Estratégias de Ensinagem Anastasiou
Estratégias de Ensinagem Anastasiou
Estratégias de Ensinagem Anastasiou
INTRODUÇÃO
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Processos de ensinagem na universidade: pressupostos para as estratégias de trabalho em aula. / org. Lea
das Graças Camargos Anastasiou, Leonir Lessate Alves. – 3 reimpressão. – Joinville, SC: UNIVILLE, 2004.
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CONCElTUAÇÃO
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Nos diferentes materiais publicados a respeito dessa temática, temos encontrado o uso indistinto destes
termos: estratégias ou técnicas. Aqui adotaremos o termo estratégias como a arte de aplicar ou explorar os
meios e condições favoráveis e disponíveis, visando á efetivação da ensinagem.
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Qual o objeto do trabalho docente? Não se trata apenas de um conteúdo,
mas de um processo que envolve um conjunto de pessoas na construção de
saberes, seja por adoção, seja por contradição. Conforme já dito, todo conteúdo
possui em sua lógica interna uma forma que lhe é própria e que precisa ser
captada e apropriada para sua efetiva compreensão.
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hipóteses, classificação, interpretação, crítica, busca de suposições, aplicação de
fatos e princípios a novas situações, planejamento de projetos e pesquisas,
análise, tomadas de decisão e construção de resumos. Todas essas operações
participam da efetivação de uma metodologia dialética voltada para o aluno,
considerando-se sua síncrese inicial como ponto de partida, a síntese a ser
construída como ponto de chegada, por meio da análise elaborada por essas
operações citadas. Aqui é que se inserem as estratégias. .
3
Para um aprofundamento, sugerimos o estudo da diferenciação entre aspectos factuais, atitudinais,
procedimentais c/ou conceituais dos conteúdos. Vide ZABALA, Antoni. Como trabalhar os conteúdos
procedimentais em aula. 2. ed. Porto Alegre: Artes Médicas, 1999.
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Lidar com diferentes estratégias não é fácil: entre nós, docentes
universitários, existe um habitus de trabalho com predominância na exposição do
conteúdo, em aulas expositivas ou palestras, uma estratégia funcional para a
passagem de informação. Esse habitlls reforça uma ação de transmissão de
conteúdos prontos, acabados e determinados. Foi assim que vivenciamos a
universidade como alunos. A atual configuração curricular e a organização
disciplinar (em grade), predominantemente conceituais, têm a palestra como a
principal forma de trabalho. E os próprios alunos esperam do professor a contínua
exposição dos assuntos que serão aprendidos.
Caso esse obstáculo seja vencido, ele ainda se vê diante de novos desafios
para atuar de forma diferente, tais como: lidar com questionamentos, dúvidas,
inserções dos alunos, críticas, resultados incertos, respostas incompletas e
perguntas inesperadas (às vezes complexas, às vezes incompreensíveis para o
professor, que chega a se questionar: lide onde ele tirou essa questão, se o
assunto que discutimos aqui é tão outro?). O novo procedimento abrange,
também, uma modificação na dinâmica da aula, o que inclui a organização
espacial, com o rompimento da antiga disciplina estabelecida.
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um programa de TV e dar aulas como se faz numa palestra não é mais suficiente:
estamos buscando modos de - em parceria - fazer aulas.
E aí vem o maior desafio: que ações se fazem necessárias para lidar com
toda essa dinâmica que hoje conhecemos? Para romper com as formas
tradicionais memorizativas, estabelecidas ao longo da história, a saída tem sido a
criação coletiva de momentos de experimentação, vivência e reflexão sistemática,
com relatos de experiências socializados pelos colegas, em que dificuldades são
objeto de estudo, visando à superação dos entraves.
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Oficina pedagógica: estratégia de trabalho que possibilita a um grupo de docentes estudar e trabalhar um
tema/problema, sob orientação de um especialista, aliando teoria e prática. Favorece o aprender a fazer
melhor "o ofício", mediante a aplicação e o processamento de conceitos e conhecimentos previamente
adquiridos. Uma experiência de trabalho em oficinas com docentes da educação superior pode ser verificada
no Relatório do Processo de Profissionalização Continuada 2000/2001 - UNERJ/USP, em que os docentes do
Centro Universitário de Jaraguá do Sul (UNERJ) se reuniam em torno de projetos de pesquisa da prática
docente, utilizando as oficinas como forma de coletivizar avanços didáticos pedagógicos e buscar, junto com
seus pares, solução de problemáticas pendentes.
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O CONTEXTO DAS ESTRATÉGIAS
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A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, LDB n.O 9394/96, em seu artigo 12, estabelece serem
competência do corpo docente a construção do Projeto Pedagógico e a associação da ação docente aos
objetivos e processos nele estabelecidos.
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mudança em duplas e ou grupos pequenos, que depois se ampliam numérica e
qualitativamente. .
Para construção dos quadros, que têm sido apresentados e discutidos com
os docentes em oficinas pedagógicas desde 2000, utilizamos publicações diversas
7
. Esse é um material que tem sido bastante apreciado pelos professores, pois
contém uma síntese de diferentes publicações sobre o assunto, acrescida das
análises referentes à metodologia dialética, à ação de ensinagem, à organização
curricular, ao papel do professor e do aluno; enfim, situam as estratégias em seu
contexto determinante.
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elaborada, caótica, etc.) para a síntese, que constitui um resultado das relações
realizadas, agora organizadas de modo qualitativamente superior. Esse processo
se dá pela análise, que é posta em prática nas operações mentais sistematizacias
nas estratégias, ou seja: ao escolher e efetivar uma estratégia, o professor propõe
aos alunos a realização de diversas operações mentais, num processo de
crescente complexidade do pensamento.
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dá com as demais estratégias, que exigem cuidados e diretividade, conduções,
enfim, específicas.
TRABALHANDO EM GRUPOS.
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Habilidades de trabalho grupais, devidamente desenvolvidas, auxiliam no
desabrochar da inteligência rebcional, que abarca, segundo Osório (2003), a
inteligência intrapessoal (auto conhecimento emocional, controle emocional e
automotivação) e a inteligência interpessoal (reconhecimento de emoções de
outras pessoas e habilidades em relacionamentos interpessoais). É preciso
auxiliar no desenvolvimento da inteligência relacionaI, conceituada como a"
capacidade de os indivíduos serem competentes na interação com outros seres
humanos no contexto grupal em que atuam" (OSÓRIO, L. c., 2003, p. 65-66) 8
Lembramos que o que caracteriza o grupo não é a junção dos alunos, mas
o desenvolvimento inter e intrapessoal e o estabelecimento de objetivos
compartilhados, que se alteram conforme a estratégia proposta, o processo
objetivado e seu processamento.
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Para lima melhor compreensão desses conceitos vide OSÓRIO, L.C. Psicologia grupal: uma nova disciplina
para o advento de lima era. Porto Alegre: Artmed, 2003.
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Além disso, é preciso dominar o processo, conhecendo suas etapas e
preparando-as. A ação docente será tão ou mais exigida do que numa tradicional
aula expositiva ou numa expositiva dialogada. Trabalhar para além do conteúdo é
um desafio, que corresponde ao processo de autonomia a ser conquistado com e
pelo aluno.
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Participar de grupos de estudo permite o desenvolvimento de uma série de
papéis que auxiliam na construção da autonomia, do autoconhecimento do aluno,
do lidar com o diferente, da exposição e da contra posição, do divergir, do
sintetizar e do resumir, enfim, habilidades necessárias no desempenho do papel
profissional, para o qual o aluno se prepara na universidade como local de ensaio,
de acertos e de erros.
A definição dos Papéis pode ser feita por escolha, indicação, sorteio,
eleição, rodízio ou outro critério. É importante que a descrição dos papéis esteja
clara para todos, o que facilita o desempenho, podendo-se iniciar com a indicação
do professor e, depois, paulatinamente, deixar aos grupos a escolha, a indicação
ou a eleição. Variar o desempenho de papéis auxilia principalmente os alunos com
dificuldades em processos interativos. A possibilidade do treino ou exercício dos
papéis deve ser norteadora do clima grupal, visando ao crescimento e à
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autonomia progressiva de todos. Um elemento auxiliar é, reiteramos, a reflexão de
que a sala de aula é o lugar onde o erro não fere, pois é o espaço no qual as
aprendizagens podem ser sistematizadas, sob a mediação do professor e dos
colegas.
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ESTRATÉGIAS: ELEMENTOS DETERMINANTES
Estratégias de trabalho docente 9
Léa das Graças Camargos Anastasiou - Leonir Pessate Alves
ESTRATÉGIA 1:
Aula expositiva dialogada
É uma exposição do conteúdo, com a participação ativa dos estudantes,
cujo conhecimento prévio deve ser considerado e pode ser tomado como
ponto de partida. O professor leva os estudantes a questionarem,
DESCRIÇÃO interpretarem e discutirem o objeto de estudo, a partir do reconhecimento
e do confronto com a realidade. Deve favorecer análise crítica, resultando
na produção de novos conhecimentos. Propõe a superação da
passividade e imobilidade intelectual dos estudantes.
OPERAÇOES DE Obtenção e organização de dados/ lnterpretação/ Crítica/Decisão/
Comparação/ Resumo
PENSAMENTO
(Predominantes)
D Professor contextualiza o tema de modo a mobilizar as estruturas mentais
do estudante para operar com as informações que este traz, articulando-
as às que serão apresentadas; faz a apresentação dos objetivos de estudo
da unidade e sua relação com a disciplina ou curso. Faz a exposição, que
deve ser bem preparada, podendo solicitar exemplos aos estudantes, e
DINÂMICA DA ATIVIDADE busca o estabelecimento de conexões entre a experiência vivencial dos
participantes, o objeto estudado e o todo da disciplina. É importante ouvir
o estudante, buscando identificar sua realidade e seus conhecimentos
prévios, que podem mediar a compreensão crítica do assunto e
problematizar essa participação. O forte dessa estratégia é o diálogo, com
espaço para questionamentos, críticas e solução de dúvidas: é
imprescindível que o grupo discuta e reflita sobre o que está sendo
tratado, a fim de que uma síntese integradora seja elaborada por todos.
Participação dos estudantes contribuindo na exposição, perguntando,
respondendo, questionando... Pela participação do estudante
acompanham-se a compreensão e a análise dos conceitos apresentados e
AVALIAÇÃO construídos. .Podem-se usar diferentes formas de obtenção da síntese
pretendida na aula: de forma escrita, oral, pela entrega de perguntas,
esquemas, portfólio, sínteses variadas, complementação de dados no
mapa conceitual e outras atividades complementares a serem efetivadas
em continuidade pelos estudantes.
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Registramos o incentivo de Susana Hintz, mestre em Educação pela UDESC, assessora pedagógica do
curso de Sistemas de Informação e professora do curso de Pedagogia da UNERJ, pelo incentivo de levar
adiante a idéia da elaboração desses quadros. .
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A aula expositiva dialogada é uma estratégia que vem sendo proposta para
superar a tradicional palestra docente. Há grandes diferenças entre elas, sendo a
principal a participação do estudante, que terá suas observações consideradas,
analisadas, respeitadas, independentemente da procedência e da pertinência
delas, em relação ao assunto tratado. O clima de cordialidade, parceria, respeito e
troca é essencial. O domínio do quadro teórico relacional pelo professor deve ser
tal que "o fio da meada" possa ser interrompido com perguntas, observações,
intervenções, sem que o professor perca o controle do processo. Com a
participação contínua dos estudantes fica garantida a mobilização, e são criadas
as condições para a construção e a elaboração da síntese do objeto de estudo.
Conforme o objetivo pretendido, o professor encaminha as reflexões e discussões
para as categorias de historicidade, totalidade, criticidade, práxis, significação e
para os processos de continuidade e ruptura.
ESTRATÉGIA 2:
Estudo de texto
DESCRIÇÃO E a exploração de idéias de um autor a partir do estudo crítico de um texto
c/ou a busca de informações e exploração de idéias dos autores estudados.
OPERAÇOESDE Identificação/ Obtenção e organização de dados/ Interpretação/ Crítica/
Análise/ Reelaboração/ Resumo
PENSAMENTO
(Predominantes)
Momentos:
1.Contexto do texto - data, tipo de texto, autor e dados sobre este.
2. Análise textual - preparação do texto: visão de conjunto, busca de
esclarecimentos, verificação de vocabulário, fatos, autores citados,
esquematização.
DINÂMICA DA 3. Análise temática - compreensão da mensagem do autor: tema, problema,
tese,linha de raciocínio, idéia central e as idéias secundárias.
ATIVIDADE 4. Análise interpretativa/extrapolação ao texto - levantamento e discussão
de problemas relacionados com a mensagem do autor.
5. Problematização - interpretação da mensagem do autor: corrente
filosófica e influências, pressupostos, associação de idéias, crítica.
6. Síntese – reelaboracão da mensagem, com base na contribuição
pessoal.
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Um estudo de texto pode ser utilizado para os momentos de mobilização,
de construção e de elaboração de síntese. A definição do texto dependerá do
objetivo que professores e estudantes têm para aquela unidade de estudo. A
escolha de um material que seja acessível ao estudante e ao mesmo tempo que
vá desafiá-Io, assim como o acompanhamento do processo pelo professor, é
condição de sucesso nessa estratégia. São habituais as observações de docentes
acerca ,da dificuldade de leitura e interpretação por parte dos estudantes. Se
essas são habilidades constatadas como pouco desenvolvidas, elas devem se
tomar objeto de trabalho sistemático na universidade para todas as áreas de
formação. Quando o hábito de leitura não estiver interiorizado, ficará mais fácil
mobilizar o estudante para textos que se refiram à realidade, em especial ao
campo de trabalho futuro. Esses textos iniciais podem ser acrescidos de outros
com mais especificidades de linguagem, conteúdos e complexidade da área em
estudo.
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ESTRATÉGIA 3:
Portfólio
É a identificação e a construção de registro, análise, seleção c
reflexão das produções mais significativas ou identificação dos
DESCRIÇÃO maiores desafios/dificuldades em relação ao objeto de estudo, assim
como das formas encontradas para superação.
OPERAÇÕES DE
Identificação/ Obtenção e organização de dados/ Interpretação/
PENSAMENTO Crítica/ Análise/ Reelaboração/ Resumo
(predominantes)
O portfólio pode evidenciar o registro do processo de construção de
uma atividade, de um bloco de aulas, fase, módulo, unidade, projeto,
etc. A preparação deve ser feita pelo professor a partir da mobilização
para a tarefa. Alguns passos podem ser seguidos, tais como:
combinar as formas de registro, que podem ser escritios manualmente
ou digitadas, em caderno, bloco, pasta...; o material precisa estar
identificado com dados como nome, série, ano, disciplina, ele. Pode-
se incluir uma foto que demonstre o momento que o acadêmico está
vivendo; aproveitar para incluir orientações de formatação de trabalho
científico, tais como: capa, contracapa, sumário, os relatos em si,
considerações finais, bibliografias utilizadas no decorrer das
DINÂMICA DA aulas/trabalhos; escrever apenas num dos lados da página, deixando
o outro como espaço para o diálogo do professor; os relatos em si
ATIVIDADE podem ser nomeados, e este título pode expressar o sentimento mais
evidente daquele momento; os registros podem conter trabalhos de
pesquisa, textos individuais/coletivos, considerados interessantes,
acrescidos de uma profunda reflexão sobre seu significado para a
formação; incluir outras produções significativas: realia, fotos,
desenhos, etc., com a respectiva análise; anotar o sentimento de
avanços e dificuldades pessoais; inserir avaliação construtiva do
desempenho pessoal e do desempenho do professor; ao professor
compete proceder às leituras dos textos/produções e apontar os
avanços e os aspectos que precisam ser retomados pelo estudante.
Lembrar que o professor estabelece um diálogo com o estudante e
precisa ser produtivo em favor da verdadeira aprendizagem.
Definir conjuntamente critérios de avaliação do ensino e da
aprendizagem, do desempenho do estudante e do professor. Os
AVALIAÇÃO critérios de avaliação à individualidade de cada um: organização e
cientificidade da ação de professor e de estudante; clareza de idéias
na produção escrita; construção e reconstrução da escrita;
objetividade na apresentação dos conceitos básicos;
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durante o próprio processo e não apenas ao final deste. Daí sua principal
característica de validação. Ela exige do professor um alto grau de organização,
no sentido de acompanhar as produções/manifestações escritas dos estudantes.
Aponta para um conceito diferenciado de tempo e espaço, de construção e
reconstrução, de avaliação e nota. Dentre as inúmeras atividades que a prática
pedagógica coloca à disposição para a sala de aula, o portfólio se apresenta como
o mais completo: propicia ao professor verificar de forma imediata as dificuldades
apresentadas pelo estudante, e propor soluções para sua superação. Além do
mais, é um processo individual que permite a cada um crescer de acordo com
suas necessidades e condições. Quanto às dimensões da construção do
conhecimento, essa estratégia requer um alto grau de envolvimento do professor e
do estudante, por isso devem estar constantemente mobilizados para a
construção do conhecimento e da realização de suas sínteses, como formas de
registros. Esses registros vêm arraigados a elementos históricos de seus autores,
retratam continuidade e rupturas pessoais, e por isso comportam elementos de
significação e práxis.
ESTRATÉGIA 4:
Tempestade cerebral
É uma possibilidade de estimulou a geração de novas idéias de
forma espontânea e natural, deixando funcionar a imaginação. Não
DESCRIÇÃO há certo ou errado. Tudo o que for levantado será considerado,
solicitando-se, se necessário, uma explicação posterior do estudante.
OPERAÇÕES
DE
PENSAMENTO Imaginação e criatividade/ Busca de suposições/ Classificação
(Predominantes)
Ao serem perguntados sobre uma problemática, os estudantes
devem:
1. expressar em palavras ou frases curtas as idéias sugeridas pela
questão proposta.
2. evitar atitude critica que levaria a emitir juízo e/ou excluir idéias. 3.
DINÂMICA DA registrar e organizar a relação de idéias espontâneas. 4. fazer a
seleção delas conforme critério seguinte ou a ser combinado: ter
ATIVIDADE possibilidade de ser postas em prática logo; ser compatíveis com
outras idéias relacionadas ou enquadradas numa lista de idéias; ser
apreciadas operacionalmente quanto á eficácia a curto, médio e
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longo prazo.
AVALIAÇÃO Observação das habilidades dos estudantes na apresentação de
idéias quanto a: capacidade - criativa, concisão, logicidade,
aplicabilidade e pertinência, bem como seu desempenho na
descoberta de soluções apropriadas ao problema apresentado.
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ESTRATÉGIA 5:
Mapa conceitual
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problemas, etc. O fundamental é a identificação dos conceitos básicos e das
conexões entre esses conceitos e os deles derivados: isso leva à elaboração de
uma teia relacional. Ao se confrontarem os mapas construídos individualmente
e/ou em grupos, os estudantes percebem que as conexões podem se diferenciar,
o que não acarreta prejuízo, e sim amplia o quadro perceptivo do grupo. Possibilita
mobilização contínua, uma vez que o estudante tem que retomar e complementar
o quadro durante toda a caminhada; possibilita construção do conhecimento, que
vai se ampliando à medida que as conexões se processam, e permite a
elaboração da síntese numa visão de totalidade. O movimento de ruptum e
continuidade é intenso nessa estratégia; Por tudo isso,o mapa conceitual serve ao
professor como ferramenta para acompanhar as mudanças' na estrutura cognitiva
dos estudantes e para indicar formas diferentes de aprofundar os conteúdos.
ESTRATÉGIA 6:
Estudo dirigido
É o ato de estudar sob a orientação e diretividade do professor, visando
sanar dificuldades específicas. É preciso ter claro: o que é a sessão,
DESCRIÇÃO para que e como é preparada.
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pretendido. Pode então se direcionar a temas, problemas e focos específicos do
objeto de estudo, referindo-se a aspectos pontuais e sobre os quais já se
evidenciaram, com outros grupos de trabalho, dificuldades a serem retomadas.
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ESTRATÉGIA 7:
Lista de discussão por meios informatizados
(Predominantes)
Organizar um grupo de pessoas para discutir um tema, ou vários
subgrupos com tópicos da temática para realizar uma reflexão contínua,
debate fundamentado, com intervenções do professor, que, como
DlNÂMICA DA membro do grupo, traz suas contribuições. Não é um momento de
perguntas e respostas apenas entre estudantes e professor, mas entre
ATIVIDADE todos os integrantes, como parceiros do processo. É importante o
estabelecimento do tempo-limite para o desenvolvimento da temática.
Esgotando-se o tema, o processo poderá ser reativado a partir de novos
problemas.
AVALIAÇÃO Essa é uma estratégia em que ocorre uma avaliação grupal, ao longo do
processo, cabendo a todos esse acompanhamento. No entanto, como o
professor é o responsável pelo processo de ensinagem, o
acompanhamento das participações, da qualidade das inclusões, das
elaborações apresentadas torna-se elemento fundamental para as
retomadas necessárias na lista e, oportunamente, em classe.
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A participação dependerá do processo de mobilização efetivado e
possibilita a construção do conhecimento por meio da problematização, da
significação, da práxis, da continuidade e ruptura, já citados nos elementos da
metodologia dialética. Essa é uma estratégia inovadora, que depende de algumas
condições concretas para sua operacionalização 10, porém que responde ao hábito
já existente, em uma parcela da comunidade acadêmica, de consulta e acesso
aos meios informatizados. De uma maneira geral, os estudantes gostam de utilizar
a tecnologia e os contatos informatizados.
ESTRATÉGIA 8:
Solução de problemas
DESCRIÇÃO É o enfrentamento de uma situação nova, exigindo pensamento
reflexivo, crítico e criativo a partir dos dados expressos na descrição
do problema; demanda a aplicação de princípios, leis que podem ou
não ser expressas em formulas matemáticas.
OPERAÇÕES DE
Identificação/ obtenção e organização de dados/ planejamento/
PENSAMENTO imaginação/ elaboração de hipóteses/ interpretação/ decisão.
(predominantes)
DINÂMICA DA 1. Apresentar ao estudante um determinado problema, mobilizando-o
para a busca da solução. 2. Orientar as estudantes no levantamento
ATIVIDADE de hipóteses e na analise de dados. 3. Executar as operações e
comparar soluções obtidas. 4. A partir da síntese verificar a
existência de leis e princípios que possam se tornar norteadores de
situação similares.
AVALIAÇÃO Observação das habilidades dos estudantes na apresentação das
idéias quanto a sua concisão, logicidade, aplicabilidade e pertinência,
bem como seu desempenho na descoberta de soluções apropriadas
ao problema apresentado.
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Existe ainda parcela significativa de nosso alunado que não possui o acesso domiciliar a esses recursos,
devendo o professor considerar tal elemento, não como bloqueador do processo, mas como dado de
realidade a ser levado em conta para exigências quanto à participação de todos os estudantes. As instituições
superiores têm instalado, em sua infra-estrutura, laboratórios que devem ser cada vez mais disponibilizados,
inclusive com revisão dos horários e dias de atendimento.
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visado ao desenvolvimento do pensamento reflexivo, crítico e criativo dos
estudantes para situações e dados da realidade. Há currículos totalmente
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organizados em torno de resolução de situações problemáticas (PBL) e.
Programas de Aprendizagem em que a resolução de problemas aparece como
uma estratégia, a qual vincula o estudante à área profissional em estudo.
Essa é uma estratégia que pode ser utilizada com classes numerosas, pois
os estudantes são agrupados em número de 6, e durante 6 minutos trabalham no
levantamento de questões ou fechamento de um tema e têm mais 6 minutos para
a socialização. Assim, tanto pode ser usada para os momentos de mobilização
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PBL: sigla de Problem Basic Learning, aprendizagem pela solução de problemas, que vem subsidiando
algumas propostas curriculares dos cursos da área de saúde, introduzidas no Brasil pelo modelo do curso de
Medicina da Universidade Mack Master, do Canadá. Conforme vídeo de BAILEY, AlIan. The nature of things:
doctors of tomorrow. Canadá, 1975. VHS.
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quanto para a elaboração de sínteses. Permite excelente feed back ao professora
respeito de dúvidas dos estudantes sobre um assunto estudado ou em discussão.
ESTRATÉGIA 9:
Phillips 66
É uma atividade grupal em que são feitas uma análise e uma
discussão sobre temas/problemas do contexto dos estudantes.
DESCRIÇÃO Pode também ser útil para obtenção de informação rápida
sobre interesses, problemas, sugestões e perguntas.
OPERAÇÕES DE
Análise/ lnterpretação/ crítica /Levantamento de hipóteses/
PENSAMENTO Busca de suposições/ Obtenção de organização de dados
(PREDOMINANTES)
1. Dividir os estudantes em grupos de 6 membros, que durante
6 minutos podem discutir um assunto, tema, problema na busca
de uma solução ou síntese final ou provisória. A síntese pode
DINÂMICA DA ser explicitada durante mais 6 minutos.
Como suporte para discussão nos grupos, pode-se tomar por
ATIVIDADE base um texto ou simplesmente o aparte teórico que o
estudante já traz consigo.
2. Preparar a melhor forma de apresentar o resultado do
trabalho, em que todos os grupos explicitem o resultado pelo
seu representante.
Toda atividade grupal deve ser processada em seu fechamento.
Os avanços, desafios e dificuldades enfrentados variam
conforme a maturidade e autonomia dos estudantes e devem
ser encarados processualmente.
A avaliação será feita sempre em relação aos objetivos
AVALIAÇÃO pretendidos, destacando-se:
• o envolvimento dos membros do grupo;
• a participação conforme os papéis estabelecidos;
• a pertinência das questões e/ou síntese elaborada;
o processo de auto-avaliação dos participantes.
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ESTRATÉGIA 10:
Grupo de verbalização e de observação (GV/GO)
É uma representação teatral, a partir de um
foco, problema, tema etc. Pode conter
explicitação de idéias, conceitos, argumentos e
DESCRIÇÃO ser também um jeito particular de estudo de
casos, já que a teatralização de um problema
ou situação perante os estudantes equivale a
apresentar-lhes um caso de relações humanas.
OPERAÇÕES DE PENSAMENTO Decisão/ interpretação/ crítica/ busca de
suposição/ comparação/ imaginação
(predominantes)
Pode ser planejada ou espontânea.
1. No primeiro caso, o professor escolhe o
assunto e os papéis e os distribui entre os
estudantes, orientando sobre como atuar. 2. No
segundo caso o planejamento pode ser deixado
DINÂMICA DA ATIVIDADE inteiramente por conta dos estudantes, o que
dá mais autenticidade ao exercício. 3. É
possível montar um circulo ao redor da cena
para que todos observem bem a apresentação.
4. O professor informa o tempo disponível e
pede aos alunos que prestem atenção em
pontos relevantes conforme o objetivo do
trabalho. 5. No final, fazer o fechamento da
atividade.
O grupo será avaliado pelo professor e pelos
colegas. Sugestão de critérios de avaliação:
• clareza e coerência na apresentação;
AVALIAÇÃO • participação do grupo observador
durante a apresentação;
• utilização de recursos que possam
tornar a dramatização mais real;
• criatividade e espontaneidade.
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da própria estratégia com a realização de busca de informações por meio de
leituras em livros, revistas e/ ou internet, conforme o problema em questão.
ESTRATÉGIA 11:
Dramatização
É uma representação teatral, a partir de um foco, problema, tema etc.
Pode conter explicitação de idéias, conceitos, argumentos e ser
DESCRIÇÃO também um jeito particular de estudo de casos, já que a teatralização
de um problema ou situação perante os estudantes equivale a
apresentar-lhes um caso de relações humanas.
OPERAÇÕES DE
Decisão/ interpretação/ crítica/ busca de suposições/ comparação/
PENSAMENTO imaginação
(predominantes)
Pode ser planejada ou espontânea
1. no primeiro caso, o professor escolhe o assunto e os papéis e os
DINÂMICA DA distribui entre os estudantes, orientando sobre como atuar. 2. no
ATIVIDADE segundo caso o planejamento pode ser deixado inteiramente por
conta dos estudantes, oque dá mais autenticidade ao exercicio. 3. é
possivel montar um circulo ao redor da cena para que todos observem
bem a apresentação. 4. o professor informa o tempo disponivel e pede
aos alunos que prestem atenção em pontos relevantes conforme o
objetivo do trabalho. 5. no final, fazer o fechamento da atividade.
O grupo será avaliado pelo o professor e pelos os colegaas. Sugestão
de critérios de avaliação:
AVALIAÇÃO • clareza e coerência na apresentação;
• participação do grupo observador durante a apresentação;
• utilização de recursos que possam tornar a dramatização mais
real;
• criatividade e espontaneidade.
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ESTRATÉGIA 12:
Seminário
É um espaço em que as idéias devem germinar ou ser
semeados. Portanto, espaço onde um grupo discuta ou debata
DESCRIÇÃO temas ou problemas que são colocados em discussão.
OPERAÇÕES DE Análise/ lnterpretação/ Crítica/ Levantamento de hipóteses/
Busca de suposições/ Obtenção de organização de dados/
PENSAMENTO Comparação/ Aplicação de fatos a novas situações
(predominantes)
Três momentos:
1. Preparação - papel do professor é fundamental:
• apresentar o tema e/ou selecioná-lo conjuntamente com
os estudantes, justificar sua importância, desafiar os
estudantes, "presentar os caminhos para realizarem "5
pesquisas csuas diversas m.odalidades (bibliográfica,
de campo ou de laboratório);
• organizar o calendário para as apresentações dos
DINÂMICA DA trabalhos dos estudantes;
• orientar os estudantes na pesquisa (apontar fontes de
ATIVIDADE consulta bibliográfica e/ou pessoas/instituições) e na
elaboração de seus registros para a apresentação ao
grupo;
• organizar o espaço físico para favorecer o diálogo entre
os participantes.
" 2. Desenvolvimento:
• discussão do terna, em que o secretário anota os
problemas formulados, bem como soluções
encontradas e as conclusões apresentadas. Cabe ao
professor dirigir a sessão de crítica ao final lde cada
apresentação, fazendo comentários sobre cada trabalho
e sua exposição, organizando uma síntese integradora
do que foi apresentado.
3. Relatório: trabalho escrito em forma de resumo, pode ser
produzido individualmente ou em grupo.
Os grupos são avaliados e exercem também a função de
avaliadores.
Os critérios de avaliação devem ser adequados aos objetivos
da atividade em termos de conhecimento, habilidades e
competências.
AVALIAÇÃO Sugestão de critérios de avaliação:
• clareza e coerência na apresentação;
• dominio do conteúdo apresentado;
• participação do grupo durante a exposição
utilização de dinâmicas e/ou recursos audiovisuais na
apresentação.
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A preparação do seminário e a garantia de funcionamento das diversas
etapas de sua realização constituem pressupostos importantes para um bom
resultado dele. Os estudantes precisam ter clareza prévia dos diversos papéis que
desenvolverão durante toda a dinâmica dos trabalhoo. Enquanto os grupos podem
apresentar suas sínteses também por escrito, o professor precisa, além de fazer o
fechamento após a apresentação de cada gmpo, realizar síntese integradora ao
final de todas as apresentações, a fim de garantir o alcance de todos os objetivos
propostos para o seminário. No desenvolvimento dessa estratégia são atingidas
as dimensões de mobilização para o conhecimento, enquanto se prepara,
estudando, lendo, discutindo, a base teórica e prática de sua pesquisa e, ao
mesmo tempo, já constrói o conhecimento e produzas poosíveissínteses. Essas
dimensões vêm imbricadas, uma enriquece a outra ao mesmo tempo em que se
complementam.
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ESTRATÉGIA 13:
Estudo de caso
DESCRIÇÃO É a análise minuciosa e objetiva de uma
situação real que necessita ser investigada e é
desafiadora para os envolvidos.
OPERAÇÕES DE PENSAMENTO Análise/ lnterpretação/ Crítica/ Levantamento
de hipóteses/ Busca de suposições/ Decisão/
(predominantes) Resumo
1. O professor expõe o caso a ser estudado
(distribui ou lê o problema aos participantes),
que pode ser um caso para cada grupo ou o
mesmo caso para diversos grupos.
2. O grupo analisa o caso, expondo seus
pontos de vista e os aspectos sob os quais o
problema pode ser enfocado.
3. O professor retorna os pontos principais,
DINÂMICA DA ATIVIDADE analisando coletivamente as soluções
propostas.
4. O grupo debate as soluçõcs, discernindo as
melhores conclusões.
Papel do professor: selecionar o material de
estudo, apresentar um roteiro para trabalho,
orientar os grupos no decorrer do trabalho,
elaborar instrumento de avaliação.
Análise de um caso:
• Descrição do caso: aspectos e
categorias que compõem o todo da
situação. Professor deverá indicar
categorias mais importantes a serem
analisadas;
• Prescrição do caso: estudante faz
proposições para mudança da situação
apresentada;
Argumentação: estudante justifica suas
proposições mediante aplicação dos elementos
teóricos de que dispõe.
O registro da avaliação pode ser realizado por
meio de ficha com critérios a serem
considerados, tais como:
• aplicação dos conhecimentos (a
argumentação explicita os
AVALIAÇÃO conhecimentos produzidos a partir dos
conteúdos?);
• coerência na prescrição (os vários
aspectos prescritos apresentam uma
adequada relação entre si?);
• riqueza na argumentação
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(profundidade e variedade de pontos de
vista); síntese.
ESTRATÉGIA 14:
Júri simulado
É a simulação de um júri em que, a partir de um
problema, são apresentados argumentos de defesa e de
DESCRIÇÃO acusação. Pode levar o grupo á analise e avaliação de
um fato proposto com objetividade e realismo, à crítica
construtiva de uma situação e à dinamização do grupo
para estudar profundamente um tema real.
OPERAÇÕES DE PENSAMENTO imaginação/ lnterpretação/ Crítica/ Comparação/ Análise/
Levantamento de hipóteses/ Busca de
(predominantes) suposições/Decisão
1. Partir de um problema concreto e objetivo, estudado e
conhecido pelos participantes.
2. Um estudante fará o papel de juiz e outro o papel de
escrivão.
Os demais componentes da classe serão divididos em
quatro grupos: promotoria, de um a quatro estudantes;
defesa, com igual número; conselho de sentença, com
sete estudantes e o plenário com os demais.
DINÂMICA DA ATIVIDADE 3. A promotoria e a defesa devem ter alguns dias para a
preparação dos trabalhos, sob orientação do professor -
cada parte terá 15 min para apresentar seus argumentos.
O juiz manterá a ordem dos trabalhos e formulará os
quesitos ao conselho de sentença.
O escrivão tem a responsabilidade de fazer o relatório
dos trabalhos.
O conselho de sentença, após ouvir os argumentos de
ambas as partes, apresenta sua decisão final.
O plenário será encarregado de observar o desempenho
da promotoria e da defesa e fazer uma apreciação final
sobre sua desenvoltura.
AVALIAÇÃO Considerar a apresentação concisa, clara e lógica das
idéias, a profundidade dos conhecimentos e a
argumentação fundamentada dos diversos papéis.
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da função que irão desenvolver na apresentação final. Essa estratégia envolve
todos os momentos da construção do conhecimento, da mobilização à síntese,
pela sua característica de possibilitar o envolvimento de um número elevado de
estudantes.
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ESTRATÉGIA 15:
Simpósio
É a reunião de palestras e preleções breves
apresentadas por várias pessoas (duas a cinco)
sobre um assunto ou sobre diversos aspectos
DESCRIÇÃO de um assunto.
Possibilita o desenvolvimento de habilidades
sociais, de investigação, amplia experiências
sobre um conteúdo específico, desenvolve
habilidades de estabelecer relações.
OPERAÇÕES DE PENSAMENTO Obtenção de dados/ Critica/ Comparação/
Elaboração de hipóteses/ Organização de
(predominantes) dados
O professor coordena o processo de seleção
dos temas e planeja o simpósio juntamente
com os estudantes da seguinte forma:
1. Divididos em pequenos grupos estudam e
esquematizam apresentação com
antecedência, organizando o conteúdo em
unidades significativas, de forma a apresentá-Io
em no máximo 1h e 30min, destinando de 15 a
20 min para a apresentação de cada
comunicador (apresentador do pequeno grupo).
2. O professor é o responsável pela indicação
das bibliografias a serem consultadas para
DINÂMICA DA ATIVIDADE cada grupo, ou para cada subtema, a fim de
evitar repetições.
3. Cada pequeno grupo indica o seu
representante, que exercerá a função de
comunicador e comporá a mesa apresentadora
do tema.
4. Durante as exposições os comunicadores
não devem ser interrompidos.
5. O grande grupo assiste à apresentação do
assunto anotando perguntas e dúvidas e
encaminhando-as para o coordenador da mesa.
6. O coordenador da mesa resume as idéias
apresentadas e encaminha as perguntas aos
membros da mesa. Aquele não precisa ser
necessariamente o professor, pode ser um
estudante indicado pelo grande grupo.
Não há necessidade de um fechamento de
idéias.
Levar em conta a concisão das idéias
apresentadas pelos comunicadores quanto:
• á pertinência das questões
AVALIAÇÃO apresentadas pelo grande grupo;
• à logicidade dos argumentos;
• ao estabelecimento de relações entre
os diversos pontos de vista;
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aos conhecimentos relacionados ao tema e
explicitados.
ESTRATÉGIA 16:
Painel
É a discussão informal de um grupo de
estudantes, indicados pelo professor (que já
estudaram a matéria em análise, interessados
DESCRIÇÃO ou afetados pelo problema em questão), em
que apresentam pontos de vista antagônicos na
presença de outros.
Podem ser convidados estudantes de outras
fases, cursos ou mesmo especialistas na área.
OPERAÇÕES DE PENSAMENTO Obtenção e organização de dados/
Observação/ lnterpretação/ Busca de
(predominantes) suposições/ Critica/ Análise
1. O professor coordena o processo de painel.
2. Cinco a oito pessoas se colocam, sem
formalidade, em semicírculo diante dos
ouvintes, ou ao redor de uma mesa, para falar
de um determinado assunto. 3. Cada pessoa
DINÂMICA DA ATIVIDADE deverá falar pelo tempo de 2 a 10 minutos.4. O
professor anuncia o tema da discussão e o
tempo destinado a cada participante. 5. No
final, o professor faz as conexões da discussão
para, em seguida, convidar os demais
participantes a formularem perguntas aos
painelistas.
Participação dos estudantes painelistas e da
platéia analisando:
• a habilidade de atenção e
AVALIAÇÃO concentração;
• a síntese das idéias apresentadas; os
argumentos consistentes tanto na
colocação das idéias como nas
respostas aos participantes;
consistência das perguntas elaboradas.
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No entanto, ao se convidarem outros painelistas, é preciso ter clareza se eles têm
domínio do conteúdo para favorecer discussões produtivas.
ESTRATÉGIA 17:
Fórum
Consiste num espaço do tipo "reunião", no qual
todos os membros do grupo têm a oportunidade
de participar do debate de um tema ou
DESCRIÇÃO problema determinado. Pode ser utilizado após
a apresentação teatral, palestra, projeção de
um filme, para discutir um livro que tenha sido
lido pelo grupo, um problema ou fato histórico,
um artigo de jornal, uma visita ou uma
excursão.
OPERAÇÕES DE PENSAMENTO Busca de suposições/ Hipóteses/ Obtenção e
organização de dados/ Interpretação/ Crítica /
(predominantes) Resumo
1. O professor explica os objetivos do fórum.
2. Delimita o tempo total (ex.: 40 min) e o tempo
parcial de cada participante.
3. Define funções dos participantes:
• do coordenador, que organiza a
participação, dirige o grupo e seleciona
as contribuições dadas para a síntese
DINÂMICA DA ATIVIDADE final;
• do grupo de síntese, que faz as
anotações que irão compor o resumo;
• do público participante - cada membro
do grupo se identifica ao falar e dá sua
contribuição, fazendo considerações e
levantando questionamentos.
4. Ao final um membro do grupo de síntese
relata resumo elaborado.
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dinâmica e empobrecer o alcance dos objetivos. É preciso dar atenção às
temáticas ou problemas escolhidos para essa estratégia, garantindo a participação
de todos nos diversos momentos do trabalho. Quanto às categorias da construção
do conhecimento, a práxis e a significação têm ênfase maior.
ESTRATÉGIA 18:
Oficina (laboratório ou workshop)
É a reunião de um pequeno número de
pessoas com interesses comuns, a fim de
DESCRIÇÃO estudar e trabalhar para o conhecimento ou
aprofundamento de um tema, sob orientação de
um especialista. Possibilita o aprender a fazer
melhor algo, mediante a aplicação de conceitos
e conhecimentos previamente adquiridos.
OPERAÇÕES DE PENSAMENTO Obtenção e organização de dados/
Interpretação/ Aplicação de fatos e princípios a
(predominantes) novas situações/ Decisão/ Planejamento de
projetos e pesquisas/ Resumo
O professor organiza o grupo e providencia
com antecedência ambiente e material didático
necessário à oficina. A organização é
DINÂMICA DA ATIVIDADE imprescindível ao sucesso dos trabalhos. O
grupo não deve ultrapassar a quantidade de
15/20 componentes. Pode ser desenvolvida por
meio das mais variadas atividades: estudos
individuais, consulta bibliográfica, palestras,
discussões, resolução de problemas, atividades
práticas, redação de trabalhos, saídas a campo,
etc.
Participação dos estudantes nas atividades e a
demonstração das habilidades visadas,
AVALIAÇÃO expressas nos objetivos da oficina. Podem-se
propor auto-avaliação, avaliação descritiva ou
pelos produtos no final do processo.
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conhecimento estão imbricadas. Das categorias da construção do conhecimento a
significação e a práxis são determinantes numa estratégia como a oficina. No final
das atividades os estudantes materializam suas produções.
ESTRATÉGIA 19:
Estudo do meio
É um estudo direto do contexto natural e social
no qual o estudante se insere, visando a uma
DESCRIÇÃO determinada problemática de forma
interdisciplinar. Cria condições para o contato
com a realidade, propicia a aquisição de
conhecimentos de forma direta, por meio da
experiência vivida.
OPERAÇÕES DE PENSAMENTO Observação/ Obtenção e organização de
dados/ lnterpretação/ Classificação/ Busca de
(predominantes) suposições/ Análise/ Levantamento de
hipóteses/ Critica/ Aplicação de fatos a novas
situações/ Planejamento de projetos e
pesquisas
1. Planejamento: os estudantes decidem junto
com o professor o foco de estudo, os aspectos
importantes a serem observados, os
instrumentos a serem usados para o registro da
observação e fazem uma revisão da literatura
DINÂMICA DA ATIVIDADE referente ao foco de estudo.
2. Execução do estudo conforme planejado:
levantamento de pressupostos, efetivação da
visita, da coleta de dados, da organização e
sistematização, da transcrição e análise do
material coletado.
3. Apresentação dos resultados: os estudantes
apresentam as conclusões para a discussão do
grande grupo, conforme os objetivos propostos
para o estudo.
O planejamento e o acompanhamento do
processo devem ser contínuos. Normalmente
os objetivos estão em referência direta com os
AVALIAÇÃO elementos estabelecidos no roteiro de
observação e coleta de dados, organizado no
plano. As etapas de organização, análise e
síntese devem ser acompanhadas das
correções necessárias. O relatório final pode
contemplar as etapas da construção ou se
referir a elementos de extrapolação,
dependendo dos objetivos traçados.
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elementos teóricos que ainda respondem aos problemas e dos que já se
encontram superados. Como viabiliza a aplicação de fatos a novas situações, a
revisão de hipóteses, a organização e reorganização de dados, prepara o
estudante para se flexibilizar, lidando com a abertura diante de novos e
inesperados elementos apresentados pela realidade dinâmica. A mobilização é
imediata, levando também à construção e à elaboração de sínteses cada vez mais
significativas, principalmente se os resultados dos grupos puderem ser
socializados e ampliados.
ESTRATÉGIA 20:
Ensino com pesquisa
É utilização dos princípios do ensino
associados aos da pesquisa: Concepção de
conhecimento e ciência em que a dúvida e a
DESCRIÇÃO crítica sejam elementos fundamentais; assumir
o estudo como situação construtiva e
significativa, com concentração e autonomia
crescente; fazer a passagem da simples
reprodução para um equilíbrio entre reprodução
e análise.
OPERAÇÕES DE PENSAMENTO Observação/ interpretação/ classificação/
crítica, resumo/ análise/ hipóteses e busca de
(predominantes) suposições/ decisão, comparação e
imaginação/ planejamento, obtenção e
organização de dados/ aplicação de fatos a
novas situações.
1. desafiar o estudante como investigador. 2.
estabelecimento de princípios: movimento e
alteração do conhecimento, solução de
problemas, critérios de validação, reprodução e
análise. 3. construção do projeto:
DINÂMICA DA ATIVIDADE • definição do problema de pesquisa;
• definição de dados a serem coletados e
dos procedimentos de investigação;
• definição da análise de dados;
• interpretação/validação das
suposições;
• síntese e apresentação dos resultados;
• revisões e recomendações.
O acompanhamento do processo deve ser
contínuo, com retroalimentação das fases já
AVALIAÇÃO vivenciadas, assim como com as devidas
correções em tempo. As hipóteses incompletas,
dados não significativos, devem ser
substituídas pelos mais adequados.
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O ensino com pesquisa oferece condições para que os estudantes
adquiram maior autonomia, assumam responsabilidades, desenvolvam disciplina,
tomada como habilidade de se manter o tempo necessário na busca da solução
de problema.; até o esgotamento das informações, com treino de trabalho
intelectual a ser supervisionado pelo professor. No contexto do ensino com
pesquisa alguns princípios são fundamentais: o conteúdo é tomado como
provisório, datado e resultado de investigação; novos estudos podem reformular o
existente com novas perspectivas. Os critérios para validação do conhecimento
são os de probabilidade, plausibilidade, demonstração, evidência lógica c
empírica. Procura-se construir com o estudante a disciplina persistindo na busca
de dados ou informações, na observação, leitura, redação, análise e síntese, até
esgotar o problema. Para isso, é necessária uma busca de equilíbrio entre a
reprodução das informações já existentes e as novas que a pesquisa possibilita,
no desenvolvimento de pensamento claro, crítico, construtivo e autônomo. Difere
do ensino para a pesquisa, próprio da pós-graduação, no fato de que a autonomia
do pesquisador já está mais avançada, exigindo a mediação docente na
construção das atitudes científicas citadas (NIUVENIUS, p., 1992). O processo de
construção do conhecimento envolve tanto a mobilização como a construção e a
elaboração da síntese do conhecimento, geralmente levando o estudante a um
vínculo maior com seu papel de acadêmico, construtor da realidade ou de sua
visão sobre ela. Trata-se de atividade extremamente complexa e necessária,
devendo fazer parte das estratégias e sendo excelente preparação ao estágio, no
caso dos currículos que ainda se organizam com um momento básico, outro
profissionalizante (vide a esse respeito BEHRENS, 1999).
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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