Comunicação Alternativa Novo

COMUNICAÇÃO ALTERNATIVA
BELO HORIZONTE / MG
1
SUMÁRIO
1 – ALGUMAS REFLEXÕES A RESPEITO DE COMUNICAÇÃO ............................. 3
– PRINCIPAIS SISTEMAS DE COMUNICAÇÃO ....................................................... 5
– INTERAGINDO COM O ALUNO QUE NÃO CONSEGUE SE COMUNICAR .......... 6
4 – O QUE FAZER QUANDO UM ALUNO NÃO É CAPAZ DE ESCREVER? ............ 6
5 – ADAPTAÇÃO DO MATERIAL ESCOLAR ............................................................ 7
– COMUNICAÇÃO ALTERNATIVA E SUA IMPORTÂNCIA....................................... 9
6.1 – Sistema de Comunicação Alternativa e/ou Suplementar: .................................. 9
6.2 – Recurso de Baixa Tecnologia: ......................................................................... 11
6.3 – Recursos da Alta Tecnologia: .......................................................................... 12
– RECURSOS PARA TRABALHAR COM ALUNOS QUE APRESENTAM

DIFICULDADES NA ESCRITA, MAS SÃO CAPAZES DE SE ALFABETIZAR ......... 12
– PSICOMOTRICIDADE E SEU AUXÍLIO NA COMUNICAÇÃO ALTERNATIVA ..... 13
8.1 – O que é Psicomotricidade? ............................................................................. 14
8.2 – Objetivos da Psicomotricidade ........................................................................ 14
8.3 – Elementos Básicos da Psicomotricidade ......................................................... 15
8.4 – Aprendizagem e Psicomotricidade .................................................................. 17
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS UTILIZADAS E CONSULTADAS ..................... 22
2
1 – ALGUMAS REFLEXÕES A
RESPEITO DE COMUNICAÇÃO
Trecho adaptado de Débora DELIBERATO 1 A

comunicação é uma das principais ferramentas
que nós Seres Humanos temos para nos
interagirmos com as pessoas. Sendo assim, faz-
se mais do que necessário que saibamos nos
comunicar para conviver em grupo.
Bloom (1983) definiu a linguagem como um

código usado para transmitir ideias sobre o
mundo que nos cerca. Este código seria
representado por um sistema convencional de
signos arbitrários, que serviriam para comunicar
as ideias. Segundo esta definição, as palavras
chave da linguagem seriam: código, convenção,
sistema e comunicação.
O autor afirmou que a linguagem é um código

Saussure (1970) foi pioneiro ao afirmar que porque seria a maneira de se representar algo.
existiria um meio para se comunicar, Quando um indivíduo fala, ele codifica, ou seja,
exclusivamente humano, vinculado a processos ele coloca os fatos conhecidos e lembrados em
mentais – psíquicos, fisiológicos e acústicos de ideias e combina esses elementos em códigos
ambos os interlocutores; este meio seria a para representar a mensagem que pretende
linguagem. Para a demonstração da sua passar ao outro. Quando o indivíduo escuta a
competência linguística inata, o indivíduo mensagem de alguém, ele decodifica, conhece e
humano deveria estar inserido em uma reconhece os elementos do código e desta
determinada cultura que, por relações maneira extrai a informação e os dados
interpessoais constantes, convencionariam um necessários sobre a mensagem recebida. Esta
sistema de signos linguísticos a ser utilizado - sua linguagem não se encontra apenas como uma
língua. Segundo o autor, as formas de se competência fisiológica própria do ser humano,
expressar este sistema de signos – língua – seu âmbito faz parte de sua história e cultura.
poderiam ser a fala, a escrita e a língua de sinais,
específica da cultura dos surdos. Argyle (1976) afirmou que a capacidade de se
comunicar por meio da linguagem é uma
A comunicação humana é uma troca de característica exclusivamente humana que,
sentimentos e necessidades entre duas ou mais portanto, nos diferencia dos outros primatas.
pessoas. “Quando uma mensagem deve ser Para ele, a linguagem surge da interação social e
transmitida, tipicamente as pessoas utilizam a os “processos linguísticos” tornam-se
linguagem, que, quer falada, escrita, ou por importantes para o controle e coordenação do
sinais, envolve um sistema que transmite um comportamento individual e no desenvolvimento
significado” (BOONE; PLANTE, 1994, pg. 83). e transmissão de cultura. Segundo o autor, para
duas pessoas se comunicarem por meio da
linguagem é necessário que elas usem as
palavras da mesma forma, convencionadas pela
língua vinculada à sua cultura. “A língua real
aprendida é aquela que se desenvolveu, durante
1
Leia texto completo em comunicação alternativa: inclusão do aluno com severo distúrbio na
recursos e procedimentos utilizados no processo de comunicação.
3
um longo período de desenvolvimento cultural, trabalho de construção, de retificação do vivido

na cultura da criança” (ARGYLE, 1976, pg. 77). que, ao mesmo tempo constitui o sistema
simbólico mediante ao qual se opera sobre a
realidade e a constitui como um sistema de
referências em que aquele se torna significativo.
Luria (1978) explicou que o aparecimento da

linguagem implica fatores determinantes para o Figueira (1996) afirmou que o desenvolvimento
desenvolvimento da consciência, pois, ao da linguagem não é cumulativo, como um
designar um objeto por um nome, cria-se a aumento quantitativo do repertório linguístico,
possibilidade de discrimina-lo e conserva-lo na mas processual, em que ocorrem transformações
memória. Para ele, as palavras abstraem qualitativas no desenvolvimento do processo de
propriedades dos objetos que nomeiam, reorganização, reconhecendo como um fato do
relacionando-os e formulando categorias. Esta desenvolvimento as crianças fazerem “uso” de
possibilidade “assegura a transição do sensorial estruturas linguísticas antes de ter conhecimento
ao racional na representação do mundo” (LURIA, sobre as mesmas.
1979, p.80).
Segundo Aimard (1986), para se ter uma ideia
Para Limongi (1995, 2000) a aquisição da global da aquisição de linguagem, seria preciso
linguagem é função da elaboração das estruturas levar em conta simultaneamente, os fenômenos
cognitivas, além de depender também de um múltiplos que interferem a cada momento no
modelo exterior. É uma das manifestações da progresso da criança, com o que ela percebe, o
capacidade humana de representar eventos, que ela produz e o que compreende, e, ao
mesmo na sua ausência, portanto implica em mesmo tempo, descrever os progressos
representação dotada de significação, além de facilmente apreciáveis e os mecanismos que
ser um sistema que combina símbolos de acordo subentendem as aquisições.
com regras, que devem ser adquiridas e
aplicadas na conservação e na compreensão. O QUE É COMUNICAÇÃO ALTERNATIVA?
Camaioni (1980) afirmou que a linguagem infantil

é um meio de comunicação, além da mímica, das
expressões gestuais e corporais, além de um
meio de interação social e um instrumento de
conhecimento. Primeiramente, porque torna
possível conhecer a realidade sob um plano mais
alto que o da simples ação ou percepção,
permitindo que se pense nela por meio de
conceitos, descrevendo-a, evocando-a,
antecipando-a. Em segundo lugar, porque
permite conviver socialmente com a consciência
da realidade.
Para Franchi (1977) a linguagem não é um dado

ou um resultado, mas um trabalho que dá forma
ao conteúdo variável de nossas experiências,
4
Comunicação suplementar e/ou alternativa conseguiram aprender, falar sobre suas dúvidas,
refere-se a todas as formas de comunicação que desejos, sentimentos e brincadeiras com os
possam complementar, suplementar e/ou amigos. Essa outra maneira de comunicação se
substituir a fala. Dirigese a cobrir as chama comunicação alternativa.
necessidades de recepção, compreensão e
expressão da linguagem e, assim, aumentar a – PRINCIPAIS SISTEMAS DE
interação comunicativa dos indivíduos não COMUNICAÇÃO
falantes (VON TETZCHNER; JENSEN, 1996).
De acordo com Thiers (1995); von Tetzchner
(1997) e von Tetzchner e Martinsen (2000) a
comunicação alternativa tem como objetivo
promover a fala e garantir uma forma alternativa
de comunicação.
Por sua vez Nunes (2001), complementou
afirmando que comunicação alternativa envolve
o uso de gestos, expressões faciais, símbolos
gráficos (incluindo a escrita, desenhos, gravuras
e fotografias) como forma de efetuar a
comunicação de pessoas incapazes de se
utilizarem à linguagem verbal. A comunicação
ampliada ou suplementar possui um duplo
propósito: promover e suplementar a fala e
garantir uma forma alternativa, caso o indivíduo A literatura a respeito de Comunicação
não tenha possibilidade de desenvolver a fala. Alternativa tem apontado para uma série de
conjuntos e/ ou sistemas de símbolos que
permitem a comunicação de pessoas que não
produzem linguagem oral, como, por exemplo,
Sistema “Bliss” (HEHNER, 1980;
MCNAUGHTON, 1985), Picture Exchange
Communication System-PECS (FROST;
BONDY, 1996), Picture Communication
Symbols-PCS (JOHNSON, 1992) e Pictogram-
Ideogram Communication-PIC (MAHARAJ,
1980).
O processo de escolha dos recursos e/ou

estratégias de comunicação suplementar e/ou
alternativos a serem utilizados deve ser feito com
Segundo Capovilla (1996, 2001) a definição de muita cautela e participação conjunta da família e
sistemas suplementares e/ou alternativos de da escola. A devida seleção e implementação
comunicação seria um conjunto de elementos destes recursos e estratégias poderão garantir a
organizados para sustentar a comunicação efetividade da comunicação do usuário não
expressiva. Há dois tipos: sistemas sem ajuda: falante e sua interação em diferentes ambientes
quando mensagens são produzidas por um naturais (DELIBERATO; MANZINI, 1997;
membro do corpo e sistemas com ajuda: quando NUNES, 2003).
é necessário algo exterior ao corpo para
transmissão da mensagem.
Muitas crianças apresentam dificuldades para

falar ou escrever. Crianças com paralisia
cerebral, deficiência mental, deficiência auditiva,
crianças autistas ou com deficiências múltiplas
vão precisar de outra forma de comunicação para
que possam mostrar ao professor que
5
Para Reily (2004), a família deve ser envolvida no

processo de decisão sobre o sistema mais
conveniente para determinado momento,
devendo participar da identificação do léxico
essencial a compor a prancha de comunicação.
A decisão dos materiais pode estar vinculada

desde o uso de objetos, figuras, fotos até os
sistemas de símbolos já organizados, como os
citados acima, além do uso dos gestos, língua de FIGURA 1: Prancha construída com os símbolos PCS
sinais e a escrita (MANZINI; DELIBERATO, (Picture Symbols Communication) – Mayer Jonhson
2004).
A criança pode responder olhando
– INTERAGINDO COM O ALUNO QUE para a resposta e as alternativas de atividades
poderão ser apresentadas em cartões com
NÃO CONSEGUE SE COMUNICAR
símbolos, objetos ou figuras. Veja exemplos
abaixo:
A criança pode responder sinalizando

http://2.bp.blogspot.com/_1mYzKXdF5kU/TLs8ybuwMtI/AAAAAAAAABg/TRZ9LA
SLFGE/s1600/ATIVI DA DE+5+M%C3%93D.2.bmp
com a cabeça o “sim” e o “não” ou fazendo um
som como resposta afirmativa, enquanto você ou
As crianças podem se comunicar de um colega passa o dedo sobre os símbolos da
várias maneiras: prancha de comunicação.
 olhando;
 apontando;
 fazendo gestos;
 emitindo sons;
 respondendo afirmativamente ou
negativamente as perguntas.
Sinalizando com a cabeça o “sim” e o “não”
Precisamos descobrir junto com a
criança qual a maneira mais fácil para ela. Fazendo um som para o “sim” ou para o “não”
Ex: O que você gostaria de fazer agora?
A criança pode responder apontando

uma prancha de comunicação que deverá ser
preparada especialmente para ela e que traga
vocabulário do cotidiano da sala de aula.
4 – O QUE FAZER QUANDO UM

ALUNO NÃO É CAPAZ DE
ESCREVER?
Muitas crianças não conseguem escrever, mas

são capazes de se alfabetizar e terminar a
6
Universidade. Essas crianças precisam dos

recursos da comunicação alternativa escrita.
Os recursos são:
letras emborrachadas; letras em papel para

serem coladas no livro ou caderno; prancha de
letras;
atividades de múltipla escolha;
5 – ADAPTAÇÃO DO MATERIAL
ESCOLAR
A modificação das estratégias de resposta
garante a possibilidade da criança com
ATIVIDADES DE PORTUGUÊS
necessidades educacionais especiais realizar a
mesma atividade da turma.
A atividade deve conter poucas informações na
folha;
Exemplos de atividades de matemática
Letras e números na fonte ARIAL BLACK
Uso de material concreto para as tamanho 28 ou maior e quando o trabalho for
atividades de matemática; escrito a mão utilizar pilot grosso na cor preta;
Registro dos cálculos
através de símbolos; Utilizar espaçamento de 1,5 centímetros;
Atividades de
múltipla escolha.
7
Músicas
Letras maiúsculas para a construção das

atividades.
Receitas
Utilizar colagem para as atividades de

representação gráfica quando a criança
apresentar dificuldade motora;
Atividade de escrita manuscrita
Atividade adaptada com letras coladas
8
Tempo limitações, de tal forma que possam usufruir o

contato com o outro em suas esferas pessoal,
educacional, cultural, familiar e social.
Diante dessa necessidade foi que originou a

Comunicação Alternativa e/ou Suplementar que
facilita os sistemas de comunicação. Tal
invenção possibilita uma autonomia às pessoas
com deficiência, permitindo a elas o
desenvolvimento integral, de modo com que elas
possam interagir com as pessoas e com o mundo
que as rodeiam.
Considera-se Comunicação Alternativa quando o

indivíduo não apresenta outra forma de
comunicação, e é considerada Suplementar
quando o indivíduo possui alguma comunicação,
mas essa não é suficiente para suas trocas
sociais, demandando estratégias, técnicas e
Dicas: recursos apropriados para sua comunicação.
Crianças com dificuldades motoras necessitam A Comunicação Alternativa e/ou Suplementar diz
de outros recursos e o terapeuta ocupacional é o respeito a toda forma de comunicação que apoia,
profissional que pode ajudá-lo a encontrar complementa e/ou suplementa a fala. Esta
alternativas para a escrita. definição é utilizada para definir outras formas de
comunicação como o uso de: gestos, língua de
Consulte o livro Guia dos Símbolos de sinais, expressões faciais, linguagem corporal,
Comunicação Pictórica da Roxana Mayer comunicação gráfica, o uso de pranchas de
Johnson editado pela Clik Tecnologia Assistiva alfabeto ou símbolos pictográficos e o uso de
para esclarecer dúvidas sobre a construção de sistemas sofisticados como o computador com
pranchas e utilização dos recursos de voz sintetizada.
comunicação alternativa
6.1 – Sistema de Comunicação
– COMUNICAÇÃO ALTERNATIVA E Alternativa e/ou Suplementar:
SUA IMPORTÂNCIA
Sistema Bliss: é um sistema visual gráfico
representado por símbolos pictográficos
(parecem-se com o que representam), que estão
acompanhados do seu significado e que
representam pessoas, objetos, ações, conceitos,
sentimentos. Estão dispostos num quadro com
determinada ordem e significado.
Este sistema alternativo de comunicação possui

vantagens, pois pode ser utilizado em casa, na
escola ou em qualquer outro local, visto o quadro
ser fácil de transportar.
A linguagem oral é um dos meios mais usados É de fácil compreensão visto que em cima de
para as pessoas se comunicarem. No entanto cada símbolo existe a palavra escrita e é
muitas delas, por várias razões, não têm fundamental para a aprendizagem da leitura e da
condições de exercitarem a oralidade. escrita, reforça a construção correta das frases e
o reforço visual é constante.
Isto faz com que elas necessitem de outras
diversas condições para eliminar as suas
9
Destina-se a crianças com déficits auditivos, Sistema PECS (Picture Exchange

visuais, mentais, autistas, atrasos de Communication System): forma um sistema de
desenvolvimento de linguagem, entre comunicação completo e foi originalmente
outros.Com o objetivo de que a criança adquira desenhado para criar, rápida e economicamente,
uma maior independência, haja um recursos consistentes de comunicação. Este é o
desenvolvimento da linguagem, uma interação método de comunicação mais utilizado com
sócio familiar melhorada e exista uma autistas, desde os primeiros anos de vida.
estimulação intelectual.
Sistema PIC (Pictogram Ideogram

Communication): os “Pictogramas” são um
sistema que foi concebido com o objetivo de
possibilitar a comunicação e assim estimular e
desenvolver as capacidades de percepção e
conceitualização de pessoas impossibilitadas de
comunicar oralmente.
Foi originalmente desenvolvido para crianças do
Pode ser usado por crianças e jovens com
espectro autista em idade pré-escolar, mas
atrasos acentuados no desenvolvimento
atualmente é usado por crianças e adultos com
intelectual, com dificuldades na fala e/ou com
perturbações do espectro do autismo e outros
problemas a nível perceptivo.
diagnósticos que apresentem dificuldades na fala
e na comunicação.
Este método é composto por 400 símbolos que
englobam mais de 400 conceitos.
Através deste método, a criança autista
consegue desenvolver a fala, pois tenta
Os símbolos graficamente são constituídos por
responder a todas as necessidades e desejos,
figuras brancas, aperfeiçoadas, sobre um fundo
desde os mais básicos aos mais complexos. Os
preto, para reduzir as dificuldades de
cartões com fotos de objetos que significam
discriminação entre figura e fundo. Podem ser
coisas que a criança necessite, como: “beber
agrupadas por áreas de interesse, facilitando
água”, “comer”, “ir ao banheiro” ou “brincar”
assim à criança a construção de frases.
fazem com que a criança comunique tudo àquilo
que precisar naquele momento.
O PECS tem como objetivo ir ao encontro daquilo

que atrai as crianças, como alimentos, bebidas,
brinquedos, livros. Depois de se conhecerem as
preferências da criança são feitas imagens
desses objetos que, posteriormente, serão
apresentadas e oferecidas a esta. Lentamente, é
retirada a ajuda física para apanhar a imagem,
para que a criança comece a desenvolver a
iniciativa de iniciar a interação, pegando na
imagem e entregando-a ao terapeuta.
Progressivamente, o grau de dificuldade será

aumentado, a ponto de o sistema ensinar a
criança a criar enunciados simples a partir das
imagens e de uma sequência de frases.
10
se às necessidades comunicativas do seu

utilizador.
6.2 – Recurso de Baixa Tecnologia:
http://www.assistiva.com.br/CAA04.gif
É fácil de ser aprendido e pode ser usado por Pranchas de comunicação - As pranchas de
terapeutas, pais e professores, pois não requer comunicação podem ser construídas utilizando-
materiais complexos nem um treino técnico. Não se objetos ou símbolos, letras, sílabas, palavras,
requer equipamento de alto custo daí ser uma frases ou números. As pranchas são
ajuda tanto dentro da sala de aula, em casa como personalizadas e devem considerar as
na comunidade. possibilidades cognitivas, visuais e motoras de
seu usuário. Essas pranchas podem estar soltas
Não existe limites para a sua utilização, apenas é
ou agrupadas em álbuns ou cadernos. O
necessária criatividade para que este método
indivíduo vai olhar, apontar ou ter a informação
resulte com sucesso. apontada pelo parceiro de comunicação
dependendo de sua condição motora.
Sistema SPC (Símbolos Pictográficos para a
Comunicação): constituído por desenhos a
Eye-gaze - pranchas de apontar com os olhos
preto que representam substantivos, verbos e
que podem ser dispostas sobre a mesa ou
adjetivos. O fundo sobre o qual o símbolo é apoiada em um suporte de acrílico ou plástico
desenhado pode ser branco ou de outra cor. É colocado na vertical. O indivíduo também pode
normal o emprego de cores comuns aos vários
apontar com o auxílio de uma lanterna com foco
gêneros (substantivos, verbos e adjetivos).
convergente, fixada ao lado de sua cabeça,
iluminando a resposta desejada.
Avental - é um avental confeccionado em tecido

que facilita a fixação de símbolos ou letras com
velcro, que é utilizado pelo parceiro. No seu
avental o parceiro de comunicação prende as
letras ou as palavras e a criança responde
O SPC é apropriado para ser utilizado, tanto por
através do olhar.
pessoas cujas necessidades comunicativas
sejam equivalentes a um nível de linguagem
Comunicador em forma de relógio - o
simples (necessitando de um vocabulário
comunicador é um recurso que possibilita o
limitado e de estruturar frases relativamente
indivíduo dar sua resposta com autonomia,
curtas) como por pessoas com níveis de
mesmo quando ele apresenta uma dificuldade
linguagem mais elaborados (que necessitam de
motora severa. Seu princípio é semelhante ao do
utilizar uma gama de vocabulário muito vasta,
relógio, só que é a pessoa que comanda o
com possibilidades de estruturar frases de maior
movimento do ponteiro apertando um acionador.
complexidade). Pode assim considerar-se como
um sistema flexível que pode evoluir, ajustando-
11
6.3 – Recursos da Alta Tecnologia: Todo o processo da Comunicação Alternativa

e/ou Suplementar deve ser explorado. Não
Comunicadores com voz gravada - são adianta usar, por exemplo, um recurso de
comunicadores onde as mensagens podem ser excelente qualidade se não houver estratégias
gravadas pelo parceiro de comunicação. adequadas à situação. Assim, podemos dizer
que todo o sistema de Comunicação Alternativa
Comunicadores com voz sintetizada - No e/ou Suplementar é composto por:
comunicador com voz sintetizada o texto é
transformado eletronicamente em voz.  Recursos;
Computadores - Com o avanço da tecnologia  Estratégias;

têm surgido novos sistemas de CAA para as
pessoas com necessidades especiais como o  Técnicas.
Classroom, o OverlayMaker, o Comunicar com
Símbolos, o Boardmaker, o Invento, entre outros. Todos os profissionais envolvidos na reabilitação
e educação dos usuários da Comunicação
Alternativa e/ou Suplementar devem trabalhar de
modo interdisciplinar, de forma que essa
interação favoreça o usuário da Comunicação
Alternativa e/ou Suplementar, para que possa se
comunicar e interagir com o mundo ao seu redor.
A sala de recursos tem sido um espaço

privilegiado para que se possa trabalhar com
crianças com problemas de comunicação devido
aos recursos solicitados, mediante comprovação
da necessidade.
Os professores devem:
– RECURSOS PARA TRABALHAR

COM ALUNOS QUE APRESENTAM A Comunicação Alternativa e/ou Suplementar
DIFICULDADES NA ESCRITA, MAS pode possibilitar uma aprendizagem significativa,
fazendo conexão com os elementos da
SÃO CAPAZES DE SE ALFABETIZAR
linguagem (sintaxe, semântica e pragmática) e
psiquismo frente à mediação de interlocutores.
Toda a movimentação estratégica transcorre
através das possibilidades do usuário. Pode
diferir quanto aos símbolos e instrumentos
utilizados adequando-se a cada indivíduo.
Destaca-se que a Comunicação Alternativa e/ou
Suplementar não é um fator inibidor da fala, pois
estrutura o funcionamento linguístico do
indivíduo.
A adoção de um sistema de Comunicação

Alternativa e/ou Suplementar é imprescindível,
12
seja ele qual for, mas deve ser adquirido

conforme a necessidade de cada um.
O trabalho em conjunto com as escolas, realiza-

se na produção de práticas continuadas de
produção de novos sentidos e de facilitar o
processo de ensinoaprendizagem, possibilita
interferir na construção da linguagem e no
processo de aprendizagem. Algumas vezes, no
caso de crianças que não falam, é necessária a
implementação dos sistemas de Comunicação
Alternativa e/ou Suplementar.
Em relação ao ambiente escolar é importante

ressaltar que a implementação da Comunicação
Alternativa e/ou Suplementar na escola é
fundamental, pois, assim pode oferecer meios,
http://www.faprender.org/assets/images/psicomotricidade.jpg
recursos e estratégias para que a criança com
necessidades especiais possa estar incluída Ao estudarmos o comportamento de uma
nesse processo de ensino-aprendizagem como criança, percebemos como é o seu
todas as outras crianças. desenvolvimento. O comportamento e a conduta
são termos adequados para todas as suas
Pode-se concluir que o desenvolvimento da reações, sejam elas reflexas, voluntárias e
Comunicação Alternativa e/ou Suplementar é um espontâneas, ou aprendidas. Assim como o
processo onde todos estão envolvidos, o aluno, a corpo cresce, o comportamento evolui. No
escola, os professores. Portanto, todos podem processo de desenvolvimento a criança evolui
ser parceiros importantes e essenciais para a tanto física, quanto intelectual e emocionalmente.
comunicação. As primeiras evidências de um desenvolvimento
normal mental são as manifestações motoras.
– PSICOMOTRICIDADE E SEU
AUXÍLIO NA COMUNICAÇÃO À medida que ocorre a maturação do sistema
ALTERNATIVA nervoso, o comportamento se diferencia e
“Psicomotricidade é a ciência do Homem em também se modifica. Inicialmente a criança
movimento, das relações consigo e com o apresenta uma coordenação global ampla, que
mundo, com o corpo, através do corpo e de sua são realizadas por grandes feixes de músculos.
corporeidade” – Freinet. O estudo da À medida que os feixes de músculos mais
psicomotricidade permite compreender a forma específicos são usados, a criança desenvolve
como a criança toma consciência do seu corpo e sua coordenação fina.
das possibilidades de se expressar por meio
desse corpo, é um dos aspectos que o trabalho Para que ocorra um desenvolvimento motor
psicomotor assumirá durante o período escolar adequado, é necessário um amadurecimento
será, precisamente, o de fazer com que a criança neural, ósseo, muscular, além de crescimento
passe da etapa perspectiva à fase da físico, juntamente com o aprendizado. O
representação mental de um espaço orientado desenvolvimento motor percentual se completa
tanto no espaço como no tempo. ao redor de 07 anos, ocorrendo, posteriormente,
um refinamento da integração perceptiva motora
com o desenvolvimento do processo intelectual
propriamente dito.
13
8.1 – O que é Psicomotricidade?
Como se estrutura?
É o controle mental sobre a expressão motora.
_ No desenvolvimento do seu “eu” corporal;
Objetiva obter uma organização que pode
atender, de forma consciente e constante, às
_ Na sua localização e orientação no espaço; _
necessidades do desenvolvimento do corpo.
Na sua orientação temporal.
Esse tipo de Educação é justificado quando
qualquer defeito localiza o indivíduo à margem Como se fundamenta?
das normas mentais, fisiológicas, neurológicas
ou afetivas. É a percepção de um estímulo, a Em Atividades:
interpretação da elaboração de uma resposta
adequada. É uma harmonia de movimentos, um _ Motoras - São as atividades globais de todo o
bom controle motor, uma boa adaptação corpo.
temporal, espacial, boa coordenação viso-
motora, boa atenção e um esquema corporal _ Sensório-motoras - É a percepção de diversas
bem estruturado. lições através da manipulação dos objetos.
Psicomotricidade é a ciência da educação que
educa o movimento ao mesmo tempo em que _ Percepto-motoras – É uma análise profunda
põe em jogo as funções da inteligência. das funções intelectuais, motoras, tais como a
Movimento é o deslocamento de qualquer objeto, análise perceptiva, a precessão de
mas a ação corporal em si, a mesma unidade bio- representação mental, determinação de pontos
psicomotora em ação. de referência.
A psicomotricidade está associada à afetividade Destaca-se: percepção visual.

e à personalidade, porque o indivíduo utiliza o
seu corpo para demonstrar o que sente, e uma 8.2 – Objetivos da Psicomotricidade
pessoa com problemas motores passa a ter
problemas de expressão. A reeducação
psicomotora lida com a pessoa como um todo,
_ As atividades psicomotoras visam propiciar
porém, com um enfoque maior na motricidade. A
a ativação dos seguintes processos:
reeducação psicomotora deverá ser efetuada por
um psicólogo com especialização em _ Vivenciar estímulos sensoriais para
psicomotricidade (psicomotrista), pois não será
discriminar as partes do próprio corpo e
apenas uma mera aplicação de exercícios, mas exercer um controle sobre elas;
será desenvolvida uma adaptação de toda a
personalidade da criança. _ Vivenciar, através da percepção do próprio
corpo em relação aos objetos, a organização
espacial e temporal;
14
_ Vivenciar situações que levem a aquisição Antes de tudo a criança precisa ter um
dos prérequisitos necessários para conhecimento adequado de seu corpo, porque é
aprendizagem da leitura escrita. o corpo o intermediário obrigatório entre a criança
e o mundo. Esse conhecimento abrange três
aspectos que são: a imagem do corpo, o conceito
do corpo e a elaboração do esquema corporal.
https://encrypted-
http://www.faprender.org/assets/images/psicomotricidade.jpg tbn2.gstatic.com/images?q=tbn:ANd9GcQ4JpIc_jewV2HtEuiaPhGlIhaDQXhqAKl
FbX2_KgNg0j2TsSk7
Para entender tais objetivos, é necessário

considerar que durante a primeira infância, 8.3 – Elementos Básicos da
motricidade e psiquismo estão estreitamente Psicomotricidade
ligados, da mesma forma como sabemos que o
desenvolvimento motor, o afetivo e o intelectual A imagem do corpo é a própria experiência que a
encontram-se inseparáveis no homem. pessoa tem de seu corpo e se revela
frequentemente através do desenho, da
A educação psicomotora, antes utilizada modelagem e que demonstra o nível de
somente como recurso reeducativo, atualmente é elaboração do esquema corporal; O conceito do
parte integrada de toda a atuação passiva do corpo desenvolve-se posteriormente à imagem
aluno, frente à atitude expositiva e controladora do corpo, sendo mais o conhecimento intelectual
do professor. A psicomotricidade tem como ponto dele e de cada função de seus órgãos.
de partida o desenvolvimento psicobiológico da
criança, na medida em que acompanha as leis do O esquema corporal, segundo Pierre Vayer, é
amadurecimento do sistema nervoso através da definido como organização das sensações
mielinização. relativas aos dados do mundo exterior, notando-
se aí dois sentidos na atividade motora cinética,
A psicomotricidade não deve ser considerada dirigida para o mundo exterior.
como uma matéria entre outras. Isto é, não deve
dispor apenas de um momento ou um ambiente A construção do Esquema Corporal elabora-se
específico na programação escolar. Qualquer progressivamente com o desenvolvimento e o
que seja a atividade ou tema utilizado, a amadurecimento do Sistema Nervoso e é, ao
psicomotricidade vai estar presente. O mesmo tempo, paralela a evolução sensório
pensamento se constrói a partir da atividade motora. A educação do Esquema Corporal é,
motora que permite à criança a exploração do então, o ponto-chave de toda prática educativa.
ambiente externo, proporcionando-lhe Dos 02 aos 05 anos, toda educação é uma
experiências concretas indispensáveis ao seu E.P.M. baseada na estrutura do Esquema
desenvolvimento intelectual. A liberdade deve Corporal. Dos 05 aos 07 anos a psicomotricidade
explorar e conhecer o espaço físico e o mundo é passa a ser a base sobre a qual se constroem as
muito importante para o seu desenvolvimento primeiras relações lógicas e a decorrente
afetivo. Como fazer para oferecer condições que aprendizagem escolar. Toda aprendizagem deve
permitiam esse desenvolvimento? ser feita através de experiências concretas e
15
vivenciadas com o corpo inteiro. Voltando ao ereta, sem precisar esforçar-se ou ficar tensa. A
primeiro objetivo, temos que trabalhar os sensibilidade da planta do pé é muito importante
seguintes aspectos: para desenvolver qualquer equilíbrio, por isso é
essencial que as crianças se movimentem e
_ Percepção e controle do corpo; brinquem, tanto na areia como na sala de aula,
de pé no chão. O contato do corpo com o chão
_ Equilíbrio; deve estender-se a todo o corpo, rolando,
deitando, sentando, rastejando, ajoelhando. Em
_ Lateralidade; movimentos de repouso a criança deverá,
sempre que possível, relaxar seu corpo em direto
_ Independência dos membros em relação ao contato com o chão que oferece sensação de
tronco e entre si; segurança.
_ Controle muscular; Como? – Andar sobre linhas de várias maneiras,

sobre beiradas de canteiros, bancos de
_ Controle de respiração. diferentes alturas, trilhos de madeira, tijolos.
Imitar animais e posições estáticas. Lançar e
a) Percepção e controle do corpo receber a bola.
A criança adquire primeiro a sensação, depois o

c) Lateralidade
uso, e finalmente, o controle de seu corpo. Ponto
de partida o conhecimento do corpo, partes do
O homem, por natureza, tem um lado do corpo
corpo, através de estímulos sensoriais – dominante. Quer dizer que usa melhores olhos,
superfície, temperatura, unidade, peso etc. –
ouvidos, pé e mão de um determinado lado.
referenciará as partes do corpo e suas
Normalmente, a lateralidade se define entre os
sensibilidades. Numa segunda etapa fará uso e
05 e os 07 anos. As crianças que, a partir dessa
controlará as partes independentemente uma idade apresentam uma lateralidade não definida
das outras.
ou cruzada, facilmente encontrarão dificuldades
na aprendizagem escolar.
Como? Brincando com água, tinta, areia, barro,
blocos, sucata; usando determinadas partes do
corpo em jogos ou em movimentos propostos;
dramatizando.
http://www.cdpsicologia.com.br/wp-content/uploads/2012/07/Psicomotricidade-
jpg.jpg
Como?
https://encrypted-
tbn2.gstatic.com/images?q=tbn:ANd9GcQ4JpIc_jewV2HtEuiaPhGlIhaDQXhqAKl – Atividade que exijam o uso de todo corpo com
FbX2_KgNg0j2TsSk objetos grandes (pneus, bolas, caixas, blocos) e
pequenos, desenvolvendo a coordenação
b) O equilíbrio funcional da mão e dos dedos (contas, sementes,
pinos, clips, tampinhas, pregadores, cartas).
É condição indispensável para qualquer ação
diferenciada. As ações serão tanto coordenadas
quanto mais à criança conseguir em posição
16
Atividades em que ordena a mão a ser usada

(com bolas, saquinhos de areia/feijão).
d) Independência dos membros em relação

ao tronco e entre si
Para a criança é mais fácil fazer movimentos

simétricos e simultâneos, pois só numa segunda
etapa é que ela virá a movimentar os membros
separadamente um do outro. http://iconerecife.com.br/wp-content/uploads/2012/11/shutterstock_99940328.jpg
Como? – Macaco mandou – de início pedindo f) Controle da respiração

movimentos simétricos, aumentando a
dificuldade, na medida em que as crianças O controle respiratório contribui na formação de
puderem realizar naturalmente, movimentos hábitos de se concentrar, relaxar, se acalmar.
assimétricos e não simultâneos.
Como?
e) Controle muscular
Bolhas de sabão, bolas de encher, pintura com
canudo de soprar, corridas de soprar.
Dramatização de aspirar e soprar. Relaxamento
sentido o próprio corpo ou do companheiro.
8.4 – Aprendizagem e
Psicomotricidade
jpg.jpg
É muito difícil para uma criança

interromper um movimento, mas esse controle da
inibição é indispensável para que ela venha a
adquirir, mais tarde, não só uma caligrafia, mas
também a concentração necessária para a jpg.jpg
aprendizagem escolar.
O ser humano comunica-se por meio da
Como? linguagem verbal e corporal. A criança nos
primeiros dias de vida até o início da linguagem
Inibição dos movimentos globais que verbal se faz entender por meio de gestos, pois
envolvem todo o corpo como o andar, o correr os movimentos constituem a expressão global de
suas necessidades. O movimento é importante
“Batatinha Frita”. Recreação com o uso no desenvolvimento da criança porque está
de música. Trabalhar os ligado às emoções e por ser um veículo de
transmissão do equilíbrio do estado interior do
“movimentos segmentários jogos recém-nascido.
cantados “O meu chapéu tem 03 pontas”,” A
galinha e o seu Kara Kara”, jogo de estátua.
17
Esse movimento possibilita o relacionamento da exercícios psicomotores, e sua evolução é

criança com o mundo e com as demais determinante para a aprendizagem da escrita e
características inerentes da condição humana. da leitura.
Conforme a criança cresce, vai organizando sua
capacidade motora de acordo com sua Fávero (2004) realizou um levantamento dos
maturidade nervosa e com os estímulos do meio estudos que mostram a importância do
que a rodeiam. De acordo com Fávero (2004), a desenvolvimento psicomotor para as
organização motora é fundamental para o aprendizagens escolares como os de Furtado
desenvolvimento das funções cognitivas, das (1998), Nina (1999), Cunha (1990), Oliveira
percepções e dos esquemas sensório-motores (1992) e Petry (1988). Para Furtado (1998),
da criança. provocando-se o aumento do potencial
psicomotor da criança, amplia-se também as
condições básicas para as diversas
aprendizagens escolares. Em um estudo sobre o
grau de influência dos aspectos psicomotores
sobre prontidão para ler e escrever em escolas
Segundo Colello (1995), a falta de atenção da de classes de alfabetização do ensino infantil,
escola ao movimento dos indivíduos se Nina (1999) destaca a necessidade de, desde o
fundamenta na concepção dualista do homem, ensino pré-escolar, serem oferecidas atividades
segundo a qual a mente predomina sobre o motoras direcionadas para o fortalecimento e
corpo. Apesar dos vários estudos mostrarem a consolidação das funções psicomotoras,
importância desta área, as escolas continuam fundamentais para o êxito nas atividades do bom
deixando em segundo plano a prática aprendizado da leitura e escrita. Estudos
psicomotora, pois pensam no ato de escrever anteriores realizados por Cunha (1990)
como sendo um ato motor que, repetido várias mostraram a importância do desenvolvimento
vezes, por meio de movimentos mecânicos e psicomotor e cognitivo. Além disso, a autora
sem sentido, pode ser fixado. Portanto, a grande constatou que as crianças com nível mais alto de
preocupação dos educadores durante o processo desenvolvimento psicomotor e conceitual são as
de aprendizagem limita-se ao treinamento das que apresentam os melhores resultados
habilidades responsáveis pelos aspectos escolares.
figurativos da escrita, como coordenação motora,
discriminação visual e organização espacial. No Em outra pesquisa, Oliveira (1992) identificou
entanto, o autor considera a escrita um ato entre as dificuldades de aprendizagem às que
essencialmente motor, destacado de qualquer são relacionadas ao desenvolvimento psicomotor
outra esfera do desenvolvimento, seja afetiva, e, a partir disso, desenvolveu uma investigação
cognitiva ou social. mostrando como o desenvolvimento adequado
da psicomotricidade pode auxiliar para que
alguns dos pré-requisitos para a escrita sejam
alcançados.
jpg.jpg
De acordo com Negrine (1980), as

aprendizagens escolares básicas devem ser os
18
Petry (1988) reafirma a importância do Essas restrições podem levar a criança a

desenvolvimento dos conceitos psicomotores, dificuldades de aprendizagem, repercutindo no
ressaltando que as dificuldades de aprendizagem desempenho escolar. Neste sentido, Negrine
em crianças de inteligência média podem se (1986, p. 61) afirma que as dificuldades de
manifestar quanto à caracterização de letras aprendizagem vivenciadas pelas crianças “são
simétricas ela inversão do “sentido direita- decorrentes de todo um todo vivido com seu
esquerda”, como, por exemplo, b, p, q ou por próprio corpo, e não apenas problemas
inversão do “sentido em cima em baixo”, d, p, n, específicos de aprendizagem de leitura, escrita,
u, ou ainda por inversão das letras oar, ora, aro. etc.” Assim, os aspectos psicomotores exercem
De acordo com a autora, a compreensão de grande influência na aprendizagem, pois as
conceitos como perto, longe, dentro, fora, mais limitações apresentadas pelas crianças na
perto, bem longe, atrás, embaixo, alto, mais alta orientação espacial podem tornar-se um fator
será facilitada com série de ações no espaço, determinante nas dificuldades de aprendizagem.
com o corpo em movimento.
jpg.jpg
Os estudos citados acima mostram a importância

de se estimular o desenvolvimento psicomotor
das crianças, pelo fato deste ser fundamental
para a facilitação das aprendizagens escolares,
pois é por meio da consciência dos movimentos jpg.jpg
corporais e da expressão de suas emoções que
a criança poderá desenvolver os aspectos motor,
intelectual e socioemocional.
Segundo Fávero (2004), para escrever é preciso
que se tenha orientação espacial suficiente para
Para Ajuriaguerra (1988), a escrita é uma
situar as letras no papel, para adequá-las em
atividade que obedece a exigências precisas de
tamanho e forma ao espaço de que se dispõe. E,
estruturação espacial, pois a criança deve
além disso, precisa-se dirigir o traçado da
compor sinais orientados e reunidos de acordo
esquerda para a direita, de cima para baixo,
com as leis, depois deve respeitar essas leis de
controlando os movimentos de maneira a não
sucessão que fazem destes sinais palavras e
segurar o lápis nem com muita força nem com
frases tornando a escrita uma atividade
pouca força, é necessário que a escola ofereça
espaçotemporal. Para Fonseca (1995), um objeto
condições para a criança vivenciar situações que
situado à determinada distância e direção é
estimulem o desenvolvimento dos conceitos
percebido porque as experiências anteriores da
psicomotores.
criança levam-na a analisar as percepções
visuais que lhe permitem tocar o objeto. É por
meio dessas que resultam as noções de distância
e orientação de um objeto com relação a outro, e
assim a criança começa a transpor essas noções
19
gerais a um plano mais reduzido, que será de desenvolvimento infantil, pois enfatizam a
extrema importância quando na fase do grafismo. valorização do corpo na constituição do sujeito e
Fonseca (1983) destaca que na aprendizagem da aprendizagem, assim a “[...] préescola
da leitura e escrita a criança deverá obedecer ao necessita priorizar, não só atividades intelectuais
tempo de sucessão das letras, dos sons e das e pedagógicas, mas também atividades que
palavras, fato este que destaca a influência da propiciem seu desenvolvimento pleno”.
estruturação temporal para a adaptação escolar
para a aprendizagem. De acordo com Oliveira (1996, p. 182), a
psicomotricidade contribui para o processo de
alfabetização à medida que procura proporcionar
ao aluno as condições necessárias para um bom
desempenho escolar, permitindo ao homem que
se assuma como realidade corporal e
possibilitando-lhe a livre expressão. A
psicomotricidade caracteriza-se como uma
educação que se utiliza do movimento para
promover aquisições intelectuais. Para a autora,
a inteligência pode ser considerada uma
adaptação ao meio ambiente e para que esta
aconteça é necessário que o indivíduo apresente
uma manipulação adequada dos objetos
existentes ao seu redor, “[...] esta educação deve
http://www.cdpsicologia.com.br/wp-content/uploads/2012/07/Psicomotricidade- começar antes mesmo que a criança pegue um
jpg.jpg lápis na mão [...]”.
O ponto de referência que os seres humanos têm

para conhecer e interagir com o mundo é o corpo.
Este elemento serve como base para o
desenvolvimento cognitivo e conceitual, incluindo
Colello (1995) afirma que, além dessas
os presentes para a aprendizagem de conceitos
dificuldades inerentes ao ato de escrita, existe
na atividade de alfabetização. Por essa razão, o
ainda a dificuldade que os professores têm em
desenvolvimento do movimento por meio da
diagnosticar as dificuldades de aprendizagem e
psicomotricidade auxilia a criança a adquirir o
relacioná-las ao desenvolvimento psicomotor.
conhecimento do mundo que as rodeia.
Em sala de aula, os professores trabalham a
motricidade infantil como uma atividade
Fávero (2004) ressalta que o desenvolvimento
mecanizada do movimento das mãos e as aulas
psicomotor não é o único fator responsável pelas
de educação física parecem se restringir a
dificuldades de aprendizagem, mas um dos que
atividades de recreação nas quais o movimento
podem desencadear ou agravar o problema. As
parece ter um fim em si mesmo. Para o autor, até
dificuldades de aprendizagem relacionadas à
mesmo os professores de Educação Física tem
escrita alteram o rendimento escolar. Crianças
mostrado dificuldades em perceber a importância
com dificuldades de escrita podem apresentar
do movimento para o desenvolvimento integral
disfunção nas habilidades necessárias para uma
da criança.
aprendizagem escolar efetiva, e estes fatores
podem ser acentuados pelos déficits
psicomotores.
Sabe-se que atualmente condições

Segundo Tomazinho (2002, p. 50), o socioculturais fazem com que as crianças sejam
desenvolvimento corporal é possível graças a privadas do movimento, como bem lembra
ações, experiências, linguagens, movimentos, Fávero (2004, p. 55) “[...] a escola, como
percepções, expressões e brincadeiras corporais responsável pela educação global deveria
dos indivíduos. As experiências e brincadeiras proporcionar através das suas aulas atividades
corporais assumem um papel fundamental no que levassem à criança condições para um
20
desenvolvimento harmonioso em termos conseguem dominar a linguagem escrita das que

psicomotores”. não conseguem. Segundo Escoriza Nieto (1998),
foi somente a partir da década de 1970 que as
A escrita exige o desenvolvimento de habilidades pesquisas começaram a buscar explicar os
específicas e um esforço intelectual processos cognitivos envolvidos na atividade
proporcionalmente superior às aprendizagens escrita.
anteriores da criança. Na escrita ocorre à
comunicação por meio de códigos que variam de
acordo com a cultura, e sua aprendizagem se dá
pela realização da cópia, do ditado e na escrita
espontânea.
http://www.colegioweb.com.br/wp-content/uploads/2014/05/img_1252120507.jpg
Para Gregg (1992 apud GARCIA, 1998) as

dificuldades encontradas no processo de
alfabetização vão desde o desenvolvimento das
habilidades de escrita (disgrafia) e erros de
soletração até erros na sintaxe, estruturação e
pontuação das frases, bem como a organização
de parágrafos. No começo do processo de
http://www.colegioweb.com.br/wp-content/uploads/2014/05/img_1252120507.jpg alfabetização o que mais se observa são:
confusão de letras, lentidão na percepção visual,
Segundo Fávero (2004), a escrita espontânea inversão de letras, transposição de letras,
envolve um grau maior de dificuldade, pois o substituição de letras, erros na conversão
modelo visual e auditivo está ausente e envolve símbolo-som e ordem de sílabas alteradas, essas
a tomada de decisões acerca do que vai ser dificuldades pode se manifestar ao se soletrar ou
escrito e como será escrito. Antes de se escrever escrever uma palavra ditada ou copiada. É
algo é preciso gerar uma informação, organizá-la possível encontrar crianças com boa capacidade
de forma coerente para posteriormente escrevê- de expressão oral, mas com dificuldades para
la e revisar o que foi escrito. É preciso diferenciar escrever, alunos que se expressam oralmente
as letras dos demais signos e determinar quais com dificuldade e escrevem as palavras mal e
são as letras que devem ser empregadas, além sujeitas que escrevem bem as palavras, mas se
disso, a escrita pressupõe um desenvolvimento expressam mal.
motor adequado, pois certas habilidades são
essenciais para que a atividade ocorra de Essas dificuldades, se consolidadas ao longo da
maneira satisfatória. infância, tornam-se mais evidentes no ambiente
escolar, onde o processo de aprendizagem é
Ajuriguerra (1988), Ferreiro (1985) e Cagliari institucionalizado. Ajuriaguerra (1988) destaca
(2000), ao estudarem a aquisição da escrita, que a escrita envolve, além de habilidades
constataram que esta aquisição não deve ser cognitivas, as habilidades psicomotoras, pois o
restrita a simples decodificação de símbolos ou ato de escrever está impregnado pela ação
signos, pois o processo de aquisição da língua motora de traçar corretamente cada letra e
escrita é complexo e anterior ao que se aprende constituir a palavra. Quando se coloca em
na escola. A grande dificuldade que os questão o desenvolvimento motor, é necessário,
educadores enfrentam está em compreender os além da maturação do sistema nervoso, a
fatores que diferenciam as crianças que promoção do desenvolvimento psicomotor,
21
objetivando o controle, o sustento tônico e a ALMIRALL, C. B.; SORO-CAMATS, E.; BULTÓ,

coordenação dos movimentos envolvidos no C. R. Sistemas de sinais e ajudas técnicas
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Segundo Ferreira (1993, p.18), não existe
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aprendizagem sem que seja registrada no corpo.
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Para a autora, a participação do corpo no
htp://portal.mec.gov.br/seesp.Acesso em
processo de aprendizagem se dá pela ação do
04/02/2012.
sujeito e pela representação do mundo. Todo
conhecimento apresenta um nível de ação (fazer
CAGLIARI, L. C. Alfabetização e Linguística.
os movimentos) e um nível figurativo (dado pela
10ª ed. São Paulo: Scipione, 2000.
imagem pela configuração) que se inscreve no
corpo. Pensando no desenvolvimento da criança
CANNAO, M. Comunicação Alternativa e
de forma integrada e buscando entender
Deficiência Mental. In: TUPY, T. M. &
aspectos físicos, afetivos, cognitivos e sociais, é
PROVETTONI, D. G. ...E se falta à palavra, qual
necessário o estudo do desenvolvimento
comunicação, qual linguagem? Discurso sobre
psicomotor.
comunicação alternativa. São Paulo: Memnon
Estudos (SISTO et al, 1994; FINI et al, 1994) Edições científicas, 1999.
partem do pressuposto de que o baixo
rendimento escolar pode ser compreendido como CHUN, R.Y.S. Sistema Bliss de Comunicação:
uma manifestação das dificuldades de um meio suplementar e/ou alternativo para o
aprendizagem. Mais especificamente, os estudos desenvolvimento da comunicação em
de Tomazinho (2002), Oliveira (1992) e Fávero indivíduos não falantes portadores de
(2004) mostram a procedência de identificar paralisia cerebral. São Paulo: USP, Dissertação
entre as dificuldades de aprendizagem às que de Mestrado, 1991.
são relacionadas ao desenvolvimento psicomotor
e, a partir desses dados, mostrar a necessidade COLLELO, S. M. G. Alfabetização em questão.
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VON TETZCHNER, S.; MARTINSEN, H.

Introdução à comunicação aumentativa e
alternativa. Portugal: Porto Editora, 2000, 287p.
24

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COMUNICAÇÃO ALTERNATIVA

1 – ALGUMAS REFLEXÕES A RESPEITO DE COMUNICAÇÃO ............................. 3

– PRINCIPAIS SISTEMAS DE COMUNICAÇÃO ....................................................... 5

– INTERAGINDO COM O ALUNO QUE NÃO CONSEGUE SE COMUNICAR .......... 6

4 – O QUE FAZER QUANDO UM ALUNO NÃO É CAPAZ DE ESCREVER? ............ 6

5 – ADAPTAÇÃO DO MATERIAL ESCOLAR ............................................................ 7

– COMUNICAÇÃO ALTERNATIVA E SUA IMPORTÂNCIA....................................... 9

6.1 – Sistema de Comunicação Alternativa e/ou Suplementar: .................................. 9

6.2 – Recurso de Baixa Tecnologia: ......................................................................... 11

6.3 – Recursos da Alta Tecnologia: .......................................................................... 12

– RECURSOS PARA TRABALHAR COM ALUNOS QUE APRESENTAM

– PSICOMOTRICIDADE E SEU AUXÍLIO NA COMUNICAÇÃO ALTERNATIVA ..... 13

8.1 – O que é Psicomotricidade? ............................................................................. 14

8.2 – Objetivos da Psicomotricidade ........................................................................ 14

8.3 – Elementos Básicos da Psicomotricidade ......................................................... 15

8.4 – Aprendizagem e Psicomotricidade .................................................................. 17

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS UTILIZADAS E CONSULTADAS ..................... 22

Trecho adaptado de Débora DELIBERATO 1 A

Bloom (1983) definiu a linguagem como um

O autor afirmou que a linguagem é um código

um longo período de desenvolvimento cultural, trabalho de construção, de retificação do vivido

Luria (1978) explicou que o aparecimento da

Camaioni (1980) afirmou que a linguagem infantil

Para Franchi (1977) a linguagem não é um dado

O processo de escolha dos recursos e/ou

Muitas crianças apresentam dificuldades para

Para Reily (2004), a família deve ser envolvida no

A decisão dos materiais pode estar vinculada

A criança pode responder sinalizando

Ex: O que você gostaria de fazer agora?

A criança pode responder apontando

4 – O QUE FAZER QUANDO UM

Muitas crianças não conseguem escrever, mas

Universidade. Essas crianças precisam dos

letras emborrachadas; letras em papel para

atividades de múltipla escolha;

Letras maiúsculas para a construção das

Utilizar colagem para as atividades de

Atividade de escrita manuscrita

Atividade adaptada com letras coladas

Tempo limitações, de tal forma que possam usufruir o

Diante dessa necessidade foi que originou a

Considera-se Comunicação Alternativa quando o

Este sistema alternativo de comunicação possui

Destina-se a crianças com déficits auditivos, Sistema PECS (Picture Exchange

Sistema PIC (Pictogram Ideogram

O PECS tem como objetivo ir ao encontro daquilo

Progressivamente, o grau de dificuldade será

se às necessidades comunicativas do seu

6.2 – Recurso de Baixa Tecnologia:

Avental - é um avental confeccionado em tecido

6.3 – Recursos da Alta Tecnologia: Todo o processo da Comunicação Alternativa

Computadores - Com o avanço da tecnologia  Estratégias;

A sala de recursos tem sido um espaço

– RECURSOS PARA TRABALHAR

A adoção de um sistema de Comunicação

seja ele qual for, mas deve ser adquirido

O trabalho em conjunto com as escolas, realiza-

Em relação ao ambiente escolar é importante

8.1 – O que é Psicomotricidade?