Contestação - Pratica Juridica

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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 7ª VARA CÍVEL DA COMARCA DE

SÃO PAULO - SP

Autos do processo Nº 001252-12.2021.5.3333

ALPHA LTDA, pessoa jurídica de direito privado, já adequadamente qualificada nos autos,
vem por meio do seu advogado Bruno Rai Santos do Carmo, com endereço eletrônico:
brunoraisantos@hotmail.com e Av. Cruzeiro do Sul, 1100 - Canindé, São Paulo - SP, 03033-020,
onde recebe intimações, com fundamento nos artigos 75, V, ligado com artigo 335 do Código de
Processo Civil, apresentar

CONTESTAÇÃO

NA AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS ajuizado por DARIO, também já qualificado
nos autos, com fundamento nos fatos abaixo expostos.

I – DOS FATOS

O autor pretende a reponsabilidade da empresa ré por moléstia profissional, sustentando que


é portador de surdez. O réu requer o pagamento de pensão mensal vitalícia em valor
correspondente ao salário anteriormente percebido, a título de indenização pela redução de sua
capacidade laborativa, além da quantia não inferior a 500 salários mínimos, a título de danos morais.
Interessante destacar que na empresa ré o autor trabalhou de janeiro a dezembro de 2019
como auxiliar de escritório, à medida que, anteriormente, trabalhou durante 10 anos no aeroporto de
Congonhas, junto à pista de pouso de aviões (anexo. 03).
Como ficara demonstrado, a empresa ré não ocasionou qualquer dos danos alegados pelo
autor.
É a breve síntese do necessário.

II – DA INCOMPETÊNCIA ABSOLUTA

O Autor se equivocou quando ingressou a ação neste juízo. Sobre se tratar de matéria
laborativa, a ação precisaria ter sido proposta junto à Justiça do Trabalho, tipificando assim a
incompetência absoluta desse juízo de acordo com o artigo 337, II do CPC.
Sendo assim a remessa dos autos deve ser encaminhada para o Juízo Competente

III – DO MÉRITO

A) DA MOLÉSTIA PROFISSIONAL

No que tange a função desempenhada pelo autor na qual a empresa é ré, onde o autor é
auxiliar de escritório, não há nenhuma semelhança com a sua surdez, isso é simples de se
compreender pelo fato do autor ter trabalhado no aeroporto de Congonhas por dez anos, junto à
pista de pouso (anexo. 03).
A probabilidade de ter contraído essa moléstia em resultado deste trabalho é notória, levando
em consideração os elevados índices de ruídos desenvolvidos na pista de pouso dos aviões, como
também o fato de que, na hora de sua admissão na empresa ré, o seu exame médico admissional
comprovou a redução na sua capacidade auditiva (anexo.04).
Além disso, é necessário apontar que a empresa ré é absolutamente salubre, conforme prova
o laudo anexo (anexo. 05), qual impossibilita a aquisição da moléstia profissional alegada. E
também, nos termos do artigo 927 do Código Civil, apenas aquele que provocar danos a outrem é
obrigado a repará-lo, o que não acontece no caso da demanda.
Vale também evidenciar que cabe ao autor comprovar o dano e o nexo causal dentro da
atividade profissional prestada e a alegada surdez, que não veio a ser comprovado nos autos.
Em sua ocupação na empresa ré, o autor não ficava à exposição de ruídos contínuos ou
excessivos que viessem a gerar o dano citado, de modo diferente do que ocorria quando operava na
pista de pouso de aviões do aeroporto de Congonhas.
Portanto, é observada a inexistência de nexo causal entre qualquer conduta da ré e o dano
alegado.

B) DOS DANOS MORAIS E DA PENSÃO MENSAL VITALÍCIA

Em caso de Vossa Excelência entender que a empresa ré é a motivadora do alegado dano


sofrido pelo autor, o que não se abarca, ao princípio da eventualidade necessário se faz proteger a
respeito da pensão vitalícia exigida no valor correspondente ao salário anteriormente percebido,
assim como em relação aos danos morais.
O autor não perdeu sua capacitação laborativa, logo que, mesmo com a redução da
capacidade auditiva, ocupou-se na empresa ré na posição de auxiliar de escritório. Deste modo,
absolutamente afastada a pensão prevista no artigo 950 do Código Civil.
O valor requerido pelo autor é excessivo, assim como o tempo de sua durabilidade. Ou
melhor, o réu ajuizou pensão vitalícia e em valor correspondente ao salário anteriormente concebido
a título de satisfação pela redução de sua capacidade laborativa, melhor dizendo, o réu não ficou
impossibilitado para exercer qualquer trabalho, sendo capaz de exercer outras funções e prover
meios para seu sustento.
Além do mais, é inadmissível o dano moral, uma vez que esse só é tipificado como prejuízo
que afeta o ânimo psicológico, moral intelectual da vítima. No presente caso, não há como dizer que
o autor tenha sofrido qualquer angústia ou abalo em sua honra.
Ainda que Vossa Excelência julgue que tenha havido dano moral, o mesmo não tem de
proceder em tão elevado valor, pois será desigual ao prejuízo alegado, o que conduziria o autor a
um enriquecimento sem causa.

IV – DOS PEDIDOS

Diante do exposto, requer-se:

a) seja acolhida a preliminar arguida, direcionando a remessa dos autos ao juízo competente;

b) seja a demanda julgada improcedente, visto que não há nexo causal entre a moléstia do
autor e qualquer atitude da fé;

c) acessoriamente, ao caso de procedência do pedido principal, o que se aceita apenas em


juízo ao princípio da eventualidade, que seja reduzido o valor da pensão requerida, como também, o
afastamento do pedido de danos morais, ou, em caso de seu acolhimento, que lhe seja reduzido o
valor;

d) a condenação da autora ao pagamento de custas, despesas processuais e honorários


advocatícios a serem determinados por Vossa Excelência.

Termos em que, pede deferimento.

São Paulo, 15/02/2020

Bruno Rai Santos do Carmo

OAB/SP 55.235
Referências Bibliográficas:

https://www.jusbrasil.com.br/topicos/28895906/artigo-75-da-lei-n-13105-de-16-de-marco-de-2015
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/28893534/artigo-335-da-lei-n-13105-de-16-de-marco-de-2015
https://www.sajadv.com.br/novo-cpc/art-335-a-342-do-novo-cpc/
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/28893501/inciso-ii-do-artigo-337-da-lei-n-13105-de-16-de-
marco-de-2015/jurisprudencia
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10677854/artigo-927-da-lei-n-10406-de-10-de-janeiro-de-2002
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10676591/artigo-950-da-lei-n-10406-de-10-de-janeiro-de-2002

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