Revisão Por Mapas Mentais Direito Penal

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DIREITO PENAL

Mapas mentais

MICHELLE TONON
@michelle.tonon
Tentativa
Art. 14 - Diz-se o crime:
II - tentado, quando, iniciada a execução, não se consuma por circunstâncias
alheias à vontade do agente.
Pena de tentativa
Parágrafo único - Salvo disposição em contrário, pune-se a tentativa com a
pena correspondente ao crime consumado, diminuída de um a dois terços.

O art. 14, inc. II, é uma norma de extensão ou tipo de extensão. Adere a
um tipo da parte especial, conferindo-lhe maior abrangência. Imposição
do princípio da legalidade.
Critério para punição
Para o juiz aferir o critério para punição do crime tentado, deverá
levar em conta a proximidade da consumação (iter criminis
percorrido).
Isto é, quanto mais próximo o indivíduo chegou à consumação,
maior será a reprimenda. Neste caso, o indivíduo terá uma
redução de 1/3, por exemplo.
• É possível a tentativa quando pudermos fracionar o iter criminis.
• Alguns delitos são incompatíveis com a forma tentada.
• Crimes culposos: isso porque é da tentativa não alcançar a consumação
por circunstâncias alheias à vontade do agente. Não se cogita, não se
prepara um crime culposo. Não se fala em iter criminis. No caso de crimes
culposos, o resultado não é desejado, ao contrário da tentativa, em que o
resultado é querido pelo agente, mas não é conseguido.
• Contravenções penais: o art. 4º da LCP não pune as tentativas de
contravenção (lei especial prevalece sobre a lei geral).
Crime impossível
• Art. 17 do CP. Não se pune a tentativa quando, por ineficácia absoluta do meio
ou por absoluta impropriedade do objeto, é impossível consumar-se o crime.
• Também chamado de tentativa inidônea, quase-crime, tentativa impossível,
crime oco, tentativa irreal.
• O agente inicia seu plano criminoso, mas não alcança a consumação, que nunca
poderá ocorrer.
• O agente se vale de meios absolutamente ineficazes ou volta-se contra objetos
absolutamente impróprios, tornando irrealizável a consumação do crime.
• A ineficácia ou impropriedade devem ser absolutas. Se relativas, haverá
tentativa. Adoção da teoria objetiva temperada ou moderada.
• Causa de exclusão da tipicidade.
• Meio: é tudo aquilo utilizado pelo agente capaz de ajudá-lo a
produzir o resultado por ele pretendido (Rogério Greco). Faca,
revólver, veneno.
• Exemplo de ineficácia absoluta do meio: tentativa de saque com
cartão bancário já bloqueado; tentativa de envenenar a vítima
com substância inofensiva, tentar matar com revólver
desmuniciado.
• Verificação da idoneidade do meio é feita no caso concreto
• Súmula 567 do STJ: Sistema de vigilância realizado por
monitoramento eletrônico ou por existência de segurança no
interior de estabelecimento comercial, por si só, não torna
impossível a configuração do crime de furto.
• Objeto: tudo aquilo contra o qual se dirige a conduta do agente
(Rógério Greco). Pessoa ou coisa sobre a qual recai a conduta do
agente.
• Exemplo de ineficácia absoluta do objeto material do crime:
disparos com intenção de matar em indivíduo já morto; mulher
que, supondo gravidez, ingere remédio abortivo, mas na
realidade não existe gravidez.
Infanticídio
Art. 123 - Matar, sob a influência do estado puerperal, o próprio filho,
durante o parto ou logo após:
Pena - detenção, de dois a seis anos.

Peculato
Art. 312 - Apropriar-se o funcionário público de dinheiro, valor ou
qualquer outro bem móvel, público ou particular, de que tem a posse
em razão do cargo, ou desviá-lo, em proveito próprio ou alheio:
Pena - reclusão, de dois a doze anos, e multa.
• É possível o concurso de agentes nos crimes próprios?
• Sim
• A doutrina reconhece a possibilidade do concurso de agentes (coautoria e
participação), nos termos do art. 30 do CP.
• O estado puerperal é circunstância pessoal (estado, condição,
particularidade) e, sendo elementar do delito, comunica-se aos coautores
e partícipes.
• No caso do peculato, poderá ser cometido por dois funcionários públicos
ou por um funcionário e um particular que tenha ciência da função pública
exercida pelo comparsa.
Falso testemunho ou falsa perícia
Art. 342. Fazer afirmação falsa, ou negar ou calar a verdade como
testemunha, perito, contador, tradutor ou intérprete em processo
judicial, ou administrativo, inquérito policial, ou em juízo arbitral:
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa.
• É possível o concurso de agentes nos crimes de mão própria?
• Em regra, não comportam coautoria, pois somente podem ser
praticados pelo agente designado no tipo penal.
• Exceção: falsa perícia firmada dolosamente por dois ou mais
peritos em conluio.
(FGV DPDF Analista 2014) Francisco e Armando foram condenados pela prática do crime
de peculato, previsto no Artigo 312 do Código Penal. Francisco, na qualidade de
funcionário público, ao ser removido para outro setor do órgão público onde
trabalhava, resolveu apropriar-se de todos os equipamentos existentes na antiga sala
que ocupava e que pertenciam à administração pública. Como não conseguiria carregar
sozinho os equipamentos e nem tinha carro para realizar o transporte, solicitou a ajuda
de seu amigo Armando, este não funcionário público. Armando concordou em auxiliar
seu amigo na empreitada, não apenas ajudando a carregar os equipamentos, mas
também emprestando seu carro para o transporte, mesmo tendo ciência de que se
tratava de bens públicos e de que Francisco tinha sua posse apenas pelo fato de ocupar
determinado cargo na administração pública. Ao apelar da sentença condenatória, a
Defesa de Armando alegou que ele não poderia ter sido condenado pela prática de
peculato, uma vez que se trata de crime praticado apenas por funcionários públicos.
Sobre a tese sustentada pela Defesa de Armando, pode-se afirmar que:
A está correta, uma vez que peculato consiste em crime próprio, praticado apenas
por funcionários públicos e jamais poderia ter sido atribuído a quem não ostenta
tal qualidade.
B está correta, uma vez que peculato consiste em crime de mão própria, praticado
apenas por funcionários públicos e jamais poderia ter sido atribuído a quem não
ostenta tal qualidade.
C não está correta, uma vez que as circunstâncias e condições de caráter pessoal,
quando elementares do tipo, comunicam- se ao coautor do crime, ainda que ele
não ostente tais qualidades.
D não está correta, pois, em se tratando de crimes contra a administração pública,
é irrelevante que o autor da conduta ostente a qualidade de funcionário público.
E não está correta porque o peculato, quanto ao sujeito ativo, é crime comum.
(FGV OAB VI Exame de Ordem) Grávida de nove meses, Maria se desespera e, visando
evitar o nascimento de seu filho, toma um comprimido contendo um complexo
vitamínico, achando, equivocadamente, tratar-se de uma pílula abortiva. Ao entrar em
trabalho de parto, poucos minutos depois, Maria dá à luz um bebê saudável. Todavia,
Maria, sob a influência do estado puerperal, lança a criança pela janela do hospital,
causando-lhe o óbito.
Com base no relatado acima, é correto afirmar que Maria praticou
A crime de homicídio qualificado pela utilização de recurso que impediu a defesa da
vítima.
B em concurso material os crimes de aborto tentado e infanticídio consumado.
C apenas o crime de infanticídio.
D em concurso formal os crimes de aborto tentado e infanticídio consumado.
(FGV OAB XVII Exame de Ordem) Cristiane, revoltada com a traição de seu marido, Pedro,
decide matá-lo. Para tanto, resolve esperar que ele adormeça para, durante a
madrugada, acabar com sua vida. Por volta das 22h, Pedro deita para ver futebol na sala
da residência do casal. Quando chega à sala, Cristiane percebe que Pedro estava deitado
sem se mexer no sofá. Acreditando estar dormindo, desfere 10 facadas em seu peito.
Nervosa e arrependida, liga para o hospital e, com a chegada dos médicos, é informada
que o marido faleceu. O laudo de exame cadavérico, porém, constatou que Pedro havia
falecido momentos antes das facadas em razão de um infarto fulminante. Cristiane,
então, foi denunciada por tentativa de homicídio. Você, advogado(a) de Cristiane, deverá
alegar em seu favor a ocorrência de
A crime impossível por absoluta impropriedade do objeto.
B desistência voluntária.
C arrependimento eficaz.
D crime impossível por ineficácia do meio.
Conceito analítico de crime
A teoria do delito trabalha com três conceitos fundamentais:
tipicidade, ilicitude e culpabilidade. O crime é um todo indivisível,
porém a aferição é dissecada em elementos.
Sistema tripartido de fato punível: segundo a doutrina
majoritária, a punibilidade não constitui elemento do crime, mas
sim sua consequência. O crime existe independentemente da
punibilidade.
Há entre as três categorias uma relação de sucessão e
prejudicialidade. Assim, a culpabilidade pressupõe a ilicitude e
esta a tipicidade.
Tipicidade: perfeita adequação do fato da vida à norma jurídica.
Ilicitude: ação contrária ao direito, realizada sem o amparo de
uma causa justificante (legítima defesa, estado de necessidade,
estrito cumprimento do dever legal ou exercício regular do
direito).
A ação típica e antijurídica constitui o chamado injusto típico.
Culpabilidade: juízo de reprovação sobre o autor de um fato típico
e ilícito, por lhe ser possível e exigível um comportamento diverso,
isto é, conforme o direito.
Fato típico e seus elementos
• É o fato humano (ou praticado por pessoa jurídica, nas hipóteses de
crimes ambientais) que se amolda, perfeitamente, aos elementos
descritos pelo tipo penal.
• Quatro elementos (crimes materiais e consumados):
• CONDUTA (dolosa ou culposa; comissiva ou omissiva)
• RESULTADO NATURALÍSTICO
• NEXO CAUSAL (material ou normativo – imputação objetiva)
• TIPICIDADE (formal, material, conglobante)
Crime material é aquele em que o tipo penal descreve uma conduta e o
respectivo resultado naturalístico (modificação no mundo dos fatos), sem
o qual não se consuma o delito.
Nos crimes tentados, formais e de mera conduta, os elementos do fato
típico resumem-se à conduta e à tipicidade.
Na tentativa, o resultado não ocorre por circunstâncias alheias à vontade do
agente.
Nos delitos formais, o resultado pode até ocorrer, mas não é necessário
para a consumação (corrupção de menores, extorsão mediante sequestro).
Já nos crimes de mera conduta não há resultado naturalístico. O tipo
descreve apenas uma conduta (omissão de socorro, ato obsceno, violação
de domicílio).
• A doutrina identifica que a tipicidade é indiciária da ilicitude, isto
é, um fato típico é um indício, um indicativo, de uma conduta
que afronta o ordenamento. Teoria da ratio cognoscendi.
• Porém, tal presunção é relativa, iuris tantum, pois um fato típico
pode ser lícito, caso seu agente tenha agido com amparo em
uma causa excludente de ilicitude (justificante).
• Segundo a teoria da indiciariedade ou ratio cognoscendi, uma
vez demonstrado que o sujeito praticou o fato típico, caberá à
defesa demonstrar que o réu praticou uma conduta amparada
por uma causa excludente da ilicitude, pois há presunção de
ilicitude da conduta.

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