Interação Gênica e Pleiotropia

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Biologia

Interação gênica e pleiotropia

Objetivos
Compreender os diferentes tipos de interação gênica: genes complementares, epistasia e herança
quantitativa. Além disso, entender a pleiotropia como o inverso de interação gênica.

Se liga
Para essa aula, você deve relembrar as leis de Mendel.

Curiosidade
Pleiotropia e interação gênica são eventos opostos.

Teoria

De acordo com as leis de Mendel, cada par de alelos determina uma característica. A interação gênica, no
entanto, trata-se de um caso de segunda lei de Mendel, e o que se observa é que dois ou mais pares interagem
juntos para a expressão de uma única característica. Já na pleiotropia, ocorre o oposto, e um único par
determina diversas características.

A cor da pele é uma característica determinada por interação gênica.

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Genes complementares (herança qualitativa)

A crista das galinhas é determinada por uma herança qualitativa. Ilustração por Rebeca Khouri.

Nos genes complementares, diversos genes não alelos interagem juntos para expressar uma única
característica qualitativa – sendo, por isso, também chamada de herança qualitativa. No caso da crista das
galinhas, os genes R e E determinam diferentes formas de crista, de acordo com as combinações de alelos
possíveis.

Epistasia
A epistasia é uma herança na qual um gene é capaz de inibir outro que não seja seu alelo. Por exemplo, em
labradores, se o par B_ determina pelagem preta e bb determina chocolate, o alelo epistático ee pode
determinar cor dourada, inibindo a expressão de B/b. Este é um caso de epistasia recessiva, já que o alelo
epistático é o recessivo. Quando o par com o alelo dominante inibir o outro gene, chamamos de epistasia
dominante, como observamos nas penas das galinhas.

Genótipos e fenótipos de um caso de epistasia na coloração das penas de galinhas.

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Genótipos e fenótipos de um caso de epistasia na pelagem de cães labradores.

Herança quantitativa

Tabela com os fenótipos da cor da pele humana, um caso de herança quantitativa.

A herança quantitativa ocorre quando genes não alelos agem de maneira aditiva para a expressão de uma
característica. Não mais há uma relação de dominância, e sim uma relação de genes aditivos (representados
por letras maiúsculas) e genes não aditivos (letras minúsculas). Na cor da pele, por exemplo, cada aditivo
determina a produção de mais melanina; então, quanto mais genes aditivos, mais escura a pele.
Para este tipo de herança, quando temos um cruzamento entre heterozigotos, pode-se utilizar o triângulo de
Pascal, para determinação das proporções dos fenótipos. Veja, por exemplo, o cruzamento entre dois
indivíduos com pele morena média AaBb x AaBb. Como são quatro genes aditivos possíveis, observa-se as
proporções presentes na linha 4 do triângulo, como indicado abaixo:

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PROPORÇÃO DOS FENÓTIPOS:


Negro: 1/16
Moreno escuro: 4/16
Moreno médio: 6/16
Moreno claro: 4/16
Branco: 1/16
1:4:6:4:1
Triângulo de Pascal, que pode ser utilizado em casos de herança quantitativa, para determinação da proporção de fenótipos.

A soma da linha é equivalente à proporção total, enquanto cada número será a proporção de determinado
fenótipo, como está indicado no quadro acima.

Pleiotropia
Na pleiotropia, ocorre o oposto da interação gênica, e um único par de alelos determina várias características,
como é o caso da anemia falciforme. Na anemia falciforme, há alteração de um único aminoácido, que resulta
em uma mudança no formato da hemácia – que, de disco bicôncavo, passa a ter formato de foice.
Quando o indivíduo apresenta apenas um alelo para anemia falciforme (Aa), ele apresenta traço falcêmico,
ou seja, metade de suas hemácias são normais e metade das hemácias são falciformes. Se o indivíduo
apresenta ambos os alelos, ele terá anemia falciforme, e todas as suas hemácias terão o formato de foice.
Essa hemácia tem maior dificuldade de carregar oxigênio e tendência de se agrupar formando coágulos,
aumentando risco cardíaco. Além disso, são hemácias imunes a malária, doença cujo parasita destrói as
hemácias. Sendo assim, pessoas com traço falcêmico são positivamente selecionadas em áreas cuja malária
é endêmica. A fenilcetonúria também é um caso de pleiotropia, no qual o par de alelos ff determina as
características como retardo mental, problema de pele e fenilalanina na urina, todas expressas no mesmo
momento.

Genótipo da fenilcetonúria e suas diferentes características.

Um terceiro exemplo de pleiotropia é a cor das cebolas, que pode ser vermelha ou branca. Porém o vermelho,
determinado por um par de genes recessivos, determina não só a cor, como também a produção de uma
substância que confere resistência a fungos.

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Obs: O termo “mulato” e “mulata” são recorrentes em questões de genética. Existem duas possíveis origens
para essa palavra: uma origem árabe, derivada de “mowallad”, que significa mestiço (quando nascia um filho
de um árabe com um não árabe). Já pela origem latina, a palavra “mulato” é derivada de “mulus”, que significa
mula. A associação da palavra “mulato” com a raiz latina traz um sentido pejorativo, se referindo a pessoas
com tons de pele mais escuros como animais e mão de obra barata, remetendo também aos tempos de
escravidão.
A origem da palavra no vocabulário brasileiro não é certa e pode gerar muitas discussões. Como a bibliografia
utilizada para se referir aos tons de pele na Herança Quantitativa e questões de vários vestibulares utilizam o
termo “mulato” e “mulata”, mantemos estes termos no material. Porém destacamos a importância de
entender o significado associado às palavras e os incômodos que eles podem gerar, tentando sempre evitar
e não utilizar termos que ofendam a qualquer grupo.

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Exercícios de fixação

1. Em uma interação gênica epistática, o gene que é inibido recebe a denominação de:
a) epistático;
b) recessivo;
c) dominante;
d) hipostático.

2. Uma interação gênica é denominada de não epistática quando:


a) um alelo impede a expressão de outro;
b) ocorre a interação entre genes, mas não há impedimento na expressão de outro;
c) ocorre a interação entre genes, e apenas um é expresso;
d) um alelo condiciona a ação de outro.

3. Sobre a interação gênica, marque a alternativa incorreta:


a) Na interação gênica, dois ou mais genes interagem para determinar uma característica.
b) Para que ocorra interação gênica, é necessário que os genes estejam em um mesmo cromossomo.
c) Casos de interação gênica normalmente não obedecem às leis de Mendel.
d) A epistasia é um tipo de interação gênica.

4. É um fenômeno inverso ao da pleiotropia:


a) Interação gênica;
b) Epistasia;
c) Criptoméria;
d) Polialelia.

5. Pares de genes com segregação independente podem agir conjuntamente na determinação de uma
mesma característica fenotípica. Este fenômeno é conhecido como:
a) Interação gênica;
b) Epistasia;
c) Herança quantitativa;
d) Poligenia.

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Exercícios de vestibulares

1. Sabe-se que, de uma maneira geral, cada par de genes alelos determina uma única característica, porém
há casos em que um mesmo par de genes, sob determinadas condições ambientais, determina dois ou
mais caracteres. Este fenômeno é conhecido como:
a) Epistasia;
b) Genes aditivos;
c) Interação gênica;
d) Pleiotropia;
e) Genes quantitativos.

2. Sabe-se que determinada característica é condicionada pela interação de dois pares de alelos, que se
segregam independentemente, e que a proporção fenotípica de 12:3:1 foi obtida a partir do cruzamento
entre duplo-heterozigotos. O tipo de interação gênica que determina tal frequência fenotípica é
a) Epistasia dominante.
b) Epistasia recessiva.
c) Interação dominante e recessiva.
d) Genes duplos dominantes.
e) Genes duplos recessivos.

3. Na moranga, a cor dos frutos deve-se às seguintes combinações de genes:


B_aa = amarelo;
B_A_ = branco;
bbA_ = branco;
bbaa = verde.
Estas informações permitem concluir que o gene:
a) A é epistático sobre seu alelo;
b) B é epistático sobre A e sobre a;
c) a é hipostático em relação a A;
d) b é hipostático em relação a B;
e) A é epistático sobre B e sobre b.

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4. Epistasia é o fenômeno em que um gene (chamado epistático) inibe a ação de outro que não é seu alelo
(chamado hipostático). Em ratos, o alelo dominante B determina cor de pelo acinzentada, enquanto
o genótipo homozigoto bb define cor preta. Em outro cromossomo, um segundo lócus afeta uma etapa
inicial na formação dos pigmentos dos pelos. O alelo dominante A nesse lócus possibilita
o desenvolvimento normal da cor (como definido pelos genótipos B_ ou bb), mas o genótipo aa
bloqueia toda a produção de pigmentos, e o rato torna-se albino. Considerando os descendentes do
cruzamento de dois ratos, ambos com genótipo AaBb, os filhotes de cor preta poderão apresentar
genótipos:
a) Aabb e AAbb;
b) Aabb e aabb;
c) AAbb e aabb;
d) AABB e Aabb;
e) AaBb e aaBB.

5. Num determinado vegetal, a dimensão do pé da planta varia entre 100 cm e 200 cm de altura. Os tipos
intermediários têm variações constantes de 10 cm. Sabendo-se que se trata de um caso de herança
quantitativa, pergunta-se: quantos pares de genes estão envolvidos nessa herança?
a) 12.
b) 11.
c) 10.
d) 5.
e) 4.

6. Em cebolas, dois pares de genes que apresentam segregação independente participam na


determinação da cor do bulbo: o alelo dominante I impede a manifestação de cor e o recessivo i permite
a expressão; o alelo dominante A determina cor vermelha e o recessivo a, cor amarela. Uma proporção
de 2 incolores:1 vermelho:1 amarelo é esperada entre os descendentes do cruzamento
a) IIAA x IiAa.
b) IiAA x iiAa.
c) IIaa x ii aa.
d) IiAa x IiAa.
e) IiAa x iiaa.

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7. Em uma espécie de mamíferos, a cor da pelagem é influenciada por dois genes não ligados. Animais
AA ou Aa são marrons ou pretos, dependendo do genótipo do segundo gene. Animais com genótipo aa
são albinos, pois toda a produção de pigmentos está bloqueada, independentemente do genótipo do
segundo gene. No segundo gene, o alelo B (preto) é dominante com relação ao alelo b (marrom). Um
cruzamento entre animais AaBb irá gerar a seguinte proporção de prole quanto à cor da pelagem:
a) 9 pretos – 3 marrons – 4 albinos;
b) 9 pretos – 4 marrons – 3 albinos;
c) 3 pretos – 1 albino;
d) 1 preto – 2 marrons – 1 albino;
e) 3 pretos – 1 marrom.

8. A cor da pelagem em cavalos depende, dentre outros fatores, da ação de dois pares de genes, Bb e Ww.
O gene B determina pelos pretos e o seu alelo b determina pelos marrons. O gene dominante W “inibe”
a manifestação da cor, fazendo com que o pelo fique branco, enquanto o alelo recessivo w permite a
manifestação da cor. Cruzando-se indivíduos heterozigotos para os dois pares de genes, obtém-se:
a) 3 brancos:1 preto;
b) 9 brancos:3 pretos:3 mesclados de marrom e preto:1 branco;
c) 1 preto:2 brancos:1 marrom;
d) 12 brancos:3 pretos:1 marrom;
e) 3 pretos:1 marrom.

9. Em camundongos, a coloração da pelagem é determinada por dois pares de genes, Aa e Cc, com
segregação independente. O gene A determina coloração aguti e é dominante sobre seu alelo a, que
condiciona coloração preta. O gene C determina a produção de pigmentos e é dominante sobre seu
alelo c, que inibe a formação de pigmentos, dando origem a indivíduos albinos. Do cruzamento de um
camundongo preto com um albino, foram obtidos apenas descendentes agutis. Qual é o genótipo desse
casal?
a) aaCC x aacc.
b) Aacc x aaCc.
c) aaCc x AAcc.
d) AaCc x AaCc.
e) aaCC x Aacc.

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10. Certas raças de galinhas apresentam, quanto à forma de crista, quatro fenótipos diferentes: crista tipo
“ervilha”, tipo “rosa”, tipo “noz” e tipo “simples”. Esses tipos são determinados por dois pares de alelos
com dominância: E para o tipo “ervilha” e R para o tipo “rosa”. A presença no mesmo indivíduo de um
alelo dominante de cada par produz o tipo “noz”. A forma duplo-recessiva origina a crista “simples”.
Uma ave de crista “noz” foi cruzada com uma de crista “rosa”, originando em F1: 3/8 dos descendentes
com crista “noz”, 3/8 com crista “rosa”, 1/8 com crista “ervilha” e 1/8 com crista “simples”. Quais os
genótipos paternos, com relação ao tipo de crista?
a) RrEE x Rree.
b) RrEe x Rree.
c) RREe x Rree.
d) Rree x Rree.
e) RREE x RRee.

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Gabaritos

Exercícios de fixação

1. D
O gene inibidor é chamado de epistático e o inibido é chamado de hipostático.

2. B
Nas interações não epistáticas, a interação entre os genes ocorre, mas em nenhum momento um gene
impede a expressão de outro. Quando a expressão é impedida, temos um caso de interação epistática.

3. B
Nos casos de interação gênica, nem sempre os genes estão localizados no mesmo cromossomo.

4. A
A interação gênica é o oposto da pleiotropia.

5. A
O fenômeno descrito é a interação gênica.

Exercícios de vestibulares

1. D
A pleiotropia ocorre quando um único par de alelos é responsável por determinar duas ou mais
características.

2. A
Essa proporção é encontrada na epistasia dominante, visto que o cruzamento de duplos heterozigotos
dará a proporção de 3/4 com a inibição (12) e 1/4 sem a inibição (3:1).

3. E
Quando há a presença do gene “A”, a cor fica branca, independentemente de quais alelos formam o gene
B. Assim, A é epistático sobre B e b.

4. A
A_ – cor normal.
aa – inibe cor.
B_ – cinza.
bb – preto.
Num cruzamento AaBb x AaBb, os ratos pretos devem ter A_bb. Assim, Aabb ou AAbb. (“A” para presença
de cor e “bb” para esta cor ser preta)

5. D
Observamos 11 fenótipos (com as variações de altura: 100, 110, 120, 130, 140, 150, 160, 170, 180, 190 e
200).
Sabendo que o número de genes = número de fenótipos – 1, então o número de genes vai ser 10.
Pensando em pares de genes alelos, sabemos que serão cinco pares de genes.

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6. E
Alelo dominante “I” é epistático.
Dominante (A_) – vermelha.
Recessivo (aa) – amarela.
Se gerou descendentes incolores, há a presença do gene epistático em pelo menos um dos parentais.
Esse raciocínio também é feito para a cor vermelha. Assim, pode-se excluir a letra C. Para ter
descendentes amarelos, o pai e a mãe devem possuir pelo menos um alelo recessivo. Isso exclui as
alternativas A e B. Pela proporção, 2:1:1, o cruzamento é o da letra E: IiAi, Iiaa, iiAa, iiaa.

7. A
AA e Aa – marrons ou pretos.
aa – albinos.
BB ou Bb – pretos.
bb – marrons.
Ao cruzar AaBb x AaBb, teremos nove pretos (A_B_), três marrons (A_bb), e quatro albinos (três com
genótipo aaB_ e um com genótipo aabb).

8. D
Para o cruzamento da questão, BbWw x BbWw, vamos pensar inicialmente no gene epistático.
Ww x Ww → 3/4 serão brancos e 1/4 apresentará cor. Em relação ao gene da cor, teremos 3/4 dos
indivíduos pretos e 1/4 dos indivíduos marrons. Na letra D, de um total de 16 indivíduos, 3/4 (12) dos
indivíduos não tem cor, e do quarto restante (4), 3/4 (3) são pretos e 1/4 (1) são marrons.

9. E
A_ – aguti.
Aa – preta.
C_ – cor.
cc – albino.
preto – aa C_.
albino – _ _ cc.
Como originaram apenas agutis (A_C_), o camundongo preto deve ser aaCC e o albino AAcc.

10. B
De acordo com o enunciado, temos:
R_E_ – noz;
rree – simples;
rrE_ – ervilha;
R_ee – rosa.
Se originou descendentes com crista simples (rree), obrigatoriamente os pais devem ter “r” e “e”. Gerando
descendentes noz (R_E_), conclui-se que um deles, no mínimo, apresenta um alelo dominante. Por fim,
pela proporção 3:3:1:1, mais rosas do que ervilhas foram geradas, fazendo com que se tenha “R” tanto
na mãe como no pai.

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