Manual Da Contabilidade
Manual Da Contabilidade
Manual Da Contabilidade
1 2017
Apoio Institucional
1
MANUAL DE CONTABILIDADE
para entidades esportivas
v1.1 2017
PREFÁCIO À VERSÃO 1.1
Prezados,
Boa leitura!
12 AUDITORIA 45
Prezados, Prezados,
É com satisfação que entregamos o presente Manual de Contabilidade É com muita alegria que, após meses de reuniões com grupos de traba-
para Entidades Esportivas para leitura e implementação dos especia- lho e de estudo formados por diversos membros da cadeia esportiva,
listas na matéria, como também aos demais “técnicos” no assunto, escrevo este prefácio, pois o presente Manual foi elaborado com o obje-
ou seja, a todos aqueles que, nos últimos anos, de alguma maneira, tivo de auxiliar as entidades esportivas no seu dia-a-dia, trazendo regras
começaram a analisar as questões financeiras dos clubes de futebol claras sobre as formas de contabilização das informações, atendendo
com especial interesse. assim a um longo anseio do mercado.
Nos últimos anos, o Brasil foi sede da Copa das Confederações FIFA A obrigatoriedade da divulgação das demonstrações contábeis já estava
2013, Copa do Mundo FIFA 2014 e Jogos Olímpicos e Paralímpicos Rio presente em nosso ordenamento legal, mas era mais focada em atender
2016. Além dos megaeventos citados, com base nas informações pres- às exigências legais e normativas do que em trazer clareza e trans-
tadas pelas entidades de prática desportiva, o ano de 2016 foi recorde parências às informações. O presente Manual pretende não só tirar
em termos de arrecadação, o que demonstra a importância da indústria as dúvidas dos stakeholders do esporte (associados, sócios, governo,
e o potencial de crescimento do setor. imprensa, instituições financeiras, conselheiros, outras agremiações,
torcedores) sobre a real situação das entidades esportivas, mas tam-
Sabemos que a regularização das informações financeiras são apenas bém visa garantir credibilidade aos dados apresentados, aproximando
um dos muitos desafios que essa indústria enfrenta. Mas, como ministro potenciais investidores dessa indústria.
do Esporte, entendo que devemos apoiar esta e outras iniciativas que
trarão maior clareza e transparência ao mercado. Com o apoio do Conselho Federal de Contabilidade (CFC), do Instituto
dos Auditores Independentes do Brasil (IBRACON), das entidades espor-
Agradeço a colaboração do Conselho Federal de Contabilidade (CFC), tivas e dos especialistas, a APFUT dá um primeiro passo em busca da
do Instituto dos Auditores Independentes do Brasil (IBRACON), das en- padronização das informações apresentadas e dos conceitos utilizados,
tidades de prática desportiva e dos profissionais de contabilidade, que facilitando não apenas a rotina dos setores contábil e financeiro das enti-
doaram o seu tempo e conhecimento para chegarmos a um documento dades esportivas, mas também a dos usuários da informação, permitindo
atual e que responda aos anseios há muito tempo reprimidos. a comparabilidade dos dados e o entendimento da real situação das
entidades esportivas, seja aquela do seu coração ou a do seu maior rival.
Espero que aproveitem a leitura.
O pontapé inicial foi dado, mas é apenas um primeiro objetivo atingido.
Abraços, O mercado está em constante evolução. Novas receitas são buscadas,
novas formas de financiamento são disponibilizadas, fazendo com que
Leonardo Picciani esta peça necessite de constante revisão. Que este Manual sirva de
Ministro de Estado do Esporte base para contadores e especialistas, auxiliando tanto em suas rotinas
quanto na evolução do mercado como um todo.
NBC TG - Normas Brasileiras de Contabilidade Técnica Geral As normas e procedimentos, assim como as demonstrações contábeis
padronizadas previstas nesse manual são de uso obrigatório para
DRE - Demonstração do Resultado entidades esportivas profissionais. Deve ser observada, também, a legis-
lação contábil, em especial a ITG 2003 – Entidade Esportiva Profissional.
03. REGISTRO DAS PRINCIPAIS ATIVIDADES Pela venda dos direitos e baixa do intangível
O objetivo desse tópico é exemplificar, o tratamento contábil a ser dado DÉBITO 4.2.3 – Contas a Receber de Transferência de AtletasR$ 2.000.000,00
às principais operações realizadas pela entidade esportiva. CRÉDITO 5.1.5 – Repasse de Direitos Federativos R$ 1.027.777,78
3.1 REGISTRO DE AQUISIÇÃO DE DIREITOS DÉBITO 4.3.9 – Intangível (amortizações acumuladas) R$ 27.777,78
ECONÔMICOS DE ATLETAS CRÉDITO 4.3.9 – Intangível (aquisição de atletas) R$ 1.000.000,00
DÉBITO 4.3.9 – Intangível (aquisição de atletas) R$ 1.000.000,00 3.2 REGISTRO DE FORMAÇÃO DE ATLETAS
CRÉDITO 4.4.6 – Exigibilidades com Outros Clubes R$ 1.000.000,00
Exemplo: O Jogador B iniciou nas categorias de base da entidade espor-
tiva e, por lá permaneceu por três anos até ser integrado ao elenco de
Momento 2 profissionais, assinando um novo contrato com duração de três anos.
31/7/X1 – 1º mês de Vigência do Contrato (1/36 meses)
Momento 1 Registro dos custos com formação do atleta – Ano 1
DÉBITO
5.2.12 – Amortizações – Direitos Federativos de Atletas R$ 27.777,78 DÉBITO 4.3.9 – Intangível (formação de atletas) R$ 50.000,00
CRÉDITO 4.3.9 – Intangível (amortizações acumuladas) R$ 27.777,78 CRÉDITO 4.2.1 – Caixa e Equivalentes de Caixa R$ 50.000,00
Momento 1
Momento 3 Em 31/10/X0 – Pela assinatura do contrato
Registro dos custos com formação do atleta – Ano 3 Hipótese 1 – Caso o recebimento das luvas seja atrelado a contrapar-
tidas que se darão no decorrer da vigência do contrato ou para os
DÉBITO 4.3.9 – Intangível (formação de atletas) R$ 150.000,00 contratos assinados a partir de 1/1/2018:
CRÉDITO 4.2.1 – Caixa e Equivalentes de Caixa R$ 150.000,00
DÉBITO 4.2.1 – Caixa e Equivalentes de Caixa R$ 1.000.000,00
CRÉDITO 4.4.12 – Receita Antecipada R$ 1.000.000,00
Momento 4 Jogador foi integrado ao elenco profissional,
assinando um contrato de três anos. Hipótese 2 – Para os contratos assinados até 31/12/2017 e caso a única
exigência para o recebimento das luvas seja a assinatura do contrato,
DÉBITO 4.3.9 – Intangível (atletas formados) R$ 300.000,00 sem previsão de hipótese de devolução por parte da entidade esportiva:
CRÉDITO 4.3.9 – Intangível (formação de atletas) R$ 300.000,00
DÉBITO 4.2.1 – Caixa e Equivalentes de Caixa R$ 1.000.000,00
CRÉDITO 5.1.2 – Luvas R$ 1.000.000,00
Momento 5
Ao completar um mês como atleta profissional e mensalmente
enquanto permanecer no elenco profissional da entidade esportiva Momento 2
Em 31/1/X1 – Pela vigência do primeiro mês de contrato
DÉBITO 5.2.13 – Amortização (formação de atletas) R$ 8.333,33
CRÉDITO 4.3.9 – Intangível (amortizações acumuladas) R$ 8.333,33 DÉBITO 4.2.4 – Contas a Receber R$ 100.000,00
CRÉDITO 5.1.1 – Direitos de Transmissão R$ 100.000,00
3.3 DIREITOS DE TRANSMISSÃO
Os registros contábeis referentes à cessão de direitos de transmissão Caso as luvas tenham sido registradas no passivo
se dividem em duas etapas: no momento da assinatura e no decorrer (Momento 1 – Hipótese 1):
da vigência dos contratos.
DÉBITO 4.4.12 – Receita Antecipada R$ 41.666,67
Exemplo: Em 31/10/X0, a entidade esportiva assinou um contrato com CRÉDITO 5.1.2 – Luvas R$ 41.666,67
uma emissora de TV em que cede os direitos de transmissão para os
DÉBITO 4.2.1 – Caixa e Equivalentes de Caixa R$ 100.000,00 DÉBITO 4.2.1 – Caixa e Equivalente de Caixa R$ 350.000,00
CRÉDITO 4.2.4 – Contas a Receber R$ 100.000,00 CRÉDITO 5.1.3 – Bilheteria R$ 350.000,00
3.4 BILHETERIA As despesas relacionadas aos jogos deverão ser registradas a débito da
rubrica 5.2.5 – “Jogos e Competições” e a crédito da rubrica 4.2.1 – “Caixa
Os valores arrecadados pelas entidades em razão da realização dos e Equivalente de Caixa”.
eventos esportivos são denominados receitas de Bilheteria. O documen-
to que serve de base para a apuração dos resultados obtidos nesses OBS 2 Para efeitos tributários e para recolhimento de taxas, se o regu-
eventos é o Boletim Financeiro, disponibilizado publicamente pelo lamento desse campeonato estipular em R$ 20,00 o valor mínimo a ser
ente que organiza a competição. Abaixo apresentamos um exemplo cobrado por ingresso, a entidade deverá recolher tributos e taxas sobre
da contabilização da receita de bilheteria. o montante de R$ 260.000,00, isto é, R$ 250.000,00 de bilheteria, além
de R$ 10.000,00 correspondentes a 500 sócios-torcedores de categoria
Exemplo: A receita de determinado jogo foi apurada da seguinte forma especial a um preço unitário de R$ 20,00. Esses efeitos não alteram os
no boletim financeiro: valores a serem reconhecidos na contabilidade.
Registrar nesse grupo os numerários em moeda nacional corrente. 4.2.3 – CONTAS A RECEBER DE TRANSFERÊNCIAS DE ATLETAS
Esses valores deverão ser objeto de verificação periódica, no mínimo
mensalmente, lavrando-se termo de conferência. Registrar nesse grupo de ativo, no momento da assinatura dos respec-
tivos contratos, os valores brutos pendentes de recebimento, vencidos
Deverão ser registrados, também, depósitos de livre movimentação ou vincendos no próximo exercício, referentes a transações envolvendo
mantidos em estabelecimento bancário por instituições financeiras. cessão ou empréstimo de direitos federativos. Vale ressaltar que a
Registrar pagamentos antecipados realizados pela entidade esportiva, de Registrar valores a receber pela entidade, cujo vencimento se dará em
que decorrerão benefícios ou prestação de serviços, no próximo período. períodos subseqüentes ao próximo, por contratos assinados e quando já
tenha ocorrido a prestação do serviço, assim como importâncias devidas
4.2.8 – TRIBUTOS A RECUPERAR à entidade por pessoas físicas ou jurídicas, domiciliadas ou não no país.
Registrar pagamentos antecipados realizados pela entidade esportiva, Registrar valores dos bens imóveis mantidos pela entidade esportiva,
de que decorrerão benefícios ou prestação de serviços, em períodos com o objetivo de auferir aluguel ou para valorização do capital, ou
subseqüentes ao próximo. para ambas, não sendo utilizadas para a atividade fim. A entidade deve
adotar como sua política contábil o método do valor justo, de acordo
4.3.4 – DEPÓSITOS JUDICIAIS com o disposto na NBC TG 28 – Propriedade para Investimento, ou o
método do custo, de acordo com o disposto na NBC TG 27.
Registrar depósitos realizados pela entidade esportiva, assim como
as atualizações previstas, referente a ações judiciais movidas contra a 4.3.8 – IMOBILIZADO
entidade, que deverá manter controle individualizado desses depósitos.
Registra valores móveis e imóveis de propriedade da entidade esportiva.
4.3.5 – TRANSAÇÕES COM PARTES RELACIONADAS Este ativo deverá ser classificado nas seguintes rubricas:
Registrar créditos junto a, e/ou pagamentos efetuados por conta de ►► Móveis e Equipamentos – Registrar o valor dos móveis e equipa-
sociedades ligadas, ou vinculadas direta ou indiretamente, por partici- mentos de uso mantidos em estoque e conceituados como bens de
pação acionária ou por controle operacional efetivo, caracterizado pela consumo durável, ou utilizados na exploração da atividade fim ou social;
administração ou gerência comum, ou pela atuação no mercado sob a ►► Imobilizações em Curso – Registrar os valores pagos ou devidos
mesma marca ou nome comercial, conforme NBC TG 05 – Divulgação que se destinem à aquisição, para utilização futura, de bens em fase de
sobre Partes Relacionadas. Inclui-se nesse grupo as transações com construção, fabricação ou instalação;
partes relacionadas referentes a gestão de estádios e arenas, assim ►► Imóveis – Registrar o valor dos terrenos e edificações, de propriedade
como as transações com dirigentes, diretores e/ou patrocinadores. da entidade esportiva, utilizada no desempenho da atividade fim ou
social;
4.3.6 – INVESTIMENTOS ►► Instalações – Registrar os gastos realizados em imóveis de uso
próprio, que visaram à adaptação de referidos bens às necessidades
Registrar as participações no capital de sociedades coligadas e con- de funcionamento;
troladas, assim como outros investimentos de caráter permanente. ►► Sistemas de Comunicação, de Processamento de Dados e de
Considera-se também como investimento de caráter permanente bens Segurança – registrar equipamentos de comunicação e direitos de uso,
artísticos e valiosos, e coleções. Deverão ser segregados os valores equipamentos que compõem o sistema de processamento de dados e
resultantes de equivalência patrimonial e de custo, conforme o caso. de segurança, de propriedade da entidade esportiva;
A entidade esportiva deverá registrar provisão destinada a atender às ►► Bens Arrendados – registrar o custo de aquisição de bens objetos
perdas por redução ao valor recuperável nas supracitadas participações. de contratos de arrendamento mercantil, observada a NBC TG 06 –
É obrigatória a manutenção de registros que permitam identificar os Operações de Arrendamento Mercantil;
valores aplicados e memória de cálculo das avaliações procedidas. As ►► Depreciação Acumulada – Registrar as depreciações acumuladas,
entidades esportivas deverão atender ainda ao disposto na NBC TG atendendo as legislações, contábil e fiscal, vigentes.
18 – Investimento em Coligada, em Controlada e em Empreendimento Para o cumprimento do disposto neste item, as entidades esportivas
Controlado em Conjunto. deverão atentar para a NBC TG 27 – Ativo Imobilizado.
OBS 1 o registro dos gastos com formação de cada atleta deve estar 4.4.1 – CONTAS A PAGAR/FORNECEDORES/CREDORES DIVERSOS
suportado, no mínimo, pelos seguintes controles: composição dos
gastos diretamente relacionados com a formação de cada atleta em Registrar as obrigações da entidade esportiva junto a fornecedores diver-
base mensal e regime de competência, por: sos, ainda não quitadas, que não sejam relativos a: atletas, outros clubes,
A. Tipo (alojamento, alimentação, transporte, educação, vestuário, federações, confederação e agentes, uma vez que essas possuem grupos
comissão técnica, etc.), e; contábeis específicos. É obrigatória a atualização monetária caso a mesma
B. Categoria. tenha sido pactuada com encargos, contratualmente ou não, entre as partes.
4.4.4 – OBRIGAÇÕES TRABALHISTAS E SOCIAIS Registrar contabilmente os valores referentes às ações judiciais onde a
probabilidade de perda seja provável. As avaliações sobre a probabilidade
Registrar as provisões de 13º salário e férias de todos os empregados, de perda deverão ser feitas pela área jurídica da entidade esportiva, ou
além de possíveis verbas trabalhistas e sociais vencidas e não quitadas. por escritório de advocacia contratado para tal, no mínimo anualmente,
A abertura dessa rubrica deverá ser feita em notas explicativas. na data-base das demonstrações contábeis, onde deve ser emitido re-
latório analítico próprio, assinado pelo advogado responsável. As ações
4.4.5 – CONTRATOS DE IMAGEM A PAGAR onde a entidade esportiva é ré, e cuja probabilidade de êxito seja possível,
deverão ser listadas em nota explicativa apropriada, conforme a norma
Registrar os valores vencidos e ainda não quitados referente aos con- NBC TG 25 – Provisões, Passivos Contingentes e Ativos Contingentes.
tratos de imagem a pagar, assim como encargos incidentes sobre esses
valores. 4.4.11 – ADIANTAMENTOS DIVERSOS
4.4.6 – EXIGIBILIDADES COM OUTROS CLUBES Registrar os valores recebidos antecipadamente, referentes a con-
tratos já pactuados pela entidade cuja vigência se dará no futuro, a
Registrar valores a pagar a outros clubes, referente a aquisições de título ou não de antecipação de recursos, como por exemplo: direitos
direitos federativos, empréstimos de atletas, mecanismo de solidarie- de transmissão, patrocínio e material esportivo, entre outros. Não
dade, entre outros. Deverão ser registradas as atualizações monetárias deverão ser registrados nesse grupo os empréstimos contratados
e encargos, quando aplicáveis. cuja garantia seja recebíveis futuros, que deverão ser registrados
no grupo “Empréstimos”.
4.4.7 – EXIGIBILIDADES COM FEDERAÇÕES/CONFEDERAÇÃO
4.4.12 – RECEITA ANTECIPADA
Registrar valores a pagar a título diverso, atualizados se aplicável, a
federações e/ou confederação. Registrar os valores recebidos a título de luvas ou prêmio pela assi-
natura de contratos, que estejam atrelados a contrato específico, e
4.4.8 – EXIGIBILIDADES COM AGENTES cuja vigência se dará em períodos subsequentes ao da data-base das
demonstrações contábeis. Os valores registrados nessa rubrica deverão
Registrar valores a pagar junto a, e/ou recebimentos já ocorridos por 4.5.5 – RESERVAS
conta de sociedades ligadas, ou vinculadas direta ou indiretamente, por
participação acionária ou por controle operacional efetivo, caracterizado Referem-se às reservas adotadas pela entidade para investimentos/
pela administração ou gerência comum, ou pela atuação no mercado gastos futuros.
sob a mesma marca ou nome comercial. As entidades deverão atentar
para a NBC TG 05 – Divulgação sobre Partes Relacionadas. Inclui-se nes-
se grupo as transações com partes relacionadas referentes a gestão de
estádios e arenas, assim como as transações com dirigentes, diretores
e/ou patrocinadores.
As receitas representam remunerações obtidas pela entidade em suas - no Passivo, como receita antecipada (item 4.4.12), no momento da
operações, sejam elas típicas, regulares, e habituais, ou não. Deverão ser assinatura do mesmo, sendo apropriada no resultado no decorrer da
divulgadas separadamente por atividade econômica e por modalidade vigência do contrato, quando o contrato for assinado após 31/12/2017
esportiva, distinguindo das atividades recreativas e sociais, devendo e quando contemplar contrapartidas a serem cumpridas pela entidade
essa separação ser feita em nota explicativa correspondente. No caso esportiva, sem as quais não se dará o pagamento, caso em que poderá
específico da modalidade futebol, deverá ser separada entre futebol ser exigida a devolução das luvas.
profissional e categorias de base.
5.1.3 – BILHETERIA
5.1.1 – DIREITOS DE TRANSMISSÃO
Refere-se ao valor bruto arrecadado pela entidade esportiva nos jogos
Registrar os valores contratados em função da participação da entidade onde seja ou não mandante, atentando para os seguintes casos:
Na hipótese da entidade esportiva ceder a terceiros os direitos de bilhete- No caso de empréstimos de atletas a outras entidades esportivas,
ria de determinado jogo, hipótese essa onde o comprador tiver o direito a receita auferida, se houver, deverá ser registrada no decorrer da
derivado da receita de bilheteria, deverá ser registrado como receita o vigência do empréstimo, e não integralmente no momento da assi-
valor recebido pela entidade para ceder os direitos da bilheteria. natura dos contratos.
Deverão ser registrados, no grupo “Patrocínio/Marketing”: Registrar todas as receitas brutas auferidas com as mensalidades dos
programas de sócio-torcedor, conforme o regime de competência.
- as receitas com patrocínios, sejam de exposição em uniformes ou Recebimentos antecipados de mensalidades ou anualidades, deverão
não, com base nos contratos celebrados com os respectivos patro- ser registrados em conta própria de passivo, transitando em resultado
cinadores, de acordo com a vigência de veiculação da marca junto à conforme a vigência.
entidade esportiva;
Não deverão ser registrados no grupo “Programa de Sócio-Torcedor”
- valores arrecadados com licenciamentos de produtos, sejam eles os valores auferidos com bilheterias de sócios torcedores, uma vez que
referentes à royalties ou qualquer outra denominação, reconhecidos existe grupo contábil específico para esse fim.
pelo regime de competência.
Todas as despesas referentes ao programa de sócio torcedor como:
- eventuais bonificações por performance de vendas ou por perfor- comissões, contratação de serviços de terceiros, etc, deverão ser regis-
mance esportiva, pagos pelos patrocinadores às entidades esportivas, tradas no grupo “Programa de Sócio-Torcedor”, item 5.2.7.
previstas ou não nos contratos de patrocínio.
Referem-se a receitas auferidas com as mensalidades dos associados, As despesas decorrem de gastos relacionados ou não às atividades típi-
escolinhas e outras relacionadas à sede social, não estando incluídas cas da entidade. Deverão ser divulgadas separadamente por atividade
aquelas relativas aos programas de sócio torcedor. econômica e por modalidade esportiva, distinguindo das atividades re-
creativas e sociais, devendo essa separação ser feita em nota explicativa
Nos casos de antecipações dessas receitas patrimoniais e sociais, os va- correspondente. No caso específico da modalidade futebol, deverá ser
lores deverão ser registrados em conta própria de passivo, transitando separada entre futebol profissional e categorias de base.
no resultado conforme a vigência.
5.2.1 – PESSOAL
5.1.8 – INCENTIVOS FISCAIS
Deverão ser registrados os proventos de pessoal, tanto de atletas,
Registrar todos os recursos auferidos com incentivos fiscais, sejam sejam eles profissionais ou atletas em formação (base), quanto dos
eles em quaisquer das esferas governamentais (federal, estadual ou demais profissionais das áreas correlatas e administrativa. Deverão ser
municipal). Em nota explicativa específica, a entidade esportiva deverá registrados, também, adicionais, aviso prévio, comissões, diária, férias,
relacionar, analiticamente, todos os programas de incentivo fiscal por horas extras, gratificações, premiações, 13º salário, benefícios, encargos
intermédio dos quais auferiu receitas. e tributos de responsabilidade da entidade, quando cabível.
Referem-se a todas as outras receitas auferidas e não listadas em Obedecendo ao princípio da competência, os valores deverão ser
outros grupos, excetuando-se as financeiras, tais como: receitas de registrados de acordo com a vigência dos contratos, independente se
explorações comerciais, locações, loterias, indenizações, reversão de ocorreu ou não o pagamento.
provisões, etc.
5.2.3 – MATERIAL
O somatório de todos os grupos de receita acima listados corresponde
a “Receita Bruta”, ou seja, o faturamento da entidade esportiva. A Registrar os valores de material de expediente, peças de reposição,
redução dos impostos, contribuições e direito de arena incidentes sobre serviços gráficos e bens de consumo duráveis de pequeno valou ou de
a receita, resulta na “Receita Líquida”. vida útil inferior a um ano.
Registrar as despesas associadas ao Programa de sócio-torcedor da O custo e demais taxas incorridas na aquisição de direitos federativos
entidade esportiva, caso exista, como por exemplo: comissões pagas, de atletas, registrados no Ativo Intangível, deverão ser amortizados pelo
fornecedores e demais prestadores de serviços associados, ações promo- prazo de vigência dos contratos, com as despesas sendo registradas
cionais e materiais. O líquido entre o item 5.1.6 e o item 5.2.7 demonstrará nesse grupo contábil.
o lucro obtido pela entidade com o programa de sócio-torcedor.
5.2.13 – AMORTIZAÇÕES – FORMAÇÃO DE ATLETAS
5.2.8 – SERVIÇOS DE TERCEIROS
O investimento feito na formação de atletas, registrados no Ativo In-
Registrar todas as despesas com fornecedores, como aquelas relacio- tangível, deverão ser amortizados pelo prazo de vigência dos contratos,
nadas à Patrocínio e Marketing, além de demais serviços de terceiros com as despesas sendo registradas nesse grupo contábil.
contratados, de acordo com a vigência dos contratos, com exceção dos
direitos de imagem de atletas. 5.2.14 – DESPESAS COM TRIBUTOS
As transações de quaisquer naturezas realizadas entre essas instituições, As entidades esportivas devem fornecer aos auditores independentes
assim como as participações entre elas, deverão ser desconsideradas todos os dados, informações e condições necessárias para o desempe-
para efeito de consolidação. nho da prestação de serviços. Devem, também, verificar se o potencial
auditor atende aos requisitos do CFC e CVM.
Os critérios adotados para consolidação, a composição analítica das
participações, assim como demais informações pertinentes, deverão São vedadas a contratação e a manutenção de auditor independente
constar de nota explicativa correspondente. por parte das entidades esportivas, caso fique configurada qualquer
uma das seguintes situações:
na NBC PA 290 – Independência – Trabalhos de Auditoria e Revisão;
Ano Anterior
- participação associativa na entidade esportiva, qualquer que seja a
modalidade, direta ou indiretamente, do auditor independente, respon-
sável técnico, ou qualquer membro da equipe envolvida nos trabalhos
Ano Atual
de auditoria;
Nota
- existência de operação ativa ou passiva junto à entidade esportiva,
de responsabilidade ou com garantia do auditor, responsável técnico
Adiantamentos Diversos
Adiantamentos Diversos
do faturamento total do auditor independente naquele ano.
Tributos Parcelados
Tributos Parcelados
Receita Antecipada
Receita Antecipada
Passivo Não Circulante
Patrimônio Social
Patrimônio Líquido
Passivo Circulante
Empréstimos
Empréstimos
O auditor independente deve observar, na prestação de seus serviços
Reservas
às instituições, as normas estabelecidas pelo Conselho Federal de
Passivo
Contabilidade, assim como deve elaborar e manter adequadamente
documentada sua política de independência, assim como papeis de
trabalho e relatórios pelo prazo mínimo de 5 (cinco) anos.
Ano Anterior
O auditor independente deve elaborar, como resultado do trabalho de
auditoria realizado nas entidades esportivas, o relatório de auditoria, expres-
Ano Atual
DISPOSIÇÕES GERAIS
Nota
Estoques e Almoxarifado
ração das Demonstrações Contábeis das entidades esportivas, e que
Aplicações Financeiras
Despesas Antecipadas
Despesas Antecipadas
Tributos a Recuperar
Depósitos Judiciais
a escrituração em desacordo com o disposto neste, poderá acarretar
Contas a Receber
Contas a Receber
Ativo Não Circulante
Adiantamentos
Investimentos
em sanções.
Imobilizado
Ativo Circulante
Intangível
Ativo
Demonstração do Resultado
Exercício findo em 31 de dezembro
Direitos de Transmissão
Luvas A letra R mais o número que identifica sua alteração (R1, R2, R3, ...) foram adicionados à sigla da interpretação para
identificarem o número da consolidação e facilitarem a pesquisa no site do CFC. A citação desta interpretação em
Bilheteria outras normas é identificada pela sua sigla sem referência a R1, R2, R3, pois essas referências são sempre da norma
em vigor, para que, em cada alteração da interpretação, não haja necessidade de se ajustarem as citações em outras
Patrocínio/Marketing normas.
Repasse de Direitos Federativos
Programa de Sócio-Torcedor
Sumário Item
Receitas Patrimoniais / Sociais
OBJETIVO 1
Incentivos Fiscais
ALCANCE 2
Premiações
Demais Receitas REGISTROS CONTÁBEIS 3 – 14
Receita Bruta CONTROLES DE GASTOS COM FORMAÇÃO DE ATLETAS 15 – 15A
(-) Impostos e Contribuições DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS 16 – 17
(-) Direito de Arena
Receita Líquida
Objetivo
Despesas
1. Esta interpretação estabelece critérios e procedimentos específicos de avaliação, de registros
Pessoal contábeis e de estruturação das demonstrações contábeis das entidades de futebol profissional
Direito de Imagem e demais entidades de práticas desportivas profissionais. Aplica-se também a outras entidades
Material que, direta ou indiretamente, estejam ligadas à exploração da atividade desportiva profissional
e não profissional.
Manutenção
Jogos e Competições Alcance
Custo com Vendas e Aquisição de Atletas
2. Aplicam-se à entidade desportiva profissional e não profissional os Princípios de
Programa de Sócio-Torcedor Contabilidade, bem como as Normas Brasileiras de Contabilidade, suas Interpretações
Serviços de Terceiros Técnicas e Comunicados Técnicos, editados pelo Conselho Federal de Contabilidade.
Gerais
2. Aplicam-se à entidade desportiva profissional e não profissional esta interpretação e as
Provisão para Créditos de Liquidação Duvidosa Normas Brasileiras de Contabilidade, editadas pelo Conselho Federal de Contabilidade.
Depreciações (Alterado pela ITG 2003 (R1))
Amortizações - Direitos Econômicos
Registros contábeis
Amortizações - Formação de Atletas
Despesas com Tributos 3. Os registros contábeis da atividade desportiva profissional devem ser segregados das demais
atividades, em contas patrimoniais e de resultado (receitas, custos e despesas).
Provisão para Contingências
Resultado Antes das Receitas e Despesas Financeiras 4. Compõem o ativo intangível da entidade desportiva, entre outros:
Receitas e Despesas Financeiras (a) os valores gastos diretamente relacionados com a formação, a aquisição e a renovação de
Resultado Líquido do Exercício contratos com atletas, inclusive luvas, valor da cláusula compensatória e comissões,
desde que sejam esperados benefícios econômicos atribuíveis a esse ativo e os custos
correspondentes possam ser mensurados com confiabilidade;
5A. Os gastos com candidato a atleta devem ser reconhecidos no resultado, enquanto não 14. As receitas obtidas pela entidade, pela cessão definitiva de direitos profissionais sobre atletas,
apresentarem as condições para o reconhecimento como ativo intangível. (Incluído pela ITG 2003 devem ser registradas em conta específica, como receita do período. Os custos ainda não
(R1)) amortizados, quando da cessão definitiva, devem ser registrados, em conta específica, no
resultado do período.
6. Os registros contábeis classificados no ativo intangível relativos aos custos com atletas em
formação devem ser reclassificados para atletas formados por ocasião da assinatura do Controles de gastos com formação de atletas
contrato profissional.
15. O registro dos gastos com a formação de cada atleta, estabelecido no item 4, deve estar
6. Os valores classificados no ativo intangível relativos aos custos com a formação de atletas suportado, no mínimo, pelos seguintes controles: composição dos gastos diretamente
devem ser reclassificados para a conta “atletas formados”, no mesmo grupo do intangível, relacionados com a formação de cada atleta em base mensal e regime de competência, por:
quando o atleta alcançar a formação pretendida pela administração. (Alterado pela ITG 2003 (R1))
(a) tipo (alojamento, alimentação, transporte, educação, vestuário, comissão técnica etc.); e
7. Os direitos contratuais sobre atletas registrados no ativo intangível devem ser amortizados de (b) categoria (infantil, juvenil, júnior).
acordo com o prazo do contrato.
15A. Os gastos com formação de atleta somente podem ser reconhecidos como ativo intangível a
8. No mínimo uma vez por ano, preferencialmente por ocasião do encerramento do exercício partir do momento em que o candidato a atleta apresentar viabilidade técnica de se tornar
social, deve ser avaliada a possibilidade de recuperação econômico-financeira do valor atleta profissional, de acordo com a NBC TG 04 – Ativo Intangível, especialmente os itens 13
líquido contábil dos direitos contratuais de cada atleta. Constatada que tal recuperação, total e 54 a 64. (Incluído pela ITG 2003 (R1))
ou parcial, não se realizará, deve ser reconhecida a perda no resultado pelo valor não
recuperável, suportada por documentação própria. Demonstrações contábeis
9. Os valores referentes à cláusula indenizatória e/ou compensatória recebida ou a receber pela 16. As demonstrações contábeis que devem ser elaboradas pela entidade desportiva são: o
liberação do atleta deve ser registrada em conta específica de receita do período. Balanço Patrimonial, a Demonstração do Resultado, a Demonstração do Resultado
Abrangente, a Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido, a Demonstração dos
10. As receitas de bilheteria (parte destinada a entidade), direito de transmissão e de imagem, Fluxos de Caixa e as Notas Explicativas, conforme previsto na NBC TG 26 ou na Seção 3 da
patrocínio, publicidade, luva e outras assemelhadas devem ser registradas em contas NBC TG 1000, quando aplicável.
específicas de acordo com o princípio da competência.
17. As notas explicativas devem conter, pelo menos, as seguintes informações:
10. As receitas de bilheteria, direito de transmissão e de imagem, patrocínio, publicidade, luva e
17. As notas explicativas, além das exigidas nas Normas Brasileiras de Contabilidade, devem
outras assemelhadas devem ser registradas em contas específicas, de acordo com o princípio
conter as seguintes informações: (Alterado pela ITG 2003 (R1))
da competência. (Alterado pela ITG 2003 (R1))
(a) gastos com a formação de atletas, registrados no ativo intangível, e o valor amortizado
10A. No caso de contrato de cessão onerosa de direitos de transmissão e exibição de jogos com constante do resultado do período;
previsão de recebimento de parte do valor do contrato a título de luva, prêmio ou outra (b) composição dos direitos sobre os atletas, registrados no ativo intangível, segregado o
denominação congênere, mesmo que seja sem qualquer obrigação de performance explícita, o valor do gasto da amortização;
contrato deve ser analisado como um todo e a receita deve ser reconhecida de acordo com o
regime da competência, nos termos dos itens B48 a B51 da NBC TG 47 – Receita de Contrato (c) receitas obtidas, por atleta, e os seus correspondentes gastos com a negociação e a
com Cliente. (Incluído pela ITG 2003 (R1)) liberação, devendo ser divulgados os percentuais de participação da entidade na
negociação;
11. A arrecadação de bilheteria (parte destinada à entidade), direitos de transmissão e de imagem, (c) receitas auferidas por atividade; (Alterada pela ITG 2003 (R1))
patrocínio, publicidade, luvas e outras assemelhadas, quando recebidas antecipadamente,
devem ser registradas no passivo circulante ou no passivo não circulante, dependendo do (d) o total de atletas vinculados à entidade na data base das demonstrações contábeis,
prazo de realização da receita. contemplando o percentual de direito econômico individual de cada atleta ou a
inexistência de direito econômico;
12. Os valores pagos ao atleta a título de antecipação, contratual ou não, devem ser registrados no (d) o total de atletas vinculados à entidade na data base das demonstrações contábeis,
ativo, em contas específicas, e apropriados ao resultado pelo regime de competência. contemplando o percentual de direito econômico individual ou por categoria ou a
inexistência de direito econômico; (Alterada pela ITG 2003 (R1))
Em razão dessas alterações, as disposições não alteradas desta interpretação são mantidas, e a sigla
da ITG 2003, publicada no DOU, Seção I, de 30/1/2013, passa a ser ITG 2003 (R1) – Entidade
Desportiva.