História Do Jazz
História Do Jazz
História Do Jazz
DEPARTAMENTO DE ARTES
RELATÓRIO BIMESTRAL
21/04/2011
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ORIGENS DO JAZZ
SÍNTESE DO JAZZ
SIMBIOSE
A junção dos três estilos (Spiritual, Blues e Ragtime) foi o que originou o
Jazz. Os ritmos são africanos e a idéia de improviso também. Harmonia e
técnica têm origem nos ensinamentos do branco escravista, que utilizava a
música como uma maneira de escapismo.
- Origens:
Quando se fala nas origens do Jazz o cenário que se depara é obscuro e
um pouco incerto. Sabe-se que os elementos que influenciaram o seu
nascimento foram trazidos da África pelos escravos, que intervieram de forma
significativa ao nível cultural, vindo a criar um novo modo de comunicação e
expressão de sentimentos. A forma mais importante de expressão da música
Afro-Americana são as manifestações religiosas, na maioria das vezes ouvidas
por platéias brancas (de uma forma mais afetada do que a ouvida nas igrejas
negras rurais). O que hoje é conhecido como música gospel é reflexo da
importante carga emocional e força rítmica dessas manifestações primordiais.
Dessa época são as músicas de trabalho e músicas infantis.
A música negra na América manteve muito do original Africano no que diz
respeito às suas características rítmicas e também na tradição de coletividade
e improvisação. Esta herança misturou-se com a música local, gerando muito
mais que um novo estilo, uma nova forma de expressão musical, que ganha um
peso cultural ainda maior quando lembramos que a atividade musical era
proibida entre os escravos.Com a libertação dos escravos, a música Afro-
Americana cresceu rapidamente. A disponibilidade de instrumentos musicais,
incluindo refugos de bandas militares, e a liberdade recém-conquistada,
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permitiram o nascimento das raízes básicas do jazz: as bandas de metais, a
dança e o blues. Na década de 1910, a Original Dixieland Jazz Band constitui
um marco importante na afirmação do Jazz, realizando concertos, digressões e
gravações musicais.
Nos Estados Unidos do final do século XVIII, havia uma grande diferença
entre as regiões do Norte e do Sul. As indústrias, o comércio e as propriedades
agrícolas de pequeno porte situavam-se no Norte, ao passo que no Sul se
encontrava o latifúndio, a monocultura e a utilização da mão-de-obra escrava
de origem africana. A sociedade sulista americana possuía dois estratos sociais:
a aristocracia agrária, com todo o seu poder, e os escravos. Os negros
chegados à América, donos de uma antiga carga musical: trabalhavam nas
plantações de fumo e algodão e eram tratados da pior forma possível. Os
escravos seqüestrados ao continente africano totalizaram, aproximadamente,
doze milhões de vidas, das quais um milhão e meio sucumbiu durante as
viagens! O Brasil recebeu aproximadamente quatro milhões de escravos, para
os trabalhos da lavoura e da mineração. O restante contingente de escravos
sobreviventes, seis milhões e meio de pessoas, foi absorvido pelos outros
países da América.
Nos Estados Unidos, assim como em quase todos os outros lugares, os
escravos não tiveram grande sorte. O negro africano trouxe consigo, além da
dor e da tristeza do desterro, os seus pertences pessoais, as suas plantas
medicinais, os instrumentos musicais e uma milenar e intuitiva cultura. Os seus
donos, os colonos americanos, proibiam-nos de usar os seus tambores e outros
instrumentos musicais, com receio de que os mesmos pudessem servir de
estímulo a revoltas e eventuais sublevações. Proibiam-nos até de usar a sua
linguagem e os dialetos nativos, procurando, com estas repressões, quebrar a
unidade de corporação do grupo. A entrada dos negros na nação americana
resultou numa imigração, em que o elemento imigrado é obrigado a aceitar os
costumes do país que o recebe.
Contrariamente, e em relação à cultura musical, houve, por parte dos
negros, uma verdadeira migração, uma vez que os migrantes impuseram e
transformaram os parâmetros da cultura existente nesse país. Desta maneira,
enquanto trabalhavam nas plantações ou na construção dos caminhos de ferro,
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os escravos criavam as suas canções e, mesmo sem os seus instrumentos
musicais, libertavam os seus sentimentos através de ritmadas melodias
cantadas: um deles puxava um canto, como mote, e os demais respondiam,
repetiam, ou improvisavam. Esta prática evoluiu e difundiu-se, passando a
fazer parte dos momentos de lazer, junto às sedes das fazendas, muitas vezes
com a presença dos patrões. Nestes cantos, calcados em tradições de raízes
africanas, em que os escravos manifestavam os seus lamentos e saudades bem
como o acontecimento do dia a dia encontra elementos que poderá relacionar-
se com a forma a que posteriormente se veio a designar Blues. Ainda que
rudimentares, e provenientes das regiões do Sul dos E.U.A., estas
manifestações musicais, assumiram uma importância bastante relevante na
criação do Jazz.
Uma das formas musicais que também remonta a estes tempos é a
música Gospel (Gospel Music). Os Pastores Evangélicos aproveitaram os
escravos para trabalhar na cristianização deste povo, trabalho que veio a
revelar-se um sucesso! Ao aceitar a doutrina Cristã, os escravos inovaram e
acrescentaram às melodias religiosas características harmônicas e rítmicas,
com o sabor da música negra. Este novo modo de louvor ao Senhor logo foi
aceite e adotado por todos. E mais uma vez surgem novos e importantes
elementos que vieram, mais tarde, a ser recebido pelo Jazz. As duas outras
formas de música negra que contribuíram também na formação do Jazz foram o
Ragtime e o Spiritual. (Texto “As Raízes do Jazz e a Original Dixeland Jazz Band”
MARIA CRISTINA AGUIAR)
NEGRO SPIRITUAL
. Características:
- Conservação de ritmos africanos;
- Fundamentos e técnicas musicais do Branco;
- Tema em questão é a espiritualidade;
- Movimento dos pés;
- Swing;
GRADAÇÕES:
Sermão Rimado;
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Moaning;
Canto Ritmado;
Ring Shouts;
Coreografias dançantes;
Origens:
Os primeiros spirituals remontam do século XVII e passou por diversas
transformações a partir de um gênero chamado ring shout , que era uma dança
de caráter religioso originária dos rituais africanos de dança em círculos. Este
tipo de “dança religiosa” pode ser considerada um dos grandes veículos de
disseminação do cristianismo entre os afros-descendentes norte americanos.
Nos Estados Unidos, este tipo de dança, assim como o uso de tambores, foi
considerado pela Igreja Batista como prática profana. Mesmo sendo
considerado como um tipo de prática profana, o ring shout até hoje é praticado
nas igrejas de afros-descendentes, logo após os trabalhos oficiais é praticado
como uma forma de louvor e confirmação de fé em Deus.
O ring shout consiste em coesas coreografias que envolvem todo o corpo
de seus participantes onde o principal objetivo é criar um som percussivo
através de palmas e batido de pés onde todos os participantes também em
coro respondem aos clamores de um cantor (shouting). Acredita-se que o
círculo do ring shout deriva da herança muçulmana que se refere à volta no
sentido horário que os fiéis do Islã fazem em torno da Kaaba. O ring shout
desenvolveu-se em South Carolina, Texas, Georgia e Louisiana sendo praticado
até no século XXI nestas mesmas regiões. Em resumo, o ring shout é uma clara
herança das raízes africanas presentes em seus descendentes norte-
americanos que direcionaram elementos como a oralidade, o ritmo, a dança
direcionada ao louvor a Deus (anteriormente na cultura Yorubá era designado
sob o nome de “Elegba”). Muitas vezes esta dança leva a certo tipo de êxtase
muito semelhante aos encantamentos e possessões espirituais de origem
africana.
Os spirituals, apesar de serem consideradas grandes fontes de inspiração
para o jazz, são vistos em relação ao mesmo, como uma forma extremamente
europeizada da música negra norte-americana: apresentando inclusive uma
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evolução paralela. Segundo James H. Cone, a criação dos spirituals não foi
meramente usual e sim imperativa, sendo assim o mesmo não pode se
considerado uma criação artística, mas sim, a sua causa. Isto por que ao
abordar os males, temores e demais sentimentos do povo africano, através de
meios dos quais os mesmos apresentavam grande identificação que seria
elementos como a música, o ritmo e a dança, serviu como um ajuste mental
para que houvesse uma maior aceitação de uma terra estrangeira.
A forma com que os escravos lidavam com o trauma da servidão era
compartilhar suas experiências, seus valores e seus pontos de vista em relação
a um mundo que não conhecem. Uma característica importante dos spirituals é
que apresentam muitas repetições em suas letras. Isto resulta da herança da
tradição oral africana onde tal estrutura musical tinha como objetivo facilitar a
memorização da mesma, assim como prover uma maior liberdade para a
criação de novos versos. É importante ressaltar que a música tanto para a
cultura africana como para os seus descendentes, apresentou um caráter
funcional no que se refere à disseminação do conhecimento, onde o
conhecimento pode ser considerado o compartilhamento de experiências,
transmissão de tradições ancestrais entre outros ensinamentos.
Assim como o gospel, os spirituals tinham como temas tópicos como
libertação e tendo a bíblia como base, as passagens de Moisés e a queda das
muralhas de Jericó eram tópicos muito presentes em suas letras. Segundo
Michael Tanner, enquanto o europeu vê a música na maioria das vezes como
um entretenimento, para o africano toda música é sagrada, mesmo. Diante
deste contexto, gospel surgiu como o resultado do processo de cristianização
dos escravos africanos, onde os mesmos ao aceitarem a doutrina cristã,
puderam incorporar seus próprios elementos culturais nas canções religiosas. A
segregação racial estava presente também nas igrejas, começando a incidir de
forma significativa a partir de 1816 quando a igreja Episcopal Metodista
Africana de Sion se tornou uma seita independente, desencadeando um
movimento de massa no período da Guerra Civil americana. É importante
ressaltar que a música spiritual quando direcionada para fins religiosos
passaram a ser o principal gênero musical cultuado pelas seitas ou shouting
como afirma (Hobsbawn 1990). Sendo assim, devido a segregação racial nas
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igrejas protestantes americanas, pôde haver espaço para as músicas
religiosas cristãs no estilo afro-americano contribuindo consecutivamente para
o desenvolvimento do jazz. (Texto retirado da fonte: “A tradição oral africana e
as raízes do jazz” RICARDO ANNANIAS PIRES).
BLUES
Blues é uma palavra cantada e poética de doze compassos segundo o
esquema A-A-B... Mas esses compassos são muito irregulares, deixando o lugar
de uma resposta do instrumento: essa interação entre o a canto e parte
instrumental é igual á um dialogo.
Blues Notas: Terceira e sétima (aproximadamente) abemoladas na
melodia, mas não na harmonia, que é européia.
Três Pólos: Tônica, Dominante e Subdominante.
Origens:
O Blues que teve como origem as worksongs e as field hollers , onde segundo
(ESSEN ,1975), trata-se do resultado de uma interação do arsenal melódico e
declamatório africano com as harmonias européias mais simples. O Blues
manifestava-se através de cantos calcados em lamentos, dotados de grandes
porções de melancolia, além de relatar os acontecimentos do dia a dia.
Conforme afirma (HOBSBAWN, 1990:105), o blues não é um estilo ou uma fase
do jazz, mas sim um substrato imanente de todos os estilos; não é todo o jazz,
mas é o seu núcleo. Em outras palavras, o blues é o elo de ligação entre
técnicas instrumentais do jazz e suas origens basicamente populares. O Blues é
um estado de espírito, não necessariamente tristeza, embora na maioria das
vezes se apresente dessa forma. Também poderíamos ver o blues como:
“Em sua forma original é uma forma de
essencialmente,uma música antifônica,
na longa tradição africana de canto e
resposta. Na verdade, o blues é um
dueto entre a voz e o instrumento”.
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(HOBSBAWN, 1990)
Os ancestrais do Blues são de imediato, as músicas para a dança das quais, os
escravos tocavam em suas reuniões de sábado à noite, as worksongs, por meio
das quais eles organizavam seus trabalhos e as field hollers, que tinham como
finalidade a comunicação durante o trabalho. De acordo com (HOBSBAWN,
1990) citando Wilder Hobson, os primórdios do blues podem ter surgido antes
mesmo da Guerra Civil americana. Com a emancipação dos negros, após a
Guerra Civil americana, o blues passou por uma rápida evolução, deixando de
ter um aspecto coletivo dos tempos da escravidão, passando a ser divulgado
por artistas menestréis itinerantes divulgando a sua arte, talvez de forma
semelhante aos griots. A partir de uma forma derivada dos field hollers, onde o
canto iniciado por um integrante de um grupo é respondido por um coro dos
demais, para o bluesman, tal performance passou a ser feita de forma solitária,
onde a resposta para o seu canto vinha por intermédio de um instrumento de
corda que o acompanhava.
Na língua inglesa palavra “blue” geralmente é associada à tristeza desde
o século XVI. De acordo com (CHARTERS, 1962), o termo blues para designar
este gênero musical só foi atribuído no
início do século XX. De um modo geral após a escravidão, o blues sofreu não só
uma mudança morfológica, como também uma mudança social. Devido ao
trabalho assalariado para os ex-escravos,
possibilitou um aumento da população economicamente ativa nos estados do
sul, isso fez com que o houvesse um aumento no fluxo de dinheiro na região e,
por conseguinte, a expansão do setor de
entretenimento, porém, restrito a pequenos bares e casas de dança. De acordo
com (Hobsbawn 1990), partir da primeira década do século XX, houve uma
grande migração de negros para os grandes centros urbanos como, por
exemplo, Chicago, Harlen entre outros. Essa migração, consecutivamente
possibilitou um grande aumento da população das cidades-destino alterando o
perfil do mercado. E em termos de entretenimento o jazz também acompanhou
essa migração.
Apesar da tradição do blues ser puramente masculina, os primeiros
registros fonográficos deste gênero, foram feitos por mulheres, Mamie Smith e
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Bessie Smith. Nascida em 15 de abril de 1894, em Chattanooga, Tenessee,
Bessie Smith teve dez irmãos. Quando tinha a idade de oito anos, Bessie Smith
perdeu seus pais passando a ser criada por seus irmãos mais velhos Viola e
Clarence. Seus irmãos tutores procuraram incentivá-la às atividades artísticas
como o canto e a dança. Diante de tal incentivo, Bessie Smith e seu outro irmão
Andrew, passaram a fazer shows nas ruas de Chattanooga enquanto o seu
irmão mais velho Clarence, passou a fazer parte do Moses Strokes Company.
Em pouco tempo Clarence arranjou um teste para sua irmã Bessie na “Moses
Strokes Company” e a mesma foi contratada em 1912. Nessa época, Bessie
tornou-se amiga de uma da integrante mais veterana da Companhia, Gertrude
"Ma” Rainey, da qual era carinhosamente chamada de “Mother of the Blues”,
ou “Mãe do Blues”.
Com o passar do tempo, Bessie Smith desenvolveu um estilo original de
cantar, onde o seu timbre vocal marcante, balanceado com uma suave
docilidade e senso rítmico, fez com que conquistasse os públicos além de
diversas cidades do Sul, também conquistou fãs em Nova Iorque, Filadélfia e
Baltimore. Seus shows eram no estilo vaudeville, cruzando comédia e canções
dramáticas. Em 1923, Bessie Smith deixou sua Companhia apresentando-se
com lotação esgotada no “Palace Theater” em Memphis, Tennesee. Ainda em
1923, Bessie Smith chegou a vender em apenas seis meses, mais do que
780.000 cópias do disco com a música “Down Hearted Blues”. Entre 1923 e
1933, Bessie Smith gravou aproximadamente 160 canções e seus shows foram
igualmente bem sucedidos. Durante este período ela também viajou em todas
as partes do Sul e Norte, executando a grandes públicos. Em 1929, ela
apareceu no filme St. Louis Blues Até lá, contudo, o alcoolismo tinha danificado
severamente a sua carreira, como fez a Depressão, que afetou indústrias de
entretenimento e as gravadoras. Bessie Smith faleceu em 1936, decorrente de
um acidente de automóvel. (Texto retirado da fonte: “A tradição oral africana e
as raízes do jazz” RICARDO ANNANIAS PIRES).
NEW ORLEANS
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New Orleans é a maior cidade do estado de Louisiana, e o grande porto
de ligação entre o Rio Mississippi e o Golfo do México e centro industrial e de
distribuição. Nesta cidade coabitavam brancos, afro-americanos, nativos
americanos, asiáticos, islandeses do Pacífico, entre outros. Um passeio pelas
ruas de New Orleans era certamente recheado de sons de blues, spirituals,
shouts, ritmos africanos, ópera, marchas prussianas, canções napolitanas, folk
songs, ritmos caribenhos e ragtime. Era no bairro boémio de Storyville, onde a
prostituição esteve legalizada de 1897 a 1917, nos pequenos bares chamados
de honk tonks, que todos esses elementos se cruzavam e em que jazz era
ouvido abertamente, bem como na Congo Square, praça onde os escravos se
dirigiam para dançar e cantar. Este estilo ficou conhecido como Traditional Jazz
ou New Orleans Jazz. New Orleans teve um papel importante no nascimento e
expansão do jazz, sendo o palco para a melhor produção jazzística (em
qualidade e quantidade) entre 1895 e 1917.
Porém, não se pode esquecer a participação de outras cidades do Sul: St
Louis, Memphis, Atlanta, Baltimore, entre outras. O que era indiscutivelmente
único em New Orleans, naquela época, era a atmosfera social, muito aberta e
livre. Pessoas de diferentes grupos étnicos podiam conviver e comunicar com
grande facilidade, o que veio a desembocar no nascimento de uma nova e rica
cultura musical, contendo elementos franceses, alemães, espanhóis, irlandeses
e africanos (não é por isso de espantar que esta grande e animada cidade
tenha sido o berço do Jazz). Na verdade, o jazz era ouvido, inicialmente, nos
eventos sociais: bailes, piqueniques, inaugurações, aniversários, casamentos e
em desfiles fúnebres (nestes, a banda saía da igreja tocando marchas fúnebres
até o cemitério, e na volta ia acelerando o ritmo e entoando temas alegres). Os
músicos destas bandas de jazz eram majoritariamente artesãos (carpinteiros,
pedreiros, alfaiates...) que faziam música nos feriados e fins de semana para
aumentar o rendimento familiar.
Se em algumas cidades os escravos eram maltratados, em New Orleans,
no Estado de Louisiana, colonizada predominantemente por Franceses e
Espanhóis, estes eram tratados com um pouco mais de brandura, ou com
menos rigor. Aqui não foram confiscados os instrumentos musicais e os
escravos podiam exercitar as suas práticas artísticas de uma forma mais livre.
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Naquele tempo, surgiam gloriosas formações musicais de bandas e, New
Orleans orgulhava-se de possuir excelentes grupos. Nos desfiles e solenidades,
bandas formadas por elementos de raça branca (genuínos europeus ou
crioulos), de raça negra e ou mesmo ambas as raças, apresentavam-se
brilhantemente.
O primeiro músico famoso de New Orleans foi Buddy Bolden (1877-1931),
um barbeiro que tocava corneta e que fundou a sua banda no final da década
de 1890. Tudo indica que tenha sido ele o primeiro a misturar o blues básico
com a música de banda mais tradicional, passo significativo para a evolução do
jazz. Rumores de que havia feito gravações nunca foram comprovados e o que
se sabe da sua música deve-se às interpretações das suas peças por outros
músicos. Por volta do início da década de 1910, a formação básica das bandas
de jazz era: corneta (ou trompete), trombone, clarinete, guitarra, baixo e
bateria (os pianos eram raros, dada a dificuldade do transporte). O banjo e a
tuba só foram adotados posteriormente com o início das gravações, pois as
técnicas de então não permitiam captar o som da guitarra e do baixo. A corneta
fazia o solo, enquanto o trombone complementava a harmonia do baixo
fazendo "sliding", e o clarinete preenchia o espaço
entre estes instrumentos. A banda que difundiu o nome "jazz" também era de
New Orleans e chamava-se "Original Dixieland Jass Band".
O conjunto foi um enorme sucesso em Nova Iorque entre 1917 e 1918, e
foi a primeira banda de jazz a realizar gravações. Por volta de 1917, muitos
músicos, negros e brancos, haviam deixado New Orleans (e outras cidades do
Sul) rumando a norte dos Estados Unidos, por razões meramente económicas: a
Primeira Guerra Mundial causou um "boom" industrial no Norte, o que atraiu
enormes massas populacionais, incluindo os jazzmen que ansiavam por
melhores condições de emprego. Todas as bandas - brancas, negras, mestiças -
tocavam, praticamente, o mesmo tipo de música em moda na época,
constituída por marchas e cantigas locais, porém cada uma incorporava o seu
estilo próprio e característico. Com o passar dos tempos, as bandas evoluíram
tecnicamente, acrescentando novos instrumentos musicais. (Trecho da tese:
“As Raízes do Jazz e a Original Dixeland Jazz Band” MARIA CRISTINA AGUIAR).
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Making America’s Music (Jeff Farley)