Perguntas Sobre o Perdão
Perguntas Sobre o Perdão
Perguntas Sobre o Perdão
1. O que é perdoar?
Perdoar não é tentar esquecer o que me fizeram, pois sempre é bom aprender
a partir do que vivemos.
Perdoar é sobretudo libertar-se dos sentimentos negativos e destrutivos, tais
como o rancor, a raiva, a indignação que um mal padecido despertou em nós,
e optar por entender que está nas minhas mãos aumentar o grau de sofrimento
do dano recebido ou colocar o problema onde ele está.
Em síntese, perdoar é, ao contrário da raiva e do rancor, ver as pessoas e
circunstâncias que nos causaram dor e problemas de uma maneira diferente. É
poder olhar para o meu cônjuge e suas ações negativas com o realismo e a
misericórdia próprias de um Deus que está disposto a nos perdoar a cada dia,
onde não apenas ele vai nos mostrar o nosso pecado, mas onde também ele
vai nos dar oportunidade de sermos melhores.
Damos a pessoa a mesma quitação que Jesus fez, por nós, na cruz. A cruz é o
melhor lugar para quitar contas impagáveis. Desenvolvemos o dom da
compaixão. Quem perdoa passa ser mais requisitado para dar conselhos.
Adquire autoridade espiritual para orar por alguém em dificuldade em perdoar.
Vê a outra pessoa na perspectiva de como Deus a vê. Quando você quita a
dívida de uma pessoa, Deus quita a sua.
11. Por que culturalmente é tão difícil perdoar uma traição conjugal?
As traições de todos os tipos são as que mais mexem com nossa autoestima e
com nosso amor-próprio. Quando traídos, nós nos sentimos inferiorizados,
menosprezados e piores “que o resto”. E é exatamente isso o que ninguém
quer sentir! Pelo contrário, toda a nossa base de comportamentos e de
emoções nasce do nosso desejo profundo de sermos apenas amados, e
amados incondicionalmente.
A traição é, portanto, o maior desamor que podemos viver, é uma certeza
profunda de que não somos dignos o suficiente de sermos amados. Mas, é
claro, nem todo mundo se dá conta de que é isso que está sentindo, porque
muitas vezes essa sensação é inconsciente, bem como os comportamentos
que decorrem dela. Por impulso, diante da traição, nós buscamos algum tipo
de vingança para devolver ao outro a mágoa que nos foi causada. Por isso, é
tão difícil superar uma traição.
Perdoar é uma escolha necessária inclusive nesses casos, mas reatar ou
renovar a relação depende bastante do casal. É preciso um tipo de abertura e
de disposição para que se possa reaver os termos estabelecidos para aquela
relação. E, principalmente, é preciso entender que o único amor incondicional
que temos a condição de viver é o amor-próprio. Duas pessoas que amam a si
mesmas, que conhecem e respeitam as próprias limitações e qualidades,
têm mais condições de estabelecer uma relação saudável.
12. Perdoar demais pode ser um problema? Como identificar o limite?
Perdoar demais nunca é um problema, mas, sim, uma solução. O que é
preciso fazer é dissociar o perdão da permissividade. Eu posso escolher
perdoar e decidir que aquele tipo de situação ou que aquela pessoa não vão
mais me magoar. Tudo isso é escolha, mas muita gente acredita que se trata
de uma escolha impossível. Por isso é que a consciência de si mesmo é tão
importante.
Nós somos os responsáveis por nossa trajetória, e ninguém mais, além de nós
mesmos, pode decidir o que é melhor ou qual caminho seguir.
13. Ao perdoar, eu devo me esquecer do que aconteceu?
Perdoar é uma questão de inteligência emocional; esquecer é uma questão
neurológica. Esquecer ou não é, portanto, algo muito individual, que não se dá
por meio de uma escolha. O perdão ajuda você a sair do ressentimento e, com
isso, de ficar lembrando e relembrando a todo momento aquela dor. Perdoar
não significa apagar o evento de sua memória, mas, reforço, significa tirar a
mágoa e a dor de dentro de si. Perdão é uma escolha, uma decisão. Então,
eu escolho não mais ressentir o que passou, ainda que me lembre
perfeitamente (ou não).
14. Perdoar traz inteligência emocional. Por quê?
O perdão não se dá do dia para a noite, como num passe de mágica. É preciso
intenção e treino, e é um caminho contínuo a ser percorrido diariamente até, de
fato, conseguir instalar o perdão.
Eu preciso entender que, assim como eu, o outro também não é perfeito,
também comete erros e, na maioria dos casos, não teve intenção alguma em
me machucar (assim como eu mesma nunca tive a intenção de machucar as
pessoas ao meu redor e, mesmo assim, eventualmente, posso ter machucado
alguém). Essa consciência, por si só, traz fortalecimento interno e inteligência
emocional. Eu passo a viver melhor comigo e com meu entorno a partir do
momento em que conquisto compaixão e empatia.