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Apostila nº 07
esta apostila tem 21 paginas sobre a Teologia de DEUS.
Parte – I
Estudo sobre a Teologia de DEUS,
Estou apresentando aqui um pequeno trabalho sobre Rudolf Bultmann e suas
teorias. É claro que não está exposto tudo o que o teólogo alemão escreveu,
porém, procurei esboçar o que me foi possível de seus materiais, contendo suas
idéias principais e métodos hermenêuticos.
I. RUDOLF BULTMANN
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ciência moderna, teologia contemporânea e religiões mundiais. Pertence à ala
radical da crítica bíblica germânica.
Bultmann revelou decididamente a sua posição e sintetizou -a na conferência
intitulada “O Novo Testamento e a Mitologia”, proferida em 1941, em Alpirsbach,
Alemanha, para a Sociedade de Teologia Evangélica. Fala dos evangelhos como
sendo a “teologia da igreja”.
Podemos acreditar que Deus estava operante num evento, mas não podemos
demonstrar a realidade de Deus mediante um apelo àquele evento. A história,
como a natureza, é uma continuação fechada de causas e efeitos, onde até
mesmo os motivos humanos são suscetíveis à explicação causal. Bultmann
assevera ainda que: “Este aspecto fechado significa que a continuidade dos
acontecimentos históricos não pode ser rompida pela interferência de poderes
sobrenaturais e transcendentes, e que, portanto, não há ‘milagre’ neste sentido da
palavra. Semelhante milagre seria um evento cuja causa não se achasse dentro
da história. Ao passo que, por exemplo, a narrativa do A.T. fala de uma
interferência por Deus na história, a ciência histórica não pode demonstrar
semelhante ato de Deus, mas meramente percebe que há aqueles que crêem na
interferência.”
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Isso é igualmente válido pelo que se refere ao moderno estudo da história, o qual
não tem em conta nenhuma intervenção de Deus, do diabo ou dos demônios no
curso da história. Nada ocorre, por acaso, que não tenha uma motivação racional.
Naturalmente, subsistem ainda numerosas superstições n os homens modernos,
mas são exceções ou algumas anomalias.
A invisibilidade de Deus exclui todo mito que intente fazer visível a Deus e sua
ação; Deus mesmo se esconde às olhadas e à observação. O homem que deseja
crer em Deus deve saber que não dispõe absolutamente de nada sobre o qual
possa construir sua fé, e que, por dizê-lo assim, está se apoiando no vazio.
O conselho de Bultmann, enfim, é que “os que têm a visão moderna do mundo,
que vivam como se não tivessem nenhuma”.
III. A DESMITOLOGIZAÇÃO
A linguagem do mito perde seu sentido mitológico quan do serve para expressar a
fé. O que devemos fazer, para Bultmann, é interpretar essa mitologia. A teologia
tem diante de si a tarefa de reler o N.T., desmitologizando o mito. Este seria o
único caminho possível para a proclamação do N.T. Então, torna-se inevitável a
pergunta: é possível que a pregação de Jesus acerca do reino de Deus e a
pregação do N.T. em sua totalidade tenham ainda importância para o homem
moderno? Isso é sem sentido e impossível, para Bultmann. A pregação do N.T.
anuncia a Jesus Cristo, não somente sua pregação acerca do reino de Deus,
senão, antes de tudo, sua pessoa, que foi mitologizada desde o mesmo início do
cristianismo primitivo. O Próprio Jesus entendeu-se à luz da
mitologia. Seja como for, a comunidade primitiva o viu assim, como uma figura
mitológica. A proclamação cristã de hoje se encontra diante da pergunta se ela
espera do ser humano a aceitação da concepção mítica do universo passada,
quando o conclama à fé. Seria então a tarefa da teologia desmitologizar a
proclamação cristã. A concepção mítica do universo não é, como tal, nada
especificamente cristão, mas é simplesmente a concepção do universo de uma
época passada, ainda não moldada pelo pensamento científico. A primitiva
comunidade também considerava a pessoa de Jesus à luz da mitologia quando
diziam que havia sido concebido pelo Espírito Santo, que havia nascido de uma
virgem e que era o Filho de Deus de uma forma metafísica. Tais concepções são
manifestamente mitológicas, porque eram muito difundidas nas mitologias
anteriores dos judeus e gentios, e depois foram transferidas à pessoa histórica de
Jesus. Nenhum ser humano adulto imagina Deus como um ser existente em
cima, no céu; sim, o “céu” no sentido antigo sequer mais existe para nós.
Tampouco existe o inferno, o mundo inferior, etc. Eliminadas estão assim as
histórias da ascensão de Cristo ao céu e descensão ao inferno. Eliminada está a
expectativa de um “filho do homem” vindo sobre as nuvens do céu e do
arrebatamento dos crentes no ar, ao seu encontro. Para Bultmann, a revelação
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vem em símbolos que devem ser decodificados. Usando o termo dele, devem ser
desmitologizados. O homem moderno não entende que ele esteja destinado a
sofrer o destino de morte de um ser natural, em consequência da culpa de seu
ancestral, pois é algo que não tem cabimento, porque só conhece a culpa como
ação responsável. É, pois, a Palavra de Deus a que chama o homem à verdadeira
liberdade, à livre obediência, e a desmitologização não tem outro objetivo que
aclarar esta chamada da palavra de Deu s. Quer interpretar a Escritura
interrogando-se pelo significado mais profundo das concepções mitológicas e
libertando a palavra de Deus de uma visão do mundo já superada.
A figura do Anti-cristo tal como nos é descrita, por exemplo, na Segunda Epístola
aos Tessalonicenses 2:7-12, constitui uma figura inteiramente mitológica.
Além da razão teológica para a desmitologização, há uma razão apologética. O
homem moderno pensa de modo científico, em categorias rigorosamente causais.
Através do conhecimento das forças e leis da natureza está eliminada a crença
nos espíritos e nos demônios.
O que sobra quando as “formas” são analisadas, aqu eles segmentos solidificados
de matéria biográfica que a igreja primitiva criou visando propósitos de
propaganda? Virtualmente nada. Como resultado desta investigação, parece que
o esboço da vida de Jesus, conforme é fornecido por Marcos e adotado por
Mateus e Lucas, é uma criação editorial, e que, como consequência, nosso
conhecimento real do decurso da vida de Jesus é restringido ao pouco que se
pode descobrir nas cenas individuais que constituem a tradição mais antiga. Por
conseguinte, supor que a antiga visão bíblica do mundo pode ser atualizada, não é
mais que a formulação de um desejo. A desmitologização, com isto, invalida a
Bíblia.
IV. MILAGRE
O homem moderno só reconhece como reais os fenômenos ou os acontecimentos
que resultam compreensíveis no marco da ordem racional do universo. Não
admite a existência de milagres, porque não se encaixam nesta ordem racional. O
homem moderno, assim, usa a ciência como resposta para tudo.
Porque, neste mundo, absolutamente nada de Deus e de Sua ação é ou pode ser
visível aos homens que andam buscando sua segurança neste mundo.
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Quem pensa que se pode falar de milagres como se fossem acontecimen tos
demonstráveis, suscetíveis de prova, peca contra a idéia do Deus que atua de
maneira oculta. O método crítico pressupõe que a história seja uma unidade
integrada de causa e efeito que não pode ser rompida pela ação de Deus. Em
função disso, não se pode constatar um milagre na história.
Somente posso falar do que Deus faz em mim aqui e agora, do que Deus me diz,
a mim mesmo, aqui e agora. Agora, temos de perguntar-nos de novo se é possível
falar de Deus como ato sem incorrer em uma linguagem mitológica. Falar de Deus
como ato não significa falar dEle por meio de símbolos ou imagens. Porque
quando falamos assim de Deus como ato, concebemos a ação de Deus como
análoga às ações que têm lugar entre os homens. Pode-se objetar então que,
neste caso, o acontecimento da revelação de Deus é tão somente a ocasião que
nos proporciona uma compreensão de nós mesmos, e que esta ocasião não a
reconhecemos como uma ação que intervém em nossas vidas reais e as
transforma. Em uma palavra, a revelação não nos é reconhecida como um
milagre. Não se pode utilizar luz elétrica e aparelho de rádio, em casos de doença
empregar modernos meios médicos e clínicos, e simultaneamente acreditar no
mundo dos espíritos e dos milagres do N.T.
Bultmann diz que pode-se interpretar, em virtude de uma falsa concepção acerca
da onipotência, cada evento do mundo como sendo uma ação de Deus (Mirakel).
Desta forma, o conceito de Mirakel, para ele, desenvolve-se sendo concebido
como algo fora do nosso mundo. Já o conceito de Wunder, por outro lado, reflete
nossa experiência histórica, como aquela na qual nós próprios nos encontramos
surpreendidos por atos de amor e amizade.
Nenhum argumento contrário pode ser baseado sobre o fato de que na Bíblia os
eventos são narrados como devendo ser denominados de Mirakel. Este fato torna
meramente necessário o uso do método crítico que mostra que a idéia de Mirakel
não foi vista de maneira conseqüente pelos escritores bíblicos – de acordo com as
pressuposições de seu pensamento – e que o seu abandono não implica o
abandono da autoridade da Escritura.
Porque pedir um sinal é característico dos judeus? (I Co. 1:22) Porque essa
atitude revela a própria essência natural da impiedade deles, a saber, o esforço na
busca de “sua própria justificação”. Eles avaliavam a si mesmos por aquilo que
eles foram, e estimavam os outros pelo que estes realizavam. E como eles
desejavam se justificar a si mesmos diante de Deus através de suas
obras, assim, Deus deveria se justificar a si mesmo diante deles através de Suas
obras. O Mirakel é uma tradução desesperada do saber ocultar nossa queda no
passado, é uma maneira primitiva, obscura de dizer que se compreende a ação de
Deus em Sua oposição a todos os eventos e a todos os atos mundanos. Vê-se
que cada ato escatológico, cada ato de fé e de amor, cada uma das ocupações
familiares, profissionais, cívicas, etc., do cristão – contanto que sejam em si
realizadas subordinando a “idéia de trabalho” à “idéia de fé” – é um Wunder.
O que Deus fez em Jesus Cristo não constitui um feito histórico suscetível de ser
provado historicamente. O historiador objetivante, como tal, não pode constatar
que uma pessoa histórica (Jesus de Nazaré) seja o Logos Eterno, a Palavra. É
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precisamente a descrição mitológica de Jesus Cristo no N.T. o que nos mostra
claramente que a pessoa e a obra de Jesus Cristo devem ser compreendidas
segundo um ponto de vista além das categorias com que o historiador objetivo
compreende a história universal, se é que a pessoa e a obra de Jesus Cristo deve
ser entendida por nós como obra divina da redenção.
Cristo, em Bultmann, não tem história. Este somente é real na proclamação, pois
do Jesus histórico pouco podemos saber. Com isto, Jesus é valorizado pelo
teólogo alemão como talvez uma parábola!
Crer na cruz não significa que vemos um evento mitológico que se realizou num
mundo externo. Significa que aceitamos a cruz de Cristo, como nossa própria
cruz, permitindo-nos crucificar com ele. A própria ressurreição é objeto de fé. A
ressurreição não deu origem à fé, durante aquele período de quarenta dias, mas a
fé é que originou a ressurreição.
Jesus Cristo, como o filho de Deus, uma figura mítica na qualidade de ser divino
preexistente, é simultaneamente um determinado ser humano histórico, Jesus de
Nazaré. Bultmann, pessoalmente, acha que Jesus não afirmou ser o Messias. E
se fosse, o pensamento da morte, segundo Bultmann, não é tão acabrunhador
para quem sabe que após três dias terá de ressurgir!
A palavra me diz que a graça de Deus é uma graça prévia, que já atuou em meu
favor, mas não de tal maneira que eu possa voltar-me para vê-la como um
acontecimento histórico do passado. Pois, a Palavra de Deus só é Palavra de
Deus quando acontece aqui e agora. Assim, o ser humano vive no pecado quando
deixa-se seduzir pelo invisível e pelo disponível. Para Bultmann, o pecado, em sua
essência, não é uma questão moral, é rebelião e reivindicação diante de Deus,
permanecendo escravo da vida inautêntica.
Não há nenhum meio de nos livrarmos do passado. Com efeito, nós não podemos,
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enquanto seres temporais, ser livres do passado de tal maneira que ele pudesse
ser, pura e simplesmente, cancelado e ignorado; de tal maneira que pudéssemos
receber qualquer coisa como uma nova natureza – se pudéssemos recebê-la,
certamente não poderíamos nos manter nela. Nós sempre
chagamos no nosso momento presente a partir e com o nosso passado. Pois, nós
não somos plantas, animais ou máquinas, e nosso presente é sempre qualificado
pelo nosso passado. A questão crítica é saber se o nosso passado nos é presente
como manchado pelo pecado ou como perdoado. Assim, o Wunder de Deus é o
perdão.
Todo Wunder não é jamais visível senão em virtude do único Wunder do perdão.
Ora, o perdão não é um ato do passado: eu não o tenho como perdão senão
enquanto o tenho como uma posse sempre renovada.
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Segundo a desmitologização bultmaniana, a palavra de Deus exorta o homem a
que renuncie o seu egoísmo e à ilusória segurança de que o mesmo tem
construído. O exorta a que se volte a Deus, que está mais além do mundo e do
pensamento científico. O exorta, ao mesmo tempo, a que encontre o seu
verdadeiro eu. Porque o eu do homem, sua vida interior, sua existência pessoal,
se encontra realmente mais além do mundo visível e do pensamento racional.
O saber a respeito de sua autenticidade já torna o ser humano capaz de atingi -la.
Sua autenticidade é aquilo que ele, embora não o realize permanentemente, pode
a qualquer momento realizar. Assim, para Bultmann, o Espírito Santo não é uma
pessoa, nem um poder que invade a nossa vida, nem é possessão dos crentes;
antes é a “possibilidade efetiva da nova vida”. Para ele, a fé genuína em Deus é
existencial, não uma realização por meio do nosso próprio esforço.
A afirmação de que Deus é criador não pode ser um enunciado teórico sobre Deus
como creator mundi em um sentido geral. Esta afirmação somente pode ser uma
confissão pessoal declarando que eu me compreendo a mim mesmo como uma
criatura que deve sua existência a Deus. Ademais, os enunciados que descrevem
a ação de Deus como uma ação cultual, e nos apresentam a Deus, por exemplo,
oferecendo Seu Filho como vítima expiatória, não são legítimos, a não ser que se
entendam em um sentido puramente simbólico.
O idealista não entende como um PNEUMA, atuante como força natural, possa
atingir e influenciar sua postura psíquico-intelectual. Ele se sabe responsável por
si mesmo e não entende como no batismo de água lhe possa ser transmitido algo
misterioso, que então passaria a ser o sujeito de seus desejos e ações. Não
entende como uma refeição lhe possa transmitir força espiritual e como a
participação indigna na ceia do senhor possa acarretar enfermidade física e morte.
Isto significa que eu não posso alcançar a idéia de criação fazendo abstração de
minha existência e compreender, “interpretar” qualquer coisa fora de mim como
sendo criação ou ação de Deus, mas que em efetuando essa idéia eu digo
primeiramente alguma coisa sobre mim mesmo. Eu ajo sempre e em todas as
situações como se eu mesmo fosse criador, e assim entendo a idéia de criação.
Quando interrogamos a Bíblia, qual é o interesse que nos guia? Não há dúvida de
que a Bíblia é um documento histórico, e temos de interpretá-la segundo os
métodos da investigação histórica, isto é, temos de estudar sua linguagem, a
situação histórica de seus autores, etc. Mas, qual nosso verdadeiro e real
interesse? Temos de ler a Bíblia como se tratasse-se unicamente de um
documento histórico, que nos serviria de “fonte” para reconstruir uma época
passada? Ou então a Bíblia é algo mais que uma fonte histórica? Da minha parte,
creio que nosso interesse há de apoiar-se realmente em escutar o que a Bíblia
tem a nos dizer atualmente, e o que constitui a verdade acerca de nossa vida e de
nossa alma. (Então, o significado é formulado pelo leitor?)
A hermenêutica existencialista é a base para a compreensão bíblica, segundo
Bultmann. Para tal, ele usa uma investigação chamada de crítico-histórico formal
(por isto, dizem que Bultmann não despreza a hermenêutica tradicional). Bultmann
exclui dessa investigação o Evangelho de João. Na sua opinião este livro é por
sua natureza muito menos histórico que os outros evangelhos que o precederam.
Bultmann também usa o método das religiões comparadas. Ele tenta de vários
modos mostrar a existência de relações entre o N.T. e as religiões não cristãs,
como se a fé cristã seja resultado de vários conceitos religiosos. Para Bultmann é
impossível uma teologia (exegese) que seja livre de premissas. No mesmo
instante ele exige que ela esteja livre de preconceitos.
Pretender que uma exegese possa ser independente das concepções profanas é
uma ilusão. Então, o ponto de partida para o conhecimento de Deus seria
antropocêntrico. A filosofia, com isto, é competente para elaborar o quadro
conceptual. Esta não é tarefa da teologia. O intérprete precisa ter uma
compreensão prévia do assunto transmitido no texto e uma relação vital com o
assunto contido no texto, ou seja, a pré-compreensão, a participação do leitor na
vida humana o possibilita a interpretar a participação do autor. Isto acontece
quando o leitor é arrebatado pela história, podendo até mesmo se ver na história.
Deve haver então, uma identificação do intérprete com o autor, como um
sentimento de empatia. Bem, a filosofia como um dos meios para a interpretação é
bem vinda, mas, o grande problema é que Bultmann a coloca como a única base
para a exegese!
O grande perigo é que, segundo Westphal, a teologia vista assim, poderia então
privilegiar uma outra figura da história contemporânea, em lugar de Jesus, com o
objetivo de compreender a existência humana.
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VIII. CRÍTICA À BULTMANN
O Dr. Herman diz que Bultmann repele todo acordo entre a fé e a ciência, em que
as consequências desta última sejam negadas ou não se conciliem com o
conteúdo daquela. A interpretação da obra redentora de Deus, apresentada por
Bultmann, segundo o Dr. Herman, não se orienta pelo N.T., e sim por uma filosofia
praticamente atéia. Porém, os quatro primeiros dez mandamentos transmitidos a
Moisés (Êx. 20:1-17) referem-se ao relacionamento da humanidade com Deus.
Eles mandam aceitar o nosso lugar de criaturas de Deus.
Que dizer da idéia de que Deus está totalmente separado da natureza, ou seja,
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que Ele é o totalmente outro? Certamente Deus se apresenta na Bíblia como um
ser independente e diferente da sua criação. Ele não faz parte da terra, e a terra
não faz parte dEle. Mas Ele está sempre aqui – distinto, mas não separado do
mundo.
Na verdade, as pessoas da Bíblia passam bem mais tempo fugindo de Deus do
que buscando a Deus “lá em cima”. Ao longo de toda a Bíblia, Deus surge
incessantemente em todo lugar, sobretudo nos locais menos previsíveis.
Deus no N.T. é o oposto daquela figura distante, alheia ao planeta, como ensinado
na desmitologização. Ele se envolve intimamente com esta terra, até as últimas
consequências. Em Jesus, Deus se torna um de nós, o Criador que por vontade
própria “se fez carne, e habitou entre nós” (Jo. 1:14).
Bultmann diz que ciência e fé são excludentes, porém, a história nos mostra que
os primeiros cientistas europeus, como Copérnico, Kleper e Galileu, eram cristãos
devotos que encaravam a ciência como uma forma de conhecer e glorificar a
Deus. Eles acreditavam que a natureza e as Escrituras eram igualmente uma
revolução divina; ambas eram necessárias para compreender melhor o Criador.
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Agora, com todo o respeito ao Dr. Bultmann, prefiro ouvir os cientistas, não pela fé
que tinham, mas por que são pessoas mais confiáveis dentro da ciência para falar
sobre ciência! Galileu não via a necessidade de uma ruptura entre ciência e
teologia, pois Deus é o Autor dos dois livros – da natureza e das Escrituras.
Rudolf Bultmann deveria ser avisado que se a ciência só lida com o mundo
material, não é justo que faça declarações sobre o mundo imaterial. Ao fazê-lo, os
cientistas jogam nos dois times ao mesmo tempo, alegando que um time tem de
abandonar a disputa por não Ter aparecido para jogar (I Co. 2:13,14). Certamente
há aspectos da fé cristã que não podem ser colocados na lâmina do microscópio,
pois a ciência é um instrumento poderoso – mas não dá todas as respostas.
Joguemos limpo com as evidências, Tomé não foi convidado a contemplar uma
visão de Jesus entre as nuvens. Jesus lhe ofereceu dados – a melhor prova, o seu
próprio corpo – e desafiou Tomé a avaliá-lo por si mesmo. Jesus, de fato,
bendisse as pessoas que nEle creram sem jamais ver o seu corpo ressurreto. Ele
fala, aqui, da maioria dos milhões de pessoas que nEle creram. Mas, esses
milhões, tiveram outros tipos de provas! Assim, os cristãos que conhecem a Deus
e crêem na Bíblia, podem ter confiança absoluta de que toda verdade é verdade
de Deus, e de que ele exprimiu essa verdade na Bíblia e em toda a criação.
Até as leis da ciência natural estão sendo revolucionadas por novos paradigmas!
Quando a fronteira entre a realidade física e a realidade virtual é indefinível,
quando Gary Kasparov diz que o computador Deep Blue passou a jogar xadrez
como se pudesse pensar, então a contradição se tornou a norma. Se as coisas
são assim no mundo da tecnologia, por que não o seriam no místico mundo da
religião?
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descobrimos que não basta aceitar mentalmente certos fatos como verdadeiros.
Mas, precisamos seguir esses fatos até u ma Pessoa, e depois seguir essa Pessoa
até o fim.
1º. “Os cristãos só sabem julgar os outros. Agem como sentinelas morais da
sociedade, e tentam censurar tudo, das artes à educação sexual”.
2º. “A igreja, ao longo dos séculos, sufocou a voz e os dons das mulheres,
tratando-as como seres de segunda classe”.
3º. “A religião cristã é alienada do mundo natural. A Bíblia manda subjugar a terra,
e a cultura cristã ocidental tomou isso como permissão para explorar
danosamente a natureza”.
Os cientistas ficaram, então, com um grupo de cinco macacos que, mesmo sem
nunca ter tomado um banho frio, continuavam batendo naquele que tentasse
chegar às bananas. Se fosse possível perguntar a algum deles porque batiam em
quem tentasse subir a escada, com certeza a resposta seria: “Não sei, as coisas
sempre foram assim por aqui...
Será que a Bíblia e um livro científico não podem ficar lado a lado numa estante
ou na mente humana perscrutadora? Ou será que sempre haverá
incompatibilidade e conflito? Muitos cristãos que militam nas ciências dizem que a
observação do mundo material os arrasta para a fé, não para longe dela. A
questão é que, a investigação científica legítima e a teologia honesta precisam
reconhecer as limitações do conhecimento humano.
Bultmann, de certa forma, também nos faz pensar sobre a vigilância na vida!
Principalmente se tratando de vigilância nos três sentidos deste termo, que são:
conservar, reservar e guardar. Se o termo “mundo” no N.T. refere-se a “este
mundo visível”, devemos nos lembrar que a alma humana não se submete apenas
à matéria. Após a morte, todos saímos do corpo, do mundo (Sl. 89:48). E isto,
muitas vezes, nos gera temor que escraviza! “Este mu ndo” é o mundo do que é
passageiro e da morte, que foi originado pelo pecado de Adão e Eva. A morte,
assim, não é própria da matéria, mas é própria do pecado (Rm. 6:23). Pelo pecado
de Adão e Eva não veio a necessidade da morte, mas a possibilidade da morte. E
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é aqui onde Bultmann nos auxilia na advertência de que, se nós morremos através
da carne, então porque confiarmos na carne?
Mas, para Bultmann, o que realmente significa carne? Acertadamente ele diz que
é o visível, o que se toca, o disponível, o passageiro. Quando a carne tem poder
sobre mim? Quando ela se torna o fundamento da minha vida; quando vivo
“segundo a carne”; quando deixo-me seduzir pelo visível, ao invés do invisível;
quando preciso de algo comprovável para minha segurança.
O teólogo alemão diz que nossa vida é marcada pelo “preocupar-se”, e com
alguns êxitos visíveis, acabamos confiando na carne. Esta consciência de
segurança cria, às vezes, o gloriar-se e, às vezes, com algumas derrotas visíveis,
cria-se a “ansiedade”, e esta cria a “desesperança”. Porém, isto não condiz com a
realidade invisível, pois o visível não nos traz real segurança, pois a real vida do
ser humano é a invisível. O visível é disponível, mas é passageiro, e quem vive a
partir dele, está condenado a ser passageiro (Jo. 10:10).
Do visível surge a escravidão ao temor, a falsa sensação de que podemos perder
tudo a qualquer momento, é a incerteza do amanhã. Vida autêntica é a que vive
além do visível, renunciando a segurança autocriada e vivendo “segundo o
Espírito”, é a “vida na fé” (Gl. 2:20). Tal vida só é possível a partir da fé na “Graça
de Deus”, que é a confiança no invisível. A “Graça de Deus” é graça que perdoa
pecados. O pecado é o passado visível que nos prende, e a Graça é o futuro
invisível que nos liberta. Isto é fé conservadora: livrar-se, em Cristo, do passado
visível, e abrir-se ao futuro invisível conquistado por Cristo. Assim, a
desmitologização lembra-nos da nossa distância para com o “mundo” e a “carne”,
mostrando-nos a postura do “como se não” de Paulo (I Co. 7:29-31). A situação
visível não pode nos dominar (Fp. 4:12,13). “Andar em espírito”, então, é não viver
“segundo a carne”. É não viver só o que vejo, mas o que não com os olhos carnais
também, e principalmente.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Apesar de todos os exageros e erros de Bultmann, ele foi um teólogo de suma
importância para que pudéssemos repensar as bases da nossa fé. A
desmitologização foi um anseio científico por parte de Bultmann, mas também
pode ser uma maneira de revermos a nossa vida cristã, se é autêntica em Deus
ou se é apenas mera religiosidade infundada e materialista!
Enfim, examine a base da fé cristã. Não aceite apenas a versão de outra pessoa
qualquer, só por ouvir dizer, mas analise você mesmo a Bíblia. O que é que ela
ensina? Examine a credibilidade do cristianismo. Investigue as provas (Mirakel’s e
Wunder’s). há mais um passo a dar. Por mais que alguém estude e pondere o
cristianismo, há ainda a necessidade de tomar uma decisão pessoal – vou ou não
me entregar a essa Pessoa? Direi n ão apesar de todos os indícios, todas as
evidências? Ou depositarei a fé em Jesus, dedicando a vida a seguí-lo, não como
um grande mestre do passado, mas como o meu Salvador vivo, como o meu
Senhor?
BIBLIOGRAFIA BULTMANN, Rudolf. JESUCRISTO Y MITOLOGÍA. 1ª. Ed. em
espanhol – Deciembre, 1970. Barcelona. Libros Del Nopal. Ediciones Ariel, S.A.;
BULTMANN, Rudolf. MILAGRE – Princípios de Interpretação do Novo
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Testamento. São
Paulo, SP. 2003. Novo Século; BULTMANN, Rudolf. RUDOLF BULTMANN –
Artigos Selecionados. Ed. Sinodal; GUNDRY, Stanley. TEOLOGIA
CONTEMPORÂNEA – Coleção Pensadores Cristãos. Vol. 6. 2ª. Ed. brasileira.
Fevereiro de 1987. São Paulo, SP. Mundo Cristão; LARSEN, Dale & Sandy. SETE
MITOS SOBRE O CRISTIANISMO – Uma Resposta Racional às Críticas que
Fazem ao Cristianismo. 1ª. Ed. brasileira, 2000. Ed. Vida; RIDDERBOS, Herman
N. BULTMANN – Pelo Dr. Herman N. Ridderbos. 1ª. Ed. Recife, 1966. CLEB;
WESTPHAL, Euler R. A QUESTÃO DA HERMENÊUTICA EM RUDOLF
BULTMANN. Vox Scripturae, 2003. Pp. 89-108.
Estude com fé depois de ter terminado os seus estudos, envie seu questionário
com as respostas devidas para o endereço de e-mail: teologiagratis@hotmail.com,
se assim quiser, logo após respondido e corrigido o questionário, alcançando
media acima de 7,5, solicite o seu Lindo DIPLOMA de Formatura e a sua
Credencial de Seminarista formado, também poderá solicitar estagio missionário
em uma de nossas igrejas no Brasil ou exterior traves da Federação Internacion al
das Igrejas e Pastores no Brasil ou Fenipe, que depois do Estagio se assim o
achar apto para o Ministério poderá solicitar a sua ordenação por uma de nossas
organizações filiadas no Brasil ou no exterior, assim você poderá também receber
a sua Credencial de Ministro Aspirante ao Ministério de Nosso Senhor e Salvador
Jesus Cristo. Esta apostila tem 21 pagina boa sorte.
Sem nadas mais graça e Paz da Parte de Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo
bons estudos.
Reverendo Antony Steff Gilson de Oliveira Pastor da Igreja Presbiteriana de Nova Vida 21
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