Acidentes em Parques Eólicos

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SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM INDUSTRIAL

TRABALHO EM SEGURANÇA DO TRABALHO


UC2 – COMUNICAÇÃO E INFORMAÇÃO SA 2
ACIDENTES EM PARQUES EÓLICOS

CARLOS ALBERTO MARTINS


EDSON TEIXEIRA DE JESUS
JOAQUIM PEDRO SABINO

FLORIANÓPOLIS - SC
2021
SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM INDUSTRIAL

TRABALHO EM SEGURANÇA DO TRABALHO


UC2 – COMUNICAÇÃO E INFORMAÇÃO SA 2
ACIDENTES EM PARQUES EÓLICOS

CARLOS ALBERTO MARTINS


EDSON TEIXEIRA DE JESUS
JOAQUIM PEDRO SABINO

FLORIANÓPOLIS - SC
2021
AGRADECIMENTOS
Agradeço aos meus pais, por todo o zelo e dedicação que sempre
despenderam comigo. Aos meus amigos Carlos Alberto Martins e Joaquim Pedro
Sabino. Ao professor Raphael que sempre nos apoia. A Janice Toni com suas
mentorias inspiradoras.
RESUMO
Este trabalho apresenta uma análise das condições de segurança em parques
eólicos. Com o recente crescimento desta forma de geração de energia no Brasil, a
falta de experiência dos trabalhadores neste setor e os altos índices de acidentes de
trabalho no País, verificou-se a necessidade da elaboração deste trabalho. Para
tanto, caracterizou-se o projeto de um parque eólico, realizou-se um levantamento
de dados referentes a acidentes ocorridos neste segmento por meio de um banco de
dados internacional e realizou-se um direcionamento destes dados para o setor
elétrico com o aprofundamento em acidentes relacionados a incêndios, quedas,
ruídos e espaços confinados. Ratificou-se a escassez e a falta de compartilhamento
de dados de acidentes neste ramo, porém de maneira ainda mais evidente no Brasil.
Também, foram levantadas as principais causas do grande número de acidentes
que atingem os sistemas de geração de energia eólica, bem como, foram estudadas
as medidas de prevenção destes, focando na realidade brasileira. Acredita-se que a
elaboração de uma base de dados nacional possa contribuir mais profundamente na
melhoria das condições de trabalho, saúde e segurança dos profissionais que atuam
nos parques eólicos.

Palavras-chave: Parques eólicos; Segurança do trabalho; Acidente de trabalho;


Incêndios; Plano de melhorias.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 ‒ Parque Eólico .......................................................................................... 07


Gráfico 1 ‒ Tipos de acidentes em parques eólicos global ....................................... 09
Gráfico 2 ‒ Tipos de acidentes em parque eólicos do Brasil ................................ ....10
Quadro 3 ‒ Gráfico comparativo .............................................................................. 11
Grafico 3 ‒ Gráfico comparativo ............................................................................... 12
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABDI – Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial;


ABEEólica – Associação Brasileira de Energia Eólica;
ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas;
AEAT – Anuário Estatístico de Acidentes de Trabalho;
AET – Análise Ergonômica do Trabalho
ANAMT – Associação Nacional de Medicina do Trabalho;
ANEEL – Agência Nacional de Energia Elétrica;
AWEA – American Wind Energy Association;
CCEE – Câmara de Comercialização de Energia Elétrica;
CFPA-E – Confederation of Fire Protection Associations in Europe;
CNAE – Classificação Nacional de Atividades Econômicas;
CREA – Conselho Regional de Engenharia e Agronomia;
CRESEB – Centro de Referência para Energia Solar e Eólica;
CTGAS – Centro de Tecnologias do Gás e Energias Renováveis;
EPE – Empresa de Pesquisa Energética;
EU - OSHA – European Agency for Occupational Safety & Health Administration;
EWEA – European Wind Energy Association;
GIZ – Gesellschaft für Internationale Zusammenarbeit;
GPECE – Guia de Projeto Elétrico de Centrais Eólicas;
GWEC – Global Wind Energy Council;
IEC – International Electrotechnical Commission;
IMPSA – Indústrias Metalúrgicas Percarmona;
IRENA – International Renewable Energy Association;
ISO – International Organization for Standardization;
LIS – Light Image Sensor;
MPT – Ministério Público do Trabalho
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .......................................................................................... 7
2. ACIDENTES EM PARQUES EÓLICOS .................................................... 8
3. LEVANTAMENTO DE ACIDENTES DE TRABALHO ............................. 10
4. ACIDENTES REGISTRADOS ................................................................. 11
5. PRINCIPAIS ACIDENTES EM PARQUES EÓLICOS NO BRASIL ......... 13
5.1 TRABALHO NAS ALTURAS - NR 35 ..................................................... 13
5.2 RUÍDOS - NR15 ...................................................................................... 14
5.3 INCÊNDIO NR23 ..................................................................................... 15
5.4 CHOQUE ELÉTRICO NR10 .................................................................... 16
5.5 ESPAÇO CONFINADO NR33 ................................................................. 18
6. MEDIDAS MITIGADORAS RECOMENDADAS ...................................... 19
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS ..................................................................... 21
8. REFERÊNCIAS ....................................................................................... 24
7

1 INTRODUÇÃO

A segurança nos parques eólicos

Figura 1 - Fonte: https://inovarum.net/energia-eolica/seguranca-nos-parques-eolicos/

A sustentabilidade é um dos temas mais importantes no cenário atual, tanto


para os setores públicos quantos para os privados. Existe uma tendência de
mudança nas rotinas de trabalho e na vida pessoal, para melhorarmos o ambiente
onde vivemos.
Uma forma de geração de energia elétrica que está de acordo com esta
política de sustentabilidade é a geração eólica, que utiliza a força dos ventos e que
gera poucos danos ao meio ambiente.
A geração eólica vem tendo um grande destaque no cenário nacional, sendo
uma energia limpa e está atraindo investidores de todo o mundo na busca de
lugares para implantar seus parques.
8

Aliado a esta visão de sustentabilidade, devemos estar preocupados também


com a segurança dos trabalhadores e do próprio empreendimento, garantindo o
atendimento as Normas de Segurança estabelecidas pelo Ministério do Trabalho e
Emprego (MTE).

2. ACIDENTES EM PARQUES EÓLICOS


De forma resumida, utilizando como base a tabela de acidentes da CWIF,
pode-se sintetizar os 1.556 acidentes ocorridos em parques eólicos ao redor do
mundo nos últimos 10 anos conforme mostra o Gráfico 1. Observa-se que o acidente
mais comum é a falha nas pás da turbina, representando 15,17% dos acidentes nos
últimos 10 anos, o que equivale a 236 acontecimentos. Em segundo lugar, aparece
o fogo com 12,92%, equivalente a 201 ocorrências. Outro número que chama a
atenção é a fatalidade de 86 acidentes, equivalendo a 5,53% do total. Dentro da
categoria “Outros”, foram incluídos acidentes devido à poeira, explosão, descargas
elétricas, curto circuitos e penetração de água, cada um desses tendo ocorrido
apenas uma vez durante os 10 anos sintetizados no gráfico. Já a maior porção do
gráfico, referente a acidentes diversos foram assim classificados por serem
acidentes sem maiores danos tanto aos seres humanos, quanto danos materiais. Os
18,83% referem-se aos 293 acidentes de falha de componentes ou falhas
mecânicas que não resultaram em danos estruturais, falhas devido à falta de
manutenção, falhas elétricas que não resultaram em incêndio ou eletrocussão,
acidentes de construção e suporte e também acidentes de raios que não resultaram
em danos às pás ou incêndio (CWIF, 2018). Particularizando os acidentes
relacionados ao fogo que em sua grande maioria estão vinculados ao segmento
elétrico, pode-se dizer que este tipo de acidente traz consequências irreversíveis
tanto financeiramente quanto para a reputação da empresa. Segundo um relatório
de novembro de 2015 da empresa americana GCube, especialista em serviços de
seguros para o setor de energia eólica em todo o mundo, há uma média de 50
incêndios de turbinas eólicas por ano, nem metade do que foi relatado pela CWIF
(GCUBE INSURANCE, 2015).
9

Sobre o Brasil, este banco de dados traz uma coletânea de 10 acidentes


ocorridos em território nacional agrupados em 5 tipos diferentes como mostra o
Gráfico 2. Da totalidade de acidentes, 4 resultaram em fatalidades, 2 foram resultado
de falhas estruturais e outros 2, de fogo, além de 1 acidente de tipo ambiental e 1
proveniente de falha na pá.
10

A fim de ratificar os dados coletados expressos no Gráfico 2, uma estimativa


foi realizada. Para isso, foram utilizados os dados divulgados pela Previdência Social
(Anuário Estatístico de Acidentes do Trabalho) e pelo Ministério de Minas e Energia
(Relatório Final de Balanço Energético Nacional) também entre os anos de 2007 e
2015. A estimativa baseou-se na quantidade de acidentes registrados segundo a
Classificação Nacional de Atividades Econômicas (CNAE) que engloba todos os
tipos de fontes geradoras de energia em uma mesma classe, conforme a
categorização mostrada na Tabela 4 e na porcentagem de energia eólica na matriz
energética nacional no ano específico. De outra forma, no ano de 2009 foram
registrados 790 acidentes, como neste ano a porcentagem de energia eólica na
matriz nacional foi de 0,2% estima-se que tenham ocorrido 2 acidentes neste
segmento.

3. LEVANTAMENTO DE ACIDENTES DE TRABALHO


Segundo Leonardo Osório, Procurador do Ministério Público do Trabalho
(MPT) em entrevista ao jornal Bom Dia Brasil (exibido em 13/04/2018), a
Organização Internacional do Trabalho estima que para cada acidente notificado
existem sete não-notificados (ACIDENTES DE TRABALHO, 2018).
Além disso, de acordo com o AEAT (BRASIL – MINISTÉRIO DA FAZENDA,
2016), o número de acidentes relatados no Brasil caiu de 622.379 para 578.935 de
2015 a 2016. O que pode ser confundido com uma melhora no nível da segurança
no trabalho, tem na verdade relação com a diminuição dos postos de trabalho neste
11

período. O Cadastro Geral de Empregados e Desempregados informa que houve


uma diminuição de 0,5 milhão de postos com carteira assinada neste mesmo
período, conforme pode-se observar no Gráfico 3 (PDET, 2018). Ainda, pode-se
observar neste mesmo gráfico uma relação direta entre o número de empregados
com carteira assinada e a quantidade de acidentes de trabalho registrados entre os
anos de 2011 a 2016. Entre 2011 e 2012 houve uma queda no saldo de empregos
formais e também do número de acidentes, já no ano seguinte houve um aumento
do saldo e também um aumento no número de acidentes e assim sucessivamente,
como indicado no Gráfico 3.

4. ACIDENTES REGISTRADOS
A tabela 1 inclui todos os casos documentados de acidentes e incidentes
relacionados às turbinas eólicas em todo o mundo que podem ser encontrados e
confirmados através de relatórios de imprensa ou lançamentos de informações
oficiais até 30 de setembro de 2017.
Tabela 1 - Casos documentados de acidentes e incidentes relacionados às
turbinas eólicas. Até 30 de setembro de 2017
12

Fonte: http://www.caithnesswindfarms.co.uk/AccidentStatistics.htm

Os dados da tabela não são totalmente abrangentes, acredita-se que pode


ser apenas a "ponta do iceberg" em termos de números de acidentes e sua
frequência. (CAITHNESS WINDFARM INFORMATION FORUM, 2017)
Quadro 1 – Número total de acidentes em parques eólicos no mundo.
Número total de acidentes: 2159

Fonte: http://www.caithnesswindfarms.co.uk/AccidentStatistics.htm

Quadro 2 – Número de acidentes fatais em parques eólicos no mundo.

Número de acidentes fatais: 136

Fonte: http://www.caithnesswindfarms.co.uk/AccidentStatistics.htm
13

5. PRINCIPAIS ACIDENTES EM PARQUES EÓLICOS NO BRASIL

Segue abaixo o detalhamento das NRs que abordamos como principais causas
de acidentes em Parques Eólicos.

5.1 TRABALHO NAS ALTURAS - NR 35

Uma das principais causas de acidentes graves e fatais no Brasil é a queda


de altura durante a realização de um trabalho. Para evitar esse tipo de acidade
existe a norma NR35 que representou um importante avançando na regulamentação
para requisitos mínimos da realização do trabalho em altura.
Essa norma deve ser seguida quando o trabalho que for realizado, tenha uma
altura de pelo menos 2 metro de altura e represente algum risco de queda. Dentre
essas normas existem a obrigatoriedade do uso de absorvedor de energia, sua
função é reduzir ou absorver o impacto gerado pela parada brusca da queda,
evitando que a força do choque (em virtude da energia cinética, que é a energia
associada ao movimento de um corpo) seja totalmente transferida ao corpo do
trabalhador.
A ideia principal da norma é que a atividade exercida em altura seja
planejada, de forma a evitar que o trabalhador se exponha a riscos. E esse
planejamento deve envolver metodologias de análise de risco e mecanismos de
execução da atividade, como as Permissões de Trabalho. Além do planejamento, a
norma também dispõe sobre a organização e a execução dos trabalhos em altura de
modo a garantir a segurança e a saúde dos trabalhadores envolvidos direta ou
indiretamente com essa atividade.
A NR35 tem por objetivo estabelecer os requisitos mínimos e as medidas de
proteção para o trabalho em altura, envolvendo desde o planejamento e a
organização até a execução, de forma a garantir a segurança e a saúde dos
trabalhadores envolvidos direta ou indiretamente com essa atividade. Os
trabalhadores indiretamente envolvidos são aqueles que, apesar de não estarem
14

sujeitos ao risco de queda de altura, realizam suas atividades na proximidade de


outros trabalhadores, estes, sim, diretamente expostos a esse risco.
á as atividades de trabalho em altura não rotineiras devem ser previamente
autorizadas mediante Permissão de Trabalho.
A Permissão de Trabalho é um documento escrito no qual constam as
medidas de controle visando o desenvolvimento de trabalho seguro, além de
medidas de emergência e resgate. Nesse sentido, o objetivo da Permissão de
Trabalho é autorizar o trabalho em altura, bem como descrever e delimitar sua
execução.
Os treinamentos inicial, periódico e eventual para trabalho em altura podem
ser realizados com outros treinamentos da empresa, e, nesse caso, devem ser
observados a carga horária, o conteúdo, a aprovação e a validade previstos. Os
treinamentos devem ser ministrados por instrutores com comprovada proficiência no
assunto, sob a responsabilidade de profissional qualificado em segurança no
trabalho

5.2 RUÍDOS - NR15

O ruído é um dos principais agentes físicos presentes nos ambientes de


trabalho, e a exposição acima dos limites de tolerância é um dos mais importantes
problemas de saúde ocupacional existentes atualmente, em que pese a notória
subnotificação dos casos de doenças ocupacionais.
A exposição prolongada ao ruído, ao longo de vários anos, pode provocar a
Perda Auditiva Induzida pelo Ruído (PAIR), um dos problemas de saúde
relacionados ao trabalho mais frequentes em todo o mundo. Estudiosos do assunto
consideram mais adequado a terminologia “Perda Auditiva Neurossensorial por
Exposição Continuada a Níveis Elevados de Pressão Sonora de Origem
Ocupacional”.
Segundo o art. 3 da Convenção 148 da OIT, o termo ruído compreende
qualquer som que possa provocar uma perda de audição ou ser nocivo para a saúde
ou envolver qualquer outro tipo de perigo. A NR15 utiliza acertadamente do termo
ruído, uma vez que, na norma, são tratados de sons que trazem ou podem vir a
trazer danos à saúde do trabalhador.
15

O som é uma onda mecânica longitudinal tridimensional provocada por uma


variação de pressão muito rápida, capaz de sensibilizar nossos ouvidos. Ao contrário
do que ocorre com a luz, o som não pode se propagar no vácuo, ou seja, não é
possível perceber o som se não existir um meio material entre o corpo que vibra e o
nosso ouvido.
O ruído é a percepção subjetiva e desagradável de um som. Isso significa
que todo ruído é um som, mas nem todo som é um ruído, pois essa interpretação é
subjetiva e varia de pessoa para pessoa.
Ruído de impacto: apresenta picos com duração menor de 1 segundo a
intervalos superiores a 1 segundo. Por exemplo, uma prensa que realiza menos de
30 prensagens por minuto.
Ruído intermitente: ruído com variações, maiores que 3 dB, em períodos menores
que 15 minutos. Por exemplo, o ruído oriundo de máquinas que operam em ciclos
durante o dia.
Ruído contínuo: Tem variações máximas de 3 dB, em períodos superiores a
15 minutos. Por exemplo, o ruído gerado por máquinas que operam continuamente.
A exposição ao ruído sem a devida proteção pode causar sérios danos a
audição, e saúde em geral do indivíduo. A perda, ou redução da sensibilidade de
audição pode se dar em diversos níveis, que dependerão do tempo de exposição e
do nível de ruído ao qual o indivíduo está exposto, causando danos as células da
cóclea.

5.3 INCÊNDIO NR23

A NR-23 é uma norma regulamentadora que dispõe informações e


orientações acerca da proteção e combate a incêndios. Apesar disso, a norma não
traz necessariamente medidas de prevenção que possam impedir a causa de um
incêndio.
O objetivo da NR-23 é proteger as pessoas, o patrimônio e combater um
incêndio ou início de incêndio, uma vez que a situação já tenha sido desencadeada.
Por isso ela é chamada de Proteção Contra Incêndios, ou Proteção e Combate a
Incêndios.
16

Os locais de trabalho deverão dispor de saídas, em número suficiente e


dispostas de modo que aqueles que se encontrem nesses locais possam abandoná-
los com rapidez e segurança, em caso de emergência. Desse modo, está implícita a
condição de que as saídas de emergência não devem estar obstruídas por
quaisquer objetos, de forma a não impedir a imediata evacuação do local.
As aberturas, saídas e vias de passagem devem ser claramente assinaladas
por meio de placas ou sinais luminosos, indicando a direção da saída. Nenhuma
saída de emergência deverá ser fechada à chave ou presa durante a jornada de
trabalho. As saídas de emergência podem ser equipadas com dispositivos de
travamento que permitam fácil abertura do interior do estabelecimento.
A proteção aumenta ainda mais quando a NR-23 é utilizada em conjunto com outras
normas que dizem respeito a rotas de fuga, hidrantes, extintores, entre outras
propriedades que ajudam no combate a incêndios.
Também é de suma importância que haja um grupo de colaboradores
treinado para lidar com este tipo de situação, orientando os demais e organizando a
evacuação do prédio de forma rápida e sem desordem.
O conhecimento desta norma é imprescindível para conduzir uma situação de
incêndio sem que haja feridos. Empresas de todos os portes devem observar o
cumprimento da norma, ou estarão sujeitas a multas e penalizações nas disposições
legais.
O treinamento na NR-23 é imprescindível para que os colaboradores de uma
empresa saibam exatamente como proceder em caso de incêndio. Ele deve ser
aplicado a um grupo inicial de colaboradores quando a empresa inicia suas
atividades.

5.4 CHOQUE ELÉTRICO NR10

O choque elétrico é uma das principais causas de acidentes fatais no Brasil.


Os acidentes com energia elétrica decorrem por vários motivos, por exemplo, falta
de projeto adequado, inexistência de programas e procedimentos de manutenção
17

das instalações e dos equipamentos, falta de aterramento e de isolamento de cabos


e circuitos elétricos, entre vários outros.
O choque elétrico é um conjunto de perturbações sofridas pelo organismo ao
ser percorrido por uma corrente elétrica. Suas principais consequências são as
paradas cardiorrespiratórias, perturbações no sistema nervoso, queimaduras
internas e externas resultantes do efeito térmico da passagem de corrente elétrica, e
até mesmo a morte.
A gravidade dos danos causados pela passagem da corrente elétrica no
corpo depende da intensidade da corrente, do seu percurso e do tempo de duração.
A intensidade da corrente dependerá da resistência oferecida pelo corpo humano à
sua passagem. Essa resistência abrange a resistência oferecida pela pele, também
chamada de resistência de contato, e a resistência apresentada pela parte interna
do nosso corpo, composta pelos músculos, sangue e demais órgãos e tecidos.
O objetivo da NR10 é estabelecer os requisitos e condições mínimas que
devem ser adotados na implementação de medidas de controle e sistemas
preventivos, de forma a garantir a segurança e a saúde dos trabalhadores que,
direta ou indiretamente, interajam em instalações elétricas e serviços com
eletricidade.
Procedimento de trabalho é a sequência de operações que devem ser
realizadas para a execução de determinado trabalho. Deve ser formalizado, com
indicação da equipe responsável pela tarefa, contendo o detalhamento dos circuitos,
dispositivos e outros elementos envolvidos, data, hora e local dos serviços, medidas
de segurança a serem adotadas, e também as possíveis circunstâncias que venham
a impedir sua realização. Os trabalhos em instalações elétricas somente poderão ter
início se houver uma ordem de serviço específica para aquele trabalho, e assinada
por profissional autorizado.
Os trabalhadores autorizados a intervir em instalações elétricas devem ser
submetidos a treinamento específico sobre os riscos decorrentes do emprego da
energia elétrica e as principais medidas de prevenção de acidentes em instalações
elétricas, de acordo com o estabelecido no Anexo III da norma.
O objetivo desses treinamentos não é oferecer capacitação profissional, mas,
sim, orientações relativas à prevenção de acidentes e outras informações de
segurança.
18

O treinamento deve ser ministrado a profissionais que trabalhem com


eletricidade de maneira geral. Seu conteúdo abrange temas como a prevenção de
acidentes de natureza elétrica, de análise e antecipação do risco, noções de
responsabilidades civil e criminal, conhecimento de normas e regulamentos
aplicáveis, prevenção e combate a incêndios e primeiros socorros. Tem carga
horária mínima de 40 horas.

5.5 ESPAÇO CONFINADO NR33

Espaço confinado é qualquer área ou ambiente não projetado para ocupação


humana contínua, que possua meios limitados de entrada e saída, cuja ventilação
existente é insuficiente para remover contaminantes ou onde possa existir a
deficiência ou enriquecimento de oxigênio. Para que um local seja caracterizado
como espaço confinado é preciso que todos esses requisitos estejam presentes a
norma regulamentadora 33 tem como objetivo estabelecer os requisitos mínimos
para identificação de espaços confinados e o reconhecimento, avaliação,
monitoramento e controle de riscos existentes, de forma a garantir
permanentemente a segurança e a saúde dos trabalhadores que interagem direta ou
indiretamente nestes espaços confinados.
Entretanto, a diversidade de espaços confinados existentes, como túneis,
tanques, secadores, moegas, caldeiras, porões, contêineres, tubulões e outros, o
elevado número de acidentes de trabalho nesses locais, a gravidade desses
acidentes, muitas vezes caracterizados por “mortes em série”, entre vários outros
fatores, levaram à decisão da publicação de uma norma que abordasse o tema de
forma mais detalhada e estruturada. A NR33 – Segurança e Saúde nos Trabalhos
em Espaços Confinados, publicada em dezembro de 2006, veio preencher essa
lacuna na legislação de Segurança e Saúde no Trabalho.
A atmosfera pobre em oxigênio ou com deficiência de oxigênio é aquela que
contém menos de 19,5% de oxigênio em volume na pressão atmosférica normal. Já
a atmosfera rica em oxigênio ou com enriquecimento de oxigênio é aquela contendo
mais de 23% de oxigênio em volume na pressão atmosférica normal.
Um exemplo de atmosfera pobre em oxigênio ocorre nos silos de
armazenagem de grãos. Nesses locais, quando o processo de secagem dos grãos
19

não é feito da forma adequada, pode ocorrer a fermentação de materiais orgânicos


por decomposição, o que leva ao aumento da concentração de anidrido carbônico,
metano e nitrogênio, e diminuição do oxigênio.
A entrada e a execução de serviços em um espaço confinado somente devem
acontecer após a emissão de uma autorização escrita, emitida pelo empregador.
Essa autorização é chamada de Permissão de Entrada e Trabalho (PET). A PET
deve conter o conjunto de medidas de controle da entrada e execução das
atividades no espaço confinado, bem como medidas de emergência e resgate
nesses locais. Essa autorização deve ser emitida em três vias, e todas elas devem
ser preenchidas, assinadas e datadas pelo Supervisor de Entrada, que é um dos
profissionais envolvidos nos trabalhos em espaços confinados.
Todo trabalhador designado para trabalhos em espaços confinados deve ser
submetido a exames médicos específicos para a função que irá desempenhar,
conforme estabelecem a NR7 e a NR31, incluindo os fatores de riscos psicossociais
com a emissão do respectivo Atestado de Saúde Ocupacional (ASO).
A NR33 inovou ao incluir expressamente a obrigatoriedade de inclusão dos
fatores de riscos psicossociais nos exames médicos dos trabalhadores designados
para trabalhos em espaços confinados. Esses riscos têm influência na saúde mental
dos trabalhadores, provocada pelas tensões da vida diária, pressão do trabalho e
outros fatores adversos.

6. MEDIDAS MITIGADORAS RECOMENDADAS


• Manter operadores e terceirizados treinados e atualizados;
• Verificar sistematicamente os procedimentos para movimentação de pessoal
e equipamentos pesados durante a etapa de transporte e montagem;
• Realizar inspeção e manutenção preventiva dos equipamentos e sistemas
de segurança;
• Fornecer equipamentos de segurança e EPI adequados para a realização de
manobras de manutenção e reparo; a velocidade dos ventos da região e a
capacidade suportável de projeto;
• Em caso de fogo nos sistemas elétricos, para extinção usar pó químico e
dióxido de carbono (CO2). Remover os recipientes da área de fogo, se isto puder ser
feito sem risco;
20

• Assegurar que há sempre um caminho para escape do fogo, rota de fuga no


interior da subestação;
• Checagem física dos componentes de serviço e manutenção;
• Implantação de sistemas de monitoramento remoto para a detecção de
riscos de incêndios;
• Manutenção de atmosfera inerte e atender aos procedimentos listados nas
Fichas de informação de segurança de produtos químicos (FISPQ) dos produtos
utilizados.
21

7. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Com a crescente expansão do setor eólico no Brasil, saúde e segurança são


aspectos que devem estar em constante evolução para acompanhar as novas
tendências. Novas tecnologias são empregadas a cada dia, porém a falta de
normatização e normalização dos padrões de segurança para os trabalhadores e
para o setor de modo geral tornam-se pontos de melhorias importantes para o
crescimento desse segmento, com o adicional de o Brasil ser conhecido
mundialmente por seus altos índices de acidentes de trabalho viu-se a necessidade
deste estudo.
Este trabalho de conclusão de curso teve por objetivo analisar as condições
de segurança em parques eólicos e seus componentes elétricos, comparando as
normas e os padrões nacionais e internacionais e propor soluções e melhorias nas
condições de segurança. Para tanto, foram propostos, de forma resumida, os
seguintes objetivos específicos: fazer o levantamento bibliográfico; descrever as
etapas inicial e final de montagem de um parque eólico; analisar os componentes
elétricos do gerador eólico; avaliar as normas nacionais e compará-las com as
internacionais; reconhecer diferentes estruturas e torres em parques eólicos;
levantar dados a respeito de acidentes em parques eólicos e elaborar plano de
sugestões e melhorias na segurança.
Foi realizado o levantamento bibliográfico, sendo que o Capítulo 2 contém a
revisão bibliográfica com a explicação dos diversos pontos que se fazem
necessários para a compreensão do restante do trabalho.
Em relação às etapas da montagem, funcionamento e manutenção de um
parque eólico verificou-se que antes da instalação de um parque eólico, é
necessário que o local disponível seja estudado (característica de solo, ventos, etc.)
e que as turbinas sejam caracterizadas para a otimização da geração de energia.
Verificou-se que o aerogerador, item primordial da instalação, é composto por
diversos componentes, dentre eles, os principais são a nacela, as pás e o gerador
elétrico. Além disso, componentes como a caixa multiplicadora, os mecanismos de
controle, a torre, o transformador, bem como, os painéis elétricos, cabos e
periféricos, devem ser estudados caso a caso de acordo com as especificidades de
22

cada projeto. Portanto, pode-se dizer que o objetivo específico identificar e analisar
os componentes elétricos do gerador eólico e os níveis de tensão foi cumprido.
Quanto à normalização observa-se uma distinção entre normas utilizadas
para o projeto dos parques eólicos e as normas utilizadas para a segurança dos
mesmos. No que tange ao projeto, muitas normas internacionais são utilizadas,
indicando uma padronização internacional maior do que a nacional. Já no quesito de
segurança, as normas regulamentadoras nacionais são mais comumente utilizadas.
Não foi possível fazer um levantamento satisfatório quanto às normas
utilizadas nos demais países quando se trata de segurança do trabalho, pois
verificou-se a utilização de diversas normativas e guidelines em países da Europa,
as quais visam a contribuir para as normas e segurança do setor. Com isso, pode-se
concluir que a falta de uma legislação específica se torna um desafio à saúde e
segurança na energia eólica.
A quantidade de dados disponíveis relacionados à segurança do trabalho é
bastante escassa e devido a isso, foi necessária uma adaptação no estudo. Para
tanto, foi realizada uma comparação dos números de acidentes disponibilizados pela
base de dados CWIF, entre os dez principais países produtores de energia eólica.
Dentre eles, por conta da relevância para o setor elétrico, os acidentes devido a
incêndios foram escolhidos como foco deste estudo. A fim de direcionar as
melhorias propostas, foram levantadas algumas das principais causas dos incêndios
em parques eólicos e as formas de detecção e prevenção que devem ser
implementadas.
Com estas ideias elaborou-se o plano de melhorias que foi dividido de acordo
com as diferentes etapas de montagem, funcionamento e manutenção de um parque
eólico. Dentre as melhorias citadas, pode-se frisar as seguintes: aplicação de um
checklist direcionado ao tópico de prevenção de incêndios e explosões presente na
NR-10; utilização do diagrama de fluxo e riscos associados às fases; formulação de
planos de prevenção de acidentes e de protocolos de emergência; tomada de
medidas esclarecedoras a fim de partilhar informações com os funcionários,
garantindo não só a capacitação, mas a eficácia e a compreensão do conteúdo
recebido; realização de exames periódicos para identificar possíveis alterações da
saúde do trabalhador e execução dos procedimentos em condições climáticas
favoráveis.
23

Além disso, é importante garantir a execução de atividades conforme as


normas existentes. Para isso, se faz necessário o aumento dos números de
auditores e fiscais responsáveis pela fiscalização destes procedimentos.
Cabe ressaltar que as informações aqui não são exaustivas, mas construtivas
e válidas para retratar alguns dos principais aspectos relativos aos estágios do ciclo
de vida de um parque eólico e dos riscos atrelados à indústria eólica como um todo,
identificando assim as atuais condições de segurança em parques eólicos.
Como sugestão para trabalhos futuros, dada à importância do assunto, é
necessário o desenvolvimento de um banco de dados nacional a respeito dos
acidentes em parques eólicos para que a partir dele uma análise mais profunda e
direcionada ao Brasil seja realizada.
É importante que o setor como um todo entenda a importância e as vantagens
da partilha de informações entre contratados e contratantes. Melhorias de instalação
e manutenção poderão ser implementadas, treinamentos mais extensivos e
direcionados aos funcionários poderão ser elaborados e a perpetuação de boas
práticas serão mais conhecidas e disseminadas, tudo isso visando cada vez mais a
melhoria das condições de trabalho, saúde e segurança dos profissionais.
24

8. REFERÊNCIAS

ACIDENTES DE TRABALHO. Bom dia Brasil. Rede Globo: 13 de abril de 2018.


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Acesso em 20 de junho. 2021, 18:05h.
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Disponível em: http://admin.cni.org.br/. Acesso em: 20 de junho. 2021.
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