Autoestima Autoimagem e Constituicao Da Identidade

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AUTOESTIMA, AUTOIMAGEM E CONSTITUIÇÃO DA IDENTIDADE:

UM ESTUDO COM GRADUANDOS DE PSICOLOGIA


SELF-ESTEEM, SELF-IMAGE AND IDENTITY CONSTRUCTION:
STUDY WITH PSYCHOLOGY’S UNDERGRADUATE STUDENTS

Helena Serafim de Vasconcelos


Psicóloga clínica/ambulatorial pelo Instituto de Oncologia da Bahia. Lauro de Freitas, Bahia, Brasil.
helena.sv29@gmail.com

RESUMO | Esta pesquisa objetivou identificar as ABSTRACT | This research aimed to identify the
possíveis transformações percebidas por estudantes possible transformations perceived by students of
de Psicologia ao longo do curso e o impacto destas na Psychology throughout the course and their impact on
autoestima e na autoimagem. Com um desenho híbrido, self - esteem and self - image. With a hybrid design,
realizou-se inicialmente um estudo-piloto de corte a pilot cross-sectional analytical study was carried out,
transversal analítico, no qual foram encaminhados in which semi-structured questionnaires were sent to
questionários semiestruturados a 235 estudantes 235 psychology students from a non-profit institution
de psicologia de uma instituição sem fins lucrativos in Bahia, by e-mail. The results identified a socio-
da Bahia, por e-mail. Os resultados identificaram demographic profile consonant with the literature,
um perfil sócio demográfico consonante com a being composed by women, between 16 and 21
literatura, sendo a maioria de mulheres, entre 16 e years of age, heterosexual and self-referenced as
21 anos de idade, heterossexual e autodenominada brown the majority of this research population. In the
parda. Na amostra, 73,81% afirmaram melhora na sample, 73.81% affirmed an improvement in self-
autoestima. Num segundo momento, realizou-se um esteem. Second, a qualitative complementary study
estudo complementar qualitativo, no qual, através was carried out in which, through individual interviews
de entrevistas individuais com alunos do último ano, with seniors, it was verified that the majority affirmed a
verificou-se que a maioria afirmava percepção de perception of positive change in self-esteem and self-
mudança positiva na autoestima e na autoimagem, image, relating them to the experience of the course of
relacionando-as à experiência do curso de Psicologia. study Psychology. There were also reports of personal
Houve também relatos de amadurecimento pessoal maturation and empowerment in the accomplishment
e empoderamento na realização das atividades of the practical work during the internship, that, in
práticas propostas nas diferentes áreas de estágio addition with the undergraduate course experiences’,
curricular, além da formação de identidades leaded to the formation of professional identities.
profissionais a partir dessas experiências e do curso
de graduação. Keywords: undergraduate student, psychology, identity,
self-steem, self-image.
Palavras-chave: estudante universitário, psicologia,
identidade, autoestima, autoimagem.

Submetido em 28/07/2017, aceito para publicação em 31/07/2017 e publicado em 24/08/2017


DOI: 10.17267/2317-3394rpds.v6i3.1565
AUTOESTIMA, AUTOIMAGEM E IDENTIDADE

INTRODUÇÃO

O ingresso no ensino superior coloca o jovem de identidade, a qual estará relacionada ao campo
frente com uma nova realidade, que lhe demanda social do trabalho, no qual, futuramente, estará
diferentes formas de enfrentamento da experiência inserido (Woodward, 2014), aqui denominada
de uma educação de adultos, com novos códigos ocupacional.
e linguagens específicas (Coulon, 2008). Apropriar-
se dessa nova realidade pode se constituir numa Os termos subjetividade e identidade apresentam
experiência de desenvolvimento de autonomia ou uma considerável sobreposição de seus conceitos,
de sofrimento. Espera-se que a vivência do ensino permitindo que sejam inter-relacionados, de acordo
superior produza um deslocamento da posição de com Woodward (2014) em seus estudos. Para a
sujeito frente à nova realidade em que está inserido autora, subjetividade refere-se à forma como o
para que novas identidades sejam construídas, indivíduo compreende a si mesmo, envolvendo os
permitindo maior adaptabilidade desse sujeito ao sentimentos e pensamentos do sujeito. A identidade
processo de formação universitária (Hall, 2011; sugere as posições assumidas pelo sujeito no contexto
Coulon, 2008). social onde a subjetividade é vivida, a partir
das interações feitas através da linguagem e da
O espaço acadêmico não se configura apenas cultura (Woodward, 2014). É importante destacar
como um ambiente de continuação do processo de que, delimitar tal objeto traz à tona a condição
educação formal, mas num espaço de convivência, mutável desses sujeitos submetidos a processos de
responsável por grande parte do processo de transformação incessante em prol de sua construção.
socialização do estudante (Mosquera et al, 2006), As transformações ou mudanças vivenciadas pelo
um espaço de produção subjetiva. A experiência de sujeito em seu processo formativo não ocorrem de
formação acadêmica contempla simultaneamente forma espontânea, como a metamorfose da lagarta
os processos de socialização cultural, de construção ou apenas sob condições ideais de temperatura
de humanidade (Bock, 2004) e de produções e pressão. Ocorrem, de fato, pelas interações
sobre si. Nessa perspectiva, revela-se como um estabelecidas com os outros, nos encontros que
campo passível de investigação a respeito das se realizam com a sociedade, com a cultura,
transformações identitárias vividas pelos estudantes. ultrapassando as características biológicas (Bock,
2004). Portanto, para além da capacidade inata
A autoimagem e a autoestima, elementos de transformar-se como ser vivo, o ser humano
constitutivos da construção identitária, são aspectos eleva sua potência de construção de si a partir das
da subjetividade que estão presentes no processo interações sociais, qualificando sua humanidade.
de formação universitária. Mosquera et al. (2006)
afirmam que estes aspectos são componentes chaves O homem e a mulher só ascendem à humanidade a
tanto na constituição, como para a compreensão do partir da construção de um conjunto de aptidões e
Eu e na forma como os indivíduos interagem entre habilidades que os definem, a partir da transmissão
si, a partir das diferentes perspectivas que tenham do que já se construiu sobre a sua existência e
sobre si mesmos. Os autores identificam que, entre vivência no mundo das gerações precedentes (Bock,
os estudantes universitários situados na etapa de 2004). É neste momento em que a cultura, “sistemas
transição da adolescência para a vida adulta, pode- ou códigos de significado que dão sentido às nossas
se observar uma maior vulnerabilidade psíquica, ações” (Hall, 1997), integra tal processo, marcando
visto que ainda estão em processo de aprendizado a singularidade de cada ser humano no contexto
sobre si, sobre seus valores e suas interações com sócio histórico em que se encontra. As interações
outros e com o mundo (Mosquera et al., 2006). sociais estabelecidas permitem que a comunicação
Entretanto, para além desta formação subjetiva se realize, bem como o estabelecimento das
individual, os estudantes de Psicologia necessitam relações interpessoais. Assim, pode-se afirmar
apreender a subjetividade também como objeto que situações que impliquem o convívio com outros
de estudo de sua prática, formulando uma nova indivíduos mostram-se como potentes oportunidades

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de crescimento e desenvolvimento pessoal pelas “Pesquisar sobre autoestima requer situar determinado sujeito
trocas estabelecidas nestes encontros. em um contexto afetivo que envolva a família ou as pessoas
significativas, desde suas primeiras relações até outras
situações constitutivas, como (...) a escola e o trabalho, nos
A Teoria dos Estudos Culturais permite discutir diferentes momentos do ciclo vital e do espaço sociocultural”
a formação da identidade a partir de duas (Jeronimo & Gonçalves, 2008, p. 195).
perspectivas distintas e concorrentes: a essencialista
e a não essencialista. A primeira define que existe A autoestima é circunscrita pela literatura como
um conjunto cristalino e autêntico de características a avaliação que o indivíduo faz de si mesmo,
que todos aqueles que pertençam a determinado atribuindo um valor de si, sendo considerado um
grupo partilham e que não se modificam ao longo importante indicador de saúde mental (Assis &
da história. Já a segunda, foca nas diferenças e nas Avanci, 2004; Mosquera & Stobäus, 2006; Bandeira
semelhanças entre os indivíduos que componham & Hutz, 2010). De acordo com Bandeira (2005),
certo grupo e deste para com outros grupos, a autoestima está diretamente conectada ao
pressupõe formas mutáveis de definição do que desempenho na interação social, o que se confirma
seja ser parte deste grupo com o passar do tempo. também com outros autores (Mosquera et al, 2006;
Nota-se, portanto, que esta última concebe que o Bandeira & Hutz, 2010).
ser humano seja capaz de assumir diversas posições
identitárias tanto ao longo da própria vida como As concepções aqui apresentadas sobre a
a partir do contexto social e cultural em que se autoimagem, também se organizam a partir dessa
encontre, afirmando a identidade a partir de um perspectiva dinâmica, de múltiplas identidades.
conceito relacional (Woodward, 2014). Configura-se como uma organização interna de si
mesmo, composta por dados de realidade e dados
A perspectiva não essencialista, proposta pelos subjetivos de autopercepção (Mosquera & Stobäus,
Estudos Culturais (Woodward, 2014; Hall, 2011) 2006). Assim, compreende-se a autoestima e a
circunscreve o campo teórico desse estudo, autoimagem como características da subjetividade
permitindo perceber os conceitos de autoestima a humana que apresentam um papel importante
partir da contextualização deste aspecto subjetivo na forma como uma pessoa se relaciona com
na história dos sujeitos: outras e consigo mesma, na constituição identitária
propriamente dita, que vão, simultaneamente,
organizar-se em torno do conceito de identidade
aqui trabalhado, como apresentado no diagrama
da Figura 01.

Figura 1. Elementos conectados ao conceito de Identidade

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Esse estudo dirige o seu olhar para a relação metas para si mesmas, ao passo em que também
existente entre autoestima e autoimagem e o fazer conseguem agir em prol do bem-estar do próximo.
em psicologia, discutindo a partir disso a construção
da identidade do psicólogo. É necessário destacar Nesse estudo, o psicólogo está compreendido como
que o fazer do psicólogo realiza-se exatamente uma profissão de saúde, tendo sua prática associada
no encontro com o outro (outros) e nos vínculos que aos novos modos de se pensar saúde, como um
se constituem nessas relações, perspectiva que põe campo de atuação complexo e multifacetado, que
em evidência a subjetividade do próprio psicólogo envolve aspectos socioculturais, históricos e subjetivos,
nesse campo dialógico que se constitui. afastado do modelo biomédico vigente, de acordo
com Daltro et al (2012). Assim, reconhece-se que
Nessa perspectiva, o espaço de formação a formação acadêmica deve estar voltada para
universitário pode ser compreendido como um dos capacitá-lo para atuar como promotor de saúde
espaços sociais de encontro e convívio constante e qualidade de vida, independente dos contextos
entre pessoas. Apresenta, como peculiaridade, o em que esteja inserido. Para tanto, é necessário
fato de que, além de ser destinada à produção considerar o desenvolvimento do empoderamento,
de conhecimento, o seu processo mobiliza de o qual é uma concepção que está no núcleo
forma direta ou indireta as questões referentes à filosófico da própria proposta de promoção à
subjetividade (Mosquera et al, 2006), causando saúde. O empoderamento ou empowerment refere-
consequente impacto na autoestima desses sujeitos. É se ao investimento nas possibilidades individuais e
na universidade que os estudantes buscam encontrar, coletivas de aprendizado, ao reconhecimento da
para além da formação de uma identidade capacidade de cada sujeito viver a vida em suas
profissional, crescimento e ter realização pessoal distintas etapas, lidando com as possibilidades e
(Pachane citado por Igue, 2008). limitações impostas por eventuais enfermidades.
(Carvalho & Gastaldo, 2008).
Segundo Papalia et al (2013), a própria
exposição ao ambiente educacional universitário Dessa forma, esse estudo pressupõe a existência
se constitui, em termos cognitivos e sociais, como de uma relação entre autoestima elevada e
uma experiência de amadurecimento. É um espaço empoderamento individual, o qual se configura
composto majoritariamente por jovens, que oferece como um importante objetivo para a formação em
a possibilidade de problematizar verdades e de psicologia. Ao desenvolvê-lo, os sujeitos contarão
construir uma identidade ocupacional. Tais processos com um maior sentimento de controle sobre a forma
se desenvolveriam tanto a partir da aquisição de como lidam com a própria vida, possibilitando ainda
conteúdos técnicos, como pelo reconhecimento da o desenvolvimento de recursos que lhes permitam
complexidade existente no mundo dos adultos. agir com maior autonomia frente às adversidades
(Kleba & Wendausen, 2009). Para Horochovski e
Assim, pode-se afirmar que a vivência universitária Meirelles (2007), o empoderamento individual sofre
é reconhecida como uma experiência mobilizadora influência de aspectos subjetivos como a autoestima,
em distintos aspectos, pois envolve cobranças, só podendo ser alcançado a partir da garantia de
atitudes, capacidade de adaptação às novas recursos de poder (como a autoestima e o sentimento
demandas de espaço, autonomia e relacionamentos de devir).
(Coulon, 2008; Cunha & Carrilho, 2005). Estudos
citados por Ito (2007) e Bandeira (2005) sugerem Esse estudo considera que uma autoestima e
que autoestima positiva indica uma percepção de autoimagem positivas podem favorecer ao
maior suporte social e de satisfação acadêmica, estudante de Psicologia um maior empoderamento
o que contribui positivamente para o desempenho para manejar os distintos e complexos encontros
social e a capacidade de adaptação, bem como demandados no cotidiano de sua futura prática
para uma percepção menor de solidão. Segundo profissional. Assim, propõe refletir sobre a relação
Briggs (citado por Jeronimo & Gonçalves, 2008), existente entre esses elementos e o processo de
pessoas que apresentem a autoestima elevada são formação acadêmica. Nessa perspectiva, investiga
capazes de conseguir superar adversidades, definir a percepção de estudantes sobre as mudanças

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na autoestima e na autoimagem vivenciadas na individual de oito estudantes (visto a dificuldade


experiência da graduação em psicologia. de adesão e resposta ao convite da pesquisa) que
cursassem o 9º ou 10º semestre de Psicologia (quatro
de cada semestre), escolhidos de forma aleatória,
por sorteio, matriculados no componente curricular
Estágio Específico I ou II. Foram escolhidos alunos
MÉTODO
neste período, pois permitiria centrar o estudo junto
às percepções de alunos que já estivessem no final
Trata-se de um estudo híbrido, dividido em duas da formação e que pudessem abordá-la a partir
etapas. A primeira etapa constitui-se por uma da experiência de estágio na área de interesse
pesquisa-piloto de corte transversal que permitiu profissional. Optou-se por ter dois entrevistados
realizar um mapeamento sócio demográfico sobre representantes cada uma das quatro áreas de
as percepções de estudantes sobre as alterações estágio disponibilizadas pelo curso (saúde mental,
vividas na sua autoestima frente à exposição ao psicologia hospitalar, psicologia organizacional
curso. A população de base foram todos os 235 e ambulatório) nesse ano, a fim de comparar as
estudantes de um curso de psicologia de uma respostas nos diversos campos de inserção prática
instituição privada sem fins lucrativos de ensino do psicólogo e assim perceber possíveis diferenças
superior no estado da Bahia, no Brasil. O instrumento ou semelhanças que este dado pudesse influenciar
de avaliação foi um questionário semiestruturado na percepção da autoestima e da autoimagem,
contendo 70 questões que envolvem dados sócio sem perder de vista que estariam englobadas
demográficos, informações sobre o percurso enquanto áreas de promoção de saúde. O roteiro
acadêmico e referentes às percepções sobre o utilizado era composto por quatro perguntas, sendo
processo formativo. duas referentes à compreensão do conceito de
autoestima e autoimagem que cada um detinha e
Os dados foram coletados entre março e abril outras duas referentes a se fora percebida alguma
de 2013, por via eletrônica. O questionário foi mudança nestes aspectos e de que forma isso teria
enviado, com o apoio do software Survey Monkey, acontecido no decorrer do curso.
para os estudantes pelo e-mail institucional. Estes
foram convidados a participar da pesquisa em As entrevistas foram realizadas entre os meses de
suas respectivas salas de aula e informados a março e abril e novembro e dezembro de 2014,
respeito dos objetivos e do envio do e-mail com o no Serviço de Psicologia da dada instituição, para
link do questionário para que fossem encorajados buscar garantir maior conforto e privacidade,
a participar do estudo. A população de estudo considerando que a pesquisa visava uma maior
foi de 84 estudantes que aceitaram participar da exposição de dados subjetivos dos sujeitos. Foram
pesquisa ao assinarem o Termo de Esclarecimento considerados como critérios de inclusão que os
Livre e Esclarecido - T.C.L.E. por via eletrônica. alunos estivessem cursando o 9º ou 10º semestre
na época em que foram feitas as entrevistas, que
As frequências de respostas foram identificadas com aceitassem participar do estudo assinando o TCLE.
o apoio do pacote estatístico SPSS14 e cruzando Como critérios de exclusão qualquer aluno que
variáveis sócio demográficas com as questões não estivesse neste período do curso na referida
referentes aos processos de transformações faculdade, considerando que não teriam uma
ocorridas ao longo do curso com relação à vivência suficientemente avançada do curso.
autoestima, relação com o próprio corpo e saúde
mental e a significância estatística avaliada com o Para realizar a análise destas respostas, foi utilizado
uso do teste de X². o método de análise de sentido descrito por Minayo
(2010), a partir das categorias identificadas.
A segunda etapa ocorreu como aprofundamento da Admitiu-se como risco que os estudantes pudessem
primeira, constituindo-se de uma pesquisa de campo sentir-se desconfortáveis, constrangidos ou mesmo
complementar exploratória de natureza qualitativa. sensibilizados ao responderem às perguntas
Estruturou-se a partir de entrevista semiestruturada do questionário ou às entrevistas, ao que foram

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esclarecidos de que poderiam interromper a RESULTADOS E DISCUSSÕES


qualquer momento a participação e de que poderiam
ser atendidos pela orientadora da pesquisa. No
entanto, com relação aos benefícios, seria possível Esse estudo analisou inicialmente um grupo de 84
contribuir para a ampliação do campo de discussão estudantes que responderam às questões referentes
acerca da construção da identidade dos futuros à percepção de melhora ou mudança na autoestima
profissionais psicólogos, bem como servir de fonte e autoimagem. Entre os respondentes, 65,4% (50)
de análise sobre a vivência do curso na atualidade. têm entre 16 e 21 anos, 34,5% (27) têm entre 22 e
O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa 33 anos e 8,3% (7) tem 34 anos ou mais. Dentre eles,
sob o número do CAAE 03670812.7.0000.5544. 91,7% (77) são do sexo feminino e 8,3% (7) são
Todos os participantes assinaram o TCLE do sexo masculino. Em relação à cor autodeclarada
eletronicamente (na primeira etapa) e pessoalmente 53,6% (44) afirmaram ser pardos, 29,2% (24)
(na segunda etapa) de forma a estarem protegidos. brancos, 17,0% (14) se consideram pretos. No
que se refere à orientação sexual 88,0% (74) se
afirmaram heterossexual, 3,5% (3) estudantes
afirmaram ser homossexual e 8,3% (7) bissexual.
Estes dados podem ser observados na Tabela 1.

Tabela 01. Distribuição de frequência de dados sócio demográficos entre os estudantes de psicologia

*o número de respostas a este quesito foi inferior ao número de respostas às demais perguntas

Os resultados identificam um perfil sócio demográfico (91,6% - 77), com idade entre 16 e 21 anos (65,4%
consonante com os estudos de Yamamoto et al (2011) - 50). A faixa etária dos estudantes que também
referente à população brasileira de estudantes de corresponde à população nacional configura um
Psicologia. Composta por uma maioria de mulheres perfil populacional de adolescentes vivenciando

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um processo de entrada para a vida adulta. Cunha A Tabela 2 apresenta o cruzamento da variável
e Carrilho (2005) destacam que este pode ser “faixa etária” com a percepção dos estudantes
considerado como um fator de vulnerabilidade sobre a “melhora” ou “não melhora” da autoestima.
para este momento na vida do jovem, pois é A melhora foi indicada por 70% (35) e 74% (20)
também nesta fase em que se aprende a lidar dos estudantes mais jovens (menos de 34 anos),
com os desafios que a vida adulta impõe. Desta sendo apontada por menos de 50% entre os
maneira, caracterizam-na como uma fase marcada estudantes com mais de 34 anos. Os demais dados
por transformações em nível de identidade e do coletados na etapa quantitativa foram trabalhados
desenvolvimento vocacional. e discutidos em um estudo a parte, no qual o aspecto
da autoestima foi destacado para discussão central.

Tabela 02. Frequência de respostas sobre percepção de mudança na autoestima dos estudantes de acordo com a faixa etária

Foi possível constatar já nesta primeira etapa dentro do processo final da pesquisa. Assim, a
do estudo que os estudantes apresentaram uma etapa qualitativa exploratória apresentou-se como
percepção de mudança em sua autoestima, na fundamental para compreender e refletir sobre as
medida em que referiram melhora ou piora neste respostas que afirmavam melhora na etapa anterior.
aspecto ao longo do curso. Este fato pode estar
relacionado ao perfil majoritariamente adolescente, A seguir, estão descritos os resultados obtidos a
sendo que Mosquera et al (2006), afirmam a partir das entrevistas realizadas posteriormente,
necessidade de atentar para a vulnerabilidade do dividas entre as categorias observadas a partir da
indivíduo neste processo de formação identitária análise de sentido proposta por Minayo (2010) para
ainda em vias de consolidação (Assis & Avanci definir os conceitos de autoestima e autoimagem e
2004; Mosquera & Stobäus, 2006; Bandeira & as mudanças, se observadas, sobre tais aspectos
Hutz, 2010; Bock, 2004; Igue et al, 2008; Cunha & subjetivos.
Carrilho, 2005). Os adolescentes estão mais sujeitos
a sofrer modificações nos aspectos da autoestima
e autoimagem, os quais estão diretamente Concepções sobre autoestima e autoimagem
relacionados a ela. Dessa forma, observa-se que Interioridade
os resultados demonstrados na Tabela 02 parecem
confirmar o que a literatura aponta, porém não Nas respostas encontradas a partir das entrevistas
alcançam sozinhos a complexidade do tema individuais, observou-se que a autoestima está
abordado, nem mesmo afirmar o processo de referida a partir da noção de interioridade, do
transformação indicado. É necessário, portanto, sentir sobre si. A categoria interioridade está
fazer alguns destaques com relação a este dado. referida a partir de três núcleos de sentido: emerge
como auto avalição (auto percepção), conforme a
Assim, a partir da coleta de dados realizada fala do Estudante 03 “[...] Autoestima envolve a
pela pesquisa de corte transversal, observou-se avaliação do indivíduo sobre ele mesmo acerca de
a necessidade de buscar melhor aprofundar as como é que ele se sente [...]”, e do Estudante 06 “[...]
questões relacionadas à autoestima e autoimagem, julgamento ou avaliação sobre si mesmo, tá? No
visto o seu importante papel de mapeamento caso, você avaliando... Quanto você vale [...]” como
das informações e inferências realizadas acima sentimento de bem-estar pessoal e físico, de acordo

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com o Estudante 07, “[...] Autoestima... É algo que por dados de realidade e dados subjetivos de auto
diz respeito a você e o que você sente [...] tá muito percepção. As respostas referentes a autoimagem se
ligada ao corpo;” e relacionada à influência social colocam como campo para analisar a produção de
e ambiental, apontado pelo Estudante 08 “[...] Bom, identidade, na medida em que é percebida, pelos
autoestima para mim, nesse momento, é você sentir-se próprios estudantes, como aspecto que interfere
bem consigo mesmo e com o meio o qual você vive.” no posicionamento diante do outro, assim como é
Sentidos esses que marcam a singularidade de afirmado por Woodward (2014).
cada um, mas também apresentavam semelhanças
entre si.
Mudanças na autoestima
A compreensão apresentada pelos estudantes
corrobora com o ponto de vista teórico de que se trata Mudanças introspectivas e Mudanças nas
de um conteúdo pertencente ao campo subjetivo, Relações Interpessoais
que pode ser passível de interferências de ordem
externa, sendo necessária sua contextualização Dentre os oito estudantes entrevistados, seis
no tempo e espaço em que o sujeito está inserido afirmam perceber mudanças na autoestima frente à
(Jeronimo & Gonçalves, 2008). exposição ao curso. Na análise dos resultados, essas
duas categorias de resposta foram identificadas
como campos onde as mudanças se processaram
Diálogo entre percepções identificadas pelos núcleos introspectivo e
interpessoal. Esse impacto está referido, pelos
Essa categoria aponta para o núcleo de sentido estudantes, como positivo na autoestima:
identificado como diálogo percepção de si
dialogada com a percepção do outro, possibilitando Me sinto como se fosse mais importante [...] tendo
inferir uma representação imagética e subjetiva maior valor para a sociedade (Estudante 06);
simultânea diante do mundo a partir destes dados,
como ocorre nas respostas: [...] comecei a me perceber mais durante o curso e
eu acho que isso me ajuda... Profissionalmente, mas
“Autoimagem pra mim é como você se percebe me ajuda muito como pessoa mesmo pra minha vida
como você se vê... Em imagem mesmo [...] que você no geral, não só como psicóloga [...] (Estudante 04);
acha que representa pro mundo... E pra você mesmo”
(Estudante 07) [...] minha autoestima se elevou bastante [...]é um
momento ideal, minha autoestima está boa[...]
“Autoimagem pra mim está relacionado a sua (Estudante 01).
imagem física a aparência física [...]de uma forma
mais geral como você se apresenta não só levando Considerando a necessidade de que a formação
em consideração a imagem corporal mas toda a sua universitária busque garantir a capacidade de
posição no mundo...” (Estudante 08) atuação do psicólogo enquanto promotor de saúde
em distintos cenários em que esteja inserido, torna-
Autoimagem também tem a ver com o olhar, se válido ressaltar a importância da percepção
mas com o nosso olhar a gente nos vendo a partir positiva sobre a própria autoestima como indicada
de como a gente acha que o outro nos vê também pelos estudantes. De acordo com os estudos citados
eu acho que a autoimagem tem esse.... Essa troca por Ito (2007) e Bandeira (2005), uma percepção
esse diálogo entre o seu olhar e o olhar do outro de maior suporte social e de satisfação acadêmica,
(Estudante 04) contribuindo positivamente para o desempenho
social e a capacidade de adaptação, bem como
Essa concepção de autoimagem que emerge nas para uma percepção menor de solidão. Da mesma
narrativas dos estudantes é compatível com a noção forma, apresentar a autoestima elevada também
trabalhada por Mosquera e Stobäus (2006) de que, indica uma maior capacidade de conseguir superar
é uma organização interna de si mesmo, composta adversidades, definir metas para si mesmos, ao

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passo em que também conseguem agir em prol do por Woodward (2014), na medida em que reconhece
bem-estar do próximo (Briggs citado por Jeronimo em seu estudo que não é possível se pensar numa
& Gonçalves, 2008), características que também identidade fixa e imutável ao longo da vida, mas sim
são valorosas para um desempenho profissional num sujeito que se transforma ao ser afetado pela
adaptável ao contexto, assim como para o manejo cultura e linguagem que o circunscreva. A formação
de um objeto tão complexo como a subjetividade. em psicologia é percebida pelos estudantes como
um território propício para o desenvolvimento de
novas produções identitárias, não sendo observada
Mudança na autoimagem nas respostas qualquer percepção negativa de
mudança.
Olhar para si e exposição

A percepção dessa mudança esteve indicada por Efeitos da exposição ao curso – mudanças
sete estudantes que apresentaram uma relação produzidas
direta com a experiência do curso. É importante
destacar que apenas um único estudante não Entre os entrevistados, emergiram referências
reconheceu mudanças nessa dimensão, nem também específicas sobre a experiência do curso,
na autoestima, pois reconheceu em seu discurso ressaltando-o como um lugar de inserção
que a forma como conceitua estes conceitos não social, de experiência de desenvolvimento e
lhe permite reconhecer uma mudança nesses amadurecimento pessoal e subjetivo, bem como um
aspectos. Entre os que afirmaram a mudança ficou processo desafiador, o que implicaria na questão
identificado que a exposição ao curso de Psicologia da autoestima. É importante atentar que, mesmo
favoreceu a experiência de transformação. Assim, os alunos que não identificaram mudança em sua
reconheceu-se a influência disso em dois núcleos de autoestima ou autoimagem diante da exposição
sentido denominados percepção sobre a identidade ao curso, relataram que o curso se configurou como
pessoal e exposição ao olhar do outro: uma experiência mobilizadora e transformadora no
âmbito pessoal.
[...] eu acho que é isso que eu mudei [...] tanto a
minha imagem corporal quanto a minha forma de me [...] mudanças promovidas pela formação de
colocar, a minha forma de se vestir e a minha forma psicologia são muito mais de ordem subjetiva mesmo,
de interagir com o mundo. (Estudante 08) né? De amadurecimento enquanto pessoa [...];
(Estudante 05)
[...] logo no começo, quando eu me inseri na
faculdade, a minha autoimagem era de uma... [...] é um curso muito difícil, né? Um curso que
De uma estudante recém-formada do Ensino mexe com você [...] de repente do nada você já
Médio [...] e hoje em dia eu já me percebo como começa a se fazer questionamentos existenciais
uma profissional também, então tudo isso acaba mesmo, com relação a você, com relação ao mundo
agregando também na, na autoimagem, né?[...] que você vive [...] isso mexe muito com quem você é,
(Estudante 03) com quem você pretende ser, né?[...] (Estudante 07)

O conceito de autoestima está ancorado na Diante destes dados, o que se observa é que os
autoimagem, onde é possível identificar as alunos reafirmam que o processo de formação
mudanças vividas pelos sujeitos na construção acadêmica é uma experiência impactante, que
de uma identidade profissional. De acordo com impõe desafios e necessidade de adaptação a este
Hall (2011), as vivências da contemporaneidade espaço destinado a adultos (Coulon, 2008), que
implicam numa compreensão de sujeito que se contribui para a inserção e interação social (Bock,
desloca entre múltiplas identidades, considerando 2004) e que é capaz de interferir subjetivamente
que as experiências do convício social implicam numa em sua autoestima (Mosquera et al, 2006).
necessidade de produção de novas subjetividades/
identidades. Fato este que também é corroborado No específico da formação em psicologia,

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AUTOESTIMA, AUTOIMAGEM E IDENTIDADE

considera-se que a ocupação do lugar de um profissional. Jeronimo & Gonçalves (2008) ampliam
profissional psicólogo está representada a partir essa perspectiva, destacando que a autoestima
da uma responsabilidade ética a ser defendida e interfere tanto na identidade individual como
tornar-se “capaz de produzir benefícios aos outros na identidade coletiva, na medida em que tal
profissionalmente” (Estudante 06), como afirma aspecto se ergue a partir das “relações com grupos
um dos sujeitos do estudo. Reflete uma percepção significativos presentes no espaço de vida dos
de empoderamento, de possibilidade de controle sujeitos”.
sobre a forma como lidam com a própria vida
(Carvalho & Gastaldo, 2008) com consequente
abertura para poder cuidar do outro. Horochovski e
Meirelles (2007) demarcam que uma percepção de
maior empoderamento é influenciada por aspectos
CONSIDERAÇÕES FINAIS
subjetivos, sendo alcançado a partir da garantia
de recursos de poder, como alta autoestima, o que Nessa pesquisa, estudantes de psicologia afirmaram
emerge nas respostas desse estudo. terem percebido mudanças na autoestima e na
autoimagem ao longo do curso, que foram referidas
Em três depoimentos o que emergiu como estratégia a partir da percepção de melhora da autoestima,
de suporte de enfrentamento dos sentimentos, das amadurecimento pessoal e conquista de uma
angústias, das dúvidas decorrentes do processo de identidade profissional.. Tanto a autoestima como
autopercepção que se articulou com a experiência a autoimagem são componentes da identidade que
do curso foi a psicoterapia: interferem na forma como o sujeito se relaciona
com o mundo, sendo importante destacar que tal
[...] acho que isso mexe com a questão de não tem consideração identificada na literatura se confirma
como você ficar sem terapia [..] (Estudante 02) nos dados coletados junto aos estudantes de
Psicologia. Mais do que isso, apontam para uma
É importante considerar que a autoestima é população que se reconhece como competente para
apontada pela literatura como um importante atuar no mercado de trabalho e que considera a
indicador de saúde mental, sendo, portanto, importância de seu exercício profissional junto à
possível identificar que este aspecto tenha sido comunidade.
afetado também diante da exposição ao curso.
No entanto, torna-se necessário atentar para os Para preparar os sujeitos para essa tarefa, de
possíveis desdobramentos que o curso de Psicologia lidar com a subjetividade, o processo de formação
pode suscitar de forma mais aprofundada sobre em psicologia coloca em jogo o contato íntimo
este aspecto, o que não foi objetivado no presente com a angústia, o sofrimento psíquico, a doença
estudo. mental, a morte, o desamparo existencial, as
contradições da natureza humana; além disso,
A alta autoestima possibilita maior capacidade de apresenta objetos de estudo imateriais, que podem
superação de adversidades, de definir metas para ser lidos e interpretados por diferentes pontos de
si mesmo, assim como de agir em prol do bem- vistas (Daltro, 2015). Todos esses elementos são
estar do próximo. No entanto, Mosquera e Stobäus frequentemente colocados de forma fragmentada,
(2006) afirmam que a avaliação da autoestima é alocados em diferentes disciplinas que normalmente
oscilável e interfere de sobremaneira no julgamento não conversam e, por vezes, até se desqualificam
que os estudantes fazem de si mesmos e na postura mutuamente e a exposição a esse universo simbólico
que assumem perante a vida (Assis & Avanci, 2004). pode criar condições para o desenvolvimento da
Tal fato deixa evidente a necessidade de discutir autonomia e do amadurecimento pessoal, ou para
de forma mais avançada o lugar da dimensão a vulnerabilização psíquica desses sujeitos. Nesse
subjetiva, da experiência acadêmica em psicologia, estudo, a percepção de melhora na autoestima
pois foi possível identificar com este estudo que os emergiu de forma majoritária entre os sujeitos da
desafios da formação acadêmica reverberaram pesquisa dos últimos semestres, sendo indicativa de
de forma positiva na própria identidade pessoal e uma experiência de empoderamento de si, muito

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AUTOESTIMA, AUTOIMAGEM E IDENTIDADE

positiva ao enfrentamento das especificidades da Bandeira, M., Quaglia, M.A.C., Bachetti, L. da S., Ferreira,
prática de promoção de saúde em psicologia. T.L., & Souza, G.G. de. (2005). Comportamento
assertivo e sua relação com ansiedade, locus de
controle e auto-estima em estudantes universitários.
A autoestima e a autoimagem estão definidas como Estudos de Psicologia, 22(2), 111-121. doi: 10.1590/
elementos fundamentais ao processo de formação S0103-166X2005000200001
do psicólogo e seu desenrolar individual ou grupal,
interferindo na construção da própria identidade Bandeira, C. de M., & Hutz, C.S. (2010). As implicações do
bullying na auto-estima de adolescentes. Psicologia
profissional. Além disso, é importante lembrar que Escolar e Educacional, 14(1), 131-138. doi: 10.1590/
a experiência do curso, bem como as percepções S1413-85572010000100014
relatadas são parte das influências sofridas pelo
estudante ao longo do seu processo formativo, Bock, A.M.B. (2004). A perspectiva sócio-histórica de
sendo este estudo um apanhado inicial para permitir Leontiev e a crítica à naturalização da formação do
ser humano: a adolescência em questão. Cadernos
que as reflexões geradas semeiem novos estudos e CEDES, 24(62), 26-43. doi: 10.1590/S0101-
superem os limites aqui enfrentados. 32622004000100003

Dentre eles, a importância de um estudo longitudinal Carvalho, S.R., & Gastaldo, D. (2008). Promoção à saúde
sobre processo de formação acadêmica, o que e empoderamento: uma reflexão a partir das
perspectivas crítico-social pós-estruturalista. Ciência
possibilitaria perceber o processo de transformação & Saúde Coletiva, 13(Suppl. 2), 2029-2040. doi:
inicialmente sugerido, e da existência de instrumentos 10.1590/S1413-81232008000900007
de avaliação validados sobre a experiência do
curso de graduação aqui explorado. Observou -se, Coulon, A (2008). A condição de estudante: a entrada na vida
ainda, que os aspectos parecem abranger também universitária. Salvador: EDUFBA.
outras questões e recursos que merecem ser melhor Cunha, S.M., & Carrilho, D.M. (2005). O processo de
aprofundadas, como a saúde mental do estudante adaptação ao ensino superior e o rendimento
de psicologia e a experiência da psicoterapia. Logo, acadêmico. Psicologia Escolar e Educacional, 9(2), 215-
propõe-se que mais estudos sejam direcionados 224. doi: 10.1590/S1413-85572005000200004
à formação em Psicologia, atentando-se para o
Daltro, M.R. (2009). Contradições do Processo Formativo: um
impacto subjetivo que esta demonstra transpor para estudo sobre a saúde mental do estudante de medicina.
seus alunos, os quais futuramente se dedicarão a Dissertação de Mestrado, Escola Bahiana de Medicina
cuidar e transformar, pessoal e profissionalmente, ao e Saúde Pública, Salvador, Brasil.
longo da vida, esse objeto: a subjetividade humana.
Daltro, M.R. Vilas Bôas, L.M. & Danon, C.A.F. (2012). Uma
proposta para a formação de psicólogos como
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CONFLITOS DE INTERESSES
Daltro, M.R. (2015). Um currículo para a formação do
Nenhum conflito financeiro, legal ou político envolvendo terceiros
psicólogo como profissão de saúde. Tese de doutorado.
(governo, empresas e fundações privadas, etc.) foi declarado para Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública,
nenhum aspecto do trabalho submetido (incluindo mas não limitando- Salvador, Brasil.
se a subvenções e financiamentos, conselho consultivo, desenho de
estudo, preparação de manuscrito, análise estatística, etc). Dedios, M.C. (2010). Experiência emocional de un grupo
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