
"Algumas redes fracassam elegantemente em ganhar escala por décadas, e são essas as que
triunfam no final das contas."
Então, era possível ganhar escala para os e-mails, mas não para os anexos
dos e-mails. Todo mundo estava em um alvoroço: "Nós nunca vamos ganhar
escala para aguentar os anexos dos e-mails. A internet vai certamente der-
Essas mesmas empresas de telefonia (as que ainda estão no mercado) agora
roteiam todas as chamadas telefônicas pela internet. Primeiro, eles não que-
riam a internet em suas redes telefônicas. Depois, eles permitiram a internet
em suas redes de telefone. Então, eles construíram suas redes de telefone em
cima da internet.
Agora, há uma dúzia de pessoas escrevendo sua tese de PhD sobre como o
bitcoin falhou, vai falhar, está morrendo, está morto e morrerá novamente.
“Bitcoin está falhando na escala. Se tivermos sorte realmente, o bitcoin continuará a falhar a
escala graciosamente por 25 anos, como a internet.”
A outra maneira de fazer isso é imaginar, como usar o mercado para resol-ver
esse problema. Temos um mercado. Temos uma moeda. Use o mercado para
resolver esse problema: permita ao mercado estabelecer a taxa mínima que
atende aos requisitos de fornecimento através dos mineradores e sua neces-
sidade de propagação rápida de blocos e a demanda dos usuários para as
aplicações que lhes interessam. Se você paga a taxa, sua transação é legitima-
da. Não há transação de spam. Não existe uma transação ilegítima. Há apenas
transações que foram mineradas e transações que não tinham taxa suficiente
para serem mineradas.
Obrigado.
Obrigado
Obrigado.
E claro, Andreas não seria capaz de realizar seu trabalho sem suporte finan-
ceiro da comunidade através da Patreon. Saiba mais sobre o seu trabalho e
ganhe acesso prévio a vídeos e outros conteúdos exclusivos por se tornar um
patrono em https://www.patreon.com/aantonop.
O Volume Dois contém a seção "Perguntas frequentes" e algumas das conversas mais populares,
incluindo:
Introdução ao Bitcoin: Conferência IPP do Singularity University; Silicon Valley, California; se-
tembro 2016;
Notícia falsa, Dinheiro falso: Encontro do Vale do Silício no Plug & Play Tech Center;
Sunnyvale, Califórnia; abril de 2017;
O Menino Bolha e o Rato de Esgoto: Workshop DevCore na Universidade Draper, San Mateo,
Califórnia; outubro 2015;
Casey e Vigna expõem o desafio de substituir instituições confiáveis (e não tão confiáveis) nas
quais confiamos por séculos com um modelo radical que as ultrapassa. A Máquina da Verdade
revela o empoderamento possível quando os intermediários interessados em se interessarem
dão lugar à transparência do blockchain, ao mesmo tempo em que destacam as perdas de em-
prego, a afirmação de interesses especiais e a ameaça à coesão social que acompanhará essa
mudança. Com a mesma perspectiva equilibrada que trouxeram para A Era das Criptomoedas,
Casey e Vigna mostram por que todos nós devemos nos importar com o caminho que a tecnolo-
gia blockchain está trilhando - levando a humanidade adiante, não para trás.
A Era das Criptomoedas - como o Bitcoin e o Blockchain estão desafiando a ordem econômica global
Michael Case e Paul Vigna
Em A Era das Criptomoedas, os jornalistas de Wall Street, Paul Vigna e Michael J. Casey, dão a
resposta definitiva a essa questão. A Criptomoeda está pronta para lançar uma revolução, que
poderia reinventar as estruturas financeiras e sociais tradicionais, ao mesmo tempo em que traz
os bilhões de indivíduos "sem banco" do mundo para uma nova economia global. Criptomoeda
mantém a promessa de um sistema financeiro sem intermediários, pertencentes às pessoas que
o usam e salvaguardados da devastação de um acidente do tipo de 2008.
Mas o bitcoin, o mais famoso das criptomoedas, carrega uma reputação de instabilidade, flutu-
ação selvagem e negócios ilícitos; alguns temem que ele tenha o poder de eliminar empregos
e derrubar o conceito de um estado-nação. Implica, acima de tudo, mudança monumental e
abrangente - para melhor e para pior. Mas está aqui para ficar e você o ignora por sua conta em
risco.
Vigna e Casey desmistificam a criptomoeda - suas origens, sua função e o que você precisa
saber para navegar em uma economia cripto. O mundo da criptomoeda será muito diferente do
mundo da moeda de papel; A Era das Criptomoedas vai te ensinar como estar pronto.
Você, como o resto do mundo, especulou sobre a identidade de Satoshi Nakamoto, criador
anônimo do Bitcoin?
A primeira criptomoeda do mundo, o Bitcoin entrou em operação em 2009 e desde então revo-
lucionou nossos conceitos de moeda e dinheiro. Não suportado por nenhum governo ou banco
central, completamente eletrônico, o Bitcoin é uma moeda virtual baseada em sistemas crip-
tográficos avançados.
O livro de Satoshi oferece uma maneira conveniente de analisar o que o criador do Bitcoin es-
creveu ao longo dos dois anos que constituíram sua "vida pública" antes de ele desaparecer da
Internet ... pelo menos sob o nome de Satoshi Nakamoto.
A verdadeira identidade de Nakamoto pode nunca ser conhecida. Portanto, os escritos repro-
duzidos aqui são, provavelmente, tudo que o mundo jamais ouvirá dele a respeito da criação,
funcionamento e base teórica do Bitcoin. Quer aprender mais sobre o Bitcoin? Vá diretamente
para a fonte - os escritos do próprio criador, Satoshi Nakamoto.
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