Ficha Resumo Informativa Analise Episodios Lusiadas 9

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FICHA INFORMATIVA OS LUSÍADAS

Consílio dos Deuses (canto I, estrofes 20 à 41)

Estr. 19 - Ainda não pertence ao episódio «o Consílio dos Deuses». Está inserida na narração, mas no plano da viagem. Os
Portugueses navegam no Oceano Índico, já a meio da viagem.
Estr. 20 - Os Deuses reúnem-se no Olimpo (morada dos Deuses). São convocados através de Mercúrio, por decisão de Júpiter, o
seu objetivo é decidir o futuro dos Portugueses no Oriente.
Estr. 21- Os Deuses vêm de vários locais, desde o Pólo Norte ao Pólo Sul.
Estr. 22 - Júpiter é descrito de forma a destacar-se o seu poder e a sua autoridade.
Estr. 23 - Os Deuses estão sentados por ordem hierárquica. Júpiter prepara-se para discursar numa voz forte e assustadora.
Estr. 24 - Júpiter dirige-se a todos os Deuses. Elogia os Portugueses, dizendo que, de acordo com o Destino, estes vão fazer com
que outras civilizações, muito importantes até à data, passem para segundo plano.
Estr.25 - Apesar de virem de um território pequeno, os Portugueses já venceram os mouros e os castelhanos, inimigos muito
temidos.
Estr, 26 - Referência aos antepassados dos Portugueses - Lusitanos - que foram muito difíceis de dominar por parte dos
Romanos.
Estr.27 - Naquele momento, os Portugueses enfrentam o mar e os ventos numa frágil embarcação.
Estr.28 - O Destino já determinou que os Portugueses irão dominar o Oriente e por isso, Júpiter defende que lhes seja mostrado o
caminho tão desejado.
Estr. 29 - Devido aos obstáculos enfrentados pelos Portugueses (tempestades, perigos diversos), Júpiter determina que sejam
bem acolhidos na costa africana (Melinde) para que se possam reabastecer e recuperar as suas forças. Fim do discurso de
Júpiter.
Estr. 30 - Divergência de opinião dos Deuses face a este assunto. Baco não concorda com a posição de Júpiter, sabendo que se
os Portugueses chegarem ao Oriente, será esquecido.
Estr.31 e 32 - Baco já tinha ouvido dizer que iria chegar um povo da Península Ibérica que iria dominar o Oriente. Por esse motivo
temia perder o seu poder e a sua fama nos territórios orientais, onde era muito celebrado.
Estr.33 - Vénus defendia a posição de Júpiter e estava contra Baco. Vénus apoiava os Portugueses porque estes lhe faziam
lembrar os Romanos, quer nas qualidades que revelavam, quer na Língua que utilizavam.
Estr. 34 - Além disso, Vénus sabe que, dadas as características dos Portugueses, nas terras conquistadas por estes será sempre
celebrada. Os Deuses não chegavam a acordo porque defendiam os seus interesses.
Estr. 35 - A discussão provoca um tal tumulto que se assemelhava a uma tempestade enorme, onde as montanhas tremiam e os
ramos das árvores eram destruídos.
Estr. 36 - Marte decide intervir na reunião de forma a manter a ordem. Esta atitude de Marte deve-se ao amor que sentia por
Vénus e à admiração que tinha pelos Portugueses.
Estr. 37 - Descrição de Marte de forma a destacar a sua presença forte e segura. Para acalmar os ânimos dá uma pancada tão
forte com o bastão que o céu tremeu e o sol perdeu um pouco a sua luz (hipérbole).
Estr.38 - Início do discurso de Marte. O deus da guerra pede a Júpiter que não escute mais nenhuma opinião, principalmente a de
Baco porque é muito suspeita.
Estr. 39 - Marte refere que Baco está dominado pela inveja e pelo medo e, por isso, não apoia os Portugueses. Caso contrário
apoiá-los-ia porque está ligado a estes através de Luso, antepassado comum.
Estr. 40 - Marte pede a Júpiter que mantenha a sua decisão e que mande Mercúrio guiá-los até um porto seguro onde possam
descansar e informar-se sobre o caminho a prosseguir. Fim do discurso de Marte.
Estr.41- Júpiter concordou com as ideias defendidas por Marte. Os Deuses despediram-se e voltaram aos seus domínios. Final do
episódio.

Inês de Castro» (canto IV, estrofes 118 à 135)


Estr. 118 - D. Afonso IV voltou a Portugal depois da Batalha do Salado (onde castelhanos e portugueses se juntaram para
combater contra os mouros), procurando gozar finalmente a paz, quando se deu o triste caso de Inês de Castro que depois de
morta foi rainha.
Estr. 119 - Responsabilização do Amor (sentimento que aqui aparece personificado) enquanto autor da morte de D. Inês. Este
sentimento foi tão cruel que, não satisfeito com o sofrimento de D.Inês, sacrificou a sua vida. Apóstrofe.
Estr.120 - Inês vivia tranquilamente o seu sonho de amor. Era jovem e estava apaixonada pelo príncipe de quem sentia muitas
saudades. Personificação da natureza que testemunha o amor de Inês. Antítese.
Estr.121 - Inês recorda os momentos felizes que passou com o seu amado, não desconfiando que se aproximavam tempos de
grande tristeza.
Estr. 122 - D. Pedro recusa todas as pretendentes porque está apaixonado por Inês. O rei, D. Afonso IV, está preocupado com
esta atitude do filho e com os comentários do povo que não apreciava a relação com Inês.
Estr. 123 - O rei decide matar Inês, pensando que assim apagaria esse amor. Assim, a mesma espada que combateu os mouros,
inimigo poderoso, ergue-se agora contra uma dama indefesa. Eufemismo.
Estr. 124 - Os carrascos de Inês trazem-na à presença do rei que, mal a vê, fica comovido e hesitante, mas o povo e os
conselheiros reclamam a sua morte. Inês decide apelar aos sentimentos do rei, pelo sofrimento que a sua morte iria causar nos
filhos e no príncipe.
Estr. 125 - Inês encontra-se diante do rei, acompanhada de seus filhos, com as mãos atadas, e, levantando os olhos para o céu,
prepara-se para discursar.
Estr.126 e 127 - Início do discurso de Inês; se até os animais ferozes revelaram, em certas ocasiões, piedade relativamente às
crianças (exemplos - mãe de Nino e Remo e Rómulo, que foram alimentados na infância por animais selvagens), o rei, como
homem, deveria manifestar respeito por aquelas crianças. Apóstrofe.
Estr. 128 e129 – Continuação do discurso de D.Inês. Na guerra contra os mouros, D. Afonso IV mostrou que sabe derrotar os seus
inimigos (morte), mas então, também deveria ter misericórdia e saber dar vida a quem está inocente (vida). Se a quer castigar e
afastar, que a coloque no desterro, junto dos animais selvagens, onde talvez encontre a piedade que não achou nos humanos,
porque ali, ao menos, poderá criar os seus filhos. Antítese - oposição entre morte e vida.
Estr.130 131 - O rei ficou comovido com o discurso de Inês e queria perdoar-lhe, mas o povo e os seus conselheiros não
deixaram. Os cavaleiros cruéis preparam-se para matar Inês, tal como Pirro (referência à guerra de Tróia) matou a jovem
Policena, mediante o olhar de sua mãe.
Estr, 132 - Os carrascos de Inês, sem se preocuparem com o seu futuro castigo, mataram-na, banhando com o seu sangue as
flores que, momentos antes, tinha regado com as suas lágrimas.
Estr.133 - Apóstrofe dirigida ao sol para que não tivesse brilhado nesse dia para estes cavaleiros, tal como aconteceu no terrível
banquete em que Ateu deu a comer a Tiestes os filhos deste porque este lhe tinha roubado a esposa (comparação). Os vales
ouviram Inês chamando por Pedro (personificação).
Estr.134 - A morte de Inês é tão cruel como uma flor campestre arrancada por uma criança que rapidamente murcha e perde o
perfume. Também o corpo de Inês perde a sua cor rosada e natural ao enfrentar a morte. Metáfora - rosas (faces).
Estr .135 - As filhas do Mondego transformaram em fonte as lágrimas que Inês chorou. Essa fonte ainda existe - Fonte dos
Amores. A natureza participa no sofrimento causado por esta tragédia.
Despedidas de Belém (Canto IV, estrofes 84 à 93)
Estr. 84 - No porto de Lisboa (perífrase), onde o Tejo mistura as suas águas com as do Oceano (antítese, doce - salgado), as naus
estavam preparadas e os marinheiros estavam entusiasmados com a viagem.
Estr.85 - Os soldados encontram-se na praia preparados para procurar novas regiões no mundo. A brisa faz ondear as bandeiras
das naus. Continuação da descrição do ambiente da partida das naus.
Estr.86 - Quando os portugueses acabaram de preparar as naus, imploraram a Deus que os ajudasse a concretizar o seu objetivo.
Estr. 87 - Vasco da Gama, quando pensa nesta partida, mal pode reter as lágrimas. Apóstrofe, Perífrase (Belém - versos 3,4).
Estr. 88 - Enquanto os portugueses se dirigiam para os batéis, muitas pessoas, amigos e familiares, assistiam à partida. Alguns
estavam desgostosos, outros estavam com receio, mas todos tinham muita fé.
Estr. 89 - Tratando-se de uma viagem longa e incerta, alguns davam-nos já como perdidos: as mães, esposas e irmãs sofriam
muito com a despedida dos seus familiares. Enumeração (verso 5).
Estr. 90, 91 - Uma mãe dirigia-se ao filho, queixando-se que este a deixava desamparada na velhice; outra mulher mostrava-se
magoada com o marido por este ir arriscar a sua vida, esquecendo o amor que os unia; apóstrofes, frases interrogativas.
Estr. 92 - Os velhos e as crianças juntavam-se a estes lamentos, as lágrimas da multidão inundavam a areia.
Estr. 93 - Receando sofrer, ou arrepender-se, os marinheiros não olhavam as mães e as esposas e Vasco da Gama decidiu que
não haveria despedidas.

O Adamastor (canto V, estrofes 37 à 60)


Estr. 37 - As condições atmosféricas estavam favoráveis à navegação e os portugueses continuavam a sua aventura, quando, de
repente, surge uma nuvem escura (sinal de que se avizinham momentos difíceis).
Estr. 38 - Os portugueses ficam assustados, o mar torna-se agitado; Vasco da Gama dirige-se a Deus, interrogando-se sobre a
mudança das condições climatéricas (apóstrofe).
Estr.39 e 40 - Subitamente, surge uma figura forte e enorme, com um aspecto medonho e assustador - descrição do Adamastor.
Este gigante tinha uma voz horrenda e grave e os marinheiros tremiam de medo, só de o ouvir (dupla adjetivação).
Estr.41e 42 - Início do discurso do Adamastor - este gigante interpela os portugueses, chamando-lhes ousados porque, não
obstante todas as vitórias que já tinham alcançado, vêm invadir o seu território com o intuito de dominar a terra e o mar. Nesse
caso, irão ter que enfrentar vários perigos e sofrimentos.
Estr. 43 e 44 - o Adamastor promete provocar vários naufrágios às naus que ousarem invadir os seus territórios e não só
naufrágios, outros sofrimentos ainda mais devastadores.
Estr, 45, 46, 47 e 48 - O gigante vai referir alguns casos futuros de infelicidade e sofrimento, devido ao facto de se terem atrevido a
conquistar o espaço do Adamastor - D. Francisco de Almeida, vice-rei da Índia, morreu nestas paragens; o casal Sepúlveda irá
sobreviver a um naufrágio, mas o seu sofrimento será tão intenso que até vão desejar a morte (os seus filhos morrem de fome, o
clima abrasador conduz o casal à morte lenta).
Estr. 49 - Vasco da Gama interrompe o discurso do Adamastor, enfrentando-o e pedindo-lhe que se identifique; o Adamastor
retoma o seu discurso, deixando o tom agressivo de lado e assumindo uma voz pesada e amarga.
Estr. 50 - O gigante apresenta-se, dizendo que é o Cabo das Tormentas, onde termina a costa africana.
Estr.51 – Foi um dos filhos da Terra, revoltou-se contra Júpiter e foi capitão do mar.
Estr. 52, 53 e 54 - Um dia viu Tétis sair do mar, na praia, e ficou apaixonado, sentia-se inseguro porque era feio e tinha um aspeto
assustador, mas decidiu conquistá-la, nem que fosse à força; resolveu comunicar esta sua intenção a Dóris, mãe de Tétis; Dóris
declarou que iria tentar evitar a guerra e, por isso, iria falar com a sua filha; o Adamastor ficou cheio de ilusões e de esperanças.
Estr. 55 e 56 - O Adamastor desistiu da guerra contra Júpiter e esperou o encontro marcado por Dóris; nessa noite, quando viu
Tétis aparecer, correu ansiosamente para ela, tentando abraçá-la e beijá-la, de repente, apercebeu-se que estava a abraçar um
monte e que tinha caído numa armadilha; ficou em estado de choque (dupla adjetivação).
Estr, 57 - O Adamastor dirige-se diretamente a Tétis, perguntando-lhe o que lhe teria custado mantê-lo naquela ilusão; então o
gigante continua a sua narrativa, dizendo que, em seguida, ficou destroçado e procurou afastar-se daquele local, tentando
esconder-se num espaço onde ninguém o conhecesse.
Estr.58 e 59 - Entretanto os seus irmãos, que tinham desafiado Júpiter, foram vencidos e, como castigo, foram transformados em
rochedos, igual destino aguardava o Adamastor - foi transformado em rochedo, formando o cabo das Tormentas, mas o seu pior
castigo é ter Tétis sempre por perto, não o deixando esquecer a sua humilhação; fim do discurso do Adamastor.

Episódio «O Adamastor»
Divisão em partes:
1ª parte - estrofes 37 e 38 - circunstâncias que precedem o aparecimento do Adamastor (mudança inesperada das
condições climatéricas);
2ª parte - estrofes 39 e 40 - aparecimento do gigante e sua descrição;
3ª parte - da estrofe 41 à 48 - discurso ameaçador do Adamastor;
4ª parte - da estrofe 49 à 59 - discurso autobiográfico do Adamastor - tom amargo e sofrido;
5ª parte - estrofe 60 - desaparecimento do gigante e da nuvem negra.

Este episódio é construído em torno de contrastes:


- a bonança (condições atmosféricas favoráveis à navegação) e a repentina aparição de uma nuvem escura;
- o aspeto gigantesco do Adamastor e os pequenos e frágeis humanos (portugueses );
- o tom de voz do Adamastor - de horrendo e grosso passa a pesado e amargo;
- as terríveis ameaças e a triste história de amor não correspondido;
- o aspecto monstruoso do gigante e a elegância de Tétis.

Simbologia deste episódio:


- o Adamastor simboliza a força, quase invencível, do mar;
- a destruição do Adamastor simboliza o completo domínio dos mares por parte dos portugueses;
- a passagem do cabo, personificado pelo Adamastor, representava a entrada num novo mundo, um mundo desconhecido;
- neste episódio está bem visível a mentalidade renascentista – o homem afirma-se, vencendo as forças da natureza que
constantemente o limitam;
- este excerto servia para realçar a coragem e determinação dos portugueses, representados pela figura de Vasco da Gama;
nem o Adamastor, gigante assustador, os intimidava e os desviava do seu objetivo de chegar à India.

A Tempestade e a chegada à Ìndia (Canto VI, estrofes 70 à 94)


Estr. 70 - Os marinheiros tinham estado a escutar a história contada por Fernão Veloso ("Os Doze de Inglaterra"), quando o
Mestre de manobra deu o alarme, porque surgiu uma nuvem negra.
Estr. 71 - De repente, rebentou uma tempestade. O mestre ia dando ordens para retirar a vela, mas antes que isso acontecesse, o
vento forte destruiu-a.
Estr. 72 - Os marinheiros gritavam para o céu em pânico porque a nau estava a ficar inundada. O mestre continuava a dar ordens,
dizendo-lhes que retirassem a água da nau. Frases imperativas e exclamativas, verbos de movimento.
Estr.73- Alguns soldados caíram ao mar e três marinheiros não chegavam para manobrar o leme, tal era a fúria da tempestade.
Estr. 74 - Os ventos pareciam feitos para demolir a Torre de Babel. No meio das grandes vagas que cresciam, a nau parecia um
pequeno batel.
Estr. 75 - Na nau de Paulo da Gama, quase alagada e com o mastro partido, os homens apelavam a Jesus Cristo. Os marinheiros
também gritavam de medo na nau de Nicolau Coelho.
Estr.76 - As ondas ora levantavam as naus até às nuvens, ora pareciam querer levá-las a ver o interior do inferno: os ventos eram
tão fortes que pareciam querer destruir o mundo. Na escuridão da noite, o céu parecia arder devido aos sucessivos relâmpagos
(antítese - escuridão / relâmpagos). Hipérbole, enumeração - verso sete.
Estr. 77 - Impacto da tempestade na natureza: as aves marinhas lamentavam-se da sua antiga infelicidade; os golfinhos
escondiam-se nas cavernas do mar.
Estr. 78 - Os raios eram mais vivos e intensos do que os que Vulcano fabricou para a guerra contra os Gigantes e do que os que
Júpiter criou durante o dilúvio.
Estr. 79- As ondas derrubavam montes, os ventos arrancavam árvores.
Estr. 80 - Vasco da Gama viu-se perdido e, desorientado pelo medo, implorou a ajuda de Deus.
Estr. 81- Dirigiu-se ao Senhor do Céu, do Mar e da Terra, que tinha permitido a passagem ao povo de Israel pelo mar Vermelho,
que tinha salvo S. Paulo de naufragar e que tinha guardado Noé e os filhos durante o dilúvio.
Estr. 82 - Vasco da Gama já tinha passado por vários perigos, tão terríveis como os que outros heróis conhecidos já tinham
enfrentado. Interrogação dirigida a Deus sobre o facto de lhes criar tantos obstáculos quando todos eles trabalhavam ao seu
serviço.
Estr. 83 - Aqueles que tinham morrido no Norte de África foram, pelo menos, reconhecidos pelos seus feitos.
Estr. 84 - Enquanto Vasco da Gama díscursava, os ventos lutavam como touros (comparação). Era tal a fúria dos relâmpagos e
dos trovões que o céu parecia desabar sobre a terra. Os elementos da natureza estavam em guerra entre si.
Estr. 85 e 86 - A estrela Vénus aparecia no horizonte. Vénus ficou receosa e indignada quando viu o que estava a acontecer à
armada portuguesa. Suspeitou que tudo aquilo fosse obra de Baco. Desceu até ao mar e mandou as ninfas colocar grinaldas no
cabelo.
Estr. 87- Vénus mandou colocar grinaldas de cores diferentes sobre os cabelos das ninfas, como se nascessem flores vermelhas
sob o ouro (comparação). Vénus queria amansar os ventos através do poder de sedução das ninfas.
Estr. 88, 89, 90 - Assim que os ventos viram as ninfas, faltou-lhes as forças para prosseguirem a «batalha» contra os portugueses.
A ninfa Oritia dizia ao Bóreas que se ele não terminasse com aquela tempestade, não poderia esperar dela amor, mas sim medo.
Galateia falava de igual modo ao vento Noto que logo amansou.
Estr. 91 - Os ventos entregaram-se às ninfas: Vénus prometeu ajudá-los nos seus amores, se estes fossem leais à deusa durante
a viagem dos portugueses.
Estr. 92, 93 e 94 – Já de manhã, o piloto de Melinde confirma que a terra que se avista ao longe é Calecute, na Índia. Vasco da
Gama, emocionado, ajoelha-se e agradece a Deus a conquista alcançada e por os ter protegido de todos os obstáculos
superados.

A Ilha dos Amores


Preparativos (Canto IX, estrofes 18 à 29)
18 – Vénus, encarregada de proteger os portugueses, andava a preparar um prémio que os recompensasse dos obstáculos
superados; perífrase “Padre Eterno” – Júpiter.
19 – Vénus tenciona dar-lhes algum prazer e descanso, depois de terem superado tantas adversidades causadas por Baco; dupla
adjetivação.
20 – Pensava que poderia proporcionar-lhes um repouso para recuperarem o cansaço acumulado. Por este motivo, pensou ser
conveniente falar com Cupido, seu filho, cujo poder faz descer os deuses à terra e subir os homens ao céu; antítese (descer à
terra – subir ao céu).
21 – Decidiu, então, criar para os portugueses, no meio das águas, uma ilha com bastante vegetação; dupla adjetivação.
22- Aí, em danças, as mais belas ninfas aguardarão os marinheiros portugueses e Vénus fará com que estas sintam paixão pelos
mesmos; adjetivo no grau superlativo absoluto sintético.
23 – Já tinha utilizado a mesma estratégia com Eneias para que fosse bem recebido em Cartago; foi buscar o seu filho Cupido
para a ajudar, tal como a tinha ajudado nessa altura.
24- Atrelou ao carro cisnes e pombas, partiu e à sua volta o ar encheu-se de beijos e o vento tornava-se mais sereno; perífrase.
25 – Perto dos montes Idálios (Chipre) avista Cupido que procurava castigar erros graves que há muito tempo se praticavam no
mundo: os homens amavam coisas fúteis que não deviam ser amadas por si próprias.
26 – Via alguns homens, que tal como Actéon, estavam fixados na caça (surpreendeu a deusa Diana despida, por isso foi
castigado, sendo transformado num veado que foi comido pelos seus próprios cães) e também os quer castigar (alguns estudiosos
dizem que se refere aos ministros de D. Sebastião, rei que adorava a caça, aos quais ele atribuía muitos poderes); dupla
adjetivação, antítese.
27 – Vê ainda que os governantes não pensavam no bem público, mas apenas nos seus interesses pessoais e que os que
influenciam D. Sebastião não se preocupavam em aconselhá-lo bem, mas em elogiá-lo para manter os seus privilégios. Deste
modo, o trigo novo (D. Sebastião) não consegue florescer; metáfora.
28 – Vê os membros do clero que, em vez de se dedicarem aos pobres, só procuravam enriquecer e eram tiranos, sendo a justiça
aplicada a favor do rei e não do povo;
29 – Vê, enfim, que ninguém cuidava dos seus deveres, mas apenas pensavam nos seus interesses, por isso merecem ser
castigados. Cupido reuniu os seus servidores, que o ajudam nas suas tarefas, para formar um exército para combater todos
aqueles males.

A aventura de Leonardo (Canto IX, estrofes 75 à 84)


75 – Leonardo, marinheiro com boa presença, talentoso, corajoso e sedutor, que tinha tido muitos desgostos amorosos,
considerava que tinha má sorte no amor, apesar de não ter perdido as esperanças de mudar este destino.
76 – O seu destino foi correr atrás de Éfire, que se mostrava mais esquiva do que as outras ninfas. Cansado de correr atrás dela
oferecia-lhe a sua vida, pedindo para lhe levar o corpo já que lhe levava a alma; início do discurso de Leonardo; apóstrofe.
77 – Todas as ninfas abrandavam, mas Éfire continuava a correr, seria a má sorte que sempre o acompanhara? Apóstrofe;
interjeição, intensidade do sofrimento.
78 – A ninfa escusava de se cansar porque mesmo que ela o esperasse, a sua má sorte era tanta que algo o iria impedir de ele a
alcançar – verso de Petrarca (famoso poeta italiano) – “entre a mão e o fruto mete-se o muro” (criação de obstáculos
intransponíveis).
79 – Leonardo apela a Éfire para que não fuja; o destino sempre o castigou, negando-lhe o que ele desejava, mas bastava ela
abrandar o passo para que esse mesmo destino fosse vencido; interjeição (emoção), modo imperativo (apelo), interrogação.
80 – Interrogações sucessivas para destacar a intensidade dos sentimentos; não lhe pesava o coração que lhe tinha roubado e a
alma que estava presa nos cabelos loiros, ou tinha feito com que a sua sorte mudasse e por isso eram agora mais leves?;
metáfora (fios de ouro reluzente).
81 – A sua esperança era que ela não aguentasse o peso da sua má sorte ou então mudasse a sua sorte ; se ela o esperasse, ele
teria todo o bem que queria; apóstrofe; anáfora (repetição de “E” no início do verso); dupla adjetivação; fim do discurso de
Leonardo.
82 – A ninfa já não fugia e deu-se por vencida ao doce canto e aos queixumes de Leonardo, deixando-se cair aos pés do
marinheiro que se desfez em amor; dupla adjetivação.
83- A floresta estava cheia de beijos famintos, de carícias, de risos alegres; as ninfas e os marinheiros passaram a manhã e a
tarde nos prazeres que Vénus atiçava; é melhor experimentar do que julgar, mas quem não pode experimentar, ao menos possa
imaginá-lo.
84 - Deste modo, as ninfas coroavam os marinheiros com grinaldas de flores e ouro e deram-lhes a mão como se se tratasse de
uma cerimónia de casamento, fazendo os juramentos habituais; união simbólica que promove os portugueses à imortalização
através do contacto com as ninfas, elevando-os acima dos restantes mortais, permitindo ainda a criação de uma geração mais
forte e poderosa.

Despedida de Tétis e regresso a Portugal (Canto X, estrofes 142 à 144)


142 – Discurso de despedida de Tétis, onde se realça o facto de os portugueses terem tido acesso ao seu futuro e terem que
continuar o seu árduo trabalho para merecerem a atenção das ninfas; dupla adjetivação.
143 – Conclusão do discurso de Tétis onde afirma que os portugueses deverão embarcar porque o mar e o vento estão propícios
à navegação; estes levavam provisões e a companhia desejada das ninfas estaria sempre nas suas memórias; dupla adjetivação.
144 – Os portugueses iniciaram a viagem de regresso com vento e mar serenos até que avistaram a terra natal; entraram pela foz
do Tejo e entregaram ao rei os novos títulos que este logo assumiu; conjugação perifrástica; dupla adjetivação; personificação.

Considerações do poeta (Canto X, 145 e 146)


145 – O poeta queixa-se à sua musa dizendo que a sua voz está rouca, não do canto, mas porque se dirige a uma “gente surda e
endurecida” que não valoriza o talento poético; a pátria só pensa na ganância e na cobiça e sofre uma tristeza “austera, apagada e
vil”; apóstrofe; adjetivação.
146 – O poeta não entende que destino fez com que os portugueses deixassem de ter ânimo para encarar as dificuldades, deste
modo, dirige-se ao rei (apóstrofe) destacando o facto de este governar excelentes vassalos, comparativamente com outros povos.

Considerações do poeta (Canto X, 154 à 156- últimas estrofes da obra)


154 – Com que autoridade falava o poeta a quem o rei não conhecia? No entanto, sabia que os louvores são mais autênticos na
boca dos mais pequenos e que não lhe faltavam qualidades como o estudo, a experiência e o talento, visíveis nesta obra, e que
raramente se reúnem; adjetivação;
155 e 156 – O poeta serviu o rei de várias formas, na guerra (braço exercitado), na sua obra (mente entregue às Musas), só lhe
faltava ter essa valorização por parte do rei; se isso for possível, o poeta promete que cantará as novas conquistas e fará com que
o rei seja conhecido em todo o lado.

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