Batuque Do Rio Grande Do Sul

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O príncipe Custodio batuque RS

Detenho-me agora, mesmo que sucintamente, sobre um dos mais controvertidos


personagens do campo afro-gaúcho, um príncipe africano, herdeiro do trono de Benin,
que morou no Rio Grande do Sul de 1899, quando chegou à cidade de Rio Grande, até
1935, quando faleceu em Porto Alegre. 

Segundo informações colhidas por Maria Helena Nunes da Silva junto a diferentes
fontes " bibliográficas, intelectuais africanos e, sobretudo, dois filhos biológicos de
Custódio " este descendia da tribo pré-colonial Benis, dinastia de Glefê, da nação Jeje,
do estado de Benin, na Nigéria. Seu nome tribal era Osuanlele Okizi Erupê, filho
primogênito do Obá Ovonramwen (Silva, 1999).

Há diferentes versões sobre sua saída da terra natal. Todas, porém, estão associadas à
invasão britânica ao reino de Benin, em 1897, diante da qual não se sabe ao certo se
Osuanlele teria resistido, ou fugido, ou, então, feito um acordo com os britânicos para
deixar o país e viver no estrangeiro, onde receberia mensalmente uma pensão do
governo inglês (a mais provável).

De fato, Dionísio Almeida, filho de Custódio, relatou a Maria Helena que seu pai teria
deixado Benin em direção ao Porto de Ajudá, acompanhado por oficiais ingleses e por
parte do seu Conselho de Chefes, onde teria permanecido por cerca de dois meses, dali
embarcando para o Brasil, tendo chegado ao porto de Rio Grande em 7 de setembro de
1899, com uma comitiva formada de 48 pessoas, em sua maioria membros do seu
Conselho.

Segundo aquele informante, antes de chegar a Rio Grande Custódio teria estado em
Salvador, depois no Rio de Janeiro, tendo se estabelecido em Rio Grande por orientação
dos orixás, através dos ifás. Custódio permaneceu nesta cidade até o dia 4 de outubro de
1900, quando se transferiu para Pelotas, e no dia 4 de abril de 1901 veio para Porto
Alegre, a convite do então presidente do estado, Julio de Castilhos, que algumas
semanas antes o teria procurado em Pelotas como último recurso para remediar um
câncer que tomava conta de sua garganta.

Como teve uma melhora temporária, teria convidado Custódio a morar em Porto Alegre
para continuar a tratá-lo nesta cidade, o que não impediu, porém, a morte de Julio de
Castilhos aos 43 anos de idade, em 1903.
Balança o coroamento 

A balança é o coroamento,é a confirmação da festa de quatro patas para os orixás.É a


reunião de todosd os orixás numa roda onde somente os prontos e os Babalorixás e
Yalorixás podem participar.A balança é o terômetro que medirá o comportamento da
obrigação,pois,de acordo com a suavidade com que os orixás se comportem ao
dançar,na mesma,terá sido a aceitação ou não daquele ebó pelos orixás.Em hipótese
alguma a balança poderá rebentar,depois que a mesma for fechada e que o tamboreiro
começe a tocar o axé de reza para a balança,sob pena de que alguma das pessoas que
integram aquela obrigação ou até mesmo que o chefe do terreiro venha a morrer
decorrente de haver sido rebentada a balança.
O orixá,quando a festa for de quatro patas,não deverá chegar antes de iniciar a
balança,pois,o mesmo,só chegará antes se a obrigação estiver errada ou se algo de muito
grave estiver para acontecer e o mesmo veio para avisar.
Quando se fizer uma balança para os orixás novos,de Bará a Chapanã e outra para os
orixás velhos,Oxum,Iemanjá e Oxalá,a pessoa que participar de uma (novos),não poderá
participar de outra(velhos).

Balanças de Orixás:
*Para Bará(Legba,Lodê)Ogum(Avagã):
Composta de 14 ou 07 homens(só homens)e com a porta da rua aberta.

*Para Bará,Ogum,Iansã,Obá e Ossanha:


Composta de 14 ou 07 pessoas(homens e mulheres)

*Para Xangô:
Composta de 12 ou 06 pessoas(homens e mulheres)

*Para Chapanã:
Composta de 18 ou 09 pessoas(homens e mulheres)

*Para Odé,Otim,Oxum,Iemanjá,Oxalá:
Composta de 32,16 ou 08 pessoas(homens e mulheres).

Quando a balança não for específica para um orixá ela deve ser composta por pessoas
em múltiplos de 06 ou de 08:06,12,18,24,30 ou 08,16,24,32.
Reza:
Amaô eliço bô xangô acaraô anicéu anicéu
R:Eliço godô acaraô anicéu anicéu
Abaorô
R:Anicéu anicéu
Enicéum abaorô
R:Anicéum abaorô
Eliço godô acaraô anicéum,anicéum
R:Eliço godô acaraô anicéum,anicéum
Alujá.

A nação Cabinda, originária de Angola, adotou o panteão dos Orixás Iorubas, embora
estas divindades Bantus teriam como nome correto Inkince.

Os Inkinces são para os Bantus o mesmo que os Orixás para os Yorubás, e o mesmo que
os Voduns são para os Jêjes. Não se trata da mesma divindade, cada Inkince, Orixá ou
Vodum possui identidade própria e culturas totalmente distintas. A linguagem ritual
originou-se predominantemente das línguas Kimbundo e Kikongo; são línguas muito
parecidas e ainda utilizadas atualmente. O Kimbundo é o segundo idioma nacional em
Angola. O Kikongo, provém do Congo, sendo também falado em Angola.

Aqui no Rio Grande do Sul a raiz forte da Cabinda foi o Sr. Valdemar Antonio dos
Santos, filho do Orixá Xangô Kamucá Baruálofina; e uma de suas descendentes foi a
Sra. Madalena de Oxum, que se destacou grandiosamente dentro desta nação.

Outros que se iniciaram pelas mãos de Valdemar de Xangô, e alguns, com sua morte
passaram para as mãos de Mãe Madalena de Oxum: Pai Tati de Bará, Mãe Palmira de
Oxum, Ramão de Ogum, Moacir de Xangô (tinha o apelido de Guri Bontito), Pai Mario
de Ogum e Pai Nascimento de Sakpatá, oriundo de outra nação. Depois foram surgindo
outros ícones da nação Cabinda, onde podemos citar Pai Romário de Oxalá, filho de
santo de Mãe Madalena de Oxum; Mãe Olê de Xangô, mulher de Pai Tati de Bará; Pai
Henrique de Oxum, enteado e filho de santo de Mãe Palmira de Oxum; Pai Adão de
Bará de Exu Biomi; Pai Cleon de Oxalá; Antonio Carlos de Xangô, Alabê e Babalorixá,
Mãe Marlene de Oxum, filha de santo de Pai Romário; Pai Paulo Tadeu de Xangô; Pai
Genercy de Xangô; Hélio de Xangô, Pai Adão de Bará; Didi de Xangô; João Carlos de
Oxalá, de Pelotas; Juarez de Bará; Pai Gabriel de Oxum, que foi um grande Babalorixá
da Nação Cabinda, filho de santo de Romário de Oxalá; Lurdes do Ogum; Enio de
Oxum, também da casa de Pai Romário; Luiz vó da Oxum Docô, foi filho de santo de
Pai Romário de Oxalá; Ydy de Oxum, filho de santo de Pai Henrique de Oxum, entre
muitos outros que conservam, ainda, os fundamentos desta Nação tão importante nos
rituais Africanos do Sul.

Os praticantes da Nação Cabinda também se valem dos rituais da Nação Ijexá, já que
esta última é atualmente a modalidade ritual predominante aqui no Rio Grande do Sul; a
diferença se dá basicamente no respeito à memória de seus ancestrais e a outros fatores
como o início dos A nação Cabinda, originária de Angola, adotou o panteão dos Orixás
Iorubas, embora estas divindades Bantus teriam como nome correto Inkince. Os
Inkinces são para os Bantus o mesmo que os Orixás para os Yorubás, e o mesmo que os
Voduns são para os Jêjes. Não se trata da mesma divindade, cada Inkince, Orixá ou
Vodum possui identidade própria e culturas totalmente distintas. 

A linguagem ritual originou-se predominantemente das línguas Kimbundo e Kikongo;


são línguas muito parecidas e ainda utilizadas atualmente. O Kimbundo é o segundo
idioma nacional em Angola. O Kikongo, provém do Congo, sendo também falado em
Angola.

Aqui no Rio Grande do Sul a raiz forte da Cabinda foi o Sr. Valdemar Antonio dos
Santos, filho do Orixá Xangô Kamucá Baruálofina; e uma de suas descendentes foi a
Sra. Madalena de Oxum, que se destacou grandiosamente dentro desta nação.

Outros que se iniciaram pelas mãos de Valdemar de Xangô, e alguns, com sua morte
passaram para as mãos de Mãe Madalena de Oxum: Pai Tati de Bará, Mãe Palmira de
Oxum, Ramão de Ogum, Moacir de Xangô (tinha o apelido de Guri Bontito), Pai Mario
de Ogum e Pai Nascimento de Sakpatá, oriundo de outra nação. Depois foram surgindo
outros ícones da nação Cabinda, onde podemos citar Pai Romário de Oxalá, filho de
santo de Mãe Madalena de Oxum; Mãe Olê de Xangô, mulher de Pai Tati de Bará; Pai
Henrique de Oxum, enteado e filho de santo de Mãe Palmira de Oxum; Pai Adão de
Bará de Exu Biomi; Pai Cleon de Oxalá; Antonio Carlos de Xangô, Alabê e Babalorixá,
Mãe Marlene de Oxum, filha de santo de Pai Romário; Pai Paulo Tadeu de Xangô; Pai
Genercy de Xangô; Hélio de Xangô, Pai Adão de Bará; Didi de Xangô; João Carlos de
Oxalá, de Pelotas; Juarez de Bará; Pai Gabriel de Oxum, que foi um grande Babalorixá
da Nação Cabinda, filho de santo de Romário de Oxalá; Lurdes do Ogum; Enio de
Oxum, também da casa de Pai Romário; Luiz vó da Oxum Docô, foi filho de santo de
Pai Romário de Oxalá; Ydy de Oxum, filho de santo de Pai Henrique de Oxum, entre
muitos outros que conservam, ainda, os fundamentos desta Nação tão importante nos
rituais Africanos do Sul.

Os praticantes da Nação Cabinda também se valem dos rituais da Nação Ijexá, já que
esta última é atualmente a modalidade ritual predominante aqui no Rio Grande do Sul; a
diferença se dá basicamente no respeito à memória de seus ancestrais e a outros fatores
como o início dos fundamentos da Nação Cabinda, que é justamente onde termina os
das outras Nações: o cemitério.

O Orixá Xangô é considerado Rei desta nação, e é o dono dos Eguns, juntamente com
Oyá e Xapanã; E o culto aos Eguns é tão forte que na maioria dos terreiros desta nação,
se encontra o assentamento de Balé (culto aos Eguns); Os filhos de Oxum, Yemanja e
Oxalá, podem entrar e sair de cemitérios quando necessário for, sem nenhum prejuízo a
sua feitura, já nas outras nações estes só entram no cemitério em extrema necessidade;
Se estiver acontecendo uma festa num terreiro de Cabinda, e se o Orixá Xangô, tendo
recebido oferendas de quatro pés, e vier a falecer algum membro da casa ou da família
religiosa, não ficará a obrigação prejudicada, conforme acontece nos outros terreiros,
nos quais teriam que interromper toda a obrigação.

A Nação Cabinda, que é justamente onde termina os das outras Nações: o cemitério

Orixás e Frentes de Nação cabinda 

1-Comidas de frentes dos Orixás:


*Bará Elegba - Milho torrado,amendoim torrado,feijão preto torrado,miamiã gordo,07
bifes com epô,pimenta verde e pimenta da costa,07 cachimbos de taquara recheados
com pimenta.
*Bará Lodê - Milho torrado,pipoca,07 batatas inglesas assadas,07 opetés de batatas
inglesas cozidas sem casca.
*Bará Lanã e Adague - Milhor torrado,pipoca,07 batatas inglesas assadas.
*Bará Agelú - Milho torrado claro com mel,pipoca,07 batatas inglesas assadas,milho
cozido(axoxó),07 tiras de côco.
*Ogum Avagã - Churrasco de costela de gado frito no epô,miamiã gordo,3,5 ou7
pedaçoes de laranjka azeda.
*Ogum Onira,Olobedé,Adiolá - Churrasco de costela de gado frito no epô,miamiã
gordo.
*Iansã/Oyá Timboá,Dirã - Pipoca,07 rodelas de batatas doce fritas no epô,1 batata doce
assada,feijão miúdo cozido e refogado com azeite comum e tempero verde.
*Xangô Aganju Ibeje - Amalá - Pirão com um pouco de farinha de milho grossa junto
com carne de peito com osso frita no azeite comum,mostarda cozida só no bafo da
panela da carne,depois que a mesma estiver frita,colocar 06 bananas da terra ou
catarina,01 maçã vermelha partida em 04 partes e 06 doces de massa.
*Xangô Agandju e Agodô - Amalá sem doces.
*Odé - Costela de porco frita no azeite comum,miamiã doce.
*Otim - Costela de porco frita no azeite comum,miamiã doce,08 ou 13 fatias de batata
inglesa fritas no azeite comum.
*Obá - Canjica amarela cozida,feijão miúdo cozido.Refogar a canjica e o feijão miúdo
com epô e salsa.
*Ossanha - Um opeté de batata inglesa cozida sem casca,mimiã gordo,03,07 ou 11
folhas de alface que servirá de forro,07 ou 11 rodelas de ovo cozido,07 ou 11 pedços de
linguiça de porco,cágado feito de batata inglesa cozida sem casca e amassada.
*Xapanã Jubeteí,Belujá,Sapatá - Milho bem torrado,feijão preto bem torrado,amendoim
bem torrado e pipoca.
*Oxum Epandá e Ibeje - Canjica amarela cozida e refogada com mel,08 doces de
massa,01 ção verde partida em 04 pedaços,03 ou 06 bananas da terra ou catarina.
*Oxum Epandá - Canjica amarela cozida
*Oxum Ademum - Couve manteiga partida fina,refogada com farinha de milho,gema de
ovo cozidoesmagado e misturado com a couve.
*Oxum Olobá - Canjica amarela cozida e refogada com mel.
*Oxum Adocô - Canjica amarela e canjica branca cozida misturada.
*Iemanjá Bocí,Bomí - Canjica branca cozida refogada com salsa
*Iemanjá Nanã Borocum - Canjica branca refogada com tempero verde e um pouquinho
de sal.
*Oxalá Obocum,Olocum,Dacum,Jobocum - Canjica branca cozida.
*Oxalá Oromilaia - Canjica branca cozida,04 ovos partidos cada um em dois pedaços ao
comprido.
2 - Tipos de Aves oferecidos aos Orixás:
*Bará Legba - Galo vermelho escuro
*Bará Lodê - Galo vermelho
*Bará Lanã,Adague,Agelú - Frango vermelho
*Ogum Avagã - Galo prateado escuro
*Ogum Onira,Olobedé,Adiolá - Frango Prateado
*Iansã/Oyá Timboá,Dirã - Galinha Carijó escura
*Iansã Oyá - Franga carijó
*Xangô Agandjú Ibeje - Frango de raça garnizé(menos preto)
*Xangô Agandjú - Frango branco
*Xangô Agodô - Galo branco
*Odé - Frango pintado colorido
*Otim - Franga pintada colorida
*Obá -Galinha de pescoço pelado(menos preta)
*Ossanha - Galo de raça arrepiado(menos preto)
*Xapanã Jubeteí - Frango carijó
*Xapanã Belujá - Galo carijó
*Xapanã Sapatá - Galo carijó escuro ou vermelho
*Oxum Epandá Ibeje - Franga de raça Garnizé 
*Oxum - Galinha amarela
*Iemanjá - Galinha ou Franga branca
*Oxalá - Galinha ou franga branca
*Oxalá Oromiláia - 1Galinha branca e 1 preta
3 - Tipos de animais de Quatro Patas:
*Bará Legbá - Bode preto com aspa,inteiro com testículos
*Bará Lodê - Cabrito ou Bode com aspa,inteiro,de qualquer cor
*Bará Lanã - Cabrito até 6 meses de idade,com aspa,inteiro e qualquer cor(menos preto)
*Bará Adague e Agelú - Cabrito até 4 meses de idade,com aspa,inteiro de qualquer
cor(menos preto)
*Ogum Avagã - Bode com aspa,inteiro,de qualquer cor inclusive preto
*Ogum Onira,Olobedé,Adiolá - Bode com aspa,inteiro,de qualquer cor(menos preto)
*Iansã Oyá,Timboá,Dirã - Cabrita com aspa,mãe,de qualquer cor(menos preto)
*Xangô Agandju Ibeje - Cordeiro,inteiro,de cor branca
*Xangô Agandju - Carneiro com aspa pequena(novo),inteiro,de cor branca
*Xangô Agodô - Carneiro com aspa volteada(velho),inteiro,de qualquer cor(menos
preto)
*Odé - Porco novo,inteiro,de qualquer cor(menos preto)
*Otim - Porca nova,inteira,mãe,de qualquer cor(menos preto
*Obá - Cabrita mocha(sem aspa),de qualquer cor(menos preta)
*Ossanha - Cabrito com aspa,inteiro,de qualquer cor
*Xapanã - Bode com aspa,inteiro,de qualquer cor
*Oxum Epandá Ibeje - Cabrita até 4 meses,com aspa,de qualquer cor
*Oxum Epandá,Ademum,Olobá,Adocô - Cabrita com aspa,mãe de qualquer cor
*Iemanjá - Ovelha branca
*Oxalá - Cabrita branca
4 - Aves de Meio - Quatro Pé:
*De Bará Legbá até Xapanã Sapatá - Casal de galinha d´angola cinza
*Oxum - Casal de marrecos brancos
*Iemanjá e Oxalá - Casala de patos brancos
5 - Peixes oferecidos aos Orixás após os Quatro pés:
*Bará Elegbá,Lodê e Ogum Avagã - Peixes Jundiá
*Ogum Onira até Oxalá Oromiláia - Peixes Pintado
6 - Inhalas de Orixá:
São partes dos animais sacrificados que após limpas são destinadas somente aos Orixás:
*Inhalas de Pombo e de Aves:
A ponta do pescoço fritas,
A ponta das asas fritas,
Os pés sem o couro e sem as unhas fritas,
O fígado fritos,
O coração fritos,
A moela(aberta e limpa) frita,
Os ovos do pombo ou ovários da pomba fritos,
*Inhalas de Animais de Quatro patas:
A cabeça do animal crua,
As patas com couros e cruas,
Os testículos do animal macho crus,
As tetas do animal fêmea cruas,
O fígado cru,
O coração cru,
A passarinha(baço)cru.
7 - Quantidade de Aves para o Bori:
* De Bará,Ogum,Iansã,Obá e Ossanha,sacrificar:
Na cabeça:07 aves correspondente ao orixá e 1 casal de pombos.
No corpo: 03 aves
Em cada passagem:01 ave correspondente ao orixá.
*Xangô,sacrificar:06 aves correspondente ao orixá e 1 casal de pombos.
No corpo: 03 aves
Em cada passagem:01 ave correspondente ao orixá.
*Odé,Otim,Oxum,Iemanjá,Oxalá,sacrificar:
Na cabeça:08 aves correspondente ao orixá e 1 casal de pombos.
No corpo: 03 aves

Batuque preparação

A religião Afro-Brasileira, estabelecida no Estado do Rio Grande do Sul, no tocante à


história de suas origens, não guardou uma fonte segura de informações, e o pouco que
se tem guardado vem de opiniões do boca a boca de geração para geração, e as
incertezas nas colocações de como eram os rituais antigos ainda estão contidos nos
descendentes, que hoje pouco revelam os segredos e as histórias, acontecimentos
religiosos que se posto à público só enriqueceriam o nosso aprendizado, exatamente por
este motivo muitos sacerdotes tem maneiras diferentes de cultuar seus Orixás, há regras
que ainda se segue sem mudança alguma, como é o caso da Balança quando há festa de
quatro pés, da Obrigação do Atã, na terminação da festa, do Ecó para levar embora as
cargas negativas, e outras obrigações mudam com o passar dos anos como por exemplo
a feitura de um filho de Santo. Na antiga casa de religião do saudoso Paulino de Oxalá a
feitura de um filho de santo começava com uma lavação de cabeça com o omieró, em
seguida um aribibó, e após este fazia-se um Bori e sentava-se o Bará para aquele filho;
este Bará recebia obrigações de quatro pés durante sete anos e só depois é que ele
aprontava o filho com o assentamento do restante das obrigações. Pai Paulino de Oxalá,
nasceu na cidade de Pelotas, no Estado do Rio Grande do Sul, e foi pronto na religião
por uma escrava que veio de navio para o porto de Rio Grande e ali se estabeleceu, sua
origem era da Nigéria (África), provavelmente este grupo de escravos tenha passado por
outros estados no Brasil, mas se estabeleceram, graças a Deus, aqui no Rio Grande do
Sul. Há muitos que pensam que o nosso batuque é filho direto do Candomblé praticado
na Bahia, porém, em visita a uma casa de origem Ketu, de um respeitado Babalorixá
chamado Albino de Paula, descendente direto de raízes africanas, e de pai Ademir de
Iansã, Tata de Inkinsi pronto há muitos anos na nação Angola constata-se que nosso
ritual é muito distante do Candomblé, o que mais nos aproxima é a linguagem yoruba,
que também é usado no candomblé de Ketu, mas, mesmo com as adaptações que foram
feitas pelos afros-descendentes que se estabeleceram em cada estado brasileiro, para
poderem continuar cultuando seus Orixás, a diferença nos rituais são imensas, fazendo
com que nosso ritual seja quase que único, de uma especialidade inigualável. Temos
que dar mais valor a nossa cultura, procurar saber mais de nossa história religiosa e
divulgar o nosso culto, fazer respeitar as raízes afro do nosso Rio Grande do Sul, e
manter esta árvore viva.

Tenho sido enfático no tocante a preservação dos nossos rituais Africanos por que se
nota que o batuque puro, fiel às raízes, vem perdendo espaço para chamada linha
cruzada, o fato é que se facilitar surgirá uma mistura que não se saberá o que se está
cultuando, há de ter uma separação para preservação da "ciência" na prática dos rituais,
Umbanda é Umbanda, Quimbanda é Quimbanda e Nação Africana é outro ritual, seria
melhor cultuar um de cada vez. As casas de religião tem autonomia para decidir sobre
seus afazeres no culto de seus rituais, sem que haja interferências, o Pai ou Mãe de
Santo exerce sua autoridade, mas com jeitinho as coisas acabam mudando; muitas vezes
se aproxima da casa, novos filhos que já cultuam a umbanda e ou os exus, e os
sacerdotes, procuram aprender as práticas rituais da umbanda e dos exus; o que não se
pode é deixar um ritual tomar conta de outro, como já se vê em certos lugares, o melhor
é cultuar um de cada vez, e todos os rituais serão preservados.

Festa Grande

Chamamos de festa grande a obrigação que tem ebó, ou seja quando há sacrifícios de
animais de quatro pés, oferecemos aos Orixás cabritos, cabras, carneiros, porcos e
ovelhas, (quando se matam somente aves aí é quinzena). Costumamos fazer festa de
quatro pés para nossos Orixás de quatro em quatro anos, e serve para homenagear o
Orixá "dono da casa", e é onde os filhos que ainda não tem sua casa de religião própria
aproveitam para fazerem suas obrigações de dar comida a seus Orixás também. È uma
cerimônia que coincide com a data em que aquele sacerdote teve assentado seu Orixá de
cabeça, ou seja a data de sua feitura. A festa dos Orixás tem um ciclo ritual longo,
começando com a feitura de trocas (limpezas de corpo) que é feita em todos os filhos
que irão fazer obrigações para seus Orixás; limpeza na casa compreendendo todas as
construções que fazem parte daquele terreiro, o Pai ou Mãe de Santo também faz uma
troca. Troca é um trabalho de limpeza de corpo que se faz dentro da religião, usando
vários axés de Orixás, varas de marmelo vassouras de Xapanã, um galo para sacrifício e
uma outra ave para soltar viva, geralmente usa-se pombo, mas conforme for o caso
podemos soltar galos ou galinhas, vivos, para acompanhar um axé de troca (que envolve
sacrifício). Após tudo descarregado ainda fizemos um axé doce para os Orixás de praia
Bará Ajelú, Oxum, Iemanja e Oxala e também é passado nos elebós e na casa. No dia da
matança é que fizemos a homenagem para os Barás, que também serve como segurança
para a obrigação; no candomblé chamam este ritual de Padê. Por que são feitos tantos
axés antes do começo de uma obrigação? Muita gente faz esta pergunta e é bom
esclarecer que se uma pessoa vai dar "comida" a seus Orixás, irá fazer um retiro
espiritual dedicado ao Santo, tem que estar com o corpo e a "aura" limpos, sem qualquer
vestígio de cargas negativas, sem acompanhamento espiritual ruim, em fim livre de
qualquer perturbação, pois se alguém colocar Axorô (sangue) na cabeça com cargas
ruins no corpo, acabam fortalecendo mais a força negativa; todos indivíduos que
participarem de uma obrigação de Orixá, desde o tamboreiro (alabê) devem estarem
"limpos", também, espiritualmente. Nesta ocasião também se confirmam os graus de
iniciação dos filhos da casa como Bori, e aprontamento, no qual os filhos podem receber
seus axés de facas e de búzios, enfim é nesta ocasião que se realizam as grande
solenidades rituais dos terreiros de nação para o crescimento pessoal e espiritual dos
filhos da casa, e também servem para reforçar os próprios sacerdotes e seus Orixás.
Antigamente as casa de religião afro realizavam a festa do boi, com sacrifício de um
touro pequeno, o ritual durava um mês inteiro, após, era a festa de quatro pés, com
sacrifício de bodes, cabras, ovelhas, porcos e carneiros, depois a matança era de peixe e
finalmente a confirmação da festa com sacrifício de aves e a terminação era com a mesa
dos Ibêjes; hoje em dia, quase não existe mais quem faça este ritual.

Após as limpezas todas, logo que se passa o axé de Bará e o galo que será oferecido no
cruzeiro (encruzilhada), os elebós (pessoal de obrigação) tomam um banho de descarga
e já ficam confinados ao templo, ou seja, abandonam provisoriamente a vida social
externa em favor dos rituais. A partir deste momento não se pode dormir em camas,
fazer a barba e tomar banho (nos dois primeiros dias), conversam somente o necessário,
não vêem televisão, não falam ao telefone, não comem com garfo e faca; comida
comum come-se de colher, e de orixás, usa-se os dedos para por os alimentos na boca,
de acordo com o chefe da casa estas imposições podem ser mais ou menos rígidas, por
exemplo em certas casas quem tem o axé de facas podem fazer uso de facas para
cortarem os alimentos.

Quando o pessoal que foi fazer a obrigação de corte no cruzeiro voltar aí começa a
matança no Bará Lodê e Ogum Avagã, que habitam uma casa na parte da frente do
terreiro, nesta matança é oferecido um quatro pé e aves para o Lodê e outro quatro e as
aves,correspondentes, para Ogum Avagã. Nesta matança participam somente homens e
mulheres que não mestruam mais. Os quatro pés são apresentados aos Orixás; faz-se
uma "chamada", na qual são feitos os pedidos de proteção e caminhos abertos para tudo
aquilo que é bom para todos os filhos presentes e ausentes etc... encaminha-se os
cabritos, já com os pés lavados, do portão até a frente da casa dos Orixás Lodê e Avagã,
onde estão as vasilhas com os assentamentos, os animais devem comer folhas
verdes(orô, folhas de laranjeira, etc.), que é um sinal de aceitação da oferenda pelo
Orixá, assim que o animal comer já é levantado e é feito o corte para o Orixá Lodê e em
seguida o mesmo para Ogum Avagã; a matança é acompanhada com o toque de
tambores e agê, e tira-se axés para cada Orixá que receberá o sacrifício, na hora que
corre o axorô tira-se um axé determinado, isto é para todos Orixás que irão ter animais
de quatro pés como oferenda. Na nação Ijexá os animais sacrificados para o Bará Lodê e
Ogum Avagã, entram pela porta dos fundos do salão; neste já esta arriado no chão uma
toalha grande com todos os axé de Bará a Oxalá; coloca-se nesta "mesa" os quatro pés e
as aves. E aí canta-se novamente um axé para cada Orixá do Bará ao Oxalá e levanta-se
os quatro pés e leva-se, pela porta dos fundos, para serem limpos; tira-se o couro, que
será aproveitado(para fazer tambores), tira-se a buchada que será enterrada, e dos
miúdos como: fígado, rins, coração etc.. são cozidos e destes são tirados pedaços que
farão parte das inhalas (partes dos animais que pertencem aos Orixás) do restantes dos
miúdos é feito o chamado sarrabulho. Assim que são retirados da "mesa" os quatro pés
dos orixás de rua, começa a obrigação dos Orixás de dentro de casa; o ritual é o mesmo
começando agora com Bará Adague que come cabrito de cor avermelhado ou preto com
branco; Bará Ajelú que come cabrito Branco; Ogum come bode de cores variados
menos preto, Iansã come cabra avermelhada ou preto com branco; Xangô que come
carneiro, Odé come porco, Otim come porca, Obá come cabra mocha (sem chifres),
Ossãe come bode de cor clara; Xapanã come bode de cores variadas, menos preto;
Oxum come cabra amarelada, Iemanja come Ovelha, Oxalá come cabrita branca; Na
nação Ijexá não oferecemos animais de cor preta para nenhum Orixá, nem mesmo para
o Bará Lodê, que é Orixá de rua. Para cada Pessoa que está de obrigação corta-se um
quatro pé para o Bará que corresponde para ela, nesta nação, não se pode dividir um
animal de quatro pés para mais de um Bará; e o animal do Orixá de cabeça também é
separado, cada Orixá de cabeça come seu quatro pé correspondente. 

Pela ordem, a cada sacrifício os filhos vão recebendo o axorô de seu Orixá no ori,
cobre-se a cabeça com as penas das aves e o padrinho amarra a trunfa. No momento que
se corta para o Orixá de cabeça é guando o Orixá pode se manifestar em seu filho(a).

Os quatro pés oferecidos para os Orixás de dentro de casa também são arreados na
toalha que está estendida no chão (no salão), com os axés de Bará ao Oxala. Após cotar
para o último Orixá, que é o pai Oxalá, tira-se novamente uma reza para cada Orixá
(canta para os Orixás) do Bará até o Oxalá e os Orixás que estão no mundo,
incorporados em seus filhos, vão despachar as águas das quartinhas que estavam na
"mesa" de quatro pés, na volta já é levantado a mesa, retirando-se os animais na ordem
em que foram sacrificados; Neste momento entra em ação o pessoal da cozinha, que já
começam a servir a obrigação do pirão do Lodê e do Avagã e todos devem comer de
pé(os fiéis não se sentam, para comer, em respeito a este Orixá), é servido primeiro para
os homens e para as mulheres de cabeça de Orixá masculino, pede-se agô, na porta da
frente e deve ser comido sem o auxilio de talheres, usa-se os dedos para comer o pirão;
Todos os animais que foram sacrificados deverão serem limpos e preparados para servir
para os que estão de obrigação e distribuídos para o pessoal levar para casa no final da
festa, junto com outros axés como: pipoca, rodelas de batata doce frita, feijão miúdo
cozido e refugado com tempero verde ( salsa e cebolinha verde), farofa, bananas, maças,
laranjas, acarajé, axoxó, que são servidos em bandejas e é o que chamamos de mercado;
através dos "mercados" a energia dos orixás, festejados, também chegam até a casa dos
participantes em geral, nesta obrigação. 

Festa

No dia da festa o salão é enfeitado com as cores do Orixá homenageado, e as cores dos
axós (roupas) também obedecem a esse padrão. Numa festa para Xangô, as cores
preferenciais para todos é o vermelho e branco, o que não significa que todos tenham
que usar somente essas cores, os filhos de oxum , por exemplo, podem usar o amarelo.

A abertura da festa se da com a chamada(invocação aos Orixás), feita com a sineta


(adjá), e o sacerdote se ajoelha em frente a seu peji (quarto de santo), saudando de Bará
a Oxala e pedindo para os orixás tudo de bom para este evento. Isto feito, os
tamboreiros (alabês) começam a tirar (cantar) as "rezas" de cada Orixá, forma-se a roda
para dançarem, no centro do salão, movimentando-se no sentido anti-horário. A cada
Orixá correspondem coreografias especiais, relacionadas às suas características; nesta
roda só dança quem é pronto, que tenha bori ou obrigação de quatro pés no ori
(cabeça). 

Tira-se as "rezas" de Bará até Xangô, quando, interrompe-se tudo para formar a
"Balança", nesta só participam os que tem aprontamento completo, com Orixás
assentados; É uma cerimônia realizada somente em festa que tenha sido sacrificado
animais de quatro pés, (em obrigações só de aves não se faz balança), é considerado o
ponto crucial da obrigação, esta "roda" traz Orixás e se mal executada pode levar
"gente". Se romper a balança, algo de muito grave poderá acontecer, possivelmente a
morte de alguém que participa da "roda de prontos"; por isso é bom escolher bem quem
vai participar de uma obrigação tão séria como esta. A balança é de Xangô, e o número
de participantes é de seis, doze ou vinte e quatro pessoas; As pessoas entrelaçam
firmemente as mãos, avançam e recuam para o centro e a periferia da "roda", que gira
no sentido anti-horário, e os Orixás vão se manifestando; logo é tocado o Alujá de
Xangô, e neste momento a roda se desfaz e há grande número de Orixás manifestados
em seus filhos, sendo saudados pelos fiéis.

Há um intervalo, para descanso dos alabês e em seguida recomeça o toque dos tambores
cantando-se para Odé, Otim, Obá, Ossãe e Xapanã. No final do axé de Xapanã,
despacha-se o ecó, cujo objetivo é expulsar todas as cargas negativas, também aqueles
males extraídos durante as "limpezas" (axés) conduzidas pelos Orixás nos fiéis, esta
parte da obrigação é destinada ao Orixá Bará.

Após a obrigação do ecó, tira-se os axés (cantos) para os Ibêjes, na qual tem a
participação das crianças. Neste dia não tem a tradicional mesa de Ibêjes, é oferecido
para o Orixá Oxum ou Xangô uma bandeja contendo balas, fatias de bolos, frutas e
pirulitos, e estes distribuem para criançada. Na continuação da festa, tira-se o axé de
Oxum, que se manifesta em seus filhos, estas chegam vaidosas, distribuindo alegria,
atiram perfume nos fiéis, que saúdam a deusa da felicidade; em seguida os cantos são
para Iemanja, que se manifestam para serem homenageadas; Seguem-se os axés, tirando
agora os axés do Pai Oxalá, que ao se manifestar sempre é saudado com grande louvor.
Os Orixás se cumprimentam entre si, batem cabeça para os Orixás e sacerdotes mais
velhos , há um respeito mutuo entre eles. Após os axés do pai Oxala tira-se o axés
(cantos) para serem entregues os presentes, como: bolos, bandejas contendo quindins,
flores, jóias etc.., que são oferecidos ao Orixá homenageado. Os orixás(ou Orixá da
casa) dão as mensagens finais e de agradecimento, tiram (cantam) seus axés, e são
despachados para virarem erês (aqui no sul dizem axerê ou axêro, que é um estágio
intermediário entre o orixá manifestado e o estado normal do "filho", falam um
vocabulário próprio, e se comportam como crianças, fazem brincadeiras, e demonstram
sua alegria com a festa. Os outros Orixás também cantam seus axés para serem
despachados, e termina a cerimônia . É distribuído os mercados,o qual já mencionei
anteriormente, e o pessoal vai embora. Os filhos que estão de obrigação permanecem no
terreiro para dar continuidade ao ritual. 

Levantação Das Obrigações

Geralmente, três dias após a "matança", é feita a "levantação" das obrigações. Esta
etapa, corresponde a um momento particular, na qual participam somente os filhos da
casa e os que estão em iniciação. Neste momento, todos os "otás" (ocutás), e objetos
sagrados que receberam o axorô (sangue dos animais) são retirados das "vasilhas"
(alguidares e bacias de louça), e são lavados com omieró, (no Orixá Bará passa-se
apenas um pano umedecido no omieró, não se deve molhar muito os objetos de
assentamento deste Orixá).

Obrigação Do Peixe

Após a levantação de quatro pés deixa-se os orixás "descansarem" por um ou dois dias;
e no dia da semana, marcado para "matança do peixe" pela manhã, bem cedo vai-se ao
mercado público, ou no cais do porto, buscar o peixes vivos. usa-se na nação Ijexá
Jundiá, para os Orixás Bará, Ogum, Xangô, Odé, Ossãe e Xapanã e peixe da qualidade
Pintado para todas iyabás e também para o pai Oxalá. Os peixes devem chegar vivos ao
templo para a cerimônia. Todas as "vasilhas" com os Otás (ocutás) e ferramentas
recebem o axorô (sangue) do peixe. A carne dos peixes é consumida pelos elebós
(iniciados que estão reclusos no templo). A obrigação do peixe fica arreada por vinte e
quatro horas. Após este período levanta-se a obrigação e leva-se para praia junto com os
axés de orixás que acompanham esta obrigação de muito fundamento da nação africana.
O peixe, significa fartura e prosperidade, é o símbolo da riqueza para os seguidores da
religião africana. Geralmente a levantação do peixe é realizada numa sexta-feira,
enquanto o pessoal vai na praia para entregar os axés, o pai ou mão de santo (sacerdote
de Orixá) fica fazendo preparando os orixás que estavam arreados; fazem o que
chamamos de " miosé " , e logo os arruma nas prateleiras. Quando o pessoal chega da
praia, já começa a obrigação de matança das aves que é para saudar os Orixás que
estavam arreados, e também cortar as aves para os Ibêjes, pois destas, será feito a canja
que será servida na "mesa das crianças", que antecede a obrigação de terminação.

"Mesa Dos Ibejês E Festa Do Peixe" - encerramento

Mesa de Ibêjes: No sábado, após o por do sol, é realizada a cerimônia dedicada aos
Ibêjes, e desta, fazem parte grande número de crianças. Estende-se uma toalha no centro
do salão e coloca-se ali: doces de toda qualidade, inclusive doces de calda, arroz de
leite, doce de abóbora, doce de batata doce, sagu, ambrusia, doce de coco, bolos, tortas,
balas, pirulitos, bombons, um amalá, uma vela grande vermelha e branca, um bouquê de
flores, as quartinhas de Oxum e Xangô, mel. Primeiramente é servido a canja feito com
as aves sacrificadas para os ibêjes, e em seguida os doces. Ao som de "rezas" (axés",
cantigas) que fazem parte desta obrigação, as crianças sentam-se no chão ao redor da
toalha, e são servidas em número múltiplos de 6 (12,24,etc.). As crianças de colo vão
acompanhadas, e mulheres grávidas também sentam-se a mesa, depois de da canja, são
servidos doces e refrigerantes; distribui-se brinquedos. Nesta obrigação sempre
"descem" alguns Orixás, principalmente Xangô e Oxum. Ao terminar de comer, as
crianças recebem uma colher de mel, um gole de água, suas mãos são lavadas e
enxugadas, levantam-se, dão voltas na mesa, ao som do alujá de xangô, enquanto é
recolhido o que sobrou na "mesa" para ser colocado no peji. Os orixás são
"despachados" e ficam em axerô (erê), brincam com as crianças, cantam, dançam etc... e
é encerrada esta parte da obrigação. O pessoal descansa um pouco, pois logo em seguida
começará o batuque de encerramento das obrigações.

Festa Do Peixe ou "Terminação"

È uma cerimônia semelhante a primeira festa realizada no sábado anterior. Porém, desta
vez não teremos a obrigação da "balança". A obrigação se inicia pela "chamada" dos
Orixás à porta do "quarto de santo". Depois começam as "rezas" (cantos) para Bará,
Ogum, Iansã, Xangô, Odé, Otim, Obá, Ossãe, Xapanã, guando termina o axé de Xapanã
despacha-se o "ecó" (conforme descrito antes) e da Oxum, Iemanja e Oxalá. Os Ibêjes,
já foram homenageados anteriormente na "mesa de Ibêjes". Se tiver entregas de axés
(axé de facas e axé de búzios), a cerimônia é feita após o axé da Oxum, estes graus de
investidura são entregues somente aos "filhos" que tenham "aprontamento completo" e
que gozem de confiança do "pai ou mãe de santo", e a partir daí estão aptos para se
tornarem, também, babalorixas ou Ialorixas. Num determinado momento do axé do pai
Oxalá, estende-se o Alá, no "salão"; sob este pano branco, as pessoas dão uma volta na
"roda"(de dança) para obter as bênçãos do orixá. Terminado o axé de Oxalá, é feito uma
obrigação, na qual os Orixás Ogum e Iansã, simulam uma bebedeira e o combate de
espada entre si, para lembrar a "passagem" (história oral) em que Iansã, legitima esposa
de Ogum, embebeda o Orixá para fugir com Xangô. Na dramatização do fato incluem-
se a Adaga de Ogum e a Espada de Iansã, para simulação da luta, e garrafas contento
"Atã" (uma bebida ritualisticamente preparada para o Orixá Ogum) , que os dois Orixás
simulam beber , e Ogum acaba ficando "bêbado", dando margem para traição de Iansã.

Terminada a "festa", há distribuição dos "mercados", as comidas rituais preparadas para


os Orixás; neste é obrigado ter peixe junto com outras iguarias como: acarajé, frutas,
pipoca, polenta, etc.... Estes alimentos são condicionados em bandejas descartáveis e
enroladas em papel de embrulho, para que as pessoas levem para suas casas a energia
dos orixás, contidas nas "comidas". É bom deixar bem claro que nem todos os terreiros
e casa de nação tenham um segmento único, cada um tem seu particular ritual e as
diferenças existem, cada um faz de acordo com que aprendeu na sua raiz. As idéias
contidas nestes textos, não são para porem a público os segredos dos rituais, pois tudo
que está escrito não representa um quinto das obrigações feitas nos terreiros, a cada
passo de uma obrigação de festa ou de matança envolve inúmeros afazeres que se
fossemos escrever daria um livro de proporção enorme, já que nossos fundamentos são
passados de forma oral, não teria por que expor os segredos, o conteúdo deste site, no
entanto serve para os interessados na cultura africana, conhecerem um pouco do nosso
batuque praticado no sul do Brasil. Para formar um Babalorixá ou uma Ialorixá, leva-se
muitos anos, não seria estas poucas linhas o todo de nossa religião,. Não sou fanático
pela, porém, amo demais os Orixás, tenho consciência de seus poderes, e vou fazer o
que puder para a preservação do culto, com as bênçãos de Oxalá.

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