Acordão 1521-2003 Plenario
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9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos de Representação originada em expediente encaminhado a este
Tribunal pelo Chefe de Gabinete da Secretaria de Direito Econômico, do Ministério da Justiça (Ofício nº
1768/99/SDE/GAB, de 14/04/1999), acompanhado de cópia integral do Procedimento n° 08012.008024/98-49,
instaurado contra as empresas Microsoft Informática Ltda. e TBA Informática Ltda. para apuração de possíveis
infrações à Lei n° 8.884/94.
ACORDAM, os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão do Plenário, ante as razões
expostas pelo Relator, em:
9.1. conhecer da presente representação, por preencher os requisitos de admissibilidade previstos no art. 237, c/c
o art. 235, ambos do RI/TCU;
9.2. determinar à Secretaria de Logística e Tecnologia da Informação - SLTI, do Ministério do Planejamento,
Orçamento e Gestão que, no uso de sua competência, adote as providências necessárias à orientação dos órgãos e
entidades da Administração Pública federal no seguinte sentido:
9.2.1. quanto à contratação de serviços técnicos de informática (assistência técnica, treinamento e certificação,
suporte técnico e consultoria) para o ambiente Microsoft:
9.2.1.1. deve obrigatoriamente ser precedida de licitação, ante a comprovada viabilidade de competição nessa
área, e as licitações devem ser distintas das utilizadas para a aquisição das licenças de software, conforme a
jurisprudência deste Tribunal consubstanciada nas Decisões 186/99 e 811/02, todas do Plenário;
9.2.1.2 os serviços de treinamento e certificação, suporte técnico e consultoria devem ser especificados, licitados
e contratados separadamente dos demais serviços técnicos, utilizando-se o parcelamento ou a adjudicação por itens
como forma de obtenção do melhor preço entre os licitantes, conforme prevê a Decisão 811/02 do Plenário;
9.2.1.3 os requisitos de qualificação técnica para contratação desses serviços devem necessariamente ser distintos
para cada espécie de serviço a ser contratado e diferenciados daqueles utilizados para a contratação de licenças de
software, vez que estes últimos são, em regra, mais simples;
9.2.2. quanto à contratação de licenças de uso de software Microsoft:
9.2.2.1. deve obrigatoriamente ser precedida de licitação, ante a comprovada viabilidade de competição entre as
diversas empresas credenciadas pela Microsoft para vender os seus produtos nas diversas modalidades de
comercialização existentes (Select, Government Subscription, Open e Full Package);
9.2.2.2. é irregular a licitação ou o contrato para aquisição de licenças em que o objeto não esteja precisamente
definido, nos termos dos arts. 7º, § 4º, 8º, 14 e 55, I, da Lei nº 8.666/93;
9.2.2.3. a licitação deve ser precedida de minucioso planejamento, realizado em harmonia com o planejamento
estratégico da instituição e com o seu plano diretor de informática, em que fique precisamente definido, dentro dos
limites exigidos na Lei nº 8.666/93, os produtos a serem adquiridos, sua quantidade e o prazo para entrega das parcelas,
se houver entrega parcelada;
9.2.2.4. o resultado do planejamento mencionado no item anterior deve ser incorporado a projeto básico, nos
termos do art. 6º, IX, e 7º da Lei nº 8.666/93, que deverá integrar o edital de licitação e o contrato;
9.2.2.5. os aludidos planejamento e projeto básico deverão, sempre que possível, contemplar um período de três
anos, de maneira que a licitação possa ser atendida por todas as modalidades de comercialização oferecidas pela
Microsoft (Select, Government Subscription, Open e Full Package) e, portanto, possam dela participar todos
revendedores credenciados da Microsoft, se assim o quiserem, ampliando-se ao máximo a competitividade do certame;
9.2.2.6. na hipótese de o planejamento e o projeto básico indicarem a necessidade de atualização das licenças
durante a vigência do contrato, tal necessidade deve ser circunstanciadamente justificada, uma vez que ela, além de
onerar a contratação, restringe a competitividade do certame;
9.2.3. a indicação de marca na especificação de produtos de informática pode ser aceita frente ao princípio da
padronização previsto no art. 15, I, da Lei 8.666/93, desde que a decisão administrativa que venha a identificar o
produto pela sua marca seja circunstanciadamente motivada e demonstre ser essa a opção, em termos técnicos e
econômicos, mais vantajosa para a administração;
9.2.4. não obstante a indicação de marca, desde que circunstanciadamente motivada, possa ser aceita em
observância ao princípio da padronização, este como aquela não devem ser obstáculo aos estudos e à efetiva
implantação e utilização de software livre no âmbito da Administração Pública Federal, vez que essa alternativa, como
já suscitado, poderá trazer vantagens significativas em termos de economia de recursos, segurança e flexibilidade;
9.2.5. ressalvados os contratos em andamento, os quais devem ser apreciados com base nos entendimentos
vigentes neste Tribunal à época de sua contratação, os entendimentos ora firmados devem ser observados na licitação e
contratação de licenças de software e de serviços técnicos de informática, em geral;
9.2.6. orientar os órgãos e entidades da Administração Pública Federal no sentido de não prorrogar os contratos
de licenças de software e de serviços técnicos de informática em andamento, que tenham sido celebrados em desacordo
com o presente entendimento do Tribunal, providenciando a realização de novas licitações nos moldes ora
preconizados;
9.3. desapensar dos presentes autos os TC 004.779/1998-3, restituindo-o ao relator a quo, para prosseguimento
do feito.
9.4. referendar o desapensamento do TC 005.574/1999-4, a fim de que seu objeto seja contemplado no âmbito
das auditorias determinadas na Decisão nº 1.214/2002-Plenário, determinando especial atenção à avaliação da
regularidade dos preços praticados no âmbito dos contratos corporativos de informática celebrados pela
Administração;
9.5. desentranhar dos presentes autos a cópia do processo administrativo nº 0812.001182/98-31 (vols. 10 a 18),
da Secretaria de Direito Econômico, do Ministério da Justiça, para que seja constituído novo processo de
Representação, no qual devem ser apurados os fatos relatados;
9.6. solicitar ao Instituto Nacional de Tecnologia da Informação, da Casa Civil da Presidência da República, que
dê conhecimento a este Tribunal dos resultados dos estudos realizados no âmbito da sua Câmara Técnica de
Implementação de Software Livre, assim que estiverem concluídos;
9.7. encaminhar cópia deste Acórdão, bem como do Relatório e Proposta de Decisão que o fundamentam:
9.7.1. á Presidência do Senado Federal e da Câmara dos Deputados;
9.7.2. à Casa Civil da Presidência da República;
9.7.3. ao Instituto Nacional de Tecnologia da Informação e à Câmara Técnica de Implementação de Software
Livre;
9.7.4. ao Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão;
9.7.5. à Secretaria de Logística e Tecnologia da Informação, do MPO;
9.7.6. à Microsoft Informática Ltda.;
9.7.7. à TBA Informática Ltda.;
9.7.8. à IOS Informática Organização e Sistemas Ltda.;
9.7.9. à Secretaria de Direito Econômico, do Ministério da Justiça e ao Conselho Administrativo de Defesa
Econômica - Cade;
9.7.10. à Comissão de Ciência e Tecnologia, Comunicação e Informática, da Câmara dos Deputados;
9.7.11. à Subcomissão Especial de Contratos Corporativos de Aquisição de Bens e Serviços pelo Poder Público
na Área de Informática;
9.7.12. aos dirigentes dos órgãos de controle interno dos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário da União;
9.7.13. aos Procuradores da República Vinícius Fernando Alves Fermino e Andréa Lyrio de Souza Mayer
Soares, da Procuradoria da República do Distrito Federal, e ao Coordenador da 3ª Câmara de Coordenação e Revisão
da Procuradoria-Geral da República.
9.8. juntar cópia deste Acórdão, bem como do Relatório e Proposta de Decisão que o fundamentam, ao TC
005.574/1999-4;
9.9. arquivar os presentes autos.
VALMIR CAMPELO
Presidente
Fui presente: