2014 EvertonMachadoSimoes VCorr
2014 EvertonMachadoSimoes VCorr
2014 EvertonMachadoSimoes VCorr
(Versão corrigida)
São Paulo
2014
EVERTON MACHADO SIMÕES
(Versão corrigida)
São Paulo
2014
SIMÕES, Everton Machado. África banta na região diamantina: uma proposta de estudo
etimológico. Dissertação apresentada ao Programa de Pós-graduação em Lingüística, da
Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo para
obtenção do título de Mestre em Linguística.
Aprovado em:
Banca Examinadora
Julgamento:____________________________________Assinatura: ______________________
Julgamento:____________________________________Assinatura: ______________________
Julgamento:____________________________________Assinatura: ______________________
Dedicatória
À ma puce.
AGRADECIMENTOS
Agradeço,
À Profa. Sônia Queiroz, pelas sugestões de pesquisa, e por seu convite para
participarmos do 44º. Festival de Diamantina;
À colega Andréa Adour, professora doutora da UFRJ, com quem pude tantas
vezes compartilhar do trabalho com os vissungos e falares africanos;
À minha amiga e prima Andréa Machado, que com suas leituras e revisões
leigas ajudou profundamente o trabalho;
Aos mestres de cantos e contos das comunidades, em especial: Seu Ivo, Seu
Geraldo (in memoriam), Dona Geralda, Clemência, Vavá e Geraldinho, em Milho
Verde; Dona Ana e Dona Luísa, no Espinho; Seu Pedro de Alexina, Dona Maria
Miúda e Maria Macarrão, em São João da Chapada e Quartel do Indaiá;
À minha família;
Muito obrigado.
RESUMO
Este trabalho constitui uma pesquisa sobre o léxico de origem africana presente
em falares da região diamantina de Minas Gerais. Estão aqui reunidos os léxicos de
diferentes pesquisas sobre a região, além dos resultados recentes de nossa
investigação, realizada em quatro comunidades remanescentes de quilombo:
Ausente e Baú, no distrito de Milho Verde, Serro; Espinho, no município de
Gouveia; e, Quartel do Indaiá, no distrito de São João da Chapada, Diamantina. O
objetivo principal deste estudo é apresentar uma investigação etimológica dos
itens lexicais coletados, procurando fazer um estudo histórico e linguístico da
realidade observada.
Our study indicates that the slavery system of the diamond region, the late
traffic departing from Benguela seaport and the lexical proximity of Bantu
languages, favored the preservation during a certain period of time of an African
language of Bantu characteristics. It is not possible to identify precisely which
language it was, but we could identify a great lexical contribution from umbundo
(R10). It is reasonable to propose that there was a case of linguistic convergence of
a vehicular language from the R group with languages from the H group, both
present in the region.
Abreviações e diacrítcos 11
Introdução 13
2.1 Os vissungos 41
2.2 O canto dos Catopês de Nossa Senhora do Rosário 43
2.3 A língua africana da região diamantina 51
Conclusão 185
Referências bibliográficas 187
Anexo 1 195
ÍNDICE DE FIGURAS E MAPAS
adj. adjetivo
adv. advérbio
AM Aires da Mata Machado Filho (São João da Chapada)
cl. classe
dim. diminutivo
ESP Espinho
ext. extensão verbal
GEN genitivo
imp. imperativo
IO índice do objeto
IS índice do sujeito
lit. literalmente
LOC locativo
MV Milho Verde
Obs. comentários sobre a análise
PI pré-inicial
PL plural
POSS sufixo do possessivo
pr. presente
pref. prefixo
quimb. quimbundo
REC passado recente
SG singular
sub. substantivo
TAM marca de tempo, aspecto e modo
umb. umbundo
v. verbo
VF vogal final
Diacríticos
*x x é reconstruído
x>y x se transforma em y
x<y x provém de y
x → y x deriva (morfologicamente) de y
x ← y x é derivação de y
x≈y x é variante de y
x≅y x é cognato de y
x ≡ y x é homófono de y
x≅y x é cognato de y
x y x afeta y analogicamente
x >> y o significado x se transforma no significado y
? Dúvida quanto à afirmação
[?] Menor probabilidade da hipótese
INTRODUÇÃO
Os vissungos são uma rica fonte para a análise das línguas africanas
presentes no Brasil, tendo preservado sob a música, uma quantidade maior de
itens linguísticos trazidos pelos negros escravizados. São cantos “ritualísticos [...]
que incorporam emoções de ordem social e religiosa” (NASCIMENTO, 2003, p. 23).
A própria palavra tem origem no termo umbundo, ovi-sungo, pertencente à quarta
13
classe prefixal nominal, e plural de oci-sungo, o qual significa ‘canção’ (SANDERS,
1885 [2009]).
14
sobre o modo de uso e sentido, que nem sempre eram conhecidos pelos
colaboradores.
Cabe, por fim, fazer uma observação quanto ao uso dos termos escravo e
escravizado. Por vezes, neste trabalho, alternamos entre o uso destas palavras,
mesmo cientes da realidade que os povos africanos transplantados para o Brasil
15
durante o período do infame comércio, o tráfico negreiro, não eram escravos na
sua origem, mas foram aqui escravizados. Desta forma, o eventual uso do termo
escravo não implica em ofensa ou culpabilização do escravizado em relação à sua
condição.
16
Capítulo I – Os Africanos na Região Diamantina
17
ficou conhecido como a Estrada Real. Um outro caminho também utilizado para a
região, que apesar de mais longo, mais simples e menos escarpado, foi o chamado
‘Caminho da Bahia’ ou ‘Caminho dos Currais do Sertão’, traçado ao longo do Rio
São Francisco até a junção com o Rio das Velhas (BOXER, 1969, pp. 62-63). Boxer
afirma que:
18
Figura 1: Mapa da Estrada Real. Fonte: http://www.sabaranet.com.br/estradareal.asp
19
Na primeira metade do século XVIII, a história da região passa a se
distinguir de seus arredores após a descoberta e prospecção dos diamantes. Já em
1726, era conhecida a existência das pedras, sendo que aventureiros adentraram
às partes mais remotas do Serro Frio, trocando a lavagem do ouro pela das pedras
recém-descobertas (BOXER, 1969, p. 224). Ainda na década de 1730, o Arraial do
Tejuco, futura cidade de Diamantina, ultrapassa em população e importância a Vila
do Príncipe, tornando-se o polo comercial mais importante da região.
Em 1734, cria-se a Intendência de Diamantes, administração da região
diretamente ligada à coroa, e demarcam-se as terras do distrito, que sofreriam
diversas alterações durante o século XVIII (SCARANO, 1969, p. 165). Após
sucessivos aumentos da taxa de capitação,1 forma como eram cobrados os
impostos pela Coroa Real, seguiu-se um período de proibição completa da
mineração na região (para recuperação dos preços dos diamantes que perdiam
valor devido ao contrabando e à livre exploração inicial). Em 1740, a Coroa institui
o contrato de monopólio (BOXER, 1969, pp. 228-229).
O caso de Brant não era uma exceção. Havia restrição quanto ao número de
escravizados que poderiam trabalhar na mineração. Apenas 600, segundo Scarano
(1969, p. 165). No entanto, Machado Filho (1985, p.18) indica que era geral o
abuso dos contratadores que chegavam a empregar 4000 escravizados nas lavras.
Boxer (1969, p. 237) afirma ser o número exagerado. No entanto, os contratadores
utilizavam de negros supostamente ocupados em outros serviços para procurar
diamantes. Ainda, mineravam em riachos fora dos limites impostos e mesmo
compravam diamantes de garimpeiros ilegais e de seus próprios escravos.
A mineração por contrato é substituída pela Real Extração, em 1772,
quando a coroa passou a explorar diretamente as pedras, instituindo o Regimento
Diamantino, o famigerado ‘livro da capa verde’. Durante todo o período colonial,
1
Segundo Boxer (1969, pp. 224-226) cobrava-se uma taxa de 5$000 sobre cada escravo ou mineiro
empregado na mineração em 1730. Apenas dois anos depois, a taxa havia sido elevada a 40$000,
principalmente para limitar o número de mineradores e aumentar o valor das pedras.
20
porém mais enfaticamente durante a Real Extração, o distrito diamantino foi uma
Demarcação da Metrópole com tratamento distinto das demais regiões e regras
rígidas para seus habitantes, ligando-se diretamente a Lisboa. Segundo Boxer
(1969, p. 239), comerciantes deveriam passar por rigorosa inspeção alfandegária
ao entrar ou sair do distrito, e qualquer cidadão poderia ser expulso diante da mais
leve suspeita ou acusação.
O período de exploração sobrevive por alguns anos à decadência do ciclo do
ouro, entrando em descrédito a partir de 1816, sendo a Real Extração
definitivamente abandonada pelo Império Brasileiro em 1841 (SCARANO, 1969, p.
166).
Martins (2008, p. 612) afirma que o século XIX pode ser dividido em quatro
períodos: a) 1808-1832, quando há a primeira crise do diamante, correspondente
ao fim da Real Extração; b) 1832-1870, ápice da atividade garimpeira, quando se
adota o regime de livre exploração; c) 1870-1897, segunda crise do diamante,
ocasionada pela descoberta das minas na África do Sul; d) 1897-1930, quando há
reintensificação da atividade mineradora e intensificação da operação de grandes
empresas estrangeiras.
No decorrer dos séculos XIX e XX, os diversos vilarejos e distritos da região
foram se emancipando e formando diferentes municípios, a saber: Diamantina,
1831; Serro, elevado a cidade em 1838; Rio Vermelho, 1938; Felício dos Santos,
1953; Gouveia, 1953; Presidente Kubitschek, 1962; Alvorada de Minas, 1962;
Datas, 1962; Senador Modestino Gonçalves, 1962; São Gonçalo do Rio Preto, 1962;
Couto de Magalhães de Minas, 1963; Monjolos, 1963; Santo Antônio do Itambé,
1963.
Mesmo com tais mudanças político-administrativas, o garimpo ainda é uma
realidade na região, ainda que realizado ilegalmente e em empreitadas
independentes. Mais recentemente, a atenção aos problemas ambientais causados
no Alto Jequitinhonha levou à proibição do garimpo e mineração em diversos
trechos do rio. Segundo artigo da revista Veja (27/06/2001), a única mineradora
instalada em Diamantina, do grupo Andrade Gutierrez, deixaria de atuar em três
anos por esgotamento da jazida.
21
1.1.2 O distrito diamantino e a escravidão
A comarca do Serro Frio foi dos lugares onde a Coroa fez valer toda sua
autoridade, sendo difícil escapar às leis impostas na região. Scarano (1969, pp. 104,
108) afirma que o número de negros na localidade nunca foi superior ao das
Comarcas mais populosas (Mariana, Vila Rica e Rio das Velhas), entretanto, ainda
assim, constituíram o maior contingente populacional da região.
O sistema de capitação levava os proprietários a ocultarem ou modificarem
seus números, utilizando de recursos como a substituição de escravizados fugidos
ou doentes (SCARANO, 1969, p. 106). Contam-se, em 1735, 10.102 escravizados na
Comarca da Vila do Príncipe. Quando da instituição do sistema de Contrato, os
números baixam para 7.000 ao final da década de 1740, subindo a um total de
15.414 duas décadas mais tarde (Ibid., p. 110).
Em 1740, qualquer escravo encontrado em busca de diamante fora da área
delimitada seria confiscado pela Coroa, assim como escravos que ultrapassassem a
cota permitida para mineração. Um indivíduo poderia, ainda, ser expulso do
distrito simplesmente diante da acusação de um dos contratadores (BOXER, 1969,
pp. 229-230). Negros forros e pardos estavam entre os grupos mais vitimizados
pelo sistema.
Entretanto, o sistema necessitava de escravos. Mesmo assim, havia a
intenção de se trabalhar com o mínimo necessário para evitar os roubos e
contrabando de diamantes.
Os escravos tinham que trabalhar curvados, de frente para seu capataz
de forma a peneirar o cascalho nos alguidares e atirar para fora o
referido cascalho enquanto apanhavam os diamantes. Tinham que trocar
de lugares [...] a fim de impedir o encontro de diamantes que pudessem
ter escondido num monte de pedras ou na terra. [...] [Todavia] A
primeira coisa que os trabalhadores velhos, entre os escravos,
ensinavam aos moleques [...] era a forma de roubar diamantes. (BOXER,
1969, pp. 234).
22
A rigidez de controle instaurada pela Coroa incitava muitos brancos pobres
à ilegalidade do garimpo e sua associação aos quilombolas, grupos de negros
fugidos. O terreno acidentado da região criava esconderijos fáceis para ambos, que
mantiveram o contrabando de diamantes durante todo o período colonial, mesmo
sendo perseguidos constantemente pelos dragões de Minas.
Os escravizados do Distrito Diamantino pertenciam às mais diversas
‘nações’ que forneceram contingentes para o Brasil. Em análise sobre as
irmandades religiosas de negros na região, Scarano (1969, p. 113) afirma serem os
‘minas’ mais numerosos, seguidos pelos ‘benguelas’ e ‘nagôs’ e, finalmente, pelos
‘angolas’. A autora ainda afirma a presença de poucos representantes de diversas
‘nações’: daomé, tapa, congo-cabinda, moçambique, maqui, sabará, timbú, cobú,
xamba, malé.
Em busca de referências às nações dos africanos escravizados, realizamos
uma consulta modesta aos dados de óbitos da região de Milho Verde, atual distrito
do município de Serro, e local de nascimento de Chica da Silva. Os documentos2
encontram-se na Casa do Bispo (ou Mitra) na Rua do Contrato em Diamantina.
Verificamos os registros de óbitos de escravos entre 1785-1819. Os registros
possuem lacunas entre os anos de 1800-1806, além de não oferecerem dados dos
anos de 1795, 1807, 1816, 1817. Entre os dados de africanos falecidos na região,
verificamos um total de 147, especificados da seguinte forma em ordem
decrescente: benguelas/banguelas – 21; crioulos – 15; angolas – 12; nagôs – 6;
minas – 6; rebolos – 6; cabras – 6; cabinda – 5; mafumbes/muvumbes – 5; cassanje
– 3; ganguelas – 3; congos – 2; songos – 2; munjolos – 2; outros (vermelho,
goganda, moçambique, da fomé (daomé), timbú, malé, lada, gosir(?)/yosir(?);
perneba/parneba(?); cadgaguino(?) ) – 1 de cada; além de 43 não especificados.
Desse modo, percebemos uma indicação da forte presença de africanos
escravizados vindos tanto da África Ocidental (a chamada costa de mina) quanto
da África Centro-Ocidental (a partir dos portos de Angola). As ‘nações’ não
especificavam necessariamente etnias, mas foram importantes no processo de
reconstrução identitária dos africanos vitimados pelo tráfico.
2
Diamantina, Casa do Bispo, MG - Caixa 357, Bloco E – Registro de óbitos de Milho Verde 1715-1818.
23
Figura 2: O Atlântico Sul português no século XVIII. Fonte: MILLER, 2010, p. 37.
24
língua a um dialeto específico, mas a todo o language unit, na constituição de um
falar veicular, em processo de pidginização3 (BONVINI, 2008, p. 45).
Apesar dos mitos que ajudaram a intensificar o tráfico de escravos ‘mina’, o
comércio negreiro prosseguiu ativamente na costa de Angola, sendo que os
africanos exportados da região seguiam de perto em número os da África Ocidental
(BOXER, 1969, p. 195). Com a decadência do ciclo do ouro, reforçou-se o tráfico na
costa de Angola, havendo aumento do transporte na segunda metade do século
XVIII, pelo porto de São Filipe de Benguela, ao sul de Luanda; nos portos do Congo
Norte, em 1810; e, em Benguela novamente, após 1830 (SLENES, 1992, p. 60).
Em 1873, o total de escravizados do município de Diamantina era de
34.838, constituindo 9% do total da província (MARTINS, 2008,p. 616). Machado
Filho afirma que a lei áurea libertou cerca de 800.000 brasileiros, 230.000 em
Minas Gerais, boa parte dos quais se encontravam nos municípios do antigo
Distrito Diamantino. Muitos dos escravizados recém-libertos, deixados em situação
precária, juntaram-se aos garimpeiros independentes, lançando-se à fortuna e
desfortuna proporcionada pelos diamantes.
A dinâmica da escravidão, a geografia peculiar da Serra do Espinhaço e as
práticas severas impostas pela coroa no Distrito Diamantino foram relevantes na
manutenção de costumes africanos na região, assim como na formação das
diversas comunidades remanescentes de quilombos.
3
O autor (2008, p. 45) sugere a partir de Manessy (1995), um fenômeno tríplice, indicativo da
pidginização: 1. Adaptação, “reinterpretação segundo um modelo estrangeiro”; 2. Simplificação,
“diminuição do número de manifestações externas dos mecanismos gramaticais e melhoria de seu
rendimento funcional”; 3. Redução, “redução a zero da complexidade do sistema linguístico”.
25
da colônia, sendo frequentemente acusados de roubos e assassinatos. Todavia, a
visão de um grupo composto somente por africanos e seus descendentes é
equivocada, visto que mesmo brancos e mulatos encontravam-se entre os
elementos do grupo (SCARANO, 1969, p. 118).
[...] grande parte dos negros não tinha mais onde ficar, não havia
trabalho e não havia perspectiva de integração à sociedade
brasileira. Assim, muitas famílias migraram para os grotões, para
as terras desabitadas ou para as margens das fazendas. Algumas
poucas famílias receberam terras como doação dos antigos
senhores e ali constituíram uma comunidade (CEDEFES, 2008).
26
Disposições Constitucionais Transitórias, serão procedidos de acordo
com o estabelecido neste Decreto.
27
Capela do Rosário em Milho Verde (jan/2011). Foto: Everton Machado Simões
(a) Ausente
28
comunidade do Baú, que chegaram à região quando os antigos moradores a
haviam abandonado, logo, estando ‘ausentes’.
(b) Baú
A pesquisa na região
Segundo nos informa Queiroz (1998, p. 22), o Prof. Mário Roberto Zágari
(Universidade Federal de Juiz de Fora) investigava uma língua de origem africana
na região em 1976. Zágari é responsável por um estudo dialetológico do Estado de
Minas Gerais, entretanto, ainda que tenhamos pesquisado, não encontramos
publicações a respeito de sua pesquisa. Já em 1996, com a publicação do livro
“Cafundó, a África no Brasil”, os autores Carlos Vogt e Peter Fry (1996, pp. 285-
341) apresentam um vocabulário coletado em Milho Verde, apesar de não
oferecerem maiores informações a respeito da coleta dos dados. Nas referências
bibliográficas deste trabalho, encontramos o trabalho do etnomusicólogo austríaco
Gerhard Kubik (1991), “Extensionen Afrikanischer Kulturen in Brasilien”, que
gravou alguns vissungos na região de Quartel do Indaiá (em 1979), e também em
Milho Verde.
No final da década de 1990, cabe ressaltar a pesquisa do também
etnomusicólogo suíço Marc-Antoine Camp, que elaborou um longo trabalho de
investigação concluído em sua tese de doutorado “Gesungene Busse: Praxis und
Valorisierung der Afro-Brasilianischen Vissungo in der Region Von Diamantina,
29
Minas Gerais” (2006), no qual discorre sobre a presença dos cantos vissungos e o
papel e influência dos pesquisadores em geral diante da cultura tradicional.
No começo dos anos 2000, Lúcia Valéria do Nascimento pesquisa a região
em uma busca mais detalhada pelos cantos tradicionais ‘vissungos’. Nascimento
(2003) registra um pequeno glossário de itens coletados com dois informantes da
região, principalmente o Sr. Antônio Crispim Veríssimo, falecido em 2008, e o Sr.
Ivo Silvério da Rocha, mestre do grupo dos Catopês. Nascimento estende o seu
trabalho também à região de São João da Chapada e Quartel do Indaiá.
Há diversos trabalhos artísticos e documentais na região, como, por
exemplo, as diversas oficinas e festivais realizados pela Profa. Sônia Queiroz
(Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG) com os dois mestres de cantos e
falares africanos da região, Seu Ivo e Seu Crispim, principalmente durante os
festivais de inverno de Diamantina, realizados pela UFMG. Há, ainda, um
documentário realizado após a morte de Seu Crispim, Ausência (2008), dirigido
por Cássio Gusson.
Por fim, destacamos o Projeto-Piloto IPHAN/USP no. 20173 “Levantamento
etnolinguístico de comunidades afro-brasileiras de Minas Gerais e Pará”,
coordenado pelas Profas. Margarida Maria Taddoni Petter e Márcia Santos Duarte
de Oliveira na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da
Universidade de São Paulo. O projeto surgiu de um convênio do Instituto do
Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) com a Universidade de São
Paulo (USP) por meio da unidade FFLCH e viabilizado pela pesquisa das
professoras acima mencionadas, cujo objetivo foi a criação de um banco de dados,
disponibilizado na rede, de textos orais de duas comunidades afro-descendentes
em Minas Gerais (a comunidade da Tabatinga, em Bom Despacho; e o distrito de
Milho Verde, junto às comunidades de Ausente e Baú, município do Serro) e uma
no Pará (comunidade de Jurussaca, município de Bragança) (PETTER & OLIVEIRA,
2011). O projeto teve como finalidade registrar, documentar e avaliar os traços de
línguas africanas nas ‘linguagens’ das regiões.
Realizado entre 2010 e 2011, o Projeto IPHAN/USP adquire importância
por fazer parte de uma série de projetos-pilotos que antecederam a criação do
decreto no. 7387, de 2 de dezembro de 2010, assinado pelo Presidente Luís Inácio
Lula da Silva, que instituiu o Inventário Nacional da Diversidade Linguística.
30
Segundo o artigo primeiro do presente decreto, o inventário é um “instrumento de
identificação, documentação, reconhecimento e valorização das línguas portadoras
de referência à identidade, à ação e à memória dos diferentes grupos formadores
da sociedade brasileira”.
Conforme já citado, reitera-se que este trabalho filia-se ao Projeto
IPHAN/USP, estendendo a pesquisa a outras comunidades da região, buscando
investigar os ‘falares africanos’ encontrados.
Pôr-do-sol em São João da Chapada, Diamantina (MG) (fev/2012). Foto: Everton Machado Simões
31
qual se dança o chula; e a festa de Santo Antônio, em junho, com levantamento de
mastro e procissão.
O chula é uma tradição afro-brasileira na qual os homens tocam e cantam
em versos improvisados, enquanto as mulheres dançam em roda. Atualmente,
existem apenas duas matriarcas da dança na região (D. Miúda e D. Maria
Macarrão). Ainda, antigamente, em São João da Chapada, podia-se acompanhar o
lundu africano, canto acompanhado de dança com bastões, e a festa do bumba-
meu-boi.
A comunidade de Quartel do Indaiá surgiu no início do século XIX, após o
fim do distrito diamantino, ao lado de um antigo posto de fiscalização desativado.
O morro Maqueba, nome supostamente de origem banta e de significado não
fornecido, era utilizado por escravos fugidos que se escondiam dos fazendeiros e
da fiscalização, realizando assaltos na região (CEDEFES, 2008). Machado Filho
(1985, p. 57) afirma que havia seis quilombos ao redor de São João da Chapada:
“Calambolas, Maquemba, um perto do córrego da Formiga, o quilombo de Antônio
Moange, na Valvina, perto do morro do Macumbá, um na Madalena e outros nos
terrenos da fazenda de Bezerra”. Dos dois primeiros teria se formado a população
do local.
O topônimo surge pela grande quantidade de coqueiros de Indaiá que
crescem na região, de cujas folhas os habitantes elaboravam a cobertura de suas
casas de pau-a-pique. Ainda no ano de nossa pesquisa (2012), pudemos observar
algumas poucas construções presentes, conforme se vê na foto abaixo.
Cafua, ou casa de pau-a-pique em Quartel do Indaiá (fev/2012). Foto: Everton Machado Simões
32
A região do quartel passou por conflitos e grilagem de terra nos últimos
anos, fazendo com que alguns habitantes perdessem parte de suas terras.
Atualmente, vivem de agricultura de subsistência e da criação de alguns animais.
Devido à distância até São João da Chapada (semelhantemente às
comunidades de Ausente e Baú), era costume dos moradores em ocasião de
falecimento carregar o cadáver até o cemitério entoando cantos de tradição
africana.
A pesquisa na região
4
A afirmação de Aires da Mata Machado Filho, provavelmente se baseia nos vocabulários até então
elaborados por demais estudiosos de línguas africanas no Brasil.
33
Paulo entre 1939 e 1940, sendo publicado na íntegra em 1943, pela editora José
Olímpio. Uma segunda edição foi publicada em 1964 pela Civilização Brasileira, e
uma terceira, em 1985, pela Editora Itatiaia (edição utilizada nesta dissertação).
Ainda no ano de 1944, o musicólogo e folclorista Luiz Heitor Corrêa de
Azevedo grava vissungos na região de Diamantina em projeto de colaboração com
Alan Lomax, do America Folklife Center da Library of Congress. As gravações de
Azevedo ainda se encontram arquivadas na Biblioteca do Congresso Americano
(Library of Congress) e no Laboratório de Etnomusicologia da UFRJ (Universidade
Federal do Rio de Janeiro). Azevedo selecionou Diamantina como local de gravação
após encontro com Aires da Mata Machado conforme nos indica Camara (2013, p.
41). Em estudo comparativo entre as notações musicais elaboradas por Aires da
Mata e as gravações de Luiz Heitor Correa de Azevedo, Camara nos indica que:
34
morrendo os poucos que sabiam. Os moços (...) vão se esquecendo” (MACHADO
FILHO, 1985, p. 66).
Pedro de Almeida, conhecido localmente como Pedro de Alexina, pôde
participar de vários eventos promovidos pela UFMG na cidade de Diamantina, além
de encontros com os mestres de cantos africanos de Milho Verde, Seu Ivo e Seu
Crispim. Seu irmão, Seu Paulo, faleceu poucos anos após o trabalho de Nascimento
(2003).
Em 2010, o cineasta Rodrigo Siqueira, no belíssimo e premiado
documentário Terra Deu, Terra Come, registra todo o ritual funerário em Quartel
do Indaiá, no qual Seu Pedro de Alexina entoa os vissungos para carregar o defunto
na rede até o cemitério em São João da Chapada.
1.2.3 Espinho
35
Santa Cruz no Espinho (fev/2012). Foto: Everton Machado Simões
A pesquisa na região
36
de Bragança, Pará) e elabora o problema: “como formar uma identidade em torno
de uma cultura até certo ponto expropriada e nem sempre assumida com orgulho
pela maioria”.
Pinto (2011, pp. 86-88) nos aponta que, diante de uma sociedade, cujo ideal
é o branqueamento da população, na qual a identidade branca é a única vista como
“desejável”, percebe-se melhor que a identidade negra não é algo constituído, mas
uma construção. De fato, Rosa (2004, p. 78) indica que os habitantes do Espinho
não se identificavam como negros, mas “de cor”, “vermelhos”, “morenos” etc. (Em
pesquisa recente sobre a comunidade da Tabatinga, em Bom Despacho, a Profa.
Margarida Petter indicou situação semelhante).
37
Atualmente, a comunidade do Espinho é reconhecida pela Fundação
Palmares, e busca afirmar-se positivamente como remanescente de quilombo,
ainda que isto cause estranhamento em alguns moradores. Aparentemente, a
atitude da cidade de Gouveia em relação aos moradores do Espinho mudou desde a
década de 1990, vendo-os de forma mais positiva.
38
Capítulo II - Falares africanos na região diamantina
Ó gente,
Fala língua de baranco, auê
Ai omboê
Fala língua de baranco auê
Cantiga de multa XXI
(MACHADO FILHO, 1985, p. 80)
39
de ferramenta útil ao ocultar suas conversas de seus senhores, facilitando planos
de fuga, por exemplo. A função cultual destas línguas pode se observar
principalmente nos cantos registrados na região, muitas vezes explicados somente
aos iniciados, conforme as palavras do cantador Manuel Pedro, registradas por
Aires da Mata: “Eu não posso ensinar. Meu mestre não me ensinou. Mandou outro.
Nem todo fundamento a gente pode dar” (MACHADO FILHO, 1985, p. 67, grifo
nosso). O grupo dos Catopês de Milho Verde também entoa cantos na ‘língua’ na
festa do Rosário, e, de igual forma, o mestre do grupo que detém seus
fundamentos, comunicando-os aos demais participantes. Traduz-se ‘fundamento’,
como o significado dos cantos, não necessariamente explicando cada item lexical,
mas que atenta à história e situação de uso de cada canto.
Mesmo assim, Nascimento (2003, p. 71) lamenta que sua intenção original
de realizar um estudo comparativo entre os cantos coletados por Aires da Mata na
década de 1930 e os de sua pesquisa em 2001 tenha se tornado um relato de
práticas sociais e cantos obliterados. A indicação feita por Aires da Mata Machado
Filho sobre o processo de desaparecimento destas tradições havia, enfim, se
concretizado.
A pesquisadora ainda afirma que há diversas razões para que uma língua se
torne obsoleta: “o processo de colonização, o desuso da língua ancestral em
detrimento da língua nacional, [...] a interferência e rapidez dos meios de
transporte e comunicação, a utilidade e o prestígio” (NASCIMENTO, 2003, p. 75).
Retomaremos a questão de morte e mudança linguística no decorrer deste capítulo
e no próximo.
40
pela diferença em seu uso e preservação pelas comunidades. Em seguida,
apresentaremos dados das línguas africanas coletados durante as pesquisas
realizadas na região, além de resultados mais recentes do projeto IPHAN/USP
(2010-2011) e desta pesquisa.
2.1 Os vissungos
41
Entre as cantigas de rede e de caminho, incluem-se as cantigas de carregar
defuntos, tradição realizada pelas comunidades mais distantes dos distritos, que
necessitavam levar seus mortos até o cemitério. Tais cantigas foram registradas na
comunidade de Quartel do Indaiá, que seguia até o distrito de São João da Chapada
e nas comunidades de Ausente e Baú, que seguiam até o distrito de Milho Verde.
Também destacamos que se encontram vagamente na lembrança dos habitantes
do Espinho, que carregavam os defuntos até a comunidade próxima de Pedro
Pereira.
Outro fator que contribui para a extinção definitiva dos cantos é a forte
recusa em se ensinar os vissungos por outro meio que não seja a tradição oral. Os
mestres, em especial S. Ivo, preferem a não comunicação a uma comunicação
imperfeita, conforme nos indica a etnomusicóloga Glaura Lucas:
42
[...] como acontece com várias outras expressões vocais afro-
brasileiras, alguns saberes rituais exigem um grau de
desenvolvimento pessoal do aprendiz para que sejam
transmitidos, de tal forma que os mestres detentores de tais
saberes podem preferir a não revelação ao risco de um uso
inadequado. Um capitão de Moçambique, dos Arturos, certa vez se
referiu a essa atitude como um ato de preservação da cultura.
Assim, “preservar” pode representar a extinção de certos aspectos
da cultura, visando à sua proteção (LUCAS, 2009, p. 28).
43
[... mediante] as folias que elegiam seus reis, rainha e corte... [o
negro] se reapropria de parâmetros de poder vigentes na
sociedade colonial para recriar verdadeiras linhagens religiosas
com base num passado africano de glórias que se reproduziria nas
suas procissões, festas, entre outras manifestações. (BRÜGGER;
OLIVEIRA, 2009, p. 189).
44
A festa do Rosário de Milho Verde tem início com novenas durante a
semana, seguindo com o levantamento do mastro no sábado e a procissão no
domingo. Para a festa, são escolhidos um rei e uma rainha e toda uma corte real
que segue pelo pequeno distrito até a capela do Rosário, onde celebram uma missa
fora da igreja, almoçam e seguem em procissão com as imagens de Nossa Senhora
do Rosário e São Benedito, para então, ao final do dia, descerem o mastro. Novos
reis e juízes, responsáveis pela manutenção da festa, são escolhidos a cada ano.
45
de procissão, a marcha dobrada nos momentos de euforia, como ao chegar perto
da igreja ou ao levantar o mastro. O grupo responde repetindo as palavras
cantadas, tocando instrumentos artesanais: a caixa (espécie de tambor) e o canjá,
como chamam um reco-reco de bambu.
Os moradores mais antigos da região dizem que antes a festa durava mais
de três dias, com a presença de vários dançantes e devotos do Baú e de Ausente.
Ficavam hospedados em diversas casas e saíam logo cedo para a matinada. Apesar
de ainda se dizer que fazem a matinada, esta deve acontecer em segredo, pois
ninguém soube informar o horário e o local onde ocorre, talvez sendo um
momento de devoção só dos dançantes.
Há de se fazer todo este percurso da prática social para tratar dos cantos
dos Catopês e, consequentemente, dos vissungos e da língua africana neles
encontrada. Estes não são textos isolados, mas dependem fortemente de sua
prática. O texto do canto dialoga com a liturgia, com o contexto histórico e religioso
ou profano, com a interação de canto e resposta. Quando um destes elementos é
retirado da equação, muito se perde.
46
a) Xô xô canjira auê (1) (PETTER; OLIVEIRA, 2011b)
DOC: Documentador.
INF (Seu Chico): ... né, agora tem ôtas mais. Deus, nosso sinhô, pôs o
nêgo pa vigiá os arrozá. Deus, nosso sinhô, pôs o nêgo pas vigiá o
arrozá, mandá. Aí o nêgo lá ferrô no sono... ferrô no sono, [ie] mandá...
ferrô no sono. Quando os passarinho tá arrancando a... o... a... o arroz
pra... pra esse [preto], o nêgo acordô assustado... o nêgo acordô
cantando: {INF canta} “Xô Xô, canjira auê... xô xô, canjina auê, num catar
o assangue de gananzambe... num catá o assangue... gue... gananzambe.
Xô Xô, canjina auê... Xô Xô, canjina auê... Num catá e assan... de
gananzambe.” Ganhanzambe é Deus, mandá, xô xô é o passarinho, o
sangue é o arroz.
DOC: hum.
INF: Mandá, Deus, nosso sinhô, ele já pôs na e... na cabeça dele pa ele
tocá os passarinho, mandá... mandá. [Minha nêga] ieu sei é muito
cantiga, tem muito caso pra contá, mandá.
47
Na segunda gravação do canto, nota-se a fidedignidade ao texto oral. Seu
Geraldo, falecido mestre da marujada, narra a história de forma praticamente
idêntica, demonstrando mais uma vez que não somente a relevância do léxico, mas
de todo o contexto da narrativa do canto, fazendo com que consideremos que não
se deve olhar somente ao que é falado, mas como, onde, quando e com quem se
fala. Observa-se que Valdir, filho do informante, não domina o mesmo texto que o
pai, tentando somente traduzir o léxico.
48
INF1: ... é o canjira é... canjira é... canjira é os passarinho. E o assangue é
o arroz...
DOC2: Ah...
INF1: ... de Gananzambe é nosso senhor.
DOC2: Nosso senhor...
INF1: É... {INF1 ri}
DOC2: Ai que bonito...
DOC1: Muito bonito, muito obrigado.
DOC2: Brigada, Seu Geraldo...
INF2: Olha o ININT é o pão de Deus.
DOC2: Brigada, tchô dá um abraço no senhor, brigada INTERRUP
Percebe-se que Seu Chico e Seu Geraldo tentam reproduzir o mesmo texto
aprendido pela tradição oral, o qual manterá seus diálogos contextuais. Não só a
música, ou o léxico africano, mas toda a narrativa tornam o texto completo,
realizando-se plenamente quando cantado em situação própria pelo grupo dos
Catopês.
Finalmente, podemos observar como Seu Ivo utiliza dos mesmos recursos
ao apresentar um outro canto.
49
INF: Eles tinham liberdade de caçá...
DOC1: Certo.
INF: E... pegavam os bicho e... dava alimento de carne ah... nas festa...
DOC1: Ham-ham.
INF: ... E aí o caçador vai... ele... ele tá dizendo na... na música... é... o
caçador vai pa caçada com seus cachorro, solta os cachorro, o cachorro
encontra o tatu no lago...
DOC1: Hum...
INF: ... e o cachorro vai cavacando, as unhas dele... o tatu tá lá dento,
mai’ ele agora... o tatu tá sem jeito de segui puque é pedra...
DOC1: Tá.
INF: ... e o buraco é... tá estan... distante, e o cachorro num tá agüentano.
Aí o ma... pó... o... o caçador vai, busca uma água, que é o calunga, vira
no... no buraco, o tatu vem de costa ele atira com a espingarda...
DOC1: Ah... e curiá... curiá é...
INF: Injira um calunga é água, virô a água, ela lá vai sumi girano...
DOC1: Hum-hum
INF: ... num buraco. É o calunga cuarimo cuaro e... o tatu vem... ele
atira...
DOC1: ‘tendi.
INF: [Injira] muguango... o muguango é o tatu...
DOC2: Ham...
INF: ... cuami curiá, que é pa comê {INF ri}.
Seu Ivo inicia informando que a música é um dobrado, sabendo que esta
existe no espaço/tempo junto com o toque dos instrumentos e é cantada em
momento específico da liturgia. Conta-se, então, para explicar o fundamento do
canto, toda uma história que dialoga com o passado da comunidade quando
precisavam caçar para comer. É interessante perceber que a música e seu
fundamento se tornam um ensinamento de como proceder ao caçar um tatu que
entrou no buraco, hábito de caça comum na região até pouco tempo. Apesar de não
fornecido pelo informante, poderíamos ainda ter um diálogo com o momento de
refeição que se aproxima para os dançantes.
50
Ainda que S. Ivo não traduza especificamente cada item lexical observado, a
essência do canto é comunicada na descrição de sua história e da performance (o
toque dobrado). Percebemos ainda que estes cantos, entoados na festa do Rosário,
aparentemente trazem pouco do aspecto religioso (a não ser que apresentem
algum significado ocultado pelos informantes e que esteja relacionado à liturgia da
festa), mas servem para trazer à memória do falante a sua própria identidade e
história afro-brasileira.
5
Optamos por mencionar itens ou agrupamentos devido ao fato de Machado Filho registrar mais de um
item em uma mesma entrada lexical (como, por exemplo, “Capungo, Túria, s. – Gente ruim” (1985, p.
129). Por outro lado, o autor separa itens que são claramente formas variantes (“Anduro, s. – Fogo”, p.
121; “Ondara, s. – fogo”, p. 133).
51
mais conhecedores do ‘dialeto’. O único habitante da região que ainda sabe cantar
alguns vissungos é o Sr. Pedro de Almeida, conhecido como Pedro de Alexina.
Pudemos conversar com Seu Pedro em duas ocasiões: em visita à sua casa no
Quartel do Indaiá (fev/2012) e no 44º Festival de Inverno da UFMG em Diamantina
(jul/2012). Seu Pedro, apesar de nos receber muito bem, se recusou a gravar
entrevistas, mas lembrou-se de dois itens lexicais que pudemos anotar: copicondei
‘fogo’ e jamundá ‘morro’. Falou ainda sobre as festas que eram realizadas na região,
especialmente o bumba-meu-boi, que foi encenado pela população para o
documentarista Rodrigo Siqueira, em material não divulgado.
52
Prosseguimos nas demais regiões de forma semelhante, suscitando dados
lexicais a partir do vocabulário do ‘dialeto sanjoanense’. Tendo conhecimento da
situação de obsolescência das ‘línguas africanas’, buscamos informantes que
provavelmente tiveram algum contato com as variedades de falares da região, ou
seja, os habitantes mais idosos.
53
anos em 2012, é morador do distrito de São Gonçalo do Rio das Pedras, próximo a
Milho Verde. Seu Nestor nos relatou que trabalhou no garimpo quando menino,
por volta dos 13 anos de idade e, apesar de ter aprendido pouco da ‘língua dos
negros’, lembrou-se de alguns dados que foram incluídos nesta pesquisa. Seu
Nestor ainda nos informa que havia na região dois indivíduos que conversavam
fluentemente na língua e ninguém conseguia entender. É importante ressaltar que
os itens lembrados por Seu Nestor, referentes à época de seu trabalho no garimpo,
remetem ao mesmo período em que Machado Filho realizava sua pesquisa. No
total, verificamos a presença de 106 itens (devido à presença de formas variantes,
agrupamos os itens em 75 entradas lexicais) relacionados aos falares africanos na
região, apresentados no quadro adiante.
‘Deus’ no quimbundo/quicongo.
54
no qual os comparamos entre si e aos demais falares similares registrados no
Brasil.
Figura 3: Mapa de comunidades afrodescendentes em Minas Gerais com a presença de falares afro-brasileiros. Fonte:
OLIVEIRA (2006, p. 6)
55
década de 1980. Utilizamos o glossário apresentado em seu livro Pé preto no barro
branco – A língua dos negros da Tabatinga (1998, pp. 112-138).
e) Vocabulário compilado por João Dornas Filho, em 1938 (apud OLIVEIRA, 2006),
no povoado de Catumba, Itaúna (MG), chamado pelos falantes de ‘quimbundo’, ou
‘undaca de quimbundo’.
56
A opção por inserir falares africanos que se encontram além da fronteira
mineira parte de uma aparente relação lexical entre os diferentes falares. Desta
forma, o trabalho de comparação torna-se fundamental para o entendimento da
preservação destas ‘línguas’ no Brasil, apontando não somente para questões
linguísticas, mas também levando-nos a considerações sobre os contextos
histórico-sociais em que estes falares sobreviveram.
Na organização dos falares africanos na região diamantina, escolhemos os
itens apresentados por Machado Filho (1985) para a região de São João da
Chapada e Quartel do Indaiá; para a região de Milho Verde, os dados do Projeto
IPHAN/USP (2011) e de nossa pesquisa (indicados em caixa alta e negrito no
quadro), somados a dados encontrados em Vogt & Fry (1996), Nascimento (2003)
e Camp (2006, pp. 154-157), quando não verificados em nossos resultados; e,
somente os dados de nossa pesquisa para a região do Espinho.
57
Quadro 1- Comparação dos vocabulários de falares africanos no Brasil
Ingalapo. Mão
Acrepu. Mão.
(Batinga) [?].
Cacurucai (LS).
ACURO. Velho; Ancião, velho. Cf.
Ocora. 1. Velho. 2.
homem velho; Macuro, Cacurucaia,
Homem velho. 3. Jocorocoto. Velho [?] Ococá. Velho.
Nacuro. Homem (Vogt cacurucaio. Kik./
Velho, genitor.
& Fry). Kimb. Kilulukaia /
Umb. Okangulukai.
Aiêto. Grande (Vogt
& Fry).
Aiocá (auicá, arocá)
a mãe-d'água nas
expressões Mesa-,
Aiuca. Muito (Curima
Princesa- ou Rainha-
aiuca-aiuca, Omenhá
do-aiocá. Kimb.
aiuca-aiuca).
Kialoka/ Yor. Àyɔ´
a,
a encantadora. [?]
ANDARU (?); Andurá, Undara, Undaro,
Indaro, Andaro (Vogt Undaro. Fogo. Kik. Andaro, Undáro,
Anduro, Ondara. Fogo. Anderu. Fogo, fósforo, Sundaro, Indaro. 1. Andaru. Fogo. Ondara. Fogo.
& Fry) Ndalu. Undarú.
isqueiro (Camp,2006). Fogo; 2. Ouro.
Alume. Homem.
ANDAMBE, Indame. Fogo, Indumba (PS). Moça;
INDAMBE. Mulher, mulher; Indumba. jovem prostituta. Kik./ Olondombe. Pessoa
Andambi. Mulher. Mandumba.
palavra feia mulher, moça (Vogt Kimb. Ndumba, moça; direita.
(prostituta [?]) & Fry) adultério, impudicícia.
Ocáia (PS). Concubina,
amante. Kik./Kimb.
Okay. Mulher kiuaya. Cacurucai
ANDAMBE OCAIO. Ocaia, Ocaio, Caio. (Ferreira; Batinga); (LS). Ancião, velho. Cf.
Ocaia. Mulher. Rancaia. Prostituta.
Mulher da vida livre Mulher. Ocai, Ocaia, Ocaio. Cacurucaia,
Mulher (Vogt & Fry). cacurucaio. Kik./
Kimb. Kilulukaia /
Umb. Okangulukai.
Andê. Amigo
(Nascimento).
Andô. Morte
(Camp,2006).
58
SÃO JOÃO DA MILHO VERDE Calunga – Patrocínio
CHAPADA (1939- (1996; 2001; 2006; ESPINHO (2012) Tabatinga (Queiroz) Cafundó (Vogt & Fry) (Batinga; Vogt & Fry; Bahia (Castro) Itaúna (Dornas) Jatobá (Gonçalves)
1943 [1985]) 2011-2012) Ferreira)
Angana-mussambê.
Angana. Senhor, Angana (PS). Patrão. Senhora do Rosário;
Senhora. Kik./Kimb. (a)ngana Manganá, Ongana.
Senhora.
Zambi (PS),
Zambiapungo (PS),
Zambiampungo (PS),
Zambiapombo (PS),
Zambiapongo (PS),
Zambiapunga (PS),
Angana-Nzambi. Deus.
Zambiupongo (PS),
(Gananzambi,
Zamiapombo (PS),
Nganazambi, Angana- GANANZAMBI,
Granjão, Garanjão, Zamunipongo (PS), Zâmbi,
Nzambi-Opungo, INGANANZAMBI. Ingananzambe. deus, Ganazambi. Padre
Garanjame. 1. Deus. Zamuripongo (PS), Candiambi. Deus Zambiapungo.
Zambiopungo, Deus. Inganazambe. santo; Jambi. Santo. (Vogt & Fry).
2. Padre. Gangazambi (LS), Deus criador
Anzambe, Anzambi, Deus (Nascimento).
Ganganzambi (LS),
Anzambê, Anganaiovê,
Angananzamabi (LS),
Gananzambe)
Angananzambi-
Opungo (LS). Kik./
Kimb. Ngana Nzambi,
Senhor Deus. Kimb.
Ngana Nzambi
Mpungu.
Angana-Iangue. Patrão
Vianguê. Meu.
(Meu Senhor).
Nigueié. Gato.
Nigueié de sengo.
Mingüé. 1. Gato. 2. Anguncê-cuatá,
Anguê. Onça. Onça (Ferreira);
Onça. Ongucê-cuatá. Onça.
Nigucié. Gato
(Batinga)
Anguira. Ouro (Camp,
2006).
Apumbo. Milho
Pongue. Milho
(Nascimento); Opungo,
Pungue, Bugue, (Batinga); Pongue,
iupungo (alimento), Pungo. Milho.
Bugre, Burre. Milho. Tipongue. Milho
ofúmbu. Fubá, angu
(Ferreira).
(Camp, 2006).
Aquenjê. Menino;
Aquenjê Verome.
Rapazinho.
59
SÃO JOÃO DA MILHO VERDE Calunga – Patrocínio
CHAPADA (1939- (1996; 2001; 2006; ESPINHO (2012) Tabatinga (Queiroz) Cafundó (Vogt & Fry) (Batinga; Vogt & Fry; Bahia (Castro) Itaúna (Dornas) Jatobá (Gonçalves)
1943 [1985]) 2011-2012) Ferreira)
Araposse-Arapossí,
Possi. Descanso, Arapôssi. Sentar.
repouso.
Lengalenga (BR).
Arengar. Conversar
Conversa fiada,
Arenga. Fofoca; fiado, resmungado;
enganosa. Kik./Kimb.
Arengá. Tarefa. Arengueiro. Arengueiro. Fuxica-
Lenga-lenga < "ku-
Fofoqueiro dor; Lenga-lenga.
langa", enganar
Conversa fiada.
alguém.
Arirê (LS). Canto,
cantar Yor. Orire;
Arerê (LP). barulho,
Arirê. Contar (v.); s. Orirar. Cantar confusão, diverti-
Curirar. Chorar
Canto. (Ferreira). mento. Yor. Aré(a)ré;
Uadilá (LS). Choro,
chorar. Kik./Kimb.
(ku)dila.
Atanhára, Tanhara.
Otaiá, Otainha. Dia Otanha. Preguiça
Atanhara. adj. Alto. Sol; Utanha, Otanha.
(Vogt & Fry). (Batinga).
Dia.
Tunda. Nádegas;
Atundá. adv. Alto. Tundá. Roupa velha Tunda-cundá. Correr
depressa.
Baieta. Capa de chuva
(Nascimento)
Bangüê (BR). Padiola
feita de cipós entrela-
çados, que era usada
para transportar
cadáveres de escra-
BANGUÊ. Rede para vos; espécie de liteira
Bangüê. Rede, tipóia.
levar defunto. usada no campo, para
transportar crianças,
enfermos e mortos.
Kik. banga > bangi,
padiola de cipós
entrelaçados.
Barundo. Senhor,
patrão.
Cuxipa, Cuxipo. 1.
Cusita. Urina; Cusitar. Xiba(r) (LS). Fumar.
Cachupá. Fumar [?] Cuxipá. Fumar Órgão sexual femi- Cuchipa. Cigarro.
Urinar [?]. Kik./Kimb. šiba.
nino. 2. Nádegas [?]
60
SÃO JOÃO DA MILHO VERDE Calunga – Patrocínio
CHAPADA (1939- (1996; 2001; 2006; ESPINHO (2012) Tabatinga (Queiroz) Cafundó (Vogt & Fry) (Batinga; Vogt & Fry; Bahia (Castro) Itaúna (Dornas) Jatobá (Gonçalves)
1943 [1985]) 2011-2012) Ferreira)
61
SÃO JOÃO DA MILHO VERDE Calunga – Patrocínio
CHAPADA (1939- (1996; 2001; 2006; ESPINHO (2012) Tabatinga (Queiroz) Cafundó (Vogt & Fry) (Batinga; Vogt & Fry; Bahia (Castro) Itaúna (Dornas) Jatobá (Gonçalves)
1943 [1985]) 2011-2012) Ferreira)
Borocotó; brocotó
(LP). Terreno esca-
broso, com muitos
altos e baixos, esca-
Cambrocotó. adj. Brocotó. Caminho vado ou obstruído de Brocoió. Lugar
Termo injurioso. ruim pedras; sulco irregular distante
aberto por águas
pluviais em ruas
sem calçamento.
Kik./Kimb. mbulukutu
Tata-camunquenje
Camuquengue. (PS). Pai-pequeno.
Moleque. Kik./Kimb. Tata
camungenji.
Camundá. Morro,
monte.
Cananenecô. Termo Camanaco. Menino
injurioso. [?].
Candombora, Caramboro,
Candombóia, Kadiaboro. Galo Candomboro,
Quindomboro. Galo Candambóia, (Ferreira); Caramoro,
Candamburo. Galo. Camdombô. Galo.
(Vogt & Fry). Canambóia, Kandiaboro (Vogt Carangoro (LS).
Condombóia. & Fry). Galo. Kik./ Kimb./
Galinha Umb. kolombolo.
Candango. Feijão
(Vogt & Fry).
Candimba (LP).
CANDIMBA,
Candimba. Coelho. Coelho-do-mato. Candimba.
COANDIMBA. Coelho.
Kimb. Kandimba.
Candonga (LP).
Fuxico; falsidade,
Candonga. Arenga, manha, lisonja
Candonga. Intriga
intriga. enganosa. Kik.
Kandonga/ Kimb.
Kandonge.
CANENGUE,
CANDENGUE.
Menino, criança.
Cangúia. Termo
injurioso ou
cabalístico.
62
SÃO JOÃO DA MILHO VERDE Calunga – Patrocínio
CHAPADA (1939- (1996; 2001; 2006; ESPINHO (2012) Tabatinga (Queiroz) Cafundó (Vogt & Fry) (Batinga; Vogt & Fry; Bahia (Castro) Itaúna (Dornas) Jatobá (Gonçalves)
1943 [1985]) 2011-2012) Ferreira)
Anguru. Porco
(Nascimento; Vogt
Cangulo, Canguro Ongulo, Cangulo.
Canguro, Onguro. & Fry); Canguro, Cangura, canguro. Kangulo, Kanguro, Canguro, cangulo.
Canguro. Porco. (LS). Porco, toucinho. Porco; Otatariangue-
Porco. Kanguru, Cangúru. Porco. Kangô (Batinga). Porco, leitão.
Kik./Kimb. (ka)ngulu. cangulo. Soldado.
Polícia, soldado
(Camp, 2006).
Canzá (BR). 2.
idiofone feito de
cortes transversais em
taquara de bambu no
CANJÁ. Reco-reco de qual são feitos regos
bambu usado pelo transversais por onde
Ganjá. Reco-reco Canzá. Certo
grupo dos catopés na Ganza. Reco-reco. se esfrega uma vareta
(Vogt & Fry). instrumento musical.
festa de Nossa Se- para ressoar. Kik.
nhora do Rosário. Nsanza, nkwanza /
Kimb. dikanza. Ganzá
(BR). Chocalho de
bambu. Kik. Nkwanza/
Kimb. dikanza.
CANJIRA, CANJIRAUÊ.
Orogira. Passarinho.
Passarinho.
Canjerê (BR). Sessão
de feitiçaria; feitiço.
Canjira-Canjerê.
Canjira-Canjerê. Dança Var. canjira, canjirê. Jerê. Certa dança.
Dança; Canjerê. Dança.
Kik./Kimb. Kanjila >
kanjile.
Canjonjo. Beija-Flor.
Capanga (BR). s.m.
guarda-costas, ja-
Capungo. Gente ruim. gunço. Kik./Kimb.
Kimpunga/
kimbangala
Caqui. Valente, ou
feiticeiro mestre.
Korombo, Karambo
Carango, Carenga.
maioral. Chefe;
Mulher; Mulher velha
Korongo, Karango.
(Vogt & Fry).
Patrão (Batinga).
Carimbamba (LS).
1. Coruja. Kik.
Carimbamba. Coruja.
Kannganga, corvo
pequeno
63
SÃO JOÃO DA MILHO VERDE Calunga – Patrocínio
CHAPADA (1939- (1996; 2001; 2006; ESPINHO (2012) Tabatinga (Queiroz) Cafundó (Vogt & Fry) (Batinga; Vogt & Fry; Bahia (Castro) Itaúna (Dornas) Jatobá (Gonçalves)
1943 [1985]) 2011-2012) Ferreira)
CARINJINJIM,
CARUNJINJIM,
CARUNJINJINHA,
CARUNJIJIA,
CARINJIJI.
Um dos daçantes dos
catopés que leva o
antídoto; Karinjinjin.
Pessoa responsável
para administrar os
meninos que não
sabemdançarno
catopé; sua função é
educar os meninos
(Nascimento).
Carumbi. Sertanejo.
Carungar. Casar (Vogt
Cassucara,
& Fry); Cusucanar. Sucanar. Casar (Vogt
Cassucaro.
Casar (Vogt & Fry); & Fry); Sucanado.
Casamento;
Cassú-caná (Camp, Casado.
Cassucará. Casar.
2006).
Catiçá (LS). v. oferecer
em sacrifício, encan-
tar. Kik. Kutiisa /
Kimb. Kukwatisa.
Catiça. Ajudar (v.) GANANZAMBE
Zambinaquatessala
Angananzambi iô QUE TE AQUATIÇA
(LS). Saudação em
catiça (Deus lhe (TIAQUATIÇA).
resposta a inzambi.
ajude). Deus te ajude.
Kik. Nzambi na
kuatisala, que Zambi
lhe faça o bem, que lhe
abençõe.
Catimba(r) (LP).
Usar de catimba. Kik.
Kutima/ Kimb.
CATIMBAR. Causar Kushimba; Catimba
confusão. (LP). Manha, astúcia,
engodo. Kik.
Nkwatima/ Kimb.
Kashimba.
64
SÃO JOÃO DA MILHO VERDE Calunga – Patrocínio
CHAPADA (1939- (1996; 2001; 2006; ESPINHO (2012) Tabatinga (Queiroz) Cafundó (Vogt & Fry) (Batinga; Vogt & Fry; Bahia (Castro) Itaúna (Dornas) Jatobá (Gonçalves)
1943 [1985]) 2011-2012) Ferreira)
65
SÃO JOÃO DA MILHO VERDE Calunga – Patrocínio
CHAPADA (1939- (1996; 2001; 2006; ESPINHO (2012) Tabatinga (Queiroz) Cafundó (Vogt & Fry) (Batinga; Vogt & Fry; Bahia (Castro) Itaúna (Dornas) Jatobá (Gonçalves)
1943 [1985]) 2011-2012) Ferreira)
Vicanda. Pena de
escrever (Kimb.
Covicanda. Escrever,
Dikanda, "passo",
Conversar (v.).
"pegada"); Mucanda.
Escrita.
Cuata. Pegar v.
Quatá (LS). 1. Pegar,
(Orossimba ô cuatá ô
tomar, dar. Kik./ Cucata. Doença
mpuco - O gato pega o
Kimb./Umb. Kuata.
rato).
Quendá (LS). Andar,
QÜENDA. Reunião, Ocuenda. Entrar;
Koendar, Kuendar partir, viajar. Var.
Cuendê. Entrar (v.). reunido; Uendar. Cuendar. Andar. Oronguenda. Passeio. Uenda. Andar, entrar;
(Batinga). cuenda, puendá.
Andar (Vogt & Fry). Ocucuenda. Enganar.
Kik./Kimb. Kwenda.
CUMBUMBE
Samburequê.
SABUQUIRENE.
Lamentar.
Mulher grávida.
Curiá. Comida;
Cudiá (LS). Comer.
Curiá. 1. Comer; 2; Curiar. Comer.
CURIÁ. Comer; Curiar. Var. cudiá, cuniá,
Copular; Cureio, Variar. Comer. (Vogt & Fry); Kuriar, Curiá. Comer.
Beber (Vogt & Fry). curiá. Kik./Kimb.
Cureia, Curei. Comida Kuriatar. Almoçar,
Kudyá.
comer (Ferreira).
Curiacuca (LS).
Nacuruacucua. Cozinheira, a
Curiacuca. Cozinheiro. Homem velho encarregada da
(Vogt & Fry). comida ritual.
Kik./Kimb. Kudiakuka
Curiandamba. Velho.
Curimba, Curimbo,
Curima, Curimo. 1.
Curimá (LS).
Trabalho, ato de tra-
Trabalhar. Kik.
balhar. 2. Local de Kurima. Trabalho
Curima. Serviço. Curimar. Trabalhar. Kutima/Kimb. Curima. Trabalho
trabalho. 3. Produto (Batinga).
Kudima/Umb.
do trabalho. 4. Terra.
Okulima
5. Pedra; Curimbá,
Curimá. Trabalhar.
Duque. Tambor (Vogt
Duque. Inseto [?]
& Fry).
Exoa. Bobo (Vogt &
Fry).
66
SÃO JOÃO DA MILHO VERDE Calunga – Patrocínio
CHAPADA (1939- (1996; 2001; 2006; ESPINHO (2012) Tabatinga (Queiroz) Cafundó (Vogt & Fry) (Batinga; Vogt & Fry; Bahia (Castro) Itaúna (Dornas) Jatobá (Gonçalves)
1943 [1985]) 2011-2012) Ferreira)
Funganga (LS).
FUNDANGA DE Pólvora. Var.
Cundanga.
CAPECERE. Peido Fundanga. Kik. Ocuperecê. Assoprar.
Espingarda.
fedido Funda nganga/
Kimb. Fundanga.
GAJEIRO. Dançante do
Catopés
Ingunga (LS). Sino,
GUNGA, CUMBA. Sino;
sineta usada para fins
GONGO TEIA. Sino;
ritualísticos.
Gongo. Sino (Nasci-
Kik./Kimb./Umb.
mento).
(o)ngunga.
Quimbanda (PS).
Imbanda. 1. Feitor. 2. Curandeiro, vidente,
Sacerdote, feiticeiro. 3. ocultista, sacerdote de
Também se refere ao macumba; (pejora- Quimbanda.
chefe de uma prática tivo) feitiço, feiticeiro. Sacerdote que
litúrgica, a Cabula, da Var. embanda, conhece magias boas
qual existiam adeptos imbanda, quiambo, e más.; Undamba.
em São João da umbanda. Kik /Kimb.
Chapada. Kimbanda / Umb.
(ovi)mbanda.
Ingoma casaca.
Revólver (Nasci-
mento); Engoma-
casaca, ingomacasaqui
(Camp, 2006).
Inzala (LS). Fome.
Injara Mitomo. Anjara. Desejo,
Injara. Fome. Kik./Kimb./Umb. Onjala, Nixala. Fome.
Barriga [?]. vontade, fome.
(o)nzala. Var. Injara.
Mataco (LP). Nádegas, Taco. Bunda, mulher
Mataco. Nádegas
Itaco. Assento, anus. Mataco. Vagina. traseiro. Kik./Kimb. bonita.; Mataco,
(Ferreira).
Mataku. Otaco. Bunda.
JACUBA. Farinha de Jacuba. Água com
mandioca com garapa farinha de mandioca e
ou café rapadura.
67
SÃO JOÃO DA MILHO VERDE Calunga – Patrocínio
CHAPADA (1939- (1996; 2001; 2006; ESPINHO (2012) Tabatinga (Queiroz) Cafundó (Vogt & Fry) (Batinga; Vogt & Fry; Bahia (Castro) Itaúna (Dornas) Jatobá (Gonçalves)
1943 [1985]) 2011-2012) Ferreira)
68
SÃO JOÃO DA MILHO VERDE Calunga – Patrocínio
CHAPADA (1939- (1996; 2001; 2006; ESPINHO (2012) Tabatinga (Queiroz) Cafundó (Vogt & Fry) (Batinga; Vogt & Fry; Bahia (Castro) Itaúna (Dornas) Jatobá (Gonçalves)
1943 [1985]) 2011-2012) Ferreira)
69
SÃO JOÃO DA MILHO VERDE Calunga – Patrocínio
CHAPADA (1939- (1996; 2001; 2006; ESPINHO (2012) Tabatinga (Queiroz) Cafundó (Vogt & Fry) (Batinga; Vogt & Fry; Bahia (Castro) Itaúna (Dornas) Jatobá (Gonçalves)
1943 [1985]) 2011-2012) Ferreira)
70
SÃO JOÃO DA MILHO VERDE Calunga – Patrocínio
CHAPADA (1939- (1996; 2001; 2006; ESPINHO (2012) Tabatinga (Queiroz) Cafundó (Vogt & Fry) (Batinga; Vogt & Fry; Bahia (Castro) Itaúna (Dornas) Jatobá (Gonçalves)
1943 [1985]) 2011-2012) Ferreira)
71
SÃO JOÃO DA MILHO VERDE Calunga – Patrocínio
CHAPADA (1939- (1996; 2001; 2006; ESPINHO (2012) Tabatinga (Queiroz) Cafundó (Vogt & Fry) (Batinga; Vogt & Fry; Bahia (Castro) Itaúna (Dornas) Jatobá (Gonçalves)
1943 [1985]) 2011-2012) Ferreira)
72
SÃO JOÃO DA MILHO VERDE Calunga – Patrocínio
CHAPADA (1939- (1996; 2001; 2006; ESPINHO (2012) Tabatinga (Queiroz) Cafundó (Vogt & Fry) (Batinga; Vogt & Fry; Bahia (Castro) Itaúna (Dornas) Jatobá (Gonçalves)
1943 [1985]) 2011-2012) Ferreira)
73
SÃO JOÃO DA MILHO VERDE Calunga – Patrocínio
CHAPADA (1939- (1996; 2001; 2006; ESPINHO (2012) Tabatinga (Queiroz) Cafundó (Vogt & Fry) (Batinga; Vogt & Fry; Bahia (Castro) Itaúna (Dornas) Jatobá (Gonçalves)
1943 [1985]) 2011-2012) Ferreira)
Iputaviputa, Viputa.
Oputá. Angu. Oputá. Angu.
Angu.
Vipeque. Osso (Vogt
Oquepá. Osso. Oquepá. Osso.
& Fry).
Orera de anguru. Tou-
cinho de porco (Nas- Orela, orerá.
Orerá. Toucinho. Orelo, Orela. Gordura. Orelá. Toucinho.
cimento). OXITO DE Toucinho.
OLERÁ. Toucinho.
Oringá. Poeira.
Orunanga. Roupa Nanga. Camisa;
Urunanga,
(Vogt & Fry); Roupa; Orinanga,
Urundanga,
Orununga de Nanga. Folha, pele, Nanja, Onanja. Urunanga. Calça; Onanga, oronanga,
Oronanga. Roupa. Urunanga. Roupa Arunanga,
quinuimba. Rede, fazenda, pena, roupa. Roupa; Urinanga, Oronanga. Roupa. ronanga. Roupa.
Arundanga.
roupa de defunto Urunanga. Calça.
1. Roupa.
(Vogt & Fry). (Batinga).
Oronángui. Diamante
(Camp, 2006).
Oranganja. Cachaça
(Nascimento);
Rongonja, Orongonja. Ganja (LP). Vaidade,
Orogongi. Ovo [?]; Oruganja-di-uíque.
Oronganje. Cachaça. Aguardente, cachaça presunção. Kik./Kimb.
Anguara. Aguardente. Mel de abelhas.
(Vogt & Fry); Ngan(z)já [?].
Uruganja, Orunganja
(Camp, 2006).
Orongóia. Diante;
Orongoia. Diamante Angôia. Balainho de
Orongóia. Diamante (Ferreira). Orongóia. taquara com semen-
Orongoia. Diamante.
(Camp, 2006). Pinguela feita de pau tes; instrumento mu-
(Vogt & Fry). sical do candomblé e
do jongo.
Orongóia. Diante;
Angôia. Balainho de
Orongóia. Pinguela
Oronguipoia. Lenha taquara com semen-
feita de pau (Vogt &
(Vogt & Fry). tes; instrumento musi-
Fry).
cal do candomblé e do
jongo.
Orofim, orofimba.
Oroni. Lenha. Orofim. Lenha.
Mato, lenha. [?]
Pungo (LS). Chapéu,
Oropungo. Bateia. Oropungo. Cabelo [?].
gorro. Kik. Mpongu.
74
SÃO JOÃO DA MILHO VERDE Calunga – Patrocínio
CHAPADA (1939- (1996; 2001; 2006; ESPINHO (2012) Tabatinga (Queiroz) Cafundó (Vogt & Fry) (Batinga; Vogt & Fry; Bahia (Castro) Itaúna (Dornas) Jatobá (Gonçalves)
1943 [1985]) 2011-2012) Ferreira)
Arasangue. Galinha
(Nascimento);
Sanjo. Frango (Vogt &
Orosanje. Galinha Sanji. Galinha;
Orossanje. Galinha. Sanje. Frango, ave. Fry; Batinga). Sanja, Ossangue. Ave.
(Vogt & Fry). Ossangê, Orossanji. Frango.
Senje (Batinga).
orossângui
(Camp,2006).
Calucimba,
Kalussimba,
Kanissimba. Gato
Orossimba. Gato. Orossimba. Gato.
(Camp, 2006);
Carofimba (Vogt
& Fry).
Orovanga, Orovungo. Oruvango. Tecido de
Baeta. algodão.
Orrori. Peixe (Vogt &
Orossi, Uruxi. Peixe.
Fry).
Orumbá. Carumbé.
Semá. Cabelo (Vogt
ASSEMÁ, OSSEMÁ. & Fry); Cemá. Barba, Ocemáucema,
Ossemá. Fubá. Massena. Farinha.
Céu. cabelo; Ocema. En- Ucema. Fubá.
xada (Ferreira).
Osenha. Rua. [?] Sora.
Ossenhê, senhê. Lua. Ossanhê. Lua.
Dente, lua.
Otaka, Otata (Ba-
Tata (PS). Pai, trata-
tinga); Tatá. Mãe
mento respeitoso.
(Vogt & Fry); Okay
Otata. Pai. Tata. Pai (Vogt & Fry). Tata, Otata. Genitor. Tata. Pai. Var. tatá. Kik./Kimb. Tatá. Pai. Otata,Tata. Pai.
otatá, okay tata. Mãe;
Taata, pai, título
Otatá, tatá. Pai (Fer-
honorífico.
reira).
Otatariangue. Feitor;
Otatariangue. Feitor,
Otatariangue-
patrão de serviço.
cangulo. Soldado.
Otatariôve. Insulto
Ocudê-tatariovê.
máximo (envolvendo Tataiova, Tataiove. Papaiove. Pai (Vogt &
Insulto: "Filho sem
o pai; Otata + Ovê, Pai. Fry).
pai".
você).
Oteke. Entardecer,
Oteque. Noite, céu,
Oteque, Conteque. tarde; Oteka. Preto, Otecame, Otéque. Oteque. Hoje;
Otequê. Dia. abóbada celeste (Vogt Téqui, Otéqui. Noite.
Noite. negro, escuro da noite Noite. Quitéque. Manhã.
& Fry).
(Ferreira).
Otiça. Cativeiro.
75
SÃO JOÃO DA MILHO VERDE Calunga – Patrocínio
CHAPADA (1939- (1996; 2001; 2006; ESPINHO (2012) Tabatinga (Queiroz) Cafundó (Vogt & Fry) (Batinga; Vogt & Fry; Bahia (Castro) Itaúna (Dornas) Jatobá (Gonçalves)
1943 [1985]) 2011-2012) Ferreira)
Otombo. Farinha de
Otombô. Farinha de Otambô. Farinha de
Mandioca (Nasci-
Mandioca. mandioca.
mento).
OTUPÃ. Diabo Tupa. Deus. Turupã. Deus.
Ovê. Você, o Senhor
(Ovê a ô vissepa Iove. Eu (Vogt & Fry); Mamaiove. Mãe (Lit.
cachupá ombiá - Dá- Ouê. O senhor, você tua mãe); Papaiove. Ovê. Você; Iovê. Ele.
me uma palha para (Vogt & Fry). Pai (Vogt & Fry).
eu fazer um cigarro).
Viango, Vienguê.
Cana, pinga (Vogt
Ovango. Foice;
Oviango. Foice. Vianjê. Cana. & Fry). Vinhango,
Viango. Torresmo.
Virango. Cana
(Batinga).
Ovicaiá. Piçarra.
Ovini. Mãe. Ovivi. Mãe.
Vipaque, Zipaque.
OVIPACO. Dinheiro, Dinheiro (Ferreira);
Vipaco, Vipaque. Ovipaca, Vipaco.
diamante na mão; Isipaco. Dinheiro
Dinheiro. Dinheiro.
Vipaco (Camp, 2006). (Batinga); Zipaque.
Dinheiro (Vogt & Fry).
Bamba (BR). 2.
Valentão, desordeiro.
Kik./Kimb. Mbangui. 3. Bamba. Valente;
(BR) Autoridade em Bambambã. Valentão;
Pamba. Valentão.
qualquer assunto; Surumbamba.
exímio, mestre. Var. Valentão.
bambambã. Kik./
Kimb. Kibamba.
Pangaranguenga.
Enterro (Vogt & Fry).
Parongo. Carneiro. Porango. Carneiro.
PIPOQUÊ, TIPÓQUE. Tipoque, Tiproque, Chipoquê. Feijão Quipoquê (LS). Feijão.
Pipoque, Quipoquê.
Pipoquê. Feijão Feijão, Milho. Pipoque. Tipoquê. Feijão Tipoquê, Tipoquero. Chipoquê. Feijão. (Vogt & Fry); Tipoque Kik. Tipoke/ Kimb. Tipoquê. Feijão.
Feijão.
Feijão (Nascimento). Feijão. (Batinga); (Ferreira). Kipoke, feijão.
76
SÃO JOÃO DA MILHO VERDE Calunga – Patrocínio
CHAPADA (1939- (1996; 2001; 2006; ESPINHO (2012) Tabatinga (Queiroz) Cafundó (Vogt & Fry) (Batinga; Vogt & Fry; Bahia (Castro) Itaúna (Dornas) Jatobá (Gonçalves)
1943 [1985]) 2011-2012) Ferreira)
77
SÃO JOÃO DA MILHO VERDE Calunga – Patrocínio
CHAPADA (1939- (1996; 2001; 2006; ESPINHO (2012) Tabatinga (Queiroz) Cafundó (Vogt & Fry) (Batinga; Vogt & Fry; Bahia (Castro) Itaúna (Dornas) Jatobá (Gonçalves)
1943 [1985]) 2011-2012) Ferreira)
78
SÃO JOÃO DA MILHO VERDE Calunga – Patrocínio
CHAPADA (1939- (1996; 2001; 2006; ESPINHO (2012) Tabatinga (Queiroz) Cafundó (Vogt & Fry) (Batinga; Vogt & Fry; Bahia (Castro) Itaúna (Dornas) Jatobá (Gonçalves)
1943 [1985]) 2011-2012) Ferreira)
79
SÃO JOÃO DA MILHO VERDE Calunga – Patrocínio
CHAPADA (1939- (1996; 2001; 2006; ESPINHO (2012) Tabatinga (Queiroz) Cafundó (Vogt & Fry) (Batinga; Vogt & Fry; Bahia (Castro) Itaúna (Dornas) Jatobá (Gonçalves)
1943 [1985]) 2011-2012) Ferreira)
Bamba. 1. (LS)
Babaçue. Certa dança.
valentão, desordeiro.
[?]. Bamba. Valente;
Kik./Kimb. Mbangui.
Bambambã. Valentão;
Bambazuô. [?]. Bambá (LP). 2.
Bambaré. Barulho;
Provocação de briga. Toda dança que ter-
Tarumbamba. Briga
mina em desordem.
forte entre
Kik./Kimb. Mbanga,
criminosos.
confusão.
80
SÃO JOÃO DA MILHO VERDE Calunga – Patrocínio
CHAPADA (1939- (1996; 2001; 2006; ESPINHO (2012) Tabatinga (Queiroz) Cafundó (Vogt & Fry) (Batinga; Vogt & Fry; Bahia (Castro) Itaúna (Dornas) Jatobá (Gonçalves)
1943 [1985]) 2011-2012) Ferreira)
81
SÃO JOÃO DA MILHO VERDE Calunga – Patrocínio
CHAPADA (1939- (1996; 2001; 2006; ESPINHO (2012) Tabatinga (Queiroz) Cafundó (Vogt & Fry) (Batinga; Vogt & Fry; Bahia (Castro) Itaúna (Dornas) Jatobá (Gonçalves)
1943 [1985]) 2011-2012) Ferreira)
Caxanga (PS).
Indisposição súbita.
Caxanga. Achaque.
Kik. Kizangu/Kimb.
Kazungu< kuzanga.
Coxito. Pequeno (adj.); CUXITO, CUNXITO. Coxito. Porco pequeno
Porco pequeno (subt.). Porco (subt.)
Gunguna(r) (LP). V.
resmungar, murmurar
Gungunar. Resmungar. Gungunar. Resmungar. consigo mesmo. Kik.
(ku) nguna/ Kimb.
Kungonga.
Malungo (LS). 1.
companheiro, irmão
de barco. Kik./Kimb.
Nkwanlungu, irmão, Malungo. Compa-
Malunga. Da mesma companheiro da nheiro. "Num pri-
idade (Vogt &Fry); mesma canoa, embar- meiro momento, o
Malungo. Da mesma Malungo. Da mesma
Malungo. Compa- cação. 2. (LP) (arcai- nome dado ao compa-
idade; companheiro. idade; companheiro
nheiro, irmão (Fer- co)o negro compa- nheiro que veio no
reira). nheiro da embarcação mesmo navio ne-
de África; (p. ext.) greiro".
irmão-de-criação ou
irmão-de-leite.
Malumbo.
Marimbo. Espécie de
jogo de cartas.
Moçambique. Cintas
de vidro.
Murundu (BR).
Montículo de terra,
amontoado de coisas.
Morumbo; Murundu.
Kik./Kimb. (Mu)lundu,
Montículo; testículos.
monte de barro ou
feito por termitas, em
forma de cone.
Muafa (LP). 1. bebe-
deira, embriaguez.
Muafa. Safanão.
Kik./Kimb. Mufwa,
estar cheio.
82
SÃO JOÃO DA MILHO VERDE Calunga – Patrocínio
CHAPADA (1939- (1996; 2001; 2006; ESPINHO (2012) Tabatinga (Queiroz) Cafundó (Vogt & Fry) (Batinga; Vogt & Fry; Bahia (Castro) Itaúna (Dornas) Jatobá (Gonçalves)
1943 [1985]) 2011-2012) Ferreira)
83
Percebe-se que, em nossa análise, reconsideramos alguns dos itens com
entradas distintas em Oliveira (2006) como formas cognatas. Aponta-se o caso
específico de acrepu ‘mão’ (MACHADO FILHO, 1985) e ingalapo ‘mão’ (BATINGA,
apud OLIVEIRA, 2006), não correlacionados pela autora. Nossas sugestões de
análise etimológica no próximo capítulo podem indicar uma variação possível.
84
Mesmo diante da quantidade desigual de dados na região, parece-nos que
houve ali um compartilhamento lexical. Entretanto, logo percebemos que os dados
são insuficientes para afirmarmos a existência de um único falar africano para toda
a região, cada qual apresentando características peculiares. Continuaremos a tratá-
los como uma unidade constituída de elementos plurais, fazendo maiores
considerações no próximo capítulo no qual os relacionamos às línguas africanas.
85
lexicais de falares afro-brasileiros (item lexical, variações, datações, localidade,
história da comunidade, entre outros) que certamente complementará nosso
conhecimento da história das línguas africanas que vieram com os negros
escravizados para o Brasil.
86
Capítulo III - Línguas africanas na região diamantina
Sequerendê,
Ucumbi a uariá..
6
O fundamento é dado por Machado Filho: “O cantador avisa a mulher – ou cozinheira do serviço – de
que o sol já está muito alto, é hora, pois, do almoço) (1985, p. 76).
87
Segundo afirma Mattoso (1979 apud BONVINI, 2008, pp. 26-27)
consideram-se quatro ciclos do tráfico de escravos para o Brasil: (1) Século XVI, o
ciclo da Guiné: principalmente de escravos sudaneses7 da África ao norte da linha
do equador; (2) Século XVII, o ciclo do Congo e de Angola: negros da zona banta;
(3) Século XVIII, o ciclo da costa de Mina: negros sudaneses, por sua maior
experiência com mineração, além do ciclo baiano da baía do Benin; (4) Século XIX:
Escravos de vários lugares, porém com predominância de Angola e Moçambique.
7
Torna-se necessário explicar o termo ‘sudaneses’ para não confundi-lo com os habitantes da área
ocupada pela atual República do Sudão. O termo refere-se ao antigo Sudão Francês, na África Ocidental,
atual República do Mali. Ainda assim, ressaltamos que a referência não é exclusiva aos africanos da
região do atual país, mas a todos que foram trazidos da África Ocidental.
8
Castro (2011, p. 62) afirma serem os números ainda maiores, entre cinco e oito milhões.
88
Conforme informado em nosso primeiro capítulo, a descoberta de ouro e
diamante nas primeiras décadas do século XVIII estimulou o tráfico de africanos
escravizados durante quase todo o século. Nota-se que a diminuição dos números
do tráfico nas duas últimas décadas, corresponde ao período de decadência da
mineração. Entre 1701 e 1780 calcula-se que 1.285.500 africanos tenham
desembarcado no Brasil, principalmente para o trabalho nas minas.
Quanto ao século XIX, Mattos (2006, p. 15) nos indica que a chegada da
corte portuguesa em 1808 e a abertura dos portos brasileiros para o comércio com
outras nações impulsionaram novamente a necessidade de mão-de-obra escrava. O
fim do tráfico em 1850 aumentou o preço dos escravizados e estimulou fortemente
o tráfico interno. No período entre 1801-1850, 1.713.100 africanos são trazidos
para o Brasil, correspondendo a 42,5% do total do tráfico.
No entanto, mesmo diante de números tão assombrosos, encontram-se
poucos documentos sobre línguas africanas no Brasil durante a época colonial. O
primeiro registro é datado de 1697, com o título de Arte da língua de Angola,
elaborado pelo padre jesuíta Pedro Dias. O documento foi escrito no Brasil e
publicado em Lisboa, e trata-se da primeira gramática do quimbundo (língua do
subgrupo banto, ramo benuê-congo, tronco nigero-congolês).
89
Figura 4: Províncias atuais de Angola. Fonte: http://www.angolaglobal.net/
9 O historiador Robert Slenes (1992, p. 50) indica que os milúas eram provenientes do Império Lunda.
90
Adrien Balbi (1826, apud BONVINI 2008, p. 46) elabora um quadro
comparativo de 26 palavras de três línguas africanas, cujos dados foram coletados
pelo pintor alemão Maurice Rugendas em viagem pelo Brasil. Bonvini (2008, p.
47), ressalta que, apesar de Balbi denominar as línguas pelo nome dos povos que
as falavam, sua “mini-experiência comparativa” lhe permitiu classificar três línguas
africanas do grupo banto, alguns decênios antes dos grandes trabalhos
comparativos de W. H. I. Bleek.
Desta forma, decidimos elaborar nossa análise a partir destas duas línguas,
quimbundo e umbundo (ambas do subgrupo banto, ramo benuê-congo, tronco
nigero-congolês, faladas em Angola). Ademais, incluímos algumas referências
adicionais ao quicongo, cuja presença foi indicada nos falares baianos em Castro
(2001).
A etimologia, ciência que trata da história e origem das palavras, teve seu
maior desenvolvimento no século XIX, principalmente pelos trabalhos de
linguística histórico-comparativa, realizados pelo dinamarquês Rasmus Christian
Rask (1787-1832), e pelos alemães Franz Bopp (1791-1867), Jakob Grimm (1785-
1863), e August Schleicher (1821-1868). Schleicher, influenciado pelas teorias
darwinistas, é considerado o criador da ‘teoria de árvore’ ou ‘método filogenético’,
e o primeiro estudioso a tentar uma reconstrução da língua proto-indo-europeia 11.
Apontamos ainda Hugo Schuchardt (1842-1927) que aproxima a etimologia
fortemente de um modelo indutivo de análise, levando em consideração a
heterogeneidade da língua. Viaro (2011, p. 86) indica que a visão de Schuchardt
sobre a língua “seria de um continuum” e “cada palavra e variante teria uma
história própria”, conforme demonstram posteriormente os estudos dialetológicos
e de línguas em contato.
11
A família indo-europeia é formada por cerca de 400 línguas, faladas ao redor do globo, sendo constituída pelas
línguas germânicas, línguas românicas, línguas eslavas, línguas indo-arianas, as variedades do grego, entre outras.
93
Além de ter sido afetada por influência do estruturalismo e pelas guerras
mundiais na primeira metade do século XX, a ciência etimológica ainda sofre com
pesquisas desenvolvidas de pouco teor científico, ou mesmo etimologias
fantasiosas, conforme indica Viaro (2011, p. 224). Deste modo, para a elaboração
de nossas análises etimológicas, procuramos seguir as indicações do autor (Viaro,
2011).
sânscrito çarkarā > árabe sukkar → árabe as-sukkar > açúcar (2011, p. 106)
94
Apesar de o estudo etimológico ser permeado de dúvidas, não se justifica a
busca por soluções ad hoc 12. Desta forma, Viaro (2011, p. 125) aponta alguns
fatores que distinguiriam uma etimologia mais confiável e científica de outra com
soluções idiossincráticas:
12Do latim, significando hipótese formulada com o único objetivo de legitimar ou defender uma teoria, e não
em decorrência de uma compreensão objetiva e isenta da realidade (HOUAISS, 2009).
95
material pesquisado sobre o umbundo sejam exatamente as fontes etimológicas de
vários itens analisados, mesmo quando fortemente similares.
Quanto aos demais itens, julgamos tê-los seguido como preconizado pelo
autor. Primeiramente, com nossa apresentação sobre a presença africana na região
diamantina e, em seguida, na forma como elaboramos nossa análise.
96
Petter, em projeto desenvolvido no Libolo13, Cuanza Sul, Angola, entrevistou um
falante de umbundo que tampouco pôde reconhecer alguns dos mesmos termos.
Esta situação nos leva a reforçar que as línguas dos africanos escravizados
transplantadas para o Brasil compartilharam de uma sincronia com as línguas
africanas faladas na África até meados do século XIX (até então numa relação
continuamente alimentada pelo tráfico), mas que, a partir de sua separação
definitiva e dos diferentes contatos sociolinguísticos estabelecidos evoluíram
diferentemente, preservando termos em comum, porém formando novas
(re)construções de forma e sentido.
Desta forma, não se despreza o falante nativo em seu conhecimento, mas,
conforme afirma Viaro (2011, p. 233), a capacidade deste de analisar seu código
linguístico tem pouco valor para a etimologia, sendo necessário proceder à
listagem e ao acesso de dados que remetam ao passado da língua.
Percebemos, assim, que os dicionários constituem um importante material
de análise, pois oferecem o registro de estados anteriores das línguas africanas que
permaneceram no uso e na memória dos falantes das comunidades investigadas.
Valorizamos, também, os registros mais antigos que puderam ser encontrados.
Todavia, enfatizamos que estes trabalhos optam, geralmente, pelo registro de uma
única forma lexical e acabam por limitar a realidade plural da língua e de um
trabalho que reflita esta característica com maior cientificidade.
13
O projeto é integrado por uma equipe internacional de 14 investigadores nas áreas da linguística, ensino e
formação de docentes, história e antropologia, sendo coordenado pelos professores Carlos Figueiredo (UMAC –
Universidade de Macau) e Márcia S. D. Oliveira (USP). Os dados coletados em pesquisa de campo realizada em
julho/2013 estão sendo transcritos para posterior análise e publicação.
97
3.3 As línguas bantas
Figura 5: As línguas do grupo banto, segundo a classificação de Malcolm Guthrie. Fonte: NURSE, A survey report for the Bantu
languages, 2001.
98
Dentre os inúmeros estudos sobre as línguas bantas, destacamos os
precursores dos trabalhos atuais:
O código de identificação criado por Guthrie é utilizado até hoje por todos
os bantuístas. Segundo o critério desse autor, as línguas bantas distribuem-se em
15 zonas, codificadas por letras e números. As letras correspondem às regiões e os
números indicam a colocação da língua nesse conjunto. Por exemplo, H20 indica o
grupo quimbundo e a língua, propriamente, com suas variantes mais próximas, é
identificada como H21; outra variante falada numa região mais longínqua, o songo,
é referida pelo código H24. Recentemente, Maho (2003, pp. 639-651) completou a
lista de Guthrie acrescentando duzentas novas línguas, usando o mesmo critério de
codificação de seu criador.
14
O autor verificou a recorrência de palavras que apresentavam o prefixo ba(marca de plural)
associado à raiz ntu (pessoa) em línguas da região. ) [ba(marca de plural) + ntu (pessoa) em
línguas da região.
99
O número máximo de classes nominais verificado nas línguas bantas é de
20. O quimbundo tem 18 classes e o umbundo tem 16. Essas classes agrupam-se
aos pares, uma forma para o singular e outra para o plural, para os itens que
admitem pluralização na língua. Os números ímpares indicam, normalmente, as
classes de singular e os pares, as de plural. Quando um nome ocorre numa
sentença ele desencadeia um sistema de concordância, em que todos os elementos
que se referem a ele devem concordar em classe, como se pode observar no
exemplo abaixo:
O verbo das línguas do grupo banto possui uma estrutura complexa que se
pode resumir pela seguinte sequência de posições que devem/podem ser
preenchidas:
IS = índice de sujeito;
100
IO = índice de objeto, único morfema que tem posição fixa, sempre antes da
raiz;
b. Ngájìkúlá ódíbìtù
101
3.4 As fontes dicionarísticas das línguas africanas
a. Umbundo
O vocabulário elaborado pelo autor refere-se “ao idioma comum daqui (Bié)
para Oeste, peculiar à tribu (sic) Quimbumba” (SILVA PORTO, 1942, p. 217), cujo
idioma chama ‘umbumbo’ (sic). O vocabulário faz parte das anotações de seu
diário, publicado integralmente somente no final do século XX. Provavelmente foi
elaborado durante a metade do século XIX, durante o período que habitou entre os
ovimbundos. Constitui-se de um breve glossário, português-umbundo, porém
extremamente rico ao proporcionar informações do idioma mais próximas à época
do tráfico.
15
“You will not buy wax, rubber, ivory, or slaves, what are you here for?”.
103
p. 344, tradução minha), indicando o tipo de contato que era comum entre
europeus e africanos nativos em uma época em que eram escassos os missionários
católicos interessados na vida religiosa da população local.
É admirável que o dicionário tenha sido publicado quatro anos mais tarde,
sob circunstâncias tão complexas como a falta de apoio e proteção do governo
português, as desconfianças políticas que causavam os missionários americanos, e
as constantes guerras entre grupos da região. A missão passou a prosperar a partir
de 1890, após os portugueses tomarem o controle efetivo de Bié. Sanders
permaneceu no trabalho missionário até a década de 1930. Sua correspondência
pode ser consultada na Harvard University Library, nos registros de missões
africanas da Junta Americana de Comissionados para Missões Estrangeiras
(A.B.C.F.M.).
104
Dicionário Português-Umbundu por Grégoire Le Guennec e José Francisco
Valente (1972).
b. Quimbundo
105
A intelligencia da língua Bunda (...) he utilíssima, e necessaria aos
Ecclesiasticos no exercicio do seu ministerio; aos Governadores, e
Magistrados na Regencia do Estado, e Administração da Justiça; aos Chefes
Militares no acerto do seu Commando, e na felicidade de suas operações;
aos Commerciantes em fim no manejo do seu negocio, sendo huma ruína, e
huma desgraça, que todas estas pessoas não vejão o objecto de suas
funções, senão ao travéz da opaca sombra de hum Negro interprete
(CANNECATTIM, 1804, p. IV-V).
106
língua, em especial o sistema de classes nominais e, a segunda, o dicionário
propriamente dito.
c. Quimbundo e quicongo
107
nativas, incluindo o omumbuim e o mussele16, dois dialetos do quimbundo. Maia
foi considerado um traidor pelo governo de Portugal, ao manter-se dedicado aos
seus fiéis angolanos, faleceu de volta à pátria no ano de 1981.
À maneira de outras obras já citadas, ressalta-se no prefácio de Félix Bravo
a importância missionária, comercial e administrativa do trabalho, além de se
apontar o valor de registro histórico de ambos os ‘dialectos’ (MAIA, 1961, p. VII).
Há também um pequeno quadro indicando os prefixos de classe nominal dos
idiomas apresentados.
16
Sobre o umumbuim, Maia (1951) afirma: “Para lingua indigena escolhemos o «Ümumbuim» - lingua dos pretos de Gabela -
Amboim - dialecto oriundo do «Kimbundu» e um tanto do «Umbundu», porque é esse o Dialecto que melhor conhecemos em
virtude de ai termos vivido värios anos, e dai a razäo porque neste humilde trabalho Iinguistico se descrevem diversos usos e
costumes dos seus habitantes”.
108
Quadro 2: Comparação dos vocabulários de falares africanos na região diamantina com dicionários de umbundo, quimbundo e quicongo.
SÂO JOÂO DA MILHO VERDE Silva Porto – Sanders - Wilson - LeGuennec - Cannecattim - Nascimento - Assis Jr. – Maia – Maia -
CHAPADA (1939, (1996; 2003; ESPINHO (2012) Umbundu Umbundu Umbundu Umbundu Língua Bunda Kimbundu Kimbundu Kimbundu Kikongo
1943 [1985]) 2006; 2011-2012) (c. 1860) (1885) (1935) (1972) (1804) (1903) (c. 1941) (1961) (1961)
Acrepu. Mão.
Akulu, adj e
sub. pl. Finados; Uakola,
ACURO. Velho; Químa
Mukulu. Velho Defunctos; Os Uakulu,
homem velho; Ukulu. Homem Quioucúlu.
Ukulu. Elder Wa kuka, ca (pessoa) adj.; - antepassados; Os Okulu, mukulu, Ankulu. Ve-
Macuro, Nacuro. de idade avan- Coisa velha;
(Mais velho) kuka. Velho. okulu. Velho, avoengos; ÙkuIu, sekulu. Velho. lho; Akulu.
Homem (Vogt & çada (Velho). Oculacági.
a, adj. sub. Vetustês; o Antepas-
Fry). Velhice.
que é antigo, sado.
velho.
letu. adj. e pron.
poss. pl. (contr.
- etu. Nosso, da prep. ia e do Etu, kietu,
Aiêto. Grande (Vogt Etu. Per. Pron. - etu. Relativo a Químa Quiéttu.
Cetu. Nosso. a, adj. e pron. pron. pess. pl. dietu. Nosso, Ietu. Nós.
& Fry). We (Nós). nós (Nosso). Nossa cousa.
pess. etu). Nossa; nossa, de nós.
nosso; Das nos-
sas pessoas.
Aiuca. Muito
- iuka. De- Kuiuka, kiaiu-
(Curima aiuca- Ocuihuca. Yuka. Be full
Ce yuka. Cheio. - yuka. Cheio. reito, a, (ser, ka. Direito,
aiuca, Omenhá Cheio. (Estar cheio).
ficar, estar), v. jus.
aiuca-aiuca).
ANDARU (?);
Andura, Anderú.
Anduro, Ondara. Ondalu. Fire Ondalu. Lume
Fogo, fósforo, Ondallo. Fogo. Ondalu. Fogo. Ndalu. Fogo.
Fogo. (Fogo). (Fogo).
isqueiro (Camp;
2006).
Ulume. Ser
Múlume. adj.
dotado de alma Kiulume,
Olume. Ho- Ulume. Man Ulume. Ho- Munúmi. Ma- Mulume. Ma- Macho; Masculo;
Alume. Homem. e corpo: do sexo mulume.
mem; Êle. (Homem). mem. rido. rido, s. viril. Sub. Marido;
masculino Masculino.
consorte.
(Homem).
Ndumbu.
Ndúmbu. Sub.
Mulher da rua
Ondambi. A Prostituta; ra-
ANDAMBE, dada a praze- Ndumba.
good man or Ondambi. Mu- meira; meretriz;
INDAMBE. Mulher, res, prostituta; Mulherzinha,
Andambi. Mulher. woman (Um lher bonita Mulher da vida;
palavra feia (prosti- Ndumbe. rapariguita
homem bom ou (Mulher). Ndûmbe, sub.
tuta [?]) Mulher em (Mulher).
mulher boa). Mulher em novi-
noviciado
ciado; Noviça.
(Mulher).
109
SÂO JOÂO DA MILHO VERDE Silva Porto – Sanders - Wilson - LeGuennec - Cannecattim - Nascimento - Assis Jr. – Maia – Maia -
CHAPADA (1939, (1996; 2003; ESPINHO (2012) Umbundu Umbundu Umbundu Umbundu Língua Bunda Kimbundu Kimbundu Kimbundu Kikongo
1943 [1985]) 2006; 2011-2012) (c. 1860) (1885) (1935) (1972) (1804) (1903) (c. 1941) (1961) (1961)
110
SÂO JOÂO DA MILHO VERDE Silva Porto – Sanders - Wilson - LeGuennec - Cannecattim - Nascimento - Assis Jr. – Maia – Maia -
CHAPADA (1939, (1996; 2003; ESPINHO (2012) Umbundu Umbundu Umbundu Umbundu Língua Bunda Kimbundu Kimbundu Kimbundu Kikongo
1943 [1985]) 2006; 2011-2012) (c. 1860) (1885) (1935) (1972) (1804) (1903) (c. 1941) (1961) (1961)
111
SÂO JOÂO DA MILHO VERDE Silva Porto – Sanders - Wilson - LeGuennec - Cannecattim - Nascimento - Assis Jr. – Maia – Maia -
CHAPADA (1939, (1996; 2003; ESPINHO (2012) Umbundu Umbundu Umbundu Umbundu Língua Bunda Kimbundu Kimbundu Kimbundu Kikongo
1943 [1985]) 2006; 2011-2012) (c. 1860) (1885) (1935) (1972) (1804) (1903) (c. 1941) (1961) (1961)
Baieta. Capa de
chuva (Nasci-
mento)
BANGUÊ. Rede Mbangala. sub. Mbangala.
para levar defunto. port. Bengala. Vara.
Mbâlu. adj.
Insubordinado;
revoltado. Bravo;
selvagem; Indó-
mito; Que anda a
Ombalu. Brave
monte; Umbalu.
Barundo. Senhor, Balo, ombalo. man (Homem - mbalu. Bra-
Mbalundu. adj. e Mbalu. Bravo. Forte, fortim
patrão. Injúria. bravo, raivoso, vo, a, adj.
sub. Natural do [?].
corajoso).
Bailundo; Ho-
mem nascido nas
terras do Bailun-
do ou a elas
referente.
+ sipa. Aspirar o
Kúxíba. v. tr. - Xiba
Oco-chipa. Sipa. Smoke Oku sipa. fumo de (Fu- Cuchíba. - xiba. Chu-
Cachupá. Fumar [?] Cuxipá. Fumar Chupar; sugar; macanha, -
Cachimbar. (Fumar). Fumar. mar); Chupar o Chupar. par, v.
absorver. xipa. Fumar.
fumo (Chupar).
Ricúnda, Dikunda (pl.
Kunda. sub.
Macúnda. Rikunda, makunda).
Costado; costas; Elunda,
Ekunda. Dorso Costas; Karikunda. Costas;
Oh-lunda. Karikunda. sub. malunda.
CACUNDA. Costas. dos animais Cacúnda. Giba, s.; kadikunda,
Corcunda. Corcova; Giba; Corcunda
(Dorso). Giboso; Rikunda. kakunda.
Costas um tanto (corcova).
Ocacúnda. Costas, s. Corcunda
arqueadas.
Corcova. (corcova).
Ocai. Mulher;
CAIMINA, Dama; Ela;
CAIUMINA. Moça, Ogrocai. Ve-
Ukãyi. Pessoa
mocinha, mulher lha; Emina -
Ukai. Woman adulta do sexo
nova; Kaimina. Emina (desig- Ukãi. Mulher.
(Mulher). feminino (Mu-
Moça nova (Nas- nação do es-
lher).
cimento); Caiumim tado interes-
(Camp, 2006). sante da mu-
lher).
112
SÂO JOÂO DA MILHO VERDE Silva Porto – Sanders - Wilson - LeGuennec - Cannecattim - Nascimento - Assis Jr. – Maia – Maia -
CHAPADA (1939, (1996; 2003; ESPINHO (2012) Umbundu Umbundu Umbundu Umbundu Língua Bunda Kimbundu Kimbundu Kimbundu Kikongo
1943 [1985]) 2006; 2011-2012) (c. 1860) (1885) (1935) (1972) (1804) (1903) (c. 1941) (1961) (1961)
Kalúnga, adj.
Eminente, Insig-
ne; Grande.
Incomensurável.
Infinito. Sub.
Massa líquida
Okalunga.
Kalunga. Massa que circunda os
Spirit-world
CALUNGA. Água; e extensão de continentes. Kalunga. Mar;
(Mundo dos Kalunga
CALUNGO. Rio; Calunga. Raiz medi- Calunga. Mar; água salgada Calúnga. Mar; Kalunga. Mar, Oceano; O mar. Kalunga. Mor-
Calunga. Mar. espíritos); Okalunga. Mar. ozele. Mar
Carunga. Rio (Vogt cinal. Morte. (Mar); Outros Calúnca. Morte. s.; Morte, s. O Além, a Eterni- te; Kalunga.
hades (Inferno, bravo (Mar).
& Fry). nomes de Deus dade. Uma das Deus.
além-túmulo);
(Deus). três deusas que
ocean (Oceano).
fiavam e corta-
vam o fio da
vida; Kalunga
'a-ngombe. Deus
da Morte A pró-
pria Morte.
Nakalongaka.
Rato dos cam-
pos, preto; rato
Ekolongonjo. que faz montí-
Kalungo. Rato A field rat (Um culos como a
(Nascimento). rato do campo) toupeira; eko-
[?]. longonjo. Rato
dos montes de
salalé (Rato)
[?].
Ekamba. Com- Kámba, sub. Ekamba,
Ekamba. O que Kamba,
Ocamba. Ami- rade, friend Ekamba. Cambaria' Rikamba. abrev. de rikámba. Muntu a
CAMBA. Amigo. dedica amizade Dikamba.
go; Camarada. (Camarada, Amigo. Riála. Amigo. Amigo, a, s. Amigo; confiden- kamba. Com-
(Amigo). Amigo.
amigo). te; aliado. panheiro.
Mbámba. adj.
Mestre consu-
mado; Exímio;
Excelente; ex-
CAMBAMBE. Feiti- Mbamba. Bambangolo.
celso; insigne.
ceiro, sabido. Mestre [?]. Valente [?].
Sem rival; Sabi-
do; como nin-
guém mais.
Sabedor. [?].
113
SÂO JOÂO DA MILHO VERDE Silva Porto – Sanders - Wilson - LeGuennec - Cannecattim - Nascimento - Assis Jr. – Maia – Maia -
CHAPADA (1939, (1996; 2003; ESPINHO (2012) Umbundu Umbundu Umbundu Umbundu Língua Bunda Kimbundu Kimbundu Kimbundu Kikongo
1943 [1985]) 2006; 2011-2012) (c. 1860) (1885) (1935) (1972) (1804) (1903) (c. 1941) (1961) (1961)
Mbámbi. sub.
zool. Antílope
Mbambi.
Ombambi. maior que a Mbambi. Vea-
Bambi, Ombambi. Ani- Gazella, s.;
Small deer corça; Cervo; do, cervo;
Cambambe. Veado. ombambi. mal antílope kambambi.
(Pequeno Veado; Cam-bambi.
Veado. (Gazela). Gazella pe-
veado). Kambámbi. Enho.
quena.
sub. zool. Corça;
Veado pequeno.
Ximbolokoto.
Cambrocotó. adj. Brocotó. Caminho Ximbolokoto. sub. Botão; pe- Ximbolokoto.
Termo injurioso. ruim Verruga, s. quena excres- Verruga.
cência da pele.
Okwenju. Boy
Mukuenze. adj e
Ocoenje. (Menino); Ukwenje. Ho-
Camuquengue. Ukuenje. sub. Atleta. Alen- Mukuenze.
Cachopo; Ukwenje. mem novo
Moleque. Rapaz. tado; esforçado. Atleta.
Donzel. Youth (Jovem, (Rapaz).
[?]
Juventude).
Kamulundu, sub.
Munda, ca- Pequena eleva-
Omunda. Monte Mulundu.
munda. Cerro; Omunda. Mulúndu, ção de terreno;
Camundá. Morro, muito alto e Monte, s.; Mulundu.
Cole; Morro; Mountain Omunda. Monte. Milúndu. Pequeno morro;
monte. extenso (Mon- Kamulundu. Morro.
Munda. Mon- (Montanha). Monte. Monte; Mulundu.
tanha). Montezinho.
tanha. sub. Serra; mon-
tanha; morro.
Cananenecô. Termo Okanike. Meni-
injurioso. no [?].
Ekoko dia
Sanje, ósanje e Ekondombolo. Corumbólu, Kolombolo,
Quindomboro. Galo Ekondombolo. Ekondombolo. Rikolombolo. Kolombolo. sub. nsusu, Eko-
Candamburo. Galo. econdombóro. Ave doméstica Jicorumbólu. Dikolombolo.
(Vogt & Fry). Rooster (Galo). Galo. Gallo, s. Galo. lombolo.
Galo. (Galo). Gallo. Galo.
Galo.
Kandanda, sub.
Ochindongo. bot. Planta legu-
Candango. Feijão Kandanda.
Milho preto minosa; vagem
(Vogt & Fry). Feijão [?].
(Milho) [?]. de feijoeiro;
Feijão [?].
114
SÂO JOÂO DA MILHO VERDE Silva Porto – Sanders - Wilson - LeGuennec - Cannecattim - Nascimento - Assis Jr. – Maia – Maia -
CHAPADA (1939, (1996; 2003; ESPINHO (2012) Umbundu Umbundu Umbundu Umbundu Língua Bunda Kimbundu Kimbundu Kimbundu Kikongo
1943 [1985]) 2006; 2011-2012) (c. 1860) (1885) (1935) (1972) (1804) (1903) (c. 1941) (1961) (1961)
Kandimba. sub.
Coelhinho; Le-
bracho; Láparo;
CANDIMBA, Ondimba. Ondimba. Mamí-
Candimba. Ondimba. Ndimba. sub. Ndimba.
Candimba. Coelho. COANDIMBA. Rabbit (Co- fero roedor
Lebre. Coelho. zool. Mamífero Coelho.
Coelho. elho). (Coelho).
roedor, tipo de
fam. Leporida;
Lebre.
Ndônga. sub.
Grupo, muita
gente (no Mute- Ndonga ia atu
Ondonga. Pássa-
mo); Ndóngo. akondoloka o
ro malhado;
Ondonga. Kind sub. Reunião kima. Grupo
Candonga. Arenga, Ondongwa. Pás- Ndonga.
Candonga. Intriga of bird (Tipo de onde se emitem de pessoas
intriga. saro de cauda Grupo [?].
pássaro) [?]. pareceres, opini- dispostas em
comprida. (Pás-
ões, juízos; Con- circo (Grupo)
saro) [?].
selho de família, [?].
de ministros, de
guerra [?].
Kandenge. Sub.
O mais novo dos
irmãos; adj. Do
Ondengendenge.
menor. Ndênge.
Criança que não
adj. Menor;
atingiu a idade Ndenge. O
CANENGUE, Inferior; Adoles- Ndenge. Novo;
da razão (Cri- Monandénghi. mais novo
CANDENGUE. cente; Fraco; Mona-ndenge.
ança); Creança. (pessoa).
Menino, criança. pequeno. Que Menino.
Kandengendenge. Novo, a, adj.
tem pouca idade,
Dedo mendinho
jovem; sub. Cri-
(Dedo).
ança. Menino,
Pequerrucho;
Moço.
115
SÂO JOÂO DA MILHO VERDE Silva Porto – Sanders - Wilson - LeGuennec - Cannecattim - Nascimento - Assis Jr. – Maia – Maia -
CHAPADA (1939, (1996; 2003; ESPINHO (2012) Umbundu Umbundu Umbundu Umbundu Língua Bunda Kimbundu Kimbundu Kimbundu Kikongo
1943 [1985]) 2006; 2011-2012) (c. 1860) (1885) (1935) (1972) (1804) (1903) (c. 1941) (1961) (1961)
Kangúia. sub.
Ongoya. A
Kátumbu. adj.
lowlander; one
Agulheado; sub.
belonging to
Ongoya. Adj. Agulha de pe-
one of coast
Que tem prazer queno tamanho;
tribes west of
em fazer mal Umbigo um
the Ovimbundu
Ongúia (adul- (Cruel); Ongoya. Nguia (aport.). pouco saliente;
Cangúia. Termo (Habitante das
teração de Onguya. Agu- Que tem avare- Gúia, Jigúia. Agulha, s.; Diz-se do cabelo Ngúia.
injurioso ou caba- terras baixas;
agulha). Agu- lha. za (Avarento); Agulha. Kanguia. Agu- de criança en- Agulha.
lístico. pertencente a
lha. Onguya. Haste lha pequena. trançado e unta-
uma das tribos
de metal para do de tacula e
costeiras a
costura (Agu- óleo. A própria
oeste dos
lha). criança com
Ovimbundo);
cabelo nestas
Onguya. Nee-
condições. fig.
dle (Agulha).
Dinheiro.
Ongulu. Mamífe-
Anguru. Porco Ngúlu, sub. zool.
ro doméstico
(Nascimento; Vogt Gullo. Porco; Género tipo da
quadrúpede Ngúlu, Jingúlu. Ngulu. Porco,
Canguro, Onguro. & Fry); Canguro, Can-gullo. Ongulu. Pig fam. suida. Por- Ngulu ie vata.
Ongulu. Porco. (Porco); Porco; Cangúlu s.; Kangulu. Ngulu. Porco.
Porco. Kanguru, Cangúru. Porquinha, (Porco). co; cevado; Porco.
Okangulu. Pe- caféli. Leitão. Porquinho.
Polícia, soldado Bacorinho. Kangúlu, sub.
queno porco
(Camp: 2006). Bàcoro; leitão.
(Porquinho).
Rikanza, sub.
Chocalho; ins-
trumento músi-
co; Pedaço de
bordão ôco e
Onganja. Small Ekonjo, okakonjo.
CANJÁ. Reco-reco de frisado transver-
gourd (Cabaça Chocalho para
bambu usado pelo salmente e cujo
pequena); uso supersticio- Dikanza. Cho-
grupo dos catopés Ocanja. Vara. ruído, produzido
Kanja. Club out so (Chocalho); calho.
na festa de Nossa pela fricção de
of tree (Bastão Onganja. Pau-
Senhora do Rosário. uma vareta ou
de uma árvore). ferro (Pau).
fuso, acompanha
a puíta, o tambor,
o harmonium ou
canto nas danças
africanas.
116
SÂO JOÂO DA MILHO VERDE Silva Porto – Sanders - Wilson - LeGuennec - Cannecattim - Nascimento - Assis Jr. – Maia – Maia -
CHAPADA (1939, (1996; 2003; ESPINHO (2012) Umbundu Umbundu Umbundu Umbundu Língua Bunda Kimbundu Kimbundu Kimbundu Kikongo
1943 [1985]) 2006; 2011-2012) (c. 1860) (1885) (1935) (1972) (1804) (1903) (c. 1941) (1961) (1961)
117
SÂO JOÂO DA MILHO VERDE Silva Porto – Sanders - Wilson - LeGuennec - Cannecattim - Nascimento - Assis Jr. – Maia – Maia -
CHAPADA (1939, (1996; 2003; ESPINHO (2012) Umbundu Umbundu Umbundu Umbundu Língua Bunda Kimbundu Kimbundu Kimbundu Kikongo
1943 [1985]) 2006; 2011-2012) (c. 1860) (1885) (1935) (1972) (1804) (1903) (c. 1941) (1961) (1961)
CARINJINJIM,
CARUNJINJIM,
CARUNJINJINHA,
CARUNJIJIA,
CARINJIJI. Um dos
daçantes dos cato-
pés que leva o an-
tídoto; Karinjinjin.
Pessoa responsável
para administrar os
meninos que não
sabem dançar no
catopé; sua função
é educar os meni-
nos (Nascimento).
Okalimbi.
Person who,
though evil
spoken of when
present, does
not perceive
that he is the Kálumbi. sub.
Carumbi. Sertanejo. one meant bot. Silveira; O
(Pessoa que, seu fruto [?].
apesar de se
falar mal quan-
do presente,
não percebe
que é de quem
se fala) [?].
Kusókana, Ku-
Carungar. Casar
sakana. V. tr.
(Vogt & Fry); Cusu-
Sokana. Marry + sokala. V. refl. Cucasála. - sokana. Casar, Cohabitar; - sokana, -
canar. Casar (Vogt
(Casar). Casar. Casar. Casar, v. ter vida comum; sakana. Casar.
& Fry); Cassú-caná
sub. Casamento;
(Camp: 2006).
cohabitação.
Kukuatesa. v. tr.
Catiça. Ajudar (v.) GANANZAMBE
+ kwatisa. Fazer pegar;
Angananzambi iô QUE TE AQUATIÇA Kwatisa. Help Oku kuatisa. Cucatéssa. - kuatesa. - kuatesa. Kuatisa.
Auxiliar agarrar; deter.
catiça (Deus lhe (TIAQUATIÇA). (Ajudar). Ajudar. Ajudar. Ajudar, v. Ajudar. Ajudar.
(Ajudar). Ajudar; amparar;
ajude). Deus te ajude.
socorrer.
118
SÂO JOÂO DA MILHO VERDE Silva Porto – Sanders - Wilson - LeGuennec - Cannecattim - Nascimento - Assis Jr. – Maia – Maia -
CHAPADA (1939, (1996; 2003; ESPINHO (2012) Umbundu Umbundu Umbundu Umbundu Língua Bunda Kimbundu Kimbundu Kimbundu Kikongo
1943 [1985]) 2006; 2011-2012) (c. 1860) (1885) (1935) (1972) (1804) (1903) (c. 1941) (1961) (1961)
+ pekela. Deitar
Oco-pequéra. alguém (Dei-
Copequera. Dormir Adormecer; Pekela. Sleep Oku pekela. tar); + pekela
(v.). Oco-pequera. (Dormir). Dormir. otulo. Estar en-
Dormir. tregue ao sono
(Dormir).
Ofeka. Conjunto
de indivíduos
Ofeka. Country que constituem
Corofeca. Ruim. Ofeka. País.
(País, nação). uma sociedade
autónoma, re-
gião (Nação).
Múkanda. sub.
Epístola; Qual-
Mucánda, Mukanda, Nkanda a
Covicanda. Escre- Mocanda. Ukanda. Letter Ukanda. Carta Mukanda. quer papel escri-
Ukanda. Carta. Micánda. Kamukanda. sonékua.
ver, Conversar (v.). Escrita. (Carta). escrita (Carta). Carta, s. to; Mensagem
Carta. Carta. Carta.
que se dirige a
qualquer.
Cumucuáta.
Cuata. Pegar v. + kwata. Colar, Agarrar; Kukuata. v. intr.
Oco-coata. - kuata. Pe-
(Orossimba ô cuatá Kwata. Seize Oku kuata. fazer aderir Cucuáta, ou Ter; possuir; v.tr.
Agarrar; gar, v. (tomar, - Kuata. Pegar.
ô mpuco - O gato (Agarrar). Pegar. (Pegar); Apa- Cumucuáta. Agarrar; pegar;
Embargar. apanhar).
pega o rato). nhar (Agarrar). Pegar de segurar.
alguém.
Kuénda. v. intr. Kuenda
Andar; percor- malembe-
QÜENDA. Reunião, + enda. Passar
Ocoênta. Ir; Oku enda. Ir, Cuénda. An- - enda. Andar, rer; Viajar; cami- malembe;
Cuendê. Entrar (v.). reunido; Uendar. Enda. Go (Ir). de um lugar Kuenda. Andar.
Marchar. Andar. dar; Ir. v. nhar; marchar. kuenda atonji.
Andar (Vogt & Fry). para outro (Ir).
sub. Andadura; Andar deva-
marcha. gar (Andar).
Mbumbi. sub.
(IX) Bola.
Kusabuka. V.
CUMBUMBE Mbumbi. Bola, Mbumbi. Bola;
Cussabúca. intr. Despontar; Savuka. Ger-
SABUQUIRENE. s.; - sabuka. - Sabuka. Ger-
Nascer [?]. Germinar; sair minar [?].
Mulher grávida. Brotar, v. [?]. minar. [?]
do solo. Nascer;
sub. Acto de bro-
tar, de nascer. [?]
- diá o
CURIÁ. Comer; + lya. Tomar
Cudia, ócudia. Lia. Eat Kûria. v. tr e intr. menga. Co-
Curiar. Beber (Vogt Oku lia. Comer. como alimento Cúria. Comer. - ria. Comer, v. - Diá. Comer.
Comer. (Comer). Comer. mer sangue
& Fry). (Comer).
(Comer).
120
SÂO JOÂO DA MILHO VERDE Silva Porto – Sanders - Wilson - LeGuennec - Cannecattim - Nascimento - Assis Jr. – Maia – Maia -
CHAPADA (1939, (1996; 2003; ESPINHO (2012) Umbundu Umbundu Umbundu Umbundu Língua Bunda Kimbundu Kimbundu Kimbundu Kikongo
1943 [1985]) 2006; 2011-2012) (c. 1860) (1885) (1935) (1972) (1804) (1903) (c. 1941) (1961) (1961)
Ukulu. Elder
Ukulu. Homem
(Mais velho);
de idade avan-
Cudia, ócudia. Kuku. Grand- Kûria. v. tr e intr.
Nacuruacucua. Oku lia. Comer; çada (Velho); - Cúria. Comer; - Diá. Comer;
Curiacuca. Cozi- Comer; Cuco. parent (Avô); - ria. Comer, Comer; Kûku. - diá; Nkaka
Homem velho (Vogt Wa kuka, ca kuka. Idoso Cúcu, Jicúcu. Kuku ia diala.
nheiro. Avó; Oacuca. a deferential v.; kuku. Avô, s. sub. Avô; avó. ia kala (Avô).
& Fry). kuka. Velho. (Velho). Ou, + Avô. Avô.
Decrépito. response (tra- Antepassado.
lya. Comer; -
tamento respei-
kuka. Velho.
toso).
Ukulu
wendamba.
Curiandamba.
Homem de
Velho.
idade avançada
(Velho).
Curima, ó
Lima. Culti- Curíma Ochi. Kuríma. v tr.
corima. Agrí- Oku lima. + lima. Cultivar - rima. La- - dima.
Curima. Serviço. vate (Cultivar, Lavrar a Lavrar (terra);
cola; Culti- Lavrar. (Lavrar). vrar, v. Capinar.
lavrar). terra. capinar.
vação.
Endingu. Tam-
Duku. Tam-
Duque. Tambor Endingu. Drum bor curto e com
bor, bombo
(Vogt & Fry). (Tambor) [?]. duas peles
[?].
(Tambor) [?].
Ochyova. Indiví-
Kióua. Adj. e sub.
Exoa. Bobo (Vogt duo falta de Quatóva, Atóva. Kioua. Estupi- Kióua. Estúpi- Ezóua. Estú-
Néscio; parvo;
& Fry). inteligência Idiota. do, a, adj. do, cretino. pido, cretino.
tolo.
(Estúpido).
Fundanga, Ofundanga. Fundanga, sub.
Ofundanga.
ófundanga. Substância Fundanga. Substância ex-
Gunpowder Ofundanga. Cuffundánca. Fundanga.
FUNDANGA DE Pólvora; explosiva (Pól- Polvora, s.; - plosiva para as
(Pólvora); Pólvora; Oku Pólvora; Pólvora; -
CAPECERE. Peido Oco-pecéra. vora); + pesela. busela. Andar a armas de fogo;
Pesela. Turn pesela. Derra- Cubússa. So- busela. As-
fedido Perda; Espar- Entornar, espa- assoprar. As- Pólvora;
over, drop (Vi- mar [?]. prar [?]. soprar [?].
gir; Entornar; lhar (Derra- soprar [?]. Kubusela. v. intr.
rar, soltar) [?].
Dano [?]. mar) [?]. Soprar [?].
GAJEIRO. Dançante
do Catopés
GUNGA, CUMBA. Ongunga. Ins- Ngúnga. sub.
Ongunga.
Sino; GONGO TEIA. trumento que Ngunga. Sino, Qualquer ins-
Large bell (Sino Ongunga. Sino. Ngunga. Sino.
Sino; Gongo. Sino produz sons s. trumento sono-
grande).
(Nascimento). (Sino). ro; Sino.
121
SÂO JOÂO DA MILHO VERDE Silva Porto – Sanders - Wilson - LeGuennec - Cannecattim - Nascimento - Assis Jr. – Maia – Maia -
CHAPADA (1939, (1996; 2003; ESPINHO (2012) Umbundu Umbundu Umbundu Umbundu Língua Bunda Kimbundu Kimbundu Kimbundu Kikongo
1943 [1985]) 2006; 2011-2012) (c. 1860) (1885) (1935) (1972) (1804) (1903) (c. 1941) (1961) (1961)
Imbanda. 1. Feitor.
Ochimbanda.
2. Sacerdote, feiti-
Bruxo (Feiti- Kimbánda. sub.
ceiro. 3. Também se
ceiro); Médico Pessoa que trata
refere ao chefe de Quimbanda, Ocimbanda. Ocimbanda. Quimbár, Kimban-
indígena (Cu- Kimbanda. de doentes; Má- Kimbanda.
uma prática litúrgi- Himbanda. Doctor (Mé- Feiticeiro; Imbár. Feitor da.Bruxa (o);
randeiro); Curandeiro, s. gico; exorcista; Feiticeiro.
ca, a Cabula, da qual Curandeiro. dico). Médico. de fazenda. Médico.
Homem que necromante;
existiam adeptos
exerce a medi- bruxo.
em São João da
cina (Médico).
Chapada.
Ingoma casaca.
Revólver (Nasci-
mento); Engoma-
casaca, ingomaca-
saqui (Camp:
2006).
Onjalla. Fome; Onjala. Apetite Nzála. sub. Fo-
Onjala. Hunger
Injara. Fome. Apetite; Ca- Onjala. Fome. de comer (Fo- Nzála. Fome. Nzala. Fome, s. me; apetite; Von- Nzala. Fome.
(Fome).
rência. me). tade de comer.
Etako. Parte
carnuda que Mataku. Sub. pl.
Taku, Ditaku
Itaco. Assento, Etaku. Butt forma a parte Ritáccu, Ritaku. Na- Parte carnuda
Ettaco. Cu. (pl. Mataku).
anus. (Nádega). superior e pos- Matáccu. Cu. dega, s. que lade a o
Nádega.
terior das coxas anus; Nádegas.
(Nádega).
JACUBA. Farinha
de mandioca com
garapa ou café
Onjamba. O
mamífero mais
Samba,
corpulento (Ele-
onjamba. Onjamba. Ele-
Onjamba. fante); Osamba. Zámba
JAMBÁ. Diamante; Elefante; fante; eyo Nzamba. Ele- Nzamba. sub. Nzamba.
Jambá. Ouro. Elephant Feitiço de di- Jizámba.
Ouro Binga e lionjamba. phante, s. Elefante. Elefante.
(Elefante). nheiro (Feiti- Elefante.
onjamba. Marfim.
ço); Onjambo.
Marfim.
Gorjeta (Grati-
ficação).
CAXAMBÁ. Dia-
mante; CAXAMBÁ Okatiamba. Kaxámba. sub.
DE OMENHA. Dia- Beans (a kind bot. Feijoeiro e
mante; Kachambi, of) (Feijão, seu fruto; Feijo-
Kaichama (Camp: tipo) [?]. ca; vagem [?].
2006).
122
SÂO JOÂO DA MILHO VERDE Silva Porto – Sanders - Wilson - LeGuennec - Cannecattim - Nascimento - Assis Jr. – Maia – Maia -
CHAPADA (1939, (1996; 2003; ESPINHO (2012) Umbundu Umbundu Umbundu Umbundu Língua Bunda Kimbundu Kimbundu Kimbundu Kikongo
1943 [1985]) 2006; 2011-2012) (c. 1860) (1885) (1935) (1972) (1804) (1903) (c. 1941) (1961) (1961)
Onjambolo,
Onjombia. Onjombya. Erva Kandámbia.
Jambi. Capim.
Young grass tenra (Erva). Erva.
(Relva nova).
Jombô. Lama Preta.
Lámba. sub. Lamba, Dilam-
Elamba. Po- Elamba. Infor-
LAMBA. Trabalho Rilamba. Des- Desventura; ba (pl. Malam-
Lamba. Desgraça. breza; Empo- túnio (Desgra-
pesado graça, s. provação; in- ba). Desven-
brecimento. ça).
fortúnio. tura.
Kuku. Grand-
parent (Avô); - kuka. Idoso
MACUCA (O). Cuco. Avó; Kûku. sub. Avô; Akulu, Nkaka.
Macuco. Mulher feia a deferential Wa kuka, ca (Velho); kuku, Cúcu, Jicúcu. Kuku. Ante-
Mulher (homem) Oacuca. De- Kuku. Avô, s. avó. Antepas- Antepassa-
e velha. response (tra- kuka. Velho. makulu. A mãe Avô. passado.
feia (o) e velha (o) crépito. sado. do.
tamento respei- dos pais (Avó).
toso).
MACUMBA
EMBAUA, omukonda. Ar-
MACUNDENBAIA. ma branca de Lukuaku (pl. Koko (pl.
Lucácu, Mácu. Mâku. sub. pl.
Espingarda; Ca- lâmina curta e maku). Bra- moko).
Braço. Braços; mãos [?].
chorro [?]; perfurante ço, s. Braço.
Macundenbaia. (Punhal) [?].
Espingarda.
MAENGUE. Queijo; Omahini. Leite Muenge (pl.
Maiengue. Queijo azedo (Leite) Mienge).
(Nascimento). [?]. Milho [?].
Maêni. Vaca leiteira Omahini. Leite
[?] (Camp: 2006). azedo (Leite).
Manguanguera adj.
Sem gordura (Pipo- - . Mungangela. adj.
quê Manguanguera Que tem pouca e sub. Natural ou
- Feijão sem gordu- gordura (Ma- proveniente das
ra; Ochito gro) [?]. ganguelas [?].
Manguanguera).
Manje. Youn- Manje. Filho do
ger brother or mesmo pai e da
Manji ulume.
Manjangue. Irmão. sister (Irmão mesma mãe em
Irmão.
ou irmã mais relação a outro
novos). filho (Irmão).
Olwili. Planeta
Maravir. Terra. Oluali. Terra [?]. em que habita-
mos (Terra) [?].
123
SÂO JOÂO DA MILHO VERDE Silva Porto – Sanders - Wilson - LeGuennec - Cannecattim - Nascimento - Assis Jr. – Maia – Maia -
CHAPADA (1939, (1996; 2003; ESPINHO (2012) Umbundu Umbundu Umbundu Umbundu Língua Bunda Kimbundu Kimbundu Kimbundu Kikongo
1943 [1985]) 2006; 2011-2012) (c. 1860) (1885) (1935) (1972) (1804) (1903) (c. 1941) (1961) (1961)
124
SÂO JOÂO DA MILHO VERDE Silva Porto – Sanders - Wilson - LeGuennec - Cannecattim - Nascimento - Assis Jr. – Maia – Maia -
CHAPADA (1939, (1996; 2003; ESPINHO (2012) Umbundu Umbundu Umbundu Umbundu Língua Bunda Kimbundu Kimbundu Kimbundu Kikongo
1943 [1985]) 2006; 2011-2012) (c. 1860) (1885) (1935) (1972) (1804) (1903) (c. 1941) (1961) (1961)
Epia (plu.
Epia. Campo. Évia. Roça
Meprá. Roça. Ovapia). Field epya (?) roça.
[?] [?].
(Campo) [?].
Mossoroco. Chuva
Mossoroca. Chuva grossa (Nascimen-
Mossoroca. Sal
Grossa. to); Mossoroca
(Camp: 2006).
Omoko. Instru-
mento cortante
composto de
lâmina e cabo
Pócu ria
MUCAIANGUE. Omoku. Knife (Faca); omu- Pôko. Sub. Faça;
Mocco. Faca. Omoko. Faca. cubatuíla. Fa- Poko. Faca, s. Poko. Faca.
Arma de fogo (Faca). konda. Arma navalha.
ca de cortar.
branca de lâmi-
na curta e per-
furante (Pu-
nhal).
Mukuetu. adj. e
sub. Outro (como
nós). Camarada;
Mukuetu.
companheiro;
Ukwetu. Cama- Mukuetu. Meu Amigo; Muku-
Ukuetu. Cama- Akuetu. adj. e Nkuetu.
MUCUETU. Silêncio rada (Compa- e nosso, Com- etu, Ukuetu.
rada. pron. indef. pl. Amigo.
nheiro). panheiro, a, s. Companhei-
Outros (como eu,
ro.
como nós); Nós
outros; Meus
companheiros.
Ekungu. Ra-
vine, abyss Ekungu. Buraco
(Ravina, abis- fundo (Buraco) Rikungu. sub.
MUGUANGO, Ecungo. Des- Rizungu. Bu- Kikungu.
mo) [?]; [?]; Oluteya. Es- Barroca; escava-
CONGO TEIA. Tatu penhadeiro. raco, s. [?] Buraco [?].
Oluteya. Young pécie de Lebre ção, cova [?].
rabbit (Coelho (Lebre).
jovem).
Munha. Trigo;
Munha de mutombo. Omonda. Fari-
Farinha de mandio- nha [?]
ca (Vogt & Fry).
Nge, ngei,
NANGUÊ. Você
ngéie. Tu.
125
SÂO JOÂO DA MILHO VERDE Silva Porto – Sanders - Wilson - LeGuennec - Cannecattim - Nascimento - Assis Jr. – Maia – Maia -
CHAPADA (1939, (1996; 2003; ESPINHO (2012) Umbundu Umbundu Umbundu Umbundu Língua Bunda Kimbundu Kimbundu Kimbundu Kikongo
1943 [1985]) 2006; 2011-2012) (c. 1860) (1885) (1935) (1972) (1804) (1903) (c. 1941) (1961) (1961)
126
SÂO JOÂO DA MILHO VERDE Silva Porto – Sanders - Wilson - LeGuennec - Cannecattim - Nascimento - Assis Jr. – Maia – Maia -
CHAPADA (1939, (1996; 2003; ESPINHO (2012) Umbundu Umbundu Umbundu Umbundu Língua Bunda Kimbundu Kimbundu Kimbundu Kikongo
1943 [1985]) 2006; 2011-2012) (c. 1860) (1885) (1935) (1972) (1804) (1903) (c. 1941) (1961) (1961)
Mbínga. sub.
Cada um dos
Ombinga. Horn
Obingá. Chifre; Binga, Lom- Ombinga. Ombinga. Corno Bínga, Gibínga. apêndices duros Mbinga.
(Chifre); Tusk
Ombingá. Magro. binga. Córneo. Chifre. (chifre). Corno. na cabeça, de Chifre.
(Presa).
certos ruminan-
tes; Cornicho.
Akala, ekala.
Rikala (pl.
Okara. Café (Nas- Ekala. A coal Madeira mal RíkaIa. sub. Dikala. Car- E kala. Car-
Ocará. Café. Ekãla. Carvão. Makala). Car-
cimento). (Um carvão). queimada (Car- Carvão. vão. vão.
vão, s.
vão).
Ekaya. Planta
MACANHA, herbácea (Ta-
MACAIO. Fumo Ekaya. baco); Akaya.
Macanha, Rikanha (pl. Dikanha (pl. E káia (pl.
de rolo; Tobacco-leaf Folhas desta Macála, Acála. Rikanha. sub.
Ocaiá. Fumo. ómacanha. Makanha). makanha). makáia).
Macaibo, okaia, (Folha de ta- planta, prepara- Carvão. Folha de tabaco.
Tabaco. Tabaco, s. Tabaco. Tabaco.
okaio, makaio baco). das para fumar
(Camp: 2006). ou cheirar (Ta-
baco).
OXITO. Porco; Car-
ne. Oxita. Carne Ositu. Tecido
Chito, óchito. Ositu. Meat
Ochito. Carne. (Nascimento); Ositu. Carne. muscular Chítu. Carne. Xitu. Carne, s. Xitu. sub. Carne. Xitu. Carne. Nitu. Carne.
Carne. (Carne).
Osito. Carne (Vogt (Carne).
& Fry).
Kuénda. v. intr. Kuenda
Andar; percor- malembe-
QÜENDA. Reunião, + enda. Passar
Ocoênta. Ir; Oku enda. Ir, Cuénda. An- - enda. An- rer; Viajar; cami- Kuenda. An- malembe;
Oenda. Entrar (v.). reunido; Uendar. Enda. Go (Ir). de um lugar
Marchar. Andar. dar; Ir. dar, v. nhar; marchar. dar. kuenda atonji.
Andar (Vogt & Fry). para outro (Ir).
sub. Andadura; Andar deva-
marcha. gar (Andar).
Owiki. Substân-
cia açucarada
UÍQUE. Rapadura;
Owiki. Honey que as abelhas Uiki, Nhuiki.
Oique. Rapadura. Oêki, Uiki (Camp: Ouíque. Mel. Owiki. Mel. Guiquí. Mel. Uiki. Mel, s. Uîki. sub. Mel.
(Mel). preparam com o Mel.
2006).
suco das flores
(Mel).
Ogira. Fogo (Nas-
cimento).
Ombela. Água
Om-béra. Ombela. Rain que cai da at-
Ombera. Chuva. Ombela. Chuva.
Chuva. (Chuva). mosfera (Chu-
va).
127
SÂO JOÂO DA MILHO VERDE Silva Porto – Sanders - Wilson - LeGuennec - Cannecattim - Nascimento - Assis Jr. – Maia – Maia -
CHAPADA (1939, (1996; 2003; ESPINHO (2012) Umbundu Umbundu Umbundu Umbundu Língua Bunda Kimbundu Kimbundu Kimbundu Kikongo
1943 [1985]) 2006; 2011-2012) (c. 1860) (1885) (1935) (1972) (1804) (1903) (c. 1941) (1961) (1961)
Ombya. Vaso em
ímbia. sub. Vaso
que se cozem os
de barro ou me- Mbiá. Panela
Ombia, Ombia. Pot alimentos (Pane-
Ímbia, Jímbia. Imbia. Panel- tal em que se Ímbia. Panela [?]. Mbúngua.
Ombiá. Cigarro. Imbiá. Cigarro Hombia. (Panela, Pote) Ombia. Póte [?]. la);
Panella [?]. la, s. [?]. coze a comida; [?]. Pipa (de
Panela [?]. [?]. ongolongombya.
Panela; Tacho; cachimbo).
Pó de cachimbo
Caçarola [?].
(Pó) [?].
Anguá. Cachorro
Ímbua, sub. zool.
(Nascimento);
Cambua. Ca- Quadrúpede
Ambuaianque. Ombwa. Animal
chorro; Ombwa. Dog Imbua, Jimbúa. carnívoro digiti- Mbùa, Ímbua.
Omboá. Cachorro. Cachorro (Vogt & Ombua. Cão. doméstico Imbua. Cão, s. Mbúa. Cão.
Hombua. Ca- (Cachorro) Cão. grado e domésti- Cão.
Fry); Imbuá (Vogt & (Cão).
chorra. co. Cão; cadela;
Fry); Amuá (Camp:
cachorro.
2006).
OMENHA, OME-
Ovava. Water
NHÁ, OMENGUE. Baba, ó baba. Mênha. sub.
(Água); Ovava. Água; Menha, o Méia, Mea.
Omenhá, Menhá. Água; Omengue Água; Menha (pl.). Água; Lugar por
Omenha. Fazer cocô Ombenga. Ovava. Água. Ombenga. Água Ménha. Agua. mema, o vava. Água; Menga.
Água. (Nascimento); Oabenga. Agua, s. onde a água
Sediment (Se- turva (Água). Água. Sangue.
Nenha (Camp: Turvo. corre ou alaga.
dimento).
2006).
OMENHA DE CA-
XAÍ, OMENGA DE
CAXAÍ. Cachaça.
Muênge. sub.
Bot. Planta fam.
das graníneas Muinse,
OMENHÁ DE Omwenge. Enge.Haste oca;
Muéngue, (saccharum Nsuangi.
VIANGUE. Cachaça; Sugar-cane Omuengue. omwenge. Cana- Muenge. Can- Muenge, Mun-
Miéngue. Cana officinarum), de Cana doce ou
Viango (Camp: (Cana de açú- Cana. de-açúcar (Ca- na, s. ga. Cana.
de assucar. que se faz o cana de açú-
2006). car). na).
açúcar; Cana car (Cana).
doce; Rianga.
sub. Cana brava.
Amera. Rosto (Vogt Mera, Oh-mera. Omena. Mouth Omela. Abertura
Omerá. Língua. Omela. Boca.
& Fry). Bôca. (Boca). do rosto (Boca).
Ame. Pron. Pess.
A pessoa que Eme (absolu- Éme. pron. pess.
Mono, Omono.
Omindes. Eu (pr.). Ame. Eu. Ame. I (Eu) Ame. Eu, pron. fala; ndi. Na Emmi. Eu. to); Ngi (prefi- A minha pessoa. Eme. Eu.
Eu.
forma verbal xo). Eu. Eu.
afirmativa (Eu).
128
SÂO JOÂO DA MILHO VERDE Silva Porto – Sanders - Wilson - LeGuennec - Cannecattim - Nascimento - Assis Jr. – Maia – Maia -
CHAPADA (1939, (1996; 2003; ESPINHO (2012) Umbundu Umbundu Umbundu Umbundu Língua Bunda Kimbundu Kimbundu Kimbundu Kikongo
1943 [1985]) 2006; 2011-2012) (c. 1860) (1885) (1935) (1972) (1804) (1903) (c. 1941) (1961) (1961)
Múngua
abasenji
Omongwa. Salt Omongwa. Sal Múngua. Sub. Móngua,
Omungá. Sal. Omungá. Sal Mongua. Sal. Omongua. Sal. Múnga. Sal. Mungua. Sal, s. niama. Sal de
(Sal). doméstico (Sal). Sal. Múngua. Sal.
mina, sal-
gema (Sal).
ONEFE. Vulva, Onefa. Órgão
órgão sexual fe- genital feminino Nefe. Vagina.
minino. (Vagina).
Enge. Corn-
Enge. Haste oca
Ongá. Alavanca. stalk (Talo de
(Cana) [?].
milho) [?].
Njila, sub. Nome
genérico da to-
ONGIRA, UNGIRA. Onjila. Faixa de
das as faixas de
Ongira. Caminho, Caminho; Ojira. Ongira. Ve- Onjila. Road Onjila. Ca- terreno desti- Ngílla Quicóca. Njila. Ca- Njila. Ca- Nzila. Ca-
terreno que
estrada. Caminho (Camp: reda. (Estrada). minho. nada ao trânsito Estrada. minho, s. minho. minho.
conduzem de um
2006). (Caminho).
para outro lugar.
Caminho.
Kuijila. V. tr.
INJIRÁ, GIRÁ. t- Chegar, vir por
Gira, ongira. Onjila. Road Onjila. Ca-
Caminhar, ir em- Girá. Andar wi. Ir ao fundo via de; Caminhar - ijila. Chegar.
Caminhar. (Estrada). minho.
bora (Ir). por; Chegar de
repente.
Ongolo. Mamí-
Ongoró. Cavalo; ONGORÓ. Cavalo; Gollo, ongollo. fero com pele Ngólo. sub. zool.
Ongolo. Zebra. Ngolo. Zebra.
Égua (s.f.). Porco [?]. Zebra. listrada (Ze- Zebra
bra).
ONINGUE, Eninga. Caca;
. Maté-
ONINGA, Nengue, Onine. Esterco
Oninga. Mau cheiro. Aniña. Fezes. rias fecais (Fe- Isenga. Fezes.
ANENGUE. Ónengue. [?].
zes).
Mau cheiro Sobrecu.
Kanjika. sub.
Guisado de feijão
Kanjika. Papa
e milho tempe-
Onjequê. Milho. de milho, s.
rado com banha
[?].
ou óleo de pal-
ma.[?]
Olunjele. Cabelo
Olonjele. Beard Olonjele.
Onjerê. Cabelo. Quiçame do rosto do ho-
(Barba). Barba.
mem (Barba).
129
SÂO JOÂO DA MILHO VERDE Silva Porto – Sanders - Wilson - LeGuennec - Cannecattim - Nascimento - Assis Jr. – Maia – Maia -
CHAPADA (1939, (1996; 2003; ESPINHO (2012) Umbundu Umbundu Umbundu Umbundu Língua Bunda Kimbundu Kimbundu Kimbundu Kikongo
1943 [1985]) 2006; 2011-2012) (c. 1860) (1885) (1935) (1972) (1804) (1903) (c. 1941) (1961) (1961)
130
SÂO JOÂO DA MILHO VERDE Silva Porto – Sanders - Wilson - LeGuennec - Cannecattim - Nascimento - Assis Jr. – Maia – Maia -
CHAPADA (1939, (1996; 2003; ESPINHO (2012) Umbundu Umbundu Umbundu Umbundu Língua Bunda Kimbundu Kimbundu Kimbundu Kikongo
1943 [1985]) 2006; 2011-2012) (c. 1860) (1885) (1935) (1972) (1804) (1903) (c. 1941) (1961) (1961)
Oranganja. Cachaça
Nganza. sub.
(Nascimento);
Copo, caneca
Rongonja, Orongonja. Ganja, Onganja. Small
Onganja. Ca- Onganja.Vasilha Nganza. Ca- sem asa; Peque- Nganza. Ca-
Oronganje. Cachaça. Aguardente, cacha- onganja. gourd (Peque-
baça [?]. (Cabaça) [?]. baça, s. [?]. na cabaça, vaso baça [?].
ça (Vogt & Fry); Cuia [?]. na cabaça) [?].
para beber água,
Uruganja, Orungan-
vinho, etc. [?].
ja (Camp: 2006).
Ongoya. Que
Orongoia. Orongóia. Diamante
tem avareza
Diamante. (Camp: 2006).
(Avarento) [?].
Oronguipoia. Lenha
(Vogt & Fry).
Huinhi. sub. Cada
Olohwi, oluhwi, uma das partes
olungwi. Madei- em que se racha
Olohwi. Fuel H'únhi,
Olõhui. Lenha ra empregada Uinhi. Le- um tronco de ar-
Oroni. Lenha. (Combustível) Jih'únhi.
[?]. para alimentar a nha, s. [?]. vore para fazer
[?]. Lenha [?].
combustão lenha; Pau ou
(Lenha). [?] madeira seca
para [?].
Kibúnga, sub.
Chapéu; carapu-
ça, barrete; Kibungu.
Kibungu. Cloa- Kíbungu. sub. Cloaca; Umbungu.
Oropungo. Bateia.
ca, s. [?]. Cloaca. | Vaso Kibunga. Cloaca [?].
grande onde se Chapéu [?].
deitam dejectos
[?].
Arasangue. Galinha
(Nascimento);
Sanje, Ósanje Osanje. Fowl Osanji. Fêmea
Orosanje. Galinha Osanji yomange. Sanc'i, Jissánc'i. Sanji. Galli- Sánji. sub. Ga-
Orossanje. Galinha. e ólo-uange. (Ave), Hen do galo (Gali- Sanji. Galinha.
(Vogt & Fry). Galinha. Gallinha. nha, s. linha.
Galinha. (Galinha). nha).
Ossangê, orossângui
(Camp:2006).
Calucimba,
Kalussimba,
Olusimba. Olusimba. Gato Ximba. Gato Ximba. Gato-
Kanissimba. Gato Ximba. sub. zool.
Orossimba. Gato. Leopard (Leo- almiscareiro bravo (Gato, tigre, Gato
(Camp: 2006); Gato-tigre.
pardo). (Gato). s.). bravo (Gato).
Carofimba (Vogt &
Fry).
131
SÂO JOÂO DA MILHO VERDE Silva Porto – Sanders - Wilson - LeGuennec - Cannecattim - Nascimento - Assis Jr. – Maia – Maia -
CHAPADA (1939, (1996; 2003; ESPINHO (2012) Umbundu Umbundu Umbundu Umbundu Língua Bunda Kimbundu Kimbundu Kimbundu Kikongo
1943 [1985]) 2006; 2011-2012) (c. 1860) (1885) (1935) (1972) (1804) (1903) (c. 1941) (1961) (1961)
Ovonha
(omeme). Pêlo
Orovanga,
Ovonya omeme. ondulado do
Orovungo.
Lã [?]. carneiro e ou-
Baeta.
tros animais
(Lã) [?].
Orrori. Peixe (Vogt
& Fry).
Olumbala. Olumbala. Arco
Orumbá. Carumbé. Hoop (Aro, de barril (Arco)
arco) [?]. [?].
Osema. Pó resul-
tante de moa-
gem de cereais
ASSEMÁ, OSSEMÁ. Cema, Ócema. Osema. Meal Osema. Fuba; (Farinha); No- Ansema.
Ossemá. Fubá.
Céu. Farinha. (Farinha). Farinha. me vulgar da Branco [?].
farinha de milho
e mandioca
(Fubá).
Osãyi. Planeta
Sãim, osãim. Osai. Moon que gira em
Ossenhê, senhê. Lua. Osãi. Lua.
Lua. (Lua). volta da Terra
(Lua).
Tate. (My)
Tata. Pai (Vogt Tate. Meu pai Táta, Jitáta.
Otata. Pai. Taté. Pai. father (O meu Tata. Pae, s. Tâta. sub. Pai. Tata. Pai.
& Fry). (Pai). Pai.
pai).
Otatariangue. Fei-
tor, patrão de ser-
viço.
Otatariôve. Insulto
máximo (envolven-
do o pai; Otata +
Ovê, você).
Eteke. Tempo
Ohteque.
Oteque. Noite, céu, Eteke (plu. que decorre
Deshoras;
Otequê. Dia. abóbada celeste Oloneke). Day Eteke. Dia. entre o nascer
Otheque. Noi-
(Vogt & Fry). (Dia). e o pôr do Sol
te.
(Dia).
Otiça. Cativeiro.
132
SÂO JOÂO DA MILHO VERDE Silva Porto – Sanders - Wilson - LeGuennec - Cannecattim - Nascimento - Assis Jr. – Maia – Maia -
CHAPADA (1939, (1996; 2003; ESPINHO (2012) Umbundu Umbundu Umbundu Umbundu Língua Bunda Kimbundu Kimbundu Kimbundu Kikongo
1943 [1985]) 2006; 2011-2012) (c. 1860) (1885) (1935) (1972) (1804) (1903) (c. 1941) (1961) (1961)
Utombo. Planta
cuja raiz é co-
mestível e bem
assim as folhas
Otombo. Farinha de Utombo. Man- quando ainda Útumbu. sub.
Otombô. Farinha de Ottombo. Utombo. Man- Utumbu. Fa- Utumbu. Fa-
Mandioca (Nasci- dioc (Mandi- tenras (Mandi- Farêlo; Resíduos
Mandioca. Mandioca. dioca. relo, s. relo.
mento). oca). oca); Utumbu. O (de milho).
grão quando
começa a ficar
em farinha
(Farinha).
OTUPÃ. Diabo Tupa. Deus.
Ovê. Você, o Senhor
Ove. Pron. Pess.
(Ovê a ô vissepa
Iove. Eu (Vogt & suj. Designativo
cachupá ombiá - Ove. Pers. Pro.
Fry); Ouê. O senhor, Obe. Tu. Ove. Tu, pron. da pessoa com
Dá-me uma palha Thou (Tu).
você (Vogt & Fry). quem se fala
para eu fazer um
(Tu)
cigarro).
Muênge. sub.
Bot. Planta fam.
Muenge. Can-
Omwenge. Enge.Haste oca; das graníneas
Ouango. Her- Muéngue, na, s., (saccha-
Sugar-cane Omuengue. omwenge. Cana- (saccharum Muenge. Cana Muinse. Cana
Oviango. Foice. vagem; Palha Miéngue. Cana rina); Rianga,
(Cana de açú- Cana [?]. de-açúcar (Ca- officinarum), de [?]. [?].
[?]. de assucar [?]. Canna brava
car) [?]. na) [?]. que se faz o
[?].
açúcar; Cana
doce [?].
Ochikalawe.
Ovicaiá. Piçarra. Pedra pequena
(Pedra) [?].
Ina (plu.
Ina. Mulher ou
Ovaina). Mo-
Ina (pron. de fêmea que teve
Ovini. Mãe. ther (his or Ina. Mãi.
mãe). Na um mais ou
her) (Mãe,
filhos (Mãe).
dele ou dela).
OVIPACO. Dinhei- Ovipako. Ipaka. sub. pl.
Kipaka. Moeda
ro, diamante na Goods, Mer- Ovipako. Bens Nome das anti- Mpaku. Di-
Epako. Fruta. de 10 reis
mão; Vipaco (Camp: chandise (Bens, (Fazenda). gas moedas de nheiro.
(Moeda, s.).
2006). mercadoria). dez reis.
133
SÂO JOÂO DA MILHO VERDE Silva Porto – Sanders - Wilson - LeGuennec - Cannecattim - Nascimento - Assis Jr. – Maia – Maia -
CHAPADA (1939, (1996; 2003; ESPINHO (2012) Umbundu Umbundu Umbundu Umbundu Língua Bunda Kimbundu Kimbundu Kimbundu Kikongo
1943 [1985]) 2006; 2011-2012) (c. 1860) (1885) (1935) (1972) (1804) (1903) (c. 1941) (1961) (1961)
Mbámba. adj.
Mestre consu-
mado; Exímio;
Pama. Be stout, - pama. Adj. Que E bambango-
Mbamba. Excelente; excel- Mbamba.
Pamba. Valentão. thick (Ser forte, Ca pama. Forte. tem força (Va- lo. Valente,
Mestre, s. so; insigne. Sem Mestre.
grosso). lente). Valentão.
rival; Sabido;
como ninguém
mais. Sabedor.
Kipangala. sub.
Armação; esque-
leto; Ngênga.
Pangaranguenga. adj. Que se sepa- Kimbangala,
Enterro (Vogt ra ou serve de Kipangala.
& Fry). separação. Que Esqueleto [?].
está à parte;
Separado; desu-
nido [?].
Palánga, sub.
zool. Quadrúpede
Palanga. Vea-
Parongo. Carneiro. ruminante cervi-
do, cervo.
no.| Wapite;
veado.
Ochipoke. Fruto
PIPOQUÊ, TIPÓ-
Quipoque, de planta legu-
QUE. Feijão, Milho. Ocipoke. Beans
Pipoquê. Feijão Tipoquê. Feijão Hipoque. Ocipoke. Feijão. minosa aprecia-
Pipoque. Feijão (Feijão).
Feijão. do na alimenta-
(Nascimento).
ção (Feijão).
+ popya. Expri-
Popia. Speak, mir por pala-
Pupiá ondaca. Falar insult (?) (Fa- Oku popia. vras (Falar);
Dacca. Pala- Ndáca. Velha-
na língua dos pre- lar, insultar); Falar; Ondaka. ondaka. Som
vra; Voz. caria.
tos. Ondaka. Word Palavra. articulado que
(Palavra). tem um sentido
(Palavra).
QUEBIRRÃ. Pouco.
QUIBANO,
QUIBANDO. Ir
em-bora.
134
SÂO JOÂO DA MILHO VERDE Silva Porto – Sanders - Wilson - LeGuennec - Cannecattim - Nascimento - Assis Jr. – Maia – Maia -
CHAPADA (1939, (1996; 2003; ESPINHO (2012) Umbundu Umbundu Umbundu Umbundu Língua Bunda Kimbundu Kimbundu Kimbundu Kikongo
1943 [1985]) 2006; 2011-2012) (c. 1860) (1885) (1935) (1972) (1804) (1903) (c. 1941) (1961) (1961)
QUIMBIMBA,
Chibimbe, Kimbi. sub.
QUIVIMBA. Morto, Ocivimbi. Ochivimbi. Cor- E vimbu,
Óchibimbe. Ocivimbi. Ca- Kimbi. Ca- Cadáver; morto; Kiambi. Ca-
defunto; Quinvimba. Corpse (Ca- po morto (Ca- umvumbi.
Defunto; dáver. daver, s. Kivimba. adj. dáver.
Morto, defunto dáver). dáver). Cadáver.
Morto. Que está intacto.
(Vogt & Fry).
Kimboto. sub.
Ochimboto.
XIMBOCO. Sapo; zool. Nome por
Chimboto. Ocimboto. Ocimboto. Batráquio anu-
Quimboto. Sapo. Quimboto. Sapo que na região do Kimboto. Rã.
Sapo. Toad (Sapo). Sapo. ro, semelhante à
(Vogt & Fry). Seles é conhecida
rã (Sapo).
a rã; Batráquio.
Mumbúndu. adj.
e sub. Escuro; de
Ocimbundu.
côr preta; Afri-
One of the race
cano; Ambúndu,
which inhabits Ukimbundu.
Mubúndu, adj, e sub pl.
Oviye, Idioma: de Mumbundu.
Quimbundo. Negro. Abúndu. Ne- Pretos; Homens
Ombalundu Luanda (Quim- Negro, a, s.
gro. pretos; de côr ou
(Pessoa da raça bundo).
raça preta; Kim-
que habita Bié,
búndu, sub. Lín-
Bailundo).
gua dos naturais
de Angola.
Quimpracaca. Gato
(Vogt & Fry).
Ochyova. Indi-
Kióua, adj. e sub. Ezóua. Estú-
QUIOUA, QUIÔA. víduo falta de Quatóva, Ató- Kioua. Tolo, Kióua. Estúpi-
Chioba. Tolo. Néscio. parvo; pido, creti-
Bobo. inteligência va. Idiota. a, s. do, cretino.
tolo: no.
(Estúpido).
QUIPUNGO. Cha-
Kibungu.
péu; Tipungá, Qui- Kibúnga, sub.
Kibunga. Bar- Cloaca; Ki-
Quipungo. Chapéu. pongo, Kipungu. Chapéu; carapu-
rete, s. bunga. Cha-
Chapéu (Camp: ça; barrete.
péu.
2006).
135
SÂO JOÂO DA MILHO VERDE Silva Porto – Sanders - Wilson - LeGuennec - Cannecattim - Nascimento - Assis Jr. – Maia – Maia -
CHAPADA (1939, (1996; 2003; ESPINHO (2012) Umbundu Umbundu Umbundu Umbundu Língua Bunda Kimbundu Kimbundu Kimbundu Kikongo
1943 [1985]) 2006; 2011-2012) (c. 1860) (1885) (1935) (1972) (1804) (1903) (c. 1941) (1961) (1961)
Nsonde.
Kisonde. For- Formiga
miga grande grande e
Kisónde, sub.
e brava (de brava (de
Ochisonde. zool. Formigão
Ocisonde. mordidela mordidela
Quiçonde. Formiga- Kisonde. For- de que há várias
Quissonde. Formiga An army ant Ocisonde. For- muito doloro- muito dolo-
Formigão vermelha, miga brava espécies, de
vermelha. (Formiga guer- miga. sa), decor rosa), decor
(esp.) que morde (Formiga, s.). mordedura
reira). vermelha eque vermelha
(Formiga). dolorosa; Formi-
anda em fila eque anda
ga brava.
(formigão) em fila (for-
(Formiga). migão)
(Formiga).
Quissama, Quissamba.
Trouxa; Mochila.
Wa. Adj. Good Ciwa. Bom - wa. Virtuoso
QUIUÁ. Muito Chiua. Óptimo.
(Bom). (boa), adj. (Bom).
Enju. Impera-
tive defec., enju. Imperativo
Ronjendo. Vindo
come (Impera- singular de + iya
(Vogt & Fry).
tivo defectivo, (Vir) [?]
vir) [?].
Lubundu. sub.
Kihuhu. Moi-
Rubudu. Moinho. Detrimento; pre-
nho.
juízo; dano [?].
Rio-rio. Int. de si-
lêncio.
Múkua-
Kisalangu. sub. isalangu.
Kisalangu.
SARANGO SECO. Abominaçâo; Monstro;
Monstruosi-
Angu monstruosidade Kisalangu.
dade, s. [?].
[?]. Monstruosi-
dade [?].
Sekulu. sub. Tio;
osekulu. Homem Ancião; Chefe de
Sekulu. An- Sekùlu. An-
SECURO. Homem. Osekulu. Velho. de idade avan- casa ou sanzala
cião, ã,s. cião.
çada (Velho). (ao sul da Pro-
víncia).
Usenge. Terreno
Sênge. sub. Po-
Ocengue. Er- incultocoberto Ekenge. Flo- Munseke.
Senguê. Mato. Assenguê. Banheiro. Usenge. Mato. voação; vila [?]
mo; Mata. de plantas a- resta. [?] Floresta. [?]
cidade
grestes (Mato).
136
SÂO JOÂO DA MILHO VERDE Silva Porto – Sanders - Wilson - LeGuennec - Cannecattim - Nascimento - Assis Jr. – Maia – Maia -
CHAPADA (1939, (1996; 2003; ESPINHO (2012) Umbundu Umbundu Umbundu Umbundu Língua Bunda Kimbundu Kimbundu Kimbundu Kikongo
1943 [1985]) 2006; 2011-2012) (c. 1860) (1885) (1935) (1972) (1804) (1903) (c. 1941) (1961) (1961)
Isulukutu. Sub.
SURUITIÚ, pl. Cousa que
SURUTIÚ. Tatu disperta abomi-
nação [?]
Tiadiambe. Dia
Santo.
Posoka. To be
Tiapossoca. Coisa well dressed Ca posoka. - posoka. Adj.
Boa. (Estar bem Bonito (a). Bonito (Bom).
vestido).
Kâria. sub. Fin-
gimento de
bondade, de
ideias ou de
Tuli. Mal. adv.
Túria. Gente ruim opiniões apreci-
[?].
áveis. Falta de
sinceridade,
Impostura. De-
voção fingida [?].
Uanda ua
Uânda. sub. Rede
Uanda. Rede Owanda. Ti- Owanda. Tipoia natina, anda
Uandá. Rede. Owanda. Rêde. Uanda. Rede, s. para pescar ou Uanda. Tipóia.
(Camp:2006) poia. (Rede). (pl. manda).
dormir a sesta.
Tipóia.
Owanga.
Owanga. Malefí- Nguánga, Uanga (pl.
Ouanga. Feiti- Charm (fetish) Owanga. En- Uanga. Feiti- Uánga. sub.
Uanga. Feitiço. Muamba. Feitiço cio de feiticeiro Jinguánga. mauanga).
ço; Mandinga. (feitiço, encan- canto. ço, s. veneno; feitiço.
(Feitiço). Feitiço. Feitiço.
to, fetiche).
Singila. Be pos-
sessed with a
Uanga de sincorá. spirit (Estar
Feitiço de mulata. possuído por
um espírito)
[?].
Kulangála. v.
Langala. Fall
intr. Estar na
prostrate or
Uarangara. Morte cama; repousar; - langala. Langa. Re-
dead (ficar/
(Vogt & Fry). Deitar-se; exten- Repousar. pousar.
cair prostrado
der-se ao com-
ou morto).
prido.
137
SÂO JOÂO DA MILHO VERDE Silva Porto – Sanders - Wilson - LeGuennec - Cannecattim - Nascimento - Assis Jr. – Maia – Maia -
CHAPADA (1939, (1996; 2003; ESPINHO (2012) Umbundu Umbundu Umbundu Umbundu Língua Bunda Kimbundu Kimbundu Kimbundu Kikongo
1943 [1985]) 2006; 2011-2012) (c. 1860) (1885) (1935) (1972) (1804) (1903) (c. 1941) (1961) (1961)
Mukuetu. adj. e
sub. Outro (como
CUETO. Dançante
nós). Camarada;
(Companheiro; Mukuetu. Meu
Macuêto. companheiro;
Ucuêto, Vacuêto, pessoa humana); Ukwetu. Cama- e nosso com- Mukuetu. Nkuetu.
Congratula- Ukuetu. Cama- Akuetu. adj. e
Acuêto. Compa- Naguete. Homem; rada (Compa- panheiro Compa- Compa-
ção; Bacuêto. rada. pron. indef. pl.
nheiro. Uacueto, Uagueto. nheiro). (Companhei- nheiro. nheiro.
Salve. Outros (como eu,
Ele, homem (Vogt ro, a, s.).
como nós); Nós
& Fry).
outros; Meus
companheiros.
CUMBI. Sol; Cumbe,
Ekumbi. Sun Ekumbi. O disco Kumbi. Sub. O Kumbi,
Ucumbi. Sol. Ocumbe, Ucumbe. Ecumbi. Sol. Ekumbi. Sol. Ricúmbi. Sol. Rikumbi. Sol, s.
(Sol). solar (Sol). sol; o dia. Dikumbi. Sol.
Sol (Vogt & Fry).
UMUNDA. Mundéu
Ngundu sub. Ngundu. Des-
Ongundo.
Restos de edifí- troços, restos
Ungundo. Pó; rolão. Medicine (Re-
cios; destroços; de edifícios,
médio) [?].
ruínas [?]. ruínas [?].
Ndungu. sub. bot.
Olundungu. Nome genérico
Olundungu. Planta cujo fruto Ndúngu, de vários frutos Ndungu (pl. Ndungu za
Urundungo. Pi- Ólondungo. Olundungu. Ndungu. Pi-
Pepper (Pi- tem um sabor Jindúngu. das plantas pipe- Jindungu). kindele. Pi-
menta. Pimenta. Pimenta. menta, s.
menta). picante (Pimen- Pimenta. ráceas de diver- Pimenta. menta.
ta). sas espécies,
Pimenta.
Únene, sub.
- nene. Adj. Químa Quiné- Grandeza; Uône-
Hinene. Nene. adj. Cinene. - onene. Uonene. Uanene.
Uoneme. Grande. Corpulento ne. Cousa ne, adj. Grande;
Grande. Large (Grande). Grande. Grande, adj. Grande. Grande
(Grande). Grande. notável: de alta
jerarquia.
Ovikangwa.
Resíduo da
Kanga. Fry, banha depois de Kikangelu, e Kangilu.
Vigongo; Vicongo. Oku kanga. Kikangelu. Kikangelu. sub.
Parch (Fritar, extraída a gor- kangu. Tor- Torresmo,
Torresmo. Fritar [?]. Torresmo, s. Torresmo.
Tostar) [?]. dura pela ação resmo, rijão. rijão.
do fogo (Tor-
resmo).
VINÁ. Remédio Ochina. Qual-
levado pelo carun- Ocina. Thing quer objecto
Ocina. Coisa. Químa. Cousa. Kima. Cousa, s. Kima. sub. Coisa. Kima. Coisa. Kiuma. Coisa.
jinjim durante a (Coisa). inanimado
festa do Rosário (Coisa).
138
SÂO JOÂO DA MILHO VERDE Silva Porto – Sanders - Wilson - LeGuennec - Cannecattim - Nascimento - Assis Jr. – Maia – Maia -
CHAPADA (1939, (1996; 2003; ESPINHO (2012) Umbundu Umbundu Umbundu Umbundu Língua Bunda Kimbundu Kimbundu Kimbundu Kikongo
1943 [1985]) 2006; 2011-2012) (c. 1860) (1885) (1935) (1972) (1804) (1903) (c. 1941) (1961) (1961)
Ocikwamba.
Manioc Bread
Vinganga. Arroz. Vinji. Pão.
(Pão de mandi-
oca) [?]
Mbánza. sub.
Viquimbana. Caixa
Espécie de viola;
(Vogt & Fry);
Instrumento mu-
Viquimbanza,
sico de três cor-
Riquimbanza. Caixa
das que se toca
(Instrumento)
com palheta de
(Camp: 2006).
pau; Rebeque [?].
Ocisapa. Ovisapa. Conjun-
Bough (Ramo, to de ramos de
Vissepa. Palha.
galho de árvo- uma planta
re). (Ramada).
Nzangu. Canto
Ocisungo. Song Ocisungo. Ochisungo. Hino Nzangu, sam-
Vissungo. Cantigas. VISSUNGO. Canto. em voz alta
(Canto). Canto. (Canto). bu. Canto.
(Canto, s.).
XIBIU. Diamante
Mbámba. adj.
Mestre consu-
mado; Exímio;
- bana nzangu.
Pama. Be stout, - pama. Adj. Que Excelente; excel- E bambango-
Bambazuô. Provo- Fazer barulho Mbamba.
thick (Ser forte, Ca pama. Forte. tem força (Va- so; insigne. Sem lo. Valente,
cação de briga. (Barulho, s.) Mestre [?].
grosso). lente) [?]. rival; Sabido; Valentão [?].
[?].
como ninguém
mais. Sabedor
[?].
Mbínga. sub.
Cada um dos
Binga, Ombinga. Horn
Ombinga. Ombinga. Corno Bínga, Gibínga. apêndices duros Mbinga.
Binga. Isqueiro. BINGA. Isqueiro. Binga. Isqueiro Lombinga. (Chifre); Tusk
Chifre. (chifre). Corno. na cabeça, de Chifre.
Córneo. (Presa).
certos ruminan-
tes; Cornicho.
Ochisimo. Cavi-
Cacimba. Poço de Cacimba. Poço de Ocima. Clay pit Quichíma quiá
dade aberta na Kixima. Ca- Kixima. sub. Kixima. Ca- Xima. Ca-
água potável de água potável de (Poço de argi- Ocisimo. Poço. Ménha. Poço
terra, com água cimba, s. Tanque. Cisterna. cimba. cimba.
minas. minas la). de agua.
(Poço) [?].
139
SÂO JOÂO DA MILHO VERDE Silva Porto – Sanders - Wilson - LeGuennec - Cannecattim - Nascimento - Assis Jr. – Maia – Maia -
CHAPADA (1939, (1996; 2003; ESPINHO (2012) Umbundu Umbundu Umbundu Umbundu Língua Bunda Kimbundu Kimbundu Kimbundu Kikongo
1943 [1985]) 2006; 2011-2012) (c. 1860) (1885) (1935) (1972) (1804) (1903) (c. 1941) (1961) (1961)
Kilundu. sub.
Calundu. Aborreci- Espírito; Ser do Kuluuala. Mau
mento. mundo invisível humor. [?]
[?].
Cambungo. Corrup-
tela de carbúnculo.
Canjongo. Osso.
Kâria. Sub.
Kâria-Pemba adj.
Karia-Pemba
e sub. Demónio; Nkadi-a-
Cariá, Cariapemba. CARIAPEMBA. Cariá, Cariapemba, Cariapêmba. Cariapémba. (litt. O que Kádia-Pemba.
diabo; Pessoa de Mpemba.
Diabo. Diabo. Pemba. Diabo Demônio. Diabo. come pemba). Diabo.
maus instintos, Diabo.
Diabo, s.
Mafarrico; Sata-
naz.
Caxaramba. Cacha-
ça.
Caxanga. Achaque.
Coxito. Pequeno Káxitu. sub.
CUXITO, CUNXITO. Coxito. Porco pe-
(adj.); Porco pe- Carninha. Ani-
Porco queno (subt.)
queno (subt.). malzinho.
Kúngonga. v. tr.
intr. e r. Murmu-
- Ngonga.
rar. Dar sinais de
Gungunar. Res- Gungunar. Res- Ñuñuna. Mur- . Falar - ngonga. Resmungar; -
descontentamen-
mungar. mungar. murar. por entre dentes Murmurar, v. ngongena.
to; Kungongena.
(Resmonear). Murmurar.
v. tr. Murmurar
sobre.
Ulungu (pl.
Malungo. Da mesma Malungo. Da mes-
Rilúngu iaie- Ulungu. Ca- Ulungu. sub. malungu).
idade; companhei- ma idade; compa- Ulungu.Navio.
néne. Barco. noa, s. Almadia; canoa. Canoa, PI-
ro. nheiro
roga.
Márimu. sub. pl.
Marimbo. Espécie
Habilidades; es-
de jogo de cartas.
pertezas [?].
Moçambique. Cintas
de vidro.
140
SÂO JOÂO DA MILHO VERDE Silva Porto – Sanders - Wilson - LeGuennec - Cannecattim - Nascimento - Assis Jr. – Maia – Maia -
CHAPADA (1939, (1996; 2003; ESPINHO (2012) Umbundu Umbundu Umbundu Umbundu Língua Bunda Kimbundu Kimbundu Kimbundu Kikongo
1943 [1985]) 2006; 2011-2012) (c. 1860) (1885) (1935) (1972) (1804) (1903) (c. 1941) (1961) (1961)
Mulundu. sub.
Serra; montanha;
Mulundu. morro; Penedo; Mulundu.
Ochilundu. Adj. Mulúndu,
Morumbo. Montícu- Monte, s.; rocha; Mulúmbu. Montanha;
Pequeno monte Milúndu.
lo; testículos. Montanha, s. sub. Envide; Mulumbu.
(Montículo). [?] Monte. [?]
[?] uraco. Cordão Prepúcio. [?]
umbilical, fig.
Prepúcio [?].
Muafa. Safanão.
Kiba. sub. Vasi-
Quiba. Trouxa; Quiba. Trouxa; Químa Quiá lha feita de pele
Monte de roupas. Monte de roupas Quíba. Odre. de certos ani-
mais; Odre.
Kisasamba. sub.
Samba. Saquitel de Barracão; Estala-
pano que se põe à Oco-samba. Osambo. Corral Casasámba. gem; baiuca. Nzemba. Pano
boca de bezerros Imolação [?]. (Curral) [?]. Presépio [?]. Presépio; estre- [?].
para desmamá-los. baria; estábulo
[?].
Esemba. Dança Kusesemba, v. - sesemba.
Semba. Dança dos com acompa- tr. e intr. Dançar Dançar arras-
Negros. nhamento das (arrastando os tando os pés
mãos (Dança). pés). (Dançar).
Kisanji. sub.
Instrumento
Sanjuê. Barulho; Nzangu. Baru- músico de hastes
Sanjuê. Dança
Briga. lho, s. [?]. metálicas, hoje
bastante conhe-
cido [?].
Ombangwi.
Súmbe. Adj.
Incessant
Sujeito compra-
talker; a bore
Sumbanga. João- do; Sub. Lugar ou
(Pessoa que
Ninguém. região onde se
fala sem cessar;
compravam
um aborreci-
escravos [?].
mento) [?].
Tatarnê. Bicho de
pé.
Xambá. Espécie de
Xambá. Pedaço
pássaro.
141
SÂO JOÂO DA MILHO VERDE Silva Porto – Sanders - Wilson - LeGuennec - Cannecattim - Nascimento - Assis Jr. – Maia – Maia -
CHAPADA (1939, (1996; 2003; ESPINHO (2012) Umbundu Umbundu Umbundu Umbundu Língua Bunda Kimbundu Kimbundu Kimbundu Kikongo
1943 [1985]) 2006; 2011-2012) (c. 1860) (1885) (1935) (1972) (1804) (1903) (c. 1941) (1961) (1961)
Vungo-Vungo,
Zungo-Zungo. Tipo
de brinquedo.
142
3.5 Análise dos dados
a) Umbundo
Obs. –yuka, assim como todos os poucos adjetivos nas línguas analisadas, recebe um prefixo de concordância
pronominal da classe ou pronome ao qual se relaciona. Neste caso teria recebido o índice de sujeito da classe 6
(plural das classes 5, 11 e 15 em umbundo).
ANDAMBE: sub., Mulher (AM); ANDAMBE, INDAMBE: sub., Mulher; prostituta (MV).
andambi < ondambi (cl. 9) ‘um homem ou mulher bons/bonitos’ umb.
indambe < *ndambi < *o-ndambi < ondambi (cl.9) ‘um homem ou mulher bons/bonitos’ umb.
ondambi ‘homem ou mulher bonitos/bons’ >> ondambi ‘mulher bonita’ >> ondambi ‘prostituta’
ndúmbu (cl. 9) ‘prostituta’ quimb.
Étimo: sub. (cl. 9), ondambi/o-ndambi ‘um homem ou mulher bons/bonitos’ umb.
Obs. Ambos os significados são mantidos na região de Milho Verde, ‘mulher’ e ‘prostituta’, a segunda acepção
pode ser explicada por influência de forma semelhante em quimbundo, e preservada em outras variedades de
falares africanos no Brasil. Há abaixamento da vogal inicial o>a.
Obs. Não há sugestão para a mudança de significado do item, ‘mulher’ >> ‘mulher de vida livre’. A forma
registrada em Silva Porto encontra-se mais próxima ao item analisado.
144
Obs. Apesar de angana ocorrer tanto em umbundo quanto em quimbundo, a forma sufixal do possessivo de
primeira pessoa do singular se relaciona apenas ao umbundo, pois, como visto na tabela 2, a forma em
quimbundo é –ami ‘meu’.
Obs. Há um abaixamento da vogal [o]. A hipótese de abaixamento ‘o>a’ é fortalecida pelo exemplo, visto que
seu plural seria olo-nge ‘onças’. As formas cognatas no quimbundo (ngo, ingo) não foram consideradas
próximas o suficiente para serem consideradas na análise.
APUMBO: sub., Milho; OPUNGO, IUPUNGO: sub., Alimento; OFÚMBU: sub., Angu (MV).
umb. o- (cl. 9) opungo < *pungu < *e-pungu (cl. 5) ‘milho’ umb.
apumbo < opumbo MV
port. fubá ofúmbu < opungo MV [?]
iupungo < y-upungu < y (cl. 9 GEN) + *opungu MV [?]
Obs. Este é o primeiro exemplo em que há aférese, apagamento da vogal inicial da classe 5 ‘e-‘ ou sua
substituição por ‘o-‘ provavelmente por analogia ao prefixo frequente da classe 9. Além disso, há mudança da
pré-nasalizada velar [ŋg] pela bilabial [mb], no caso de ofúmbu, apumbo. A forma opungo, encontrada em Milho
Verde poderia ter originado as demais variações.
Obs. A forma [dʒ] encontrada no umbundo se palataliza em [ʒ], como nos demais exemplos. A forma indicada
em Silva Porto, ocoenje, pode indicar uma possibilidade distinta, ocorrendo abaixamento da vogal do índice de
sujeito da classe 1 ‘o-‘. Ainda, cabe ressaltar que os tons característicos das línguas bantas pesquisadas não são
preservados nas formas encontradas no Brasil. Há duas possibilidades: influência de um tom alto final; ou uma
diástole, transposição do acento à sílaba posterior, tornando a palavra paroxítona em oxítona. Isto exigiria uma
forma anterior sem valor tonal *a-kwendje. Vários itens dos falares africanos diamantinos foram preservados
como oxítonas.
145
CANDAMBURO: sub., Galo (AM); sub., QUINDOMBORO: Galo (MV).
candamburo < *kondomboro < e-kondomboro ‘galo’ (cl. 5) umb.
quimb. (cl. 7) ki- quindomboro <*ko-ndomboro < e-kondombolo ‘galo’ (cl. 5) umb.
Étimo: sub. (cl. 5) e-kondombolo ‘galo’.
sub. (cl. 5) e-condobóro ‘galo’ (Silva Porto).
Obs. Aférese da vogal do prefixo da classe 5 ‘e-‘. O rotacismo [l]>[r] apresenta-se em quase todas as formas
encontradas. Os dados de Silva Porto registram a variação [l]~[r] também no umbundo. Esta transformação é
comum também às variedades do português brasileiro e esteve presente na formação da língua portuguesa.
CANJÁ: sub., Reco-reco de bambu usado pelo grupo dos catopés na festa de Nossa Senhora do Rosário (MV).
canjá < o-kandja ‘vara’ (cl. 9) umb.
Étimo: sub. (cl.9) o-kandja ‘Vara, bastão’
Obs. Poderia haver uma adaptação do termo quimbundo rikanza, reportado na tabela 2, a uma fonologia mais
próxima do umbundo. No entanto, optamos pela forma quase idêntica verificada em Sanders e Wilson. Há
aférese de ‘o-‘ referente à classe 9.
CATITA: adj., Pequeno (AM); CATITO, EUCATITO: adv., Pouco; adj., pequeno (MV); CATITA: sub., Mingau (ESP).
[?] port. gên. fem. -a catita < ka-tito (cl. 12) ← - tito ‘pequeno’ (adj.) umb.
Catito < ka-tito (cl. 12) ← - tito ‘pequeno’ (adj.) umb.
Étimo: adj., -tito ‘pequeno’; adj., (cl. 12) ka-tito ‘pequenininho’.
Obs. Não conseguimos elaborar sugestões de análise para a forma eucatito, nem para a diferença semântica no
item encontrado no Espinho catita.
Obs. A forma indicada por Silva Porto, oco-bera, encontra-se mais próxima de ‘kaxicobeira’, além do autor
indicar itens com [tʃ] ou [ʃ], grafado ‘ch’, em lugar de [s], como nos demais autores. Cf. ochito na tabela 2.
146
Étimo: sub. (cl. 3) u-konga ‘cabaça
Obs. As demais formas verificadas nos dicionários (on-galafa; ka-ngarrafa) parecem indicar neologismos
adaptados à morfossintaxe das línguas africanas do port. ‘garrafa’, além de exigirem apócope (apagamento
final) das duas últimas sílabas. Optou-se pela forma encontrada em Le Guennec, u-konga.
Obs. O prefixo locativo da classe 17 ‘ku-‘ para, perde valor semântico, juntando-se ao substantivo da classe 9.
Obs. A forma do étimo foi verificada em Le Guennec, wendamba, formada por uma construção conectiva, ou o
genitivo, ‘pref. prep. de cl. + GEN’, ‘u-’ (cl. 1) + ‘-a-‘ + ondamba (cl. 9) ‘homem ou mulher bons’. Há a
possibilidade de padronização analógica da construção possessiva para a classe 9, i + a ‘ya’, onde esperaríamos
ocorrer ‘wa’ (con. pron. cl. 1).
147
MARAUANGUE, MARRUANGUE: sub., Criança, menino (MV).
marauangue < *malauange < *mola wange < o-mola wange ← o-mola (cl. 9) ‘criança’ + -wa- (1SG +
GEN) + -nge (POSS 1SG) ‘meu’ umb.
marruangue < *maruangue < marauangue ‘menino’ MV [?]
Étimo: sub., (cl. 9) omola-wange ‘minha criança, meu filho’.
Obs. Abaixamento de o>a. Preservação do con. pron. da cl. 1 ‘wa’, diferente de manjangue.
Obs. Aférese do prefixo da cl. 9, no caso de nhorrã. Em inharra há prótese, adição de uma vogal no início da
palavra. A forma apresentada em Silva Porto ‘nhóa’ distancia-se mais das outras formas verificadaspela
ausência da fricativa glotal [h].
Obs. Consideramos aqui, somente a forma sublinhada na construção perifrástica ‘omenhá de viangue’. Aférese
da vogal inicial (aumento) da classe 4 ‘ovi-‘. Ver análise de omenhá na seção de itens relacionados somente ao
quimbundo.
148
OPUTÁ: sub., Angu (MV).
umb. (cl. 9) o- oputá < i-puta (cl. 5) ‘pirão’ umb.
Étimo: sub., (cl. 5?) i-puta ‘pirão’.
Obs. Aférese do ‘i-‘ inicial e prótese analógica da forma prefixal da classe 9 ‘o-‘.
Obs. Há a possibilidade de aférese da vogal da classe 5 ‘e-‘ e substituição análoga por ‘o-‘ da classe 9.
Obs. Analogia com a classe 9 ‘u-‘ (cl. 3) > ‘o-‘ (cl. 9).
ORONANGA: sub., Roupa (AM); ORUNANGA: sub., Roupa (MV); URUNANGA: sub., Roupa (ESP).
oronanga < olo-nanga (cl. 10) pl. ← o-nanga (cl. 9) ‘roupa’ umb.
orunanga < oronanga MV.
urunanga < olo-nanga (cl. 10)pl. umb.
Étimo: sub., (cl. 10) olo-nanga ‘roupas’.
OROSSANJE: sub., Galinha (AM); ARASANGUE, OROSANJE, OSSANGÊ, OROSSÂNGUI: sub., Galinha (MV).
orossanje < olo-sandji (cl. 10) ← o-sandji (cl. 9) ‘galinha’ umb.
arasangue < *arosanje < orosanje MV
ossangê < o-sandji (cl. 9) ‘galinha’ umb.
ossangue < (o)sandji (cl. 9) ‘galinha’ quimb./umb.
Étimo: sub., (cl. 9) o-sandji ‘galinha’.
149
OROSSIMBA: sub., Gato(AM); CALUCIMBA, KALUSSIMBA, KANISSIMBA, CAROFIMBA: sub., Gato (MV).
orossimba < olo-simba < olu-simba (cl. 11) ‘leopardo’ umb. [?]
umb. (cl. 10) olo- orossimba < olu-simba (cl. 11) ‘leopardo’ umb.[?]
calucimba < ka-lusimba (cl. 12) ‘pequeno leopardo’ olusimba (cl. 11) ← ‘leopardo’ umb. [?].
Étimo: sub., (cl. 11) olu-simba ‘leopardo’
Obs. Abaixamento de u>o, quando não consta o prefixo diminutivo da classe 12 ‘ka-‘.
Obs. Aférese de ‘o-‘ em senhê. Transformação de [j] em [ɲ], devido à nasalização de [a] anterior.
Obs. Onde se esperaria uma forma do genitivo com a cl. 9 ‘ya’, encontra-se a forma da cl. 5 ‘lya’.
Obs. Mudança analógica da classe 5 ‘e-‘ para a forma da classe 9 ‘o-‘. Entretanto, a forma registrada em Silva
Porto se aproxima mais do item analisado, tanto em forma quanto em conteúdo. Devido à diferença semântica
mantivemos ambas possibilidades.
OVÊ: pron. pess. Você, o Senhor (AM); IOVE: pron. pess. Eu; OUÊ: pron. pess. O senhor, você (MV).
ovê < ove (2 SG) ‘tu’ umb.
ouê < ove (2 SG) ‘tu’ umb.
iove < yove ← y (pref. pron. cl. 9) + ove (2 SG) ‘tu’ umb.
Étimo: pron. pess. 2SG ove ‘tu’.
150
OVINI: sub., Mãe (AM).
ovini < ova-ina (cl. 2) pl. ← ina (cl. 1 ?) ‘mãe’ umb.
Étimo: sub., (cl. 2) ova-ina ‘mãe’.
Obs. Fusão de ‘a+i’ para evitar hiatos, e alçamento de ‘a’ final em ‘i’. O plural é uma forma sugerida em Sanders.
PIPOQUÊ: sub., Feijão (AM); PIPOQUÊ, TIPÓQUE: sub., Feijão, Milho; PIPOQUE: sub., Feijão (MV); TIPOQUÊ:
sub., Feijão (ESP).
[?] port. pipoca pipoquê < tchi-pokê < otchi-poke (cl. 7) ‘feijão’ umb [?].
tipóque < o-tchi-poke (cl. 7) ‘feijão’ umb.
Étimo: sub., (cl. 7) otchi-poke ‘feijão’.
Obs. É o único caso em que [tʃ] > [p], há a possibilidade de assimilação do fonema [p] da segunda sílaba ou,
como sugerido, influência analógica do português ‘pipoca’, de origem tupi (in Houaiss eletrônico, 2009).
Obs. São dois itens lexicais distintos, mas por ocorrerem juntos em Machado Filho (1985) e terem sido ambos
verificados somente em umbundo, foram tratados na mesma entrada. Aférese do prefixo da cl. 15 ‘oku-‘ em
oku-popya. Alçamento de o>u.
151
Obs. A forma encontrada poderia ser explicada por analogia à forma do genitivo (pref. pron. de cl. + a),visto
que, em umbundo, o adjetivo exige somente um prefixo pronominal de classe, como na forma reconstruída
*tchi-posoka, segundo dados de Schadeberg (1990). No entanto, Valente (1964, p. 116) indica dados
semelhante à nossa segunda reconstrução.
Obs. Aférese de ‘o-‘ no prefixo da classe 4 ‘ovi-‘. Sonorização de [k]>[g]. Monotongação do ditongo [wa] >
[o]/[ʊ].
Obs. Os étimos sugeridos são o-tanha (cl. 3) ‘dia’, singular, ou seu plural a-tanha (cl. 6). A sílaba final ‘-ra’ seria
um acréscimo (paragoge) à palavra causado pelo genitivo, como indicado na segunda proposta de análise. O
exemplo é encontrado em Machado Filho (1985, p. 126): Atanhara ucumbi u atundá ‘Mulher o sol está alto’ . As
demais formas se aproximam do étimo, ocorrendo uma vocalização de [ɲ] > [j] em otaiá, além de epêntese de
[i] em otainha.
152
COMBOÊRO: sub., Grota (AM); COMBOÊRO: sub., Cambão (ESP).
comboêro < *komboelu < k'ombwelu (adv.) ‘para baixo’ umb.
adv., k’ombuelu >> sub., comboêro ‘grota’
Étimo: adv., k’ombuelu ‘para baixo’.
Obs. Há uma mudança na classe gramatical dos itens adv. > sub. ‘Para baixo’ passa a significar ‘um lugar baixo’,
‘uma caverna’. A acepção de cambão não pôde ser melhor investigada na comunidade, mas aparentemente
significa uma ladeira ou descida. Os dicionários analisados já apresentam a forma k’ombwelu ‘abaixo’ ← ku
(LOC cl. 17) + ombwelu ‘terra baixa’.
Obs. Sem maiores dados, uma reconstrução do deslocamento semântico do item, possivelmente metafórico,
pode soar fantasiosa, logo não elaboramos uma proposta.
Obs. Aférese de ‘o-‘. Alçamento de o>u. Abaixamento de o>a. Há deslocamento de sentido, ‘minha faca’ >>
‘minha arma’ >> ‘arma de fogo’.
ONINGA: sub., Mau cheiro (AM); ONINGUE, ONINGA, ANENGUE: sub., Mau cheiro (MV).
umb. (cl. 9) o- oninga a-ninga (cl. 6) ‘fezes’ umb.
aninga ‘fezes’ >> oninga ‘mau-cheiro’
Étimo: sub., (cl. 6) a-nin ga ‘fezes’.
153
Obs. A forma olongere ocorre na comunidade do Jatobá.
ORONGANJE: sub., Cachaça (AM); ORANGANJA, RONGONJA, ORONGONJA, URUGANJA, ORUNGANJA: sub.,
Aguardente, cachaça (MV).
oronganje < olo-ngandja (cl. 10) pl. ← o-ngandja (cl. 9) ‘cabaça’ umb.
oranganja < olo-ngandja (cl. 10) pl. ← o-ngandja (cl. 9) ‘cabaça’ umb.
rongonja < *o-longandja < olo-ngandja (cl. 10) pl.
umb. (pref. cl. 11) olu- orungandja < *olo-ngandja (cl. 10) pl. [?]
uruganja < orunganja MV
olo-ngandja ‘vasilhas para líquidos’ >> oronganje ‘líquido que se toma’
Étimo: sub., (cl. 10) olo-ngandja ‘cabaças’.
Obs. Abaixamento de o>a em ‘oranganja’. Mudança de a>e em posição final (alçamento [a]>[ɪ] ?; [ə]> [ɪ]?).
Possível deslocamento de sentido metonímico.
Obs. Apesar de otata ser identificado em quimbundo e umbundo, a forma do sufixo possessivo somente foi
verificada em umbundo. Segundo Schadeberg (1990, p. 12) a forma táté ‘pai’, ocorre sem o aumento, sugere-se
uma mudança analógica à cl. 9.
Obs. A forma parece sofrer influência do prefixo da cl. 7 do quimbundo ‘ki-‘. O adjetivo –wa foi somente
encontrado em umbundo.
Obs. A forma ndjambi ‘deus’ ocorre em Le Guennec. tchya, cl. 7+ GEN, cria a forma tchya-ndjambi ‘de deus’, os
fonemas do umbundo são preservados, a saber [tʃ] e [dʒ].
VINÁ: sub., Remédio levado pelo carunjinjim (membro do grupo dos Catopês) durante a festa do Rosário (MV).
viná < ovi-na (cl. 4) ‘coisas’ ← otchi-na (cl. 7) ‘coisa’ umb. [?]
ovi-na ‘coisas’ >> viná ‘qualquer coisa/alguma coisa específica’ >> viná ‘remédio dos catopés’ [?].
154
Étimo: sub., (cl. 4) ovi-na ‘coisas’.
Obs. Aférese de ‘o-‘ da classe 4 ovi-. Alçamento de [a]>[e]. Parece-nos possível que o deslocamento semântico
teria ocorrido por uma generalização do termo: ‘Quaisquer ramos’ >> ‘palha’.
Obs. A forma omu-kwendje não foi encontrada em umbundo, entretanto Schadeberg (1990, p. 10) lista ‘omu-‘
como forma irregular nasal. Valente (1964, pp. 80-81) afirma ser esta um desmembramento da classe u (cl. 1).
Sugere-se, assim, a forma omu-kwendje, mesmo não se encontrando dicionarizada, mas por relação a omu-nu
(cl. 1) ‘homem’. A palavra ainda conteria o pref. nominal da classe 12 ‘ka-‘. A transformação [ndʒ]>[ŋg] ocorre
também em olo-sandje > arassangue. Machado Filho sugere outras possibilidades de etimologia,
desconsideradas aqui por envolverem um maior deslocamento semântico (1985, p. 129). De qualquer modo,
entendemos que nossa hipótese se enfraquece diante das várias alterações.
omindes < *omindi < *ame-ndi < ame (pron. pess. 1SG) ‘Eu’ + ndi- (pref. pron 1SG) ‘Eu’ umb.
Étimo: pron. pess. 1SG ame + pref. pron. 1SG ndi-
Obs. Sugere-se a composição de uma forma a partir da construção ‘ame ndi + verbo’ em umbundo. Não
conseguimos elaborar uma explicação satisfatória para a adição de /-s/ final. Alçamento de a>o.
b) Quimbundo
155
CANENGUE, CANDENGUE: sub., Menino, criança (MV).
canengue < * ka-nenge < ka-ndenge ← ndenge ‘criança’ (Cl.9) quimb.
candengue < ka-ndenge ← ndenge ‘criança’ (Cl.9) quimb.
Étimo: sub., (cl. 12) ka-ndenge ‘criança’.
OMENHÁ, MENHÁ: sub., Água (AM); OMENHA, OMENHÁ, OMENGUE, NENHA: sub., Água (MV); OMENHA: sub.,
Cocô (ESP).
omenhá o menha ‘a água’ < o (DET) + menha (cl. 6) ‘‘água’’ quimb.
menhá < menha (cl. 6) ‘água’ quimb.
omengue < o (DET) + menha (cl. 6) ‘‘água’’ quimb.
Obs. Classe 6 indicada em Xavier (2010, p. 138), Ma-enia. Há a manutenção do aumento ‘o’, que no quimbundo
tem a função de determinante (CHATELAIN, 1964 [1889]; XAVIER, 2010, p. 85). Velarização de [ɲ]>[ŋg],
omengue.
CAMBROCOTÓ: sub., Termo injurioso (AM); BROCOTÓ: sub., Caminho ruim. (ESP).
cambrocotó < *ka-mborokotó < *ka-mbolokoto < *ka-ximbolokoto [?] ← ximbolokoto ‘verruga’ (cl.
9) quimb. [?]
brocotó < *borokotó < *mbolokoto < *xi-mbolokoto < ximbolokoto ‘verruga’ (cl. 9) quimb.
Étimo: sub., (cl. 12) ka-mbolokoto ‘verruguinha’.
sub., (cl. 9) (xi)-mbolokoto ‘verruga’.
Obs. Não há sugestão do deslocamento semântico do termo. A síncope de [o] pode ser explicada pelo
deslocamento de acento para a última sílaba, diástole (*mbolokóto > mblokotó> brocotó). Há apagamento da
pré-nasal em [mb]>[b].
156
Obs. Palatalização de [ʃ] > [tʃ]. Provavelmente uma analogia da forma já corrente no português catimba, termo
coletado como explicação de um item ocorrente em canto vissungo.
MATOMBÔ: sub., Mandioca (AM); MATOMBO: sub., Cabeça; MUTOMBO, MUTONGO, MOUTOMBOU, MATOMBÔ:
sub., Mandioca; MATOMBÔ: sub., Mandioca (ESP).
matombô < *oma-tombo (cl.2) ? < u-tombo (cl. 3) ‘mandioca’ umb. [?]
(cl. 6) pl. ma- matombô < mutombo (cl. 3) ‘mandioca de molho’ quimb. [?]
matombô < ma-túmbu (cl. 6) ← ri-tumbu (cl. 5) ‘montículo onde se planta a mandioca’ [?] quimb
Étimo: sub., (cl. 3) u-tombo ‘mandioca’ (umb.)
sub., (cl. 3) mu-tombo ‘mandioca de molho’.
Sub., (cl. 6) ma-túmbu ‘montículo onde se planta a mandioca’.
Obs. Nenhum dos étimos encontrados em quimbundo significa diretamente ‘mandioca’, mas estão
relacionados ‘mandioca de molho’ ou ‘montículo onde se planta a mandioca’. Demos preferência a uma análise
que favoreça o quimbundo pela presença de ‘ma-‘ (cl. 6) plural do quimbundo. Há velarização de [mb]>[ŋg].
QUIPUNGO: sub., Chapéu (AM); QUIPUNGO, TIPUNGÁ, QUIPONGO: sub., Chapéu (MV).
quipungo < *ki-búngo < *ki-búnga (cl. 7) ‘chapéu’ quimb. [?]
quipongo < *ki-bongo < ki-búnga (cl. 7) ‘chapéu’ quimb. [?]
quipungo < *ki-bungu (cl. 7) ‘cloaca’ quimb. [?]
umb. (cl. 7) otchi tipungá < *ki-punga < *ki-búnga (cl. 7) ‘chapéu’ quimb. [?]
Étimo: sub., (cl. 7) ki-búnga ‘chapéu’.
ou
sub., (cl.7) ki-bungu ‘cloaca; vaso de dejetos’.
Obs. Castro (2001, p. 184) sugere o étimo ki-bungu (cl. 7) ‘vaso de dejetos carregado na cabeça’, logo a
extensão semântica ‘chapéu’. Além de incluir o dado sugerido por Castro (2001), sugerimos aqui a forma ki-
búnga (cl. 7) ‘chapéu’, mesmo que exija maior transformação fonética. A palatalização em tipungá poderia ser
convergência com a classe 7 ‘otchi-‘ do umbundo.
157
c) Quicongo
Obs. Há poucas formas encontradas somente em quicongo, o que nos leva a considerar uma mudança analógica
afetada por formas NC (nasal + consoante). Entretanto, como nossos dados do quicongo não foram exaustivos
a hipótese é enfraquecida.
Obs. Única forma verificada mais próxima ao item coletado em Milho Verde, que exigiria uma prótese de [na-].
d) Quimbundo/Umbundo
Obs. As duas formas seriam possíveis, no entanto, devido a outros exemplos de alçamento o>a, adotamos a
possibilidade de transformação a partir do étimo oferecido em Silva Porto.
158
Obs. A forma mais comum nos dicionários de umbundo seria ongala com um [l] nasal. Silva Porto oferece o
item anganna que poderia servir como étimo. A forma do quimbundo exigiria ou uma prótese vocálica ou
alteração do aumento o>a.
ARENGÁ: sub., Tarefa (AM); ARENGA: sub., Fofoca; ARENGUEIRO: sub., Fofoqueiro (ESP).
arengá < *a-lenga < *o- (cl. 1) + linga ‘ ele faz’ ← oku-linga (cl. 15) ‘fazer’ umb. [?]
arengá < *a-lenga (cl. 2) ‘searas’ quimb. ? mu-lenga (cl. 3) ‘seara’ quimb. [?]
Étimo: umb. v., (cl. 15) o-linga ‘ele faz’ (Silva Porto)
quimb. sub., (cl. 3) a-lenga ‘searas, terras cultivadas’.
Obs. Os étimos se relacionam mais ao significado encontrado em AM ‘tarefa’. Não foi possível encontrar um
étimo mais ligado ao significado de ‘fofoca’. A forma mulenga do quimb. exigiria transformações maiores para
se adequar à forma coletada (exigiria o plural de mu- (cl. 3), em a- (cl. 2), e não em mi- (cl. 4), plural comum da
língua)e é, portanto, enfraquecida como hipótese. O deslocamento semântico encontrado na hipótese de
reconstrução do étimo em umbundo também enfraquece a proposta.
Obs. A forma conjugada do verbo parece servir de étimo para o item analisado. Schadeberg (1990, p. 35)
informa que uma forma com final em [é], tom alto, é possível em imperativos que possuam um índice de objeto
(infixo de concordância anafórica com o objeto). No entanto, não se encontra vestígio do índe de objeto na
forma analisada. Chatelain (1964 [1889], p. 72) sugere forma parecida em quimbundo na terceira pessoa ou
classe 1.
Obs. A forma mais próxima foi coletada na comunidade do Espinho, Gouveia, e exigiria pouca transformação. A
forma de Aires foi retirada de um exemplo de frase Ovê a ô vissepa cachupá ombiá (trad. ‘Dê-me você uma
palha para eu fazer um cigarro’) (1985, p. 134). Sugere-se analogia com o port. ‘chupar’, um dos possíveis
significados do verbo (o)ku-xipa nas línguas estudadas.
159
Obs. As duas formas seriam étimos possíveis.
Obs. ‘-auê’ é um recurso rítmico muito encontrado nos cantos da região de Milho Verde. Há paragoge do
recurso à forma canjira ‘passarinho’.
Obs. Apesar da forma em umbundo estar mais próxima do item analisado, não consideramos a distinção [z]
≠[dʒ] suficiente para que uma forma fosse privilegiada. Há a possibilidade de variedades do quimbundo que
Obs. Todas as formas são afetadas pela morfologia verbal da conjugação em [-ar] do port.
COMBARO: sub., Lugar habitado (AM); CUMBARA, CUMBARI-NÊNE: sub., Comércio, cidade; CUMBARAIÊTO:
sub., Cidade grande (MV).
combaro < *kombala < ku-ombala ← ku (LOC cl. 17) + (o)mbala (cl. 9) ‘capital’ umb./quimb.
cumbara < * kumbara < ku-(o)mbala ← ku (LOC cl. 17) + (o)mbala (cl. 9) ‘capital’ umb./quimb.
cumbari-nêne < *kumbar-inene < *kumbara inene < ku-(o)mbala i-nene (adj. cl. 9) ← ku (LOC cl. 17) +
(o)mbala (cl. 9) ‘capital’ umb./quimb. + -nene (adj.) ‘grande’ umb./quimb.
cumbaraiêto < *kumbalaietu < ku-(o)mbala ietu (GEN+ POSS 1PL) ← ku (cl. 17 loc.) + ombala
(cl. 9) ‘capital’ quimb./umb. + -etu (POSS 1PL) ‘nosso(a)’ quimb./umb.
Étimo: umb. pref., (cl. 17) ku- + sub., (cl. 9) ombala ‘para a capital’.
quimb. pref., (cl. 17) ku- + sub., (cl. 9) mbala ‘para a aldeia, vila’.
160
Obs. Sugerimos que combara seja formada por um pref. loc. da classe 17 ‘ku-‘ + (o)mbala ‘cidade/vila’ em
umbundo e quimbundo. Pode ter havido preservação do aumento ‘o-‘ ou da vogal da classe 17 locativa ‘ku-‘.
Cumbaraiêto (lit. ‘para a nossa cidade’ >> ‘cidade grande’) pode ter originado a forma aiêto ‘grande’ encontrada
em Vogt & Fry.
Obs. A forma wa kuka é sugerida em Wilson (1935) como adjetivo ‘decrépito’. Poderíamos sugerir que há uma
convergência das formas (a)kulu ya ‘velhos’ ≡ kulya ‘comer’, que tenha sido readaptada pelos falantes em
‘antepassados’ >> ‘cozinheiro’. akulu wa kuka poderia ainda significar ‘avós dos avós; velhos dos velhos; velhos
dos avós’, significando os antepassados.
161
Étimo: umb. sub., (cl. 9) o-fundanga ‘pólvora’.
quimb. sub., (cl. 9) fundanga ‘pólvora’.
+
umb. v., (cl. 15) oku-pesela ‘entornar, derramar’.
ou
quimb. v., (cl. 15) ku-busela ‘soprar’.
Obs. fundanga nos parece bem explicado. Sugerimos duas hipóteses para capecere, entretanto, apesar da forma
mais próxima do umbundo oku-pesela, o significado do étimo em quimbundo parece mais próximo em vista de
ocorrer item com significado semelhante na comunidade do Jatobá ocuperecê ‘assoprar’ (conforme visto no
quadro 1).
Obs. A forma mais próxima do étimo gunga teria originado as demais. Há aférese da consoante pré-nasal
[ŋg]>[g]. Após o apagamento da consoante pré-nasal, há a possibilidade de ensurdecimento de [g]>[k],
conforme visto em cumba. Ainda ocorre a transformação [ŋg]>[mb].
162
MACUCO: sub., Mulher feia e velha (AM); MACUCA (O): sub., Mulher (homem) feia (o) e velha (o) (MV).
macuco < (o)ma-kuku (cl. 6) quimb. (cl. 2?) umb. ‘avós’.
Étimo: umb. sub., (cl. 2) oma-kuku ‘avós’ [?].
quimb. sub., (cl. 9) kuku ‘avô’.
Obs. Em umbumdo ‘oma-‘ é sugerido como forma irregular nasal da classe 2 plural. A forma plural de kuku (cl.
9) em quimbundo seria ji-kuku (cl. 10). Poderia ter havido uma regularização do plural para a classe 6 ‘ma-’ do
quimbundo.
MASSANGUE, ASSANGUE; MASSANGO, MASSANGRO, MASSÁMBI, MARSAME, MARSÁMBI: Arroz; Angu (MV).
massangue < ma-sangu (cl. 6) ‘alpiste’ quimb.
assangue < a-sangu (cl. 6) ‘milho painço’ umb.
massango < ma-sangu (cl. 6) ‘alpiste’ quimb.
massámbi < massangue MV [?]
Étimo: umb. sub., (cl. 6) a-sangu ‘milho-painço’.
quimb. sub., (cl. 6) ma-sangu ‘alpiste, sorgo’.
Obs. No agrupamento, há uma forma mais ligada ao umbundo, assangue, enquanto as demais parecem mais
ligadas ao quimbundo. Novamente ocorre a transformação [ŋg]>[mb]. A forma mais próxima ao étimo, ma-
sangu, teria originado as demais variações.
Obs. A vogal final favorece um étimo do umbundo, entretanto as formas são semelhantes o suficiente para se
construir uma hipótese possível para ambas.
163
OBINGÁ: sub., chifre; OMBINGÁ: Magro (AM).
(aum.) o- obingá binga (o)mbinga (cl. 9) ‘chifre’ quimb./umb.
ombingá (o)mbinga (cl. 9) ‘chifre’ quimb./umb.
ombinga ‘chifre’ >> ombinga ‘magro como um chifre’ >> ombingá ‘magro’
Étimo: umb. sub., (cl. 9) o-mbinga ‘chifre’.
quimb. sub., (cl. 9) mbinga ‘chifre’.
Obs. Aférese da pré-nasal em obingá ‘chifre’ AM, porém sua manutenção em ombingá ‘magro’ AM. Há a
possibilidade de que a distinção tenha surgido para eliminar a homofonia.
OCHITO: sub., Carne (AM); OXITO: sub., Porco; carne; OXITA, OSITO: sub., carne (MV).
ochito o xitu ‘a carne’ ← o (aum.) + xitu (cl. 9) ‘carne’ quimb. [?]
umb. ‘carne’ (cl. 9) ositu oxitu xitu (cl. 9) ‘carne’ quimb. [?]
ochito (o)xito (cl. 9) ‘carne’ quimb./umb.
osito < ositu (cl. 9) ‘‘carne’’ umb.’
Étimo: umb. sub., (cl. 9) o-xitu/o-situ ‘carne’.
quimb. sub., (cl. 9) xitu ‘carne’.
Obs. A forma ositu (cl. 9) ‘carne’, mais encontrada nos dicionários de umbundo, co-ocorre com outras variações
em MV. Silva Porto indica uma forma mais palatalizada chito, óchito, onde ch = [tʃ], aproximando as formas
cognatas em ambas as línguas, umbundo e quimbundo.
Obs. Aférese da vogal inicial em umbundo o-wiki (cl. 3). Em AM, a mudança [w] > [o] pode ter ocorrido por
regularização analógica à classe 9 do umbundo. Em oêki MV, há abaixamento do ditongo inicial [wi] > [oe].
Obs. A forma do quimbundo com a presença do aumento ‘o-‘ se aproxima do item analisado. Ressaltamos que
este item ocorre em uma construção perifrástica, andambe de onefe (lit. mulher de vagina, ‘prostituta’), na qual
o primeiro item se relaciona mais facilmente ao umbundo.
ONGORÓ: sub., Cavalo; Égua (AM); ONGORÓ. Cavalo; Porco [?] (MV).
ongoró < (o)ngolo (cl. 9) ‘zebra’ quimb./umb.
164
Étimo: umb. sub., (cl. 9) o-ngolo ‘zebra’.
quimb. sub., (cl. 9) ngolo ‘zebra’.
Obs. A forma tata (cl. 9) do quimbundo se aproxima mais do item analisado. No entanto, ocorrem formas
compostas com o sufixo possessivo de 1SG do umbundo, -nge (ver otatariangue AM).
Obs. A forma se aproxima mais do étimo proposto em umbundo, em forma e significado, no entanto
encontramos o item utumbu (cl. 14) do quimbundo com o significado de ‘farelo’.
Obs. Aparentemente há uma convergência das formas em umbundo e quimbundo. Uma outra possibilidade
seria influência analógica do padrão nasal + consoante (NC) na forma do umbundo [mb] pamba < pama.
165
QUIMBIMBA, QUIVIMBA, QUINVIMBA: sub., Morto, defunto (MV).
quivimba < ki-vimba (adj. cl.7) ‘ que está intacto’ quimb.
quimb. ‘defunto’ (cl. 7) ki-mbi quimbimba < quivimba MV
umb. ‘defunto’ (cl. 7) otchivimbe >> quivimba ‘morto’ MV [?]
quimb. ‘que está intacto’ (adj. Cl. 7) ki-vimba quivimba < tchi-vimbe < otchi-vimbe (cl. 7) ‘morto’
umb. [?]
Étimo: umb. sub., (cl. 7) otchi-vimbe/otchi-bimbe ‘defunto’.
quimb. sub., (cl. 7) ki-vimba ‘que está intacto’.
e/ou
quimb. sub., (cl. 7) ki-mbi ‘defunto’.
Obs. A forma se aproxima do umbundo, otchi-vimbe (cl. 7), porém parece indicar relação com formas do
quimbundo, ki-mbi (cl. 7) ‘defunto’ e ki-vimba (cl. 7) ‘que está intacto’.
Obs. A (des)palatalização não foi considerada um dado suficiente para marcar diferença de origem. Há formas
sugeridas por Silva Porto para o umbundo que apresentam a forma ‘ki-‘ (ki-sonde, ‘formiga’, por exemplo),
além de zonas de contato do quimbundo que apresentam formas mais palatalizadas, como registrado
recentemente pela Profa. Margarida Petter em projeto no Libolo, região do Kwanza Sul em Angola em que
alguns falantes de quimbundo se expressavam: [eme otʃimbundu] ‘eu sou quimbundo’.
Obs. A forma do umbundo se aproxima mais do item analisado. No entanto, há a possibilidade de aférese do
pref. da classe 15 ‘ku-‘, como visto em outros exemplos, e efeito do fenômeno da haplologia, no qual há o
apagamento da primeira sílaba (no caso: *-se-semba) quando seguida de sílaba igual ou iniciada pela mesma
consoante, mesmo que com vogais distintas, sendo a segunda sílaba tônica (VIARO, 2011, p.151).
166
quimb. sub., (cl. 14) wanga ‘feitiço’.
Obs. Caso muamba compartilhe do étimo plural de wanga → ma-wanga ocorre novamente a transformação
[ŋg]>[mb].
Obs. Há deslocamento semântico ou morfossintático, transformando a forma verbal conjugada ‘ele morreu’, em
substantivo ‘morte’.
UCUMBI: sub., Sol (AM); CUMBI, OCUMBE, UCUMBE: sub., Sol (MV).
umb. o- (cl. 9) ucumbi < kumbi < e-kumbi (cl. 5) ‘sol’ umb.
Étimo: umb. sub., (cl. 5) e-kumbi ‘sol’.
quimb. sub., (cl. 5) kumbi ‘sol’.
Obs. Novamente parece haver uma regularização dos prefixos de classe, neste caso para ‘u-‘ (cl. 3) umb., ou ‘o-‘
(cl. 9), tendo ocorrido um alçamento o>u.
Obs. Apesar de – etu ocorrer nas três línguas que serviram para análise, o deslocamento semântico parece ter
surgido no item indicado em Vogt & Fry (cumbaraiêto (ku-mbala yetu, ‘lit. para nossa cidade’ >> cumbaraiêto
‘cidade grande’ >> cumbara ‘cidade’ + aiêto ‘grande’).
167
Étimo: umb. v., (cl. 15) a-tundá ‘saia’.
quimb. v., (cl. 15) a-tunda ‘cl. 6- saiu’.
Obs. Sugeriram-se algumas possibilidades para a origem da forma. A primeira hipótese parece mais provável a
partir do exemplo de AM. Criam-se duas possibilidades: Machado Filho talvez tenha interpretado a sentença
apenas na tradução aproximada dada pelo informante ou houve, de fato, um deslocamento semântico. Não
sugerimos uma hipótese para o deslocamento semântico em tundá ‘roupa velha’ ESP.
Obs. Há aférese da consoante pré-nasalizada [mb] > [b]. Castro (2001, p. 176) sugere o étimo mwinga do
quicongo.
cangúia < *ka-nguya < ka-ngoya (cl. 12) ‘cruelzinho’ ← o-ngoya (adj. cl. 9) ‘cruel; avarento’ umb.
cangúia < ka-nguya (cl. 12) ‘agulhinha’ ← (o)-nguya (cl. 9) ‘agulha’ umb./quimb.
Étimos: umb. sub. (cl. 9) o-ngoya ‘habitante das terras baixas a oeste dos ovimbundo’.
umb. adj. (cl. 9) o-ngoya ‘cruel; avarento’.
umb./quimb. sub. (cl. 12) ka-nguya ‘agulhinha’.
Obs. Registra-se em reportagem da Agência Angola Press (2004), um artigo de 02/09/2004 em que o Rev.
Gabriel Vinte e Cinco da Igreja Metodista Unida considera o termo ‘ngoia’ como pejorativo para os falantes de
quimbundo do Kwanza Sul, sugerindo outros termos para as variantes dialetais. ongoya ainda ocorre como um
adjetivo de qualidades negativas ou provável corruptela do port. agulha.
Obs. Há aférese da consoante pré-nasal [mdʒ]>[ʒ]. O significado ‘elefante’ foi preservado em demais falares,
conforme visto na tabela 1, entretanto consideraríamos demasiadamente fantasioso criar uma proposta para o
deslocamento semântico.
e) Quicongo/Umbundo
168
ANDURO, ONDARA: sub., Fogo (AM); ANDARU [?], ANDURA, ANDERÚ: Fogo, fósforo, isqueiro (MV).
anduro < *andulu < ondalu (Cl. 9) ‘fogo’ umb.
ondara < *ondala < ondalu (Cl. 9) ‘fogo’umb.
andaru < *andalu < ondalu (Cl. 9) ‘fogo’umb.
andaru < *andalu < ndalu (cl. ?) ‘fogo’ quic.
andura < *andula < *ondala < ondalu (Cl. 9) ‘fogo’ umb. [?]
anderú < *andelu < *andalu < ondalu (Cl. 9) ‘fogo’ umb. [?]
Obs. Há diversas variações ocasionadas por diferentes transformações vocálicas. Mais importante para esta
análise é a prótese de uma vogal inicial (caso o étimo seja do quicongo), e o abaixamento de [o] > [a].
Obs. Haveria uma vocalização de [v]>[w] no caso de um étimo em umbundo. A palatalização ocorreria nas duas
formas quic. [z] > [ʃ]/umb. [tʃ]>[ ʃ].
Obs. Regularização analógica (cl. 5) ‘e-‘> (cl. 9) ‘o-‘. O deslocamento semântico pode ter ocorrido por associação
à cor do café e do carvão.
f) Quimbundo/Quicongo
169
MAVU, MARRU: sub., Cemitério; Terra (MV).
mavu < ma-vu (cl. 6) ‘terra, pó’ quimb./quic.
marru < mavu MV
Étimo: quimb./quic. sub., (cl. 6) ma-vu ‘terra, pó’.
Obs. À semelhança com alguns dialetos do nordeste brasileiro, ocorre a glotalização [v]>[h].
MALUNGO: sub., Da mesma idade; companheiro (AM); MALUNGO: sub., Nascidos no mesmo ano (ESP).
malungo < ma-lungu (cl. 6) pl. ← ulungu (cl. 14) ‘canoa’ quimb./quic.
Étimo: quimb./quic. (cl. 6) ma-lungu ‘barcos; navios’.
Obs. Adotamos a sugestão de Slenes (1992, p. 53) que propõe um deslocamento semântico para ‘meu
companheiro de barco’ com a vinda de africanos escravizados para a América. A palavra do umbundo sugerida,
lilungu ‘companheiro de sofrimento’, não foi identificada nas fontes pesquisadas, nem o significado de
‘companheiro’.
g) Quimbundo/Quicongo/Umbundo
ACURO: adj., Velho; sub., homem velho; MACURO, NACURO: sub., Homem (MV).
acuro < akulu (Cl. 2) ← ukulu (Cl. 1) ‘velho’ umb.
acuro < o-kulu (cl. 1) ‘o-‘ (cl. 9) umb.
acuro < akulu (Cl. 2) ← mukulu (Cl. 1) quimb.
acuro < akulu (Cl. 2) quic.
nacuro < ankulu (cl. 2) quic.
macuro < makulu (Cl. 6) ← - kulu (Adj.) quimb. [?]
nacuro < macuro MV [?]
Étimo: umb. sub., (cl. 2) a-kulu ‘velhos’.
quimb. sub., (cl. 2) a-kulu ‘velhos’.
quic. sub., (cl. 2) a-kulu ‘velhos’; (cl. 2) a-nkulu ‘antepassados’.
Obs. Há possibilidade de que o étimo seja das 3 línguas analisadas. nacuro pode ter surgido tanto de uma
transposição (metátese) de [an]>[na], quanto de mudança de [m]>[n].
170
anzambê < *anzambi < *nzambi ‘deus’ (Cl. 9) quimb./quic.
zambiopungo nzambiopungo ← nzambi ‘Deus’ (Cl. 9) quimb./quic. + ‘o’ (DET) + pungo ‘onipotente’
(adj.) quimb.’
Étimo: quimb. /umb. sub., (cl. 9) ngana ‘senhor’.
quimb./quic./umb. sub., (cl. 9) Nzambi ‘deus’.
quimb. adj., -pungo ‘onipotente’.
Obs. A forma nzambi ≅ ndjambi pôde ser encontrada nas 3 línguas analisadas, entretanto angana aparece
somente em umbundo e quimbundo. O item é frequente nas regiões pesquisadas, o que pode justificar as
diversas alterações. Há preservação da consoante pré-nasal pela prótese de vogal inicial, ou aférese da mesma.
CALUNGA: sub., Mar (AM); CALUNGA: sub., Água; CALUNGO, CARUNGA: sub., Rio (MV); CALUNGA: sub., Raiz
medicinal (ESP).
kalunga < ka-lunga (cl. 12) ‘mar’ quimb./quic.
kalunga < oka-lunga (cl. 12) umb.
Étimo: quimb./quic./umb. sub., (cl. 12) (o)ka-lunga ‘mar’.
Obs. Calunga parece ter preservado outros significados nos cantos da região diamantina (Deus, morte etc.)
apesar de ser indicado pelos informantes apenas como água, mar, rio. Não elaboramos sugestões para calunga
‘raiz medicinal’.
Obs. No caso do étimo se originar do quicongo ou umbundo, há aférese da vogal inicial ‘e-‘.
CANGURO, ONGURO: sub., Porco (AM); ANGURU: sub., Porco; CANGURO, KANGURU: sub., Polícia, soldado
(MV).
canguro < ka-ngulu ← (o)ngulu (cl. 9) ‘porco’ quimb./umb./quic.
onguro < (o)ngulu (cl. 9) ‘porco’ umb./quimb.
Étimo: quimb./quic./umb. sub., (cl. 9) (o)ngulu ‘porco’.
quimb./quic./umb. sub., (cl. 12) (o)ka-ngulu ‘porquinho’.
Obs. Há um deslocamento semântico de ‘porco’ >> ‘polícia’, indicando o tipo de relação construída entre as
comunidades e as autoridades.
CARIÁ, CARIAPEMBA: sub., Diabo (AM); CARIAPEMBA: sub., Diabo (MV); CARIÁ, CARIAPEMBA, PEMBA: sub.,
Diabo (ESP).
cariá kârya (cl. ?) ‘diabo’ quimb.
cariapemba < kârya-pemba (cl. 9) ‘diabo’ quimb./quic./umb.
Étimo: quimb./quic./umb. sub., (cl. 9) karyapemba ‘diabo’.
171
Obs. Silva Porto é o único que registra o termo em umbundo. Em quicongo a forma verificada em Maia é Nkadi-
a-Mpemba, entretanto, a variação [di]≈[ri]≈[li] é comumente encontrada nas línguas analisadas ([ri] ≈[li], no
umbundo, de acordo com os dados de Silva Porto).
CATIÇA: v., Ajudar (Angananzambi iô catiça ‘Deus lhe ajude’) (AM); GANANZAMBE QUE TE AQUATIÇA
(TIAQUATIÇA): v., Deus te ajude (MV).
catiça < *kwatisa < (o)ku-kwatisa (cl. 15) ‘ajudar’ umb./quic.
tiaquatiça < *tchya-kwatisa ‘(IS cl. 7 + ‘a’ marca de tempo e aspecto pret. + raiz verbal) ajudou’ ← oku-
kwatisa (cl. 15) ‘ajudar’ umb.
Étimo: quic./umb. v., (cl. 15) (o)ku-kwatisa ‘ajudar’.
quimb. v., (cl. 15) ku-kuatesa ‘ajudar’.
Obs. A forma em quimbundo ku-atesa exigiria alçamento da vogal [e] > [i]. tchya-kuatisa forma conjugada no
pretérito (cl. 7) do umbundo, corresponde a nzambi/ndjambi (cl. 7).
Obs. Haveria influência do imperativo ocasionando na mudança vocálica final, ou simplesmente alçamento a>e
(visto ter se preservado a classe 15 do infinitivo ‘ku-‘).
Obs. Há aférese da classe nominal 7 (ki-/otchi-) e prótese de uma vogal inicial que mantém a consoante pré-
nasal.
INJIRÁ, GIRÁ: v., Caminhar, ir embora (MV); GIRÁ: v., Andar (ESP)
port. v. -ar injirá < (o)ndjila (cl. 9) ‘caminho’ quimb./umb./quic. [?]
port. v. -ar injirá idjila (raiz verbal) ← ku-idjila (cl. 15) ‘chegar’ quimb. [?]
Étimo: quimb./quic./umb. sub., (cl. 9) (o)ndjila ou nzila ‘caminho’.
quimb. v., (cl. 15) (ku)-idjila ‘chegar’ [?].
172
Obs. É possível que a forma tenha se originado do sub. (cl. 9) (o)ndjila/nzila, sofrendo deslocamento semântico
para verbo. No entanto, encontramos também a forma verbal do quimbundo ku-idjila (cl. 15) ‘chegar’.
NGANGA, UGANGA: sub., Padre; ORONGANGA: sub., Soldado (AM); INGANGA, GÓNGU: Padre (MV).
inganga < nganga < (o)nganga (cl. 9) ‘sacerdote, padre’ quimb./umb.
(pref. cl. 1) u- uganga < *ganga < *on-ganga < o-nganga (cl. 9) ‘sacerdote, padre’ umb. [?]
oronganga < olo-nganga (cl. 10) pl. ← o-nganga (cl. 9) ‘padre’ umb.
góngu < ganga < (o) nganga (cl. 9) ‘padre’ quimb./umb. [?]
Étimo: quimb./quic./umb. sub., (cl. 9) (o)nganga ‘sacerdote’.
Obs. A frequência de uso pode explicar as diversas formas encontradas. Oronganga se aproxima do umbundo,
porém não encontramos uma forma onganga (cl. 9).
NGOMBE, ONGOMBE, ORONGOMBE: sub., Boi (AM); ONGOMBE: sub., Boi (MV).
ngombe < (o)ngombe (cl. 9) ‘boi’ quimb./umb./quic.
ongombe < (o)ngombe (cl. 9) ‘boi’ quimb./umb.
orongombe < olo-ngombe (cl. 10) pl. ← o-ngombe (cl.9) ‘boi’ umb.
Étimo: quimb./quic./umb. sub., (cl. 9) (o)ngombe ‘boi’.
umb. sub., (cl. 10) olo-ngombe ‘bois’.
Obs. orongombe se aproxima somente do étimo em umbundo, nos levando a considerar que a forma ongombe
também o seja.
NGUENDA: sub., Pressa; pequena fuga (AM); QÜENDA: sub., Reunião, reunido; UENDAR: v., Andar (MV).
nguenda < ng-enda (1SG + v.) ‘eu vou’ ← (o)ku-enda (cl. 15) ‘ir’ quimb./umb.
qüenda < (o)ku-enda (cl. 15) ‘ir’ quimb./umb./quic.
port. v. -ar uendar < u-enda (2SG ou cl. 1 + v.) ← ku-enda (cl. 15) ‘ir’ quimb. [?]
port. v. -ar uendar < o-enda (2 SG ou cl. 1 + v.) ← oku-enda (cl. 15) ‘ir’ umb. [?]
Étimo: quimb./quic./umb. v., (cl. 15) (o)ku-enda ‘ir; andar’.
quimb./umb. v., ngenda (IS 1SG + raiz verbal) ‘eu vou’.
Obs. ngenda ocorre como forma irregular da primeira pessoa do singular em umbundo, entretanto seria a
conjugação padrão em quimbundo. Uendar pode vir da forma conjugada em umbundo/quicongo/quimbundo
na primeira classe ou ‘ele faz’ com influência analógica da conjugação ‘-ar’ do português.
OCAIÁ: sub., Fumo; MACANHA, MACAIO, MACAIBO, OKAIA, OKAIO, MAKAIO: sub., Fumo de rolo (MV).
umb. o- (cl. 9) ocaiá < e-kaya (cl. 5) ‘tabaco’ umb./quic.
umb. o- (cl. 9) okaia < e- kaya (cl. 5) ‘tabaco’ umb./quic.
okaio < okaia MV
macanha < ma-kanha (cl. 6) pl. ← rikanha (cl. 5) ‘tabaco’ quimb.
macanha < o-makanha (cl. 9 ?) ‘tabaco’ umb. (Silva Porto)
quimb. ma- (cl. 6) macaio < e-kayo < e-kaya (cl. 5) ‘tabaco’ umb./quic. [?]
ma-kayo < *ma-kãya < ma-kanha (cl. 6) pl. ← rikanha (cl. 5) ‘‘tabaco’’ quimb. [?]
173
macaibo < macaio MV [?]
Étimo: quic./umb. sub., (cl. 5) e-kaya ‘tabaco’.
quimb./umb.? sub., (cl. 6) (o)makanha ‘tabaco’.
Obs. As formas são próximas, mas sugerimos a presença do pref. de classe nominal 6 [ma-] do quimbundo.
Silva Porto registra macanha, ómacanha para o umbundo.
Obs. Caso semelhante a uendar, registrado por Vogt & Fry em MV, aqui sem influência do português.
Obs. O acento tônico na sílaba final pode ter ocasionado na síncope da semi-vogal [w] no ditongo final.
ONGIRA: sub., Caminho, estrada (AM); ONGIRA, UNGIRA, OJIRA: sub., Caminho (MV).
ongira < (o)ndjila (cl. 9) ‘caminho’ quimb./umb.
Étimo: quimb./quic./umb. sub., (cl. 9) (o)ndjila ou nzila ‘caminho’.
ONJÓ: sub., Casa, Rancho (AM); ONJÓ: sub., Casa, Igreja, Rancho, Venda, Cavalo [?]; ENJO: Casa (MV).
onjó < o-ndjo (cl. 9) ‘casa’ umb.
Étimo: umb. sub., (cl. 9) ondjo ‘casa’.
quimb./quic. sub., (cl. 9) nzo ‘casa’.
174
Étimo: quimb./quic./umb. sub., (cl. 3) (o)ki-sonde ‘formiga vermelha’.
Obs. Ocorre nas 3 línguas analisadas, porém como otchi-sonde somente em umbundo. Silva Porto indica a
ocorrência ki-sonde.
UCUÊTO, VACUÊTO, ACUÊTO: sub., Companheiro (AM); CUETO: Dançante; NAGUETE, UACUETO, UAGUETO:
sub., Ele, homem (MV).
ucuêto ukwetu (cl. 1) ‘companheiro’ umb.
vacuêto < va-kwetu < ova-kwetu (cl. 2) pl. ‘companheiros’ umb.
acuêto < a-kwetu (cl. 2) pl. ‘companheiros’ umb./quimb./quic.
cueto < u-kwetu (cl. 1) ‘companheiro’ umb.
umb. (cl. 1) u- uacueto < a-kwetu (cl. 2) pl. ‘companheiros’ umb./quimb./quic. [?]
uacueto < va-kwetu (cl. 2) pl. ‘companheiros’ umb. [?]
naguete < *agwete < *a-kwete < a-kwetu (cl. 2) pl. ‘companheiros’ umb./quimb./quic. [?]
uagueto < uacueto MV
Étimo: quimb./quic./umb. sub., (cl. 2) a-kwetu ‘companheiros’.
umb., sub., (cl. 1) u-kwetu ‘companheiro’.
umb., sub., (cl. 2) (o)va-kwetu ‘companheiros’.
Obs. Sugere-se que a forma uacuêto tenha surgido por consonantização [v]>[w].
Obs. Chatelain (1964 [1889], p. 64) sugere a forma –onene, com formação de uonene na classe 1, para o
quimbundo.
Obs. A forma do étimo se relaciona a um indivíduo do Bailundo, na região de Bié, onde habitam os ovimbundo,
falantes de umbundo. Pode haver um deslocamento semântico influenciado pela forma mbalu, presente nas 3
línguas.
175
CANDONGA: sub., Arenga, intriga (AM/ESP).
Obs. O deslocamento semântico pode ser sugerido como comentários que se fazem em um pequeno grupo. A
formação se dá pela prefixo da classe 12 (diminutivo).
Obs. O deslocamento semântico parece ser bem explicado ao se observar o uso do item no grupo dos catopés.
Apesar da forma mukwetu ter sido apenas encontrada em quimbundo, há a possibilidade de criação nas
demais línguas pelo prefixo da classe 1 (umb. omu-, ainda que mais raro; quic. mu-, apesar da forma reportada
nkwetu).
Obs. Não se pôde explicar o deslocamento semântico. Em conversas com um falante de umbundo, este afirmou
existir a forma [ómbyà] ‘cigarro’, que não pôde ser conferida nos dicionários.
Obs. Há despalatização em [ʃ] para [s]. Além da formação de uma estrutura nasal + obstruinte à semelhança do
que ocorre em pama > pamba. A forma do umbundo se distancia mais do item analisado.
176
Considerações sobre nossa análise - Um falar mais banguela
1 No dicionário Houaiss (2009): baeta, sub. fem. “tecido de lã ou algodão, de textura felpuda, com pelo em
ambas as faces”. Étimo: ant. picardo bayette, do lat. badìus,a,um 'baio, castanho (cor original do tecido)'
Datação: c1574.
2 No dicionário Houaiss (2009): gajeiro, sub. masc. “marinheiro a quem se confia o serviço de um mastro, suas
uma afirmação não muito fundamentada. Em Houaiss (2009) a origem é duvidosa e a datação de 1889.
4 Em Houaiss (2009), étimo: tupi tu'pã ou tu'pana 'gênio do trovão ou do rio'. Datação: 1549-1567.
177
umb. (cl. 9) o- oquepá < e-kepa (cl. 5) ‘osso’ umb.
umb. o- (cl. 9) opungo < *pungu < *e-pungu (cl. 5) ‘milho’ umb.
ronganja).
178
Os falares diamantinos, em alguma sincronia anterior, perderam a distinção
tonal das línguas bantas. Entretanto, notamos algumas estratégias da língua para
diferenciar os casos de homonímia gerados. Por exemplo, em quimbundo e
umbundo, há distinção somente pelo tom alto e baixo entre as seguintes palavras
(os acentos gráficos são marcações tonais):
[mbámbì] ≠ [mbámbí]
‘veado’ ‘frio’
umb. (cl. 9) [ó-mbwá] > ombuá ‘cão’ AM; porém em quimb. (cl. 9) [í-mbùà] ‘cão’
umb. (cl. 9) [ó-ndʒó] ‘casa’ > onjó ‘casa’ AM/MV; porém em quimb. (cl. 9) [í-nzò] ‘casa’.
Quimb. (cl. 3) [mú-ŋùà] ‘sal’ ≅ Umb. (cl. 3) [ómóŋgwà] ‘sal’ ≅ AM/ESP omungá ‘sal’
179
porém, [ó-mélà] ‘boca’ > amera ‘rosto’ MV.
Por outro lado, boa parte dos itens lexicais que preservaram os prefixos de
classes plurais ‘ovi-‘ (cl. 4) e ‘olo-‘ (cl. 10) referem-se a substantivos que podem ser
percebidos coletivamente pelo falante: vissepa ‘palha’ AM; oronganje ‘cachaça’.
Tais fatos, somados a outros exemplos, não eliminam nossa outra hipótese
de abaixamento do aumento, ocasionando a variação ‘o>a’. Conforme os exemplos:
180
ofereça um étimo qualquer com certeza absoluta, pois tal atitude seria típica da
Religião e não da Ciência”.
181
preposicional referente à classe 9 seria ‘i-‘ em ambas as línguas africanas. Um
segundo exemplo de Machado Filho, demonstra uma situação de coocorrência:
182
AM Ochito ia ngombe
cl.9-carne cl.9-GEN-boi
‘carne de boi’
‘carne de boi’
O-situ ya–o-ngombe
‘carne de boi’
183
b. O cumbi vem empurrando o bambi.
Ainda assim, temos uma informação relevante fornecida pelo próprio autor
(MACHADO FILHO, 1985, p. 117) de que os conhecedores da língua a chamavam
língua d’Angola e língua banguela. Diante de nossos dados, podemos afirmar que
os falantes se aproximavam mais de uma descrição adequada da língua do que o
autor ao denominá-la ‘dialeto crioulo sanjoanense’. De alguma forma, os falantes,
ainda que não intencionalmente, apontaram para uma realidade de língua veicular,
surgida do contato entre línguas do grupo banto vindas de Luanda e Benguela.
Visto que nosso objetivo neste trabalho é contribuir com a questão sobre
quais línguas estiveram presentes na região diamantina, decidimos não nos
estender mais. Vemos nosso trabalho como um bom passo em direção a uma
sistematização dos dados encontrados nos falares africanos do Brasil, além de
apontar para os grupos linguísticos possivelmente envolvidos em sua formação.
184
Conclusão
Estes africanos, levados aos portos pelas caravanas dos povos ovimbundo,
provavelmente não falavam somente o umbundo, ou uma única variedade de
umbundo, mas por sua relação com a região sul de Angola poderiam mesmo falar
outras línguas do grupo R. Queiroz (1998) sugere alguns itens do olunyaneka
(R13) correspondentes a itens da língua da Tabatinga e, em breve consulta,
notamos diversas semelhanças. Seriam essas semelhanças causadas pela
proximidade linguística ou pela presença efetiva de cada uma dessas línguas na
diáspora? É uma questão de difícil resposta. Porém, reforçamos a hipótese de
Slenes (1990) de que os bantos logo descobriram uma relação linguística e cultural
entre si ainda em solo africano (conforme indicada em nossa citação de
Cannecattim acima).
185
98-107) ao discutir as origens da gíria da Tabatinga (variedade de falar africano no
município de Bom Despacho, MG).
Por outro lado, podemos dizer o mesmo quanto à situação de pesquisa das
línguas africanas. Enquanto não elaborarmos registros e descrições das variedades
dialetais das diversas línguas, não poderemos nem definitivamente confirmar, nem
refutar nossas hipóteses.
186
Referências Bibliográficas
BASTOS, Manuel Pires. Padre António da Silva Maia - Um grande em Angola. Jornal
João Semana, Ovar, Aveiro, Portugal. 28 de abril de 2011. Disponível em:
<http://artigosjornaljoaosemana.blogspot.com.br/2011/04/padre-antonio-da-
silva-maia-um-grande.html> Acesso em: 25/09/2012.
BONVINI, Emilio. Línguas africanas e português falado no Brasil. In: FIORIN, José
Luiz; PETTER, Margarida Maria Taddoni (orgs). A África no Brasil: a formação da
língua portuguesa. São Paulo: Editora Contexto, 2008. pp. 15-62.
BONVINI, Emilio. Revisiter, trois siècles après, Arte da língua de Angola de Pedro
Dias S.I. (1697), Première Grammaire du Kimbundu. In: PETTER, Margarida;
MENDES, Ronald Beline (ed.). Proceedings of the Special World Congress of African
Linguistics. São Paulo: Humanitas, 2009. pp. 15-46.
187
Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/2003/d4887.htm
> Acesso em: 04/09/2013.
BRÜGGER, Silvia; OLIVEIRA, Anderson de. Os Benguelas de São João del Rei:
tráfico atlântico, religiosidade e identidades étnicas (Séculos XVIII e XIX). Revista
Tempo, Instituto de Ciências Humanas e Filosofia - Universidade Federal
Fluminense, n. 26, Rio de Janeiro, jan. 2009. p. 177-204.
CAMARA, Andréa A. A. Vissungo: o cantar banto nas Américas. 2013. 188f. Tese
(Doutorado). Universidade Federal de Minas Gerais. 2013.
CASTRO, Yeda Pessoa de. Falares Africanos na Bahia. Rio de Janeiro: Academia
Brasileira de Letras: Topbooks, 2001.
______ A propósito do que dizem os vissungos. In: SAMPAIO, Neide Freitas (org).
Vissungos – Cantos Afro-descendentes em Minas Gerais. Belo Horizonte: Edições
Viva Voz, 2009. pp. 67-72.
188
CEDEFES (Centro de Documentação Eloy Ferreira da Silva) (org.) Comunidades
Quilombolas de Minas Gerais no século XXI – História e resistência, Belo Horizonte:
Autêntica/CEDEFES, 2008. Disponível em:
<http://www.cedefes.org.br/index.php?p=colunistas_detalhe&id_pro=2> Acesso
em: 15/12/2012
DIAS, Pedro. A Arte da Língua de Angola (1697). Braga: Edições Vercial, 2010.
Edição Kindle e-book. Disponível em: < http://www.amazon.com/Arte-
L%C3%ADngua-Angola-Portuguese-Edition-
ebook/dp/B004E10YOS/ref=sr_1_1?ie=UTF8&qid=1389202348&sr=8-
1&keywords=arte+da+l%C3%ADngua+de+angola >
GNERRE, Maurizio. O corpus dos vissungos de São João da Chapada (MG). In:
SAMPAIO, Neide Freitas (org). Vissungos – Cantos Afro-descendentes em Minas
Gerais. Belo Horizonte: Edições Viva Voz, 2009. pp. 55-66.
LUCAS, Glaura, Garimpando os vissungos no séc. XXI. In: SAMPAIO, Neide Freitas
(org). Vissungos – Cantos Afro-descendentes em Minas Gerais. Belo Horizonte:
Edições Viva Voz, 2009. p. 27-31.
189
MAIA, António da Silva. Guia prático para a aprendizagem das línguas portuguesa e
omumbuim – língua indígena de Gabela – Amboim – Quanza Sul – Angola – dialecto
do Kimbundu. Luanda: Escola Tipográfica das Missões, Cucujães, 1951.
190
NURSE, Derek. A Survey Report for the Bantu Languages. SIL International, 2001.
Disponível em: < http://www-01.sil.org/silesr/2002/016/silesr2002-016.htm>
Acesso em: 30/09/2013.
OLIVEIRA, Amanda Sônia López de. Palavra Africana em Minas Gerais. Belo
Horizonte: FALE/UFMG, 2006.
PEIXOTO, António da Costa. Obra nova de língua geral de Mina (1741). Lisboa:
Divisão de publicações e biblioteca Agência Geral das Colónias, 1945.
QUEIROZ, Sônia Maria de Melo. Pé preto no barro branco: a língua dos negros da
Tabatinga. Belo Horizonte: Ed. UFMG, 1998.
191
(doutorado), Instituto de Filosofia e Ciências Humanas, Universidade Estadual de
Campinas, 2005.
SOREMEKUN, Monsieur Fola. Religion and Politics in Angola: the American Board
Missions and the Portuguese Government, 1880-1922. In: Cahiers d’études
africaines, v. 11, no. 43, 1971, pp. 341-377. Disponível em: <
http://www.persee.fr/web/revues/home/prescript/article/cea_0008-
0055_1971_num_11_43_2791>
192
VEJA; OLIVEIRA, Neide. Adeus aos diamantes. Revista Veja, São Paulo, Ed. 1.706, 27
de junho de 2011. Disponível em: <http://veja.abril.com.br/270601/p_070.html>.
Acesso em: 13/11/2012.
VOGT, Carlos; FRY, Peter. Cafundó: A África no Brasil. São Paulo: Companhia das
Letras, 1996.
Transcrições
193
<http://www.fflch.usp.br/dl/indl/transcricao_detalhe.php?id=52&idc=158>
Acesso em: 10/01/2013.
194
ANEXO 1 – Lista do vocabulário quimbundo registrado por Pedro Dias (1697) e
encontrada na região diamantina.
Etu - Nós
Ngombe - Boi
Nguenda - eu ando
Nguitunda - eu saio
195