Aula 8 - A Epigenética Slides

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Professora Lisane Pedroso

 Podemos mudar o que nossos


genes determinam?
 Como?
 Desde os anos de 1865, quando Gregor Mendel
anunciou as leis da hereditariedade, deduzidas
a partir de seus experimentos com ervilhas, os
genes foram considerados como a única forma
pela qual as características biológicas podem
ser transmitidas através de sucessivas gerações.
 Entretanto, hoje existem várias evidências
moleculares da existência de uma herança não-
genética.
 Esses estudos mostram que variações não-
genéticas adquiridas durante a vida de um
organismo podem frequentemente ser
transmitidas para os descendentes; um
fenômeno conhecido como herança
epigenética.
 EPIGENÉTICA vem do grego “epi“, que
significa acima, e genética, de "gene", é um
termo originalmente cunhado pelo biólogo
Conrad Waddington, em 1940, e se referia à
relação entre os genes e os seus efeitos nas
características observáveis de um organismo ou
população.
 Em artigo publicado em 1942, Waddington
demonstrava interesse pelos processos que
permitem que o genótipo, a carga genética do
organismo, conduza ao aparecimento de efeitos
fenotípicos, as características expressas do
organismo.
 Tratava-se de investigar um tema que
inquietava os geneticistas da época e que
relacionava o estudo genético ao processo de
desenvolvimento.
 A epigenética é definida como modificações do
genoma que são herdadas pelas próximas
gerações, mas que não alteram a sequência do
DNA.
 Por muitos anos, considerou-se que os genes eram
os únicos responsáveis por passar as características
biológicas de uma geração à outra. Entretanto, esse
conceito tem mudado e hoje os cientistas sabem
que variações não-genéticas (ou epigenéticas)
adquiridas durante a vida de um organismo
podem frequentemente serem passadas aos seus
descendentes..
 A herança epigenética depende de pequenas
mudanças químicas no DNA e em proteínas
que envolvem o DNA.
 Existem evidências científicas mostrando que
hábitos da vida e o ambiente social em que
uma pessoa está inserida podem modificar o
funcionamento de seus genes
 Adicionar compostos químicos a genes, por
exemplo, pode alterar sua atividade, sem
necessariamente promover mudanças no DNA.
 Influências ambientais, como a dieta ou a
exposição a poluentes, podem impactar no
epigenoma e alterar o fenótipo de um
indivíduo (característica observável do
organismo).
 Erros no processo epigenético, como modificar
o gene errado ou deixar de adicionar um
composto a um gene, podem levar a uma
atividade anormal do gene ou à sua
inatividade, podendo causar distúrbios
genéticos.
 Condições como câncer, distúrbios
metabólicos e distúrbios degenerativos estão
relacionados a erros epigenéticos.
 Uma grande variedade de doenças,
comportamentos e outros indicadores de saúde
têm relação com mecanismos epigenéticos,
incluindo cânceres de quase todos os tipos,
disfunção cognitiva e doenças respiratórias,
cardiovasculares, reprodutivas, autoimunes e
neurocomportamentais.
 O agentes envolvidos no
processo epigenético podem ser metais
pesados, pesticidas, escapamento de diesel,
estresse, fumaça de tabaco, hormônios,
radioatividade, vírus, bactérias e nutrientes.
 Diferente do que muitos acreditam, o DNA que
contém a informação dos nossos genes não é capaz
de ações independente, o que faz da regulação
desses genes um mecanismo tão importante para o
desenvolvimento como um todo.
 Os genes são, de certa forma, induzidos a se
expressar conforme o contexto ambiental (o que
inclui diversos fatores, inclusive outros genes),
fazendo com que cada gene se comporte de
maneira única em cada indivíduo.
 Tal fato já foi comprovado, inclusive, em
estudos com gêmeos monozigóticos idênticos
que têm origem a partir do mesmo óvulo e,
portanto, contém a mesma sequência de DNA,
no entanto, seus genes se expressam de
maneiras diferentes, o que demonstra que,
experiências diferentes podem deixar “marcas”
no DNA que afetam a maneira como os genes
são expressos.
 De acordo com o biólogo Jean-Pierre Issa,
a epigenética é mais importante do que a
genética no entendimento das causas
ambientais das doenças.
 Segundo ele, câncer, aterosclerose, doença de
Alzheimer e outras doenças adquiridas por
fatores ambientais têm maior potencial de
ocorrer em casos em que o epigenoma é
afetado, muito mais do que o próprio genoma.
Efeitos epigenéticos positivos
 Alterar a expressão genética não
necessariamente é ruim para o organismo.
Curiosamente, um estudo concluiu que café e
chá podem ter efeito epigenético positivo no
organismo. Isso significa que eles alteram a
expressão dos genes sem alterar o código
genético do DNA e podem proporcionar efeitos
positivos ao funcionamento do organismo.
 A análise foi feita com 15.800 pessoas com
ascendência europeia ou africana e concluiu
que os genes que são influenciados pelo café
estão envolvidos em processos como melhor
digestão, controle de inflamação e proteção
contra substâncias químicas nocivas.
 O resultado do estudo é promissor e indica que
a alimentação pode ser usada para obter
benefícios na expressão dos genes.
 Mas são necessários mais estudos para
concluir sobre efeitos positivos e negativos do
café no organismo no que diz respeito à
alteração epigenética.
 Então, fica claro que não são os genes os
responsáveis pela saúde/ doença, mas sim o
que cada um de nós faz com suas emoções,
memórias, expectativas positivas ou negativas,
com suas imaginações e fantasias, com as
relações internas e externas, com suas crenças,
com sua espiritualidade, com seu ambiente
sócio-econômico-cultural, com sua interação
familiar e profissional, com sua relação
corporal, ou seja, com todos os fatores
psicossociais envolvidos desde nossa
concepção e mesmo antes dela.
 Mudanças genéticas associadas aos traumas
sofridos pelos sobreviventes do Holocausto
podem ser transmitidas aos filhos e,
possivelmente, às gerações seguintes, sugere uma
recente pesquisa americana.
 Uma equipe de pesquisadores do Hospital Monte
Sinai, em Nova York, comparou a composição
genética de um grupo de 32 homens e mulheres
judeus com a composição genética de seus filhos.
O grupo de estudo tinha vivido em um campo de
concentração e sofrido com o regime nazista.
 Essa informação foi comparada com a de
outras famílias judias que não tinham vivido
na Europa durante a Segunda Guerra Mundial.
 Os filhos das famílias que foram vítimas diretas
são mais propensos a sofrer problemas ligados
ao estresse
 E "as mudanças genéticas nessas crianças só
podem ser atribuídas ao fato de que seus pais
foram expostos ao Holocausto", disse Rachel
Yehuda, professora de psiquiatria e
neurociência e líder do projeto de pesquisa
 O estudo, segundo os autores, apresenta um
exemplo claro em humanos de como a herança
epigenética pode afetar os filhos e até os netos.
 Em um trabalho de 2004, feito por um
neurocientista foram comparados dois grupos
de ratas: aquelas que tiham recebido lambidas
frequentes de suas mães quando ainda eram
bebês e aquelas que não haviam recebido
cuidados maternos.
 Os resultados mostraram que os animanis
lambidos pelas mães se tornaram adultos mais
tranquilos. Isso porque o amor materno alterou
os níveis de metilação nas regiões do
hipocampo que regulam o gene do receptor de
glicocorticoides, ou seja, alteraram a regulação
dos níveis de hormônios do estresse durante
toda a vida adulta.
 Para mostrar que essa lógica se aplicava
também a humanos, os pesquisadores
analisararam cérebros de vítimas de suicídio.
 Por meio de seus históricos médicos e de
entrevistas com familiares, foi possível
identificar entre os suicidas aqueles que tinham
sofrido abuso severo durante a infância – seja
verbal, sexual ou físico.
 Os pesquisadores viram que nesse grupo que
teve uma infância difícil os genes que regulam
os receptores de glicocorticoides estavam 40%
menos ativos quando comparados aos dos
suicidas que não sofreram abuso e também
quando comparados aos do grupo controle
(pessoas que morreram por outras causas,
como acidentes de carro).
 Os resultados sugerem, portanto, que o abuso
infantil deixou essas pessoas mais sensíveis aos
danos causados pelo estresse no cérebro
 Outros estudos mostraram que o padrão de
expressão dos genes também pode ser
influenciado pela condição socioeconômica na
infância e pelo estresse vivenciado pela mãe
durante a gestação.
 O avanço no conhecimento sobre a relação
entre o ambiente e o genoma ajuda a combater
o determinismo genético, ou seja, aquela ideia
de que, se você nasce com genes da
inteligência, você será inteligente, e se você
nasce com genes saudáveis, você será saudável,
não importa o que você faça a respeito.
 Isso coloca mais peso em nossas escolhas.
Mostra que temos controle enquanto pais,
enquanto formuladores de políticas públicas,
enquanto sociedade e profissionais da saúde.
 Vamos assistir o vídeo:
https://youtu.be/55Jsoyg9whs
 Vamos pesquisar:
Relação da Psicologia e Epigenética?

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