Resumo 2 - Filosofia 11
Resumo 2 - Filosofia 11
Resumo 2 - Filosofia 11
A ciência, associada à técnica e à tecnologia, trouxe ao longo do tempo, inúmeras vantagens, comodidades e
confortos. A ciência alcançou um estatuto superior ao de outras formas de conhecimento. A maioria das pessoas
valoriza a ciência e o conhecimento científico sob a crença de que são fiáveis e seguros, mas o desenvolvimento da
investigação científica e da tecnologia também trouxe a debate inúmeras questões que nos obrigam a refletir sobre o
valor, os riscos e os limites da própria ciência.
A Epistemologia (filosofia das ciências) é a área da filosofia que se ocupa do estudo das questões relativas à
prática e ao conhecimento científicos.
“O estudo crítico dos princípios, das hipóteses e dos resultados das diversas ciências, destinado a determinar a sua
origem lógica (não psicológica), o seu valor e a sua importância objetiva.”
“O estudo sistemático da natureza da ciência, especialmente dos seus métodos, conceitos e pressuposições.”
Alguns exemplos de questões epistemológicas,
- O que é a ciência?
- O que distingue uma boa teoria científica de uma má teoria?
- Qual deve ser o método a adotar em ciência?
- Como progride a ciência?
- Será que o conhecimento científico é objetivo?
- O contexto cultural e social tem alguma influência sobre a atividade científica?
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Por outras palavras,
O senso comum é constituído por:
- Saber imediato: observações ingénuas da realidade;
- Saber subjetivo: observações espontâneas;
- Saber heterogéneo: acumulação não organizada das repreensões da realidade;
- Saber acrítico: ideias feitas e não refletidas da realidade.
É o conhecimento acumulado pelos homens, de forma empírica, porque se baseia apenas na experiência quotidiana,
sem se preocupar com o rigor que a experiência científica exige e sem questionar os problemas colocados justamente
pelo quotidiano. É um conhecimento adquirido de forma espontânea, sem muita preocupação, com um método ou com
a sistematização – saber acrítico, assistemático e ametódico. O senso comum é ainda subjetivo ao permitir a
expressão de sentimentos, opiniões e de valores pessoais.
O senso comum é útil, mas limitado uma vez que não é rigoroso, sistemático nem objetivo como o conhecimento
científico. Não é rigoroso porque não utiliza instrumentos de medição, é assistemático porque se baseia noutros
conhecimentos e também não é objetivo porque depende da observação, que é subjetiva, varia de pessoa para pessoa.
Ao afirmar que o senso comum é útil, referimo-nos ao facto de ser essencialmente prático, visto que é a partir deste
que aprendemos diversas atividades simples do quotidiano.
Em suma, o senso comum não é metódico, as suas crenças não resultam de uma investigação orientada por hipóteses
explicativas que se confrontam com os factos. Mas, pese embora a faceta negativa atribuída ao senso comum, este
funciona, muitas vezes, como ponto de partida para o conhecimento científico. O filósofo Karl Popper chega
mesmo a afirmar que “a ciência é o senso comum organizado”.
Conhecimento científico *
O conhecimento científico, ao contrário do senso comum, resulta de um esforço intelectual sistemático, metódico e
controlado pela experiência, para explicar, tão profundamente quanto possível, os fenómenos conhecidos. Os
cientistas testam as teorias, confrontam-nas com a experiência e têm uma disposição geral para as modificar caso não
estejam de acordo com aquilo que observam no mundo. Para isso, dispõem de um método próprio assistido por
tecnologias e instrumentos e de uma linguagem técnica adequada para representar o objeto do seu estudo.
1. Estamos perante conhecimentos que se baseiam no estudo objetivo do modo como a natureza funciona e
não simplesmente no saber acumulativo de geração em geração.
2. Os conhecimentos científicos são o resultado de investigação metódica orientada por hipóteses
explicativas que constantemente se submetem ao confronto com os factos.
O conhecimento científico é provisório, dado que procura descrever fielmente a realidade, mas pode ser
desmentido por esta.
3. O conhecimento científico é útil, mas o seu valor não se limita a esse aspeto prático
Neste predomina, de forma quase exclusiva, a preocupação com necessidades práticas. A ciência nasceu em
grande parte de necessidades práticas, mas não se limita a satisfazê-las.
4. O conhecimento científico tem mais valor explicativo do que o senso comum
Dado ao cuidado e rigor que carateriza a prática científica, a sofisticação dos instrumentos usados, tendemos a
considerar que os resultados da investigação científica têm maior valor explicativo.
5. O conhecimento científico é sistemático e organizado
O senso comum é desorganizado e assistemático. Embora o caráter sistemático e organizado não seja uma
caraterística que distinga de forma clara e particular a ciência, a verdade é que, em certa medida, o distingue
do conhecimento vulgar, como o prova a proliferação de provérbios e ditados populares que afirmam e negam
ao mesmo tempo um facto ou uma situação. Com referência ao caráter sistemático quer acentuar-se que há a
preocupação por parte do cientista de ligar os conhecimentos uns aos outros e de evitar que as afirmações
se contradigam.
6. Adota uma descrição quantitativa
Embora uma teoria científica se possa exprimir sem uma única fórmula, o uso da matemática é um auxiliar
precioso do raciocínio e uma linguagem rigorosa para a descrição dos fenómenos observados.
7. O conhecimento científico é revisível e deve acomodar novos fenómenos
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O constante confronto com os factos e a vontade de dar uma imagem fiel da realidade conduzem o cientista
a não considerar como definitiva nenhuma teoria. Se o seu objetivo é dar-nos a verdade sobre o mundo, o
cientista em geral sabe que, mais do que a posse da verdade, é a aproximação à verdade que carateriza a
pesquisa científica. E tal também ocorre devido à constante evolução tecnológica, pois a tecnologia e a ciência
andam de ‘mãos dadas’.
8. Os cientistas não acreditam ingenuamente nas aparências
Podemos pensar que a cor da pele torna duas pessoas muito semelhantes, mas estas podem, quanto ao tipo
sanguíneo e à constituição genética, ser muito diferentes. Estamos habituados a julgar os seres humanos em
termos de semelhanças físicas, e em especial se são parentes próximos: irmãos, pai e filho, etc. Também é
comum dizer-se que os habitantes de uma aldeia “assemelham-se todos”, ou que todos os Africanos e
Chineses são parecidos. Temos por hábito, julgar que as semelhanças físicas servem para identificar certos
grupos e os distinguir de outros.
Mas as aparências enganam, aqueles que se parecem superficialmente/fisicamente, estão mais afastados
do que se poderia pensar quanto a aspetos fundamentais que não estão ao alcance da experiência sensível
imediata. Com efeito, a Genética ensina-nos que o sangue do pai português pode matar o seu próprio filho,
enquanto o sangue de um chinês pode salvar a vida ao filho do mesmo, aquando de uma transfusão de sangue,
por exemplo. Isto é, quem é fisicamente semelhante pode não o ser em termos genéticos, e vice-versa.
De uma forma geral, as diferenças essenciais são: o conhecimento científico tem mais poder explicativo e tem um
caráter metódico. Como é em boa parte devido ao seu caráter metódico que o conhecimento científico tem maior
poder explicativo, será dada maior atenção a esse aspeto metódico da ciência. A principal diferença é que o cientista
obtém a verdade com base num procedimento sistemático de recolha de dados orientado por um conjunto de regras.
Desenvolve-se, então, em torno de uma hipótese explicativa, uma investigação. A investigação deve ser rigorosa
e cuidada e há conjunto de etapas que devem ser percorridas para que se atinja a meta desejada: resolver o problema.
Essas etapas são:
1. Formular claramente e descrever o problema a ser estudado;
2. Formular uma hipótese de resolução do problema que seja testável;
3. Escolher a estratégia ou metodologia adequada;
4. Realizar o estudo que permite confrontar a hipótese com os factos;
5. Analisar os resultados e confirmar se a hipótese que foi submetida a exame passou no teste.
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O que pode resultar dessa atividade? Diz-se que a atividade científica, baseada no pensamento crítico, alcança leis e
teorias que, não sendo dogmas, são, no fundo, hipóteses sempre passíveis de revisão. A ciência não cria verdades
absolutas ou teorias definitivas.
O que são leis científicas? São regularidades que o ser humano pensa ter descoberto na análise dos fenómenos da
natureza. Podemos dar o nome de leis científicas às hipóteses que ainda não foram invalidadas por facto algum. São
proposições gerais que descrevem e explicam por que algo acontece. Possuem claramente um conteúdo empírico
– baseado na experiência.
O que são teorias científicas? As teorias científicas são conjuntos organizados e sistemáticos de enunciados que
explicam um determinado tipo de fenómenos, que sistematizam conhecimentos ou tornam possível uma melhor
avaliação das hipóteses. A organização das leis em conjuntos sistemáticos chamados teorias [teorias são, então, conjuntos
de leis] deve-se ao facto de a explicação científica da realidade ou de um aspeto da realidade pretender ser o mais ampla
possível.
O que torna científica uma teoria ou uma lei?
a) Uma teoria é científica se, não negada pelos factos, possui um grande valor explicativo, isto é, permite prever
novos fenómenos e factos, dando conta deles.
b) Uma lei é científica quando possui um conteúdo empírico forte cuja generalização, quando corroborada pela
experiência, nos fornece informações relevantes acerca do mundo.
Conclui-se que, a ciência é, então, um procedimento metódico, objetivo e sistemático que pretende explicar
fenómenos, desenvolvendo para tal hipóteses e construindo leis e teorias sempre suscetíveis de revisão.
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CAP 2 – Ciência e construção: validade e verificabilidade das hipóteses
Perspetiva indutivista do método científico
Método – conjunto de procedimentos, orientados por um conjunto de regras, que estabelecem a ordem das operações
a realizar com vista a atingir um determinado resultado. A escolha de um método está dependente do objeto de estudo.
O método permite distinguir aquilo que é conhecimento científico do que não pode ser considerado como tal.
A ideia partilhada pelas pessoas que não se dedicam à ciência nem à reflexão sobre o método científico é a de que a
ciência usa o método indutivo. Esta perspetiva é também frequentemente aceite por vários cientistas. Se a partir desta
ideia julgarmos que o método indutivo é o método da ciência e não um entre outros estamos a ser indutivistas.
O método indutivo, muitas vezes chamado método experimental, é aplicado largamente nas ciências não formais,
como a Biologia, Física ou Economia, e é uma das bases para a elaboração de previsões, leis e teorias científicas, além
de auxiliar precioso em muitas decisões do nosso dia a dia. As ciências formais como a Matemática aplicam métodos
e sistemas dedutivos. As ciências não formais, fundadas na observação empírica, baseiam-se em grande parte na
indução.
A caraterística mais marcante da indução é o seu caráter ampliativo e provável, ou seja, as conclusões, apesar de
não serem cem por cento certas, garantem a inovação e um certo grau de confiança nas suas previsões. O enunciado
mais tradicional do método indutivo tem origem em Francis Bacon, e assenta nos momentos seguintes:
1. Observação. Recolhe-se o máximo possível de informação empírica sobre o fenómeno estudado. Ainda que
observações fortuitas ou ocasionais desencadeiem por vezes importantes descobertas científicas, a observação
científica deve ser sistemática, rigorosa e imparcial. A objetividade das observações deve ser garantida pelo
uso de instrumentos e medidas rigorosas.
2. Formulação da hipótese. A hipótese científica é uma conjetura (hipótese) ousada, baseada na observação,
que propõe uma verdade provisória elaborada com base nas relações e nos dados recolhidos. A hipótese
antecipa, pois, uma possível generalização.
3. Experimentação. É o momento em que as hipóteses são confrontadas com a experiência. A confrontação com
a experiência implica o recurso a instrumentos e técnicas laboratoriais complexas a fim de constatar se as
previsões apontadas pelas hipóteses correspondem ou não aos registos agora observados.
4. Confirmação e generalização. O sucesso dos testes e a sua repetição, em condições semelhantes, leva ao
experimentador a generalizar os resultados previstos pela hipótese, passando a designar esse facto como lei
científica.
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observação do cientista é afetada por pressupostos teóricos, teorias, conceitos e expectativas desenvolvidas
face à investigação.
2. A ciência estuda fenómenos inobserváveis
Os factos só podem sugerir teorias a um sujeito capaz de mobilizar os seus conhecimentos (teorias e
capacidades) para construir a conjetura que visa solucionar um problema (suscitado pelo confronto entre os
factos e as teorias).
As hipóteses são produto da cooperação do raciocínio e da imaginação. Têm de ser criadas, inventadas.
Neste aspeto, o cientista pode criar hipóteses livremente, mas, tem de submeter as suas criações a testes
empíricos.
Assim, o raciocínio indutivo não confere o rigor lógico necessário às teorias científicas. A indução constitui,
em termos lógicos, uma operação que obriga a um salto do conhecido (de proposições particulares) para o
desconhecido (para proposições gerais).
Para além disso, as hipóteses podem ser verificáveis, ao contrário do que pensa o indutivista. As leis ou hipóteses
científicas exprimem-se ou tendem a exprimir-se na forma de enunciados universais, enunciados que referem um
número indefinido ou mesmo infinito de casos particulares possíveis. Assim, de um ponto de vista lógico, todos esses
casos deveriam estar provados para a lei ou hipótese poder ser dada como verificada – e isso é manifestamente
impossível.
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- Se for validada pela experiência, a hipótese é considerada como credível e passará a ser reconhecida na
comunidade científica – teoria corroborada.
- Se não for validada, teremos de a abandonar ou de a reformular – teoria refutada ou “falseada”.
Em suma,
Conhecimentos prévios ou
Problema Conjeturas Consequências Refutação
expetativas
Em suma,
Segundo Popper, a indução não pode ser um procedimento científico porque o “salto indutivo” de alguns casos para
todos os casos implicaria que a observação de factos atingisse a totalidade, o que nunca pode ocorrer, por maior
que seja a quantidade de casos observados.
O modelo de investigação proposto por Popper – ou o método científico na perspetiva falsificacionista – pode ser
esquematizado do seguinte modo:
Problema – Conjetura ou hipótese explicativa – Dedução de consequências observáveis ou de
enunciados observacionais – Tentativa de falsificação – Corroboração/Refutação
O que distingue as teorias científicas das teorias não científicas? O problema da demarcação*
– Problema da demarcação entre ciência e não ciência –
Nos anos em que se formou, assistiu à enorme influência de duas teorias: a psicanálise e o marxismo.
A teoria marxista interpreta a história como luta de classes e exploração de uma classe por outra, que terminará com
o advento do comunismo (sociedade sem classes). De acordo com as previsões da teoria, a passagem do capitalismo
ao comunismo dar-se-ia nas sociedades altamente industrializadas. Mas as previsões não se cumpriram, não se tendo
verificado o colapso do capitalismo nas ditas sociedades. A teoria permanecia verdadeira: os factos só aparentemente
a desmentiam – o que aconteceu foi que essa transição para o comunismo abrandou, uma vez que surgiram nas
sociedades capitalistas, melhores condições para a classe operária.
A teoria freudiana afirmava que, na base dos nossos conhecimentos, existiam motivações e impulsos inconscientes
e que acontecimentos da primeira infância determinavam decisivamente a personalidade adulta.
Qual é o critério adequado para efetuar essa distinção ou demarcação?
a) Uma teoria é científica se for verificável
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Segundo Karl Popper, as teorias científicas incluem leis, e estas são enunciados universais. Ora, ao formular uma
lei, o conteúdo da mesma corresponde a algo que foi cumprido até agora, que está a ser cumprido e que será
cumprido no futuro. Pode, então, uma proposição deste tipo ser verificada? A resposta é não. Isso exigiria
que se observassem todos os casos particulares passados, presentes e futuros, o que é impossível.
O critério da verificabilidade não serve, e a verificação não permite distinguir teorias científicas de não científicas.
A estratégia de verificação pode incorrer na falácia da afirmação do consequente:
Se todos os corpos dilatam quando aquecidos, então estes metais vão dilatar ao serem aquecidos.
Observamos que estes metais dilataram ao serem aquecidos.
Logo, todos os metais dilatam quando aquecidos.
Esta forma de raciocinar encontra problemas lógicos. A afirmação ou confirmação do consequente – deduzida da
hipótese – não é prova válida da verdade do antecedente (da hipótese).
b) Uma teoria é científica se for confirmável
Dizer que uma teoria é confirmável, é dizer que pode ser parcialmente verificada pela experiência, pelo
confronto com os factos. Se enuncio uma proposição universal – todas as leis científicas o são –, parece
suficiente que se verifique nalguns casos para concluir que provavelmente essa proposição é verdadeira. Mas
esta forma de raciocinar é indutiva, e a indução não nos dá garantias quanto à verdade da conclusão. Quanto
maior for número de casos ou de exemplos de acordo com a hipótese, maior será a probabilidade de esta ser
verdadeira, mas o processo de confirmação (tal como o da verificação) é sempre inconclusivo. Dizer que
podemos verificar parcialmente enunciados universais é reconhecer que não estamos a confirmar enunciado
universal nenhum.
Mas, se falamos de leis científicas – enunciados universais – e reconhecemos que não podemos verificá-las nem
confirmá-las empiricamente, então não devemos concluir que não é possível distinguir teorias científicas de teorias
não científicas?
A única coisa que, segundo Popper, os cientistas podem fazer é mostrar ou que são falsas ou que ainda não foi
provada a sua falsidade (muito diferente de dizer que são ou ainda são verdadeiras).
Se verificar ou confirmar uma proposição universal é impossível, o mesmo já não acontece com a sua refutação ou
negação. Basta surgir algo que vá contra essa mesma proposição para que esta seja refutada.
E se uma hipótese, ao ser posta à prova, resistir aos testes a que submetemos? Segundo Popper, só temos o direito
de dizer que não foi refutada e que temos razões para a aceitar, ou seja, para continuar a trabalhar com ela. Diz-se,
então que foi corroborada. Será uma boa teoria, digna de confiança, mas não foi demonstrada nem se pode dizer que
é verdadeira. No máximo, o que podemos dizer é que faz avançar o nosso conhecimento, que até agora explica bem os
factos. Porquê? 1. Porque nada garante que no futuro não seja desmentida ou substituída por uma melhor; 2. Porque,
se até ao momento ela serviu para resolver um problema, pode também suscitar novos problemas.
O que é então uma teoria genuinamente científica para Popper? É uma teoria que pode ser submetida a testes
empíricos e que pode ser refutada ou falsificada (negada) se esses testes lhe forem desfavoráveis. O que carateriza
as hipóteses científicas é a sua refutabilidade ou “falsificabilidade”: nenhuma hipótese científica é irrefutável, mais
cedo ou mais tarde pode ser declarada falsa.
O que implica ter mais conteúdo empírico? Implica que essa proposição, dando-nos mais informação sobre o
mundo, corre mais riscos de ser desmentida, de ser falsificada. O seu grau de falsificabilidade é maior.
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Que proposição é preferível, segundo Popper? A proposição que corre mais riscos é preferível porque é mais
informativa. E por ser mais rica em conteúdo informativo, é mais testável do que a outra.
Indutivismo Falsificacionismo
1. Observação. Recolhe-se o máximo possível de 1. Formulação da hipótese ou conjetura. O ponto de
informação empírica sobre o fenómeno estudado. A partida da investigação científica são os problemas
objetividade das observações deve ser garantida pelo ou factos-problemas. Para os resolver, o cientista terá
uso de instrumentos e medidas rigorosas. de propor uma explicação provisória – hipótese (ou
2. Formulação da hipótese. A hipótese científica é conjetura): momento criativo da atividade científica,
uma conjetura (hipótese) ousada, baseada na associado à intuição, à imaginação, ao raciocínio
observação, que propõe uma verdade provisória abdutivo (raciocínio criativo) e não à indução.
elaborada com base nas relações e nos dados Perante o problema criam-se hipóteses (ou conjeturas),
recolhidos. A hipótese antecipa, pois, uma possível isto é, uma explicação provisória de um dado fenómeno
generalização. que exige comprovação; possíveis soluções do mesmo.
3. Experimentação. É o momento em que as hipóteses 2. Dedução das consequências. Depois de a hipótese ter
são confrontadas com a experiência. sido formulada, são deduzidas as suas principais
4. Confirmação e generalização. O sucesso dos testes consequências. Ou seja, na prática o cientista procura
e a sua repetição, em condições semelhantes, leva ao prever o que pode acontecer se a sua hipótese ou
experimentador a generalizar os resultados previstos conjetura for verdadeira.
pela hipótese, passando a designar esse facto como 3. Experimentação. Agora será necessário descobrir se as
lei científica. previsões que o cientista fez estão ou não corretas: a
hipótese será testada, confrontada com a
experiência.
- Se for validada pela experiência, a hipótese é
considerada como credível e passará a ser reconhecida
na comunidade científica – teoria corroborada.
- Se não for validada, teremos de a abandonar ou de a
reformular – teoria refutada ou “falseada”
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