Indisciplina Na Escola - Julio Groppa Aquino - Youtube

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INDISCIPLINA NA

ESCOLA
JULIO GROPPA AQUINO
MORALIDADE E INDISCIPLINA: UMA LEITURA POSSÍVEL A PARTIR DO REFERENCIAL PIAGETIANO
(Ulisses Ferreira de Araújo)

• Piaget: Toda moral consiste num sistema de regras, e a essência de toda moralidade deve ser procurada
no respeito que o indivíduo adquire por essas regras.

• Termos:
• Anomia: ausência de regras.
• Heteronomia: a criança já percebe a existência de regras, mas sua fonte é variada; ela sabe que
existem coisas que devem ou não ser feitas, e quem as determina são os outros.
• Autonomia: o sujeito sabe que existem regras para se viver em sociedade, mas a fonte dessas regras
está nele próprio.

• Piaget vê oposição entre heteronomia e autonomia, mas a entende dentro de um processo


psicogenético de evolução, da primeira em direção à segunda. A noção de justiça e o respeito às
regras, por exemplo, têm que ser construídos pelo indivíduo por meio da experiência, de suas
interações com o mundo.
• Características de cada fase:

• ANOMIA:

• A criança recém-nascida encontra-se num egocentrismo radical (não se diferencia do mundo,


não percebe a existência dos outros).

• HETERONOMIA:

• Passagem: normalmente se dá pela coação exercida do mais velho sobre o mais novo.
• A criança começa a compreender a existência de regras sociais, mas acredita que quem sabe o
que é certo ou errado são os mais velhos e não ela própria.
• Relação: interindividual, que tem como base o respeito unilateral.
• A pressão externa, por meio da coação e das relações de respeito unilateral, não levam o sujeito
a ser consciente de suas ações, e aí estão as fontes da moral da heteronomia.
• AUTONOMIA:

• O novo momento de socialização e de grandes transformações no campo cognitivo, abre espaço para
que ocorra o processo de cooperação, quando a criança irá se confrontar com o ponto de vista de
outros sujeitos com os quais não mantém relações que ensejam o respeito unilateral.
• Do ponto de vista moral, a cooperação pode conduzir a uma ética de solidariedade e de
reciprocidade nas relações, que irá resultar no surgimento de uma autonomia progressiva da
consciência.
• Portanto, a autonomia pode ser compreendida como resultante do processo de socialização que leva
o indivíduo a sair do seu egocentrismo, característico dos estados de heteronomia, para cooperar
com os outros e submeter-se (ou não) conscientemente às regras sociais.

• Em síntese:

• A integração entre ação e juízo moral será possível quando o sujeito se sentir obrigado racionalmente, por uma
necessidade interna, a agir moralmente, de acordo com princípios universais de justiça e igualdade. Esse nível de
desenvolvimento ideal de autonomia moral dificilmente poderá ser alcançado por sujeitos que vivam
constantemente em ambientes de coação e respeito unilateral, uma vez que esse tipo de relação é irredutível à
moral do bem. Somente poderão construí-la lentamente os indivíduos que tenham oportunidade de estabelecer
relações interindividuais com base na cooperação, na reciprocidade e no respeito mútuo.
• Uma perspectiva prática para o educador

• A moralidade está relacionada às regras, mas nem todas as regras têm vínculos com a moralidade.
• Primeiro: deve-se observar o princípio subjacente à regra, porque se este não for de justiça, a
regra será imoral.
• Segundo: a forma com que foi estabelecida: se imposta coercivamente, ou estabelecida com
base em princípios democráticos.

• Método tradicional para lidar com a indisciplina: repressão! Só funcionam com sujeitos que temem
a autoridade. Aqueles que não respeitam a autoridade, porque o sentimento de medo ou de afeto
não estão presentes em suas relações, ignoram as ordens e regras impostas.

• Método da “liberdade” (permissividade): ao deixarem os alunos “livres” para decidir tudo e fazer só
o que acreditam ser correto, reforçam estados de anomia, em que os sujeitos não são solicitados a
levar os colegas, as normas, leis e regras da sociedade em consideração.
• Um outro caminho:

• Sala: “ambiente escolar cooperativo”.


• Professor: papel ativo, enérgico, sem ser autoritário.
• As regras precisam ser estabelecidas pelo grupo, compreendendo-se que o professor é parte
integrante e não externa ao grupo, e tem a autoridade que lhe é atribuída pelo seu papel).
• O Professor não deve extrapolar e querer ser o dono da sala e das regras.
• Regras: existem, mas podem ser questionadas e modificadas.
• O ambiente escolar cooperativo não é livre de atritos e conflitos.
QUESTÃO 01

(VUNESP) Aquino (Org.) ao discutir a moralidade e indisciplina reporta a Piaget que afirma “toda moral consiste
num sistema de regras, e a essência de toda moralidade deve ser procurada no respeito que o indivíduo
adquire por essas regras”. Diz o autor que, para Piaget, a integração entre ação e juízo moral será possível
quando o sujeito se sentir obrigado racionalmente, por uma necessidade interna, a agir moralmente, de acordo
com princípios universais de justiça e igualdade. Assim, somente poderão construí-la lentamente os indivíduos
que tenham oportunidade de estabelecer relações interindividuais com base

a) na solidariedade, na igualdade e no respeito mútuo


b) na cooperação, na reciprocidade e no respeito mútuo
c) no saber solidário, na reciprocidade e na liberdade
d) na escolha, no respeito mútuo e na justiça
e) no saber atitudinal, na liberdade e na reciprocidade
GABARITO

1. B

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