Atividade 2 - Ed Literária - Dor de Pensar

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ESCOLA SECUNDÁRIA DE PEDRO NUNES

Departamento de Português e Latim


Português 12º ano
Prof: Manuel Euclides Rosa

Atividade 2- Ed. Literária- Pessoa A dor de pensar

Parte A

Não sei ser triste a valer


Nem alegre deveras.
Acreditem, não sei ser.
Serão as almas sinceras
Assim também, sem saber ?

Ah, ante a ficção da alma


E a mentira da emoção,
Com que prazer me dá calma
Ver uma flor sem razão
Florir sem ter coração !

Mas enfim, não há diferença.


Se a flor flore sem querer,
Sem querer a gente pensa.
O que nela é florescer
Em nós é ter consciência.

Depois a nós, como a ela,


Quando o Fado a faz passar,
Surgem as patas dos deuses
E a ambos nos vêm calar.

‘Stá bem, enquanto não vêm,


Vamos florir ou pensar.

Fernando Pessoa, Obra Poética

1. Delimite justificadamente os momentos em que o poema se estrutura.

2. Caracterize sujeito poético, apresentando fundamentadamente três aspetos do seu


estado de espírito.

3. Explicite a relação que o sujeito poético estabelece com a flor.


PARTE B

A ciência, a ciência, a ciência…


Ah, como tudo é nulo e vão !
A pobreza da inteligência
Ante a riqueza da emoção !

Aquela mulher que trabalha


Como uma santa em sacrifício,
Com quanto esforço ralha !
Contra o pensar, que é o meu vício !

A ciência ! Como é pobre e nada !


Rico é o que a alma dá e tem !
Fernando Pessoa, Obra Poética

1. Explique fundamentadamente o valor expressivo da repetição que abre o poema.

2. Relacione os versos 3 e 4 da primeira estrofe com o conteúdo da segunda estrofe.

3. Explique o contributo do último verso para a conclusão do poema.


PARTE C

Ah, que maçada o piano


Eternamente a tocar
Lá em cima, no outro andar!

Ah, que tristeza o cessar!


5 Sempre era gente a tocar!
Sempre tinha companhia
Nessa constante arrelia.

Vizinha, se não morreu,


Que aquele piano seu
10 Volte de novo a maçar!
Sem ele penso e sou eu,
Com ele esqueço a sonhar…

Má música? Sim, mas há


Até na música má
15 Um sentimento de alguém.
Não sei quem o sente ou dá,
Não sei quem o dá ou tem.

Não deixe de me maçar


Com o contínuo tocar
20 Do seu piano frequente.
Ah, torne-me a arreliar
E mace-me eternamente!

A quem é só, tudo é mais


Que o que está naquilo que é.
25 Notas falsas, desiguais
— Não se importe: a minha fé,
Meu sonho, vão a reboque
Do que toca mal e até
Do piano, do não sei quê…
30 Toque mal; mas toque, toque!

Fernando Pessoa, Poesia do Eu, edição de Richard Zenith, 2.ª ed., Lisboa, Assírio & Alvim, 2008, pp. 313-314

1. Explique o modo como o sujeito poético perceciona o som do piano, de acordo com o
conteúdo das duas primeiras estrofes.

2. Explicite o sentido dos versos «Sem ele penso e sou eu, / Com ele esqueço a sonhar…» (vv. 11-
12).

3. Refira três das marcas linguísticas que, a partir da terceira estrofe, sugerem a existência de um
diálogo e transcreva um exemplo de cada uma dessas marcas.

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