Penal - Crimes Contra A Administração Pública PDF
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933-04
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Crimes contra a
PENAL
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SUMÁRIO
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CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Base do Resumo:
Rogério Sanches
Cléber Masson
Márcio André L. Cavalcante (Dizer o Direito)
1. CRIMES FUNCIONAIS
Crimes Funcionais são os crimes praticados por funcionários públicos contra a Administração em geral.
Obs1: Em regra, são crimes dolosos. Só há 1 crime funcional culposo, que é o peculato culposo.
Obs2: A Lei reconhece crime funcional de menor potencial ofensivo, aplicando-se a Lei 9.099/95 nesses
casos. Esse seria um outro erro, pois o legislador teria permitido lesões menores ao bem jurídico
Administração pública. Ex. Prevaricação.
Obs3: Os crimes funcionais estão sujeitos a extraterritorialidade incondicionada da lei penal brasileira
(art. 7º, I, “c”, do CP) (ainda que praticados no estrangeiro). Extraterritorialidade - Art. 7, do CP - Ficam
sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro: I - os crimes: c) contra a administração pública,
por quem está a seu serviço;
Obs4: A progressão de regime nos crimes contra a administração pública (não só os crimes funcionais,
nesse caso) exige reparação do dano ou restituição da coisa (art. 33, §4º, do CP). Art. 33, §4º, do CP - O
condenado por crime contra a administração pública terá a progressão de regime do cumprimento da
pena condicionada à reparação do dano que causou, ou à devolução do produto do ilícito praticado,
com os acréscimos legais.
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Crimes Funcionais Próprios Crimes Funcionais Impróprios
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2. FUNCIONÁRIO PÚBLICO
Art. 327, do CP - Considera-se funcionário público, para os efeitos penais, quem, embora
transitoriamente ou sem remuneração, exerce cargo, emprego ou função pública.
No art. 327, do CP há o conceito de funcionário público típico, que envolve aquele que exerce:
cargo público – regime estatutário,
emprego público – regime celetista, ou
função pública – dever para com a Administração Pública, como, por exemplo, jurados, mesários, etc.,
...embora transitoriamente ou sem remuneração.
O administrador judicial, inventariante dativo, tutor dativo e curador dativo são funcionários públicos
típicos?
Segundo Sanches, não, pois não exercem função pública, mas sim encargo público, um múnus público.
Advogado dativo é funcionário público típico para fins penais? Ex. Advogado dativo que se apropria da
verba previdenciária depositada em favor do seu cliente.
De acordo com o STJ, o advogado contratado por meio de convênio entre o Estado e a OAB é funcionário
público para fins penais. Não se está falando aqui do advogado ad hoc. STJ. 5ª Turma. HC 264.459-SP, Rel.
Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 10.3.2016 (Info 579).
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Art. 135, do ECA (alterado pela Lei 12.696/12). O conselheiro tutelar é sim considerado funcionário
público típico.
Art. 135, do ECA - O exercício efetivo da função de conselheiro constituirá serviço público relevante e
estabelecerá presunção de idoneidade moral. (Redação dada pela Lei nº 12.696, de 2012)
1 (...) O § 1º do art. 327 do Código Penal dispõe que: " equipara-se a funcionário público quem exerce
cargo, emprego ou função em entidade paraestatal, e quem trabalha para empresa prestadora de serviço
contratada ou conveniada para a execução de atividade típica da Administração Pública".
2. Evidente que o agravante, na condição de administrador de Loteria, é equiparado a funcionário público
para fins penais, porquanto executa atividade típica da Administração Pública que lhe foi delegada
por regime de permissão. Consequentemente, não há como realizar a desclassificação do peculato para
o crime de apropriação indébita, como pretendido no apelo extremo. STJ. 5ª Turma. AREsp 679.651/RJ,
Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, julgado em 11.09.2018.
Outras figuras que também são funcionários públicos para fins legais:
Médico de hospital particular credenciado/conveniado ao SUS (após a Lei 9.983/2000) STJ. 5ª Turma.
AgRg no REsp 1101423/RS, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 06.11.2012.
Diretor de organização social: O diretor de organização social pode ser considerado funcionário público
por equiparação para fins penais (art. 327, § 1º do CP). As organizações sociais que celebram contratos
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de gestão com o Poder Público são consideradas “entidades paraestatais”. STF. 1ª Turma. HC 138484/DF,
Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 11/9/2018 (Info 915)1.
Art. 327, §1º, do CP - Equipara-se a funcionário público quem exerce cargo, emprego ou função em
entidade paraestatal, e quem trabalha para empresa prestadora de serviço contratada ou conveniada para
a execução de atividade típica da Administração Pública.
O funcionário ATÍPICO é quem exerce cargo, emprego ou função em: (a) Entidade Paraestatal;
• Empresa contratada para execução de atividade típica da Administração;
• Empresa conveniada para execução de atividade típica da Administração.
Então, deve ser atividade típica da Administração, não abrangendo empresas contratadas ou conveniadas
para atividades atípicas. Atividade típica da administração é aquela que visa ao interesse público, ao bem-
estar do administrado. Aqui, estão as concessionárias de serviços públicos, por exemplo.
Obs: Médico que atende pelo SUS é funcionário público para fins penais.
Art. 327, §2º, do CP - A pena será aumentada da terça parte quando os autores dos crimes previstos neste
Capítulo forem ocupantes de cargos em comissão ou de função de direção ou assessoramento de órgão
da administração direta, sociedade de economia mista, empresa pública ou fundação instituída pelo
poder público.
A majorante de pena ocorre quando os autores dos crimes forem ocupantes de cargo em comissão,
função de direção, ou assessoramento de:
• Órgão da Administração direta;
• Sociedade de Economia mista;
• Empresa pública;
• Fundação instituída pelo Poder Público.
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CAVALCANTE, Márcio André Lopes. São considerados funcionários públicos para fins penais. Buscador Dizer o Direito,
Manaus. Disponível em:
<https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/077fd57e57aab32087b0466fe6ebcca8>. Acesso
em: 21/11/2018
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Dizer o Direito:2
A causa de aumento prevista no § 2º do art. 327 do Código Penal é aplicada aos agentes detentores de
mandato eletivo (agentes políticos). STF. 2ª Turma. RHC 110513/RJ, rel. Min. Joaquim Barbosa, 29.5.2012.
Neste julgado, a 2ª Turma do STF entendeu que essa causa de aumento é aplicada aos agentes detentores
de mandato eletivo (agentes políticos) que exerçam, cumulativamente, as funções política e
administrativa.
O que quer dizer agente político que exerça cumulativamente função política e administrativa?
No caso concreto julgado pelo STF, o réu, quando cometeu o crime, era Vereador (agente político) e, ao
mesmo tempo, Presidente da Câmara Municipal (exercia função administrativa).
E se o agente político não exercer cumulativamente função política e administrativa, mesmo assim
poderá ser aplicada essa causa de aumento do § 2º do art. 327 do CP?
SIM. Essa pergunta não foi enfrentada neste julgamento, no entanto, o STF possui julgados afirmando que
o § 2º do art. 327 é aplicado aos agentes detentores de mandato eletivo (agentes políticos). Confira:
A causa de aumento de pena do § 2º do art. 327 do Código Penal se aplica aos agentes detentores de
mandato eletivo. Interpretação sistemática do art. 327 do Código Penal. Teleologia da norma. (...)
(Inq 2191, Relator Min. Carlos Britto, Tribunal Pleno, julgado em 08.05.2008)
2
CAVALCANTE, Márcio André Lopes. Causa de aumento do § 2º do art. 327 aplica-se aos agentes políticos. Buscador Dizer
o Direito, Manaus. Disponível em:
<https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/78b9cab19959e4af8ff46156ee460c74>. Acesso
em: 28/08/2017
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A causa de aumento de pena prevista no § 2º do art. 327 do CP aplica-se ao Chefe do Poder Executivo
(ex.: Governador do Estado) e aos demais agentes políticos. STF. Plenário. Inq 2606/MT, Rel. Min. Luiz
Fux, julgado em 4.9.2014 (Info 757).
É o caso, por exemplo, de um Governador do Estado que, valendo-se de seu cargo, pratique crime contra
a Administração Pública. Como ele desempenha uma função de direção do Estado, contra ele incidirá a
causa de aumento do § 2º do art. 327 do CP. Nesse sentido: STF. Plenário. Inq 2606/MT, Rel. Min. Luiz Fux,
julgado em 4/9/2014 (Info 757).
O simples fato de o réu exercer um mandato popular não é suficiente para fazer incidir a causa de
aumento do art. 327 §2º do CP. É necessário que ele ocupe uma posição de superior hierárquico (o STF
chamou de "imposição hierárquica"). STF. Plenário. Inq 3983/DF, Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em
02 e 03.03.2016 (Info 816).
A causa de aumento prevista no § 2º do art. 327 do Código Penal não pode ser aplicada aos dirigentes
de autarquias (ex: a maioria dos Detrans) porque esse dispositivo menciona apenas órgãos, sociedades
de economia mista, empresas públicas e fundações. STF. 2ª Turma. AO 2093/RN, Rel. Min. Cármen Lúcia,
julgado em 3.9.2019 (Info 950).
E se o autor do crime funcional for Chefe do Executivo? Tem como ele escapar dessa causa de aumento?
Para o STF, Prefeito, Governador e Presidente da República exercem direção de órgão da Administração
Pública direta. Logo, sempre vão sofrer o aumento.
Obs: ATENÇÃO! Em se tratando de crime funcional praticado por Prefeito, existe norma especial que
derroga o CP, qual seja Decreto-lei 201/67. Se o fato se subsume ao Decreto-lei, deve-se aplicar o decreto,
mesmo que ele traga norma menos rigorosa.
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Dizer o Direito3:
O advogado que, por força de convênio celebrado com o Poder Público, atua de forma remunerada em
defesa dos hipossuficientes agraciados com o benefício da assistência judiciária gratuita, enquadra-se no
conceito de funcionário público para fins penais. Sendo equiparado a funcionário público, é possível que
responda por corrupção passiva (art. 317 do CP). STJ. 5ª Turma. HC 264459-SP, Rel. Min. Reynaldo Soares
da Fonseca, julgado em 10.3.2016 (Info 579).
3
CAVALCANTE, Márcio André Lopes. Advogado que atua como advogado dativo, por força de convênio com o
Poder Público, é funcionário público para fins penais. Buscador Dizer o Direito, Manaus. Disponível em:
<https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/571d3a9420bfd9219f65b643d0003bf4>. Acesso
em: 31/08/2017
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3. INSIGNIFICÂNCIA NOS CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Súmula n. 599 do STJ: O princípio da insignificância é inaplicável aos crimes contra a Administração
Pública.
4
SANCHES, Rogério. ob. cit. p. 78.
5
STF, HC 84412, Relator(a): Min. CELSO DE MELLO, Segunda Turma, julgado em 19.10.2004, DJ 19-11-2004 PP-
00037 EMENT VOL-02173-02 PP-00229 RT v. 94, n. 834, 2005, p. 477-481 RTJ VOL-00192-03 PP-00963
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Dizer o Direito6:
O princípio da insignificância pode ser aplicado aos crimes contra a Administração Pública?
Para o STJ, não. Não se aplica o princípio da insignificância aos crimes contra a Administração Pública,
ainda que o valor da lesão possa ser considerado ínfimo.
Segundo o STJ, os crimes contra a Administração Pública têm como objetivo resguardar não apenas o
aspecto patrimonial, mas, principalmente, a moral administrativa. Logo, mesmo que o valor do prejuízo
seja insignificante, deverá haver a sanção penal considerando que houve uma afronta à moralidade
administrativa, que é insuscetível de valoração econômica.
Exceção
Existe uma exceção. A jurisprudência é pacífica em admitir a aplicação do princípio da insignificância ao
crime de descaminho (art. 334 do CP), que, topograficamente, está inserido no Título XI do Código Penal,
que trata sobre os crimes contra a Administração Pública.
De acordo com o STJ, “a insignificância nos crimes de descaminho tem colorido próprio, diante das
disposições trazidas na Lei n. 10.522/2002”, o que não ocorre com outros delitos, como o peculato etc.
(AgRg no REsp 1346879/SC, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 26/11/2013).
Segundo o entendimento que prevalece no STF, a prática de crime contra a Administração Pública, por si
só, não inviabiliza a aplicação do princípio da insignificância, devendo haver uma análise do caso concreto
para se examinar se incide ou não o referido postulado.
6 CAVALCANTE, Márcio André Lopes. In(aplicabilidade) do princípio da insignificância aos crimes contra a Administração
Pública. Buscador Dizer o Direito, Manaus. Disponível em:
<https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/3bc71faebe42e1639eb6fded38d714cd>. Acesso
em: 21/11/2018
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4. CRIMES PRATICADOS POR FUNCIONÁRIO PÚBLICO CONTRA A ADMINISTRAÇÃO EM GERAL
4.1 Peculato
Formas do Crime:
Peculato próprio: é o do caput, que pode ter duas formas.
Peculato-apropriação (art. 312, caput, 1ª parte, do CP);
Peculato-desvio (art. 312, caput, 2ª parte, do CP);
Art. 312, do CP - Apropriar-se o funcionário público de dinheiro, valor ou qualquer outro bem móvel,
público ou particular, de que tem a posse em razão do cargo, ou desviá-lo, em proveito próprio ou
alheio:
Pena - reclusão, de dois a doze anos, e multa.
Essa é uma infração penal de grande potencial ofensivo. Só admite suspensão do processo se for tentado.
Sujeitos do Crime:
O sujeito ativo é o funcionário público em sentido amplo (art. 327, do CP).
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Obs2: Cuidado! O particular, para responder em concurso por crime funcional de peculato, deve conhecer
a condição pessoal do servidor, caso contrário, responderá por apropriação indébita.
Art. 552, da CLT – Os atos que importem malversação ou dilapidação do patrimônio das associações ou
entidades sindicais ficam equiparados ao crime de peculato julgado e punido na conformidade da
legislação penal.
O art. 552, da CLT não equipara o agente a funcionário público, mas sim equipara o fato ao crime de
peculato. A equiparação é objetiva, e não subjetiva
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Conduta:
Art. 312, do CP - Apropriar-se o funcionário público de dinheiro, valor ou qualquer outro bem móvel,
público ou particular, de que tem a posse em razão do cargo, (peculato-apropriação) ou desviá-lo, em
proveito próprio ou alheio (peculato desvio):
O crime pune:
.“Apropriar-se” (inverter a posse, agindo como se dono da coisa fosse) ou “desviar” (malversação, dar
destino diverso à coisa) o funcionário público ...
.... de dinheiro, valor ou qualquer outro bem móvel - Quando se fala em bem “móvel”, fala-se em coisa
que pode ser transportada de um local para outro. Não significa, aqui, a mesma coisa do Direito Civil.
Atenção! Não abrange serviço público como mão de obra, por exemplo.
.... público ou particular - Se o bem for particular, o proprietário é vítima secundária.
.... de que tem posse – Pressupõe-se a posse da coisa pelo servidor.
CONFIGURAÇÃO TÍPICA. DESVIO DE RECURSOS PÚBLICOS POR AGENTE DO ESTADO QUE TEM A POSSE
OU A DISPONIBILIDADE JURÍDICA DO DINHEIRO EM RAZÃO DO CARGO. PECULATO-DESVIO. ARTIGO 312,
CAPUT, SEGUNDA PARTE, DO CÓDIGO PENAL.
1. Consoante doutrina especializada, a posse referida pelo art. 312, caput, do Código Penal “deve ser
entendida em sentido amplo, compreendendo a simples detenção, bem como a posse indireta
(disponibilidade jurídica sem detenção material, ou poder de disposição exercível mediante ordens,
requisições ou mandados” (Hungria, Comentários ao Código Penal, v. 9, p. 339, op.cit. Nucci, Guilherme
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de Souza. Curso de Direito Penal: Parte Especial: arts. 213 a 361 do Código Penal. Vol. 3 – Rio de Janeiro:
Forense, 2017, p. 467), posição que guarda sintonia com a jurisprudência dos Tribunais Superiores sobre
a matéria. Precedentes (REsp 1776680/MG, Rel. Ministro JORGE MUSSI, QUINTA TURMA, julgado em
11.02.2020, DJe 21.02.2020).
.... em razão do cargo. – A posse da coisa deve estar entre as atribuições do agente. Isso significa que não
basta a posse por ocasião do cargo (isso é pegadinha de concurso). Deve haver um nexo entre a posse e
as suas atribuições.
Voluntariedade:
Esse crime é punido a título de dolo, a vontade consciente de apoderar-se ou dar destino diverso à coisa.
A doutrina discute se existe o crime em caso de ânimo de uso, “PECULATO DE USO”.
CONCLUSÃO: O crime funcional sempre corresponde a um ato de improbidade, mas nem todo ato de
improbidade corresponde a um crime funcional.
Cuidado com o Prefeito! Em se tratando de Prefeito Municipal, o peculato de uso é crime, mesmo quando
a coisa não é consumível. Aliás, o Decreto-Lei 201/67 prevê como crime a apropriação de serviços públicos
(art. 1º, II, do Decreto-Lei 201/67);
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Art. 1º, do Decreto-lei 201/67 - São crimes de responsabilidade dos Prefeitos Municipal, sujeitos ao
julgamento do Poder Judiciário, independentemente do pronunciamento da Câmara dos Vereadores:
I - apropriar-se de bens ou rendas públicas, ou desviá-los em proveito próprio ou alheio;
II - utilizar-se, indevidamente, em proveito próprio ou alheio, de bens, rendas ou serviços públicos;
Consumação:
Previsão legal:
Art. 312, §1º, do CP - Aplica-se a mesma pena, se o funcionário público, embora não tendo a posse (por
isso peculato impróprio) do dinheiro, valor ou bem, o subtrai, ou concorre para que seja subtraído, em
proveito próprio ou alheio, valendo-se de facilidade que lhe proporciona a qualidade de funcionário.
Obs. 1: Aqui, o agente não tem posse da coisa, razão pela qual ele precisa subtraí-la.
Obs. 2: É imprescindível que o agente, na subtração, tenha facilidades proporcionadas por sua qualidade
de funcionário/ servidor.
Conclusão: Se o agente praticar subtração sem a facilidade do cargo, ele pratica furto. Então:
• Subtração facilitada = 312, §1º, do CP;
• Subtração não facilitada = art. 155, do CP.
O agente se apropria da coisa PORQUE TEM POSSE O agente subtrai a coisa, ou concorre para que seja
E POSSE EM RAZÃO DO CARGO. subtraída, não havendo posse da coisa. A
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subtração deve ser facilitada pela condição de
servidor.
Previsão Legal:
Esse é o único crime funcional CULPOSO. Ele tem uma pena de 3 meses a 1 ano (infração de menor
potencial ofensivo).
Peculato culposo
Ex. Funcionário deixa a porta de uma sala aberta ou o almoxarifado aberto, etc. e, dessa forma, o agente
negligentemente concorre para o crime de outrem.
Conduta:
O funcionário, com manifesta negligência, cria condições favoráveis para a prática do crime de outrem.
Mas, o que se entende por “crime de outrem”? Esse crime pode ser qualquer crime ou necessariamente
tem que ser uma das demais modalidades de peculato?
Há duas correntes:
1ª Corrente) Numa interpretação topográfica, “crime de outrem” abrange somente o peculato doloso do
art. 312, caput e §1º, do CP. Para essa corrente, por exemplo, se a negligência favoreceu um furto, não
haveria o peculato culposo. Essa corrente prevalece.
2ª Corrente) “Crime de outrem” abrange qualquer delito que viola a Administração Pública, direta ou
indiretamente, como, por exemplo, um furto.
Segundo Cleber Masson, “o peculato culposo nada mais é do que o concurso não intencional pelo
funcionário público, realizado por ação ou omissão – mediante imprudência, negligência ou desídia –
para a apropriação, desvio ou subtração de dinheiro, valor ou qualquer outro bem móvel pertencente ao
Estado ou sob sua guarda, por uma terceira pessoa, que pode ser funcionário público (intraneus) ou
particular (extraneus). Como não se admite a participação culposa em crime doloso, não há falar em
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concurso de pessoas, na forma disciplinada pelo art. 29, caput, do Código Penal. Logo, uma vez
concretizada a subtração, o funcionário público relapso responde pelo peculato culposo, ao passo que ao
terceiro será imputado delito diverso (peculato, se também ostentar a condição funcional, ou, se
particular, por crime de outra natureza, notadamente o furto)”.
Presença dos dois requisitos cumulativos e indispensáveis:
O referido autor, ensina, ainda, que “a consumação do peculato culposo verifica-se no momento em que
se consuma o crime doloso praticado pelo terceiro. E, tratando-se de crime culposo, não se
admite tentativa, razão pela qual o funcionário público somente responderá pelo peculato culposo na
hipótese de consumação do crime doloso cometido por terceiro. Com efeito, se o crime doloso ficar na
fase da tentativa, não se aperfeiçoa o peculato culposo. No entanto, o terceiro, evidentemente, deverá
responder pelo conatus (tentativa) do seu crime doloso.”
ATENÇÃO! É imprescindível nexo causal entre a negligência e a prática do crime doloso pelo terceiro.
Devo lembrar! Não se admite tentativa, como todo crime culposo.
Obs.: O funcionário negligente não é partícipe do crime praticado pelo terceiro, pois este age com dolo,
enquanto aquele age com culpa.
Art. 312, §3º, do CP - No caso do parágrafo anterior, a reparação do dano, se precede à sentença
irrecorrível, extingue a punibilidade; se lhe é posterior, reduz de metade a pena imposta.
São dois os benefícios previstos na norma. Eles são separados conforme tenha sido proferida ou não a
sentença irrecorrível. A reparação do dano antes da sentença irrecorrível gera extinção da punibilidade.
Mas a reparação do dano após a sentença irrecorrível diminui a pena. E essa pena será diminuída pelo juiz
da execução penal.
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Art. 313, do CP - Apropriar-se de dinheiro ou qualquer utilidade que, no exercício do cargo, recebeu por
erro de outrem:
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
Conduta:
Esse dispositivo também fala em “apropriar-se”. Então, é bom diferenciar:
O agente tem posse legítima da O agente não tem a posse da O agente tem posse. Mas essa
coisa, em razão do cargo. coisa. posse é ILEGÍTIMA (é uma posse
que ele recebeu por erro de
outrem).
Se a prova trouxer o núcleo “apropriar-se”, pode-se estar diante do crime do art. 312, caput, ou do art.
313, do CP. Então, a diferença estará na natureza da posse, se legítima ou ilegítima. Se legítima – é 312,
caput, do CP; se ilegítima, é art. 313, do CP.
ATENÇÃO! O erro de outrem deve ser espontâneo, pois se provocado pelo funcionário, configura o crime
de estelionato (art. 171, do CP).
Consumação e Tentativa:
Este crime se consuma não no momento do recebimento da coisa, mas quando o agente, percebendo o
erro de terceiro, não o desfaz, apropriando-se da coisa.
A tentativa é possível.
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Art. 313-A, do CP Art. 313-B, do CP
Sujeito Ativo: Funcionário Público AUTORIZADO. Sujeito Ativo: Funcionário Público NO SENTIDO
AMPLO. Não precisa ser funcionário autorizado.
A conduta punida é inserir ou facilitar a inserção, A conduta punida é modificar ou alterar sistemas
alterar ou excluir dados. de informações ou programa de informática.
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Voluntariedade – O crime é punido a título de dolo: Voluntariedade – O crime é punido a título de dolo:
dolo + fim especial de obter vantagem ou causar dolo, não exigindo fim especial.
dano.
Consumação – Esse é um crime formal, que se Consumação – Esse é um crime formal. Resultando
consuma com a prática dos núcleos, dispensando a dano, a pena é aumentada.
obtenção da vantagem ou provocação de dano. Admite-se a tentativa.
Admite-se a tentativa.
Previsão Legal:
Art. 316, do CP - Exigir, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes
de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida:
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa. (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019)
ATENÇÃO! Antes do pacote anticrime, esse crime tinha pena de 2 a 8 anos. Após a alteração dada pela
Lei n. 13.964/2019, a pena máxima passou para 12 anos. Trata-se, pois, de infração de GRANDE potencial
ofensivo.
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Errado.
Art. 3°, da Lei 8.137/90 - Constitui crime funcional contra a ordem tributária, além dos previstos no Código
Penal (Título XI, Capítulo I):
II - exigir, solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou
antes de iniciar seu exercício, mas em razão dela, vantagem indevida; ou aceitar promessa de tal vantagem,
para deixar de lançar ou cobrar tributo ou contribuição social, ou cobrá-los parcialmente. Pena - reclusão,
de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa.
Concussão no CPM:
Art. 305, do CPM - Exigir, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou
antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida:
Pena - reclusão, de dois a oito anos.
Sujeito Passivo:
O sujeito passivo primário é a Administração Pública e o sujeito passivo secundário é a pessoa
constrangida pela ação do agente.
Conduta:
Art. 316, do CP - Exigir, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes
de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida:
A conduta é:
“Exigir” ... – É um comportamento que intimida, constrange a vítima.
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Obs1: Exigir não se confunde com solicitar, que é pedir. Pedir/solicitar configura corrupção passiva, e não
concussão.
Obs2: O agente atua abusando de sua autoridade pública, e utilizando-a como meio de coação (“metus
publicae potestatis”).
Obs3: Para Capez, o agente, na exigência, não pode empregar violência ou grave ameaça, caso em que
ficará configurado o delito de extorsão. Rogério Sanches critica isso, dizendo que a coação pressupõe, no
mínimo, a ameaça, ainda que não seja grave. Ele concorda que não pode haver violência física. Mas, como
se vai praticar uma coação se não se promete a prática de algum mal injusto e grave?
O termo “para outrem” abrange a própria administração pública? É possível concussão exigindo vantagem
em proveito da própria Administração Pública? Há divergência:
1ª Corrente: Não abrange vantagem revertida em favor da Administração Pública. Nesse sentido, Paulo
José da Costa Júnior.
2ª Corrente: Entende que abrange a vantagem em favor da Administração Pública. É a majoritária.
Exemplos da Jurisprudência nesse sentido: Um delegado exigiu vantagem para reformar a Delegacia; Uma
juíza exigiu vantagem para informatizar o Juizado.
Prevalece que não precisa ser necessariamente uma vantagem econômica, desde que indevida.
ATENÇÃO! Para configurar o crime de concussão, o agente tem que ter competência, poder ou atribuição
para concretizar o mal que ele prometeu. Se a pessoa não tem essa competência, poder ou atribuição, isso
não é concussão, mas sim extorsão.
Então, deve o agente deter competência ou atribuição para a prática do mal prometido. Faltando-lhe
poderes para tanto, mesmo que o agente seja servidor, caracteriza-se extorsão.
O mesmo raciocínio se aplica para quem se passa por servidor. A pessoa não pratica concussão, mas sim
extorsão.
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Como caiu em prova:
CESPE/CEBRASPE, TJ-SC/JUIZ, 2019 (Adaptada): Joaquim, fiscal de vigilância sanitária de determinado
município brasileiro, estava licenciado do seu cargo público quando exigiu de Paulo determinada
vantagem econômica indevida para si, em função do seu cargo público, a fim de evitar a ação da
fiscalização no estabelecimento comercial de Paulo.
Nessa situação hipotética, Joaquim praticou o delito de concussão.
Certo.
Pergunta de Concurso (MP/RO): Médico, servidor do SUS, obtendo indevida vantagem do paciente: que
crime é esse?
Aqui, devem ser diferenciadas três situações: (a) Se o médico exige a vantagem, ele praticou concussão;
(b) Se o médico solicita a vantagem, praticou corrupção passiva; (c) Se o médico simula ser devida a
vantagem, esse médico responderá por estelionato.
Voluntariedade: O crime é punido a título de dolo + fim especial de obter indevida vantagem.
Consumação e Tentativa:
O crime se consuma com a indevida EXIGÊNCIA. Esse é um delito formal ou de consumação antecipada.
Dizer o Direito7:
7
CAVALCANTE, Márcio André Lopes. Concussão (art. 316) e momento da consumação. Buscador Dizer o Direito, Manaus.
Disponível em:
<https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/1abb1e1ea5f481b589da52303b091cbb>. Acesso
em: 31/08/2017
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Como caiu em prova:
CESPE/CEBRASPE, MPE-TO/PROMOTOR, 2004 (Adaptada): O crime de concussão exige o resultado
material, consumando-se com a percepção da vantagem indevida.
Errado.
Admite-se a tentativa na forma escrita (carta concussionária interceptada). Para Hungria, em posição
minoritária, nesse caso há fato atípico, espelhando mera intenção criminosa.
Art. 316, §2º, do CP - Se o funcionário desvia, em proveito próprio ou de outrem, o que recebeu
indevidamente para recolher aos cofres públicos:
Pena - reclusão, de dois a doze anos, e multa.
Se a vantagem devida for tributo ou contribuição social, caracteriza-se excesso de exação (at. 316, §1º, do
CP);
Excesso de exação:
Art. 316, §1º, do CP - Se o funcionário exige tributo ou contribuição social que sabe ou deveria saber
indevido, ou, quando devido, emprega na cobrança meio vexatório ou gravoso, que a lei não autoriza:
Pena - reclusão, de três a oito anos, e multa. (Redação dada pela Lei nº 8.137, de 27.12.1990)
Segundo Sanches, pune-se o funcionário que se exceder na cobrança de tributos ou contribuição social,
seja porque cobra, demandando imperiosamente o que não é devido, ou, mesmo que devido, utiliza-se
de meio vergonhoso (vexatório) ou que traz ao contribuinte maiores ônus.
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Como caiu em prova:
CESPE/CEBRASPE, SEFAZ-RS, 2019 (Adaptada): Determinado auditor fiscal da SEFAZ exigiu do
contribuinte o pagamento de tributo que sabia ser indevido, afirmando que iria recolher o valor aos cofres
públicos.
Nessa situação hipotética, o auditor fiscal deverá responder pelo cometimento do crime de excesso de
exação.
Certo.
Discute-se se há o crime quando o objeto material for custas e emolumentos. Assim se manifestou o STJ:
I - O crime previsto no art. 316, § 1º, do Código Penal (excesso de exação) se dá com a cobrança, exigência
por parte do agente (funcionário público) de tributo ou contribuição social que sabe ou deveria saber
indevido.
II - A Lei nº 8.137/90 ao dar nova redação ao dispositivo em análise extirpou de sua redação os termos
taxas e emolumentos, substituindo-os por tributo e contribuição social.
III - De acordo com a jurisprudência desta Corte e do Pretório Excelso as custas e os emolumentos
concernentes aos serviços notariais e registrais possuem natureza tributária, qualificando-se como taxas
remuneratórias de serviços públicos. (Precedentes do STJ e do STF e Informativo nº 461/STF).
IV - Desta forma, comete o crime de excesso de exação aquele que exige custas ou emolumentos que sabe
ou deveria saber indevido. Recurso desprovido. (STJ, REsp 899486 / RJ RECURSO ESPECIAL 2006/0085924-
4)
Voluntariedade
DOLO, consistente na vontade dirigida à exigência de tributo ou contribuição social indevida, ou ao
emprego de meio gravoso ou vexatório na sua cobrança.
Consumação e tentativa
O crime consuma-se no momento em que a ilícita cobrança é dirigida ao particular, sendo dispensável o
recebimento de qualquer valor (crime formal). A tentativa pode ocorrer na exigência por escrito.
Previsão Legal:
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Corrupção passiva
Art. 317, do CP - Solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da
função ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida, ou aceitar promessa de tal vantagem:
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa. (Redação dada pela Lei nº 10.763, de 12.11.2003)
Exigir Solicitar
Obs.: “Exigir” é mais grave do que “solicitar”, então, antes da Lei 13.964/2019, muitos questionavam a
pena máxima dada pelo art. 317 do CP (12 anos), já que a redação anterior do art. 316 do mesmo
diploma legal dava pena máxima de 8 anos. Mas isso foi superado com o pacote anticrime, que
aumentou a pena máxima do crime de concussão para 12 anos.
Na corrupção é possível existir pluralidade de personagens: o corrupto e o corruptor (art. 333, do CP).
Essa é uma exceção pluralista à teoria monista.
Corrupção ativa:
Art. 333, do CP - Oferecer ou prometer vantagem indevida a funcionário público, para determiná-lo a
praticar, omitir ou retardar ato de ofício:
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa. (Redação dada pela Lei 10.763, de 12.11.2003)
Sujeito Ativo:
São os mesmos do art. 316, do CP, ou seja, o funcionário público; ou o funcionário público fora da função;
ou o particular na iminência de assumir a função pública.
Se o agente for fiscal de rendas, aplica-se o art. 3º, II, da Lei 8.137/90 (delito funcional contra a ordem
tributária).
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Se o agente for militar, analisa-se o art. 308, do CPM. No CP, pune-se solicitar, receber e aceitar promessa.
Mas no CPM, pune-se somente receber e aceitar. Como fica isso? E se o militar somente “solicita”? Se o
militar solicita, ele responderá pelo art. 317, do CP, e, nesse caso, a competência será da Justiça Comum,
e não da justiça militar.
O advogado que, por força de convênio celebrado com o Poder Público, atua de forma remunerada em
defesa dos hipossuficientes agraciados com o benefício da assistência judiciária gratuita, enquadra-se no
conceito de funcionário público para fins penais. Sendo equiparado a funcionário público, é possível que
responda por corrupção passiva (art. 317 do CP). STJ. 5ª Turma. HC 264459-SP, Rel. Min. Reynaldo Soares
da Fonseca, julgado em 10.3.2016 (Info 579).
Sujeito Passivo:
O sujeito passivo primário é a Administração Pública e o sujeito passivo secundário é a pessoa
constrangida pelo agente público, desde que não tenha praticado corrupção ativa.
Conduta:
A corrupção passiva nada mais espelha do que a mercancia do agente com a função pública. “É a
prostituição da pureza do cargo pela parcialidade ou pelo interesse”.
Comparação das condutas dos crimes:
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Essa é a única corrupção ativa que o núcleo “dar” não é punido. No
Código Eleitoral, no Estatuto do Torcedor, na corrupção de testemunhas,
a conduta “dar” é crime.
Obs.: A vantagem na corrupção, a exemplo do que já ocorre na concussão, não precisa ser necessariamente
econômica.
Obs. 2: A corrupção passiva não pressupõe a ativa, e vice-versa. Excepcionalmente, os núcleos “receber”
e “aceitar promessa” demandam corrupção ativa (formas bilaterais do crime).
Na forma “solicitar”, não é necessário o art. 333, do CP.
Nas formas “prometer” e “oferecer” não é necessário o art. 317, do CP. Mas, nos núcleos “aceitar” e
“receber” é necessário o art. 317, do CP.
Dizer o Direito:
O reconhecimento da inépcia da denúncia em relação ao acusado de corrupção ativa (art. 333 do CP) NÃO
INDUZ, por si só, ao trancamento da ação penal em relação ao denunciado, no mesmo processo,
por corrupção passiva (art. 317 do CP). Prevalece o entendimento de que, via de regra, os crimes
de corrupção passiva e ativa, por estarem previstos em tipos penais distintos e autônomos, são
independentes, de modo que a comprovação de um deles não pressupõe a do outro. STJ. 5ª Turma. RHC
52465-PE, Rel. Min. Jorge Mussi, julgado em 23.10.2014 (Info 551).
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Corrupção passiva exige que o ato que o agente prometeu praticar esteja dentro de suas competências
formais?
Então, na doutrina autores tradicionais como Rogério Sanches e Cléber Masson, defendem a necessidade
de nexo entre a função do corrupto e a vantagem.
Segundo Rogério Sanches, “para a existência do crime deve haver um nexo entre a vantagem solicitada
ou aceita e a atividade exercida pelo corrupto”.
No mesmo sentido, Cleber Masson ensina que “não há corrupção passiva se o ato não é da atribuição do
funcionário público que solicitou, recebeu ou aceitou a promessa de vantagem indevida, embora tenha
ele assim agido a pretexto de influir em ato praticado por funcionário público no exercício da função.
Nesse caso, estará caracterizado o crime de tráfico de influência (CP, art. 332)”.
Há julgado do STF falando da vinculação causal:
“Para a aptidão de imputação de corrupção passiva, não é necessária a descrição de um específico ato de
ofício, bastando uma vinculação causal entre as vantagens indevidas e as atribuições do funcionário
público, passando este a atuar não mais em prol do interesse público, mas em favor de seus interesses
pessoais” (Inq 4506 DF, rel. Min. Marco Aurélio, j. 17.04.2018).
Contudo, no STJ, recentemente, entendeu-se que o crime de corrupção passiva consuma-se ainda que a
vantagem indevida esteja relacionada com atos que formalmente não se inserem nas atribuições do
funcionário público:
O crime de corrupção passiva consuma-se ainda que a solicitação ou recebimento de vantagem indevida,
ou a aceitação da promessa de tal vantagem, esteja relacionada com atos que formalmente não se
inserem nas atribuições do funcionário público, mas que, em razão da função pública, materialmente
implicam alguma forma de facilitação da prática da conduta almejada.
Ao contrário do que ocorre no crime de corrupção ativa, o tipo penal de corrupção passiva não exige a
comprovação de que a vantagem indevida solicitada, recebida ou aceita pelo funcionário público esteja
causalmente vinculada à prática, omissão ou retardamento de “ato de ofício”.
A expressão “ato de ofício” aparece apenas no caput do art. 333 do CP, como um elemento normativo
do tipo de corrupção ativa, e não no caput do art. 317 do CP, como um elemento normativo do tipo
de corrupção passiva. Ao contrário, no que se refere a este último delito, a expressão “ato de ofício”
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figura apenas na majorante do art. 317, § 1.º, do CP e na modalidade privilegiada do § 2.º do mesmo
dispositivo (STJ. 6ª Turma. REsp 1745410-SP, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, Rel. Acd. Min. Laurita Vaz,
julgado em 02.10.2018 - Info 635).
A vantagem ou recompensa é dada tendo em vista A vantagem dada ou prometida tem em vista
uma ação futura. conduta já realizada.
Voluntariedade:
O crime é punido a título de dolo + fim especial de obter indevida vantagem.
Consumação e Tentativa:
Vejamos as modalidades:
• Solicitar – Crime formal, dispensando a obtenção da vantagem solicitada. A doutrina admite
tentativa na modalidade solicitar por escrito.
• Aceitar – Crime formal, dispensando a obtenção da vantagem solicitada.
• Receber – Delito material, precisando efetivamente receber a vantagem para o crime se consumar.
Na prática, é impossível haver tentativa.
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Nessa situação, a consumação da infração penal ocorrerá com o recebimento da vantagem indevida.
Errado.
FCC, TRF4/TÉCNICO, 2019 (Adaptada): José, Técnico de Segurança e Transporte do TRF, solicita vantagem
indevida para si, deixando de realizar ato de ofício. Ao solicitar tal vantagem, de acordo com a lei penal,
ele comete o crime de corrupção passiva.
Certo.
Art. 317, 1º, do CP - A pena é aumentada de um terço, se, em conseqüência da vantagem ou promessa, o
funcionário retarda ou deixa de praticar qualquer ato de ofício ou o pratica infringindo dever funcional.
O art. 317, §1º, do CP só aumenta a pena na corrupção passiva própria, pois só nela há violação de dever
funcional. Na corrupção passiva imprópria, a pessoa pratica um ato observando o seu dever funcional,
porém comercializando esse ato.
A corrupção passiva tem dois momentos: (1º) comércio do ato; (2º) execução do ato. O comércio do ato
consuma o crime e a execução do ato majora a pena.
Obs.: Mas, Atenção! Quando a execução do ato comercializado constitui, por si só, crime autônomo, não
incide a majorante, evitando-se bis in idem.
Ex. Servidor solicita dinheiro para facilitar fuga de preso. Ele solicitou dinheiro e nesse momento, o delito
do art. 317, do CP já está consumado. Depois, o servidor efetivamente facilita a fuga: nesse caso, não se
aumenta a pena do art. 317, do CP, pois facilitar fuga configura o art. 351, do CP. Então, o agente
responderá pelo art. 317, do CP c/c art. 351, do CP, na forma do art. 69, do CP. E não haverá a majoração
do art. 317, do CP, para se evitar o bis in idem.
Art. 317, §2º, do CP - Se o funcionário pratica, deixa de praticar ou retarda ato de ofício, com infração de
dever funcional, cedendo a pedido ou influência de outrem:
Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa.
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IADES, BRB/ADVOGADO, 2019 (Adaptada): Em relação ao crime de corrupção passiva, admite a forma
privilegiada quando o funcionário pratica, deixa de praticar ou retarda ato de ofício, com infração de dever
funcional, cedendo a pedido ou influência de outrem.
Certo.
Prevaricação
Art. 317, §2º, do CP - Se o funcionário pratica, deixa Art. 319, do CP - Retardar ou deixar de praticar,
de praticar ou retarda ato de ofício, com infração indevidamente, ato de ofício, ou praticá-lo contra
de dever funcional, cedendo a pedido ou influência disposição expressa de lei, para satisfazer interesse
de outrem: ou sentimento pessoal:
Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa. Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.
O agente cede diante de pedido ou influência de Não existe pedido ou influência de outrem. Trata-
outrem. se de uma autocorrupção.
Não busca satisfazer interesse ou sentimento O agente busca satisfazer interesse ou sentimento
pessoal. pessoal.
Dizer o Direito:
Determinado Senador solicitou e recebeu de uma construtora R$ 500 mil, valor destinado à sua campanha
política. A quantia foi repassada pela construtora não diretamente ao Senador, mas sim ao partido
político, como se fossem doações eleitorais oficiais. Ao pedir o valor, o Senador teria se comprometido
com a construtora a manter João como Diretor da Petrobrás. Isso era de interesse da construtora porque
João, em nome da estatal, celebrava contratos fraudulentos com a empresa. O Senador foi reeleito e, com
sua influência decorrente do cargo, conseguiu manter João na Diretoria.
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Em um juízo preliminar, para fins de recebimento da denúncia, o STF entendeu que a conduta do Senador,
em tese, configura a prática dos seguintes crimes:
• Corrupção passiva (art. 317, caput e § 1º, do CP);
• Lavagem de dinheiro (art. 1º, caput, da Lei nº 9.613/98).
STF. 2ª Turma. Inq 3982/DF, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 7.3.2017 (Info 856).
Art. 318. Facilitar, com infração de dever funcional, a prática de contrabando ou descaminho (art. 334):
Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa.
Sujeito ativo:
É o funcionário público incumbido de impedir a prática do contrabando e do descaminho.
Com fundamento no art. 30 do CP, é possível a participação de terceiro, desde que ciente de estar
colaborando com a ação ou omissão criminosa de um fiscal incumbido de tal mister.
Sujeito passivo:
É o ESTADO.
Conduta:
Facilitar, seja por ação ou omissão, a prática dos crimes de descaminho (art. 334, CP) e contrabando
(art. 334-A).
Voluntariedade:
É o dolo. Em outras palavras, a vontade consciente de facilitar o descaminho ou contrabando, infringindo
o dever funcional.
Consumação e tentativa:
O crime se consuma com a efetiva facilitação (crime formal).
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Art. 319 - Retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício, ou praticá-lo contra disposição
expressa de lei, para SATISFAZER INTERESSE OU SENTIMENTO PESSOAL.
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.
A pena cominada ao delito admite a transação penal e a suspensão condicional do processo (Lei
9.099/95).
Conduta:
• O agente busca satisfazer interesse ou sentimento pessoal;
• Crime formal;
• Interesse particular acima do interesse público;
• Contra disposição expressa da lei;
IMPORTANTE: Um delegado de polícia, por desleixo e mera indolência, omitiu-se na apuração de diversas
ocorrências policiais sob sua responsabilidade, não cumprindo, pelos mesmos motivos, o prazo de
conclusão de vários procedimentos policiais em curso. Nessa situação, a conduta do policial NÃO constitui
crime de prevaricação. A jurisprudência é tranquila no sentido de que a negligência, desídia, preguiça,
exclui o dolo, havendo somente improbidade administrativa.
Sujeitos do crime:
• ATIVO: Funcionário Público (art. 327 do CP), sendo perfeitamente possível a participação de terceiro
não qualificado, desde que conhecedor da condição funcional do agente público (art. 30 do CP).
• PASSIVO: É o ente público, secundariamente, particulares.
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CESPE/CEBRASPE, CGE-CE, 2019 (Adaptada): O sujeito ativo do crime de prevaricação pode ser um
particular, desde que aja em concurso com servidor público, mesmo que aquele desconheça a condição
funcional do coautor.
Errado.
Voluntariedade:
DOLO do agente, é dizer, a vontade consciente de retardar, omitir ou praticar ilegalmente ato de ofício,
acrescido do intuito de satisfazer INTERESSE PESSOAL (elemento subjetivo do tipo).
Consumação e tentativa:
Consuma-se o crime com o retardamento, a omissão ou a prática do ato, sendo dispensável a satisfação
do interesse visado pelo servidor.
CP, Art. 319-A: Deixar o Diretor de Penitenciária e/ou agente público, de cumprir seu dever de vedar ao
preso o acesso a aparelho telefônico, de rádio ou similar, que permita a comunicação com outros presos
ou com o ambiente externo:
Pena: detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano.
CP, Art. 320 - Deixar o funcionário, por indulgência, de responsabilizar subordinado que cometeu infração
no exercício do cargo ou, quando lhe falte competência, não levar o fato ao conhecimento da autoridade
competente: Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa.
• Indulgência: piedade/pena/clemência/tolerância;
• Sujeito ativo: Superior hierárquico do funcionário infrator;
• Tentativa Inadmissível;
• Crime omissivo puro;
• Cabível, apenas, a omissão do superior hierárquico por SENTIMENTO DE INDULGÊNCIA.
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Ressalta-se que eventuais irregularidades praticadas pelo subordinado extra officio (fora do cargo) e
toleradas pelo superior hierárquico, não configura crime.
IMPORTANTE! O crime de prevaricação pode ser praticado por ação ou por omissão; o delito de
condescendência criminosa, apenas na modalidade omissiva. O primeiro exige o elemento subjetivo
especial para satisfazer interesse ou sentimento pessoal; o segundo exige o elemento subjetivo especial
por indulgência, ou seja, por tolerância ou condescendência.
CP, Art. 321 - Patrocinar, direta ou indiretamente, interesse privado perante a administração pública,
valendo-se da qualidade de funcionário:
Pena - detenção, de um a três meses, ou multa.
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• Se o interesse é ilegítimo: Pena - detenção, de três meses a um ano, além da multa.
• Só se configura p crime quando o funcionário patrocina interesse privado “alheio”, perante a
Administração Pública. Não há crime se o interesse é próprio.
Sujeito do crime:
Sujeito ativo é o funcionário público. É possível a participação de particular, desde que conhecer da
condição de funcionário público do autor (art. 30 do CP).
Sujeito passivo é a Administração Pública.
Voluntariedade:
A conduta em estudo é punida a título de dolo, caracterizando-se pela vontade consciente do funcionário
patrocinar interesse privado alheio perante a Administração Pública.
Não se pune a modalidade culposa.
Consumação e tentativa:
Consuma-se com a prática de ato revelador do patrocínio. Não depende da obtenção de vantagem.
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CESPE/CEBRASPE, EMAP, 2018: Funcionário público que utilizar o cargo para exercer defesa de interesse
privado lícito e alheio perante a administração pública, ainda que se valendo de pessoa interposta,
cometerá o crime de advocacia administrativa.
Certo.
CESPE/CEBRASPE, CAIXA/ADVOGADO, 2006: Considere a seguinte situação hipotética. Gervásio,
procurador federal, aproveitando-se da sua condição de funcionário público e das facilidades a ela
inerentes, postulou, junto a um órgão federal de fiscalização de trânsito, a revisão de cálculo e acordo
administrativo em nome de terceiro, referente a processo em que atuou como advogado, antes ter
ingressado no serviço público, tendo o seu pleito resultado em um depósito de R$ 3.000.000,00, em
conta- corrente do interessado. Nessa situação, Gervásio praticou o crime de advocacia administrativa,
visto que intermediou vantagens para outrem junto à repartição pública, valendo-se do próprio cargo.
ENTEDIMENTO JURISPRUDENCIAL: O crime previsto no artigo 322 do CP, não foi revogado pela lei
4898/65 (antiga Lei de Abuso de Autoridade, revogada pela Lei 13.869/19).
Segundo Sanches, mesmo com a Lei 13.869/19 (nova lei de abuso de autoridade), o entendimento ainda
prevalece.
A pena do delito permite suspensão condicional do processo (Lei 9.099/95). Cometido com violência, o
crime NÃO admite o acordo de não persecução penal (art. 28-A do CPP).
CP, Art. 323 - Abandonar cargo público, fora dos casos permitidos em lei:
Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa.
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• Não admite tentativa;
• Se do fato resulta prejuízo público: Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.
• Se o fato ocorre em lugar compreendido na faixa de fronteira: Pena - detenção, de um a três anos,
e multa.
• Faixa de fronteira: é a faixa de até 150 km de largura, ao longo das fronteiras terrestres (artigo 20,
§ 2º da CF/88).
CP, Art. 324 - Entrar no exercício de função pública antes de satisfeitas as exigências legais, ou continuar
a exercê-la, sem autorização, depois de saber oficialmente que foi exonerado, removido, substituído ou
suspenso:
Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa.
Sujeitos do crime:
Sujeito ativo é o funcionário público. Sanches ensina que “é exatamente a qualidade do agente –
pessoa direta ou indiretamente ligada aos quadros da Administração Pública – que acaba por
distinguir este crime daquele previsto no art. 328 do CP (usurpação de função pública), cometido por
particular inteiramente alheio à função pública”.
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Outras características do crime:
• É uma norma penal em branco, devendo ser complementada por outros estatutos que
estabeleçam quais são as exigências legais para que o funcionário entre em exercício.
• Voluntariedade: dolo; vontade consciente de exercer a função pública, sabendo estar impedido
para tanto. O fim esperado pelo agente é indiferente.
• Crime de mão própria (dolo).
CP, Art. 325 - Revelar fato de que tem ciência em razão do cargo e que deva permanecer em segredo,
ou facilitar-lhe a revelação:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa, se o fato não constitui crime mais grave.
§ 1º Nas mesmas penas deste artigo incorre quem: (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
I – permite ou facilita, mediante atribuição, fornecimento e empréstimo de senha ou qualquer outra
forma, o acesso de pessoas não autorizadas a sistemas de informações ou banco de dados da
Administração Pública; (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
II – se utiliza, indevidamente, do acesso restrito. (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
§ 2º Se da ação ou omissão resulta dano à Administração Pública ou a outrem: (Incluído pela Lei nº
9.983, de 2000)
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa. (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
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A pena do caput e do §1º admite transação penal e a suspensão condicional do processo, desde que não
incida a majorante do §2º do art. 327 do CP (aumento de penal da terça parte quando os autores do delito
forem ocupantes de cargos em comissão ou de função de direção ou assessoramento de órgão da
administração direita, sociedade de economia mista, empresa pública ou função instituída pelo poder
público).
Agora, a conduta do §2º do art. 325 do CP, não há a aplicação de nenhum dos institutos acima informados.
Sujeitos do crime:
Sujeito ativo: funcionário público. Segundo Rogério Sanches, predomina na doutrina que, “mesmo o
funcionário aposentado ou afastado da sua função pode cometer o crime, pois não se desvincula
totalmente dos deveres para com a Administração Pública.
É possível a participação de pessoa estranha aos quadros funcionais (art. 30 do CP).
Sujeito passivo é o ente público e, eventualmente, o particular lesado.
Voluntariedade:
O dolo do crime de violação de segredo funcional consiste na vontade consciente de transmitir a outrem,
indevidamente, fato que deva permanecer em segredo.
Exige-se, porém, que o agente tenha conhecimento do caráter secreto da notícia revelada.
IMPORTANTE! Não haverá crime se houver justa causa para a divulgação do segredo. Além disso, não
haverá crime, porém, se a pessoa a quem é feita a divulgação já tenha conhecimento do segredo.
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QUADRIX, CRP17/ADVOGADO, 2018 (Adaptada): Pedro, psicólogo do CRP de Natal, contou a alguém fato
de que tinha ciência em razão de seu cargo e que devia permanecer em segredo, o que resultou em dano
à Administração Pública.
Com base nesse caso hipotético, a conduta de Pedro poderá ser tipificada como violação de sigilo
funcional.
Certo.
Nesse capítulo, o aluno irá estudar um rol de crimes comuns, praticados por qualquer pessoa, contra a
Administração em geral.
Sujeito do crime:
Sujeito Ativo: qualquer pessoa (crime comum), inclusive o servidor público, desde que a função usurpada
não esteja entre as atribuições do cargo que ocupa.
Sujeito passivo: Estado-administração.
Conduta:
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A conduta punida pelo artigo em comento é usurpar (assumir, exercer ou desempenhar indevidamente)
uma atividade pública, de natureza civil ou militar, gratuita ou remunerada, permanente ou temporária,
executando atos inerentes ao ofício arbitrariamente ocupado.
Note-se que a conduta daquele que simples e falsamente se intitula funcionário público perante terceiros,
sem, no entanto, praticar atos inerentes ao ofício (sem intromissão no aparelho estatal), não se ajusta ao
disposto no artigo 328 do CP, mas pode configurar a contravenção penal do artigo 45 da Lei das
Contravenções Penais ou mesmo o estelionato (artigo 171).
Voluntariedade:
DOLO do agente, ilegitimamente, em desempenhar, função pública. Não há previsão da modalidade
culposa.
Qualificadora:
Quando o agente aufere, para si ou para terceiro, vantagem (não só as patrimoniais), a pena será
majorada, nos termos do parágrafo único. O terceiro beneficiado que recebe a vantagem, concorrendo
para a usurpação, responderá como partícipe do crime.
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CP, Art. 329 - Opor-se à execução de ato legal, mediante violência ou ameaça a funcionário competente
para executá-lo ou a quem lhe esteja prestando auxílio:
Pena - detenção, de dois meses a dois anos.
§ 1º - Se o ato, em razão da resistência, não se executa:
Pena - reclusão, de um a três anos.
§ 2º - As penas deste artigo são aplicáveis sem prejuízo das correspondentes à violência.
A pena do caput admite a transação penal e a suspensão condicional do processo (Lei 9.099/95).
Contudo, caso seja configurada a qualificadora do parágrafo 1º, admite-se a suspensão.
Como é comeitdo com violência ou ameaça, o crime não admite o acordo de não persecução penal (art.
28-A do CPP).
Outras características:
As penas deste artigo são aplicáveis sem prejuízo das correspondentes à violência.
Crime formal;
Atos instintivos de defesa: NÃO configura resistência;
É necessário que o ato resistido seja legal (substancial e formalmente conforme a lei), ainda que
injusto.
Voluntariedade: dolo, consistente na vontade consciente de se rebelar, mediante violência ou ameaça,
à execução de ato legal, cumprido por autoridade competente.
Qualificadora: se o ato, em razão da resistência, não se executa, o que seria mero exaurimento, aqui é
tratado como crime qualificado, com pena de um a três anos de reclusão.
Segundo Sanches, a oposição deve ser positiva, não se considerando crime a "resistência passiva',
destituída de qualquer conduta agressiva por parte do agente (ex.: a fuga, recusa em fornecer nome ou
abrir portas, xingamentos), podendo configurar, conforme o caso, crime de desobediência (art. 330) ou
desacato (art. 331).
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CESPE/CEBRASPE, PRF, 2020: O crime de resistência somente ocorre quando há oposição à execução de
ato legal, mediante violência e ameaça, não se configurando quando o ato for ilegal.
Certo.
Sujeitos do crime:
Trata-se de crime comum, ou seja, pode ser praticado por qualquer pessoa.
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Segundo Sanches, a caracterização do crime depende:
a) que o funcionário público emita uma ordem (por escrito, palavras ou gestos), diretamente ao
destinatário, não bastando simples pedido ou solicitação (RT 492/398). Com base nesse requisito, o STF,
no HC 90.1 72/SP, julgou atípica a conduta de parlamentar que não atendeu ofício de Magistrado que
solicitava (ainda que de forma reiterada) dia e hora para que prestasse depoimento como testemunha em
processo-crime. De acordo com a Corte Superior, os ofícios apenas solicitavam (e não ordenavam ou
determinavam) atitude do destinatário, não se confundindo com ordem judicial para fins de incidência do
art. 330 do CP. Notou-se, ainda, que os ofícios sequer continham o clássico alerta ao destinatário de que
seu descumprimento importaria em crime, ou mesmo a genérica cláusula de sob as penas da lei, daí
conclui-se pela inexistência de ordem, trancando a ação penal por manifesta atipicidade da conduta;
b) que a ordem emanada seja individualizada (dirigida a pessoa determinada), substancial e formalmente
legal (ainda que injusta), executada por funcionário competente;
Obs.: portanto, guardem, a ordem tem que ser legal.
c) que o destinatário tenha o dever de atendê-la, podendo a desobediência ser comissiva ou omissiva,
de acordo com a ordem que é imposta ao particular. Se a ordem é de fazer, e o agente não a atende, tem-
se a desobediência omissiva; se a ordem é de não fazer, mas o agente faz, tem-se a desobediência
comissiva;
d) que NÃO haja sanção especial para o seu não cumprimento.
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encaminhadas por via postal, sendo os avisos de recebimento subscritos por terceiros. Para caracterizar
o delito de desobediência, exige-se a notificação pessoal do responsável pelo cumprimento da ordem,
demonstrando a ciência inequívoca da sua existência e, após, a intenção deliberada de não cumpri-la.
ENTEDIMENTO JURISPRUDENCIAL: Ofícios expedidos pelo juiz, solicitando o agendamento de dia e hora
para a prestação de depoimento em juízo, encaminhados a quem detém essa prerrogativa processual,
não podem ser tidos como ordens judiciais, para o fim do artigo 330 do CP, caso o destinatário não atenda
àquelas solicitações.
Comete crime de desobediência (art. 330 do CP) o indivíduo que não atende a ordem dada pelo oficial
de justiça na ocasião do cumprimento de mandado de entrega de veículo, expedido no juízo cível. O
indivíduo, depositário do bem, recusou-se a entregar o veículo ou a indicar sua localização.
Essa conduta configura ato atentatório à dignidade da justiça (art. 77, IV, do CPC/2015), havendo a
previsão de multa processual (art. 77, § 2º). Ocorre que a Lei afirma expressamente que a aplicação da
multa ocorre sem prejuízo de responsabilização na esfera penal.
STF. 1ª Turma. HC 169417/SP, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes,
julgado em 28.4.2020 (Info 975).
CP, Art. 331 - Desacatar funcionário público no exercício da função ou em razão dela:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa.
Sujeitos do crime:
Trata-se de crime comum, ou seja, pode ser praticado por qualquer pessoa.
Segundo entendimento lançado pela 6ª Turma do STJ, “o crime em questão, de natureza comum, pode
ser praticado por qualquer pessoa, inclusive, funcionário público, seja ele superior ou inferior hierárquico
à vítima. Isto porque, o bem jurídico a ser tutelado é o prestígio da função pública, portanto, o sujeito
passivo principal é o Estado e, secundariamente, o funcionário ofendido (HC 104.921-SP).
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Como caiu em prova:
FAUEL, PREV SÃO JOSÉ-PR/ADVOGADO, 2017 (Adaptada): Funcionário público pode ser sujeito ativo do
crime de desacato, vez que se trata de crime comum.
Certo.
Conduta:
Desacatar significa "menosprezar a função pública exercida por determinada pessoa. Em outras palavras,
ofende-se o funcionário público com a finalidade de humilhar a dignidade e o prestígio da atividade
administrativa." (MASSON).
Impossível tentativa;
Desacato será vítima SOMENTE o funcionário público, definido no caput do artigo 327 do CP, não
abrangendo o equiparado;
Deve ser ressaltado ser pressuposto de crime que a ofensa seja praticada na presença do servidor
vítima, isto é, que o ofendido esteja no local do ultraje, vendo, ouvindo ou de qualquer outro modo
tomando conhecimento direto do que foi dito.
Deixa de ser desacato (mas apenas delito contra honra), insulto por telefone, imprensa, por escrito,
em razões de recurso.
Ofensa vários funcionários (crime único);
Não há desacato no protesto legítimo do agente;
Não há desacato quando há provocação do funcionário público.
Trata-se de um delito formal, consumando-se no momento em que o funcionário público toma
conhecimento (direto) do ato humilhante e ofensivo, pouco importando se efetivamente se sentiu
menosprezado ou se agiu com indiferença.
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Como caiu em prova:
VUNESP, PGM DE FRANSISCO MORATO-SP, 2019 (Adaptada): O crime de desacato (art. 331 do CP) só se
caracteriza se o funcionário púbico estiver no exercício da função ou em razão dela.
Certo.
Dizer o Direito8
Desacatar funcionário público no exercício da função ou em razão dela continua a ser crime, conforme
previsto no art. 331 do Código Penal.
A figura penal do desacato não prejudica a liberdade de expressão, pois não impede o cidadão de se
manifestar, “desde que o faça com civilidade e educação”.
A responsabilização penal por desacato existe para inibir excessos e constitui uma salvaguarda para os
agentes públicos, expostos a todo tipo de ofensa no exercício de suas funções.
Apesar da posição da Comissão Interamericana de Direitos Humanos ser contrária à criminalização
do desacato, a Corte Interamericana de Direitos Humanos, órgão que efetivamente julga os casos
envolvendo indivíduos e Estados, já deixou claro em mais de um julgamento que o Direito Penal pode
punir as condutas que representem excessos no exercício da liberdade de expressão. STJ. 3ª Seção. HC
379269/MS, Rel. para acórdão Min. Antonio Saldanha Palheiro, julgado em 24.05.2017.
8
CAVALCANTE, Márcio André Lopes. Desacatar funcionário público no exercício da função ou em razão dela continua a
ser crime. Buscador Dizer o Direito, Manaus. Disponível em:
<https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/7a50d83a1e70e9d96c3357438aed7a44>. Acesso
em: 31/08/2017
51
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públicos passariam a ser tratadas pelos tribunais como injúria (art. 140 do CP), crime para o qual a lei já
prevê um acréscimo de 1/3 da pena quando a vítima é servidor público (art. 141, II).
O STF possui algum precedente sobre a recepção do crime de desacato pela CF/88?
SIM, pela recepção do art. 331 do CP, vide:
A norma do art. 331 do Código Penal, que tipifica o crime de desacato, foi recepcionada pela Constituição
de 1988.
Trata-se de arguição de descumprimento de preceito fundamental em que se questiona a conformidade
com a Convenção Americana de Direitos Humanos, bem como a recepção pela Constituição de 1988, do
art. 331 do Código Penal, que tipifica o crime de desacato.
De acordo com a jurisprudência da Corte Interamericana de Direitos Humanos e do Supremo Tribunal
Federal, a liberdade de expressão não é um direito absoluto e, em casos de grave abuso, é legítima a
utilização do direito penal para a proteção de outros interesses e direitos relevantes.
A diversidade de regime jurídico – inclusive penal – existente entre agentes públicos e particulares é uma
via de mão dupla: as consequências previstas para as condutas típicas são diversas não somente quando
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os agentes públicos são autores dos delitos, mas, de igual modo, quando deles são vítimas.
A criminalização do desacato não configura tratamento privilegiado ao agente estatal, mas proteção da
função pública por ele exercida.
Vale ressaltar, no entanto, que, considerando que os agentes públicos em geral estão mais expostos ao
escrutínio e à crítica dos cidadãos, deles se exige maior tolerância à reprovação e à insatisfação,
limitando-se o crime de desacato a casos graves e evidentes de menosprezo à função pública.
STF. Plenário. ADPF 496, Rel. Roberto Barroso, julgado em 22.06.2020 (Info 992 – clipping).
CP, Art. 332 - Solicitar, exigir, cobrar ou obter, para si ou para outrem, vantagem ou promessa de
vantagem, a pretexto de influir em ato praticado por funcionário público no exercício da função:
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa.
Parágrafo único - A pena é aumentada da metade, se o agente alega ou insinua que a vantagem é
também destinada ao funcionário. (Redação dada pela Lei nº 9.127, de 1995)
53
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A pena cominada não admite nenhum dos benefícios da Lei 9.099/95. Permite-se, entretanto, o acordo
de não persecução penal (art. 28-A do CPP).
Sujeitos do delito:
Sujeito ativo poderá ser qualquer pessoa, particular ou até mesmo funcionário público (crime comum).
Sujeito passivo primário é o Estado; secundário, aquele que paga suposta mediação.
Conduta:
Para a configuração do referido crime, é necessário que aludida influência seja fraudulenta (simulada),
pois se presente e real, tratar-se-á de outro crime: corrupção.
Requisitos:
Emprego de meio fraudulento (agente se diz influente com determinado funcionário público quando,
a na realidade, não exerce nenhum prestígio.
A pessoa que o agente alegar ter influência deve ser funcionário público.
Aquele que compra o prestígio de alguém que alegava ter influência junto a órgão público para impedir
um ato de fiscalização, apesar de praticar ato antiético e imoral, não comete nenhum ilícito se, ao fim e
ao cabo, é enganado e não obtém o resultado esperado.
A conduta de entregar dinheiro para outrem, que solicitou o recebimento de vantagem pecuniária, com
a promessa de influenciar servidor da Receita Federal a não praticar ato de ofício referente a uma
autuação fiscal, por ter sido extrapolado o limite de importação na modalidade simplificada, não se
enquadra no delito de tráfico de influência previsto no art. 332 do Código Penal.
9
CAVALCANTE, Márcio André Lopes. Atipicidade do “comprador de fumaça” quanto ao delito de tráfico de influência do
art. 332 do CP. Buscador Dizer o Direito, Manaus. Disponível em:
<https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/430a27748f3853d3745bda9d32419fef>. Acesso
em: 21/02/202
54
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Aquele que “compra” o prestígio de alguém que alegava ter influência junto a um órgão público e que
poderia impedir a realização de um ato de ofício da Administração Pública, a despeito de praticar uma
ato antiético e imoral não praticou nenhum ato ilícito, pois, no caso, o ato administrativo foi realizado e
o “comprador de fumaça” recebeu uma autuação fiscal.
STJ. 5ª Turma. RHC 122.913, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, julgado em 15.12.2020.
A doutrina define a situação como a do “comprador de fumaça”: o réu efetuou o pagamento a um terceiro
que alegava ter influência junto ao funcionário da Receita, mas foi autuado mesmo assim.
Caso o ato de ofício não tivesse sido realizado pela influência do terceiro junto à Administração Pública,
poder-se-ia cogitar da ocorrência do crime de corrupção ativa em coautoria com o outro agente.
A conduta do "comprador de fumaça" não caracteriza o delito previsto no art. 332 do Código Penal
(tráfico de influência), pois ele não praticou qualquer das ações constantes dos verbos previstos neste
dispositivo.
CP, Art. 333 - Oferecer ou prometer vantagem indevida a funcionário público, para determiná-lo a
praticar, omitir ou retardar ato de ofício:
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa. (Redação dada pela Lei nº 10.763, de 12.11.2003)
Parágrafo único - A pena é aumentada de um terço, se, em razão da vantagem ou promessa, o
funcionário retarda ou omite ato de ofício, ou o pratica infringindo dever funcional.
A pena não permite nenhum benefício da Lei 9.099/95. Entretanto, permite-se o acordo de não
persecução penal (art. 28-A, do CPP).
Sujeitos do delito:
Sujeito ativo: trata-se de crime comum, não se exigindo nenhuma qualidade especial do corruptor.
Mesmo o funcionário público, quando despido dessa qualidade, pode figurar como autor do delito.
Sujeito passivo: é o Estado.
Conduta:
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Exemplo: Caracteriza corrupção ativa oferecer vantagem indevida a policial militar, ainda que em horário
de folga e à paisana, para que este se omita quanto a flagrante que presenciou.
Ensina Sanches: “o crime é de ação múltipla, composto de dois núcleos alternativos: oferecer
(apresentar) ou prometer (obrigar-se a dar) a funcionário público vantagem indevida, com o fim de ver
retardado ou omitido ou praticado ato funcional”.
“Note-se que a lei fala em oferecimento ou promessa para determinar o funcionário a praticar, omitir ou
retardar ato de ofício. Dessa forma, fica claro que o particular não é alcançado pela figura típica quando
ofereça ou prometa vantagem, ou a entrega efetivamente, ao funcionário, depois de ter ele praticado o
desejado ato. Em síntese, ao contrário do que vimos na corrupção passiva (art. 3 1 7 do CP), pune-se
somente a corrupção ativa antecedente, mas não a subsequente. É o que resulta da locução para
determiná-lo (RT 672/298)”.
Por fim, o mesmo autor ainda alerta que: “a existência da corrupção ativa independe da passiva, isto é, a
bilateralidade não é requisito indispensável (RT 736/627), podendo apresentar-se de maneira unilateral
(só a ativa ou só a passiva)”.
Somente na modalidade "receber", da corrupção passiva, o crime será bilateral, pois só é possível o agente
"receber" o que foi "oferecido" por terceiro. Nesse sentido: “(...) Rejeitada a tese da ausência de
bilateralidade entre 'oferecer' e 'receber' vantagem indevida (...)”. (STF, 1.ª T., HC 83.658/RJ, j. 29.06. 2004)
Voluntariedade:
DOLO.
Consumação e tentativa:
O crime se consuma no m mento em que o funcionário público toma conhecimento da oferta ou sua
promessa, ainda que a recuse (crime formal).
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O crime de corrupção passiva consuma-se ainda que a solicitação ou recebimento de vantagem indevida,
ou a aceitação da promessa de tal vantagem, esteja relacionada com atos que formalmente não se
inserem nas atribuições do funcionário público, mas que, em razão da função pública, materialmente
implicam alguma forma de facilitação da prática da conduta almejada.
Ao contrário do que ocorre no crime de corrupção ativa, o tipo penal de corrupção passiva não exige a
comprovação de que a vantagem indevida solicitada, recebida ou aceita pelo funcionário público esteja
causalmente vinculada à prática, omissão ou retardamento de “ato de ofício”.
A expressão “ato de ofício” aparece apenas no caput do art. 333 do CP, como um elemento normativo
do tipo de corrupção ativa, e não no caput do art. 317 do CP, como um elemento normativo do tipo
de corrupção passiva. Ao contrário, no que se refere a este último delito, a expressão “ato de ofício”
figura apenas na majorante do art. 317, § 1.º, do CP e na modalidade privilegiada do § 2.º do mesmo
dispositivo. (STJ. 6ª Turma. REsp 1745410-SP, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, Rel. Acd. Min. Laurita Vaz,
julgado em 02.10.2018 - Info 635).
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Descaminho
Art. 334. Iludir, no todo ou em parte, o pagamento de direito ou imposto devido pela entrada, pela
saída ou pelo consumo de mercadoria (Redação dada pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014)
Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos. (Redação dada pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014)
§ 1º Incorre na mesma pena quem: (Redação dada pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014)
I - pratica navegação de cabotagem, fora dos casos permitidos em lei; (Redação dada pela Lei nº 13.008,
de 26.6.2014)
II - pratica fato assimilado, em lei especial, a descaminho; (Redação dada pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014)
III - vende, expõe à venda, mantém em depósito ou, de qualquer forma, utiliza em proveito próprio ou
alheio, no exercício de atividade comercial ou industrial, mercadoria de procedência estrangeira que
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introduziu clandestinamente no País ou importou fraudulentamente ou que sabe ser produto de
introdução clandestina no território nacional ou de importação fraudulenta por parte de
outrem; (Redação dada pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014)
IV - adquire, recebe ou oculta, em proveito próprio ou alheio, no exercício de atividade comercial ou
industrial, mercadoria de procedência estrangeira, desacompanhada de documentação legal ou
acompanhada de documentos que sabe serem falsos. (Redação dada pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014)
§ 2º Equipara-se às atividades comerciais, para os efeitos deste artigo, qualquer forma de comércio
irregular ou clandestino de mercadorias estrangeiras, inclusive o exercido em residências. (Redação dada
pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014)
§ 3º A pena aplica-se em dobro se o crime de descaminho é praticado em transporte aéreo, marítimo
ou fluvial. (Redação dada pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014)
1ª) Colocou os crimes em dispositivos penais diferentes. O descaminho continua previsto no art. 334 do
CP, mas agora está lá sozinho. O contrabando, por sua vez, passa a figurar no art. 334-A (que foi inserido
pela Lei).
A pena cominada ao delito permite a suspensão condicional do processo, desde que não incida a
majorante do §3°. Em qualquer caso, permite-se o acordo de não persecução penal (art. 25-A do
CPP).
Sujeitos do delito:
Sujeito ativo pode ser qualquer pessoa, pois trata-se de crime comum.
O delito admite coautoria, como na situação daquele que fornece o dinheiro para que um terceiro lhe
traga as mercadorias do exterior iludindo o pagamento do imposto. Nesse caso, ambos responderão como
autores, sendo o proprietário o autor funcional (BALTAZAR JR., José Paulo. Crimes Federais. São Paulo:
Saraiva, 2014, p. 395).
O servidor público alfandegário que concorre para a prática do delito de descaminho responde pelo crime
próprio de facilitação de contrabando ou descaminho, nos termos do art. 318 do CP.
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Como caiu em prova:
CESPE/CEBRASPE, PRF, 2019 (Adaptada): Servidor público alfandegário, que é flagrado concorrendo para
a prática do crime de descaminho, responde pelo delito de descaminho em sua forma qualificada, pois
ele tinha o dever funcional de prevenir e de reprimir o crime.
Errado.
Conduta:
Uma das acepções do verbo “iludir” é “frustrar”. Esse é o sentido utilizado pelo tipo penal. Assim, iludir o
pagamento do imposto significa “frustrar o pagamento do imposto”.
O crime pode ocorrer em duas situações:
- quando a pessoa traz para o Brasil (importa) uma mercadoria permitida, mas, ao fazê-lo, engana as
autoridades e com isso não paga (ilude) o imposto devido; ou
- quando a pessoa manda para fora do Brasil (exporta) uma mercadoria permitida, mas, ao fazê-lo, engana
as autoridades e com isso não paga (ilude) o imposto devido.
Obs.: quando o tipo fala em imposto ou direito devido pelo “consumo de mercadoria” ele está se referindo
ao Imposto sobre Produtos Industrializados. O IPI também é conhecido, por razões históricas, como
“imposto sobre o consumo”. Um dos fatos geradores do IPI é o desembaraço aduaneiro de produtos
industrializados de procedência estrangeira (art. 46, I, do CTN).
Para que o crime ocorra, é necessário que o agente tenha agido de forma fraudulenta?
SIM. Existe certa polêmica sobre o assunto, mas a posição majoritária é a de que o agente deverá ter
atuado com fraude para iludir o pagamento do imposto devido. Veja esse trecho de julgado do STJ que
tratou sobre o descaminho:
(...) A fraude pressuposta pelo tipo, ademais, denota artifícios mais amplos para a frustração da atividade
fiscalizadora do Estado do que o crime de sonegação fiscal, podendo se referir tanto à utilização de
documentos falsificados, quanto, e em maior medida, à utilização de rotas marginais e estradas
clandestinas para sair do raio de visão das barreiras alfandegárias (...) (STJ. 5ª Turma. REsp 1376031/PR,
Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 04.02.2014)
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Voluntariedade: dolo (não admite forma culposa).
Consumação e tentativa:
Segundo Rogério Sanches, o descaminho se aperfeiçoa com a liberação pela alfândega, sem o pagamento
dos impostos inerentes.
Superior Tribunal de Justiça, por ambas as Turmas com competência em matéria penal, passou a decidir
que o descaminho é CRIME FORMAL e a persecução penal independe da constituição do crédito
tributário. (REsp 1413829/CE, Rel. Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, SEXTA TURMA, julgado
em 11.11.2014, DJe 27.11.2014)
(...) 1. O objeto jurídico tutelado no descaminho é a administração pública, considerada sob o ângulo da
função administrativa que, vista pelo prisma econômico, resguarda o sistema de arrecadação de receitas;
pelo prisma da concorrência leal, tutela a prática comercial isonômica; e, por fim, pelo ângulo da
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probidade e moralidade administrativas, garante, em seu aspecto subjetivo, o comportamento probo e
ético das pessoas que se relacionam com a coisa pública.
2. Havendo indícios de infração penal - qual a de descaminho - punível com a pena de perdimento, entre
as quais se insere a prática de descaminho, cabe à fiscalização, efetivada pela Secretaria da Receita
Federal, apreender, quando possível, os produtos ou mercadorias importadas/exportadas.
3. A apreensão de bens pelos agentes fiscais enseja a lavratura de representação fiscal ou auto de infração,
a desaguar em duplo de procedimento: 1º) envio ao Ministério Público e 2º) instauração de procedimento
de perdimento.
4. Uma vez efetivada a pena de perdimento, inexistirá a possibilidade de constituição de crédito tributário.
5. A descrição típica do descaminho exige a realização de engodo para supressão (no todo ou em parte)
do pagamento de direito ou imposto devido no momento da entrada, saída ou consumo da mercadoria.
Impõe, portanto, a ocorrência desse episódio, com o efetivo resultado ilusório, no transpasse das barreiras
alfandegárias.
6. A ausência do pagamento do imposto ou direito no momento do desembaraço aduaneiro, quando
exigível, revela-se como o resultado necessário para consumação do crime.
7. A instauração de procedimento administrativo para constituição definitiva do crédito tributário no
descaminho, nos casos em que isso é possível, não ocasiona nenhum reflexo na viabilidade de
persecução penal.
8. Recurso não provido.
(REsp 1343463/BA, Rel. Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, Rel. p/ Acórdão Ministro ROGERIO
SCHIETTI CRUZ, SEXTA TURMA, julgado em 20.03.2014, DJe 23.09.2014)
Tentativa: é possível.
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Emprego de falsidade ideológica ou material:
Se o agente, para iludir as autoridades, faz declaração ideologicamente falsa (ex: declara ao auditor
fiscal que não está trazendo do exterior nenhuma mercadoria sujeita à tribução), ele responderá por
descaminho em concurso com o crime de falsidade ideológica (art. 299)? NÃO. O agente responderá
apenas pelo crime de descaminho se a declaração falsa foi feita com o exclusivo fim de iludir o pagamento
do tributo. Aplica-se o princípio da consunção, considerando que a declaração falsa foi apenas o meio
necessário para a prática do descaminho. Logo, nesse contexto, a falsidade fica absorvida pelo
descaminho. Do STJ:
[…] 2. O delito de uso de documento falso, cuja pena em abstrato é mais grave, pode ser absorvido pelo
crime-fim de descaminho, com menor pena comparativamente cominada, desde que etapa preparatória
ou executória deste, onde se exaure sua potencialidade lesiva.
(REsp 1378053/PR, Rel. Ministro NEFI CORDEIRO, TERCEIRA SEÇÃO, julgado em 10.08.2016, DJe
15.08.2016)
A mesma solução acima (princípio da consunção) deverá ser aplicada no caso de uso de documento
materialmente falso.
Princípio da insignificância:
O descaminho é considerado um crime contra a ordem tributária. Logo, deverá ser aplicado o princípio
da insignificância se o montante do imposto que deixou de ser pago era igual ou inferior a 20 mil reais
(posição do STF HC 120617, Rel. Min. Rosa Weber, julgado em 04.02.2014 e STJ. 3ª Seção. REsp
1.709.029/MG, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 28.02.2018 (recurso repetitivo).
Incide o princípio da insignificância aos crimes tributários federais e de descaminho quando o débito
tributário verificado não ultrapassar o limite de R$ 20.000,00 (vinte mil reais), a teor do disposto no art.
20 da Lei n. 10.522/2002, com as atualizações efetivadas pelas Portarias n. 75 e 130, ambas do
Ministério da Fazenda.
STJ. 3ª Seção. REsp 1.709.029/MG, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 28.02.2018 (recurso
repetitivo).
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CESPE/CEBRASPE, EMAP, 2018: Em razão do princípio da proteção da coisa pública, o tipo penal que
prevê o crime de descaminho não permite a aplicação do princípio da insignificância.
Errado.
Súmula n. 151 do STJ: A competência para o processo e julgamento por crime de contrabando ou
descaminho define-se pela prevenção do Juízo Federal do lugar da apreensão dos bens.
Contrabando
Art. 334-A. Importar ou exportar mercadoria proibida: (Incluído pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014)
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 ( cinco) anos. (Incluído pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014)
§ 1º Incorre na mesma pena quem: (Incluído pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014)
I - pratica fato assimilado, em lei especial, a contrabando; (Incluído pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014)
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II - importa ou exporta clandestinamente mercadoria que dependa de registro, análise ou autorização de
órgão público competente; (Incluído pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014)
III - reinsere no território nacional mercadoria brasileira destinada à exportação; (Incluído pela Lei nº
13.008, de 26.6.2014)
IV - vende, expõe à venda, mantém em depósito ou, de qualquer forma, utiliza em proveito próprio ou
alheio, no exercício de atividade comercial ou industrial, mercadoria proibida pela lei brasileira; (Incluído
pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014)
V - adquire, recebe ou oculta, em proveito próprio ou alheio, no exercício de atividade comercial ou
industrial, mercadoria proibida pela lei brasileira. (Incluído pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014)§ 2º -
Equipara-se às atividades comerciais, para os efeitos deste artigo, qualquer forma de comércio irregular
ou clandestino de mercadorias estrangeiras, inclusive o exercido em residências. (Incluído pela Lei nº
4.729, de 14.7.1965)
§ 3º A pena aplica-se em dobro se o crime de contrabando é praticado em transporte aéreo, marítimo
ou fluvial. (Incluído pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014)
A pena encartada para esse delito NÃO admite nenhum dos benefícios da Lei n. 9.099/95. Porém, admite-
se o acordo de não persecução penal (art. 28-A do CPP), desde que não incida a majorante do §3º.
Sujeitos do crime:
Trata-se de crime comum, então, qualquer um pode ser sujeito ativo.
O servidor público alfandegário que concorre para a prática do delito de contrabando responde pelo crime
próprio de facilitação de contrabando ou descaminho, nos termos do art. 318 do CP.
Sujeito passivo: o Estado.
Conduta:
Pune-se o contrabando, que é “a clandestina importação ou exportação de mercadorias cuja entrada no
país, ou saída dele, é absoluta ou relativamente proibida” (SANCHES).
Ou seja, não há a proteção à regularidade fiscal no contrabando, mas sim a entrada ou saída de
mercadorias proibidas.
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CESPE/CEBRASPE, PRF, 2020: Tanto o crime de contrabando quanto o crime de descaminho têm como
fim específico a regularidade fiscal.
Errado.
Percebe-se que se trata de uma norma penal em branco, assim, cabe à legislação especial complementá-
la para dizer quais são as mercadorias relativa ou absolutamente proibidas de entrarem ou saírem do
Brasil.
Habeas corpus. Penal. Processual penal. Crime de contrabando ou descaminho de cigarro. Alegação de
incidência do princípio da insignificância. Inviabilidade (STF, HC 119596 SC, Rel. Min. Cáren Lúcia, DJe
26.03.2014).
Voluntariedade:
DOLO, consistente na vontade de praticar um dos núcleos do tipo.
Consumação e tentativa:
O crime se consuma com a passagem pelos órgãos alfandegários da mercadoria proibida, ou seja, quando
transporta a barreira fiscal, mesmo que a mercadoria não tenha chegado ao seu destino (SANCHES).
Descaminho x contrabando:
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“Iludir, no todo ou em parte, o pagamento de “Importar ou exportar mercadoria proibida”
direito ou imposto devido pela entrada, pela saída
ou pelo consumo de mercadoria”
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