Atividade 04 - 2 Semana de Novembro
Atividade 04 - 2 Semana de Novembro
Atividade 04 - 2 Semana de Novembro
Na Arte de furtar, que ultimamente tanto barulho causou entre os eruditos, há um capítulo, o quarto, que
tem como ementa esta singular afirmação: “Como os maiores ladrões são os que têm por ofício livrar-nos de
outros ladrões.”
Não li o capítulo, mas abrindo ao acaso um exemplar do curioso livro, achei verdadeira a cousa e boa para
justificar a publicação destas despretensiosas “Notas”.
A “Bruzundanga” fornece matéria de sobra para livrar-nos, a nós do Brasil, de piores males, pois possui
maiores e mais completos. Sua missão é, portanto, como a dos “maiores” da Arte, livrar-nos dos outros,
naturalmente menores.
Bem precisados estávamos nós disto quando temos aqui ministros de Estado que são simples caixeiros de
venda, a roubar-nos muito modestamente no peso da carne-seca, enquanto a Bruzundanga os tem que se
ocupam unicamente, no seu ofício de ministro, de encarecerem o açúcar no mercado interno, conseguindo isto
com o vendê-lo abaixo do preço da usina aos estrangeiros. Lá, chama-se a isto prover necessidades públicas;
aqui, não sei que nome teria...
E semelhante ministro daqueles “maiores” de que a Arte nos fala, destinados a ensinar-nos como nos livrar
dos nossos modestos caixeiros de mercearias ministeriais.
Não contente com ter dessas cousas, a Bruzundanga possui outras muitas que desejava enumerar todas,
pois todas elas são dignas de apreço e portadoras de ensinamentos proveitosos. […]
Pé direito: Entrar em um recinto ou levantar com o pé direito traz sorte o dia todo. Superstição.
Orelha: Se a sua orelha esquerda esquentar de repente, é porque alguém está falando mal de você. Nesses
casos, vá dizendo o nome dos suspeitos até a orelha parar de arder. Para aumentar a eficiência do contra-ataque,
morda o dedo mínimo da mão esquerda: o sujeito irá morder a própria língua. Superstição.
Coceiras: Se a palma da mão direita coçar, é sinal que irá receber dinheiro. Se a palma da mão esquerda é
que estiver coçando, uma visita desconhecida está para aparecer. Coceira na sola do pé significa viagem ao
exterior. Superstição.
Gatos: Na Idade Média, acreditava-se que os gatos pretos eram bruxas transformadas em animais. Por isso
a tradição diz que cruzar com gato preto é azar na certa. Os místicos, no entanto, têm outra versão. Quando um
gato preto entra em casa é sinal de dinheiro chegando. Acariciar um gato atrai boa sorte. Ter um gato em casa atrai
fortuna. Se um gato dobrar as suas patas e se deitar sobre elas deixando-as escondidas é sinal que uma tempestade
está por vir. Superstição. Escada: Passar debaixo de uma escada dá azar. Superstição.
Espelhos: Quem quebrar um espelho terá sete anos de azar. Ficar se admirando num espelho quebrado é
ainda pior. Significa quebrar a própria alma. Ninguém deve se olhar também num espelho à luz das velas. Não
permita ainda que outra pessoa se olhe no espelho ao mesmo tempo em que você. Superstição. [...]
Disponível em: <http://www.fabulasecontos.com.br/?pg=descricao&id=311>. Acesso em: 6 jun. 2011. Fragmento.
05. O trecho desse texto em que o locutor se dirige ao leitor é:
A) “Entrar em um recinto ou levantar com o pé direito traz sorte o dia todo.”.
B) “Se a sua orelha esquerda esquentar de repente, é porque alguém...”.
C) “Na Idade Média, acreditava-se que os gatos pretos eram bruxas...”.
D) “Quem quebrar um espelho terá sete anos de azar.”.
ANDRADE, Carlos Drummond de. Obra Completa. Rio de Janeiro, Aguilar, 1967. Granã Drummond. p. 105. Fragmento.
ANDRADE, Carlos Drummond de. Obra Completa. Rio de Janeiro, Aguilar, 1967. Granã Drummond. p. 105. Fragmento.
10. Nesse texto, há presença de ironia no verso:
A) “Provisoriamente não cantaremos o amor,”. (v. 1)
B) “Cantaremos o medo, que esteriliza os abraços,”. (v. 3)
C) “cantaremos o medo da morte e o medo de depois da morte,”. (v. 8)
D) “e sobre nossos túmulos nascerão flores amarelas e medrosas.”. (v. 10)