Coleta Seletiva de Óleo Residual de Fritura para Ap
Coleta Seletiva de Óleo Residual de Fritura para Ap
Coleta Seletiva de Óleo Residual de Fritura para Ap
APROVEITAMENTO INDUSTRIAL
Resumo: O consumo de alimentos fritos tem aumentado nos últimos anos, pois as pessoas
dispõem de menos tempo para preparar seus alimentos e o processo de fritura é uma
alternativa rápida. Com isso, tem gerado grande quantidade de óleos residuais de fritura. Este
trabalho tem como objetivo, demonstrar a viabilidade sócio-ambiental e econômica, da coleta
seletiva de óleos residuais de fritura para a reciclagem. Também demonstra os prejuízos que o
seu descarte incorreto provoca ao meio ambiente. Para este estudo, foram estabelecidos
instrumentos de pesquisa como livros, jornais, artigos, internet e entrevistas. De acordo com
os resultados obtidos, observou-se que o total médio de descarte de óleo e gordura de acordo
com a quantidade de estabelecimentos (restaurantes, bares, lanchonetes e residências)
existentes em Goiânia foi de 2.601.928,2 L/mês. Evidências mostraram que 40% dos
moradores da cidade, armazenam o óleo em sacos plásticos e depositam no lixo que vai para o
aterro sanitário de Goiânia, 20% descartam o óleo no ralo da pia da cozinha e 40% não
responderam. 70% responderam que participariam de um programa de coleta seletiva de óleo
comestível usado. Conclui-se que a coleta seletiva além de transformar o óleo/gordura
residual em matéria-prima para aproveitamento industrial, irá contribuir para a economia dos
recursos naturais e a minimização de impactos ambientais.
Abstract: The consumption of fried foods has increased in recent years, as people have less
time to prepare their food and the process of frying is a fast alternative. This has generated
large amount of residual oils from frying. This work has as objective to demonstrate the
feasibility environmental and socio-economic, selective collection of waste oil for recycling
frying. It also demonstrates the damage that their disposal wrong leads to the environment.
For this study, were established as tools to search books, newspapers, articles, interviews and
Internet. According to the results, it was observed that the average full disposal of oil and fat
according to the number of establishments (restaurants, bars, cafeterias and homes) exist in
Goiania was 2.601.928,2 L / month. Evidence showed that 40% of the residents of the city,
store the oil in plastic bags and deposit it in the trash to the landfill vai of Goiania, 20%
descartam the oil in the understory of the kitchen sink and 40% did not respond. 70% replied
that part of a programme of selective collection of edible oil used. It appears that the selective
collection in addition to making the oil / fat waste of raw materials for industrial use, will
contribute to the economy of natural resources and minimizing environmental impacts.
1. INTRODUÇÃO
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Há rios de certas regiões que ainda hoje recebem todo o esgoto do município sem
o devido tratamento (PARAÍSO, 2008). Este efluente, agregado com o descarte do óleo
residual, acarretará prejuízos irreversíveis ao meio ambiente.
A diretora do curso de gestão ambiental da Universidade Potiguar - UnP, Vilma
Maciel, destaca que o óleo derramado nos rios e estações de tratamento compromete a
qualidade da água. Ele diminui a oxigenação e iluminação dos rios, prejudicando a vida
naquele habitat (DIÁRIO DE NATAL, 2007).
Há pessoas que aconselham colocar o resíduo dentro de uma garrafa PET e jogar
no lixo, porém essa não é a solução ideal, já que o óleo pode vazar, contaminando o solo e as
águas subterrâneas (ATITUDE VERDE, 2008).
A Prefeitura de Diadema, desde 17 de fevereiro de 2004, lançou uma proposta que
incentiva a população a não jogar óleo vegetal usado em pias, vasos sanitários ou na rua.
(RECICLOTECA, 2008)
O óleo descartado no ralo da pia da cozinha, além de causar mau cheiro, aumenta
consideravelmente as dificuldades referentes ao tratamento de esgoto. Este óleo descartado
acaba chegando aos rios e até mesmo ao oceano, através das tubulações. A presença do óleo
na água é facilmente perceptível. Por ser mais leve e menos denso que a água ele flutua, não
se misturando, permanecendo na superfície. Cria-se assim uma barreira que dificulta a entrada
de luz e bloqueia a oxigenação da água. Esse fato pode comprometer a base da cadeia
alimentar aquática (fitoplânctons), causando um desequilíbrio ambiental, comprometendo a
vida (PARAÍSO, 2008).
O lançamento de gordura na rede de esgoto acaba provocando a incrustação nas
paredes da tubulação e a conseqüente obstrução das redes, causando sérios prejuízos. Já o
descarte do óleo no solo, pode causar a sua impermeabilização, deixando-o poluído e
impróprio para uso (PARAÍSO, 2008). Também não é recomendável separar o óleo em
frascos ou garrafas PET, descartando-o na lixeira, uma vez que com esse destino final
impróprio, ocorrerá a infiltração e contaminação do lençol freático.
O esquema típico de um aterro é a compactação do lixo, principalmente se o
aterro não possuir um sistema que impeça a infiltração do óleo nos taludes, como por
exemplo, uma geomembrana (Polietileno de alta densidade que promove a cobertura de uma
área no solo impedindo o vazamento ou infiltração de efluentes). O lençol freático deste local
estará comprometido pela contaminação oriunda dos despejos domésticos.
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Os órgãos municipais recebem cerca de 600 chamados por mês para desobstruir
esgotos entupidos por óleo ou gordura. O óleo também chega a atingir córregos e parte de
represas, o que pode representar a impermeabilização do solo e das margens dos rios
(RECICLOTECA, 2008).
Muitos estabelecimentos comerciais (restaurantes, bares, pastelarias, hotéis,...) e
residências depositam o óleo de cozinha usado diretamente na rede de esgoto, com
conseqüente entupimento e mau funcionamento das estações de tratamento.
Para retirar o óleo e desentupir os encanamentos são empregados produtos químicos tóxicos,
com efeitos negativos sobre o ambiente (MUNDO VERTICAL, 2008). Veja, nas figuras 1 e
2, alguns efeitos dos descartes incorretos de óleos residuais:
Figura 1: Rede de esgoto obstruída em Figura 2: Camada de gordura que irá impregnar
conseqüência do material gorduroso a parede da tubulação.
Fonte: (WESTPAC, 2008). Fonte: WESTPAC (2008)
DESCARTE de óleo de
cozinha, usado no ralo da pia,
direto na rede de esgoto.
ENTUPIMENTO da rede,
prejudicial ao funcionamento das
estações de tratamento de esgoto.
Para retirar o óleo, são necessários
produtos químicos altamente tóxicos
o que cria uma cadeia perniciosa.
Figura 4: Padrão de cores dos contâiners para programas de coleta seletiva estabelecido pela
Resolução do CONAMA
Fonte: UNIÁGUA (2008)
podem ser reciclados e os exemplos mais comuns são o papel, o vidro, o metal e o plástico.
As maiores vantagens da reciclagem são a minimização da utilização de fontes naturais,
muitas vezes não renováveis; e a minimização da quantidade de resíduos que necessita
tratamento final, como aterramento, ou incineração (WIKIPEDIA, 2008).
A simbologia de identificação de depósito de lixo é mostrada na figura 5, portanto
a figura nos define o local de depósito do lixo, para que o mesmo não seja jogado em vias
urbanas. Porém, pesquisadores alertam que a população em geral deve prestar atenção no tipo
de lixo que ela deposita, se o material descartado for reciclável, mesmo que este material seja
apenas um e ocasione um pequeno efeito no meio ambiente, se somada a outras unidades
descartadas anualmente no Brasil, irão provocar um impacto significativo (UNIÁGUA, 2008).
No entanto, deve-se ter um destino alternativo aos aterros e lixões para os materiais possíveis
de serem reciclados.
Lixo
O óleo de fritura usado é um deles, depois de reciclado, pode ser utilizado como
matéria-prima na produção de resina para tintas, sabão, detergente, amaciante, sabonete,
glicerina, ração para animais, biodiesel, lubrificante para carros e máquinas agrícolas e outros.
(PORTO ALEGRE, 2008). Mas a alternativa de reaproveitamento do óleo para fazer sabão
tem sido considerada a mais simples produção tecnológica de reciclagem fazendo com que
haja um ciclo de vida desse produto.
Entre as tantas vantagens do sabão produzido a partir do óleo de cozinha, está a
economia de água. A professora de bio-química da Universidade Potiguar- UnP Ana Catarina
explica que o sabão de óleo reciclado produz menos espuma. Com isso o gasto de água é
menor. ‘‘É preciso desmistificar com a idéia de que esse sabão não limpa ou então deixa as
coisas oleosas. Eu uso em casa e não vejo desvantagem’’, cita. O grande benefício, segundo
ela, é na limpeza de grandes áreas, como terraços e varandas, pois a baixa produção de
espuma exige menor desperdício de água para enxaguar o local (DIÁRIO DE NATAL, 2007).
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De acordo com uma antiga lenda romana, a palavra saponificação tem a sua
origem no Monte Sapo, onde eram realizados sacrifícios de animais. A chuva levava uma
mistura de gordura animal derretida, com cinzas e barro para as margens do Rio Tibre. Essa
mistura resultava numa borra (sabão). As mulheres descobriram que usando essa borra, as
suas roupas ficavam mais limpas. Os romanos passaram a chamar essa mistura de sabão e à
reação de obtenção do sabão de saponificação (MUNDO VERTICAL, 2008).
A cerca de 2800 a.C., um material parecido com sabão foi encontrado em
cilindros de barro durante escavações na antiga Babilônia. As inscrições revelam que os
habitantes ferviam gordura juntamente com cinzas, mas não mencionam para que o "sabão"
era usado (ARTEBLOG, 2008).
De acordo com Arteblog, o uso farmacêutico do sabão encontra-se descrito no
Ébers Papyrus (é um dos tratados médicos mais antigos e importantes, escrito no Antigo
Egito, considerado fundador da literatura medicinal. Papyrus acabou por revolucionar o
tratamento da dor e, por extensão, a própria indústria farmacêutica, o manuscrito é o mais
amplo documento médico recuperado e estudado por egiptólogos, uma verdadeira
enciclopédia usada para o tratamento dos mais variados males), datado de aproximadamente
1.500 a.C., onde descreve a combinação de óleos animal e vegetal com sais alcalinos para
formar um material semelhante ao sabão, usado para tratar de doenças da pele bem como para
o banho, onde os antigos egípcios tomavam banho regularmente.
Mais ou menos na mesma época, Moisés entregou aos israelitas leis detalhadas
sobre cuidados de limpeza pessoal. Ele também relacionou a limpeza com a saúde. Relatos
bíblicos sugerem que os israelitas sabiam que a mistura de cinzas e óleo produzia uma espécie
de pomada (ARTEBLOG, 2008).
3. METODOLOGIA
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES
Quadro 3: Uso e descarte de óleo de fritura e gordura nas unidades pesquisadas em Goiânia
(MAIO, 2008)
O Quadro 4 mostra o total médio (L/mês) de óleos e gorduras que são descartados
conforme a quantidade de estabelecimentos que existe em Goiânia, segundo a Junta
Comercial do Estado de Goiás - JUCEG. Tendo em vista, que a maior parte dos
estabelecimentos da cidade de Goiânia fazem uso de óleo vegetal ou gordura nos processos de
fritura, com estes dados é possível a avaliação do número total de óleos e gorduras que na
maioria das vezes são descartados de forma indevida. De acordo com as perguntas realizadas
nas pesquisas aos moradores, 40% armazenam o óleo em sacos plásticos e depositam no lixo
que vai para o aterro sanitário de Goiânia, 20% descartam o óleo no ralo da pia da cozinha e
40% não responderam ou não fazem comida em casa. Também 70% responderam que
participariam de um programa de coleta seletiva de óleo de fritura residual organizado em seu
bairro para o aproveitamento industrial.
Figura 6: Gordura hidrogenada (sólida) freqüentemente utilizada pelos bares e restaurantes (MAIO, 2008)
Figura 10: Aspecto das amostras - vista frontal Figura 11: Aspecto das amostras - vista inclinada
5 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES
Nos dias atuais não podemos mais fazer descartes de certos produtos sem
analisarmos as conseqüências e danos que eles podem causar tanto ao meio ambiente quanto a
nós mesmos. Este trabalho pretendeu-se mostrar como pequenas ações incorretas podem
refletir negativamente ao meio ambiente e como ações contrárias, ou seja benéficas, podem
trazer bons resultados a partir da reciclagem.
Portanto, faz-se necessário a fiscalização e o monitoramento do descarte desses
óleos/gorduras, antes que se manifestem graves problemas nas tubulações das redes de esgoto
e conseqüentemente problemas ecológicos nos cursos d’água, num futuro bem próximo.
Com relação ao principal objetivo deste trabalho, pode-se sugerir e concluir que a
coleta seletiva para óleo e gordura é o melhor resultado encontrado para este tipo de material
em termos de gerenciamento de resíduos e posteriormente a reciclagem do material recolhido.
Também sugere-se estabelecer uma cor padrão para o contâiner que armazenará o óleo
residual de fritura, facilitando na visualização e identificação para o depósito deste resíduo
que pode ser reciclado, garantindo a coleta seletiva do material.
Com isso, irá contribuir para a economia dos recursos naturais, ou uma utilização
mais racional das fontes naturais, minimizando o impacto do descarte incorreto destes óleos e
gorduras no meio ambiente, trazendo qualidade de vida para a comunidade através das
melhorias ambientais e exercitando-os para a conscientização do reaproveitamento da
matéria-prima na produção do sabão por exemplo. Além disso, ao reduzir a acumulação
progressiva de lixo, a reciclagem colabora para um maior tempo de vida útil dos aterros
sanitários que necessitam de tratamento, além de evitar a infiltração, permeabilização e
posterior contaminação do lençol freático.
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6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
AMBIENTE EM FOCO. Reciclar óleo de cozinha pode contribuir para diminuir aquecimento
global. Disponível em: <www.ambienteemfoco.com.br>. Acessado em março de 2008.
DIÁRIO DE NATAL. Óleo de cozinha usado, o grande vilão para o meio ambiente. Cidades
Pág.12. Natal-RN. 09 de dezembro de 2007. Jornal impresso.
DIÁRIO DE NATAL. Sabão pode ser feito a partir do óleo. Cidades Pág.13. Natal-RN. 09 de
dezembro de 2007. Jornal impresso.
PONTA GROSSA. Projeto visa ampliar coleta seletiva de óleo de fritura. Disponível em:
<www.pontagrossa.pr.gov.br>. Acessado em junho de 2008.
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