Alepe Manual
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Alepe Manual
BATERIA DE AVALIAÇÃO DA
LEITURA EM
PORTUGUÊS EUROPEU
MANUAL
Ana Sucena
São Luís Castro
Lisboa: CEGOC-TEA.
1. INTRODUÇÃO ....................................................................................... 3
2. DESCRIÇÃO DA ALEPE....................................................................... 7
Ficha Técnica ................................................................................................ 7
Objectivo....................................................................................................... 7
Estrutura da prova.......................................................................................... 7
Instruções de aplicação .................................................................................. 9
Correcção .................................................................................................... 10
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.................................................. 24
A dislexia de desenvolvimento
Ficha Técnica
Nome: ALEPE
Autores: Ana Sucena e São Luís Castro
Modo de aplicação: individual
Âmbito de aplicação: primeiro e segundo ciclos do ensino básico
Duração: 40 minutos
Objectivo: avaliar as competências de leitura – conhecimento das relações entre letras e
sons, descodificação letra-som, descodificação grafema-fonema, recurso ao léxico
ortográfico – e as competências de processamento fonológico – consciência fonológica
e nomeação rápida.
Resultados normativos: média, desvio-padrão e valor crítico (média +/- desvio-padrão)
para cada teste, por ano escolar.
Material: manual, caderno de provas, folhas de resposta.
Objectivo
O objectivo da ALEPE consiste na análise detalhada dos processos envolvidos na
aquisição da leitura, no sentido de identificar o(s) défice(s) na base da dificuldade de
aprendizagem da leitura.
Estrutura da prova
A ALEPE foca duas dimensões de avaliação: o processamento da palavra escrita e o
processamento fonológico.
A avaliação do processamento da palavra escrita inclui três provas: o
conhecimento das relações entre letras e sons, a leitura de palavras e a leitura de
pseudo-palavras. A avaliação do processamento fonológico inclui duas provas: a
consciência fonológica (epilinguística e metalinguística) e a nomeação rápida de cores.
Instruções de aplicação
A aplicação da bateria deve ser realizada individualmente, numa sala sossegada. A
ordem de aplicação dos testes deve ser a que se apresenta de seguida:
Antes da aplicação de cada teste, devem ser administrados os ensaios de treino. No caso
de a criança revelar dificuldade com os primeiros seis testes, deverá dividir-se a
aplicação da bateria em duas sessões, deixando os testes 7 a 11 para um outro dia.
Devem anotar-se os erros da criança. Tais anotações podem mais tarde, em conjunção
com o resultado em cada teste, fornecer pistas importantes na interpretação do tipo de
estratégia a que a criança recorre nas actividades relacionadas com a leitura.
Existem duas listas de leitura de palavras e de pseudo-palavras com diferentes
extensões: as listas “A” são constituídas por 18 itens e as listas “B” por 36 itens. As
listas “A” devem ser administradas às crianças com um nível de leitura equivalente ao
1º ano de escolaridade; as listas “B” devem ser administradas às crianças com um nível
de leitura equivalente (ou superior) ao do 2º ano de escolaridade.
1
Exemplo para a unidade sílaba; o avaliador deve seleccionar o exemplo de acordo com a unidade que
está a avaliar.
Leitura de pseudo-palavras
“Vais ver algumas palavras inventadas. Estas palavras não são verdadeiras mas mesmo
assim vais tentar lê-las em voz alta. Quando vires uma, vais lê-la em voz alta o mais
depressa e correctamente que conseguires. Depois de leres essa palavra, vou mostrar-te
outra, e tu voltas a ler o mais depressa e correctamente que fores capaz; e depois
mostro-te outra e outra, e tu vais ler todas em voz alta. Vamos ensaiar?”
Escrita de letras
“Eu agora vou ditar-te letras, uma de cada vez. Vais ouvir com muita atenção cada letra
que eu vou dizer. Depois de eu dizer uma letra, tu repetes aquilo que eu disse, e depois
então, escreves, está bem?”
Tempos de reacção
Com excepção das provas de consciência fonológica e nomeação rápida de cores, o
avaliador deve medir os tempos de reacção da criança em todas as provas.
Após dar as instruções à criança e ter realizado o ensaio de treino, deve preparar
o cronómetro e disparar a contagem assim que mostra o estímulo à criança. O
cronómetro é parado assim que a criança inicia a verbalização da resposta. Os tempos
de reacção devem ser registados no local próprio, nas folhas de resposta.
No caso das provas de leitura, o cálculo da média dos tempos de reacção deve
ser feito com base apenas nos tempos de reacção das respostas correctas.
Descrição da amostra
Os testes da ALEPE foram administrados individualmente a 272 crianças que
frequentavam os 1º, 2º, 3º e 4º anos de escolaridade. As crianças foram seleccionadas de
acordo com os seguintes critérios: 1) serem falantes nativas do português europeu, 2)
não apresentarem problemas de aprendizagem, 3) não terem qualquer história de
problemas de linguagem, 4) terem a idade prevista para o ano escolar em que se
encontravam; 5) terem um QI médio ou superior à média (conforme medido pelas
Matrizes Progressivas Coloridas de Raven); 6) enquadrarem-se no NSE médio. Todas
as crianças tinham autorização parental escrita para participar no estudo.
Todos os participantes frequentavam o terceiro período lectivo no 1º ciclo: 69
crianças no 1º ano com uma idade média de 6.9 anos; 25 crianças no 2º ano com uma
idade média de 7.9 anos; 24 crianças no 3º ano com 8.9 anos e 25 crianças no 4º ano
com uma idade média de 9.9 anos (cf. Quadro 1). A medida de inteligência não-verbal
utilizada foi a bateria Matrizes Progressivas Coloridas de Raven (MPCR).
Análises estatísticas
Escolaridade e sexo
Análises de variância revelaram a existência de diferenças significativas entre os quatro
anos escolares e a inexistência de diferenças significativas entre sexos (F < 1).
Apresentamos a seguir os resultados das Anovas para cada teste no que respeita à
progressão do desempenho com o avanço da escolaridade.
O desempenho nas tarefas de consciência fonológica progride com o avanço da
escolaridade, mas apenas para as unidades sílaba e rima; para o fonema não existem
diferenças significativas, uma vez que logo no 1º ano as crianças obtiveram resultados
de tecto.
O desempenho no teste de velocidade de nomeação melhora significativamente
com a progressão na escolaridade; os resultados denotam uma evolução ao longo dos
quatro anos de escolaridade ao nível do número de cores nomeadas, F(3, 263) = 33.66,
p < 0.001.
Quadro 2. Resultados de d’ (max = 3,7) por ano escolar nos testes de consciência
fonológica epilinguística
Unidade Linguística Ano Escolar
1º Ano 3º Ano
M DP - 1DP M DP - 1DP
Sílaba 2.86 1.60 1.26 3.55 0.44 3.11
Quadro 3. Tempos de reacção e número de cores nomeadas por ano escolar no teste de
nomeação rápida de cores
Ano Escolar
1º Ano (n = 69) 2º Ano (n = 54) 3º Ano (n = 74) 4º Ano (n = 74)
-
M DP - 1DP M DP - 1DP M DP - 1DP M DP
1DP
# Cores 25.8 5.2 20.60 30.3 5.63 24.67 32.8 7.34 25.46 36.2 6.46 29.74
Quadro 6. Tempos de reacção (ms) das respostas correctas por ano escolar no teste de
leitura de palavras
Ortografia Ano Escolar
1º Ano (n = 69) 2º Ano (n = 54) 3º Ano (n = 74) 4º Ano (n = 75)
M DP + 1DP M DP + 1DP M DP + 1DP M DP 1DP
Simples 1726 571 2297 1304 420 1724 1098 346 1444 1009 323 1332
Cons. 1697 516 2213 1319 447 1766 1092 332 1424 1070 365 1435
Incons. 2085 950 3035 1567 463 2030 1384 437 1821 1321 467 1788
Quadro 9. Percentagem de respostas correctas por ano escolar nos testes de consciência
fonológica metalinguística
Unidade
Ano Escolar
Linguística
1º Ano 3º Ano
M DP - 1DP M DP - 1DP
Sílaba 79.55 25.75 53.79 93.06 12.18 80.88