Meio Ambiente e Saúde

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Meio Ambiente e Saúde

Prof.ª Daniela Viviani


Prof.ª Camila Almeida Pinheiro da Costa

2012
Copyright © UNIASSELVI 2012

Elaboração:
Prof.ª Daniela Viviani
Prof.ª Camila Almeida Pinheiro da Costa

Revisão, Diagramação e Produção:


Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI

Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri


UNIASSELVI – Indaial.

370.357
V859m
Viviani, Daniela
Meio ambiente e saúde / Daniela Viviani e Camila Almeida
Pinheiro da Costa. Indaial : UNIASSELVI, 2012.

207. p.: il

Inclui bibliografia.
ISBN 978-85-7830-538-3

1. Meio ambiente; 2. Saúde.


I. Centro Universitário Leonardo da Vinci
II. Núcleo de Educação a Distância III. Título

Impresso por:
Apresentação
Prezado acadêmico, bem-vindo a mais uma disciplina!

Durante esta jornada de estudos, na Unidade 1 você compreenderá os


conceitos de Meio Ambiente e Saúde. Este estudo inicial, complementado com os
fundamentos da ecologia, será muito importante para a tomada de consciência
de nossa inserção no meio ambiente, bem como de nossa responsabilidade pela
saúde ambiental, sua proteção e, consequentemente, nossa qualidade de vida.
Neste contexto, vamos compreender as relações existentes entre meio ambiente
e saúde, conhecendo as causas e consequências dos problemas ambientais a
que temos assistido nos últimos tempos. A partir desta percepção, ficará claro
que meio ambiente e saúde são temas indissociáveis.

Na segunda unidade, você terá a possibilidade de estudar sobre


a educação escolar, o papel da escola, os sujeitos que dela fazem parte
e a importância dessa educação – a escolar – para o desenvolvimento e
formação dos sujeitos, relacionando meio ambiente e saúde. Para tanto, serão
apresentados a você os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) e a relação
entre educação, saúde e meio ambiente.

A Unidade 3 trará para você a questão das práticas educativas


retomando conceitos e discussões sobre a educação em saúde, a prevenção da
saúde no contexto escolar, a educação para o meio ambiente e as metodologias
de ensino – saúde e meio ambiente.

Bons estudos!

Prof.ª Daniela Viviani


Prof.ª Camila Almeida Pinheiro da Costa

III
NOTA

Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto


para você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há
novidades em nosso material.

Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é


o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um
formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura.

O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova
diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também contribui
para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo.

Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente,


apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilidade
de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador.
 
Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para
apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto
em questão.

Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas
institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa
continuar seus estudos com um material de qualidade.

Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de


Desempenho de Estudantes – ENADE.
 
Bons estudos!

IV
V
VI
Sumário
UNIDADE 1 – MEIO AMBIENTE E SAÚDE: CONCEITOS E PRINCÍPIOS............................ 1

TÓPICO 1 – SAÚDE: CONCEITOS E PRINCÍPIOS....................................................................... 3


1 INTRODUÇÃO.................................................................................................................................... 3
2 O CONCEITO DE SAÚDE................................................................................................................. 3
2.1 HÁBITOS SAUDÁVEIS................................................................................................................. 9
RESUMO DO TÓPICO 1...................................................................................................................... 13
AUTOATIVIDADE................................................................................................................................ 14

TÓPICO 2 – MEIO AMBIENTE: CONCEITOS E PRINCÍPIOS................................................... 15


1 INTRODUÇÃO.................................................................................................................................... 15
2 O CONCEITO DE MEIO AMBIENTE............................................................................................. 16
RESUMO DO TÓPICO 2...................................................................................................................... 20
AUTOATIVIDADE................................................................................................................................ 21

TÓPICO 3 – FUNDAMENTOS DA ECOLOGIA............................................................................. 23


1 INTRODUÇÃO.................................................................................................................................... 23
2 ECOLOGIA........................................................................................................................................... 24
3 NÍVEIS DE ORGANIZAÇÃO........................................................................................................... 25
4 COMPONENTES ESTRUTURAIS DE UM ECOSSISTEMA..................................................... 26
4.1 COMPONENTES BIÓTICOS........................................................................................................ 27
4.2 COMPONENTES ABIÓTICOS..................................................................................................... 29
5 CADEIA, TEIA ALIMENTAR E FLUXO DE ENERGIA.............................................................. 29
6 RELAÇÕES ECOLÓGICAS............................................................................................................... 32
6.1 RELAÇÕES HARMÔNICAS ENTRE ESPÉCIES DIFERENTES............................................. 33
6.2 RELAÇÕES HARMÔNICAS DENTRO DA MESMA ESPÉCIE.............................................. 35
6.3 RELAÇÕES DESARMÔNICAS ENTRE ESPÉCIES DIFERENTES......................................... 36
6.4 RELAÇÕES DESARMÔNICAS DENTRO DA MESMA ESPÉCIE.......................................... 38
RESUMO DO TÓPICO 3...................................................................................................................... 41
AUTOATIVIDADE................................................................................................................................ 43

TÓPICO 4 – RELAÇÃO ENTRE MEIO AMBIENTE E SAÚDE.................................................... 45


1 INTRODUÇÃO.................................................................................................................................... 45
2 MEIO AMBIENTE E SAÚDE............................................................................................................ 45
3 DEGRADAÇÃO AMBIENTAL......................................................................................................... 47
4 A CRISE AMBIENTAL....................................................................................................................... 50
5 PROBLEMAS AMBIENTAIS GLOBAIS......................................................................................... 54
5.1 O AUMENTO DA POPULAÇÃO................................................................................................ 54
5.2 A EXPLORAÇÃO DOS RECURSOS NATURAIS...................................................................... 56
5.3 A POLUIÇÃO AMBIENTAL......................................................................................................... 58
LEITURA COMPLEMENTAR.............................................................................................................. 70
RESUMO DO TÓPICO 4...................................................................................................................... 78
AUTOATIVIDADE................................................................................................................................ 80

VII
UNIDADE 2 – MEIO AMBIENTE E SAÚDE: O PAPEL DA ESCOLA........................................ 81

TÓPICO 1 – O PAPEL DA ESCOLA FRENTE À SAÚDE E MEIO AMBIENTE........................ 83


1 INTRODUÇÃO.................................................................................................................................... 83
2 PARA QUE SERVE A ESCOLA?....................................................................................................... 83
3 RELAÇÃO ESCOLA, SAÚDE E MEIO AMBIENTE..................................................................... 87
LEITURA COMPLEMENTAR.............................................................................................................. 92
RESUMO DO TÓPICO 1...................................................................................................................... 95
AUTOATIVIDADE................................................................................................................................ 96

TÓPICO 2 – GUIA CURRICULAR PARA PROGRAMA DE SAÚDE


E MEIO AMBIENTE ...................................................................................................... 97
1 INTRODUÇÃO.................................................................................................................................... 97
2 GUIA CURRICULAR E SAÚDE: OS PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS...... 97
3 GUIA CURRICULAR E MEIO AMBIENTE: OS PARÂMETROS
CURRICULARES NACIONAIS....................................................................................................... 104
LEITURA COMPLEMENTAR.............................................................................................................. 110
RESUMO DO TÓPICO 2...................................................................................................................... 115
AUTOATIVIDADE................................................................................................................................ 117

TÓPICO 3 – EDUCAÇÃO, SAÚDE E QUALIDADE DE VIDA.................................................... 119


1 INTRODUÇÃO.................................................................................................................................... 119
2 ORGANIZAÇÃO E GESTÃO DEMOCRÁTICA DA ESCOLA: DESAFIOS
E QUALIDADE.................................................................................................................................... 119
3 PROMOÇÃO E PREVENÇÃO DA SAÚDE NO CONTEXTO ESCOLAR:
CAMINHOS NA BUSCA DA QUALIDADE DE VIDA DOS SUJEITOS............................... 121
LEITURA COMPLEMENTAR.............................................................................................................. 129
RESUMO DO TÓPICO 3...................................................................................................................... 133
AUTOATIVIDADE................................................................................................................................ 134

UNIDADE 3 – MEIO AMBIENTE E SAÚDE: PRÁTICAS EDUCATIVAS................................. 135

TÓPICO 1 – PREVENÇÃO E EDUCAÇÃO EM SAÚDE................................................................ 137


1 INTRODUÇÃO.................................................................................................................................... 137
2 EDUCAÇÃO EM SAÚDE.................................................................................................................. 137
3 SAÚDE NO CONTEXTO ESCOLAR: A PREVENÇÃO............................................................... 140
LEITURA COMPLEMENTAR.............................................................................................................. 143
RESUMO DO TÓPICO 1...................................................................................................................... 146
AUTOATIVIDADE................................................................................................................................ 147

TÓPICO 2 – EDUCAÇÃO PARA O MEIO AMBIENTE................................................................. 149


1 INTRODUÇÃO.................................................................................................................................... 149
2 O SURGIMENTO DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL E SEUS CONCEITOS............................. 150
2.1 A EDUCAÇÃO AMBIENTAL NO BRASIL................................................................................ 155
2.2 O MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO (MEC) E A EDUCAÇÃO AMBIENTAL.......................... 158
3 A EMERGÊNCIA DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL....................................................................... 159
4 EDUCAÇÃO AMBIENTAL E SUSTENTABILIDADE................................................................. 160
RESUMO DO TÓPICO 2...................................................................................................................... 163
AUTOATIVIDADE................................................................................................................................ 165

TÓPICO 3 – METODOLOGIAS DE ENSINO.................................................................................. 167


1 INTRODUÇÃO.................................................................................................................................... 167

VIII
2 PRÁTICAS EDUCATIVAS: MEIO AMBIENTE E SAÚDE......................................................... 167
2.1 ATIVIDADES PEDAGÓGICAS: SAÚDE.................................................................................... 177
2.2 ATIVIDADES PEDAGÓGICAS: MEIO AMBIENTE................................................................. 185
RESUMO DO TÓPICO 3...................................................................................................................... 200
AUTOATIVIDADE................................................................................................................................ 201

REFERÊNCIAS........................................................................................................................................ 203

IX
X
UNIDADE 1

MEIO AMBIENTE E SAÚDE:


CONCEITOS E PRINCÍPIOS

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir desta unidade, você será capaz de:

• compreender o conceito de saúde;

• compreender o conceito de meio ambiente;

• conhecer os fundamentos e conceitos básicos da ecologia;

• conhecer a amplitude da crise ambiental através dos problemas ambientais


globais;

• reconhecer a relação entre meio ambiente e saúde como fator primordial


para o desenvolvimento de sociedades sustentáveis e a manutenção de
um ambiente saudável.

PLANO DE ESTUDOS
Esta primeira unidade está dividida em quatro tópicos. Você encontrará, ao
final de cada um deles, atividades que irão contribuir para a compreensão
dos conteúdos abordados.

TÓPICO 1 – SAÚDE: CONCEITOS E PRINCÍPIOS

TÓPICO 2 – MEIO AMBIENTE: CONCEITOS E PRINCÍPIOS

TÓPICO 3 – FUNDAMENTOS DA ECOLOGIA

TÓPICO 4 – RELAÇÃO ENTRE MEIO AMBIENTE E SAÚDE

1
2
UNIDADE 1
TÓPICO 1

SAÚDE: CONCEITOS E PRINCÍPIOS

1 INTRODUÇÃO
Neste primeiro tópico vamos estudar o conceito da palavra saúde que,
para muitos acadêmicos, talvez já esteja muito claro e óbvio. Será? Será mesmo
que você tem consciência do que é ter saúde? Será que saúde é tão somente a
ausência de doenças? Se estes questionamentos fizeram você parar para pensar e
resgatar seus conhecimentos prévios sobre o assunto, estamos no caminho certo.

Ao longo de toda a disciplina buscaremos fazer estas reflexões que são


fundamentais em todo processo de ensino e aprendizagem no qual buscamos
constantemente rever nossos conceitos e aprimorar nossos conhecimentos.

2 O CONCEITO DE SAÚDE
Vamos iniciar este estudo analisando algumas imagens! Qual das duas
crianças lhe parece estar com plena saúde?

FIGURA 1 – CRIANÇA BRINCANDO FIGURA 2 – CRIANÇA ACAMADA

FONTE: Disponível em: <http://veja. FONTE: Disponível em:


abril.com.br/blog/saude-chegada/ <http://farm2.static.flickr.
files/2009/10/crianca-brincando. com/1215/5167315649_a9379fd3ea.
jpg>. Acesso em: 24 abr. 2011. jpg>. Acesso em: 24 abr. 2011.

3
UNIDADE 1 | MEIO AMBIENTE E SAÚDE: CONCEITOS E PRINCÍPIOS

Muito provavelmente você optou pela Figura 1. Perceba que se consegue


distinguir nas imagens uma criança saudável de uma criança aparentemente
doente. De que maneira você fez isso? Quais critérios você elegeu para distinguir
as imagens? A resposta para essas perguntas é muito simples. Desde muito cedo
recebemos orientações sobre hábitos de vida saudável e sabemos quando estamos
com saúde ou quando as coisas parecem não estar muito bem. Com isso acabamos
não só estabelecendo critérios de escolha, como também vamos incorporando
essas escolhas em nosso dia a dia, tornando-nos capazes de formular conceitos.

DICAS

Que tal mudar um pouco a metodologia de ensino?


Acesse o site <http://www.canalkids.com.br/saude/index.htm>. Nele
você encontrará informação de forma divertida e colorida. Se você já
é professor e na sua escola houver um laboratório de informática, leve
seus alunos até lá e, juntos, aprendam brincando. No próximo tópico
voltaremos com esta dica para o assunto Meio Ambiente.

A ideia principal deste estudo é que, ao final dele, tenhamos a compreensão


de que a palavra saúde não pode ser entendida de forma restrita como sendo
somente a ausência de doença; precisamos compreendê-la de maneira mais ampla.
Conceição (1994) relata que, em 7 de abril de 1948, a Organização Mundial de
Sáude (OMS) conceituou saúde como sendo o completo bem-estar físico, mental
e social e não apenas a ausência de doença, corroborando o que acabamos de ver.
Esta conceituação ampla representa um avanço em relação aos conceitos vigentes
nos séculos passados, justamente por ultrapassar os limites estreitos da área
físico-somática e incluir os aspectos mental e social. Observe a figura a seguir!

FIGURA 3 – VIDA E SAÚDE


SAÚDE ÓTIMO
ÓTIMA SAÚDE HOMEM AMBIENTE VIDA
VIVER
BEM ESTAR FÍSICO, MENTAL E SOCIAL E
NÃO APENAS AUSÊNCIA DE DOENÇA

ESTADO DE SAÚDE INFRA-ÓTIMO


OU DE DOENÇA INCIPIENTE

ESTADO DE DOENÇA OU
ME

ER

LIMITAÇÃO DECLARADA
LH

VIV
OR

OR

ESTADO DE
SA

LH

DOENÇA MUITO SÉRIA


ÚD

ME

OU
E

DE APROXIMAÇÃO
DA MORTE

MORTE NÃO VIVER

FONTE: Conceição (1994, p. 6)

4
TÓPICO 1 | SAÚDE: CONCEITOS E PRINCÍPIOS

Analisando a imagem anterior podemos perceber que o ser humano na


interação homem-ambiente vive em uma luta constante executando suas ações à
procura do ótimo-vital, seja relacionado à saúde ou à vida de uma maneira geral.
Dessa forma, o ser humano procura uma forma de viver que, em sua essência,
confunde-se com o conceito de saúde: bem-estar físico, mental e social e não
apenas ausência de doença.

Pode-se dizer que o homem está com saúde quando, pelo intercâmbio
com o ambiente, consegue manter sua individualidade biológica,
diminuir agressões e resolver os conflitos que surgem. Isso,
fundamentalmente, mostra o homem como ser ativo, que conquista
seu estado de saúde. (CONCEIÇÃO, 1994, p. 5, grifo do autor).

Perceba a estreita ligação que há entre melhor-viver e melhor-saúde,


conceitos apresentados pelo autor acima citado: as ações que visam à melhoria
da sáude são, ao mesmo tempo, as ações que objetivam a melhoria das condições
de vida. Observe:

QUADRO 1 – SAÚDE BIOLÓGICA, MENTAL E SOCIAL

ESTAR COM SAÚDE

Significa lutar para manter o equilíbrio físico diante das mutações


ambientais, à procura do ótimo-viver. Assim, nos aspectos diários de vida
Na área biológica: sadia, vive-se uma ação dinâmica e contínua para a superação dos conflitos
surgidos pelas agressões ambientais, inexistindo a ideia de conformismo e
passividade ou de aceitar o indesejável e o maléfico sem combate.
A procura do completo bem-estar é a expressão da luta do homem diante
dos conflitos: sem medo, procurando resolvê-los constantemente, sabendo,
Na área mental: de antemão, que a solução de um deles abre a perspectiva de aparecimento
de outros conflitos ou da busca de novas soluções, isto é, um vir a ser
permanente.
Representa, também, a luta do homem para a harmonização de suas
necessidades mais íntimas e concretas com a estrutura social vigente,
Na área social:
mantendo-a ou modificando-a, de acordo com suas aspirações, bem como
de seu grupo social e comunidade.

FONTE: Adaptado de: Conceição (1994)

Caro acadêmico, neste ponto de nosso estudo podemos concluir que estar
com saúde corresponde ao melhor estado de vitalidade física, mental e social, que
surge não só de nossa atuação frente aos conflitos e à busca de soluções, como
também de nossa interação harmônica com o meio ambiente.

5
UNIDADE 1 | MEIO AMBIENTE E SAÚDE: CONCEITOS E PRINCÍPIOS

DICAS

Para aprofundar seus conhecimentos, observe nossa dica


de leitura! Este livro, organizado por José Augusto Nigro Conceição,
traz uma série de artigos relacionados ao tema Saúde Escolar: a criança,
a vida e a escola. Para complementar o que acabamos de estudar,
sugerimos a leitura na íntegra do primeiro artigo “Vida e Saúde”, de
autoria do próprio organizador. Veja com seu professor se o polo de
apoio presencial onde você estuda não tem este exemplar disponível
para consulta. Boa leitura!

Com relação ao direito de ter uma vida plena em saúde, há 60 anos, no


lançamento da Organização Mundial de Saúde, os governos mundiais declararam
a saúde como direito humano fundamental, sem distinção de raça, religião, crença
política, condição social ou econômica. Há trinta anos, em Alma Ata (Conferência
Internacional sobre cuidados primários de saúde), os governos do mundo pediram
saúde para todos até o ano 2000, principalmente através da expansão do acesso a
instalações e serviços de saúde básica. Embora o mundo tenha de longe deixado de
atingir esse alvo, podemos ainda chegar a ele, a custos muito baixos.

Pensando nisso, dez passos básicos que podem levar à saúde para todos,
nos próximos anos, de acordo com Sachs (2008).

SAÚDE BÁSICA PARA TODOS

Primeiro: países ricos deveriam investir 0,1% de seus produtos internos


brutos para cuidados com saúde nos países de baixa renda. Com o PIB do
mundo rico de U$ 35 trilhões, isso criaria um fundo de cerca de U$ 35 bilhões
por ano – o bastante para U$ 35 per capita em serviços adicionais para cerca de
um bilhão de pessoas.

Segundo: metade do acréscimo deveria ser canalizada para o Fundo


Global de Combate à Aids, Tuberculose e Malária. O Fundo Global provou ser
uma instituição altamente eficaz, com mínimo de burocracia e máximo impacto.
Apoiou a distribuição de aproximadamente 30 milhões de redes antimalária,
ajudou a colocar cerca de um milhão de africanos em tratamento antirretroviral
e a curar mais de dois milhões de pessoas com tuberculose.

Terceiro: países de baixa renda deveriam destinar 15% de seus próprios


orçamentos à saúde. Considere um país pobre onde a renda média anual é de
U$ 300. O orçamento total nacional pode estar em torno de 15% do PIB, mais

6
TÓPICO 1 | SAÚDE: CONCEITOS E PRINCÍPIOS

ou menos U$ 45 per capita. Quinze por cento desta soma destinada à saúde
chegaria a U$ 6,75 por pessoa por ano. Não o bastante por si mesmos para
fornecer cuidados de saúde adequados, mas que cumpririam a tarefa com os
U$ 35 per capita de doações.

Quarto: o mundo deveria adotar um planejamento para o controle


abrangente da malária, visando levar a mortalidade pela doença a próximo
de zero em 2012, com amplo acesso a redes antimalária, borrifamento de lares,
quando apropriado, e remédios eficazes quando a doença atacasse.

Quinto: os países ricos deveriam seguir em seu antigo e realizável


compromisso de assegurar acesso a antirretrovirais para todas as pessoas
infectadas pelo HIV até 2010.

Sexto: o mundo deveria preencher uma carência de financiamento de


cerca de U$3 bilhões por ano para um controle amplo da tuberculose – outra
área na qual há muito tempo se provou que as intervenções são eficazes, mas
onde há falta crônica de fundos.

Sétimo: o mundo deveria garantir, com uns poucos bilhões de dólares


por ano, o acesso dos mais pobres entre os pobres aos serviços de saúde sexuais
e de reprodução, incluindo planejamento familiar, contracepção e cuidados
obstétricos de emergência.

Oitavo: o Fundo Global poderia oferecer cerca de U$ 400 milhões por


ano para o controle amplo de diversas doenças tropicais (principalmente as
infecções por vermes), que ocorrem virtualmente nas mesmas regiões onde a
malária é endêmica.

Nono: o Fundo Global poderia abrir um novo mecanismo de


financiamento para incentivar o cuidado primário de saúde, incluindo – o
mais importante – a construção de clínicas e a contratação e treinamento de
enfermeiras e trabalhadores comunitários de saúde.

Décimo: ao usar recentes conquistas na medicina e na saúde pública os


sistemas de saúde expandidos nos países mais pobres poderiam estar equipados
para lidar com doenças não comunicadas e há muito negligenciadas, mas que
podem ser tratadas a custo baixo, como hipertensão, catarata e depressão.

Jeffrey Sachs é diretor do Earth Institute da Universidade


de Colúmbia (www.earth.columbia.edu).

FONTE: Disponível em: <http://www2.uol.com.br/sciam/artigos/saude_basica_para_todos.html>.


Acesso em: 24 jan. 2012.

7
UNIDADE 1 | MEIO AMBIENTE E SAÚDE: CONCEITOS E PRINCÍPIOS

Segundo Sachs (2008), esses dez passos básicos que você acabou de ler
poderiam salvar a vida de 10 milhões de crianças e adultos por ano, a um custo
quase imperceptível para as nações mais ricas. Essas medidas ainda iriam reduzir,
e não acelerar, o crescimento populacional em regiões empobrecidas, diminuindo
as tensões econômicas e ambientais que populações crescentes estão impondo a
elas. Para Rattner (2009),

[...] os impactos mais sérios na saúde humana são produzidos,


indubitavelmente, pelas condições de vida, a desigualdade social e a
consequente exclusão e marginalidade que atingem dezenas de milhões
de brasileiros e centenas de milhões da população mundial. Talvez,
por isso, um relatório recente divulgado pela OMS – Organização
Mundial de Saúde – em agosto de 2008 e elaborado por um grupo
de especialistas com ampla experiência em desenvolvimento e saúde,
inicia com as palavras “Justiça social é um assunto de vida e morte”. O
documento concentra-se na questão de desigualdade e sua relação com
a saúde e conclama os governos a superar o fosso entre ricos e pobres,
no período de uma geração. O fosso é configurado pelos extremos de
mortalidade infantil e expectativa de vida entre os mais pobres da
África, Ásia e América Latina quando comparados aos indicadores
das classes média e alta, moradores nas áreas urbanas privilegiadas.

Segundo o mesmo autor, os problemas de saúde pública têm raízes


sistêmicas e interdependentes que refutam e inviabilizam qualquer abordagem
linear e cartesiana. Sendo assim, infere-se que qualquer reducionismo, tratando-
se de problemas sociais complexos, revela-se estéril e improdutivo. Para intervir
nesse cenário desalentador, é preciso melhorar os indicadores da eficácia das
políticas públicas de saúde, para informar e conscientizar a sociedade civil,
organizada e motivada para sua plena participação nas decisões que afetam sua
saúde e seu bem-estar.

A nossa legislação também conceitua e prevê o direito à saúde. De


acordo com a Lei nº 8.080/90, que dispõe sobre as condições para a promoção,
proteção e recuperação da saúde, a organização e o funcionamento dos serviços
correspondentes, em seu art. 2º, “a saúde é um direito fundamental do ser
humano, devendo o Estado prover as condições indispensáveis ao seu pleno
exercício”. (BRASIL, 1990). Segundo a mesma lei, em seu art. 3º, a saúde tem
como fatores determinantes e condicionantes, entre outros, “[...] a alimentação, a
moradia, o saneamento básico, o meio ambiente, o trabalho, a renda, a educação,
o transporte, o lazer e o acesso aos bens e serviços essenciais; os níveis de saúde da
população expressam a organização social e econômica do país” (grifos nossos).

Caro acadêmico, a relação entre meio ambiente e saúde será abordada


especificamente no Tópico 4, desta unidade. Neste momento é hora de analisar
o que podemos fazer para melhorar e/ou manter nossa saúde em dia através de
hábitos de vida saudáveis. Mas que hábitos são esses? Vamos descobrir juntos!

8
TÓPICO 1 | SAÚDE: CONCEITOS E PRINCÍPIOS

2.1 HÁBITOS SAUDÁVEIS


Incluir hábitos saudáveis no seu dia a dia é uma boa forma de manter sua
saúde física e mental, melhorar a autoestima, amenizar os sintomas da depressão
e da ansiedade, reduzir o risco de doenças e aumentar consideravelmente seu
sistema imunológico.

UNI

Você sabia que seu corpo possui um sistema


interno de defesa? O sistema imunológico é uma complexa
barreira composta por milhões de células de diferentes tipos e
com diferentes funções, responsáveis por garantir a defesa do
organismo e por manter o corpo funcionando livre de doenças.

Analisando a figura a seguir podemos notar que ela nos apresenta uma
série de hábitos e atitudes para levar uma vida saudável.

FIGURA 4 – HÁBITOS SAUDÁVEIS

FONTE: Disponível em: <http://andrerodriguesbr.wordpress.com/2010/08/19/1041/>.


Acesso em: 24 abr. 2011.

9
UNIDADE 1 | MEIO AMBIENTE E SAÚDE: CONCEITOS E PRINCÍPIOS

AUTOATIVIDADE

Exercício de observação e reflexão! Escreva quantos hábitos e/ou atitudes são


apresentados na figura acima em busca de uma vida cheia de saúde. Quantos
destes você realmente pratica em seu dia a dia? Reflita sobre sua postura, talvez
esteja na hora de cuidar mais da sua saúde!

Compare as suas observações com as que vamos fazer juntos a partir de


agora! Analisando a imagem anterior vamos destacar alguns hábitos de vida que
são considerados saudáveis e/ou promotores de uma vida saudável:

• ingerir alimentos saudáveis, fontes de vitaminas e sais minerais (frutas, leite,


verduras, sucos, entre outros);

• ingerir água diariamente;

• praticar atividades físicas;

• manter um controle do peso;

• estar de bem com a vida (sem estresse, sorrir, amar, brincar, dançar, entre outros
aspectos).

E então? Suas primeiras observações estão em acordo com as que


acabamos de ver juntos? Perceba que esses hábitos incorporam atividades físicas
e mentais, ambas fundamentais para alcançar uma vida plena de saúde, conforme
estudamos no início deste tópico.

Caro acadêmico! A figura que veremos na sequência nos apresenta dez


hábitos saudáveis que podemos perfeitamente incluir em nosso dia a dia! Observe
com atenção e reflita sobre esses hábitos.

10
TÓPICO 1 | SAÚDE: CONCEITOS E PRINCÍPIOS

FIGURA 5 – DEZ PRINCIPAIS HÁBITOS SAUDÁVEIS

1 Alimente-se bem 5 Divirta-se!


Inclua na sua dieta uma Ter amigos é muito
porção de frutas, verduras saudável – uma boa
e fibras como a linhaça conversa faz milagres
ou aveia. Equilibre as para nossa saúde! Ouça
quantidades de proteínas e música, dance e viaje
carboidratos, assim como as mais. Mude a rotina e
gorduras e açúcares. Evite comer muita fritura esqueça os problemas e
e doces, além de pratos congelados com muito o trabalho. Dê mais risadas. Está comprovado
sódio.  Inclua também vitaminas para o bom que o sorriso é uma excelente terapia contra o
funcionamento do organismo. estresse e a ansiedade.

2 Mexa-se 6 Descanse quando


Se você ainda não tem necessário
o hábito de praticar Tenha algum tempo para
exercícios regularmente, descansar. Seu corpo
inclua caminhadas ainda necessita de um período
que por alguns minutos de 6 a 8 horas para se
por dia; qualquer recuperar das atividades
exercício é melhor do que diárias. Uma boa noite de sono repõe todas
não fazer exercícios. Exercícios físicos ativam as energias. A falta de sono está vinculada ao
a circulação, revigoram o corpo e fornecem prejuízo do corpo e da mente.
energia. Está provado que o sedentarismo é um
vilão para o corpo e a mente.

3 Beba água 7 Cuide da sua postura


A ingestão de água Procure adotar uma
deve ser dividida ao posição adequada no
longo do dia e não em escritório. As cadeiras
grandes volumes de incômodas podem
uma vez só. A água é fazer com que você
fundamental para o bom termine em uma
funcionamento de nosso visita ao ortopedista.
organismo. A quantidade recomendada é Disponibilize alguns momentos para esticar
de 1 litro e meio a dois litros. Evite bebidas os músculos durante a sua jornada laboral. Os
açucaradas. alongamentos ajudam a evitar dores nas costas,
ombros, braços, pescoço e cabeça.

4 Evite o estresse 8 Levante sua autoestima


Hoje em dia o estresse é Essa é especialmente para
apontado como um dos as mulheres. Cuide da
grandes causadores de saúde e do corpo, faça
doenças. O estresse é uma hidratação na pele, corpo
alteração do organismo e cabelo, vá ao salão de
em resposta a estímulos beleza, faça massagens,
internos ou externos. pinte as unhas, compre uma roupa nova… Não
Faça exercícios de respiração, relaxamento e descuide de seu aspecto visual, ainda que você
meditação. não esteja se sentindo bem. Sentir-se agradável
com relação aos outros aumenta a produção de
endorfinas, o hormônio responsável, em boa
parte, para que as pessoas se sintam felizes.

11
UNIDADE 1 | MEIO AMBIENTE E SAÚDE: CONCEITOS E PRINCÍPIOS

9 Use protetor solar 10 Esqueça o cigarro e


 Os benefícios em longo o álcool
prazo do uso de filtro Tanto o cigarro quanto
solar estão provados o álcool prejudicam o
e comprovados pela desempenho do corpo
ciência. Usar filtro todos para quaisquer atividades.
os dias evita câncer de O consumo de qualquer
pele e o envelhecimento droga pode levar a outra,
precoce. Se a exposição ao sol é pouca basta e a droga mais relacionada ao tabagismo é o
usar o FPS 15, mas, se for alta, use ao menos o álcool. E quando o tabagismo está associado ao
fator 30. álcool, o consumo de cigarro tende a triplicar – o
que pode precocemente causar doenças graves.

FONTE: Disponível em: <http://belezaesaude.dae.com.br/habitos-saudaveis/>.


Acesso em: 6 jun. 2011.

Como podemos perceber, nossa saúde está diretamente relacionada aos


hábitos que adotamos ao longo da vida. Excluir hábitos que prejudicam de alguma
forma nossa saúde e passar a adotar hábitos saudáveis é um bom exercício para
conquistar plena saúde física e mental. Comece a se observar em seu dia a dia e
faça uma lista de seus principais hábitos. Se você notar que poucos ou nenhum
dos hábitos saudáveis que vimos juntos fazem parte da sua vida, está na hora de
começar a pensar sobre isso e, acima de tudo, rever sua forma de levar a vida.
Sempre é tempo de começar, mexa-se e lembre-se de que saúde envolve uma série
de fatores e/ou condições que devem ser adotadas para o nosso bem-estar completo,
incluindo o equilíbrio e a qualidade ambiental, conforme veremos a seguir.

12
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico você estudou que:

• A palavra saúde não deve ser entendida de forma restrita como sendo somente
a ausência de doença.

• Saúde envolve o bem-estar físico, mental e social de um indivíduo.

• A Lei nº 8.080/90 dispõe sobre as condições para a promoção, proteção


e recuperação da saúde, a organização e o funcionamento dos serviços
correspondentes.

• A saúde é um direito fundamental do ser humano, devendo o Estado prover as


condições indispensáveis ao seu pleno exercício.

• A saúde tem como fatores determinantes e condicionantes, entre outros, “[...]


a alimentação, a moradia, o saneamento básico, o meio ambiente, o trabalho, a
renda, a educação, o transporte, o lazer e o acesso aos bens e serviços essenciais”.

• Os níveis de saúde da população expressam a organização social e econômica


do país.

• Os impactos mais sérios na saúde humana são produzidos, indubitavelmente,


pelas condições de vida, a desigualdade social e a consequente exclusão e
marginalidade que atingem dezenas de milhões de brasileiros e centenas de
milhões da população mundial.

• Os problemas de saúde pública têm raízes sistêmicas e interdependentes que


refutam e inviabilizam qualquer abordagem linear e cartesiana.

• Incluir hábitos saudáveis no seu dia a dia é uma boa forma de manter sua saúde
física e mental, melhorar a autoestima, amenizar os sintomas da depressão e
da ansiedade, reduzir o risco de doenças e aumentar consideravelmente seu
sistema imunológico.

• Nossa saúde está diretamente relacionada aos hábitos que adotamos ao longo
da vida.

• Saúde envolve uma série de fatores e/ou condições que devem ser adotadas
para o nosso bem-estar completo, incluindo o equilíbrio ambiental.

13
AUTOATIVIDADE

1 Em que sentido corpo e mente podem estar relacionados na manutenção de


uma vida saudável/sadia?
___________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
____________________________________________________________________

2 Observe-se por um determinado período e anote seus hábitos de vida. Em


seguida construa uma tabela e liste o que você considera hábitos saudáveis
e os prejudiciais. Deixe uma coluna disponível para você acrescentar e se
comprometer com uma mudança de atitude para cada hábito prejudicial de
seu dia a dia. Veja um exemplo e, a partir dele, construa sua tabela.

Hábito saudável Hábito prejudicial Mudança de atitude


Diminuir a quantidade de
Caminhar 3 vezes por Fumar 1 carteira de cigarros
cigarros por dia até conseguir
semana (1h). por dia.
parar de fumar.
Optar por alimentos
Beber bastante água ao Ingestão de alimentos
preparados de forma mais
longo do dia. gordurosos.
saudável.

14
UNIDADE 1
TÓPICO 2

MEIO AMBIENTE: CONCEITOS E PRINCÍPIOS

1 INTRODUÇÃO
Caro acadêmico, neste tópico vamos estudar o que é o meio ambiente e
de que forma estamos inseridos neste meio. Você terá oportunidade de perceber
que a grande maioria dos problemas ambientais que temos presenciado está
fundamentada na falta de conscientização/alfabetização ecológica durante a
formação das gerações passadas e atuais.

NOTA

A alfabetização ecológica é o processo de aprendizagem


dos princípios de organização dos ecossistemas que constituem a vida
na Terra. Ensinar e aprender os princípios básicos da ecologia para nos
tornarmos “ecologicamente alfabetizados”, conhecendo as diversas
redes de interações, que constituem a teia da vida, são objetivos da
alfabetização ecológica. Através dela é possível entender as múltiplas
relações que se estabelecem entre todos os seres e o ambiente onde
vivem, e como tais relações se configuram na teia que sustenta a vida
no planeta. Acesse o site <http://www.alfabetizacaoecologica.com/>
para saber mais sobre a obra Alfabetização Ecológica: um caminho
para a sustentabilidade, da autora Ellen Regina Mayhé Nunes.

O ser humano foi produzindo, transformando e construindo o espaço


geográfico sem se sentir parte integrante deste meio. Com isso, vivenciamos hoje
destruição ambiental e uso irracional dos recursos naturais, ocasionando uma série
de problemas socioambientais que afetam a comunidade global. Compreender o
conceito de meio ambiente é criar condições para que os seres humanos se sintam
moralmente responsáveis pelo seu comportamento em relação à natureza. Neste
contexto, vamos resgatar alguns conhecimentos sobre o tema para nos sentirmos
integrantes e integrados ao meio ambiente e diretamente responsáveis pela sua
saúde e proteção.

15
UNIDADE 1 | MEIO AMBIENTE E SAÚDE:

2 O CONCEITO DE MEIO AMBIENTE


Você lembra que no tópico anterior você observou duas imagens e escolheu
a que lhe mostrava uma criança com saúde? Agora analise o meio ambiente! Qual
dessas imagens o remete a um ambiente saudável e equilibrado?

FIGURA 6 – MEIO AMBIENTE PRESERVADO FIGURA 7 – MEIO AMBIENTE POLUÍDO

FONTE: Disponível em: <http://www. FONTE: Disponível em: <http://1.bp.blogspot.


rogeriosilveira.jor.br/amigos/didiu/meio_ com/_5dL9Zisqexk/SlOc5HnH9UI/
ambiente.jpg>. Acesso em: 24 abr. 2011. AAAAAAAAJsE/72-upLFGP5A/s400/lixo.JPG>.
Acesso em: 24 abr. 2011.

Neste caso, da mesma forma você resgatou conceitos e aprendizados


internalizados ao longo de sua vida e, certamente, optou pela Figura 6. Isso
porque as questões ambientais são muito discutidas e veiculadas pelos meios
de comunicação, tornando-se preocupação constante nas sociedades atuais e
ajudando a formar conceitos a respeito de um ambiente saudável.

DICAS

Lembra a dica no tópico anterior sobre o Canal kids/


Saúde? Pois é, agora é hora do Canal Kids/Meio Ambiente. Acesse
o site <http://www.canalkids.com.br/meioambiente/index.htm>.
Este é um ambiente virtual com muita informação para você e
seus alunos, além de servir como uma fonte para enriquecer
suas (futuras) aulas. Caro acadêmico, não se preocupe..., no último tópico, da Unidade
3, voltaremos a falar sobre metodologias de ensino voltadas ao meio ambiente e saúde.

16
TÓPICO 2 | MEIO AMBIENTE: CONCEITOS E PRINCÍPIOS

Já que estamos falando em ambiente saudável, a Constituição Federal


de 1988 estabelece que o direito ao meio ambiente saudável é também
considerado como um direito constitucional fundamental. Observe-se o que diz
o art. 225 (capítulo VI do Meio Ambiente): “Todos têm direito ao meio ambiente
ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia
qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de
defendê-lo para presentes e futuras gerações”.

Mas qual o conceito de meio ambiente propriamente dito? Algumas


definições abrangem somente os componentes naturais, já outras, refletindo uma
concepção mais atual, consideram o meio ambiente um sistema amplo no qual há
a interação de fatores físicos, biológicos, econômicos e sociais.

Para Silva (2002, p. 20), meio ambiente “[...] é a interação do conjunto


de elementos naturais, artificiais e culturais que propiciem o desenvolvimento
equilibrado da vida em todas as suas formas”.

De acordo com a Lei nº 6.938/81, que dispõe sobre a Política Nacional do


Meio Ambiente (PNMA), em seu art. 3º, entende-se por meio ambiente “[...] o
conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem física, química e
biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas”.

Ou seja, ao pensarmos sobre meio ambiente devemos ter uma visão ampla que

[...] envolva não só os elementos naturais do meio ambiente, mas


também os elementos construídos e todos os aspectos sociais
envolvidos na questão ambiental. Dentro dessa visão, o homem é um
elemento a mais que, porém, tem extraordinária capacidade de atuar
sobre o meio e modificá-lo – o que pode, às vezes, voltar-se contra ele
próprio. (BRASIL, 2000, p. 73).

Portanto, ao pensarmos no termo ‘meio ambiente’ podemos relacioná-


lo ao espaço (físico e biológico) em que vivem os seres vivos e no qual se
desenvolvem, estabelecem relações, transformam e são transformados, somado
ao espaço sociocultural (no caso dos seres humanos).

Caro acadêmico, no dia 5 de junho comemoramos o Dia Mundial do Meio


Ambiente. Esta data foi estabelecida pela Assembleia Geral das Nações Unidas em
1972 marcando a abertura da Conferência de Estocolmo sobre Ambiente Humano.
De acordo com o PNUMA (Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente,
2011), o Dia Mundial do Meio Ambiente cataliza a atenção e ação política de povos e
países para aumentar a conscientização e a preservação ambiental.

17
UNIDADE 1 | MEIO AMBIENTE E SAÚDE:

Os principais objetivos das comemorações são:

1 mostrar o lado humano das questões ambientais;

2 capacitar as pessoas a se tornarem agentes ativos do desenvolvimento


sustentável;

3 promover a compreensão de que é fundamental que comunidades e indivíduos


mudem atitudes em relação ao uso dos recursos e das questões ambientais;

4 advogar parcerias para garantir que todas as nações e povos desfrutem um


futuro mais seguro e mais próspero.

Nós, educadores, precisamos cada vez mais mobilizar nossos educandos


e toda a comunidade, seja ela escolar ou não, para datas como estas. Lembramos
que meio ambiente, proteção e preservação ambiental, educação ambiental,
alfabetização ecológica, entre outros, são temas que devem ser trabalhados de
forma transdisciplinar, ou seja, com o grau máximo de relações entre as disciplinas,
o que supõe uma integração global dos temas.

UNI

Para refletir! Observe as charges a seguir e reflita sobre as atuais condições


ambientais. Ao longo de nosso estudo voltaremos a falar sobre meio ambiente, degradação
ambiental e sustentabilidade!
A B

FONTE: Disponível em: A <http://1.bp.blogspot.com/_bYpqQlgdj8A/Sn78Q855ODI/


AAAAAAAAAzI/W1xpu3zW6cA/s400/charge_meio_ambiente.jpg>; B <http://www.sedur.
ba.gov.br/imagens/charges/charge.meioambiente.02_05.06.07.jpg>. Acesso em: 12 jun. 2011.

18
TÓPICO 2 | MEIO AMBIENTE: CONCEITOS E PRINCÍPIOS

Caro acadêmico, no próximo tópico desta unidade, faremos uma breve, porém
importante, passagem pelo meio ambiente, compreendendo seus componentes e
as relações que ocorrem entre eles. Trata-se de uma passagem fundamental não só
para nos familiarizar com alguns conceitos ecológicos, mas também para ter uma
base teórica sobre essas relações. Este estudo nos conduzirá para a compreensão da
íntima correlação que há entre o meio ambiente e nossa saúde.

19
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico você estudou que:

• O ser humano foi produzindo, transformando e construindo o espaço geográfico


sem se sentir parte integrante deste meio.

• Compreender o conceito de meio ambiente é criar condições para que os seres


humanos se sintam moralmente responsáveis pelo seu comportamento em
relação à natureza.

• As questões ambientais são muito discutidas e veiculadas pelos meios de


comunicação, tornando-se preocupação constante nas sociedades atuais e
ajudando a formar conceitos a respeito de um ambiente saudável.

• A Constituição Federal de 1988 estabelece que o direito ao meio ambiente


saudável é também considerado como um direito constitucional fundamental.

• O art. 225 da Constituição Federal de 1988 (capítulo VI do Meio Ambiente) afirma:


“Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso
comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder
Público e à coletividade o dever de defendê-lo para presentes e futuras gerações”.

• Algumas definições para o termo meio ambiente abrangem somente os


componentes naturais, já outras, refletindo uma concepção mais atual, o
consideram um sistema amplo no qual há a interação de fatores físicos,
biológicos, econômicos e sociais.

• A Lei nº 6.938/81, que dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente


(PNMA), em seu art. 3º, entende por meio ambiente “[...] o conjunto de
condições, leis, influências e interações de ordem física, química e biológica,
que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas”.

• Ao pensarmos no termo ‘meio ambiente’ podemos relacioná-lo ao espaço


(físico e biológico) em que vivem os seres vivos e no qual se desenvolvem,
estabelecem relações, transformam e são transformados, somado ao espaço
sociocultural (no caso dos seres humanos).

20
AUTOATIVIDADE

1 Como você definiria o termo meio ambiente?


__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________

2 Analise as afirmativas e assinale V para as verdadeiras e F para as falsas. Na


sequência assinale a alternativa CORRETA:

( ) A Contituição Federal de 1988 estabelece que o direito ao meio ambiente


saudável é também considerado como um direito constitucional
fundamental.
( ) As concepções mais antigas acerca do termo meio ambiente o consideram
um sistema fechado no qual há a interação de fatores físicos, biológicos,
econômicos e sociais.
( ) As questões ambientais há muito tempo deixaram de ser uma preocupação
constante nas sociedades atuais.
( ) Segundo o art. 225 da Constituição Federal de 1988 (capítulo VI do
Meio Ambiente), “Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente
equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de
vida [...]”.

a) ( ) V- V- F- F.
b) ( ) F- F- F- V.
c) ( ) V- F- F- V.
d) ( ) V- V- F- V.

21
22
UNIDADE 1
TÓPICO 3

FUNDAMENTOS DA ECOLOGIA

1 INTRODUÇÃO
Para compreender a relação que há entre meio ambiente e saúde, é
fundamental que façamos um breve passeio pela ecologia para nos familiarizar
com seus principais conceitos e fundamentos e nos conscientizar de que fazemos
parte do meio ambiente. Aliás, você conhece a origem da palavra ecologia?
Derivada de duas palavras gregas: óikos (casa) e logos (estudo), ecologia significa
literalmente o “estudo da casa”. Preocupada em estudar as relações existentes
entre os seres vivos e destes com o meio ambiente, a ecologia é uma área que
está em pleno desenvolvimento e torna-se cada vez mais importante devido à
interferência humana sobre os ecossistemas.

NOTA

Você sabe o que significa ecossistema? Ecossistema é uma unidade ecológica


importante, pois equivale à somatória dos componentes bióticos (seres vivos) mais os
componentes abióticos (fatores que atuam sobre os seres vivos, tais como luz, temperatura,
tipo de solo, salinidade, variações de pressão da água e do ar, entre outros).

Pare um instante para analisar a região onde você mora. Que problemas
ambientais são mais inquietantes? A coleta do lixo? A ausência de programas de
reciclagem? Excesso de poluição? Você sabe a dimensão do desequilíbrio ecológico
e os problemas de saúde que a ausência de um programa de coleta seletiva e
reciclagem, por exemplo, podem trazer para o meio ambiente e a comunidade?
Os desequilíbrios ecológicos, observados nos últimos tempos, podem ser
amenizados à medida que passamos a conhecer a estrutura e o funcionamento
dos ecossistemas e nos tornamos capazes de adotar procedimentos racionais de
utilização dos recursos naturais.

23
UNIDADE 1 | MEIO AMBIENTE E SAÚDE:

Portanto, neste tópico, você terá a oportunidade de conhecer os conceitos


básicos da ecologia para, ao longo do estudo desta disciplina, avaliar a importância
de perceber o alto grau de interdependência que existe entre os diversos
componentes da biosfera. Entender a complexidade das relações ecológicas entre
os seres vivos e destes com o meio é uma ferramenta fundamental para gerar
mudança de atitude diante dos problemas ambientais que nos cercam. Manter
um meio ambiente saudável e equilibrado significa ter saúde e qualidade de vida.

2 ECOLOGIA
O meio ambiente e a ecologia passaram a ser uma preocupação em todo
o mundo, em meados do século XX. Porém, foi ainda no século XIX, por volta
de 1869, que o biólogo alemão, Ernst Haeckel, propôs pela primeira vez o termo
ecologia. Parafraseando Haeckel, podemos descrever ecologia como o estudo
científico das interações entre organismos e deles com o ambiente. (TOWNSEND;
BEGON; HARPER, 2006).

A importância de conhecer os fundamentos desta ciência consiste em


entendermos que fazemos parte do meio ambiente. Somos seres participantes
de todas essas interações, sejam elas com outros organismos ou, principalmente,
com o meio físico.

Atualmente, temos ouvido e lido muito sobre problemas ambientais e


com certeza você deve ter se lembrado de vários, certo? No entanto, pouco se
tem feito efetivamente para solucionar ou pelo menos amenizar tais problemas.
Precisamos mudar nossas atitudes e entender que a preservação dos ecossistemas
e dos recursos naturais está intimamente ligada à nossa sobrevivência. E a
condição para tal se resume em educação, precisamos urgentemente de educação
ambiental para todos.

TUROS
ESTUDOS FU

Caro acadêmico, na Unidade 3 voltaremos a falar sobre Educação Ambiental.


Vamos em frente!

Segundo Fernandez (2004, p. 13), “Mais do que nunca, é preciso conhecer e


entender para conservar. Mas para conservar é preciso também amar”. Sob esta ótica,
vamos compreender que exercemos um papel importante sobre os ecossistemas,
seja como agentes transformadores ou conservadores dos recursos naturais.

24
TÓPICO 3 | FUNDAMENTOS DA ECOLOGIA

3 NÍVEIS DE ORGANIZAÇÃO
A ecologia, assim como as demais ciências, subdivide seu objeto de estudo
para, dessa forma, facilitar a compreensão das partes que compõem o todo. Para
Odum e Barret (2007), talvez a melhor maneira de delimitar a ecologia moderna
seja considerar o conceito de níveis de organização.

Em cada nível, ocorrem interações com o ambiente físico, formando


sistemas funcionais característicos. Podemos entender nível como um conjunto de
entidades sejam elas moléculas, genes, células, tecidos, órgãos ou mesmo espécies
agrupadas, de forma hierárquica com uma escala crescente de complexidade.
Para Ricklefs (2003, p. 2), “Cada sistema ecológico menor é um subconjunto de
um próximo maior, e assim os diferentes tipos de sistemas ecológicos formam
uma hierarquia de tamanho”. Observe a figura a seguir e veja um exemplo de
níveis de organização biológica.

FIGURA 8 – NÍVEIS DE ORGANIZAÇÃO BIOLÓGICA

FONTE: Disponível em: <http://raphax.files.wordpress.com/2010/04/niveisdeorganizacao1.jpg>.


Acesso em: 28 mar. 2011.

Neste tópico, vamos analisar os níveis de organização a partir dos que são
considerados os principais objetos de estudo da ecologia: população, comunidade,
ecossistema e biosfera (ODUM; BARRET, 2007), além de conceituar alguns termos
importantes. Se você parar por alguns instantes para observar a natureza à sua
volta, poderá perceber que os organismos não existem de forma isolada. Além
de estabelecerem uma série de relações entre si, os indivíduos relacionam-se
também com o meio em que vivem.

25
UNIDADE 1 | MEIO AMBIENTE E SAÚDE:

O conjunto destes indivíduos da mesma espécie e que vivem em uma


determinada área forma uma população. Esta população, por sua vez, também
não se encontra totalmente isolada de outras, e um conjunto de populações forma
uma comunidade. Essas comunidades interagem com fatores físicos, químicos e
climáticos do meio onde vivem para formar os ecossistemas. Por fim, o conjunto
de todos os ecossistemas forma a biosfera.

NOTA

Temos como definição de espécie um conjunto de indivíduos capazes de se


reproduzir gerando descendentes férteis.

Ricklefs (2003) considera a biosfera o sistema ecológico final, no qual os


ecossistemas estão todos interligados. Podemos concluir então que a biosfera,
lugar onde encontramos vida no planeta, é o maior sistema biológico.

4 COMPONENTES ESTRUTURAIS DE UM ECOSSISTEMA


Ao estudar a organização do mundo vivo, por meio dos níveis de organização,
percebemos que a biosfera é formada pelo conjunto dos ecossistemas. O ecossistema
é, portanto, uma unidade de estudo em ecologia em que se busca entender como esse
sistema ecológico funciona e de que maneira se mantém em equilíbrio.

Um ecossistema pode apresentar dimensões muito variáveis. Podemos


citar como exemplo de sistema ecológico a Floresta Amazônica ou uma lagoa.
Independente do tamanho, fatores bióticos e abióticos são os componentes
estruturais básicos de qualquer ecossistema e estão intimamente inter-
relacionados. Em todos eles ocorre troca de matéria e energia. Além disso, cada
ecossistema faz intercâmbio de matéria e energia com ecossistemas vizinhos.
Para Ricklefs (2003, p. 3):

A importância da troca de matéria entre os ecossistemas dentro da


biosfera é acentuada pelas consequências globais das atividades
humanas. Por exemplo, os rejeitos agrícolas e industriais se espalham
para bem longe dos seus pontos de origem, afetando todas as regiões
da Terra.

Na seção a seguir, veremos os componentes estruturais que compõem os


ecossistemas.

26
TÓPICO 3 | FUNDAMENTOS DA ECOLOGIA

4.1 COMPONENTES BIÓTICOS


Os componentes bióticos em um ecossistema são formados por todos os
seres vivos que ali se encontram. Podemos dividir esses componentes em dois
grandes grupos, de acordo com o modo pelo qual se alimentam ou obtêm energia:

• autótrofos: são capazes de sintetizar seu próprio alimento e são representados


pelos seres fotossintetizantes e quimiossintetizantes, sendo considerados os
produtores dos ecossistemas;

• heterótrofos: não são capazes de sintetizar seus próprios alimentos e são


representados pelos consumidores e decompositores.

Assim, os componentes bióticos de um ecossistema em equilíbrio são:


produtores, consumidores e decompositores.

Os seres vivos precisam de energia para manter seu organismo em


funcionamento e é por meio dos alimentos que conseguem essa energia. Os
produtores (na maioria vegetais) são seres vivos que conseguem produzir seu
próprio alimento a partir de compostos inorgânicos obtidos do meio ambiente.

NOTA

Você já deve ter ouvido falar no processo da fotossíntese, certo? É por ele que as
plantas sintetizam seu próprio alimento orgânico, a partir de compostos inorgânicos simples
(gás carbônico, água e sais minerais) em presença de luz (fonte de energia). E de quebra,
ainda absorvem o gás carbônico em excesso no ar.

Os consumidores, seres heterotróficos, não possuem essa capacidade de


produzir seu próprio alimento. Assim, eles se alimentam de produtores ou então
de outros consumidores.

NOTA

Os consumidores podem ser:


- primários, quando se alimentam de produtores, como é o caso dos herbívoros;
- secundários, quando se alimentam de consumidores primários, como os carnívoros;
- terciários, quando se alimentam de consumidores secundários constituindo o terceiro nível
trófico e assim sucessivamente (figura a seguir).

27
UNIDADE 1 | MEIO AMBIENTE E SAÚDE:

Os decompositores, importantes componentes dos ecossistemas, são


consumidores que se nutrem de animais e plantas mortos. Representados
por organismos microscópicos (bactérias e fungos), sua função é a reciclagem
da matéria orgânica através da decomposição. Por meio deste processo, esses
recicladores da natureza restituem compostos inorgânicos ao meio ambiente,
tornando-os novamente disponíveis para os produtores.

FIGURA 9 – COMPONENTES BIÓTICOS E NÍVEIS TRÓFICOS

Nível Trófico II
Consumidor
Primário
(Herbívoro)

Nível Trófico I
Nível Trófico III Nível Trófico IV
Produtor
(Vegetal) Consumidor Consumidor
Secundário Terciário
(Carnívoro) (Carnívoro)

Decompositores

FONTE: As autoras

Os níveis tróficos representam os elos de uma cadeia alimentar. A


classificação (I, II, III e assim por diante) está diretamente relacionada segundo a
fonte de energia assimilada.

UNI

O termo trofismo ou trófico é de origem grega (trophe) e significa alimentação.


Voltaremos a falar sobre níveis tróficos quando abordarmos cadeia alimentar e fluxo de energia.

28
TÓPICO 3 | FUNDAMENTOS DA ECOLOGIA

4.2 COMPONENTES ABIÓTICOS


Os componentes abióticos são fatores químicos e/ou físicos que atuam
diretamente sobre os seres vivos. Podemos citar como exemplos: água,
temperatura, salinidade, luminosidade, tipo de solo, pH etc. Em resumo, são os
fatores “sem vida” presentes no meio ambiente. Segundo Ricklefs (2003, p. 23):

Frequentemente falamos do vivo e do não vivo como opostos. Mas


embora possamos facilmente distinguir entre esses dois grandes reinos
do mundo natural, eles não existem isoladamente um do outro. A vida
depende do mundo físico. Os seres vivos também afetam o mundo
físico: solo, atmosfera, lagos e oceanos, e muitas rochas sedimentares
devem suas propriedades em parte às atividades das plantas e animais.

Nesta interdependência que ocorre entre os componentes bióticos e


abióticos, os seres vivos vivem em uma busca constante das condições adequadas à
sua sobrevivência, sendo necessário, muitas vezes, tolerar extremos de temperatura,
luminosidade e outros fatores físicos que influenciam seu crescimento, reprodução,
características, além de sua distribuição por diferentes locais.

DICAS

Para aprofundar o conteúdo relacionado aos fatores


abióticos, sugerimos a leitura do capítulo 2, do livro A Economia da
Natureza. Este capítulo traz informações sobre o ambiente físico e
explora os atributos do ambiente que trazem mais consequências para a
vida. Veja a referência completa na seção de Referências.

5 CADEIA, TEIA ALIMENTAR E FLUXO DE ENERGIA


A energia e a matéria (necessárias para que um ser vivo realize suas
atividades vitais) são basicamente obtidas através dos alimentos. Assim, a “[...]
sequência das relações tróficas pela qual a energia passa través do ecossistema é
chamada de cadeia alimentar”. (RICKLEFS, 2003, p. 118). O fluxo energético que
ocorre em uma cadeia alimentar é sempre no sentido:

PRODUTOR CONSUMIDOR DECOMPOSITOR

29
UNIDADE 1 | MEIO AMBIENTE E SAÚDE:

Isso porque são os produtores os únicos capazes de produzir alimento,


conforme vimos anteriormente.

Você deve estar pensando: “... essas relações alimentares que ocorrem
na natureza não são tão simples assim”. Seu pensamento está correto! Em um
ecossistema, existem várias cadeias alimentares que se interconectam, formando
uma verdadeira rede complexa de transferência de matéria e energia, a qual
chamamos de teia alimentar (figura a seguir). Perceba que as relações tróficas que
ocorrem na natureza formam verdadeiras teias alimentares; a cadeia alimentar,
menos complexa, pode ser vista como uma parcialidade da teia alimentar,
somente para fins didáticos.

NOTA

Lembre-se, níveis tróficos são os elos que compõem uma cadeia alimentar.
Assim, se tomarmos como exemplo uma cadeia alimentar simples, composta por produtores,
herbívoros e carnívoros, os produtores ocupam o primeiro nível trófico. Os herbívoros, que são
os consumidores primários, formam o segundo nível trófico, e os carnívoros (consumidores
secundários) formam o terceiro nível trófico. Se sentir necessidade, volte a observar a figura
sobre o assunto.

FIGURA 10 – TEIA ALIMENTAR

FONTE: Disponível em: <http://adrianadae.blogspot.com/2009/11/teia-alimentar.html>.


Acesso em: 28 mar. 2011.

30
TÓPICO 3 | FUNDAMENTOS DA ECOLOGIA

A cada transferência que ocorre, ou a cada passagem de nível trófico,


parte da energia perde-se sob a forma de calor e parte é utilizada pelo organismo
na realização dos processos vitais. Assim, quanto menor a cadeia alimentar, ou
quanto mais próximo o organismo estiver do início da cadeia, maior será a energia
disponível à população. (ODUM, 1988). Seguindo este mesmo pensamento,
podemos concluir que o fluxo de energia é decrescente (diminui a cada nível
trófico) e unidirecional já que essa energia liberada não é reaproveitada.

Veja na figura a seguir como Odum representou o fluxo de energia através


de um diagrama, mostrando três níveis tróficos. Segundo Ricklefs (2003, p. 118):

Para cada nível trófico, este diagrama mostra uma caixa representando
a biomassa (ou seu equivalente energético) de todos os organismos
que compõem aquele nível trófico num determinado momento. Por
exemplo, uma caixa poderia representar todas as plantas ou todos os
herbívoros em um dado ecossistema. Sobrepostas a estas caixas estão as
vias que representam o fluxo de energia através daquele nível trófico.

FIGURA 11 – MODELO UNIVERSAL DE E. P. ODUM DO FLUXO ECOLÓGICO DE ENERGIA

FONTE: Ricklefs (2003, p. 119)

NOTA

Fique atento ao observar a figura anterior: (a) um único nível trófico; (b)
representação de uma cadeia alimentar.

Através deste fluxograma, percebemos a maneira pela qual o fluxo de


energia diminui a cada nível trófico sucessivo. Como vimos, a energia segue
um caminho unidirecional, não podendo mais ser reutilizada pelos organismos.
Porém, a matéria sempre é reaproveitada através dos ciclos biogeoquímicos, que
possibilitam este caminho cíclico da matéria na natureza.
31
UNIDADE 1 | MEIO AMBIENTE E SAÚDE:

Alguns dos principais ciclos podem ser considerados o da água, do


carbono, do oxigênio e do nitrogênio. Não iremos adentrar no campo destes
ciclos, porém segue uma dica do UNI para que a construção do seu conhecimento
não fique limitada a estas páginas.

DICAS

Acesse o site <http://www.iqsc.usp.br/iqsc/servidores/docentes/pessoal/


mrezende/arquivos/EDUC-AMB-Ciclos-Biogeoquimicos.pdf>. Neste endereço eletrônico,
você encontrará um material de estudo intitulado “A importância da compreensão dos ciclos
biogeoquímicos para o desenvolvimento sustentável”. O objetivo deste material é propiciar a
você conhecimento básico a respeito dos ciclos biogeoquímicos.

6 RELAÇÕES ECOLÓGICAS
Desde o início deste estudo temos ressaltado a importância de
compreender as relações existentes entre os seres vivos e destes com o meio onde
vivem. É fato que os organismos não vivem de maneira isolada nos ecossistemas,
muito pelo contrário, estabelecem uma série de relações. Neste tópico, vamos
conhecer importantes interações que podem ser observadas entre os seres vivos.
Para Odum (1988, p. 233):

Uma população muitas vezes afeta o crescimento ou a taxa de


mortalidade de outra população. Assim, os membros de uma população
podem alimentar-se de membros de outra população, competir por
alimento, excretar dejetos nocivos ou interferir de alguma outra forma
com a outra população. Igualmente, as populações podem ajudar uma
à outra, a interação sendo ou unidirecional ou recíproca.

Estas interações podem ser classificadas em harmônicas, quando não


há prejuízo para nenhum dos indivíduos da associação ou, desarmônicas, em
que pelo menos um indivíduo da associação sofre algum tipo de desvantagem.
Além desta classificação, podemos perceber que essas relações podem ocorrer
entre indivíduos da mesma espécie, sendo classificadas como intraespecíficas
ou entre indivíduos de espécies diferentes, classificadas como interespecíficas.
Acompanhe como essas relações estão esquematizadas na figura a seguir.

32
TÓPICO 3 | FUNDAMENTOS DA ECOLOGIA

FIGURA 12 – RELAÇÕES ECOLÓGICAS

Mutualismo
Inquilinismo
Interespecíficas
Protocooperado

Relações harmônicas Comensalismo


(interações positivas)
RELAÇÕES ECOLÓGICAS

Colônias
Intraespecíficas
Sociedades

Competição interespecífica
Predação
Interespecíficas
Parasitismo

Relações desarmônicas Amensalismo


(interações negativas)

Competição Intraespecífica
Intraespecíficas
Canibalismo

FONTE: As autoras

Vejamos, de uma maneira simplificada, o que ocorre em cada uma dessas


relações. (LOPES; ROSSO, 2005).

6.1 RELAÇÕES HARMÔNICAS ENTRE ESPÉCIES DIFERENTES


Existem diversas relações harmônicas entre espécies diferentes. Vejamos:

• Mutualismo: ambos os organismos se beneficiam e mantêm uma relação de


dependência.

FIGURA 13 – LIQUENS (FUNGOS E ALGAS)

FONTE: Disponível em: <http://www.naturlink.sapo.pt/article.aspx?menuid=2&cid=32591&bl=1>.


Acesso em: 3 abr. 2011.

33
UNIDADE 1 | MEIO AMBIENTE E SAÚDE:

• Inquilinismo: um indivíduo geralmente obtém proteção quando em associação


com outro, sem lhe causar prejuízo.

FIGURA 14 – PLANTAS EPÍFITAS (BROMÉLIAS E ÁRVORES)

FONTE: Disponível em: <http://vivendociencias.blogspot.com/2010_12_01_archive.html>.


Acesso em: 3 abr. 2011.

NOTA

Atenção para não confundir! As plantas epífitas, como as bromélias, não podem
ser confundidas com as plantas parasitas, como o cipó-chumbo, que você verá adiante. No
epifitismo (inquilinismo), que é uma relação harmônica, uma das espécies se fixa e/ou se
abriga na outra sem lhe causar prejuízo.

• Protocooperação: assim como no mutualismo, nesta associação ambos os


organismos se beneficiam, entretanto podem viver separadamente.

FIGURA 15 - PROTOCOOPERAÇÃO

Pássaro palito se alimenta dos restos de alimento e parasitas nos dentes do


crocodilo africano enquanto este dorme, fazendo digestão de boca aberta.

FONTE: Disponível em: <http://elainebavarde.blogspot.com/2010/06/eu-faltei-na-aula-de-


biologia.html>. Acesso em: 3 abr. 2011.

34
TÓPICO 3 | FUNDAMENTOS DA ECOLOGIA

• Comensalismo: nesta associação, assim como no inquilinismo, apenas um


organismo se beneficia, sem causar prejuízo ao outro. A diferença é que o
comensalismo sempre ocorre em busca de alimento.

FIGURA 16 – COMENSALISMO

O tubarão e a rêmora que se aproveita dos restos da presa atacada pelo tubarão.

FONTE: Disponível em: <http://biologia-biologa.blogspot.com/p/ecologia.html>.


Acesso em: 3 abr. 2011.

6.2 RELAÇÕES HARMÔNICAS DENTRO DA MESMA ESPÉCIE


Existem também relações harmônicas dentro da mesma espécie.

• Colônias: associação de indivíduos da mesma espécie unidos anatomicamente.

FIGURA 17 – CORAIS

FONTE: Disponível em: <http://ciencias-jovem.blogspot.com/>. Acesso em: 3 abr. 2011.

35
UNIDADE 1 | MEIO AMBIENTE E SAÚDE:

• Sociedades: associação de indivíduos da mesma espécie, separados


anatomicamente. Podemos citar como exemplos os insetos sociais como
abelhas, formigas, cupins.

FIGURA 18 – ABELHAS

FONTE: Disponível em: <http://veganbrasil.com.br/artigos/mel-vegan/>. Acesso em: 3 abr. 2011.

6.3 RELAÇÕES DESARMÔNICAS ENTRE ESPÉCIES


DIFERENTES
Vejamos agora as relações desarmônicas entre espécies diferentes.

• Competição interespecífica: nesta relação, duas ou mais populações de


espécies diferentes apresentam nichos ecológicos semelhantes e disputam os
mesmos recursos do meio quando ele não é suficiente para todos.

FIGURA 19 – COMPETIÇÃO INTERESPECÍFICA

Hienas e abutres (espécies diferentes) em disputa pelo mesmo alimento.

FONTE: Disponível em: <http://100pipocas.blogspot.com/2008/11/2-competio-interespecfica.


html>. Acesso em: 3 abr. 2011.

36
TÓPICO 3 | FUNDAMENTOS DA ECOLOGIA

• Predação: ocorre quando um indivíduo captura e mata outro de outra espécie


para se alimentar.

FIGURA 20 – PREDAÇÃO

Mamífero carnívoro (predador) e mamífero herbívoro (presa).

FONTE: Disponível em: <http://vivendociencias.blogspot.com/2010_12_01_archive.html>.


Acesso em: 3 abr. 2011.

• Parasitismo: o parasita vive dentro ou sobre o corpo de um hospedeiro


(indivíduo de outra espécie) do qual retira seu alimento. Podemos citar como
exemplos o cipó-chumbo, carrapato, vírus, vermes em humanos.

FIGURA 21 – CACHORRO PARASITADO POR CARRAPATOS

FONTE: Disponível em: <http://vivendociencias.blogspot.com/2010/12/parasitismo.html>.


Acesso em: 3 abr. 2011.

• Amensalismo: nesta relação, os indivíduos de uma população secretam


substâncias que inibem o crescimento de indivíduos de outras espécies. Como
exemplo podemos citar os fungos do gênero Penicillium notatum que secretam
uma substância (penicilina) que impede o desenvolvimento de bactérias.

37
UNIDADE 1 | MEIO AMBIENTE E SAÚDE:

FIGURA 22 – FUNGO PENICILLIUM + BACTÉRIA STAPHYLOCOQUE

FONTE: Disponível em: <http://www.sobiologia.com.br/conteudos/figuras/bio_ecologia/


amensalismo.jpg>. Acesso em: 3 abr. 2011.

6.4 RELAÇÕES DESARMÔNICAS DENTRO DA MESMA


ESPÉCIE
• Competição intraespecífica: assim como na competição interespecífica, nesta
relação os indivíduos da mesma espécie competem por recursos naturais (alimento,
luz, espaço) não disponíveis em quantidades suficientes no seu hábitat.

FIGURA 23 – COMPETIÇÃO INTRAESPECÍFICA

FONTE: Disponível em: <http://vivendociencias.blogspot.com/2010_12_01_archive.html>.


Acesso em: 3 abr. 2011.

38
TÓPICO 3 | FUNDAMENTOS DA ECOLOGIA

• Canibalismo: o indivíduo mata o outro da mesma espécie para se alimentar.

FIGURA 24 – CANIBALISMO EM INSETOS

FONTE: Disponível em: <http://vivendociencias.blogspot.com/2010_12_01_archive.html>.


Acesso em: 3 abr. 2011.

NOTA

Algum termo lhe pareceu estranho neste tópico? Vamos esclarecer dois
conceitos importantes da ecologia:

- hábitat é o lugar específico onde uma determinada espécie pode ser encontrada;
- nicho ecológico é o conjunto de atividades que um organismo desempenha no
ecossistema, ou seja, seu papel no sistema ecológico: relações alimentares, como se
reproduz, seus hábitos, estratégias de sobrevivência etc. (RICKLEFS, 2003).

DICAS

Leia A Teia da Vida: uma nova compreensão científica dos sistemas vivos.
Neste livro, Capra propicia uma síntese de descobertas científicas recentes como a teoria
da complexidade, a teoria Gaia, a teoria do caos e outras explicações das propriedades
de organismos, sistemas sociais e ecossistemas. Abandonando um pouco as análises
metafísicas, Capra apresenta uma inspirada descrição dos processos biológicos, químicos,
físicos e até sociais que regem a intrincada teia da vida. Com casos simples, exemplifica a
complexa dinâmica envolvida nos processos de todos os seres vivos, inclusive o homem.
(CAPRA, Fritjof. A teia da vida: uma nova compreensão científica dos sistemas vivos. 6. ed.
São Paulo: Cultrix, 2001).

39
UNIDADE 1 | MEIO AMBIENTE E SAÚDE:

Neste tópico, resgatamos os principais conceitos da ecologia, partindo


do início da utilização do termo até chegar às relações que ocorrem entre os
organismos. Vimos que o mundo vivo se organiza através de níveis e que o
ecossistema, unidade básica no estudo da ecologia, é constituído por componentes
bióticos (seres vivos) e abióticos (fatores químicos e físicos que atuam diretamente
sobre os seres vivos).

Você também pode observar que as relações alimentares que ocorrem entre
os organismos são bastante complexas, formando verdadeiras teias alimentares, e
que enquanto o fluxo de matéria é cíclico na natureza, o de energia é decrescente
e unidirecional.

Caro acadêmico, o estudo da ecologia não se esgota com as informações


e conhecimentos tratados neste tópico. Temas como ciclos biogeoquímicos,
transferência de matéria e energia, dinâmica das populações são alguns exemplos
do que você vai encontrar no estudo aprofundado desta ciência. Se esta introdução
ao estudo despertou seu interesse, busque mais conhecimento! Veja a bibliografia
citada e leia mais sobre o assunto.

40
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico você estudou que:

• O termo ecologia foi proposto pela primeira vez por volta de 1869, pelo biólogo
alemão Ernst Haeckel.

• Ecologia pode ser definida como o estudo científico das interações entre
organismos e deles com o ambiente.

• Ecossistema é uma unidade ecológica importante, pois equivale à somatória


dos componentes bióticos (seres vivos) mais os componentes abióticos
(fatores que atuam sobre os seres vivos, tais como luz, temperatura, tipo de
solo, salinidade, variações de pressão da água e do ar, entre outros).

• O conjunto destes indivíduos da mesma espécie e que vivem em uma


determinada área forma uma população.

• Um conjunto de populações forma uma comunidade.

• Comunidades interagem com fatores físicos, químicos e climáticos do meio


onde vivem para formar os ecossistemas.

• O conjunto de todos os ecossistemas forma a biosfera.

• Espécie é um conjunto de indivíduos capazes de se reproduzir gerando


descendentes férteis.

• Autótrofos são seres capazes de sintetizar seu próprio alimento sendo


considerados os produtores dos ecossistemas.

• Heterótrofos são seres que não são capazes de sintetizar seus próprios
alimentos e são representados pelos consumidores e decompositores.

• O fluxo energético que ocorre em uma cadeia alimentar é sempre no sentido:


produtor, consumidor, decompositor.

• Quanto menor a cadeia alimentar, ou quanto mais próximo o organismo estiver


do início da cadeia, maior será a energia disponível à população.

• O fluxo de energia diminui a cada nível trófico, portanto o fluxo de energia é


decrescente (diminui a cada nível trófico) e unidirecional.

• Relações ecológicas são harmônicas quando não há prejuízo para nenhum dos
indivíduos da associação.
41
• Relações ecológicas são desarmônicas quando pelo menos um indivíduo da
associação sofre algum tipo de desvantagem.

• As relações ecológicas que ocorrem entre indivíduos da mesma espécie são


classificadas como intraespecíficas.

• As relações ecológicas que ocorrem entre indivíduos de espécies diferentes são


classificadas como interespecíficas.

42
AUTOATIVIDADE

1 Construa duas cadeias alimentares: uma de que você participe como


consumidor primário e outra como consumidor terciário. Responda em
qual delas você obtém maior quantidade de energia e por que isso ocorre.

1ª cadeia (você como consumidor primário):


__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________

2ª cadeia (você como consumidor terciário):


__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________

2 Sobre as relações ecológicas que podem ser observadas entre os seres vivos
e classificadas em harmônicas ou desarmônicas, associe os itens utilizando
os códigos a seguir:

I- Comensalismo.
II- Mutualismo.
III- Parasitismo.
IV- Colônia.
V- Inquilinismo.

( ) A rêmora acompanha o tubarão de perto e fica presa a ele por uma ventosa.
Ela aproveita os alimentos do tubarão e também a sua locomoção, mas não
prejudica e nem beneficia o seu hospedeiro.
( ) Nas caravelas existe uma união estreita de indivíduos, cada um deles
especializado em determinadas funções como digestão, reprodução e defesa.
( ) A alimentação predominante do cupim é a madeira, que lhe fornece grande
quantidade de celulose. Entretanto, ele não possui capacidade de digeri-la.
Quem se responsabiliza pela degradação da celulose é um protozoário que
vive em seu intestino, de onde não precisa sair para procurar alimento.
( ) Os piolhos habitam o cabelo ou pelagem do hospedeiro, onde se alimentam
de sangue, resíduos da epiderme ou de penas e secreções sebáceas.
( ) As orquídeas, vivendo sobre outras plantas, conseguem melhores condições
luminosas, mas nada retiram dos tecidos internos destas plantas.

Agora, assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:

a) ( ) I- IV- II- III- V.


b) ( ) IV- I- III- V- II.
c) ( ) II- I- V- III- IV.
d) ( ) I- II- III- IV- V.
43
44
UNIDADE 1
TÓPICO 4

RELAÇÃO ENTRE MEIO AMBIENTE E SAÚDE

1 INTRODUÇÃO
Para compreender a relação entre meio ambiente e saúde precisamos
entender as causas e consequências dos problemas ambientais que temos
presenciado nos últimos tempos. A partir desta percepção, ficará claro que meio
ambiente e saúde são temas indissociáveis.

Antes de iniciar nossos estudos, reflita sobre os seguintes questionamentos.


Como devemos nos comportar para conseguir viver em harmonia e equilíbrio
em prol de um mundo “sustentável”? Pensando no planeta como um organismo
vivo, onde os diversos ecossistemas vivem e têm a necessidade de equilíbrio,
como você percebe a atual crise ambiental? Que atitudes devem ser adotadas
para alcançarmos um estágio em que as sociedades possam ser ditas sustentáveis
e ambientalmente saudáveis?

Assim, ao longo deste tópico, estudaremos as configurações da crise


ambiental na atualidade e as razões que levaram ao confronto entre meio
ambiente e desenvolvimento. Vamos conhecer a amplitude desta crise através
dos problemas ambientais globais e, com isso, verificar a urgência de um contínuo
processo de conscientização ecológica envolvendo todos os atores sociais. Ao
término deste estudo, veremos que este processo deve ser globalizado, pois tem
papel fundamental na tomada de ações e/ou medidas para amenizar os problemas
ambientais já instalados, bem como promover uma transformação profunda no
modo de pensar e agir da humanidade.

2 MEIO AMBIENTE E SAÚDE


Como vimos nos tópicos anteriores, a saúde não se limita ao funcionamento
adequado de nossos sistemas orgânicos. É imprescindível que haja também uma
boa integração com o meio ambiente, o que significa manter relações de troca com
os meios bióticos, abióticos e até mesmo com o meio social. Neste sentido, cuidar
do meio ambiente e preservar os recursos naturais é cuidar de nossa saúde e de
nosso bem-estar. Dessa forma, ao pensarmos na relação saúde e meio ambiente
percebemos que é impossível desvincular os dois temas.

De acordo com a tradição médica de Hipócrates (século V a. C.), visto


como o médico mais importante da Antiguidade e considerado o pai da medicina,

45
UNIDADE 1 | MEIO AMBIENTE E SAÚDE:

[...] os meios mais eficazes para prevenir as doenças era a moderação


e um modo de vida saudável. Por conseguinte, a saúde seria o estado
natural do homem. Quando a doença aparece, isso significa que a
natureza “saiu dos trilhos” devido a um desequilíbrio corporal ou
anímico. O caminho para a saúde do homem está na moderação, na
harmonia e “na mente sã em corpo são”. (GAARDER, 1995, p. 68).

FIGURA 25 – HIPÓCRATES

FONTE: Disponível em: <http://www.ahistoria.com.br/wp-content/uploads/hipocrates.jpg>.


Acesso em: 24 abr. 2011.

UNI

Caro acadêmico, o termo anímico refere-se à alma.

Hipócrates revolucionou teorias e conceitos. Em seu trabalho clássico


denomi­nado “Tratado dos Ares, Águas e Lugares”, Hipócrates, ao invés de
atribuir uma origem divina às doenças, discute suas causas ambientais. Ele
sugere que considerações tais como o clima de uma população, a água ou sua
situação num lugar em que os ventos sejam favoráveis são elementos que podem
ajudar o médico a avaliar a saúde geral de seus habitantes. Notavelmente, essas
considerações já apontam para conceitos funda­mentais em epidemiologia: o
ambiente (representado por ar, água, lugar) e o hospedeiro (representado pela
constituição individual). (LISBOA, 2008).

46
TÓPICO 4 | RELAÇÃO ENTRE MEIO AMBIENTE E SAÚDE

NOTA

Um pouco de filosofia: Hipócrates rejeitou a crença de seus contemporâneos


de que as doenças eram causadas por deuses vingativos. Em vez disso, ele propôs que
todas as doenças têm uma causa natural. “Encontre a causa”, disse, “e então você poderá
curar a doença”. Ele afirmava que, com a observação dos sintomas de uma doença e de sua
gravidade, o médico podia dar um prognóstico ao paciente, comparando seu progresso com
o curso característico da mesma doença. Hipócrates inaugurou uma escola de medicina
baseada em ideias racionais como essas. Para saber mais acesse, <http://www.ahistoria.com.
br/hipocrates/>.

Caro acadêmico, este pequeno resgate histórico da Antiguidade nos revela


que desde muito tempo as questões relacionadas à saúde e meio ambiente já eram
preocupações e objetos de estudo dos grandes filósofos e pesquisadores da época.

A partir de agora vamos estudar e compreender de que maneira a


degradação ambiental pode afetar e vem afetando diretamente nossa saúde física,
mental e social. Vamos em frente!

3 DEGRADAÇÃO AMBIENTAL
Hoje em dia grande parte da população vive em área urbana. Qual a
relação que este dado pode ter com a nossa saúde? Será que temos ideia dos
problemas que a falta de cuidados com o meio ambiente pode causar para nossa
saúde física, mental e social? Observe as imagens a seguir!

FIGURA 26 – DEGRADAÇÃO AMBIENTAL

FONTE: Disponível em: <http://lucianeisaias. FONTE: Disponível em: <http://www.dominiojovem.


files.wordpress.com/2007/11/lixo.jpg>. com.br/wp-content/uploads/2011/04/poluicaao.
Acesso em: 30 abr. 2011. jpg>. Acesso em: 30 abr. 2011.

47
UNIDADE 1 | MEIO AMBIENTE E SAÚDE:

FONTE: Disponível em: <http://2. FONTE: Disponível em: <http://


bp.blogspot.com/_Gn4XS2KopQw/ euamoanatureza.files.wordpress.
TJJJTd0kw9I/AAAAAAAAAIY/pWkJJ-JovEk/ com/2010/12/enchente-1.jpg>. Acesso em:
s1600/esgoto.jpg>. Acesso em: 30 abr. 2011. 30 abr. 2011.

Será possível ter uma boa saúde vivendo em ambientes como os


representados nas imagens? Os habitantes destes ambientes estão expostos a uma
série de fatores que podem afetar a sua saúde. A contaminação da água, falta
de destino correto dos resíduos sólidos, poluição atmosférica, excesso de ruídos,
falta de saneamento, inundações, entre outros, são prejuízos consequentes da
vida moderna atrelada à falta de cuidado com o meio ambiente.

Vários relatórios foram publicados nos últimos anos pelo PNUMA –


Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente – para facilitar o balanço
da saúde ambiental do planeta e orientar os debates sobre os rumos da política
ambiental a ser adotada para evitar desastres e seus impactos sobre populações
indefesas. Eles apontam os principais problemas:

• A concentração de gás carbônico na atmosfera é um dos fatores que provocam


o efeito estufa. Apesar de amplamente documentado e reconhecido na
Convenção das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, posteriormente
reforçado pelo Protocolo de Kyoto, nenhuma ação concreta foi iniciada,
devido à resistência dos EUA. O aumento do aquecimento global terrestre,
em razão do aumento de consumo de combustíveis fósseis na produção
de aço, cimento, energia termoelétrica e queimadas de biomassas, causou
severos danos à camada de ozônio, com severos impactos na saúde das
populações afetadas por câncer da pele.

• A crescente escassez de água potável: com uma demanda crescente em


consequência do aumento da população mundial, do desenvolvimento
industrial e da agricultura irrigada, verifica-se uma oferta limitada de água
potável distribuída de forma muito desigual. Relatórios do PNUMA estimam
que 40% da população mundial sofrem de escassez de água, desde a década
de 1990. A falta de acesso à água e de saneamento básico tem resultado em
centenas de milhões de casos de doenças, provocando mais de cinco milhões
de mortos a cada ano.

48
TÓPICO 4 | RELAÇÃO ENTRE MEIO AMBIENTE E SAÚDE

• A degradação de solos por erosão, salinização e o avanço da agricultura


irrigada em grande escala, os desmatamentos e a remoção da cobertura
vegetal natural, o uso de máquinas pesadas, as monoculturas e o uso de
sistemas de irrigação inadequados, além de regimes de propriedade arcaicos,
contribuem para a escassez crescente de terras aráveis e, assim, a segurança
alimentar da população mundial.

• A poluição de rios, lagos, zonas costeiras e baías tem causado degradação


ambiental contínua por despejo de volumes crescentes de resíduos e dejetos
industriais e orgânicos. O lançamento de esgotos não tratados aumentou
dramaticamente nas últimas décadas, com impactos eutróficos severos sobre
a fauna, a flora e os próprios seres humanos.

• Os desmatamentos contínuos: relatórios do PNUMA estimam uma perda


de florestas somente na década de noventa de 94.000 km quadrados, ou
seja, 15.000 km quadrados anualmente só no Brasil, descontadas as áreas
reflorestadas. Uma das consequências do desmatamento é a perda da
biodiversidade, particularmente nas áreas tropicais. Mudanças climáticas,
extração predatória de recursos naturais e minerais, transformações no uso
do solo estão dizimando a flora e a fauna em diversas regiões de mundo.

• O crescimento exponencial da população, acompanhado de novos padrões


de produção e consumo, resulta em enormes quantidades de resíduos tóxicos
poluentes com efeitos desastrosos na biodiversidade. Embora não existam
dados precisos sobre espécies extintas nas últimas três décadas, o PNUMA
estima que 24% (1.183) de espécies mamíferas e 12% (1.130) de aves estariam
ameaçados de extinção.

• A situação se configura particularmente dramática nas áreas urbanas e


metropolitanas nas quais vive quase metade da população mundial, a
maioria em condições de alimentação, habitação, saneamento e acesso a
facilidades de recreação e lazer cada vez mais precárias. A concentração
ininterrupta de desempregados, miseráveis e excluídos nos espaços urbanos
caracterizados por desigualdades extremas produz o fenômeno de anomia
social – marginalidade, delinquência e narcotráfico que enfraquecem a
coesão social e ameaçam a própria governabilidade da sociedade. Um
relatório das Nações Unidas estima que aproximadamente 800 milhões de
habitantes urbanos vegetam abaixo da linha de pobreza e são extremamente
vulneráveis a desastres naturais e mudanças ambientais. Essas mudanças
são diretamente responsáveis pela saúde deteriorada e a baixa qualidade de
vida, sendo a falta de saneamento básico e a poluição do ar responsáveis pela
maior parte de doenças e mortes.
FONTE: RATTNER, Henrique. Meio ambiente, saúde e desenvolvimento sustentável. Espaço
Acadêmico, Maringá, n. 95, abr. 2009. Disponível em: <http://www.espacoacademico.com.
br/095/95rattner.htm>. Acesso em: 30 abr. 2011.

49
UNIDADE 1 | MEIO AMBIENTE E SAÚDE:

Podemos perceber que o autor aponta alguns dos impactos causados na


saúde humana, pela degradação do solo, ar e água, além dos efeitos desastrosos
de condições de moradia inadequada e de falta de acesso a saneamento básico,
sobretudo em regiões onde há maior concentração de pessoas.

Caro acadêmico, nossa intenção com essa abordagem não é causar pânico
em ninguém, tampouco provocar ou incentivar o êxodo urbano. Estamos aqui com o
objetivo de chamar a sua atenção e promover uma conscientização para mitigar e/ou
resolver os inúmeros problemas ambientais que estão instalados em nossa sociedade
que, pouco a pouco, estão destruindo ou, pelo menos, comprometendo nossa saúde.

Precisamos despertar para a conscientização ecológica, seja ela urbana


ou rural. Por isso, foi fundamental que você conhecesse um pouco sobre os
fundamentos da ecologia, estudados no Tópico 3, desta unidade.

Agora que você já percebeu a relação direta entre meio ambiente e saúde,
é necessário que você tenha conhecimento dos problemas ambientais que temos
enfrentado nos últimos tempos. A partir de agora vamos mergulhar na crise
ambiental, conhecer suas origens, causas e consequências para o meio ambiente
e nossa saúde.

4 A CRISE AMBIENTAL
Atualmente temos presenciado uma interferência acentuada do homem
sobre os ecossistemas. As agressões ao meio ambiente vão desde contaminação
dos recursos hídricos, poluição atmosférica excessiva, gerando mudanças
climáticas, até destruição de extensas áreas de vegetação, por exemplo. A relação
entre população, desenvolvimento e recursos naturais tem sido foco de estudos
e preocupação social. Dessa forma, é evidente a emergência de um processo de
conscientização e mudança de comportamento por parte da humanidade quando
se trata de utilização dos recursos naturais.

A crise ambiental tem suas origens na ilusão de domínio do homem sobre


a natureza e na valorização exacerbada do “ter” sobre o “ser”, o que caracterizou
a relação do homem com o meio ambiente e com seus próprios semelhantes. O
conhecimento adquirido pela humanidade ao longo dos tempos certamente trouxe
importantes avanços científicos, tecnológicos e econômicos. Ao mesmo tempo,
porém, aumentou os problemas socioambientais, resultantes do uso irracional e
inconsequente dos recursos naturais. Para Santos e Machado (2004, p. 81):

Indubitavelmente a sociedade atual caracteriza-se pelo avanço técnico-


científico e informacional que lhe confere peculiaridades nunca
antes imaginadas. É predominantemente urbana, da comunicação
instantânea, das distâncias reduzidas, da robótica, da cibernética. Em
contrapartida, é a sociedade do ter em detrimento do ser, da rapidez
frenética, da competição acirrada, e, por que não dizer, marcada por
profundas crises.

50
TÓPICO 4 | RELAÇÃO ENTRE MEIO AMBIENTE E SAÚDE

A crise ambiental, foco inicial desta nossa conversa, repercute e se impõe


de forma cada vez mais concreta perante a sociedade que, aos poucos, vem se
conscientizando deste grave problema que põe em risco a sobrevivência de todas
as espécies.

Franco (2005, p. 25) relata que “[...] o mundo desperta, repentinamente,


assustado diante de alarmantes catástrofes naturais e de previsões ainda
mais assustadoras. Toma consciência de que o desenvolvimento, a todo custo
perseguido, apresenta efeitos colaterais distintos daqueles conhecidos”.

Assim, veiculados por todos os meios de comunicação, os problemas


ambientais e as agressões ao meio ambiente tornaram-se cada vez mais
frequentes e visíveis nas últimas décadas, o que pode ter contribuído para este
aparente processo de conscientização da “questão ambiental”. Desmatamentos,
queimadas, descarte de lixo (doméstico, hospitalar, industrial, entre outros),
diariamente depositado em locais impróprios e sem qualquer tipo de tratamento,
uso excessivo de agrotóxicos são alguns exemplos de como o homem vem se
relacionando ao longo da história com o meio ambiente.

Você deve recordar o Tópico 3, no qual estudamos as relações ecológicas.


Se fizéssemos uma analogia entre as relações que acontecem entre os organismos
nos ecossistemas com a relação do homem e o meio ambiente, poderíamos dizer
que o homem, ao longo de sua história, estabeleceu com o meio ambiente uma
relação desarmônica de parasitismo na qual atua como parasita. Extrai dele o que
deseja sem se preocupar com a saúde de seu hospedeiro, ou seja, do sistema que
sustenta a sua vida. (ODUM; BARRET, 2007).

DICAS

Leia este livro: ele defende o resgate da humildade,


do respeito e do diálogo com a natureza para a compreensão dos
problemas ambientais que estamos vivenciando. Ao longo dos últimos
300 anos, a natureza foi transformada em mero objeto de manipulação
à disposição da razão humana. A visão das paisagens e dos lugares
de modo mecânico e sem vida levaram a uma completa separação
entre seres humanos e meio ambiente. Atento a esses problemas, o
autor desenvolve nessa obra uma ética de parceria com a natureza em
educação ambiental, uma simbiose na qual os elementos se combinam
num regime de coparticipação e integração. GRUN, Mauro. Em busca
da dimensão ética da educação ambiental. Campinas: Papirus, 2007.

51
UNIDADE 1 | MEIO AMBIENTE E SAÚDE:

A crise ambiental não surgiu de uma hora para outra, mas sim há muito
tempo, e se agravou especialmente no período da Revolução Industrial, quando
começaram de fato as agressões ao meio ambiente. Este quadro de degradação
ambiental, que caracteriza a crise, nada mais é do que o conjunto de ações danosas
que nós mesmos viemos cometendo ao longo de nossa existência.

Indiscutivelmente, não se trata somente de uma crise ambiental, mas de


uma crise da sociedade no ambiente, uma crise de valores, de percepção. Para
Santos e Machado (2004), a sociedade do século XXI tem dois grandes desafios. O
primeiro deles é conseguir produzir de forma sustentada, lembrando que existe
o dever ético de garantir o abastecimento para as futuras gerações; neste caso,
trata-se de investir em pesquisas e novas tecnologias, colocando-as a serviço da
conservação, recuperação e preservação dos recursos naturais. O segundo desafio
consiste em distribuir de forma equitativa a produção, tendo a necessidade de
desenvolver mecanismos eficientes para acabar com a miséria de cerca de 20% da
população mundial.

Observe a comparação que Miller (apud BRAGA et al., 2002, p. 2) faz a


respeito de nosso planeta:

Nosso planeta pode ser comparado a uma astronave, deslocando-se a


cem mil quilômetros por hora pelo espaço sideral, sem possibilidade
de parada para reabastecimento, mas dispondo de um eficiente
sistema de aproveitamento de energia solar e de reciclagem de matéria.
Existem atualmente, na astronave, ar, água e comida suficientes para
manter seus passageiros. Tendo em vista o progressivo aumento do
número desses passageiros, em forma exponencial, e a ausência de
portos para reabastecimento, podem-se vislumbrar, a médio e longo
prazos, problemas sérios para a manutenção de sua população.

AUTOATIVIDADE

Qual a sua opinião em relação a esta comparação de Miller? Reflita sobre isso!

Esta analogia proposta por Miller parece bastante pertinente, tendo em


vista os dados que temos a respeito do crescimento populacional, assunto que
veremos logo adiante, e o aumento da população é apontado como um dos
problemas ambientais globais.

Para Braga et al. (2002), os principais componentes da crise ambiental estão


representados na figura a seguir. São eles: população, recursos naturais e poluição.

52
TÓPICO 4 | RELAÇÃO ENTRE MEIO AMBIENTE E SAÚDE

FIGURA 27 – RELAÇÃO ENTRE OS PRINCIPAIS COMPONENTES DA CRISE AMBIENTAL


População

Recursos Poluição
naturais

FONTE: Adaptado de Braga et al. (2002)

Dessa forma, o nível da qualidade de vida que temos depende, diretamente,


do equilíbrio entre os vértices da tríade que acabamos de observar. Um aumento
na população, sem qualquer tipo de controle, por exemplo, certamente causará
um desequilíbrio neste sistema. A demanda por recursos naturais será maior
para suprir as necessidades vitais dessa população que, inevitavelmente, acabará
gerando algum tipo de poluição.

DICAS

Escrito por Jean Dorst, esta obra, lançada em 1998, continua


a ser uma leitura básica para os que querem compreender as causas da
crise ambiental do século XX. Trata sobre o meio de vida e o modo em
que a sociedade foi educada para o trabalho e para a superprodução,
resquícios da Revolução Industrial, aflorando a preocupação com a
preservação do meio ambiente e a discussão sobre a qualidade de vida,
e os efeitos causados pelas políticas de industrialização e produção de
bens adotados pelos países da Europa. DORST, J. Antes que a natureza
morra. São Paulo: Edgard Blucher, 1998.

Como seres integrantes do meio ambiente que somos, temos o dever de


utilizar todo o avanço tecnológico e científico que conquistamos ao longo das
gerações e aproveitar a atual era da informação globalizada para criar formas
efetivas de promover um meio ambiente equilibrado. Superar a crise ambiental
implica não somente conciliar desenvolvimento econômico e social com a
proteção do meio ambiente. É necessário, acima de tudo, mudança verdadeira
no modo de pensar e agir da humanidade. Na sequência abordaremos de forma
isolada alguns dos problemas ambientais que se apresentam em escala global.

53
UNIDADE 1 | MEIO AMBIENTE E SAÚDE:

5 PROBLEMAS AMBIENTAIS GLOBAIS


Como vimos no item anterior, a crise ambiental tem suas origens no modo
de vida que adotamos, valorizando o “ter” em detrimento do “ser”. Essa questão
é muito bem relatada por Franco (2005, p. 27) quando afirma que:

O modo de vida e valores adotados encontram clara explicação diante


da história da Civilização Ocidental, remontando a eras mais remotas,
quando o homem via-se como parte da natureza, adotando outras
formas de relacionamento com esta, considerando-a, em alguns casos,
como sagrada e sua transição para uma concepção eminentemente
antropocêntrica, onde o homem passa a entender-se como elemento
externo a mais, para o qual tudo foi criado.

A partir desse momento, quando passamos a não nos enxergar mais como
parte integrante da natureza, inicia-se um processo de degradação ambiental e
cultural. Cabe dizermos que, embora essa percepção das origens da crise comece
a ser compreendida pela humanidade, a crise ambiental que estamos vivendo
normalmente é atribuída a fatores externos, como:

[...] excesso de emissões gasosas, poluição das águas e do solo por


efluentes e por resíduos provenientes, dentre outros, do crescente
processo de produção e de consumo, poluição do ar pela emissão
excessiva de poluentes gasosos, [...] explosão demográfica e da
necessidade de aumento de áreas urbanas e rurais – para plantio
ou pecuária – bem como da crescente demanda de matéria-prima
necessariamente extraída da natureza, acarretando, portanto,
dizimação de grandes áreas de vegetação nativa e o desaparecimento
de grande quantidade de animais e vegetais. (FRANCO, 2005, p. 27).

Conscientes do processo histórico que gerou a crise ambiental que hoje


vivemos, vamos analisar alguns aspectos causais relevantes que contribuíram
e vêm contribuindo para aumentar a crise. Os vértices do triângulo que você
acabou de ver no tópico anterior, como causas da crise ambiental, serão tratados
isoladamente agora, além, é claro, das “mudanças climáticas” que temos
presenciado em todo planeta.

5.1 O AUMENTO DA POPULAÇÃO


No topo da tríade, como um dos componentes da crise ambiental, está
a população. Como dissemos anteriormente, o crescimento populacional está
diretamente relacionado ao aumento da demanda de recursos naturais e à geração
de resíduos lançados no meio ambiente.

De acordo com dados da ONU (apud BRAGA et al., 2002, p. 2), “[...] a
população mundial cresceu de 2,5 bilhões em 1950 para 6 bilhões no ano 2000 e,
atualmente, a taxa de crescimento está em aproximadamente 1,3 por cento ao ano”.
Lembrando a analogia da astronave que vimos anteriormente, isso significa que a
cada ano milhões de novos passageiros embarcam nela e, como você lembra, não há
paradas para reabastecimento, o que torna esse aumento populacional preocupante.
54
TÓPICO 4 | RELAÇÃO ENTRE MEIO AMBIENTE E SAÚDE

NOTA

Desastres ecológicos, extinções de espécies, perda irreparável da biodiversidade,


surgimento de novas doenças, mudanças climáticas, poluição do ar, água e solo, escassez de
alimentos, ecossistemas em desequilíbrio são fatores que levam à diminuição da qualidade
de vida e podem, até mesmo, causar sérios prejuízos à nossa saúde.

Os fatores que acabamos de enumerar podem se agravar com o crescimento


exponencial da população. Dados da ONU (apud SANTOS; MACHADO, 2004,
p. 82) revelam que:

[...] a população mundial, em 2050, poderá atingir 10,9 bilhões de


pessoas, ou seja, um aumento real de 78% sobre o número atual de
habitantes. Além disso, o número de pessoas com mais de 60 anos
deve triplicar nesse mesmo período, chegando a 25% da população
mundial.

Este crescimento populacional é maior nos países menos desenvolvidos,


os chamados países em desenvolvimento ou subdesenvolvidos. Devido às altas
taxas de crescimento nessas nações, a situação de desequilíbrio tende a se agravar
ainda mais. (BRAGA et al., 2002).

Para calcular o aumento da população, observamos a diferença entre a taxa


de natalidade e a taxa de mortalidade. Um fator muito importante relacionado ao
aumento populacional observado ao longo dos últimos tempos é, justamente, a
redução considerável das taxas de mortalidade. Para Braga et al. (2002, p. 3):

A partir da Revolução Industrial, a tecnologia proporcionou uma


redução da taxa de mortalidade, responsável pelo aumento da taxa de
crescimento populacional anual, apesar de a taxa de natalidade estar
se reduzindo desde aquela época até os dias atuais.

Se traçarmos uma linha ao longo da história das civilizações, perceberemos


que as pressões exercidas sobre o meio ambiente se intensificaram, tornando-o
cada vez mais frágil. Diante desses dados e dessa perspectiva de crescimento
populacional, a situação pode se agravar ainda mais. Será que os recursos naturais
disponíveis serão suficientes para garantir a sobrevivência dos “passageiros da
astronave” que aumentam a cada ano? Se pensarmos em longo prazo, a redução da
taxa de crescimento populacional é imprescindível para garantir a sobrevivência
e restabelecer o equilíbrio necessário.

55
UNIDADE 1 | MEIO AMBIENTE E SAÚDE:

5.2 A EXPLORAÇÃO DOS RECURSOS NATURAIS


Vamos ver agora alguns aspectos relacionados à exploração dos recursos
naturais. Ao longo de todo estudo, você leu muitas vezes esta expressão: “uso
inadequado dos recursos naturais”, “preservação dos recursos naturais”,
“disponibilidade dos recursos naturais”. Mas o que isto significa realmente?
Braga et al. (2002, p. 4) definem recurso natural como “[...] qualquer insumo de
que os organismos, populações e ecossistemas necessitam para sua manutenção.
Portanto, recurso natural é algo útil”. Assim, o termo está diretamente relacionado
a desenvolvimento e economia, como concebidos pelo sistema socioeconômico.
Quando algo é chamado de recurso é porque pensamos na sua utilidade e não na
sua importância intrínseca (como natureza, ser vivo, entre outros).

NOTA

Sendo assim, água, ar, minerais, biomassa, vento, combustíveis, entre outros, são
exemplos de recursos naturais.

Analisando e/ou relembrando o processo evolutivo das relações entre


sociedade e natureza e as rupturas que aconteceram nessas relações ao longo
da história, compreendemos que, quando o homem deixou de ser nômade para
tornar-se sedentário, ele aprendeu a cultivar a terra e passou a acumular uma
quantidade cada vez maior de riquezas e de bens. Esta cultura do acúmulo de
riqueza e de um consumo cada vez maior de bens e serviços hoje faz parte dos
costumes de qualquer sociedade e economia no mundo.

Acompanhando o aumento da produção e o crescimento econômico, vieram


os impactos negativos da humanidade sobre o meio ambiente. Se conseguirmos
transpor nosso pensamento imediatista e projetarmos essa situação para algumas
décadas à frente, estes impactos negativos podem levar a uma deterioração irreversível
das reservas de recursos naturais, prejudicando desta forma o desempenho e a
prosperidade das economias. Porém, isso não quer dizer que não possa existir
“harmonia” entre os recursos naturais e o desenvolvimento econômico.

Recursos naturais e economia interagem de modo bastante evidente,


uma vez que algo é recurso na medida em que sua exploração é
economicamente viável. Exemplo dessa situação é o álcool, que
antes da crise do petróleo de 1973 apresentava custos de produção
extremamente elevados ante os custos de exploração de petróleo.
Hoje, no Brasil, apesar da diminuição do Proálcool, o álcool ainda
pode ser considerado um importante combustível para automóveis
e um recurso natural estratégico e de alta significância, devido a
sua possibilidade de renovação e consequente disponibilidade. Sua
utilização efetiva depende de análises políticas e econômicas que
poderão ser revistas sempre que necessário. (BRAGA et al., 2002, p. 5).

56
TÓPICO 4 | RELAÇÃO ENTRE MEIO AMBIENTE E SAÚDE

Segundo os mesmos autores, existe também um forte envolvimento entre


recursos naturais e tecnologia, já que há a necessidade de existir um processo
tecnológico para a utilização de um recurso. Observe um exemplo relatado por
eles: o magnésio só passou a ser visto como um recurso natural quando, por
meio dos avanços tecnológicos, descobriu-se sua utilidade na confecção de ligas
metálicas para aviões.

Assim, podemos dizer que atrás do conceito de recurso natural temos


intrinsecamente relacionados o meio ambiente, a economia e a tecnologia. A
questão ambiental reside no fato de que, nas últimas décadas, o uso irracional
e inadequado desses recursos provocou uma série de problemas ambientais
agravando a atual crise. Por isso, o nível de degradação dos recursos naturais e o
nível de crescimento econômico de uma nação estão intimamente relacionados.

Os recursos naturais podem ser classificados em renováveis e não


renováveis, como você pode observar na figura a seguir.

FIGURA 28 – CLASSIFICAÇÃO DOS RECURSOS NATURAIS

RECURSOS NATURAIS

NÃO RENOVÁVEIS RENOVÁVEIS


Minerais energéticos Água
Combustíveis fósseis Vento
Urânio Biomassa

Uma vez utilizado Depois de serem


não pode ser utilizados, tornam-se
reaproveitado novamente disponíveis
graças aos ciclos
naturais
FONTE: Adaptado de Braga et al. (2002)

Um fato interessante de ressaltar nesse momento é que o uso inadequado


desses recursos pode transformar um recurso renovável em não renovável, “[...]
quando a taxa de utilização supera a máxima capacidade de sustentação do
sistema”. (BRAGA et al., 2002, p. 5). É neste momento que a exploração destes
recursos naturais torna-se um dos problemas ambientais globais tratados nesse
tópico: quando o homem não respeita o tempo natural e necessário de renovação
dos recursos na natureza.

57
UNIDADE 1 | MEIO AMBIENTE E SAÚDE:

5.3 A POLUIÇÃO AMBIENTAL


A população, ao fazer uso dos recursos naturais, automaticamente gera
algum tipo de poluente. Ao escutar ou ler o termo “poluição”, o que lhe vem
à mente? Quais são as imagens que você produz ao pensar em um ambiente
poluído? A poluição pode ser conceituada como alterações, de ordem antrópica, nas
características físicas, químicas ou biológicas da atmosfera, litosfera ou hidrosfera.
Essas alterações causam ou podem causar prejuízos à saúde, afetar a sobrevivência
ou as atividades dos seres humanos e de outras espécies. (BRAGA et al., 2002).

Mas, como essa poluição é quantificada? A poluição está ligada à


quantidade ou à concentração de um determinado poluente. Assim, são
estabelecidos padrões e indicadores de qualidade do ar, água e solo para que seja
possível o controle da poluição de acordo com a legislação ambiental.

FIGURA 29 – FONTES POLUIDORAS

FONTES POLUIDORAS

Pontuais Difusas
Localizados Dispersas
Lançamento de esgoto doméstico Agrotóxicos aplicados na agricultura
ou industrial e dispersos no ar, carregados pelas
Efluentes gasosos industriais chuvas para os rios ou para o lençol freático,
Aterro sanitário de lixo urbano gases expelidos do escapamento de veículos
automotores

EFEITOS

Localizado Regional Global


FONTE: Adaptado de Braga et al. (2002).

Como podemos perceber, a partir da análise da figura anterior, os efeitos


da poluição podem ser localizados, regionais ou globais. Os mais conhecidos
e fáceis de serem percebidos são os de efeito local ou regional e normalmente
ocorrem em lugares onde a concentração de pessoas é maior ou então áreas com
grande atividade industrial.

Veremos agora alguns efeitos globais em virtude do excesso de poluição


no ambiente.

58
TÓPICO 4 | RELAÇÃO ENTRE MEIO AMBIENTE E SAÚDE

a) Chuvas ácidas

As chuvas ácidas são um dos maiores problemas ambientais da atualidade.


Desde a Revolução Industrial, com o aumento da emissão de gases poluentes na
atmosfera, este fenômeno vem aumentado devido à solubilização de alguns gases
cuja hidrólise seja ácida.

ATENCAO

Hidrólise é uma reação química de quebra de uma molécula por água. Observe
a etimologia do termo: hidro = água, lise = separação; viu só como ficou mais fácil entender
o significado? Compreender a etimologia da palavra hidrólise reforça a ideia de quebra das
moléculas por ação da água.

Vale lembrar que as chuvas normais possuem um pH levemente ácido,


em torno de 5,6 unidades. Essa acidez é causada pela dissociação do CO2 em
água, formando um ácido fraco, conhecido como ácido carbônico, mas também
de outros gases. Assim, chuva ácida é toda chuva que possui um valor de pH
abaixo de 4,5 unidades. (BENETTI, 2009).

Este fenômeno provoca o desequilíbrio nos ecossistemas. Um exemplo


disso é o aumento do pH da água, modificado pelas chuvas ácidas. Esta alteração
do meio aquático é nociva às mais diversas formas de vida, sendo que algumas
espécies de peixe, por exemplo, não são tolerantes a esta diminuição do pH.
Vegetais também sofrem as consequências da chuva ácida. Muitos microrganismos
presentes no solo e responsáveis pela sua fertilidade são destruídos em virtude do
aumento da acidez, além de trazer problemas econômicos e sociais.

b) Destruição da camada de ozônio

A camada de ozônio é um escudo natural da Terra que nos protege dos


efeitos nocivos dos raios solares, em especial os raios ultravioleta (UV). Situada
entre 10 e 50 km de altitude, a camada de ozônio é uma região onde se concentra
o ozônio molecular (O3). A redução acelerada desta área da atmosfera ficou
conhecida como “buraco na camada de ozônio”.

O gás CFC (cloro, flúor e carbono) é o grande responsável pela degradação


do ambiente em escala global e pela destruição da camada de ozônio. Ao atingir a
faixa de concentração da camada de ozônio, as moléculas de CFC rompem-se sob
a ação dos raios ultravioleta e liberam cloro, que reage com o ozônio, formando
oxigênio comum.

59
UNIDADE 1 | MEIO AMBIENTE E SAÚDE:

DICAS

Acesse o site <http://videoseducacionais.cptec.inpe.br/> e assista a um vídeo


mostrando como ocorre a destruição da camada de ozônio. Este vídeo é um dos que
estão na lista do tema Mudanças Climáticas. Navegue neste site e assista a outros vídeos
relacionados às mudanças ambientais globais.

Ainda sobre a camada de ozônio:

O buraco na camada de ozônio sobre a Antártida estabilizou-se desde


2000, mas ainda demorará décadas para se regenerar e fechar, o que
pode ocorrer a partir de 2065. Apesar da estabilização, ainda não há
sinais de uma recuperação sobre o polo sul, embora o climatólogo
americano David J. Hofmann, da Administração Nacional de Oceanos
e Atmosfera dos EUA (NOAA), afirme que, caso continue a tendência
atual, o buraco poderia começar a se fechar a partir do ano 2030.
(FOLHA ONLINE, 2009).

Com o objetivo de amenizar este problema ambiental global, diversos


países, inclusive o Brasil, assinaram o Protocolo de Montreal, em que todos se
comprometeram a reduzir e deixar de produzir e consumir os CFCs, em um
determinado prazo preestipulado. (COIMBRA; TIBÚRCIO, 2006). Este protocolo
surgiu diante do aumento do buraco na camada de ozônio e suas consequências
para a vida na Terra. Assim, a humanidade vai tentando, ao longo de sua
existência, remediar os problemas ambientais que ela mesma cria.

c) Mudanças climáticas – aquecimento global

Para iniciar nosso diálogo, precisamos entender que o clima é um conjunto


de condições meteorológicas (temperatura, umidade, chuvas, pressão e ventos)
que mantém características comuns em uma determinada região. Além disso, as
variações no clima fazem parte da dinâmica ambiental do planeta.

As causas reais das mudanças climáticas não são unanimidade perante


a comunidade científica. Embora não haja unicidade entre os discursos, estudos
apontam a ação antrópica, associada às variações cíclicas naturais, como um dos
principais fatores relacionados às mudanças climáticas.

60
TÓPICO 4 | RELAÇÃO ENTRE MEIO AMBIENTE E SAÚDE

NOTA

Antrópico é relativo ao ser humano ou à sua ação. Dessa forma, ação antrópica
resulta da ação humana.

Segundo Souza e Camargo (2006), as mudanças climáticas já afetam o


cotidiano de bilhões de pessoas de forma impossível de ser ignorada:

Pela primeira vez desde que começaram as medições, no século XIX,


o termômetro chegou aos 40 graus em diversas regiões temperadas
da Europa e dos Estados Unidos. A Somália foi castigada pelas
enchentes mais devastadoras do último meio século. A calota gelada
do Ártico ficou 60.400 quilômetros quadrados menor – ou seja, uma
área equivalente a duas vezes o estado de Alagoas virou água e ajudou
a elevar o nível dos oceanos. Na China, segundo o relatório, a pior
temporada de ciclones em uma década resultou em 1.000 mortes
e 10 bilhões de dólares em prejuízos. Na Austrália, o décimo ano
seguido de seca impiedosa agravou o processo de desertificação do
solo e desencadeou incêndios florestais com virulência nunca vista.
Sabe-se que o relatório final da Organização Meteorológica Mundial,
a ser divulgado em fevereiro, prevê o desaparecimento total do gelo
no Ártico durante os meses de verão já a partir de 2040. Isso pode
significar a extinção do urso-polar em seu hábitat.

Se pensarmos que todas essas catástrofes são decorrência do aumento de


apenas 1 grau na temperatura média do planeta nos últimos 100 anos, é no mínimo
assustador imaginar as consequências do aumento previsto para o ano de 2100, que,
segundo o relatório do Intergovernmental Panel on Global Climate, financiado pelas
Nações Unidas, terá um acréscimo de até 5,8ºC. (KERR apud KRÜGER, 2001).

Se analisarmos a história da vida de nosso planeta, realmente veremos que


em 4,5 bilhões de anos ocorreram mudanças climáticas radicais, com períodos
de estabilidade seguidos de glaciações. Assim, essas mudanças climáticas de
causas geológicas são normais e cíclicas. Porém, não podemos esquecer que a
composição química da atmosfera também influencia o clima e que, desde
a Revolução Industrial, a emissão de gases de efeito estufa, responsáveis pelo
aquecimento global, vem aumentando consideravelmente, como já vimos em
outros momentos deste estudo. Veja o que diz Eerola (2003, p. 7):

61
UNIDADE 1 | MEIO AMBIENTE E SAÚDE:

Os dados de medições meteorológicas de temperaturas existentes


cobrem um período de apenas aproximadamente cem anos, ou
seja, parte do período industrial. Porém, cem anos é um período
completamente desprezível do ponto de vista geológico. Vivemos
atualmente em um período posterior à glaciação que terminou somente
há 10.000 anos. Estamos caminhando rumo a uma nova glaciação
que ocorrerá daqui a 23.000 anos. Portanto, estamos em um período
interglacial, quando as temperaturas podem oscilar ciclicamente entre
mais altas e mais baixas. Esta alternância é completamente natural.
Porém, levando-se em conta estas medições, existem dois fatos sobre
as mudanças climáticas: a temperatura média e o teor de dióxido de
carbono estão em ascensão mundialmente. [...] Ao não se conhecer
outras fontes naturais de dióxido de carbono ativas ao mesmo tempo,
a conclusão lógica a que os pesquisadores chegaram foi que estes
aumentos devem ser provocados pelo homem. [...] Mesmo assim,
existem evidências de que estes teores em ascensão não são devidos
apenas à atividade antrópica. Existe uma correlação forte com algumas
outras fontes de dióxido de carbono e o aumento de temperaturas
globais, como oceanos e atividade vulcânica, por exemplo.

Nos últimos tempos temos ouvido muito sobre o aumento da temperatura
média mundial, aumento do efeito estufa e a expressão “aquecimento global”.
Na certa, você já deve ter lido alguma manchete ou reportagem a respeito deste
fenômeno. Este aumento da temperatura da atmosfera é causado pela excessiva
emissão de gases poluentes, principalmente dióxido de carbono, que formam
uma espécie da “capa” em torno da Terra. Esses gases absorvem parte da radiação
solar; consequentemente, o calor fica retido, não sendo liberado para o espaço,
ocasionando o chamado efeito estufa.

E
IMPORTANT

Não podemos esquecer que o efeito estufa é um fenômeno natural e vital


para a manutenção da vida na Terra. Ele é responsável por temperaturas mais amenas e
adequadas que permitem esta grande biodiversidade do nosso planeta. Sem ele, a Terra seria
aproximadamente 33ºC mais fria!

NOTA

Os gases de estufa, assim chamados por serem os intensificadores deste


fenômeno, são principalmente: dióxido de carbono (CO2), metano (CH4), óxido nitroso (N2O),
CFCs (clorofluorcarbonetos).

62
TÓPICO 4 | RELAÇÃO ENTRE MEIO AMBIENTE E SAÚDE

Dessa forma, medidas de preservação dos ecossistemas e uso de


energias que não poluam o meio ambiente devem fazer parte dos programas de
desenvolvimento de todas as nações.

Assim, Benetti (2009) relata algumas consequências do aquecimento global:

• derretimento das calotas polares, acarretando o aumento do nível dos oceanos,


o que causará inundações em cidades litorâneas;

• alterações no regime das chuvas (menor pluviosidade em determinadas regiões


e maior em outras);

• doenças que hoje são típicas de uma determinada região, como a malária e a
febre amarela, poderão atingir regiões em que hoje não são encontradas;

• desertificação de áreas que hoje são campos ou florestas;

• extinção de espécies;

• grandes incêndios.

Torna-se evidente que, para não piorar ainda mais a situação, precisaríamos
parar de lançar na atmosfera gases como dióxido de carbono, metano e óxido
nitroso, resultantes da atividade humana. Cabe à intensificação do efeito estufa a
maior responsabilidade pelo aumento da temperatura global.

Nesta batalha pela redução da emissão de gases poluentes, temos de


um lado países desenvolvidos e altamente industrializados, detentores de um
grande poderio econômico, porém os maiores poluidores. Do outro lado, países
em desenvolvimento que poluem em uma escala menor, mas sofrem igualmente
as consequências da emissão excessiva de gases poluentes. Segundo Coimbra e
Tibúrcio (2006, p. 163):

O Tratado de Quioto entrou em vigor em fevereiro de 2005,


reconhecido por 55 países industrializados. Porém o maior poluidor
do mundo, os Estados Unidos, ficou fora do tratado, alegando que
teria consequências negativas em seu desempenho econômico caso
diminuísse suas emissões em 7%.

Essa postura é uma prova de que, embora exista uma “frágil” consciência
da humanidade sobre a crise ambiental instalada no planeta, indicando que
iniciamos o processo de mudança de pensamento, ainda não mudamos nossa
forma de agir. Precisamos consolidar a ideia de que o desenvolvimento econômico
está altamente ligado às políticas de preservação do meio ambiente e a uma gestão
planejada de nossos recursos naturais.

63
UNIDADE 1 | MEIO AMBIENTE E SAÚDE:

DICAS

Leia este livro: o autor aborda vários assuntos pertinentes ao


nosso estudo, como por exemplo: ecologia, meio ambiente, poluição,
chuva ácida, efeito estufa, buraco na camada de ozônio, poluição
urbana, impactos sociais e culturais, entre outros. Veja a referência
completa: BRANCO, Samuel Murgel. O meio ambiente em debate. São
Paulo: Moderna, 1999.

É inegável a contribuição do homem no aumento dos níveis de dióxido


de carbono e outros gases poluentes na atmosfera. Sabemos que, ao longo da
história, ocorreram muitas mudanças no meio ambiente, na paisagem e no clima.
Em decorrência dessa evolução, a paisagem que vemos hoje não será a mesma do
futuro, assim como o nível de desenvolvimento: uma economia baseada no uso
de combustíveis fósseis e outros recursos não renováveis não será mais possível.
É bastante arriscado continuar com nossos hábitos, sem preocupação com as
consequências de nossas ações sobre o meio ambiente.

Enquanto vivemos e “aguardamos” novas transformações ambientais


globais, temos o dever de usar toda inteligência e tecnologia alcançadas ao longo
de nossa evolução para atenuar nossa influência sobre essas mudanças climáticas.
De que forma poderemos fazer isso? Aprendendo a reciclar, reduzindo o consumo
de combustíveis fósseis, buscando fontes alternativas de energia, aproveitando
recursos naturais renováveis como a energia eólica, respeitando o meio ambiente
e promovendo educação ambiental para todos de forma interdisciplinar, como
veremos no próximo tópico.

d) A perda da biodiversidade

O grande desequilíbrio ecológico gerado pelo homem, através de suas


ações, afeta não somente a si como a diversas outras formas de vida. A atual crise
ambiental está diretamente relacionada também a uma crise da biodiversidade,
uma vez que a harmonia entre os componentes bióticos e abióticos de um
ecossistema é fundamental para permitir e manter a vida no nosso planeta e,
consequentemente, nos manter em um ambiente saudável.

64
TÓPICO 4 | RELAÇÃO ENTRE MEIO AMBIENTE E SAÚDE

NOTA

Os componentes bióticos e abióticos de um ecossistema foram estudados no


Tópico 3 (Fundamentos da Ecologia). Se necessário, retorne a ele e relembre os conceitos.

Segundo Franco (2005, p. 21):

O grande desafio, atualmente enfrentado, reside exatamente em


proteger a diversidade da vida, através de adequada interpretação dos
instrumentos legais existentes calcados nos conhecimentos científicos
disponíveis. Grande parte dessa diversidade concentra-se em áreas
florestais, representando um dos principais focos de biodiversidade
do planeta, tendo, portanto, sua proteção especial importância na
busca de uma solução para a crise ambiental.

O termo biodiversidade pode ser entendido em vários níveis, desde


gens até ecossistemas, assim como toda a diversidade biológica existente, ou
seja, a diversidade da vida. Isso inclui todos os seres vivos, desde os organismos
microscópicos mais simples até os mais complexos, como os seres humanos.
Segundo o Decreto-Lei nº 2.519/98, o termo biodiversidade está conceituado em
seu artigo 2º como:

A variabilidade de organismos vivos de todas as origens,


compreendendo, dentre outros, os ecossistemas terrestres, marinhos e
outros ecossistemas aquáticos e os complexos ecológicos de que fazem
parte; compreende ainda a diversidade dentro de espécies, entre
espécies e de ecossistemas.

Para entender a importância e o tempo do homem na história evolutiva


da biodiversidade, precisamos fazer uma rápida análise desde o surgimento
da Terra há 4,5 bilhões de anos até os dias atuais. Aproximadamente um bilhão
de anos após o surgimento da Terra foi que gradualmente se estabeleceram as
condições ambientais favoráveis ao surgimento das primeiras células, como pode
ser observado na figura a seguir.

65
UNIDADE 1 | MEIO AMBIENTE E SAÚDE:

FIGURA 30 – ERAS GEOLÓGICAS CONDENSADAS EM 24 HORAS

FONTE: Disponível em: <http://www.jornaljovem.com.br/edicao13/images/13_eras_


geologicas01_000.jpg>. Acesso em: 30 abr. 2011.

Diante da análise desta figura e conforme estudamos no decorrer deste


tópico, podemos perceber que a participação do homem na história (em tempo
geológico) é praticamente insignificante em relação ao período e processo
evolutivo da vida na Terra. Entretanto, não se pode dizer o mesmo em relação à sua
participação na rápida perda da biodiversidade que presenciamos na atual crise.

Dentre os fatores que se encontram diretamente relacionados à crise da


biodiversidade e que são causa direta de sua deterioração, podemos citar ações
antrópicas como: poluição do solo, da água e da atmosfera, alterações climáticas,
introdução de espécies exóticas, exploração de espécies vegetais e animais,
devastação ou alteração de ambientes naturais, entre outros. (FRANCO, 2005).

Alguns problemas ambientais já estudados neste tópico como, por


exemplo, chuva ácida e o aquecimento global, são consequências da ação
humana danosa sobre o meio ambiente e responsáveis por parte da degradação
da biodiversidade. A devastação e a fragmentação de florestas, por meio de
desmatamentos e queimadas, também acarretam o desaparecimento de um
grande número de espécies. Franco (2005, p. 38) ressalta que “A fragmentação
dos hábitats constitui, juntamente com a destruição destes, uma das principais
causas da perda da biodiversidade no planeta, por tornar inviável a perpetuação,
condenando à extinção um incontável número de espécies animais e vegetais”.

66
TÓPICO 4 | RELAÇÃO ENTRE MEIO AMBIENTE E SAÚDE

Outro fator de preocupação e responsável pela perda da diversidade


biológica é a forma como o ser humano vem utilizando a água, importante recurso
natural. Interferências nos ciclos hidrológicos e, principalmente, inúmeras formas
de poluição desse recurso são ações que afetam não somente o ser humano, mas
também todos os demais seres vivos, tendo em vista que a água é um elemento
indispensável à sobrevivência de todas as espécies da biosfera.

Quando se diz que água é essencial à vida, é porque sem ela não existe
respiração, reprodução, fotossíntese, quimiossíntese, hábitats e nichos
ecológicos para a maioria das espécies existentes. A sua ausência ou
contaminação implica forma de poluição cujas consequências não
são outras senão degradar diretamente a própria vida. (FIORILLO;
RODRIGUES apud FRANCO, 2005, p. 133).

Dessa forma, a perda contínua da biodiversidade é um forte indicador


do desequilíbrio existente entre as necessidades humanas e a capacidade de
suporte da natureza. Como vimos em outro momento deste tópico, o crescimento
populacional e o uso irracional dos recursos naturais tornam evidentes os limites
de sustentabilidade dos processos naturais.

Diante da crise ambiental que estamos vivendo, temos a opção de seguir


dois caminhos: continuar a utilização desenfreada dos recursos naturais para
atender nossas necessidades imediatas acarretando danos talvez irreversíveis,
ou implementar medidas alternativas para a conservação da biodiversidade e
utilizá-la de forma sustentável. Isto pode ser alcançado através de um processo
emergente de educação ambiental, como veremos mais adiante.

Uma possibilidade real de reversão da crise ambiental e consequente


manutenção de nosso bem-estar biológico/físico, mental e social consiste em
promover uma profunda transformação no pensar e no agir da humanidade,
sendo a educação ambiental a força propulsora desta transformação. Quando
percebermos que os recursos naturais são parte integrante da nossa vida, e não
apenas algo que utilizamos como mercadoria para satisfazer necessidades muitas
vezes imediatistas, talvez consigamos reduzir em muito os impactos negativos
sobre o meio ambiente.

DICAS

Leia este livro. Atual, oportuno e preocupante, o livro vai ao


encontro do tema de 2010 da Organização Mundial da Saúde: urbanização
e saúde. O Instituto Saúde e Sustentabilidade reuniu 37 professores,
pesquisadores e profissionais renomados, de diversas especialidades, para
debater e escrever sobre as questões ambientais urbanas e seus efeitos sobre
a saúde. O cenário é a Região Metropolitana de São Paulo. Pela primeira vez
na História, há mais pessoas vivendo em cidades do que em zonas rurais.
O local onde as pessoas vivem afeta a saúde e as oportunidades que elas

67
UNIDADE 1 | MEIO AMBIENTE E SAÚDE:

têm para desfrutar uma vida plena, em todo o seu potencial. Há, porém, um aspecto da relação
entre cidade e meio ambiente raramente abordado: a qualidade de vida e a saúde do homem
urbano. O ser humano é o ponto esquecido da questão ambiental nas grandes metrópoles. O
livro discute questões como habitação, saneamento, mobilidade urbana, ruído, poluição do
ar, mudanças climáticas e congestionamentos, caracterizando-as como novos desafios para
a saúde que vão muito além do próprio setor da saúde e exigem uma ação multidisciplinar e
em várias esferas governamentais. A obra propõe um novo olhar sobre o assunto, colocando
o homem e a saúde humana no centro do debate sobre o meio ambiente urbano. (SALDIVA,
Paulo; VORMITTAG, Evangelina da M. Pacheco A. de Araújo (Orgs.). Meio ambiente e saúde:
o desafio das metrópoles. São Paulo: Instituto Saúde e Sustentabilidade, 2010).
Caro acadêmico, ao final desta unidade você terá a oportunidade de fazer a leitura de um
artigo dos mesmos organizadores desta obra. Boa leitura!

A espécie humana, pela primeira vez na história, pode ter o poder de


contribuir de forma significativa às mudanças globais. Independentemente dos
causadores reais das mudanças climáticas, as consequências da crise ambiental
como aquecimento global, mudanças climáticas promovendo grandes períodos
de estiagem ou chuva excessiva, aumento das doenças, o perigo iminente da
falta de água potável, perda da biodiversidade, entre tantos outros, podem
ser minimizadas. Para tanto, é necessária a mudança também globalizada de
pensamento e atitude por parte da humanidade. Só assim será possível amenizar
os problemas, para garantir a nossa sobrevivência e assegurar para as gerações
futuras um ambiente saudável e equilibrado.

UNI

Para descontrair e refletir! Não é esse o equilíbrio ecológico que queremos


e precisamos para garantir nossa saúde e das futuras gerações, em um meio ambiente
igualmente saudável!

FONTE: Disponível em: <http://1.bp.blogspot.com/_IWCKERmkudQ/SErMaeQjq4I/AAAAAAA


AA6k/83FbY2yXjYM/s1600/treta_charges_4.jpg>. Acesso em: 12 jun. 2011.

68
TÓPICO 4 | RELAÇÃO ENTRE MEIO AMBIENTE E SAÚDE

Para concluir nossa reflexão, reescrevemos algumas linhas extraídas da


“Carta do Chefe Seattle”: “[...] Tudo o que acontece à Terra, acontece aos filhos
da Terra. O homem não teceu a teia da vida, ele é meramente um fio dela. O que
quer que ele faça à teia, ele faz a si mesmo [...]”. Pense nisso e seja um ator social
consciente de suas responsabilidades perante o coletivo e, mais do que isso, seja
um agente promotor das mudanças necessárias para mantermos um ambiente
saudável, livre de poluição e equilibrado.

69
UNIDADE 1 | MEIO AMBIENTE E SAÚDE:

LEITURA COMPLEMENTAR

A SAÚDE PRECÁRIA DE UMA VELHA SENHORA

Aos 456 anos a cidade de São Paulo enfrenta problemas que, comparados aos de
um organismo vivo, mostram condição próxima à falência múltipla de órgãos

por Paulo Saldiva e Evangelina Vormittag


ARAQUEM ALCÂNTARA/SAMBAPHOTO/GETTY IMAGES

Crescimento desordenado de São Paulo fez com que mancha urbana invadisse
áreas de proteção ambiental, com formação de ilhas de calor, entre outros
desconfortos que afetam diariamente seus milhões de moradores.

O caso de São Paulo não é o único entre as metrópoles mundiais, ao menos


em relação aos países em desenvolvimento. Mas é grave e não pode continuar
ignorado, sob pena de custos crescentes pagos com o comprometimento da vida
de seus moradores. Comparadas à situação de uma velha senhora submetida a
uma série de exames para revelar a qualidade da saúde urbana, a cidade de São
Paulo e toda sua região metropolitana são reprovadas em um conjunto de itens
vitais que já afetam o presente e devem tornar-se críticos, se não irreversíveis,
no futuro imediato. Com limitações preocupantes em relação a fontes de água
potável, São Paulo e seu entorno têm reduzido tratamento de esgotos, poluição
atmosférica sobrecarregada por transporte individual, impermeabilidade do
solo e, entre outros comprometimentos, ilhas de calor que implicam chuvas
destruidoras todo verão.

O mundo passa por uma crise ambiental com raízes localizadas


basicamente no excesso de consumo dos recursos naturais. E é nas cidades que
se manifesta a maior demanda pela oferta de alimentos, transporte, moradia,
recursos hídricos, saneamento básico e energia. No Brasil, em 2000, 81,2% da
população já vivia em áreas urbanas. A previsão para 2030 é que cerca de 60%
das pessoas viverão em áreas urbanas do planeta. Os impactos da complexidade
do metabolismo urbano produzem efeitos dramáticos sobre diversos aspectos da

70
TÓPICO 4 | RELAÇÃO ENTRE MEIO AMBIENTE E SAÚDE

saúde e sustentabilidade, tanto local como regional e mesmo em escala global. A


pressão da urbanização sobre o ambiente varia de acordo com o tipo das cidades.

Metrópoles como Londres, Paris e Nova Yorque, que tiveram crescimento


gradual, puderam usufruir dos benefícios de um processo de planejamento
dinâmico e da consolidação da infraestrutura, incluindo o sistema de transporte
público. Em contrapartida, cidades que cresceram rapidamente, principalmente
nos países em desenvolvimento, passaram da juventude para a decrepitude e
deterioração sem tempo de amadurecer.

São Paulo é uma representante típica do segundo grupo, com


crescimento veloz e desordenado, ligada a mais 38 cidades que formam sua
região metropolitana, numa área de 7.944 km2. Esse processo desordenado, com
frequência confundido com desenvolvimento, trouxe problemas ambientais de
solução complexa e cara, que afetam negativamente a vida de 20 milhões de
habitantes dessa megaconurbação.

A cidade pode ser entendida PAULO WHITAKER/REUTERS/LATINSTOCK


como um organismo vivo, onde os
bairros seriam órgãos e os habitantes,
células dessa estrutura. A analogia
permite que, na análise da saúde
desse organismo, seja possível
imaginar a cidade de São Paulo
como um corpo adoecido, afetando
também seus habitantes. A descrição
desse caso pode ser feita imaginando- Afetado pelo desequilíbrio ambiental, microclima
se a cidade como uma velha senhora da cidade favorece chuvas destruidoras como a
que terá a sua história clínica relatada que afetou o Ceagesp, centro de distribuição de
por seu médico. alimentos de São Paulo, no final de 2009.

Paciente do sexo feminino, com 456 anos, refere que se sentia compelida
a ser uma das cidades que mais cresciam no mundo. Olhava com orgulho o
brotamento de chaminés fumegantes e sentia prazer ao ver lhe percorrerem as
veias minúsculos veículos motorizados e gente trabalhando incessantemente.
Com o passar do tempo, e principalmente nos últimos 60 anos, relata ter perdido
o controle da situação, engordado em excesso, excedendo seus limites geográficos
com aparecimento de áreas de extrema pobreza (loteamentos periféricos e favelas).
Isso faz com que despenda enormes quantidades de recursos, redesenhando seus
limites e buscando soluções para problemas físicos e psíquicos que atingiram
uma escala de difícil tratamento. Queixa-se de febre (aquecimento), calafrios e
intensa sudorese (eventos extremos, chuvas, inundações, ventos fortes), falta de
ar (poluição), entupimento de suas artérias, que não permitem fruição do trânsito
e dificuldade para eliminar urina (filtração – tratamento de água).

71
UNIDADE 1 | MEIO AMBIENTE E SAÚDE:

Comportamento bipolar

Exame mais detalhado sugere que se trata de paciente bipolar. Em


alguns momentos apresenta-se estressada, deprimida e com baixa autoestima.
Em outros, eufórica. Apresenta enorme vazio no centro, principalmente à
noite, associado a um sentimento de despopulação central. Confusa, reconhece
dependência química de uma droga, o petróleo. Apática, demonstra dificuldade
de planejamento, desesperança, desamparo e preocupação com o futuro.

A velha senhora alega ainda episódios agudos de asma e surtos


de pneumonia. Já teve alguns episódios de dor precordial (dor no peito) e
infarto. Alimenta-se compulsivamente, apresenta má digestão, sensação de
empachamento, eructação e flatulência há anos. Vivencia constantemente
episódios de evacuação, prejuízo do saneamento básico, grande lançamento de
efluentes e esgoto nos rios e disposição de resíduos sem aproveitamento. Acredita
que possa ser acometida por vermes pela facilidade com que este quadro acarreta
a proliferação de vetores causadores de doenças infecciosas. Sente muita sede,
apresenta fraqueza e incapacidade de aproveitar as fontes energéticas de que
dispõe. Aponta ainda perdas e desperdício de água.

O exame físico demonstra ser uma paciente obesa, febril, com notável
distribuição das células mais pobres na periferia. Apresenta-se extremamente
dispneica, com falta de ar e notório escurecimento do ar expirado por fuligem.
O ritmo dos batimentos cardíacos mostra diminuição (bradicardia). Apresenta
edema generalizado (inchaço), coincidindo com chuvas (congestão arterial). Além
disso, observam-se intensas áreas sem pilificação, alopecia (queda de cabelo)
crescente, pois sua cobertura vegetal foi parcialmente destruída. A pele está seca,
espessa e escura devido ao asfaltamento e à impermeabilização do solo. Constata-
se déficit de audição por excesso de ruídos.

Exames laboratoriais complementares foram realizados para auxiliar o


diagnóstico da paciente. Dados epidemiológicos e científicos ilustram e elucidam
o caso clínico dessa velha senhora.

Exames do ar mostram que as fontes móveis (veículos) passaram a ter,


a partir da década de 80, maior participação na carga de poluentes emitidos na
atmosfera que as fontes industriais e se tornaram a principal causa de poluição
na região metropolitana e outros grandes centros urbanos do país. De acordo
com estimativas da agência ambiental do estado de São Paulo – Cetesb –, 90%
dos poluentes gasosos resultam da queima de combustíveis fósseis nos veículos
automotivos (97% das emissões de CO – monóxido de carbono – e 96% de NO2
– dióxido de nitrogênio). Há registros de que tenha a maior concentração de
ozônio e material particulado do país. Essa poluição do ar provoca perto de 4 mil
mortes prematuras/ano. Estima-se que os níveis atuais de poluição levem a uma
redução da expectativa de vida do habitante em cerca de 1,5 ano, devido a três
desfechos: câncer do pulmão e vias aéreas superiores; infarto agudo do miocárdio
e arritmias; e bronquite crônica e asma. Viver em São Paulo corresponde a fumar
quatro cigarros diariamente em decorrência das partículas em suspensão no ar.

72
TÓPICO 4 | RELAÇÃO ENTRE MEIO AMBIENTE E SAÚDE

Poluição e Morte

O Laboratório de Poluição Atmosférica Experimental (LPAE) da


Universidade de São Paulo (USP) investiga o impacto dos poluentes na saúde
dos habitantes da cidade e demonstrou, na década de 90, que um aumento em
13% da mortalidade de pessoas acima de 65 anos esteve associado à elevação das
concentrações de partículas inaláveis no ar. Crianças e idosos são os dois grupos
etários mais suscetíveis aos efeitos da poluição, particularmente naqueles com
doenças cardiovasculares e respiratórias preexistentes.

Se a poluição pode aumentar o número de mortes, antes disso provoca


doenças. É o caso do estudo em controladores de tráfego da Companhia de
Engenharia de Tráfego (CET), que demonstra alterações de pressão arterial e de
marcadores inflamatórios sanguíneos em dias mais poluídos.

Pesquisa recente realizada nos Estados Unidos, analisando 66 mil


mulheres no período pós-menopausa e sem história de doença cardiovascular,
observou um crescimento de 24% no risco dessa enfermidade. E, quando ela se
manifestava, um aumento de 76% no risco de morte quando as mulheres eram
expostas a variações de níveis de poluição atmosférica. Pesquisadores do LPAE
têm investigado outros efeitos nocivos da poluição atmosférica. O peso de bebês
pode se reduzir quando as gestantes são expostas a níveis elevados de monóxido
de carbono (CO) e partículas inaláveis no primeiro trimestre de gestação. Isso
permite supor que a poluição afeta o desenvolvimento intrauterino das crianças.
Nos primeiros 28 dias de vida, a mortalidade neonatal também é influenciada
pelos poluentes. Curiosamente, há evidências de que nascem mais meninas que
meninos em áreas mais poluídas da cidade.

A região metropolitana tem


CILETE SILVÉRIO/GOVERNO DO ESTADO DE SP
aproximadamente 20 milhões de
habitantes e nela estão localizadas
47 mil indústrias e 99 mil
estabelecimentos comerciais. Sua frota
de veículos cresce continuamente e se
aproxima dos 9 milhões de unidades.
Na última década, a população de
São Paulo teve aumento de 12%,
enquanto a frota automotiva cresceu
pelo menos 65%. Assim, a relação
entre automóveis/habitantes é de
1:2, ou seja, um veículo para cada Construção tardia e ainda insuficiente de linhas do
dois habitantes. Isso significa que o metrô compromete o deslocamento por superfície
com engarrafamentos de centenas de quilômetros
número de sapatos e pneus é de extensão.
aproximadamente o mesmo.

73
UNIDADE 1 | MEIO AMBIENTE E SAÚDE:

A elevação da frota de veículos indica que se favoreceu o transporte


individual em detrimento do coletivo, mais eficiente em relação ao uso de energia
e ocupação do solo. É uma contradição – tratar da redução de gases de efeito
estufa e estimular a venda de veículos individuais por meio de incentivos fiscais,
como o que ocorreu recentemente. A ausência de uma política urbana integrada
aos transportes contribuiu para a intensificação da motorização e a piora da
mobilidade urbana.

A cidade é conhecida por suas vias congestionadas e pelas médias diárias


recordes de congestionamento, acima de 120 km no pico da tarde, devido à
desproporção no número de veículos circulando por uma malha de 17 mil km.
O número de viagens motorizadas pode chegar a cerca de 25 milhões por dia. A
velocidade média dos automóveis e ônibus vem se reduzindo significativamente.
Em 2005, os carros circulavam a uma velocidade média de 18,4 km/h, e os ônibus
a 14,3 km/h, situação que se agravou com o aumento da frota. É aqui que se
evidencia o maior paradoxo dessa opção tecnicista: são produzidos veículos de
locomoção cada vez mais rápidos e ágeis, mas que se deslocam com a rapidez e
a agilidade de uma charrete. Como na Idade Média, os moradores se restringem
a circular no seu próprio vilarejo, aqui chamado de bairro, e, quando muito, em
apenas uma região da cidade.

De maneira geral, o transporte individual consome 30 vezes mais


combustível por passageiro em comparação com ônibus e 70 vezes mais energia
quando comparado com o metrô. Segundo estimativas, uma linha de metrô
poupa cerca de 3 milhões de barris de petróleo por ano. A ausência dele transfere
para ônibus e automóveis, como alternativa modal no contexto de transporte, a
maioria (90%) dos usuários, o que acarreta maior tempo de viagem e aumento
dos níveis de concentração de partículas no ar, com consequente agravo das
condições de saúde dos que vivem na cidade. Esse fato foi demonstrado por um
estudo sobre os impactos das paralisações (greve) da operação do metrô (entre
1986 e 2006). Observou-se um aumento de 50% dos níveis de concentração de
PM10 (material particulado inferior a 10 micra), comparando-se com dias em
condições meteorológicas similares. Os benefícios do metrô para a saúde pública,
como contribuição desse sistema de transporte à redução da poluição atmosférica
em São Paulo, foram avaliados em R$ 10,75 bilhões anuais.

Apesar das vendas recordes de carros, a maioria (68%) da frota que


circula pelas ruas apresenta idade média superior a 6 anos, sendo 41% com mais
de 10 anos. Veículos com até 5 anos de idade, que emitem menos poluentes,
correspondem a apenas 32% do total. Entre os 2,7 milhões de unidades que
emitem mais poluentes, devido ao desgaste natural e à manutenção inadequada,
há caminhões e ônibus a diesel, ainda mais nocivos à qualidade do ar. As
motocicletas, cada vez mais utilizadas, representam 12,1% da frota, mas poluem
oito vezes mais que um automóvel e provocam milhares de acidentes, matando
e incapacitando um enorme contingente, a cada ano. Dados de 2009 apontam
média diária de 42 acidentes com motocicletas na cidade que são a principal
causa de lesão na medula.

74
TÓPICO 4 | RELAÇÃO ENTRE MEIO AMBIENTE E SAÚDE

Dois remédios bem-sucedidos trouxeram benefícios à saúde: os carros


hoje chegam a poluir 95% menos que em 1986 e os caminhões reduziram seus
níveis de poluição em 85% no mesmo período. Esses números são resultado do
Programa de Controle de Poluição do Ar por Veículos Automotores (Proconve),
que introduziu mudanças tecnológicas e impôs limites nas emissões de gases
poluentes de veículos. A redução de 40% na concentração dos poluentes entre os
anos 90 e os primeiros cinco anos da presente década foi suficiente para diminuir
de 12 para 8 o número de mortes diárias atribuídas à poluição do ar na região
metropolitana. O limite máximo de concentração de monóxido de carbono foi
ultrapassado 65 vezes em 1997, mas apenas uma vez em 2005. Essa queda da
poluição resultou na diminuição de aproximadamente 10 mil mortes e internações
hospitalares por doenças respiratórias e cardiovasculares. Se o Proconve não
funcionasse, a perda por mortes, somente na cidade, seria de US$ 600 milhões. O
segundo remédio diz respeito à inspeção veicular, iniciativa que vem auxiliar na
diminuição de poluentes e gases de efeito estufa (GEE).

Negligência custa caro

Em contraposição, a Resolução Conama nº 315/02, que impõe um limite do


teor de enxofre no diesel distribuído no Brasil a 50 partes por milhão (ppm) para
a tecnologia P-6 (novos motores), a partir de janeiro de 2009 não foi aplicada. A
proporção hoje é de 500 ppm nas regiões metropolitanas e de 2 mil ppm no interior.
Na Europa, essa concentração é de 10 ppm e, nos Estados Unidos, 15 ppm. No
entanto, a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis – ANP – foi
leniente na sua ação regulatória, o que levou a Petrobras a não cumprir a legislação
ambiental e manteve o alto teor de enxofre no diesel, substância cancerígena e
responsável pela morte de 3 mil pessoas por ano na cidade de São Paulo.

Nesse caso, é preciso destacar que o Brasil é o único país que conta com
uma frota veicular que utiliza etanol em larga escala. O álcool etílico nas suas
formas anidro e hidratado corresponde a 51% do combustível consumido por
veículos leves, sendo o restante fundamentalmente gasolina e gás natural. No
transporte pesado predomina o uso do diesel. A exemplo de outras grandes
cidades do mundo, a bicicleta também serve de meio de transporte, e a prefeitura
de São Paulo vem apoiando a expansão de seu uso desde 2005 – há cerca de 200
mil ciclistas na cidade. Nesse período foram implementados 20 km de ciclovias e
bicicletários em dezenas de estações de trem e metrô, mas é necessário expandir
rapidamente esse sistema para estimular seu crescimento e proporcionar
segurança aos usuários.

A combinação de crescimento populacional, pobreza e degradação


ambiental aumenta a vulnerabilidade às catástrofes climáticas. Nesse caso, é
lamentável que a população com menor responsabilidade pela emissão de gases
de efeito estufa seja a que mais sofrerá com suas consequências. Isso ocorre
pela baixa capacidade de adaptação, moradia em zonas de risco, não acesso a
moradias com infraestrutura básica de saneamento e pouco acesso à saúde –
injustiça ambiental.

75
UNIDADE 1 | MEIO AMBIENTE E SAÚDE:

Estresse térmico é uma das condições classicamente associadas a efeitos


sobre a saúde – extremos de temperatura afetam preferencialmente crianças
e idosos. Grande parte da mortalidade aumentada por ondas de calor está
relacionada a doenças cardiovasculares, cerebrovasculares e respiratórias. As
áreas urbanas, nesse caso, são mais afetadas que as rurais por diversos fatores,
que incluem a supressão da vegetação capaz de estabilizar os gradientes de
temperatura, umidade e regime hídrico. Parte substancial do solo das cidades
foi pavimentada, chegando ao ponto de cerca de 30% a 40% da área central das
grandes cidades brasileiras ser ocupada pela malha viária. As consequências do
asfaltamento e impermeabilização das superfícies que retêm o calor – fachadas
de vidro, concreto e o asfalto negro –, a supressão da vegetação e as emissões
de automóveis são responsáveis por alterações climáticas em menor escala, as
chamadas ilhas urbanas de calor. Esses fenômenos se manifestam no coração dos
grandes conglomerados urbanos e provocam mudanças de regime e intensidade
das chuvas e inundações, além de dificultar a dispersão de poluentes. Em São
Paulo, as variações térmicas diárias podem chegar a até 10ºC.

Aquecimento e clima

Em um estudo sobre as mudanças climáticas nas cidades e as interferências


do aquecimento global, foram analisados e comparados dados de temperatura de
superfície e umidade relativa da estação do Instituto de Astronomia, Geofísica
e Ciências Atmosféricas da USP (IAG/USP) entre os anos de 1936 e 2005. Como
resultados, verificou-se progressivo aumento das médias de temperatura de
superfície (praticamente 0,038oC ao ano; em 70 anos, o acumulado foi de 2,66oC)
e queda da umidade relativa na área urbana. Recordes nas séries históricas da
cidade de São Paulo, em medições desde 1943, mostram que a temperatura
máxima ocorrida na capital foi de 37,0oC em janeiro de 1999. Em 2009 chegou-se
a 34,1oC, mas em março. Em geral, verificou-se que as temperaturas máximas
vêm batendo recordes a partir dos anos 90. Já a menor temperatura registrada na
série histórica foi - 2,1oC, em agosto de 1955. Para as mínimas, os recordes (frio)
ficaram em geral no início da série. Isso mostra que as temperaturas mínimas
estão ficando mais elevadas, ou seja, as noites estão mais quentes. Isso é um forte
indicativo da mudança no padrão de clima da cidade.

Em relação às precipitações, a chuva mais intensa em 24 horas ocorreu


em maio de 2005, com 140,4 mm. Esse dado chama atenção para o mês em
que ocorreu, pois em maio as chuvas já diminuíram bastante e a atmosfera em
geral está mais seca, caracterizando um evento extremo e inesperado quando se
pensa em climatologia da região. Em 2009, houve também o segundo inverno
mais chuvoso de que se tem registro. Nos meses de junho, julho e agosto, foram
registrados 332,3 mm de chuva, enquanto o normal esperado seria 131,1mm.
Pesquisando-se o regime de chuvas da capital, entre 1933 e 2005, detectou-se que
as chuvas estão mais intensas e frequentes, talvez devido às ilhas de calor.

76
TÓPICO 4 | RELAÇÃO ENTRE MEIO AMBIENTE E SAÚDE

Quanto à umidade mínima, BRASIL2/ISTOCKPHOTO


em agosto de 2009 houve o recorde
histórico de baixa umidade
relativa do ar – 10%, o menor valor
desde o início dos registros. Esse
pode ser considerado um evento
extremo na cidade. A alteração do
ciclo hidrológico provoca eventos
climáticos severos (inundações e
falta de água potável), modificação
do microclima (ilhas de calor) e Superfície quase inteiramente impermeabilizada
perda de fontes de água, levando e adensamento de edifícios no centro da cidade
respondem pelas ilhas de calor relacionadas aos
a doenças de transmissão hídrica e
temporais destruidores do verão.
doenças respiratórias.

As inundações que se repetem com intensidade neste início de 2010 estão


associadas a perdas de vidas e prejuízos materiais. Os impactos à saúde incluem
afogamentos, doenças relacionadas à água contaminada (hepatite A, diarreia e
leptospirose). Além da inundação, a chuva excessiva contamina reservatórios de
água potável. Enxurradas podem tirar roedores de seus abrigos, criar locais para
a reprodução de mosquitos e aumentar o crescimento de fungos nas casas.

Um exemplo clássico de como o desequilíbrio do ambiente pode influenciar


o desenvolvimento de uma doença é a ocorrência recente da maior epidemia de
dengue em 50 anos no Brasil. Apenas nos três primeiros meses de 2008, surgiram
60 mil casos no Rio de Janeiro, um doente a cada três minutos. A rede de saúde
pública entrou em colapso, recorrendo a hospitais de campanha das forças
armadas. As condições geográficas e socioeconômicas da cidade facilitaram essa
propagação. Com o aumento da temperatura, o mosquito sobe o morro e encontra
condições precárias, como pessoas aglomeradas e más condições de saneamento,
acúmulo de água e sujeira, que facilitam a reprodução/perpetuação.

Paulo Hilário Nascimento Saldiva é médico formado pela Faculdade de


Medicina da USP, professor titular do Departamento de Patologia e pesquisador
do Laboratório de Poluição Atmosférica Experimental da USP. Coordenador do
Instituto Nacional de Análise Integrada de Risco Ambiental do CNPq.

Evangelina da Motta Pacheco Alves de Araújo Vormittag, médica


consultora na área de saúde e sustentabilidade, é especializada em patologia
clínica e microbiologia, com doutorado em patologia pela Faculdade de Medicina
da USP e especialização em gestão de sustentabilidade pela Fundação Getúlio
Vargas. Diretora-presidente do Instituto Saúde e Sustentabilidade.

FONTE: SALDIVA, Paulo Hilário Nascimento; VORMITTAG, Evangelina da Motta P. A. de Araújo.


A saúde precária de uma velha senhora. Scientific American Brasil, São Paulo, n. 95, abril 2010.
Disponível em: <http://www2.uol.com.br/sciam/reportagens/a_saude_precaria_de_uma_velha_
senhora_imprimir.html>. Acesso em: 1 maio 2011.

77
RESUMO DO TÓPICO 4
Neste tópico você estudou que:

• Cuidar do meio ambiente e preservar os recursos naturais é cuidar de nossa


saúde e nosso bem-estar.

• A contaminação da água, falta de destino correto dos resíduos sólidos, poluição


atmosférica, excesso de ruídos, falta de saneamento, inundações, entre outros,
são prejuízos consequentes da vida moderna atrelada à falta de cuidado com o
meio ambiente.

• É evidente a emergência de um processo de conscientização e mudança de


comportamento por parte da humanidade quando se trata de utilização dos
recursos naturais.

• A crise ambiental tem suas origens na ilusão de domínio do homem sobre a


natureza e na cultura exacerbada do “ter sobre o ser”, o que caracterizou a
relação do homem com o meio ambiente e com seus próprios semelhantes.

• A crise ambiental não surgiu de uma hora para outra, mas sim há muito tempo,
e se agravou especialmente no período da Revolução Industrial, quando
começaram de fato as agressões ao meio ambiente.

• O crescimento populacional está diretamente relacionado ao aumento da


demanda de recursos naturais e à geração de resíduos lançados no meio
ambiente.

• Recursos naturais e economia interagem de modo bastante evidente, uma vez


que algo é recurso na medida em que sua exploração é economicamente viável.

• Os recursos naturais podem ser classificados em renováveis e não renováveis.

• A poluição pode ser conceituada como alterações de ordem antrópica, nas


características físicas, químicas ou biológicas da atmosfera, litosfera ou
hidrosfera.

• Chuva ácida é toda chuva que possui um valor de pH abaixo de 4,5 unidades.

• A camada de ozônio é um escudo natural da Terra que nos protege dos efeitos
nocivos dos raios solares, em especial os raios ultravioleta (UV).

• Estudos apontam a ação antrópica, associada às variações cíclicas naturais,


como um dos principais fatores relacionados às mudanças climáticas.

78
• A composição química da atmosfera também influencia o clima e, desde a
Revolução Industrial, a emissão de gases de efeito estufa, responsável pelo
aquecimento global, vem aumentando consideravelmente.

• O efeito estufa é um fenômeno natural e vital para a manutenção da vida na


Terra.

• A participação do homem na história (em tempo geológico) é praticamente


insignificante em relação ao período e processo evolutivo da vida na Terra.

• A perda contínua da biodiversidade é um forte indicador do desequilíbrio


existente entre as necessidades humanas e a capacidade de suporte da natureza.

• Fazemos parte do meio ambiente e a nossa saúde depende, além de


outros fatores, de vivermos em um ambiente saudável, livre de poluição e
ambientalmente equilibrado.

79
AUTOATIVIDADE

1 Atualmente temos presenciado uma interferência acentuada do homem


sobre os ecossistemas. Um fator agravante desta crise e que deu início a um
processo crescente de agressão ao meio ambiente foi:

a) ( ) A revolução tecnológica no século XX.


b) ( ) A explosão demográfica dos países subdesenvolvidos.
c) ( ) A Revolução Industrial no século XVIII.
d) ( ) A globalização.

2 Com relação à poluição em geral, relacione as colunas:

I- Camada de ozônio.
II- Chuvas ácidas.
III- Aquecimento global.
IV- Efeito estufa.

( ) Fenômeno natural e vital para a manutenção da vida na Terra; responsável


por temperaturas mais amenas e adequadas que permitem a grande
biodiversidade.
( ) Fenômeno que vem aumentando desde a Revolução Industrial, com
o aumento da emissão de gases poluentes na atmosfera e causando
desequilíbrios nos ecossistemas como, por exemplo, o aumento do pH da
água.
( ) O gás CFC (Cloro - Flúor - Carbono) é o grande responsável por este
problema de degradação do ambiente em escala global.
( ) É causado pela excessiva emissão de gases poluentes na atmosfera,
principalmente o CO2, intensificando um fenômeno natural.

a) ( ) III- I- II- IV.


b) ( ) IV- II- I- III.
c) ( ) IV- III- II- I.
d) ( ) III- II- I- IV.

3 Ao longo deste tópico estudamos, atrelada à crise ambiental, a relação entre


meio ambiente e saúde. Dessa forma, como você descreveria esta relação?
__________________________________________________________________
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__________________________________________________________________
__________________________________________________________________

80
UNIDADE 2

MEIO AMBIENTE E SAÚDE:


O PAPEL DA ESCOLA

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir desta unidade, você será capaz de:

• analisar os conteúdos e contribuições dos documentos de referência frente


à saúde e meio ambiente;

• conhecer a temática da saúde e do meio ambiente e seu contexto no


ambiente escolar;

• analisar os conceitos de meio ambiente, saúde, escola e a sua relação com


a qualidade de vida.

PLANO DE ESTUDOS
Esta segunda unidade está dividida em três tópicos. No final de cada
tópico, você encontrará atividades que possibilitarão o aprofundamento de
conteúdos na área propiciando uma reflexão sobre a escola, educação escolar,
meio ambiente, saúde e a relação intrínseca entre os mesmos.

TÓPICO 1 – O PAPEL DA ESCOLA FRENTE À SAÚDE E MEIO AMBIENTE

TÓPICO 2 – GUIA CURRICULAR PARA PROGRAMA DE SAÚDE


E MEIO AMBIENTE

TÓPICO 3 – EDUCAÇÃO, SAÚDE E QUALIDADE DE VIDA

81
82
UNIDADE 2
TÓPICO 1

O PAPEL DA ESCOLA FRENTE À SAÚDE E MEIO AMBIENTE

1 INTRODUÇÃO
Educação. Que tipo de educação? Ou melhor, quais os tipos de educação
existentes? Educação da família, educação escolar..., enfim, não se trata sempre
de educação? Sim! E o que difere uma da outra?

A educação escolar caracteriza-se, entre outras coisas, por “ensinar”


conhecimentos sistematizados e construídos ao longo dos tempos para que os
mesmos sejam aprendidos e apreendidos em local privilegiado: a escola.

Pois bem, ao longo da Unidade 2, teremos a possibilidade de dialogar


sobre a educação escolar, o papel da escola, os sujeitos que dela fazem parte e a
importância dessa educação – a escolar – para o desenvolvimento e formação dos
sujeitos, relacionada ao meio ambiente e saúde.

Começando...

2 PARA QUE SERVE A ESCOLA?


A escola é local privilegiado para mediação e apropriação da educação
escolar, propiciando desenvolvimento aos sujeitos que dela fazem parte. Ou seja:

A escola é, sem sombra de dúvida, o local ideal para se promover este


processo. As disciplinas escolares são os recursos didáticos através
dos quais os conhecimentos científicos de que a sociedade já dispõe
são colocados ao alcance dos alunos. As aulas são o espaço ideal de
trabalho com os conhecimentos e onde se desencadeiam experiências
e vivências formadoras de consciências mais vigorosas porque
alimentadas no saber. (PENTEADO, 2000, p. 16).

Desse modo, a escola caracteriza-se como espaço de ensino e, assim sendo,


traz em seu escopo a ação organizada e intencional. Vale ressaltar, corroborando
Basso e Chaves (2009, p. 13), que:

83
UNIDADE 2 | MEIO AMBIENTE E SAÚDE: O PAPEL DA ESCOLA

[...] Quando nos referimos à escola como espaço de ensino, queremos


dar a ela a especificidade da sua função e distingui-la das demais
instituições educativas. Mas ensinar não é exclusivo da escola. É
também, principalmente, função da família e de outros grupos sociais.
Além disso, o ensino ocorre, cada vez mais, dentro das empresas e
corporações em geral. Isso porque a produção de conhecimento na
nossa sociedade é muito dinâmica e não há formação que assegure o
domínio de tantos conhecimentos. [...]

E
IMPORTANT

A educação permeia todos os contextos em que estamos inseridos – em casa, no


trabalho, nas ruas. Porém, existe uma forma de educar que difere das demais que é chamada
educação escolar. Esta tem um contexto próprio, com uma linguagem específica, objetos
delimitados e instituições delegadas. Vale ressaltar, no entanto, que o contexto escolar está
imerso em uma cultura de que também faz parte – a sociedade como um todo. Desse modo,
a escola, a educação escolar e o mundo (a visão desse mundo) estão intrinsecamente ligados.

FONTE: As autoras

Continuando...

O conhecimento escolar possui especificidades, porém estas não devem


conter o caráter único e estático do conhecer, do próprio conhecimento. A
caracterização do conhecimento único, individualizado, sem trocas, diálogo,
sentidos e significados vão contra a educação como um todo. A interação, o diálogo,
as trocas, as discussões, a interlocução fazem parte constante da construção das
visões de mundo, dos enunciados que estão à nossa volta e, por conseguinte, que
fazem parte do sujeito como um todo.

84
TÓPICO 1 | O PAPEL DA ESCOLA FRENTE À SAÚDE E MEIO AMBIENTE

Acredita-se, então, na Educação Emancipadora. Educação essa voltada


na e para a formação de sujeitos críticos, reflexivos e cidadãos. Educação escolar
como ação transformadora em que professor e aluno, na interação estabelecida,
aprendem juntos, tendo no entorno a indissociabilidade entre teoria e prática.
(GADOTTI, 2004).

Possibilita-se, assim, desde cedo, o contato com a reflexão e a criticidade.


Uma educação pautada na indissociabilidade entre teoria e prática pedagógica,
como também nos constantes diálogos ao longo do processo educativo, do
processo ensino-aprendizagem.

FIGURA 31 – EDUCAÇÃO EMANCIPADORA


EDUCAÇÃO

TEORIA PRÁTICA
PEDAGÓGICA AÇÃO DOCENTE

DIÁLOGO

PRÁXIS
AÇÃO TRANSFORMADORA

EDUCAÇÃO EMANCIPADORA
FONTE: As autoras

À medida que consideramos a importância das trocas, diálogos e


discussões ao longo do processo educativo, é de suma importância que pensemos
em práticas efetivas e reais que visem à reflexão, reflexividade e criticidade ao
longo do processo. Assim, contribuiremos para a efetiva educação emancipadora,
para a práxis – ação transformadora.

85
UNIDADE 2 | MEIO AMBIENTE E SAÚDE: O PAPEL DA ESCOLA

DICAS

Para estabelecer o diálogo e reflexões mais aprofundadas sobre a Educação


Emancipadora leia a seguinte obra: GADOTTI, Moacir. Pedagogia da práxis. 4. ed. São Paulo:
Cortez/Instituto Paulo Freire, 2004. A leitura vale a pena!

Vale ressaltar que a educação escolar sozinha não dá conta de promover


mudanças na trajetória e história do planeta, porém tem papel significativo e
fundamental para possíveis construções e possibilidades de cidadania. Uma vez
que somos e fazemos parte de nossa história, podemos contribuir de modo que
realmente façamos parte dessa mudança e construção de possibilidades. Esse
envolvimento é fundamental. É preciso querer, gostar, estar aberto. Veja o que
diz a respeito o nosso ilustre educador Paulo Freire (1997, p. 58-59): “[...] Gosto de
ser gente porque a História em que me faço com os outros e de cuja feitura tomo
parte é um tempo de possibilidades e não de determinismo. Daí que insista tanto
na problematização do futuro e recuse sua inexorabilidade”.

A importância, portanto, aqui colocada no que se refere ao contexto escolar,


à escola, é de se educar pensando na formação de cidadãos, críticos, reflexivos e
empreendedores preocupados e atentos às mudanças hoje e futuramente.

Apresentamos o fragmento de um texto para conhecimento e reflexão no


que se refere à escola e sua função social. Você pode lê-lo na íntegra no endereço
citado da fonte.

A EDUCAÇÃO E SUA FUNÇÃO SOCIAL

João Ferreira de Oliveira


Karine Nunes de Moraes

Ao discutirmos a função social da educação e da escola, estamos


entendendo a educação no seu sentido ampliado, ou seja, enquanto prática
social que se dá nas relações sociais que os homens estabelecem entre si, nas
diversas instituições e movimentos sociais, sendo, portanto, constituinte e
constitutiva dessas relações. [...]

Segundo Frigotto (1999), a escola é uma instituição social que, mediante


sua prática no campo do conhecimento, dos valores, atitudes e, mesmo por sua
desqualificação, articula determinados interesses e desarticula outros. Nessa
contradição existente no seu interior, está a possibilidade da mudança, haja vista
as lutas que aí são travadas. Portanto, pensar a função social da escola implica
repensar o seu próprio papel, sua organização e os atores que a compõem.

86
TÓPICO 1 | O PAPEL DA ESCOLA FRENTE À SAÚDE E MEIO AMBIENTE

Para Petitat (1994), a escola contribui para a reprodução da ordem


social. No entanto, ela também participa de sua transformação, às vezes
intencionalmente. Outras vezes, as mudanças se dão, apesar da escola.

Nesse contexto, o dirigente escolar, o professor, os pais de alunos e a


comunidade em geral precisam entender que a escola é um espaço contraditório
e, portanto, se torna fundamental que ela construa seu Projeto Político-
Pedagógico. Cabe ressaltar, nessa direção, que qualquer ato pedagógico é um
ato dotado de sentido e se vincula a determinadas concepções (autoritárias ou
democráticas), que podem estar explícitas ou não. [...]
FONTE: Disponível em: <http://escoladegestores.mec.gov.br/site/4sala_politica_gestao_escolar/
pdf/saibamais_8.pdf>. Acesso em: 24 jan. 2012.

3 RELAÇÃO ESCOLA, SAÚDE E MEIO AMBIENTE


O mundo não é. O mundo está sendo. Como subjetividade curiosa,
inteligente, interferidora na objetividade com que dialeticamente me
relaciono, meu papel no mundo não é só o de quem constata o que
ocorre, mas também o de quem intervém como sujeito de ocorrências.
Não sou apenas objeto da História, mas seu sujeito igualmente.

Paulo Freire

A educação escolar, direito assegurado por lei, tem papel fundamental
no desenvolvimento dos indivíduos. Traz por princípio o auxílio e contribuição
plenos para o crescimento cognitivo e afetivo dos sujeitos envolvidos de forma
crítica, reflexiva, autônoma e consciente. De acordo com a Lei de Diretrizes e
Bases da Educação Nacional, Lei no 9.394/96 (BRASIL, 1997),

[...] A educação, dever da família e do Estado, inspirada nos princípios


de liberdade e nos ideais de solidariedade humana, tem por finalidade
o pleno desenvolvimento do educando, seu preparo para o exercício
da cidadania e sua qualificação para o trabalho (art. 2o).

Desse modo, a escola é local privilegiado para mediação e apropriação


da educação escolar, proporcionando desenvolvimento e crescimento plenos aos
sujeitos que dela fazem parte. A mediação está pautada na necessidade de explicar
a relação entre duas ou mais coisas, sobretudo se são de naturezas distintas, no
sentido do auxílio direto à apropriação dos conhecimentos pelos indivíduos
nela envolvidas; trata-se do processo em que quem aprende generaliza os dados
apreendidos pelo sentido. No contexto escolar, essa mediação tem no professor
a peça fundamental do processo, na medida em que é detentor do conhecimento
potencial a ser ensinado à criança.

Porém, a defesa do direito à educação plena a todos os cidadãos, sendo a
escola local privilegiado para tanto, não tem sido suficiente para que na prática
esse direito se concretize. Corroborando Medina e Santos (2000, p. 18),

87
UNIDADE 2 | MEIO AMBIENTE E SAÚDE: O PAPEL DA ESCOLA

A educação deverá liberar-se da fragmentação imposta pelo paradigma


positivista e sua racionalidade instrumental e econômica, bem como de
seus estreitos pontos de vista; atualizar-se em relação ao conhecimento
produzido pelos mais importantes cientistas, artistas e humanistas de
nossa época e unir forças com outras instituições sociais visando à
construção de um mundo mais humano e sustentável. [...].

As propostas pedagógicas precisam ser claras, planejadas, interdisciplinares


e mediadas pelos sujeitos integrantes do contexto escolar – professores. Como
um todo, o contexto escolar esboça diferentes olhares, falas, discursos, ritmos e
conhecimentos. Por isso a riqueza e vida pertencente à escola, às vezes, é ofuscada
pela fragmentação e homogeneização de conteúdos, do conhecer.

Nesse contexto, a questão concernente à saúde e ao meio ambiente devem


vir ao encontro de propostas significativas, de modo que sua apropriação seja
relevante e fundamental para a vida dos sujeitos envolvidos no processo educativo.
Para tanto, saúde e meio ambiente, assim como diferentes temáticas, precisam
ser contempladas nas suas características e particularidades, mas também na sua
amplitude e interlocução que estabelece com o próprio meio.

De acordo com Medina e Santos (2000, p. 12),

Pensar o ambiental, hoje, significa pensar de forma prospectiva e


complexa, introduzir novas variáveis nas formas de conceber o mundo
globalizado, a natureza, a sociedade, o conhecimento, especialmente
as modalidades de relação entre os seres humanos, a fim de agir
de forma solidária e fraterna, na procura de um novo modelo de
desenvolvimento.

Do mesmo modo devemos contemplar a questão da saúde, uma vez que


ambos – saúde e meio ambiente, são parte intrínseca ao ser humano. Isso porque
sujeito e meio são interdependentes e, desse modo, se relacionam, interagem e
interferem (positiva ou negativamente) um entre/no outro. Ou seja, somos parte
do meio e vice-versa.

Ao contemplarmos essa relação é possível pensar e conceber o sujeito


pleno, enquanto reflexivo, cidadão e parte integrante do meio de que faz parte.

[...] Esta relação profunda com o meio, paradoxalmente, faz daquele


que nele habita, vive, deseja, realiza, sofre, tornar-se o próprio meio,
apropriando-se dele de maneira a não saber e não poder distinguir-se
dele, sabendo-se/sentindo-se meio ao mesmo tempo que segue sendo
singularidade humana. (CASCINO, 1999, p. 84).

Desse modo, a relação meio ambiente e sujeito estende-se à comunidade e
ao contexto escolar da mesma. O trabalho pedagógico em sala de aula precisa ser
contínuo e embasado em objetivos e conhecimentos preestabelecidos (planejados) de
acordo com o contexto de que faz parte. A temática saúde e meio ambiente caminham
ao longo do ano escolar, dos Projetos Pedagógicos (PP) e Projetos Político-Pedagógicos
(PPP), e não de modo isolado ou como instrumentos pedagógicos isolados.

88
TÓPICO 1 | O PAPEL DA ESCOLA FRENTE À SAÚDE E MEIO AMBIENTE

FIGURA 32 – O MEIO AMBIENTE NO CONTEXTO ESCOLAR

FONTE: Disponível em: <http://www.palhocense.com.br/polopoly_fs/1.410545.1297947351!/


image/1811656893.jpg>. Acesso em: 24 jan. 2012.

Ao contemplar o meio ambiente no contexto escolar, contemplamos uma


educação ambiental significativa, concreta e permeada de sentido para os sujeitos
a que se destina. Para tanto, todos os envolvidos no processo educativo são parte
integrante e fundamental para que, na prática, se contemple a teoria e vice-versa.

[...] não se faz educação ambiental individualmente. Esta prática se


faz na, com e para a comunidade, sendo necessário conhecimento
da atualidade e noções de conteúdos específicos para a formação de
uma postura crítica, além de uma consciência política e de cidadania,
e principalmente de dependência entre os seres. [...] (MANZANO;
DINIZ, 2004, p. 170).

DICAS

No livro “Educação ambiental: uma metodologia participativa de formação”, das


autoras Medina e Santos, é possível conhecer o método PROPACC (Proposta de Participação-
Ação para a Construção de Conhecimento). A proposta em questão é baseada no trabalho
com a educação ambiental e possibilidades para tanto. Vale a pena ler! Anote a referência:
MEDINA, N. M.; SANTOS, E. da C. Educação ambiental: uma metodologia participativa de
formação. Petrópolis: Vozes, 2000.

89
UNIDADE 2 | MEIO AMBIENTE E SAÚDE: O PAPEL DA ESCOLA

TUROS
ESTUDOS FU

Caro acadêmico, na próxima unidade, abordaremos com mais profundidade a


questão da educação ambiental, especificamente no Tópico 2, intitulado Educação para o
Meio Ambiente.

Do mesmo modo, a saúde escolar compreende o entendimento de meio


e sujeitos entrosados e sabidos de sua relação para com o outro. Corroborando
Conceição (1994, p. 11), “Saúde escolar corresponde ao conjunto de ações
destinadas a promover, proteger e recuperar a saúde das coletividades integrantes
do sistema educacional”. Para tanto, a escola e a comunidade escolar devem fazer
parte das ações que promovam a saúde escolar, uma vez que são os personagens
principais desse processo.

FIGURA 33 – SAÚDE ESCOLAR

FONTE: Disponível em: <http://areadeprojecto-8anos-a-b-eb23smeda.blogspot.com/2009/04/


projecto-saude-alimentacao-e-saude.html>. Acesso em: 24 jan. 2012.

De acordo com Stotz apud Burgos (2006, p. 189),

[...] o professor é um elemento desencadeador de saúde e por representar,


principalmente para os menores, uma referência, um exemplo a ser
seguido. A convivência diária com os alunos possibilita ao professor o
aprimoramento de capacidades imprescindíveis à educação em saúde,
que são, entre outras, as que dizem respeito à construção de vínculos
duradouros e ao conhecimento da realidade em que vive o aluno.

90
TÓPICO 1 | O PAPEL DA ESCOLA FRENTE À SAÚDE E MEIO AMBIENTE

Sendo assim, a escola, como ressaltado no início desse tópico, é local


privilegiado para apreensão dos conhecimentos sistematicamente organizados.
No contexto escolar a interação, a mediação entre os sujeitos envolvidos
proporcionam o desenvolvimento e aprendizados significativos a quem faz parte.

FIGURA 34 – RELAÇÃO ESCOLA, MEIO AMBIENTE E SAÚDE

FONTE: Disponível em: <radiomarcante.net/noticias/dia-mundial-da-saude>. Acesso em: 24 jan. 2012.

Em suma, a relação Escola, Meio Ambiente e Saúde é intrínseca, permeada


por trocas, diálogos, discussões, construções e re-construções, baseada no ensinar
e aprender, e pautada na preocupação constante com a formação de mediadores
e ruptura de fragmentações.

91
UNIDADE 2 | MEIO AMBIENTE E SAÚDE: O PAPEL DA ESCOLA

LEITURA COMPLEMENTAR

CONCEPÇÕES DE SAÚDE E COTIDIANO ESCOLAR –


O VIÉS DO SABER E DA PRÁTICA

Aparecida de Fátima Soane Lomônaco

[...]

CONCEPÇÕES DE SAÚDE E COTIDIANO ESCOLAR

As concepções de saúde que permeiam o ambiente escolar, advindas dos


conceitos elaborados pelos educadores e profissionais que trabalham na escola,
são possibilidades de se entender as ações ali desenvolvidas, em relação à saúde.
Neste trabalho, o cuidar do corpo aparece como um pensamento hegemônico
na escola, que fundamenta o ensino de saúde e as práticas ali desenvolvidas em
relação à saúde.

[...]

Para a maior parte dos pesquisados, a saúde aparece ligada à limpeza,


à adoção de hábitos saudáveis, ao asseio, à organização, ao como se cuidar, à
higiene pessoal e à manutenção de uma escola limpa.

[...]

A concepção higienista, que marcou a formação de muitas gerações de


brasileiros, tanto nas concepções relacionadas à saúde como à educação, pode ser
percebida ainda hoje na evidência de uma preocupação exacerbada com a higiene.

O cuidado com o corpo está diretamente ligado à manutenção de uma


qualidade de vida.

[...]

A valorização do corpo está também diretamente relacionada ao mundo


do trabalho, para o qual a escola prepara o aluno. Este corpo é meio de produção,
é valorizado socialmente: “corpo-meio, corpo ferramenta, corpo investido
socialmente por seu possuidor através de sua inserção no mundo do trabalho”.
(LIMA, 1985). Verifica-se, nas classes populares, que a saúde e a doença estão
diretamente ligadas à questão do corpo, pois o mesmo acaba sendo uma ferramenta
de trabalho e, em caso de uma interrupção da saúde, as consequências sociais
são graves como a impossibilidade de trabalhar, o que gera a falta de condições
financeiras para a aquisição de alimentos, por exemplo.

92
TÓPICO 1 | O PAPEL DA ESCOLA FRENTE À SAÚDE E MEIO AMBIENTE

Segundo Souza (1982), a valorização da saúde pelas classes de baixa renda


está vinculada às consequências sociais da doença, pois esta significa a quebra do
equilíbrio cotidiano, uma vez que afeta o seu principal bem, que é sua capacidade
de trabalho, sendo o corpo valorizado sobremaneira por ser o instrumento para
o mesmo.

Essas concepções são constructos culturais, que estão além do espaço


escolar e que por ele transitam sem necessariamente pertencerem a conteúdos
específicos. A fragmentação do saber, também presente na educação em saúde,
que ocorre desde os processos de formação, resulta em concepções também
fragmentadas, como de saúde relacionada mais ao corpo.

Segundo Oliveira (1991), a formação de muitos educadores foi marcada


pela influência tecnicista na educação, com a tendência pela compartimentação do
currículo, pela fragmentação do saber, o que dificulta ao educador uma percepção
mais abrangente, dinâmica, que possa articular os fenômenos da prática escolar.

A percepção de saúde, na visão dos educadores que ainda a compreendem


numa perspectiva unilateral, desvinculada da realidade, dos problemas
socioeconômicos, está centrada no biologismo, na visão de um corpo saudável,
bem cuidado, o que poderia ser revertido com uma formação adequada, aliada a
ações de atualização, de educação continuada com a promoção de debates sobre
temas relativos à Educação em Saúde na escola.

[...]

Segundo Bagnato (1987), as influências dos familiares, da comunidade


e do meio ambiente parecem afetar os hábitos e atitudes de saúde dos alunos,
adequados ou não, o que reduziria as chances de serem incorporados e
vivenciados novos conhecimentos da saúde. Se realmente queremos penetrar nas
“entranhas” da escola para buscar subsídios para responder às várias questões
sobre os saberes escolares, é preciso atribuir importância a outros segmentos
profissionais que apoiam as ações educativas na escola, tanto os que atuam
no setor pedagógico e administrativo, quanto os que cuidam da alimentação e
higienização. Por isso, consideramos muito importante verificar as concepções de
saúde das merendeiras e auxiliares de serviços gerais das duas escolas.

[...]

CONSIDERAÇÕES FINAIS

[...]

Em busca de sinais, “vestígios”, que pudessem configurar as práticas e


o ensino de saúde na escola, podemos destacar a influência das concepções da

93
UNIDADE 2 | MEIO AMBIENTE E SAÚDE: O PAPEL DA ESCOLA

comunidade escolar acerca do processo saúde/doença nas atividades relacionadas


à saúde, sejam elas referentes ao processo ensino-aprendizagem ou ao cotidiano
escolar. Nas escolas pesquisadas, evidenciaram-se as concepções de saúde
que priorizam o cuidado com o corpo, a manutenção de um ambiente limpo e
organizado, advindas de raízes históricas e culturais, em que predominam o
higienismo e a individualidade.

Verificamos, com isso, que é necessário que se abram espaços de discussão


na escola sobre as concepções de saúde. Mesmo encontrando concepções que
ampliam o conceito de saúde/doença, dando ênfase aos aspectos sociais, políticos
e econômicos, ainda é grande a relação saúde/biologismo. E muitas questões,
consideradas na atualidade como importantes elementos para discussão da saúde
na escola, embora fazendo parte de seu cotidiano ou do cotidiano dos alunos, não
aparecem na pesquisa.

[...]

Além da formação, uma das questões pertinentes ao ensino de saúde na


escola diz respeito à educação continuada. A partir das questões emergentes em
cada escola, em cada região, deveria ser realizado um programa de educação
continuada para os educadores, dentro da realidade de cada unidade escolar,
que pudesse contemplar a participação de vários profissionais da educação e da
saúde e onde houvesse espaços abertos para discussão dos diferentes problemas
encontrados e das possíveis soluções.

Um projeto de educação em saúde na escola para ser legitimado deve ter


um significado social e humano. A saúde deve ser considerada como um meio,
entre outros, de desenvolvimento do indivíduo como um todo, um recurso que irá
contribuir com o sucesso escolar e a integração social. Por isso, a sua concretização
e operacionalização deve acontecer de maneira integrada ao projeto político-
pedagógico da escola.

[...]

FONTE: LOMÔNACO, Aparecida de Fátima Soane. Concepções de saúde e cotidiano escolar – o


viés do saber e da prática. Disponível em: <http://www.anped.org.br/reunioes/27/gt06/t063.pdf>.
Acesso em: 20 abr. 2011.

94
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico você estudou que:

• A educação escolar tem papel fundamental no desenvolvimento dos indivíduos


– auxiliar e contribuir plenamente para o crescimento cognitivo e afetivo dos
sujeitos envolvidos de forma crítica, reflexiva, autônoma e consciente.

• A escola é local privilegiado para mediação e apropriação da educação escolar,


propiciando desenvolvimento aos sujeitos que dela fazem parte.

• Educação escolar = ação transformadora (professor e aluno, na interação


estabelecida aprendem juntos, tendo no entorno a indissociabilidade entre
teoria e prática).

• A escola serve para a construção e desenvolvimento dos sujeitos que, por sua
vez, são parte integrante do meio, havendo relação intrínseca entre ambos.

• Saúde e meio ambiente, assim como diferentes temáticas, precisam ser


contempladas nas suas características e particularidades, mas também na sua
amplitude e interlocução que estabelecem com o próprio meio.

• Sujeito e meio são interdependentes e, desse modo, se relacionam, interagem e


interferem (positiva ou negativamente) um entre/no outro.

• Ao contemplar o meio ambiente no contexto escolar, contemplamos uma


educação ambiental significativa, concreta e permeada de sentido para os
sujeitos a que se destina.

• Segundo Conceição (1994, p. 11), “Saúde escolar corresponde ao conjunto de


ações destinadas a promover, proteger e recuperar a saúde das coletividades
integrantes do sistema educacional”.

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AUTOATIVIDADE

1 Faça uma reflexão escrita sobre a temática “Educação Emancipadora: Escola,


Professores e Alunos”.
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2 Disserte sobre seu entendimento da citação de Medina e Santos (2000, p. 12).


Você concorda com os autores? Por quê?

Pensar o ambiental, hoje, significa pensar de forma prospectiva


e complexa, introduzir novas variáveis nas formas de conceber
o mundo globalizado, a natureza, a sociedade, o conhecimento,
especialmente as modalidades de relação entre os seres humanos,
a fim de agir de forma solidária e fraterna, na procura de um novo
modelo de desenvolvimento.
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UNIDADE 2 TÓPICO 2

GUIA CURRICULAR PARA PROGRAMA DE SAÚDE


E MEIO AMBIENTE

1 INTRODUÇÃO
Caro acadêmico, o tópico que segue abordará documentos de referência
que contribuem para o contexto escolar, uma vez que esboçam possibilidades
significativas em relação à saúde e ao meio ambiente.

Para tanto, o tópico está estruturado em duas partes: na primeira


veremos o Guia Curricular e Saúde: Os Parâmetros Curriculares Nacionais,
que trará a apresentação deste documento de referência e consequente relação
com a educação para a saúde; e na segunda parte veremos o Guia Curricular
e Meio Ambiente: Os Parâmetros Curriculares Nacionais. Discutiremos as
possibilidades do documento apresentadas frente às relações entre a escola, PCN
e o meio ambiente. Bons estudos!

2 GUIA CURRICULAR E SAÚDE: OS PARÂMETROS


CURRICULARES NACIONAIS
[...] ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades
para a produção ou a sua construção.
Paulo Freire

Ao pensar a educação escolar, diversos fatores estão envolvidos para


que ela aconteça. No tópico anterior dialogamos sobre o assunto, as relações
estabelecidas e sua importância na e para a temática referente ao meio ambiente e
à saúde. Nesse contexto há os aspectos relacionados à questão curricular, dentre
os quais não podemos deixar de destacar os Parâmetros Curriculares Nacionais.

Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) são documentos de


referência para a Educação Básica no Brasil. Constituem-se como propostas
flexíveis e orientações ao contexto escolar e prática pedagógica do professor. Sua
função é:

[...] orientar e garantir a coerência dos investimentos no sistema


educacional, socializando discussões, pesquisas e recomendações,
subsidiando a participação de técnicos e professores brasileiros,
principalmente daqueles que se encontram mais isolados, com menor
contato com a produção pedagógica atual. (BRASIL, 1996, p. 13).

97
UNIDADE 2 | MEIO AMBIENTE E SAÚDE: O PAPEL DA ESCOLA

Estes documentos se baseiam em princípios e fundamentos que se


delineiam ao longo do texto. Dentre seus princípios é possível destacar:
proposta educacional visando à qualidade da formação do estudante; exercício
da cidadania; aquisição e desenvolvimento de novas competências; e processo
ensino-aprendizagem dinâmico, crítico, que busca a autonomia e integrado à
visão de equipe (trocas e interações).

Ainda quanto a seus fundamentos, os PCN trazem a participação


construtiva do aluno, assim como a intervenção do professor no processo
ensino-aprendizagem. Nesse aspecto, a escola é vista como espaço de formação
e informação, de construção coletiva e permanente, e local privilegiado para o
conhecimento, para o conhecer, para a educação escolar. (BRASIL, 1996).

Dentre os volumes e edições dos PCN, o volume 9, especificamente, trata


a questão do Meio Ambiente e Saúde. Sua intenção delineia-se por:

[...] tratar das questões relativas ao meio ambiente em que vivemos,


considerando seus elementos físicos e biológicos e os modos de
interação do homem e da natureza, por meio do trabalho, da ciência,
da arte e da tecnologia. (BRASIL, 2000, p.15).

No que se refere à saúde, o documento a considera como “[...] estado de


completo bem-estar físico, mental e social e não apenas a ausência de doença”.
(BRASIL, 2000, p. 89). Ou seja, saúde no sentido de construção permanente do
indivíduo e do meio, do sujeito e da coletividade, na busca constante de defesa à vida.

Para tanto, o documento corrobora que a educação escolar sozinha não dá


conta de promover mudanças na trajetória e história do planeta, porém tem papel
significativo e fundamental para possíveis construções e possibilidades de cidadania.
Somos e fazemos parte de nossa história. Podemos contribuir de modo que realmente
façamos parte dessa mudança e construção de possibilidades nesse sentido.

A importância, portanto, aqui colocada, é de se educar pensando na


formação de cidadãos, empreendedores preocupados e atentos à conservação de
um ambiente saudável hoje e futuramente. E que estabeleçam ao longo de suas
vidas relações intra e interpessoais com o ambiente – físico e social. (BRASIL, 2000).

Ao pensarmos a “saúde”, faz-se necessário perguntar: ensinar saúde ou


educar para a saúde? De acordo com os PCN (BRASIL, 2000, p. 97):

No primeiro caso (ensinar saúde) o foco é colocado numa formação


sobre saúde e na coincidência de conceitos que fundamentou a proposta
clássica de inserção de programas de saúde no escopo da disciplina
de Ciências Naturais. Entretanto, essa estratégia não se revelou
suficiente para a garantia de abordagem dos conteúdos relativos aos
procedimentos e atitudes necessários à promoção da saúde.

Desse modo, a efetiva educação para a saúde dar-se-á a partir do momento


da busca de uma vida saudável. Nesse sentido, valores, atitudes e hábitos que
promovam esse diálogo são de suma importância. Para tanto, a escola, a educação
escolar tem papel fundamental.
98
TÓPICO 2 | GUIA CURRICULAR PARA PROGRAMA DE SAÚDE E MEIO AMBIENTE

A temática da saúde é tratada ao longo da Educação Básica – Ensino


Fundamental (cabendo também para a Educação Infantil e o Ensino Médio) –
baseada nos seguintes objetivos (BRASIL, 2000, p. 101):

• compreender que a saúde é um direito de todos e uma dimensão essencial


do crescimento e desenvolvimento do ser humano;

• compreender que a condição de saúde é produzida nas relações com o meio


físico, econômico e sociocultural, identificando fatores de risco à saúde
pessoal e coletiva presentes no meio em que vivem;

• conhecer e utilizar formas de intervenção individual e coletiva sobre os


fatores desfavoráveis à saúde, agindo com responsabilidade em relação à
sua saúde e à saúde da comunidade;

• conhecer formas de acesso aos recursos da comunidade e as possibilidades


de utilização dos serviços voltados para a promoção, proteção e recuperação
da saúde;

• adotar hábitos de autocuidado, respeitando as possibilidades e limites do


próprio corpo.

Concebendo os objetivos anteriormente descritos, os conteúdos sobre a


saúde foram reunidos, ao longo dos PCN (BRASIL, 2000), em dois blocos gerais:
“Autoconhecimento para o Autocuidado” e “Vida Coletiva”.

O bloco de conteúdos denominado autoconhecimento para o autocuidado


tem como razão de ser o entendimento da saúde em sua dimensão pessoal,
expressa no tempo e espaço de cada sujeito em prol do bem-estar físico, mental e
social. Desse bloco fazem parte os seguintes conteúdos:

• identificação de necessidades e características pessoais, semelhanças e


diferenças entre as pessoas, pelo estudo do crescimento e desenvolvimento
humano nas diferentes fases da vida (concepção, crescimento intrauterino,
nascimento/recém-nascido, criança, adolescente, adulto, idoso);

• identificação, no próprio corpo, da localização e da função simplificada dos


principais órgãos e aparelhos, relacionando-os aos aspectos básicos das
funções de relação (sensações e movimentos), nutrição (digestão, circulação,
respiração e excreção) e reprodução;

• adoção de postura física adequada;

99
UNIDADE 2 | MEIO AMBIENTE E SAÚDE: O PAPEL DA ESCOLA

• identificação e expressão de sensações de dor ou desconforto (fome, sede, frio,


prisão de ventre, febre, cansaço, diminuição da acuidade visual ou auditiva);

• valorização do exame de saúde periódico como fator de proteção à saúde;

• finalidades da alimentação (incluídas as necessidades corporais,


socioculturais e emocionais) relacionadas ao processo orgânico de nutrição;

• identificação dos alimentos disponíveis na comunidade e de seu valor


nutricional;

• valorização da alimentação adequada como fator essencial para o


crescimento e desenvolvimento, assim como para a prevenção de doenças
como desnutrição, anemias ou cáries;

• noções gerais de higiene dos alimentos relativas à produção, transporte,


conservação, preparo e consumo;

• reconhecimento das doenças associadas à falta de higiene no trato com


alimentos: intoxicações, verminoses, diarreias e desidratação; medidas
simples de prevenção e tratamento;

• identificação das doenças associadas à ingestão de água imprópria para o


consumo humano; procedimentos de tratamento doméstico da água;

• rejeição ao consumo de água não potável;

• medidas práticas de autocuidado para a higiene corporal: utilização


adequada de sanitários, lavagem das mãos antes das refeições e após as
eliminações, limpeza de cabelos e unhas, higiene bucal, uso de vestimentas e
calçados apropriados, banho diário;

• valorização da prática cotidiana e progressivamente mais autônoma de


hábitos de higiene corporal e favoráveis à saúde;

• responsabilidade pessoal na higiene corporal como fator de proteção à saúde


individual e coletiva;

• respeito às potencialidades e limites do próprio corpo e do de terceiros.


FONTE: Brasil, 2000, p. 77-78.

No bloco de conteúdos vida coletiva há busca pela recuperação da


cultura de saúde do aluno, estabelecendo, para tanto, a relação intrínseca entre o
contexto do mesmo e o contexto escolar – educação escolar. Para tanto apresenta
os seguintes conteúdos:

100
TÓPICO 2 | GUIA CURRICULAR PARA PROGRAMA DE SAÚDE E MEIO AMBIENTE

• conhecimento dos recursos disponíveis para a criança (atividades e serviços)


para a promoção, proteção e recuperação da saúde, das possibilidades de
uso que oferecem e das formas de acesso a eles;

• formas de participação em ações coletivas acessíveis à criança em sua


comunidade;

• conhecimento do calendário vacinal e da sua própria situação vacinal;

• principais sinais e sintomas das doenças transmissíveis mais comuns na


realidade do aluno, formas de contágio, prevenção e tratamento precoce
para a proteção da saúde pessoal e de terceiros;

• agravos ocasionados pelo uso de drogas (fumo, álcool e entorpecentes);

• conhecimento das normas básicas de segurança no manejo de instrumentos,


no trânsito e na prática de atividades físicas;

• medidas simples de primeiros socorros diante de: escoriações e contusões,


convulsões, mordidas de animais, queimaduras, desmaios, picadas de
insetos, torções e fraturas, afogamento, intoxicações, cãibras, febre, choque
elétrico, sangramento nasal, diarreia e vômito, acidentes de trânsito;

• fatores ambientais mais significativos para a saúde presentes no dia a dia


da criança: sistema de tratamento de água, formas de destino de dejetos
humanos e animais, lixo e agrotóxicos;

• mapeamento das transformações necessárias no ambiente em que se vive;

• relações entre a preservação e recuperação ambientais e a melhoria da


qualidade de vida e saúde;

• rejeição aos atos de destruição do equilíbrio e sanidade ambientais;

• participação ativa na conservação de ambiente limpo e saudável no domicílio,


na escola e nos lugares públicos em geral;

• solidariedade diante dos problemas e necessidades de saúde dos demais, por


meio de atitudes de ajuda e proteção a pessoas portadoras de deficiências e
a doentes.
FONTE: Brasil, 2000, p. 80.

101
UNIDADE 2 | MEIO AMBIENTE E SAÚDE: O PAPEL DA ESCOLA

Para retomada dos conteúdos trabalhados no contexto escolar, faz-


se necessário trazermos a fala sobre a avaliação. Os PCN (2000) concebem a
avaliação pensada para os diferentes sujeitos. Ou seja, os diferentes ritmos e a
heterogeneidade dos sujeitos são fatores fundamentais ao avaliar o processo
ensino-aprendizagem. Observação, registro e planejamento flexível são aspectos
fundamentais à avaliação. Dentre os aspectos integrantes do processo avaliativo,
é possível destacar alguns critérios estabelecidos pelos PCN (BRASIL, 2000, p.
117-119), tais como:

• Expressar suas necessidades de atenção à saúde.

• Responsabilizar-se com crescente autonomia por sua higiene corporal,


percebendo-a como um fator de bem-estar e como valor da convivência social.

• Conhecer e desenvolver hábitos alimentares favoráveis ao crescimento e ao


desenvolvimento.

• Conhecer e evitar os principais riscos de acidentes no ambiente doméstico,


na escola e em outros lugares públicos.

• Conhecer e utilizar medidas de primeiros socorros ao seu alcance.

• Reconhecer as doenças transmissíveis mais comuns em sua região.

• Relacionar-se produtivamente nas diferentes situações do convívio escolar.

• Conhecer os recursos de saúde disponíveis e necessários para a saúde da


comunidade.

• Agir na perspectiva da saúde coletiva.

As orientações didáticas no que concerne à educação para a saúde são


um roteiro de possibilidades em prol de práticas favoráveis ao desenvolvimento
e aprendizado dos alunos. Há flexibilização dos itens abordados. Nesse sentido,
devem somar-se as experiências e vivências dos envolvidos no processo ensino-
aprendizagem. Desse modo, os conteúdos aqui apresentados terão um significado
real e efetivo a quem se destina – os alunos.

Os PCN – Meio Ambiente e Saúde – ainda ressaltam a importância de


aspectos quanto à concretização dos objetivos propostos ao conteúdo curricular
de educação para a saúde, quais sejam (BRASIL, 2000, p. 121-122):

102
TÓPICO 2 | GUIA CURRICULAR PARA PROGRAMA DE SAÚDE E MEIO AMBIENTE

• A organização do trabalho em torno de questões de saúde.

• É essencial o trabalho conjunto com a família e grupos de forte presença social.

• O desenvolvimento dos conteúdos deve levar em conta as particularidades


da faixa de crescimento e desenvolvimento da classe.

• Os conteúdos apresentados são aplicáveis a diferentes realidades, mas a sua


tradução em práticas concretas de saúde exige adequação e detalhamento
para a realidade sanitária de cada local.

• Hábitos constroem-se cotidianamente e se alteram caso não voltem a ser


objeto de avaliação e justificação.

• Descobrir e desenvolver soluções comprometidas com a promoção


e a proteção da saúde pessoal e coletiva e, principalmente, aplicar os
conhecimentos adquiridos.

A temática da saúde vem juntamente à temática meio ambiente para


contribuir na formação de sujeitos críticos, reflexivos e cidadãos. De acordo com o
documento de referência,

É preciso educar para a saúde levando em conta todos os aspectos


envolvidos na formação de hábitos e atitudes que acontecem no dia a
dia da escola. Por esta razão, a educação para a saúde será tratada como
tema transversal, permeando todas as áreas que compõem o currículo
escolar. (BRASIL, 2000, p. 73).

E
IMPORTANT

A temática saúde pode ser conhecida mais profundamente na leitura da parte


integrante dos PCN – Meio Ambiente e Saúde:
BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação Fundamental.
Parâmetros Curriculares Nacionais – meio ambiente e saúde. 2. ed. Rio de Janeiro: DP&A,
2000. p. 85-122. Disponível em: <http://portal.mec.goc.br/seb/arquivos/pdf/livro092.pdf>.
Acesso em: 24 jan. 2012.

103
UNIDADE 2 | MEIO AMBIENTE E SAÚDE: O PAPEL DA ESCOLA

3 GUIA CURRICULAR E MEIO AMBIENTE: OS PARÂMETROS


CURRICULARES NACIONAIS
Os Parâmetros Curriculares Nacionais, em seu volume 9, abordam
também a questão relativa ao meio ambiente, e é especificamente esse assunto
que abordaremos nesse momento. Os PCN (2000) compreendem a estreita relação
entre homem e meio como fundamental no discurso referente ao meio ambiente.
Refletem sobre a questão ambiental não apenas por temas que norteiam a vida no
planeta, mas também a melhoria do meio e consequente qualidade de vida aos
sujeitos que dele fazem parte.

DICAS

Segue uma sugestão de leitura, no intuito de reflexão referente à formação do


sujeito cidadão e a educação ambiental: HIGUCHI, Maria Inês G.; AZEVEDO, Genoveva C.
de. Educação como processo de construção da cidadania ambiental. Revista Brasileira de
Educação Ambiental, Brasília, v. il., n. 0, p. 63-78, maio/ago. 2005. Boa leitura!

O meio ambiente está relacionado a espaço (físico e biológico) em que


vivem os seres e no qual se desenvolvem, estabelecendo relações, transformando
e sendo transformados, somado ao espaço sociocultural (no caso dos seres
humanos). Desse modo, ao pensarmos no trabalho pedagógico, no contexto
escolar, cuja temática envolve o meio ambiente, é fundamental partirmos do
conhecimento de seus subsistemas. (BRASIL, 2000).

[...] O trabalho de educação ambiental deve ser desenvolvido a fim de


ajudar os alunos a construírem uma consciência global das questões
relativas ao meio para que possam assumir posições afinadas com os
valores referentes à sua proteção e melhoria. Para isso é importante
que possam atribuir significado àquilo que aprendem sobre a questão
ambiental. [...] (BRASIL, 2000, p. 47-48).

A temática ambiental é tratada ao longo da Educação Básica – Ensino


Fundamental (cabendo também para Educação Infantil e Ensino Médio) baseada
nos seguintes objetivos:

• conhecer e compreender, de modo integrado e sistêmico, as noções básicas


relacionadas ao meio ambiente;

• adotar posturas na escola, em casa e em sua comunidade que os levem a


interações construtivas, justas e ambientalmente sustentáveis;

104
TÓPICO 2 | GUIA CURRICULAR PARA PROGRAMA DE SAÚDE E MEIO AMBIENTE

• observar e analisar fatos e situações do ponto de vista ambiental, de modo


crítico, reconhecendo a necessidade e as oportunidades de atuar de modo
reativo e propositivo para garantir um meio ambiente saudável e a boa
qualidade de vida;

• perceber, em diversos fenômenos naturais, encadeamentos e relações de


causa-efeito que condicionam a vida no espaço (geográfico) e no tempo
(histórico), utilizando essa percepção para posicionar-se criticamente diante
das condições ambientais de seu meio;

• compreender a necessidade e dominar alguns procedimentos de conservação e


manejo dos recursos naturais com o quais interagem, aplicando-os no dia a dia;

• perceber, apreciar e valorizar a diversidade natural e sociocultural, adotando


posturas de respeito aos diferentes aspectos e formas de patrimônio natural,
ético e cultural;

• identificar-se como parte integrante da natureza, percebendo os processos


pessoais como elementos fundamentais para uma atuação criativa, responsável
e respeitosa em relação ao meio ambiente. (BRASIL, 2000, p. 53-54).

Concebendo os objetivos anteriormente descritos, os conteúdos sobre o


meio ambiente foram reunidos, ao longo dos PCN (2000), em três blocos gerais: os
ciclos da natureza; sociedade e meio ambiente; e manejo e conservação ambiental.

O bloco de conteúdos denominado os ciclos da natureza tem como função


deixar claro que os processos da natureza possuem diferentes movimentos e
fluxos, não sendo estáticos. Desse bloco fazem parte os seguintes conteúdos:

• os ciclos da água, seus múltiplos usos e sua importância para a vida, para a
história dos povos;

• os ciclos da matéria orgânica e sua importância para o saneamento;

• as teias e cadeias alimentares, sua importância e o risco de transmissão de


substâncias tóxicas que possam estar presentes na água, no solo e no ar;

• o estabelecimento de relações e correlações entre elementos de um mesmo


sistema;

• a observação de elementos que evidenciem ciclos e fluxos da natureza, no


espaço e no tempo. (BRASIL, 2000, p. 60).

105
UNIDADE 2 | MEIO AMBIENTE E SAÚDE: O PAPEL DA ESCOLA

No bloco de conteúdos sociedade e meio ambiente se estabelece um


diálogo sobre as interações entre os seres humanos e seu meio. Para tanto apresenta
os seguintes conteúdos:

• a diversidade cultural e a diversidade ambiental;

• os limites da ação humana em termos quantitativos e qulitativos;

• as principais características do ambiente e/ou paisagem da região em que se


vive; as relações pessoais e culturais dos alunos e de sua comunidade com os
elementos dessa paisagem;

• as diferenças entre ambientes preservados e degradados, causas e


consequências para a qualidade de vida das comunidades, desde o entorno
imediato até de outros povos que habitam a região e o planeta, bem como
das gerações futuras. (BRASIL, 2000, p. 61).

No bloco de conteúdos manejo e conservação ambiental são trazidos


conteúdos no intuito de conhecer e saber como lidar e conservar os recursos
naturais. Esses conteúdos são:

• o manejo e a conservação da água: noções sobre captação, tratamento e


distribuição para o consumo; os hábitos de utilização da água em casa e na
escola adequados às condições locais;

• a necessidade e formas de tratamento dos detritos humanos: coleta, destino


e tratamento do esgoto; procedimentos possíveis adequados às condições
locais (sistema de esgoto, fossa e outros);

• a necessidade e as formas de coleta e destino do lixo; reciclagem; os


comportamentos responsáveis de “produção” e “destino” do lixo em casa,
na escola e nos espaços de uso comum;

• as formas perceptíveis e imperceptíveis de poluição do ar, da água, do solo e


poluição sonora; principais atividades locais que provocam poluição (indústrias,
mineração, postos de gasolina, curtumes, matadouros, criações, atividades
agropecuárias, em especial as de uso intensivo de adubos químicos etc.);

• noções de manejo e conservação do solo: erosão e suas causas nas áreas rurais
e urbanas; necessidade e formas de uso de insumos agrícolas; cuidados com
a saúde;

106
TÓPICO 2 | GUIA CURRICULAR PARA PROGRAMA DE SAÚDE E MEIO AMBIENTE

• noções sobre procedimentos adequados com plantas e animais; cuidados


com a saúde;

• a necessidade e as principais formas de preservação, conservação, recuperação


e reabilitação ambientais, de acordo com a realidade local;

• alguns processos simples de reciclagem e reaproveitamento de materiais;

• os cuidados necessários para o desenvolvimento das plantas e dos animais;

• os procedimentos corretos com dejetos humanos nos banheiros e em lugares


onde não haja instalações sanitárias;

• as práticas que evitam desperdícios no uso cotidiano de recursos como água,


energia e alimentos;

• a valorização de formas conservativas de extração, transformação e uso dos


recursos naturais. (BRASIL, 2000, p. 62-63).

Nos três blocos temáticos já contemplados são trazidos, também,


conteúdos comuns a todos. Veja a seguir:

• As formas de estar atento e crítico com relação ao consumismo.

• A valorização e a proteção das diferentes formas de vida.

• A valorização e o cultivo de atitudes de proteção e conservação dos ambientes


e da diversidade biológica e sociocultural.

• O zelo pelos direitos próprios e alheios a um ambiente cuidado, limpo e


saudável na escola, em casa e na comunidade.

• O cumprimento das responsabilidades de cidadão, com relação ao meio


ambiente.

• O repúdio ao desperdício em suas diferentes formas.

• A apreciação dos aspectos estéticos da natureza, incluindo os produtos da


cultura humana.

• A participação em atividades relacionadas à melhoria das condições


ambientais da escola e da comunidade local. (BRASIL, 2000, p. 63).

107
UNIDADE 2 | MEIO AMBIENTE E SAÚDE: O PAPEL DA ESCOLA

Dentre os aspectos integrantes do processo avaliativo é possível destacar


alguns critérios estabelecidos pelos PCN, tais como:

• Observar as características do meio ambiente e identificar a existência de


ciclos e fluxos na natureza.

• Identificar as intervenções com as quais a sociedade local vem realizando


transformações no ambiente, na paisagem, nos espaços em que habita ou cultiva.

• Contribuir para a conservação e a manutenção do ambiente mais imediato


em que vive.

• Identificar as substâncias de que são feitos os objetos ou materiais utilizados pelos


alunos, bem como alguns dos processos de transformação por que passaram.

• Participar, pessoal e coletivamente, de atividades que envolvam tomadas de


posição diante de situações relacionadas ao meio ambiente.

• Reconhecer alguns processos de construção de um ambiente, tanto urbano


quanto rural, com a respectiva intervenção na paisagem, bem como sua
importância para o homem.

• Perceber a relação entre a qualidade de vida e um ambiente saudável.

• Valorizar o uso adequado dos recursos disponíveis [...]. (BRASIL, 2000, p. 67-69).

Desse modo, o tema meio ambiente precisa focar sua essência e os sujeitos
que dele fazem parte. Deverá trazer

[...] uma visão ampla que envolva não só os elementos naturais do


meio ambiente, mas também os elementos construídos e todos os
aspectos sociais envolvidos na questão ambiental. Dentro dessa visão,
o homem é um elemento a mais que, porém, tem extraordinária
capacidade de atuar sobre o meio e modificá-lo – o que pode, às vezes,
voltar-se contra ele próprio. (BRASIL, 2000, p. 73).

Uma vez que entender e compreender o fato de que fazemos parte do meio e
temos uma estreita relação nos faz responsáveis pelos avanços e prejuízos existentes
no meio ambiente. Por essa razão, é válido ressaltar a importância de planejar de
forma clara e significativa, elegendo prioridades no trabalho com o meio ambiente.

108
TÓPICO 2 | GUIA CURRICULAR PARA PROGRAMA DE SAÚDE E MEIO AMBIENTE

E
IMPORTANT

Vale ressaltar que os Parâmetros Curriculares Nacionais são documentos de


referência e não obrigatoriedade ao contexto escolar. Seu uso necessita ser pensado como
referência, sugestão e leitura para aprendizado e confecção de planejamentos significativos,
baseados no contexto e cotidiano escolar a que se destinam.

Os textos oficiais são introduzidos em sua origem como “leituras


obrigatórias à prática pedagógica do professor”. Na teoria, essa leitura deveria
acontecer com base em trocas, discussões, debates, reflexões entre os envolvidos
nesse processo e para os quais é destinada – os professores –, à medida que são
documentos de “referência”. No entanto, na prática, os textos ficam a cargo de
cada professor e não há espaço, no cotidiano, para diálogo entre os pares.

No que diz respeito aos Parâmetros Curriculares Nacionais, é necessário


que se tenha o cuidado e o olhar crítico referente à história, constituição,
elaboração e realidade. Lembremos que são documentos de referência e não
saberes absolutos, únicos, no diálogo com o conhecimento.
Uma renovação de conteúdos não pode ser avaliada apenas pelas
novas temáticas que inclui, mas pelos silêncios e esquecimentos que
não inclui. Um deles pode ser silenciar aos docentes as críticas que
vêm da academia, e, sobretudo dos movimentos sociais aos ideais e
crenças na emancipação pelas letras, pelas ciências e pelas técnicas,
pela própria escola. (ARROYO, 2008, p. 108).

Os PCN podem contribuir à prática pedagógica escolar, porém são apenas


um dos recursos para tanto. Como ressaltado anteriormente, sua leitura por si só,
sem interlocutores e inter-relações, perde os possíveis sentidos e significados. De
acordo com Arroyo (2008, p. 108), “Os Parâmetros poderão ser engavetados, não
porque não trazem elementos renovadores, mas pelas crenças ultrapassadas com
que tentam legitimá-los para os docentes. [...]”.

Desse modo, as concepções, conteúdos e conhecimentos abordados


pelos PCN são colocações e referências de um tempo e espaço. A leitura crítica e
reflexiva do documento, assim como outras referências, é significativa à medida
que dialogue com o contexto escolar em questão. Em suma, que haja interlocução
real e efetiva com o meio, sujeitos e pares de que faz parte.
[...] entendemos por interlocução a capacidade de chegar ao outro, de
abrir-se ao meio, de percorrer caminhos de compreensão e expressão,
de promover processos e de facilitar aprendizagens abertas. Nessa
etapa de caminhar e compartilhar juntos, a empatia desempenha um
papel essencial porque favorece o colocar-se no lugar do outro, sentir
com ele e vibrar com ele. (GUTIÉRREZ, 2002, p. 67).

O fragmento de texto que segue, contempla a questão da saúde escolar


na chamada abordagem FRESH (Focusing Resources on Effective School Health).
Assim como os PCN, que são documentos de referência e não padrões estáticos e
obrigatórios, a abordagem em questão apresenta uma possibilidade para contribuir
no planejamento em sala de aula. Boa leitura!
109
UNIDADE 2 | MEIO AMBIENTE E SAÚDE: O PAPEL DA ESCOLA

LEITURA COMPLEMENTAR

SAÚDE ESCOLAR

SCHOOLSANDHEALTH

Por que uma abordagem FRESH (Focusing Resources on Effective School


Health – Concentrar Recursos numa Saúde Escolar Eficaz)?

Assegurar que as crianças são saudáveis e capazes de aprender é um


componente essencial de um sistema de educação eficaz. A salubridade aumenta
a frequência escolar e reduz o absentismo, trazendo para a escola mais crianças
dos meios mais pobres e em maior desvantagem, muitas das quais são meninas.
São estas crianças, que são na maior parte das vezes as menos saudáveis e mais
malnutridas, as que tiram maior proveito educacional de uma saúde melhor.

Os programas de saúde escolar eficazes, desenvolvidos dentro de parcerias


comunitárias, proporcionam uma das formas mais eficazes em termos de custos
para atingir as crianças em idade escolar, os adolescentes e as comunidades em
geral, e são um meio sustentável de promover práticas saudáveis.

O novo modelo FRESH é o ponto de partida para o desenvolvimento de


um programa eficaz de saúde escolar, higiene e nutrição, num ambiente escolar
mais amigável para as crianças e mais saudável.

Um programa eficaz de saúde escolar, higiene e nutrição, como é o caso


do FRESH, oferece muitos benefícios:

- Responde a necessidades cada vez maiores


[...]
- Aumenta a eficácia de outros investimentos em desenvolvimento infantil
[...]
- Assegura um melhor aproveitamento escolar
[...]
- Melhora a equidade social
[...]
- É uma estratégia altamente eficaz em termos de custos
[...]

O modelo FRESH para intervenções no âmbito da saúde escolar inclui


quatro domínios: políticas escolares relacionadas com a saúde, provisão de água
e saneamento, saúde escolar baseada nas competências e serviços de saúde e
nutrição nas escolas:

110
TÓPICO 2 | GUIA CURRICULAR PARA PROGRAMA DE SAÚDE E MEIO AMBIENTE

Beneficiários/
Objetivos Intervenções principais Indicadores
Grupos-alvo
Políticas escolares relacionadas com a saúde
Aumentar o número Políticas claras para % das escolas
de escolas com assegurar a provisão com água limpa
A população
instalações de de serviços de água e e com condições
escolar
água e saneamento saneamento em todas as de saneamento
adequadas escolas adequadas
Políticas para a educação em % das escolas com
higiene básica integradas boa manutenção das
A população
no currículo, que conduzam instalações sanitárias
Aumentar o acesso às escolar
à maior procura e
instalações sanitárias
correspondência da parte das Maior taxa bruta de
para professores, para A comunidade
crianças, de Associações de escolarização das
os rapazes e para as
Pais e Professores (APPs) e raparigas quando
raparigas As raparigas
das comunidades, no sentido há casas de banho
adolescentes
de uma boa manutenção das funcionais nas
instalações escolas
% de escolas com
Política clara de inclusão da
Aumentar a educação educação sobre vida
educação sobre vida familiar
sobre vida familiar e familiar e serviços
e do planeamento familiar Adolescentes
o acesso a serviços de de aconselhamento
no currículo do ensino
planejamento familiar sobre contracepção/
secundário
DSTs
Políticas claras sobre a Taxas de
permissão para as raparigas escolarização
continuarem na escola feminina mais
Reduzir os abandonos durante a gravidez e depois elevadas
Raparigas
escolares por motivo do parto
adolescentes
de gravidez Foco no direito das mulheres Menor número
à educação de abandonos
Reduzir as diferenças de por raparigas
gênero e a discriminação adolescentes
Reduzir o uso de Políticas que proíbam de
A população % de escolas onde
tabaco e de outras fumar e de usar outras
escolar não se fuma
substâncias substâncias nas escolas

111
UNIDADE 2 | MEIO AMBIENTE E SAÚDE: O PAPEL DA ESCOLA

Beneficiários/
Objetivos Intervenções principais Indicadores
Grupos-alvo
Redução do número
de crianças com
Reduzir a Políticas para evitar a
HIV/ Aids e o
discriminação contra discriminação contra pessoas A população
número de órfãos
pessoas com Aids e com Aids e contra as suas escolar
por causa desta
contra as suas famílias famílias
doença (Aids) que
abandonam a escola
Provisão de água limpa e de saneamento adequado às escolas
Aumentar o número
de escolas com Normas de construção
A população % de escolas com
instalações de das escolas que incluam
escolar, água limpa e com
água e saneamento boas condições de água e
especialmente instalações sanitárias
adequadas, bem saneamento, com instalações
as raparigas adequadas e bem
mantidas e separadas sanitárias separadas para
adolescentes mantidas
para rapazes e para rapazes e para raparigas
raparigas
Reduzir a incidência
de diarreia e de A população Redução do número
Existência de água potável
infecções intestinais escolar e a de faltas e das taxas
nas escolas
nas crianças das comunidade de repetição
escolas
Educação sobre saúde com base nas competências
Taxas de
escolarização
feminina mais
Educação sobre saúde elevadas
Reduzir o número de
baseada nas competências, Redução do número
gravidezes indesejadas Adolescentes
incluindo educação sobre a de raparigas que
e o abandono escolar
vida familiar abandonam a
escola por motivos
de gravidez e
discriminação
Reduzir Inclusão da educação
% de crianças com
comportamentos sobre saúde baseada nas Todas as
conhecimento sobre
de risco e a falta de competências, e da prevenção crianças da
a prevenção da Aids
conhecimentos sobre contra a Aids /DSTs no escola
/DSTs
a Aids currículo escolar

112
TÓPICO 2 | GUIA CURRICULAR PARA PROGRAMA DE SAÚDE E MEIO AMBIENTE

Beneficiários/
Objetivos Intervenções principais Indicadores
Grupos-alvo
Reduzir a fome Todas as % de crianças que
Educação sobre a nutrição
temporária e melhorar crianças da comem antes de ir
com base nas competências
a nutrição escola para a escola
% das crianças
Reduzir o abuso do Todas as da escola que
Educação sobre saúde com
tabaco e de outras crianças da usaram produtos
base nas competências
substâncias escola tabagísticos nos
últimos trinta dias
Serviços de saúde e nutrição centrados na escola
Reduzir infecções Todas as Reduzir as taxas
parasitárias Desparasitação regular crianças da de repetição e de
(lombrigas) escola abandono escolar
Reduzir as deficiências Todas as Reduzir as taxas
Suplemento oral de ferro e de
em micronutrientes e a crianças da de repetição e de
vitamina A
anemia escola abandono escolar

[...]

Onde começar?

O modelo FRESH foi desenvolvido no âmbito de uma parceria entre a


UNESCO, a UNICEF, a OMS e o Banco Mundial, e lançada no Fórum para a
Educação Mundial, em abril de 2000. Este modelo é o ponto de partida para o
desenvolvimento de um programa efetivo de saúde escolar, higiene e nutrição,
numa escola mais amigável para as crianças e promotora da saúde. O objetivo é a
focalização em intervenções que possam ser implementadas mesmo nas escolas
com maiores dificuldades em termos dos recursos disponíveis. O modelo centra-
se em 4 (quatro) componentes principais, que deverão estar disponíveis em todas
as escolas:

1- Políticas escolares relacionadas com a saúde que, por exemplo, não excluam
raparigas grávidas, que encorajem estilos de vida saudáveis incluindo não
fumar, e que ajudem a manter o sistema educativo na frente de combate à Aids.

2- Provisão de água limpa e saneamento adequado para proporcionar um ambiente de


aprendizagem saudável e que estimule comportamentos higiênicos, e permita
privacidade no sentido de promover a participação das raparigas adolescentes
na educação.

3- Educação sobre saúde, higiene e nutrição, com base nas competências existentes, que se
centre no desenvolvimento dos conhecimentos, atitudes, valores e preparação
para a vida, necessários ao estabelecimento de práticas de higiene duradouras,
e à redução da vulnerabilidade à Aids por parte dos jovens e dos professores.

113
UNIDADE 2 | MEIO AMBIENTE E SAÚDE: O PAPEL DA ESCOLA

4- Serviços de saúde e nutrição baseados nas escolas, que sejam simples, seguros e
familiares, e que abordem problemas comuns e reconhecidos como importantes
pelas comunidades, incluindo a disponibilização de aconselhamento para o
combate à Aids.

A implementação deste modelo implica:

a) parcerias intersetoriais, especialmente entre os setores da saúde e da educação;

b) parcerias com as comunidades, especialmente APPs (Associações de Pais e


Professores);

c) envolver ativamente as crianças das escolas.

O que deve ser feito e o que deve ser evitado em programas de saúde
escolar centrados nas comunidades:

- Assegurar que há cooperação entre os setores saúde e educação, e que sejam


feitos acordos por escrito, do tipo “acordos de protocolo”.

- Assegurar que as atividades de saúde escolar são aceitas e apoiadas por pais,
APPs e alunos.

- Assegurar a concepção de um programa cujo alcance chegue às crianças mais


pobres nas comunidades mais remotas.

- Utilizar uma estratégia de comunicação que assegure que as políticas de saúde


são transparentes e inteiramente compreendidas por professores, pais e alunos.

- Assegurar que, antes de construir as latrinas, a comunidade as quer e tem


capacidade para as manter.

- Assegurar que a educação sobre saúde se baseia na verdadeira compreensão


daquilo que deve ser feito na prática, e não apenas em conhecimentos
acadêmicos.

- Acompanhar e avaliar todas as atividades implementadas.

- Não sobrecarregar os professores – a primeira função deles é ensinar.

[...]

FONTE: Adaptado de: SCHOOLSANDHEALTH. Saúde Escolar. Disponível em: <www.schoolsandhealth.


org/.../School%20Health%20at%20a%20Glance-Portugese.doc>. Acesso em: 19 abr. 2011.

114
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico você estudou que:

• Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) são documentos de referência


para a Educação Básica no Brasil. Constituem-se como propostas flexíveis e
orientações ao contexto escolar e à prática pedagógica do professor.

• A função dos PCN é

[...] orientar e garantir a coerência dos investimentos no sistema


educacional, socializando discussões, pesquisas e recomendações,
subsidiando a participação de técnicos e professores brasileiros,
principalmente daqueles que se encontram mais isolados, com menor
contato com a produção pedagógica atual. (BRASIL, 1996, p. 13).

• PCN – princípios: proposta educacional visando à qualidade da formação


do estudante; exercício da cidadania; aquisição e desenvolvimento de novas
competências; e processo ensino-aprendizagem dinâmico, crítico, que busca a
autonomia e integrado à visão de equipe (trocas e interações).

• Saúde – PCN = considera saúde como “[...] estado de completo bem-estar físico,
mental e social e não apenas a ausência de doença”. (BRASIL, 2000, p. 89).

• A efetiva educação para a saúde dar-se-á a partir do momento da busca de uma


vida saudável. Nesse sentido, valores, atitudes e hábitos que promovam esse
diálogo são de suma importância. Para tanto, para a escola, a educação escolar
tem papel fundamental.

• Os conteúdos sobre saúde foram reunidos em dois blocos gerais:


“Autoconhecimento para o autocuidado” e “Vida Coletiva”. (PCN, 2000).

• Os PCN (2000) compreendem a estreita relação entre homem e meio como


fundamental no discurso referente ao meio ambiente. Refletem sobre a questão
ambiental não apenas por temas que norteiam a vida no planeta, mas também
a melhoria do meio e consequente qualidade de vida aos sujeitos que dele
fazem parte.

• Ao pensar no trabalho pedagógico, cuja temática envolve o meio ambiente, é


fundamental partir do conhecimento de seus subsistemas. (BRASIL, 2000).

• Os conteúdos sobre o meio ambiente foram reunidos em três blocos gerais:


os ciclos da natureza; sociedade e meio ambiente; e manejo e conservação
ambiental. (PCN, 2000).

115
• As concepções, conteúdos e conhecimentos abordados pelos PCN são
colocações e referências de um tempo e espaço. A leitura crítica e reflexiva
do documento, assim como demais referências, é significativa à medida que
dialogue com o contexto escolar em questão.

116
AUTOATIVIDADE

1 Baseado nos objetivos propostos pelos Parâmetros Curriculares Nacionais,


no que se refere à temática ambiental, elabore um Plano de Aula (um
exemplo) de como trabalhar essa temática no contexto escolar.
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2 Ao pensarmos a temática da saúde no contexto escolar, de acordo com os


Parâmetros Curriculares Nacionais, responda ao questionamento: ensinar
saúde ou educar para a saúde? Por quê?
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________

117
118
UNIDADE 2 TÓPICO 3

EDUCAÇÃO, SAÚDE E QUALIDADE DE VIDA

1 INTRODUÇÃO
Nos tópicos anteriores da Unidade 2, abordamos a educação escolar,
a temática do meio ambiente e a saúde nesse contexto. O Tópico 3 retoma o
diálogo concernente ao contexto escolar: a educação escolar e os envolvidos nesse
processo, assim como sua relação com saúde e qualidade de vida.

Para tanto, iniciamos com a gestão democrática da escola, assunto


pertinente e fundamental para o entendimento da importância da relação entre
os sujeitos envolvidos no processo educativo. Por fim, abordaremos a promoção
e a prevenção da saúde no contexto escolar, embasadas na constante preocupação
com o meio ambiente, em prol da qualidade de vida dos sujeitos.

2 ORGANIZAÇÃO E GESTÃO DEMOCRÁTICA DA ESCOLA:


DESAFIOS E QUALIDADE
A escola e seus atores sociais constituem a educação escolar como um
todo. Na busca da qualidade e concretização de seus objetivos a educação escolar
traz em seu escopo a chamada gestão da escola. A gestão está baseada na ideia
de administrar, organizar, dirigir, decidir, enfim, trata-se de uma atividade para
alcançar os objetivos propostos a priori.

Na construção da gestão da escola fazem parte elementos tais quais


(FERREIRA, N., 2008):

• Gestão democrática.

• Participação dos profissionais.

• Participação da comunidade escolar.

• Elaboração do Projeto Pedagógico da escola.

• Autonomia pedagógica.

• Autonomia administrativa.

119
UNIDADE 2 | MEIO AMBIENTE E SAÚDE:

E
IMPORTANT

VOCÊ SABIA? O Programa Gestão da Aprendizagem Escolar oferece formação


continuada em língua portuguesa e matemática aos professores dos anos finais (do sexto
ao nono ano) do Ensino Fundamental em exercício nas escolas públicas. A formação possui
carga horária de 300 horas, sendo 120 horas presenciais e 180 horas a distância (estudos
individuais) para cada área temática. O programa inclui discussões sobre questões prático-
teóricas e busca contribuir para o aperfeiçoamento da autonomia do professor em sala de
aula. Para conhecer o programa na íntegra acesse o site: <http://portal.mec.gov.br/index.
php?option=com_content&view=article&id=12380&Itemid=642>.

A gestão democrática da educação, como bem afirma Ferreira (2008, p. 310):

[...] enquanto construção coletiva da organização da educação,


da escola, das instituições, do ensino, da vida humana, faz-se na
prática, quando se tomam decisões sobre todo o projeto político-
pedagógico, sobre as finalidades e objetivos do planejamento dos
cursos, das disciplinas, dos planos de estudos, do elenco disciplinar
e os respectivos conteúdos, sobre as atividades dos professores e dos
alunos, necessárias para a sua consecução, sobre os ambientes de
aprendizagem, recursos humanos, físicos e financeiros necessários,
os tipos, modos e procedimentos de avaliação e o tempo para a sua
realização. [...]

Nesse sentido, a gestão democrática se dá e acontece no contexto escolar.


Para sua efetiva realização, faz-se necessário o envolvimento e participação de
todos os sujeitos envolvidos no processo educativo. A gestão, desse modo, se
tornará real e significativa. Desafio esse constante para a gestão democrática.

DICAS

Sugerimos as seguintes leituras:


FERREIRA, Nara S. C. Repensando e Ressignificando a Gestão Democrática da Educação
na “Cultura Globalizada”. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/es/v25n89/22619.pdf>.
Acesso em: 31 jul. 2010.
SCHULTZ, Rita. Gestão da Educação: Inovação e Mudança. Disponível em: <http://www.fclar.
unesp.br/publicacoes/revista/polit_gest/edi5_artigoritaschultz.pdf>. Acesso em: 31 jul. 2010.
SOUZA, Célia; SANTANA, Yonara. Gestão Democrática. Disponível em: <http://www.nead.
unama.br/site/bibdigital/pdf/artigos_revistas/84.pdf>. Acesso em: 31 jul. 2010.

120
TÓPICO 3 | EDUCAÇÃO, SAÚDE E QUALIDADE DE VIDA

ATENCAO

Na disciplina Gestão Escolar a questão referente à gestão democrática é


aprofundada. Continuando...

3 PROMOÇÃO E PREVENÇÃO DA SAÚDE NO CONTEXTO


ESCOLAR: CAMINHOS NA BUSCA DA QUALIDADE DE VIDA
DOS SUJEITOS
[...] É preciso aprender a ser coerente. De nada adianta o discurso
competente se a ação pedagógica é impermeável à mudança.
Paulo Freire

O sujeito, desde seu nascimento, vê-se imerso em uma sociedade


preexistente e da qual faz parte, decorrendo daí toda a sua formação. A sua
existência constitui-se e é constituída por uma visão social, historicamente
construída. Assim sendo, as relações que estabelece com o meio que o rodeia
e as interações que realiza com os sujeitos pertencentes a essa realidade fazem
parte de sua constituição, de seu processo de construção humana. Vale ressaltar
que o ser humano não se constitui somente na relação com o social, “[...] nem
somos só o que herdamos nem apenas o que adquirimos, mas a relação dinâmica,
processual do que herdamos e do que adquirimos”. (FREIRE, 2003, p. 93).

Quando se apresenta a questão “somos e fazemos parte da nossa história” não


se pode ignorar a marca cultural e histórica de identificação e, sim, partir desse
conhecimento e ir à busca de mudanças significativas na realidade. Isso quer dizer
que nossa identidade se constitui na relação que estabelecemos com o contexto
cultural em que vivemos e de nossa própria imersão nesse contexto. Assim:

Uma coisa é ler e aprender os direitos e deveres defendidos em


uma Constituição, outra coisa é descobrir com as pessoas como
estão lidando com estes direitos e deveres na sua vida cotidiana e
com que resultados. Descobrir com as pessoas significa entrar em
relação com elas, desenvolver comportamentos em relação a elas
com esta finalidade, isto é, ter uma experiência de participação social
organizada especificamente para obtenção de determinado fim.
(PENTEADO, 2000, p. 53, grifos da autora).

Desse modo, a mediação do processo ensino-aprendizagem deve acontecer


na relação com as realidades de todos os envolvidos no processo de educar, na
educação escolar. O professor tem o papel fundamental nesse sentido – o de
mediador desse processo. E para ser mediador é necessário ter se apropriado
dos conhecimentos necessários para tanto. Daí urge a necessidade de formações
inicial e continuada de qualidade e permanentes.

121
UNIDADE 2 | MEIO AMBIENTE E SAÚDE:

Vale ressaltar que existem experiências, embora esporádicas, de cursos


de capacitação pautados na mediação para e do professor (veja-se a publicação:
SANTA CATARINA. Secretaria de Estado da Educação, Ciência e Tecnologia.
Proposta Curricular de Santa Catarina: Estudos Temáticos. Florianópolis: IOESC,
2005). A questão da formação do professor é um contínuo, a qual deve pautar-
se em propostas que visem à educação emancipadora e mediação constante ao
longo de todo o processo.

E
IMPORTANT

No que se refere à formação continuada e permanente do professor, sugerimos


a leitura: IMBERMÓN, Francisco. Formação permanente do professorado: novas tendências.
Trad. Sandra Trabucco Valenzuela. São Paulo: Cortez, 2009. Boa leitura!

Pensar a educação para a transformação social envolve o entendimento


dos chamados “quatro pilares da educação”, defendidos por Delors (2001). São
eles:
FIGURA 35 – OS QUATRO PILARES DA EDUCAÇÃO

APRENDER
A
CONHECER

APRENDER PILARES APRENDER


A DA A VIVER
FAZER EDUCAÇÃO JUNTOS

APRENDER
A
SER

FONTE: Adaptado de Delors (2001)

122
TÓPICO 3 | EDUCAÇÃO, SAÚDE E QUALIDADE DE VIDA

Aprender a conhecer significa o entendimento dos domínios dos


instrumentos do conhecimento. Aprender a fazer compreende a questão prática
do conhecimento, o fazer propriamente dito. Aprender a viver juntos estabelece o
contato e a consciência do outro no meio, assim como a diversidade e semelhança
existente nesse sentido. E aprender a ser corresponde ao desenvolvimento pleno
do sujeito: “[...] a educação deve contribuir para o desenvolvimento total da pessoa
– espírito e corpo, inteligência, sensibilidade, sentido estético, responsabilidade
pessoal, espiritualidade [...]”. (DELORS, 2001, p. 99).

Esses aprendizados perpassam e fazem parte de toda a nossa vida. Assim


ressaltamos a necessidade de educação ao longo de toda a vida.

A educação ao longo de toda a vida não é um ideal longínquo, mas


uma realidade que tende, cada vez mais, a inscrever-se nos fatos, no
seio de uma paisagem educativa complexa, marcada por um conjunto
de alterações que a tornam cada vez mais necessária. Para conseguir
organizá-la é preciso deixar de considerar as diferentes formas de
ensino e aprendizagem como independentes umas das outras e, de
alguma maneira, sobrepostas ou concorrentes entre si, e procurar,
pelo contrário, valorizar a complementaridade dos espaços e tempos
da educação moderna. (DELORS, 2001, p. 104).

Compreender o caráter da educação ao longo de toda a vida requer o


entendimento de alguns aspectos, tais como (DELORS, 2001):

• Exigência democrática – formação de sujeitos críticos, reflexivos e cidadãos.

• Educação pluridimensional – compreende sujeito no todo e em suas partes.

• Novos tempos, novos campos – ambiente educativo diversificado pautado nas


mudanças dos meios e sujeitos envolvidos.

• Educação no coração da sociedade – intrínseca relação entre meio social e meio


escolar.

• Sinergias educativas – relações saber e saber-fazer, saber-ser e saber-viver juntos.

Corroborar a questão da educação ao longo de toda vida de modo intrínseco


entre os atores que dela fazem parte contribui para o entendimento da educação
para a transformação social. Entender o papel de cada um e sua respectiva
importância, nesse sentido, é de suma importância na busca pela educação que
se quer de qualidade e significativa, pautada na formação de sujeitos críticos,
reflexivos e cidadãos – palavras essas utilizadas nos seus sentidos próprios, e não
banalizadas como, por vezes, podemos constatar.

123
UNIDADE 2 | MEIO AMBIENTE E SAÚDE:

DICAS

SACRISTÁN, J. G; GOMEZ, A. I. P. Compreender e transformar o ensino. 4. ed.


Porto Alegre: ARTMED, 1998.

Desse modo, educar para a saúde, educar para o meio ambiente é um


contínuo ao longo da vida dos sujeitos. A promoção e a prevenção da saúde no
contexto escolar contribuem sobremaneira para a construção e apropriação de
conhecimentos, que o sujeito levará ao longo de sua vida, além de socializar este
conhecimento entre os que o rodeiam.

De acordo com Burgos (2006, p. 32),

[...] a escola é o espaço mais adequado para intervenções preventivas


e de promoção de saúde, para conscientização da necessidade de
mudanças de hábitos sedentários, uso abusivo de alimentos que
geram fatores de risco às doenças [...], bem como para cuidados com
a higiene e saúde bucal. [...] as ações educativas somente terão eco se
conjugadas em atuação multiprofissional de professores dos diversos
componentes curriculares, equipe diretiva, pedagógica, psicológica,
aliados aos profissionais e setores comunitários de saúde e a programas
institucionais. [...]

Programas devem promover a prevenção tendo como atores do processo
os sujeitos nele envolvidos. Sendo assim, a comunidade escolar como um todo é
autora e coautora da promoção e prevenção da saúde, tendo como foco a educação
para a saúde.

Burgos (2006, p. 32) ressalta ainda que

São fundamentais, nesse processo, ações políticas e operacionais


de intervenção na realidade, a partir do conhecimento desta e da
produção, sistematização, socialização do conhecimento na área da
saúde, educação e desenvolvimento humano, que capacite pessoas
tecnicamente competentes, política e eticamente responsáveis,
contribuindo para o desenvolvimento de uma sociedade solidária,
com desenvolvimento equilibrado e saudável de seus cidadãos. [...]

O meio ambiente, embasado também na concepção de construção para e


pelo sujeito, deve delinear-se ao longo de todo processo educativo. Para tanto, a
educação ambiental no contexto escolar, assim como diferentes temáticas, precisa
ser contemplada nas suas características e particularidades, mas também na sua
amplitude e interlocução que estabelece com o meio.

124
TÓPICO 3 | EDUCAÇÃO, SAÚDE E QUALIDADE DE VIDA

Se pensamos e desejamos uma educação de qualidade, inclusive na


questão ambiental, é preciso ter em mente que formamos sujeitos cidadãos,
críticos e reflexivos. “A cidadania ambiental e a cultura de sustentabilidade serão
necessariamente o resultado do fazer pedagógico que conjugue a aprendizagem
a partir da vida cotidiana”. (GUTIÉRREZ, 2002, p. 59).

Conceber a saúde e o meio ambiente como intrínsecos e pertencentes aos


sujeitos, que dela fazem parte, é fundamental para a promoção da qualidade de vida
das pessoas. Contemplando essa questão, a escola contribuirá significativamente
para a defesa e construção de conhecimentos que promovam a qualidade de vida
plena e significativa para e por meio da educação para a saúde e o meio ambiente.

FIGURA 36 – PREVENÇÃO – MEIO AMBIENTE E SAÚDE

FONTE: Disponível em: <http://facesionline.wordpress.com/2009/04/01/preocupacao-com-o-


meio-ambiente-e-suas-reacoes/>. Acesso em: 24 jan. 2012.

Quando o sujeito se entende como parte integrante e fundamental na


relação com o meio, e a sua influência na própria saúde, terá em si a qualidade de
vida intrinsecamente ligada, uma vez que estará em equilíbrio e será entendedor
de sua realidade e contexto. Contribuirá para a preservação e prevenção do meio
em que vive e de sua saúde, assim como dos demais sujeitos pertencentes a esse
meio, pois compreenderá sua fundamental participação para todos. Como bem
nos foi relatado anteriormente por Freire (1997), “[...] somos e fazemos parte de
nossa história”.

125
UNIDADE 2 | MEIO AMBIENTE E SAÚDE:

FIGURA 37 – MEIO AMBIENTE

FONTE: Disponível em: <http://pedagogoambiental.blogspot.com/2011/05/educacao-


ambiental-e-desenvolvimento.html>. Acesso em: 24 jan. 2012.

UNI

Caro acadêmico, a temática da educação ambiental será retomada na Unidade 3.

Conheça: o Programa Saúde na Escola (PSE) visa à integração e articulação


permanente da educação e da saúde, proporcionando melhoria da qualidade de
vida da população brasileira. Como consolidar essa atitude dentro das escolas?
Essa é a questão que nos guiou para elaboração da metodologia das Agendas de
Educação e Saúde, a serem executadas como projetos didáticos nas escolas.

O PSE tem como objetivo contribuir para a formação integral dos


estudantes por meio de ações de promoção, prevenção e atenção à saúde,
com vistas ao enfrentamento das vulnerabilidades que comprometem o
pleno desenvolvimento de crianças e jovens da rede pública de ensino.
O público beneficiário do PSE são os estudantes da Educação Básica,
gestores e profissionais de educação e saúde, comunidade escolar e,
de forma mais amplificada, estudantes da Rede Federal de Educação

126
TÓPICO 3 | EDUCAÇÃO, SAÚDE E QUALIDADE DE VIDA

Profissional e Tecnológica e da Educação de Jovens e Adultos (EJA).


As atividades de educação e saúde do PSE ocorrerão nos territórios definidos
segundo a área de abrangência da Estratégia Saúde da Família (Ministério da
Saúde), tornando possível o exercício de criação de núcleos e ligações entre
os equipamentos públicos da saúde e da educação (escolas, centros de saúde,
áreas de lazer como praças e ginásios esportivos etc.).

No PSE a criação dos territórios locais é elaborada a partir das


estratégias firmadas entre a escola, a partir de seu projeto político-pedagógico
e a unidade básica de saúde. O planejamento destas ações do PSE considera: o
contexto escolar e social, o diagnóstico local em saúde do escolar e a capacidade
operativa em saúde do escolar.

A escola é a área institucional privilegiada deste encontro da educação e


da saúde: espaço para a convivência social e para o estabelecimento de relações
favoráveis à promoção da saúde pelo viés de uma Educação Integral.

Para o alcance dos objetivos e sucesso do PSE, é de fundamental importância


compreender a Educação Integral como um conceito que compreende a proteção,
a atenção e o pleno desenvolvimento da comunidade escolar. Na esfera da saúde,
as práticas das equipes de Saúde da Família incluem prevenção, promoção,
recuperação e manutenção da saúde dos indivíduos e coletivos humanos.

Para alcançar estes propósitos o PSE foi constituído por cinco


componentes:

a) avaliação das condições de saúde das crianças, adolescentes e jovens que


estão na escola pública;

b) promoção da saúde e de atividades de prevenção;

c) educação permanente e capacitação dos profissionais da educação e da saúde


e de jovens;

d) monitoramento e avaliação da saúde dos estudantes;

e) monitoramento e avaliação do programa. Mais do que uma estratégia de


integração das políticas setoriais, o PSE se propõe a ser um novo desenho da
política de educação e saúde já que:

1) trata a saúde e educação integrais como parte de uma formação ampla para
a cidadania e o usufruto pleno dos direitos humanos;

2) permite a progressiva ampliação das ações executadas pelos sistemas


de saúde e educação com vistas à atenção integral à saúde de crianças e
adolescentes; e

127
UNIDADE 2 | MEIO AMBIENTE E SAÚDE:

3) promove a articulação de saberes, a participação de estudantes, pais,


comunidade escolar e sociedade em geral na construção e controle social da
política pública.
FONTE: Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id
=14578%3Aprograma-saude-nas-escolas&catid=194%3Asecad-educacao-continuada&Itemid=817>.
Acesso em: 24 jan. 2012.

DICAS

Para conhecer mais sobre os programas de saúde nas escolas, acesse o site do
Ministério da Educação e Cultura (MEC), no endereço anterior.

128
TÓPICO 3 | EDUCAÇÃO, SAÚDE E QUALIDADE DE VIDA

LEITURA COMPLEMENTAR

MEIO AMBIENTE E SAÚDE. COMPETÊNCIAS. INTERSETORIALIDADE.

Lenir Santos

[...]

O direito à saúde

A saúde pública começou a ganhar destaque político a partir do momento


em que as grandes epidemias marcaram indelevelmente os países, fazendo nascer
o conceito de perigo social e exigindo controle sobre as pessoas e práticas de
higiene, com o intuito de evitar as grandes epidemias e a devastação de aldeias,
cidades e regiões.

A peste negra devastou a Europa em 1348, matando um terço de sua


população e assustando os sobreviventes que acreditavam ser as próximas
vítimas, tal o medo e a facilidade do contágio.

Essa consciência do coletivo – doença como risco social, contagiosa, que


poderia ser disseminada indistintamente, independentemente de classe social – levou
as autoridades a se preocuparem com a política de saúde. A participação do Estado
na saúde decorre exatamente da consciência do perigo social e da necessidade de
intervenção coletiva. Entretanto, os cuidados com a saúde, como política de governo,
é fato que só será adotado como prática, a partir do século passado.

No Brasil, em 1923, foi editado o Decreto nº 16.300 aprovando o


Regulamento do Departamento Nacional de Saúde Pública. Em 1937, o Ministério
da Educação e Saúde (Lei nº 378, de 13/01/37) foi reestruturado, criando-se o
Conselho Nacional de Saúde. As atribuições do Conselho Nacional de Saúde
deveriam ser objeto de lei específica. Em 1954, mediante o Decreto nº 35.347, de
8 de abril, foi aprovado o regimento do Conselho Nacional de Saúde. É desse
mesmo ano a Lei nº 2.312, de 3 de setembro, que dispôs sobre normas gerais de
defesa e proteção da saúde. A regulamentação da lei ocorreu em 1961, Decreto nº
49.974-A, de 21 de setembro, com a denominação de Código Nacional de Saúde.

Nessa época, as atividades relativas à saúde pública, principalmente o


poder de polícia sanitária, estavam sob a responsabilidade do Estado. Vários
serviços públicos, como os serviços destinados à investigação e os Serviços do
Distrito Federal, tratavam da saúde. Os serviços de água e esgoto; as atividades
sanitárias como fiscalização de mercados, matadouros, leite; as doenças contagiosas;
a higiene do trabalho; gêneros alimentícios e engenharia sanitária, dentre outros,
eram incumbência da saúde, no âmbito do Ministério da Educação e Saúde.

A consciência ecológica não existia nessa época, ainda que remonte à época
de Hipócrates o conceito de que os fatores ambientais e o estilo de vida influenciavam
a gênese das enfermidades. Havia, isso sim, uma preocupação com a proteção
coletiva e o desenvolvimento de uma cultura sanitária, mediante a divulgação
129
UNIDADE 2 | MEIO AMBIENTE E SAÚDE:

de conhecimentos de higiene individual e de saúde pública. O perigo social deu


origem à polícia sanitária, ante a necessidade de intervir prevenindo e coibindo
práticas que pudessem causar danos coletivos à saúde. O receio de contaminações
e a necessidade de profilaxia exigiam que o Estado adotasse políticas de saúde.

As obras de caridade, as santas casas de misericórdia, cuidavam da saúde


curativa de cunho individual, tanto que o Estado garantia subvenção às entidades
privadas que assumiam essas atividades como obra assistencial e caritativa (Lei
nº 1.493, de 13/12/51).

A ampliação da assistência curativa surgiu com os institutos previdenciários


– IAPs –, que mantinham, dentre os seus benefícios, serviços médicos e hospitalares
para trabalhadores filiados aos institutos previdenciários. Com a unificação desses
institutos em um único instituto nacional de previdência social, com financiamento
tripartite – trabalhador, empregador e Estado –, surgiu, em 1969, o Sistema Nacional
de Saúde (Lei nº 6.229, de 17/7/1969) e em 1977 foi instituído o Sistema Nacional de
Previdência e Assistência Social – SINPAS (Lei nº 6.439, de 1/9/77).

A saúde pública continuava sendo marcadamente de responsabilidade


federal, cabendo ao Estado manter centros de saúde e, ao município, responder
pelo pronto socorro local. Somente os trabalhadores tinham acesso aos serviços
curativos mantidos pelo INAMPS.

Vários foram os programas – no âmbito da Reforma Sanitária pretendida


por especialistas e defensores de uma saúde pública descentralizada e
universalizada – que buscaram romper com esse sistema de saúde centralizado,
envolvendo estados e municípios, devendo ser destacadas as AIS (Ações
Integradas de Saúde) e o SUDS – Sistema Unificado e Descentralizado de Saúde.

Constituição de 1988

Com a Constituição de 1988, o direito à saúde foi elevado à categoria de


direito subjetivo público, num reconhecimento de que o sujeito é detentor do direito
e de que o Estado é o seu devedor, além, é obvio, de uma responsabilidade própria
do sujeito que também deve cuidar de sua própria saúde e contribuir para a saúde
coletiva. Hoje, compete ao Estado garantir a saúde do cidadão e da coletividade.

Um novo sistema de saúde pública nacional foi criado, o Sistema Único de


Saúde, com responsabilidades públicas e uma definição de saúde não como um
fenômeno puramente biológico, mas resultante de condições socioeconômicas e
ambientais, devendo a doença ser considerada, conforme Giovanni Berlinguer,
também como um sinal estatisticamente relevante e precocemente calculável,
de alterações do equilíbrio homem ambiente, induzidas pelas transformações
produtivas, territoriais, demográficas e culturais, incontroláveis nas suas
consequências, além de sofrimento individual e de desvio de uma normalidade
biológica ou social.

Diante do conceito trazido pela Constituição de 1988 de que “[...] saúde


é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e
econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao

130
TÓPICO 3 | EDUCAÇÃO, SAÚDE E QUALIDADE DE VIDA

acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e


recuperação”, abandonou-se um sistema que apenas considerava a saúde pública
como dever do Estado no sentido de coibir ou evitar a propagação de doenças
que colocavam em risco a saúde da coletividade (prevenção da transmissão
da malária, da hanseníese, da tuberculose e cuidados que competiam à polícia
sanitária), e assumiu-se que o dever do Estado de garantir a saúde consiste na
formulação e execução de políticas econômicas e sociais, além da prestação de
serviços públicos de recuperação e prevenção. A visão epidemiológica da questão
saúde doença que privilegia o estudo de fatores sociais, ambientais, econômicos,
educacionais que podem gerar a enfermidade passou a integrar o direito à saúde.

Esse novo conceito de saúde passou a levar em conta as suas determinantes


e condicionantes como alimentação, moradia, saneamento, meio ambiente, renda,
trabalho, educação, transporte, e impôs aos órgãos que compõem o Sistema Único
de Saúde o dever de identificar esses fatores e formular uma política de saúde
destinada a promover, nos campos econômico e social, política condizente com a
elevação das condições de vida da população.

Assim, não se pode mais considerar a saúde de forma isolada das condições
que cercam o indivíduo e a coletividade. Falar, hoje, em saúde sem levar em conta
o modo como o homem se relaciona com o seu meio social e ambiental é voltar
à época em que a doença era um fenômeno meramente biológico, desprovido de
qualquer outra interferência que não fosse tão somente o homem e seu corpo.

Corroborando essa tese, transcrevemos aqui o relato de Giovanni Berlinguer


sobre o sistema de saúde nacional da Inglaterra, que é universal e igualitário.
Descreve o autor que, numa pesquisa feita naquele país, ficou demonstrado que
a mortalidade infantil em seu conjunto regrediu consideravelmente; entretanto,
essa regressão não se alterou, durante vinte e cinco anos, entre as cinco classes
da população. A explicação, afirma o autor, deve estar no fato de que são as “[...]
condições de trabalho, de ambiente e de higiene, que eliminam ou reduzem
a eficácia da extensão e da profundidade das atividades sanitárias” e essas
condições não se alteraram no decorrer dos vinte e cinco anos.

Mesmo que o sistema de saúde tenha atuação preventiva e curativa


absolutamente iguais, as pessoas que vivem em condições mais precárias
fatalmente serão mais acometidas de doenças e outros agravos, ainda que o
sistema de saúde lhes ofereça um excelente serviço de recuperação.

Daí dizer-se que, sem redução das desigualdades sociais, sem a erradicação
da pobreza e a melhoria das condições de vida, o setor saúde será o estuário
de todas as mazelas das políticas sociais e econômicas. E sem essa garantia de
melhoria dos fatores condicionantes e determinantes não se estará garantido o
direito à saúde, em sua abrangência constitucional.

Assim, o direito à saúde, de acordo com a definição do art. 196 da CF,


pressupõe: a) o acesso universal e igualitário às ações e serviços de saúde para
a sua promoção, proteção e recuperação, e b) a adoção de políticas sociais e

131
UNIDADE 2 | MEIO AMBIENTE E SAÚDE:

econômicas que visem à redução do risco de doenças e outros agravos. A saúde


hoje é considerada um direito fundamental do ser humano. E como direito
fundamental e como elo do direito à vida, o direito à saúde deve ser garantido
pelo Estado, em todas as suas nuances.

[...]

Intersetorialidade: saúde e meio ambiente

Na saúde e no meio ambiente o bem jurídico tutelado é a vida. A vida em


sua plenitude, sob todas as suas formas. Nesses campos, é quase impossível tratar
de um assunto sem inter-relacioná-lo com o outro, tal é a interdependência da
saúde e do meio ambiente. Muitas vezes, quando se pretende invocar a proteção
de um direito, como o de respirar um ar sadio, invocaremos o direito ao meio
ambiente e o direito à saúde. Solange Teles da Silva advoga que o direito de
respirar um ar sadio encontra fundamento em dois preceitos constitucionais, o
art. 225, caput, e o art. 196, uma vez que todos os estudos comprovam os efeitos
nefastos que a poluição atmosférica causa à saúde humana.

Em decorrência dos estudos comprovadores dos danos causados à saúde


humana pelos poluentes do ar é que se confere aos entes federativos competência
administrativa para a prática de atos de preservação da qualidade do ar. E o campo de
atuação administrativa, neste caso, como em muitos outros, haverá de interpenetrar a
saúde e o meio ambiente, podendo, ainda, exigir o concurso de outros setores.

Paulo de Bessa Antunes, ao tratar do impacto regional de atividades


poluidoras, afirma que “[...] as alterações desfavoráveis à saúde são óbvias por si
próprias. Todo o projeto que implique repercussão sobre a saúde coletiva de uma
determinada comunidade deve ser tido como impactante”. Muitas vezes, como
no presente caso, a proteção ao meio ambiente engloba a proteção à saúde. Aqui
ambos os direitos devem ser invocados, uma vez que a poluição afeta a saúde e
o meio ambiente.

Em matéria de meio ambiente, tanto quanto de saúde, as conexões com


outras áreas são inúmeras. Não há como estancar as influências dos mais diversos
setores e, muitas vezes, as próprias atuações. Como muitos órgãos administrativos
têm competências similares, não é difícil imaginar que, vez ou outra, poderá
ocorrer invasão de competências. Mas esse perigo real não pode inibir a atuação
de outros setores com competências para proteger a qualidade de vida, sob pena
de se criar um superministério do ambiente e lacunas na execução de ações e
serviços ambientais.

[...]

FONTE: SANTOS, Lenir. Meio ambiente e saúde. Disponível em: <www.estig.ipbeja.pt/~ac_direito/


Lenir.pdf>. Acesso em: 20 abr. 2011.

132
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico você estudou que:

• A escola e seus atores sociais constituem a educação escolar como um todo. Na


busca da qualidade e concretização de seus objetivos a educação escolar traz
em seu escopo a chamada gestão da escola.

• Na construção da gestão da escola fazem parte elementos tais quais: gestão


democrática, participação dos profissionais, participação da comunidade
escolar, elaboração do Projeto Pedagógico da escola, autonomia pedagógica e
autonomia administrativa.

• Nossa identidade se constitui na relação que estabelecemos com o contexto


cultural em que vivemos e de nossa própria imersão nesse contexto.

• A mediação do processo ensino-aprendizagem deve acontecer na relação com


as realidades de todos os envolvidos no processo de educar, na educação
escolar. O professor tem o papel fundamental nesse sentido – o de mediador
desse processo. E para ser mediador é necessário ter se apropriado dos
conhecimentos necessários para tanto.

• Educar para a saúde, educar para o meio ambiente é um contínuo ao longo da


vida dos sujeitos.

• A promoção e a prevenção da saúde no contexto escolar contribuem


sobremaneira para a construção e apropriação de conhecimentos que o sujeito
levará ao longo de sua vida, além de socializar este conhecimento entre os que
o rodeiam.

• A comunidade escolar como um todo é autora e coautora da promoção e


prevenção da saúde, tendo como foco a educação para a saúde.

• A educação ambiental no contexto escolar, assim como diferentes temáticas,


precisa ser contemplada nas suas características e particularidades, mas
também na sua amplitude e interlocução que estabelece com o meio.

• Conceber a saúde e o meio ambiente como intrínsecos e pertencentes aos


sujeitos que dela fazem parte é fundamental para a promoção da qualidade de
vida das pessoas.

• Pensar a educação para a transformação social envolve o entendimento dos


chamados “quatro pilares da educação”: aprender a conhecer, aprender a
fazer, aprender a viver juntos e aprender a ser.

133
AUTOATIVIDADE

1 Freire (1997) afirma que “[...] somos e fazemos parte de nossa história”.
Disserte sobre a relação entre este fragmento e a questão da qualidade de
vida, saúde e meio ambiente.
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134
UNIDADE 3

MEIO AMBIENTE E SAÚDE:


PRÁTICAS EDUCATIVAS

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir desta unidade, você será capaz de:

• analisar a contribuição do contexto escolar na promoção da saúde e


qualidade de vida das pessoas;

• identificar a educação como elemento transformador rumo a uma


consciência ambiental coletiva;

• compreender o surgimento da educação ambiental como resposta à


preocupação da sociedade com o futuro;

• analisar as tendências da educação ambiental, no que tange principalmente


à sustentabilidade como uma nova perspectiva para conduzir as relações
sociedade-natureza;

• conhecer e implementar práticas pedagógicas que contemplem a temática


meio ambiente e saúde.

PLANO DE ESTUDOS
Esta terceira unidade está dividida em três tópicos. No final de cada tópico,
você encontrará atividades que possibilitarão o aprofundamento de conteúdos
no que se refere à saúde e ao meio ambiente, assim como metodologias de
ensino significativas que contribuam nesse sentido.

TÓPICO 1 – PREVENÇÃO E EDUCAÇÃO EM SAÚDE

TÓPICO 2 – EDUCAÇÃO PARA O MEIO AMBIENTE

TÓPICO 3 – METODOLOGIAS DE ENSINO

135
136
UNIDADE 3
TÓPICO 1

PREVENÇÃO E EDUCAÇÃO EM SAÚDE

1 INTRODUÇÃO
Caro acadêmico, na Unidade 2 de nosso Caderno de Estudos dialogamos
sobre o papel da escola no que se refere ao meio ambiente e saúde. Abordamos,
para tanto, a escola e sua relação com o meio ambiente e saúde, guia curricular
concernente ao meio ambiente e saúde – enfocando os Parâmetros Curriculares
Nacionais e a relação entre educação, saúde e qualidade de vida.

Na Unidade 3 veremos as práticas educativas (retomando conceitos e


discussões referentes à educação em saúde), a prevenção da saúde no contexto
escolar, a educação para o meio ambiente e as metodologias de ensino – saúde e
meio ambiente. Neste tópico, abordaremos a educação em saúde em consonância
com a prevenção da mesma e a contribuição do contexto escolar nesse sentido.

Bons estudos!

2 EDUCAÇÃO EM SAÚDE
Para continuar nosso diálogo sobre a saúde e a escola, vamos retomar
alguns conceitos, quais sejam: a) o conceito de saúde, e b) a educação e a saúde:

a) O conceito de saúde é referenciado como o estado completo de


bem-estar físico, mental, social e não apenas como ausência de
doença, como define a Organização Mundial de Saúde (OMS). Nele,
encontramos indicadores socioculturais em nível socioeconômico,
educativo, cultural, entre outros, bem como indicadores psicossociais,
tais como as concepções de saúde, expectativas em nível de saúde,
avaliação das expectativas, grau de satisfação com a vida, entre outros.
[...] (BURGOS, 2006, p. 36, grifo nosso).

b) A educação e a saúde perfeitas constituem muito mais aspiração


permanente do ser humano do que um estado possível de ser alcançado,
já que o homem vive em constante tensão e busca da realização de
seus ideais de educação e de saúde. Não se pode esquecer, entretanto,
que a educação e a saúde constituem muito mais um processo em
construção do que resultado pronto e acabado, muito mais caminho
do que chegada. (CONCEIÇÃO, 1994, p. 23).

137
UNIDADE 3 | MEIO AMBIENTE E SAÚDE: PRÁTICAS EDUCATIVAS

Nesse contexto, a educação em saúde preconiza o desenvolvimento


integral do ser humano, seja em seu aspecto físico, social, psicológico, cultural,
histórico, enfim, seu desenvolvimento no todo, respeitadas as partes, ou melhor,
os diferentes contextos em que os sujeitos estão envolvidos.

Ao conceber esse entendimento inicial, preconizamos o entendimento


do ser humano e sua saúde, respeitada a sua totalidade e suas particularidades.
Se pensarmos a educação em saúde no contexto escolar, ela deve contemplar a
particularidade tanto do contexto da própria escola, sua comunidade e os sujeitos
nela envolvidos.

Contemplar a saúde no contexto escolar envolve pensarmos as atividades


necessárias para que ela se efetive na prática pedagógica em sala de aula. Tais
atividades dividem-se “[...] em três setores que compreendem o ensino da saúde,
o saneamento do ambiente físico e emocional da escola e, finalmente, a assistência
à saúde”. (CONCEIÇÃO, 1994, p. 27).

De acordo com Conceição (1994):

• Primeira atividade – ensino da saúde:

Diz respeito à educação para a saúde e consiste na transmissão de


conhecimentos e informações, mas principalmente no desenvolvimento de
hábitos, atitudes, habilidades e comportamentos que ajudem na promoção,
proteção, conservação, recuperação e reabilitação da saúde.

• Segunda atividade – saneamento do ambiente físico e emocional da escola:

Refere-se às ações sobre o ambiente escolar. É considerada necessária por


sua influência sobre as condições de saúde, embora haja críticas a um certo caráter
autoritário e ideológico da “higienização” e “normalização”.

• Terceira atividade – assistência à saúde:

Consiste nos programas de assistência médico-odontológica no interior


da escola. Sem medicalização da escola nem pedagogização da medicina e
independentemente da solução encontrada para esta questão administrativa, o
fundamental é que os profissionais da educação e da saúde unam seus esforços
para a criação de modelos de serviços de saúde escolar de forma criativa e crítica,
sem substituição da família e sem medicalização do fracasso escolar.

138
TÓPICO 1 | PREVENÇÃO E EDUCAÇÃO EM SAÚDE

FIGURA 38 – SAÚDE ESCOLAR

SAÚDE ESCOLAR

SANEAMENTO DO
ENSINO DA AMBIENTE FÍSICO ASSISTÊNCIA
SAÚDE E EMOCIONAL DA À SAÚDE
ESCOLA

FONTE: Conceição, 1994.

Essas atividades se inter-relacionam no contexto escolar ao pensarmos


na educação em saúde, em que teoria e prática pedagógica são indissociáveis.
Novamente, nos remetemos à importância dos envolvidos no processo educativo,
do contexto escolar e da comunidade escolar como um todo.

DICAS

Sugerimos a leitura do seguinte livro:


PERES, Heloise Ciqueto; PRADO, Claúdia; LEITE, Maria Madalena
Januário. Educação em saúde – desafios para uma prática
inovadora. São Caetano do Sul: Difusão Editora, 2010.

Sinopse: A obra tem por objetivo convidar os leitores a refletir


sobre o significado da educação em saúde e do papel do
educador. Dividido em duas partes, o livro procura abordar a
ação educativa no contexto contemporâneo e as concepções
pedagógicas que são consideradas a base para a educação na
área. Trata, também, da questão da aprendizagem significativa e o
processo educacional. A leitura é recomendada para profissionais,
pesquisadores e professores que buscam perspectivas para a
educação em saúde.

O entendimento dessas inter-relações é fundamental para que a temática


da saúde seja efetiva e significativa na educação escolar. Os diferentes contextos
envolvidos para tanto nos fazem transitar por diversos conceitos, como, por
exemplo, a questão relativa ao estilo de vida dos sujeitos.

139
UNIDADE 3 | MEIO AMBIENTE E SAÚDE: PRÁTICAS EDUCATIVAS

Featherstone diz que o estilo de vida não mais se constrói com base
nas relações sociais, mas na dinâmica do cotidiano, onde as coerências
e a unidade priorizam a exploração de experiências transitórias com
efeitos diversos. A autora também comenta que a mídia, além de ser
meio para mudanças nos estilos de vida e lazer, passou a ser expressão
dos principais gostos culturais desta época, que influenciaram modos
e comportamentos sociais. (PINTO, 2002, p. 26).

UNI

Vale ressaltar: estilo de vida é um conjunto de padrões de comportamento que


definem a maneira comum de viver de um indivíduo num grupo. De acordo com a OMS (1985),
os estilos de vida estão ligados aos valores, às motivações, às oportunidades e a questões
específicas ligadas a aspectos culturais, sociais e econômicos. [...] (BURGOS, 2006, p. 36).

Educar para a saúde envolve o entendimento da realidade social


pertencente ao grupo social que faz parte do contexto escolar. O envolvimento
efetivo de todos nesse processo tornará possíveis práticas pedagógicas efetivas
na escola e a apreensão dos conhecimentos pelos educandos e pela comunidade
escolar como um todo.

3 SAÚDE NO CONTEXTO ESCOLAR: A PREVENÇÃO


Saúde significa um completo estado de bem-estar físico, mental, social e
não apenas a ausência de doença. Esse estado completo é um processo, o qual é
construído ao longo da vida dos seres humanos. Quando falamos de prevenção
em saúde, concebemo-la (a saúde) como ponto de partida para as intervenções e
ações pedagógicas a fim de promover efetivamente a saúde como um todo.

[...] A escola é o espaço mais adequado para intervenções preventivas


e de promoção da saúde, para conscientização da necessidade de
mudança de hábitos sedentários e uso abusivo de alimentos que geram
fatores e risco para doenças cardiovasculares e crônico-degenerativas,
bem como para cuidados com a higiene e saúde bucal, que podem
estar relacionados a doenças sistêmicas. As ações educativas somente
terão eco se conjugadas em atuação multiprofissional de professores
dos diversos componentes curriculares, equipe diretiva, pedagógica,
psicológica, aliados aos profissionais e setores comunitários de saúde
e programas institucionais, [...] (BURGOS, 2006, p. 32).

Ainda de acordo com Burgos (2006, p. 27),

140
TÓPICO 1 | PREVENÇÃO E EDUCAÇÃO EM SAÚDE

A prevenção deveria estar entre as mais altas prioridades de saúde


pública e, certamente, nessa perspectiva, deve-se incluir o estímulo a
modos ou estilos de vida mais saudáveis, em todos os grupos etários,
destacando-se crianças e adolescentes. As comunidades, os governos,
a mídia, as indústrias de alimentos, as escolas e as instituições sociais
precisam trabalhar de forma conjunta, para modificar o meio ambiente
e promover a conscientização pública, repensando os estímulos, os
esclarecimentos e contribuição dos mesmos para a adoção de modos
de vida diferenciados e voltados à qualificação da vida humana e das
comunidades sociais. (BURGOS, 2006, p. 27).

FIGURA 39 – EDUCAÇÃO EM SAÚDE

FONTE: Disponível em: <mortugabaunicef.blogspot.com>. Acesso em: 24 jan. 2012.

A prevenção deve ser preocupação constante da sociedade na saúde e


bem-estar dos sujeitos que dela fazem parte. A escola, o contexto escolar, nesse
sentido contribui significativamente. Para tanto,

[...] São fundamentais, nesse processo, ações políticas e operacionais


de intervenção na realidade, a partir do conhecimento desta e da
produção, sistematização, socialização do conhecimento na área da
saúde, educação e desenvolvimento humano, que capacite pessoas
tecnicamente competentes, política e eticamente responsáveis,
contribuindo para o desenvolvimento de uma sociedade solidária,
com desenvolvimento equilibrado e saudável de seus cidadãos. [...]
(BURGOS, 2006, p. 32).

As possibilidades de a prática pedagógica contribuir nesse sentido serão


apresentadas no Tópico 3, da respectiva unidade, quando abordaremos a questão
das metodologias de ensino, por meio de práticas educativas: saúde e meio ambiente.

141
UNIDADE 3 | MEIO AMBIENTE E SAÚDE: PRÁTICAS EDUCATIVAS

DICAS

Leia o seguinte texto de:

MARQUES, Maria de Fátima Cardoso; SHERLOCK, Maria do Socorro Mendonça; FEIJÃO,


Alexsandra Rodrigues. Educação em saúde no contexto escolar. Disponível em: <http://
www.educacion.udc.es/grupos/gipdae/congreso/VIIIcongreso/pdfs/180.pdf>. Acesso em:
18 jul. 2011.

Resumo:

A educação em saúde para as crianças nas escolas pode contribuir para ações de promoção
de saúde na comunidade. Este estudo tem como objetivo apresentar o perfil das condições
de saúde de crianças em duas escolas governamentais da cidade de Fortaleza, Ceará, e de
conhecer o conceito de educação em saúde dos professores. Dividiu-se a coleta de dados
em duas fases: 1) oficina com 25 professores do Ensino Fundamental de duas escolas
públicas de Fortaleza, objetivando conhecer quais seus conceitos de educação em saúde
e, posteriormente, compará-los ao conceito da Organização Mundial da Saúde – OMS; 2)
levantamento, através de exames físicos, dos principais agravos à saúde de 127 escolares. Os
resultados mostraram as seguintes situações: crianças com problemas de saúde (parasitoses
e déficits de higiene pessoal) e professores que possuem um conceito de saúde puramente
prescritivo e limitado. Este fato demonstra a carência da interdisciplinaridade e do elo professor/
enfermeiro no enfrentamento dos problemas de saúde na escola. Isto suscitou uma reflexão
sobre a importância do trabalho do enfermeiro com professores e alunos, fazendo com que
eles possam fazer melhores escolhas a respeito de sua saúde e da saúde da comunidade.

142
TÓPICO 1 | PREVENÇÃO E EDUCAÇÃO EM SAÚDE

LEITURA COMPLEMENTAR

A PROMOÇÃO DA SAÚDE NO CONTEXTO ESCOLAR


Secretaria de Políticas de Saúde/MS
Texto de difusão técnico-científica do Ministério da Saúde
FONTE: Censo Escolar, do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais

A adoção do conceito de promoção da saúde como elemento redirecionador


das políticas do Ministério da Saúde impõe a necessidade de sistematizar,
em conformidade com os princípios do Sistema Único de Saúde, propostas
intersetoriais que provoquem ou reforcem o desenvolvimento de ações com os
mais diferentes setores.

O setor educacional, dada sua capilaridade e abrangência, é um aliado


importante para a concretização de ações de promoção da saúde voltadas para
o fortalecimento das capacidades dos indivíduos, para a tomada de decisões
favoráveis à sua saúde e à comunidade, para a criação de ambientes saudáveis
e para a consolidação de uma política intersetorial voltada para a qualidade de
vida, pautada no respeito ao indivíduo e tendo como foco a construção de uma
nova cultura da saúde.

É importante implementar estratégias integradas de aproximação com


o sistema educacional, suas unidades de ensino e suas representações políticas,
sem deixar de considerar como essencial a formação e qualificação docentes, na
expectativa de que essas estratégias fomentem a adoção de hábitos de vida mais
saudáveis e promovam mudanças individuais e organizacionais necessárias.

O Ministério da Saúde compreende que o período escolar é fundamental


para se trabalhar saúde na perspectiva de sua promoção, desenvolvendo ações
para a prevenção de doenças e para o fortalecimento dos fatores de proteção.
Crianças, jovens e adultos que se encontram nas escolas vivem momentos em
que os hábitos e as atitudes estão sendo criados e, dependendo da idade ou da
abordagem, estão sendo revistos.

Por outro lado, reconhece que, além de a escola ter uma função pedagógica
específica, tem uma função social e política voltada para a transformação da
sociedade, relacionada ao exercício da cidadania e ao acesso às oportunidades de
desenvolvimento e de aprendizagem, razões que justificam ações voltadas para
a comunidade escolar para dar concretude às propostas de promoção da saúde.

[...]

A assinatura de Portaria Interministerial 766/GM, de 17 de maio de


2001, para elaboração dos Parâmetros Curriculares Nacionais em Ação – temas
transversais Saúde e Orientação Sexual –, estabelece o pacto entre o Ministério da
Saúde e o Ministério da Educação, passo importante na implementação de uma

143
UNIDADE 3 | MEIO AMBIENTE E SAÚDE: PRÁTICAS EDUCATIVAS

ação integrada que terá, de início, o alcance de 2.779 municípios que já aderiram
ao Programa Parâmetros Curriculares Nacionais em Ação.

[...]

A elaboração coletiva dos Parâmetros Curriculares Nacionais em Ação


Saúde é um marco e a concretização de que se possa pensar a educação e a saúde
sob uma ótica mais integradora. Elaborar os parâmetros e participar na formação
continuada dos professores é construir uma nova cultura, em que a educação e a
saúde tenham sentidos e significados mais integrais e que resultem em projetos
de vidas mais saudáveis.

Os processos educativos têm como eixos a construção de vidas mais


saudáveis e a criação de ambientes favoráveis à saúde, o que significa entender
a educação como processo que trata o conhecimento como algo que é construído
e apropriado e não como algo a ser transmitido. Conhecimento, por sua vez, é
fruto da interação e cooperação entre sujeitos que são diferentes, que trazem
experiências, interesses, desejos, motivações, valores e crenças que são únicas,
singulares, mas que são, ao mesmo tempo, plurais, e, por isso, diversas. Um
conhecimento que é incompleto e histórico.

No entanto, a educação e a saúde, como campos de conhecimentos e


de práticas, têm sido consideradas a partir de suas especificidades, em que a
educação está associada à escola e aos processos de aprendizagem, e a saúde é
identificada com os serviços de saúde e processos de adoecimento.

Vista de forma ampliada, a relação entre saúde e educação pode estabelecer


a intersecção para a integração dos saberes acumulados por tais campos, uma vez
que os processos educativos e os de saúde e doença incluem tanto conscientização
e autonomia quanto a necessidade de ações coletivas e de fomento à participação.

Na concepção de saúde individual, seria necessário refletir sobre a saúde


dos professores, seja individual ou coletivamente. O estresse diário dos docentes, o
esforço repetitivo que o cotidiano exige, o enfrentamento de situações dramáticas
não fazem parte do cotidiano escolar. Uma escola promotora de saúde inclui essa
ideia de saúde, de estar saudável incluindo o bem-estar docente.

Para se promover saúde não é suficiente informar. É necessária uma relação


dialogal, uma comunicação emancipadora, em que os sujeitos sejam envolvidos
na ação educativa, formativa e criativa, levando em conta a reconstrução do saber
da escola e a formação continuada dos docentes. Promover saúde implica e requer
ter paz, educação, alimentação, renda, ecossistema saudável, recursos sustentáveis,
justiça e equidade e desenvolver ações de promoção da saúde. No contexto escolar,
tem a ver com respeito às possibilidades e aos limites do corpo, do intelecto e das
emoções, da participação social e do estabelecimento de alianças.

144
TÓPICO 1 | PREVENÇÃO E EDUCAÇÃO EM SAÚDE

A saúde e os temas transversais apontados pelos Parâmetros Curriculares


Nacionais – a pluralidade cultural, a ética, a orientação sexual, a cidadania, o meio
ambiente, o trabalho e o consumo – lidam com as condições concretas de sujeitos e
comunidades sendo complementares e interdependentes. No cotidiano escolar, esses
temas emergem em situações concretas de violência, de preconceito, nas tomadas de
decisões, nas interações e na organização dos rituais e das festas, nos impasses entre
pessoas e grupos, nos conteúdos dos textos e materiais de estudo e de trabalho.

O trabalho escolar lida com os valores, as crenças, os mitos e as representações


que se têm sobre a própria relação do saber-fazer-ser educador e educando.

Organizar e estimular situações de aprendizagem nas quais a saúde possa


ser compreendida como direito de cidadania e um pressuposto ético, valorizando
as ações voltadas para sua promoção, é inerente à escola.

São múltiplas as faces do estar saudável ou estar doente, e, reconhecida


essa complexidade, o professor lidará com as questões de saúde e de doença de
maneira diferenciada.

Promover saúde é tocar nas diferentes dimensões humanas, é considerar


a afetividade, a amorosidade e a capacidade criadora e a busca da felicidade
como igualmente relevantes e como indissociáveis das demais dimensões. Por
isso, a promoção da saúde é vivencial e é colada ao sentido de viver e aos saberes
acumulados pela ciência e pelas tradições culturais locais e universais.

Criar momentos de debates sobre fatores desfavoráveis à saúde presentes


nas realidades dos alunos e da comunidade escolar, mobilizando projetos,
ações, com relação à saúde individual e coletiva, considerando a saúde sob seus
diferentes aspectos, é possível quando se favorece o desencadear do desejo de
conhecer e utilizar os recursos da própria localidade voltados para a promoção da
saúde e para a atenção à doença. Uma rede de apoio, nas mais diferentes formas e
instâncias, é fundamental para a promoção.

São os conselhos de saúde, de direitos da mulher, de cidadania, de defesa


da criança e do adolescente, tutelares, associações de moradores, de pescadores,
de domésticas, de professores, grêmios estudantis, movimentos ligados a partidos
políticos ou às igrejas e tantos outros.

Mobilizar recursos significa envolver essas redes ou setores governamentais


e não governamentais em ações institucionais no campo da saúde. Tanto para o
educando quanto para o educador, o exercício de troca, de diálogo, de embates,
de compartilhamento de saberes e fazeres, da crítica da realidade possibilitará a
construção da autonomia, da solidariedade e da cooperação cidadã e se manifestará
na redefinição dos eixos temáticos para as diferentes áreas e na eleição das abordagens
e dos conteúdos. Essa mobilização de recursos, que, em um primeiro momento, tem
o local como ponto de partida, vai sendo alargada e alcançando dimensões mais
amplas e incorporando outras redes do município, do estado, da região, do país, do
continente, tomando, na perspectiva mais global, uma dimensão planetária.

FONTE: Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/rsp/v36n4/11775.pdf>. Acesso em: 24 jan. 2012.

145
RESUMO DO TÓPICO 1

Neste tópico você estudou que:

• O conceito de saúde é referenciado como o estado completo de bem-estar


físico, mental, social e não apenas como ausência de doença.

• A educação e a saúde constituem muito mais um processo em construção do


que resultado pronto e acabado, muito mais caminho do que chegada.

• A educação em saúde no contexto escolar deve contemplar a particularidade


do contexto da própria escola, sua comunidade e os sujeitos nela envolvidos.

• Contemplar a saúde no contexto escolar envolve pensarmos as atividades


necessárias para que ela se efetive na prática pedagógica em sala de aula, quais
sejam: o ensino da saúde; o saneamento do ambiente físico e emocional da
escola; e a assistência à saúde.

• Primeira atividade – ensino da saúde: educação para a saúde.

• Segunda atividade – saneamento do ambiente físico e emocional da escola:


ações sobre o ambiente escolar. É considerada necessária por sua influência
sobre as condições de saúde.

• Terceira atividade – assistência à saúde: programas de assistência médico-


odontológica no interior da escola.

• Educar para saúde envolve o entendimento da realidade social do grupo social


que faz parte do contexto escolar.

• Quando falamos de prevenção em saúde, concebemo-la (a saúde) como


ponto de partida para as intervenções e ações pedagógicas a fim de promover
efetivamente a saúde como um todo.

• Prevenção deve ser preocupação constante da sociedade para a saúde e bem-


estar dos sujeitos que dela fazem parte.

146
AUTOATIVIDADE

1 Considerando os estudos realizados até o momento em relação à saúde,


escreva um projeto de pesquisa, que contenha os seguintes elementos:

1 TEMA E PROBLEMA
2 JUSTIFICATIVA
3 OBJETIVOS
4 METODOLOGIA
5 CRONOGRAMA
REFERÊNCIAS

147
148
UNIDADE 3
TÓPICO 2

EDUCAÇÃO PARA O MEIO AMBIENTE

1 INTRODUÇÃO
Você deve se lembrar dos problemas ambientais apresentados na Unidade
1 deste Caderno de Estudos. Muito bem! Atente para o fato de que a maioria desses
problemas poderia ter sido evitada se a educação ambiental (EA) e a consequente
conscientização ecológica fizessem parte da formação das gerações passadas.
O conhecimento do contexto histórico e cultural da visão homem-natureza
torna-se importante, pois nos permite compreender as evoluções empíricas e
posteriormente científicas da representatividade da natureza.

Como sabemos, o homem foi produzindo, transformando e construindo


o espaço geográfico. Os interesses e as necessidades dos seres humanos não
foram sempre os mesmos em todos os lugares e em todos os tempos. Conforme
as sociedades foram se modificando, criando novas e mais complexas formas de
sobrevivência, novos espaços foram construídos, muitos deles relacionados com
os tipos de paisagens e o pensamento de cada época.

Lamentavelmente, a ausência da EA no contexto histórico-cultural da


humanidade nos coloca em uma exponencial crise ambiental. Hoje temos a opção
de seguir dois caminhos: podemos continuar a utilização desenfreada dos recursos
naturais para atender nossas necessidades imediatas acarretando danos talvez
irreversíveis, ou podemos implementar medidas alternativas para a conservação
da biodiversidade e utilizá-la de forma sustentável, o que pode ser alcançado
através de um processo emergente de EA em todos os níveis e modalidades de
processos educativos.

Portanto, neste tópico você terá oportunidade de conhecer um pouco da


história da EA no âmbito mundial e no Brasil. Por meio deste conhecimento será
possível desenvolver habilidades e competências para atuar de forma crítica e
efetiva diante dos problemas ambientais, identificando a educação como elemento
transformador para uma consciência ambiental coletiva.

Vamos então ao estudo sobre a educação para o meio ambiente!

149
UNIDADE 3 | MEIO AMBIENTE E SAÚDE: PRÁTICAS EDUCATIVAS

2 O SURGIMENTO DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL E


SEUS CONCEITOS

UNI

Você sabe o que significa Educação Ambiental (EA)? Embora existam várias
definições para o termo, vamos construir nosso conceito baseado no ponto de vista de
alguns autores e nas discussões que ocorreram em eventos sobre o meio ambiente. Mas,
antes disso, acompanhe um pouco sobre o surgimento da educação ambiental.

A educação ambiental (EA), seja ela formal, não formal ou informal, é


uma forma de educação que procura atingir se não toda, mas grande parte da
população, por meio de um processo pedagógico participativo e permanente.
Neste contexto, a EA busca não somente conscientizar as pessoas sobre os
problemas ambientais, mas também fazer com que elas entendam a sua origem e
evolução. Assim, os problemas ambientais e, por consequência a EA, não podem
ser tratados de forma isolada e local, é necessário que conheçamos os caminhos
trilhados pela EA no Brasil e no mundo.

O ponto inicial de interesse pela EA foi a Conferência de Estocolmo (1972)


– Conferência de Organização das Nações Unidas sobre o Ambiente Humano –,
em que se percebeu que se deve educar o cidadão para a solução dos problemas
ambientais. Segundo Dias (1993, p. 22), “A conferência de Estocolmo, ao
reconhecer a importância da EA em trazer assuntos ambientais para o público em
geral, recomendou o treinamento de professores e o desenvolvimento de novos
recursos instrucionais e métodos”. Assim, nascia não só o interesse pela área
como também a expressão “educação ambiental”, tão amplamente difundida nos
dias de hoje.

A partir de Estocolmo, pode ser evidenciado um aumento considerável


nos programas ambientais em diversos países, assim como o debate em torno da
EA que ganhou status de assunto oficial e estratégico na pauta dos governos e dos
organismos internacionais. (TREVISOL, 2003).

Caro acadêmico, após essa breve contextualização, vamos acompanhar, em


ordem cronológica, alguns conceitos e eventos importantes acerca do tema EA.

150
TÓPICO 2 | EDUCAÇÃO PARA O MEIO AMBIENTE

Em 1975, no Seminário Internacional sobre EA, que aconteceu em


Belgrado, promovido pela UNESCO (Organização das Nações Unidas para
a Educação, a Ciência e a Cultura), foi produzido um documento, A Carta de
Belgrado, que define o desenvolvimento de uma população mundial consciente
com o meio ambiente e com os problemas ambientais, como meta da EA. Uma
população que disponha de conhecimento, habilidade, criatividade, atitude e
compromisso na busca por soluções para os problemas ambientais. Um trabalho
que deve acontecer coletivamente.

Em 1977, na Conferência Intergovernamental sobre Educação para o


Ambiente, realizada em Tbilisi (Geórgia), a EA foi definida como um processo
de reconhecimento de valores e conceitos, objetivando o desenvolvimento
das habilidades e modificando as atitudes em relação ao meio, para entender
e apreciar as inter-relações entre os seres humanos, suas culturas e seus meios
biofísicos. A EA ficou entendida como uma prática de tomadas de decisões e ética
que conduzem a uma qualidade de vida melhor para todos.

E
IMPORTANT

Lembre-se de que o ponto inicial de interesse pela EA foi a Conferência de


Estocolmo (1972) – Conferência de Organização das Nações Unidas sobre o Ambiente
Humano. Entretanto, a Conferência de Tbilisi é considerada um dos principais eventos sobre
a EA do planeta. Ela foi o ponto de partida para precisar a natureza da EA, definindo seus
objetivos e suas características, bem como as estratégias pertinentes ao plano nacional e
internacional da EA.

No capítulo 36 da Agenda 21, programa de ação firmado na conferência


Rio-92, a EA é definida como o processo que tem como meta o desenvolvimento
de uma população consciente e preocupada com o meio ambiente e com os
problemas que lhe são associados.

UNI

A Agenda 21 convoca os governos a adotar estratégias nacionais para o


desenvolvimento sustentável. Ela prevê ações que deverão ser implementadas tanto pelos
governos como pela sociedade civil, abarcando todas as esferas: federal, estadual e local. É
constituída por 40 capítulos.

151
UNIDADE 3 | MEIO AMBIENTE E SAÚDE: PRÁTICAS EDUCATIVAS

Também na Rio-92 iniciou o processo de criação da Carta da Terra,


documento em permanente construção. Vale a pena você conhecer um trecho
deste documento.

Estamos diante de um momento crítico na história da Terra, numa


época em que a humanidade deve escolher o seu futuro. À medida
que o mundo torna-se cada vez mais interdependente e frágil, o futuro
enfrenta, ao mesmo tempo, grandes perigos e grandes promessas. Para
seguir adiante, devemos reconhecer que no meio de uma magnífica
diversidade de culturas e formas de vida, somos uma família humana
e uma comunidade terrestre com um destino comum. Devemos somar
forças para gerar uma sociedade sustentável global baseada no respeito
pela natureza, nos direitos humanos universais, na justiça econômica
e numa cultura da paz. Para chegar a este propósito, é imperativo
que, nós, os povos da Terra, declaremos nossa responsabilidade de
uns para com os outros, com a grande comunidade da vida, e com as
futuras gerações. (CARTA DA TERRA, 2012).

UNI

Leia o texto da Carta da Terra na íntegra acessando o site <http://www.mma.


gov.br/estruturas/agenda21/_arquivos/carta_terra.doc>. Boa leitura!

Voltando aos conceitos, de acordo com o art. 1º, da Lei n° 9.795, de 27 de


abril de 1999, entende-se por EA:

[...] os processos por meio dos quais o indivíduo e a coletividade


constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e
competências voltadas para a conservação do meio ambiente, bem
de uso comum do povo, essencial à sadia qualidade de vida e sua
sustentabilidade.

Ainda de acordo com a mesma lei, a EA é um componente essencial e


permanente da educação nacional, devendo estar presente, de forma articulada,
em todos os níveis e modalidades do processo educativo, em caráter formal e não
formal.

Os princípios básicos e os objetivos fundamentais da EA estão descritos


nos artigos 4º e 5º respectivamente, da mencionada lei. Veja o que eles dizem:

152
TÓPICO 2 | EDUCAÇÃO PARA O MEIO AMBIENTE

PRINCÍPIOS BÁSICOS DA EA:

I- o enfoque humanista, holístico, democrático e participativo;


II- a concepção do meio ambiente em sua totalidade, considerando a
interdependência entre o meio natural, o socioeconômico e o cultural, sob
o enfoque da sustentabilidade;
III- o pluralismo de ideias e concepções pedagógicas, na perspectiva da inter,
multi e transdisciplinaridade;
IV- a vinculação entre a ética, a educação, o trabalho e as práticas sociais;
V- a garantia de continuidade e permanência do processo educativo;
VI- a permanente avaliação crítica do processo educativo;
VII- a abordagem articulada das questões ambientais locais, regionais,
nacionais e globais;
VIII- o reconhecimento e o respeito à pluralidade e à diversidade individual e
cultural.

OBJETIVOS FUNDAMENTAIS DA EA:

I- o desenvolvimento de uma compreensão integrada do meio ambiente em suas


múltiplas e complexas relações, envolvendo aspectos ecológicos, psicológicos,
legais, políticos, sociais, econômicos, científicos, culturais e éticos;
II- a garantia de democratização das informações ambientais;
III- o estímulo e o fortalecimento de uma consciência crítica sobre a
problemática ambiental e social;
IV- o incentivo à participação individual e coletiva, permanente e responsável,
na preservação do equilíbrio do meio ambiente, entendendo-se a defesa da
qualidade ambiental como um valor inseparável do exercício da cidadania;
 V- o estímulo à cooperação entre as diversas regiões do país, em níveis micro e
macrorregionais, com vistas à construção de uma sociedade ambientalmente
equilibrada, fundada nos princípios da liberdade, igualdade, solidariedade,
democracia, justiça social, responsabilidade e sustentabilidade;
VI- o fomento e o fortalecimento da integração com a ciência e a tecnologia;
VII-  o fortalecimento da cidadania, autodeterminação dos povos e solidariedade
como fundamentos para o futuro da humanidade.
FONTE: Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil/Leis/L9795.htm>. Acesso em: 24 fev. 2012.

DICAS

Para conhecer na íntegra a Lei n° 9.795/99, regulamentada pelo Decreto nº


4.281/02, acesse o site <http://www.planalto.gov.br/ccivil/Leis/L9795.htm>.

153
UNIDADE 3 | MEIO AMBIENTE E SAÚDE: PRÁTICAS EDUCATIVAS

O CONAMA (Conselho Nacional do Meio Ambiente) é o órgão consultivo


e deliberativo do Sistema Nacional do Meio Ambiente (SISNAMA), instituído
pela Lei nº 6.938/81, que dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente,
regulamentada pelo Decreto nº 99.274/90. Define a EA como um processo de
formação e informação orientado para o desenvolvimento da consciência crítica
sobre as questões ambientais, e de atividades que levem à participação das
comunidades na preservação do equilíbrio ambiental.

Para Gonçalves (1990), a EA não deve ser entendida como um tipo especial
de educação. Refere-se a um longo e contínuo processo de aprendizagem, com o
qual todos os indivíduos e instituições (escola, família, e comunidade) devem estar
envolvidos. Este processo de aprendizagem precisa ser crítico, criativo e político com
preocupação de transmitir conhecimentos a partir da discussão e avaliação feitas
pelo aluno, da sua realidade individual e social, na comunidade em que vive. Ainda
de acordo com Gonçalves (1990), a EA é um processo de aprendizagem que visa
esclarecer conceitos e fomentar valores éticos, com o intuito de desenvolver atitudes
racionais, responsáveis e solidárias entre os seres humanos e o meio ambiente.

A EA pode ser definida, de acordo com Guimarães (1995), como uma


ação interdisciplinar, conduzida para a resolução de problemas locais. Ainda de
acordo com o mesmo autor (1995, p. 28),

[...] a EA é participativa, comunitária, criativa e valoriza a ação. É uma


educação crítica da realidade vivenciada, formadora da cidadania. É
transformadora de valores e atitudes através da construção de novos
hábitos e conhecimentos, criadora de uma nova ética, sensibilizadora
e conscientizadora para as relações integradas ser humano/sociedade/
natureza objetivando o equilíbrio local e global, como forma de obtenção
da melhoria da qualidade de todos os níveis de vida.

Como você pôde perceber, muitas são as definições de EA. Podemos dizer
ainda que há diferentes abordagens da questão ambiental na educação. Para
Brügger (1994, p. 32), por exemplo, “[...] por trás dessas abordagens ou tendências,
existem diferentes pressupostos filosóficos e práticas pedagógicas [...]” no que
tange às questões ambientais. Contudo, não resta dúvida da importância da
EA. Para isso é fundamental a participação da comunidade no que concerne à
construção de valores sociais (moral, ética, dignidade, respeito, solidariedade),
capazes de transformar o comportamento humano em relação ao ambiente
em que vive. A disseminação de conhecimentos e experiências, o engajamento
das comunidades em atividades práticas podem ser um meio de construir ou
reconstruir a cidadania, principalmente no âmbito ambiental.

A partir deste conceito podemos perceber que MEIO AMBIENTE –


EDUCAÇÃO – SOCIEDADE estão intimamente conectados para o estabelecimento
de um processo concreto de EA. A consolidação e a institucionalização da Política
Nacional de EA surgem em virtude da crise ambiental. Portanto, é necessário
que nós, atores sociais, tenhamos conhecimento das leis que regem as políticas
públicas voltadas à promoção da EA.

154
TÓPICO 2 | EDUCAÇÃO PARA O MEIO AMBIENTE

Podemos concluir que a EA pode ser considerada uma ação política no


intuito de promover uma transformação social através da reflexão crítica sobre
os problemas ambientais; uma ação mobilizadora de conhecimentos técnico-
científicos que envolvam várias disciplinas, como uma forma de compreender as
relações socionaturais; uma maneira de privilegiar as diferenças étnico-culturais
dos povos, bem como seus conhecimentos sobre o meio onde estão inseridos;
possibilitar uma consciência ética e participativa dos indivíduos no que concerne
à preservação e conservação do meio ambiente.

De acordo com Guimarães (1995), a EA tem o importante papel de fomentar


a percepção da necessária integração do ser humano com o meio ambiente.
Uma relação harmoniosa, consciente do equilíbrio dinâmico na natureza,
possibilitando, por meio de novos caminhos, valores e atitudes, a inserção
do educando e do educador como cidadãos no processo de transformação do
atual quadro ambiental no nosso planeta. A EA é um meio de conscientizar os
indivíduos dos problemas ambientais, buscando a sua participação ativa

2.1 A EDUCAÇÃO AMBIENTAL NO BRASIL


A EA foi formalmente instituída no Brasil em 31 de agosto de 1981, quando foi
criada a Lei nº 6.938 que dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente (PNMA).
Através dela, estabeleceu-se a inclusão da EA em todos os níveis de ensino, incluindo
a educação da comunidade, com o objetivo de capacitá-la para a participação ativa
na defesa do meio ambiente. É um marco histórico na institucionalização de defesa
da qualidade ambiental no Brasil. “[...] no contexto legal essa foi uma das primeiras
citações inseridas nos princípios de uma lei federal que versa sobre a importância da
EA como componente fundamental para promoção da educação e conscientização
ambiental no Brasil”. (FERREIRA, A., 2008, p. 10).

Até então, muito pouco se havia feito no Brasil sobre EA. Poucas tentativas
de produção e edição de materiais e cursos oferecidos para alguns profissionais
como capacitação. Reforçando a ideia de implementação da EA como política
pública, o termo foi citado na Constituição brasileira de 1988 (capítulo VI, do
Meio Ambiente, art. 225, parágrafo 1º, inciso VI). Segundo ela, cabe ao poder
público “[...] promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a
conscientização pública para a preservação do meio ambiente”.

Outras medidas foram tomadas nos anos seguintes como, por exemplo, a
criação de órgãos públicos diretamente ligados ao meio ambiente. Elas também
contribuíram para a difusão e o aprimoramento da EA. Veja alguns exemplos:

• A Lei nº 7.735, de 22 de fevereiro de 1989, cria o Instituto Brasileiro do


Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) e dá outras
providências.

155
UNIDADE 3 | MEIO AMBIENTE E SAÚDE: PRÁTICAS EDUCATIVAS

• A Lei nº 7.797, de 10 de julho de 1989, cria o Fundo Nacional de Meio Ambiente


e dá outras providências. Segundo o art. 5º desta lei, serão consideradas
prioritárias as aplicações de recursos financeiros em projetos em diferentes
áreas, incluindo a EA.

O Ministério do Meio Ambiente (MMA, 2009) criado em 1992, surge com


a missão de promover a adoção de princípios e estratégias para o conhecimento, a
proteção e a recuperação do meio ambiente, o uso sustentável dos recursos naturais,
a valorização dos serviços ambientais e a inserção do desenvolvimento sustentável
na formulação e na implementação de políticas públicas, de forma transversal e
compartilhada, participativa e democrática, em todos os níveis e instâncias de governo
e sociedade. No âmbito do MMA é criada a Diretoria de Educação Ambiental. E,
em julho desse mesmo ano, o IBAMA instituiu os Núcleos de Educação Ambiental
em todas as suas superintendências estaduais, visando operacionalizar as ações
educativas do processo de gestão ambiental na esfera estadual.

Conforme você deve recordar, a segunda conferência sobre o meio ambiente


aconteceu no Brasil, em 1992, na cidade do Rio de Janeiro e ficou conhecida como a
Eco-92 ou Rio-92. Um dos resultados desta conferência foi a elaboração do Tratado
de Educação Ambiental para as Sociedades Sustentáveis e Responsabilidade
Global. Vejamos alguns dos princípios da EA definidos neste Tratado:

A educação é um direito de todos; somos todos aprendizes e


educadores; a EA deve ter como base o pensamento crítico e inovador,
em qualquer tempo ou lugar, em seus modos formal, não formal e
informal, promovendo a transformação e a construção da sociedade;
a EA é individual e coletiva. Tem o propósito de formar cidadãos com
consciência local e planetária, que respeitem a autodeterminação dos
povos e a soberania das nações; A EA não é neutra, mas ideológica. É
um ato político, baseado em valores para a transformação social; a EA
deve envolver uma perspectiva holística, enfocando a relação entre o
ser humano, a natureza e o universo de forma interdisciplinar; A EA
deve estimular a solidariedade, a igualdade e o respeito aos direitos
humanos, valendo-se de estratégias democráticas e interação entre as
culturas. (TRATADO DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL, 2012).

A partir disso, o país se obrigou a tomar atitudes mais concretas com


relação ao tema e em 1994 foi criado o Programa Nacional de Educação Ambiental
– ProNEA, uma iniciativa do Ministério da Educação e Cultura – MEC – com
outros ministérios, como o do Meio Ambiente – MMA. “O ProNEA previu três
componentes: (a) capacitação de gestores e educadores, (b) desenvolvimento
de ações educativas, e (c) desenvolvimento de instrumentos e metodologias,
contemplando sete linhas de ação” (BRASIL, 2005, p. 25):

• Educação ambiental por meio do ensino formal.

• Educação no processo de gestão ambiental.

• Campanhas de educação ambiental para usuários de recursos naturais.

156
TÓPICO 2 | EDUCAÇÃO PARA O MEIO AMBIENTE

• Cooperação com meios de comunicação e comunicadores sociais.

• Articulação e integração comunitária.

• Articulação intra e interinstitucional.

• Rede de centros especializados em educação ambiental em todos os estados.

Este Programa Nacional de Educação Ambiental foi fundamental para que


em 27 de abril de 1999 fosse criada a Lei n° 9.795, que dispõe sobre a EA e institui
a Política Nacional de Educação Ambiental (PNEA) e dá outras providências,
conforme visto anteriormente.

Portanto, foi a partir dos anos 1990 que a EA ganhou força no Brasil. Nesta
década começaram a ocorrer os primeiros encontros nacionais sobre EA: como
exemplo os fóruns de EA (I, II e III) e muitos outros encontros regionais e locais
espalhados pelo país.

Em 2007 foi elaborada a Lei nº 11.516, de 28 de agosto, que cria o Instituto


Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), tendo como principal
finalidade fomentar e executar programas de pesquisa, proteção, preservação
e conservação da biodiversidade e de educação ambiental nas Unidades de
Conservação da Natureza, previstas na Lei Federal nº 9.985/00. Esta última lei
institui o Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza (SNUC), o
qual tem como um de seus objetivos favorecer condições e promover a educação
e interpretação ambiental, a recreação em contato com a natureza e o turismo
ecológico (capítulo II, art. 4º, inciso XII).

DICAS

Acesse o site <http://www.ambientebrasil.com.br/composer.php3?base=./


educacao/index.php3&conteudo=./educacao/hist_br.html>. Neste endereço você vai
encontrar a história da EA no Brasil desde o século XIX, com a criação do Jardim Botânico
no Rio de Janeiro em 1808, até a Consulta Pública do ProNEA, o Programa Nacional de
Educação Ambiental, que reuniu contribuições de mais de 800 educadores ambientais do
país em setembro de 2004.

Como você pode perceber muitos foram os mecanismos criados com


o intuito de proteção e preservação do meio ambiente. Em vários momentos
relatamos a obrigatoriedade da inclusão de programas de EA em todos os
níveis de ensino, previstos em leis. A partir de agora vamos analisar algumas
contribuições diretamente ligadas ao Ministério da Educação. Vamos em frente!

157
UNIDADE 3 | MEIO AMBIENTE E SAÚDE: PRÁTICAS EDUCATIVAS

2.2 O MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO (MEC) E A


EDUCAÇÃO AMBIENTAL
No tópico anterior, abordamos a implementação e institucionalização da
EA no Brasil por meio das principais leis, apresentadas em sequência cronológica.
Neste tópico vamos analisar a participação do MEC no processo de implementação
da EA como política pública.

Para Guimarães (2000, p. 19) “A palavra ambiental, da expressão educação


ambiental (EA), apenas objetiva e qualifica um processo amplo que é o processo
educacional”. Assim, quando se instituiu a Política Nacional de Meio Ambiente
em 1981 (Lei nº 6.938), e posteriormente a Política Nacional de EA em 1999 (Lei
n° 9.795), ambas dispondo sobre a inclusão da EA em todos os níveis de ensino,
iniciou-se um processo de construção de estratégias para a implantação da EA no
ensino formal e na formação dos professores.

Ainda no ano de 1985, através do Parecer nº 819/85, o MEC apresentou a


necessidade de inclusão de conteúdos ecológicos, no ensino de 1º e 2º graus, para
possibilitar a formação da consciência ecológica do futuro cidadão. (FLORIANO,
2006). Porém, conforme já mencionado, foi na década de 1990 que ocorreram os
principais programas e projetos voltados à consolidação da EA.

Em 14 de maio de 1991, o MEC determinou, por meio da Portaria nº 678/91,


que todos os níveis de ensino deveriam abordar conceitos relativos à EA e foi
enfatizada a necessidade de investir na capacitação de professores. E, pensando
na Conferência da ONU sobre Ambiente e Desenvolvimento que aconteceria
no ano seguinte no Brasil, instituiu, através da Portaria nº 2.421/91, em caráter
permanente, um Grupo de Trabalho de EA (GT-EA). Este grupo tinha como
objetivo definir com as secretarias estaduais de educação as metas e estratégias
para a implantação da EA no país e elaborar a proposta de atuação do MEC na
área da educação formal e não formal. (FLORIANO, 2006).

Passada a Rio-92, o GT-EA, criado em 1991, transforma-se em Coordenação


de EA (CEA). Esta coordenação foi instituída pela Portaria nº 773/93 do MEC,
concretizando as recomendações aprovadas na RIO-92. (FLORIANO, 2006).

Dando sequência aos principais fatos relacionados à participação do MEC


na consolidação da EA, chegamos à publicação dos Parâmetros Curriculares
Nacionais (PCN) para o Ensino Fundamental em 1997. Segundo esta publicação,
um dos objetivos do Ensino Fundamental é que, ao concluí-lo, o aluno seja capaz
de “[...] perceber-se integrante, dependente e agente transformador do ambiente,
identificando seus elementos e as interações entre eles, contribuindo ativamente
para a melhoria do meio ambiente”. (BRASIL, 2000).

Assim, a EA é trazida na condição de tema transversal e vem sendo incluída


nos currículos a partir desta perspectiva. A EA deve ser trabalhada de modo que auxilie

158
TÓPICO 2 | EDUCAÇÃO PARA O MEIO AMBIENTE

os estudantes a construir uma consciência ecológica globalizada, para que estes atores
sociais contribuam de forma efetiva e crítica nas questões relativas à proteção do meio
ambiente e à busca da melhoria na qualidade de vida. (BRASIL, 2000).

Podemos perceber que o uso indiscriminado dos recursos naturais,


a prepotência e a arrogância com que o homem lidou e vem lidando com o
meio ambiente fazem da EA uma estratégia de caráter emergente. As leis que
estipulam multas e outras formas de punição para quem pratica algum tipo de
crime ambiental não foram suficientes para desacelerar o processo de destruição.
Assim, podemos considerar que, aliado a isso, é necessário o processo educativo,
por meio da EA, para formar pessoas conscientes de seus direitos e deveres
perante o coletivo. Portanto, chegamos ao momento de conhecer a emergência de
programas de EA.

3 A EMERGÊNCIA DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL


Diante dos fatos apresentados e da crise ambiental abordada na Unidade
1, quando falamos na emergência da Educação Ambiental (EA), estamos dando a
esse processo de educação o grande desafio de transformar cidadãos passivos e
alheios à situação em grandes defensores do meio ambiente. A mudança no modo
de pensar e agir, fundamentais para reverter a desarmonia entre homem e meio
ambiente, será, em grande parte, conseguida através de um processo efetivo de EA.

Vendo a EA como uma das possíveis estratégias para o enfrentamento da crise


social e cultural que estamos vivendo, Sorrentino et al. (2005, p. 287) relatam que:

A urgente transformação social de que trata a educação ambiental


visa à superação das injustiças ambientais, da desigualdade social,
da apropriação capitalista e funcionalista da natureza e da própria
humanidade. [...] A educação ambiental, em específico, ao educar para
a cidadania, pode construir a possibilidade da ação política, no sentido
de contribuir para formar uma coletividade que é responsável pelo
mundo que habita.

Essa emergência da conscientização “ecológica”, onde sociedade e natureza


não sejam mais vistas como dissociáveis e, sim, como partes intrinsecamente
relacionadas do todo, e da responsabilidade de cada indivíduo perante o coletivo
são condições importantes a serem alcançadas através da EA.

Dada a complexidade dos problemas socioambientais, a EA se apresenta


como um grande desafio, o que implica utilizar novas estratégias de ação e novos
padrões de conduta baseados em uma nova relação ética, com enfoque ambiental.
(BENETTI, 2009).

Seja a EA desenvolvida no âmbito dos currículos escolares, ou de maneira


não formal através de ações de natureza educativa que visem à capacitação dos
indivíduos, tornando-os aptos a agir em defesa da qualidade ambiental, temos a
EA como uma arma importante a ser utilizada contra a crise ambiental.
159
UNIDADE 3 | MEIO AMBIENTE E SAÚDE: PRÁTICAS EDUCATIVAS

DICAS

Sugerimos que você faça a leitura da “Carta do Chefe Seattle”. Em 1854, “o


grande chefe branco” (o presidente) em Washington fez uma oferta por uma extensa área
de território indígena e prometeu uma “reserva” para os índios. A resposta do chefe Seattle,
reproduzida na íntegra neste endereço, tem sido considerada uma das declarações mais
belas e profundas já feitas sobre o meio ambiente. Acesse: <http://boasaude.uol.com.br/lib/
ShowDoc.cfm?LibDocID=3981&ReturnCatID=1773>.

Podemos perceber que uma possibilidade real de reversão da crise


ambiental consiste em promover uma profunda transformação no pensar e no
agir da humanidade, sendo a EA a força propulsora desta transformação. Quando
percebermos que os recursos naturais são parte integrante da nossa vida e não
apenas algo que utilizamos como mercadoria para satisfazer nossas necessidades,
muitas vezes imediatistas, talvez consigamos reduzir em muito nossos impactos
negativos sobre o meio ambiente.

A espécie humana, pela primeira vez na história, pode ter o poder de


contribuir de forma significativa para mudanças globais. Independentemente dos
causadores reais das mudanças climáticas, as consequências da crise ambiental
(aquecimento global, mudanças climáticas com grandes períodos de estiagem ou
chuva excessiva, aumento das doenças, perigo iminente da falta de água potável,
perda da biodiversidade...) podem ser minimizadas. Para tanto, é necessária a
mudança também globalizada de pensamento e atitude por parte da humanidade.
Só assim será possível amenizar os problemas, para garantir a nossa sobrevivência
e assegurar que as gerações futuras tenham um ambiente saudável.

Para concluir nossa reflexão, reescrevemos algumas linhas extraídas da


“Carta do Chefe Seattle”: “[...] Tudo o que acontece à Terra – acontece aos filhos
da Terra. O homem não teceu a teia da vida – ele é meramente um fio dela. O que
quer que ele faça à teia, ele faz a si mesmo [...]”. Pense nisso e seja um ator social
consciente de suas responsabilidades com o coletivo.

4 EDUCAÇÃO AMBIENTAL E SUSTENTABILIDADE


Segundo Paula (2007), sustentabilidade significa atender as necessidades
do presente sem comprometer as possibilidades de as futuras gerações atenderem
as suas próprias necessidades. Esta é uma das definições de sustentabilidade.
Para ser sustentável, qualquer empreendimento humano deve ser ecologicamente
correto, economicamente viável, socialmente justo e culturalmente aceito.
Contudo, esses conceitos, infelizmente, ainda estão longe da prática cotidiana
das pessoas e instituições.

160
TÓPICO 2 | EDUCAÇÃO PARA O MEIO AMBIENTE

Diante da problemática ambiental, podemos dizer que um dos princípios


da EA é proporcionar a toda a sociedade a consciência de adotar comportamentos
e atitudes ambientalmente adequados, possibilitando o desenvolvimento de
estratégias que estejam voltadas para a construção de uma sociedade sustentável,
ou seja, estabelecer padrões que proporcionem uma melhor qualidade de vida.

O Tratado de Educação Ambiental para as Sociedades Sustentáveis e


Responsabilidade Global, assinado pelas ONGs em reunião paralela à Rio-92,
sem dúvida foi muito importante na valorização da educação ambiental. Neste
tratado, de acordo com Guimarães (1995, p. 28),

[...] a EA para uma sustentabilidade equitativa é um processo de


aprendizagem permanente, baseado no respeito a todas as formas
de vida. Tal educação afirma valores e ações que contribuem para a
transformação humana e social e para a preservação ecológica. Ela
estimula a formação de sociedades socialmente justas e ecologicamente
equilibradas, que conservam entre si relações de interdependência e
diversidade. Isso requer responsabilidade individual e coletiva em
níveis local, nacional e planetária.

A reflexão sobre as práticas sociais, em relação à degradação dos


ecossistemas, envolve uma articulação necessária da EA. Não há dúvida da
importância da EA como instrumento da adoção de práticas que visem à
sustentabilidade ambiental e social.

UNI

Levando em conta o estilo de vida da sociedade atual, com valores e atitudes


consumistas, é possível que ocorra a sustentabilidade ambiental? Reflita sobre isso.

Queremos chamar a atenção sobre o nosso papel no que tange à efetivação


de uma EA eficaz e vital. Devemos nos questionar se nossas atitudes diárias
contribuem para que tenhamos um planeta saudável. O que você tem feito para
preservar e conservar os recursos naturais? Vamos deixar este questionamento
para você pensar sobre isso e refletir sobre suas atitudes diárias!

161
UNIDADE 3 | MEIO AMBIENTE E SAÚDE: PRÁTICAS EDUCATIVAS

DICAS

Sugerimos a leitura da obra Educação Ambiental:


Princípios e Práticas, de Genebaldo Freire Dias. Esta obra abarca
informações básicas conceituais sobre a EA, faz um histórico de
suas atividades pelo mundo, sugere mais de cem atividades para
sua prática, bem como fornece subsídios para a ampliação dos
conhecimentos sobre EA. Expõe as diferentes formas legais de ação
individual e comunitária que possibilitam o exercício da cidadania,
visando a uma melhor qualidade de vida.

Dessa forma podemos concluir que a EA é um dos setores mais importantes


do processo educacional, entendido no seu conjunto. Para Ab’Saber (2005),
atualmente existe poluição ambiental ocasionada pelo crescimento econômico,
através do desenfreado consumismo da população das nações desenvolvidas,
assim como existe poluição provocada pela pobreza, em função da dificuldade
dos setores menos privilegiados em encontrar espaços e meios para viver e
sobreviver. Então, no contexto atual, a EA envolve diversos conhecimentos.
Há uma ampla necessidade de conhecer bem e de modo integrado os fatos da
natureza, na tentativa de evitar o fracasso das relações entre o ser humano e a
natureza. Ainda de acordo com o mesmo autor, teríamos que oferecer uma EA
mais adequada, melhor para todos, sem discriminações. Deveríamos pensar em
todos os componentes da pirâmide social, desde o topo até a base.

Assim, o papel da EA, além de proporcionar a conservação e a


preservação do meio ambiente, é praticar a integração saudável do ser humano
a este meio, promover a sustentabilidade de maneira eficaz e urgente, levando
em conta a gravidade da atual crise ambiental. O papel da EA é fazer a interação
socioambiental de forma não apenas na tentativa de salvar o planeta, mas de
conscientização dos valores éticos.

162
RESUMO DO TÓPICO 2

Neste tópico você estudou que:

• A educação ambiental (EA), seja ela formal, não formal ou informal, é uma
forma de educação que procura atingir se não toda, mas grande parte da
população, por meio de um processo pedagógico participativo e permanente.

• Os problemas ambientais e, por consequência, a EA não podem ser tratados de


forma isolada e local.

• O ponto inicial de interesse pela EA foi a Conferência de Estocolmo (1972) –


Conferência de Organização das Nações Unidas sobre o Ambiente Humano.

• A Conferência de Tbilisi é considerada um dos principais eventos sobre a


EA do planeta, definindo seus objetivos e suas características, bem como as
estratégias pertinentes ao plano nacional e internacional da EA.

• A Lei n° 9.795, de 27 de abril de 1999, dispõe sobre a Educação Ambiental,


institui a Política Nacional de Educação Ambiental e dá outras providências: a
EA é um componente essencial e permanente da educação nacional, devendo
estar presente, de forma articulada, em todos os níveis e modalidades do
processo educativo, em caráter formal e não formal.

• A EA não deve ser entendida como um tipo especial de educação. Refere-se a


um longo e contínuo processo de aprendizagem, com o qual todos os indivíduos
e instituições (escola, família e comunidade) devem estar envolvidos.

• A EA é participativa, comunitária, criativa e valoriza a ação. É uma educação crítica


da realidade vivenciada, formadora da cidadania. É transformadora de valores
e atitudes através da construção de novos hábitos e conhecimentos, criadora de
uma nova ética, sensibilizadora e conscientizadora para as relações integradas ser
humano/sociedade/natureza objetivando o equilíbrio local e global, como forma
de obtenção da melhoria da qualidade de todos os níveis de vida.

• MEIO AMBIENTE – EDUCAÇÃO – SOCIEDADE estão intimamente


conectados para o estabelecimento de um processo concreto de EA.

• A EA foi formalmente instituída no Brasil em 31 de agosto de 1981, quando foi


criada a Lei nº 6.938, que dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente
(PNMA).

163
• Constituição brasileira de 1988 (capítulo VI, do Meio Ambiente, art. 225,
parágrafo 1º, inciso VI): cabe ao poder público “[...] promover a educação
ambiental em todos os níveis de ensino e a conscientização pública para a
preservação do meio ambiente”.

• A segunda conferência sobre o meio ambiente aconteceu no Brasil, em 1992, na


cidade do Rio de Janeiro e ficou conhecida como a Eco-92 ou Rio-92.

• MEC: publicação dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) para o Ensino


Fundamental, em 1997.

• PCN: um dos objetivos do Ensino Fundamental é que, ao concluí-lo, o aluno seja


capaz de “[...] perceber-se integrante, dependente e agente transformador do
ambiente, identificando seus elementos e as interações entre eles, contribuindo
ativamente para a melhoria do meio ambiente”.

• Sustentabilidade significa atender as necessidades do presente sem


comprometer as possibilidades de as futuras gerações atenderem as suas
próprias necessidades.

• Diante da problemática ambiental, um dos princípios da EA é proporcionar


a toda a sociedade a consciência de adotar comportamentos e atitudes
ambientalmente adequadas, possibilitando o desenvolvimento de estratégias
que estejam voltadas para a construção de uma sociedade sustentável, ou seja,
estabelecer padrões que proporcionem melhor qualidade de vida.

164
AUTOATIVIDADE

1 Como você definiria a educação ambiental?


__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________

2 Na sua opinião, qual foi o evento e/ou lei mais importante para a consolidação
da EA como política pública? Justifique sua resposta.
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________

3 Que tal fazer uma atividade que nos leve a uma reflexão sobre nossos hábitos
e atitudes? Propomos que liste suas atitudes e/ou hábitos que contribuem
para a preservação e conservação do meio ambiente, assim como ações que
não estão contribuindo. Depois, tente elaborar outra lista com o que você
poderá fazer para contribuir com a qualidade de vida socioambiental.
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________

165
166
UNIDADE 3
TÓPICO 3

METODOLOGIAS DE ENSINO

1 INTRODUÇÃO
Caro acadêmico, neste tópico você terá contato com as metodologias de
ensino que lhe darão subsídios teóricos e, principalmente, práticos para suas
aulas no que tange ao tema meio ambiente e saúde.

Num primeiro momento você estudará o tema de maneira geral, e buscaremos


manter nosso diálogo sobre o método, a práxis pedagógica, as metodologias e as
práticas educativas em relação à educação em saúde e ao meio ambiente.

Na sequência de nosso estudo, você será convidado a conhecer diferentes


estratégias de ensino e aprendizagem através de exemplos práticos que podem
servir de guia para a elaboração de novos projetos.

Estamos chegando ao fim de nossa viagem e, neste momento, você já tem


bastante bagagem adquirida ao longo do percurso e das paradas nas diferentes
estações do conhecimento. Chegamos à estação “metodologias de ensino” e, a partir
de agora, partiremos rumo ao último percurso desta viagem. Prepare sua mente para
mais uma jornada de conhecimento. Vamos lá!

2 PRÁTICAS EDUCATIVAS: MEIO AMBIENTE E SAÚDE


[...] Sou professor pela boniteza de minha própria prática, boniteza
que dela some se não cuido do saber que devo ensinar, se não brigo
por este saber, se não luto pelas condições materiais necessárias sem
as quais meu corpo, descuidado, corre o risco de se amofinar e de já
não ser o testemunho que deve ser de lutador pertinaz, que cansa, mas
não desiste. Boniteza que se esvai de minha prática se, cheio de mim
mesmo, arrogante e desdenhoso dos alunos, não canso de me admirar.

Paulo Freire

Na Unidade 2 de nosso Caderno de Estudos iniciamos o diálogo no que se


refere à educação dos sujeitos, enquanto prática social, especificamente ressaltando
a questão da educação escolar. Como já foi dito, a educação escolar difere dos

167
UNIDADE 3 | MEIO AMBIENTE E SAÚDE:

demais modos de educação por contemplar os conhecimentos sistematizados,


pertencentes ao processo de conhecer significativo. Corroborando Demo (2005,
p. 7), “O contato pedagógico escolar somente acontece quando mediado pelo
questionamento reconstrutivo. Caso contrário, não se distingue de qualquer
outro tipo de contato”.

Sendo assim, a escola, o contexto escolar tem papel fundamental para


apreensão, construção e reconstrução dos conhecimentos sistematizados. Se
assim não for, vira treinamento e esse não é o objetivo da educação escolar.

Para tanto, o papel do professor é fundamental, uma vez que ele é o


mediador do processo ensino-aprendizagem. Sendo mediador, significa que se
apropriou do conhecimento em questão, para que possa dialogar com o mesmo
e estabelecer relações. Isso porque a atividade docente é a prática pedagógica, é
ação. Em suma, “[...] a atividade docente é práxis”. (PIMENTA, 2002, p. 83).

Práxis significa ação. Ação essa em que “[...] educador e educando aprendem
juntos numa relação dinâmica na qual a prática, orientada pela teoria, reorienta essa
teoria, num processo de constante aperfeiçoamento”. (GADOTTI, 2001, p. 253).

Relação essa – teoria e prática – indissociável e intrínseca uma à outra. Nesse


sentido a teoria é envolta pela Pedagogia (conhecer e estabelecer finalidades) e a
prática pela educação em si (atividade prática, ação = práxis). (PIMENTA, 2001).
Para que essa relação se efetive no contexto escolar, o diálogo entre os envolvidos
no processo educativo é fundamental, dentre eles, educador e educando.

Diálogo e relação essa em prol da formação de sujeitos críticos, reflexivos


e cidadãos, que significa “[...] Desenvolver, desde cedo, a capacidade de pensar
crítica e autonomamente, desenvolver a capacidade de cada um tomar suas
decisões é papel fundamental da educação para a cidadania”. (GADOTTI, 2004,
p. 30, grifo nosso).

Educar para a cidadania contempla competências. Competências envoltas


pela questão do ensinar, quais sejam:

• O PROFESSOR QUE DESPERTA.

• O PROFESSOR QUE DIALOGA E PROBLEMATIZA.

• O PROFESSOR QUE CONSCIENTIZA.

• O PROFESSOR QUE INSTIGA O PENSAMENTO.

• O PROFESSOR QUE INSTIGA A TOMADA DE DECISÕES.

• O PROFESSOR QUE SE COMUNICA.

168
TÓPICO 3 | METODOLOGIAS DE ENSINO

O tópico em questão preconiza as metodologias de ensino. O diálogo que


estabelecemos anteriormente contribui para o entendimento do que seguirá a
partir desse momento. Dialogaremos com a questão do método, das metodologias
possíveis e as práticas educativas no que concerne especificamente à educação em
saúde e ao meio ambiente.

Partindo do começo... O que é método? Método é o caminho para atingir


um objeivo. E método de ensino? É o conjunto de ações, passos, condições externas
e procedimentos que o educador utiliza para alcançar seus objetivos no processo
educativo. Os métodos de ensino expressam a relação entre conteúdo e método.

O método de ensino, pois, implica ver o objeto de estudo nas suas


propriedades e nas suas relações com outros objetos e fenômenos e sob
vários ângulos, especialmente na sua implicação com a prática social,
uma vez que a apropriação de conhecimentos tem a sua razão de ser
na ligação com necessidades da vida humana e com a transformação
da realidade social. (LIBÂNEO, 1994, p. 151).

Método de ensino não é apenas um conjunto de procedimentos
(procedimento faz parte do método). A escolha referente aos métodos de ensino
pauta-se na unidade entre objetivos-conteúdos-métodos. E, para tanto, não há um
único método de ensino, o qual dependerá dos conteúdos, das situações didáticas
específicas, das características socioculturais e do desenvolvimento dos educandos.

Os métodos de ensino apresentam três modalidades básicas (VILARINHO,


1985, p. 52):

• Métodos de ensino individualizado: a ênfase está na necessidade de se atender


as diferenças individuais, como, por exemplo: ritmo de trabalho, interesses,
necessidades, aptidões etc., predominando o estudo e a pesquisa.

• Métodos de ensino socializado: o objetivo principal é o trabalho de grupo,


com vistas à interação social e mental proveniente dessa modalidade de tarefa.
A preocupação máxima é a integração do educando ao meio social e a troca de
experiências significativas em níveis cognitivos e afetivos.

• Métodos de ensino socioindividualizado: procura equilibrar a ação grupal e


o esforço individual, no sentido de promover a relação do ensino ao educando
e ao meio social.

A escolha do método de ensino deve pautar-se em pontos chaves, tais como:

- A necessidade de que o aluno tenha participação ativa no processo ensino-


aprendizagem.

- Cada atividade tem um potencial pedagógico diferente e limitações específicas.

- Não se pode oferecer uma receita didática, mas apenas conceitos e tipologias.

- Critérios de escolha a ser considerados, conforme a figura a seguir:

169
UNIDADE 3 | MEIO AMBIENTE E SAÚDE:

FIGURA 40 – ESCOLHA DE ATIVIDADES DIDÁTICAS


OBJETIVOS
EDUCACIONAIS
EXPERIÊNCIA ESTRUTURA DO
DIDÁTICA ASSUNTO E TIPO
DO DE APRENDIZAGEM
PROFESSOR ENVOLVIDO

CONTRIBUIÇÕES E
ETAPA NO
LIMITAÇÕES DAS
PROCESSO
ATIVIDADES DE
DE ENSINO
ENSINO

ACEITAÇÃO E
TEMPO
EXPERIÊNCIA DOS
DISPONÍVEL
ALUNOS

FACILIDADES
FÍSICAS

FONTE: Piletti, 2006.

Nesse contexto participam também os chamados recursos de ensino –


componentes do ambiente de aprendizagem (estimulação para o aluno). Eles
podem ser classificados em:

• Recursos visuais (projeções, cartazes, gravuras).

• Recursos auditivos (rádio, gravações).

• Recursos audiovisuais (cinema, televisão).

• Recursos humanos (professor, alunos, comunidade escolar como um todo).

• Recursos materiais:

a) Ambiente: natural (água, folha, pedra etc.); escolar (quadro, giz, cartazes etc.).

b) Comunidade: bibliotecas, indústrias, lojas, repartições públicas etc.

Tanto a escolha do método de ensino, quanto do recurso de ensino dar-se-


ão no processo de construir, planejar e, para tanto, o planejamento do professor é
de suma importância. Para o feitio do planejamento, questionamentos básicos se
fazem necessários:

• O que pretendo alcançar?

• Em quanto tempo pretendo alcançar?

170
TÓPICO 3 | METODOLOGIAS DE ENSINO

• Como posso alcançar isso que pretendo?

• O que fazer e como fazer?

• Quais os recursos necessários?

• O que e como analisar a situação a fim de verificar se o que pretendo foi


alcançado?

Apresentamos a seguir possibilidades de metodologias e técnicas para


contribuição significativa no processo ensino-aprendizagem:

QUADRO 2 – MÉTODOS DE ENSINO

Modalidades Básicas Técnicas Aplicações

Estimular método de estudo e


pensamento reflexivo. Levar
Estou dirigindo à autonomia intelectual.
Atender a recuperação de
estudos.
Revisão e enriquecimento de
Ensino por fichas
conteúdos.
Apresentação de informações
em pequenas etapas e
Individualizando Instrução programada sequência lógica.
Permite que o aluno caminhe
no seu ritmo próprio.
Leva o estudante à
responsabilidade no
desempenho das tarefas
Ensino por módulos propostas.
Ou Caderno Exploratório Propõe ao aluno os objetivos
a serem atingidos e variadas
atividades para alcançar esses
objetivos.

171
UNIDADE 3 | MEIO AMBIENTE E SAÚDE:

Modalidades Básicas Técnicas Aplicações


Visa à obtenção de informações
específicas.
Oportuniza o desenvolvimento
Técnica de Entrevista de diversas habilidades;
comunicação, interpretação e
registo.
Aplicar o pensamento
reflexivo. Descobrir soluções
Técnica de solução de alternativas para determinado
problemas problema.
Individualizando Utilizar criativamente sua
capacidade.
Desenvolver o pensamento
reflexivo.
Apresentar situações da
vida em que ele deva tomar
Estudo de Caso decisões.
Propiciar situações de vida
em que analisando dados
desenvolva a capacidade de
discernimento.
Troca de ideias e opiniões face
Discussão em pequenos
a face.
grupos
Resolução de informações.
Estudo de casos
Tomada de decisões.
Revisão de assuntos.
Discussão 66 ou Phillips 66 Estímulo à ação.
Troca de ideias e conclusão.
Definir pontos de acordo e
Socializado desacordo.
Painel Debate, consenso e atitudes
diferentes (assuntos
polêmicos)
Troca de informações.
Integração total (das partes
Painel integrado num todo).
Novas oportunidades de
relacionamento.

172
TÓPICO 3 | METODOLOGIAS DE ENSINO

Grupo de cochicho Máximo de participação individual.


Troca de informações.
Funciona como meio de incentivação.
Facilita a reflexão.

Discussão dirigida Solução conjunta de problemas.


Participação de todos os envolvidos no
processo.

Brainstorming Criatividade (ideias originais).


Participação total e livre.

Seminário Estudo aprofundado de um tema.


Coleta de informações e experiências.
Pesquisa, conhecimento global do tema.
Reflexão crítica.
Simpósio Divisão de um assunto em partes para estudo.
Apresentação de ideias de modo fidedigno.
O grupão faz a conferência do que foi
apresentado.
GVGO ou Grupo na Berlinda Verbalização. Objetividade na discussão de
ideias. Capacidade de análise e síntese.

Entrevista Troca de informações. Apresentação de fatos,


opinões e pronunciamentos importantes.

Diálogo Intercomunicação direta. Exploração em


detalhe, de diferentes pontos de vista.
Palestra Exposição menos fomal de ideias relevantes.
Sistematização do conteúdo. Comunicação
direta com o grande grupo.
Dramatização Representação de situações da vida real.
Melhor rendimento e compreensão dos
elementos.

173
UNIDADE 3 | MEIO AMBIENTE E SAÚDE:

Analisar e avaliar um fato


propostocom objetividade e
realismo.
Criticar construtivamente
Júri Simulado
uma situação determinada.
Dinamizar o grupo para
estudar profundamente um
tema real.
Auxiliar o grupo a enfrentar
um assunto controvertido.
Reproduzir, frente a um
grande grupo, o método
Painel ou Mesa-Redonda de discussão dos pequenos
grupos.
Reunir um grupo de pessoas
para juntas buscarem soluções
para um dado problema.
Debater um tema ou
problema determinado.
Obter de maneira informal
Fórum ideias, opinões de todos os
integrantes de um grupo.
Propiciar um rápido
levantamento de opiniões.
Realiza algo de concreto.
Incentiva a resolução de
problemas sugeridos pelos
Métodos de Projetos
alunos. Exige trabalho
em grupo e atividades
individuais.
Desenvolve o pensamento
Método de Problemas reflexivo. Desenvolve o
pensamento científico.
Aplicação do conceitos
Sócio-Individualizado teóricos na prática.
Unidades de Experiências Permite ao aluno uma análise
critica e a reconstrução da
experiência social.
Desenvolve o gosto pelo
estudo científico. Leva o aluno
a distinguir a pesquisa pura
Pesquisa como prática
da aplicada. Utiliza-se de
educativa
diversas técnicas de coleta de
dados. Utiliza-se do método
científico.

FONTE: As autoras

174
TÓPICO 3 | METODOLOGIAS DE ENSINO

Ao dialogar sobre os métodos de ensino não podemos deixar de destacar


o método de projeto. O projeto contempla questões como:

• Vivência e experiência.

• Pensamento criativo.

• Capacidade de observação.

• Cooperação.

• Oportunidade de comprovação das ideias.

• Iniciativa.

• Autoconfiança.

• Senso de responsabilidade.

O processo de construção dos projetos não é espontaneísta, mas sim


planejado, pensado e mediado pelos professores, na relação e troca direta com os
alunos. Os projetos contemplam a seguinte estrutura:

• TEMA E PROBLEMA

• JUSTIFICATIVA

• OBJETIVOS

• METODOLOGIA

• CRONOGRAMA

• REFERÊNCIAS

Refletindo... Leia o fragmento de texto a seguir:

175
UNIDADE 3 | MEIO AMBIENTE E SAÚDE:

TEXTO DE PAULO FREIRE

Tinha chovido muito toda noite. Havia enormes poças de água nas partes
mais baixas do terreno. Em certos lugares, a terra, de tão molhada, tinha virado
lama. Às vezes, mais do que escorregar, os pés se atolavam na lama até acima
dos tornozelos. Era difícil de andar. Pedro e Antônio estavam a transportar,
numa camioneta, cestos cheios de cacau, para o sítio onde deveriam secar.

Em certa altura perceberam que a camioneta não atravessaria o atoleiro


que tinham pela frente. Pararam, desceram da camioneta, olharam o atoleiro,
que era um problema para eles. Atravessaram a pé uns dois metros de lama,
defendidos pelas suas botas de cano longo. Sentiram a espessura do lamaçal.
Pensaram. Discutiram como resolver o problema. Depois, com a ajuda de
algumas pedras e de galhos secos de árvores, deram ao terreno a consistência
mínima para que as rodas da camioneta passassem sem atolar. Pedro e Antônio
estudaram. Procuraram compreender o problema que tinham de resolver e,
em seguida, encontraram uma resposta precisa. Pedro e Antônio estudaram
enquanto trabalhavam. Estudar é assumir uma atitude séria e curiosa diante
de um problema.

FONTE: Freire apud Piletti (2006, p. 60-61).

Planejar é estudar: analisar, discutir, decidir e agir! Para tanto, a confecção


do plano de aula é fundamental. Retomando as questões da didática, o plano de
aula contempla as seguintes partes:

- UNIDADE DIDÁTICA

- OBJETIVOS ESPECÍFICOS

- CONTEÚDOS

- NÚMERO DE AULAS

- METODOLOGIA

- RECURSOS

- AVALIAÇÃO

176
TÓPICO 3 | METODOLOGIAS DE ENSINO

FIGURA 41 – PLANO DE AULA

FONTE: As autoras.

Compreendendo, a partir dos diálogos anteriormente estabelecidos –


ensino, teoria, prática, educador, educando, metodologias de ensino, projetos,
plano de ensino – apresentaremos possibilidades de atividades pedagógicas,
de ações pedagógicas no que se refere à educação em saúde e meio ambiente.
Não se trata aqui de apresentar receitas prontas e acabadas para a temática em
questão, mas, sim, elucidar práticas pedagógicas significativas nesse sentido. Os
exemplos aqui apresentados contribuirão para novas ideias e possibilidades para
o contexto escolar.

2.1 ATIVIDADES PEDAGÓGICAS: SAÚDE


Os exemplos compilados a seguir referem-se aos projetos pedagógicos
desenvolvidos por professores de Educação Infantil e Ensino Fundamental, nos
anos de 2005 a 2007. Eles estão contemplados em: FERNANDES, Adelaide et al.
Práticas pedagógicas de educação em saúde. Rio do Sul: Nova Era, 2008, p. 60-
106. Vamos a eles!

177
UNIDADE 3 | MEIO AMBIENTE E SAÚDE:

A SAÚDE DO MEU CENTRO EDUCACIONAL

Instituição: Centro Educacional Prefeito Matheus Alves Conceição

Objetivo: o módulo I nos coloca a importância da saúde bucal dentro


da unidade, o educar para saúde é o mais importante no controle de doenças
dentárias. Diante disso, nosso trabalho deverá ser diferenciado na construção
de um ambiente saudável para o convívio, a aprendizagem e o trabalho.

Conteúdo: estamos atentos à proteção, à contaminação, cuidado com


os dentes, sono e repouso são prioridades em nossas unidades. Dentro de cada
proposta podemos trabalhar a multidisciplinaridade.

Estratégia: porta-escovas, desenhos, teatro, vídeos, colagens, jogos,


entre outros são métodos que podem ser usados dentro de sala de aula.

HIGIENE E SAÚDE BUCAL

Instituição: Centro Educacional Ubrich Hübsch

A saúde é definida como um estado de bem-estar físico, mental e social.


Em odontologia, a saúde oral caracteriza-se por grande parte de seus esforços
para evitar doenças como a cárie dentária, que é a mais frequente encontrada
em nossas crianças. As experiências de fazer com as crianças os procedimentos
possíveis de execução no ambiente escolar como escovação, revelação de placa
bacteriana, por exemplo, podem ter significados importantes na aprendizagem
da criança, pois é vendo o outro fazer e praticando que a criança aprende. Sendo
assim, o Centro Educacional Ulrich Hübsch vem, através desse projeto contínuo,
conscientizar as nossas crianças e suas famílias sobre a importância e a necessidade
de bons hábitos de higiene bucal e corporal para se ter saúde, evitando problemas
maiores no futuro. Uma grande razão para nos preocuparmos com os nossos
dentes é a sua relação com a saúde de nosso corpo como um todo. Em outras
palavras, “dente bem cuidado” também pode ser sinônimo de saúde, assim
como dentes em mau estado podem provocar ou agravar uma série de doenças
em certos órgãos do nosso corpo, como, por exemplo: coração, olhos, ouvidos etc.
Isto ocorre porque nossos dentes estão ligados ao restante do nosso organismo
pela corrente sanguínea. Também devemos lembrar que os dentes não vivem
isoladamente na boca, mas estão ligados diretamente a outros órgãos formando
uma família. As metodologias utilizadas foram: textos, pesquisas, visita ao
gabinete odontológico, cartazes, maquetes, entrevistas, gráficos, textos coletivos
sobre o que as crianças mais gostaram no projeto. A avaliação e a reflexão constante
de todos os segmentos que constituem o processo ensino-aprendizagem são
uma forma de superar as dificuldades, retomando, reavaliando, reorganizando
e reeducando os envolvidos com a construção do conhecimento, esse processo
se dá através da interação e mediação. Avaliar passa a ser um processo contínuo,
observando a capacidade de construção do conhecimento do educando.

178
TÓPICO 3 | METODOLOGIAS DE ENSINO

CONHECENDO-ME ATRAVÉS DO CORPO

Instituição: Centro de Educação Infantil Navegantes

O presente projeto tem como finalidade incentivar a importância do


conhecimento, da comunicação e da expressão do corpo, na personalidade da
criança. A partir do momento que nos conhecemos, dominamos, sentimos,
aceitamos e respeitamos, temos condições de perceber o mundo que nos cerca
com mais clareza. A criança desde cedo vive experiências passando a perceber-
se a si própria e aos outros. E nesse tipo de experiência na Educação Infantil
constrói-se a identidade e autonomia da criança, adquirindo o conhecimento e
desenvolvimento em diferentes situações na vida. Sua construção é gradativa
e se dá por meio de interações sociais estabelecidas pela criança. No universo
inicial da criança, alargam-se possibilidades ao conviver com outras crianças e
com adultos de origens e hábitos culturais diversos, ao aprender várias e novas
brincadeiras envolvendo-se com seu corpo e com o corpo de seus colegas.
A imagem, “o espelho [é] um importante instrumento para a construção da
identidade”. Por meio das brincadeiras a criança conhece e reconhece o seu
corpo. Nesta faixa etária de 3 a 4 anos a criança aprimora sua imagem corporal,
diferenciando o “eu” do outro e construindo sua identidade. Este projeto procura
potencializar a criança a descobrir e conhecer o seu próprio corpo, dando
importância a cada parte dele, sendo também tema para estudar outras áreas
do conhecimento, em interdisciplinaridade. “Toda atividade que utiliza o corpo
da criança, dando importância como instrumento de ensino, seja manipulando
objetos, ou realidades de experiências, desenvolve as áreas sensório-perceptivo-
motoras indispensáveis à aprendizagem. Pode-se dizer que o dado mais concreto,
real e permanente é que a criança possui o seu próprio corpo, e é nele que ficam
registradas todas as experiências, as sensações e os sentimentos. O corpo é o
ponto de referência para qualquer aprendizado”. (FISCHER, Juliane).

ALIMENTAÇÃO, VIDA E SAÚDE

Instituição: Centro Educacional Roberto Machado

O presente trabalho tem como finalidade educar para a saúde, buscando


meios que levam os alunos a criar bons hábitos de alimentação, cultivando
aspectos saudáveis no seu dia a dia. Diante desta proposta, em primeiro lugar
deixaremos os alunos manifestar suas opiniões sobre o assunto, a partir das
quais daremos continuidade ao trabalho. Sabendo-se que ensinar e aprender
não podem se resumir ao simples fato de o professor transmitir conhecimento
e o aluno ser mero receptor, os educandos serão agentes participativos na
elaboração deste projeto. As situações do cotidiano dos alunos são tomadas
como ponto de partida para as posteriores discussões dos conteúdos, tendo como
referência o conhecimento prévio dos alunos, tanto nas suas vivências pessoais
dentro como fora da escola. Para isso partiremos para pesquisas, elaboração
de conceitos, cartazes, jogos, livretos, informativos, entrevistas, filmes,
visitas, sempre voltados ao tema abordado, enfatizando a importância que a

179
UNIDADE 3 | MEIO AMBIENTE E SAÚDE:

alimentação exerce na vida humana, tornando-se essencial e indispensável para


o desenvolvimento saudável do corpo e da mente. As atividades relacionadas
à temática, além de serem trabalhadas em diferentes níveis de dificuldades,
visto que o trabalho será realizado por alunos de diferentes faixas etárias, será
socializado entre as turmas do 2º ao 5º ano do Ensino Fundamental, com o
objetivo de ampliar o conhecimento dos educandos. Conclui-se, portanto, que
é necessário educar para promover atitudes positivas na formação de hábitos
e posturas alimentares que, consequentemente, refletirão nas atitudes dos
alunos, da família e da sociedade. A educação é o melhor alimento.

BRINCANDO E APRENDENDO JUNTAMENTE COM A


ALIMENTAÇÃO E A SAÚDE

Instituição: Centro Educacional Dr. Romão Trauczynski

Brincando e aprendendo juntamente com a alimentação e a saúde bucal


no dia a dia das crianças deve ser um novo método de ensino trabalhado em
conjunto com a escola e a família. Assim se dá um novo rumo ao cotidiano que
atualmente se resume em brincar e frequentar um centro educacional, pois é
inerente à idade que seja assim. Quando brinca, a criança está adentrando o
mundo dos adultos e, consequentemente, imitando-os. Desta forma as crianças
estão preparando-se para o futuro, buscando significados para os atos dos
adultos. Para a criança o ato de brincar é mais que um simples passatempo,
é através das experiências vivenciadas no ato de brincar que ela situa-se e
adentra um mundo novo, um mundo de significado por vezes um tanto
obscuro. Quando vemos uma criança repetir inúmeras vezes uma determinada
brincadeira, precisamos entender que para ela é a maneira mais eficaz de
encontrar o significado almejado e necessário para seu desenvolvimento.
Durante o desenvolvimento psicomotor, as crianças desenvolvem suas
habilidades, motoras, psíquicas; é através de brincadeiras carregadas de
significados que ocorrem as sinapses (conexões nervosas entre os neurônios)
que servirão de base na vida adulta. A escola, ciente desse fato, e nós, na
qualidade de educadores, devemos ter sensibilidade ao detectar as brincadeiras
que podem ser utilizadas para: a) ensinar conceitos e criar o hábito de uma boa
alimentação e saúde bucal; b) interiorizar uma nova consciência nas crianças
e consequentemente nas famílias e na sociedade como um todo; c) construir
conhecimentos através de jogos e brincadeiras; d) criar o hábito e manter a
disciplina de escovação diária. Percebemos atualmente em nossa sociedade
muitas doenças que ocorrem devido a hábitos errados na alimentação, que sem
sombra de dúvidas foram aprendidos e interiorizados em tenra idade. Esta
constatação nos obriga a repensar nossas atitudes em sala de aula e buscar
fontes alternativas de construir os conceitos e o saber, visando a uma melhora
na qualidade de vida de nossos futuros cidadãos (atualmente nossos pequenos
alunos). Muitos destes atos e hábitos são apreendidos em nossas famílias, por
meio de imitação e da observação das pessoas mais velhas de nossa casa. O
ambiente familiar, quando equilibrado e bem estruturado, propicia momentos

180
TÓPICO 3 | METODOLOGIAS DE ENSINO

de lazer e agradável espaço para a aprendizagem. Até há pouco tempo


acreditava-se que nossos mestres e educadores, ou seja, nossos professores,
eram responsáveis pela educação de nossos filhos; mas está comprovado
que tanto a escola como a família possuem vital importância no processo de
apreensão e transmissão do conhecimento. No ambiente escolar podemos
produzir de modo formal e sistematizado uma parte do ambiente familiar e
assim ensinar conceitos e bons hábitos alimentares e de saúde bucal. O ato de
brincar e aprender caminha juntamente com a alimentação e a saúde bucal. [...]
as estratégias utilizadas pelo professor neste projeto foram várias brincadeiras,
utilizando jogos, tais como: boliche, jogo da memória, amarelinha, dominó
amigo dos dentes. [...]

A IMPORTÂNCIA DA BOA ALIMENTAÇÃO

Instituição: Escola de Educação Básica Professor Frederico Navarro Lins

A alimentação é usualmente tema de interesse das pessoas, porém, na


prática, percebe-se que poucas apresentam comportamento alimentar sadio,
quer seja por falta de conhecimento, quer seja por influência social e cultural dos
meios de comunicação. O consumo exagerado de determinados alimentos em
detrimento de outros mais necessários à saúde tem gerado níveis preocupantes
de desnutrição e de casos de obesidade na infância. Também é importante
ressaltar que uma boa alimentação é indispensável para a boa formação dos
dentes, ou seja, alimentação saudável desde a infância significa qualidade de
vida. “Saúde é um estado de completo bem-estar físico, mental e social, e não
meramente, ausência de doença.” (OMS).

Objetivos: reconhecer a importância de uma alimentação equilibrada


para a manutenção da saúde; levar os alunos a perceberem os próprios hábitos
alimentares e modificar alguns; saber que a alimentação aliada à prática
de esportes é fator essencial de vida saudável e corpo sadio; oportunizar aos
alunos o contato com a horta escolar; propor atividades que possam viabilizar
o plantio, a colheita, o preparo e o consumo de alimentos; compreender o que
vem a ser saúde e que esse estado é condicionado por vários fatores de ordem
física, mental e social; saber que os alimentos precisam ser transformados pelo
corpo em nutrientes, com os quais são obtidos os materiais e a energia que uma
pessoa necessita; saber que uma boa digestão envolve uma boa mastigação;
reconhecer os dentes molares, incisivos e caninos e saber para que servem os
dentes; reconhecer que a saúde dos dentes está associada a hábitos de higiene
(escovação) e que dessa forma é possível prevenir a formação de cáries;
reconhecer a responsabilidade de cada um na aquisição de hábitos saudáveis
de vida; formular questões e propor soluções para problemas reais; pesquisar
sobre frutas nativas e outras; conhecer vida e obra de Tarsila do Amaral e
Jorcely S. Mendonça.
Conteúdos: alimentos para ter saúde e crescer; por que você precisa

181
UNIDADE 3 | MEIO AMBIENTE E SAÚDE:

comer?; alimentar-se bem; dieta balanceada; pirâmide alimentar; o que é


obesidade; o que é educação alimentar; o paladar e os alimentos; o sistema
digestório; mastigação e dentes; para que servem os dentes; cuidados com
o corpo; diversidade étnica; alimentação também é cultura; alimentos e
nutrientes; vitaminas e suas funções; higiene alimentar e seus benefícios;
doenças transmitidas por alimentos; alimentos obtidos de plantas, de animais
e alimentos minerais; os vários usos das plantas, as diversidades; como
trabalhar em uma horta; educação fiscal.

Estratégias: confecções de livros e cartazes; pesquisa com familiares e


entrevista com colegas sobre preferência alimentar; gráficos sobre frutas e verduras
preferidas; criação de um painel de pinturas feitas com frutas nativas pintadas;
releitura da obra “Natureza Morta” – 1923 – de Tarsila do Amaral; releitura da
obra “Natureza Morta” de Jorcely S. Mendonça com papietagem, desenho
e pintura; releitura da obra “Feira” de Tarsila do Amaral, usando modelagem
com massinha sobre papelão (alto relevo); criação, pelos alunos, de um arranjo
com frutas; acrósticos; paródias; teatro; pesquisas; confecção e distribuição de
panfletos; trabalhos na horta escolar; colheita, preparo e degustação de alimentos;
vídeo “Como cuidar bem dos dentes”; música; adivinhações; produção de
textos; confecção de uma boneca para trabalhar todo o corpo com relatórios da
higiene pessoal; conversa com pais sobre a escovação; visita mensal do dentista
e da assistente para orientações, diagnósticos, revelação de placas e escovação;
palestra com nutricionista; coletânea de quadrinhas sobre as frutas.

Avaliação: a avaliação foi feita pelos professores e alunos em todas as


etapas das atividades desenvolvidas de maneira investigativa e diagnóstica,
respeitando a maneira de como o aluno constrói seu conhecimento, tendo o
erro como ponto de reflexão na busca de soluções e alternativas para que haja
a construção do conhecimento.

A IMPORTÂNCIA DA HIGIENE NA SAÚDE DA CRIANÇA

Instituição: Centro de Educação Infantil Prefeito Danilo Lourival Schmidt

O presente projeto tem como finalidade despertar o interesse para a


importância dos hábitos de higiene, bem como ter consciência que determinadas
atitudes e procedimentos básicos de higiene são de suma importância para a
manutenção da saúde e prevenção de doenças. Considerando as especificidades
afetivas, sociais e cognitivas de cada criança, a qualidade das experiências
oferecidas pode contribuir para o desenvolvimento de cada uma, pois primar
pela saúde integral da criança é uma constante preocupação dos profissionais que
atuam na Educação Infantil. Por isso possibilitamos a ampliação desses cuidados,
contribuindo para que a criança adquira hábitos de cuidado com o próprio
corpo, de descanso, higiene mental, alimentação, entre outros, valorizando assim
a saúde social e coletiva. Sabemos que o cuidar e o educar são indissociáveis
e através de ações contínuas contribuímos para a formação da personalidade

182
TÓPICO 3 | METODOLOGIAS DE ENSINO

da criança, do autocuidado, autonomia, auxiliando no desenvolvimento da


qualidade de vida de cada um. Proporcionamos um ambiente de cuidados que
considere as necessidades das diferentes faixas etárias e das famílias, integrando
o conhecimento entre pais e escola, sistematizando uma comunicação regular.
A participação das famílias é essencial para o sucesso dos projetos propostos
pela unidade. A criança transforma o meio em que vive e se modifica nessa
transformação através de suas particularidades. Partindo desse pressuposto e
respeitando o jeito próprio de cada criança, iniciamos um trabalho de investigação
para o autocuidado e o autoconhecimento onde o lúdico se fez presente em todas
as atividades. Foram realizadas atividades com as crianças em frente ao espelho
para identificarem as partes do seu corpo, identificarem os colegas e perceberem
as diferenças e semelhanças entre eles. Também realizaram movimentos com
a língua e identificação dentária, pois o espelho é um importante instrumento
para a construção da identidade. Fizemos um faz de conta com jornal, onde se
reproduziu o hábito do banho diário e como ele deve ser realizado nas diversas
partes do corpo para prevenir algumas doenças que são causadas pela falta do
banho. Confeccionamos o mural da higiene com os produtos necessários para
a higiene diária, mural da escovação, para identificação dos produtos nela
utilizados, mural da alimentação, pois a alimentação faz parte do processo
educativo e é uma parte importante do desenvolvimento infantil. É ela que
fornece os nutrientes necessários para um crescimento saudável, e é importante
que a criança perceba a necessidade de ingerir uma diversidade de alimentos
(o colorido). Houve contação de histórias para o desenvolvimento da atenção,
concentração e imaginação. Ensinamos cantigas sobre alimentação e escovação,
que a criança acompanha com os movimentos do corpo, tais como: palmas,
danças e sons. É a partir dessa relação entre o gesto e o som que a criança,
ouvindo, cantando, imitando, dançando, constrói seu conhecimento sobre a
música. A música contribui para o enriquecimento da linguagem da criança
e favorece a socialização, o desenvolvimento de seu senso de ritmo e o uso do
corpo de maneira expressiva. Escovação e alimentação que fazem parte da rotina
diária têm grande importância para que adquira esses hábitos. Banho em bonecas
serve para estímulo do hábito diário e percepção da temperatura através do tato.
Recorte e colagem sobre o corpo humano estimulam a criatividade da criança
para iniciar as suas produções. Conversas diárias para facilitar a memorização
da importância dos hábitos. Garrafas coloridas para percepção de cores e
formas e teatro de bonecos que envolveram o Centro de Educação Infantil todo,
trabalhando através do diálogo como deve ser feita a escovação, os cuidados
para uma alimentação adequada e a importância do hábito da escovação. No
decorrer deste projeto o desenvolvimento das atividades propostas possibilitou
uma aprendizagem efetiva e transformadora de atitudes e hábitos de higiene,
mas também percebemos que as ações educativas preventivas não têm um fim
em si: são um processo lento e contínuo, e não basta à criança se interessar pelo
conteúdo no momento proposto. Esse interesse deve ser incentivado para que
perdure por toda sua vida.
SUGESTÃO DE ATIVIDADE: PESQUISANDO A

183
UNIDADE 3 | MEIO AMBIENTE E SAÚDE:

MEMÓRIA DO AMBIENTE

Muitas vezes os temas ambientais foram tratados de forma muito


geral, como se existissem fora do tempo e do espaço, sem história. Ideias soltas
e descontextualizadas como: “devemos amar a natureza”, “as plantas são
importantes” ou “o verde é bom”, não dizem nada a ninguém, não instigam a
pensar. Uma das melhores maneiras de evitar que a EA fique pairando nas
ideias gerais é enraizá-la na concretude do tempo histórico e no espaço social.
Assim, que tal propor uma pesquisa que vise recuperar a história natural e
social do lugar onde atua o educador e onde vivem os educandos? Isso pode
ser feito de vários modos, tais como:

• escutando histórias dos mais velhos sobre como era o lugar no passado;

• pesquisando na história escrita as transformações sociais e ambientais ali


ocorridas desde as primeiras ocupações da região;

• consultando antigos documentos e jornais em busca de opiniões e disputas


que envolveram diferentes visões da natureza e do uso dos bens ambientais;

• investigando os modos de vida que conviveram ali em tempos passados


(em harmonia ou em conflito) e deixaram alguma marca na paisagem e nos
costumes do lugar.

EXPLORANDO OS MOVIMENTOS DO MEU CORPO

Instituição: Centro Educacional Daniel Maschio

OBJETIVO GERAL: Vivenciar uma proposta metodológica que


possibilite a aprendizagem do bebê, através de estímulos e observações, assim
ajudando a formar a sua personalidade e desenvolvendo seus sentidos.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS: Oportunizar um ambiente prazeroso,


significativo e estimulador; propiciar situações prazerosas com o bebê; procurar
desenvolver a capacidade de expressar seu pensamento e suas emoções;
desenvolver a coordenação dos grandes e pequenos músculos; interagir com
os outros bebês e com os adultos; desenvolver o autoconceito; fazer com que
se sinta aceito e compreendido; descobrir e construir o conhecimento da
realidade física e social que o cerca; propiciar possibilidades para o bebê sentir,
perceber, conhecer e organizar as sensações do seu corpo em relação ao mundo
que o cerca; despertar a curiosidade; promover passeio de modo que o bebê
aprenda coisas novas; massagens, o toque estimula o bebê a expressar seus
sentimentos, prazer, raiva, riso ou choro; apresentar atividades lúdicas, contar
histórias infantis proporcionadas através de livros emborrachados; introduzir
a música na vida dos bebês, ajudando-os no desenvolvimento de sua mente;
estimular várias aptidões como: motricidade, coordenação, linguagem etc.
JUSTIFICATIVA: Desde o momento do nascimento o bebê está

184
TÓPICO 3 | METODOLOGIAS DE ENSINO

aprendendo. Nessa fase, predominam os movimentos, são as emoções o canal


privilegiado de interação do bebê com o adulto e com as outras crianças. O
diálogo afetivo que se estabelece com o adulto é caracterizado pelo toque
corporal, pelas modulações da voz, por expressões cada vez mais cheias de
sentido. O bebê imita e também tem suas próprias reações (balança o corpo, bate
palmas, vira ou levanta a cabeça etc.). Sendo assim o bebê realiza importantes
conquistas (sustentação do próprio corpo, virar-se, rodar, sentar etc.). Ao
observar um bebê, pode-se concluir que é grande o tempo que ele dedica à
exploração do próprio corpo. Aquisições como a locomoção representam
importantes conquistas, consolidando-se como instrumento de ação sobre o
mundo, aprimorando-se conforme as oportunidades que se oferecem ao bebê
de explorar o espaço, manipular objetos, realizar atividades diversificadas
e desafiadoras. Corpo e motricidade são o meio de expressão da criança no
período fundamental do desenvolvimento que vai do nascimento aos três
anos. Nos bebês a possibilidade de sentar, engatinhar, ficar em pé evidencia
os diferentes momentos da aprendizagem e seu desenvolvimento interno, que
determina o quando e o quanto o bebê é capaz de fazer. Quer-se com esse
projeto proporcionar instrumentos para que o bebê amplie suas ações,
operando estímulos em quantidade e qualidade, de forma simples e natural,
fazendo com que o bebê se desenvolva e modifique sua atuação, sua forma
de ver e sentir o mundo. Então temos o dever de ensinar o bebê enquanto ele
brinca, descrevendo sempre o que está acontecendo.

METODOLOGIA: Oferecer revistas e papéis; acompanhar o bebê através


de fichas conforme o estágio no qual se encontra; música com gestos utilizando a
fala; oferecer o contato com tinta guache; verbalizar todas as ações efetuadas com
o bebê; brincar ao ar livre; contar histórias com gestos expressivos; possibilitar ao
bebê o contato com a terra, areia, barro, pedra, madeira etc.; passeios diversos;
exploração de diversos tipos de materiais com texturas diversificadas; imitação,
jogo de expressão facial; oferecer brinquedos variados e bem coloridos; massagear
o corpo do bebê; trabalhos com sucatas (garrafas coloridas).

FONTE: Adaptado de: FERNANDES, Adelaide et al. Práticas pedagógicas de educação em saúde.
Rio do Sul: Nova Era, 2008, p. 60-106.

2.2 ATIVIDADES PEDAGÓGICAS: MEIO AMBIENTE


[...] É preciso aprender a ser coerente. De nada adianta o discurso
competente se a ação pedagógica é impermeável à mudança.
Paulo Freire

Caro acadêmico, você acompanhou os vários exemplos de atividades


pedagógicas que podem ser realizadas com a temática saúde. A partir de agora
vamos conhecer algumas estratégias que podem ajudar você na hora de trabalhar
com seus alunos a temática meio ambiente.

185
UNIDADE 3 | MEIO AMBIENTE E SAÚDE:

Uma maneira de trabalhar esta e outras temáticas é por meio de projetos,


os quais proporcionam, se bem orientados pelo professor, uma participação ativa
do aluno ao invés do ensino tradicionalista centrado no professor. Para tanto, o
professor deve criar uma atmosfera de trabalho na escola a fim de estimular o aluno
a fazer experiências, procurar respostas para suas necessidades e inquietações,
ajudando e sendo ajudado por seus colegas e buscando no professor alguém que
organize o trabalho. (NOVA ESCOLA, 2008).

A seguir observe a sequência, proposta por Hernández e Ventura (1998,


p. 82), de síntese da atuação do professorado e dos alunos no projeto de trabalho:

FIGURA 42 – SÍNTESE DE ATUAÇÃO NO PROJETO DE TRABALHO


POR PARTE DO PROFESSORADO POR PARTE DOS ALUNOS
1. Estabelece os objetivos
2. Estabelece a possibilidade do tema.
educativos e de aprendizagem.

3. Seleciona os conceitos, procedimentos 4. Realiza a avaliação inicial: O que


que prevê que possam sabemos ou queremos saber sobre o
ser tratados no Projeto. tema?

5. Pré-sequencializa os possíveis 6. Realiza propostas de sequenciação e


conteúdos a trabalhar em função ordenação de conteúdos.
da interpretação das respostas dos alunos. 7. Busca fontes de
informação; elabora um
índice.
8. Compartilham propostas, buscam
um consenso organizativo.

10. Planeja o trabalho (individual,


9. Preestabelecer atividades. em pequeno grupo,
turma).

12. Realiza o tratamento


11. Apresenta atividades. da informação a partir das
atividades.
13. Facilita meios de reflexão, recursos,
materiais, informação pontual. 14. Trabalho Individual: ordenação,
Papel de facilitador. reflexão sobre a informação.
15. Favorece, recolhe e interpreta
as contribuições dos alunos.
Avaliação. 16. Auto-Avaliação.

17. Contraste entre a avaliação e a


auto-avaliação.
18. Análise do processo
individual de cada aluno: 19. Conhecero próprio processo e em
Que aprendeste? Como Relação ao grupo.
trabalhaste?
20. Estabelecer uma nova sequência.
FONTE: Hernández; Ventura (1998, p. 82).

186
TÓPICO 3 | METODOLOGIAS DE ENSINO

Como você pode ver, os projetos de trabalho têm como função contribuir
para a criação de estratégias de organização dos conhecimentos escolares, no que
se refere:

[...] 1) o tratamento de informação, e 2) a relação entre os diferentes


conteúdos em torno de problemas ou hipóteses que facilitem
aos alunos a construção de seus conhecimentos, a transformação
a informação procedente dos diferentes saberes disciplinares em
conhecimento próprio. (HERNÁNDEZ; VENTURA, 1998, p. 62, grifos
dos autores).

Essas estratégias contribuem muito na apropriação dos conhecimentos de
modo significativo e envolto por sentidos principalmente para os alunos, uma
vez que estes participam ativamente das atividades e se percebem inseridos no
processo ensino-aprendizagem.

UNI

Caro acadêmico, no que se refere às teorias sobre projetos de trabalho, Fernando


Hernández é um pesquisador, conhecedor e autor de muitas obras. Portanto, fica a sugestão
de leitura das obras do autor para aprofundamento na temática.
FONTE: Disponível em: <http://educarparacrescer.abril.com.br/pensadores-da-educacao/
fernando-hernnndez.shtml>. Acesso em: 24 jan. 2012.

Observe alguns exemplos de temas que podem ser desenvolvidos com


seus alunos por meio de projetos:

• Utilizando a água das chuvas

• Reaproveitando materiais: aprendendo a reciclar

• Tratamento do lixo: coleta seletiva

• Conscientização ecológica: economizando água

• Conscientização ecológica: economizando energia

• Reciclar: quando o lixo vira brinquedo

• Biodiversidade: conhecer para preservar

• Energia eólica: a energia do vento

187
UNIDADE 3 | MEIO AMBIENTE E SAÚDE:

• Educação ambiental na escola: educar para a vida

• Alimentos orgânicos e o meio ambiente

• Alimentação saudável: horta escolar

• Poluição ambiental: tem lixo fora da lixeira

UNI

Você consegue perceber a riqueza de trabalhos que podem ser desenvolvidos


com seus alunos?

Caro acadêmico, trabalhar com projetos nem sempre é o caminho mais


fácil. Muitas vezes o professor prefere abrir o livro didático, pedir que seus alunos
façam a leitura e no final respondam ao questionário. Mas será que é para esse
tipo de práxis pedagógica que você está se preparando? Certamente não!

Nossos alunos estão cada vez mais “antenados” nas novidades e isso deve
ser usado a seu favor em sala de aula. Não se feche para as novas tecnologias
da informação, não tenha medo de propor um projeto sobre EA que envolva
não só sua turma, como toda a comunidade escolar. Invente, (re)crie, construa
com seus alunos as possibilidades de aprendizado e permita que eles participem
ativamente de todas as etapas dessa construção.

Como vimos ao longo de nosso estudo, a escola tem um papel importante


na formação dos cidadãos e é, em grande parte, responsável pela educação desses
indivíduos. Assim, para que ocorra um processo concreto de educação para o meio
ambiente é fundamental que, concomitante ao desenvolvimento do conhecimento,
sejamos capazes de desenvolver atitudes e habilidades necessárias não só à
preservação dos recursos, como também à melhoria da qualidade ambiental.
Trabalhar com projetos na educação, como já dissemos, pode gerar muito trabalho,
porém, se for bem realizado, trará muito conhecimento e transformações tanto para
você, professor e mediador desta atividade, como para o aluno.

188
TÓPICO 3 | METODOLOGIAS DE ENSINO

DICAS

Leia este livro. Edson Travassos descortina, através desse


texto, concepções e práticas vigentes em EA nas escolas. Busca
a efetivação da EA nas escolas de forma que ela não se resuma a
atividades esporádicas ou festivas, mas que contribua para a formação
da cidadania: é leitura obrigatória para todos os professores. Alerta o
autor sobre a importância de uma visão interdisciplinar da educação
ambiental, não se restringindo esse compromisso às disciplinas de
ciências biológicas e muito menos permanecendo essa prática restrita
às salas de aula. TRAVASSOS, E. G. A prática da educação ambiental
nas escolas. Porto Alegre: Mediação, 2004.

Após esta breve contextualização sobre os projetos de trabalho, chegou


o momento de aprender através de exemplos. Observe alguns modelos de
atividades pedagógicas e/ou projetos que podem ser desenvolvidos por você e
seus alunos, adaptados à realidade da sua comunidade escolar.

Exemplo 1

MEIO AMBIENTE FÍSICO E SEUS ELEMENTOS

Instituição: Centro de Educação Infantil Tia Bea

A questão ambiental vem sendo considerada cada vez mais importante


pela população. O contato com a natureza é de fundamental importância
para a criança e o professor, oferecendo oportunidades diversas para que ela
possa descobrir sua riqueza e beleza. Para isso é preciso promover o contato
dos alunos com a natureza e enfatizar a importância da preservação do meio
ambiente direcionando o enfoque na horta escolar, direcionando os elementos
do meio físico. Fazer passeios por parques e locais de área verde, manter contato
com pequenos animais, pesquisar em livros a diversidade da fauna e da flora,
principalmente brasileiras, são algumas das formas de se promover o interesse
e a valorização da natureza pela criança. Devemos oportunizar à criança dos
quatro aos seis anos vivenciar experiências envolvendo a horta, plantando e
mexendo na terra, manifestando opiniões, hipóteses e ideias. Utilizar formas
de registros das observações: desenhos, pinturas, teatro, dramatizações, cantos
etc. A escola deve resgatar não somente as tradições, mas o seu significado para
a população local. Deve-se pesquisar sobre as diversas plantas a ser plantadas
e presenciar o crescimento, a colheita e, por final, degustar os alimentos com
todos os colegas que participaram do projeto. Devemos sensibilizar a criança
em relação aos problemas ambientais, mostrando que o futuro está em suas

189
UNIDADE 3 | MEIO AMBIENTE E SAÚDE:

mãos, no ar que respiramos, na água que bebemos, onde e como vivemos. Cada
ser vivo, seja animal ou vegetal, depende de seus recursos: ar, água e solo para
sobreviver. A avaliação será feita através de um portfólio e de um processo de
aprendizagem e sobre as condições oferecidas, para que ela possa ocorrer. Não
se dá somente no momento final do trabalho, é tarefa permanente, instrumento
indispensável à constituição da prática pedagógica, comprometida com o
desenvolvimento da criança.
FONTE: FERNANDES, Adelaide et al. Práticas pedagógicas de educação em saúde. Rio do Sul:
Nova Era, 2008.

Exemplo 2

Projeto de Educação Ambiental Parque Cinturão Verde de Cianorte

A EDUCAÇÃO AMBIENTAL NA ESCOLA

A escola é o espaço social e o local onde o aluno dará sequência ao


seu processo de socialização. O que nela se faz, se diz e se valoriza representa
um exemplo daquilo que a sociedade deseja e aprova. Comportamentos
ambientalmente corretos devem ser aprendidos na prática, no cotidiano da
vida escolar, contribuindo para a formação de cidadãos responsáveis.

Considerando a importância da temática ambiental e a visão integrada


do mundo, no tempo e no espaço, a escola deverá oferecer meios efetivos para
que cada aluno compreenda os fenômenos naturais, as ações humanas e sua
consequência para consigo, para sua própria espécie, para os outros seres vivos
e o ambiente. É fundamental que cada aluno desenvolva as suas potencialidades
e adote posturas pessoais e comportamentos sociais construtivos, colaborando
para a construção de uma sociedade socialmente justa, em um ambiente saudável.

Com os conteúdos ambientais permeando todas as disciplinas do


currículo e contextualizados com a realidade da comunidade, a escola ajudará
o aluno a perceber a correlação dos fatos e a ter uma visão holística, ou seja,
integral do mundo em que vive. Para isso a EA deve ser abordada de forma
sistemática e transversal, em todos os níveis de ensino, assegurando a presença
da dimensão ambiental de forma interdisciplinar nos currículos das diversas
disciplinas e das atividades escolares.

A fundamentação teórico-prática dos projetos ocorrerá por intermédio


do estudo de temas geradores que englobam palestras, oficinas e saídas a
campo. Esse processo oferece subsídios aos professores para atuarem de
maneira a englobar toda a comunidade escolar e do bairro na coleta de dados
para resgatar a história da área para, enfim, conhecer seu meio e levantar os
problemas ambientais.

190
TÓPICO 3 | METODOLOGIAS DE ENSINO

Os conteúdos trabalhados serão necessários para o entendimento


dos problemas e, a partir da coleta de dados, para a elaboração de pequenos
projetos de intervenção.

Considerando a EA um processo contínuo e cíclico, o método utilizado


pelo Programa de Educação Ambiental para desenvolver os projetos e os
cursos de capacitação de professores conjuga os princípios gerais básicos da
EA. (SMITH apud SATO, 1995).

Compreensão Responsabilidade

Cidadania

Sensibilização Competência

Princípios gerais da educação ambiental:

• sensibilização: processo de alerta, é o primeiro passo para alcançar o


pensamento sistêmico;

• compreensão: conhecimento dos componentes e dos mecanismos que regem


os sistemas naturais;

• responsabilidade: reconhecimento do ser humano como principal


protagonista;

• competência: capacidade de avaliar e agir efetivamente no sistema;

• cidadania: participar ativamente e resgatar direitos e promover uma nova


ética capaz de conciliar o ambiente e a sociedade.

A educação ambiental, como componente essencial no processo de


formação e educação permanente, com uma abordagem direcionada para a
resolução de problemas, contribui para o envolvimento ativo do público, torna

191
UNIDADE 3 | MEIO AMBIENTE E SAÚDE:

o sistema educativo mais relevante e mais realista e estabelece uma maior


interdependência entre estes sistemas e o ambiente natural e social, com o
objetivo de um crescente bem-estar das comunidades humanas.

Se existem inúmeros problemas que dizem respeito ao ambiente, isto se


deve em parte ao fato de as pessoas não serem sensibilizadas para a compreensão
do frágil equilíbrio da biosfera e dos problemas da gestão dos recursos naturais.
Elas não estão e não foram preparadas para delimitar e resolver de um modo
eficaz os problemas concretos do seu ambiente imediato, isto porque a educação
para o ambiente, como abordagem didática ou pedagógica, apenas aparece nos
anos  80. A partir desta data os alunos têm a possibilidade de tomar consciência
das situações que acarretam problemas no seu ambiente próximo ou para a
biosfera em geral, refletindo sobre as suas causas, e determinar os meios ou as
ações apropriadas na tentativa de resolvê-los.

As finalidades desta educação para o ambiente foram determinadas


pela UNESCO, logo após a Conferência de Belgrado (1975) e são as seguintes:

Formar uma população mundial consciente e preocupada com o


ambiente e com os problemas a ele relacionados, uma população que tenha
conhecimento, competências, estado de espírito, motivações e sentido de
empenhamento que lhe permitam trabalhar individualmente e coletivamente
para resolver os problemas atuais, e para impedir que eles se repitam.

PROPOSTAS DE TRABALHO:

• levantamento do perfil ambiental das escolas (se possui área verde, horta,
separação de lixo etc.);

• levantamento dos projetos que estão sendo desenvolvidos nas escolas;

• acompanhamento de projetos específicos nas escolas que serão desenvolvidos


pelos professores (horta comunitária, reciclagem de lixo, bacia hidrográfica
como unidade de estudo, trilhas ecológicas, plantio de árvores, recuperação
de nascentes etc.);

• mobilização de toda a comunidade escolar para o desenvolvimento de


atividades durante a Semana do Meio Ambiente, com finalidade de
conscientizar a população sobre as questões ambientais;

• realização de campanhas educativas utilizando os meios de comunicação


disponíveis, imprensa falada e escrita, TV Cinturão Verde, distribuição de
panfletos, fôlder, cartazes, a fim de informar e incentivar a população em
relação à problemática ambiental;

192
TÓPICO 3 | METODOLOGIAS DE ENSINO

• promover a integração entre as organizações que trabalham nas diversas


dimensões da cidadania, com o objetivo de ampliar o conhecimento e efetivar
a implementação dos direitos de cidadania no cotidiano da população.

Com o intuito de levar às escolas e à comunidade o conhecimento


necessário para a construção da cidadania, serão envolvidos diferentes
órgãos que asseguram os direitos e deveres de cada indivíduo na sociedade.
Entre esses órgãos podemos citar a Polícia Militar, o Corpo de Bombeiros, a
Vigilância Sanitária, IAP etc. Serão trabalhados temas relacionados à melhoria
da qualidade de vida da população, por exemplo:

• lixo (redução, reutilização e reciclagem);

• lixo hospitalar (destinação);

• água (consumo, desperdício, poluição);

• florestas (por que preservá-las?);

• fogo (prevenção, efeitos negativos ao meio ambiente);

• agrotóxicos (riscos para a saúde, danos ambientais);

• caça ilegal;

• respeito aos animais silvestres e domésticos;

• drogas;

• DSTs – doenças sexualmente transmissíveis;

• segurança no trânsito;

• respeito ao próximo;

• noções de saúde (higiene, prevenção de doenças);

• cidadania (direitos do cidadão) etc.

Ao implementar um projeto de educação para o ambiente, estaremos


facilitando aos alunos e à população uma compreensão fundamental
dos problemas existentes, da presença humana no ambiente, da sua
responsabilidade e do seu papel crítico como cidadãos de um país e de um
planeta. Desenvolveremos, assim, competências e valores que conduzirão
a repensar e avaliar de outra maneira as suas atitudes diárias e as suas
consequências no meio ambiente em que vivem.

193
UNIDADE 3 | MEIO AMBIENTE E SAÚDE:

Como o aluno irá aprender a propósito do ambiente, os conteúdos


programáticos tornar-se-ão uma das formas de tomada de consciência,
tornando-se mais agradáveis e de maior interesse para o aluno.

Através de parcerias firmadas entre a APROMAC (Associação de


Proteção ao Meio Ambiente de Cianorte); Prefeitura de Cianorte; Secretaria
Municipal de Agricultura, Abastecimento e Meio Ambiente (SEMMAM);
Divisão do Meio Ambiente; Conselho Municipal do Meio Ambiente (COMMA)
e Ministério Público serão desenvolvidas ações e atividades diferenciadas
conforme a realidade de cada local/região.

Através de atividades e ações programadas, objetivamos promover a


sensibilização da população cianortense sobre a importância e a necessidade
da preservação e da conservação do Parque Cinturão Verde, visto que esta
área é de fundamental importância socioambiental para o município de
Cianorte. Ainda a população abrangida pelo projeto receberá conhecimentos
de cidadania, saúde, higiene e segurança.

Para o acompanhamento e avaliação das atividades será redigido


relatório mensal, em que serão descritas todas as tarefas desenvolvidas sendo
apresentado ao COMMA e a APROMAC, ficando disponível a todos para
consulta.

ANEXO 01
QUESTIONÁRIO – LEVANTAMENTO DO PERFIL AMBIENTAL DA ESCOLA

01- Nome da escola

02- Nome do diretor(a)

03- Tel.:

04- Quantos professores atuam na escola?

05- Quantos alunos estão matriculados?

06- Quantos residem na zona rural?

07- A escola desenvolve projetos na área ambiental?


( ) Sim
( ) Não

08- Quais são os projetos que estão sendo desenvolvidos atualmente?

09- Quantos professores estão envolvidos no desenvolvimento dos projetos?

194
TÓPICO 3 | METODOLOGIAS DE ENSINO

10- Como é a participação e o envolvimento dos alunos nos projetos?

11- Quais são as principais dificuldades encontradas pelos professores que


desenvolvem projetos?

12- Os professores são incentivados e motivados para desenvolver pequenos


projetos ou atividades ambientais com seus alunos?

13- A escola possui área arborizada, horta, ou outros espaços que poderão ser
utilizados para trabalhar educação ambiental?

14- Na escola existe o processo de separação do lixo produzido pela comunidade


escolar?

15- O que é feito com o lixo separado?

16- Os professores realizam atividades com os alunos fora da escola? Quais são
os principais locais utilizados pelos professores?

17- A escola realiza visitas a campo, para trabalhar a realidade local sobre as
questões ambientais?

18- Dos locais abaixo relacionados, assinale quais já foram visitados pelos
alunos sob orientação dos professores.

( ) Trilha da Peroba
( ) Trilha do Fantasminha
( ) Pista de caminhada
( ) Bosque da Igreja Matriz
( ) Parque do Cinturão Verde Módulo Mandhuy
( ) Nascentes
( ) Rios (nome do rio)
( ) Captação de água da SANEPAR – Rio Bolívar
( ) Sistema de tratamento e abastecimento de água da SANEPAR – Centro
( ) Estação de Tratamento de Esgoto – ETE
( ) Aterro Sanitário
( ) Biblioteca Municipal

Outros locais não citados:


FONTE: Disponível em: <http://www.apromac.org.br/ea005.htm>. Acesso em: 24 jan. 2012.

195
UNIDADE 3 | MEIO AMBIENTE E SAÚDE:

Exemplo 3

PROJETO EDUCAÇÃO AMBIENTAL NA ESCOLA

TEMA: Gerenciamento de resíduos sólidos em nossa escola.

JUSTIFICATIVA: Cuidar do meio ambiente é responsabilidade de todos e a


escola é um local favorável ao processo holístico na educação ambiental.
Sabendo que as escolas são grandes geradoras de resíduos sólidos, é importante
que trabalhemos no sentido de envolver nossos alunos e educadores para que
essa situação seja modificada, formando novos hábitos.

OBJETIVOS GERAIS
- Alertar sobre o problema da grande produção de lixo pelos seres humanos
e estudar conceitos importantes como: Coleta Seletiva, Reciclagem do Lixo,
Lixo e outros que se fizerem necessários.
- Possibilitar aos alunos e educadores aquisições de conhecimentos,
desenvolvendo habilidades de: resolver problemas, mudanças na prática de
valores e atitudes ambientalmente adequadas no nosso cotidiano.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS
- possibilitar a todos conhecimentos, sentido de valores, interesse ativo e
atitudes necessárias para respeitar, proteger e melhorar o meio ambiente;
- conscientizar alunos e educadores da nossa escola sobre a importância da
mudança de hábitos, para melhorar as condições ambientais;
- levantar com os/as alunos/as problemas ambientais existentes na escola e
possíveis soluções;
- reduzir o consumo de água, energia, alimentos, materiais em geral (folha,
toner, materiais usados na secretaria).

DESENVOLVIMENTO DO PROJETO

Estratégias de ações:
- Essa campanha será desenvolvida a partir do processo holístico de educação
ambiental, no qual serão criadas equipes multiplicadoras do 1º e 2º ciclo.
- Teatro sobre o lixo.
- Vídeos.
- Equipe de alerta sobre o assunto.
- Simulação da Coleta Seletiva.
- Estudos teóricos sobre: ar, água, solo, energia.
- Excursões: aterro sanitário e parque ecológico.

Resultados esperados:
- proporcionar mudança de postura tanto na escola quanto na comunidade;

196
TÓPICO 3 | METODOLOGIAS DE ENSINO

- construção de valores para toda a vida;


- melhora na qualidade de vida dos alunos e educadores;
- avaliação do projeto com os educadores e alunos.
FONTE: Disponível em: <http://partilhandosugestoesescolares.blogspot.com/2010/02/projeto-
educacao-ambiental-na-escola.html>. Acesso em: 25 jul. 2011.

DICAS

Muitas sugestões de atividades pedagógicas relacionadas à educação ambiental


você pode encontrar na obra de Isabel Cristina de Moura Carvalho, intitulada Educação
Ambiental: a formação do sujeito ecológico.

DICAS

Caro acadêmico, os dois exemplos que


você verá a seguir estão no site da revista Educação
Ambiental em Ação. Se você estiver muito cansado(a),
antes de continuar a leitura de seu Caderno de Estudos,
faça uma pequena pausa, mude um pouco a metodologia e conheça o site <http://www.
revistaea.org/>. Navegue pela revista e aproveite para ler muitos outros artigos relacionados
ao tema. Vamos nos encontrar na sequência para fazer o fechamento do tópico!

Exemplo 4

ABORDAGEM DO TEMA TRANSVERSAL MEIO AMBIENTE, EM


UMA ESCOLA DO ENSINO FUNDAMENTAL, ATRAVÉS DE JOGOS
EDUCATIVOS

RESUMO
A educação ambiental (EA) atua na mudança de comportamentos e atitudes
em relação à problemática ambiental. Os Parâmetros Curriculares Nacionais
(PCN) incluem a EA como tema a ser inserido transversalmente nas diversas
áreas do conhecimento. A partir da implantação de jogos educacionais este
tema pode ser trabalhado de forma inovadora. A elaboração de instrumentos
pedagógicos criativos, como jogos educativos, pode facilitar o processo ensino-
aprendizagem. Tal recurso didático propicia o desenvolvimento de habilidades
que favorecem o processo educativo. O estudo analisou a abordagem do

197
UNIDADE 3 | MEIO AMBIENTE E SAÚDE:

tema meio ambiente em uma escola do Ensino Fundamental e elaborou um


material didático para ser utilizado como instrumento facilitador em sala de
aula. Os dados obtidos revelaram a carência de ferramentas inovadoras no
desenvolvimento da EA. O jogo “Ideias Verdes” foi elaborado a fim de auxiliar
na inserção da EA pelos educadores e fornecer aos alunos uma proposta lúdica
no aprendizado.
Palavras-chave: educação ambiental, temas transversais, jogos didáticos.

FONTE: SILVA, Monalisa Rodrigues Oliveira da; CASTRO, Carla Soraia Soares de. Disponível em:
<http://www.revistaea.org/artigo.php?idartigo=1034&class=21>. Acesso em: 24 jan. 2012.

Exemplo 5

AÇÕES EM EDUCAÇÃO AMBIENTAL PARA CRIANÇAS E


ADOLESCENTES DA VILA DA BARCA EM BELÉM/PA: UMA PROPOSTA DE
CONSCIENTIZAÇÃO

RESUMO
Este artigo tem como objetivo relatar ações já realizadas e reavaliar o percurso
em desenvolvimento do projeto de extensão universitária “Educação
Ambiental em Ação: práticas pedagógicas, cidadania e lazer para crianças e
adolescentes da comunidade da Vila da Barca”. As ações foram elaboradas a
fim de sensibilizar o público alvo para a mudança de postura diante do meio
ambiente em que vivem. Para atender a este objetivo, o projeto entende que
antes é preciso compreender como os envolvidos na pesquisa percebem o meio
no qual estão inseridos, “Vila da Barca”, e atuar no potencial das crianças e
adolescentes participantes. De forma sistemática e dinâmica, se destacam neste
artigo quatro atividades já realizadas com o grupo e que estimulam a reflexão,
possibilidades e questionamentos. O método avaliativo incluiu pesquisa
por observação participativa. Para os registros das informações durante as
atividades foram elaboradas atas, relatórios individuais e análise interpretativa
dos trabalhos das crianças. Os resultados obtidos oferecem sugestões para
novas ações a serem desenvolvidas no projeto e demonstram que as atividades
possibilitaram questionamentos e provocaram a revelação de sentimentos
sobre esta comunidade por parte dos integrantes. Proporcionaram também a
abertura de um espaço de confiança e respeito ao olhar e à fala da criança e do
adolescente sobre a comunidade da Vila da Barca, ultrapassando a assimilação
passiva e a reprodução automática.                   
Palavras-chave: educação ambiental, sensibilização, Vila da Barca.
FONTE: LUCAS, Flávia Cristina Araújo; COSTA, Danilo Gomes da; GERMANO, Carolina
Mesquita; VEIGA, Andréa Aquino de Andrade. Disponível em: <http://www.revistaea.org/artigo.
php?idartigo=1035&class=21>.

198
TÓPICO 3 | METODOLOGIAS DE ENSINO

Você já deve ter percebido que as questões relativas ao meio ambiente,


seja a crise ambiental ou a educação ambiental, são partes integrantes do contexto
escolar. Neste sentido, ao longo de todo nosso percurso, procuramos interagir
com conhecimentos práticos e teóricos, no intuito de conceber a educação escolar
como um processo heterogêneo, múltiplo, crítico, reflexivo, pautado nos sujeitos
que dela fazem parte e visando à formação de sujeitos cidadãos.

Isso será possível à medida que cada professor, cada profissional que atua
na educação escolar agir de modo consciente, crítico, comprometido e mediador.
Deve também constituir-se no constante aprender a aprender e na infinita
capacidade de admirar-se com que está ao nosso redor, com o meio ambiente do
qual somos parte integrante. Esperamos que você tenha gostado de nossa viagem
e que os conhecimentos construídos aqui sirvam de ponte para novas descobertas,
novas leituras, novos aprendizados.

199
RESUMO DO TÓPICO 3

Neste tópico você estudou que:

• A educação escolar difere dos demais modos de educação por contemplar


os conhecimentos sistematizados, pertencentes ao processo de conhecer
significativo.

• O papel do professor é fundamental, uma vez que é o mediador do processo


ensino-aprendizagem.

• Método é o caminho para atingir um objetivo.

• Método de ensino é o conjunto de ações, passos, condições externas e


procedimentos que o educador utiliza para alcançar seus objetivos no processo
educativo.

• Os métodos de ensino expressam a relação entre conteúdo e método.

• Os métodos de ensino apresentam três modalidades básicas: métodos de


ensino individualizado; métodos de ensino socializado; métodos de ensino
socioindividualizado.

• Métodos de ensino individualizado: a ênfase está na necessidade de se atender


as diferenças individuais, como, por exemplo: ritmo de trabalho, interesses,
necessidades, aptidões etc., predominando o estudo e a pesquisa.

• Métodos de ensino socializado: o objetivo principal é o trabalho de grupo,


com vistas à interação social e mental proveniente dessa modalidade de tarefa.
A preocupação máxima é a troca de experiências significativas em níveis
cognitivos e afetivos e a integração do educando ao meio social.

• Métodos de ensino socioindividualizado: procura equilibrar a ação grupal e


o esforço individual, no sentido de promover a relação do ensino ao educando
e ao meio social.

• Os projetos de trabalho, realizados no contexto escolar, proporcionam, se bem


orientados pelo professor, uma participação ativa do aluno, ao invés do ensino
tradicionalista centrado no professor.

• A escola tem um papel importante na formação dos cidadãos e é, em grande


parte, responsável pela educação desses indivíduos.

200
AUTOATIVIDADE

1 Ao longo de todo nosso estudo você teve oportunidade de conhecer vários


exemplos de atividades pedagógicas relacionadas ao tema meio ambiente
e saúde, eixo principal de nosso diálogo. Agora é com você, construa um
plano de ensino para cada uma das temáticas a seguir:

a) Alimentação e saúde.

b) Meio ambiente e qualidade de vida.

201
202
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