Oportunidades Disfarçadas - Parte Escrita

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Oportunidades disfarçadas nas emboscadas

Se você é patrocinador oficial ou não, fique de olhos bem abertos para identificar qualquer
chance de promover seu negócio durante grandes eventos.

Imagine que seu maior concorrente fechou a cota de patrocínio de um grande evento. Antes
que você se desespere e pense que tudo está perdido, calma: pode ser que o patrocinador
oficial não explore tão bem o ativo, e mais: com criatividade, é possível até que a sua marca
saia ganhando. É o chamado “Ambush Marketing”, ou Marketing de emboscada, prática em
que uma marca intrusa ataca de surpresa o patrocinador oficial, seu concorrente.

Alguns exemplos correram nos jogos olímpicos de Atlanta em 1996:


O velocista Linford Christie roubou a cena ao dar entrevistas usando lente de contato com o
logo da marca Puma. A marca oficial patrocinadora do evento era a Reebook.

Nike: medalha de ouro em emboscada.


O caso que ficou conhecido com a emboscada das emboscadas aconteceu também nos jogos
olímpicos de 1996. O velocista americano Michael Johnson se destacou com seus chamativos
tênis Nike dourados e, depois de quebrar dois recordes mundiais, foi uma das sensações do
evento, nas inúmeras entrevistas que fez Johson fez questão de exibir os calçados. É famosa a
capa da revista time em que figura o atleta como tênis pendurado no ombro. A Rebook havia
pagado 50 milhões de dólares pelos direitos de ser a patrocinadora oficial dos jogos de Atlanta,
mesmo assim a Nike foi a marca mais lembrada.

Em 2008, nos jogos olímpicos de Pequim, a Pepsi surpreende ao trocar a cor da sua latinha de
azul para vermelho, sob a alegação de que era para apoiar as equipes chinesas. A
patrocinadora oficial dos jogos era a Coca Cola.

Oportunidades nas Guerras

É surpreendente que o evento que mais celebra as pessoas com deficiência tenha surgido
graças ao acontecimento que mais produziu… pessoas com deficiência. Após a Segunda Guerra
Mundial, a Europa se deparou com a dura realidade dos soldados feridos. Homens lesionados,
amputados, paraplégicos, tetraplégicos e doentes. Em teoria, heróis de guerra; na prática,
gente traumatizada, deprimida, revoltada, sentindo-se inválida. No hospital Stoke Mandeville,
na Grã-Bretanha, o neurocirurgião Ludwig Guttmann fez uma importante constatação: quando
os feridos se movimentavam, fosse para arremessar dardos ou mesmo jogar baralho,
apresentavam melhora no quadro geral. Baseado nisso, o médico improvisou nas
dependências do hospital alguns jogos de arco e flecha e basquete. O resultado foi tão
animador que o encorajou a pensar grande. A edição seguinte dos Jogos Olímpicos ocorreria
em 1948, em Londres. No mesmo dia da abertura, Guttmann anunciou a primeira competição
para pessoas com deficiência da história, até hoje os JOGOS PARALÍMPICOS é considerando
um grande evento que têm impacto positivo em milhões de deficientes por todo o mundo.

Outro exemplo de uma oportunidade disfarçada a partir da guerra foi quando os soldados da
Guerra Civil Espanhola levavam nas bolsas pequenos pedaços de chocolate revestidos com
uma firme crosta de açúcar para não derreterem. Após conhecer a novidade na Europa, o
empresário Forrest Mars lançou nos Estados Unidos um produto semelhante, mas em cores
chamativas. Sim, o M&M’s veio dos campos de batalha.

A Guerra é sim capaz de deixar algum efeito colateral benéfico para a sociedade, a União do
povo, determinação para reconstruir um país, uso mais consciente dos recursos naturais e
redução da desigualdade social. Além de invenções, inovações e produtos importantes, como
os veículos Jeep e Vespa, o Pilates, os alimentos em conserva, o leite condensado, radares,
computadores, a internet e até mesmo a chegada do homem à Lua.
Saber que pessoas vivendo situações extremas e em condições subumanas conseguiram dar
origem a uma competição (Paralimpíadas), uma obra-prima (Dom Quixote) e até uma filosofia
de vida transformadora (Logoterapia) deveria servir de estímulo e inspiração para todos nós
enfrentarmos nossas próprias adversidades.

Oportunidades nas Limitações

Em 1970, a nave espacial Apollo 13 sofreu uma grave pane a 330 quilômetros da Terra e ficou
impedida de retornar ou prosseguir na missão. Com o oxigênio se esgotando, a tripulação
estava condenada à morte. A única saída era os tripulantes construírem um filtro de ar usando
fita adesiva, papelão e alguns sacos plásticos. Como sabemos, eles conseguiram retornar sãos
e salvos. Pense nisso da próxima vez que enfrentar uma grave restrição: a questão não são as
limitações, mas o melhor que você pode fazer dentro delas.

Em 2007, o mexicano Jordi Muñoz vivia uma situação inusitada nos Estados Unidos. Enquanto
aguardava que seu processo de imigração fosse concluído, estava impedido de estudar e
trabalhar. Sem ter o que fazer adorava andar pelas ruas e parques da cidade e acabou
observando que pilotar aeromodelos parecia impossível para as pessoas comuns. Como muñoz
já havia estudado eletrônica pensou em uma forma de simplificar a operação, ele abriu o
controle remoto de seu Nintendo Wii e removeu os sensores. Em seguida, conectou a um
microcontrolador que comprou por 18 dólares. Faltava apenas um programa que estabilizasse
a navegação do helicóptero. Sem dinheiro para contratar um programador, ele mesmo
aproveitou o tempo livre para tentar desenvolver. A partir dessa tentativa o mexicano tinha
acabado de criar o drone, equipamento que transfere para o software toda a complicação
mecânica de pilotagem. Alguns anos depois Muñoz se tornou sócio da 3D Robotics, a maior
fabricante de drones dos Estados Unidos. Entre seus clientes consta a Nasa.

Outro exemplo de oportunidades disfarçadas nas limitações é o Carnaval do Brasil. Grande


parte dos organizadores dos desfiles vem de comunidades carentes. Gente muitas vezes
iletrada, desfavorecida, e isso não os impede de assumir cargos de alta responsabilidade,
visibilidade e poder. O peão de obra se torna um competente mestre de bateria. O sucateiro
vira um aplicado diretor de harmonia. E todos com profundo senso de equipe. O Carnaval é
uma prova desconcertante de nossa imensa – e represada – capacidade realizadora. Falta
apenas que nós, brasileiros, nos apoderemos disso. Só venceremos nosso fatídico “complexo
de vira-lata”, quando tomarmos consciência de nossas “insuspeitas potencialidades” – para
usar os termos cunhados por Nelson Rodrigues.

Incorporando a Mentalidade Oportunidades Disfarçadas

A princípio não existe um método ou fórmula definida, cada caso descrito neste livro e no
anterior envolve um conjunto singular de variáveis: momento histórico, situação do mercado,
realidade macroeconômica, habilidades pessoais, acaso etc. pelo menos existem atitudes,
características e aptidões que comprovadamente aumentam suas possibilidades de descobrir
uma oportunidade disfarçada. Vamos a elas.
Permanecer no desconforto: problemas são oportunidades, erros nos levam a desvios,
fracassos são terrenos férteis e crises estimulam inovação. Mas só testemunhará isso quem
suportar ficar no ambiente hostil do problema, do erro, do fracasso e da crise por tempo
suficiente, até baixar a poeira das emoções e recuperar a racionalidade. Com equilíbrio e
calma, é possível enxergar com clareza a situação real, dimensioná-la e identificar possíveis
causas e soluções.

Ser curioso: “É mágico: quanto mais você lê e se informa sobre o assunto, mais as ideias
começam a aparecer”, disse Andrew Ng, fundador do centro de pesquisa Google Brain. Estude
tudo que puder sobre o assunto: a realidade do segmento, casos semelhantes do passado,
tendências futuras e novidades da tecnologia. Não tenha pressa. Em vez de buscar logo a luz
no fim do túnel, tente iluminar o túnel. Como disse Albert Einstein: “Não é que eu seja muito
inteligente, é que eu passo mais tempo com os problemas.”

Ser criativo: Criar é fazer conexões entre coisas aparentemente não relacionadas. Por isso é
tão importante abastecer o cérebro de informações antes de criar. Quanto mais repertório,
melhor. A criatividade é como um músculo: pode ser exercitada e aperfeiçoada. O que impede
que haja mais gente criativa são – surpresa – nossas travas interiores. Para romper essa
dinâmica, ouça a voz da ciência: quanto mais você tentar pensar de forma criativa, mais
criativo se tornará. Isso se explica pela plasticidade do cérebro: quando ativamos neurônios
para realizar determinada tarefa, mais fortes se tornam as conexões entre as células
envolvidas. Portanto, diante de um desafio ou dificuldade, permita-se imaginar diversas saídas.
Invente, crie, tente soluções diferentes.

Ter resiliência: O caminho para uma oportunidade disfarçada é sempre repleto de obstáculos.
Ainda que a maioria esteja fadada ao insucesso, socialmente é bom que muitos tentem.
Porque, mesmo que poucos sejam bem-sucedidos, o efeito líquido para a sociedade em larga
medida supera o custo dos indivíduos que não chegaram ao resultado pretendido, Nós não
sabemos de antemão qual dará certo ou quem será bem-sucedido. E um Bill Gates que acerta,
ou um Shakespeare, um Francis Bacon que acerta, o benefício trazido por esse resultado
positivo supera largamente o custo daqueles cujo nome não sabemos por que tentaram e não
deu certo.” Mesmo que você não pretenda empreender ou realizar grandes inovações, o
pensamento Oportunidades Disfarçadas pode tornar sua vida mais produtiva, dinâmica e
estimulante.

Conforme Joseph Campbell, “cada um de nós é uma criatura completa, única, e, se for o caso
de oferecermos alguma dádiva ao mundo, ela deverá ser extraída da nossa própria experiência
e da realização das nossas próprias potencialidades, e não de quem quer que seja.”

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