Compendio de Letras
Compendio de Letras
Compendio de Letras
organizadora
TÍTULO
subtítulo
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
Bibliotecária responsável: Aline Graziele Benitez CRB-1/3129
Bibliografia.
ISBN: 978-65-89499-75-6
https://doi.org/10.37008/978-65-89499-75-6.16.05.21
ISBN 978-65-89499-75-6
www.editorabagai.com.br /editorabagai
/editorabagai contato@editorabagai.com.br
Ellen dos Santos Oliveira
organizadora
COMPÊNDIO DE LETRAS:
teorias, métodos, pesquisas, análises e ensino
1.ª Edição - Copyright© 2021 dos autores
Direitos de Edição Reservados à Editora Bagai.
1
FIORIN, José Luiz. Introdução à Linguística. vol. 01 e 02. [Recurso eletrônico]. 2003. Disponível
em: https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/2550517/mod_label/intro/NEGR%C3%83O_Estrutura-
DaSentenca.pdf . Último acesso em mai.2021.
8
No CAPÍTULO 1 os autores defendem a utilização da canção regional no
processo de ensino-aprendizagem da língua materna. E, desenvolvem uma reflexão
crítico-teórica sobre leitura, interpretação de textos e o uso de letras de músicas
em sala de aula.
No CAPÍTULO 2 defende que as práticas de letramento e o ensino de Lín-
gua Portuguesa devem adotar um ponto de vista da Sociolinguística. Considerando
que não há fronteiras entre o evento de oralidade e de letramento, a autora propõe
um método de ensino que ultrapasse os muros da sala de aula.
No CAPÍTULO 3, a partir de um corpus selecionado de sites da internet,
relacionados a videogames, foi desenvolvida uma análise sobre a presença e a utili-
zação de neologismos pelos jogadores no ato de comunicação e a influência de tais
expressões e palavras novas no processo comunicativo.
No CAPÍTULO 4 propõe-se o método da Olimpíada de Linguística (OL),
como um modelo educacional inovador para o ensino de línguas e de linguagens no
curso de Letras. Trata-se de uma proposta que incentiva o competidor, a partir da
investigação linguística, resolver problemas inerentes ao campo da linguagem. Tais
OL podem ser aplicadas nos Ensino Fundamental, Médio, na formação em Letras.
No CAPÍTULO 5 aborda-se a importância do ensino-aprendizagem da
Língua Inglesa, uma vez que essa aparece no ranking do terceiro idioma mais falado
no mundo, e, principalmente, por isso, seu aprendizado e domínio pode ser visto
como um diferencial no currículo profissional.
No CAPÍTULO 6, entendendo a Análise do Discurso como uma disciplina
da Linguística que engloba variadas perspectivas teóricas, apresenta com uma pro-
fícua reflexão dos três principais pressupostos teórico-metodológicos de Análise do
Discurso no Curso de Letras: a análise do Discurso (AD) francesa; a Análise do
Discurso Crítica (ADC); e a Análise do Discurso (ADD).
No CAPÍTULO 7 oferece uma reflexão crítico-teórica as contribuições da
Linguística para o ensino de Língua Portuguesa. Propondo uma reflexão teórica
para a introdução da Linguística como método de ensino de Língua Portuguesa.
No CAPÍTULO 8 embasada nos pressupostos crítico-teórico-metodo-
lógicos da Semiótica Discursiva e por meio da análise qualitativa dos narradores
presentes em duas reportagens publicadas nos jornais O Globo e Extra, demonstra
9
cientificamente de que modo a aspectualização actancial põe em evidência as vozes
narrativas identificadas nesses discursos jornalísticos.
No CAPÍTULO 9, é apresentada uma proposta didática para o ensino da
variação linguística, considerando o fenômeno gradual da supressão do fonema
/r/ pós-vocábulo no final da palavra como um fator sociocultural da variação da
linguagem em ato de comunicação.
No CAPÍTULO 10 é proposta uma aproximação metodológica entre a Teoria
das Representações Sociais e a Linguística Sistêmico-Funcional, demonstrando a
aplicação prática por meio de análise do excerto sobre educação ambiental de uma
professora de ensino fundamental.
No CAPÍTULO 11 apresenta um estudo consistente sobre o discurso e
argumentação em tirinhas da Mafalda. Com base em elementos propostos pela
retórica clássica, identificam nesses textos as principais características contidas na
argumentação discursiva nas falas dos personagens. Estabelecendo uma discussão
entre pensadores modernos e clássicos, desde retórica à argumentação.
No CAPÍTULO 12 apresenta resultados satisfatórios da pesquisa desen-
volvida com alunos do quinto semestre da Casa de Cultura Britânica (CCB), da
Universidade Federal do Ceará (UFC), na qual teve como base de estudos analíticos
um corpus construído a partir das respostas desses discentes. Por meio do ensino
da Língua inglesa, constatou- se melhor desempenho acadêmico e promoveu o
intercâmbio entre universidades, contribuindo significativamente para a interna-
cionalização da UFC.
No CAPÍTULO 13 os autores defendem a educação bilíngue para o público
infantil, em especial o inglês como segundo idioma, utilizando a abordagem proposta
pelo CLIL (Ensino de Conteúdo e Línguas Integrado), como uma metodologia
insurgente e inovadora de ampla expansão na Europa.
No CAPÍTULO 14 é defendida a teoria do conectivismo (ou aprendizado
distribuído) como a mais eficiente e adequada para a era digital. Sob esse viés teóri-
co-metodológico, por meio da pesquisa no campo de games, investigam e estudam
a relação entre metáfora, analogia e construção do conhecimento científico em
situações práticas do ensino de Língua inglesa.
No CAPÍTULO 15, à luz da Sociolinguística Variacionista, os autores
descrevem e investigam algumas crenças e atitudes linguísticas de alunos do ensino
10
fundamental de uma escola do Distrito de Bom Jesus, de São José de Piranhas-PB.
Apresentando uma discussão sobre os resultados dos testes atitudinais aplicados
a esses alunos.
No CAPÍTULO 16 com base nos conceitos críticos-teóricos que funda-
mentam o ethos discursivo, a autora propõe uma reflexão sobre a função do revisor
de textos como no trabalho de avaliação textual. Considerando o seu caráter de
coenunciador, defende-se a contextualização com a cena enunciativa na qual o
texto está inserido.
No CAPÍTULO 17 fundamentados por um quadro teórico-metodológico
tridimensional da Análise Crítica do Discurso (ACD), aliada à Linguística de
Corpus, desenvolveram um estudo sobre os discursos de ódio em relação aos grupos
minoritários representados em textos midiáticos, propondo uma mudança discursiva
na sociedade a fim de promover a dignidade humana e a justiça social.
No CAPÍTULO 18 a partir de uma reflexão crítico-teórica sobre a linguagem
poética, defende que a leitura do texto poético no ensino de Língua Portuguesa como
um método capaz de conduzir o leitor a saberes magnâmicos capazes de auxiliar na
sua instrução e na expansão de seu conhecimento de mundo.
No CAPÍTULO 19 foi desenvolvida uma análise do arquétipo de Gaia,
sua intrusão e seu protagonismo nesses tempos de grandes catástrofes e colapsos
da civilização. Nesse sentido, propõe-se uma mudança comportamental na busca
ambiciosa do ser humano pela “modernidade” e na sua relação com o meio ambiente.
No CAPÍTULO 20 analisa-se as lembranças e as memórias identificadas
na voz narrativa no conto “As cerejas”, de Lygia Fagundes Telles. Observa-se, que
a associação de atos, falas e pensamentos das personagens correspondem à forma
de se proporcionar significados ao longo da narrativa, e os testemunhos dialogam
com as recordações e contribuem para a construção de uma memória fictícia.
No CAPÍTULO 21, vislumbrando as imagens do campo e do mar, compondo
o cenário campestre, os autores analisam como a projeção do foco narrativo voltado
para ambientação na voz do narrador constituem componentes lírico e metafórico
no romance O filho de mil homens (2011), de Valter Hugo Mãe.
No CAPÍTULO 22 com bases crítico-teóricas fundamentadas, principal-
mente, na Teoria do Efeito Estético e na Teoria do Romance, o autor desenvolveu
11
uma análise consistente sobre a compreensão do leitor implícito no discurso polifônico
existencial, do texto-obra, no romance Primeira Manhã (1967), de Dalcídio Jurandi.
No CAPÍTULO 23 são apresentados resultados satisfatórios provenientes
da execução do projeto de leitura “Na madrugada ao luar, minha Amazônia, meu
olhar”, desenvolvido por dois anos (2017-2018) com alunos de turmas do ensino
fundamental II (do 6º ao 9º ano), em escola pública da Amazônia. Um projeto que
teve como objetivo principal estimular a leitura literária amazônica, e que contribuiu
para o fortalecimento e a valorização da identidade sociocultural dos nativos leitores.
No CAPÍTULO 24 é apresentada uma análise fenomenológica da repre-
sentação animal na poesia lírica da poeta brasileira Orides Fontela, observando
e interpretando o eu poético, e sua relação consigo e com o mundo ao seu redor.
No CAPÍTULO 25 defende o poema épico Sepé – o morubixaba rebelde
(1964), de Fernandes Barbosa, como uma metaficção historiográfica. Concebida no
contexto da “polêmica em torno do Sepé Tiaraju”, do (IHRGS), a obra compartilha
imbricações de reflexões literárias, históricas e teóricas.
Por fim, pretende-se, com este “COMPÊNDIO DE LETRAS: teorias,
métodos, pesquisas, análises e ensino” contribuir com os estudos da linguagem
desenvolvidos no Curso de Letras. Por meio das reflexões contidas nele, convida-
mos pesquisadores a refletir sobre a linguagem, junto com os autores aqui reunidos.
Organizadora
Ellen dos Santos Oliveira
(UFS / CAPES / CIMEEP)
12
SEÇÃO 1
ESTUDOS LINGUÍSTICOS
13
CAPÍTULO 1 - A CANÇÃO REGIONAL:
UM RECURSO DIDÁTICO NAS AULAS DE
INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS MEDIADAS
POR APLICATIVOS DE COMUNICAÇÃO
INTRODUÇÃO
1
Pós-graduando em Jornalismo Esportivo (UNILEYA).
CV: http://lattes.cnpq.br/5383669845898538
2
Doutor em Meio Ambiente e Desenvolvimento Regional (ANHANGUERA-UNIDERP).
CV: http://lattes.cnpq.br/5443711538608823
3
Especialista em Língua Portuguesa (FAMA). CV: http://lattes.cnpq.br/1830231963338750
14
Compêndio de Letras
Saber ler e interpretar textos é uma das condições indispensáveis para alguém
conseguir uma independência intelectual e seguir nos seus estudos. No entanto, a
ação de ler deve ir além do mero decodificar de letras / sílabas / palavras e atingir “a
compreensão do que este signo pode vir a significar em dado processo comunicativo”
(CUNHA, 2005, p. 68). A vivência de mundo tem importante papel nesse processo
de apropriação dos conhecimentos por meio da leitura, contribuindo para que aquilo
que começa a ser decodificado faça sentido e tenha uma interpretação. Como a
“compreensão do texto a ser alcançada por sua leitura crítica implica a percepção
entre texto e contexto” (FREIRE, 2003, p. 13), é importante que o elenco de textos
escolhidos pelos professores para serem estudados em sala da aula tenham pelo
menos a mínima relação com a realidade social e cultural dos educandos.
Em contato com textos que pouco ou nada dizem para eles, os alunos tendem
a considerar a leitura como algo enfadonho e sem sentido lógico e, por conseguinte,
passam a associar as aulas como algo desinteressante ou a longas exposições de
conteúdos que nem sempre serão utilizados no dia a dia. Conforme explica Cunha
(2005), um dos objetivos da escola é formar leitores proficientes, ou seja, fazer com
que os alunos não apenas aprendam a decodificar signos, mas sim consigam saber
15
Ellen dos Santos Oliveira (org.)
o que fazer com essa nova habilidade conquistada, adquirindo recursos cognitivos
que vão além do conhecimento gramatical, como assevera Antunes (2008 e 2016).
Martins (2007) adverte que há diversas técnicas que podem ser aplicadas
pela escola e seus agentes para aprimorar as habilidades de leitura dos educandos,
contudo lembra também que “cada leitor tem que descobrir, criar uma técnica pró-
pria para aprimorar seu desempenho” (MARTINS, 2007, p. 84) e que os fatores
externos, como acesso a materiais, disponibilidade de tempo e de espaço adequados
para os estudos, podem também intervir no processo de aquisição de uma leitura
mais crítica e no consequente desenvolvimento cognitivo-interpretativo do aluno.
Como aparentemente existe um afastamento de parte do alunado com
relação à palavra escrita, torna-se parte das tarefas do professor a escolha de textos
que inoculem nos alunos tanto o interesse pelos temas em questão quanto o desejo
de procurar outras produções do mesmo autor, do mesmo gênero ou com alguma
temática afim.
O uso de textos em sala de aula é previsto e estimulado nos Parâmetros
Curriculares Nacionais, que sugerem que o ensino da língua materna parta do uso
de textos e não de situações soltas e sem ligação com a realidade do aprendente.
Se o objetivo é que o aluno aprenda a produzir e a interpretar
textos, não é possível tomar como unidade básica de ensino
nem a letra, nem a sílaba, nem a palavra, nem a frase que,
descontextualizadas, pouco têm a ver com a competência dis-
cursiva, que é questão central. Dentro desse marco, a unidade
básica de ensino só pode ser o texto, mas isso não significa que
não se enfoquem palavras ou frases nas situações didáticas
específicas que o exijam (BRASIL, 1997, p. 29).
16
Compêndio de Letras
poesia foi destinada à voz e ao ouvido” (AGUIAR, 1993, p. 10). Embora isso possa
parecer novidade para alunos do ensino fundamental, no ensino médio, desde os
primeiros contatos com a história da literatura, os estudantes ficam sabendo dessa
relação histórica entre essas duas artes que em variados momentos da humanidade
se encontraram e até se confundiram.
Em um momento histórico no qual o processo de ensino e aprendizagem é
mediado por aplicativos de comunicação instantânea, aparentemente ficou mais difícil
trabalhar letras de música e aspectos da regionalidade nos encontros virtuais. No
entanto as possiblidades de compartilhamento de textos, imagens, links e arquivo de
voz podem servir como apoio didático-pedagógico para trabalhar simultaneamente
leitura, produção/interpretação de textos e aspectos da cultura regional.
O uso da música em aulas virtuais síncronas ou assíncronas, ademais de pos-
sibilitar um trabalho diferenciado a respeito de um assunto específico, é ainda capaz
“de despertar e desenvolver nos alunos sensibilidades mais aguçadas na observação de
questões próprias à disciplina alvo” (FERREIRA, 2007, p. 13). E essa sensibilidade
aguçada pode tornar-se importante instrumento no decorrer dos estudos formais e
até mesmo em futuras decisões profissionais.
Ao estudar a Música Popular Brasileira, Lisboa Junior (2008) chama a atenção
para a riqueza cultural do Brasil e que em cada região ou estado é possível encontrar
artistas populares que representam seu povo e que universalizam questões que pare-
cem regionais, mas que têm dimensão universal. Isso ocorre em todas as regiões do
Brasil, que conta em seus quadros musicais nomes aparentemente regionalizados,
mas que podem também ter grande aceitação nacional, como é o caso de Nicéas
Drumont, João do Vale (MA), Pinduca, Dona Onete (PA), Cid Guerreiro, Elomar
(BA), Belchior, Ednardo (CE), Geraldo Espíndola, Almir Sater (MS), Amado
Batista, Orlando Morais (GO), Adriana Calcanhoto, Humberto Gessinger (RS),
Carlos Dafé, Agepê (RJ), dentre tantos outros talentosos cantores/compositores do
Brasil inteiro e que podem ter seus trabalhos levados para a sala de aula nos diversos
níveis e modalidades de ensino.
Desse modo, com essa riqueza em forma de composições musicais, pode
o professor escolher algumas músicas para ilustrar suas aulas e, ao mesmo tempo,
estimular a interpretação de textos, a ampliação do vocabulário, a discussão de
17
Ellen dos Santos Oliveira (org.)
18
Compêndio de Letras
20
Compêndio de Letras
O uso da música em sala de aula não deve se restringir a ouvir, cantar e/ou
utilizar o texto como pretexto para comentar normas. Deveria, sim, servir como
meio de desenvolver no alunado o senso crítico com relação aos assuntos retratados
no texto e também servir como motivação para o debate de ideias e busca de argu-
mentos plausíveis para uma discussão acerca da realidade circundante, ou mesmo
para desenvolver a criatividade e provocar a produção de novos textos orais e/ou
escritos em diversos gêneros.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
AGUIAR, Joaquim. A poesia da canção. São Paulo: Scipione, 1993.
ANTUNES, Irandé. Muito além da gramática: por um ensino de línguas sem pedras no
caminho. 3ª ed. São Paulo: Parábola Editorial: 2008.
21
Ellen dos Santos Oliveira (org.)
ANTUNES, Irandé. Aula de Português: encontros & interações. São Paulo: Parábola
Editorial: 2016.
BEYDOUN, Fauzi. Regueiros Guerreiros. In: JAH, tribo de. Roots Reggae. 1972.
FERREIRA, Martins. Como usar a música na sala de aula. 7ª ed. São Paulo: Contexto, 2007.
FREIRE, Karla Cristina Ferro. Que reggae é esse que “jamaicalizou” a Athenas Brasi-
leira? São Luís: Universidade Federal do Maranhão, 2010. (Dissertação de Mestrado em
Ciências Sociais).
LISBOA JUNIOR, Luiz Américo. MPB em textos: história e crítica. Itabuna/Ilhéus: Via
Litterarum, 2008.
MARTINS, Maria Helena. O que é leitura. 19ª ed. São Paulo: Brasiliense: 2007.
22
CAPÍTULO 2 - ALÉM DA SALA DE AULA:
PRÁTICAS DE LETRAMENTO E O ENSINO
DE LÍNGUA PORTUGUESA, NUMA
PERSPECTIVA SOCIOLINGUÍSTICA
INTRODUÇÃO
4
Mestra em Linguística (UFPI). Professora (IFMA). CV: http://lattes.cnpq.br/9792915469196782
23
Ellen dos Santos Oliveira (org.)
Dessa forma, essas pessoas também podem ser consideradas letradas, mesmo ainda
não tendo tido acesso ao ambiente de leitura e escrita formal. Tal pensamento é
compartilhado por diversos pesquisadores, entre eles: Soares (2001), Mollica (2007),
Kleiman (2008), Antunes (2009). Sabendo-se que ter aprendido os mecanismos
de ler e escrever é diferente de se apropriar da leitura e a da escrita fazendo-se uso
destas e incorporando-as como propriedades do falante (SOARES, 2001). Vê-se
então que “letramento é muito mais que alfabetização” (SOARES, 2001, p. 44),
dessa forma chega-se a conclusão que letramento envolve as diversas práticas sociais
de leitura e escrita.
Para Kleiman (2008) letramento seria: “[...] um conjunto de práticas sociais
que usam a escrita, como sistema simbólico e como tecnologia, em contextos espe-
cíficos” (KLEIMAN, 2008, p. 18-19). Este mesmo fenômeno, segundo a autora,
extrapola, vai além do mundo da escrita estabelecido pela escola. Em um primeiro
momento, no ambiente escolar, ser letrado, ou ter letramento, significaria a capaci-
dade metalinguística do uso da língua, no sentido de um letramento voltado para
o ambiente escolar, em que este está ligado à capacidade de ler e escrever, dessa
maneira, a escola se distancia dos outros letramentos, aqueles que se realizam em
outros ambientes sociais.
DESENVOLVIMENTO
24
Compêndio de Letras
25
Ellen dos Santos Oliveira (org.)
26
Compêndio de Letras
27
Ellen dos Santos Oliveira (org.)
28
Compêndio de Letras
29
Ellen dos Santos Oliveira (org.)
Isso é uma grande conquista, nosso bairro cresceu muito, pois aqui quem é mais velho se
lembra que era só vereda...
(Moradores falam entre si, há muito barulho)
Participante 3- Lá vem ele falar de novo ar merma coisa de toda vez, e noís só nada
Participante 5- Pois num é. Eu nem falo mais, quem num é da panelinha num
tem vez...
Participante 3- Mar ramo vi...
(Depois de muita conversa segue-se uma breve pausa)
Líder Comunitário- Minha gente, vou explicar com calma para sanar as dúvi-
das e peço paciência (Ele bate na mesa com muita irritação) ... Pois bem, vou explicar
tudinho e não se preocupem, eu sei que tem gente com piada sobre favorecimento mas não
é bem assim....
(...)
A reunião foi rápida e serviu para o presidente dar alguns informes sobre o
bairro, o diálogo mostra a preocupação que permeia grande parte da reunião, que é a
violência, pois o bairro já foi bem pacato e durante a reunião teve muitas falas que sempre
abordavam cobranças sobre como resolver o problema da violência nas ruas do bairro.
O líder comunitário tem um domínio da variedade padrão, e sabe contornar
as perguntas feitas pelos moradores, mostrando o seu espaço de poder através do
discurso (FOUCAULT, 2012), pois ele se apropria de um discurso que deixa seus
interlocutores sem ter o que questionar sobre suas ações. Também se vale de uma
experiência letrada ao versar sobre acontecimentos que viu como a viatura sendo
empurrada para embasar os aspectos citados anteriormente sobre os problemas
relacionados à segurança pública e dar mais credibilidade ao seu discurso de que
está fazendo o necessário para que as autoridades responsáveis possam fazer mais
patrulhamentos no bairro.
A conversa paralela que se segue entre moradores mostra certa indignação
de alguns por acharem que não terão como serem beneficiados, e essa conversa
paralela revela como eles acreditam no poder do discurso do líder comunitário, pois
em momento algum eles pedem a palavra pra se manifestarem e darem sua opinião
durante a reunião,, então pode-se ater ao que disse Stubbs (2002) sobre a ampliação
do letramento ligado à democracia, qualidade de vida e desenvolvimento social e
31
Ellen dos Santos Oliveira (org.)
político, sendo esse conceito muito mais ligado à natureza da sociedade, seus valores
e como esta se estrutura do que ao ensino em si mesmo, aparecendo nas manifes-
tações culturais, como pode se observar no posicionamento das pessoas na reunião.
Na conversa dos Participantes 3 e 5 nota-se a descrença quanto à proposta
de melhorias na comunidade, percebe-se também, pelas escolhas linguísticas, através
das marcas um grau menor de modularidade da fala, que mostra talvez menor grau
de educação formal, mas por ser um ambiente onde as pessoas estão à vontade há
pouca preocupação no monitoramento da fala:
Participante 3- Lá vem ele falar de novo ar merma coisa de toda vez, e
noís só nada
Participante 5- Pois num é. Eu nem falo mais, quem num é da panelinha num
tem vez...
Participante 3- Mar ramo vê...”
Já o líder comunitário, por ter maior grau de instrução formal, e pelo posto
que ocupa mostra uma fala bem mais monitorada: Minha gente, vou explicar com
calma para sanar as dúvidas e peço paciência (Ele bate na mesa) ... Pois bem, vou explicar
tudinho e não se preocupem, eu sei que tem gente com piada sobre favorecimento mas não
é bem assim.... Mas isso não quer dizer distanciamento dos participantes da reunião,
pelo contrário o tom apelativo, sugere a necessidade de aproximação que ele tenta
estabelecer com os participantes.
Quanto ao Participante 5, este ao falar com o Líder Comunitário usa uma
fala mais monitora, como na flexão verbal, regência e concordância: Nós sofremos pelo
aumento da violência.... Os jovens que se viciaram não saíram mais... No entanto, ao
se dirigir a Participante 3, que está ao seu lado, não há essa preocupação, usando-se
de menos monitoramento: Pois num é. Eu nem falo mais, quem num é da panelinha
num tem vez... Com a escolha de “num”em vez de não. Isso de seve por estar falando
para menos pessoas ouvindo-o, por ter mais intimidade com a Participante 3, ou
por devido ao grau de irritação não conseguir monitorar a fala.
CONSIDERAÇÕES
32
Compêndio de Letras
tal como acontecem na vida. É dessa forma que se deve favorecer a plena partici-
pação dos alunos no mundo da cultura escrita, em que o letramento escolar possa
se vincular ao letramento social possibilitando abrir-se espaço para que as pessoas
repensem as formas como se dá a composição de conhecimentos, para se estabe-
lecem parâmetros diferenciados de acordo com a realidade, vivência e cultura de
cada pessoa. Enfim, abrir-se espaço para o novo e diferente, dentro e fora da escola
nessa nova composição que o letramento amplia e favorece ratificando o intuito da
interação nos aspectos sócio-político-cultural nos eventos e práticas de letramento.
Conclui-se com as análises desse evento que ler e escrever, fazer o uso de
tais tecnologias em contexto social é um exercício de poder e de cidadania a partir
da ideia de letramento como uma prática que engloba a comunidade na prática
cotidiana. Então os conceitos de cultura são formulados na prática e nessas reuniões,
em que a comunidade participa muito se vê da diversidade de ideias, da troca de
informação através das conversas e dos aspectos culturais manifestados nos diálogos,
nas proposições e nas tomadas de decisão a partir da prática de letramento de cada
participantes
Vê-se que o sentido das aulas de língua materna não está em aprender gramática
ou interpretar textos, mas de se entender que é um momento vivo e lugar de inte-
ração (SOARES, 2001), que passa pela relação entre professor, aluno, comunidade
e currículo (GEE, 2008). E o currículo, que ainda está muito ligado ao ditame dos
livros e manuais (MARTINS, 2009), tem que se ater às perceptivas do aluno para
que se desperte a vontade de aprender e que as aulas não sejam distantes da realidade.
REFERÊNCIAS
ANTUNES, Irandé. Aula de Português: encontro e interação. 8. ed. São Paulo: Parábola. 2009.
_______. O professor pesquisador: Introdução à pesquisa qualitativa. São Paulo: Parábola, 2018.
COSTA VAL. Maria da Graça. O que é ser alfabetizado e letrado. In: Práticas de leitura
e escrita. CARVALHO, Maria Angélica Freire de; MENDONÇA, Rosa Helena (orgs.).
Brasília: Ministério da Educação, 2006.
33
Ellen dos Santos Oliveira (org.)
FAVERO, Leonor L; ANDRADE, Maria Lúcia C.V.O; AQUINO, Zilda G.O; Oralidade
e escrita: perspectivas para o ensino de língua materna. 7.ed. São Paulo. Cortez, 2009.
FOUCAULT, Michel. A ordem do discurso. 20. Ed. São Paulo. Edições Loyola, 2012.
FREIRE, Paulo. A importância do ato de ler: em três artigos que se completam. 23. ed. São
Paulo. Cortez, 1989.
GEE, Jean. P. Social linguistics and literacies. London: Falmer Press, 2008.
JUNG, Neiva Maria. Letramento: uma concepção de leitura e escrita como prática social. In: Práticas
de letramento no ensino: leitura, escrita e discurso. (org.); organização Djane Antonucci COR-
REIA; Pascoalina, B.O. SALEH. São Paulo: Parábola Editorial; Ponta Grossa, PR: UEPG, 2007.
MARTINS, Maria Sílvia Cintra. Oralidade, escrita e papeis sociais na infância. Campi-
nas-SP: Mercado das Letras, 2009.
MOLLICA, Maria Cecília. Fala, letramento e inclusão Social. São Paulo: Contexto, 2007.
SOARES, Magda. Letramento: um tema em três gêneros. 2. ed. Belo Horizonte: Autêntica, 2001.
VÓVIO, Cláudia. L; SOUZA, Ana L.S. Desafios metodológicos em pesquisas sobre letramento.
In: Letramento e formação do professor: práticas discursivas, representações s construção
do saber. Campinas-SP: Mercado das Letras, 2005.
34
CAPÍTULO 3 - A LINGUAGEM DOS JOGOS
DE VIDEOGAME E SUA INFLUÊNCIA
NA FORMAÇÃO DE NEOLOGISMOS:
REFLEXÕES PRELIMINARES SOB A
PERSPETIVA DA LINGUÍSTICA
INTRODUÇÃO
5
Mestra em Letras (UEMS). Professora de língua portuguesa e literatura (Campo Grande-MS).
CV: http://lattes.cnpq.br/1138346009274059 .
6
Mestra em Letras (UEMS). Professora de língua estrangeira moderna inglês (SED-MS e SEME-
D-Campo Grande/MS). CV: http://lattes.cnpq.br/3126710339246151
35
Ellen dos Santos Oliveira (org.)
fácil com o avanço da tecnologia, pois torna mais acessível os diferentes usos da
linguagem. Nessa perspectiva, passamos a observar a linguagem usada por adeptos
de jogos eletrônicos, os videogames, visto que essa “nova” língua emprestada ou na
criação de vocábulos está cada vez mais presente na comunicação, principalmente de
jovens. É tão usual em determinados grupos que chega a dificultar o entendimento
daqueles que não pertencem ao mesmo ambiente.
Por meio dessas observações, passamos a nos perguntar qual seria a influência
dessa manifestação na língua portuguesa? Será que fará parte de nosso vocabulário?
Será estrangeirismo? Modismo? Neologismo?
Para respondermos a tais perguntas, objetivamos fazer uma breve análise em
algumas palavras que fazem parte do vocabulário de jogadores de vídeo games, o real
significado e o usado por eles. Será feita uma breve reflexão sobre estrangeirismos e
neologismo e a influência desses fenômenos em nossa língua para assim tentarmos
entender o que esse processo já fez e fará com a linguagem.
36
Compêndio de Letras
37
Ellen dos Santos Oliveira (org.)
atrativo, ao jogador são dadas pistas, iniciadas histórias para que ele possa adentrar
da maneira mais real possível no ambiente.
Sobre esse tópico ressaltamos que
a forma como um jogo é jogado por humanos envolve nuances
do comportamento social e psicológico dos jogadores, do
contexto no qual o jogo acontece, da finalidade da atividade,
das convenções adotadas. (RANHEL, 2009, p. 20).
38
Compêndio de Letras
COMPOSIÇÃO
39
Ellen dos Santos Oliveira (org.)
SIGLAGEM
Acrônimos
40
Compêndio de Letras
Truncamento
CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
ALVES, Ieda Maria. Neologismos criação lexical. São Paulo: Editora Ática, 2004.
42
Compêndio de Letras
ARKADE. Jogos, tecnologia, cultura e revista online de games. Disponível em: <http://
www.arkade.com.br/dicionario-de-games>. Acesso em 21/04/2016.
RANHEL, João. In Mapa do jogo. Organizadoras Lucia Santaella, Mirna Feitoza. São
Paulo: Cengage Learning, 2009.
STEINBERG, Martha. Neologismos de língua inglesa. São Paulo: Editora Nova Ale-
xandria, 2003.
43
CAPÍTULO 4 - A OLIMPÍADA DE
LINGUÍSTICA COMO FERRAMENTA
DIDÁTICA PARA O CURSO DE LETRAS: UMA
DESCOBERTA FASCINANTE
INTRODUÇÃO
7
Doutorando em Linguística (UnB). Docente da Faculdade de Letras (UFAM). Bolsista CAPES.
CV: http://lattes.cnpq.br/6346353685947810
44
Compêndio de Letras
OLIMPÍADA DE LINGUÍSTICA
46
Compêndio de Letras
FERRAMENTA DIDÁTICA
48
Compêndio de Letras
49
Ellen dos Santos Oliveira (org.)
50
Compêndio de Letras
51
Ellen dos Santos Oliveira (org.)
52
Compêndio de Letras
CONSIDERAÇÕES
As línguas são uma das entidades naturais mais fascinantes que a humanidade
conhece. Não há aspecto delas que não nos maravilhe, seja sua enorme complexidade
estrutural e social, seja sua imensa heterogeneidade, seja o fato de que são realidades
históricas e vivas. Mudam constantemente no eixo do tempo, e essas mudanças não
se dão nem para melhor, nem para pior; as línguas não melhoram, mas também não
decaem: elas simplesmente mudam. Por outro lado, as línguas estão intimamente
atadas às dinâmicas sociopolíticas e às construções ideológicas das sociedades em
que são faladas. Em outros termos, as línguas não existem em si e por si, não são
entidades autônomas, elas são parte integrante da subjetividade de seus falantes e
das sociedades que as falam. (FARACO, 2016, p. 9).
Partindo da capacidade que todos os seres humanos têm de aprender um
idioma, falar e compreender um sistema linguístico, as OL se mostram um relevante
instrumento para modificar o ensino de línguas, tanto materna como adicional
(estrangeira), uma vez que altera a lógica de sala de aula de conceituação-aplica-
ção para observação-teorização, promovendo a reflexão de uma forma lúdica e o
aprendizado de uma forma natural, sem recorrer memorização, mas fazendo uso
do raciocínio na resolução dos Problemas Linguísticos, pois
Simplesmente não faz sentido dizer que a ciência não é
interessante! É muito interessante! Pensar sobre matemática,
as línguas, o humano, a natureza, é super interessante! Se
a escola não consegue mostrar isso, então é preciso mudar
a escola urgentemente. As línguas naturais são muito ins-
tigantes. Nossa proposta é que as aulas de línguas sejam
investigativas em primeiro lugar, que o aluno seja o detetive,
que ele se aventure a constriir gramáticas. A investigação
linguística baseia-se nos dados de fala e na intuição que o
falante tem sobre a língua (i.e., má formação de sentenças e
não aceitabilidade, p. ex.), e a sua metodologia é aquela das
53
Ellen dos Santos Oliveira (org.)
54
Compêndio de Letras
Letras, como uma forma eficaz de incentivar o conhecimento, pois esses eventos
visam estimular uma sadia competição entre o estudante e a sua capacidade cogni-
tiva. O estudante passa a ser ativo na busca do seu conhecimento, e não apenas um
receptor passivo de conteúdos memorizáveis.
Dessa forma, destacamos a importância das Olimpíadas de Linguística como
ferramenta didática capaz de contribuir em diferentes setores da sociedade brasileira
que, em grande parte, desconhecem essa iniciativa. Primeiramente, por difundir uma
experiência inovadora e atraente de divulgação científica. Em seguida, por motivar
estudantes da Educação Básica e do Ensino Superior de Letras a descobrirem de
forma autônoma conhecimentos sobre as línguas, povos e culturas. Terceiro, por
desenvolver um pensamento lógico para a resolução de desafios complexos, não ape-
nas de Linguística, o que é um atrativo para várias carreiras profissionais nas áreas de
análise linguística e as tecnologias da linguagem.
Nas Olimpíadas de Linguística, os estudantes são continuamente desafiados e
ficam mais confiantes em suas capacidades cognitivas na medida em que resolverem
Problemas avançados. Os jovens são chamados a assumirem a responsabilidade pelo
seu conhecimento e passam a buscar outros conteúdos para ajudá-los na resolução dos
desafios propostos. Naturalmente, eles são impelidos a desenvolverem uma postura
de autonomia e cooperação acadêmica, pois muitos estudantes, de forma voluntária,
auxiliam os iniciantes criando um ambiente mais participativo e cooperativo. Neste
processo; observa-se no estudante a melhoria da autoestima, velocidade de raciocínio,
habilidades de leitura e interpretação, capaz de expandir seus conhecimentos sobre
idiomas e culturas sem a exposição de aulas.
Da mesma forma, as Olimpíadas de Linguística incentivam a formação inicial
dos professores de línguas que igualmente são desafiados a resolverem os Problemas
Autossuficientes. Nesse processo, vários docentes relatam que o ensino de língua
materna ou estrangeira se torna muito mais significativo, pois, ao invés de decorar
normas gramaticais, o estudante compreende os fenômenos no uso efetivo de uma
língua natural, partindo de um idioma desconhecido e aplicando naquele(s) que
está estudando. O aspecto lúdico é incorporado nas práticas pedagógicas cotidianas,
gerando motivação a todos os envolvidos, docentes e discentes.
Portanto, a Olimpíada de Linguística demonstra sua importância e necessi-
dade para uma educação com os valores do século XXI. É uma forma agradável de
55
Ellen dos Santos Oliveira (org.)
REFERÊNCIAS
ALTMAN, M. C. F. S. Retrospectivas e perspectivas da historiografia da lingüística no
Brasil. Revista argentina de historiografía lingüística, I, 2, 115-136, 2009.
HONDA, M., O’NEIL, W. & PIPPIN. D. On promoting linguistics literacy: bringing language
science to the English classroom. DENHAM, K.; LOBECK, A. (eds.). Linguistics at school:
Language awareness in primary and secondary education: Cambridge University Press, 2010.
LOOSEN, S. High school linguistics: A secondary school elective course. Language 90: 258-273. 2014.
O’NEIL, W. Bringing linguistics into the school curriculum: Not one less. IN: DENHAM, K.;
LOBECK, A. (eds.). Linguistics at school: Language awareness in primary and secondary
education: Cambridge University Press, 2010.
56
CAPÍTULO 5 - A RELEVÂNCIA DO
ENSINO DA LÍNGUA INGLESA PARA A
COMPETITIVIDADE PROFISSIONAL: UMA
REALIDADE BRASILEIRA
INTRODUÇÃO
8
Especialização em Docência do Ensino Superior (UNINORTE).
CV: http://lattes.cnpq.br/1438348391778198
9
Especialização em Gestão e Docência do Ensino Superior (UNICEL). Professora de Nível Técnico
Profissionalizante (CEL). CV: http://lattes.cnpq.br/1855736936061448
10
Doutorado em Psicologia e Ciência da Educação (UNILEON - Espanha). Professora titular da
Universidade Paulista. CV: http://lattes.cnpq.br/3823612673388848
57
Ellen dos Santos Oliveira (org.)
58
Compêndio de Letras
COMPETITIVIDADE PROFISSIONAL
59
Ellen dos Santos Oliveira (org.)
60
Compêndio de Letras
Fonte: http://www.auding.com.br/importancia-do-ingles-no-mercado-de-trabalho/
61
Ellen dos Santos Oliveira (org.)
62
Compêndio de Letras
condição mestiça, seu caráter local (...) constantemente (re) qualificado em progra-
mas de educação lingüística fundados em abordagens críticas e transformadoras.”
Neste ínterim, parece-nos importante não apenas ampliar o debate em torno
de políticas lingüísticas, bem como em torno do reconhecimento da necessidade de
haver mais investimentos no profissionalismo docente, preparando professores de
inglês para as devidas mediações entre linguagens, tecnologias e os contextos locais
e globais (MONTE MÓR, 2013, p. 233).
METODOLOGIA DA PESQUISA
CONSIDERAÇÕES FINAIS
63
Ellen dos Santos Oliveira (org.)
REFERÊNCIAS
BRASIL. Secretaria da Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais: ensino
médio. Brasília: MEC/SEF, 2000.
CHAVES, Carla. O ensino de inglês como língua estrangeira na educação infantil: para
inglês ver ou para valer? 2004.26 p. Monografia (curso de Especialização em Educação
Infantil) – Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, 2004.
CORY, Suzanne N.; PRUSKE, Kimberly A. Necessary skilss for accounting graduates: An
Exploratory Study to Determine What the Profession Wants. Proceedings of the American Society
of Business and Behavioral Sciences, v. 19, n.1, p. 208-218, 2012.
64
Compêndio de Letras
65
CAPÍTULO 6 - AS ANÁLISES DO DISCURSO:
UMA INTRODUÇÃO AOS FUNDAMENTOS
INTRODUÇÃO
11
Doutora em Linguística (UNICAMP). Membro do grupo de pesquisa FEsTA. Professora-autora
da UNICNEC. ORCID: https://orcid.org/0000-0002-9267-1682
12
Este capítulo foi elaborado com base nas aulas produzidas para a disciplina Análise do Discurso,
da UNICNEC.
13
São elas: Análise de Conteúdo e de Discurso, Análise de Discurso Crítica, Análise de Discurso
Textualmente Orientada, Análise Semiótica do Discurso, Análise Semiolinguística do Texto e do Dis-
curso, Análise Dialógica do Discurso, Análise Arqueológica do Discurso, Análise Retórica do Discurso,
Análise Modular do Discurso, Análise da Enunciação, Análise da Conversação, Análise Interacionista
Sociodiscursiva.
66
Compêndio de Letras
moderna. A fundação dessa ciência tem sido atribuída a Ferdinand de Saussure, pela
obra póstuma Curso de Linguística Geral14, publicada em 1916. Nesse livro, Saussure
estabelece um corte epistemológico: a separação entre língua e fala, propondo que a
primeira é o objeto de análise da ciência da linguagem. De acordo com ele, a língua
é um sistema de signos linguísticos, sendo o valor desses signos determinado pelos
outros signos do sistema e não por um valor intrínseco ao signo. Nesse sentido, o
valor é determinado por um critério diferencial – um signo vale o que o outro não
vale – e por um critério relacional – o valor de um signo é estabelecido na relação
com os demais. Desse modo, descrever um sistema não é descrever cada item em
si, mas o sistema de relação entre esses itens.
Nessa perspectiva, o estudo do sistema linguístico deve ser feito na relação
língua pela língua, sem recorrer a questões externas a esse sistema. Esse princípio de
análise imanente está na base do que foi chamado mais tarde de estruturalismo. Tal
elaboração teórica tornou a linguística, no início do século XX, a ciência-piloto15 das
ciências humanas e sociais, uma vez que fornecia um método de análise: a descrição
das regras de funcionamento de um sistema.
A partir de meados da década de 1950, começou a ocorrer a chamada releitura
do estruturalismo. Fonseca-Silva (2007) explica que, nesse período, novas abordagens
para o fenômeno linguístico, como a Sociolinguística, a Pragmática e os estudos
sobre Enunciação, surgiram reivindicando a necessidade do estudo de noções como
sujeito falante, contexto, situação e enunciação. Essas categorias fugiam ao escopo
da ciência linguística, que se limitava ao nível máximo de análise da frase.
No contexto norte-americano, em 1952, o linguista Zellig Harris propôs,
no artigo intitulado “Discourse Analysis”, que o discurso era uma unidade linguística
constituída de frases, cuja análise seria feita pela decomposição até as unidades
mínimas, verificando a recorrência de certos elementos como pronomes e grupos
de palavras. Esse procedimento ficou conhecido como distribucionalismo.
No contexto europeu, de acordo com Maingueneau (2015), o ano de 1969
é significativo para a escola francesa de Análise do Discurso, visto que três obras
14
Obra organizada e publicada por Charles Bally e Albert Sechehaye em 1916, após a morte de
Saussure em 1913.
15
Ciência cujos pressupostos teóricos servem de base para outras ciências. A Biologia é considerada
a ciência-piloto do século XIX, por causa da noção de evolução, e a Linguística a do início do século
XX pela noção de estrutura.
67
Ellen dos Santos Oliveira (org.)
68
Compêndio de Letras
16
Com a morte de Stalin, líder da URSS, em 1953, as atrocidades cometidas por seu governo foram
conhecidas pelo resto do mundo, provocando uma crise das ideias marxistas, visto que as ideias de Stalin,
que formalizou o chamado marxismo-leninismo, estavam na base da criação do partido comunista de
diversos países.
69
Ellen dos Santos Oliveira (org.)
17
Na perspectiva foucaultiana, a noção de enunciado não equivale nem à noção de fras, nem à de
proposição, nem à de ato de fala, mas é uma função de existência que permite que haja essas unidades.
70
Compêndio de Letras
18
Resende e Ramalho (2019) explicam que o objeto de análise da linguística sistêmico-funcional de
Halliday é a interface entre o sistema interno das línguas e as funções sociais da linguagem na sociedade.
71
Ellen dos Santos Oliveira (org.)
72
Compêndio de Letras
materiais específicos, tais como o capital ou a terra, recursos simbólicos, tais como
o conhecimento, a educação ou a fama, ou a força física” (VAN DIJK, 2015, p. 23).
Uma das formas de controle de poder é o acesso à informação, definindo,
por exemplo, quem, na sociedade, pode produzir as notícias. Para Van Dijk, quando
o poder exercido vai contra os interesses daqueles que são controlados, há uma
dominação ilegítima, caracterizando um abuso de poder, que pode ser marcado
por práticas como a manipulação, a doutrinação e a desinformação. Essas práticas
levam e/ou contribuem para a desigualdade social.
Oliveira (2013) ressalta que os estudos da ADC questionam o positivismo
e a suposta neutralidade científica, na medida em que mostram que a própria esco-
lha do objeto de pesquisa é uma tomada de posição. Apesar de as pesquisas em
ADC serem feitas seguindo o paradigma metodológico da ciência, mostram que
o cientista nunca é uma figura neutra, pois “toda escolha e todo ato interpretativo
são carregados de subjetividade” (OLIVEIRA, 2013, p. 323). E, como defende Van
Dijk (2015, p. 16), negar isso “é também uma tomada de posição”.
Comparando a ADC à AD francesa, Mussalim (2006) explica que a principal
diferença entre elas é a consideração da intenção e do engajamento dos sujeitos
como um dos pilares da análise. Enquanto para a ADC, os sujeitos agem dotados
de intenções conscientes, para a AD francesa, os sujeitos enunciam a partir de “uma
determinada ideologia que predetermina o que poderão ou não dizer em determinada
conjuntura histórico-social” (MUSSALIM, 2006, p. 113).
73
Ellen dos Santos Oliveira (org.)
74
Compêndio de Letras
se pode perceber uma multiplicidade de vozes, por exemplo, com o uso de citações
e de aspas. A autora defende que os textos polifônicos opõem-se aos textos mono-
fônicos, “que escondem os diálogos que os constituem” (BARROS, 2015, p. 34).
Para encerrar, cabe ressaltar que, embora os estudos do Círculo de Bakhtin
estejam na base na ADC, no que tange à AD francesa, quando essas obras come-
çaram a ser traduzidas para o francês, Pêcheux advertiu que a proposta delas era
incompatível com a dele. Para o filósofo francês, as postulações do círculo russo
anulam a dimensão própria da língua (o corte epistemológico de Saussure), impos-
sibilitando, como explica Maldidier (2003, p. 60), “pensar a singularidade do sujeito
na língua assim como a articulação entre a língua e o inconsciente”. Além disso,
como explica Votre (2019, p. 61), é preciso compreender que a noção de ideologia
nas duas vertentes é diferente: enquanto o Círculo de Bakhtin trabalha com a
ideologia do marxismo clássico, “segundo a qual, a consciência vem da existência
real”, o conceito usado por Pêcheux é o da ideologia geral, proposta por Althusser.
CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
ALTHUSSER, L. Aparelhos ideológicos de Estado: nota sobre os aparelhos ideológicos
de Estado. 6. ed. Rio de Janeiro: Graal, 1992.
ALTHUSSER, L. Freud e Lacan. Marx e Freud. 4. ed. Rio de Janeiro: Graal, 2000.
75
Ellen dos Santos Oliveira (org.)
BATISTA JR., J. R. L.; SATO, D. T. B.; MELO, I. F. Análise de Discurso Crítica: para
linguistas e não linguistas. São Paulo: Parábola, 2018.
MELO, I. F. Histórico da análise de discurso crítica. In: BATISTA, JR. J. R.; SATO, D. T.
B.; MELO, I. F. (Org.). Análise de Discurso Crítica: para linguistas e não linguistas. São
Paulo, Parábola, 2018.
ORLANDI, E. Discurso e texto: formulação e circulação dos sentidos. Campinas, SP: Pontes, 2001.
RESENDE, V. de M.; RAMALHO, V. Análise de Discurso Crítica. 2. ed. São Paulo: Contexto, 2019.
76
CAPÍTULO 7 - ASPECTOS DA LINGUÍSTICA
PARA O ENSINO DA LÍNGUA PORTUGUESA
INTRODUÇÃO
CV: http://lattes.cnpq.br/7113434640535707
77
Ellen dos Santos Oliveira (org.)
78
Compêndio de Letras
Os estudos sobre o latim permanecem até os dias atuais, por ter sido uma
língua especialmente escrita, quase não sofreu alteração. Ainda na era medieval houve
muitos progressos sobre os estudos da gramática, usando como língua o latim. As
mudanças de estudos sobre a língua continuaram seguindo para o renascentismo,
e foram submetidos a onda humanista da época.
O humanismo renascentista se desprende do contexto teológico para assumir
conceitos antropocentristas. Depois da Reforma Religiosa, levando ao declínio do
teocentrismo percebeu-se um rompimento com símbolos que eram relacionados
à igreja católica, assim o latim e seus estudos foram dando espaço para o interesse
nas línguas modernas da Europa. Uma tendência que decorre até o século XVIII,
quando se vê a necessidade de comparar as línguas, assim abrindo caminho para a
transformação da linguística no século XIX.
O ESTRUTURALISMO SAUSSURIANO
80
Compêndio de Letras
81
Ellen dos Santos Oliveira (org.)
GERATIVISMO LINGUÍSTICO
82
Compêndio de Letras
O FUNCIONALISMO
83
Ellen dos Santos Oliveira (org.)
ENSINO NO BRASIL
De acordo com Alves (2009, p. 12) “Somente após trinta anos do chamado
descobrimento do Brasil, embora sem muita preocupação por parte do governo
imperial de Portugal, teve início a colonização da Terra de Santa Cruz”. Assim,
via-se que a colônia, recém descoberta, era somente alvo de exploração. Chegou
a um ponto que se tornou interessante para os exploradores contextuar os povos
originários à sua perspectiva de civilização, começou por meio religioso, trabalho
este dado para a Companhia de Jesus, com o ideal de pregar o catolicismo.
Com a evangelização a companhia, 15 anos depois de ser fundada, pisa em
terras tropicais para catequizar o povo nativo. Como assegura Alves (2009), a pri-
meira escola ser fundada, depois da chegada dos jesuítas (membros da Companhia
de Jesus), foi em Salvados, tendo Irmão Vicente como mestre, e permaneceu como
professor durante 50 anos. Durante os anos que os jesuítas foram ministrando as
aulas e erguendo colégio, viu-se a necessidade de um projeto de estudo:
É um manual com orientações precisas sobre a conduta do
corpo docente e discente, detalhando as responsabilidades,
desempenho e relacionamento entre os membros da Com-
panhia, os professores e alunos. É ao mesmo tempo ainda um
manual de organização e administração escolar, apontando
metodologicamente sugestões de materiais didáticos para
84
Compêndio de Letras
85
Ellen dos Santos Oliveira (org.)
CONSIDERAÇÕES
REFERÊNCIAS
CYRANKA, L. F. M. Evolução dos estudos linguísticos. Revista Práticas de Linguagem,
Juiz de Fora, v. 4, n. 2, p. 161-197, dez. /1014.
Martelotta, Mário Eduardo et al. Manual de Linguística São Paulo: Contexto, 2008.
PERINI, Mário A. Sobre língua, linguagem e linguística: uma entrevista com mário a. Perini.
ReVEL, Minas Gerais, v. 8, n. 14, p. 1-12, abr./2010.
86
CAPÍTULO 8 - ASPECTUALIZAÇÃO
ACTANCIAL NO DISCURSO JORNALÍSTICO
INTRODUÇÃO
EMBASAMENTO TEÓRICO
20
Doutora em Língua Portuguesa (UFRJ). Professora SME (Rio de Janeiro - RJ).
CV: http://lattes.cnpq.br/3096506975288385
21
As reportagens analisadas neste capítulo foram extraídas do corpus da dissertação de mestrado da
autora, composto por 120 notícias e reportagens do jornal O Globo e Extra. Tais reportagens foram
selecionadas, pois se verificou que elas são um produtivo objeto de análise para esta pesquisa.
87
Ellen dos Santos Oliveira (org.)
22
Consoante Fiorin (2011), no nível narrativo há os objetos modais e os objetos de valor. Estes são os
objetos com que se entra em conjunção ou disjunção na performance principal, aqueles são os elementos
cuja aquisição é requerida para que a performance principal aconteça.
88
Compêndio de Letras
89
Ellen dos Santos Oliveira (org.)
90
Compêndio de Letras
91
Ellen dos Santos Oliveira (org.)
ANÁLISE
23
Reportagem consultada no dia 20 de agosto de 2020 em <https://extra.globo.com/noticias/rio/
extra-15-anos-um-jornal-com-humor-com-criatividade-ainda-com-muitas-vitorias-8034828.html>
92
Compêndio de Letras
93
Ellen dos Santos Oliveira (org.)
94
Compêndio de Letras
95
Ellen dos Santos Oliveira (org.)
96
Compêndio de Letras
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
AMARAL, Márcia. Jornalismo Popular. São Paulo: Contexto, 2006.
98
Compêndio de Letras
FIORIN, José Luiz. A lógica da neutralidade: um caso de aspectualização do ator. In: Estu-
dos Linguísticos XVIII, Anais de Seminários do GEL. Lorena: GEL., p. 348-355, 1989.
99
CAPÍTULO 9 - A SUPRESSÃO /R/ PÓS-
VOCÁLICO EM FINAL DE PALAVRA: UMA
PROPOSTA DIDÁTICA PARA O ENSINO DA
VARIAÇÃO LINGUÍSTICA
Simone de Faria24
Marília Silva Vieira25
INTRODUÇÃO
24
Mestranda em Língua, Literatura e Interculturalidade (UEG).
CV: http://lattes.cnpq.br/7209291829058572
25
Doutora em Letras (USP). Professora (UEG). CV: http://lattes.cnpq.br/2253650419657216
100
Compêndio de Letras
nos infinitivos verbais, mas também, ocorre em substantivos mulher, colher e suor
ou em adjetivos como maior, melhor etc.” (BORTONI-RICARDO, 2005, p. 58).
Entretanto, por se tratar de um traço gradual presente na oralidade, o estu-
dante não percebe as variações na fala na supressão do fonema /r/ no final da
palavra do infinitivo verbal e, também, em outras categorias de palavras. Então,
possivelmente, o estudante tende a escrever como fala, ocasionando inadequações
na produção escrita em gêneros textuais ou em situações comunicativas em que a
norma culta lhe é exigida.
Os próprios documentos norteadores para educação básica e o mais recente,
a BNCC, estabelece que é necessário
Compreender as línguas como fenômeno (geo)político, histó-
rico, cultural, social, variável, heterogêneo e sensível aos con-
textos de uso, reconhecendo suas variedades e vivenciando-as
como formas de expressões identitárias, pessoais e coletivas,
bem como agindo no enfrentamento de preconceitos de
qualquer natureza. (BRASIL, 2017, p. 490).
101
Ellen dos Santos Oliveira (org.)
DESENVOLVIMENTO
103
Ellen dos Santos Oliveira (org.)
104
Compêndio de Letras
105
Ellen dos Santos Oliveira (org.)
107
Ellen dos Santos Oliveira (org.)
Por meio das análises dos dados apresentados nas tabelas sobre o fenômeno
da supressão /r/ pós-vocálico em final de palavra, nas categorias dos infinitivos
verbais e substantivos, pode-se observar que no início das atividades (tabelas 1 e 2)
os estudantes perceberam maior frequência na realização do fonema /r/ tanto nos
verbos quanto na categoria dos substantivos. Na realização da segunda atividade
(tabelas 3 e 4), os estudantes perceberam maior frequência da supressão /r/ nos verbos,
mas, na categoria dos substantivos, o fonema /r/, permaneceu com maior frequência.
Em relação a monitoração estilística do entrevistado, o gráfico 1, mostra
as considerações dos estudantes sobre a percepção de monitoramento da fala do
entrevistado, a maioria dos estudantes consideraram a fala do entrevistado não
monitorada, talvez, por se tratar de uma narrativa de tradição oral.
CONSIDERAÇÕES
108
Compêndio de Letras
REFERÊNCIAS
BERNARDES. P. M. A variação de segunda pessoa do singular na Cidade de Goiás:
você e cê sob um olhar sociolinguístico. Dissertação (Mestrado em Língua, Literatura e
Interculturalidade). Universidade Estadual de Goiás, Câmpus Cora Coralina. Goiás, 2020.
CALLOU, D.; LEITE, Y. Iniciação à fonética e à fonologia. 11. ed. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2009.
FARACO, C. A. Norma culta brasileira: construção e ensino. In: ZILLES, A. M.; FARACO, C. A.
(Orgs.).Pedagogia da variação linguística: língua,diversidade e ensino.São Paulo: Parábola,2015.p.19-30.
___________. Três eixos para o ensino de gramática. In: VIEIRA, S. R. (Org.). Gramática,
variação e ensino: diagnose e propostas pedagógicas. Rio de Janeiro: Letras UFRJ, 2017.
cap. 3, p. 64-82.
109
CAPÍTULO 10 - CONSIDERAÇÕES INICIAIS
SOBRE A LINGUÍSTICA SISTÊMICO-
FUNCIONAL COMO PROPOSTA
METODOLÓGICA PARA ANÁLISE DE
REPRESENTAÇÕES SOCIAIS
INTRODUÇÃO
27
Mestre em Letras (UTFPR). Professor do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do
Rio Grande do Sul. CV: http://lattes.cnpq.br/9688263600620718
110
Compêndio de Letras
111
Ellen dos Santos Oliveira (org.)
112
Compêndio de Letras
e do que é chamado conhecimento popular, bem como sua função social” (MOS-
COVICI, 2003, p. 220).
Observando a necessidade de estreitar um diálogo entre as teorias linguís-
ticas a Teorias das Representações Sociais, seguir, o presente capítulo expõe alguns
fundamentos da Linguística Sistêmico-Funcional que servirão como suporte para
proposta da análise de representações sociais.
A LINGUAGEM NA LINGUÍSTICA
SISTÊMICO-FUNCIONAL
113
Ellen dos Santos Oliveira (org.)
114
Compêndio de Letras
ANÁLISE SISTÊMICO-FUNCIONAL DE
REPRESENTAÇÕES SOCIAIS
115
Ellen dos Santos Oliveira (org.)
116
Compêndio de Letras
insuficiente uma vez que interesses, desejos e emoções possuem uma significação
de natureza interpessoal.
Nesse sentido, a Teoria das Representações Sociais apresenta uma abertura para a
observação dessas três linhas de significado. Moscovici (2003 p. 218-219) observa que os
processos relativos às representações sociais dizem respeito a conteúdos de pensamento,
bem como a processos de ação dos sujeitos “através de suas representações da realidade e
que reformulam suas próprias representações”. Esses processos tomam forma de juízos
ou raciocínio partilhado materializados no nível da expressão e da aproximação lógica.
Essas menções seriam tratadas em uma perspectiva sistêmico-funcional, respectivamente,
como: ideacional, interpessoal e textual
Com efeito, assume-se, a partir do que foi exposto no texto, que as repre-
sentações sociais são formas de conhecimento que os sujeitos utilizam para com-
preender a realidade cotidiana. Na presente proposta, o fenômeno das representações
sociais é colocado sob uma perspectiva analítica trinocular que permite observar o
objeto sob diferentes ângulos de modo a articulá-los à atividade interpretativa das
representações sociais.
Desse modo, os significados ideacionais permitirão aos pesquisadores acessar
as diferentes imagens experienciais do sujeito em relação ao objeto da representa-
ção social; enquanto que, por meio da observação dos significados interpessoais,
o pesquisador terá acesso ao posicionamento subjetivo e intersubjetivo relativo às
experiências com esse objeto. Ademais, os significados textuais, ainda que não elu-
cidem matéria de conteúdo e estilo, são relevantes, uma vez que permitem o acesso
à disposição temática, bem como a colocação das informações escolhidas pelo autor
em evidência e em restrição na organização da mensagem.
Como mencionado na seção específica sobre a Linguística Sistêmico-Fun-
cional, cada construção semântica se distingue gramaticalmente das demais linhas
de sentido, isso significa que em cada uma delas haverá mecanismos específicos a
serem observados. Observa-se, a seguir, o funcionamento das três linhas de sentido
(critérios analíticos no caso) sobre um pequeno excerto extraído de estudo de Saccol
e Teixeira (2012) sobre representações sociais de educação ambiental em professoras
da rede municipal de ensino.
[...] a gente trabalhou diversos temas do meio ambiente,
trabalhamos com a plantação, com o cultivo do chá para a
117
Ellen dos Santos Oliveira (org.)
118
Compêndio de Letras
119
Ellen dos Santos Oliveira (org.)
120
Compêndio de Letras
CONSIDERAÇÕES
REFERÊNCIAS
ASSIS-BRASIL, M. Representações sociais sobre a área de Letras sob a perspectiva da
linguística sistêmico-funcional. Vidya, v. 28, n. 1, 2009.
ASSIS-BRASIL, M. Tem que escrever?! Para quê? :representações sociais sobre escrita em
uma comunidade escolar. Dissertação de mestrado, Universidade Federal de Santa Maria,
Santa Maria, RS, Brasil. 2010.
ROSE, D. et all. Questioning consensus in social representations theory. Papers on social repre-
sentations, p. 150-176, 1995.
123
CAPÍTULO 11 - DISCURSO E ARGUMENTAÇÃO
EM TIRINHAS DA MAFALDA
INTRODUÇÃO
124
Compêndio de Letras
DA RETÓRICA À ARGUMENTAÇÃO
125
Ellen dos Santos Oliveira (org.)
Lima (2011) cita que para Aristóteles a retórica era importante para vida
social e política. A retórica argumentativa era subdividida em quatro partes para
compor o discurso completo. São elas a invenção, disposição, elocução e ação.
Cada uma tem sua função a invenção de compreensão; a disposição coloca
em ordem as razões; a elocução ajusta as palavras no discurso e a ação é a mate-
rialização do discurso com ajuste da amplificação dos gestos e da voz. Essas partes
seriam funções a serem cumpridas pelo orador. Essas etapas passariam, portanto,
a potencializar o discurso.
Para Reboul (2004) a noção de invenção parece ambígua, por situar-se entre
dois polos: os argumentos e procedimentos do orador e a criação de argumentos
e instrumentos de prova. O orador precisa reunir informações sobre o assunto para
que ele tenha habilidades para tratar sobre ele. Segundo o mesmo autor a disposição
seria o próprio argumento. Para Ferreira (2010)
A maneira mais explícita de fazermos ecoar o poder das palavras
está no modo como as empregamos no discurso, na maneira
como trabalhamos a elocutio (elocução). Em sentido técnico,
a elocução é a redação do discurso retórico. Mais do que uma
questão estilística, envolve o tratamento da língua em sentido
amplo, abrange o plano da expressão e a relação forma e con-
teúdo: a correção, a clareza, a adequação, a concisão, a elegância,
a vivacidade, o bom uso das figuras com valor de argumento.
Como componente teórico operacional, mantém relação de
126
Compêndio de Letras
127
Ellen dos Santos Oliveira (org.)
ARGUMENTAÇÃO NO DISCURSO
ARGUMENTAÇÃO EM AMOSSY
128
Compêndio de Letras
CHARAUDEAU
129
Ellen dos Santos Oliveira (org.)
desenhista argentino Joaquim Salvador Lavado, mais conhecido como Quino, que
utilizou a personagem Mafalda, e seus amigos para denunciar problemas sociais.
As produções desencadeiam argumentações textuais valorosas que podendo
justificar o ponto de vista dos personagens (autor) diante do discurso. Estruturando
raciocínios lógicos diante da formulação do discurso.
O modo argumentativo expõe a causalidade dos acontecimentos e visa
influenciar o interlocutor. Com a necessidade de persuadir o outro, ou da necessidade
de adesão do interlocutor aos argumentos do orador. Seria, portanto, um discurso
sobre a forma de ver o mundo. Para Amossy (2011) a argumentação é inseparável
do discurso. Vejamos os exemplos:
Figura 2
Fonte: http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/cadernospde/pdebusca/producoes_
pde/2014/2014_uem_port_artigo_sonia_cristina_savio.pdf
131
Ellen dos Santos Oliveira (org.)
Fonte: https://brainly.com.br/tarefa/30074089
132
Compêndio de Letras
133
Ellen dos Santos Oliveira (org.)
construir a partir da frase do primeiro quadrinho. Como quem cria uma sequência
justificativa para sua argumentação.
Dessa maneira, os sujeitos sociais (personagem através do escritor) consti-
tuem-se em figuras de oradores encadeando suas propostas de influência e persuasão
através da argumentação nas tirinhas utilizando-se de elementos multimodais para
enfatizar seus argumentos.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
134
Compêndio de Letras
REFERÊNCIAS
AMOSSY, R. Argumentation et Analyse du discours: perspectives théoriques et découpages disci-
plinaires. Argumentation et Analyse du Discours [En ligne], Tel-Aviv, n. 1, 2008, mis en ligne
le 06 septembre 2008. Disponível em: http://aad.revues.org/index200.html.
AMOSSY, R. Rhétorique et analyse du discours. Pour une approche socio-discursive des textes.
In: ADAM, J. M.; HEIDMANN, U. (Orgs.). Sciences du texte et analyse de discours. Etudes
de Lettres, 2005.
AMOSSY, Ruth. Contribuição da nova retórica para AD: O estatuto do Lógos nas Ciências
da Linguagem. In.: AMOSSY, Ruth. (et al.) Análises do discurso hoje. Rio de Janeiro:
Nova Fronteira, 2011.
LIMA, Marcos Aurélio de. A retórica em Aristóteles: da orientação das paixões ao apri-
moramento da eupraxia. Natal: IFRN, 2011.
REBOUL, Oliver. Introdução à retórica. Trad. Ivone Castilho Beneditti. 2ª edição. São
Paulo: Martins Fontes, 2004.
SOUZA, Wander Emediato. Retórica, argumentação e discurso. In: MARI, Hugo. (et. all.)
Análise do discurso: fundamentos e práticas. Belo Horizonte: FALE/ UFMF, 2001.
135
CAPÍTULO 12 - ESCRITA COLABORATIVA
EM INGLÊS COMO LÍNGUA ESTRANGEIRA:
PERCEPÇÕES SOBRE O PROCESSO DE
ESCRITA EM PARES
INTRODUÇÃO
CV: http://lattes.cnpq.br/0823070647544321
136
Compêndio de Letras
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
32
[...] refers to the exchange of drafts between two or among multiple learners for oral, written or a mix of oral
and written feedback. The feedback focus may be on global (e.g., content, cohesion/coherence, text organization),
137
Ellen dos Santos Oliveira (org.)
local (e.g., grammar, vocabulary, punctuations) or both global and local writing issues. Even the communica-
tive medium can be various, from face-to-face to computer-medicated communication (CMC), which can be
asynchronous (e.g., e-mail) or synchronous (e.g., chats).
33
[...] include more traditional means of email, discussion forums and chat, but also more recent methods such
as blogs, wikis, and RSS feed.
138
Compêndio de Letras
34
[...] students learn from both teaching and being taught.
35
[...] incorporate the advantages of peer collaboration (greater symmetry, mutuality and negotiation of
knowledge)
36
[...] make student writing more widely available and so provide and audience of peers beyond the instructor,
helping to create a greater awareness of audience and communicative purpose.
37
[...] provides tutors opportunities not just to deepen their knowledge and understanding of the subject but
also improving their communication and leadership skills. Tutors are encouraged, challenged, and expected to
have more knowledge and understanding of the course materials than their peers.
139
Ellen dos Santos Oliveira (org.)
38
[...] the tutor may be motivated by a moral consideration: the desire to help another student, an underachiever
or an underprivileged student.
39
As the tutee makes significant gains academically, s/he will feel better integrated within the academic
setting (class, college, etc.), and thus attitudes towards the setting may improve. The tutee’s self-esteem also may
be enhanced by the collaborative experience with a high-status peer.
40
The distance between the actual developmental level as determined by independent problem solving and the
level of potential development as determined through problem solving under adult guidance or in collaboration
with more capable peers.
140
Compêndio de Letras
METODOLOGIA
141
Ellen dos Santos Oliveira (org.)
Esta etapa diz respeito ao planejamento e escritura de A última etapa elenca a rees-
um e-mail para um colega de sala sobre um parente ou critura do rascunho, abar-
amigo próximo. cando a revisão realizada e o
Na segunda etapa, os alunos foram divididos em pares, feedback do aluno-tutor.
previamente sorteados, para realizar as revisões que, por
sua vez, deveriam incorporar desde aspectos gramaticais
até a organização de ideias e adequação ao gênero textual
proposto.
Fonte: elaborado pelo autor.
142
Compêndio de Letras
143
Ellen dos Santos Oliveira (org.)
144
Compêndio de Letras
Com base no gráfico 01, notamos que 75,0% dos alunos consideraram o
processo de escrita colaborativa como “Bom”, fato que está em congruência com as
impressões observadas nas perguntas abertas. Isto nos dá indícios de que os parti-
cipantes entenderam a escrita em pares como benéfica à produção textual.
Gráfico 02. Impressões quanto à eficácia do feedback do aluno-tutor
145
Ellen dos Santos Oliveira (org.)
CONSIDERAÇÕES FINAIS
146
Compêndio de Letras
Nossa pesquisa, que tomou corpo a partir de uma proposta de escrita recíproca
em pares, realizada com oito alunos de língua inglesa da CCB, pertencentes ao nível
B1 do Quadro Comum Europeu, obteve boa aceitação por parte dos participantes.
Nas respostas provenientes do formulário aplicado, observamos que os participantes
acreditam no potencial de trabalhar colaborativamente com seus pares.
Verificamos, outrossim, que os resultados dispostos neste estudo estão em
consonância com a literatura da área, haja vista que as impressões dos participan-
tes não apontam para uma mera preocupação sobre a nota que será atribuída pelo
professor, mas abrangem um sofisticado sistema de interação no qual elementos
interpessoais e acadêmicos entram em jogo. Sobre os aspectos interpessoais, citamos
a socialização de ideias, a construção de uma melhor autoconfiança, e até os elogios
dados pelos alunos-tutores sobre o texto revisado. Por outro lado, os aspectos aca-
dêmicos são igualmente valiosos, tais como o compartilhamento de conhecimentos
e o desenvolvimento de um pensar mais crítico e metacognitivo como forma de
poder auxiliar, com mais destreza, um aluno-orientado.
Os resultados desta pesquisa também respaldam a utilização de ferramentas
de internet atreladas ao ensino da escrita em língua inglesa. Os participantes, de
forma geral, perceberam a eficiência e rapidez no trabalho online e avaliaram a
experiência como satisfatória.
Por fim, este estudo mostrou que os alunos entendem o texto não apenas
como um instrumento para fins de avaliação, mas como um meio de socialização de
conhecimento. Tal fato nos leva a concluir que nós, professores de escrita, devamos
passar a ver as produções de nossos alunos com outros olhos e, mais importante,
façamos com que nossos alunos vejam que seus textos são um valioso meio de
interação social.
REFERÊNCIAS
AKHTAR, H.; KHAN, M. S. Peer tutoring: An effective technique to enhance students’ English
writing skills. Global Social Sciences Review, v. 4, n. 3, p. 299-305, 2020.
CHENG, Y. C.; KU, H. U. An investigation on the effects of reciprocal peer tutoring. Computers
in Human Behavior, v. 25. Elsevier, p. 40-49, 2009.
147
Ellen dos Santos Oliveira (org.)
COHEN, J.Theoretical considerations of peer tutoring. Psychology in the Schools. v.23, p. 175-186, 1986.
DURAN, D. Cooperative interactions in peer tutoring: Patterns and sequences in paired writing.
Middle Grades Research Journal, v. 5, p. 47-60, 2010.
ELLIS, R. A typology of written corrective feedback types. ELT Journal, v. 63. Oxford: Oxford
University Press, p. 97-107, 2009.
EVANS, M. J.; MOORE, J. Peer tutoring with the aid of the Internet. British Journal of Edu-
cational Technology. p. 1-12, 2012.
HEDDERICH, N. Peer tutoring via electronic mail. Teaching German, v. 30, n. 2, p. 141-147, 1997.
HYLAND, K.; HYLAND, F. Feedback on second language students’ writing. Lang. Teach, v.
39, p. 83-101, 2006.
MAHEADY, L.; MALLETTE, B.; HARPER, G. F. Four classwide peer tutoring models: similarities,
differences, and implications for research and practice. Reading and Writing Quarterly, v. 22, p. 65-89, 2006.
PARK, I. Stepwise advice negotiation in writing center peer tutoring. Language and Education,
v. 28, n. 4, p. 362-382, 2014.
ROSCOE, R. D.; CHI, M. T. H. The influence of the tutee in learning by peer tutoring. Pro-
ceedings of the Annual Meeting of the Cognitive Science Society, v. 26, p. 1179-1184, 2006.
RUEGG, R.; TAKEUCHI, H.; SATO, Y. Peer tutoring: Active and collaborative learning in
practice. Studies in Self-Access Learning Journal, v. 8, p. 255-267, 2017.
148
CAPÍTULO 13 - METODOLOGIAS DE ENSINO
DA LÍNGUA INGLESA UTILIZADAS PELO
SISTEMA EDUCACIONAL BILÍNGUE NA
TURMA DE JARDIM III DA REDE PARTICULAR
INTRODUÇÃO
44
Especialização em Docência da Língua Inglesa (ESBAM).
CV: http://lattes.cnpq.br/4332190566950346
45
Doutorado em Psicologia e Ciência da Educação (UNILEON - Espanha). Professora titular da
Universidade Paulista. CV: http://lattes.cnpq.br/3823612673388848
46
Mestrado em Educação (UFP). Docente titular (ESBAM, ICBEU e Seduc-AM).
CV: http://lattes.cnpq.br/6886019992089140
149
Ellen dos Santos Oliveira (org.)
150
Compêndio de Letras
151
Ellen dos Santos Oliveira (org.)
atividades para que a criança possa fazer uso da fala, do ver, ouvir, tocar, cheirar e
provar; (5) imaginação – O docente deve aproveitar o fértil imaginário infantil e
incorporá-los nas propostas; (6) entusiasmo – Crianças gostam de coisas novas,
usar a empolgação delas como combustível para cumprir as atividades é essencial;
(7) tempo – O foco de atenção infantil é mais limitado, entendemos que não deve
haver um excesso de informação, e que atividade preze em ser direta e objetiva para
que assim haja um aprendizado mais fluído.
Igualmente relevante é o preparo do discente, a formação inicial e continuada
do professor é de extrema importância, haja vista que este é quem cumprirá a tarefa
de produzir as atividades didáticas e avaliativas. Sendo assim, aludimos às ideias de
Cameron (2001), juntamente com as de Almeida Filho (1993), onde a importância
de que o processo de ensino e aprendizagem de língua estrangeira para crianças seja
conduzido por professores bem formados e atualizados é frisada.
BILINGUISMO
152
Compêndio de Letras
BILINGUISMO INFANTIL
153
Ellen dos Santos Oliveira (org.)
Este método, ou abordagem, vem sido discutido com mais fervor atualmente
quando estamos na era da globalização, onde toda a sociedade está conectada
através da tecnologia e há a importância de comunicação entre várias pessoas de
diferentes partes do mundo. CLIL se volta para o público acadêmico como via de
aperfeiçoamento das ementas e ofertas curriculares de escolas que buscam oferecer
a segunda língua integrada no conteúdo que se deve ser ensinado.
154
Compêndio de Letras
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este breve trabalho de pesquisa permitiu uma busca por melhores métodos
que auxiliassem o processo de aprendizagem da segunda língua, em especifico a
língua inglesa, à crianças da turma de jardim III. Para além dessa problemática foi
possível ilustras sobre como ocorre o processo de aprendizagem da língua estran-
geira pra o público infantil, falando sobre os pontos importantes a serem notados
enquanto professor de uma turma de aprendizes menores de 6 anos. Bem como
a importância do professor em estar em constante atualização e estudo contínuo
acerca do assunto.
Mesmo com poucos trabalhos de literatura sobre assunto refletimos sobre
o bilinguismo. Passamos pelas definições deste formato tão importante na educa-
ção contemporânea. Da sua história no brasil e como funciona, até chegarmos ao
bilinguismo infantil. A necessidade de inserir as crianças cada vez mais cedo no
cenário linguístico estrangeiro de modo a dar ela vantagens em diversos campos
da vida adulta.
O método inovador CLIL foi explicado e contextualizado. Os benefícios
que esta abordagem revolucionária proporciona ao aluno e ao professor vão além
da aprendizagem da língua estrangeira. Este método capacita a criança em diversas
fases cognitivas e dá ao professor a chance de se reinventar na sua própria didática.
155
Ellen dos Santos Oliveira (org.)
REFERÊNCIAS
KALVA, J.M.; FERREIRA, A.J. Ensino de inglês como língua franca e a identidade
nacional: Refletindo sobre a formação de professores. 2011.
MOITA LOPES, L.P. Oficina de linguística aplicada. São Paulo: Mercado de Letras, 1996.
CAMERON, L. Teaching English to Young Learners. Cambridge: Cambridge Univ. Press, 2001.
SOUZA, Solange Jobim e. Infância e Linguagem: Baktin, Vygotsky e Benjamin.6. ed. São
Paulo: Papirus, 2006.
MARSH, D. Bilingual Education & Content and Language Integrated Learning. International
Association for Cross-cultural Communication, Language Teaching in the Member States of the
European Union (Lingua) University of Sorbonne. Paris, 1994.
MEYER, O. Towards quality-CLIL: Successful planning and teaching strategies. Puls, 33,
2010, p. 11–29.
HOOD, P; MARSH, D. CLIL: Content and Language Integrated Learning. UK, Cambridge
University Press, 2010.
COYLE, D. Meeting the challenge: developing the 3Cs curriculum’. In Green, S. (ed.). New
perspectives on teaching and learning modern languages. Clevedon: Multilingual Matters, 2000.
156
CAPÍTULO 14 - O APRENDIZADO
DE LÍNGUA INGLESA BASEADO EM
GAMES: A METÁFORA DO ENSINO-
APRENDIZAGEM COM GAMES
Marcelo Saparas47
Fernando Oliveira Caetano48
Gean Pinho Pereira49
INTRODUÇÃO
Atualmente, dentre os hábitos presentes no cotidiano de aprendizes tanto de
língua materna como de língua estrangeira, o videogame destaca-se. Entretanto, há
poucas pesquisas acadêmicas relacionando essa mídia ao processo de ensino-apren-
dizagem de língua inglesa (DEHAAN, 2011). Siemens (2006) aponta imitações
no behaviorismo, cognitivismo e construtivismo, defendendo o conectivismo (ou
aprendizado distribuído) como uma teoria de aprendizagem mais adequada para
a era digital. Nossa capacidade de aprendizagem, hoje, residiria nas conexões que
formamos com pessoas e informações, em geral mediadas por tecnologia. Para
Downes (2006), o conhecimento e a aprendizagem são distribuídos, consistindo na
rede de conexões formada pela experiência e pelas interações em uma comunidade de
conhecimento. A aprendizagem baseada em games (game-based learning) envolve
a incorporação dos jogos digitais, educacionais ou de entretenimento, ao processo
de ensino e aprendizagem. A meta-análise realizada por Chian-Wen (2014), por
exemplo, sugere sua eficácia para o aprendizado de inglês como língua estrangeira,
e pretende-se verificar se essa conclusão é válida no estudo de caso aqui examinado.
Pretende-se com essa pesquisa entender a metáfora conceptual (LAKOFF e
JOHNSON, 2003), depreendida do aprendizado de língua inglesa e utilizada por usuários
de games ao se referirem ao aprendizado de língua estrangeira. Neste estudo investi-
ga-se a relação entre a metáfora, a analogia e a construção do conhecimento científico
em situação formal de ensino. O âmbito da investigação circunscreve-se ao campo dos
47
Doutorado em Linguística Aplicada e Estudos da Linguagem. (PUCSP). Professor de Língua Inglesa
e Linguística (UFGD). CV: http://lattes.cnpq.br/9518476520187106
48
Mestrando em Letras (UFGD). CV: http://lattes.cnpq.br/9565507000655971
49
Graduando em Letras (UFGD). CV: http://lattes.cnpq.br/6799620651206164
157
Ellen dos Santos Oliveira (org.)
158
Compêndio de Letras
LINGUÍSTICA SISTÊMICO-FUNCIONAL
159
Ellen dos Santos Oliveira (org.)
AVALIATIVIDADE
160
Compêndio de Letras
A metáfora
Aristóteles em Poética definiu a metáfora como “dando à coisa o nome que
pertence à outra coisa”. Contudo, a crítica principal a essa definição é de que ela se
baseia em característica linguística e não em característica cognitiva, pragmática
ou retórica da metáfora.
Acreditava-se, segundo Charteris-Black (2004), que a metáfora consistia em
comparações implícitas baseadas em princípios de analogia; essa teoria tradicional de
metáfora ficou conhecida como visão comparativa da metáfora. Nessa visão, o papel da
metáfora no discurso era superficial, intensificando a elegância estilística por meio de
ornamentação linguística. Contudo, se examinarmos criticamente a metáfora no contexto,
veremos que ela é mais que isso, pois influi no tipo de julgamento de valor que fazemos.
Também, Charteris-Black afirma que a metáfora é vital na criação dessa
apresentação da realidade. O autor afirma que o potencial pragmático da metáfora
em evocar respostas emotivas mostra que é exatamente essa a forma de ação verbal.
A metáfora é, por isso, central para a ADC uma vez que se relaciona com a formação
de uma visão coerente da realidade. A análise crítica de contextos de metáforas em
corpora grande pode revelar intenções subjacentes do produtor do texto e assim
serve para identificar a natureza de certas ideologias.
Voltando agora para os aspectos pragmáticos do que não é dito ou escrito,
mas comunicado no discurso, devemos nos deter nas noções psicológicas como
conhecimento prévio, crenças e expectativas.
A metáfora está presente em nossas vidas, mesmo que não percebamos o
quanto seu uso é extremamente comum nas falas mais convencionais do cotidiano.
Por mais que algum indivíduo não tenha conhecimento do que significa o termo
“metáfora”, é muito provável que ele o use muito mais do que imagina, de forma
até automática. Como diz Sardinha citando um outro autor (GIBBS, 2006b): a
metáfora é para a gente como a água é para os peixes: está em toda parte.
A metáfora faz parte do estudo dos sentidos figurados da linguagem, que são
usos não literais das palavras e expressões da língua (SARDINHA, p. 13).
Por que é importante entender a metáfora? A metáfora é usada em muitos
discursos que estão presentes em nossas vidas, e muitas vezes esses discursos não são
100% explorados por pessoas que apenas veem a ‘superfície da fala’ de, por exem-
plo, um político, advogado, jornalista, escritores e poetas (SARDINHA, p. 13). A
161
Ellen dos Santos Oliveira (org.)
METODOLOGIA
PROCEDIMENTOS DE ANÁLISE
ANÁLISE
163
Ellen dos Santos Oliveira (org.)
bem como dos julgamentos feitos pelos entrevistados a respeito da relação apren-
dizado de inglês-games, para se chegar à conclusão final. Abaixo transcreve-se o
relato feito pelos participantes.
Participante 1
O participante 1 tem 19 anos e no seu relato, bem como no relato dos demais,
depreendeu-se Julgamento+ com relação à utilização dos games na aprendizagem da
língua inglesa. Entretanto, houve Julgamento- na questão dois. Esse julgamento se
deve ao fato de associar o uso de games à ausência de seus pais. Esse participante
alega ter nível intermediário em inglês e ter aprendido melhor a habilidade escrita.
Segundo ele, a ênfase na habilidade escrita ocorreu pelo fato de possuir apenas jogos
retrô (sic), que transmitem seus comandos por meio da escrita.
Participante 2
O participante 2 tem 21 anos e considera seu nível de inglês baixo. Faz Jul-
gamento + sobre os games na questão 9 e Julgamento – em relação à aprendizagem
da gramática da língua. A habilidade que ele alega dominar é as escrita, pois afirma
que nos games, não se muda de fase se não souber ler e escrever esses comandos.
Participante 3
O participante 3 é o mais jovem (14 anos) e diz ter nível baixo de inglês,
porém argumenta que domina a habilidade de ouvir (listening) e associa os comandos
que ouvia nos jogos aos elementos linguísticos que apreciam nas apostilas da escola.
Ele julga, como os demais participantes, que os games não vão substituir as aulas
tradicionais de língua inglesa.
Participante 4
Diferentemente dos demais, esse participante pondera que seu nível de inglês
é alto e que sua oralidade e seu vocabulário melhoraram consideravelmente com o
uso dos games no aprendizado da língua.
Participante 5
O último participante tem 22 anos e arrazoa que por os melhores games
serem na maioria das vezes importados, há uma melhora na escrita dos aprendizes
de inglês, apesar de considerar seu nível de inglês intermediário. É como se sentisse
estar fazendo uma imersão (sic) em língua inglesa. Ele declara que seu nível de
inglês é intermediário e que os games até ensinam gramática e dá como exemplo
164
Compêndio de Letras
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
BERBER SARDINHA, T. Metáfora. São Paulo: Parábola. 2007.
165
Ellen dos Santos Oliveira (org.)
DEHAAN, J. Teaching and learning English through digital game projects. Digital Culture
& Education. 3:1, 2011, pp. 46-55. Disponível em: http://www.digitalcultureandeducation.
com/cms/wp-content/uploads/2011/04/dce1046_dehaan_2011.pdf . Acesso em Jan, 2020.
DOWNES, S.. Learning networks and connective knowledge. Disponível em: <http://itforum.
coe.uga.edu/paper92/paper92.html>.2006
GIBBS, Jr,R.. Metaphor interpretation as embodied simulation. Mind & Language, 21/3, 2006b,
pp. 434-458.
LAKOFF e JOHNSON. 2003. Metaphors we live by. Chicago, IL: Chicago University Press.
SIEMENS, G. Connectivism: a learning theory for the digital age. International Journal of
Instructional Technology and Distance Learning. v. 2, n. 1. 2005.
___________. Connectivism: learning theory or pastime for the self-amused? Elearnspace. 2006.
WEBSTER, J. Introduction. In: Ruqaiya Hasan; Christian Matthiessen & Jonathan Webster.
Orgs. Continuing discourse on language: a functional perspective. New York: Continuum Intern.
Publishing Group, 2005.pp. 3-13.
YIN, R.K. Estudo de caso: planejamento e métodos. 5. ed. Porto Alegre: Bookman. 2015.
166
CAPÍTULO 15 - OS TESTES ATITUDINAIS
COMO FERRAMENTAS METODOLÓGICAS
PARA O ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA
À LUZ DA SOCIOLINGUÍSTICA
VARIACIONISTA
INTRODUÇÃO
50
Doutoranda em Linguística (UFPB). CV: http://lattes.cnpq.br/9990857040057665
51
Mestrando em Linguística (UFPB). CV: http://lattes.cnpq.br/1177481197889421
167
Ellen dos Santos Oliveira (org.)
168
Compêndio de Letras
há 11 anos. Porém, por nossa pesquisa ser de natureza qualitativa, esse desequilíbrio
não trará impactos na análise e discussão dos dados. Por fim, a variável escolaridade
apresenta uniformidade na sua distribuição, sendo todos os informantes estudantes
do 8º ano, do Ensino Fundamental. A coleta de dados 52foi feita a partir de testes
atitudinais, em que utilizamos o método de abordagem direta, com o ímpeto de
avaliar as crenças e as atitudes linguísticas dos educandos.
A comunidade de fala de Bom Jesus é um distrito da cidade de São José de
Piranhas-PB. Localiza-se a 51 km da zona urbana desse município e compreende os
sítios: Boa Vista, Caldeirão, Lages, Malhada das Flores, Mangação, Poço Vermelho
e Ponta da Serra. Do ponto de vista sociodialetal, essa comunidade de fala possui
traços fonéticos salientes e bem peculiares, com padrões de entonações graves e
ritmos vocálicos acentuados. Devido ao tipo de voz que os falantes possuem, estes
são muitas vezes criticados, com estereótipos e avaliações negativas.
O capítulo consistirá em uma seção de desenvolvimento que perpassará
aspectos teóricos concernentes à Sociolinguística Variacionista, bem como a questões
relativas às crenças e atitudes linguísticas e à Teoria da Acomodação, doravante TA.
Na sequência, será ainda na seção de desenvolvimento, será apresentada a meto-
dologia da pesquisa e a análise e discussão dos dados para, finalmente, passarmos
para a seção das considerações finais.
DESENVOLVIMENTO
52
No que tange à fase da coleta de dados, é mister ressaltar que os testes atitudinais com os informantes
foram aplicados antes da pandemia do vírus da Covid-19.
169
Ellen dos Santos Oliveira (org.)
170
Compêndio de Letras
171
Ellen dos Santos Oliveira (org.)
Sobre a TA, concluímos, pelo exposto até então, que esta teoria leva em
consideração a atitude do falante tanto em relação à sua comunidade de fala quanto
172
Compêndio de Letras
173
Ellen dos Santos Oliveira (org.)
174
Compêndio de Letras
minha família visitar uns parentes em São Paulo, e eu tentava falar chiano igual a eles,
porque eles mangava da minha fala arrastada.
Os trechos dos informantes 03 e 07 evidenciam um etnocentrismo dialetal
por parte dos falantes das cidades de São José de Piranhas e Maranhão que, por
residirem na zona urbana, acreditam que detêm mais poder e que o dialeto da
cidade é superior ao do Distrito e, por isso, estereotipam o dialeto do Distrito como
feio e com sátiras pejorativas, em que acreditam na supremacia de um dialeto em
detrimento de outro, é o ego etnocêntrico de cada um.
Rocha (1984) salienta que o ego etnocêntrico ocorre em distintas instituições
da sociedade. Para o autor, o princípio dos comportamentos etnocêntricos se dá por
meio do relativismo cultural e científico.
Notamos insegurança linguística por parte dos informantes. Para Calvet
(2002), há segurança linguística quando os falantes não se sentem questionados
em seu modo de falar e há insegurança quando os falantes consideram seu dialeto
pouco valorizador. É o caso de ambos os informantes que sentem a necessidade de
convergir outro dialeto por avaliar o seu dialeto local como: “feio, esquisito, estra-
nho, arrastado”, por não sentirem-se aceitos, aprovados, devido às pressões sociais,
tais informantes adaptam-se aos comportamentos comunicativos uns dos outros,
sentindo necessidade de reajustarem o dialeto local.
Vejamos agora o que dizem os informantes 05 e 10:
Entrevistador: Você acha que tem algumas maneiras de falar que são melhores
e mais bonitas que outras?
Informante 05: Sim, eu acho a fala dos paulistas, dos cariocas, mais bonita que
a nossa. Eles falam mais correto, eles explicam melhor né, eu acho que eles falam melhor
que a gente, mais bonito que a gente, a gente fala errado, o povo manga.
O fragmento a seguir elucida a insegurança linguística do informante 10:
Entrevistador: Tem algo que você não gosta em seu sotaque? Gostaria de
mudar a sua maneira de falar?
Informante 10: Tem sim, não gosto do meu jeito de fal[á], é muito diferente, não
me sinto bem, acho a minha maneira de fal[á] bem arrastado, tenho vergonha quando tô
nos lugares, porque o povo fica mangano de mim, acho que falo errado. Tenho vontade de
fal[á] como quem mora em São Paulo, por exemplo.
175
Ellen dos Santos Oliveira (org.)
CONSIDERAÇÕES FINAIS
176
Compêndio de Letras
REFERÊNCIAS
CALVET, L. Sociolinguística: uma introdução crítica. Tradução de Marcos Marcionilo.
São Paulo: Parábola, 2002.
CAVALCANTE, Daiane A.; LACERDA, Willian F. Furtado de. Crenças e atitudes linguís-
ticas na sala de aula: a pesquisa etnográfica como ferramenta metodológica de ensino de língua
materna sob uma abordagem sociolinguística. In: COSTA, Denise Teixeira da; et al (orgs.).
Travessias da linguagem: as veredas da inclusão e do ensino - Anais da I Semana de Letras
do IFPB campus Sousa, 07 a 09 de novembro de 2019. João Pessoa: IFPB, 2020. Disponível
em: <http://editora.ifpb.edu.br/index.php/ifpb/catalog/book/389>. Acesso em: 22 abr. 2021.
Giles, H. (1973). Accent mobility: A model and some data. Anthropological Linguistics, 15, 87–109.
177
Ellen dos Santos Oliveira (org.)
LABOV, William. Padrões Sociolinguísticos. Tradução de Marcos Bagno et al. São Paulo:
Parábola Editorial, 2008.
178
CAPÍTULO 16 - O PAPEL DO REVISOR
TEXTUAL NA CONSTRUÇÃO DO ETHOS
DISCURSIVO
INTRODUÇÃO
53
Especialista em Revisão de Textos (UNYLEYA). CV: http://lattes.cnpq.br/1959468955341021
179
Ellen dos Santos Oliveira (org.)
Entendendo a enunciação
180
Compêndio de Letras
181
Ellen dos Santos Oliveira (org.)
182
Compêndio de Letras
O revisor textual
184
Compêndio de Letras
185
Ellen dos Santos Oliveira (org.)
se propõe a revisar, como já foi dito. A diferença é que o leitor, enquanto revisor
pode alterar o texto, mas o leitor comum, não.
Isso instiga a pensar sobre a questão do ethos discursivo na revisão de textos,
porque, se o revisor pode atuar como coenunciador e priorizar dessa forma qualquer
leitura e discurso que tome como sendo o mais adequado, pode também, desvirtuar a
figura do ethos dentro do texto, ainda mais quando nos deparamos com uma revisão
de caráter duvidoso. Nesse sentido, é possível apreender que
[…] na materialidade linguística se constrói uma corporeidade
evocada por um tom escolhido para enunciar, […] ao consi-
derar que o papel do leitor ultrapassa a simples identificação
de uma voz fiadora. […] há uma relação constitutiva entre
fiador do ethos discursivo e coenunciador. […] o revisor de
textos parece trabalhar para legitimar o fiador, direcionando
o interlocutor final a certo caminho de leitura: é em uma
dada direção que se deve ir, é preciso manobrar nessa direção.
(SOUSA, 2015, p. 62).
Diante do que foi exposto anteriormente, cabe aqui, pensar o revisor como
aquele que participará do processo de fidedignação do ethos discursivo. Sabemos
que as diversas etapas do processo editorial também envolvem diversas pessoas,
começando pelo revisor de textos. Por isso, Sousa (2015) afirma que “em meio
186
Compêndio de Letras
187
Ellen dos Santos Oliveira (org.)
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Diante do exposto, fica claro que o papel do revisor de textos vai além do
imaginado, não se detendo apenas em correções gramaticais, mas sim, de algo mais
complexo que diz respeito à cena enunciativa a que os textos pertencem.
É possível afirmar que, por seu caráter de coenunciador, o revisor pode
influenciar na construção do ethos discursivo e alterá-lo, se não observar o contexto
a que o texto está inserido.
Os conceitos relacionados ao ethos discursivo, bem como aos principais teó-
ricos que debatem sobre o tema, foram de extrema importância para conhecermos
mais sobre o assunto.
A reflexão sobre a prática de revisão textual relacionando-a com conceitos
da enunciação proporcionou a discussão do revisor como coenunciador e sobre a
possibilidade de influência através da revisão.
Assim, de maneira indutiva e à luz das percepções acerca dos conceitos
debatidos e explanados ao longo deste capítulo, foi possível assimilar qual é o papel
do revisor textual, tanto no processo de editoração, como dentro da sociedade.
188
Compêndio de Letras
REFERÊNCIAS
BAKHTIN, Mikhail. Estética da criação verbal. São Paulo: Martins Fontes, 4 ed, 2003.
BARROS, Diana Luz Pessoa de. Teoria semiótica do Texto. São Paulo: Ática, 4 ed, 2000.
BENVENISTE, Émile. Problemas de linguística Geral II. Campinas, SP: Pontes Editores,
2 ed, 2006.
MARTINS, Maria Silvia Cintra. Ethos, Gêneros e Questões Identitárias. D.E.L.T.A, 2007.
PASSOS, João Augusto de Oliveira; SANTOS, Maria Lino dos. Leituras, Revisão textual
eu revisor. Revista Anapolis Digital: GO, 2011.
SALGADO, Luciana Salazar. O autor e seu duplo nos ritos genéticos editoriais. Revista
Eutomia, ano 1, n. 1, 2008.
SOUSA, Luciana Rugoni. O imaginário do revisor de textos nos ritos genéticos editoriais.
São Carlos/SP: UFSCar, 2015.
YAMAZAKI, Cristina. Editor de Texto: Quem é e o que faz. XXX Congresso Brasileiro
de Ciências da Comunicação, Santos, 2007.
189
CAPÍTULO 17 - RELAÇÕES LEXICAIS E
REPRESENTAÇÕES SOCIAIS DE GRUPOS
MINORITÁRIOS: UM ESTUDO A PARTIR DO
NÓDULO ÓDIO EM UM CORPUS DE TEXTOS
MIDIÁTICOS
INTRODUÇÃO
CV: http://lattes.cnpq.br/3999334958306911
190
Compêndio de Letras
191
Ellen dos Santos Oliveira (org.)
aos variados grupos minoritários, sendo que alguns são mais atingidos que outros.
Nesse aspecto ideológico, também estão presentes as questões ligadas à hegemonia
na forma de luta, pois esta é, conforme Fairclough (2001, p. 122) explicita a partir do
pensamento de Antonio Gramsci, um “equilíbrio instável”.
Desse modo, por meio das considerações teóricas apresentadas anteriormente,
podemos afirmar que o principal objeto de interesse da Análise Crítica do Discurso
é o aspecto discursivo da mudança social, em que o discurso é imprescindível por se
tratar de um instrumento de dominação, mas também de transformação e mudança.
Nas palavras de Magalhães (2004, p. 28), “(...) a teoria social do discurso pode ser
considerada revolucionária e ideológica – por pretender transformar as relações de
dominação existentes em outras e, nesse sentido, originar práticas discursivas que
sustentem essa transformação”.
Fazendo uso da interface entre ACD e Linguistica de Corpus, Magalhães
(2004) propõe o estudo de palavras socialmente relevantes por meio do uso de cor-
pus, como fornecedoras dos dados para a análise crítica do discurso. É dessa forma
que este trabalho busca subsídios na Linguística de Corpus, conforme proposta por
Sinclair (2001), em que o corpus selecionado auxiliará no fornecimento de dados para
uma análise em que, por ser confiável e reduzido, a intervenção do pesquisador pode
se dar desde o início, por isso, o uso do corpus de pequena dimensão. Seu uso amplia
a variedade e quantidade de textos e práticas analisadas, possibilitando realizar uma
análise linguística quantiqualitativa em face do nódulo ódio. Conforme enfatiza Carmo
(2018, p. 108), esta é “uma forma de combinar técnicas qualitativas e quantitativas
que não precisam estar, necessariamente, uma contra a outra”.
Nosso corpus é composto dos 100 primeiros textos disponíveis para coleta
no sítio de pesquisa Google em que o nódulo ódio estava diretamente associado a
algum grupo minoritário. Minoria foi definida a partir de Carmo (2016, p. 205) o
qual explica que ela se define por uma particularização dentro de um agrupamento
generalizado pela indeterminação de traços, que indicam um padrão de suposta
normalidade, considerada majoritária em relação a outro grupo. A partir disso,
realizamos um levantamento dos grupos sociais que estão constantemente repre-
sentados de maneira odiosa, e abordamos as questões ideológicas e hegemônicas
subjacentes, as formas de pensamento e crença que as sustentam.
192
Compêndio de Letras
193
Ellen dos Santos Oliveira (org.)
Esses dados mostram que nódulo ódio é significativo para a teia relacional
de discursos nos textos e que a mídia está constantemente elaborando textos que
abordam esse tema como um tópico importante. Porém, a ampla abordagem deste
tópico não pode ser considerada positiva, devido à sua própria prosódia semântica
advinda de sua associação a algo negativo e pejorativo, reforçando uma visão violenta
e preconceituosa. Ainda, constatamos também que o nódulo ódio não esconde a visão
assimétrica existente em nossa sociedade ao demarcar as minorias por associação a
um pensamento excludente e constantemente ligá-las a ataques e violências físicas
e simbólicas.
Por meio da ferramenta intitulada Clusters/N-Grams, percebemos a recorrên-
cia do nódulo ódio ligado a outros termos e traçamos uma relação entre os grupos
nominais constituídos e variados problemas sociais, como se pode ver nos seguintes
grupos: Ódio na internet, Ódio e violência, Ódio e discriminação, Ódio e intolerância, Ódio
e extremismo, Ódio entre culturas, Ódio contra minorias, Ódio de classe, Ódio e ataques,
Ódio e nojo, Ódio no Brasil, Ódio na Alemanha, Ódio no país, Ódio termina mal, Ódio
às políticas, Ódio ao outro, Ódio aos diferentes, Ódio e guerra, Ódio em propagandas,
Ódio virar xingamento, Ódio às diferenças, e Ódio, raiva, intolerância.
Podemos perceber a grande ligação do ódio com extremismos e sentimentos
negativos (violência, intolerância, ataques, guerra, xingamento, raiva, nojo) que acarretam
problemas sociais, como a discriminação, o aumento da violência, da intolerância
e guerras. E também temos que o ódio está, na maioria das vezes, relacionado às
diferenças, sejam elas sociais, culturais ou étnicas, mas sempre o ódio ao diferente
de um suposto padrão social, cultural e historicamente construído.
Observamos a presença do cluster “ódio na internet” em que a disseminação
do ódio está diretamente associado à internet como meio propagador, visto que este
é também um meio rápido de transmissão de informação e que abrange uma grande
quantidade de indivíduos rapidamente, uma faceta da prática discursiva muito útil
em termos de distribuição e consumo de textos.
Ainda, o cluster “ódio contra minorias” está presente de um modo muito
significativo, conforme fragmento adiante, que aborda a preocupação da naturalização
do discurso de ódio nas mídias presentes na sociedade.
(1) Não estou preocupada apenas com o cultivo, mas com o culto ao ódio. Houve um cultivo
de ódio no sentido de plantar ódio contra minorias, de construir minorias de forma
194
Compêndio de Letras
odiosa. E cultivo do ódio no sentido de culto mesmo a esse ódio, porque em determinado
momento parecia que era bom odiar, legal odiar, para uma parte da população parecia
que era venerável e justo odiar. (UOL, 2018, grifo nosso).
195
Ellen dos Santos Oliveira (org.)
Fonte: os autores.
Fonte: os autores.
196
Compêndio de Letras
197
Ellen dos Santos Oliveira (org.)
198
Compêndio de Letras
gêneros (enquanto no período anterior, foram 1.248). O total de crimes, registrados até
o fim de março, foi de pouco mais de 13 mil. (O GLOBO, 2018, grifo nosso).
Analisando o próximo fragmento, podemos perceber que o produtor do texto
traz uma distinção entre indignação e ódio, trazendo a tensão de diferentes discursos
à tona. Aqui, é possível tecer uma comparação entre o potencial transformador da
indignação com o potencial transformador do discurso. A indignação é capaz de
impulsionar uma mudança, buscando uma perspectiva melhor para a sociedade do
mesmo modo como o discurso é também capaz de provocar esta mudança social e
cultural, o que pode ser feito em aliança.
(4) A indignação em relação à nossa sociedade deve constituir-nos como seres políticos,
como seres capazes de lutar por mudanças, como seres humanos insatisfeitos com tanta
desumanidade. Mas não nos confundamos: indignação não significa ódio. A indignação
impulsiona transformações necessárias. O ódio, não. São sentimentos muito distintos
e com consequências muito diversas. Tendo isso em mente, preocupa-me perceber que
uma parte da sociedade brasileira vem hoje apostando suas fichas nas possibilidades
de salvação da pátria por parte de um candidato que é a síntese máxima do ódio.
Achando feio o que não é espelho, o Narciso de nossos tempos odeia todas as mulheres,
declarando que elas merecem ganhar menos do que os homens. Odeia todos os negros,
dizendo que foram eles que se autoescravizaram e são os responsáveis por suas próprias
mazelas. Odeia os homossexuais. Odeia todos aqueles que assumem posições políticas
diferentes às suas, dizendo em alto e bom tom que é a favor da tortura e tecendo louvores
à ditadura militar e ao General Ustra, um dos representantes máximos dessa forma de
governo. (CARTA CAPITAL, 2018, grifo nosso).
199
Ellen dos Santos Oliveira (org.)
o discurso odioso, mas sim aquele que respeita as alteridades. A partir disso, vemos que
a influência dos diferentes discursos sobre os indivíduos é tão intensa que o incoerente
pode se tornar palatável onde o ódio pode ser visto como a salvação.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
200
Compêndio de Letras
REFERÊNCIAS
ANTHONY, Laurence. AntConc (Versão 3.5.8) [Software de Computador]. Tóquio,
Japão: Universidade de Waseda. 2019. Disponível em: <https://www.laurenceanthony.net/
software/antconc/>. Acesso em: 20 jan. 2021.
CARMO, C. M. Uma análise crítica dos discursos sobre o sincretismo em mídia impressa:
um diálogo com as Ciências Sociais. São Carlos: Pedro & João Editores, 2018.
201
SEÇÃO 2
ESTUDOS LITERÁRIOS
202
CAPÍTULO 18 - AS PECULIARIDADES E A
SENSIBILIDADE DO TEXTO POÉTICO NAS
AULAS DE LÍNGUA PORTUGUESA: UMA
PRÁTICA EFUSIVA
INTRODUÇÃO
203
Ellen dos Santos Oliveira (org.)
que “[...] a leitura bibliográfica é vital [...].” (DEMO, 1987, p. 24) porque “[...] se
efetua tentando-se [...] adquirir conhecimentos a partir do emprego predominante
de informações advindas de material gráfico, [...]” (BARROS; LEHFEL, 2007, p.
85) entre outros, destarte, esta técnica de pesquisa corresponde ao presente artigo.
Portanto, este trabalho tem como intento: a leitura de poemas; a aproximação
do educando da poesia; sugestão de leituras de poemas, ilustrações, entre outras.
204
Compêndio de Letras
Neste cenário, o poema sendo utilizado como pretexto para atividades vol-
tadas para a gramática retira o fascínio da leitura do texto poético. É evidente que
“Ler poesia exige sentimento, emoção, [...]” (ANTUNES, 2017, p. 88) devido às
ideias apresentadas irem ao encontro da subjetividade do indivíduo que ler. Assim,
“A leitura de poemas, [...] não é uma leitura; é uma declamação, que deve ser feita
em um ambiente de total concentração, para deixar o encantamento fluir. Por isso,
uma vez ou outra, quem lê pode interromper a ‘declamação’ para exclamar: ‘Que
coisa bonita! ” (ANTUNES, 2017, p. 88) e isso pode ser proporcionado no ambiente
de sala de aula.
No empenho maior de trabalho,
As escolas terão realizado sua missão se forem capazes de
desenvolver nos alunos o prazer da leitura. Ele é o pressu-
posto de tudo mais. Quem ama ler tem nas mãos as chaves
do mundo. Mas o que vejo acontecendo é o contrário. São
raríssimos os casos de amor à leitura desenvolvido nas aulas
de estudo formal da língua. [...]. Vendem-se, nas livrarias,
livros com resumos das obras literárias [...]. Quem aprende
resumos de obras [...] aprende a odiar a literatura. [...] Sonho
com o dia em que as crianças que leem meus livrinhos não
terão de grifar dígrafos e em que o conhecimento das obras
literárias não será objeto de exames vestibulares: os livros
serão lidos pelo simples prazer da leitura. (ALVES apud
ANTUNES, 2017, p. 89)
205
Ellen dos Santos Oliveira (org.)
206
Compêndio de Letras
mágicas, [...]” (MOISÉS, 1997, p. 87) que é sentida pelo leitor ao realizar a leitura.
Por conseguinte, “Palavras em estado de poesia superam as formas ordinárias de
comunicação e, desviantes, percorrem as margens da nomeação convencional. Pois,
como já disse Manoel de Barros, função de poesia é encantar palavras. ” (CADE-
MARTORI, 2009, p. 115) e por desta incumbência a linguagem é o recurso que
diverge o poema de outros gêneros.
Como se pode constatar, o gênero poema é abrangente devido a sua extensão
imaginária por que vai além do significado que está exposto no dicionário, o texto
poético cria e recria as palavras de forma que vai além das regras e determinações
das normas da língua, a palavra
[...] produz efeito imagístico, seja ela a rigor de uma imagem
ou não. Pois, quando empregadas poeticamente, as palavras
evocam tal abundância de ideias e de sentimentos que, se
consideradas à função que cumprem em outras formas de
linguagem, podem ser consideradas imagísticas. (CADE-
MARTORI, 2009, p. 103)
Nesse âmbito, a imaginação dos leitores vai além da leitura e da linguagem.
Pelo efeito da leitura, reconhece-se que “Ler um poema é buscar sentidos [...]”
(SORRENTI, 2009, p.19); e, externizar de diferentes maneiras, como: fazer um
círculo de discussão, ilustrar, declamar, entre outras.
Muitos são os caminhos para trabalhar os textos literários, seja em prosa
ou em poesia, contudo, “Embora os textos se diferenciem quanto ao tipo de função
que cumprem, o texto poético é, pacificamente, admitido como uma especificidade
funcional bastante particular. Seus padrões de realização situam-se numa ordem
que muito o distancia dos textos de outras funções. ” (ANTUNES, 2017, p. 86).
Isto posto, leva em consideração a singularidade do poema, visto que “[...] o texto
poético é, eminentemente, arte. E toda arte, por definição, é uma idealização do real,
o que significa que se move em um plano ideal, sem compromisso, com os limites
da realidade concreta. ” (ANTUNES, 2017, p. 86) A mensagem do autor aproxima
desta realidade, mas de forma significativa e com uma linguagem poética.
Sucede, no entanto que “[...] o discurso literário é um discurso específico,
em que a seleção de palavras não se faz apenas pela significação, mas também por
outros critérios, um dos quais, o sonoro. ” (GOLDSTEIN, 2004, p. 05) que tem
207
Ellen dos Santos Oliveira (org.)
tanta relevância como o seu significado. Uma boa organização das palavras consegue
levar o leitor a identificar a música e a sonoridade à medida que vai lendo o texto.
Verifica-se que
[...] do discurso poético abre-se mão da linguagem objetiva,
lógica, sistemática e unívoca dos textos informativos e dos
livros didáticos. O texto poético inventa e reinventa as palavras,
pode transgredir as normas oficiais da língua, criando ritmos
e sonoridades inesperados. Enfim, constitui-se num discurso
plurissignificativo que visa diferentes leitores, os quais podem
chegar a diferentes interpretações, dependendo do modo
como explora os conteúdos no poema. (SILVA, 2015, p. 64)
208
Compêndio de Letras
209
Ellen dos Santos Oliveira (org.)
mais particular do objeto, [...]” (CHKLOVSKI, 1976, p. 50) que no caso do texto
poético depende da idealização de cada leitor.
Nessa atmosfera, é perceptível que “[...] os poemas [...] podem versar sobre
os mais variados conflitos, estados de espírito e sentimentos.” (SORRENTI, 2009,
p.14) e por este ângulo a leitura de poemas trazendo diversas temáticas gera senti-
mentos variados nos leitores, na medida em que “O poema apresenta condensadas
as emoções e as ideias, projetadas em imagens associativas.” (SORRENTI, 2009, p.
14). Assim, não tem como separar a leitura da imagem que se obtém ao realizá-la.
Desta maneira, a poesia incorpora “[...] as atividades prazerosas e lúdicas
[...]” (SORRENTI, 2009, p. 17) quando são postas em prática com este enfoque. A
instituição escolar tem “[...] a tarefa de criar no aluno o gosto pela poesia. ” (SOR-
RENTI, 2009, p. 17) e não há necessidade de grandes eventos ou projetos para
realizá-la, isso pode ocorrer no cotidiano, em sala de aula. Destarte, é significativo
que o educador “[...] crie, n a sala de aula, um clima capaz de assegurar ao trabalho
de exploração do texto poético todas as possibilidades criativas, como os desenhos,
os jogos visuais [...]” (SORRENTI, 2009, p. 20) entre outras tarefas.
Trabalhar com o aluno a ilustração dos poemas lidos aproxima mais o leitor
do texto, tendo em vista que esta tarefa representa no papel a imagem que se obtém
da leitura. Com tais considerações, “O dicionarista Celso Pedro Luft afirma que
“imagem” é a representação de pessoa, coisa, etc., por meio de desenho, pintura, [...]
e outros processos. ” (SORRENTI, 2009, p. 43-44). Por meio da ilustração dos poe-
mas os alunos reproduzem o que fica em abstrato quando é feita, apenas, a leitura.
A atividade pode ser realizada de forma viável como a distribuição de poesias
para a leitura com autores e temas diversos, como: Cecília de Meireles, Vinicius de
Moraes, José Paulo Paes, Mário Quintana, entre outros, direcionadas tanto para
o ensino fundamental I e II quanto para o ensino médio, desde que “Ao escolher
um poema para ler na sala de aula, devemos fazer com critério. [...] prepará-lo com
gosto, [...]” (SORRENTI, 2009, p. 72), e não considerar na distribuição a “[...]
temática de um poema, por exemplo, deixa de respeitar os esquemas previsíveis das
interações comuns. ” (ANTUNES, 2017, p. 86) devido o tema que inequivocamente
atendendo a idades específicas em sala de aula alcançará os resultados almejados.
Por vezes, “Cada leitura produz um poema diferente. Nenhuma leitura é
definitiva [...]” (PAZ, 1984, p. 202) haja vista a imagem e a subjetividade que cada
210
Compêndio de Letras
leitor faz desta leitura. Assim, constrói-se por meio dos seus pensamentos significados
diversos que podem levar em consideração o cotidiano do leitor, a sua realidade ou
utopia. Dessa maneira, “A poesia é a ponte entre o pensamento utópico e a realidade,
o momento da encarnação da ideia. (PAZ, 1984, p. 143) que flui por meio da leitura
do texto poético. Sendo que “[...] a imagem é a verdadeira realidade. ” (PAZ, 1984,
p. 159) que expressa o que absolveu do poema.
A leitura sendo realizada com prazer e atenção “[...] em classe pode-se cons-
tituir como o primeiro passo para criar o gosto pelo texto poético. ” (SORRENTI,
2009, p. 73) oportunizando a execução desta com o tempo necessário tanto para
a leitura silenciosa, bem como fazer declamação, permuta de textos poéticos com
os colegas, sugestões para a leitura dos textos lidos por cada um, possibilitando aos
alunos oportunidades para dialogarem uns com outros acerca dos poemas para
posteriormente realizar a produção visual, ou seja, ilustrar os poemas. Todas estas
atividades são possíveis, porque a escola é o ambiente formal que o discente tem
acesso a este gênero.
CONSIDERAÇÕES
O leitor do texto poético vai além dos vocábulos, porque tem um olhar que
oportuniza criar imagens de forma livre da leitura realizada. Trabalhar de diversas
formas os poemas faz com que os alunos recepcionem a poesia com mais prazer,
concedendo a eles a liberdade de escolha temática entre muitos poemas.
O poema abre um leque de oportunidades para ser trabalhado em sala
nas aulas de língua portuguesa, como: a realização de atividades de memorização,
leitura literária, aspectos gramaticais, encenação, declamação, exposição de mural,
etc. Sendo que a ilustração com base na leitura de poemas torna-o mais significativo,
da mesma forma que otimiza para o discente a erudição da sua mensagem poética.
Logo, neste prisma, verificou-se que na poesia o seu nível artístico e fictício
realizou-se em virtude da construção de sentidos e do procedimento de pensar por
imagens, assim como ilustrá-las.
REFERÊNCIAS
ANDRADE, Fabiana. A pedagogia do afeto em sala de aula. 2. ed. Recife: Prazer de ler, 2014.
211
Ellen dos Santos Oliveira (org.)
DEMO, Pedro. Introdução à metodologia da ciência. 2. ed. São Paulo: Atlas, 1987.
FLICK, Uwe. Introdução à pesquisa qualitativa. 3. ed. Porto Alegre: Artmed, 2009.
FREIRE, Paulo. A importância do ato de ler: em três artigos que se completam. 48 ed. São
Paulo: Cortez, 1988.
GOLDSTEIN, Norma. Versos, Sons e Ritmos. 6. Ed. São Paulo: Ática, 2004.
______, Massaud. A criação literária: poesia. 13. ed. São Paulo: Cultrix, 1997.
SANTOS, Marcus Vinicius Machado dos. A leitura como prática cotidiana e motivacional:
da infância ao crescimento intelectual e discernimento crítico. Disponível em: https://revista.
acbsc.org.br/racb/article/view/462/579. Acesso em 11 de junho de 2020.
SILVA, Vaneide Lima. Pelo direito à leitura literária: relato de um “Café com poesia”. In:
CARVALHO, Aluska Silva. (Orgs.). Políticas públicas de formação e avaliação de leitores,
ensino de literatura e leituras. Campina Grande: EDUFCG, 2015.
212
CAPÍTULO 19 - GAIA, PROTAGONISTA DE
TEMPOS CATASTRÓFICOS
INTRODUÇÃO
CV: http://lattes.cnpq.br/0867926164161791
213
Ellen dos Santos Oliveira (org.)
Gaia é um “ser”, que vai muito além da força da natureza em si. Ela é incon-
trolável, absoluta e eterna. E o seu despertar mexe com a crença antropocentrista do
ser humano de que ele próprio é eterno. Com o despertar de Gaia, ele percebe que
sua existência e suas atitudes são meros obstáculos a serem transpassados por ela.
Mas se engana quem infere a ela uma motivação vingativa. Pelo contrário. Gaia não
age por vingança, ela é simplesmente indiferente ao ser humano. Segundo Stengers,
“Nomear Gaia como “a que faz intrusão” é também caracterizá-la como cega aos
danos que provoca, à maneira de tudo o que é intrusivo”. (STENGERS, 2015, p. 53).
Gaia não é uma entidade vingativa, que age por um ímpeto de destruição.
Contrariamente, ela é dona de seu próprio tempo e se movimenta de acordo com
os típicos processos naturais a que está submetida. Por isso, a resposta “a ser criada
não é uma ‘resposta à Gaia’, e sim uma resposta tanto ao que provocou sua intrusão
quanto às consequências dessa intrusão” (STENGERS, 2015, p. 53). E é neste
ponto em que ela se torna incontrolável, imprevisível e, por sua vez, temível: ao
seguir o seu próprio curso, torna-se uma força impenetrável, muito maior do que a
previsibilidade humana. Sua motivação e os acontecimentos que ela desencadeia não
“giram” em torno da humanidade, são caminhos inerentes a ela. Além disso, Gaia
não se sente ameaçada pela espécie humana e não procura por “justiça”; ela é “um
suscetível agenciamento de forças indiferentes aos nossos pensamentos e aos nossos
projetos” (STENGERS, 2015, p. 38). E justamente por ela não estar agindo por
um ímpeto vingativo é que se torna impossível lutar contra ela: “Correlativamente,
não se luta contra Gaia. Até mesmo falar de uma luta contra o aquecimento global
é inapropriado – se é importante lutar, a luta é contra o que provocou Gaia, não
contra sua resposta” (STENGERS, 2015, p. 65).
O grande problema é que, como bem esclarece Stengers, apesar dos grandes
e incansáveis esforços para trazer mais consciência para a população sobre os proble-
mas que poderemos ter (e que em muitos casos já temos), isso não causou o efeito
esperado. O conhecimento só trouxe “portadores de más notícias”, já que a grande
maioria da população não quer acreditar que há algo de errado e muito menos algo
irremediável vindo ao seu encontro. Por isso, criou-se um embate entre a ciência em
nome do “progresso” – que, para a autora, trabalha única e exclusivamente a favor
das indústrias – e a “não-ciência”, que prevê as catástrofes que estão por vir e que,
por sua vez, tende a ser oprimida.
215
Ellen dos Santos Oliveira (org.)
Tudo isso se agrava ainda mais quando associado ao lado político. Seguindo
os seus próprios interesses, e o das grandes empresas, aqueles que atuam em nome
do “progresso” fazem com que a população como um todo acabe cega e siga por
caminhos antes impensáveis, tudo sob o pretexto de ameaças não existentes e ini-
migos fabricados.
Podemos perceber isso em diversos acontecimentos do século XXI, espe-
cialmente em se tratando do Brasil. A crise dos refugiados, principalmente aqueles
vindos da Venezuela, eleições de figuras abertamente preconceituosas e com discursos
segregacionistas, além de retrocessos espantosos nas leis sobre o uso de agrotóxi-
cos, bem como falas preocupantes de líderes políticos são alguns dos exemplos
que podemos destacar — isso somente do ano de 2018 e início de 2019. No país,
mais uma vez fala-se sobre a “ameaça comunista”, e, por muitas vezes, aqueles que
buscam direitos iguais, melhores condições de vida para a parcela mais necessitada
da população e criticam as grandes concentrações de fortuna são tratados como
“inimigos da democracia”, em uma fala robotizada, criada para instaurar medo e
irracionalidade na população. E assim como Stengers afirmou, com a justificativa
de que o impensável seria necessário para combater inimigos fabricados, nossa
sociedade vai flertando cada vez mais com a barbárie e optando pela ignorância.
A ignorância e a falta de atenção são outros aspectos que Stengers aponta
em seu livro. Ela afirma que não estamos prestando verdadeira atenção ao que
está acontecendo a nossa volta, e que, quando o que está em jogo é o chamado
desenvolvimento, a determinação é “não ter cuidado” (STENGERS, 2015, p. 35). E
continua: “Foi preciso haver catástrofes sanitárias e ambientais para que os poderes
públicos fossem finalmente obrigados, na Europa, a reconhecer a legitimidade de
um princípio de precaução” (STENGERS, 2015, p. 36).
O “direito sagrado de empreender” (STENGERS, 2015, p. 91) faz com que
não se façam perguntas sobre os processos. E aqueles que se levantam para denun-
ciar, criticar ou mesmo alertar sobre perigos iminentes são facilmente calados ou
ignorados, com a justificativa, muitas vezes, de que algo “não está provado”.
O primeiro papel do refrão ‘não está provado’ é fazer calar,
separar o que será considerado objetivo ou racional e o que
será rejeitado como subjetivo, ou ilusório, ou manifestação
de apego irracional a modos de vida infelizmente-condena-
dos-pelo-progresso. (STENGERS, 2015, p. 40).
216
Compêndio de Letras
217
Ellen dos Santos Oliveira (org.)
seus lucros, colaboraram para minar o consenso científico e impedir a ação sobre
questões como o fumo passivo, a chuva ácida e a mudança climática.
A história, narrada por um historiador vivendo na Segunda República Popular
da China durante o 300º aniversário do Grande Colapso, é uma mistura de ficção-
-científica e História, que busca compreender o nosso presente, olhando o passado
e prevendo um futuro (bem) possível. Quando analisamos tudo o que Stengers
afirmou, por exemplo, sobre a intrusão de Gaia e os aspectos comportamentais da
nossa sociedade, e olhamos para o futuro previsto na obra de Oreskes e Conway,
percebemos a urgência de mudanças efetivas nos nossos padrões:
Newspapers often quoted think tank employees as if they
were climate researchers, juxtaposing their views against those
of epistemologically independent university or government
scientists. This practice gave the public the impression that
the science was still uncertain, thus undermining the sense
that it was time to act. Meanwhile, scientists continued to do
science, believing, on the one hand, that it was inappropriate
for them to speak on political questions (or to speak in the
emotional register required to convey urgency) and, on the
other hand, that if they produced abundant and compelling
scientific information (and explained it calmly and clearly),
the world would take steps to avert disaster. (ORESKES;
CONWAY, 2014, p. 37).
218
Compêndio de Letras
isolada ou uma onda de calor extrema, mas sim a mudança geral no padrão climático,
seu impacto na criosfera e a crescente acidificação dos oceanos.
Essa é uma excelente oportunidade para exemplificar como aconteceria a
ação de Gaia. No livro, Oreskes e Conway ilustram as mudanças na esfera terrestre
com mapas (ORESKES; CONWAY, 2014, p. 34). Na imagem, o cinza escuro
representa como era o nível do mar no ano de 2000, e em cinza claro o nível “atual”
do mar, em 2300. No livro, conta-se que a cidade de New York fez várias tentativas
para se “defender” contra o avanço do mar, mas que não havia projetado a nova
infraestrutura para avanços contínuos e rápidos como foi o caso. Eventualmente,
preferiram abandonar a cidade em vez de continuar gastando esforços e dinheiro
lutando para mantê-la. E assim Gaia se prova tão implacável como imaginava-se. O
avanço do mar não foi uma punição, mas o movimento natural que ela deveria seguir.
O derretimento das calotas polares foi uma consequência dos anos de aquecimento
global, em que a humanidade nada fez de efetivo para controlar. O mar, por sua
vez, com níveis mais altos, consequentemente precisa de mais espaço para poder
existir, e avança nas cidades para ocupá-las. Não é a vingança de Gaia, mas a atuação
dela frente à nova realidade: Gaia se adapta e segue seu curso, já o ser humano se
encontra no caminho de uma força que está alheia às suas vontades; incontrolável.
There is no need to rehearse the details of the human tragedy that
occurred; every schoolchild knows of the terrible suffering. Suffice is
to say that total losses – social, cultural, economic, and demographic
– were greater than any in recorded human history. Survivors’
accounts make clear that many thought the end of the human race
was near. Indeed, had the Sagan effect continued, warming would
not have stopped at 11 degrees, and a runaway greenhouse effect
would have followed. (ORESKES; CONWAY, 2014, p. 32).
219
Ellen dos Santos Oliveira (org.)
220
Compêndio de Letras
Isso demonstra ainda mais a tendência que a sociedade tem de calar todos
aqueles que discordam ou criticam o modo que vivemos. Os que “soam o alarme”
são comumente definidos como inimigos do progresso, assim perpetuam-se os
“sacrifícios” em nome de uma modernidade que, no futuro, de nada nos servirá.
Até porque, como bem disse Latour (1994), no título de seu Ensaio de antropologia
moderna, “Jamais fomos modernos”, e acrescenta: “Se o mundo moderno tornou-se
[...] capaz de ser antropologizado, foi porque algo lhe aconteceu. [...] é preciso um
cataclisma [...] para que a cultura intelectual modifique ligeiramente seus hábitos”
(LATOUR, 1994, p. 13).
É exatamente o que acontece em The collapse of western civilization. É preciso
que a nossa civilização (como a conhecemos) entre em total colapso e se desfaça,
para que a humanidade comece a repensar as suas ações e admita que o seu modo
de viver não é mais eficiente.
Na história, à medida que a comida foi tornando-se escassa, o nível do mar
começou a avançar e doenças começaram a se alastrar, os governos se encontraram de
mãos atadas, sem recursos para colocar os cidadãos em quarentena e/ou realocá-los.
Com exceção das nações pós-comunistas, que rapidamente mostraram-se eficazes
na construção e realocação das pessoas. Apesar de difícil, segundo o narrador, as
taxas de sobrevivência nesses países excederam os 80%. Isso porque eles tinham um
governo centralizado, apesar de terem tomado ações rumo a uma maior liberaliza-
ção. Esse governo mostrou-se, então, bem estruturado para mover sua população
e recomeçar, enquanto os outros países que viviam uma prática capitalista mais
agressiva e exploratória, sofreram mais perdas e descontroles.
Se na atualidade podemos perceber uma sociedade que teme o comunismo,
no livro de Oreskes e Conway podemos perceber que o capitalismo também não foi
a solução que salvou a população. No apêndice de The collapse of western civilization,
Oreskes e Conway falam sobre a ansiedade fundamentalista do livre mercado da
seguinte forma: “Hoje nós controlamos as emissões de gases de efeito estufa, amanhã
desistimos da Declaração de Direitos.”. Os fundamentalistas defensores do mercado
livre cometem o erro de achar que porque as economias de comando comunista não
podem funcionar, o capitalismo irrestrito, portanto, funciona. Mas a verdade é que
ambos os extremos estão fadados ao fracasso e, talvez, o caminho seja encontrar um
221
Ellen dos Santos Oliveira (org.)
meio termo, ainda que, como relatado no livro, avance para o liberalismo, mas que
ainda possua um governo bem centralizado.
O livro termina com um relato de que, após a estabilização do clima e dos
acontecimentos no planeta, estuda-se se vale a pena ou não haver uma redemocra-
tização. Porém, com todas as sombras do passado e dos acontecimentos terríveis
que passaram, muitos se mostram descrentes de que isso ainda seja possível. A
“Penumbra” recai sobre todos ainda e não parece que terá um fim próximo, uma
previsão melancólica para um futuro que nos assombra.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Uma grande impressão que fica, quando entendemos como funciona a atuação
de Gaia e quando vemos uma análise futurista do que podemos nos tornar, é que
não podemos mais ignorar o nosso espírito crítico e científico. A crítica – ao nosso
modo de vida, bem como a tudo que nos rodeia – é um dos remédios para esse mal
do século. Como bem disse Stengers, não podemos e nem devemos controlar Gaia.
O homem não pode impedir que ela atue e siga seu curso. Acreditar que pode con-
trolá-la é insistir em mais uma falácia que não surtirá efeito algum. O que devemos
fazer (enquanto ainda podemos) é lutar contra o que pode provocar a sua intrusão e
trabalhar para amenizar as consequências. Nesse momento, então, o espírito crítico é
o remédio contra as errâncias da humanidade, bem como as mobilizações populares
também podem e devem ser realizadas, para que façamos valer a nossa voz.
Os problemas que vivenciamos atualmente parecem cíclicos, com personagens
e faces diferentes. Isso significa que, apesar das relações entre os protagonistas serem
modificadas, continuamos presos em uma mesma conflituosa e confusa história,
perpetuando esse ciclo de sacrifícios em nome da modernidade e do progresso.
Modernidade essa que é questionável, pois, uma vez que fica claro o quanto tudo
o que temos é descartável perante a intrusão de Gaia (cidades, meios de transporte
altamente tecnológicos, vida dependente da tecnologia, etc.), somos invariavelmente
confrontados com a ideia de que, no fundo, nada disso será eficaz se o nosso futuro
caminhar para a barbárie anunciada.
Como dito anteriormente, os inimigos fabricados só servem para afastar a
população tanto da apropriação do conhecimento quanto da capacidade de criticar
o meio em que vive:
222
Compêndio de Letras
[...] ela [Gaia] não vai esperar. Que não me venham perguntar
que “outro mundo” será possível, que “outro mundo” seremos
capazes de construir com ela. Não cabe a nós a resposta; ela cabe
a um processo de criação cuja enorme dificuldade seria insensato
e perigoso subestimar, mas que seria um suicídio considerar
impossível. Não haverá resposta se não aprendermos a articular
luta e engajamento nesse processo de criação, por mais hesitante
e balbuciante que ele seja. (STENGERS, 2015, p. 28).
Gaia pode ser considerada uma “mãe”, mas uma mãe irascível, a quem não se
deve ofender. E as consequências dessa possível ofensa estão bem claras. Entender que a
defesa do meio ambiente é também a defesa de um interesse em comum da humanidade,
é a chave para escaparmos da resposta de Gaia a todas as possíveis “ofensas” que fizemos:
Não temos outra escolha. Se não mudarmos o parlamento,
não seremos capazes de absorver as outras culturas que não
mais podemos dominar, e seremos eternamente incapazes de
acolher este meio-ambiente que não podemos mais controlar.
Nem a natureza nem os Outros irão tornar-se modernos. Cabe
a nós mudar nossas formas de mudar. Ou então o Muro de
Berlim terá caído em vão neste ano miraculoso do Bicentená-
rio, nos oferecendo esta lição ímpar sobre a falência conjunta
do socialismo e do naturalismo. (LATOUR, 1994, p. 143).
REFERÊNCIAS
LATOUR, Bruno. Jamais fomos modernos: ensaio de antropologia simétrica. Trad. Carlos
lrineu da Costa. Rio de Janeiro: Ed. 34, 1994. Disponível em: https://edisciplinas.usp.br/
224
Compêndio de Letras
pluginfile.php/845769/mod_resource/content/1/LATOUR_Jamais_Fomos_Modernos.
compressed.pdf. Acesso em: 27 fev. 2019.
ORESKES, Naomi; CONWAY, Erik M. The collapse of western civilization: A view from
the future. Columbia University Press, NY. 2014. PDF.
STENGERS, Isabelle. Gaia, the urgency to think and feel. In: Colóquio Internacional.
Os mil nomes de Gaia: do Antropoceno à Idade da Terra, 2014, Rio de Janeiro. Disponível
em: https://osmilnomesdegaia.files.wordpress.com/2014/11/isabelle-stengers.pdf. Acesso
em: 27 fev. 2019.
______. No tempo das catástrofes: resistir à barbárie que se aproxima. Trad. Eloísa Araújo
Ribeiro. Disponível em: https://www.academia.edu/31940510/No_tempo_das_catastro-
fes_-_Isabelle_Stengers. Acesso em: 27 fev. 2019.
225
CAPÍTULO 20 - LYGIA FAGUNDES TELLES E
O CONTO “AS CEREJAS”: UM RECORTE DA
MEMÓRIA PELA VOZ DO NARRADOR
INTRODUÇÃO
DESENVOLVIMENTO
59
Mestrado em Letras (UESPI). CV: http://lattes.cnpq.br/4300473577228460
226
Compêndio de Letras
partir daí momentos que aconteceram e não temos uma lembrança completa com
detalhes de como ocorreu.
A memória – adaptativa - não é apenas o lembrar de fatos – obviamente – já
ocorridos, ela é o que denominamos de reconfiguração, releitura, readaptação das
memórias que possuímos. São as imagens do vivido que são processadas e exteriorizadas
via linguagem, onde os detalhes constituem os discursos memorialistas.
Quando pensamos em uma memória adaptativa podemos nos referir à
uma recordação da infância, onde as lembranças nos proporcionam segurança para
sabermos nosso passado e não somente como puras informações, uma vez que há
necessidade de significados nas mesmas.
Souza (2017, p. 1) nos fala da memória-recordação e da memória-hábito.
Esta primeira é aquela que se obtém por meio da memória pura, constituída das
lembranças do que fizemos. Já a memória-hábito é a que se forma pelas repetições
do que vivemos e continuamos a reviver, ou seja, a cada vez ela se torna mais sólida
por meio das lembranças que o sujeito constrói nas várias vivências.
A memória-recordação seria a memória propriamente dita,
isto é, arepresentação chamada de imagem-lembrança, do
passado no presente; ou, em apenas uma palavra, a percepção.
Já a memória- hábito é aquela que se nutre da repetição:
aprende-se a falar, a andar, a escovar os dentes, a amarrar os
sapatos pela repetição sistemática dessas tarefas, de modo que
ninguém precisa se recordar racional e conscientemente de
como realizá-las a cada dia. (SOUZA, 2017, p. 1).
227
Ellen dos Santos Oliveira (org.)
Como podemos observar acima, Halbwachs (2013) o fato dos relatos que
são transmitidos pelos outros não são capazes de nos remeter às memórias sozinhas.
Não obstante, necessitamos além de testemunhos exteriores, associar com nossas
lembranças para gerarmos nossas próprias recordações. É como se nossas lembran-
ças conversassem com os testemunhos que nos são apresentados. Dessa forma, o
228
Compêndio de Letras
resultado das recordações será nosso e não somente dos outros que não relataram
fatos e acontecimento sob os olhares deles.
Halbwachs (1990) tece um paralelo que esclarece que a memória é constituinte
do nosso passado. Podemos por meio das lembranças resgatar experiências vividas
e que dependendo de indivíduo para indivíduo pode ficar adormecida por longos
anos. É uma espécie apenas de aparência de esquecimento. Algo que pode depen-
dendo de como se busca manifestar, pode ser reconstruída com riquezas de detalhes:
A lembrança é em larga medida uma reconstrução do pas-
sado com aajuda de dados emprestados do presente, e, além
disso, preparada por outras reconstruções feitas em épocas
anteriores e de onde a imagem de outrora manifestou-se
já bem alterada. É possível encontrar um grande número
dessas correntes antigas que haviam desaparecido somente
na aparência. (...) a lembrança é uma imagem engajada em
outras imagens, uma imagem genérica que reporta ao passado
(HALBWACHS, 1990, p. 75).
230
Compêndio de Letras
Após alguns dias de extremo calor, eis que surge a chuva que traria o clímax
do conto. Durante o jantar o fato do garfo cair por mais de uma vez simboliza uma
espécie de código entre tia Olívia e Marcelo para saberem o exato momento de
recolherem-se supostamente aos seus aposentos. Como um lapso, tia Olívia queixa-
se de dor de cabeça pedindo licença para retirar-se:
Lembro-me de que as primeiras gotas de chuva caíram ao
entardecer, mas a tempestade continuava ainda em suspenso,
fazendo com que o jantar se desenrolasse numa atmosfera
abafada. Densa. Pretextando dor de cabeça, tia Olívia reco-
lheu-se mais cedo. Marcelo, silencioso como de costume,
comeu de cabeça baixa. Duas vezes deixou cair o garfo.
Vou ler um pouco - despediu-se assim que nos levantamos.
(TELLES, 1993, p. 28).
232
Compêndio de Letras
ver seu grande amor Marcelo nos braços da tia Olívia, mulher que tanto admirou
justamente pelos traços de sensualidade.
Mas que é que você tem, menina? Está doente? Não está com
febre? Hem?! Sua testa está queimando... Dionísia, traga uma
aspirina, esta menina está com um febrão, olha aí! Até hoje
não sei quantos dias me debati esbraseada, a cara vermelha,
os olhos vermelhos, escondendo-me debaixo das cobertas
para não ver por entre clarões de fogo milhares de cerejas e
escorpiões em brasa, estourando no chão.
Foi um sarampo tão forte - disse Madrinha ao entrar
certa manhã no quarto. - E como você chorava, dava pena
ver como você chorava! Nunca vi um sarampo doer tanto
assim. (TELLES, 1993, p. 30).
Dois dias pós a partida de Marcelo, tia Olívia também vai embora. No
momento de se despedir da menina, com a intenção de amenizar o que causou à
pobre garota, tia Olívia decide presentear-lhe com as cerejas que sempre carrega
no decote já que a primeira vista a menina encantou-se pelo acessório. Justamente
as cerejas que tia Olívia carrega entre os seios é o que desperta um olhar minucioso
na menina.
233
Ellen dos Santos Oliveira (org.)
Após a partida de tia Olívia, madrinha fala da falta que sentirá da bela
mulher, mas não demonstra o mesmo pelo jovem que durante dias esteve presente
com elasna chácara.
Um ano após a partida de ambos, madrinha recebe uma carta que traz
a triste notícia da morte de Marcelo em consequência de uma queda de cavalo.
Podemos perceber que madrinha não se abala ou entristece ao fazer seu comentário.
Nesse momento remetemo-nos ao fato da madrinha reencontrar seu óculos que
estava perdido.
Há então uma associação que a perda dos óculos durante a visita de Marcelo
e tia Olívia significava que madrinha fechou os olhos para o que acontecia porque
tinha consciência do que poderia e do que houve entre os dois. Madrinha já sabia
como agia o jovem Marcelo.
Reencontrar os óculos nos induz a supor que ela voltou a enxergar o que
acontece e que aquele jovem foi que induziu tia Olívia a tais atos.
234
Compêndio de Letras
CONSIDERAÇÕES
REFERÊNCIAS
HALBWACHS, Maurice. A memória coletiva. Rio de Janeiro: Vertice, 1990.
235
Ellen dos Santos Oliveira (org.)
_______. A memória coletiva. Tradução de Beatriz Sidou. São Paulo: Centauro, 2006.
KLUG, Marlise Buchweit; LIMA Rosimeire Simões de; LEBEDEFF. Tatiana Bolivar.
Literatura como lugar de memória: uma análise do romance Satolep, de Vitor Ramil.
Antares, Vol. 7, Nº 13, jan/jun 2015.
NORA, Pierre. Entre Memória e História: A problemática dos lugares. Tradução de Yara
AunKhoury. Projeto História. São Paulo, dez 1993. In: . Leslieux de mémoire. I La
République, Paris, Gallimard, 1984. pp. XVIII-XLII.
SOUZA, Táscia Oliveira. “Ainda estou aqui” e o impedimento à memória. Rio Grande
do Sul, 2017.
TELLES, Lygia Fagundes. Um coração ardente: contos / Lygia Fagundes Telles; posfácio
de Ivan Marques. — 1a ed. — São Paulo: Companhia das Letras, 2012.
236
CAPÍTULO 21 - MITOLOGIA GREGA E
NARRADOR DE EXPERIÊNCIAS NO OCEANO
DE VALTER HUGO MÃE: UMA LEITURA
BENJAMINIANA DO ROMANCE O FILHO DE
MIL HOMENS
INTRODUÇÃO
60
Doutora em Literatura e Práticas Sociais (UnB). Professora de Estudos Literários (UFAL).
CV: http://lattes.cnpq.br/3215656538918242
61
Mestrando em Estudos Literários (UFAL). Professor de Estudos Clássicos (UFAL).
CV: http://lattes.cnpq.br/3670288669681332
62
Mestranda em Estudos Literários (UFAL). CV: http://lattes.cnpq.br/8953049249287970
237
Ellen dos Santos Oliveira (org.)
romance que elegemos para este estudo, vemos que estes dois espaços, campo e
mar, fundem-se ao redor de uma família (não-tradicional), abarcando a herança
dos contadores de histórias de que fala Benjamin. Quando o nosso teórico se viu
encurralado pelas forças espanholas, deu cabo à vida em Portbou, cidade montanhosa
banhada pelo Mar Mediterrâneo. Nas suas Passagens, obra póstuma e inacabada, o
pensador berlinense cita Proust:
Um dos meus sonhos era a síntese... de uma certa paisagem
marinha e de seu passado medieval [...] esse sonho em que
eu... pensava abordar o impossível, parecia-me que já o tivera
muitas vezes (PROUST, 1920, p. 131 apud BENJAMIN,
2006, p. 23).
240
Compêndio de Letras
pronuncia a felicidade, não somente a sua, mas também a daqueles que o circundam.
O pescador fala como se revelasse um tesouro, uma boa nova (a exemplo de Jesus
Cristo nos Evangelhos), tal como o narrador benjaminiano:
figura entre os mestres e os sábios. Ele sabe dar conselhos.
[...] Pois pode recorrer ao acervo de toda uma vida (uma vida
que não inclui apenas a própria experiência, mas em grande
parte a experiência alheia) (BENJAMIN, 1994, p. 221).
“Da porta aberta viam-se a areia da praia e a água livre do mar” (MÃE, 2016, p. 20).
As paredes do seu lar eram azuis e as janelas de vidro deixavam perceber as cortinas
brancas. Sua casa era feito um baú que abrigava os objetos que as águas esqueciam
na areia da praia: “Tinha a casa, a coleção de conchas e de coisas esquisitas que o
mar trazia, algumas desconhecidas como se viessem dos cometas, e tinha os melhores
anzóis, as canas de pesca” (MÃE, 2016, p. 22). Contudo, mesmo tendo por vizinha
a natureza, a personagem se sentia incompleta. Sua moradia parecia ser mais um
barco que uma casa — Crisóstomo, no mar ou na areia, estava à deriva, em busca
de um porto ou, ao menos, da companhia de um ou uma tripulante.
Numa noite de irrefutável solidão, o pescador faz uma prece ao mar:
antes de sair com os seus companheiros para o alto-mar, o
homem que chegou aos quarenta anos demorou-se à entrada
da sua colorida casa. Estava um sossego incrível instalado
naquele mundo e ele baixou-se, deixou-se sobre a areia como
sentado para pensar melhor e percebeu como a vida tinha
as suas perfeições.
[...] O pescador pensou que a natureza tinha uma inteligência
impressionante, e que havia de saber sobre a sua vida, havia
de entender o seu desejo e havia de lhe acudir. O Crisóstomo,
ali sozinho e sem que ninguém por perto o visse ou ouvisse,
abriu a boca e falou.
Começou por anunciar à natureza o seu nome porque não
sabia como começar de outra maneira, mas disse depois que
estava muito triste e que precisava de encontrar o seu filho
porque se sentia como um pai, finalmente a transbordar dessa
certeza como um copo muito cheio (MÃE, 2016, p. 22).
Antes de embarcar para o alto-mar, reza pedindo por um filho. Ele fala por
meio da sua boca dourada, pronuncia seu nome e pede o que de fato quer pescar.
Desse modo, associamos Crisóstomo a Odisseu, no Canto V da Odisseia, na medida
em que o herói homérico, na ilha da oceânida Calipso, esteve preso por sete anos
lamentando todos os dias na areia da praia devido a impossibilidade de voltar para casa:
Ao enérgico Odisseu dentro não encontrou,
mas ele chorava na praia, sentado, como antes,
com lágrimas, gemidos e aflições lacerando o ânimo:
costumava mirar o mar ruidoso, vertendo lágrimas (v. 81-84)
[...]
Achou-o na praia, sentado; nunca em seus olhos
243
Ellen dos Santos Oliveira (org.)
244
Compêndio de Letras
entre o solo português e o continente europeu, Portugal tem a vastidão do mar que
se abre, “desde sempre, como espaço de temores, espaço de evasão e liberdade, ou
de invasão e ameaça, de interrogação, mistério, fascínio, rebeldia” (FIALHO, 2006,
p. 397). É para essas águas que Crisóstomo, o suplicante, reza para ter um filho e
tem seu pedido concedido:
O Crisóstomo abraçou de novo o Camilo e percebeu as estre-
las e percebeu como as traineiras eram pirilampos de flutuar
que podiam entender a felicidade e agradeceu à natureza
gritando, num barulho alto para que todos soubessem, que
tinha um filho, que tinha um filho. Nem que pensassem que
era louco, nem que lhe dissessem para se calar, não se calaria.
Estava demasiado feliz para se calar ou para se preocupar
com o juízo (MÃE, 2016, p. 26).
245
Ellen dos Santos Oliveira (org.)
a eles se juntam, o nome de “família” porque o termo erige como central no livro.
Na trama, os protagonistas que se movem entre a aldeia e o campo, unem-se numa
relação familiar, tornando-se um grupo, cujo elo é Crisóstomo, nosso pescador, que
também é um contador de histórias.
Trazermos novamente a imagem de Crisóstomo como um narrador benjami-
niano, tema que nos ocupou no início desta empreitada. Observamos que, embora
o romance de Mãe seja narrado na terceira pessoa, Crisóstomo, na obra, também
assume o papel de narrador, porque além de ser o elo de encontro das demais per-
sonagens, também é aquele que conta histórias por meio da sua experiência de vida,
um marujo que prende os ouvintes por meio de sua boca de ouro, tecendo pequenas
histórias sobre os objetos que o mar deixava na areia da praia.
Dessa maneira, Crisóstomo “contava histórias sobre cada um e riam muito.
Parecia que se juntavam para tornarem cada história fundamental. Como se fosse
fundamental cada concha, cada objeto esquisito e tudo ser contado em companhia”
(MÃE, 2016, p. 143). Além de pacificador, ele é sábio, recebe da sua vivência de
trabalhador modesto a sabedoria para reger os seus dias, conta com sua leitura de
mundo (oral e coletiva) para afagar a sua nova família. Sabemos que durante a era de
Zeus, Posêidon se tornou o rei dos mares. Na sua regência como senhor dos mares,
a água é “detentora de valioso potencial de autoconhecimento, mas submetida ao
princípio regulador interno representado pelo deus, contribuindo no processo de
construção do mundo inconsciente” (CAVALCANTI, 1998, p. 54).
Encaminhando-nos para o fim desse estudo, recorremos às considerações de
Italo Calvino no tocante ao aspecto de Visibilidade, que o teórico italiano considera
ser um dos recursos cruciais da escrita do novo milênio, conforme seu Seis propostas
para o próximo milênio (1990). Para o crítico, diversos elementos concorrem para
formar a parte visual da imaginação literária:
a observação direta do mundo real, a transfiguração fantasmá-
tica e onírica, o mundo figurativo transmitido pela cultura em
seus vários níveis, e um processo de abstração, condensação e
interiorização da experiência sensível, de importância decisiva
tanto na visualização quanto na verbalização do pensamento
(CALVINO, 1990, p. 112).
246
Compêndio de Letras
sua amada Isaura: “estendia-se como rendada pela espuma do mar e era o melhor
palácio, um palácio feito pela felicidade com os lustres pendurados na eletricidade
do coração” (MÃE, 2016, p. 167). A casa que outrora refletia o mar com um homem
à deriva, agora é um palácio digno de um deus das águas, digno de um herói. A casa
é ornada com o estado de espírito de Isaura que encontra a felicidade ao lado do
pescador, bem como reflete a imensidão do homem em dobro, pois, Isaura via no
amante “a imensidão de um homem, como hábil alastrando por todas as evidências,
todas as manifestações, todos os instintos dela” (MÃE, 2016, p. 182). O aspecto
de visibilidade que Calvino enseja como um recurso no novo milênio nos permite
perceber Crisóstomo como a condensação do mar, imenso e ornado de espuma e
sabedoria, o herói das palavras de ouro, um homem que quando sonha é um deus
das águas férteis, “a pressentir como tudo se cerca de milagres. Como podem os
mares sobrevoar num sonho” (MÃE, 2016, p. 200).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
247
Ellen dos Santos Oliveira (org.)
REFERÊNCIAS
BAKHTIN, Mikhail. Problemas da poética de Dostoiévski. Trad. Paulo Bezerra. 5.ed. Rio
de Janeiro: Forense Universitária, 2010.
BENJAMIN, Walter. O Narrador. Considerações sobre a obra de Nikolai Leskov. In: Magia
e técnica, arte e política: ensaios sobre literatura e história da cultura. 7. Ed. –São Paulo:
Brasiliense, 1994.
_______. Passagens. Org. Willi Bolli. Trad. Irene Aron e Cleonice P. Mourão. –Belo Hori-
zonte/São Paulo: Editora UFMG/Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, 2006.
BRANDÃO, Junito de Souza. Mitologia Grega. Volume I. –Petrópolis: Editora Vozes, 1986.
CALVINO, Italo. Seis propostas para o próximo milênio: lições americanas. Trad. Ivo
Barroso. –São Paulo: Companhia das Letras, 1988-1990.
CAVALCANTI, Raíssa. Mitos da água: as imagens da alma no seu caminho evolutivo. –São
Paulo: Editora Cultrix, 1998.
ÉSQUILO. Prometeu Acorrentado. In: O melhor do teatro grego. Trad. Mário da Gama
Kury. –Rio de Janeiro: Zahar, 2013.
GRIMAL, Pierre. Dicionário da Mitologia Grega e Romana. Trad. Victor Jabuille. 5ªed.
–Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2005.
HESÍODO. Teogonia: a origem dos deuses. Trad. Jaa Torrano. 7ª ed. –São Paulo: Ilumi-
nuras, 2007.
HOMERO. Odisseia. Trad. Christian Werner. -São Paulo: Cosac Naify, 2014.
KURY, Mário da Gama. Dicionário de Mitologia Grega e Romana. 8ªed. –Rio de Janeiro:
Zahar, 1990.
MÃE, Valter Hugo. O filho de mil homens. 2ªed. –São Paulo: Biblioteca Azul, 2011-2016.
MARTIN, Richard P. Apresentação. In: HOMERO. Odisseia. Trad. Christian Werner. –São
Paulo: Cosac Naify, 2014, p. 07-58.
WERNER, Christian. Introdução. In: HOMERO. Odisseia. Trad. Christian Werner. –São
Paulo: Cosac Naify, 2014, p. 95-117.
248
Compêndio de Letras
INTRODUÇÃO
63
Doutorando em Educação (UFPA). Professor Letras-Língua Portuguesa (UFPA).
CV: http://lattes.cnpq.br/4841817702821232
64
Wolfgang Iser. A Teoria do Efeito Estético de Iser privilegia o ato da recepção, o receptor e a leitura
como diálogo entre o texto e a bagagem sociocultural do leitor(es)
65
Filho de Alfredo Pereira e Margarida Ramos, Dalcídio Jurandir Ramos Pereira nasceu na Vila de
Ponta de Pedras, situada na Ilha de Marajó, no estado do Pará, em 10 de janeiro de 1909. Em escreve a
sua saga romanesca publicando 11 romances, além de atuar como jornalista, redator, diretor, correspon-
dente, romancista, cronista e comunista.
66
Esse estudo, escrito em 1914-1915, saiu em 1916 (na Zeitschrift für Asthetik und Allgemeins Kunst-
wissenschaft, de Max Dessoir) e em livro na cidade de Berlim, no ano de 1920 em La théorie du roman,
que em 1962 faz-se prestígio.
249
mesmo tempo o escritor de sua própria vida e o observador dessa vida como uma
obra de arte criada. Essa dualidade só pode ser configurada liricamente”.
Sobre essas provocantes leituras, há de se guiar as percepções de Genette
(1979), em seu “Discurso narrativo”, ao salientar uma análise concreta da intertex-
tualidade no texto e suas transtextualidades, ao dizer, “um texto pode sempre ler um
outro, e assim por diante, até o fim dos textos. (GENETTE, 2010, p. 5). Bem como,
em Laufer (1980, p. IX) ao comentar em sua “Introdução à textologia” ao “estudar
as condições gerais de existência dos textos. Palavras, o vento leva; o que se escreve
permanece: nem os textos, nem as leituras, contudo, escapam às investidas do tempo.
A escrita se altera, muda o espirito [...]”. Ressalta Laufer (1980), que além das forças
colaborativas, o próprio autor pode intervir sobre o texto quando exercer “[...] um
direito de arrependimento patrimonial e não moral” (LAUFER, 1980, p. 11), diz que
uma palavra mal colocada, em algum trecho, denote o que chama de preconceito ou
não aceitação do termo pelo receptor. Essas manifestações de interesses ideológicos,
são exemplos de sugestões que nos levam as mais diferentes formas de revisarem os
seus referidos textos enquanto autor(es/as).
No que tange os horizontes de expectativas, referente às perspectivas que
criadas pelo leitor(a) em relação aos textos, se alcança por meio da recepção dos
textos-obras. Nesta definição, Karlheinz Stierle (1979) defende que a “base da
recepção é construída por uma sequência de ‘significantes’ e que a ideia de que um
significante só é significante quando a ele pertence um significado, e mais, afirma
que este é o passo mais elementar da recepção” (STIERLE, 1979, p. 123). Isto é, há
uma supressão de horizontes de expectativas primárias dos leitores(as). Para Stierle
(2006) “A ficção” ou “lógica da ficção, ao se pergunta pelas frases ficcionais isoladas,
que é uma dimensão do fingire, perde de vista a formatividade. [e, a] formatividade,
no entanto, retorna de maneira surpreendente em sua nova teoria da escrita da
história [...]” (STIERLE, 2006, p. 88).
A estética discursiva de Bakhtin (2003, 2010 e 2015) sobre as narrativas fic-
cionais contextualizadas a partir do chão amazônico, nos serve enquanto concepções
imagéticas para compreendermos o discurso polifônico existencial, no diálogo do
texto-obra e leitor. Em Dalcídio Jurandir, no romance Primeira Manhã (1967). Nesse
alcance, Bakhtin (2010, p. 238) reforça que “a formação (transformação) do homem,
[é] o grau de assimilação do tempo histórico real”. Para o estudioso, o que reúne são
250
Compêndio de Letras
251
Ellen dos Santos Oliveira (org.)
252
Compêndio de Letras
253
Ellen dos Santos Oliveira (org.)
71
Leitor Implícito. É uma Estrutura Textual que prevê a presença de um receptor sem necessaria-
mente defini-lo. O leitor implícito aponta uma estrutura que demanda respostas impelindo o leitor a
compreender o texto.
254
Compêndio de Letras
255
Ellen dos Santos Oliveira (org.)
72
Contingência Assimétrica. Caracterizando-se como uma resposta de um leitor ou locutor, que só
se concretiza pelo processo de interação de estimulo e plano na qual são produzidos por Iser.
73
Contingência Reativa. Causada pela interação perceptiva do texto e leitor na visão de Iser, no caso
do romance de Dalcídio, o leitor ao ler o seu romance cria uma reação tida por Iser com efeito da leitura.
74
Contingência mútua. É o conhecimento instaurado no horizonte de sua percepção na interação e
criação entre texto e leitor, é o reconhecimento de uma interpretação modificada pelo efeito dos sentidos.
256
Compêndio de Letras
258
Compêndio de Letras
na cabeça” ( JURANDIR, 2009, p. 34). Caindo nas “arapucas da cidade” que o levam
a buscar em suas lembranças uma forma que servisse de proteção. A esse respeito,
Dalcídio Jurandir usa as metáforas para citar os desequilíbrios (interior e exterior)
em Alfredo, com o desejo de “meter-se no casco do jabuti, varar o pátio, subir ao
primeiro ano, carumbé fardado” ( JURANDIR, 2009, p. 97). Cru e nu das novas
faces da vida que viria encarar aos seus dezesseis anos.
Alfredo e os “Inferninhos”, a esses “inferninhos” de caos sociais e desumano,
de “delicadas merdas sociais” (JURANDIR, 2009, p. 111), encontramos as seguintes
referências, no trecho: “[...] Ivaína, se tu te arrependes, te deu medo, não queres
mais ir, está em tempo, menina. Volta. Que eu, por mim reteso a flecha” ( JURAN-
DIR, 2009, p. 130). Esses “inferninhos” sexuais de prostibulo, adultério, moral de
família, povo em decadência e enfermos é o caos da realidade paraense da época
de 1920, expressa por Dalcídio Jurandir como muitas outras problemáticas sociais
de um Brasil sob as forças de uma pequena classe dominante. Expressões como
esta: “deste caminhar dos infernos” ( JURANDIR, 2009, p. 133), ilustram bem a
realidade de 20 e 50 em todo brasil, que hoje é realidade dessa crise profundas dos
homens e meio social.
Alfredo e o “Aproveitar as pernas”, é esse “aproveitar as pernas” que é carac-
terística pelas andanças, “vagabundagem sistêmica” ou “formação” de Alfredo em
sua trajetória de vida, muito bem descrita por Dalcídio Jurandir com um retrato
de um caminhar de vida que é fruto de tantas experiências coletadas e vivenciadas
pelo autor. Experiências que retratam seu protagonista como um exemplo de vida
do oprimido pelo sistema do capital. Nas descrições do narrador, Alfredo “a pé, e
devagar, [para] ‘aproveitar as pernas” ( JURANDIR, 2009, p. 207). No entanto, de
acordo com o próprio autor, essa preocupação com a verossimilhança não apaga a
capacidade de ativar a imaginação do leitor e de transferi-lo para outros mundos.
Segundo Stierle (2006):
Eis aqui o poeta, o artista mágico, que graças às suas ficções
sabe acionar o registro anímico de seu leitor, ouvinte ou espec-
tador e, mediante sua arte, se distancia de seu próprio mundo.
Engano e formatividade entram em uma síntese indissolúvel
em que a ficção, como estrutura de realização estética, sob as
condições de um meio, intensifica a matéria ficcional, como
imaginário livre e ligado. (STIERLE, 2006, p. 20).
259
Ellen dos Santos Oliveira (org.)
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
BORBA, Maria Antonieta Jordão de Oliveira. Teoria do efeito estético - Niterói: EdUFF,
2003.ISBN 85-228-0370-6.
ISER, Wolfgang. Der implizite Leser. Kommunikationsformen des Romans von Bunyan
bis Beckett. München: Wilhelm Fink, 1972. [Edição norte-americana:
260
Compêndio de Letras
ISER, Wolfgang. The 164 implied reader: patterns of communication in prose fiction from
Bunyan to Beckett. Baltimore: Johns Hopkins University Press, 1978.]
________. O ato de leitura: uma teoria do efeito estético. Tradução: Johannes Kretschmer.
São Paulo: Ed. 34, 1996, v. 1.
________. O ato da leitura: uma teoria do efeito estético. Tradução: Johannes Kretschmer.
São Paulo: Ed. 34, 1999, v. 2.
JURANDIR, Dalcídio.[1967]. Primeira manhã; Josebel Akel Fares (org). 2 Ed. Belém:
EDUEPA, 2009. ISBN: 979-85-88374-39-0
LIMA, Luiz costa. (org) A literatura e o leitor: textos de estética da recepção Hans Robert Jauss...
et al.; 2º ed: Rio de Janeiro. Paz e Terra. 2011.
ROCHA, João Cezar de Castro Rocha (org) Teoria da ficção: indagações à obra de Wolfgan
Iser /Tradução, Bluma Waddinton Vilar, João Cezar de Castro Rocha. – Rio de Janeiro:
EdUERJ, 1999.ISBN:85-85881-77-1.
STIERLE, Karlheinz. Que significa a recepção dos textos ficcionais. In: LIMA, Luiz
Costa. A Literatura e o leitor: textos de estéticas da recepção. Rio de Janeiro: Paz e Terra,
1979. p. 119 – 171.
STIERLE, Karl-Heinz. A Ficção. Trad. Luiz Costa Lima. Rio de Janeiro: Caetés, 2006.
OBRA CONSULTADA:
Fonte: http//www.vel.br/ch/paz/letras/terraroxa/g-vol2/v2-majob.pdf. em 22/03/2021.
261
CAPÍTULO 23 - O PROTAGONISMO DA
LITERATURA AMAZÔNICA: UM RELATO DE
EXPERIÊNCIA COM PROJETO DE PESQUISA
INTRODUÇÃO
ORCID: https://orcid.org/0000-0003-3451-8687
262
Compêndio de Letras
263
Ellen dos Santos Oliveira (org.)
264
Compêndio de Letras
265
Ellen dos Santos Oliveira (org.)
266
Compêndio de Letras
267
Ellen dos Santos Oliveira (org.)
268
Compêndio de Letras
título de Literatura da Amazônia: que seja referência para os de fora, mas que seja
referência também para os de dentro de nossa cultura (FERNANDES, 2004).
Introduzir a literatura do norte na sala de aula, traz, no mínimo, ao estu-
dantes, fazer-se conhecer como nativos dessa região, reconhecer-se nesse espaço,
nessa história e nessa cultura, dessa maneira, a literatura que narra essa vivência,
poetiza a experiência de nossa região, pode ser usufruída pelo povo que a vivencia e a
experiência: nossos rios, nossas florestas, nossos hábitos e tradições. (AIRES, 2015).
O imaginário carregado de subjetividade, a transportação no tempo, as evi-
dências de desenvolvimento, as tragédias e conflitos dos oprimidos, a riqueza atrelada
ao que vinha da natureza são conhecimentos marcados e contados ludicamente nos
textos de literatura amazônica que ressoam a história dessa região, necessária na
construção do identário dos alunos.
Costume dos meninos, que não se privavam de práticas
perigosas, como aquela de ficar na popa das muitas embar-
cações, quando paravam nos portos após navegarem nos
rios da Amazônia, para pular n’água e ficar nessa sem temer
os cardumes de piranhas, candirus e mandiís, entre outros
peixes menos ferozes atraídos pelos restos de comida deixados
n’água, devorando tudo com velocidade galopante (FARIAS,
1998, p. 30).
Esse ressoar leva-nos a uma nova relação com o tempo demandado para a
formação de leitor: não mais somente o ano letivo, o trimestre, a aula de Português,
mas o tempo interno, singular, vívido de cada leitor com sua trajetória ainda em
construção (SILVEIRA, 2012). O leitor, como receptor dessas mensagens, valida
uma sensação de descobrimento e pertencimento desse estado de contemplação às
suas raízes, à natureza, à identidade e ao fantástico.
A caminhada de mais de duas horas na floresta foi penosa,
difícil. No fim do atalho, vimos o lago do Eldorado. Água
preta, quase azulada. E a superfície lisa e quieta como um
espelho deitado na noite. Poucas casas de madeira entre a
margem e a floresta. Os sons dos pássaros só aumenta o
silêncio. A imensidão do lago e da floresta. E mais silêncio.
Aquele lugar tão bonito, o Eldorado, era habitado pela solidão.
(HATOUN, 2008, p. 102).
CONCLUSÃO
270
Compêndio de Letras
271
Ellen dos Santos Oliveira (org.)
A arte literária descortina o diálogo com o leitor através da riqueza dos deta-
lhes e do imaginário, oferece-lhe possibilidades de transpor alienações e vivenciar
momentos passados, dialogando com a vida presente. Na literatura amazônica não é
diferente, reconhecer as especificidades, interagir com as pluralidades, revelar reali-
dades, criar imagens na mente do leitor e provocar emoções a partir das percepções
do seu lugar, de suas raízes, de sua construção histórica como pessoa.
Estimular a prática da leitura em sala de aula ainda é um tabu a ser vencido,
estimular esse exercício na escola e, principalmente, fora de seus muros não é um
trabalho fácil, sobretudo nas comunidades distantes de centros urbanos, mas é
necessário e indispensável. Mediar o contato dos alunos com os textos literário
amazônicos, aliar o prazer da leitura com o conhecimento histórico literário da
região, seus autores e obras, suas contribuições e relevância no desenvolvimento
social da Amazônia, fazendo com que percebam as relações entre texto e contexto,
entendendo a importância do (re)conhecimento de sua identidade.
REFERÊNCIAS
AIRES, Romário dos Anjos. Literatura brasileira de expressão amazônica: perspectivas e
concepções. Revista Letras Escreve. Macapá v. 5, n. 1. Disponível em: http://periodicos.
unifap.br/index.php/letras, 1º semestre, 2015. Acesso em: 17 de fev. de 2021.
BAGNO, Marcos. Pesquisa na escola: o que é, como se faz. 23ª ed. São Paulo: Loyola, 2014.
BEZERRA, José Denis. Literatura amazônica para quê? Disponível em: portalclic.files.
wordpress.com/2012/03/literatura-amazonica-para-que-jose-denis-deoliveira-bezerra.pdf.
Acesso em: 18 de fev, de 2021.
BLOOM, Harold. Como e por que ler. Rio de Janeiro: Objetiva, 2000.
DEMO, Pedro. Educar pela pesquisa. 10ª ed. Campinas: Editora Autores Associados, 2015.
FREIRE, Paulo. A importância do ato de ler. 49ª ed. São Paulo: Cortez, 2008.
272
Compêndio de Letras
_______, Paulo. Pedagogia do Oprimido. 67ª ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2013.
GERALDI, João Wanderley (org.) O texto na sala de aula. 5ª ed. São Paulo: Ática, 2011.
HATOUN, Milton. Órfãos do Eldorado. São Paulo: Companhia das Letras, 2008.
JOUVE, Vincent. A leitura. Trad. Brigitte Hervor. São Paulo: UNESP, 2002.
LAJOLO, Marisa. Do mundo da leitura para a leitura do mundo. 6ª ed. São Paulo: Ática, 2000.
MAIA, Joseane. Literatura na formação de leitores e professores. São Paulo: Paulinas, 2007.
MARTINS, M. H. O que é leitura. 19ª ed. São Paulo: Editora Brasiliense, 1997.
MORIN, Edgar. Meus demônios. 2ª ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2000.
RIBEIRO, Vera Masagão. Por mais e melhores leitores: uma introdução. In: RIBEIRO. Vera
Masagão (Org). Letramento no Brasil: reflexões a partir do INAF 2001. São. Paulo: Global.
273
CAPÍTULO 24 - REPRESENTAÇÃO ANIMAL
NA POESIA DE ORIDES FONTELA
INTRODUÇÃO
76
Mestrando em Letras e linguística (UFAL). Integra o GPLECS (Grupo de Pesquisa em Literatura,
Estudos Culturais e Socioambientais). CV: http://lattes.cnpq.br/9563550467648491
77
Doutora em Literatura e Estudos Culturais (UFPB). Pesquisadora do CNPQ e coordenadora do
GPLECS (Grupo de Pesquisa em Literatura Estudos Culturais e Socioambientais). Professora Adjunta
II (UFRPE/UAST). CV: http://lattes.cnpq.br/3185435491287172
274
Compêndio de Letras
OS ESTUDOS ANIMAIS
275
Ellen dos Santos Oliveira (org.)
276
Compêndio de Letras
78
Termo criado pelo psicólogo Richard D. Ryder em 1970, com o intuito de desconstruir a superioridade
do humano, que se considera no direito de usar o animal conforme seus interesses.
277
Ellen dos Santos Oliveira (org.)
279
Ellen dos Santos Oliveira (org.)
280
Compêndio de Letras
SENSAÇÃO
281
Ellen dos Santos Oliveira (org.)
282
Compêndio de Letras
283
Ellen dos Santos Oliveira (org.)
CONSIDERAÇÕES FINAIS
284
Compêndio de Letras
REFERÊNCIAS
ALMEIDA, Maria do Socorro Pereira de. Interfaces da natureza em Grande Sertão:
Veredas – um olha ecocrítico. 2014. Tese (Doutorado em Literatura e Cultura) – Programa
de pós-graduação em letras, Universidade Federal da Paraíba, 2014.
DERRIDA, Jacques. O animal que logo sou. São Paulo: Editora UNESP, 2002.
E. V.; DIOGO, R. M. et al. (Orgs.). Representação animal na literatura. Rio de Janeiro, 2015.
GIORGI, Gabriel. A vida imprópria. Histórias de matadouros. In: MACIEL, M. E. et al. (Orgs.).
Pensar/escrever o animal: ensaios de zoopoética e biopolítica. Florianópoles: Editora da UFSC, 2011.
GUIDA, Angela Maria. Literatura e estudos animais. Revista Raído, MG, v. 5, n. 10, p.
287- 296, jun./dez. 2011.
LIBONARI, Evely Vânia. Ética Animal em Clarice Lispector. In: BRAGA, E. F.; LIBANORI,
E. V.; DIOGO, R. M. et al. (Orgs.). Representação animal na literatura. Rio de Janeiro, 2015.
MACIEL, Maria Esther. Literatura e animalidade. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2016.
285
CAPÍTULO 25 - SEPÉ – O MORUBIXABA
REBELDE, UMA METAFICÇÃO
HISTORIOGRÁFICA79
INTRODUÇÃO
79
O presente trabalho foi realizado com apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de
Nível Superior – Brasil (CAPES) – Código de Financiamento 001.
80
Doutoranda em Letras (UFS). CV: http://lattes.cnpq.br/0243081448488165
286
Compêndio de Letras
e assim por diante, até o fim dos tempos. Este meu texto não
escapa à regra: ele a expõe e se expõe a ela. Quem ler por
último lerá melhor (GENETTE, 2010, p. 7).
Nessa reescrita ele faz os acréscimos e as revisitações históricas que julga
necessárias, conforme se observa na fonte bibliográfica citada no fim do poema
épico e nas notas de rodapés por ele inseridas, a fim de deixar a história do índio
aparentemente mais “verdadeira” e “digna” de ser lembrada na Literatura, dando
voz e lugar de heroísmo ao índio missioneiro que supõe ter sido marginalizado. E,
com isso, contribui para o resgate e fortalecimento da identidade do herói nacional
na memória coletiva.
Sob esse viés, Sepé – O morubixaba rebelde constitui-se como uma paródia
Pós-Moderna, entendendo que a paródia é uma forma pós-moderna perfeita, pois,
paradoxalmente, incorpora e desafia aquilo que parodia. Uma vez que ela obriga a
uma reconsideração da ideia de origem ou originalidade, ideia essa compatível com
outros questionamentos pós-modernos sobre os pressupostos do humanismo liberal
(HUTCHEON, 1991, p. 28). Nesse poema épico Fernandes Barbosa incorpora e
desafia a história de O Uraguai, de Basílio da Gama, tentando trazer para o centro
o herói Sepé Tiaraju que em sua perspectiva estava descentrado, mesmo sendo
incluído por Basílio da Gama em uma galeria de heróis, ou seja, ao lado de outros
heróis e não ocupando a posição central de herói na narrativa.
Seguindo essa linha de interpretação, o poema pode ser classificado como
uma reescrita auto reflexiva da história, ou seja, uma metaficção historiográfica, que
nos termos de Linda Hutcheon (1991) é uma característica do Pós Modernismo na
ficção. Trata-se, portanto, de uma poética que dá origem a manifestações paradoxais
paralelas do Pós-Moderno, que se nota em uma vasta produção cultural, tais como:
cinema, vídeo, fotografia, pintura, dança, música e outros gêneros literários. E o que
se destaca nessa produção Pós-Moderna é seu caráter de intensa auto reflexividade e
seu caráter paródico, destacando-se como uma arte que procura se firmar no mundo
histórico ao mesmo tempo que desafia, problematiza e questiona esse mundo, sem,
no entanto, implodi-lo (HUTCHEON, 1991).
Observa-se que Fernandes Barbosa não nega ou rejeita a História, ao con-
trário, ele usa a própria história para questioná-la e problematiza-la em um intenso
diálogo desafiador. Tal diálogo está imbricado na composição do texto literário e
nas quarenta e seis notas de rodapés que compõe a obra como um todo, um recurso
287
Ellen dos Santos Oliveira (org.)
ANTES DO NADA
81
Correção manuscrita feita pelo próprio Fernandes Barbosa alterando “redivivo” por “rediviva”.
289
Ellen dos Santos Oliveira (org.)
291
Ellen dos Santos Oliveira (org.)
Com tal alusão, o poeta traz à tona a importância dos bandeirantes na guerra,
sendo eles os responsáveis pela expansão do território nacional para além do que
estava determinado no Tradado de Tordesilhas. Por causa disso:
292
Compêndio de Letras
293
Ellen dos Santos Oliveira (org.)
isso, ameniza a condenação dos jesuítas empreendida por Basílio da Gama em seu
engajamento antijesuítico :
E todos fracassaram na disputa...
Castela, sem ouvidos, não escuta,
As razões que souberam apresenta-la;
E ainda nomeia o padre Altamirano,
Mandão da classe, Sul-americano,
Para a voz dos teus padres sufoca-las.
(FERNANDES BARBOSA, 1964, p. 23)
294
Compêndio de Letras
Esse capítulo encerra o relato épico com um grand finale baseado na con-
cepção filosófica Machadiana que chamou de “Humanitista”, uma crítica à filosofia
Humanista, e com a mesma carga irônica utilizada pelo escritor realista.
Ao vencedor entreguem-se as batatas,
Pondo-lhe o feito em traços de pinturas,
Ergam-lhe estátuas, gravem-se nas pratas,
As imortais legendas de bravura.
Que Gamas cantem tôdas as bravatas,
Em “O Uraguais” de fina contextura,
E colham flôres no frescor das matas,
Para enfeitar a sua sepultura.
E neguem a Sepé um monumento,
Dêm-no à vala comum do esquecimento,
Enquanto o tempo role e se desande.
Esqueçam a figura do ameraba,
Que eu fui buscar no fundo de uma taba,
Para embalar nos braços do Rio Grande!
(FERNANDES BARBOSA, 1964, p. 83)
296
Compêndio de Letras
CONSIDERAÇÕES
297
Ellen dos Santos Oliveira (org.)
REFERÊNCIAS
ASSIS, Machado de. Quincas Borba. 54.ed. Jaraguá do Sul – SC: Avenida Gráfica e Edi-
tora, 2005.
BARBOSA, Fernandes. Sepé - o morubixaba rebelde. Rio Grande do Sul: Tipografia Santo
Antônio, 1964.
GAGNEBIN, Jeanne Marie. Verdade e memória do passado. In. Lembrar, Escrever, Esque-
cer. São Paulo: Editora 34, 2006.
GOBBI, Márcia Valéria Zamboni. Relações entre ficção e história: uma breve revisão teórica.
Revista Itinerários. Araraquara, nº 22, p.37-57, 2004. Disponível em: http://seer.fclar.unesp.
br/itinerarios/article/view/2736/2473
GAMA, José Basílio da. O Uraguai; Declamação Trágica. São Paulo: Martin Claret, 2009.
MARTINS, Jefferson Teles. Dois modelos de História em disputa no IHGRGS nos anos
1950: o caso Sepé Tiaraju. RIHGRGS, Porto Alegre, n. 149, p. 185-206, dezembro de 2015.
OLIVEIRA, Ellen dos Santos. O herói Sepé em duas versões: O Uraguai e Sepé – o morubixaba
rebelde. Dissertação de Mestrado. São Cristóvão/SE: Universidade Federal de Sergipe, 2016.
298
SOBRE A ORGANIZADORA
299
ÍNDICE REMISSIVO Aristóteles 78, 126-128, 133-135, 161
arkade 43
arqueologia do povo lusitano 237
A
arte 8, 124-126, 134-135, 162, 207, 212, 237,
a arqueologia do saber 68, 70, 76 240, 248, 250, 254-255, 259, 270, 272, 276,
abordagem Behaviorista 82 280, 287, 291
ação 15, 40, 49, 72, 74, 90, 117, 120, 123, as cerejas 7, 11, 226, 230-235
125-127, 129, 133, 161, 172, 218-219, 266, ASSIS-BRASIL, M. 122
283, 286, 295
ASSIS, Machado de. 298
AD francesa 66, 68, 70, 73-75
assunto 17, 37, 93, 96, 126, 132, 139, 155, 165,
administração 59, 84-85 180, 188, 196, 204, 284
adolescência 231, 235 atividade humana 74
aedo 238 autor 4, 11, 16, 19, 25, 40, 68, 72, 116-120,
AGUIAR, Joaquim 21 124, 126, 130-131, 134, 142-146, 151-152,
AIRES, Romário dos Anjos 272 158, 161-162, 175, 180-181, 183-189, 207,
250, 252, 256-259, 276, 278-280, 290, 297
Althusser 69-70, 75-76
avaliação 11, 90, 114, 119, 121, 147, 160, 165,
ALTHUSSER, L. 75 173-174, 181, 185, 190, 212
aluno-orientado 139-141, 144, 147 B
aluno-tutor 139-141, 144-146 Bakhtin 71, 73-76, 181, 189, 245, 248, 250-251
ALVES, Ieda Maria 42 BAKHTIN, Mikhail 189, 248
amor 18-19, 162, 205, 231, 233, 237 bandeirantes 292
Amossy 125, 128-135 BARBOSA, Fernandes 298
análise 6, 8-12, 15, 18, 35-36, 46, 49, 53, 55-56, Basílio da Gama 286-287, 290-292,
66-68, 70-76, 80-81, 87, 92, 98-99, 106, 110- 294, 296-297
113, 115-116, 120, 122-124, 128, 130, 135,
143, 161-163, 169, 173, 180, 190-193, 197, BENJAMIN, Walter 248
200-201, 206, 212, 222, 226, 235-236, 239, BERBER SARDINHA, T. 165
247, 250-251, 253, 256, 263, 288 BEYDOUN, Fauzi. 22
análise crítica do discurso 11, 190-192 BEZERRA, José Denis 272
análise da linguagem 66, 71, 75 bibliográfica 15, 63, 77, 158, 203-204, 287, 297
análise de dados 143 bilíngue 6, 10, 149-150, 152-153, 155
análise de discurso crítica 66, 71, 76 bilinguismo 150, 152-153, 155
Análise dialógica do discurso 66, 73-74 BLOOM, Harold 272
Análise do discurso 9, 66-67, 76, 99, 124, 128, BORBA, Maria Antonieta Jordão de
135, 180, 251 Oliveira 260
análise lexicográfica 110 BRAIT 73-74, 76, 180-181, 189
análises 5, 8, 12, 25, 33, 47, 66, 83, 108, 134- Brasil 16-17, 20, 22-23, 34, 44, 46, 56, 58-60,
135, 184, 252, 254-255 64, 74, 77, 84-86, 96, 101-102, 109, 116,
ANTHONY, Laurence 201 122, 150, 152-153, 155, 167, 176-178, 194,
ANTUNES, Irandé 21-22, 33, 212 205, 208, 212, 216, 248, 258-259, 270, 272-
273, 286, 290
ao vencedor, as batatas 292, 295
C
argumentação 6, 10, 124-125, 127-135
CAMERON, L 156
argumentar 115, 124, 128-130, 133
Canaã 292
argumentos 21, 96, 126-127, 130-131,
133-134, 141 canção do exílio 19
capitalismo 214, 221, 223
300
CAVALCANTI, Raíssa 248 culturas distintas 138
CHARAUDEAU, P 135 curso de linguística geral 45, 56, 67, 77
CHARTERIS-BLACK, J 165 D
CHAVES, Carla 64 decodificação 21, 208
ciência 44-46, 49, 53-54, 57, 66-67, 69, 73, democracia grega 125
77-78, 80, 86, 110, 149, 212, 214-215, 218, Deus 167, 238-241, 244, 246-247, 276, 278
220, 223, 279
dialogismo 74, 76, 181
ciências 22, 38, 45, 52, 54, 67-68, 72, 82, 124,
129, 135, 189, 201, 263, 273, 288 disciplinas 18, 20-21, 45, 66, 254, 263, 271
ciências humanas 45, 67-68 discourse analysis 67
circulação 72, 74, 76, 185, 197, 251 discurso 5-6, 9-12, 31, 34, 66-76, 78, 87-90,
94, 96-97, 99, 119, 123-135, 161, 165, 173,
círculo de bakhtin 73, 75 180-183, 185-188, 190-192, 194-195, 197-
civilização 11, 84, 213-214, 220-221, 201, 207-208, 244, 249-251, 260, 275
224, 239, 285 disposição 68, 117, 119, 126, 204, 262
civilização ocidental 213 distribucionalismo 67
classe dominante 259 drama 257
colonizado 297 Dubois 68
colonizador 292, 294, 297 Durkheim 111
comércio exterior 60 DUVEEN, G. 122
compreensão 8, 12, 15, 47, 52, 84, 105, 111, E
115-116, 126, 139, 155, 179-181, 184, 200,
204, 209, 229, 235, 249, 254, 256, 262, 264, educador 19, 86, 209-210, 265
266, 268, 279 elocução 126
comunicação 5, 9-10, 14, 17-18, 35-37, 40-42, engajamento 73, 160, 224, 288, 294
53, 60, 64, 76-77, 79, 84, 89, 112, 115, 125, ensino 5-6, 8-12, 14, 16-17, 21-25, 29-30,
127, 132, 137, 139, 149-150, 153-154, 159, 32-34, 44, 48, 52-55, 57-60, 62-65, 77, 84-86,
167, 169, 171, 180, 183, 189, 207, 209, 253, 264 100, 102-103, 108-109, 117, 120, 122-123,
comunidades linguísticas 152 135-138, 141, 146-147, 149-158, 162, 167-
consciência 20, 69, 75, 111, 114, 139-140, 176, 169, 177, 204-205, 210, 212, 252, 254, 263,
215, 234, 260, 266, 276, 279-280, 291 266-268, 271-273
contextos textuais 110 ensino de línguas 9, 21, 53, 65, 137, 155-156
CONWAY, Erik M 225 entrelinhas 235, 249, 251, 255-256, 260
corpo discente 137-138 entrevistas 58, 110, 162-163, 165, 171
corpus 6, 9-11, 35, 40-41, 87, 103, 136, 165, enunciação 66-67, 87-90, 94, 179-183, 186-189
190, 192-193, 196-197, 201 escola 11-12, 15-16, 24-29, 32-34, 46, 53, 56,
costumes populares 150 67, 84, 100-103, 109, 159, 164, 167-168, 177,
203-205, 211-212, 252, 262-266, 270-273
criação 35-36, 38, 42, 69, 126, 161, 189, 212,
224, 228, 240, 244, 250-251, 256, 278 escrita colaborativa 6, 136-139, 141-
142, 145-146
criança 81, 132, 151-153, 155, 209, 282-283
escrita palimpseta 286
criatividade 21, 47, 92, 126, 159, 165,
206, 209, 263 escritor 25, 132, 134, 160, 204, 237, 239, 245,
247, 250, 262, 264, 296
crisóstomo 237, 239-248
espaço 16, 20, 24-25, 31, 33, 48, 60, 79, 82-83,
crítica literária 249, 284 87-91, 96-97, 101, 138, 165, 208-209, 219,
cultura 10, 14-15, 17, 21, 23, 29, 33, 43, 47, 238, 245, 251, 258, 260, 262, 265, 269, 271,
49-50, 60, 90, 99, 131-132, 136, 162, 167, 169, 277, 281, 288, 298
221, 241, 246, 248, 263, 269, 275, 285, 297, 299 esquecimento 223, 227-229, 290, 294, 296
301
estética 160, 189, 249-250, 252, 259, 261 gerativismo linguístico 82
estética da recepção 252, 261 globalização 57, 61, 64-65, 154
estruturalismo 67, 73, 78-83 GOBBI, Márcia Valéria Zamboni 298
estruturalismo saussureano 83 GOLÇALVES, R.M. 156
ethos 6, 11, 124, 127, 133, 179-183, 186-189 GONÇALVES, Carlos Alexandre 43
etnias 198 gramática 21, 28, 33, 50-52, 54, 68, 72, 78-79,
experiência 7, 29, 31, 48, 55, 58, 113-114, 116, 82-83, 85, 89, 99, 103, 109, 118, 122-123, 137,
121, 123, 140, 144-145, 147, 157, 160, 171, 164, 166, 176, 205, 209, 263
238, 242, 246, 253, 257-258, 260, 262-263, Grécia Antiga 45, 78-79, 247
269-270, 274, 279, 289 grego 47, 59, 78, 125, 240-241, 248
F grupos minoritários 6, 11, 190, 192-193, 195-
Fairclough 71-72, 75-76, 190-192, 201 196, 200-201
FAIRCLOUGH, N. 76, 201 H
fala 25-26, 28, 30, 32, 34, 42, 49, 51, 53, 65, habilidades 16, 28, 44, 50-51, 55, 62, 64, 126,
67-68, 70, 74, 80, 83, 95, 100-103, 107-109, 137, 139, 141, 152, 158, 185, 263-264, 270
124, 128-130, 132-133, 135, 152, 169-176, habilidades sociais 139, 141
178, 182-183, 203, 216, 220, 227, 229, 231,
234, 238, 241-243, 251, 262, 291 HALBWACHS, Maurice 235
FAZENDA, Ivani Catarina 272 HALLIDAY, M. 123, 166
fenômenos linguísticos 100-101, 110 HATOUN, Milton 273
Fernandes Barbosa 12, 286-298 hegemonia 190-192, 197
FERREIRA, L. A. 135 herói 237, 243-245, 247, 286-287, 289-290,
294-296, 298
ficção 167, 250, 253, 258-261, 265, 287,
289, 291, 298 herói contemporâneo 237
ficção literária 260 hipóteses 44, 51-52, 54, 80, 111, 254, 264
filosofia humanista 295-296 história 8, 17, 20, 22, 26, 40, 45, 47, 52, 56,
69-70, 76-77, 80, 154-155, 169, 214, 217-222,
Fiorin 8, 74, 76, 87-88, 90, 98-99, 181-182, 189 228, 230, 236, 239, 246-248, 250, 252, 262-
FIORIN, J. L. 76 264, 268-269, 271, 277, 286-292, 294, 296-298
Fonseca-Silva 67-68, 76 histórias romanescas 255
formatividade 250, 259 historicidade 66, 75
Foucault 31, 34, 68, 70-71, 76, 188 humanidade 8, 17, 48, 52-53, 213-215, 218-
FREIRE, Paulo 22, 34, 212, 272 219, 221-222, 224, 258, 274, 277, 280-281, 284
Freud 69-70, 75 humanos 19, 38, 53, 199, 213, 223, 265-
266, 275, 277
fronteiras 9, 25, 76, 188, 244, 251, 275
HUTCHEON, Linda 298
função social 113
I
funcionalismo linguístico 83-84
IBGE 60, 65
G
ideologia 23, 69-70, 73, 75, 191, 197-198, 272
GAGNEBIN, Jeanne Marie 298
ideologia dominante 23, 191, 197-198
GAMA, José Basílio da 298
ideologias 69, 71, 161, 187, 190-191, 198, 200
gênero 16, 41, 74, 108, 130, 195, 197-198,
203-204, 206-207, 209, 211, 251 idioma 9-10, 35, 47, 49-53, 55, 57-59, 61-62,
64-65, 79, 149-150, 152-153
genética 245, 278
IHGRGS 288, 291, 298
GENETTE, Gérard 298
ilha magnética 18, 22
genocídio 292
Geografia 20, 263
302
imagens 11, 17, 37, 114, 117, 119, 121, 179, latim 47, 59, 79
203-204, 206, 209-211, 227, 229-231, 235, LATOUR, Bruno. 224
247-248, 255, 267, 272, 281-282, 284
LDB (Lei de Diretrizes e Bases) 59
imaginação 152, 207, 209, 246, 259,
262-264, 271 leitor 7, 11-12, 16, 20, 25, 68, 91-92, 94, 124-
125, 132, 134-135, 179-180, 182, 185-186,
inclusão 34, 59, 177, 271, 288 188, 203-204, 207-211, 235, 249-256, 258-
índio 234, 270, 287-288, 290-291, 294-295 262, 264, 268-270, 272
indivíduo 68-69, 81-83, 152, 161, 171-173, leitura 7, 9, 11-12, 14-18, 20, 22-24, 26-29,
177, 205, 208, 229, 238, 262, 265, 268 32-34, 55, 68-69, 89, 102-103, 121, 135, 152,
infância 34, 149, 156, 212, 227, 231- 185-187, 203-212, 219, 226, 231, 235, 237,
232, 235, 257 246-247, 249, 251-257, 260-265, 267-268,
270-273, 286
influência 5, 9, 35-37, 47, 80, 112, 124-125,
128-129, 132, 134-135, 140, 150, 154, 159, ler 15, 21-24, 26-29, 33-34, 62, 76, 164-165,
167, 171-172, 178, 180, 183, 188, 198, 200, 249 185, 203, 205, 207-212, 219, 232, 250-253,
256, 260, 262, 264-265, 268, 272, 286-287, 290
influenciar 124-125, 128, 131, 134, 188, 294
letramento 5, 9, 23-25, 27-29, 31-34,
informar 41, 92, 95, 125 138, 212, 273
inglês 6, 10, 35-36, 39, 58-65, 136, 150, 152, letras 5, 8-9, 12, 14-18, 20-21, 34-35, 40, 44,
154, 156-157, 163-165 46, 48-50, 55, 66, 100, 109-110, 122, 156-157,
inteireza 237 166, 177-178, 189-190, 203, 226, 236, 248,
interação 20, 23, 25-26, 28, 33-34, 83-84, 113, 253, 260-261, 272-274, 285-286, 289, 299
128, 132, 138-141, 147, 165, 186, 220, 252- LIBÂNEO, José Carlos 273
256, 258, 270, 274, 280 LIMA, Luiz Costa. 261
interlocutor 101, 107, 125, 129-132, 160, Linda Hutcheon 286-287
172-173, 186
língua 5-11, 14, 16, 21-25, 27-29, 33-40,
interlocutores 31, 68, 125, 176, 181 42-43, 47-48, 50-69, 74-75, 77-87, 100-103,
interpretação 5, 9, 14-15, 17-18, 20-21, 55, 109, 122, 124, 126, 130, 133, 136-138, 142,
66, 83, 112, 116, 120, 122, 155, 187-188, 191, 147, 149-167, 169-171, 177, 180, 185, 190,
206, 208, 249, 251, 253, 256, 264, 271, 287 203, 205, 207-209, 211-212, 230, 232, 248, 263
intertexto 286, 289 linguagem 5, 8-12, 35-38, 40-43, 45-55, 66-67,
intertextualidade 165, 250 70-71, 73-75, 77-82, 84, 86, 89, 91-92, 102,
110-113, 116, 122, 124-125, 127-130, 132-
invenção 126, 268, 270 133, 135, 154, 156-157, 161-162, 167, 170,
investigação 9, 44, 48-54, 80, 82, 84, 149, 157, 177, 181, 190-191, 197, 201, 203-204, 206-
163, 171, 251-254, 266 208, 227, 262, 264, 268, 275-276, 278, 281, 291
ISER, Wolfgang 260-261 língua inglesa 5-6, 9-10, 39, 43, 57-64, 136-
J 137, 147, 149-151, 155-158, 162-164
jabuti 259 língua materna 9, 14, 16, 33-34, 54-55, 86,
103, 109, 150-151, 153, 157-158, 177
JAUSS, Hans Robert. 261
língua portuguesa 5-7, 9, 11, 14, 21-23, 34-37,
jornal 87, 91-96, 98-99, 290 56, 77, 85-87, 100, 102, 109, 122, 166-167,
jornal do povo 290 185, 190, 203, 209, 211-212, 248, 263
jornalismo 14, 97-99 Linguística de Corpus 11, 190, 192
Journal of Pragmatics 71 linguística saussuriana 74, 79-80
K literatura 7-8, 17, 19, 35, 68, 82, 100, 109, 147,
KALVA, J.M. 156 150, 155, 205, 212-213, 236-237, 248-249,
254-255, 260-263, 267-274, 279-280, 284-
L 287, 291, 298-299
Lacan 69-70, 75 literatura brasileira 272, 286
LAJOLO, Marisa. 273
303
livro 2, 8, 58, 67-68, 70, 77, 156, 213-214, Michel Foucault 68
216-217, 219, 221-222, 229, 239, 242, 246, mitos 50, 238, 241, 247-248, 270
249, 267-268, 274, 281, 297
mitos gregos 238, 247
livros didáticos 20, 208
modelo linguístico 68
LLOYD, B 122
modelo sociológico 68
Louis Althusser 69
modernidade 11, 213-214, 218, 221-222, 224
lugar 8, 19, 33, 48, 53-54, 60, 68, 70, 88, 91,
110, 112, 127, 130, 135, 160, 187, 230, 236, MOITA LOPES, L.P. 156
242, 251, 253, 265, 269, 271-272, 283-287, 290 moral 69, 140, 183, 250, 259, 276
luta 176, 192, 199, 215, 224, 290 MORIN, Edgar. 273
Lygia Fagundes Telles 7, 11, 226, 235-236 MOSCOVICI, S. 123
M MOURA, E.V.X. 156
Machado de Assis 182, 295 multiplicidade de vozes 75
machismo 71, 196 música 15-18, 20-22, 165, 208, 287
MAIA, Joseane 273 Música Popular Brasileira 17
MAINGUENEAU 67, 70, 76, 180, 183, 189 MUSSALIM 70, 73, 76
MAINGUENEAU, D. 76 N
MAINGUENEAU, Dominique. 189 narrador 7, 11, 87-89, 93-98, 221, 226, 237-
MALDIDIER 75-76 239, 241-242, 244, 246-248, 259, 293
marketing 60 narrativas épicas 238
MARSH, D. 156 NASCIMENTO, César 22
MARTINS, Jefferson Teles. 298 Negrinho do Pastoreio 288
MARTINS, Maria Helena. 22 neorolinguística 82
Marx 69, 75 NORA, Pierre. 236
materialismo histórico 68-69, 251 Norman Fairclough 71, 190
materialização do discurso 126 no tempo das catástrofes 213-214,
220, 223, 225
MATTHIESSEN, C. 123, 166
O
meio ambiente 11, 14, 117, 121, 213, 220, 224
objeto 8, 46, 52, 67, 71, 73-75, 80, 87-88,
memória 7, 11, 226-229, 235-236, 238, 240- 93, 110-111, 115-117, 120, 130, 158, 162,
241, 247, 263, 287, 289, 291, 294, 298 192, 203, 205, 210, 226, 246, 266, 278-279,
mensagem 115, 117, 160, 207, 211, 282-284, 292
223, 238, 248 obra 12, 19, 35, 45, 67, 69, 74, 77-78, 80-82,
metaficção historiográfica 7, 12, 286- 184, 187-188, 218, 226, 237-238, 245-248,
287, 297-298 250, 252-253, 255-256, 261, 274, 281, 286-
metáforas 19, 161, 165, 254, 259 287, 289-291, 294-295, 297
metafunção ideacional 114, 116, 159 oceano 7, 237, 240, 242, 244-245, 247
método 9, 11, 45, 67, 74, 80, 85-86, 110, O filho de mil homens 7, 11, 237, 248
115, 137, 146, 149-150, 154-155, 162, 169, oração 104, 114-116, 119-120, 240
191, 251, 260 oral 16, 21, 36, 103, 108, 137, 206, 240, 246
metodologia 10, 22, 53, 56, 63, 68, 75, 77, 125, oralidade 9, 19, 24-25, 34, 101, 103-104, 107-
141, 149-151, 162, 169, 171, 203, 212, 251 109, 151, 164, 271
metodologias 6, 110, 149-151, 262-263, 271 ORESKES, Naomi 225
métodos 8, 12, 63, 78, 86, 123, 138, 149-150, organismo vivo 214
153, 155, 165-166, 209
ORLANDI, E 76
MEYER, O. 156
O Uraguai 286-287, 290-292, 294-298
304
P práticas discursivas 34, 66, 126, 192, 197
PAIVA, V.L.M.O. 156 prática social 34, 72, 190-191, 262
palimpsesto 286 prática textual 190-191, 193, 200
parâmetros curriculares nacionais 16, 22, 56, preconceito 50, 71, 174, 176-177, 197-198, 250
62, 64, 208, 212 procedimentos metodológicos 104, 110
Pêcheux 68-70, 75-76 professor 16-18, 20, 28, 33-34, 49-50, 52, 62,
PÊCHEUX, M 76 84, 102, 110, 121, 136, 139, 141, 144, 147,
pensamento 24, 49, 55, 76, 78, 117, 125, 128, 150-152, 155-157, 190, 209, 212, 237, 249,
134, 151, 159-160, 183, 189, 192, 194, 198, 252, 262, 265-266, 273
209, 211, 229, 246, 254, 264, 271, 274-276, protagonista 7, 213, 242, 247, 251, 259, 266
278, 280, 296 psicolinguística 82
personagens 10-11, 131, 208, 222, 226, 235, psicologia 38, 57, 73, 82, 111, 123, 149, 253, 255
237, 245-246, 286, 297
público 10, 37, 94, 124-125, 129, 132-135, 137,
persuadir 88, 124-126, 128, 131-132, 134-135 139, 149-151, 154-155, 179, 188, 197, 289
persuasão 92, 124, 130, 132-135 Q
pesquisa 7, 10, 20, 25, 33, 37, 61, 63-64, 66, 73, Quincas Borba 295, 298
77, 83, 87, 89-90, 92, 98, 100-101, 105-108,
110, 125, 130, 136, 141-143, 147, 150, 155, R
157-159, 162-163, 165, 169, 171, 176-178, racismo 71, 198
190, 192-193, 195, 200, 203-204, 212, 220, REBOUL, Oliver. 135
262-263, 265-267, 270-272, 274, 288, 299
recepção 74, 91, 102, 249-250, 252-253, 261
pesquisa bibliográfica 63, 158, 203
receptor 55, 127, 249-252, 254-255, 269
pesquisa qualitativa 33, 63, 203, 212
reescrita 286-287, 296
pesquisas 8, 12, 15, 23, 34, 37, 57, 73, 77, 80,
103, 110, 138, 150, 153, 157, 165, 171, 252, reescritura 138
260, 263, 284 relações de poder 72, 190-191
pesquisas bibliográficas 150 repertório 81, 101-102, 109, 256
planejamento 151, 166, 204, 267 representação 7, 12, 29, 69, 72, 93, 110, 112,
poder 19, 29, 31, 33, 46, 56, 71-73, 76-77, 116-117, 120-121, 123, 210, 219, 227, 240,
124-127, 130, 132-133, 139, 144, 147, 175, 257, 262, 264, 274, 279-280, 285
178, 188, 190-191, 198, 217, 219-220, 234, representações sociais 6, 10, 110-113, 115-117,
256, 260, 265, 267, 276-278, 291 120-123, 190, 193, 200
poema épico 12, 286-287, 289-291, 296 retórica, 79, 125, 135
poesia 7, 12, 16-17, 21, 204-212, 248, 274, retórica clássica 10, 124-125, 127, 130, 134
280, 285, 288-289, 291 ritmo 20, 204, 239
poético 7, 11-12, 203-211, 256, 274, 281-284 romance 7, 11-12, 226, 236-242, 245-247,
polifonia 74, 251, 255 249-251, 255-258, 267, 295
polifonias do discurso 251 Romance de Formação 251
pós - colonialista 297 S
povo 17, 26, 47, 50, 78-79, 84, 167, 174-175, sabedoria 126, 240-241, 244, 246-247
223, 237, 259, 269, 289-290, 292, 294, 296, 298 sagrado 216, 289
pragmática 67, 130, 161 sala de aula 5, 9, 15-17, 20-23, 33, 53-54, 62,
prática discursiva 72, 190-191, 193- 103, 109, 136-137, 140, 150, 159, 166, 177,
194, 197, 201 203-206, 209-211, 269, 271-273
práticas 5, 9-10, 14, 23-24, 27, 29, 32-34, 46, Saussure 45-47, 56, 67-68, 75, 77-78
55, 66, 69, 72-73, 79, 86, 100, 126, 135-137, segmentos de textos 110
156, 179, 185, 190-192, 197, 237, 251, 263,
269, 273, 276-277, 280 semiótica 9, 66, 86-87, 89, 91, 99, 122, 189, 249
305
senso crítico 20-21 texto 7, 11, 14-16, 18-19, 21, 25, 47, 66, 69,
sentidos 19, 68, 70, 76, 85, 104, 113-114, 116, 72, 76, 82, 87-90, 93-94, 96-98, 111, 115, 117,
151, 161, 185, 207-208, 211, 251, 255-256, 120-122, 129-130, 133, 135-138, 142-144,
260, 262, 267, 276 146-147, 159-161, 165, 182-191, 195, 199,
203-211, 226, 242, 244, 249-256, 258, 260,
Sepé – o morubixaba rebelde 7, 12, 286-287, 262-265, 267-268, 270, 272-274, 286-287,
290, 292, 296-298 289-291, 297-298
Sepé Tiaraju 12, 286-292, 294, 296-298 textologia 250, 261
significado 35-36, 39, 41, 72, 80, 116-117, 121, textos orais 21
153, 159-160, 170, 206-208, 226, 250, 288
textos polifônicos 75
signos 15, 21, 67, 79, 83, 115, 279-280
textualidade 212, 286, 297
signos linguísticos 67
tramas 255
SILVA, Ezequiel Theodoro da 273
transtextualidades 250
símbolo 241, 257, 277, 279
tratado de Madri 291-293, 297
SIMONS, GARY F. 65
U
Sociolinguística 5-6, 9-10, 23, 33, 67, 102-103,
109, 167-170, 177-178 universo 7, 47, 112, 158, 204, 249, 251, 260,
262, 268, 276, 280
softwares 37, 64
V
SOUZA, Wander Emediato. 135
Valter Hugo 7, 11, 237, 242, 246-248
STEINBERG, Martha. 43
VAN DIJK 72-73, 76
STENGERS, Isabelle 225
variação linguística 5, 10, 56, 100-103, 108-109
STIERLE, Karlheinz. 261
vinculação sociais 112
STIERLE, Karl-Heinz. 261
vital 58-59, 62, 137, 139, 161, 204
subjetividade 25, 53, 68-69, 73, 90, 179-181,
205, 208-210, 269 VOTRE 66, 75-76, 169, 177
sujeito 44, 67-70, 75, 87-90, 94-95, 98, 111- voz 7, 11, 17, 46, 72, 96, 126, 169, 186, 222,
112, 114, 116-117, 123, 125, 129-130, 132- 226, 230, 238, 241, 257-258, 268, 287, 294, 298
133, 158, 172, 182, 189, 209, 226-227, 229, vozes 10, 46, 56, 75, 94-95, 98, 123, 181, 223,
253, 255-256, 277, 281 238, 248, 255, 260, 268
sujeito social 68 vozes polifônicas 255
T Y
técnica da palavra 126 YAMAZAKI, Cristina 189
TELLES, Lygia Fagundes. 236 Z
tema 34, 50, 94, 100, 115, 119-121, 179, 181, Zellig Harris 67
183, 188, 194, 210, 246 ZILBERMAN, Regina 273
teogonia 240, 248
teoria 10-11, 15, 52-53, 68-69, 72, 81-82, 85,
87, 110-112, 116-117, 121, 123, 127-129,
157-158, 160-162, 169, 171-172, 180, 189,
192, 212, 249-250, 252-255, 260-261, 273
teoria do efeito estético 11, 249, 252-
255, 260-261
teorias 8, 12, 15, 51, 54, 66, 76-77, 80, 82, 85,
112-113, 116, 134, 159, 252, 254
teoria skinneriana 82
Tétis 240
306
Este livro foi composto pela Editora Bagai.
www.editorabagai.com.br /editorabagai
/editorabagai contato@editorabagai.com.br