Simulado Temático Manual Caseiro 2021

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SIMULADO TEMÁTICO

Delegado de Polícia

CADERNO DE QUESTÕES

DIREITO PENAL

1. O princípio da insignificância ou da bagatela exclui a

A. punibilidade.
B. executividade.
C. tipicidade material.
D. ilicitude formal.
E. culpabilidade.

2. No que concerne ao princípio da insignificância, assinale a afirmativa INCORRETA.

A. Seu reconhecimento exclui a tipicidade material da conduta.


B. Aplica-se quando se mostra ínfima a lesão ao bem jurídico tutelado.
C. Somente pode ser invocado em relação a fatos que geraram mínima perturbação social.
D. Exige, para seu reconhecimento, que as consequências da conduta tenham sido de pequena
relevância.
E. Só é admissível em crimes de menor potencial ofensivo.

3. Segundo entendimento sumulado do Superior Tribunal de Justiça, INAPLICÁVEL o princípio da


insignificância:

A. aos crimes ambientais e aos crimes patrimoniais sem violência ou grave ameaça à pessoa, se
reincidente o acusado.
B. aos crimes praticados contra a criança e o adolescente e aos crimes contra a ordem tributária.
C. às contravenções penais praticadas contra a mulher no âmbito das relações domésticas e aos crimes
contra a Administração pública.
D. aos crimes de licitações e às infrações de menor potencial ofensivo, já que regidas por lei especial.
E. aos crimes de violação de direito autoral e aos crimes previstos no estatuto do desarmamento

4. Considerando a doutrina e a jurisprudência dos tribunais superiores acerca dos crimes em espécie, julgue
o seguinte item. Situação hipotética: Um servidor público, no exercício de suas funções, foi vítima de
injúria e difamação. Assertiva: Nessa situação, será concorrente a legitimidade do servidor ofendido,
mediante queixa, e do Ministério Público, condicionada à representação do ofendido, para a ação penal
correspondente.

5. Analise o enunciado da questão abaixo e assinale se ele é Certo ou Errado.

Responde pela prática do crime de injúria racial, disposto no § 3º do artigo 140 do Código Penal
Brasileiro e não pelo artigo 20 da Lei n. 7.716/89 (Discriminação Racial) pessoa que ofende uma só
pessoa, chamando-lhe de macaco e negro sujo.

6. Em relação aos crimes previstos na parte especial do Código Penal, ao crime de abuso de autoridade e
ao que dispõem o Estatuto do Idoso e a Lei contra o Preconceito, julgue os próximos itens. O crime de

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injúria qualificada consiste na utilização de elementos referentes a raça, cor, etnia, religião, origem ou
condição de pessoa idosa ou portadora de deficiência para ofender a dignidade ou o decoro de alguém.
Diferentemente do que ocorre no caso de crime de racismo, a injúria qualificada processa-se por ação
penal pública condicionada a representação.

7. Em relação aos crimes contra a pessoa, julgue os itens subsecutivos.

Considere a seguinte situação hipotética. Márcio, funcionário público lotado no órgão X, teve seu
notebook furtado nas dependências desse órgão. Em seguida, por ter uma desavença pessoal com Jaime,
também funcionário do referido órgão, Márcio denunciou Jaime ao seu chefe imediato, pelo furto do
aparelho, mesmo não havendo nenhuma prova ou indício da autoria do fato. Nessa situação, Márcio
cometeu o crime de injúria.

8. Policial rodoviário federal que se apropriar de dinheiro público, do qual tenha posse em razão de seu
cargo, estará sujeito às penas do crime de corrupção passiva.

9. No que se refere aos crimes praticados por funcionário público contra a administração em geral, julgue
o seguinte item.

O vereador que, em razão do seu cargo, solicitar parte do salário de seus assessores em benefício próprio
praticará o crime de concussão.

10. No que se refere aos crimes praticados por funcionário público contra a administração em geral, julgue
o seguinte item.

Praticará o crime de corrupção passiva o médico — seja ele servidor público ou não — que, em
atendimento pelo Sistema Único de Saúde, exigir do segurado quantia em dinheiro para a realização de
consulta.

11. (Questão inédita - MC). Conforme previsão expressa no Código Penal brasileiro, o erro de tipo ocorre
sobre o elemento constitutivo do tipo legal e exclui o dolo, permitindo a punição por crime culposo,
desde que a Lei penal admita tal punição a título de culpa.

12. (Questão inédita – MC). Erro de tipo essencial escusável, por ser inevitável, exclui o dolo e a culpa.
Nesse sentido, a doutrina é uníssona ao estabelecer que, para que seja aferido se o erro foi escusável ou
inescusável, o magistrado deve analisar as circunstâncias do caso concreto, como o grau de instrução do
agente, sua idade e condição social.

13. (Questão inédita – MC). O erro de tipo Essencial e o Erro de Tipo Acidental se distinguem na medida
em que o primeiro se refere ao erro sobre as elementares do tipo penal, e o segundo sobre dados
secundários do tipo. Em relação a esse tema, julgue o item a seguir:

O erro sobre objeto, ou error in objecto, possui tratamento previsto no Código penal e estabelece que o
agente, ao atingir coisa distinta daquela que pretendia, responderá em relação ao objeto efetivamente
atingido, e não em relação ao pretendido.

14. Vitor, namorado de Ana, motivado por ciúmes, resolveu matar o ex-namorado dela, Bruno. Adquiriu,
ilegalmente, uma arma de fogo para executar o crime e a guardou dentro de um armário em seu quarto.
Vitor, então, mandou uma mensagem para Bruno pelo celular de Ana, fingindo ser ela e combinou de
se encontrarem no dia seguinte. Bruno, pensando estar conversando com Ana, aceitou o convite. Durante

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a noite, Vitor desistiu de executar o crime. No dia seguinte, foi ao shopping e lá foi preso, pois Bruno
havia descoberto o plano e avisado à polícia. Acerca dessa situação hipotética, julgue o seguinte item.
A polícia agiu de forma correta ao prender Vitor, que responderá por tentativa de homicídio.

15. Mário, após ingerir bebida alcoólica em uma festa, agrediu um casal de namorados, o que resultou na
morte do rapaz, devido à gravidade das lesões. A moça sofreu lesões leves. A partir dessa situação
hipotética, julgue o item a seguir. Se, após a apuração dos fatos, a morte do rapaz caracterizar homicídio
simples doloso, a conduta de Mário não será classificada como crime hediondo.

16. O crime de disparo de arma de fogo (art. 15 da Lei n. 10.826/2003) se configura na modalidade
preterdolosa se for praticado como meio para a execução de um homicídio (tipificado no art. 121,
“caput”, do CP).

17. (Questão Inédita – MC). Julgue a seguinte assertiva: José Encrenca praticou, em janeiro de 2021, falta
grave no curso da execução penal. Segundo o STJ, o prazo prescricional para essa falta grave é de 3
(três) anos.

18. (Questão Inédita – MC). Julgue a seguinte assertiva: Como é o menor prazo para prescrição do código
penal, as medidas punitivas para o crime de uso de drogas do art. 28 da lei 11.343/2006 prescrevem em
3 (três) anos.

19. (Questão Inédita – MC). Julgue a seguinte assertiva: Mévio foi condenado por estelionato e a sentença
transitou em julgado enquanto estava cumprindo pena por roubo. A prescrição pelo crime de estelionato
começou a correr quando foi publicada no diário oficial.

20. Relativamente ao tema da territorialidade e extraterritorialidade, analise a afirmativa: Ficam sujeitos à


lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro os crimes contra a administração pública, por quem está
a seu serviço.

21. Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro os crimes contra o patrimônio da União,
do Distrito Federal, de Estado, de Território ou de Município quando não sejam julgados no estrangeiro.

DIREITO PROCESSUAL PENAL

22. No curso de inquérito, a autoridade policial intimou Pedro a, na qualidade de testemunha, prestar
informações sobre determinado fato delituoso. Na condição de testemunha, Pedro:

A. não estará obrigado a comparecer à delegacia para prestar informações, tendo em vista a ausência de
poder da autoridade policial para tal intimação;
B. estará obrigado a comparecer à delegacia e prestar informações com o dever legal de dizer a verdade,
ainda que possua relação de parentesco em linha reta com o investigado;
C. não estará obrigado a comparecer à delegacia, podendo se valer do direito ao silêncio, ainda que não
tenha relação com os fatos;
D. estará obrigado a comparecer à delegacia, mas, independentemente da relação com o investigado,
não terá a obrigação legal de dizer a verdade, por ainda não haver denúncia;
E. estará obrigado a comparecer à delegacia, mas não precisará responder às perguntas formuladas que
puderem resultar em autoincriminação.

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23. A doutrina e a jurisprudência majoritárias admitem o denominado arquivamento implícito, que consiste
no fato de o oferecimento de denúncia pelo Ministério Público por apenas alguns dos crimes imputados
ao indiciado impedir que os demais sejam objeto de futura ação penal.

24. No curso de inquérito policial para investigar a prática de crime sexual, a autoridade policial entendeu
necessária a realização de exame de DNA de Leonardo, suspeito do delito, para colher informações
sobre a sua autoria. Nesse sentido, a prova em questão:

A. não poderá ser recusada por Leonardo, diante da sua condição de indiciado, independentemente de
exigir comportamento ativo ou passivo;
B. poderá ser realizada, independentemente da concordância de Leonardo, ainda que invasiva, mas
exige decisão judicial prévia;
C. poderá ser recusada por Leonardo no curso do inquérito policial, mas não no curso de processo
judicial;
D. poderá ser realizada sobre material descartado por Leonardo, independentemente de sua
concordância;
E. poderá ser realizada independentemente da concordância de Leonardo, ainda que exija
comportamento ativo do agente, desde que sujeita ao contraditório e ampla defesa.

25. O juiz é livre para apreciar as provas e, de acordo com sua convicção íntima, poderá basear a condenação
do réu exclusivamente nos elementos informativos colhidos no IP.

26. Conforme disposição expressa no Código de Processo Penal vigente, o Delegado de Polícia que preside
investigação policial sobre o crime previsto no artigo 149-A (Tráfico de Pessoas) do Código Penal-
Decreto- Lei n° 2.848/1940, dentre as providências a serem adotadas, poderá requisitar, de quaisquer
órgãos do poder público ou de empresas de iniciativa privada, dados e informações cadastrais da vítima
ou dos suspeitos.

27. Assinale a alternativa correta a respeito de prova, indiciamento e inquérito policial, com base na
legislação, na jurisprudência e na doutrina majoritária.

Conforme a lei, o indiciamento é ato privativo do delegado de polícia ou do órgão do Ministério Público,
devendo ocorrer por meio de ato fundamentado, que, mediante análise técnico-jurídica do fato, deverá
indicar a autoria, a materialidade e suas circunstâncias.

28. A respeito do inquérito policial, assinale a alternativa.

O inquérito deverá terminar no prazo de 10 dias, se o indiciado tiver sido preso em flagrante, ou estiver
preso preventivamente, contado o prazo, nesta hipótese, a partir do dia em que se executar a ordem de
prisão, ou no prazo de 30 dias, quando estiver solto, mediante fiança ou sem ela.

29. A respeito do inquérito policial, assinale a opção correta, tendo como referência a doutrina majoritária
e o entendimento dos tribunais superiores.

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De acordo com a Lei de Drogas, estando o indiciado preso por crime de tráfico de drogas, o prazo de
conclusão do inquérito policial é de noventa dias, prorrogável por igual período desde que
imprescindível para as investigações.

30. Na hipótese de haver conflito de atribuição entre membros do MPF e de Ministérios Públicos estaduais,
compete ao PGR - Procurador Geral da República, na condição de órgão nacional do Ministério Público
dirimir este conflito.

31. José, réu primário, foi preso em flagrante acusado de ter praticado crime doloso punível com reclusão
de no máximo quatro anos. Na audiência de custódia, o juiz decretou a prisão preventiva de ofício. No
entanto, a defesa de José solicitou, em seguida, a reconsideração da decisão, com base no argumento de
que a conduta do preso era atípica. O juiz acatou a tese e relaxou a prisão.

Considerando essa situação hipotética, julgue o item subsequente.

Devido à pena prevista para o crime praticado por José, delegados ficam vedados a arbitrar a fiança.

32. Acerca de prisão, de liberdade provisória e de fiança, julgue o próximo item de acordo com o
entendimento do STF e a atual sistemática do Código de Processo Penal.

Situação hipotética: A polícia foi informada da possível ocorrência de crime em determinado local. Por
determinação da autoridade policial, agentes se dirigiram ao local e aguardaram o desenrolar da ação
criminosa, a qual ensejou a prisão em flagrante dos autores do crime quando praticavam um roubo, que
não chegou a ser consumado. Foi apurado, ainda, que se tratava de conduta oriunda de grupo organizado
para a prática de crimes contra o patrimônio.

Assertiva: Nessa situação, o flagrante foi lícito e configurou hipótese legal de ação controlada.

33. Considerando a doutrina majoritária e o entendimento dos tribunais superiores, julgue a seguinte
assertiva:

O flagrante diferido que permite à autoridade policial retardar a prisão em flagrante com o objetivo de
aguardar o momento mais favorável à obtenção de provas da infração penal prescinde, em qualquer
hipótese, de prévia autorização judicial.

34. Carlito integra uma organização criminosa especializada em pirataria de materiais preparatórios para
concursos públicos. Além disso, traficam drogas e contrabandeiam cigarros do exterior. A partir dessa
situação hipotética, julgue o item subsequente.

Se Carlito for preso em flagrante e o escrivão estiver internado por Covid no hospital da cidade, de modo
a estar incapacitado de proceder à lavratura do auto de prisão, a autoridade policial poderá designar
qualquer pessoa para fazê-lo, desde que esta preste o compromisso legal anteriormente.

35. José, réu primário, foi preso em flagrante acusado de ter praticado crime doloso punível com reclusão
de no máximo quatro anos. Na audiência de custódia, o juiz decretou a prisão preventiva de ofício. No

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entanto, a defesa de José solicitou, em seguida, a reconsideração da decisão, com base no argumento de
que a conduta do preso era atípica. O juiz acatou a tese e relaxou a prisão.

Considerando essa situação hipotética, julgue o item subsequente.

Nessa situação, a primeira decisão do juiz foi regular, já que os tribunais superiores têm admitido, de
ofício, a conversão da prisão em flagrante em prisão preventiva durante a audiência de custódia.

36. O Promotor de Justiça que passa a atuar no processo decorrente de desmembramento oriundo do
Tribunal de Justiça permanece vinculado a denúncia anteriormente oferecida pelo Procurador Geral da
Justiça.

37. Conforme entendimento da Jurisprudência do STJ, a companheira, em união estável homoafetiva


reconhecida, goza do mesmo status de cônjuge para o processo penal, possuindo legitimidade para
ajuizar a ação penal privada.

38. Considerando a entrada em vigor do Pacote Anticrime (Lei n. 13.964/2019), não sendo caso de
arquivamento e tendo o investigado confessado formal e circunstancialmente a prática de infração penal
sem violência ou grave ameaça e com pena mínima inferior a 6 (seis) anos, o Ministério Público poderá
propor acordo de não persecução penal, desde que necessário e suficiente para reprovação e prevenção
do crime observados os requisitos legais exigidos.

39. Tendo como fundamento a jurisprudência dos tribunais superiores, assinale a opção correta, a respeito
de ação penal.

Na queixa-crime, a omissão involuntária, pelo querelante, de algum coautor implicará o reconhecimento


da renúncia tácita do direito de queixa pelo juiz e resultará na extinção da punibilidade.

40. Um dos motivos para se considerar perempta a ação penal é quando, falecendo o querelante, ou
sobrevindo sua incapacidade, não comparecer em juízo, para prosseguir no processo, dentro do prazo de
30 (trinta) dias, qualquer das pessoas a quem couber fazê-lo.

41. A jurisprudência mais recente do Supremo Tribunal Federal passou a readmitir a execução provisória
da pena, de modo que o princípio da presunção de inocência, atualmente, é objeto de grande
relativização.

42. A prisão preventiva imposta à mulher gestante ou que for mãe ou responsável por crianças ou pessoas
com deficiência será substituída por prisão domiciliar, desde que

A. não se trate a gestante de reincidente ou portadora de maus antecedentes.


B. não seja a gestante líder de organização criminosa ou participante de associação criminosa.
C. não se trate de acusada por crime hediondo ou equiparado.
D. não tenha cometido crime com violência ou grave ameaça à pessoa e não tenha cometido o crime
contra seu filho ou dependente.
E. tenha havido prévia reparação do dano e as circunstâncias do fato e a personalidade da gestante
indicarem se tratar de medida suficiente à prevenção e reprovação do crime.

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43. O Código de Processo Penal e a Lei de Execuções Penais disciplinam a prisão em residência particular.
É requisito comum a ambas as normas:

A. ser o homem preso o único responsável pelos cuidados de criança de até 12 anos de idade.
B. a presa ser gestante.
C. a pessoa beneficiada ser maior de 70 anos.
D. estar o(a) preso(a) extremamente debilitado(a) por motivo de doença grave.
E. a prisão domiciliar substituir a prisão em regime fechado.

44. Em relação às provas no processo penal, o juiz formará sua convicção pela livre apreciação da prova
produzida em contraditório judicial, podendo fundamentar sua decisão exclusivamente nos elementos
informativos colhidos na investigação conforme jurisprudência.

45. Em relação às provas no processo penal, quando a infração deixar vestígios, será indispensável o exame
de corpo de delito direto, podendo supri-lo a confissão do acusado e o laudo pericial será elaborado no
prazo máximo de 10 (dez) dias, podendo este prazo ser prorrogado, em casos excepcionais, a
requerimento dos peritos.

46. (Questão inédita – MC). Sobre a figura do juiz das garantias, com sua eficácia suspensa
temporariamente, é correto afirmar que o juiz das garantias deve receber a comunicação da prisão, no
prazo de 24 horas a contar de sua efetivação.

47. (Questão inédita – MC). Conforme as alterações produzidas no Código de Processo Penal, pela Lei n.
13.964/2019 denominada de Pacote Anticrime, compete ao juiz das garantias:

I - receber a comunicação imediata da prisão.

II - receber o auto da prisão em flagrante para o controle da legalidade da prisão.

III - zelar pela observância dos direitos do preso, podendo determinar que este seja conduzido à sua
presença, a qualquer tempo.

48. (Questão inédita – MC). A Lei n. 13.964/2019 intitulada de Pacote Anticrime aperfeiçoou a legislação
penal e processual penal, gerando diversas alterações no CP, CPP e Legislação Extravagante. No tocante
as alterações promovidas pelo PAC e a figura do juiz das garantias, análise a assertiva:

A competência do juiz das garantias abrange todas as infrações penais, exceto as de menor potencial
ofensivo, e cessa com o oferecimento da denúncia ou queixa.

49. (Questão inédita – MC). Conforme as alterações produzidas no Código de Processo Penal, pela Lei n.
13.964/2019 denominada de Pacote Anticrime, o juiz das garantias deverá assegurar o cumprimento das
regras para o tratamento dos presos, impedindo o acordo ou ajuste de qualquer autoridade com órgãos
da imprensa para explorar a imagem da pessoa submetida à prisão, sob pena de responsabilidade civil,
administrativa e penal.

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50. A Lei n. 13.964/2019 intitulada de Pacote Anticrime aperfeiçoou a legislação penal e processual penal,
gerando diversas alterações no CP, CPP e Legislação Extravagante. No tocante as alterações promovidas
pelo PAC sobre a prisão preventiva, passou a prevê que a cada 60 dias o magistrado responsável pela
prisão deverá realizar o controle de necessidade da mesma, sob pena de tornar a prisão ilegal, passível
de relaxamento.

51. A Lei n. 13.964/2019 (Pacote Anticrime), alterou diversos dispositivos do Código Penal. No tocante as
alterações produzidas no Código Penal, é correto afirmamos que a natureza da ação penal no crime de
estelionato foi modificada. No atual cenário, a ação penal passa a ser incondicionada apenas de forma
excepcional, se o delito for praticado contra a Administração Pública, direta ou indireta; contra criança
ou adolescente; contra pessoa com deficiência mental; contra idoso ou contra incapaz.

LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL

52. Com relação ao sujeito ativo, os crimes previstos na lei de drogas são considerados crimes comuns, o
que significa que pode ser praticado por qualquer pessoa. Contudo, a condição do sujeito ativo poderá
ensejar causa de aumento de pena. Em nenhuma hipótese teremos caso de crime próprio.

53. Em regra geral, os crimes previstos na lei de drogas são dolosos. Contudo, o legislador trouxe uma
exceção a referida regra, trata-se do crime de prescrição de drogas sem determinação legal.

54. Os crimes da lei de droga são capitulados como crimes de perigo abstrato.

55. Com o advento da Lei n. 11.343/2006, tivemos uma mudança no tratamento conferido ao usuário de
drogas. Atualmente, não mais será́ possível a aplicação de pena privativa de liberdade para o usuário
de drogas, de modo que podemos concluir que a conduta de porte de droga para consumo pessoal não é
mais considerada crime.

56. Conforme a Lei N.º 11.343/06, assinale a alternativa INCORRETA:

A. É indispensável, para a materialidade do delito de tráfico de drogas, que o agente esteja exercendo a
venda da substância entorpecente proibida.
B. Para determinar se a droga destinava-se a consumo pessoal, o juiz atenderá à natureza e à quantidade
da substância apreendida, ao local e às condições em que se desenvolveu a ação, às circunstâncias
sociais e pessoais, bem como à conduta e aos antecedentes do agente.
C. Tratando-se do crime de porte de drogas para consumo pessoal, não se imporá prisão em flagrante,
devendo o autor do fato ser imediatamente encaminhado ao juízo competente ou, na falta deste,
assumir o compromisso de a ele comparecer, lavrando-se termo circunstanciado e providenciando-
se as requisições dos exames e perícias necessários.
D. Para efeito da lavratura do auto de prisão em flagrante e estabelecimento da materialidade do delito,
é suficiente o laudo de constatação da natureza e quantidade da droga, firmado por perito oficial ou,
na falta deste, por pessoa idônea.
E. A destruição das drogas será executada pelo delegado de polícia competente no prazo de 15 (quinze)
dias na presença do Ministério Público e da autoridade sanitária.

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57. Assinale a alternativa correta quanto à Lei de Interceptação Telefônica (Lei nº 9.296/1996).

A. As interceptações das comunicações telefônicas são admitidas como meio de prova para qualquer
crime, desde que devidamente fundamentadas.
B. A captação ambiental não poderá exceder o prazo de quinze dias, renovável por decisão judicial por
iguais períodos, se comprovada a indispensabilidade do meio de prova e quando presente atividade
criminal permanente, habitual ou continuada.
C. A interceptação das comunicações telefônicas poderá ser determinada pelo juiz, de ofício ou a
requerimento da autoridade policial, na instrução processual penal.
D. Durante o inquérito, a gravação que não interessar à prova será inutilizada por decisão da autoridade
policial, em virtude de requerimento do Ministério Público ou da parte interessada.
E. O incidente de inutilização será assistido pelo Ministério Público, sendo compulsória a presença do
acusado ou de seu representante legal.

58. Tramita no âmbito interno da Polícia Civil do Estado do Rio Grande do Norte processo administrativo
disciplinar (PAD) que apura eventual falta funcional praticada por certo delegado de polícia. Durante a
instrução do PAD, foi verificada pela autoridade competente que o conduz a necessidade de obtenção
de prova emprestada, consistente em interceptação telefônica realizada no bojo de processo criminal. De
acordo com a jurisprudência dos Tribunais Superiores, o compartilhamento de prova pretendido é:

A. inviável, pois a Constituição da República de 1988 prevê que é inviolável o sigilo da correspondência
e das comunicações telegráficas, de dados e das comunicações telefônicas;
B. inviável, pois a Constituição da República de 1988 prevê que a interceptação telefônica somente
pode ser utilizada para fins de investigação criminal ou instrução processual penal;
C. viável, desde que devidamente autorizada pelo juízo criminal competente e respeitados os princípios
do contraditório e da ampla defesa;
D. viável, independentemente de prévia autorização pelo juízo criminal, porque, uma vez produzida, a
prova pertence ao Estado que é uno;
E. inviável, pois a Constituição da República de 1988 prevê que a interceptação telefônica somente
pode ser produzida no âmbito de investigação e processo criminal ou ação de improbidade
administrativa.

59. Relativamente à interceptação de comunicações telefônicas, de qualquer natureza, para prova em


investigação criminal e em instrução processual penal, assinale a alternativa.

Conforme entendimento da jurisprudência pacífica do STF e do STJ, é ilegal que a interceptação


telefônica seja determinada apenas com base em “denúncia anônima”. Contudo, se após a denúncia
anônima tiver ocorrido a investigação preliminar, poderá ser decretada a interceptação telefônica.

60. De acordo com as alterações promovidas pela Lei n. 13.964/2019 (Pacote Anticrime), a Lei de
Interceptações Telefônicas passou a regulamentar a captação ambiental expressamente, bem como,
criminalizou a conduta de realizar captação ambiental de sinais eletromagnéticos, ópticos ou acústicos
para investigação ou instrução criminal sem autorização judicial, quando esta for exigida, salvo quando
a captação for realizada por um dos interlocutores.

61. Assinale a alternativa correta com relação às disposições processuais penais especiais.

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Não será deferida a interceptação de comunicações telefônicas quando o fato criminoso investigado for
punido, no máximo, com pena de detenção.

MEDICINA LEGAL

62. (Questão inédita – MC). Ações perfurantes promovem a chamada lesão punctória, em forma de ponto,
se o instrumento for de médio ou pequeno calibre. Aos instrumentos perfurantes de grosso calibre,
aplicar-se-ão as Leis da semelhança e do paralelismo de Filhós.

63. (Questão inédita – MC). Segundo a Lei do Paralelismo de Filhós, uma lesão causada por instrumento
perfurante de médio calibre será semelhante ao formato de uma lesão causada por um instrumento de 2
(dois) gumes.

64. (Questão inédita – MC). A Lei de Langer explica ações punctórias que geram feridas com aspecto
Estrelado, Irregular, ou em ponta de seta.

65. (Questão inédita – MC). A profundidade máxima de uma lesão punctória é aquela do instrumento
perfurante utilizado na agressão.

66. (Questão Inédita – MC). Em relação aos ferimentos produzidos por instrumentos cortantes, julgue o item
a seguir:

A análise do sinal de Chavigny é utilizada para identificar a ordem das lesões produzidas com material
cortante, de modo a permitir que o cirurgião avalie a ordem pela qual irá suturar as lesões.

67. Questão inédita – MC). Em regra, os instrumentos cortantes produzem feridas incisas, cujo comprimento
prevalece sobre a profundidade, podendo-se observar bordas lisas e regulares e cauda de escoriação.

68. (Questão inédita – MC). A decapitação consiste em lesão provocada por instrumento cortante na qual
ocorre a secção da cabeça, separando-a totalmente do resto do corpo.

69. (Questão inédita – MC). O Espostejamento é a secção do corpo em vários segmentos a partir das
articulações.

CRIMINOLOGIA

70. (Questão inédita - MC). Os métodos utilizados pela Escola Clássica, embora distintos daqueles
utilizados pelo Direito Penal, ainda não foram suficientes para que os Clássicos fossem considerados
parte da etapa científica da Criminologia.

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71. (Questão inédita – MC). Dentre os aspectos históricos afeitos à Escola Clássica, destaca-se a
proeminência do poder econômico, político e intelectual dos Estados Unidos no período, enrijecidos
após a 1ª Guerra Mundial.

72. (Questão inédita – MC). Feuerbach, Cesare Lombroso e Francesco Carrara são alguns dos principais
nomes atribuídos ao desenvolvimento da Escola Clássica. Nesse contexto, cita-se como obra inaugural
o livro “Dos Delitos e das Penas”, escrito por Feuerbach.

73. (Questão inédita – MC). Para Cesare Beccaria, a justificativa para a criação dos tipos penais e a
consequente aplicação das penas se baseia no conceito de dano social, tendo defendido a aplicação de
penas severas e neutralizadoras, o que foi posteriormente rechaçado pela escola positivista.

74. (Questão inédita – MC). Para Giandomenico Romagnosi, a principal função da pena é o contraestímulo
ao delito, de modo que, se após o primeiro delito existisse a certeza moral de não ocorreria nenhum
outro, a sociedade não teria direito algum de punir o delinquente.

75. (Questão inédita – MC). Atribui-se a Francesco Carrara a introdução da ideia de livre arbítrio como
justificativa da prática de crimes.

76. (Questão inédita – MC). Para os expoentes da Escola clássica, o criminoso era um ser normal que
simplesmente optava por cometer crimes, orientado por sua vontade racional à quebra do contrato social.
Com base no tema, julgue o item a seguir:

Pertence à Escola clássica a defesa de penas como a morte e a tortura, justificando-as pela inutilidade
das demais penas em face à possibilidade de reincidência.

77. (Questão inédita – MC). Considera-se a obra “O Homem Delinquente” um dos marcos da inauguração
da Escola positivista, que inicia a fase científica da criminologia. Dentre as características que
caracterizam a etapa científica, está a utilização do método empírico.

SÚMULAS

78. (Questão Inédita – MC). Segundo entendimento sumulado do Superior Tribunal de Justiça, a folha de
antecedentes criminais não se apresenta como documento suficiente a comprovar os maus antecedentes
e a reincidência.

79. (Questão Inédita – MC). Análise se a assertiva reflete o exato entendimento de Súmula editada pelo STJ.

O indulto extingue os efeitos primários da condenação, contudo não atinge os efeitos secundários, penais
ou extrapenais.

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80. (Questão Inédita – MC). À luz da jurisprudência sumulada do STJ, para que seja aplicável a causa
atenuante da confissão espontânea no crime de tráfico ilícito de entorpecentes se exige o reconhecimento
da traficância pelo acusado, não bastando a mera admissão da posse ou propriedade para uso próprio.

81. (Questão Inédita – MC). À luz da jurisprudência sumulada do STJ, aplica-se o princípio da
insignificância a casos de transmissão clandestina de sinal de internet via radiofrequência, não
caracterizando o fato típico previsto no art. 183 da Lei n. 9.472/1997.

82. (Questão Inédita – MC). Análise se a assertiva reflete o exato entendimento do STJ.

Para a incidência da causa especial de aumento de pena prevista no inciso I do art. 40 da Lei de Drogas,
é irrelevante que haja a efetiva transposição das fronteiras nacionais, sendo suficiente, para a
configuração da transnacionalidade do delito, que haja a comprovação de que a substância tinha como
destino/origem localidade em outro País.

83. (Questão Inédita – MC). De acordo com a jurisprudência sumulada do STJ, o princípio da insignificância
é aplicável aos crimes contra a administração pública.

84. (Questão Inédita – MC). Com relação aos crimes contra a dignidade sexual, de acordo com a
Jurisprudência sumulada do STJ, assinale a alternativa.

O crime de estupro de vulnerável se configura com a conjunção carnal ou prática de ato libidinoso com
menor de 14 anos, sendo irrelevante eventual consentimento da vítima para a prática do ato, sua
experiência sexual anterior ou existência de relacionamento amoroso com o agente.

85. (Questão Inédita – MC). À luz da jurisprudência sumulada do STJ, a conduta de atribuir-se falsa
identidade perante autoridade policial é considerada atípica, na hipótese que for alegada para garantia
da autodefesa.

86. (Questão Inédita – MC). Análise se a assertiva reflete o exato entendimento de Súmula editada pelo STJ
em vigência.

Compete ao foro do local da RECUSA processar e julgar o crime de estelionato mediante cheque sem
provisão de FUNDOS.

87. (Questão Inédita – MC). Segundo entendimento sumulado do Superior Tribunal de Justiça, a
superveniência da sentença condenatória prejudica o pedido de trancamento da ação penal por falta de
justa causa feito em habeas corpus.

JURISPRUDÊNCIA

88. (Questão inédita – MC). À luz da jurisprudência do STJ, a conduta de introduzir chip de aparelho celular
em presídio não caracteriza crime.

12
89. (Questão inédita – MC). Conforme entendimento mais recente da Jurisprudência do STF, a decisão
proferida em audiência de custódia reconhecendo a atipicidade do fato faz coisa julgada.

90. (Questão inédita – MC). Conforme entendimento mais recente da Jurisprudência do STJ, a falta de
mandado invalida a busca e apreensão mesmo na hipótese de o apartamento encontrar-se desabitado.

91. (Questão inédita – MC). Conforme entendimento do STJ, é possível a citação, no processo penal, via
WhatsApp.

92. (Questão inédita – MC). À luz da jurisprudência do STJ, o tempo que o réu ficou submetido à medida
cautelar de recolhimento domiciliar com tornozeleira não poderá ser descontado da pena imposta na
condenação.

93. (Questão inédita – MC). À luz da jurisprudência do STF, é constitucional a lei estadual que proíbe
publicidade dirigida às crianças nos estabelecimentos de educação básica.

94. (Questão inédita – MC). Na busca de garantir a observância do princípio da impessoalidade e


moralidade, restou vedado em nosso Ordenamento Jurídico Brasileiro a prática denominada de
Nepotismo. No tocante ao nepotismo, conforme a Jurisprudência, a nomeação da esposa do prefeito
como Secretária Municipal configura, por si só, nepotismo e ato de improbidade administrativa.

95. (Questão inédita – MC). O crime de fraude à licitação é material e para a sua consumação é
imprescindível a comprovação do prejuízo ou da obtenção de vantagem.

96. (Questão inédita – MC). Com o advento da Lei n. 13.964/2019, denominada de “Pacote Anticrime”, não
é mais possível que o juiz, de ofício, converta a prisão em flagrante em prisão preventiva, sendo
indispensável o requerimento.

97. (Questão inédita – MC). À luz da Jurisprudência do STJ, a da irmã de vítima do crime de estupro de
vulnerável poderá responder por conduta omissiva imprópria se assumia o papel de garantidora.

DIREITO ADMINISTRATIVO

98. (Questão inédita – MC). A legitimidade das cláusulas exorbitantes nos contratos administrativos melhor
se justifica em razão da vigência do princípio da indisponibilidade do interesse público.

99. (Questão inédita – MC). A supremacia do interesse público decorre de previsão expressa na Constituição
Federal.

13
100. (Questão inédita – MC). O conceito de interesse público primário está atrelado aos interesses individuais
do próprio Estado, exercido por meio das atividades-fim do Poder Público.

101. Nos processos administrativos, cabe ao administrador público exercer atuação segundo os padrões éticos
de probidade, decoro e boa-fé. Assim o fazendo, ele estará cumprindo o princípio da:

A. legalidade.
B. impessoalidade.
C. moralidade.
D. publicidade.
E. eficiência.

102. (Questão Inédita – MC). Diante da jurisprudência sumulada do STJ, é correto afirmar que:

A administração pode anular seus próprios atos, quando eivados de vícios que os tornam ilegais, porque
deles não se originam direitos; ou revogá-los, por motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados
os direitos adquiridos, e ressalvada, em todos os casos, a apreciação judicial.

103. (Questão Inédita – MC). A Constituição Federal em seu artigo 37, § 6º, define que as pessoas jurídicas
de Direito Público e as pessoas jurídicas de Direito Privado, em qualquer situação, deverão responder
pelos danos causados que seus agentes causarem a terceiros.

104. (Questão Inédita – MC). Sobre o tema Responsabilidade Civil do Estado e o entendimento dos Tribunais
Superiores, entende-se que a vítima de dano causado pelo Estado tem a opção de contra quem poderá
propor a respectiva indenização, leia-se, se diretamente do agente público responsável ou da entidade a
qual ele se encontra subordinado.

105. (Questão Inédita – MC). À luz da Jurisprudência do STF, o Estado responde, objetivamente, pelos atos
dos tabeliães e registradores oficiais que, no exercício de suas funções, causem dano a terceiros,
assentado o dever de regresso contra o responsável, nos casos de dolo ou culpa, sob pena de improbidade
administrativa.

106. (Questão inédita – MC). A técnica da desconcentração, pela qual atribuições são repartidas entre órgãos
públicos pertencentes a uma única pessoa jurídica, elimina a vinculação hierárquica entre esses.

107. (Questão inédita – MC). A criação de Ministérios e de Secretarias estaduais e municipais está
relacionada à técnica da descentralização administrativa.

108. As Sociedades de economia mista são pessoas jurídicas de direito privado, instituídas pelo Poder
Público, sob qualquer forma jurídica, para exploração de atividades de natureza econômica ou execução
de serviços públicos.

14
109. As agências reguladoras - autarquias de regime especial com estabilidade e independência em relação
ao ente que as criou - são responsáveis pela regulamentação, pelo controle e pela fiscalização de serviços
públicos, atividades e bens transferidos ao setor privado.

DIREITO CIVIL

110. Um homem de cinquenta anos de idade assassinou a tiros a esposa de trinta e oito anos de idade, na
manhã de uma quarta-feira. De acordo com a polícia, o homem chegou à casa do casal em uma
motocicleta, chamou a mulher ao portão e, quando ela saiu de casa, atirou nela com uma arma de fogo,
matando-a imediatamente. Em seguida, ele se matou no mesmo local, com um disparo da arma encostada
na própria têmpora.

Considerando a situação hipotética apresentada e os diversos aspectos a ela relacionados, julgue o item
a seguir.

O evento caracteriza um episódio de comoriência.

111. Amanda tem 15 anos de idade. Mateus, por deficiência mental, não tem o necessário discernimento para
a prática pessoal dos atos da vida civil. Tício é excepcional, sem desenvolvimento mental completo. De
acordo com o Código Civil e o Estatuto da Pessoa com Deficiência, considera(m)-se absolutamente
incapaz(es) de exercer, pessoalmente, os atos da vida civil:

A. Amanda e Mateus.
B. Amanda.
C. Mateus e Tício.
D. Mateus.

112. Fernando, atualmente, com 17 (dezessete) anos de idade, nasceu sem o movimento das pernas. Quanto
a personalidade e capacidade de Fernando, podemos afirmar possui incapacidade relativa apenas em
razão do critério etário.

113. Pela leitura dos enunciados normativos do Código Civil brasileiro, assinale a alternativa.

Com exceção dos casos previstos em lei, o exercício dos direitos de personalidade não pode sofrer,
voluntariamente, limitações, observada a característica da irrenunciabilidade de tais direitos.

DIREITO CONSTITUCIONAL

114. (Questão Inédita – MC). O texto constitucional possui normas constitucionais de duas espécies, as
chamadas normas constitucionais originárias e normas constitucionais derivadas. No tocante as normas
constitucionais originárias, não podem ser objeto de controle de constitucionalidade.

115. (Questão Inédita – MC). Sobre a estrutura da Constituição, contemplamos que a Constituição pode ser
repartida, estruturalmente, em três partes, a saber: preâmbulo; parte permanente e ADCT.

15
A respeito da Estrutura da Constituição, assinale a alternativa a seguir:

O preâmbulo e a parte permanente podem ser objeto do controle de constitucionalidade. O ADCT, por
sua vez, em virtude do seu caráter de normas transitórias, não pode ser parâmetro do controle de
constitucionalidade.

116. (Questão Inédita – MC). Sobre o tema classificação das constituições, é correto afirmamos que a
constituição pode ser classificada quanto a diversos critérios.

Quanto à forma, a constituição pode ser classificada como escrita ou não escrita.

Classifica-se como escrita, a Constituição formada por um conjunto de regras sistematizadas e


organizadas em um único documento, estabelecendo as normas fundamentais de um Estado. Por outro
lado, as constituições não escritas são aquelas não trazem as regras em um único texto solene e
codificado. É formada por “textos” esparsos, reconhecidos pela sociedade como fundamentais, e baseia-
se nos usos, costumes, jurisprudência, convenções1.

117. (Questão Inédita – MC). Com relação ao tema Teoria da Constituição e a estrutura da constituição,
segundo o entendimento da Suprema Corte (STF), o preâmbulo não é considerado norma constitucional,
adotou-se a chamada teoria da irrelevância jurídica do preâmbulo.

118. (Questão Inédita – MC). Sobre o tema classificação das constituições, é correto afirmamos que a
constituição pode ser classificada quanto a diversos critérios.

Quanto à origem, a constituição pode ser classificada como democrática, outorgada, cesarista ou
dualista. Considera-se cesarista a constituição que é constituída sem qualquer resquício da participação
popular, sendo imposta de forma unilateral pelo governador.

119. (Questão Inédita – MC). No tocante ao tema poder constituinte e suas diversas espécies, análise o item
a seguir.

Quanto às dimensões, o poder constituinte originário pode ser considerado material ou formal. O poder
constituinte material é o poder responsável por delimitar os valores que serão observados na
Constituição, encontra-se atrelado a ideia do conteúdo de uma nova Constituição, sendo ele posterior ao
poder constituinte formal. O poder constituinte formal, por sua vez, é aquele que formaliza a criação em
si da norma jurídica.

120. (Questão Inédita – MC). A respeito da teoria do poder constituinte e suas características, o poder
constituinte originário é classificado como um poder inicial, ilimitado, condicionado e autônomo.

1
Conceito proposto pelo professor Pedro Lenza - Direito Constitucional esquematizado / Pedro Lenza. – Coleção
esquematizado / coordenador Pedro Lenza – 24. ed. – São Paulo : Saraiva Educação, 2020.

16
SIMULADO TEMÁTICO
Delegado de Polícia

CADERNO DE QUESTÕES com Gabarito Comentado

DIREITO PENAL

1. O princípio da insignificância ou da bagatela exclui a

A. punibilidade.
B. executividade.
C. tipicidade material.
D. ilicitude formal.
E. culpabilidade.

Gabarito. C. O reconhecimento da incidência do princípio da insignificância trata-se de causa supralegal


de exclusão da tipicidade material. Cuida-se de causa de exclusão da tipicidade (material) da conduta.

Vamos REVISAR?

PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA2
Quem primeiro tratou sobre o princípio da insignificância no direito penal foi Claus
Origem Roxin, em 1964.
Terminologia Também é chamado de princípio da bagatela ou infração bagatelar própria.
O princípio da insignificância não tem previsão legal no direito brasileiro.
Previsão Trata-se de uma criação da doutrina e da jurisprudência.
Legal
Natureza Causa supra legal de exclusão da tipicidade material.
Jurídica
A tipicidade penal divide-se em:
• Tipicidade Formal (ou Legal): é a adequação (conformidade) entre a conduta
praticada pelo agente e a conduta descrita abstratamente na lei penal incriminadora.
• Tipicidade Material (ou Substancial): é a lesão ou perigo de lesão ao bem
jurídico protegido pelo tipo penal.
Verificar se há tipicidade formal significa examinar se a conduta praticada pelo
agente amolda-se ao que está previsto como crime na lei penal.
Verificar se há tipicidade material consiste em examinar se essa conduta praticada
Tipicidade pelo agente e prevista como crime produziu efetivamente lesão ou perigo de lesão
Material ao bem jurídico protegido pelo tipo penal.
Primeiro se verifica se a conduta praticada pelo agente se enquadra em algum crime
descrito pela lei penal.
• Se não se amoldar, o fato é formalmente atípico.
• Se houver essa correspondência, o fato é formalmente típico.
• Sendo formalmente típico, é analisado se a conduta produziu lesão ou perigo de
lesão ao bem jurídico que este tipo penal protege.
• Se houver lesão ou perigo de lesão, o fato é também materialmente típico.
• Se não houver lesão ou perigo de lesão, o fato é, então, materialmente atípico.

2
Tabela extraída do material do Legislação Bizurada @deltacaveira.

17
Princípio da Se o fato for penalmente insignificante, quer dizer que não lesou nem causou
Insignificância perigo de lesão ao bem jurídico. Logo, aplica-se o princípio da insignificância e
e Tipicidade o réu é absolvido por atipicidade material, com fundamento no art. 386, III, do
Material CPP.
O princípio da insignificância atua, então, como um instrumento de interpretação
restritiva do tipo penal.

2. No que concerne ao princípio da insignificância, assinale a afirmativa INCORRETA.

A. Seu reconhecimento exclui a tipicidade material da conduta.


B. Aplica-se quando se mostra ínfima a lesão ao bem jurídico tutelado.
C. Somente pode ser invocado em relação a fatos que geraram mínima perturbação social.
D. Exige, para seu reconhecimento, que as consequências da conduta tenham sido de pequena
relevância.
E. Só é admissível em crimes de menor potencial ofensivo.

Gabarito. E. Não há essa restrição quanto a aplicação do princípio da insignificância. É cabível em


qualquer crime (e não apenas os de menor potencial ofensivo), desde que atendidos os requisitos
objetivos e subjetivos previstos na doutrina e Jurisprudência.

Segundo a jurisprudência, somente se aplica o princípio da insignificância se


estiverem presentes os seguintes requisitos cumulativos:

Requisitos a) Mínima ofensividade da conduta;


Objetivos b) Ausência de periculosidade social da ação;
c) Reduzido grau de reprovabilidade do comportamento; e
d) Inexpressividade da lesão jurídica provocada.

Cumpre destacarmos ainda que, crime de menor potencial ofensivo e infração bagatelar não se
confundem. As infrações de menor potencial ofensivo são as contravenções penais e os crimes a que
lei comine pena máxima não superior a 2 (dois) anos, cumulada ou não com multa (art. 61 da Lei
9.099/95).

3. Segundo entendimento sumulado do Superior Tribunal de Justiça, INAPLICÁVEL o princípio da


insignificância:

A. aos crimes ambientais e aos crimes patrimoniais sem violência ou grave ameaça à pessoa, se
reincidente o acusado.
B. aos crimes praticados contra a criança e o adolescente e aos crimes contra a ordem tributária.
C. às contravenções penais praticadas contra a mulher no âmbito das relações domésticas e aos crimes
contra a Administração pública.
D. aos crimes de licitações e às infrações de menor potencial ofensivo, já que regidas por lei especial.
E. aos crimes de violação de direito autoral e aos crimes previstos no estatuto do desarmamento

Gabarito. C. É o entendimento das Súmulas 589 e 599 do STJ.


Súmula 589 do STJ: É inaplicável o princípio da insignificância nos crimes ou contravenções penais
praticados contra a mulher no âmbito das relações domésticas.
Súmula 599-STJ: O princípio da insignificância é inaplicável aos crimes contra a administração
pública.

18
4. Considerando a doutrina e a jurisprudência dos tribunais superiores acerca dos crimes em espécie, julgue
o seguinte item. Situação hipotética: Um servidor público, no exercício de suas funções, foi vítima de
injúria e difamação. Assertiva: Nessa situação, será concorrente a legitimidade do servidor ofendido,
mediante queixa, e do Ministério Público, condicionada à representação do ofendido, para a ação penal
correspondente.

Gabarito: CERTO. Trata-se do entendimento da Súmula 714 do STF. Nessa hipótese, a legitimidade é
CONCORRENTE.
Conforme o teor da Súmula 714 do STF, "é concorrente a legitimidade do ofendido, mediante queixa,
e do Ministério Público, condicionada à representação do ofendido, para a ação penal por crime
contra a honra de servidor público em razão do exercício de suas funções".

5. Analise o enunciado da questão abaixo e assinale se ele é Certo ou Errado.

Responde pela prática do crime de injúria racial, disposto no § 3º do artigo 140 do Código Penal
Brasileiro e não pelo artigo 20 da Lei n. 7.716/89 (Discriminação Racial) pessoa que ofende uma só
pessoa, chamando-lhe de macaco e negro sujo.

Gabarito: CERTO. Conforme preceitua o Art. 140 - Injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade ou o
decoro:
§ 3º Se a injúria consiste na utilização de elementos referentes a raça, cor, etnia, religião, origem ou
a condição de pessoa idosa ou portadora de deficiência.

Em RESUMO3:

INJÚRIA PRECONCEITUOSA RACISMO


Previsão Legal Art. 140, § 3º, CP Art. 20, Lei nº 7.716/89
O agente atribui à vítima O agente segrega, incentiva ou induz a
Conduta
qualidade negativa segregação
Vítimas Número de vítimas determinadas Número de vítimas indeterminadas
Raça, cor, etnia, religião, origem ou
condição de pessoa idosa ou Raça, cor, etnia, religião ou procedência
Preconceito nacional
portadora de deficiência
Bem Jurídico Honra subjetiva Dignidade humana
Fiança Afiançável Inafiançável
Prescrição Prescritível Imprescritível
Ação Penal Pública condicionada à Pública incondicionada
representação

6. Em relação aos crimes previstos na parte especial do Código Penal, ao crime de abuso de autoridade e
ao que dispõem o Estatuto do Idoso e a Lei contra o Preconceito, julgue os próximos itens. O crime de
injúria qualificada consiste na utilização de elementos referentes a raça, cor, etnia, religião, origem ou
condição de pessoa idosa ou portadora de deficiência para ofender a dignidade ou o decoro de alguém.
Diferentemente do que ocorre no caso de crime de racismo, a injúria qualificada processa-se por ação
penal pública condicionada a representação.

Gabarito: CERTO.

3
Tabela extraída do material Legislação Bizurada @deltacaveira.

19
Conforme leciona Victor Eduardo Rios Gonçalves4 essa qualificadora do crime de injúria foi introduzida
no Código Penal pela Lei n. 9.459/97, mas a sua parte final, referente a vítimas idosas ou deficientes, foi
inserida pelo Estatuto do Idoso (Lei n. 10.741/2003). A primeira parte do dispositivo, que trata da ofensa
referente à raça, cor, etnia, religião ou origem, conhecida como injúria “racial”.
No tocante a espécie de ação penal, conforme prevê o parágrafo único do art. 145, é crime de ação penal
pública condicionada a representação.

Injúria Racial

Art. 140 - Injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade ou o decoro:


§ 3º Se a injúria consiste na utilização de elementos referentes a raça, cor, etnia, religião, origem ou
a condição de pessoa idosa ou portadora de deficiência:
Art. 145 - Nos crimes previstos neste Capítulo somente se procede mediante queixa, salvo quando,
no caso do art. 140, § 2º, da violência resulta lesão corporal.

Parágrafo único. Procede-se mediante requisição do Ministro da Justiça, no caso do inciso I do caput do
art. 141 deste Código, e mediante representação do ofendido, no caso do inciso II do mesmo artigo,
bem como no caso do § 3º do art. 140 deste Código.

Em RESUMO5:

AÇÃO PENAL NOS CRIMES CONTRA A HONRA


Privada Regra (art. 145, 1ª parte).
Condicionada à Representação - contra Funcionário Público, em razão de suas funções (art. 141, II);
do Ofendido - Injúria Preconceituosa (art. 141, § 3º).

Condicionada à Requisição - contra o PR; ou


do Ministro da Justiça - contra Chefe de governo estrangeiro (art. 141, I).

Pública Incondicionada - Injúria Real, se da violência resulta lesão corporal (art. 145, 2ª parte).

7. Em relação aos crimes contra a pessoa, julgue os itens subsecutivos.

Considere a seguinte situação hipotética. Márcio, funcionário público lotado no órgão X, teve seu
notebook furtado nas dependências desse órgão. Em seguida, por ter uma desavença pessoal com Jaime,
também funcionário do referido órgão, Márcio denunciou Jaime ao seu chefe imediato, pelo furto do
aparelho, mesmo não havendo nenhuma prova ou indício da autoria do fato. Nessa situação, Márcio
cometeu o crime de injúria.

Gabarito: ERRADO. A conduta de Márcio consiste em crime de calúnia, posto que este imputou ao
Jaime falsamente fato definido como crime (crime de furto – art. 155 do CP).

Conforme preceitua o Art. 138 – Calúnia - Caluniar alguém, imputando-lhe falsamente fato definido
como crime.

CALÚNIA (Art. 138)


Crime contra a HONRA.
O agente faz imputação falsa de crime unicamente para ofender a honra objetiva da vítima.
IMPUTAÇÃO FALSA DE CRIME.

4
Direito penal esquematizado – parte especial / Victor Eduardo Rios Gonçalves. – Coleção esquematizado / coordenador
Pedro Lenza – 10. ed. – São Paulo: Saraiva Educação, 2020.
5
Tabela extraída do material Legislação Bizurada @deltacaveira.

20
Conforme leciona Victor Eduardo Rios Gonçalves6 “na calúnia o agente atribui a prática de um fato
criminoso a outrem, ou seja, narra que alguém teria cometido um crime. Como a calúnia dirige-se à
honra objetiva, é necessário que essa narrativa seja feita a terceiros e não ao próprio ofendido. Não basta,
ademais, que o agente chame alguém de assassino, ladrão, estelionatário, pedófilo, corrupto etc., porque,
em todos esses casos, o agente não narrou um fato concreto, mas apenas xingou outra pessoa — o que
configura crime de injúria, conforme veremos adiante. A calúnia é o mais grave dos crimes contra a
honra, exatamente porque pressupõe que o agente narre um fato criminoso concreto e o atribua a
alguém”.

8. Policial rodoviário federal que se apropriar de dinheiro público, do qual tenha posse em razão de seu
cargo, estará sujeito às penas do crime de corrupção passiva.

Gabarito ERRADO. O policial rodoviário federal responderá pelo crime de peculato apropriação,
previsto ao teor do art. 312 do CP.

Policial Rodoviário Federal à Funcionário Público para fins penais (Art. 327, CP).
Conduta à Se APROPRIA de dinheiro público, do qual tem a posse em razão do cargo.
Crime à Peculato Apropriação.

Art. 312. Apropriar-se o funcionário público de dinheiro, valor ou qualquer outro bem móvel, público
ou particular, de que tem a posse em razão do cargo, ou desviá-lo, em proveito próprio ou alheio: Pena
– reclusão, de dois a doze anos, e multa.

Assim, contemplamos que o policial rodoviário federal que se apropriar de dinheiro público, do qual
tenha posse em razão de seu cargo, pratica o crime de peculato, previsto no artigo 312 do Código Penal.
Cumpre destacarmos que o art. 312 do CP prevê duas modalidades de peculato – peculato apropriação
e peculato desvio. Vejamos:

PECULATO APROPRIAÇÃO PECULATO DESVIO


Na primeira parte – apropriação –, o agente No peculato desvio, o funcionário dá destinação
apodera-se de dinheiro, valor ou qualquer outro bem diversa à coisa em benefício próprio ou de
móvel que tem sob sua posse legítima, passando, outrem, podendo o proveito ser material ou
arbitrariamente, a comportar-se como se dono fosse moral, auferido vantagem outra que não
(uti dominus). necessariamente a de natureza econômica
- Apropriar-se o funcionário público. O funcionário
público inverte o animus da posse, agindo
arbitrariamente como se dono fosse;
- De dinheiro, valor ou qualquer outro bem móvel.
Desse modo, não abrange serviço público. Não
existe o crime na apropriação de mão de obra;
- De que tem a posse (para a maioria, está abrangida
a mera detenção – posição do STJ).
- Em razão do cargo.

9. No que se refere aos crimes praticados por funcionário público contra a administração em geral, julgue
o seguinte item.

O vereador que, em razão do seu cargo, solicitar parte do salário de seus assessores em benefício próprio
praticará o crime de concussão.
6
Direito penal esquematizado – parte especial / Victor Eduardo Rios Gonçalves. – Coleção esquematizado / coordenador
Pedro Lenza – 10. ed. – São Paulo: Saraiva Educação, 2020.

21
Gabarito ERRADO. O crime praticado é o crime de corrupção passiva. O verbo da conduta típica foi
SOLICITAR. No caso, o crime pelo qual o vereador será responsável é o de Corrupção Passiva.
Vejamos:

Concussão Corrupção Passiva


Art. 316. Exigir, para si ou para outrem, direta ou Art. 317. Solicitar ou receber, para si ou para
indiretamente, ainda que fora da função ou antes outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da
de assumi-la, mas em razão dela, vantagem função ou antes de assumi-la, mas em razão dela,
indevida. vantagem indevida, ou aceitar promessa de tal
vantagem.

Pena – reclusão, de dois a doze anos, e multa.


Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e
multa.
A exigência (ou constrangimento) é realizado Não há exigência ou constrangimento.
mediante coação, intimidação
Crime próprio ou especial Crime próprio ou especial

O crime de corrupção passiva contempla três núcleos (solicitar, receber ou aceitar a promessa),
trata-se de crime de ação múltipla ou de conteúdo variado. Uma vez praticada qualquer das condutas, o
crime estará configurado.

SOLICITAR RECEBER ACEITAR PROMESSA


Significa pedir alguma Entrar na posse. Concordar com a proposta que
vantagem ao particular. Na lhe foi ofertada.
solicitação, a conduta inicial é
do funcionário público. Ele é
quem pede algo ao particular. Se
o particular dá o que foi pedido,
não comete corrupção ativa por
falta de previsão legal, conforme
será estudado no art. 333.

- Solicitar – trata-se de conduta com iniciativa do funcionário público. É o funcionário público que fez
o pedido da vantagem, solicitou.
- Receber ou aceitar promessa – iniciativa do particular ou outrem → Neste caso o particular responderá
pelo crime de corrupção ativa.
- Direta ou indiretamente – pode ser o próprio funcionário público a receber ou se utilizar de um terceiro
(concurso de pessoas pelo crime de corrupção passiva).
- A vantagem indevida pode ser de qualquer tipo, não necessariamente patrimonial ou econômica.
- Crime doloso com especial fim de agir.
- Admite tentativa.

10. No que se refere aos crimes praticados por funcionário público contra a administração em geral, julgue
o seguinte item.

Praticará o crime de corrupção passiva o médico — seja ele servidor público ou não — que, em
atendimento pelo Sistema Único de Saúde, exigir do segurado quantia em dinheiro para a realização de
consulta.

22
Gabarito ERRADO.
Nesta circunstância, o médico não pratica crime de corrupção passiva, mas crime de CONCUSSÃO,
pois ele EXIGIU a quantia em dinheiro (vantagem indevida). Trata-se de mais uma questão em que as
bancas examinadoras trocou os núcleos/condutas dos tipos penais.
Exigir à CRIME DE CONCUSSÃO.

Art. 316. Art. 316. Exigir, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou
antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida:
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa. (Redação dada pela Lei n. 13.964, de 2019).

Nas lições do professor Rogério Sanches, o crime de concussão “consiste em exigir o agente, por si ou
por interposta pessoa, explícita ou implicitamente, vantagem indevida, abusando da sua autoridade
pública como meio de coação (metus publicae potestatis)”.

São elementos da concussão:


(a) exigência de vantagem indevida;
(b) que esta vantagem tenha como destinatário o concussionário ou então um terceiro; e
(c) que a exigência seja ligada à função do agente, mesmo que esteja fora dela ou ainda não a tenha
assumido.

11. (Questão inédita - MC). Conforme previsão expressa no Código Penal brasileiro, o erro de tipo ocorre
sobre o elemento constitutivo do tipo legal e exclui o dolo, permitindo a punição por crime culposo,
desde que a Lei penal admita tal punição a título de culpa.

Gabarito CERTO. Candidato, começamos esse simulado temático com uma questão voltada à Lei seca.
Trata-se da letra da Lei, escrita de outra forma, pois as bancas utilizam desse artifício para causar
confusão nos candidatos. Nesse caso, o Código Penal prevê da seguinte forma:

Art. 20 - O erro sobre elemento constitutivo do tipo legal de crime exclui o dolo, mas permite a punição
por crime culposo, SE PREVISTO EM LEI.

Em relação ao tema, temos que:

O Erro de tipo EXCLUI O DOLO e a CULPA, se INVENCÍVEL ou ESCUSÁVEL.

O Erro de Tipo EXCLUI O DOLO, e admite a punição a título de CULPA, se VENCÍVEL ou


INESCUSÁVEL.

Em RESUMO7:

Erro de Tipo Essencial


Inevitável/ Invencível/ Escusável Evitável/ Vencível/Inescusável
Exclui dolo e culpa Exclui dolo, MAS NÃO A CULPA

Guarde sempre o significado dos termos vencível/invencível, escusável/inescusável, pois os


examinadores CONSTANTEMENTE tentam fazer com que os candidatos escorreguem nesses pontos.

Lembremos que a punição a título de culpa exige que o ordenamento preveja expressamente acerca de
tal possibilidade, como, por exemplo, no crime de homicídio:

7
Tabela extraída do Manual de Direito Penal Parte Geral e Parte Especial – Jamil Chaim Alves. – Salvador: Juspodivm,
2020.

23
Art. 121. Matar alguém:
Pena - reclusão, de seis a vinte anos.

§ 3º Se o homicídio é culposo: (Vide Lei nº 4.611, de 1965)


Pena - detenção, de um a três anos.

12. (Questão inédita – MC). Erro de tipo essencial escusável, por ser inevitável, exclui o dolo e a culpa.
Nesse sentido, a doutrina é uníssona ao estabelecer que, para que seja aferido se o erro foi escusável ou
inescusável, o magistrado deve analisar as circunstâncias do caso concreto, como o grau de instrução do
agente, sua idade e condição social.

Gabarito ERRADO. O erro de tipo escusável (desculpável), de fato exclui o dolo e a culpa, havendo,
portanto, a exclusão do próprio crime. (dolo e culpa são elementos da conduta, sem a qual não há fato
típico, segundo a teoria finalista da ação).

Entretanto, a assertiva está incorreta ao afirmar que a doutrina é uníssona (pacificada) no sentido de que
o magistrado deve analisar as circunstâncias do caso concreto para aferir se o erro foi ou não escusável
ou inescusável. Na realidade, prevalece na doutrina o critério do homem médio, utilizando como
parâmetro o senso comum, ou seja, aquilo que seria exigível de um ser humano comum.

13. (Questão inédita – MC). O erro de tipo Essencial e o Erro de Tipo Acidental se distinguem na medida
em que o primeiro se refere ao erro sobre as elementares do tipo penal, e o segundo sobre dados
secundários do tipo. Em relação a esse tema, julgue o item a seguir:

O erro sobre objeto, ou error in objecto, possui tratamento previsto no Código penal e estabelece que o
agente, ao atingir coisa distinta daquela que pretendia, responderá em relação ao objeto efetivamente
atingido, e não em relação ao pretendido.

Gabarito ERRADO. O erro sobre objeto NÃO POSSUI TRATAMENTO no Código Penal, tratando-
se, portanto, de construção meramente doutrinária.

Nesse sentido, o erro sobre o objeto ocorreria quando o agente, objetivando praticar uma conduta sobre
determinada coisa, acabaria praticando sobre coisa distinta, por incorrer em erro. Nesse caso, como a
assertiva diz, entende a doutrina que o agente, ao atingir coisa distinta daquela que pretendia, responderá
em relação ao objeto efetivamente atingido, e não em relação ao pretendido.

Exemplo: o agente quer roubar um objeto de ouro branco, mas acaba roubando um objeto de latão
prateado. Nesse caso, o criminoso responderá como se houvesse praticado o crime sobre o objeto de
latão prateado, que seria aquele efetivamente atingido.

Corroborando ao exposto, ensina Rogério Sanches8 (2020, pág. 277):


O erro sobre o objeto nâo tem previsão legal, mas é discutido pela doutrina. Trata-se da hipótese em que
o agente confunde o objeto material (coisa) visado, atingindo outro que não o desejado.
Exemplo: a pessoa ingressa numa loja para subtrair um relógio de ouro, mas acaba furtando um relógio
dourado, confundindo, portanto, o objeto visado. A consequência do erro sobre o objeto é punição do
agente pela conduta praticada, respondendo pelo delito considerando-se o objeto material (coisa)
efetivamente atingido. Percebe-se, portanto, que o erro sobre o objeto não exclui dolo, não exclui a culpa
e não isenta o agente de pena, considerando-se na sua punição 0 objeto diverso do pretendido.

8
Manual de direito penal: parte geral (art. 1° ao 120)/ Rogério Sanches Cunha – 8 ed. rev. ampl. e atual. – Salvador:
JusPODIVM, 2020.

24
14. Vitor, namorado de Ana, motivado por ciúmes, resolveu matar o ex-namorado dela, Bruno. Adquiriu,
ilegalmente, uma arma de fogo para executar o crime e a guardou dentro de um armário em seu quarto.
Vitor, então, mandou uma mensagem para Bruno pelo celular de Ana, fingindo ser ela e combinou de
se encontrarem no dia seguinte. Bruno, pensando estar conversando com Ana, aceitou o convite. Durante
a noite, Vitor desistiu de executar o crime. No dia seguinte, foi ao shopping e lá foi preso, pois Bruno
havia descoberto o plano e avisado à polícia. Acerca dessa situação hipotética, julgue o seguinte item.
A polícia agiu de forma correta ao prender Vitor, que responderá por tentativa de homicídio.

Gabarito: ERRADO. Não cabe falarmos em tentativa na presente situação. Conforme prevê o art. 14, II
do CP, diz-se o crime TENTADO, quando, iniciada a sua execução, não se consuma por circunstâncias
alheias à vontade do agente. Dessa forma, temos que um dos elementos da tentativa é o INÍCIO DOS
ATOS EXECUTÓRIOS. No caso em estudo, Vítor somente praticou atos preparatórios do crime de
homicídio, não iniciando atos de execução, portanto, descabe falarmos em tentativa.
Embora a questão trata dos chamados crimes contra a vida, exigiu do candidato conhecimento acerca do
instituto da tentativa, vamos REVISAR rapidamente os elementos da tentativa.
Em RESUMO:
TENTATIVA
Também denominada de “crime imperfeito/ crime incompleto/ crime manco”
Diz-se tentado, quando, iniciada a sua execução, não se consuma por circunstâncias alheias à
vontade do agente (art. 14, II, do CP).
Trata-se de uma norma de extensão temporal.
É considerada causa de redução de pena: 1/3 a 2/3
ELEMENTOS DA TENTATIVA
• Início dos atos executórios
• Não consumação por circunstâncias alheias a vontade do agente
• Dolo de consumação
• Possibilidade de resultado (se ausente, estaremos possivelmente diante do chamado crime
impossível).

15. Mário, após ingerir bebida alcoólica em uma festa, agrediu um casal de namorados, o que resultou na
morte do rapaz, devido à gravidade das lesões. A moça sofreu lesões leves. A partir dessa situação
hipotética, julgue o item a seguir. Se, após a apuração dos fatos, a morte do rapaz caracterizar homicídio
simples doloso, a conduta de Mário não será classificada como crime hediondo.

Gabarito: CERTO. A questão exigia do candidato conhecimento acerca do rol dos crimes considerados
hediondos, mais especificadamente, se o crime de homicídio é considerado hediondo. Nesse contexto,
temos que o homicídio simples somente é hediondo, quando praticado em atividade típica de grupo
de extermínio, o que não ocorreu na narrativa apresentada, o que não foi o caso da questão em
análise. Logo, a conduta de Mário não será considerada crime hediondo.

A única hipótese em que o homicídio simples será considerado hediondo é quando ele for praticado em
atividade típica de grupo de extermínio, ainda que cometido por um só agente. A doutrina denomina de
“homicídio condicionado”.

Em RESUMO:

Quando o homicídio será considerado hediondo?


Homicídio qualificado É Hediondo

25
Homicídio privilegiado NÃO é hediondo
Homicídio simples Em regra, NÃO É hediondo.
Exceção: quando praticado em atividade típica
de grupo de extermínio, ainda que cometido
por um só agente.
Homicídio híbrido (qualificado-privilegiado) Não é crime hediondo.

16. O crime de disparo de arma de fogo (art. 15 da Lei n. 10.826/2003) se configura na modalidade
preterdolosa se for praticado como meio para a execução de um homicídio (tipificado no art. 121,
“caput”, do CP).

Gabarito: ERRADO. Conforme se depreende da leitura do art. 15 da lei 10.826, se a conduta tiver por
finalidade a prática de algum outro crime, estará descaracterizada a prática do crime de disparo
de arma de fogo. Deste modo, a título de exemplo, se o agente efetua disparo na via pública com a
intenção de matar, deverá responder pelo crime de homicídio, em modalidade tentada ou
consumada. Trata-se, portanto, de um crime subsidiário.
O art. 15 do Estatuto do Desarmamento contempla o que a doutrina denomina de subsidiariedade
expressa.
A conduta prevista no art. 15 do Estatuto do Desarmamento não pode ter finalidade a prática de outro
crime, pois existe uma subsidiariedade expressa, isto é, o indivíduo deve apenas querer disparar ou
acionar a munição naquele local, se ele tinha intenção de matar outra pessoa por exemplo, mas erra todos
os tiros, este não será processado pelo crime de disparo de arma de fogo, mas sim por tentativa de
homicídio. Caso o indivíduo não tivesse autorização para portar ou possuir a arma de fogo (Art. 12 e
14), estes crimes serão absorvidos, tendo em vista que se enquadram no mesmo contexto fático, salvo
se a posse ou o porte for de uso restrito, neste caso não será absorvido devido a maior pena.

17. (Questão Inédita – MC). Julgue a seguinte assertiva: José Encrenca praticou, em janeiro de 2021, falta
grave no curso da execução penal. Segundo o STJ, o prazo prescricional para essa falta grave é de 3
(três) anos.

Gabarito: CERTO. Segundo o STJ, em suas jurisprudências em teses, o prazo é de TRÊS ANOS. “3)
Diante da inexistência de legislação específica quanto ao prazo prescricional para apuração de falta
grave, deve ser adotado o menor lapso prescricional previsto no art. 109 do CP, ou seja, o de 3 anos para
fatos ocorridos após a alteração dada pela Lei n. 12.234, de 5 de maio de 2010, ou o de 2 anos se a falta
tiver ocorrido até essa data.”9

18. (Questão Inédita – MC). Julgue a seguinte assertiva: Como é o menor prazo para prescrição do código
penal, as medidas punitivas para o crime de uso de drogas do art. 28 da lei 11.343/2006 prescrevem em
3 (três) anos.

Gabarito: ERRADO. A própria lei de drogas traz o prazo prescricional que, nesse caso, é de 2 (dois)
anos. Art. 30 lei 11.343/2006: Prescrevem em 2 (dois) anos a imposição e a execução das penas,
observado, no tocante à interrupção do prazo, o disposto nos arts. 107 e seguintes do Código Penal.

19. (Questão Inédita – MC). Julgue a seguinte assertiva: Mévio foi condenado por estelionato e a sentença
transitou em julgado enquanto estava cumprindo pena por roubo. A prescrição pelo crime de estelionato
começou a correr quando foi publicada no diário oficial.

9
Disponível em: https://meusitejuridico.editorajuspodivm.com.br/2020/07/30/teses-stj-sobre-falta-grave-na-execucao-
penal/ . Acesos em 22 de julho de 2021.

26
Gabarito: ERRADO. A questão tenta tirar a atenção quando menciona a publicação do diário oficial.
Mas o bom estudante já “mata” ela sabendo o disposto no art. 116 parágrafo único do CP: Depois de
passada em julgado a sentença condenatória, a prescrição não corre durante o tempo em que o condenado
está preso por outro motivo.

20. Relativamente ao tema da territorialidade e extraterritorialidade, analise a afirmativa: Ficam sujeitos à


lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro os crimes contra a administração pública, por quem está
a seu serviço.

Gabarito: CERTO. Conforme o Art. 7º, I, c “Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no
estrangeiro:
I - os crimes: c) contra a administração pública, por quem está a seu serviço;”

21. Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro os crimes contra o patrimônio da União,
do Distrito Federal, de Estado, de Território ou de Município quando não sejam julgados no estrangeiro.

Gabarito: ERRADO, o código fala “AINDA QUE absolvido ou condenado no estrangeiro”, trata-se de
extraterritorialidade incondicionada.

Conforme o Art. 7º, I, b, §1º “Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro:
I - os crimes: b) contra o patrimônio ou a fé pública da União, do Distrito Federal, de Estado, de
Território, de Município, de empresa pública, sociedade de economia mista, autarquia ou fundação
instituída pelo Poder Público; § 1º - Nos casos do inciso I, o agente é punido segundo a lei
brasileira, AINDA QUE absolvido ou condenado no estrangeiro.”

DIREITO PROCESSUAL PENAL

22. No curso de inquérito, a autoridade policial intimou Pedro a, na qualidade de testemunha, prestar
informações sobre determinado fato delituoso. Na condição de testemunha, Pedro:

A. não estará obrigado a comparecer à delegacia para prestar informações, tendo em vista a ausência de
poder da autoridade policial para tal intimação;
B. estará obrigado a comparecer à delegacia e prestar informações com o dever legal de dizer a verdade,
ainda que possua relação de parentesco em linha reta com o investigado;
C. não estará obrigado a comparecer à delegacia, podendo se valer do direito ao silêncio, ainda que não
tenha relação com os fatos;
D. estará obrigado a comparecer à delegacia, mas, independentemente da relação com o investigado,
não terá a obrigação legal de dizer a verdade, por ainda não haver denúncia;
E. estará obrigado a comparecer à delegacia, mas não precisará responder às perguntas formuladas que
puderem resultar em autoincriminação.

Gabarito E.

Vale a pena vermos o julgado abaixo, o qual corrobora com a tese proposta na questão:

A testemunha não estará obrigada a responder sobre o fato que possa incriminá-la, sendo pessoa titular
do nemo tenetur se detegere, fazendo jus ao direito de não se auto incriminar. Nesse sentido, já se
manifestou o STF:

Não configura o crime de falso testemunho, quando a pessoa, depondo como testemunha ainda
que compromissada, deixa de revelar fatos que possam incriminá-la (STF – HC 73.035/DF).

27
Se o indivíduo é convocado para depor como testemunha em uma investigação e, durante o seu
depoimento, acaba confessando um crime, essa confissão não é válida se a autoridade que presidia o
ato não o advertiu previamente de que ele não era obrigado a produzir prova contra si mesmo, tendo o
direito de permanecer calado.
STF. 2ª Turma. RHC 122279/RJ, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 12/8/2014 (Info 754).

23. A doutrina e a jurisprudência majoritárias admitem o denominado arquivamento implícito, que consiste
no fato de o oferecimento de denúncia pelo Ministério Público por apenas alguns dos crimes imputados
ao indiciado impedir que os demais sejam objeto de futura ação penal.

Gabarito ERRADO. Não se admite no Ordenamento Jurídico brasileiro o chamado “arquivamento


implícito”.
O sistema processual penal brasileiro não acolheu a figura do arquivamento implícito de inquérito
policial
Entende-se por arquivamento implícito, o fenômeno verificado quando titular da ação penal pública
deixa de incluir na denúncia algum fato investigado ou algum dos indiciados, sem justificação ou
expressa manifestação deste procedimento.

Em resumo, o arquivamento implícito não é admitido pela doutrina e jurisprudência e consiste na


omissão da denúncia pelo Parquet quanto a algum fato criminoso, denominado de arquivamento
implícito objetivo e/ou a algum agente do delito – arquivamento implícito subjetivo, ou até mesmo a
alguns deles.

Atenção, não confunda ARQUIVAMENTO IMPLÍCITO com ARQUIVAMENTO INDIRETO.


Arquivamento Implícito X Arquivamento Indireto10
Ocorre quando o MP deixa de incluir na denúncia algum fato investigado ou
algum dos indiciados, sem expressa manifestação ou justificação deste
Arquivamento procedimento. Se consuma quando o Juiz não se pronuncia (ato complexo) na forma
Implícito/Tácito do art. 28 (remeter os autos ao Procurador Geral de Justiça) com relação ao que foi
omitido na peça acusatória. Não é aceito pela Jurisprudência e Doutrina!
Espécies:
- Objetivo: quando a omissão é de Infrações;
- Subjetivo: quando a omissão é de Infratores.
Ocorre quando o MP deixa de oferecer denúncia por entender que o juízo é
Arquivamento incompetente, requerendo a remessa dos autos ao órgão competente. Caso o juiz
Indireto discorde do MP, pode, por analogia, se pronunciar na forma do art. 28, remetendo os
autos ao Procurador Geral de Justiça.

24. No curso de inquérito policial para investigar a prática de crime sexual, a autoridade policial entendeu
necessária a realização de exame de DNA de Leonardo, suspeito do delito, para colher informações
sobre a sua autoria. Nesse sentido, a prova em questão:

A. não poderá ser recusada por Leonardo, diante da sua condição de indiciado, independentemente de
exigir comportamento ativo ou passivo;
B. poderá ser realizada, independentemente da concordância de Leonardo, ainda que invasiva, mas
exige decisão judicial prévia;
C. poderá ser recusada por Leonardo no curso do inquérito policial, mas não no curso de processo
judicial;
D. poderá ser realizada sobre material descartado por Leonardo, independentemente de sua
concordância;

10
Tabela extraída do LEGISLAÇÃO BIZURADA @ DeltaCaveira10.

28
E. poderá ser realizada independentemente da concordância de Leonardo, ainda que exija
comportamento ativo do agente, desde que sujeita ao contraditório e ampla defesa.

Gabarito D. A questão exigia do candidato conhecimento sobre um dos desdobramentos do princípio


do nemo tenetur se detegere: o direito de não produzir prova incriminadora invasiva. A prova de
Delegado da Polícia Civil do RN cobrou três questões com enfoque neste princípio e seus respectivos
desdobramentos. Conforme o princípio do nemo tenetur se detegere, ninguém é obrigado a produzir
prova contra si mesmo. Deste princípio decorrem várias regras/vertentes/desdobramentos, entre elas, o
direito que o investigado/indiciado/acusado possui de não produzir prova incriminadora invasiva –
que são provas que demandam intervenções corporais.

Nesse sentido, leciona Leonardo Barreto Moreira Alves (2021): “Direito de não produzir prova
incrmiminadora não invasiva (intervenções corporais): em decorrência desta faceta da não
autoincriminação e até mesmo em proteção a própria integridade física do agente, proíbe-se que o
Estado colha uma prova, sem o consentimento daquele, que implique em intervenção corporal, a
exemplo de identificação por impressões digitais, exames de DNA e de sangue...”.

No caso-problema proposto na questão, se admite a realização de exame sobre o material descartado,


posto que nesta hipótese estaríamos diante de prova não invasiva. Foi o que o STF decidiu no caso da
atriz mexicana Glória Trevi. Vejamos:

(...) inexiste violação do direito à não autoincriminação, pois, embora o investigado, no primeiro
momento, tenha se recusado a ceder o material genético para análise, o exame do DNA foi realizado
sem violência moral ou física, utilizando-se de material descartado pelo paciente, o que afasta o
apontado constrangimento ilegal.

25. O juiz é livre para apreciar as provas e, de acordo com sua convicção íntima, poderá basear a condenação
do réu exclusivamente nos elementos informativos colhidos no IP.

Gabarito ERRADO.
Nos termos do art. 155 do Código de Processo Penal, embora o juiz possua liberdade para apreciar as
provas, é necessário motivação, e não poderá proferir condenação com base exclusivamente nos
chamados “elementos informativos”. Vejamos a legislação:
Art. 155. O juiz formará sua convicção pela livre apreciação da prova produzida em contraditório
judicial, não podendo fundamentar sua decisão exclusivamente nos elementos informativos
colhidos na investigação, RESSALVADAS as provas cautelares, não repetíveis e antecipadas.

26. Conforme disposição expressa no Código de Processo Penal vigente, o Delegado de Polícia que preside
investigação policial sobre o crime previsto no artigo 149-A (Tráfico de Pessoas) do Código Penal-
Decreto- Lei n° 2.848/1940, dentre as providências a serem adotadas, poderá requisitar, de quaisquer
órgãos do poder público ou de empresas de iniciativa privada, dados e informações cadastrais da vítima
ou dos suspeitos.

Gabarito CERTO. Conforme o Art. 13-A do CPP, “nos crimes previstos nos arts. 148, 149 e 149-A,
no § 3º do art. 158 e no art. 159 do Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), e
no art. 239 da Lei no 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente), o membro
do Ministério Público ou o delegado de polícia poderá requisitar, de quaisquer órgãos do poder
público ou de empresas da iniciativa privada, dados e informações cadastrais da vítima ou de
suspeitos”.

27. Assinale a alternativa correta a respeito de prova, indiciamento e inquérito policial, com base na
legislação, na jurisprudência e na doutrina majoritária.

29
Conforme a lei, o indiciamento é ato privativo do delegado de polícia ou do órgão do Ministério Público,
devendo ocorrer por meio de ato fundamentado, que, mediante análise técnico-jurídica do fato, deverá
indicar a autoria, a materialidade e suas circunstâncias.

Gabarito ERRADO. O indiciamento é ato privativo APENAS do Delegado de Polícia, não do


Ministério Público. Nessa esteira, o art. 2.°, § 6.°, da Lei 12.830/2013 consolidou o indiciamento como
o ato privativo do delegado de polícia, por meio do qual a autoridade policial atribui a alguém a
condição de autor ou partícipe de uma infração penal, indicando as circunstâncias de sua ocorrência.

Lei n.°12.830/13 Art. 2º § 6º O indiciamento, privativo do delegado de polícia, dar-se-á por ato
fundamentado, mediante análise técnico-jurídica do fato, que deverá indicar a autoria, materialidade e
suas circunstâncias.

28. A respeito do inquérito policial, assinale a alternativa.

O inquérito deverá terminar no prazo de 10 dias, se o indiciado tiver sido preso em flagrante, ou estiver
preso preventivamente, contado o prazo, nesta hipótese, a partir do dia em que se executar a ordem de
prisão, ou no prazo de 30 dias, quando estiver solto, mediante fiança ou sem ela.

Gabarito CERTO. Conforme prevê o Art. 10 do CPP, “o inquérito deverá terminar no prazo de 10 dias,
se o indiciado tiver sido preso em flagrante, ou estiver preso preventivamente, contado o prazo, nesta
hipótese, a partir do dia em que se executar a ordem de prisão, ou no prazo de 30 dias, quando estiver
solto, mediante fiança ou sem ela”.

No tocante aos prazos, cumpre recordarmos11:

Previsão Legal Preso Solto


10 dias, prorrogáveis por até
CPP (Regra Geral) 15 #PACOTEANTICRIME 30 dias, prorrogáveis
Obs.: Suspenso pelo STF
Polícia Federal 15 dias + (15) 30 dias
Crimes contra a Economia 10 dias 10 dias
Popular
Lei de Drogas 30 dias + (30) 90 dias + (90)
Inquérito Militar 20 dias 40 ias + (20)

29. A respeito do inquérito policial, assinale a opção correta, tendo como referência a doutrina majoritária
e o entendimento dos tribunais superiores.

De acordo com a Lei de Drogas, estando o indiciado preso por crime de tráfico de drogas, o prazo de
conclusão do inquérito policial é de noventa dias, prorrogável por igual período desde que
imprescindível para as investigações.

Gabarito ERRADO. Conforme prevê o art. 51 da Lei n.°11.343/2006, estando o indiciado PRESO o
prazo será de 30 dias.

11
Tabela extraída do LEGISLAÇÃO BIZURADA @ DeltaCaveira10.

30
Art. 51. O inquérito policial será concluído no prazo de 30 (trinta) dias, se o indiciado estiver preso,
e de 90 (noventa) dias, quando solto.

Parágrafo único. Os prazos a que se refere este artigo podem ser duplicados pelo juiz, ouvido o
Ministério Público, mediante pedido justificado da autoridade de polícia judiciária.

30. Na hipótese de haver conflito de atribuição entre membros do MPF e de Ministérios Públicos estaduais,
compete ao PGR - Procurador Geral da República, na condição de órgão nacional do Ministério Público
dirimir este conflito.

Gabarito ERRADO.
#Atenção, trata-se de entendimento alterado recentemente.
Essa era o entendimento adotado de 2016 ATÉ Junho/2020. A posição atual é de que compete ao CNMP
dirimir conflitos de atribuições entre membros do MPF e de Ministérios Públicos estaduais.
STF. Plenário. ACO 843/SP, Rel. para acórdão Min. Alexandre de Moraes, julgado em 05/06/2020.

Compete ao CNMP dirimir conflitos de atribuições entre membros do MPF e de Ministérios Públicos
estaduais.
STF. Plenário. ACO 843/SP, Rel. para acórdão Min. Alexandre de Moraes, julgado em 05/06/2020.12

Posição até Junho /2020 ENTENDIMENTO ATUAL


Compete ao PGR, na condição de órgão nacional Compete ao CNMP dirimir conflitos de
do Ministério Público, dirimir conflitos de atribuições entre membros do MPF e de
atribuições entre membros do MPF e de Ministérios Públicos estaduais.
Ministérios Públicos estaduais. STF. Plenário. ACO 843/SP, Rel. para acórdão
STF. Plenário. ACO 924/PR, Rel. Min. Luiz Fux, Min. Alexandre de Moraes, julgado em
julgado em 19/5/2016 (Info 826). 05/06/2020.

31. José, réu primário, foi preso em flagrante acusado de ter praticado crime doloso punível com reclusão
de no máximo quatro anos. Na audiência de custódia, o juiz decretou a prisão preventiva de ofício. No
entanto, a defesa de José solicitou, em seguida, a reconsideração da decisão, com base no argumento de
que a conduta do preso era atípica. O juiz acatou a tese e relaxou a prisão.

Considerando essa situação hipotética, julgue o item subsequente.

Devido à pena prevista para o crime praticado por José, delegados ficam vedados a arbitrar a fiança.

Gabarito ERRADO.
A questão exige conhecimento da literalidade da lei, em especial o art. 322 do CPP. Vejamos:

Art. 322. A autoridade policial somente poderá conceder fiança nos casos de infração cuja pena privativa
de liberdade máxima não seja superior a 4 (quatro) anos.
Parágrafo único. Nos demais casos, a fiança será requerida ao juiz, que decidirá em 48 (quarenta e oito)
horas.

No caso em tela, a pena prevista no delito era de no máximo 4 anos, logo, não sendo superior a 4, era
plenamente possível o arbitramento da fiança pela autoridade policial.

12
CAVALCANTE, Márcio André Lopes. Conflito de atribuições envolvendo MPE e MPF deve ser dirimido pelo CNMP.
Buscador Dizer o Direito, Manaus. Disponível em: <
https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/2b0f658cbffd284984fb11d90254081f >. Acesso em:
16/01/2021.

31
Corroborando ao exposto, leciona Noberto Avena (2020)13, “de acordo com o art. 322, encontrando-se
o indivíduo preso em flagrante, a autoridade policial poderá conceder a fiança e proceder a
liberação do flagrado nos casos de infrações a que cominada pena privativa de liberdade máxima
não superior a 4 anos, sendo irrelevante, para tanto, se a infração é punida com reclusão, detenção ou
prisão simples”.

32. Acerca de prisão, de liberdade provisória e de fiança, julgue o próximo item de acordo com o
entendimento do STF e a atual sistemática do Código de Processo Penal.

Situação hipotética: A polícia foi informada da possível ocorrência de crime em determinado local. Por
determinação da autoridade policial, agentes se dirigiram ao local e aguardaram o desenrolar da ação
criminosa, a qual ensejou a prisão em flagrante dos autores do crime quando praticavam um roubo, que
não chegou a ser consumado. Foi apurado, ainda, que se tratava de conduta oriunda de grupo organizado
para a prática de crimes contra o patrimônio.

Assertiva: Nessa situação, o flagrante foi lícito e configurou hipótese legal de ação controlada.

Gabarito ERRADO.
A assertiva começa bem, mas peca no final, induzindo o candidato ao erro. A situação descrita, é hipótese
de flagrante ESPERADO e não ação controlada. “O flagrante esperado (ou intervenção predisposta da
autoridade policial), por não contar com a interferência de um agente provocador, é absolutamente
válido. Por meio dele, leva-se ao conhecimento da polícia a notícia de que um crime será, em breve,
cometido, o que provoca o deslocamento de agentes ao local dos fatos, aguardando-se, de campana
(tocaia), o início dos atos executórios para a efetivação da prisão em flagrante.”14

Sobre o tema, de forma elucidativa, conceitua o professor Noberto Avena (2020)15:

“Flagrante esperado: também chamado de intervenção predisposta da autoridade, é aquele em que a


polícia (via de regra), sabendo, por fontes fidedignas que será praticado um crime, desloca-se até o local
em que este deverá acontecer, aguardando o início dos atos de execução ou, conforme o caso, a própria
consumação, realizando, ato contínuo, a prisão em flagrante de todos os envolvidos. Esta modalidade de
flagrante é válida, implicando tentativa punível ou, até mesmo, a consumação do crime”.

33. Considerando a doutrina majoritária e o entendimento dos tribunais superiores, julgue a seguinte
assertiva:

O flagrante diferido que permite à autoridade policial retardar a prisão em flagrante com o objetivo de
aguardar o momento mais favorável à obtenção de provas da infração penal prescinde, em qualquer
hipótese, de prévia autorização judicial.

Gabarito ERRADO.
No flagrante retardado ou diferido da lei 12.850/13, exige-se a prévia comunicação ao magistrado para
se ter o retardo da internvenção policial, sendo PRESCINDÍVEL. Já na lei 11.343/06 é
IMPRESCINDÍVEL autorização prévia, segundo o art. 53 II. Art. 53: Em qualquer fase da persecução
criminal relativa aos crimes previstos nesta Lei, são permitidos, além dos previstos em lei, mediante
autorização judicial e ouvido o Ministério Público, os seguintes procedimentos investigatórios:
II - a não-atuação policial sobre os portadores de drogas, seus precursores químicos ou outros produtos
utilizados em sua produção, que se encontrem no território brasileiro, com a finalidade de identificar e

13
Processo penal / Norberto Avena. – 12. ed., – Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO, 2020.
14
MOREIRA ALVES, Leonardo Barreto. Processo Penal, Parte Especial – Procedimentos, nulidades e recursos. 10. ed.
Salvador, JUSPODIVM, 2020. Página 113.
15
Processo penal / Norberto Avena. – 12. ed., – Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO, 2020.

32
responsabilizar maior número de integrantes de operações de tráfico e distribuição, sem prejuízo da ação
penal cabível.

34. Carlito integra uma organização criminosa especializada em pirataria de materiais preparatórios para
concursos públicos. Além disso, traficam drogas e contrabandeiam cigarros do exterior. A partir dessa
situação hipotética, julgue o item subsequente.

Se Carlito for preso em flagrante e o escrivão estiver internado por Covid no hospital da cidade, de modo
a estar incapacitado de proceder à lavratura do auto de prisão, a autoridade policial poderá designar
qualquer pessoa para fazê-lo, desde que esta preste o compromisso legal anteriormente.

Gabarito: CERTO. A questão exige conhecimento do art. 305, CPP: Na falta ou no impedimento do
escrivão, qualquer pessoa designada pela autoridade lavrará o auto, depois de prestado o compromisso
legal.

35. José, réu primário, foi preso em flagrante acusado de ter praticado crime doloso punível com reclusão
de no máximo quatro anos. Na audiência de custódia, o juiz decretou a prisão preventiva de ofício. No
entanto, a defesa de José solicitou, em seguida, a reconsideração da decisão, com base no argumento de
que a conduta do preso era atípica. O juiz acatou a tese e relaxou a prisão.

Considerando essa situação hipotética, julgue o item subsequente.

Nessa situação, a primeira decisão do juiz foi regular, já que os tribunais superiores têm admitido, de
ofício, a conversão da prisão em flagrante em prisão preventiva durante a audiência de custódia.

Gabarito ERRADO.
Após o advento da Lei no 13.964/2019, não é mais possível a conversão da prisão em flagrante em
preventiva sem provocação por parte ou da autoridade policial, do querelante, do assistente, ou
do Ministério Público, mesmo nas situações em que não ocorre audiência de custódia.
A Lei n. 13.964/2019, ao suprimir a expressão “de ofício” que constava do art. 282, § 2o, e do art. 311,
ambos do CPP, vedou, de forma absoluta, a decretação da prisão preventiva sem o prévio requerimento
das partes ou representação da autoridade policial.
Logo, não é mais possível, com base no ordenamento jurídico vigente, a atuação ‘ex officio’ do Juízo
processante em tema de privação cautelar da liberdade.
A interpretação do art. 310, II, do CPP deve ser realizada à luz do art. 282, § 2o e do art. 311, significando
que se tornou inviável, mesmo no contexto da audiência de custódia, a conversão, de ofício, da prisão
em flagrante de qualquer pessoa em prisão preventiva, sendo necessária, por isso mesmo, para tal efeito,
anterior e formal provocação do Ministério Público, da autoridade policial ou, quando for o caso, do
querelante ou do assistente do MP.
Vale ressaltar que a prisão preventiva não é uma consequência natural da prisão flagrante, logo é uma
situação nova que deve respeitar o disposto, em especial, nos arts. 311 e 312 do CPP.
STJ. 3a Seção. RHC 131.263, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 24/02/2021 (Info 686). STF.
2a Turma. HC 192532 AgR, Rel. Gilmar Mendes, julgado em 24/02/2021.

36. O Promotor de Justiça que passa a atuar no processo decorrente de desmembramento oriundo do
Tribunal de Justiça permanece vinculado a denúncia anteriormente oferecida pelo Procurador Geral da
Justiça.

Gabarito ERRADO.
A PGR ofereceu denúncia contra Paulo e outros réus perante o STJ. Este Tribunal desmembrou o feito
e ficou com o processo apenas da autoridade com foro no STJ, declinando da competência para que o
TJ julgasse os demais. O PGJ (que atua no TJ) ratificou a denúncia. Ocorre que o TJ também decidiu

33
desmembrar o feito e ficou com o processo apenas da autoridade com foro no TJ, declinando da
competência para que o juízo de 1ª instância julgasse os demais corréus. O processo de Paulo, que não
tinha foro privativo, foi remetido para a 1ª instância. O Promotor de Justiça que atua na 1ª instância
decidiu não ratificar a peça acusatória, oferecendo nova denúncia incluindo, inclusive, novos réus. A
defesa alegou que o Promotor não poderia ter alterado a denúncia. O STF entendeu que o membro do
MP agiu corretamente e que não há qualquer nulidade neste caso. É possível o aditamento da denúncia
a qualquer tempo antes da sentença final, garantidos o devido processo legal, a ampla defesa e o
contraditório, especialmente quando a inicial ainda não tenha sido sequer recebida originariamente pelo
juízo competente, como ocorreu no caso concreto. O membro do MP possui total liberdade na formação
de seu convencimento (opinio delicti). Assim, a sua atuação não pode ser restringida ou ficar vinculada
às conclusões jurídicas que o outro membro do MP chegou, mesmo que este atue em uma instância
superior. Em outras palavras, o Promotor de Justiça que passou a ter atribuição para atuar no caso não
está vinculado às conclusões do Procurador-Geral de Justiça que estava anteriormente funcionando no
processo. Desse modo, é irrelevante que outros membros do Ministério Público com atribuição para
atuar em instância superior, em virtude da análise dos mesmos fatos, tenham, anteriormente, oferecido
denúncia de diferente teor em face do réu, uma vez que, conforme ficou reconhecido pelo STJ e pelo
TJDFT, a competência para o processo criminal era da 1ª instância, de forma que o promotor natural do
caso era o Promotor de Justiça que atua na 1ª instância. Portanto, o fato de o promotor natural — aquele
com atribuição para atuar na 1ª instância — não se encontrar tecnicamente subordinado e apresentar
entendimento jurídico diverso, afasta qualquer alegação de nulidade decorrente de alteração do teor da
peça acusatória oferecida contra o réu Paulo. STF. 1ª Turma. HC 137637/DF, Rel. Min. Luiz Fux,
julgado em 6/3/2018 (Info 893).

37. Conforme entendimento da Jurisprudência do STJ, a companheira, em união estável homoafetiva


reconhecida, goza do mesmo status de cônjuge para o processo penal, possuindo legitimidade para
ajuizar a ação penal privada.

Gabarito CERTO.
Apesar de o § 1º do art. 24 do CPP falar apenas em “cônjuge”, a companheira (hetero ou homoafetiva)
também possui legitimidade para ajuizar ação penal privada.
A companheira, em união estável homoafetiva reconhecida, goza do mesmo status de cônjuge para o
processo penal, possuindo legitimidade para ajuizar a ação penal privada. STJ. Corte Especial. APn 912-
RJ, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 07/08/2019 (Info 654).

- confessado FORMAL E CIRCUNSTANCIALMENTE a prática de


infração penal;
- infração penal SEM VIOLÊNCIA OU GRAVE AMEAÇA; e
REQUISITOS - Infração penal com PENA MÍNIMA INFERIOR a 4 (quatro) anos.*
Obs.*: para aferição da pena mínima cominada ao delito serão consideradas
as causas de aumento e diminuição aplicáveis ao caso concreto.

38. Considerando a entrada em vigor do Pacote Anticrime (Lei n. 13.964/2019), não sendo caso de
arquivamento e tendo o investigado confessado formal e circunstancialmente a prática de infração penal
sem violência ou grave ameaça e com pena mínima inferior a 6 (seis) anos, o Ministério Público poderá
propor acordo de não persecução penal, desde que necessário e suficiente para reprovação e prevenção
do crime observados os requisitos legais exigidos.

Gabarito ERRADO. A pena mínima inferior a 4 anos.


Art. 28-A. Não sendo caso de arquivamento e tendo o investigado confessado formal e
circunstancialmente a prática de infração penal sem violência ou grave ameaça e com pena mínima
inferior a 4 (quatro) anos, o Ministério Público poderá propor acordo de não persecução penal, desde

34
que necessário e suficiente para reprovação e prevenção do crime, mediante as seguintes condições
ajustadas cumulativa e alternativamente: (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
I - reparar o dano ou restituir a coisa à vítima, exceto na impossibilidade de fazê-lo; (Incluído pela
Lei nº 13.964, de 2019)
II - renunciar voluntariamente a bens e direitos indicados pelo Ministério Público como
instrumentos, produto ou proveito do crime; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
III - prestar serviço à comunidade ou a entidades públicas por período correspondente à pena mínima
cominada ao delito diminuída de um a dois terços, em local a ser indicado pelo juízo da execução, na
forma do art. 46 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal); (Incluído
pela Lei nº 13.964, de 2019)
IV - pagar prestação pecuniária, a ser estipulada nos termos do art. 45 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7
de dezembro de 1940 (Código Penal), a entidade pública ou de interesse social, a ser indicada pelo juízo
da execução, que tenha, preferencialmente, como função proteger bens jurídicos iguais ou semelhantes
aos aparentemente lesados pelo delito; ou (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
V - cumprir, por prazo determinado, outra condição indicada pelo Ministério Público, desde que
proporcional e compatível com a infração penal imputada. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)

39. Tendo como fundamento a jurisprudência dos tribunais superiores, assinale a opção correta, a respeito
de ação penal.

Na queixa-crime, a omissão involuntária, pelo querelante, de algum coautor implicará o reconhecimento


da renúncia tácita do direito de queixa pelo juiz e resultará na extinção da punibilidade.

Gabarito ERRADO. Se a omissão foi INVOLUNTÁRIA o MP deverá requerer a intimação do


querelante para que ele faça o aditamento da queixa-crime e inclua os demais coautores ou partícipes
que ficaram de fora.
Assim, conclui-se que a não inclusão de eventuais suspeitos na queixa-crime não configura, por si só,
renúncia tácita ao direito de queixa. Para o reconhecimento da renúncia tácita ao direito de queixa, exige-
se a demonstração de que a não inclusão de determinados autores ou partícipes na queixa-crime se deu
de forma deliberada pelo querelante. STJ. 5ª Turma. RHC 55142-MG, Rel. Min. Felix Fischer, julgado
em 12/5/2015 (Info 562).16

40. Um dos motivos para se considerar perempta a ação penal é quando, falecendo o querelante, ou
sobrevindo sua incapacidade, não comparecer em juízo, para prosseguir no processo, dentro do prazo de
30 (trinta) dias, qualquer das pessoas a quem couber fazê-lo.

Gabarito ERRADO. Nessa situação o prazo é de 60 dias.


A legislação menciona considerar-se-á perempta a ação penal quando, iniciada esta, o querelante deixar
de promover o andamento do processo durante trinta dias seguidos.

Art. 60. Nos casos em que somente se procede mediante queixa, considerar-se-á perempta a ação penal:

I - quando, iniciada esta, o querelante deixar de promover o andamento do processo durante 30 dias
seguidos;

16
CAVALCANTE, Márcio André Lopes. Princípio da indivisibilidade da ação penal privada: omissão voluntária e
involuntária. Buscador Dizer o Direito, Manaus. Disponível em:
<https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/23d2e1578544b172cca332ff74bddf5f>. Acesso em:
27/12/2020.

35
II - quando, falecendo o querelante, ou sobrevindo sua incapacidade, não comparecer em juízo, para
prosseguir no processo, dentro do prazo de 60 (sessenta) dias, qualquer das pessoas a quem couber
fazê-lo, ressalvado o disposto no art. 36;
III - quando o querelante deixar de comparecer, sem motivo justificado, a qualquer ato do processo a
que deva estar presente, ou deixar de formular o pedido de condenação nas alegações finais;
IV - quando, sendo o querelante pessoa jurídica, esta se extinguir sem deixar sucessor.

quando, iniciada esta, o querelante deixar de promover o


andamento do processo durante 30 dias seguidos;
quando, falecendo o querelante, ou sobrevindo sua incapacidade,
Nos casos em que não comparecer em juízo, para prosseguir no processo, dentro do
SOMENTE se procede prazo de 60 (sessenta) dias, qualquer das pessoas a quem couber
mediante queixa, considerar- fazê-lo, ressalvado o disposto no art. 36 (CADI);
se-á PEREMPTA a ação quando o querelante deixar de comparecer, sem motivo
penal17: justificado, a qualquer ato do processo a que deva estar presente,
ou deixar de formular o pedido de condenação nas alegações
finais;
quando, sendo o querelante pessoa jurídica, esta se extinguir sem
deixar sucessor.
Obs.: A perempção é instituto de aplicação única e exclusivamente nas hipóteses de ação penal
privada.

41. A jurisprudência mais recente do Supremo Tribunal Federal passou a readmitir a execução provisória
da pena, de modo que o princípio da presunção de inocência, atualmente, é objeto de grande
relativização.

Gabarito ERRADO. A situação vigente é exatamente oposta ao que prevê a assertiva. A última decisão
emblemática do STF nesse sentido é a de voltar a INADMITIR o cumprimento provisório da pena,
fortalecendo-se, assim, o princípio da presunção de inocência.

Ao julgar as ações declaratórias de constitucionalidade 43, 44 e 54, em 7/11/2019, o Plenário do


STF firmou o entendimento de que não cabe a execução provisória da pena.

A 1ª Turma do STF aplicou esse entendimento em um caso concreto no qual o réu estava preso
unicamente pelo fato de o Tribunal de Justiça ter confirmado a sua condenação em 1ª instância, não
tendo havido, contudo, ainda, o trânsito em julgado. Logo, o STF, afastando a possibilidade de execução
provisória da pena, concedeu a liberdade ao condenado até que haja o esgotamento de todos os recursos.
STF. 1ª Turma. HC 169727/RS, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 26/11/2019 (Info 961).18

42. A prisão preventiva imposta à mulher gestante ou que for mãe ou responsável por crianças ou pessoas
com deficiência será substituída por prisão domiciliar, desde que

A. não se trate a gestante de reincidente ou portadora de maus antecedentes.


B. não seja a gestante líder de organização criminosa ou participante de associação criminosa.
C. não se trate de acusada por crime hediondo ou equiparado.
D. não tenha cometido crime com violência ou grave ameaça à pessoa e não tenha cometido o crime
contra seu filho ou dependente.
E. tenha havido prévia reparação do dano e as circunstâncias do fato e a personalidade da gestante
indicarem se tratar de medida suficiente à prevenção e reprovação do crime.

17
Tabela construída pelo MANUAL CASEIRO.
18
Buscador Dizer o Direito (dizerodireito.com.br)

36
Gabarito: D. A presente afirmativa contempla as vedações a concessão da prisão domiciliar previstas no
artigo 318-A do Código de Processo Penal. Vejamos:

Art. 318-A. A prisão preventiva imposta à mulher gestante ou que for mãe ou responsável por
crianças ou pessoas com deficiência será substituída por prisão domiciliar, DESDE QUE:
I - não tenha cometido crime com violência ou grave ameaça a pessoa;
II - não tenha cometido o crime contra seu filho ou dependente.

43. O Código de Processo Penal e a Lei de Execuções Penais disciplinam a prisão em residência particular.
É requisito comum a ambas as normas:

A. ser o homem preso o único responsável pelos cuidados de criança de até 12 anos de idade.
B. a presa ser gestante.
C. a pessoa beneficiada ser maior de 70 anos.
D. estar o(a) preso(a) extremamente debilitado(a) por motivo de doença grave.
E. a prisão domiciliar substituir a prisão em regime fechado.

Gabarito: B. Antes de responder diretamente, é preciso salientar que a prisão prevista no CPP substitui
a preventiva, logo é cautelar; a prisão domiciliar prevista na LEP é pena, ou seja, é prisão-pena. A
banca examinadora misturou as hipóteses em que é cabível a prisão domiciliar no CPP e na Lei de
Execução Penal. Para melhor compreensão, vejamos o quadro esquematizado abaixo:

PRISÃO DOMICILIAR19
CPP LEP
Previsão Legal Arts. 317 a 318-B, CPP Art. 117, LEP
Momento Antes da condenação Após a condenação
Espécie de prisão penal em
Natureza Espécie de prisão cautelar em
substituição a casa de albergado ou
Jurídica substituição a prisão preventiva.
estabelecimento adequado
(Regime Aberto¹).
- Agente maior de 80 anos; - Condenado maior de 70 anos;
- Agente extremamente debilitado por - Condenado acometido de doença
motivo de doença grave; grave;
- Agente imprescindível aos cuidados - Condenada com filho menor ou
Hipóteses especiais de pessoa menor de 6 anos de deficiente físico ou mental;
idade ou com deficiência; - Condenada gestante.
- Gestante;
- mulher com filho de até 12 anos de
idade incompletos;
- homem, caso seja o único responsável
pelos cuidados do filho de até 12 anos de
idade incompletos.

44. Em relação às provas no processo penal, o juiz formará sua convicção pela livre apreciação da prova
produzida em contraditório judicial, podendo fundamentar sua decisão exclusivamente nos elementos
informativos colhidos na investigação conforme jurisprudência.

Gabarito ERRADO. Art. 155, CPP.

19
Tabela extraída do material do Legislação Bizurada @deltacaveira.

37
Art. 155. O juiz formará sua convicção pela livre apreciação da prova produzida em contraditório
judicial, não podendo fundamentar sua decisão EXCLUSIVAMENTE nos elementos informativos
colhidos na investigação, ressalvadas as provas cautelares, não repetíveis e antecipadas.

45. Em relação às provas no processo penal, quando a infração deixar vestígios, será indispensável o exame
de corpo de delito direto, podendo supri-lo a confissão do acusado e o laudo pericial será elaborado no
prazo máximo de 10 (dez) dias, podendo este prazo ser prorrogado, em casos excepcionais, a
requerimento dos peritos.

Gabarito ERRADO. A confissão do acusado não poderá suprir o exame de corpo de delito. O CPP prevê
que a prova testemunhal poderá lhe suprir a falta. Vejamos o regramento normativo:

Art. 158. Quando a infração deixar vestígios, será indispensável o exame de corpo de delito, direto ou
indireto, não podendo supri-lo a confissão do acusado.

Art. 160. Parágrafo único. O laudo pericial será elaborado no prazo máximo de 10 dias, podendo este
prazo ser prorrogado, em casos excepcionais, a requerimento dos peritos.

Art. 167. NÃO SENDO POSSÍVEL o exame de corpo de delito, por haverem desaparecido os
vestígios, a prova testemunhal PODERÁ SUPRIR-LHE A FALTA.

Em RESUMO:
Confissão NÃO SUPRE
Prova Testemunhal SUPRE

46. (Questão inédita – MC). Sobre a figura do juiz das garantias, com sua eficácia suspensa
temporariamente, é correto afirmar que o juiz das garantias deve receber a comunicação da prisão, no
prazo de 24 horas a contar de sua efetivação.

Gabarito ERRADO. A legislação menciona o recebimento de forma imediata, e não no prazo de 24


horas. Vejamos:

Art. 3º-B. O juiz das garantias é responsável pelo controle da legalidade da investigação criminal e pela
salvaguarda dos direitos individuais cuja franquia tenha sido reservada à autorização prévia do Poder
Judiciário, competindo-lhe especialmente: (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) (Vigência)

I - receber a comunicação imediata da prisão, nos termos do inciso LXII do caput do art. 5º da
Constituição Federal.

47. (Questão inédita – MC). Conforme as alterações produzidas no Código de Processo Penal, pela Lei n.
13.964/2019 denominada de Pacote Anticrime, compete ao juiz das garantias:

I - receber a comunicação imediata da prisão.

II - receber o auto da prisão em flagrante para o controle da legalidade da prisão.

III - zelar pela observância dos direitos do preso, podendo determinar que este seja conduzido à sua
presença, a qualquer tempo.

Gabarito CERTO. Inicialmente, cumpre destacarmos que a figura do juiz das garantias encontra-se com
a sua eficácia suspensa. Inobstante a suspensão, recomendamos desde já o estudo dos dispositivos legais
correspondentes. Nessa esteira, conforme prevê o art. Art. 3º-B do CPP:

38
Art. 3º-B. O juiz das garantias é responsável pelo controle da legalidade da investigação criminal e pela
salvaguarda dos direitos individuais cuja franquia tenha sido reservada à autorização prévia do Poder
Judiciário, competindo-lhe especialmente: (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) (Vigência)

I - receber a comunicação imediata da prisão, nos termos do inciso LXII do caput do art. 5º da
Constituição Federal; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) (Vigência)

II - receber o auto da prisão em flagrante para o controle da legalidade da prisão, observado o disposto
no art. 310 deste Código; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) (Vigência)

III - zelar pela observância dos direitos do preso, podendo determinar que este seja conduzido à sua
presença, a qualquer tempo;
(...)

48. (Questão inédita – MC). A Lei n. 13.964/2019 intitulada de Pacote Anticrime aperfeiçoou a legislação
penal e processual penal, gerando diversas alterações no CP, CPP e Legislação Extravagante. No tocante
as alterações promovidas pelo PAC e a figura do juiz das garantias, análise a assertiva:

A competência do juiz das garantias abrange todas as infrações penais, exceto as de menor potencial
ofensivo, e cessa com o oferecimento da denúncia ou queixa.

Gabarito ERRADO. A competência cessa com o RECEBIMENTO da denúncia ou queixa.


Art. 3º-C. A competência do juiz das garantias abrange todas as infrações penais, exceto as de menor
potencial ofensivo, e cessa com o recebimento da denúncia ou queixa na forma do art. 399 deste Código.

49. (Questão inédita – MC). Conforme as alterações produzidas no Código de Processo Penal, pela Lei n.
13.964/2019 denominada de Pacote Anticrime, o juiz das garantias deverá assegurar o cumprimento das
regras para o tratamento dos presos, impedindo o acordo ou ajuste de qualquer autoridade com órgãos
da imprensa para explorar a imagem da pessoa submetida à prisão, sob pena de responsabilidade civil,
administrativa e penal.

Gabarito CERTO.
Art. 3º-F. O juiz das garantias deverá assegurar o cumprimento das regras para o tratamento dos presos,
impedindo o acordo ou ajuste de qualquer autoridade com órgãos da imprensa para explorar a imagem
da pessoa submetida à prisão, sob pena de responsabilidade civil, administrativa e penal.

Parágrafo único. Por meio de regulamento, as autoridades deverão disciplinar, em 180 (cento e oitenta)
dias, o modo pelo qual as informações sobre a realização da prisão e a identidade do preso serão, de
modo padronizado e respeitada a programação normativa aludida no caput deste artigo, transmitidas à
imprensa, assegurados a efetividade da persecução penal, o direito à informação e a dignidade da pessoa
submetida à prisão. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019).

50. A Lei n. 13.964/2019 intitulada de Pacote Anticrime aperfeiçoou a legislação penal e processual penal,
gerando diversas alterações no CP, CPP e Legislação Extravagante. No tocante as alterações promovidas
pelo PAC sobre a prisão preventiva, passou a prevê que a cada 60 dias o magistrado responsável pela
prisão deverá realizar o controle de necessidade da mesma, sob pena de tornar a prisão ilegal, passível
de relaxamento.

Gabarito ERRADO. O único erro da assertiva consiste no prazo que é de 90 dias. De fato, após o
advento do Pacote Anticrime o CPP passou a prevê um prazo obrigatório para revisão da necessidade
da medida (prisão preventiva), que no caso é de 90 dias.

39
Conforme explica o professor Fábio Roque, não há prazo legal de duração da preventiva, que se estende
no tempo em razão da presença dos requisitos legais. Enquanto estes se fazem presentes, o cárcere
cautelar subsistirá. Desaparecendo os requisitos que autorizam a preventiva, a medida é passível de
revogação, em petição endereçada ao próprio juiz decretante, ou por via de habeas corpus impetrado
diretamente no tribunal.
Inobstante a ausência de prazo fixo da prisão preventiva, não se pode admitir a dilação temporal
indefinida da preventiva. Os excessos, quaisquer que sejam eles, devem ser combatidos. O direito a
razoável duração do processo (art. 5º, inc. LXXVIII, CF) engloba também o direito a razoável duração
da prisão cautelar. Por essa razão, a duração indevida da preventiva leva a ilegalidade, passível de
relaxamento, em petição endereçada ao juiz decretante, ou via habeas corpus manejado perante o tribunal
competente
Conforme o texto normativo, o órgão emissor da decisão deverá revisar a necessidade de sua
manutenção a cada 90 dias, mediante decisão fundamentada, sob pena de o constrangimento, até legal,
se tornar ilegal.

Corroborando ao exposto, Fábio Roque:

Atento à necessidade de se observar a razoabilidade da duração da prisão preventiva, o legislador inova, com a Lei Anticrime,
ao acrescentar o parágrafo único ao art. 316, CPP, determinando a revisão da decisão que decreta a prisão preventiva a cada
noventa dias. Importante registrar que esta necessidade de revisar a decisão não faz com que a prisão preventiva passe a ter
prazo determinado. Não expira o prazo da preventiva. Apenas existe a necessidade de o magistrado reapreciar a matéria fática
e revisar a necessidade de prisão.

Pelo novo dispositivo, o juiz deverá avaliar a necessidade da continuação da preventiva a cada 90
dias. Se, numa dessas avaliações, considerar que a prisão não é mais necessária, deve decretar a soltura
do preso.

Corroborando ao exposto, preleciona Estácio Luiz e Pedro Tenório (2020):20


O novel parágrafo único do art. 316 prevê que a cada 90 dias o magistrado responsável pela prisão deverá realizar o controle
de necessidade da mesma, sob pena de tornar a prisão ilegal, passível de relaxamento imediato.

Em RESUMO:

PACOTE ANTICRIME
Redação Anterior Nova Redação – Pacote Anticrime
Art. 316. O juiz poderá revogar a prisão Art. 316. O juiz poderá, de ofício ou a pedido das
preventiva se, no correr do processo, verificar a partes, revogar a prisão preventiva se, no correr
falta de motivo para que subsista, bem como de da investigação ou do processo, verificar a falta
novo decretá-la, se sobrevierem razões que a de motivo para que subsista, bem como de novo
justifiquem. decretá-la, se sobrevierem razões que a
justifiquem.

Parágrafo único. Decretada a prisão


preventiva, deverá o órgão emissor da decisão
revisar a necessidade de sua manutenção a cada
90 (noventa dias), mediante decisão
fundamentada, de ofício, sob pena de tornar a
prisão ilegal.

o, 20 PACOTE ANTICRIME: As modificações no sistema de justiça criminal brasileiro, Estácio Luiz Gama de Lima Netto
/Pedro Tenório Soares Vieira Tavares, 2020.

40
51. A Lei n. 13.964/2019 (Pacote Anticrime), alterou diversos dispositivos do Código Penal. No tocante as
alterações produzidas no Código Penal, é correto afirmamos que a natureza da ação penal no crime de
estelionato foi modificada. No atual cenário, a ação penal passa a ser incondicionada apenas de forma
excepcional, se o delito for praticado contra a Administração Pública, direta ou indireta; contra criança
ou adolescente; contra pessoa com deficiência mental; contra idoso ou contra incapaz.

Gabarito ERRADO. A legislação menciona MAIOR DE 70 ANOS (e não idoso).


O Pacote Anticrime promoveu a mudança da natureza da ação penal no tocante ao crime de estelionato.
Antes da inovação legal, a ação penal era, em regra, pública incondicionada, não exigindo representação
nem para o início das investigações (abertura do IP) nem para proposição da ação penal.
Agora, em regra, a ação penal será pública condicionada à representação, salvo nos casos em que a
vítima se encaixar nas hipóteses dos incisos de I a IV do §5º, em que a ação continua a ser pública
incondicionada.21
A Lei 13.964, de 24 de dezembro de 2019, denominada de Pacote Anticrime, introduziu o parágrafo
quinto ao artigo 171 do Código Penal, que, portanto, se aplica ao estelionato e a todas as modalidades
equiparadas (como a defraudação de penhor). Traz o dispositivo hipóteses em que a ação penal passa
a ser pública incondicionada.
Portanto, a regra agora é que a ação penal pública condicionada à representação. A ação penal passa a
ser incondicionada excepcionalmente, se o delito for praticado contra a Administração Pública, direta
ou indireta; contra criança ou adolescente; contra pessoa com deficiência mental; contra maior de
70 (setenta) anos de idade ou contra incapaz.

Em RESUMO:

PACOTE ANTICRIME
Redação ANTES da Lei 13.964/19 (Pacote Redação DEPOIS da Lei 13.964/19 (Pacote
Anticrime) Anticrime)
Sem artigo correspondente. Trata-se de inovação § 5º Somente se procede mediante representação,
legislativa. salvo se a vítima for:
I - a Administração Pública, direta ou indireta;
II - criança ou adolescente;
III - pessoa com deficiência mental; ou
IV - maior de 70 (setenta) anos de idade ou
incapaz.
Aplicação da regra geral, crime de ação penal Regra: Ação penal pública CONDICIONADA à
pública incondicionada. representação da vítima.

Exceções: Ação penal pública


INCONDICIONADA quando a vítima for:
I - a Administração Pública, direta ou indireta;
II - criança ou adolescente;
III - pessoa com deficiência mental; ou
IV - maior de 70 anos de idade ou incapaz.

LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL

52. Com relação ao sujeito ativo, os crimes previstos na lei de drogas são considerados crimes comuns, o
que significa que pode ser praticado por qualquer pessoa. Contudo, a condição do sujeito ativo poderá
ensejar causa de aumento de pena. Em nenhuma hipótese teremos caso de crime próprio.

21
PACOTE ANTICRIME: As modificações no sistema de justiça criminal brasileiro, 2020. Pedro Tenório Soares Vieira
Tavares;
Estácio Luiz Gama de Lima Netto.

41
Gabarito ERRADO. Inobstante a regra seja de que o crime pode ser praticado por qualquer pessoa, a
legislação prevê exceção, leia-se, situação em que a lei dispõe ser o crime próprio, é o caso do crime do
art. 38 da Lei de Drogas.

Corroborando ao exposto22, “na conduta de prescrever, o delito só́ poderá́ ser cometido por médico ou
dentista. Na de ministrar, por médico, dentista, farmacêutico ou profissional de enfermagem. É, pois,
crime próprio, uma vez que somente estes profissionais estão habilitados a prescrever ou ministrar
remédios à base de substâncias ou produtos capazes de causar dependência”.

Dessa forma, temos que em regra geral, os crimes da lei de drogas são crimes comuns ou gerais, que
significa que podem ser praticados por quaisquer pessoas, não exigem qualidade especial do agente.
Contudo, temos uma exceção prevista ao teor do art. 38 da Lei nº 11.343/2006, que é classificado como
crime próprio ou especial (exige qualidade especial do agente), trata-se do crime de prescrição ou
ministração culposa de drogas.

Por fim, o sujeito passivo do referido delito é a COLETIVIDADE, são denominados por crimes vagos.
Entende-se por crime vago aquele que tem como sujeito passivo um ente destituído de personalidade
jurídica.

53. Em regra geral, os crimes previstos na lei de drogas são dolosos. Contudo, o legislador trouxe uma
exceção a referida regra, trata-se do crime de prescrição de drogas sem determinação legal.

Gabarito CERTO. Trata-se do ÚNICO crime culposo da Lei de Drogas.


Consiste em prescrever ou ministrar droga culposamente:
1) sem que delas necessite o paciente;
2) em doses excessivas; ou
3) em desacordo com determinação legal ou regulamentar.

Art. 38. Prescrever ou ministrar, culposamente, drogas, sem que delas necessite o paciente, ou fazê-lo
em doses excessivas ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar:
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e pagamento de 50 (cinqüenta) a 200 (duzentos) dias-
multa.
Parágrafo único. O juiz comunicará a condenação ao Conselho Federal da categoria profissional a que
pertença o agente.

O delito do art. 38 da lei de drogas contempla duas exceções da referida lei, posto que é o único crime
próprio da legislação e o único com elemento subjetivo CULPA.

54. Os crimes da lei de droga são capitulados como crimes de perigo abstrato.

Gabarito CERTO. Os crimes previstos na lei de drogas são crimes de perigo abstrato. A prática da
conduta prevista em lei acarreta a presunção absoluta de perigo ao bem jurídico, não cabendo prova em
contrário. Os crimes de perigo abstrato são aqueles em que não são exigidos a colocação do bem jurídico
em risco real e concreto tampouco a lesão do mesmo. Apenas retratam uma conduta que em si, sem
apontar resultado específico como elemento expresso do injusto. Então para ser configurado tipo penal
incriminador basta comportamento comissivo ou omissivo previsto no tipo penal.

22

http://www.mpsp.mp.br/portal/page/portal/Escola_Superior/Biblioteca/Biblioteca_Virtual/Livros_Digitais/APMP%203330
_Lei_de_drogas_Cesar%20Dario.pdf

42
55. Com o advento da Lei n. 11.343/2006, tivemos uma mudança no tratamento conferido ao usuário de
drogas. Atualmente, não mais será́ possível a aplicação de pena privativa de liberdade para o usuário
de drogas, de modo que podemos concluir que a conduta de porte de droga para consumo pessoal não é
mais considerada crime.

Gabarito ERRADO. Conforme entendimento do STF, a conduta permanece sendo considerada CRIME.
A exclusão da espécie de pena privativa de liberdade não retira o caráter de crime da referida conduta.
A conduta do art. 28 da Lei 11.343/2006 permanece sendo CRIME.

56. Conforme a Lei N.º 11.343/06, assinale a alternativa INCORRETA:

A. É indispensável, para a materialidade do delito de tráfico de drogas, que o agente esteja exercendo a
venda da substância entorpecente proibida.
B. Para determinar se a droga destinava-se a consumo pessoal, o juiz atenderá à natureza e à quantidade
da substância apreendida, ao local e às condições em que se desenvolveu a ação, às circunstâncias
sociais e pessoais, bem como à conduta e aos antecedentes do agente.
C. Tratando-se do crime de porte de drogas para consumo pessoal, não se imporá prisão em flagrante,
devendo o autor do fato ser imediatamente encaminhado ao juízo competente ou, na falta deste,
assumir o compromisso de a ele comparecer, lavrando-se termo circunstanciado e providenciando-
se as requisições dos exames e perícias necessários.
D. Para efeito da lavratura do auto de prisão em flagrante e estabelecimento da materialidade do delito,
é suficiente o laudo de constatação da natureza e quantidade da droga, firmado por perito oficial ou,
na falta deste, por pessoa idônea.
E. A destruição das drogas será executada pelo delegado de polícia competente no prazo de 15 (quinze)
dias na presença do Ministério Público e da autoridade sanitária.

Gabarito A. Não há necessidade para fins de comprovação da materialidade do delito de tráfico de drogas
que o agente esteja vendendo a substância proibida, posto que o art. 33 da Lei de Drogas trata-se de tipo
misto alternativo, também denominado de crime de ação múltipla ou de conteúdo variado. Se o
agente praticar qualquer dos verbos presente no referido tipo penal, o crime estará caracterizado
(independentemente de venda ou lucro). Vejamos:

Art. 33. Importar, exportar, remeter, preparar, produzir, fabricar, adquirir, vender, expor à
venda, oferecer, ter em depósito, transportar, trazer consigo, guardar, prescrever, ministrar,
entregar a consumo ou fornecer drogas, ainda que gratuitamente, sem autorização ou em desacordo
com determinação legal ou regulamentar:

Pena - reclusão de 5 (cinco) a 15 (quinze) anos e pagamento de 500 (quinhentos) a 1.500 (mil e
quinhentos) dias-multa.

B. Art. 28. § 2º Para determinar se a droga destinava-se a consumo pessoal, o juiz atenderá à natureza e
à quantidade da substância apreendida, ao local e às condições em que se desenvolveu a ação, às
circunstâncias sociais e pessoais, bem como à conduta e aos antecedentes do agente.

C. Art. 48. § 2º Tratando-se da conduta prevista no art. 28 desta Lei, não se imporá prisão em
flagrante, devendo o autor do fato ser imediatamente encaminhado ao juízo competente ou, na falta
deste, assumir o compromisso de a ele comparecer, lavrando-se termo circunstanciado e providenciando-
se as requisições dos exames e perícias necessários.

D. Art. 50. § 1º Para efeito da lavratura do auto de prisão em flagrante e estabelecimento da materialidade
do delito, é suficiente o laudo de constatação da natureza e quantidade da droga, firmado por perito
oficial ou, na falta deste, por pessoa idônea.

43
E. Art. 50. § 4º A destruição das drogas será executada pelo delegado de polícia competente no prazo
de 15 (quinze) dias na presença do Ministério Público e da autoridade sanitária.

57. Assinale a alternativa correta quanto à Lei de Interceptação Telefônica (Lei nº 9.296/1996).

A. As interceptações das comunicações telefônicas são admitidas como meio de prova para qualquer
crime, desde que devidamente fundamentadas.
B. A captação ambiental não poderá exceder o prazo de quinze dias, renovável por decisão judicial por
iguais períodos, se comprovada a indispensabilidade do meio de prova e quando presente atividade
criminal permanente, habitual ou continuada.
C. A interceptação das comunicações telefônicas poderá ser determinada pelo juiz, de ofício ou a
requerimento da autoridade policial, na instrução processual penal.
D. Durante o inquérito, a gravação que não interessar à prova será inutilizada por decisão da autoridade
policial, em virtude de requerimento do Ministério Público ou da parte interessada.
E. O incidente de inutilização será assistido pelo Ministério Público, sendo compulsória a presença do
acusado ou de seu representante legal.

Gabarito B.
Questão puramente letra de lei.
A – Incorreta. Não é qualquer crime, vejamos: Art. 2° lei 9296/98: Não será admitida a interceptação de
comunicações telefônicas quando ocorrer qualquer das seguintes hipóteses:
I - não houver indícios razoáveis da autoria ou participação em infração penal;
II - a prova puder ser feita por outros meios disponíveis;
III - o fato investigado constituir infração penal punida, no máximo, com pena de detenção.
Atenção ao fato de que é preciso ler o artigo acima contrário sensu.
B – Correto. Art. 8º § 3º: A captação ambiental não poderá exceder o prazo de 15 (quinze) dias, renovável
por decisão judicial por iguais períodos, se comprovada a indispensabilidade do meio de prova e quando
presente atividade criminal permanente, habitual ou continuada.
Foi uma inovação trazida pelo pacote anticrime em 2019. Tem altas chances de incidência nas provas.
C – Incorreta. Art. 3° A interceptação das comunicações telefônicas poderá ser determinada pelo juiz,
de ofício ou a requerimento:

I - da autoridade policial, na investigação criminal;


II - do representante do Ministério Público, na investigação criminal e na instrução processual penal.

D e E– Incorretas. Art. 9° A gravação que não interessar à prova será inutilizada por decisão judicial,
durante o inquérito, a instrução processual ou após esta, em virtude de requerimento do Ministério
Público ou da parte interessada. Parágrafo único. O incidente de inutilização será assistido pelo
Ministério Público, sendo facultada a presença do acusado ou de seu representante legal.

58. Tramita no âmbito interno da Polícia Civil do Estado do Rio Grande do Norte processo administrativo
disciplinar (PAD) que apura eventual falta funcional praticada por certo delegado de polícia. Durante a
instrução do PAD, foi verificada pela autoridade competente que o conduz a necessidade de obtenção
de prova emprestada, consistente em interceptação telefônica realizada no bojo de processo criminal. De
acordo com a jurisprudência dos Tribunais Superiores, o compartilhamento de prova pretendido é:

A. inviável, pois a Constituição da República de 1988 prevê que é inviolável o sigilo da correspondência
e das comunicações telegráficas, de dados e das comunicações telefônicas;
B. inviável, pois a Constituição da República de 1988 prevê que a interceptação telefônica somente
pode ser utilizada para fins de investigação criminal ou instrução processual penal;

44
C. viável, desde que devidamente autorizada pelo juízo criminal competente e respeitados os princípios
do contraditório e da ampla defesa;
D. viável, independentemente de prévia autorização pelo juízo criminal, porque, uma vez produzida, a
prova pertence ao Estado que é uno;
E. inviável, pois a Constituição da República de 1988 prevê que a interceptação telefônica somente
pode ser produzida no âmbito de investigação e processo criminal ou ação de improbidade
administrativa.

Gabarito C. Questão jurisprudencial. Vejamos.


A jurisprudência do STJ e do STF é firme no sentido de que é admitida a utilização no processo
administrativo de “prova emprestada” do inquérito policial ou do processo penal, desde que
autorizada pelo juízo criminal e respeitados o contraditório e a ampla defesa. (MS 17.472/DF, Rel.
Min. Arnaldo Esteves Lima, Primeira Seção, julgado em 13/6/2012).23

59. Relativamente à interceptação de comunicações telefônicas, de qualquer natureza, para prova em


investigação criminal e em instrução processual penal, assinale a alternativa.

Conforme entendimento da jurisprudência pacífica do STF e do STJ, é ilegal que a interceptação


telefônica seja determinada apenas com base em “denúncia anônima”. Contudo, se após a denúncia
anônima tiver ocorrido a investigação preliminar, poderá ser decretada a interceptação telefônica.

Gabarito CERTO.
Após receber diversas denúncias de fraudes em licitações realizadas no Município, o Ministério Público
Estadual promoveu diligências preliminares e instaurou Procedimento Investigativo.
Segundo a jurisprudência do STJ e do STF, não há ilegalidade em iniciar investigações preliminares
com base em "denúncia anônima" a fim de se verificar a plausibilidade das alegações contidas no
documento apócrifo.
Após confirmar a plausibilidade das "denúncias", o MP requereu ao juízo a decretação da interceptação
telefônica dos investigados alegando que não havia outro meio senão a utilização de tal medida, como
forma de investigação dos supostos crimes.
O juiz acolheu o pedido.
O STJ e o STF entenderam que a decisão do magistrado foi correta considerando que a decretação da
interceptação telefônica não foi feita com base unicamente na "denúncia anônima" e sim após a
realização de diligências investigativas por parte do Ministério Público e a constatação de que a
interceptação era indispensável neste caso.
STF. 2ª Turma. HC 133148/ES, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 21/2/2017 (Info 855).24

60. De acordo com as alterações promovidas pela Lei n. 13.964/2019 (Pacote Anticrime), a Lei de
Interceptações Telefônicas passou a regulamentar a captação ambiental expressamente, bem como,
criminalizou a conduta de realizar captação ambiental de sinais eletromagnéticos, ópticos ou acústicos
para investigação ou instrução criminal sem autorização judicial, quando esta for exigida, salvo quando
a captação for realizada por um dos interlocutores.

Gabarito CERTO.
O art. 8-A passou a regulamentar a captação ambiental. De início, reforçou o seu caráter subsidiário
ao dispor que a prova somente será realizada quando não puder ser feita por outros meios disponíveis e

23
Disponível em: https://stj.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/865735876/mandado-de-seguranca-ms-17472-df-2011-
0194001-2/inteiro-teor-865735886?ref=juris-tabs . Acesso em 11 de agosto de 2021.
24
CAVALCANTE, Márcio André Lopes. Se após a denúncia anônima houve investigação preliminar, poderá ser decretada
a a interceptação telefônica . Buscador Dizer o Direito, Manaus. Disponível em:
<https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/9a02387b02ce7de2dac4b925892f68fb>. Acesso em:
09/01/2021.

45
igualmente eficazes. Além disso, fez exigência expressa da existência de elementos probatórios
razoáveis de autoria e participação em infrações criminais cujas penas máximas sejam superiores a 4
(quatro) anos ou em infrações penais conexas, para a decretação da medida.
Denota-se que os requisitos se assemelham aos da interceptação telefônica 25.
O requerimento da medida deverá descrever circunstanciadamente o local e a forma de instalação do
dispositivo de captação ambiental.
No que se refere ao prazo, não poderá exceder o prazo de 15 (quinze) dias, renovável por decisão
judicial por iguais períodos, se comprovada a indispensabilidade do meio de prova e quando presente
atividade criminal permanente, habitual ou continuada. Por fim, dispôs sobre a aplicação subsidiária
das regras referente a interceptação telefônica. Dessa forma, naquilo que foi silente, aplicar-se-á as
regras previstas para o procedimento da interceptação telefônica a captação ambiental.
Insta reforçarmos que a medida deverá ser decretada para fins de investigação ou instrução criminal.

CAPTAÇÃO AMBIENTAL26
De - sinais eletromagnéticos, ópticos ou acústicos
- investigação; ou
Momento - instrução criminal
Legitimidade p/ - autoridade policial; ou
requerer - Ministério Público
- a prova não puder ser feita por outros meios disponíveis e igualmente
Pressupostos eficazes; e
- houver elementos probatórios razoáveis de autoria e participação em
infrações criminais cujas penas máximas sejam SUPERIORES a 4
(quatro) anos ou em infrações penais conexas.

- deverá descrever circunstanciadamente:


Requerimento * o local; e
* a forma de instalação do dispositivo de captação ambiental.
Prazo - 15 dias
- renovável por decisão judicial por iguais períodos:
Prorrogação do prazo
* se comprovada a indispensabilidade do meio de prova; e
* quando presente atividade criminal permanente, habitual ou continuada.
- das regras previstas na legislação específica para a interceptação
Aplicação Subsidiária
telefônica e telemática.

Por outro lado, o art. 10-A passou a prevê uma nova figura criminosa, consistente na conduta de realizar
captação ambiental de sinais eletromagnéticos, ópticos ou acústicos para investigação ou instrução
criminal sem autorização judicial, quando esta for exigida.
O tipo penal prevê uma pena de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, além da multa. Incabível a suspensão
condicional do processo, pois a pena mínima cominada ultrapassa 1 ano (art. 89 da Lei n. 9.099/95).
O §1º disciplina que “não há crime se a captação é realizada por um dos interlocutores”.

25
Lei n. 9.296/96.
Art. 2° Não será admitida a interceptação de comunicações telefônicas quando ocorrer qualquer das seguintes hipóteses:
I - não houver indícios razoáveis da autoria ou participação em infração penal;
II - a prova puder ser feita por outros meios disponíveis;
III - o fato investigado constituir infração penal punida, no máximo, com pena de detenção.
Parágrafo único. Em qualquer hipótese deve ser descrita com clareza a situação objeto da investigação, inclusive com a
indicação e qualificação dos investigados, salvo impossibilidade manifesta, devidamente justificada.
26
Tabela extraída do LEGISLAÇÃO BIZURADA @ DeltaCaveira10.

46
O § 2º, por sua vez, trouxe uma causa de aumento de pena. Conforme dispositivo legal, a pena será
aplicada em dobro ao funcionário público que descumprir determinação de sigilo das investigações
que envolvam a captação ambiental ou revelar o conteúdo das gravações enquanto mantido o sigilo
judicial.

CRIME DE CAPTAÇÃO AMBIENTAL


Art. 10-A. Realizar captação ambiental de sinais eletromagnéticos, ópticos ou
Conduta acústicos para investigação ou instrução criminal sem autorização judicial,
quando esta for exigida:
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa.
Exclusão da § 1º Não há crime se a captação é realizada por um dos interlocutores.
§ 2º A pena será aplicada em dobro ao funcionário público que descumprir
determinação de sigilo das investigações que envolvam a captação ambiental
ou revelar o conteúdo das gravações enquanto mantido o sigilo judicial.

61. Assinale a alternativa correta com relação às disposições processuais penais especiais.

Não será deferida a interceptação de comunicações telefônicas quando o fato criminoso investigado for
punido, no máximo, com pena de detenção.

Gabarito CERTO.
Art. 2º Não será admitida a interceptação de comunicações telefônicas quando ocorrer qualquer das
seguintes hipóteses:
I – não houver indícios razoáveis da autoria ou participação em infração penal;
II – a prova puder ser feita por outros meios disponíveis;
III – o fato investigado constituir infração penal, punida, no máximo, com pena de detenção.
Parágrafo único. Em qualquer hipótese deve ser descrita com clareza a situação objeto da investigação,
inclusive com a indicação e qualificação dos investigados, salvo impossibilidade manifesta,
devidamente justificada.

MEDICINA LEGAL

62. (Questão inédita – MC). Ações perfurantes promovem a chamada lesão punctória, em forma de ponto,
se o instrumento for de médio ou pequeno calibre. Aos instrumentos perfurantes de grosso calibre,
aplicar-se-ão as Leis da semelhança e do paralelismo de Filhós.

Gabarito ERRADO. As lesões punctórias terão formato de ponto apenas em relação a instrumentos de
pequeno calibre. Lesões punctórias provocadas por instrumentos de médio calibre já obedecem às Leis
de Filhós (semelhança e paralelismo) e também à Lei de Langer (não mencionada na assertiva, mas
também cobrada em provas). Vejamos sucintas definições acerca das mencionadas Leis:

Ø 1ª Lei de Filhos - (LEI DA SEMELHANÇA)

A 1ª lei de Filhos é conhecida como lei da semelhança porque entende que o formato de uma lesão
em uma ferida causada por instrumento perfurante de médio calibre SERÁ SEMELHANTE AO
FORMATO DE UMA LESÃO CAUSADA POR UM INSTRUMENTO DE 02 (DOIS) GUMES
(chamado de lesão de BOTOEIRA), ou seja, a lesão é causada por um instrumento perfurante, mas a
sua aparência se assemelha a uma lesão provocada por uma faca, por exemplo. Isso porque a pressão
exercida pela pele e pela musculatura “achatará” a ferida.

Ø 2ª Lei de Filhos - (LEI DO PARALELISMO)

47
A 2ª Lei de Filhos nos traz a seguinte concepção: tendo em vista que a ferida causada é alongada,
esta possui um maior eixo e, o maior eixo da ferida causada por instrumento perfurante de médio calibre
acompanhará o sentido e será paralelo aos da ‘linha de força da pele’.

Ø Lei de Langer

No local onde as “linhas de força” forem confluentes a ferida/lesão terá um aspecto Estrelado,
Bizarro, Triangular, Irregular, Em ponta de Seta, tendo em vista que estas puxarão a lesão para lados
distintos. Ou seja, o corpo possui zonas em que as linhas de força da pele “se encontram”, promovendo
direções distintas às feridas punctórias.

Imaginemos, portanto, que na imagem a seguir, caso a lesão seja no ponto de encontro das linhas de
força da pele, a lesão pode adquirir formatos distintos, que não aqueles paralelos:

63. (Questão inédita – MC). Segundo a Lei do Paralelismo de Filhós, uma lesão causada por instrumento
perfurante de médio calibre será semelhante ao formato de uma lesão causada por um instrumento de 2
(dois) gumes.

Gabarito CERTO. Com base nas Leis acima exploradas, temos que a lesão de médio calibre produzida
por instrumento perfurante terá o aspecto de uma lesão provocada por um instrumento de dois gumes,
e será chamada de Lesão de Botoeira, pois seu formato se assemelha a casa dos botões de camisas.

64. (Questão inédita – MC). A Lei de Langer explica ações punctórias que geram feridas com aspecto
Estrelado, Irregular, ou em ponta de seta.

Gabarito CERTO. A Lei de Langer se refere a lesões que se dão no encontro das fibras musculares e
das linhas de força da pele, gerando lesões em direções distintas, que podem adquirir aspecto estrelado,
irregulares, em ponta de seta, triangular, etc.

Ø Lei de Langer

No local onde as “linhas de força” forem confluentes a ferida/lesão terá um aspecto Estrelado,
Bizarro, Triangular, Irregular, Em ponta de Seta, tendo em vista que estas puxarão a lesão para lados
distintos. Ou seja, o corpo possui zonas em que as linhas de força da pele “se encontram”, promovendo
direções distintas às feridas punctórias.

65. (Questão inédita – MC). A profundidade máxima de uma lesão punctória é aquela do instrumento
perfurante utilizado na agressão.

Gabarito ERRADO. É possível que a lesão possua profundidade maior do que o comprimento do
instrumento utilizado, isso porque geralmente, a depender da força empregada, a pressão da perfuração
acaba fazendo com que a musculatura ceda, e o instrumento cause a perfuração em extensão além de
seu próprio comprimento. Vejamos a imagem abaixo, que nos ajuda a esclarecer:

48
Essas lesões são chamadas de Ferida em Sanfona, ferida em Acordeón, ou ferida de Acordeom de
Lacassagne.

66. (Questão Inédita – MC). Em relação aos ferimentos produzidos por instrumentos cortantes, julgue o item
a seguir:

A análise do sinal de Chavigny é utilizada para identificar a ordem das lesões produzidas com material
cortante, de modo a permitir que o cirurgião avalie a ordem pela qual irá suturar as lesões.

Gabarito CERTO. O sinal de Chavigny se refere a lesões cortantes que ocorrem umas sobre as outras.
Desse modo, a medicina Legal desenvolveu tal sinal para que o legista pudesse avaliar qual a ordem
das lesões, para que, então, pudesse realizar a sutura conforme a ordem dos acontecimentos.

Vejamos as explicações das imagens abaixo:

§ Imagem 01 – manejo de forma linear;

§ Imagem 02 – lesão incisa aberta, bom bordas afastadas (individuo vivo – temos a presença de
elasticidade da pele);

§ Imagem 03 – segunda lesão incisa sobre a primeira (também lesão incisa). A segunda lesão incisa
efetuada em cima da primeira encontrará as bordas abertas na lesão anterior, sendo assim não seguirá
um trajeto linear, seguirá um trajeto em Z = Sinal de Chavigny.

67. Questão inédita – MC). Em regra, os instrumentos cortantes produzem feridas incisas, cujo comprimento
prevalece sobre a profundidade, podendo-se observar bordas lisas e regulares e cauda de escoriação.

Gabarito CERTO. A assertiva aborda os principais elementos referentes às feridas incisas (que são
aquelas produzidas pela ação de instrumentos CORTANTES). Sobre o tema, vale mencionar que, em
regra, as lesões incisas NÃO PRODUZIRÃO TRAUMAS NA PELE, ou seja, quando a lesão for apenas
incisa, não serão observadas características próprias de lesões contundentes, como, por exemplo,
equimoses.

49
Além disso, cabe mencionar que nem todas as lesões provocadas por instrumentos cortantes possuirão
cauda de escoriação, uma vez que as lesões são típicas de cada instrumento, e, além disso, outras
variáveis podem contribuir para feridas com características distintas. As caudas de escoriação, a título
de revisão, são áreas mais superficiais das lesões incisas que indicam o local da saída do instrumento.
Vejamos:

Dito isto, vale sempre recordar: em Medicina Legal, há muito poucos pontos dotados de “precisão” e
“certeza”.

68. (Questão inédita – MC). A decapitação consiste em lesão provocada por instrumento cortante na qual
ocorre a secção da cabeça, separando-a totalmente do resto do corpo.

Gabarito CERTO. As provas de medicina legal constantemente questionam acerca da diferença dos
institutos da DECAPITAÇÃO, DEGOLA e ESGORJAMENTO.

Degola: A degola consiste em lesão na região cervical posterior (nunca) e região dorsal do pescoço. Em
termos menos técnicos, a degola consiste na incisão feita no pescoço, em sua parte posterior (nuca).

Esgorjamento: A lesão, nesse caso, ocorrerá na região ANTEROLATERAL do pescoço, ou seja, na


região anterior e também na região lateral.

Decapitação: A decapitação, por sua vez, se refere à secção total da cabeça. Em linguagem informal, a
decapitação consiste em “arrancar a cabeça fora”. Segundo Genival Veloso de França “a decapitação é
também de ocorrência rara e se traduz pela separação da cabeça do corpo e pode ser oriunda de outras
formas de ação além da cortante”.

Em RESUMO, para facilitar a compreensão:

50
Degola Esgorjamento Decapitação
Lesão na região posterior. Lesão localizada na região Lesão que ocasiona a separação
anterior. da cabeça do corpo.
Imagem-exemplo27: Imagem-exemplo28: Imagem-exemplo29:

69. (Questão inédita – MC). O Espostejamento é a secção do corpo em vários segmentos a partir das
articulações.

Gabarito ERRADO. A secção do corpo em diversas partes possui duas classificações cobradas em
provas:

ESPOSTEJAMENTO: SECÇÃO DO CORPO EM VÁRIOS SEGMENTOS FORA DAS


ARTICULAÇÕES. Ou seja, imaginemos que o espostejamento ocorre em situações como o indivíduo
atropelado por um trem, que acaba sendo “despedaçado” de forma não relacionada às articulações do
corpo.

Esquartejamento: Secção do corpo em vários segmentos nas articulações. Como exemplo, podemos
citar um serial killer, que após realizar o homicídio, segmenta o corpo da pessoa pelas articulações, por
ser mais segmentar o corpo dessa forma.

CRIMINOLOGIA

70. (Questão inédita - MC). Os métodos utilizados pela Escola Clássica, embora distintos daqueles
utilizados pelo Direito Penal, ainda não foram suficientes para que os Clássicos fossem considerados
parte da etapa científica da Criminologia.

Gabarito ERRADO. O erro da assertiva está ao afirmar que os métodos utilizados pela Escola Clássica
eram distintos daqueles utilizados pelo Direito Penal. Na realidade, a Escola Clássica valia-se de
métodos típicos do Direito Penal: normativo, lógico, abstrato e dedutivo. No entanto, a assertiva finaliza
o raciocínio de forma correta ao afirmar que a Escola Clássica fez parte de uma etapa PRÉ-
CIENTÍFICA, justamente porque a ausência de métodos próprios impedia a Criminologia a se afirmar
como ciência autônoma naquele momento.

71. (Questão inédita – MC). Dentre os aspectos históricos afeitos à Escola Clássica, destaca-se a
proeminência do poder econômico, político e intelectual dos Estados Unidos no período, enrijecidos
após a 1ª Guerra Mundial.

Gabarito ERRADO. A Escola Clássica se desenvolveu entre o século XVIII e XIX, e recebeu forte
influência da Escola Clássica do Direito Penal italiano. À época, o poder econômico e intelectual

27
http://www.malthus.com.br/mg_imagem_zoom.asp?id=1731&topico=106#set
28
http://www.malthus.com.br/mg_imagem_zoom.asp?id=2352&topico=354#set
29
https://www.editorajuspodivm.com.br/cdn/arquivos/60afde239415d5d93ad6ab341a4e104b.pdf, pág. 28, acesso em 21 de
Maio de 2021.

51
concentrava-se majoritariamente na Europa. A doutrina menciona também a forte influência de ideais
iluministas no desenvolvimento da Escola Clássica.

72. (Questão inédita – MC). Feuerbach, Cesare Lombroso e Francesco Carrara são alguns dos principais
nomes atribuídos ao desenvolvimento da Escola Clássica. Nesse contexto, cita-se como obra inaugural
o livro “Dos Delitos e das Penas”, escrito por Feuerbach.

Gabarito ERRADO. Os principais expoentes da Escola Clássica mencionados pela doutrina são
Feuerbach, Cesare Beccaria (Marquês de Bonesana), Francesco Carrara e Giandomenico Romagnosi.
A obra inaugural da Escola Clássica é a célebre obra de Cesare Beccaria “Dos delitos e das penas”.
A Obra “dos delitos e das penas”, inclusive, é considerada uma obra atemporal e extremamente
pertinente ainda nos dias de hoje, muito celebrada pela doutrina e, por tal razão, é fundamental conhecer
seu autor e a Escola a qual pertence.

73. (Questão inédita – MC). Para Cesare Beccaria, a justificativa para a criação dos tipos penais e a
consequente aplicação das penas se baseia no conceito de dano social, tendo defendido a aplicação de
penas severas e neutralizadoras, o que foi posteriormente rechaçado pela escola positivista.

Gabarito ERRADO. O erro da assertiva está ao afirmar que Cesare Beccaria teria defendido a aplicação
de penas severas e neutralizadoras, quando, na realidade, Beccaria defendeu o fim de punições
degradantes e propô a criação de penas PROPORCIONAIS e humanitárias.

O primeiro trecho da assertiva, por sua vez, está correto, pois, de fato, a justificativa para a criação de
tipos penais e a aplicação das penas, para Beccaria, se justificou no chamado dano social a ideia de que
verdadeira medida dos crimes seria o dano para a sociedade, tendo em vista a preocupação do direito
em regular o convívio social de forma harmoniosa.

74. (Questão inédita – MC). Para Giandomenico Romagnosi, a principal função da pena é o contraestímulo
ao delito, de modo que, se após o primeiro delito existisse a certeza moral de não ocorreria nenhum
outro, a sociedade não teria direito algum de punir o delinquente.

Gabarito CERTO. A assertiva aborda um dos postulados de Giandomenico Romagnosi, que é a


compreensão de que a pena é um CONTRAESTÍMULO ao delito. O postulado traduz-se na seguinte
frase: “Se depois do primeiro delito existisse uma certeza moral de que não ocorreria nenhum outro, a
sociedade não teria direito algum de punir o delinquente”.

75. (Questão inédita – MC). Atribui-se a Francesco Carrara a introdução da ideia de livre arbítrio como
justificativa da prática de crimes.

Gabarito CERTO. A noção de livre-arbítrio é uma das mais emblemáticas da Escola Clássica, pois os
clássicos visualizavam o delinquente como um indivíduo que faz a opção racional por delinquir, com
base exclusivamente em seu livre-arbítrio. Por ser um termo importante do pensamento, importante
compreender que foi Francesco Carrara quem introduziu tal ideia: “O homem viola a lei porque tem
vontade”.

Iremos encontrar na doutrina a explicação de Francesco Carrara com base na lógica Hegel. Hegel
afirmava que o crime é a negação ao Direito. E a pena seria e deveria ser aplicada para reforçar que
aquela conduta nociva é uma conduta indesejada. Se o crime é a negação do Direito e a pena a negação
ao crime, surge a emblemática frase: “A pena é a negação da negação ao Direito”.

52
76. (Questão inédita – MC). Para os expoentes da Escola clássica, o criminoso era um ser normal que
simplesmente optava por cometer crimes, orientado por sua vontade racional à quebra do contrato social.
Com base no tema, julgue o item a seguir:

Pertence à Escola clássica a defesa de penas como a morte e a tortura, justificando-as pela inutilidade
das demais penas em face à possibilidade de reincidência.

Gabarito ERRADO. A Escola Clássica defende a proporcionalidade das penas, tendo sido um marco
contra as arbitrariedades e excessos praticados anteriormente ao ideário iluminista do século XVII. Para
os clássicos, as punições eram degradantes e chegavam a marcar gerações das famílias daqueles que
eram cruelmente punidos. O excesso punitivo também não era feito de forma igualitária, de modo que
os detentores do poderio econômico sofriam penas consideravelmente menos rigorosas quando
comparadas aos indivíduos pobres.

77. (Questão inédita – MC). Considera-se a obra “O Homem Delinquente” um dos marcos da inauguração
da Escola positivista, que inicia a fase científica da criminologia. Dentre as características que
caracterizam a etapa científica, está a utilização do método empírico.

Gabarito CERTO. A obra “O Homem Delinquente”, de Cesare Lombroso, é considerada pela doutrina
o marco inaugural da Escola Positivista. A principal e mais marcante característica da obra se refere ao
método EMPÍRICO adotado pelo autor (realizou 400 autópsias e 6 mil análises de delinquentes vivos),
que acabou por dar à Criminologia um método autônomo e, por conseguinte, consagrar a etapa científica
da Criminologia.

SÚMULAS

78. (Questão Inédita – MC). Segundo entendimento sumulado do Superior Tribunal de Justiça, a folha de
antecedentes criminais não se apresenta como documento suficiente a comprovar os maus antecedentes
e a reincidência.

Gabarito ERRADO.
Súmula 636-STJ: A folha de antecedentes criminais é documento suficiente a comprovar os maus
antecedentes e a reincidência.

79. (Questão Inédita – MC). Análise se a assertiva reflete o exato entendimento de Súmula editada pelo STJ.

O indulto extingue os efeitos primários da condenação, contudo não atinge os efeitos secundários, penais
ou extrapenais.

Gabarito CERTO.
Súmula 631-STJ: O indulto extingue os efeitos primários da condenação (pretensão executória), mas
não atinge os efeitos secundários, penais ou extrapenais.

80. (Questão Inédita – MC). À luz da jurisprudência sumulada do STJ, para que seja aplicável a causa
atenuante da confissão espontânea no crime de tráfico ilícito de entorpecentes se exige o reconhecimento
da traficância pelo acusado, não bastando a mera admissão da posse ou propriedade para uso próprio.

Gabarito CERTO.
Súmula 630-STJ: A incidência da atenuante da confissão espontânea no crime de tráfico ilícito de
entorpecentes exige o reconhecimento da traficância pelo acusado, não bastando a mera admissão da
posse ou propriedade para uso próprio.

53
81. (Questão Inédita – MC). À luz da jurisprudência sumulada do STJ, aplica-se o princípio da
insignificância a casos de transmissão clandestina de sinal de internet via radiofrequência, não
caracterizando o fato típico previsto no art. 183 da Lei n. 9.472/1997.

Gabarito ERRADO. Não se aplica o princípio em comento na situação proposta, vejamos:


Súmula 606-STJ: Não se aplica o princípio da insignificância a casos de transmissão clandestina de sinal
de internet via radiofrequência, que caracteriza o fato típico previsto no art. 183 da Lei n. 9.472/1997.

82. (Questão Inédita – MC). Análise se a assertiva reflete o exato entendimento do STJ.

Para a incidência da causa especial de aumento de pena prevista no inciso I do art. 40 da Lei de Drogas,
é irrelevante que haja a efetiva transposição das fronteiras nacionais, sendo suficiente, para a
configuração da transnacionalidade do delito, que haja a comprovação de que a substância tinha como
destino/origem localidade em outro País.

Gabarito CERTO.
Súmula 607-STJ: A majorante do tráfico transnacional de drogas (art. 40, I, da Lei nº 11.343/2006)
configura-se com a prova da destinação internacional das drogas, ainda que não consumada a
transposição de fronteiras.

83. (Questão Inédita – MC). De acordo com a jurisprudência sumulada do STJ, o princípio da insignificância
é aplicável aos crimes contra a administração pública.

Gabarito ERRADO. O entendimento do STJ sobre o referido assunto é justamente o inverso. Entende
que não se aplica o princípio da insignificância aos crimes contra a administração pública, sendo
inclusive entendimento sumulado. Vejamos:

Súmula 599-STJ. O princípio da insignificância é inaplicável aos crimes contra a administração pública.

Segundo o STJ, os crimes contra a Administração Pública têm como objetivo resguardar não apenas o
aspecto patrimonial, mas, principalmente, a moral administrativa. Logo, mesmo que o valor do prejuízo
seja insignificante, deverá haver a sanção penal considerando que houve uma afronta à moralidade
administrativa, que é insuscetível de valoração econômica.

Exceção
Existe uma exceção. A jurisprudência é pacífica em admitir a aplicação do princípio da insignificância
ao crime de descaminho (art. 334 do CP), que, topograficamente, está inserido no Título XI do Código
Penal, que trata sobre os crimes contra a Administração Pública.
De acordo com o STJ, “a insignificância nos crimes de descaminho tem colorido próprio, diante das
disposições trazidas na Lei n. 10.522/2002”, o que não ocorre com outros delitos, como o peculato etc.
(AgRg no REsp 1346879/SC, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 26/11/2013).

Fonte:
CAVALCANTE, Márcio André Lopes. Súmula 599-STJ. Buscador Dizer o Direito, Manaus. Disponível em: <
https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/6332a8f62e3a9d5831724f2ffe55cae0 >. Acesso em:
18/08/2021.

84. (Questão Inédita – MC). Com relação aos crimes contra a dignidade sexual, de acordo com a
Jurisprudência sumulada do STJ, assinale a alternativa.

O crime de estupro de vulnerável se configura com a conjunção carnal ou prática de ato libidinoso com
menor de 14 anos, sendo irrelevante eventual consentimento da vítima para a prática do ato, sua
experiência sexual anterior ou existência de relacionamento amoroso com o agente.

54
Gabarito CERTO.
Súmula 593-STJ: O crime de estupro de vulnerável se configura com a conjunção carnal ou prática de
ato libidinoso com menor de 14 anos, sendo irrelevante eventual consentimento da vítima para a prática
do ato, sua experiência sexual anterior ou existência de relacionamento amoroso com o agente.

85. (Questão Inédita – MC). À luz da jurisprudência sumulada do STJ, a conduta de atribuir-se falsa
identidade perante autoridade policial é considerada atípica, na hipótese que for alegada para garantia
da autodefesa.

Gabarito ERRADO. Conforme entendimento da Súmula 522 do STJ, a conduta é TÍPICA.


Súmula 522-STJ: A conduta de atribuir-se falsa identidade perante autoridade policial é típica, ainda
que em situação de alegada autodefesa.

É típica a conduta do acusado que, no momento da prisão em flagrante, atribui para si falsa identidade
(art. 307 do CP), ainda que em alegada situação de autodefesa. Isso porque a referida conduta não
constitui extensão da garantia à ampla defesa, visto tratar-se de conduta típica, por ofensa à fé pública e
aos interesses de disciplina social, prejudicial, inclusive, a eventual terceiro cujo nome seja utilizado no
falso.
STJ. 3ª Seção. REsp 1.362.524-MG, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 23/10/2013 (recurso
repetitivo)30.

86. (Questão Inédita – MC). Análise se a assertiva reflete o exato entendimento de Súmula editada pelo STJ
em vigência.

Compete ao foro do local da RECUSA processar e julgar o crime de estelionato mediante cheque sem
provisão de FUNDOS.

Gabarito ERRADO. O entendimento acima proposto corresponde a Súmula 244 do STJ, a qual
encontra-se com seu entendimento SUPERADO.

Superada pela Lei nº 14.155/2021, que inseriu o § 4º ao art. 70 do CPP.


Com o advento da Lei 14.155/2021, a competência passou a ser do local do domicílio da vítima. É o que
prevê o novo § 4º do art. 70. Isso significa que a Súmula 244 do STJ e a Súmula 521 do STF estão
superadas.

87. (Questão Inédita – MC). Segundo entendimento sumulado do Superior Tribunal de Justiça, a
superveniência da sentença condenatória prejudica o pedido de trancamento da ação penal por falta de
justa causa feito em habeas corpus.

Gabarito CERTO. Atenção, candidato! Trata-se de entendimento aprovado recentemente (14/4/2021).


Vejamos:
Súmula 648-STJ: A superveniência da sentença condenatória prejudica o pedido de trancamento da ação
penal por falta de justa causa feito em habeas corpus.

JURISPRUDÊNCIA

88. (Questão inédita – MC). À luz da jurisprudência do STJ, a conduta de introduzir chip de aparelho celular
em presídio não caracteriza crime.

30
CAVALCANTE, Márcio André Lopes. Súmula 522-STJ. Buscador Dizer o Direito, Manaus. Disponível em: <
https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/0cdf61037d7053ca59347ab230818335 >. Acesso em:
18/08/2021

55
Gabarito CERTO.
A conduta de ingressar em estabelecimento prisional com chip de celular não se subsome ao tipo penal
previsto no art. 349-A do Código Penal.
STJ. 5a Turma. HC 619.776/DF, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em 20/04/2021 (Info 693).

CONTUDO, caracteriza FALTA DISCIPLINAR GRAVE.


A posse de chip de telefone celular pelo preso, dentro de estabelecimento prisional, configura falta
disciplinar de natureza grave, ainda que ele não esteja portando o aparelho (STJ. 5a Turma. HC 260122-
RS, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 21/3/2013).

89. (Questão inédita – MC). Conforme entendimento mais recente da Jurisprudência do STF, a decisão
proferida em audiência de custódia reconhecendo a atipicidade do fato faz coisa julgada.

Gabarito ERRADO.
A decisão que, na audiência de custódia, determina o relaxamento da prisão em flagrante sob o
argumento de que a conduta praticada é atípica não faz coisa julgada.
Assim, esta decisão não vincula o titular da ação penal, que poderá oferecer acusação contra o indivíduo
narrando os mesmos fatos e o juiz poderá receber essa denúncia.
STF. 1a Turma. HC 157.306/SP, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 25/9/2018 (Info 917).

90. (Questão inédita – MC). Conforme entendimento mais recente da Jurisprudência do STJ, a falta de
mandado invalida a busca e apreensão mesmo na hipótese de o apartamento encontrar-se desabitado.

Gabarito ERRADO.
Não há nulidade na busca e apreensão efetuada por policiais, sem prévio mandado judicial, em
apartamento que não revela sinais de habitação, nem mesmo de forma transitória ou eventual, se a
aparente ausência de residentes no local se alia à fundada suspeita de que o imóvel é utilizado para
a prática de crime permanente.
STJ. 5a Turma. HC 588.445-SC, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 25/08/2020 (Info
678).

91. (Questão inédita – MC). Conforme entendimento do STJ, é possível a citação, no processo penal, via
WhatsApp.

Gabarito CERTO.
É possível a utilização de WhatsApp para a citação de acusado, DESDE QUE sejam adotadas medidas
suficientes para atestar a autenticidade do número telefônico, bem como a identidade do indivíduo
destinatário do ato processual. STJ. 5ª Turma. HC 641.877/DF, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em
09/03/2021 (Info 688).

92. (Questão inédita – MC). À luz da jurisprudência do STJ, o tempo que o réu ficou submetido à medida
cautelar de recolhimento domiciliar com tornozeleira não poderá ser descontado da pena imposta na
condenação.

Gabarito ERRADO.
O tempo que o réu ficou submetido à medida cautelar de recolhimento domiciliar com tornozeleira pode
ser descontado da pena imposta na condenação.
É possível considerar o tempo submetido à medida cautelar de recolhimento noturno, aos finais de
semana e dias não úteis, supervisionados por monitoramento eletrônico, com o tempo de pena
efetivamente cumprido, para detração da pena. STJ. 3ª Seção. HC 455.097/PR, Rel. Min. Laurita Vaz,
julgado em 14/04/2021 (Info 693).

56
Obs.: Trata-se de entendimento alterado recentemente.

93. (Questão inédita – MC). À luz da jurisprudência do STF, é constitucional a lei estadual que proíbe
publicidade dirigida às crianças nos estabelecimentos de educação básica.

Gabarito CERTO.
Lei estadual pode proibir publicidade dirigida às crianças nos estabelecimentos de educação básica.
É constitucional legislação estadual que proíbe toda e qualquer atividade de comunicação comercial
dirigida às crianças nos estabelecimentos de educação básica. STF. Plenário. ADI 5631/BA, Rel. Min.
Edson Fachin, julgado em 25/3/2021 (Info 1011).

94. (Questão inédita – MC). Na busca de garantir a observância do princípio da impessoalidade e


moralidade, restou vedado em nosso Ordenamento Jurídico Brasileiro a prática denominada de
Nepotismo. No tocante ao nepotismo, conforme a Jurisprudência, a nomeação da esposa do prefeito
como Secretária Municipal configura, por si só, nepotismo e ato de improbidade administrativa.

Gabarito ERRADO.
A nomeação do cônjuge de prefeito para o cargo de Secretário Municipal, por se tratar de cargo público
de natureza política, por si só, não caracteriza ato de improbidade administrativa.
STF. 2a Turma. Rcl 22339 AgR/SP, Rel. Min. Edson Fachin, red. p/ o ac. Min. Gilmar Mendes, julgado
em 4/9/2018 (Info 914).
Em regra, a proibição da SV 13 não se aplica para cargos públicos de natureza política, como, por
exemplo, Secretário Municipal.
Assim, a jurisprudência do STF, em regra, tem excepcionado a regra sumulada e garantido a
permanência de parentes de autoridades públicas em cargos políticos, sob o fundamento de que tal
prática não configura nepotismo.
Exceção: poderá ficar caracterizado o nepotismo mesmo em se tratando de cargo político caso
fique demonstrada a inequívoca falta de razoabilidade na nomeação por manifesta ausência de
qualificação técnica ou inidoneidade moral do nomeado.
STF. 1a Turma. Rcl 28024 AgR, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 29/05/2018.

95. (Questão inédita – MC). O crime de fraude à licitação é material e para a sua consumação é
imprescindível a comprovação do prejuízo ou da obtenção de vantagem.

Gabarito ERRADO. Trata-se do teor da Súmula 645 do STJ, aprovada recentemente.


Súmula 645-STJ: O crime de fraude à licitação é formal e sua consumação prescinde da comprovação
do prejuízo ou da obtenção de vantagem.

96. (Questão inédita – MC). Com o advento da Lei n. 13.964/2019, denominada de “Pacote Anticrime”, não
é mais possível que o juiz, de ofício, converta a prisão em flagrante em prisão preventiva, sendo
indispensável o requerimento.

Gabarito CERTO.
Depois da Lei no 13.964/2019 (Pacote Anticrime), não é mais possível que o juiz, de ofício, converta a
prisão em flagrante em prisão preventiva (é indispensável requerimento)
Não é possível a decretação “ex officio” de prisão preventiva em qualquer situação (em juízo ou no
curso de investigação penal), inclusive no contexto de audiência de custódia, sem que haja, mesmo na
hipótese da conversão a que se refere o art. 310, II, do CPP, prévia, necessária e indispensável
provocação do Ministério Público ou da autoridade policial.
A Lei no 13.964/2019, ao suprimir a expressão “de ofício” que constava do art. 282, § 2o, e do art. 311,
ambos do CPP, vedou, de forma absoluta, a decretação da prisão preventiva sem o prévio requerimento
das partes ou representação da autoridade policial.

57
Logo, não é mais possível, com base no ordenamento jurídico vigente, a atuação ‘ex officio’ do Juízo
processante em tema de privação cautelar da liberdade.
A interpretação do art. 310, II, do CPP deve ser realizada à luz do art. 282, § 2o e do art. 311, significando
que se tornou inviável, mesmo no contexto da audiência de custódia, a conversão, de ofício, da prisão
em flagrante de qualquer pessoa em prisão preventiva, sendo necessária, por isso mesmo, para tal efeito,
anterior e formal provocação do Ministério Público, da autoridade policial ou, quando for o caso, do
querelante ou do assistente do MP.
STJ. 5a Turma. HC 590.039/GO, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em 20/10/2020 (Info 682). STF. HC
188888/MG, Rel. Min. Celso de Mello, julgado em 6/10/2020 (Info 994).
Em sentido contrário temos a posição minoritária da 6a Turma do STJ, que deve ser superada em breve:
mesmo após as inovações trazidas pelo Pacote Anticrime (Lei n. 13.964/2019), não há ilegalidade na
conversão da prisão em flagrante em preventiva, de ofício, pelo magistrado (STJ. 6a Turma. HC
605.305-MG, Rel. Min. Nefi Cordeiro, Rel. Acd. Min. Antonio Saldanha Palheiro, julgado em
06/10/2020) (Info 682).

97. (Questão inédita – MC). À luz da Jurisprudência do STJ, a da irmã de vítima do crime de estupro de
vulnerável poderá responder por conduta omissiva imprópria se assumia o papel de garantidora.

Gabarito CERTO.
Caso concreto: “J” (30 anos) era casado com “M” (20 anos). “J” praticou, durante anos, estupro
de vulnerável contra a sua cunhada “L” (criança de 6 anos de idade). “L” era irmã de “M”. Os abusos
ocorriam nas vezes em que “L” ia visitar sua irmã. Certo dia, “M” descobriu que os estupros estavam
ocorrendo, mas, apesar disso, não tomou qualquer atitude para impedir que as condutas criminosas
continuassem. Ao contrário, continuou permitindo que a irmã fosse até a sua casa e que ficasse sozinha
na residência com o marido.
“M”, a irmã da vítima, deve responder pelo delito de estupro de vulnerável por omissão imprópria.
Para que uma pessoa responda por um crime omissivo impróprio é preciso que, na situação concreta, ela
tivesse o dever legal de agir e, mesmo assim, deixou de atuar, o que acabou auxiliando na produção do
resultado delituoso. Existem três hipóteses legais nas quais há esse dever de agir. Essas situações estão
previstas nas alíneas do § 2o do art. 13 do CP:
Art. 13 (...) § 2o A omissão é penalmente relevante quando o omitente devia e podia agir para evitar o
resultado. O dever de agir incumbe a quem:
a) tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou vigilância;
b) de outra forma, assumiu a responsabilidade de impedir o resultado;
c) com seu comportamento anterior, criou o risco da ocorrência do resultado.
Muito embora uma irmã mais velha não possa ser enquadrada na alínea “a” do art. 13, §2o, do CP, pois
o mero parentesco não torna penalmente responsável um irmão para com o outro, ela
pode, de acordo com o caso concreto, se amoldar à figura do “garantidor”, nos termos previstos nas duas
alíneas seguintes “b” e “c”.
No caso concreto, a acusada omitiu-se, durante anos, quanto aos abusos sexuais praticados pelo
seu marido, na residência do casal, contra sua irmã menor. Vale ressaltar que ela assumiu a
responsabilidade ao levar a criança para a sua casa sem a companhia da genitora e criou risco da
ocorrência do resultado ao não denunciar o agressor, mesmo ciente de suas condutas, bem como
ao continuar deixando a menina sozinha em casa.
STJ. 5a Turma. HC 603.195-PR, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em 06/10/2020 (Info 681).

DIREITO ADMINISTRATIVO

98. (Questão inédita – MC). A legitimidade das cláusulas exorbitantes nos contratos administrativos melhor
se justifica em razão da vigência do princípio da indisponibilidade do interesse público.

58
Gabarito ERRADO. Na realidade, as cláusulas exorbitantes nos contratos administrativos constituem
verdadeira manifestação de superioridade da Administração em relação contratado. Por essa razão, as
cláusulas exorbitantes nos contratos administrativos melhor se justificam em razão do princípio da
SUPREMACIA DO INTERESSE PÚBLICO sobre o privado.

99. (Questão inédita – MC). A supremacia do interesse público decorre de previsão expressa na Constituição
Federal.

Gabarito ERRADO. As Pedras de Toque do Direito Administrativo são os dois princípios basilares que
regem a atuação administrativa:
a) A supremacia do interesse público sobre o privado e;
b) a indisponibilidade do interesse público.

Ainda que sejam considerados os dois principais princípios regentes em matéria de Direito
Administrativo, estes não estão previstos expressamente na Constituição Federal, de modo que
foram criados e sedimentados no ordenamento jurídico por meio de longa contribuição doutrinária e
jurisprudencial.

Candidato, o que são as chamadas pedras de toque?


Excelência, segundo Celso Antônio Bandeira de Melo, há dois princípios, que são em verdade princípios
basilares, denominados por este de “pedras de toque” que rege a atuação administrativa: a supremacia
do interesse público sobre o privado e a indisponibilidade.
Pelo princípio da supremacia do interesse público sobre o privado, os interesses da sociedade devem
prevalecer sobre o privado, em virtude do referido princípio a CF prevê a possibilidade de
desapropriação, bem como, requisição administrativa, tudo na busca de alcançar o interesse da sociedade
em detrimento do interesse particular.
Por outro lado, o princípio da indisponibilidade do interesse público também está implícito na
Constituição Federal. Segundo Ricardo Alexandre, como a administração pública é mera gestora de bens
e interesses públicos, que em última análise pertencem ao povo, estes não se encontram à livre disposição
do administrador, devendo o agente público geri-los, curá-los, da forma que melhor atenda ao interesse
da coletividade. Com efeito, a Administração não pode abrir mão da busca incessante da satisfação do
interesse público primário (bem comum) nem da conservação do patrimônio público (interesse público
secundário).

Princípios basilares – “Pedras de Toque”


Princípio da Supremacia do Interesse Público Princípio da indisponibilidade do Interesse
sobre o privado. Público

100. (Questão inédita – MC). O conceito de interesse público primário está atrelado aos interesses individuais
do próprio Estado, exercido por meio das atividades-fim do Poder Público.

Gabarito ERRADO. A parte final da assertiva está correta, no entanto, a parte inicial possui correção
prejudicada. Conforme a doutrina amplamente majoritária, o interesse público primário, ou prioritário,
está relacionado à satisfação das necessidades COLETIVAS, que são realizadas por meio das
atividades-fim do Estado. O interesse público secundário, por sua vez, está atrelado às atividades
relacionadas ao PRÓPRIO ESTADO enquanto ente público, operacionalizadas mediante o exercício
das atividades-meio do Estado.
Atenção aos conceitos-chave trazidos pelo quadro abaixo:

INTERESSE PÚBLICO Necessidades COLETIVAS Atividades-fim


PRIMÁRIO

59
INTERESSE PÚBLICO Necessidades PRÓPRIAS do Atividades-meio.
SECUNDÁRIO Estado

101. Nos processos administrativos, cabe ao administrador público exercer atuação segundo os padrões éticos
de probidade, decoro e boa-fé. Assim o fazendo, ele estará cumprindo o princípio da:

A. legalidade.
B. impessoalidade.
C. moralidade.
D. publicidade.
E. eficiência.

Gabarito C, princípio da moralidade. Conforme leciona Matheus Carvalho (pág. 110, 2021)31, o
princípio da moralidade exige a honestidade, lealdade, boa-fé da conduta no exercício da função
administrativa, ou seja, não corrupta dos gestores públicos, ao tratar com a coisa de titularidade do
Estado.

102. (Questão Inédita – MC). Diante da jurisprudência sumulada do STJ, é correto afirmar que:

A administração pode anular seus próprios atos, quando eivados de vícios que os tornam ilegais, porque
deles não se originam direitos; ou revogá-los, por motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados
os direitos adquiridos, e ressalvada, em todos os casos, a apreciação judicial.

Gabarito CERTO. Trata-se do teor da súmula 473 do STJ. Nesse mesmo sentido, a súmula 346.
Súmulan. 346: Aadministraçãopúblicapodedeclararanulidadedeseusprópriosatos.
Súmula n. 473: A administração pode anular seus próprios atos, quando eivados de vícios que os tornam
ilegais, porque deles não se originam direitos; ou revogá-los, por motivo de conveniência ou
oportunidade, respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada, em todos os casos, a apreciação judicial.

103. (Questão Inédita – MC). A Constituição Federal em seu artigo 37, § 6º, define que as pessoas jurídicas
de Direito Público e as pessoas jurídicas de Direito Privado, em qualquer situação, deverão responder
pelos danos causados que seus agentes causarem a terceiros.

Gabarito ERRADO. As pessoas jurídicas de direito privado responderão de forma objetiva quando essas
forem prestadoras de serviços públicos. Assim, temos que a Constituição Federal em seu artigo 37, § 6º,
define que as pessoas jurídicas de Direito Público e as pessoas jurídicas de Direito Privado, quando
essas forem prestadoras de serviços públicos, deverão responder pelos danos causados que seus agentes
causarem a terceiros.

Art. 37. § 6º As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de serviços
públicos responderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado
o direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa.

Em RESUMO:

31
Carvalho, Matheus. Manual de direito administrativo / Matheus Carvalho - 9. ed. rev. ampl. e atual. Salvador: JusPODIVM,
2021.

60
Pessoa jurídica de
direito público
Agentes da
Responsabilidade
Civil do Estado quando
Pessoa jurídica de
prestadoras de
direito privado
SERVIÇO PÚBLICO

104. (Questão Inédita – MC). Sobre o tema Responsabilidade Civil do Estado e o entendimento dos Tribunais
Superiores, entende-se que a vítima de dano causado pelo Estado tem a opção de contra quem poderá
propor a respectiva indenização, leia-se, se diretamente do agente público responsável ou da entidade a
qual ele se encontra subordinado.

Gabarito ERRADO. O OJ brasileiro adotou a chamada teoria da dupla garantia.

A vítima somente poderá ajuizar a ação de indenização contra o Estado; se este for condenado,
poderá acionar o servidor que causou o dano em caso de dolo ou culpa; o ofendido não poderá
propor a demanda diretamente contra o agente público

A teor do disposto no art. 37, § 6º, da Constituição Federal, a ação por danos causados por agente público
deve ser ajuizada contra o Estado ou a pessoa jurídica de direito privado prestadora de serviço público,
sendo parte ilegítima para a ação o autor do ato, assegurado o direito de regresso contra o responsável
nos casos de dolo ou culpa. STF. Plenário. RE 1027633/SP, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em
14/8/2019 (repercussão geral) (Info 947).

105. (Questão Inédita – MC). À luz da Jurisprudência do STF, o Estado responde, objetivamente, pelos atos
dos tabeliães e registradores oficiais que, no exercício de suas funções, causem dano a terceiros,
assentado o dever de regresso contra o responsável, nos casos de dolo ou culpa, sob pena de improbidade
administrativa.

Gabarito CERTO.
O Estado responde, objetivamente, pelos atos dos tabeliães e registradores oficiais que, no exercício de
suas funções, causem dano a terceiros, assentado o dever de regresso contra o responsável, nos casos de
dolo ou culpa, sob pena de improbidade administrativa.
O Estado possui responsabilidade civil direta, primária e objetiva pelos danos que notários e oficiais de
registro, no exercício de serviço público por delegação, causem a terceiros.

STF. Plenário. RE 842846/RJ, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 27/2/2019 (repercussão geral) (Info 932).

106. (Questão inédita – MC). A técnica da desconcentração, pela qual atribuições são repartidas entre órgãos
públicos pertencentes a uma única pessoa jurídica, elimina a vinculação hierárquica entre esses.

Gabarito ERRADO. De fato, a técnica da desconcentração consiste na repartição de atribuições entre


órgãos públicos dentro da mesma pessoa jurídica. Entretanto, tal repartição mantém a vinculação
hierárquica. São exemplos de desconcentração a criação de Ministérios da União, as Secretarias
estaduais e municipais, a Receita Federal e os Tribunais.

61
Conforme leciona Ricardo Alexandre32, a desconcentração administrativa consiste na distribuição
interna de competências, no âmbito da mesma pessoa jurídica. Com efeito, na desconcentração
administrativa as atribuições são distribuídas entre os órgãos que integram a mesma instituição, no que
difere da descentralização administrativa, que pressupõe a distribuição de competência para outra
pessoa, física ou jurídica (entidade). A desconcentração administrativa se dá tanto na administração
direta quanto na administração indireta de todos os entes federativos. A desconcentração pressupõe a
existência de diversos órgãos, quer sejam órgãos da Administração Direta ou das pessoas jurídicas da
Administração Indireta, e como tais órgãos internamente estão dispostos segundo uma relação de
subordinação hierárquica, costuma-se afirmar que a desconcentração administrativa está relacionada
ao princípio da hierarquia.

107. (Questão inédita – MC). A criação de Ministérios e de Secretarias estaduais e municipais está
relacionada à técnica da descentralização administrativa.

Gabarito ERRADO. A técnica da descentralização pressupõe a distribuição de competências


administrativas a pessoas jurídicas autônomas. Por sua vez, esse conjunto de pessoas jurídicas criadas
pelo Estado compõe a chamada Administração Pública Indireta. Os Ministérios e Secretarias são
manifestações da desconcentração do Estado, pois são órgãos despersonalizados, hierarquicamente
subordinados a uma instância superior.

Para melhor compreensão da distinção dos dois fenômenos. Vejamos o quadro abaixo:

DESCONCENTRAÇÃO DESCENTRALIZAÇÃO
- Distribuição interna de competências entre - Transferência dos serviços públicos as pessoas
órgãos e agentes de uma mesma pessoa jurídica; jurídicas diversas.
- A prestação não é transferida para outra - A prestação é transferida para pessoa jurídica
entidade; diversa, sendo essa quem realiza a atividade;

- Não há criação de uma nova pessoa jurídica; - É criada uma nova pessoa jurídica diversa, que
possuirá autonomia; pressupõe a existência de
duas pessoas;
- Há manifestação do poder hierárquico. - Não há manifestação do poder hierárquico,
havendo apenas vinculação, em virtude do qual é
feito o chamado “controle finalístico”.
A desconcentração viabiliza a especialização da Transferência da atividade administrativa para
função dentro da sua estrutura estatal, sem que outra pessoa.
isso implique a criação de uma nova pessoa
jurídica. Criação de centros de competências
denominados de órgãos públicos.

108. As Sociedades de economia mista são pessoas jurídicas de direito privado, instituídas pelo Poder
Público, sob qualquer forma jurídica, para exploração de atividades de natureza econômica ou execução
de serviços públicos.

Gabarito ERRADO.
As sociedades de economia mista, apesar de serem pessoas jurídicas de direito privado, elas não podem
ser instituídas sob qualquer forma sociedade, mas apenas na forma de Sociedade Anônima.
Desse modo, temos que a Sociedade de Economia Mista só pode assumir a forma de sociedade anônima.
A empresa pública, por sua vez, pode assumir qualquer modalidade.

32
Alexandre, Ricardo Direito administrativo / Ricardo Alexandre, João de Deus. – 4. ed., rev., atual. e ampl. – Rio de
Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO, 2018.

62
109. As agências reguladoras - autarquias de regime especial com estabilidade e independência em relação
ao ente que as criou - são responsáveis pela regulamentação, pelo controle e pela fiscalização de serviços
públicos, atividades e bens transferidos ao setor privado.

Gabarito CERTO. A assertiva contempla de forma correta a definição da compreensão das agências
reguladoras. Em decorrência da incidência nas provas do tema, VAMOS REFORÇAR!

As agências reguladoras, espécies de Autarquia em Regime Especial, pessoa jurídica de direito público,
foram fruto da necessidade de fiscalização por parte da Administração Pública por ocasião do fenômeno
de privatizações, em que foram transferidos a esfera privada atividades que até então eram prestadas
diretamente pelo Estado. Nesse cenário, passou a ser necessário o exercício de uma regulamentação dos
serviços que foram transmitidos para o setor privado, na busca de se evitar o abuso na atuação dos
diversos agentes privados.

As agências reguladoras possuem estabilidade e independência em relação ao ente que as criou – são
responsáveis pela regulamentação, pelo controle e pela fiscalização dos serviços públicos, atividades e
bens transferidos ao setor privado.

Cumpre destacarmos que, as agências reguladoras são denominadas de Autarquias em Regime Especial
por possuírem maior autonomia se comparadas com as autarquias gerais, isso porque seus dirigentes são
nomeados pelo Presidente da República e após aprovação do Senado possuirão mandato fixo, de modo
que só perdem o cargo em virtude de renúncia, decisão judicial transitada em julgado ou de processo
administrativo disciplinar. Além disso, possuem poder normativo.

DIREITO CIVIL

110. Um homem de cinquenta anos de idade assassinou a tiros a esposa de trinta e oito anos de idade, na
manhã de uma quarta-feira. De acordo com a polícia, o homem chegou à casa do casal em uma
motocicleta, chamou a mulher ao portão e, quando ela saiu de casa, atirou nela com uma arma de fogo,
matando-a imediatamente. Em seguida, ele se matou no mesmo local, com um disparo da arma encostada
na própria têmpora.

Considerando a situação hipotética apresentada e os diversos aspectos a ela relacionados, julgue o item
a seguir.

O evento caracteriza um episódio de comoriência.

Gabarito ERRADO. No caso da questão, temos a situação da premoriência. A premoeriência é a morte


de uma pessoa, ocorrida anteriormente à de outra pessoa determinada, que lhe sobrevive.

É a precedência na morte, como, por exemplo: quando um casal sem descendentes e ascendentes falece
no mesmo evento. Se se demonstrar que o marido pré-morreu à esposa esta recolhe a herança daquele,
para a transmitir em seguida aos próprios herdeiros e vice-versa.

A comoriência, por sua vez, acontece quando não se sabendo quem morreu primeiro, presumem-se
simultâneos.

Art. 8°. Se dois ou mais indivíduos falecerem na mesma ocasião, não se podendo averiguar se algum
dos comorientes precedeu aos outros, presumir-se-ão simultaneamente mortos.

63
111. Amanda tem 15 anos de idade. Mateus, por deficiência mental, não tem o necessário discernimento para
a prática pessoal dos atos da vida civil. Tício é excepcional, sem desenvolvimento mental completo. De
acordo com o Código Civil e o Estatuto da Pessoa com Deficiência, considera(m)-se absolutamente
incapaz(es) de exercer, pessoalmente, os atos da vida civil:

A. Amanda e Mateus.
B. Amanda.
C. Mateus e Tício.
D. Mateus.

Gabarito B. No caso em tela, apenas Amanda é absolutamente incapaz de exercer, pessoalmente, os atos
da vida civil por ser menor de 16 anos.
Vejamos:
Art. 3°.São absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida civil os menores de 16
(dezesseis) anos. (Redação dada pela Lei nº 13.146, de 2015) (Vigência).

Após a alteração legislativa de 2015, temos uma única hipótese de incapacidade civil absoluta à o
menor de 16 anos.

Em RESUMO33:

ABSOLUTAMENTE INCAPAZES (art 3º, CC) RELATIVAMENTE INCAPAZES (art 4º, CC)
- Maiores de 16 e menores de 18 anos;
- ébrios habituais;
- Menores de 16 anos. - viciados em tóxico;
- aqueles que, por causa transitória ou permanente, não
puderem exprimir sua vontade;
- pródigos.
Representado Assistido
Bizu: RA (representa o absolutamente); AR (assiste o relativamente)

112. Fernando, atualmente, com 17 (dezessete) anos de idade, nasceu sem o movimento das pernas. Quanto
a personalidade e capacidade de Fernando, podemos afirmar possui incapacidade relativa apenas em
razão do critério etário.

Gabarito CERTO. Por ser menor de 18 anos, Fernando é incapaz relativamente.

Art. 4°. São incapazes, relativamente a certos atos ou à maneira de os exercer:


I - os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos;
II - os ébrios habituais e os viciados em tóxico; (Redação dada pela Lei nº 13.146, de 2015)
III - aqueles que, por causa transitória ou permanente, não puderem exprimir sua vontade;
IV - os pródigos.
Parágrafo único. A capacidade dos indígenas será regulada por legislação especial.

Por fim, cumpre destacarmos que a deficiência física de Fernando em nada prejudica a sua capacidade
civil.

ABSOLUTAMENTE INCAPAZES RELATIVAMENTE INCAPAZES


(art 3º, CC)34 (art 4º, CC)

33
Tabela extraída do LEGISLAÇÃO BIZURADA @ DeltaCaveira10.
34
Tabela extraída do LEGISLAÇÃO BIZURADA @ DeltaCaveira10.

64
- Maiores de 16 e menores de 18 anos;
- ébrios habituais;
- Menores de 16 anos. - viciados em tóxico;
- aqueles que, por causa transitória ou permanente,
não puderem exprimir sua vontade;
- pródigos.
Representado Assistido

113. Pela leitura dos enunciados normativos do Código Civil brasileiro, assinale a alternativa.

Com exceção dos casos previstos em lei, o exercício dos direitos de personalidade não pode sofrer,
voluntariamente, limitações, observada a característica da irrenunciabilidade de tais direitos.

Gabarito CERTO. Trata-se da regra prevista ao teor do art. 11 do CC.


Art. 11. Com exceção dos casos previstos em lei, os direitos da personalidade são intransmissíveis e
irrenunciáveis, não podendo o seu exercício sofrer limitação voluntária.

Intransmissíveis
Irrenunciáveis
Extrapatrimoniais
CARACTERÍSTICAS DOS DIREITOS DE Vitalícios
PERSONALIDADE35 Inatos
Absolutos
Indisponíveis
Imprescritíveis
Impenhoráveis

DIREITO CONSTITUCIONAL

114. (Questão Inédita – MC). O texto constitucional possui normas constitucionais de duas espécies, as
chamadas normas constitucionais originárias e normas constitucionais derivadas. No tocante as normas
constitucionais originárias, não podem ser objeto de controle de constitucionalidade.

Gabarito CERTO. As normas constitucionais derivadas possuem a mesma hierarquia das normas
constitucionais originárias e mesmo status normativo, contudo, as normas derivadas sujeitam-se ao
controle de constitucional, ao passo que, as normas constitucionais originárias não passam pelo
controle de constitucionalidade.

Nesse sentido, leciona Pedro Lenza (2020)36, “as normas constitucionais fruto do trabalho do poder
constituinte originário serão sempre constitucionais, não se podendo falar em controle de sua
constitucionalidade. Os aparentes conflitos devem ser harmonizados por meio da atividade
interpretativa, de forma sistêmica”.

Corroborando ao exposto ainda, ensina Nathália Masson (2020, pág. 1123), “”as normas constitucionais
derivadas (emendas constitucionais) podem ser declaradas inconstitucionais, caso haja desrespeito às

35
Tabela extraída do LEGISLAÇÃO BIZURADA @ DeltaCaveira10.
36
Direito Constitucional esquematizado / Pedro Lenza. – Coleção esquematizado / coordenador Pedro Lenza – 24. ed. – São
Paulo : Saraiva Educação, 2020.

65
regras inscritas no art. 60, CF/88. Por outro lado, vale destacar que a jurisprudência do STF
historicamente afastou tal concepção quanto às normas constitucionais originárias: eventuais
conflitos entre as normas originárias serão meramente aparentes (nunca reais) e sanados por meio da
tarefa hermenêutica (princípio da unidade da Constituição). Em razão disso, é inviável a declaração de
inconstitucionalidade de uma norma constitucional originária em face de outra”.

Lembre-se, não há que se falar em hierarquia entre as chamadas normas constitucionais originárias e
derivadas. Ambas são normas constitucionais.

115. (Questão Inédita – MC). Sobre a estrutura da Constituição, contemplamos que a Constituição pode ser
repartida, estruturalmente, em três partes, a saber: preâmbulo; parte permanente e ADCT.

A respeito da Estrutura da Constituição, assinale a alternativa a seguir:

O preâmbulo e a parte permanente podem ser objeto do controle de constitucionalidade. O ADCT, por
sua vez, em virtude do seu caráter de normas transitórias, não pode ser parâmetro do controle de
constitucionalidade.

Gabarito ERRADO. O preâmbulo que não pode ser parâmetro/objeto do controle de


constitucionalidade, ao passo que, as normas do ADCT estão sujeitas ao controle de
constitucionalidade.
- Preâmbulo à não pode ser parâmetro/objeto de controle de constitucionalidade. O preâmbulo não é
considerado norma constitucional (STF).
- Parte permanente à pode ser objeto/parâmetro do controle de constitucionalidade.
- ADCT à pode ser objeto/parâmetro do controle de constitucionalidade.

Em RESUMO:

Preâmbulo Parte Permanente ADCT


Conforme Flávio Martins, o Representa o texto Atos das disposições transitórias
preâmbulo é uma espécie de carta de constitucional/ parte – são normas de passagem da
intenções do constituinte originário. dogmática: antiga ordem jurídica para a
Expressa, em poucas palavras, quais Art. 1° ao 250 da CF. nova.
os objetivos mais relevantes e os
valores principais que norteiam o
novo texto constitucional.
NÃO pode ser parâmetro do controle Poder ser parâmetro do Poder parâmetro do controle de
de constitucionalidade controle de constitucionalidade
constitucionalidade

O STF, no julgamento da ADI 2.076, julgada em 2002, ADOTOU A TESE DA IRRELEVÂNCIA


JURÍDICA e decidiu que o preâmbulo não tem força normativa, sendo, portanto, mero vetor
interpretativo. Por tal motivo, o preâmbulo não serve de parâmetro para controle de constitucionalidade.

116. (Questão Inédita – MC). Sobre o tema classificação das constituições, é correto afirmamos que a
constituição pode ser classificada quanto a diversos critérios.

Quanto à forma, a constituição pode ser classificada como escrita ou não escrita.

Classifica-se como escrita, a Constituição formada por um conjunto de regras sistematizadas e


organizadas em um único documento, estabelecendo as normas fundamentais de um Estado. Por outro
lado, as constituições não escritas são aquelas não trazem as regras em um único texto solene e

66
codificado. É formada por “textos” esparsos, reconhecidos pela sociedade como fundamentais, e baseia-
se nos usos, costumes, jurisprudência, convenções37.

Gabarito CERTO. Conforme leciona Nathália Masson (2020, pág. 52/53):

Escrita é a Constituição na qual todos os dispositivos são escritos36 e estão inseridos de modo
sistemático em um único documento, de forma codificada —por isso se diz que sua fonte normativa é
única. A elaboração do texto pelo órgão constituinte se dá num momento único, “de um jato”, conforme
o magistério da doutrina.

Não escrita é aquela Constituição na qual as normas e princípios encontram-se em fontes normativas
diversas, todas de natureza constitucional e de mesmo patamar hierárquico, sem qualquer precedência
de uma sobre as demais. Contrariamente às Constituições escritas — onde todas as normas
constitucionais podem ser encontradas em um único documento — nas Constituições não escritas, em
razão de as fontes normativas constitucionais serem múltiplas, as normas constitucionais estão
esparsas e podem ser encontradas tanto nos costumes e na jurisprudência dos Tribunais, como nos
acordos, convenções e também nas leis.

117. (Questão Inédita – MC). Com relação ao tema Teoria da Constituição e a estrutura da constituição,
segundo o entendimento da Suprema Corte (STF), o preâmbulo não é considerado norma constitucional,
adotou-se a chamada teoria da irrelevância jurídica do preâmbulo.

Gabarito CERTO. Nesse sentido, leciona Nathália Masson (2020, pág. 1447), segundo a “tese da
irrelevância jurídica, o preâmbulo não participa das características jurídicas da Constituição,
situando-se no domínio da política ou da história, como mera diretriz (ou norte) interpretativo”.
Em não sendo e possuindo características de norma constitucional, não pode ser utilizado como
parâmetro do controle de constitucionalidade.

Quais as demais teorias/teses a respeito da natureza jurídica do preâmbulo?

Tese da plena relevância jurídica Tese da relevância jurídica relativa Tese da Irrelevância jurídica
O preâmbulo seria uma norma o preâmbulo não possui a O preâmbulo não participa das
como qualquer outra, ainda que mesma relevância das outras características jurídicas
não articulado (dividido em normas constitucionais, mas da Constituiçâo, situando-se no
artigos). participa das características domínio da política ou da
jurídicas da Constituição. história, como mera diretriz (ou
norte) interpretativo.

O STF, no julgamento da ADI 2.076, julgada em 2002, ADOTOU A TESE DA IRRELEVÂNCIA


JURÍDICA e decidiu que o preâmbulo não tem força normativa, sendo, portanto, mero vetor
interpretativo. Por tal motivo, o preâmbulo não serve de parâmetro para controle de constitucionalidade.

118. (Questão Inédita – MC). Sobre o tema classificação das constituições, é correto afirmamos que a
constituição pode ser classificada quanto a diversos critérios.

Quanto à origem, a constituição pode ser classificada como democrática, outorgada, cesarista ou
dualista. Considera-se cesarista a constituição que é constituída sem qualquer resquício da participação
popular, sendo imposta de forma unilateral pelo governador.

37
Conceito proposto pelo professor Pedro Lenza - Direito Constitucional esquematizado / Pedro Lenza. – Coleção
esquematizado / coordenador Pedro Lenza – 24. ed. – São Paulo : Saraiva Educação, 2020.

67
Gabarito ERRADO. A assertiva trouxe a definição de constituição outorgada. A constituição cesarista,
segundo José Afonso da Silva, “... não é propriamente outorgada, mas tampouco é democrática, ainda
que criada com participação popular”. E continua o mestre definindo-a como aquela “... formada por
plebiscito popular sobre um projeto elaborado por um Imperador (plebiscitos napoleônicos) ou um
Ditador (plebiscito de Pinochet, no Chile). A participação popular, nesses casos, não é democrática, pois
visa apenas ratificar a vontade do detentor do poder38.

Para melhor compreensão do tema, vejamos o QUADRO ESQUEMATIZADO abaixo:

Classificação da Constituição quanto à ORIGEM


Também chamada de democrática, votada ou popular, é aquela Constituição
fruto do trabalho de uma Assembleia Nacional Constituinte, eleita diretamente
Promulgada pelo povo, para, em nome dele, atuar, nascendo, portanto, da deliberação da
representação legítima popular. Há a participação popular no seu procedimento
de elaboração39.
É aquela não qual não há qualquer participação popular. Para o prof. Pedro
Outorgada Lenza (2020)40, é a Constituição imposta, de maneira unilateral, pelo agente
revolucionário (grupo, ou governante), que não recebeu do povo a legitimidade
para em nome dele atuar.
Conforme explica Nathália Masson (2020, pág. 47), similarmente à outorgada,
Cesarista a Constituição intitulada cesarista tem seu texto elaborado sem a participação
do povo. No entanto, e diferentemente daquela, para entrar em vigor dependerá
de aprovação popular que a ratifique depois de pronta.
Conforme explica Nathália Masson (2020, pág. 48), também intituladas
pactuadas, as Constituições dualistas —absolutamente antiquadas em face do
Dualista constitucionalismo contemporâneo —são formadas por textos constitucionais
que nascem do instável compromisso (ou pacto) entre forças opositoras, no caso
entre o monarca e o Poder Legislativo (representação popular), de forma que o
texto constitucional se constitua alicerçado simultaneamente em dois princípios
antagônicos: o monárquico e o democrático.

119. (Questão Inédita – MC). No tocante ao tema poder constituinte e suas diversas espécies, análise o item
a seguir.

Quanto às dimensões, o poder constituinte originário pode ser considerado material ou formal. O poder
constituinte material é o poder responsável por delimitar os valores que serão observados na
Constituição, encontra-se atrelado a ideia do conteúdo de uma nova Constituição, sendo ele posterior ao
poder constituinte formal. O poder constituinte formal, por sua vez, é aquele que formaliza a criação em
si da norma jurídica.

Gabarito ERRADO. O único equívoco da questão reside no fato de mencionar o poder material como
sendo POSTERIOR ao formal. Em verdade, o poder constituinte na dimensão material É ANTERIOR
AO FORMAL.

38
Direito Constitucional esquematizado / Pedro Lenza. – Coleção esquematizado / coordenador Pedro Lenza – 24. ed. – São
Paulo : Saraiva Educação, 2020.
39
Direito Constitucional esquematizado / Pedro Lenza. – Coleção esquematizado / coordenador Pedro Lenza – 24. ed. – São
Paulo : Saraiva Educação, 2020.
40
Direito Constitucional esquematizado / Pedro Lenza. – Coleção esquematizado / coordenador Pedro Lenza – 24. ed. – São
Paulo : Saraiva Educação, 2020.

68
Corroborando ao exposto, explica Pedro Lenza (2021), poder constituinte formal: é o ato de criação
propriamente dito e que atribui a “roupagem” com status constitucional a um “complexo normativo”;
material: é o lado substancial do poder constituinte originário, qualificando o direito constitucional
formal com o status de norma constitucional. Assim, será o orientador da atividade do constituinte
originário formal que, por sua vez, será o responsável pela “roupagem” constitucional. O material diz o
que é constitucional; o formal materializa e sedimenta como constituição. O material precede o formal,
estando ambos interligados.

120. (Questão Inédita – MC). A respeito da teoria do poder constituinte e suas características, o poder
constituinte originário é classificado como um poder inicial, ilimitado, condicionado e autônomo.

Gabarito ERRADO. O poder constituinte é INCONDICIONADO. São características do constituinte


originário o fato dele ser INICIAL, ILIMITADO, INCONDICIONADO e AUTÔNOMO.

Conforme leciona Nathália Masson (2020), o poder constituinte originário inaugura uma nova ordem
jurídica, sendo assim considerado INICIAL. É ilimitado do ponto de vista jurídico, pois não se limita
pela ordem jurídica precedente. Além disso, o poder constituinte originário é INCONDICIONADO pois
não se submete a qualquer regra ou procedimento pré-fixado no ordenamento jurídico que o antecede.

Nessa esteira, leciona Pedro Lenza (2021):


a) inicial, pois instaura uma nova ordem jurídica, rompendo, por completo, com a ordem jurídica
anterior;
b) autônomo, visto que a estruturação da nova constituição será determinada, autonomamente, por quem
exerce o poder constituinte originário;
c) ilimitado juridicamente, no sentido de que não tem de respeitar os limites postos pelo direito anterior,
com as ressalvas a seguir indicadas e que passam a ser uma tendência para os concursos públicos;
d) incondicionado e soberano na tomada de suas decisões, porque não tem de submeter-se a qualquer
forma prefixada de manifestação;
e) permanente, já que o poder constituinte originário não se esgota com a edição da nova Constituição,
sobrevivendo a ela e fora dela como forma e expressão da liberdade humana, em verdadeira ideia de
subsistência.

Em RESUMO41:

A Constituição é a base do ordenamento jurídico. Dá início a uma nova


Inicial ordem constitucional e, simultaneamente, desconstitui (revoga) a ordem
pretérita. Inaugura juridicamente um novo Estado.
É capaz de definir o conteúdo que será implantado na nova Constituição,
Autonômo bem como sua estrutura e os termos de seu estabelecimento. Independe de
quaisquer fatores jurídicos ou políticos externos ao exercente do poder. Tem
Características do
a plena capacidade de definir o conteúdo que será implementado na nova
Poder Constituinte
Constituição.
Originário
Ilimitado Não se submete à limitações jurídicas prévias.
Juridicamente Obs.: há limites naturais ao PCO!
Não se submete a qualquer regra ou procedimento formal pré-fixado pelo
Incondicionado
ordenamento jurídico que o precede.
Não se esgota quando da conclusão da constituição; ele permanece em
Pemanente situação de latência, sendo ativado o momento constituinte de necessária
ruptura com a ondem estabelecida se apresentar novamente.

41
Tabela extraída do material Legislação Bizurada @deltacaveira.

69

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