Ramatiz - Sob A Luz Do Espiritismo
Ramatiz - Sob A Luz Do Espiritismo
Ramatiz - Sob A Luz Do Espiritismo
SOB A LUZ
DO ESPIRITISMO
Obra póstuma
Obra mediúnica
ditada pelo espírito
RAMATÍS
ao médium
HERCILIO MÃES
1
OBRAS DE RAMATIS .
16. Evangelho , psicologia , ioga America Paoliello Marques ? Ramatis etc Freitas Bastos
17. Jesus e a Jerusalém renovada America Paoliello Marques ? Ramatis Freitas Bastos
18. Brasil , terra de promissão America Paoliello Marques ? Ramatis Freitas Bastos
19. Viagem em torno do Eu America Paoliello Marques ? Ramatis Holus
Publicações
20. Momentos de reflexão vol 1 Maria Margarida Liguori 1990 Ramatis Freitas Bastos
21. Momentos de reflexão vol 2 Maria Margarida Liguori 1993 Ramatis Freitas Bastos
22. Momentos de reflexão vol 3 Maria Margarida Liguori 1995 Ramatis Freitas Bastos
23. O homem e a planeta terra Maria Margarida Liguori 1999 Ramatis Conhecimento
24. O despertar da consciência Maria Margarida Liguori 2000 Ramatis Conhecimento
25. Jornada de Luz Maria Margarida Liguori 2001 Ramatis Freitas Bastos
26. Em busca da Luz Interior Maria Margarida Liguori 2001 Ramatis Conhecimento
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Índice
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Esclarecimento da primeira edição.
A presente obra inédita de Ramatís vem à luz passados seis anos da desencarnação de
Hercliio Maes (1993) e vinte e dois anos após a publicação de "Evangelho à Luz do Cosmo",
última obra de Ramatís, recebida por aquele médium.
Com o desencarne do médium, dentre seus escritos, não foi possível localizar nem as
"Palavras de Ramatís", nem o prefácio de J. T e, tampouco, os capítulos intitulados "Pena de
morte", "Divórcio", "Toxicomania", "Criogenia e incineração", "Morte" e "Krishnamurti", que
constavam do índice original.
O material obtido foi, então, ordenado por Dr. Breno Trautwein, que fora médico e
amigo de Hercilio, e revisor de anteriores obras suas, buscando a mesma seqüência e inter-
ligações sugeridas pelo índice.
É um privilégio, portanto, e uma alegria a partilhar com seus leitores, a participação de todos os
colaboradores que possibilitaram a edição desta obra.
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Prefácio de Navarana
Já não se duvida mais, atualmente, de que chegaram os tempos tão profetizados há milênios passados
por famosos videntes. Sob a visão humana pode-se verificar a indescritível modificação que se opera no seio da
humanidade. Uma estranha sensação erótica parece dominar todos os seres, fazendo-os viver aflitos,
insatisfeitos, excessivamente ambiciosos e, além de tudo, refletindo nos olhos um estranho temor pelo
futuro. Invertem-se os valores mais preciosos da humanidade, transformando-se em mensagens e realizações
vulgares, lembrando as épocas medíocres do passado. Paira no ar um gostopervertido. Um incessante epicurismo
incentiva os homens para os prazeres do instinto inferior, vulgarizando-lhes a inspiração e os princípios que
elevam a vida humana.
A meta principal, no momento, não é saber quanto ao destino da alma após a sua desencarnação e,
sim, qual é a formula máxima para obter a melhor e a mais requintada satisfação para o corpo.
O profetizado "Fim dos Tempos" está aí, sob a visão de toda a humanidade entontecida, que estigmatiza
deliberadamente todos os ensinamentos de Jesus contidos no seu sublime Evangelho. Os homens se deixam
envolver por uma grande ilusão, acreditando que Deus criou a Terra como um mundo de exclusiva posse
ambiciosa e prazeres inferiores. Na realidade, trata-se de um mundo de educação espiritual, onde espíritos inexpe-
rientes desbastam suas arestas instintivas e ascencionam, gradativamente, a níveis de angelitude. Através das lutas,
dores, sofrimentos, estudos e experiências alcançam a configuração do anjo, usufruindo o mérito de sua própria
consagração.
Atingimos um fim de ciclo no esquema divino, onde haverá uma seleção da humanidade,
conforme a atuação espiritual de cada um na face da Terra. Aflora uma nova civilização de natureza
definitivamente mais sadia nos seus objetivos, plasmando um novo mundo alicerçado nos preceitos da
Bondade e do Amor.
Todos os equívocos, erros e injustiças cometidos, devem, agora, ser banidos para sempre do orbe
terrestre. Ressurge, aos poucos, no homem, a consciência de uma existência Divina Superior, onde ele deverá
viver. É, neste despertar, que surgiu o Espiritismo. Na hora exata, revivendo o Evangelho, o roteiro certo
para todos nós. A obra de Allan Kardec aí se encontra, vigilante, apontando os caminhos da sadia espiri-
tualidade. Seus ensinamentos foram elaborados de modo compreensível por todos os homens, gerando,
assim, maiores responsabilidades para os que deles se abeberarem.
Nesta obra "Sob a luz do Espiritismo", Ramatís procurou enfeixar os assuntos de mais acentuado
prejuízo espiritual e que se alastram pelo mundo, graças à irresponsabilidade dos homens que, num momento
de insânia, elegeram para seu culto mórbido os prazeres mais degradantes e os vícios mais ignóbeis. Allan
Kardec, sob a orientação dos espíritos, alinhavou conceitos e orientações que atendem a todas as necessidades
espirituais e graduações humanas, advertindo e esclarecendo quanto às práticas inferiorizantes e fixando a
responsabilidade de seus autores. Aproveitou toda sensatez e fidelidade crítica da obra espírita para
fundamentar o seu texto, definir responsabilidades e obrigações. Aprofundou conceitos espirituais sob a
égide do grande codificador e sob a inspiração divina do Amado Mestre, Jesus Cristo.
Esta obra lança nova luz sobre acontecimentos quotidianos, dando um roteiro sadio, definindo
as verdadeiras manifestações e responsabilidades humanas, clareando pontos e debates sem soluções
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definitivas.
Ramatís colocou sua inteligência e mansuetude à disposição de nossos irmãos mais angustiados e
sofredores que, na maioria, só conseguem compreender e solucionar seus problemas de maneira desesperada,
violenta e sob perigosa emoção incontrolável. Este livro comenta longamente sobre o suicídio, expondo e
definindo os seus ângulos atrozes após a morte do corpo carnal; desvenda a natureza intrínseca do homossexua
lismo e do exorcismo, trazendo lições de compreensão e, acima de tudo, esclarecendo pontos que sofrem
interpretações errôneas, na maioria dos seus estudos; examina a prostituição, como um produto de
irresponsabilidade humana; pormenoriza as finalidades criativas e superiores do sexo, lembrando, nesta faixa
negligenciada, a grande falta de amor espiritual; aponta, em profunda dissertação, a Eutanásia — a tradicional
"morte piedosa", como um fato censurável perante as leis divinas e condenável perturbação no roteiro educativo
da criatura encarnada; alivia-nos, sobremaneira, quando examinando o problema da morte, a encara como uma
porta que se abre para a verdadeira vida; retira de nossa mente o temor fúnebre e descreve o processo de
desencarne como uma mudança de apartamento, dependendo, é claro, da tranqüilidade ou do desespero do
inquilino, conforme tenha sido a sua vivência anterior; dá à morte um sentido de reencontro com outras almas
afins.
Ramatís, aprofundando conceitos e focando problemas, sob a luz do espiritismo, deixa-nos, pela sua
irradiante beleza espiritual, novos caminhos, novos ângulos, todos eles conducentes ao aprimoramento do
espírito, despertando o homem para que, conscientemente, assuma a responsabilidade da sua conduta
na escala evolutiva.
Navarana
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CAPÍTULO 1
A dor humana.
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religiosas considerarem a Terra um "vale de lágrimas" ou uma penitenciária do Espaço, ela
é uma ótima escola de educação primária, destinada a aperfeiçoar o espírito nó caminhoda
Evolução. Embora a humanidade faça do sofrimento um melodrama vulgar, na verdade, trata-
se de abençoado recurso do Alto para conduzir o espírito à senda de sua própria felicidade.
PERGUNTA: — O que é a dor, enfim? Como poderíamos ter uma idéia mais
precisa da ação oculta da dor?
RAMATÍS: — Todas as manifestações materiais são resultantes do
eletromagnetismo que imanta, une ou separa os corpos físicos e espirituais.
A dor é o produto desse desequilíbrio eletromagnético psicofísico na estrutura do conjunto
humano. Assemelha-se a uma sobrecarga gerando um curto circuito ou a queima de componentes, que ocorre
na rede magnética ou eletrônica formadora do perispírito, repercutindo nas regiões orgânicas mais afins ou
vulneráveis, perturbando a harmonia energética. Sem dúvida a dor tem origem nas alterações do psiquismo,
quando excitado ou deprimido pelas paixões, vícios, sensações primárias ou emoções descontroladas,
expressando-se na periferia do organismo. São as expressões psicossomáticas, já reconhecidas por alguns
médicos atônitos diante dos fenômenos observados
Conseqüentemente, a dor e a enfermidade variam de acordo com o estado moral, intelectual e
consciencial de cada criatura. Há doentes que encenam um dramalhão tragicômico por causa de um simples
resfriado; outros, mesmo sabendo serem portadores de câncer incurável, mantêm-se otimistas, tranqüilos e
confiantes no seu destino espiritual, servindo ainda como exemplo de resignação.
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qualquer reino da natureza, porém, muitas vezes, escapando às nossas percepções grosseiras.
Examinemos o reino mineral. O mármore, sofrendo as dores causadas pela ação do cinzel e do
malho, transforma-se numa bela escultura. O diamante bruto, em brilhante valioso, e outros
exemplos.
No reino vegetal, além das experiências modernas que parecem demonstrar a sensibilidade da
planta, quando agredida, ainda poderíamos citar a semente, a qual para dar nova planta, necessita
despojar-se do invólucro externo pela dor do apodrecimento.
Quanto ao reino animal, observamos, já nas formas unicelulares, a irritabilidade e o instinto de
defesa diante das agressões. E nos pluricelulares, desde os espongiários até os hominídeos, há um sistema
nervoso, a princípio rudimentar e simples, para depois alcançar a mais alta complexidade no homem, que
além da parte motora e sensitiva é a rede das funções nobres da mente —inteligência, pensamentos, juí-
zos, imaginação e, sobretudo, os estados de consciência em suas mais variadas expressões.
É essa consciência em seus vários níveis, que é proveniente do espírito em busca de sua
divinização.
São os pensamentos e os atos do espírito que determinam a maior ou menor intensidade das dores,
pelas quais há de passar, pois do equilíbrio e da paz da consciência espiritual do ser é que resulta a
estabilidade magnética ou eletrônica do perispírito e do corpo físico. Parece ser o plano de Deus, a
Harmonia e o Equilíbrio perpétuo do Cosmo. Qualquer instabilidade que se manifeste no mais ínfimo fluir
da vida requer sempre o imediato reajustamento para não perturbar o Todo harmônico.
1 — Tudo depende do modo como interpretarmos o fenômeno da dor; para uns é castigo de
Deus com o fito de punir os pecados dos homens; para outros é efeito cármico de faltas cometidas em
vidas anteriores; raros, porém, aceitam a dor como processo auxiliar da evolução espiritual. A
verdade é que ela só se manifesta diante de qualquer resistência física, moral ou espiritual, que
perturbe o sentido utilitário, benfazejo e harmônico da Vida.
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tão bem percebido por Hermes em sua proposição "o que está acima é semelhante ao que está embaixo",
mesmo a matéria inerte traz de forma diferente todas as propriedades do seu nascimento. Existe nos reinos
vegetal e animal alguma essência, cuja manifestação tem outros veículos para cumprir de modo diferente,
peculiar ao teor vibratório de cada entidade. Para tirarmos um ensinamento, basta refletirmos: Por que o bom
vinho é obtido de bagos de uva esmagadas; a melhor farinha, do trigo moído; a madeira ficou mais lisa depois
de lixada; e o brilhante é o diamante lapidado? Logo, há sempre um processo agressivo, gerando uma "cota de
sacrifício", em qualquer um dos reinos, para o aperfeiçoamento e melhor qualidade das coisas.
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contrário, terá de ser lavado no tanque das lágrimas purificadoras do mundo carnal, ou
lançado às "trevas exteriores" para o sofrimento retificador provocar o "choro e o ranger de
dentes".
A dor quebranta a rudeza e humilha o orgulho da personalidade humana; obriga o
espírito a centralizar-se em si mesmo e a procurar compreender o sofrimento. Na
introspecção dolorosa, pela ansiedade de solver o seu problema aflitivo, ele tem de reconhecer
a precariedade, a presunção e a vaidade de sua figura transitória no mundo de formas.
Assim como o calor vaporiza as gorduras ou o fogo apura a fusão do ferro para a
têmpera do aço, a dor é como a energia que aquece a intimidade do espírito e o ajuda a
volatizar as aderências indesejáveis do seu perispírito ou da "túnica nupcial" da parábola do
Mestre Jesus. É um processo caracteristicamente de "lavagem" ou "limpeza" no tanque das
lágrimas, onde há a ação benfeitora e cáustica da dor 4.
4 — Vide o cap. "A importância da dor na Evolução Espiritual" da obra "A Fisiologia da
Alma", de Ramatís, Editora do Conhecimento
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Poderíamos, como outro exemplo, citar os casos de rins policísticos, de alta letalidade, cuja
incidência não alcança a taxa de cem por cento. A explicação é simples: os familiares, desse conjunto, que
evitarem tóxicos, condimentos e substâncias nocivas até para rins sadios e comportarem-se numa vivência
moral evangelizada poderão atingir a velhice sem a morte prematura por força da deficiência renal. No
entanto, os demais membros da família sofrerão as conseqüências funestas da vulnerabilidade renal
hereditária, se descuidarem da saúde física, abandonando dietas benfeitoras e ainda sob o bombardeio dos
descontroles mentais e emotivos do ciúme, ao egoísmo, da cólera, da inveja, da maldade, da loucura, da
maledicência ou da brutalidade. O carma propõe e o livre-arbítrio de cada um pode modificá-lo ou cumpri-
lo.
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PERGUNTA: — Quereis dizer que a doença num órgão ou sistema do corpo
humano varia conforme a natureza do fluido que é produzido por determinada ação?
RAMATÍS: — Cada transgressão gera um tipo de fluido específico e cada fluido maléfico
produz um tipo de doença ou perturbação peculiar. Em conseqüência, o defeito preponderante na
criatura, seja inveja, orgulho, avareza, ódio, ciúme etc. é o causador da maior quantidade de fluidos mórbidos
aderidos ao perispírito e responsável pela moléstia ou perturbação psíquica mais grave. A doença, nesse caso,
varia conforme o tipo, a virulência e a quantidade de cargas nocivas dominantes no perispírito.
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quicos atuando no perispírito, não é assim?
RAMATIS: — Sem dúvida, tanto varia a resistência biológica e hereditária de cada ser,
como também varia a sua força mental. As criaturas, mental ou espiritualmente, vigorosas superam com
mais eficiência os efeitos mórbidos das enfermidades, pois são mais resistentes aos efeitos das toxinas
psíquicas, em sua circulação.
Mas, de acordo com a Lei do Carma, tão familiar aos espíritas, sabe-se que será dado a "cada
um segundo suas obras". É a Lei, portanto, dando a certo homem um organismo mais rígido e vigoroso
contra os descontroles censuráveis da mente e, a outro, corpo mais débil que se abate ante o primeiro
surto de violência mental e emotiva.
Aliás, há criaturas tão resignadas e otimistas, que, até ante os diagnósticos mais graves a respeito
de sua doença, mantêm um nível mental de confiança no Criador, conseguindo superar enfermidades
gravíssimas. Pressentem, no âmago da alma, a necessidade espiritual de submeterem-se a tais provas; então,
a resignação e o bom ânimo suavizam-lhes o impacto mórbido.
Ao contrário, criaturas espiritualmente débeis agravam os sintomas enfermiços, pois inventam uma
perigosa broncopneumonia, onde existe um ligeiro resfriado; transformam a verruga inofensiva em câncer e,
na costumeira dispepsia, descobrem a úlcera gástrica. A mente pessimista é campo favorável às forças
negativas, pois aumenta a atividade dos fluidos mórbidos.
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inferior, removerá as causas que a fazem sofrer.
Além disso, a Ciência Médica, como responsável pela saúde humana, é fruto das mais sábias
inspirações do Alto. Sua missão é atender ao homem de acordo com suas necessidades biológicas de
adaptação ao meio em que vive, aliviando-lhe as dores atrozes, dando-lhe momentos de paz e esperança e
prolongando-lhe a vida, tanto quanto seja possível. Mesmo quando não consegue a cura tão desejada, o
médico é sempre o sustentáculo para o enfermo se manter vivo, livrando-o do suicídio ou da morte
prematura por complicações inesperadas. Atende-o nas deficiências cardíacas, hepáticas ou renais, e
proporciona-lhe temporadas de alívio, ajudando-o a criar novas forças e algum conforto momentâneo na
sua jornada purificadora. Graças aos médicos e às instituições terapêuticas do mundo, inúmeras vezes, o
enfermo se restabelece, após a sua condenação implacável, surpreendendo a todos pela recuperação
miraculosa e um final de vida completamente sadio. Paga a pena, o criminoso é libertado.
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Além-Túmulo e causa afecções e padecimentos horríveis, quando muito sobrecarregada. Conforme a sua
intensidade e filtração no tecido sutil do perispírito, tornam-se necessárias providências dolorosíssimas e
terapêutica rude para aliviar o espírito ensandecido de dores atrozes. É um morbo psíquico, insidioso e tóxico,
que deve ser expurgado drasticamente, a fim de se evitar uma atrofia completa e grave da tessitura
perispiritual tão delicada.
6 — Vide a obra "Flores de Outono", ed. LAKE, de Jesus Gonçalves, com a parte
mediúnica psícografada por Chico Xavier, em que o autor, após desencarnar leproso no "Asilo
Colônia de Pirapitingui", glorifica, em versos comoventes, a sua resignação e compreensão em vida,
como o comprova, após a desencarnação. Basta o verso seguinte,"Rendendo Graças", para
avaliarmos o sentido da dor no aperfeiçoamento humano. Diz, o poeta leproso, Jesus
Gonçalves:
Bendita sejas, Dor, por onde fores,
Luz sublime entre as luzes mais sublimes,
Benfeitora do Céu, que nos redimes,
Aureolada de ocultos resplendores...
Sob a Luz do Espiritismo
Os homens muito sobrecarregados de resíduos venenosos partem do corpo físico e não conseguem
alcançar o vôo para as esferas superiores e tombam nos charcos do Além para sofrer a necessária limpeza e
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aliviar o excesso de peso. Na lei homeopática de que os semelhantes curam os semelhantes, osespíritos sufocados
pelo visco das substâncias tóxicas incorporadas nos seus "momentos invigilantes" de ódio, ciúme, cólera, inveja,
luxúria, cobiça, avareza ou tirania serão aliviados pela própria absorvência dos charcos do Astral Inferior. Na
verdade, o processo de "absorção" ou "sucção", que o lodo astralino exerce no perispírito dos infelizes
"réprobos" é, francamente, atroz e de enlouquecer. O expurgo feito de "dentro para fora" é de uma ação cáustica
e ardente, produzindo verdadeiras carbonizações, mas deixando resíduos viscosos, aumentando a densidade
dos próprios charcos terapêuticos e a sua carga fétida e pestilenta, produto da matéria deprimente expelida pelos
condenados.
Daí, a idéia tão arraigada nos homens da existência do "inferno", com o seu fogo purificador e os
tormentos de água e azeite ferventes. É, realmente, uma "purgação" provocada pelos charcos nauseantes e de
sensações tão atrozes como as queimaduras profundas.
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RAMATIS: — O Espiritismo é doutrina dos vivos e não dos mortos, e, assim, julgam os
espíritas mais esclarecidos. O seu papel é justamente sanear a mente humana e evitar que o homem peque
para depois não sofrer os tormentos do Além-Túmulo. É bem mais sensato e proveitoso doutrinar os
encarnados para não se desgraçarem após a morte, do que ensinar o caminho para os espíritos perturbados
depois da desencarnação. Cada homem renovado à luz do Espiritismo e do Evangelho de Jesus é um peso a
menos nos próprios trabalhos mediúnicos espíritas. E, conseqüentemente, uma vítima a menos dos charcos
purgatoriais do Além-Túmulo.
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CAPÍTULO 2
Os fenômenos físicos.
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forças materiais. Os médiuns desse gênero de trabalho são criaturas adrede preparadas para
usar os fluidos do éter-físico da própria Terra e do mundo astral, além da combinação dos
seus fluidos, resultando o ectoplasma sensível à vontade dos desencarnados, criando corpos
ou movendo-os. Embora os principais operadores sejam os espíritos no "lado de cá", eles
necessitam apoiar-se nos elementos oferecidos pelos médiuns, dos quais depende
fundamentalmente o êxito das manifestações físicas.
1 — Vide a obra "Rumo às Estrelas". de H. Dennis Bradley, em cujos trabalhos de voz direta e
materializações compareciam entidades de boa estirpe espiritual, como Feda, Pat O'Brien, Bert, Dr.
Barnett, Rodolfo Valentino e, principalmente Johannes.
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RAMATÍS: — A espiritualidade procura todos os meios para provar a vida em sua
vibração mais sutil e, no futuro, isso será motivo de pesquisa e de estudo científico profano.
Inúmeros cientistas terrenos deram vigoroso impulso aos ensinos e postulados espiríticos,
depois de comprovarem pela fenomenologia física mediúnica, a realidade do espírito imortal
2.
O Espiritismo, além de religioso e filosófico, é também científico; porém, esse aspecto
não é mera questão subjetiva, mas deve ser exercitado no terreno objetivo da experimentação
cotidiana. Em face das possibilidades cada vez mais admiráveis da ciência do mundo, em
breve, será provada a imortalidade da alma, através dos próprios trabalhos de fenômenos
físicos efetuados em ambientes universitários.
2 — Por exemplo, Sir Willian Crooks, Prêmio Nobel de Física, (descobridor dos raios
catódicos e do estado radiante da matéria) o qual, depois de participar de fenômenos de
materialização com o intuito de desmascará-los, passou a pesquisar os mesmos com o mesmo rigor
cientifico (chegando a retirar, do espírito materializado de Katie King, mechas de cabelo, fragmentos
de vestes e fotos). Ao cabo da pesquisa, documentada em sua obra "Fatos Espíritas", declarou
textualmente: "Eu não digo que esses fatos são possíveis eu afirmo que eles são reais".
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intensamente no mundo microscópico e infinitesimal; atualmente já domina as forças internucleares e outras
ocultas há séculos, desbancando os conceitos cultuados por magos e alquimistas. Hoje, sabe-se que atrás dos
símbolos, práticas supersticiosas e ritos estranhos dos velhos mistérios, há boa dose de verdades e bom
senso. Certas lendas de seres fantásticos, controladores das forças poderosas do mundo, aparecem explica-
dos pela ciência. Os cientistas terrenos disciplinaram a energia atômica, controlaram os demônios das
doenças e caminham para o controle da natureza
Evidentemente, quando o homem estiver convencido da sobrevivência do espírito, também haverá
de querer conhecer as normas regentes do reino invisível aos olhos da carne. Em face das vicissitudes e dos
sofrimentos que chicoteiam a humanidade na Terra, é perfeitamente óbvio o ser humano alimentar
esperanças de alcançar sua paz e ventura numa vida integral. O sofrimento do homem sensibiliza-o para a
busca do ideal futuro de uma vida melhor. A sabedoria do espírito eterno melhora os padrões da vida
material; e a função da ciência é de realizar tal objetivo. Por isso, o espírito humano terá, no cenário
físico, a ajuda própria científica para eliminar as dúvidas e incertezas. No futuro, o espírito poderá
materializar-se nos laboratórios, mesmo à luz do dia, sob o controle de hábeis cientistas e através da
manipulação adequada de ectoplasma. O perispírito será examinado em sua temperatura, densidade,
espectografia, magnetismo e odor, através de aparelhos especiais. Há séculos seria estultice alguém
acreditar na possibilidade de se medir no corpo humano a pressão, a pulsação, a circulação ou verificar-se a
quantidade e qualidade de sucos gástricos, hormônios, fermentos, glóbulos brancos e vermelhos. Alguém
poderia imaginar o eletrocardiograma, a radiografia e o eletroencefalograma, o ultra-som ou
infravermelho?
Através dos trabalhos de fenômenos físicos, os espíritos desencarnados poderão ensinar aos cientistas
terrenos a pesquisar e a conhecer os segredos do perispírito.
22
Em verdade, dentro do esquema de "Fim de Tempos" e da seleção espiritual, já em andamento
na Terra, o Alto mobiliza todos os esforços e recursos possíveis para chamar, advertir e orientar os homens.
Quanto mais o homem se tornar esclarecido espiritualmente, também reduzirá seu problema no Além-
Túmulo, dispensando o fatigante trabalho socorrista dos espíritos assistentes. Por isso, não importa que os
cépticos precisem ver para crer ou sentir na própria pele o estilete da vida imortal. O importante é
modificarem sua conduta, amenizarem o egoísmo e esforçarem-se para a libertação dos bens
efêmeros.
O cidadão do século XX precisa reconhecer que, detrás de toda fenomenologia do mundo,
permanece intensa e viva a vontade e o poder da consciência imortal operando na letargia das formas. O
Universo é produto da materialização da inteligência criadora; e os homens são os prepostos menores, a
auxiliarem na criação incessante. Cada espírito é um deusinho em miniatura, dotado de poderes excepcionàis,
podendo exercitá-los e aplicá-los conforme o seu amadurecimento e desenvolvimento espiritual. A matéria,
como energia condensada nas formas do mundo, sob o impulso vigoroso do ser imortal também poderá
retomar à sua forma primitiva de liberdade e modelar novos mundos.
Para vosso despertamento, ocorrem essas pequenas demonstrações, como no caso dos médiuns
excepcionais, os quais praticam operações perigosas, dispensando instrumentação médica e a própria
assepsia. As formações mórbidas e atróficas do organismo humano são tetiradas pela intervenção de
médicos do Espaço, obedientes às mesmas leis que regem a "materialização" e "desmaterialização" da
matéria do vosso orbe. Embora para os encamados, essa intervenção pareça ser miraculosa e desmentir
a aparente rigidez das leis físicas, tal acontecimento não contraria a ordem existente no
Universo; somente, ocorre em planos mais sutis e sob o comando de vontades poderosíssimas.
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4 — Quando visitamos o médium Arigó, em Congonhinhas, pudemos observar, pela nossa
vidência, que só eram operados os enfermos assinalados por uma pequenina luz branca, a pousar em
suas cabeças. Aos demais, embora mais graves, o médium apenas prescrevia medicações.
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CAPÍTULO 3
Exorcismo.
PERGUNTA: — Que dizeis da afirmação categórica feita pelo Papa Paulo VI, de
que o Diabo existe e essa entidade abominável vive tentando e atormentando os homens, na
mais obstinada luta contra a evolução dos 'filhos de Deus'?
RAMATÍS: — Em face do constante esvaziamento da Igreja Católica,
conseqüente da sua posição em negar uma verdade como a Reencarnação, e a possibilidade de
comunicação com os espíritos desencarnados, assunto hoje corriqueiro em todas as doutrinas
baseadas no Orientalismo e na codificação kardequiana, ela necessita de algo novo e inusitado,
a fim de lhe vitalizar os alicerces desgastados e amparar o edifício religioso secular, antes da
sua transformação em ruínas.
São muitos os problemas da Igreja: a desobediência de alguns padres; a fuga de outros
para o casamento; as dissenções internas, por força das atuais decisões hierárquicas; a
destruição sistemática das fantasias dos dogmas, abalados pelas descobertas da ciência
moderna; inclusive as "falhas" da infabilidade papal, que não consegue superar uma simples
leitura da "buenadicha"; a falta de vocação dos jovens para o sacerdócio e, em conseqüência, o
despovoamento dos conventos e das igrejas; e, ainda, as dificuldades financeiras, que se
avolumam dia a dia, a fim de manter um clero luxuoso em todas as latitudes geográficas do
orbe — a exigência de uma rentabilidade, em síntese, obriga a uma urgente promoção clerical,
sugestiva e incomum, que possa reativar o anêmico Catolicismo.
Mas, o clero católico, caso tivesse admitido em seus postulados o processo sensato e
coerente da Reencarnação, o qual justifica todos os tipos de destinos humanos, e ainda
evidencia o Amor, a Justiça e a Sabedoria de Deus, ficaria solidamente fortificado e seria a
mais vigorosa competidora da Umbanda, cuja doutrina mediúnica, hoje, lidera, cada vez, mais
o sentimento religioso do povo brasileiro.
Isso, malgrado os esforços inovadores na campanha do "Cursilhismo", técnica que,
apelando para valores emocionais, consegue sensibilizar os participantes para a vivência
dentro dos princípios divulgados, há dois mil anos, pelo próprio Cristo e, atualmente, praticados
e conhecidos pelos espíritas. Entretanto, passado o breve entusiasmo das emoções liberadas, a
maioria dos "cursilhistas" retoma à mesma vida apática e de despreocupação com a realidade
da Vida Imortal.
Daí, o motivo por que o Papa Paulo VI se decidiu pela ressurreição urgente do Diabo
', o milenário adversário do Criador, infatigável perseguidor da humanidade e, parado-
xalmente, com o mau gosto de só arrebanhar pecadores, ou sejam, os "falidos do mundo".
Sem dúvida, há certa razão e lógica nesse imediato renascimento e consagração de
Lúcifer, por parte da bula papal, pois funcionaria como motivação para reativar a fé católica,
usando o antiquado recurso do medo. Talvez, à falta de um interesse positivo comum, o clero
secular fez renascer o senil Satanás.
O Santo Padre já não ignora que, no vosso país, os bons católicos freqüentam a missa
pela manhã, ou à tarde, e, paradoxalmente, à noite, freqüentam os trabalhos de Umbanda para
receber do humilde preto velho o conselho fraterno e amigo. A necessidade de uma promoção
diabólica deve trazer vantagens para a Igreja Católica Romana, pela união de todos os fiéis, sob
a mesma bandeira de guerra. Por sua vez, Satã não deverá fugir à luta e assumir, de imediato, o
comando de suas falanges terríveis, que se achavam em merecidas férias. Providenciar as
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urgentes reformas do Inferno, atulhado de tachos arcaicos de água e azeite fervente, enfrentar
novamente a fumaça sufocante da lenha verde e movimentar-se entre a azucrinação de berros,
uivos e gritos dos pecadores imprudentes.
1 — Afirmou o Papa Paulo VI: "O Demônio existe. É o inimigo oculto, mis-
terioso, que semeia erros e desgraças na história humana".
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cântico de "hosanas" a Deus.
Evidentemente, a prática de tais perversidades, tudo em nome do manso e amoroso
Jesus, fruto do sadismo humano delirante, começou a afetar Satã que, entre estarrecido e
complexado, lamenta sua falta de criatividade e os seus pobres caldeirões enferrujados,
que só permitiam uma tortura "estandardizada" e, cada vez mais, ridicularizada pelo próprio
homem.
PERGUNTA: — Mas, por que o Diabo seria apenas uma figura lendária,
quando é cultivada desde os mais remotos períodos de nossa história, e permanece atuando
desde a nossa infância? Em verdade, são raras as pessoas que viveram livres da idéia
atemorizante da influência diabólica. Que dizeis?
RAMATIS: — Acontece que os antigos magos e sacerdotes, no intuito de
estimularem os seus fiéis à prática do Bem, conceberam o Diabo como o oposto a Deus, o
paradigma de tudo aquilo que a criatura deveria sofrer, ao praticar o Mal. Desse modo,
muitas vezes, a concepção de Deus e do Diabo pareciam se confundir, e o homem terminava
se habituando a essa dualidade, em que se diluíam as fronteiras do Bem e do Mal. A
própria figura de Jeová, o Deus dos hebreus, tanto podia ser aceita como um "deus
vingativo", como à imagem de um "demônio justiceiro". Jeová, o Deus judaico, mandava
exterminar os povos inimigos, produzia epidemias, inundações, pestes e pragas de gafanhotos
contra os egípcio e, em certas ocasiões, como relata o Velho Testamento, exigia a imolação
dos filhos e se satisfazia de ver correr sangue. Os próprios deuses gregos eram produtos gera-
dos à imagem e semelhança dos homens; apreciavam o sexo, participavam de bacanais e
orgias; embriagavam-se, e se votavam a amores escandalosos, agindo de modo excêntrico,
com os seus poderes divinos. Júpiter, conforme a lenda, disfarçou-se em cisne para dormir
com Leda e, posteriormente, transfigurou-se num touro, a fim de raptar Europa.
Sob tal condição, não é difícil a mescla entre o demoníaco e o divino, trazendo a
profunda confusão psíquica ao homem, por já não saber corretamente se a alegria e a ventura,
o prazer e o vício, são mais de Deus do que do Diabo.
27
mais propriamente, na concepção infantil de"não se fazer nada", ou seja, a"dolce vita",
naquele tempo. É muito provável que, se a carpintaria humana resolvesse montar um
céu nos moldes das realizações técnicas e conquistas científicas modernas, teria de instalar
conjuntos musicais e orquestras sinfônicas de alto gabarito, capazes de executar, desde as
melodias singelas do folclore de um povo virtuoso, até a sensibilidade de um Chopin, a
matemática de sons de um Brahms, a espiritualidade de um Mozart ou, mesmo, a mensagem
universalista de Beethoven. Sem dúvida, o céu no Século XX ainda exigiria o toque artístico
dos mais hábeis decoradores terrícolas, o preenchimento pela cinematografia panorâmica e
pela televisão colorida, num ambiente sofisticado por um éter perfumoso, onde os mais
variados cardápios deveriam assinalar os pratos epicurísticos das confeitarias terrenas.
Mas, infelizmente, o Paraíso teológico ainda apresenta, no século atômico, as
mesmas emoções e os prazeres medíocres vividos há milênios, os quais não parecem seduzir
os homens para qualquer promoção virtuosa.
28
ontológica de a criatura ser capaz de se rebelar contra o seu Criador, a ponto de desafiá-lo.
29
demonstra uma tortura muito rotineira, como demonstra a incapacidade diabólica do próprio diabo na
administração infernal excessivamente burocrática e, portanto inoperante e fadada à extinção no futuro
organograma sideral.
Todo esse aparato em nada tem modificado a essência da humanidade no emprego da tecnologia
científica nos bastidores das guerras e ditaduras, incrementadas por papas, cardeais, bispos e outros
"religiosos" paranóicos, que, na busca do poder no mundo de César, sacrificam aos milênios a ventura
harmoniosa do mundo Divino.
30
do mundo. Assim, as mesmas criaturas que se apavoram ante a possibilidade de o Diabo lhes surgir à
frente, num gargalhar sinistro, ainda são as mesmas que, durante as hecatombes guerreiras, campanhas de
ódios políticos, ou lutas fratricidas entre os descendentes do mesmo país 5,praticam as mais dolorosas torturas
— desde o arrancar de unhas, olhos, línguas e orelhas, ou decepamento de mãos, pés, braços e pernas, até a
destruição de agrupamentos pacíficos, quando, as chamas desintegradoras de "Napalm", desfazem os
seres humanos, num punhado de cinzas gordurosas.
Sob os olhos de um psiquiatra, são doentes mentais; mas, na grande escada evolutiva, são
almas primárias ou estacionárias no epicurismo mórbido e na sabedoria hipócrita humana. Não é difícil,
nem discutível, tais homens acreditarem na existência do Diabo, pois, transferem a essa criatura os seus
estados anímicos, e Satã representa-lhes, na realidade, a própria alma com toda a hediondez primitiva.
31
PERGUNTA: — Poderíeis clarear-nos melhor esse simbolismo do Diabo?
RAMATÍS: — Na figura dos chifres, o esoterista pode aperceber-se muito bem
da fúria impulsiva e indomável do touro, que se traduz pela agressividade humana; os pés
caprinos são a lascívia; as asas, ora de morcego, ora de pássaros, representam a procura de
ascensão, ou o vampirismo; o corpo semi-humano é o homem, espírito e matéria; as garras de
abutre ainda podem lembrar a avareza e a peculiar agiotagem humana; os cascos de cavalo, a
violência... e, assim cada teólogo diabólico criou o seu diabo, feito à sua imagem e
semelhança anímica.
Satanás, em suma, é a figura representativa do próprio homem — as paixões, a
lubricidade, a avareza, a violência, a brutalidade e as ambições desmedidas; juntamente com o
amor, a meiguice, o altruísmo e todos os valores inatos e adormecidos nas fímbrias do espírito
imortal. Satanás é como o homem; misto de divindade e animalidade.
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PERGUNTA: — Poderíeis explicar-nos, mais claramente, essa variação da
figura do Diabo, conforme seja o tipo de cada povo ou raça?
RAMATÍS: — Conforme a latitude geográfica, a região, os costumes, o
sentimento religioso e o entendimento psicológico da vida humana, a figura do Diabo também
varia na sua personalidade representativa. Assim, para o oriental, o Diabo tem a cara exata do
ocidental, enquanto Deus, tem os olhos oblíquos; o zulu rende home-nagem ao seu Deus preto
como carvão e se arrepia e excomunga o Diabo Branco, de fisionomia européia. Quer o
chamem, na linguagem clássica, de Satanás, Demônio, Belzebu, Lúcifer, Espírito do Mal,
Anjo das Trevas ou Belfegor, ou a voz popular o denomine de Tinhoso, Capeta, Coisa Ruim,
Canhoto ou Demo, ou, ainda seja o Anhangá dos indígenas, o Mafarrico dos portugueses, o
padeiro dos franceses, o Exu da macumba, o Pedro Botelho, ou Mofino, das velhas lendas, o
Diabo representa, sempre, a figura da própria alma, quando subverte as admiráveis quali-
dades de sua natureza espiritual para se devotar, apenas, às paixões odiosas, à crueldade ou
às impurezas da velha estirpe animal 6.
Na ascensão do espírito para os planos edênicos, o Inferno e o Diabo também se
tomam cada vez mais distantes e apagados, porque as zonas trevosas, existentes em cada cria-
tura, principiam a ser clareadas pela luz angélica.
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RAMATIS: — Considerando-se que a humanidade não melhorou, apesar do
incessante convite para o Céu, ou da ameaça de um Inferno, o sacerdócio católico e a
comunidade protestante há muito que deviam ter esclarecido a mente dos seus fiéis, fazendo-os
compreender que Deus não é um bárbaro impiedoso, a punir eternamente os seus filhos. Nem
se trata de um Deus, a distribuir favores e prêmios celestiais aos fiéis seguidores de suas
doutrinas religiosas preferidas na Terra, nem é um soberano vingativo, cujo amor-próprio é
ferido pelos simpatizantes de outros credos religiosos. O Céu e o Inferno são conquistas da alma
operosa, dirigindo os seus labores para o serviço desinteressado ao próximo e não procurando
explorar o irmão em todos os aspectos 7.
Considerando-se que raras almas desencarnam isentas de qualquer mácula ou
pecado, então, a dúvida e o medo sempre acompanham a maioria dos "falecidos", após a
alfândega do túmulo para o ingresso no Além, onde as criações mentais macabras pela perspectiva
do Inferno deixam-nos completamente alucinados pelo pavor. As incoerências ensinadas pelos dogmas
católicos e da Igreja Reformada trazem, assim, dificuldade de socorro a esses pobres espíritos, sem a mínima
esperança de salvação, ou a graça de retomo ao lar amigo deixado na Terra.
7 — Trecho extraído da obra "Libertação", ditada pelo espírito André Luiz a Chico
Xavier, edição da Livraria da Federação Espírita Brasileira, que esclarece quanto à realidade do
Inferno: "A rigor, portanto, não temos círculos infernais, de acordo com os figurinos da antiga
teologia, onde se mostram indefinidamente gênios satânicos de todas as épocas e, sim, esferas
obscuras, em que se agregam consciências embotadas na Ignorância cristalizada no ócio reprovável
ou confundidas no eclipse temporário da razão, Cap. 1 — "Ouvindo Elucidações".
34
Sob tal condição ideoplástica, produzem-se pavores e demenciação tão intensa que impede o
socorro dos espíritos guias e mentores, confundidos pelos "clichês mórbidos", profundamente impressos no
mental dessas almas perturbadas.
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perde a autonomia espiritual, escravizado pelos vícios ou paixões vis, então, é facilmente possível a
intromissão de outro comando indesejável. Residência de portas e janelas escancaradas é fácil presa dos
amigos do alheio. A prece e o reto viver são os melhores antídotos às possessões diabólicas, às obsessões ou
às espoliações de vampiros, espíritos das trevas e mistificadores.
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11 — Considerando-se que pesquisas recentes, realizadas em Nova Iorque, demonstraram
que 80% da população geral apresenta entre graves e mínimas alterações psíquicas e predominam as
alterações de potencial elétrico cerebral, é fácil compreender como se instalam as grandes crises
convulsivas coletivas.
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ainda seria a simbólica "mesa redonda", onde se examinariam, friamente, os problemas pregressos e de
ordem espiritual, entre o algoz e a vítima. Jamais a gritaria melodramática, na teatralização de gestos,
palavras cabalísticas ou invocações divinas, pode afastar o implacável" cobrador cármico", aderido à
residência carnal do devedor, cobrando a indenização de acordo com a Lei. Aliás, em qualquer tera-
pêutica de ordem psíquica, vale mais a natureza sublime e o entendimento fraterno do pretenso exorcista do
que mesmo, a cultura de teólogo, hierarquia religiosa ou o pseudopoder sugestivo de "expulsar
demônios" 12.
Em face da incontestável justiça de Deus, jamais o inocente seria obsidiado, assim como
a criança ou o adolescente não pode ser punido pelas mesmas penas reservadas pelos códigos aos adultos. Em
todo o quadro obsessivo, há sempre um culpado e um vingador; uma vítima e um algoz; e, comumente, quem
se vinga julga-se no direito de cobrar prejuízos ocasionados pelo outro. Em tal caso, a Lei Espiritual deter-
mina quais os juros e as devidas correções para a vítima, independente da ação de outrem, o qual é
advertido de que adquirirá, diante da lei do amor, dívidas a serem saldadas, como diz o evangelho: "O
escândalo há de vir, mas ai daquele por quem ele vier".
O anacrônico exorcismo deixará de existir, quando o homem conseguir viver em perfeita paz
e harmonia com os outros seres do Universo, bafejado pelo próprio Cristo que mora no seu interior, a
irradiar as vibrações do mais puro amor para todos os seus irmãos criados por Deus.
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CAPÍTULO 4
Suicídio
39
espiritual e, muitas vezes, nos casos de doentes terminais, há o malogro do resgate cármico,
quando estava praticamente realizado, tendo o espírito, além de completar o tempo restante,
ainda que retornar para nova experiência vivencial, porém, com o agravamento de sua dívida.
40
PERGUNTA: — O hábito alcoólico também leva a alterações mentais e, muitas
vezes, ao suicídio e, como é um costume socialmente admitido, não seria a culpa da socie-
dade e não do indivíduo?
RAMATÍS: — Se assim pensarmos, como alguns sociólogos, o indivíduo nunca
terá qualquer culpa e julgaremos a sociedade como delinqüente. Entretanto, segundo a antro-
pologia, teria surgido primeiramente o homem, depois reunido em famílias nucleares, as quais
formavam os grupos, que, reunidos, constituíram as tribos e, assim progressivamente, até
alcançar o estágio social atual com a complexidade de todos conhecida.
A evolução natural do homem, como agente dos usos e costumes sociais, evidencia-se
pelas próprias transformações dos agrupamentos humanos; é o homem doente que faz um ambiente
doentio e, quando evoluir do egoísmo ao altruísmo, ter-se-á uma sociedade mais justa e igualitária. Não é a
modificação do meio que irá transformar o homem, como pregam certos doutrinadores socialistas, mas, o ser
humano, quando aderir aos postulados da eterna sabedoria, encontrada nos ensinamentos dos grandes
mestres espirituais. Não é o ambiente que faz o homem, porém, o homem é o agente transformador do
ambiente, sob todos os aspectos.
41
a sua profissionalização. O método pedagógico é mais flexível, sendo dada ao estudante mais noção de
responsabilidade e dever, cujas raízes foram, lenta e progressivamente, cultivadas nos níveis inferiores.
Chegamos, enfim, à faculdade, onde a função do educador é de simples orientação e avaliação,
deixando toda a responsabilidade para o indivíduo decidir qual a melhor opção para se transformar num
bom ou mau profissional, num humanitário ou num egoísta, num sábio ou pseudo-sábio, ou escolher um
ideal divino, espiritual, humano ou material, para, depois, sofrer o julgamento pela própria opção.
Portanto, o livre-arbítrio é conquista do espírito na sua busca de luz, enquanto o determinismo é
resultado de um plano evolutivo peculiar a cada um.
PERGUNTA: — Mas eles foram induzidos por alguém ao suicídio; logo, nos
parece ser quase nula a responsabilidade deles e mais a do indutor do erro. O que nos
respondeis?
RAMATÍS: — Está escrito na Lei: "Não matarás". E o que é o suicídio, senão, matar a si
mesmo? Portanto, dentro da teoria evolucionista espiritual, é retardo desse processo, não só para a própria
pessoa, como também para outros que deixaram de reencarnar e evoluir. Há, além do dano pessoal, o
prejuízo para a coletividade.
Quanto ao líder, é simplesmente um detonador psíquico das tendências oriundas do perispírito de
seus liderados, que, em épocas passadas, pertenceram todos a um mesmo conjunto de almas, endividadas
nas tropelias das conquistas de povos ou membros de confrarias acumpliciadas com mortes pela Santa
Inquisição, ou outros grupos religiosos fanáticos, os quais falam em nome de Jesus, entretanto,
esquecem os fundamentos da sabedoria dele, como: "Pode um cego guiar outro cego? Os dois não vão
cair num buraco?; "Por que me chamais Mestre, mas não fazeis o que eu vos digo?; "Acautelai-vos, que
ninguém vos engane; porque muitos virão em meu nome dizendo: Eu sou o Cristo; e enganarão a muitos".
São advertências; porém, em vez de seguirem os ensinamentos magistrais de Jesus, ficam a ouvir os
falsos profetas, a cumprir os dogmas humanos com a sua ritualística infrutífera, perdidos nessa selva de
enganos e mentiras, cujo único caminho é o Evangelho.
42
devido tempo e lugar.
43
CAPÍTULO 5
Eutanásia.
44
1 — Nota do organizador: Nos atuais estudos de tanatologia, nos casos de ressuscitamento
após a morte clínica há uma coincidência das descrições sobre as ocorrências no período do
falecimento, assim descrito por Raymond A Moody Jr. em "Reflexões sobre a vida depois da
vida":
"Um homem está prestes a morrer e, ao atingir o ponto máximo do sofrimento físico, ouve o
médico declará-lo morto. Começa a ouvir um ruído desagradável, como uma campainha tocando
muito alto e, ao mesmo tempo, sente-se em movimento rápido através de um longo túnel. Depois,
encontra-se fora do seu corpo físico, mas, ainda no ambiente físico imediato, e vê o seu próprio corpo à
distância, na posição de espectador, assistindo, assim, às tentativas de reanimação, numa situação
vantajosa e invulgar, sob um estado emocional complexo. Passado algum tempo, acalma-se, e
começa a habituar-se à sua nova condição, verificando que tem um "corpo", mas de natureza e
possibilidades muito diferentes das do corpo que acabou de deixar. Em breve, começam a suceder
outras coisas. Vêm ao seu encontro seres que o ajudam, e vê os espíritos de parentes e amigos mortos.
Um ser cheio de amor, de uma espécie nunca encontrada — um ser de luz — surge diante dele. Este
ser faz-lhe, não verbalmente, uma pergunta que o obriga a avaliar sua vida e ajudá-lo, mostrando-
lhe a visão panorâmica dos principais acontecimentos por que passava antes de morrer. Então,
encontra-se próximo de uma espécie de barreira ou fronteira que, aparentemente, representa o limite
entre a vida terrena e o que a ela se segue. No entanto, percebe que tem de regressar à Terra, que a
sua hora ainda não chegou. Nesse ponto resiste, pois agora, a sua experiência no Além fascina-o, e
não deseja voltar. Sente-se inundado por uma intensa situação de paz, alegria e amor, mas, apesar
disso, reencontra o seu corpo físico — e vive.
Mais tarde, tenta contar aos outros, mas sente dificuldade em fazê-lo. Em primeiro lugar, não
consegue encontrar palavras adequadas à descrição destes episódios extraterrenos. Compreende que os
outros duvidam, não se refere mais ao assunto, mas, a experiência afeta profundamente a sua vida,
principalmente, no que se refere aos seus pontos de vista sobre a morte e às suas relações com o mundo
dos vivos."
45
Diante do exposto, não podemos atribuir qualquer injustiça à Divindade, pois, é o próprio homem,
com sua incúria, quem cria as situações dolorosas para si e para seus parceiros cármicos. Toda a constelação
social forma um grupo de resgate das relações desarmônicas do passado. Deus nada tem com os nossos
compromissos criados pelo primarismo humano; a eutanásia seria mais uma forma de pô-lo em prática,
fugindo a obrigações anteriormente assumidas.
A eutanásia, resultado de uma falsa compaixão, é motivada por diversas finalidades sub-reptícias
dos compadecidos. Usando um jargão jurídico, é sempre um crime diante dos códigos legais da Vida
Real, porquanto interfere num programa reencarnatório, cujo objetivo geral é a libertação e a felicidade
eterna do homem.
PERGUNTA: — Que dizeis do fato de que nós, seres humanos, criados por
Deus, não temos o direito de uma prévia consulta sobre "se realmente desejamos nascer ou
ter consciência?" Não é justo que a criatura humana primeiramente fosse consultada sobre
se preferiria existir em consciência individual, no seio da Consciência Divina? E,
depois, devesse sofrer atrozmente os efeitos dos seus equívocos, resultantes da sua ignorância?
RAMATÍS: — Acontece que o espírito do homem só pode decidir se deseja viver ou continuar
inexistente em fusão com a Divindade depois de, realmente, tornar-se criatura ciente de si mesma, isto é, possuir
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uma consciência individual para poder decidir sobre o seu destino. Como irá responder e decidir, se ainda não
é ninguém individualizado? Provavelmente, quando o espírito tomar-se completamente consciente de si
mesmo, um perfeito iniciado, então, poderá decidir do seu destino:"ser ou não ser"!
O patrimônio orgânico, que lhe é emprestado para evoluir e buscar a verdadeira felicidade, ele o
desgasta com libações, banquetes pantagruélicos irresponsáveis, com o uso imoderado do tabaco ou de
outras substâncias nocivas ou, ainda, por medicações de todos os tipos, entre as quais destacamos os
anorexígenos, os contraceptivos e uma vitamino-terapia desnecessária, numa tentativa de burlar a natureza
em sua sabedoria eterna.
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Temos, ainda, as tensões emocionais e sentimentais das paixões degradantes, quando usa o
maravilhoso equipo carnal para agredir, torturar, prejudicar, chegando a exterminar os seus irmãos.
Apesar de ter consciência, desde a infância, de que deve cumprir até o último ceitil a sua dívida e
não lesar o próximo com advertências como, "quem com ferro fere, com ferro será ferido" ou "a semeadura
é livre, mas a colheita é obrigatória", o homem fecha os ouvidos a semelhantes avisos orientadores da
vida sadia, pois, na sua estultícia e envaidecimento intelectivo, ainda acredita que será capaz de burlar os
fundamentos educativos, aperfeiçoadores, da Lei do Universo criada pela inteligência suprema.
Mas, em face do abuso sistemático e sua freqüência irresponsável contra a Lei, o homem deve
submeter-se à corrigenda benfeitora, ou desenvolver os seus poderes internos num curso iniciático, quando,
para isso, vem programado.
Em face do seu primarismo, a criatura humana ainda não possui, conscientemente os
conhecimentos completos sobre a sua figura "psicofísica" e, por isso, ignora as sutilezas do mundo
espiritual em sua pedagogia excelsa.
Não é uma entidade elevada liderando grupos de companheiros para atuar nos altos níveis da
angelitude, porém, um elemento individual em burilamento, sob as diretrizes das entidades supremas. Até
o seu tempo de vida é determinado no Além: a descendência hereditária, o ambiente educativo, as uniões
familiares e sociais na Terra. Ainda jovem, vacila incessantemente quanto às razões do casamento, pois,
levado pelo instinto animal, em vez de fazê-lo numa união afetiva, respeitosa e fraterna, torna-o apenas
um motivo de satisfações sensuais. Mesmo as profissões, os ideais e as realizações futuras já estão
esquematizados na sua intimidade espiritual antes de nascer. Conhecendo muito pouco de si mesmo, é
incapaz de traçar um plano definitivo para o futuro, de acordo com as regras transcendentais, para aplicar
sabiamente nos anos de sua vida na Terra.
Em conseqüência, todos os benefícios que conseguir, jamais virão das zonas inferiores do
mundo material, onde atua incessantemente, porém, apenas, quando se eleva intuitivamente às fontes
criadoras do Alto, onde os mestres e guias esquematizam os programas dos terrícolas.
A eutanásia, portanto, pode ser uma censurável interferência num processo de intensa purificação do
paciente, perturbando todos os planos purificadores dos técnicos do Além para a felicidade futura
dele próprio.
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PERGUNTA: — Considerando que todas as enfermidades se manifestam ora
pela destruição, ora pela deformação anômala dos tecidos orgânicos, como poderíamos
conceber uma purificação da alma através desses fatos?
RAMATIS: — Não são as condições materiais genéticas que impõem a forma ao organismo,
mas as energias más do corpo perispiritual a causa determinante da hereditariedade patológica de cada um,
criando situações adversas para obrigar o próprio espírito a mobilizar suas próprias forças morais, mentais e
volitivas, a fim de resistir ao impacto do sofrimento. Toda essa reação, o psicossoma usa para eliminar suas ano-
malias intrínsecas, perturbadoras da ascensão evolutiva.
Os fenômenos que os nossos irmãos estão observando à luz da crítica humana, invertem os seus
valores, quando examinados no outro plano oposto .e de indescritível sensibilidade para a mente do homem.
A eutanásia não é uma solução para o paciente condenado pela ciência do mundo; ela apenas, interrompe
um processo de aprimoramento que, infelizmente, terá de ser reiniciado em condições piores, e com
menos êxito, no futuro.
Então, só resta à alma atribulada e enferma o recurso profilático de filtrar e "drenar" a toxicidade
do seu perispírito, através do corpo físico, durante as encarnações na matéria, e esse processo lento e
insidioso provoca os estados vibratórios coercitivos pelo padecimento. À medida que o homem cresce e
envelhece, o conteúdo de seu campo vibratório tóxico perispiritual flui mais intensamente para o
"mata-borrão" vivo, que é o corpo carnal; disso, então, resulta a enfermidade específica a cada tipo de ser,
agravando-se tanto quanto a criatura se toma mais idosa. Quase sempre, pela maturidade, o espírito
encarnado principia a sentir a descida cârmica e cáustica de sua carga tóxica do perispírito, a se desprender
pelas vias endócrinas e nervosas, fluindo pelos "plexos nervosos" do corpo físico, afetando morbidamente
todos os centros principais etéricos que comandam o metabolismo orgânico. Sob o aspecto de um morbo
fluídico, que busca a sua materialização na indumentária psicofísica, as toxinas do perispírito incorporam-se,
através dos sistemas próprios de drenagem, a todo o conjunto, produzindo os climas eletivos para a
proliferação de determinados germens, vírus e ultravírus, que são os principais responsáveis pelas diversas
doenças da terminologia patogênica do mundo.
Assim, sob a ação específica das várias toxinas que se desagregam do perispírito para o corpo
físico, se nutrem determinadas coletividades microbianas, além das cotas normais do seu organismo
físico, surgindo as cefaléias, artrites, hiperestesias, dermatoses, inflamações, inclusive as infecções das
regiões gástricas, pancreáticas, renais ou hepáticas, que, de conformidade com a gravidade, a ciência médica
caracteriza por úlceras, colites, diabetes, nefrites ou hepatites. E à medida que a criatura mais se impacienta,
se irrita ou perde o ânimo vivificador, esse morbo "psicofísico" mais se acicata e agrava, porque o
processo de envelhecimento reduz a produção de insulina, bílis, fermentos, sucos gástricos, diminui a
fisiologia do fígado, a drenagem renal, perturba o peristaltismo intestinal ou altera o metabolismo
endocrínico, as funções cerebrais pela atrofia cortical, numa técnica natural de libertação da
individualidade.
Notamos a sabedoria das inteligências que regem o Universo quando, primeiramente, o ser cumpre
o cicio biológico de nascer, crescer, reproduzir-se, ajudar na criação da prole, pagando o seu tributo à
vida, para, depois, saldar os seus débitos do pretérito, o que é facilitado pela pouca resistência do organismo
ao escoamento do residual venenoso do perispírito para a matéria. Como é uma ação planejada, então, se
esgotam todos os procedimentos médicos. E as
Sob a Luz do Espiritismo
terapêuticas não têm efeito, ou podem agravar o estado geral, quando empregadas de
maneira agressiva 2.
Desesperada, não encontrando uma solução científica, a criatura entrega-se aos mais pitorescos
métodos do curandeirismo amador. Sendo católica, recorre ao socorro do padre; protestante, procura o
pastor exorcista; em última instância, recorre ao médium kardecista ou ao "aparelho" de Umbanda.
Nessa busca, há o contato com as filosofias dos credos, o conhecimento de novas doutrinas; há o
efeito salutar da prece, num conjunto de ações que podem mudar o modo de pensar do sofredor, permitindo
mais entendimento de seus males e a conseqüente modificação de suas doenças anímicas, como o egoísmo,
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a vaidade, o orgulho, transformados em fraternidade e humildade.
À guisa de um vaso vivo, a colher em seu bojo a carga venenosa vertida do perispírito pelo
mecanismo drenador e purificador, o corpo carnal do homem toma-se um excêntrico "fio-terra" dessa
limpeza cruciante, mas benéfica.
Entretanto, a ignorância humana, abrangendo o enfermo, a parentela piegas e, inclusive, os médicos
alheios à realidade espiritual, julga ser o sofrimento atroz da purificação perispiritual resultado de algum equívoco
da criação e, portanto, resolve interferir, matando o agonizante e o desligando, prematuramente, de sua
filtração saneadora e proveitosa.
50
mas o fazem sinceramente comovidos pelos sentimentos sublimes, ante as dores atrozes do
enfermo irrecuperável, assim mesmo deverão sofrer as conseqüências punitivas por parte da
Lei Divina?
RAMATÍS: — É de Lei Cármica que todas as criaturas que efetuam intervenções
negativas ou prejudiciais à vida alheia, ficam imantadas aos mesmos problemas que tentaram solucionar
de modo equivocado. Assim, por exemplo, quem se serve de um espírito primário, ou delinqüente, para
colher vantagens ou procedimentos censuráveis, numa certa existência, termina por imantar à sua vida futura a
mesma entidade de que se aproveitou, abusando de sua fraqueza espiritual para fins egocêntricos. Daí, o
caso de certas famílias de bons costumes, cujos progenitores sofrem a desdita de gerarem um filho
irresponsável ou delinqüente, falsificador de cheques, vigarista ou estelionatário, o qual é tão-somente o
espírito primário atraído do passado, resultando num "mau negócio" na próxima encarnação.
Toda intervenção indébita no destino do próximo exige reparação e inapelável indenização,
oneradas de juros contabilizados até o momento do pagamento. Ademais, como já vô-lo dissemos, a
eutanásia, nem sempre, é fruto de compassividade ou do amor da parentela, pois, no subjetivismo da alma
humana, às vezes, confunde-se um matar por piedade com um matar por comodismo, ou por interesse.
Existem impulsos sub-reptícios na intimidade da alma de pouco esclarecimento espiritual, que se
manifestam na consciência humana em formação, numa atuação subjetiva e capaz de iludir o homem,
como é o caso da eutanásia.
51
sacerdote da vida, e não, da morte, conforme o seu milenar juramento hipocrático. Ele não é
onipotente e nem onisciente, não pertencendo às suas atribuições interromper o fluxo da vida,
porém, procurar mantê-la sempre. Aliás, a eutanásia é execução antecipada, sem a autorização
do Superior Tribunal Divino.
Logo, o esculápio não escapa à Lei e unir-se-á à sua vítima de agora em resgates
futuros.
52
tomam conformados, alguns até otimistas, na certeza íntima de que todas aquelas dores acerbas têm uma
finalidade transcendente libertadora.
Todavia, à medida que se concentram energias purificadoras, a ação da luz divina vai fazendo fluir,
cada vez mais intensa, o residual para a periferia, desintegrando miasmas, vírus, toxinas, ultravírus, formas
mentais que freiam a sublime atividade perispiritual. Enquanto o perispírito vai-se liberando de sua carga
virulenta, o desencarnado principia a sentir fluidos balsâmicos envolvendo-o numa sensação de conforto.
Só, então, ele começa a compreender a felicidade de ter recusado o recurso derradeiro da eutanásia, e
entende o porquê de tanto sofrimento.
Bendiz a prova redentora, ao deixar seus males na intimidade silenciosa do túmulo.
PERGUNTA: — Afirma-se que a oração dos vivos, junto aos moribundos, pode,
mesmo, ajudar aos próprios técnicos ou espíritos desencarnados. É exato?
RAMATÍS: — Realmente, os espíritos técnicos e assistentes de desencarnações, quando
auxiliados pela prece, conseguem reduzir grandemente a cota de sofrimentos dos agonizantes, agravada
pelos laços enfermiços dos familiares e amigos, bem como ajudam o expurgo-final. As vibrações
dinâmicas da oração ajudam a dissolver esses fluidos imantadores da mente dos familiares desesperados, e
ainda ignorantes da realidade espiritual. Caso seja mesmo conveniente prolongar por mais tempo a vida do
moribundo, proporcionando-lhe drenagem de maior lastro de toxinas e acentuando a purificação
perispiritual, isso ainda é mais fácil num ambiente calmo e energizado, positivamente, pelo poder
sublime da prece. O certo é que as angústias e a atitude inconformada dos amigos e familiares, na hora
da desencarnação, produzem forças negativas, dificultando ainda mais a libertação espiritual.
53
e desvencilha-se mais cedo dos laços que a ligam aos centros vitais do corpo físico.
Aliás, é muito comum os desencarnados, mais tarde, lamentarem-se dos dramas assistidos e
vividos junto ao seu leito de morte. Comumente, sentem-se bastante vexados, quando, devido à
proverbial ignorância humana terrícola sobre a vida espiritual, tiveram um comportamento infantil e de
imenso pavor na hora de a alma abandonar o seu uniforme carnal no educandário da Terra.
Em conseqüência, só a maneira pacífica, humilde e respeitosa com que aceitamos as dores do corpo e a
separação provisória dos nossos familiares é que, realmente, é testemunho danossa fé e confiança em Deus. Mas,
se é criticável a tolice do tumulto primário em tomo do leito familiar ou amigo, onde alguém deve partir para
o seu verdadeiro lar, muito mais graveé quando, médicos, sacerdotes ou familiares pretendem solucionar o problema
da morte, com a própria morte antecipada pela "eutanásia". Assim, liquidam prematuramente o enfermo, cujo
sofrimento é justamente a preliminar da terapêutica psíquica que higieniza e purifica sua vestimenta
perispiritual, a fim de chegar em paz e saudável ao ambiente do verdadeiro lar, o reino divino do Espírito
Eterno.
54
Capitulo 6
Aborto.
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desregrada, por sua afinidade psíquica, foi designada para servir de progenitora a um espírito nas mesmas
condições — o Imperador Nero.
Sem dúvida, o compromisso gestativo foi estabelecido antes de Maria e Agripina encarnarem,
embora a primeira fosse escolhida para ser a mãe do Cristo-Jesus, enquanto a futura mãe de Nero foi
determinada para receber em seu ventre o próprio adversário e comparsa de suas atividades orgíacas do
passado.
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mente enfermiça, dificultando e mesmo impedindo, pela destruição, os elementos usados na gestação.
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Antes do renascimento físico, os mentores da espiritualidade sugerem as atividades terrenas e os
procedimentos educativos mais proveitosos à renovação espiritual dos seus pupilos. Eles assinalam as
aflições, dores e enfermidades que, embora façam sofrer, despertam os impulsos superiores, afastam dos
vícios e enfraquecem as paixões escondidas no espírito, induzindo ao prazer transitório, mas nefasto. Nin-
guém se diploma para a angelitude antes de sua iniciação através da "porta estreita" das vicissitudes, dores,
mortificações e desilusões da vida física, porquanto o espírito do homem encama-se como "escravo"
da carne e, paradoxalmente, deve aprender a libertar-se conscientemente desse mesmo jugo
indesejável.
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eliminar as querelas encamatórias, substituir a brutalidade pela gentileza, a irascibilidade pela tolerância,
a frieza da indiferença pelo calor da ajuda, e a desforra pelo perdão, proporcionando o cumprimento da
Lei do Amor.
Assim, unem-se figadais inimigos de muitas encarnações passadas, antigos sócios de várias
atividades humanas, entrelaçados pelo ódio de faltas cometidas pelo excesso de avareza ou egolatria;
políticos ambiciosos, cruéis e vingativos; mulheres traídas pelos esposos libidinosos, ou esposos feridos no
seu mais sincero afeto por companheiras fesceninas;
escravos e algozes, assassinos e vítimas, comparsas de pilhagens e piratarias perversas fazem uma
pausa para a reconciliação no mundo espiritual, antes de partirem para a carne, aguardando a esperança de
se ajustarem fraternalmente num mesmo esquema encarnatório. São cientificados de ser a senda definitiva
para a angelitude o culto incondicional do Amor, ensinado e vivido pelo Cristo. As almas candidatas à
formação de uma nova família, na Terra, então, fazem mil promessas e alimentam mil sonhos
esperançosos de uma vida fraterna entre a parentela carnal.
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Ademais, ainda se deve acrescentar aos conflitos domésticos da família terrena a interferência de
outros espíritos antagônicos e desencarnados, os quais tomam partido por esse ou aquele familiar de sua
simpatia pregressa, enquanto acicatam o resto da parentela, como processo de desforra do grupo de seus
desafetos passados. A família terrena, via de regra, transforma o lar na miniatura do Inferno, porque os
seus membros são deseducados, invigilantes e imprudentes, sacrificando facilmente a vida espiritual
definitiva por quinquilharias transitórias materiais e por suas paixões.
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decisões, por orgulho familiar. É evidente que, se já existem raízes adversas e ressentimentos espirituais de
vidas anteriores, não tarda o conflito na família: — desde os rompimentos afetivos às frustrações e sepa-
rações entre pais e filhos, o que só agrava a animosidade cármica. O ressentimento da vítima
prejudicada cresce e aumenta em sua intimidade espiritual, ao pressentir, sob o disfarce do parentesco, a
mesma entidade que já o maltratou ou feriu em vidas anteriores.
Os filhos não são propriedade, nem investimento familiar. As suas relações com os pais devem ser
exclusivamente de natureza afetiva, embora se deva manter a disciplina mais justa, sob os códigos
morais dos usos e costumes sociais. Os problemas de relacionamento difícil devem ser resolvidos
através de diálogo franco e pacífico.
A Terra ainda é uma escola de educação espiritual, onde convivem grupos de espíritos amigos e
inimigos, vinculados pela ancestralidade biológica consangüínea. Assim, apesar do seu passado espiritual
trágico, dramático ou culposo, esquecido, porém, vivo na intuição mental, é imprescindível que esses espíritos em
conflito, mas disfarçados pela máscara corpórea atual, permaneçam disciplinados tanto quanto possível, man-
tendo fraternal amizade disciplinadora no banco escolar terreno. As lições de vida humana produzidas pelo
sofrimento e pelas vissitudes do mundo são do interesse de todo o conjunto da Humanidade, porquanto, na
hora dos exames finais, cada um estará sozinho consigo mesmo e a graduação espiritual decorre
exclusivamente da própria conduta.
Malgrado os próprios pais possam ser espíritos algozes do passado, devem fazer jus à compreensão
e à tolerância de suas vítimas, agora transformadas em filhos, que já lhes ficam devendo a dádiva do
corpo carnal recebido, para também lograrem a melhoria espiritual. Por esse motivo, o nascimento na escola
terrícola é um ensejo sublime de redenção humana, enquanto o aborto delituoso é uma infração da Lei,
destruindo a possibilidade da mais breve reconciliação entre espíritos adversos de encarnações
anteriores.
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ocasionaria um rompimento familiar, com graves conseqüências à prole e ao outro cônjuge.
É admissível o aborto terapêutico, quando a gestação não tem condições de chegar ao fim, porque
a doença materna é mortal, e a única maneira de salvar, pelo menos a mãe, é o aborto. Também incluiríamos,
com alguma ressalva, os casos de fetos anormais, cuja patologia não lhes permitiria viver, e estão
prejudicando a saúde da mãe, pondo em risco sua vida.
Muitas vezes, na espiritualidade, fazemos projetos corajosos e sublimes, entretanto, no retomo à carne,
velhos vícios, medos, emoções e paixões ainda não dominados afloram e nos levam a deslizes. Mas, se as leis
humanas são sábias e justas em cada época evolutiva, procuremos visualizar a divina, que, além de ser justa e
equânime, é tolerante e bondosa com nosso primarismo espiritual. Evidentemente, não deve ser acusada e
condenada a mãe que se submete ao aborto terapêutico, — intervenção cirúrgica que procura salvá-la, embora
deva sacrificar o filho nascituro. Sob tal condição, deve sobreviver a mãe, em cujo corpo a natureza
trabalhou mais tempo e já assumiu inúmeras obrigações e vínculos de responsabilidade na existência física.
Ademais, o que identifica e caracteriza profundamente a culpa das mulheres, quando malogram
propositadamente o nascimento de um ser, é a sua decisão íntima de abortar, no sentido de se ver livre do filho
intruso em crescimento no seu ventre.
No caso do aborto pela intervenção médica e com o objetivo de salvar a gestante, é claro não
ter a própria mãe a intenção de praticar tal ato frustrante e, comumente, ela ainda sofre a dor de perder o
filho aguardado com extremo afeto e ansiedade.
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condições, tem a obrigação de dar à luz o filho e criá-lo, por não lhe faltarem os meios necessários para o
êxito dessa nova vida; a mãe pobre, mesmo diante das dificuldades para cumprir o dever da procriação,
tem o merecimento da coragem de não temer a miséria.
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certo espírito encarnante é uma tarefa assumida antes da própria encarnação pela mulher terrena.
O aborto é, no código penal da espiritualidade, crime infamante, porque destrói um organismo
indefeso, e já servindo a um espírito em descenso reencarnatório. Toda gestação, aí na Terra, é vinculada no
Espaço a um programa cármico
coletivo, desenvolvido através de séculos e séculos, reajustando e redimindo adversários dominados
pelo ódio, pela vingança e por faltas recíprocas. Em conseqüência, o aborto é um "imprevisto", alterando todo
o programa de um grupo, pois, além de expulsar do organismo físico, o espírito enquadrado num plano
redentor na carne, também frustra o trabalho de centenas de almas submetidas ao mesmo processo
encarnatório.
Em face das reduzidas oportunidades de reencarnações para os espíritos aflitos, precisando pagar
seus débitos, para eles, pouco importa se renascerem no mundo físico através de mãe milionária e de elevada
condição social, de mãe paupérrima e com dificuldade de sobrevivência ou, mesmo, por intermédio do
ventre materno de uma prostituta. Quem necessita urgentemente de um traje protetor para cumprir suas
tarefas nos ambientes terrenos pouco se importa com a marca e a qualidade da vestimenta; mas, aflige-se
para envergar, o mais cedo possível, o agasalho capaz de aliviar a sua terrível necessidade espiritual.
Porém, toda prostituta que se submete ao processo gestatório até o seu término se redime, em parte,
de sua imperfeição diante da sociedade. Entre a mãe rica, sofisticada e epicurística, a praticar o aborto por
motivos sociais ou por vaidade pessoal, e a prostituta que, com as dificuldades da vida libertina, cumpre a
sua gravidez, a vida maior coroa a infeliz moradora do prostíbulo com o galardão da glória maternal.
No entanto, a mãe rica abortadeira ainda terá de expiar a sua falta contra a Criação, enfrentando, em próxi-
ma existência, o destino infeliz de também negociar a sua própria carne para viver.
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humanidade.
1 — Vide o capítulo "Os Charcos de fluidos nocivos no Astral Inferior", da obra "A Vida
Além da Sepultura", de RAMATÍS, onde se descreve a terrível situação dos responsáveis pelo
aborto, considerados os "inimigos da vida", além das deformações ideoplásticas que, depois, os
materializam na Terra, compondo uma das repulsivas faunas teratológicas. Na hora infeliz do
aborto, são seccionadas abruptamente as ligações não só de corpo para corpo, como, também, de
espírito para espírito, frustrando uma plêiade de tarefeiros do Bem, curvados e pesarosos pela
ignorância humana, a ceifar de um só golpe brutal a vida carnal e anímica de um ser esperançoso
de encontrar a redenção de seus equívocos.
65
obras". Não obstante quaisquer justificativas ou revoltas íntimas contra o fato, ainda cabe à mulher
infelicitada e inconformada a tarefa de dar à luz o filho do tarado sexual, para redimir-se de culpas
pretéritas. Sem dúvida, foi apanhada pela Lei no momento oportuno, pelos laços expiatórios, para
saldar débitos passados. O estupro odioso é um acontecimento abominável e revoltante, ferindo
profundamente o amor-próprio humano; no entanto, quer seja praticado o aborto por antipatia cármica,
quer por questões sociais, financeiras ou excesso de filhos, é sempre um corpo em gestação expulso
extemporaneamente do útero materno, onde se acolhia uma alma em terrível aflição psíquica. O certo é que
o aborto, em tempo algum, repara qualquer dano ou injustiça. A gravidez é uma determinação cármica e,
jamais, produto acidental de um acaso, jubiloso ou triste.
2 — Vide a obra "O Evangelho a Luz do Cosmo", de Ramatís/Hercilio Macm, Editora do
Conhecimento.
PERGUNTA: — Qual é a vossa opinião sobre alguns países de bom nível social e
cultural que já legalizaram o aborto?
RAMATIS: — Primeiro, nível social humano nada tem com a evolução espiritual e, nem
cultura é sabedoria. Esses países, forçados pela explosão demográfica, não encontraram outra solução,
pois, com a escolaridade de sua população agravada por conceitos religiosos errôneos, ou pelo ateísmo
filosófico, ora não conseguem usar com eficiência os métodos anticoncepcionais, ora os tabus da crença, ora
os dogmas materialistas da descrença, obrigaram os legisladores a incluírem, nas regras de controle da
natalidade, o aborto. Resolveram os problemas imediatos do país, porém, não solucionaram o espiritual.
Queremos salientar serem os métodos anticoncepcionais um recurso mais aceitável diante da
espiritualidade, porque são uma conseqüência do livre-arbítrio do indivíduo e é um direito usá-lo; entretanto,
irão, num futuro próximo ou remoto, afetar-lhe as reencarnações educativas, enquanto o aborto é contrário ao
"não matarás".
Diríamos serem essas medidas governamentais fatores atenuantes, num julgamento. Representam. a
liberdade pessoal das almas exercerem na Terra a experiência libertadora de se autogovernarem. A Grande
Lei tudo aproveita em benefício da evolução em todos os campos do Universo.
Salientamos estarmos no fim de um ciclo evolutivo, onde cada um poderá sublimar ou expandir
seus defeitos de antanho; e, como sublimar é muito difícil, estamos assistindo a uma liberação desenfreada
dos instintos mais primitivos. Cabe-nos cuidar e vigiar para que não cheguemos a legalizar as drogas, a
eutanásia, a feitiçaria, o estupro, o estelionato, o suicídio, a corrupção...
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evitar- se os efeitos danosos produzidos pelas intervenções malfeitas e imprudentes, jamais, poderemos
endossar, espiritualmente, qualquer propósito para encorajar a mulher a uma situação delituosa, e agravar a
própria situação em futuras encarnações. A mulher que aborta propositadamente, livrando-se do filho
intruso, sem ser por decisão médica de proteção à sua vida, há de ser candidata, na próxima encarnação, à
esterilidade, ao aborto incontrolável, à enfermidade genital insolúvel, ao estupro, à condição irreversível de
mãe solteira e, mesmo, à prostituição. Sem dúvida, tanto há de gozar das condições atenuantes para
diminuir sua culpa, como há de sofrer os agravantes criminais da vaidade, do orgulho, ou do
egoísmo.
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PERGUNTA: — Mas, no caso de Agripina praticar o aborto e impedir o
nascimento de Nero, disso não resultariam benefícios para o mundo e, talvez, muitos cristãos
deixariam de ser sacrificados, por não existir tal criatura perversa, debochada e ignorante
espiritualmente?
RAMATÍS: — Considerando-se que a personalidade de Nero, com suas mazelas e
crueldades, seja resultado de um tipo de graduação espiritual, é evidente que a Terra ainda ficaria com
alguns milhares de "neros", dispersos por todas as latitudes geográficas, e capazes de substituí-lo nas mes-
mas infâmias, atrocidades e vilanias. Pouco importa que se chamem Nero, Torquemada, Átila, Cômodo,
Caifaz, Calígula, Caracalla, Tamerlão, Hitler, Himmler ou Heliogábalo. Mil abortos por dia, praticados
pelas imprudentes Agripinas, não eliminariam da Terra a fauna dos "neros" existentes sob várias
personagens, cujo ambiente não lhes permite a manifestação, e permanecem ignorados no seio das
multidões. Quantas vezes, após a morte de odioso personagem guindado ao poder governamental, com o
qual praticou perversidades, vinganças e pilhagens, quando é eliminado, o seu substituto revela-se portador
de pior caráter e capaz de cometer maior soma de corrupções e atrocidades?
No entanto, se pouco benefício representaria para a humanidade terrena a eliminação pelo
aborto de alguns "neros" em potencial, bastaria, apenas, a infeliz decisão de Maria, repelindo do seu
ventre o sublime espírito de Jesus, para que as sombras da animalidade permanecessem por mais alguns
séculos, ou milênios, retardando a ascese espiritual do homem.
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RAMATÍS: — Conforme explicamos, o espírito indicado para tentar o renascimento pela
mulher terrena tem de admitir a probabilidade do aborto, por ser entidade de baixa graduação espiritual,
ainda dominada por reminiscências indesculpáveis do passado. Em geral, são almas as quais somente
após muitos esforços e interferências de espíritos amigos e familiares do Espaço, é que se decidem à
reencarnação, guardando alguma esperança de amenizar seus débitos cármicos e, simultaneamente, também
desenvolverem os princípios criativos para a melhoria de sua posição espiritual. Em geral, o espírito
delinqüente ou obsessor reingressa na vida física quase sob a hipnose dos mentores do Além, porque
muitos deles dificilmente aceitam a condição humilhante de renascer carnalmente através do próprio -
adversário de outras vidas.
Em conseqüência, ao ser expulso do ventre materno, ao qual se confiara num momento de ilusão,
destroem-se nele todos os ensejos de qualquer contemporização espiritual com a criatura que lhe negou
a guarida materna. Após o aborto e o breve regresso da forma feto-perispiritual à condição adulta, o
espírito frustrado pelo aborto desperta irado e tomado de incontável cólera, para fazer a mais brutal vingança
contra a mãe imprudente e abortadeira. Transforma-se num fantasma cruel, dominado por uma só idéia
fixa e obsessiva — desgraçar a mulher leviana, enganadora, que inutilizou os seus sentimentos afetivos
despertados num momento de boa intenção. Ela terá de pagar-lhe as contas e indenizá-lo da frustração e
humilhação; mobilizará os mais sórdidos e perversos recursos, associando-se a outras entidades atrasadas e
odiosas para ajudá-lo na vingança cruel.
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desencarnados sobre os "vivos" só pode ser exercida de modo indireto, porque lhes falta o suporte
"etérico-físico", conhecido por "duploetérico" para poder agir diretamente.
Desse modo, o espírito vingador, dominado pela indomável obstinação de ferir a mulher que
lhe negou o corpo carnal, não consegue atuar de modo direto na sua ação obsessiva e limita-se a
semear intuições incorretas, pensamentos desnorteantes ou sugestões sub-reptícias, conduzindo sua vítima a
acidentes, a prejuízos e aos azares da vida humana. O êxito de certas providências mobilizadas pelos
maquiavélicos "veteranos" do Além-Túmulo é conseqüência de o obsessor ajustar-se à faixa vibratória
da vivência doméstica de sua vítima, semeando intrigas, estimulando o vício e ocasionando discussões
entre os demais familiares, até o conflito perturbador.
Às vezes, ele consegue inserir "suportes de magia", construindo uma espécie de "ponte etérica", que
ajuda o vampirismo pela sucção dos fluidos vitais e produz um círculo coercitivo em tomo da mãe
culpada. Intoxica-lhe o ambiente fluídico, excita-lhe os sentimentos negativos, abala-lhe a segurança
espiritual através do desânimo e da descrença, furtando-lhe o "tônus vital" até o desfalecimento final, e
mina-lhe a existência humana sadia, por essa queda vibratória mental e emotiva. Se não ocorresse a
interferência socorrista do mundo espiritual, para romper o campo físicoetérico que rodeia a vítima
encarnada, o obsessor conseguiria conduzi-la, ao fim, a uma vida aparvalhada, frustrada e à aniquilação
irreversível.
Incontáveis manifestações de esquizofrenia hebefrênica, catatônica e paranóide podem resultar da
pertinácia e obstinação obsessiva de espíritos vingativos contra as criaturas desprotegidas pela própria
situação espiritual. Após longa e perseverante infiltração diabólica, os verdugos do Além conseguem
desarmonizar o campo do raciocínio de suas vítimas, até lograrem as manifestações enfermiças mais
graves. Arruínam-lhes a existência do ser após o cerco pertinaz do mundo oculto, cuja aura vital de baixa
freqüência torna-se campo favorável para a proliferação de miasmas, vírus e "formas-mentais"
perniciosas, produzindo-se a sintomatologia mórbida, a desafiar os mais avançados processos e diagnoses
médicas. Algumas vezes, os banhos de descarga de ervas desintegradoras e de bom magnetismo ainda
trazem algum alívio ao paciente, mas, na verdade, a cura depende principalmente do afastamento ou da
cristianização do obsessor, o verdadeiro responsável pela ocorrência mórbida.
Ademais, há, no baixo Astral uma verdadeira associação de espíritos malfeitores, espécie de
mercenários, que aceitam qualquer encargo e atendem às mais ignominiosas solicitações, em troca de
outros serviços recíprocos para a exploração dos encarnados. São os conhecidos "veteranos", responsáveis
pela lenda dos demônios, constituindo as fileiras de obsessores, com sua permanente agressividade, explo-
ração e perturbação dos "vivos". Às vezes, agem de modo eficiente, impedindo qualquer interferência
defensiva na região onde operam com pleno êxito e conseguem dificultar as providências socorristas dos
espíritos benfeitores. Os espíritos evoluídos não lutam com as mesmas armas dos atrasados; em conseqüência,
ante as porfias violentas que requerem o uso de métodos maquiavélicos ou ataques brutais, as entidades de
bom gabarito espiritual preferem recuar e esperar, evitando cair no mesmo campo vibratório inferior, gerado
pelas forças do instinto animal. Ademais, o espírito sublimado encontra dificuldade para atuar no seio do
nevoeiro dos fluidos muito densos, por causa da especificidade eletromagnética de cada ser, em todos os
âmbitos da vida.
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PERGUNTA: — Qual seria a ação benfeitora e útil por parte dos espíritos
superiores, em tal caso?
RAMATIS: — Não é propriamente a interferência dos espíritos protetores que pode
impedir a ação nefasta das entidades obsessivas, a fim de solucionar o complexo problema da vingança, no
Além-Túmulo. Sob qualquer hipótese, todo o metabolismo de "vítima" e "algoz" rege-se disciplina-
damente pela Lei do Carma, predispondo aos acontecimentos educativos e conetivos. Na intimidade de
todos os seres santificados ou demoníacos, há uma só essência, malgrado o tratamento diferente de ambos, em
cada extremo da escala espiritual. Toda a empreitada do Alto é sempre providenciada no sentido de o animal
se transformar em homem, e de o homem metamorfosear-se em anjo.
Assim, no caso das mães abortadeiras e enquadradas nos princípios conetivos da Lei do Carma,
tanto elas, como os espíritos frustrados pelo aborto, terão de desamarrar entre si os elos cármicos
encadeados desde o passado, e substituírem os laços enfermiços do ódio, pelos sentimentos sublimes do
Amor. Como, no caso do aborto, o ódio mais se avivou pela recusa do espírito materno em receber no seu
regaço carnal a alma adversa, é da Lei de Ação e Reação, que o mesmo compromisso malogrado há de se
repetir, tantas vezes quantas forem precisas para se concretizar a liquidação do débito pretérito, até surgir a
paz definitiva entre os litigantes. Só resta uma solução redentora para a alma que se negar a fornecer um
organismo carnal para qualquer espírito antipático — é retornar ao ponto de partida, onde traiu o evento
benfeitor, e reiniciar a sua tarefa inacabada, até ocorrer a sua renovação espiritual, sob a Lei do Amor.
A única maneira razoável e aconselhável de a mãe livrar-se da obsessora perseguição
espiritual do "ex-filho" abortado é aprisioná-lo, novamente, na jaula de ossos e nervos de um corpo gerado
em suas entranhas. Ao dar-lhe a vida física, ela também se livra do seu ódio vingativo e lhe cerceia a
liberdade perigosa no mundo oculto. É da Lei do Carma que a mãe abortadeira, jamais, se livra de
novamente se tornar o vaso materno para gerar o corpo do mesmo espírito frustrado pelo aborto.
Repetimos: "A semeadura é livre, mas a colheita é obrigatória", ao que se deve acrescentar a sibilina
advertência de Jesus, ao afirmar que "o homem
71
CAPÍTULO 7
A mente.
1 — Vide "Ante a Vida Mental", obra "Roteiro"; "Guardemos Saúde Mental", obra "Pão
Nosso", ambas de Emmanuel: "Parasitose Mental", de Dias da Cruz, "Pensamento", de
Lourenço Prado; "Concentração Mental", André Luiz e "Fixação Mental" de Dias da Cruz,
capítulos da obra "Instruções Psicofônicas", de E C. Xavier. Vide "Os Fantasmas da Mente" de
Albano Couto, "Nem Mesmo Jesus", de Alberto Seabra, da obra "Seareiros de Volta", do médium
Waldo Vieira: "A Epífise", cap. I, obra "Missionários da Luz"; "Nossa Vida Mental", cap. 56,
obra "Ideal Espírita", cap.V e XXV, "Assimilação de Correntes Mentais" e "Em Torno da Fixação
Mental:, obra "Nos Domínios da Mediunidade"; "Leitura Mental", obra "Obreiros da Vida
72
Eterna"; estas últimas pelo espírito André Luiz, pelo médium Chico Xavier. Vide o cap.
"Mentalismo", da obra "Falando à Terra", pg. 174, ditado pelo espírito Miguel Couto.
2 — Vide o capítulo "Um chafariz da alta função terapêutica", da obra "A Sobrevivência
do Espirito', de Ramatís e Atanagildo.
73
PERGUNTA: — Apreciaríamos mais algumas considerações sobre o
fundamento desse poder mental do homem.
RAMATÍS: — Sabemos que o Universo é fruto do Pensamento de Deus. Em conseqüência, tudo
o que concebermos, por mais fantasioso ou miraculoso, já existe no Pensamento Divino, porque nada poderíamos
pensar fora de Deus. Não existem dois Criadores do Universo. E o próprio Diabo, como entidade adversa,
antítese e oposta a todas as qualidades divinas, é um mito ou produto da lenda e da ignorância humana.
Atribuindo-se a Deus nossas virtudes, Ele é infinitamente Bom, Sábio, Justo, Magnânimo, Poderoso
e o Autor indiscutível do Cosmo, planejado na Sua Mente. E, sendo o homem uma centelha, fagulha ou
chama emanada do Criador, indubitavelmente, também herdamos essas qualidades, embora isso aconteça de
modo finito e de acordo com a nossa compreensão e capacidade espiritual. Não só a Bíblia assegura que "o
homem foi feito à imagem de Deus", como, o próprio Jesus, mais tarde, confirma tal conceito,
observando: "Eu e meu Pai somos um" ou ainda "Vós sois deuses".
Assim, poderemos mobilizar o fabuloso poder da mente, modelando os nossos destinos para objetivos
venturosos, porque, em nossa intimidade espiritual, ele permanece indestrutível por ser o alento e a sabedoria
do Pai. Muitos homens passaram pelo mundo produzindo fenômenos incomuns, que os classificaram de
"magos" poderosos, pois, não só dominavam as leis da natureza, como processavam modificações no próprio
organismo. Através do poder fabuloso da mente, eles levitavam, desmaterializavam objetos e chegavam a se
transportar de um local para outro, além de exercerem toda sorte de interferência no seu organismo, conforme
narra a história iniciática sobre os famosos yogues Babají, Lahiri Mahasaya e Nagendra Bhaduri.
Feitos à imagem de Deus, nós também possuímos a miniatura do poder, da glória e da
sabedoria divinas. O fracasso, o infortúnio, a ignorância e o mal são frutos exclusivos de nossa
incapacidade de mobilizarmos a miraculosa energia da mente. São de profunda significação oculta as
palavras de Jesus, quando diz "Aquele que crê em mim, também fará as obras que eu faço, e ainda
mais". Evidentemente, o Mestre aludia ao governo da mente, porque o pensamento é a base de todas as
manifestações da vida, que nos possibilita crer e fazer.
74
É desnecessário dizer-vos que esse poder fabuloso, à disposição do espírito imortal no planejamento de
sua consciência, é a mente. Ela construiu, na noite dos tempos, o atomismo do corpo humano e deu ao homem
o poder de raciocinar. Através do tempo, a mente mobilizou e aglutinou a extraordinária "mão-de-obra"
fornecida pelos infatigáveis "trabalhadores microscópicos", no cumprimento do plano traçado pelo Criador.
Os germens mais díspares confraternizaram-se, para realizar um trabalho construtivo, até comporem os vasos
carnais para a moradia das centelhas espirituais emanadas da Fonte Divina. Porém, sob o comando de
pensamentos negativos, essas vidas inferiores rebelam-se, causando a desordem, o caos, a doença e a morte; mas,
sendo mobilizadas pela vontade forte e energia mental superiores, reativam-se, renovando células, fortificando
tecidos e ajustando órgãos à dinâmica fisiológica que proporciona a saúde.
Por conseguinte, se a enfermidade é, realmente, fruto do caos, da desordem e do desequilíbrio na
intimidade do equipo psícofísico do homem, a saúde é o fruto do equilíbrio e do trabalho harmonioso
dessas vidas microscópicas, que se condensam, preenchendo harmonicamente o invólucro perispiritual
do homem para compor o corpo carnal.
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durante a sua liberdade no Além-Túmulo. Já esclarecemos em obra anterior 4, que as energias mentais e
tóxicas se incrustam na vestimenta perispiritual e, depois, "descem" para o corpo carnal, que se
transforma no "mata-borrão" vivo, a chupar as impurezas do perispírito. Quando o organismo físico se
desintegra no túmulo, não só liberta as coletividades microbianas que constituem a sua contextura física,
como ainda dissolve, no solo, os tóxicos, os líquidos e as substâncias nocivas da qual é portador.
Na maioria dos casos, o espírito já se encarna em novos corpos com o estigma insuperável da
enfermidade congênita (pré-reencarnatória), que é fruto de venenos aderidos ao perispírito, ou de
deformações, atrofias e lacerações conseqüentes de abusos pretéritos ou do suicídio. Então, renasce
aleijado, quando há deformação perispiritual, ou enfermo congênito, pela descarga muito violenta de
toxinas "préperispirituais"; assim como pode adoecer por etapas cada vez mais graves, até consumar-se a
morte. A bagagem funesta de outras vidas na indumentária do perispírito é sempre fruto do mau uso da
força mental incorporada aos fluidos astralinos perniciosos, gerados pelo corpo astral nas emoções
indisciplinadas. Essa carga deletéria, depois, requer longo tempo para a mente efetuar a sua drenagem, ou
modificação futura através de novas encarnações.
Aliás, a criança doente também é um espírito adulto com o estigma enfermiço do passado, buscando a
sua limpeza perispiritual, no processo doloroso de drenar a escória detestável para o corpo de carne. Ademais,
os próprios familiares das crianças enfermas podem agravar-lhes a doença, se as bloquearem com pensamentos
mórbidos, idéias funestas, sugestões perigosas ou emoções incontroláveis, que atravessam o lençol mental da
criança e a desguarnecem na suadefesa psíquica.
Assim como a concentração de forças mentais agradáveis e esperançosas, projetadas por diversas
pessoas, modifica o ambiente para uma atmosfera alegre e saudável, o oposto produz efeito destrutivo.
Obediente à lei de que "os semelhantes atraem os semelhantes", a enfermidade agrava-se nos ambientes
mentalmente enfraquecidos. Em nossa romagem terrena, conhecemos, na índia, um adágio que dizia: "Os
pensamentos são como os colibris, que se alimentam das flores; ou, como os corvos, que vivem das carniças".
Jesus erguia aleijados, limpava as chagas, ou curava os cegos, pela palavra enérgica e persuasiva.
Acasalando sua força mental à mente dos enfermos, modificava-lhes a contextura celular. Ele sabia que o
corpo humano é um agregado de microorganismos vivos, dependentes das condições positivas ou
negativas da mente, capazes de operarem transformações miraculosas na intimidade atômica do ser huma-
Sob a Luz do Espiritismo
no. Jamais, alguém viu Jesus ordenando que as estátuas caminhassem ou que as pedras se
limpassem de suas crostas, pois as pedras não pensam, nem são agregados microbianos sensíveis aos impulsos
poderosos da mente humana.
76
PERGUNTA: — O Espiritismo de Kardec também admite essa noção do poder
mental em suas atividades doutrinárias?
RAMATÍS: — As tradicionais concentrações que os dirigentes espíritas recomendam nas
sessões mediúnicas são para fortificar as "correntes mentais". Por isso, a Igreja Católica Romana adota
cerimoniais, orações coletivas e cânticos sacros, focalizando a mente dos crentes à concentração de forças,
num só objetivo benfeitor. A energia mental atua positivamente sobre a matéria astral muito plástica
e se incorpora formando uma cadeia invisível, constituindo uma criação coletiva, que pode aglutinar-se de
forma compacta e bastante visível pela faculdade psíquica, conhecida no Oriente por Egrégora 5.
Essa coordenação mental é tão necessária que, nos trabalhos espirituais, se sugere pensar ou meditar
firmemente em Deus, Jesus, no Amor ou no Bem. Os esoteristas, rosa-cruzes ou teosofistas preferem
meditar em imagens simples, familiarmente conhecidas como flores, estrelas, signos e símbolos comumente
conhecidos da própria comunidade, porque é mais fácil serem pensados pelas próprias crianças e pessoas
comuns. A "Egrégora", ou imagem mental, enfraquece, quando os pensadores divergem nas suas
ideações contraditórias; e, por isso, vacilam na configuração do objetivo escolhido para a atração
mental.
Embora reconheçamos que é bem mais elevado pensar em Jesus, em Deus, no Amor ou no Bem,
como é próprio dos ambientes espíritas, nem por isso, os freqüentadores logram mais êxito se divergem na
configuração mental. O Amor e o Bem não são entidades conhecidas de modo concreto ou objetivo, mas
estados de espírito, que não se podem configurar na mente. Obviamente, pensando em tais sugestões, os
freqüentadores lembrar-se-ão de atos caritativos e amorosos, correspondendo à sugestão do Amor e do Bem,
mas não se livram da disparidade de imagens e lembranças pessoais, diferentes entre cada presente.
Dificilmente, será criado um "centro de forças" homogêneo e semelhante para o êxito da concentração
mental, quando convergem imagens e idéias diferentes.
Da mesma forma, Deus não é entidade morfológica e, jamais, alguém pode conhecer a sua exata
Realidade Divina, ou explicá-la de modo a conseguir imagem coerente. Há criaturas que concebem Deus
como um Arcanjo, o Senhor; e, até, um Ser humano divinizado, administrando o Cosmo e julgando os
homens. Algumas aceitam a idéia de Energia, Sopro Vital, Foco Criador, Centro Luminoso, Luz,
Fluido Eterno; outras preferem admiti-lo como o Pensamento Inchado, a Mente Divina ou o Espírito
Puro. Não há dúvida de que tudo isso é um esforço, ou tentativa, em que os homens, servindo-se de
suas próprias criações finitas e vocábulos insuficientes da linguagem humana, tentam definir o Absoluto. No
entanto, tais concepções diferentes, jamais, formam um "foco mental" atrativo de pensamento semelhante.
77
PERGUNTA: — Mas é evidente que pensar em Jesus, como fazem os espíritas
na sua concentração, não dificulta a harmonia de pensamentos. Não é assim?
RAMATÍS: — Pensar na imagem de Jesus é bem diferente de "sentir" Jesus. No primeiro
caso, é preciso fixar sua imagem na tela da nossa mente; no segundo, isso varia conforme o nosso
sentimento ou grau espiritual.
Como conciliar tantas imagens diferentes que os pintores modelaram, da figura do Divino
Mestre, e unificá-las numa só ideação mental, de modo a constituir um centro de forças homogêneo?
PERGUNTA: — Mas, não disse Jesus: "Onde estiverem dois ou mais reunidos
em meu nome, eu aí também estarei?
RAMATÍS: — Mas, Jesus também advertiu: "Eu não vim destruir as leis, e sim, cumpri-
las". E o mentalismo também é lei inderrogável, mesmo para o Mestre, pois disciplina a técnica da
concentração mental que controla os pensamentos. A arte de pensar e dinamizar energias para um fim
construtivo exige os requisitos de convicção e uniformidade de idéias ou de imagens.
Aliás, não basta só pensar em Jesus para Ele manifestar-se junto aos homens reunidos em seu nome;
isso também depende das credenciais e intenções humanas. Evidentemente, seria uma traição à
confiança do Mestre, alguém se reunir em seu nome, com objetivos ofensivos à sua graduação angélica. Os
cruzados massacravam os infiéis, os inquisidores queimavam hereges e os católicos matavam protestantes,
na França de Catarina de Médicis, aos gritos de "Viva o Cristo". Na última guerra, os pilotos das aeronaves
modernas jogaram bombas fratricidas sobre cidades indefesas, rogando o ajutório de Deus e de Jesus
para o êxito dessa empreitada infernal.
78
homens.
Num chamamento apressado, "in-extremis", Allan Kardec codificou o Espiritismo, como a
terapêutica heróica da Medicina Espiritual, prescrita em vésperas da grande e severa transformação
espiritual da humanidade. Portanto, a doutrina espírita deve ser administrada com urgência, por "via
endovenosa", sem ritos, símbolos, devoções, alegorias, ladainhas, idolatrias, paramentos ou organizações
sacerdotais. A humanidade está gravemente enferma de espírito, e não há mais tempo de confiar nos
diagnósticos falhos e dogmáticos da "junta médica" sacerdotal do mundo. É preciso aproveitar,
incondicionalmente, o precioso tempo ainda disponível para a urgente renovação espiritual do homem.
6 — Vide o capítulo "Como servimos de repastos vivos aos Espíritos das Trevas", da obra
"A Vida Além da Sepultura" de Ramatís e Atanagildo.
79
materiais referentes à evolução da humanidade.
Em verdade, cada espírito possui, em si mesmo, a poderosa energia mental de alto nível criador e
também a do mais baixo campo de vida, dependendo do seu tipo, de seus objetivos e do ambiente onde
atua. Porém, a Mente Cósmica jamais se modifica em sua essência, embora se manifeste através de vários
caracteres humanos e reinos materiais, tal como a luz do Sol, que não se altera em sua origem, quer seja
filtrada por vidros coloridos, opacos, ou translúcidos.
80
para outros orbes inferiores, devido à sua rebeldia ou indisciplina espiritual nos mundos planetários.
9 — Vide os capítulos "Algumas noções sobre o Prana", "O duplo-etérico e suas funções"
e"Os chacras", da obra "Elucidações do Além", de Ramatís.
81
Em seguida, predominam os quatros princípios mentais superiores, ou sejam, a mente
instintiva, a mente intelectiva, a mente espiritual e o Espírito, que as escolas ocidentais
definem, respectivamente, por instinto ou subconsciente, intelecto ou consciente e
superconsciente.
Mas, há certa confusão entre os estudiosos do Ocidente, pois, tudo o que sobeja da mente
objetiva ou consciente, eles despejam na mente subjetiva ou subconsciente, ali misturando os
resíduos e automatismos inferiores com as sublimes qualidades do espírito, nivelando tudo na
mesma categoria. Assim, agrupam no subconsciente o que é grandioso e o que é inferior, os
produtos do gênio e os do débil.
No porão do subconsciente ou inconsciente, ou arquivo dos automatismos das
experiências da construção animal, também se misturam as inspirações da fonte excelsa da
mente espiritual, autora de tudo o que é nobre e edificante, além da vivência humana. Mas,
os iogues distinguem, perfeitamente, as qualidades e funções de cada um destes princípios,
embora, aproximando-se da terminologia ocidental, assim conhecidos: a Mente Instintiva,
que abrange as partes inferiores da Mente Subjetiva ou Subconsciente, a Mente Intelectiva,
conhecida por Consciente ou Mente Objetiva, que é a responsável pelo raciocínio; e,
finalmente, a Mente Espiritual, fonte dos mais sublimes desejos, pensamentos e nobres
inspirações, que, atualmente se manifesta em pequeno número de criaturas, e conhecida no
Ocidente como o Superconsciente. É a senda da Intuição Pura, pois, o conhecimento do
Reino Divino não se obtém pela frialdade do intelecto calculista, baseado nas relações
com as formas limitadas do mundo ilusório da matéria. A Mente Espiritual enseja o
crescimento da Consciência Espiritual do homem; e, pouco a pouco, desperta-lhe a
sensação do Supremo Poder e da Glória de Deus, tornando-o convicto de sua comunhão
espiritual com a Família Universal.
82
direção da Mente Instintiva, hão de ser um grande mal, quando a serviço do homem, que já possui o
discernimento superior do raciocínio. Isso é um bem necessário e justificável praticado entre os animais; mas,
é um mal, quando usado extemporaneamente pelos homens. Daí, a curiosa identificação de alguns pecados
com certos tipos de animais, pois, a traição é instinto do tigre, a perfídia é da cobra, o orgulho é do pavão, a
glutonice é do porco, a crueldade é da hiena, o egoísmo é do chacal, a libidinosidade é do macaco, a fúria é
do touro, a brutalidade é do elefante e a astúcia é da raposa.
Considerando-se que a Mente Instintiva atua mais fortemente nas criaturas primárias, incipientes e
de pouco intelecto, podemos comprovar-lhe a ação mais vigorosa e dominante nos agrupamentos
aldeônicos, selváticos ou nas multidões entusiastas ou enfurecidas, em cujo ulular descontrolado se percebe a
atuação de um só "espírito-grupar ou instinto, em manifestação através de muitos corpos 10 .
83
11 — Tropismo: desenvolvimento de um órgão, ou organismo, em certa direção, influência ou
estímulo nas plantas, atraindo-as para determinada orientação, como heliotropismo, atração pelo sol,
geotropismo, pela gravidade, principalmente no caule e nas raízes; fototropismo, excitação pela luz,
ou hídrotropismo, pela umidade ou água.
12 — Diz o brocardo hindu: "Difícil é andar sobre o aguçado fio de uma navalha"; e
"árduo, dizem os sábios, é o caminho da Salvação". Para o leitor estudioso, recomendamos a obra
"O Fio da Navalha", de W Somerst Maugham, romance que expõe de modo compreensível
inúmeros ensinos e admiráveis atitudes do discípulo oriental. É o simbolismo significativo do
homem caminhando sobre o perigoso fio de navalha do intelecto, entre os impulsos traiçoeiros da
mente instintiva e as aspirações nobres da mente espiritual.
Depois que a Mente Instintiva ensina as espécies animais a fazerem as coisas necessárias para a
sua sobrevivência e progresso, transforma essas experiências vividas em ações autômatas, e as arquiva,
como "tarefas-modelos" para, mais tarde, servirem ao homem sem necessidade de consultar o intelecto
ou gastar as energias do raciocínio. Por isso, o homem não precisa pensar para andar, respirar, digerir ou
crescer, nem para outras múltiplas atividades do organismo, como produção e reparação de células, de
lesões orgânicas, defesas contra vírus, obliteração de vasos sangüíneos ou formação de cicatrizes
protetoras.
Graças à inteligência milenária da Mente Instintiva, o recém-nascido ingere leite branquíssimo por
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alguns meses e, no entanto, crescem-lhe cabelos louros, castanhos ou pretos, os olhos ficam negros, pardos ou
azuis, o sangue vermelho, a bílis esverdeada, a pele rosáda, os dentes brancos e o fígado num tom
vinhoso.
Isso tudo acontece tão naturalmente porque, à medida que o homem supera a memória consciente, transfere
os seus conhecimentos adquiridos para a Mente Instintiva, a qual, então, os arquiva para que sejam usados no
momento oportuno.
85
consciência do "eu", porque o homem, então, já pode comparar-se aos outros seres e coisas; classifica, analisa,
junta e separa os acontecimentos nos quais intervém ou os fatos que presencia. Principia a julgar os
acontecimentos em torno de si, a ter consciência do "eu", embora, não possa definir tal condição.
O homem já é um ser bom e evoluído, porém, o advento do Intelecto o ajuda a exercer o
comando e o controle, cada vez mais enérgico, sobre os próprios instintos animais. Dominando as forças
instintivas da velha animalidade, pode dispor de energias submissas para realizar a sua própria ascensão
espiritual. Mas, se enfraquecer na posse da razão pode tornar-se pior do que as bestas, pois raros animais abu-
sam de suas forças e desejos, como é feito habitualmente entre os homens, conforme se verifica
comumente, no caso do prazer sexual.
Ademais, se o Intelecto ajuda a raciocinar, e tanto pode exercer o seu poder sobre a Mente Instintiva
como preparar o caminho para a melhor influência da Mente Espiritual, como só abrange certo limite,
também pode criar a ilusão perigosa do "ego" separado do Todo, que é Deus. O intelecto humano é de
raciocínio frio, como um jogador que só vê resultados compensadores e imediatos, num jogo de cartas.
Quando o homem se abandona ao jugo do intelecto puro, de sua Inteligência imediatista e operante nos limites
da forma, a própria razão sem o calor da intuição cria a ilusão de separatividade
Por isso, o Intelecto funciona exatamente entre a Mente Instintiva, que tenta atrair o ser para o
nível inferior dos brutos, e a Mente Espiritual, que prodigaliza as noções sublimes da vida superior
dos espíritos puros.
86
Só a Mente Espiritual proporciona os empreendimentos superiores e sua ação sobrepuja o
Intelecto, pois, aviva o Amor entre os homens e os impele a semear a ventura alheia, como
condição de sua própria felicidade.
Assim, a luta entre a Consciência Espiritual do homem, identificando-lhe a natureza superior, e a
Mente Instintiva, que tenta escravizá-lo ao seu domínio inferior, é algo de épico e angustioso. Desse
combate exaustivo, incessante e desesperador, então, surgiu a lenda de que o homem é aconselhado à
esquerda pelo demônio e, à direita, inspirado pelo anjo. Na realidade, essa imagem simbólica representa
a Mente Instintiva com o seu cortejo da experiência animal inferior, tentando o homem a repetir os atos do
jugo animal; do outro lado, a Mente Espiritual, na sua manifestação e convite sublime, é bem o emblema
do anjo inspirando para a vida superior.
87
um plano de consciência mais elevado, tendo se enriquecido de mais bens e conhecimentos; não o podendo
explicar claramente na consciência física, depois de passado o maravilhoso momento de desprendimento das
formas. É um ingresso súbito, um vislumbre ou prenúncio do espírito imortal, fugaz demonstração da
Realidade Eterna. É o "samadhi", tradicionalmente presente na vida dos grandes iluminados do Oriente, ou o
"êxtase", do conhecimento ocidental 16.
Como a própria natureza espiritual do ser não dá saltos, esses vislumbres, êxtases ou iluminações
súbitas podem aumentar em sua freqüência, na mesma existência, à medida que logram maior domínio
sobre a consciência em vigília. E o treino sublime do Espírito Eterno, iniciando o desvestimento dos trajes
transitórios da personalidade humana, em atividade nas superfícies planetárias, até manifestar-se em toda a
sua refulgência e beleza sideral. Então, chegará o tempo no qual esses vislumbres e êxtases de Iluminação
serão tão freqüentes, que se transformarão na plenitude da Consciência Espiritual para toda a Eternidade. E
o fim das reencarnações de dores e sofrimentos.
88
CAPÍTULO 8
Sexo.
PERGUNTA: — Por que ainda é tão vilipendiado o sexo pelo mundo, pelas
várias religiões, ao atribuir-lhe a origem de quase todos os males, desde o pecado de Adão e
Eva?
RAMATÍS: — Tratando-se de uma força indômita conseqüente à fixação do homem no
instinto animal, o perispírito humano guarda, em sua intimidade, as cargas deletéricas dos atos culposos,
degradantes ou imantadores à vida primitiva. Quando a criatura é quase toda emoção, e bem pouco
raciocínio, se torna um joguete descontrolado no vórtice da força sexual, desencadeada por um erotismo
incontrolável. Depois da vivência tempestuosa onde se sacrificam todas as manifestações de superioridade
humana sob o ardor da sensualidade carnal, o espírito do homem, já com algum raciocínio ou sensibilidade
espiritual mais acentuada, sente-se algo deprimido e inquieto, achando-se culpado por não ter resistido ao
domínio animal. Daí, certa apreensão existente no âmago da alma humana, um inexplicável temor de não
poder triunfar sobre as impulsões do desejo animal e, logo, submergir no mar das vibrações de baixa
intensidade.
89
abuso do sexo, consome indevidamente essa energia criativa que, às vezes, se manifesta como
ambição, orgulho e egoísmo, e deve ser usada com harmonia, segundo as necessidades, jamais de
forma insensata.
PERGUNTA: — Porventura, todo abuso de energia criada por Deus é
imediatamente castigado?
RAMATÍS: — No Universo, não existe a noção de tempo humana. Citemos um
exemplo: quando, um motorista abusa, ultrapassando a velocidade facultada, é multado como infrator, quer
por causar perigos aos demais veículos na mesma estrada, quer porque arrisca a sua vida. Logicamente,
não foi castigado pela infração em si, mas pelas conseqüências da sua desobediência, pela imprudência e
porque sabia de, antemão, dos resultados. O homem não pode alegar ignorância porquanto vem sendo
advertido, através de instrutores, princípios religiosos e filosóficos, de que será sempre infrator pelo abuso
do sexo, e não pelo uso; não pode se queixar ou protestar, quando deve ajustar-se corretamente à técnica do
correto emprego da energia sexual.
90
mulheres devassos sofrem, no mundo espiritual, delírios, alucinações, uma verdadeira loucura! A
imantação do residual sexual próprio das atividades puramente animais atua, de modo prejudicial, nos
delicados centros perispirituais, criando angústias e desesperos indescritíveis, transformando o maleável
corpo perispiritual, e dando-lhe as configurações mais repulsivas e abomináveis. Nos casos mais graves
e, quando podem ser amparadas pelas instituições socorristas, em face de algum bem praticado,
proporcionando-lhes algum crédito, essas almas afogadas mentalmente nos fluidos tormentosos do abuso
sexual, em lugar de terem alucinações orgíacas, sem quaisquer satisfações da loucura erótica que lhes vêm
das mais íntimas fibras perispirituais, são segregadas em alojamentos ou cubículos, para preservá-las das
cenas causadoras da deformação teratológica dos centros genésicos, expostos ao mais ignominioso
aviltamento criativo; sendo, nessas celas, feita a filtração e drenagem terapêutica na forma aparente,
ocorrendo crises convulsivas e a posterior prostração, até o coma recuperativo.
91
PERGUNTA: — O homem deveria evitar o uso do sexo, de qualquer forma, a
fim de lograr a sua mais breve libertação da matéria?
RAMATÍS: — Precisamos esclarecer, primeiramente, não ser a condição de castidade a
única para a evolução espiritual; ela é decorrente de uma lapidação interior perseverante, no aprimoramento
dos sentimentos e do intelecto, numa vivência cada vez mais digna, dentro de uma ética maior. Só é válida
quando for uma condição espontânea e louvável, porém, também pode ser fruto do fanatismo e existir
num homem cruel. Em conseqüência, o homem não casto, mas bom, eleva-se mais cedo ao "céu" do
que o homem cruel e casto. A fuga dos "vícios" ou de ações julgadas abomináveis nAo nos desperta
qualidades — as quais ainda pedem alguns séculos para que sejam despertas. O homem não se gradua para
a vida superior por simples estatística de maior ou menor desgaste sexual; ela é fruto das vivências,
aproveitando os estados de espírito que o desimantam da matéria e, conseqüentemente, do jugo
animal.
92
da obra.
Daí, o motivo dos esforços heróicos de muitos religiosos, espiritualistas filantropos, a se esgotarem na
faina caritativa de corrigir os erros de Deus. Mesmo os reencarnacionistas, entendidos na mecânica da
evolução espiritual pelos renascimentos físicos, querem desfazer os equívocos pelas empreitadas de
"salvação" dos infelizes que nascem desprotegidos, deformados ou estigmatizados no mundo, porque isso
não lhes parece a "colheita podre de ruins sementes lançadas alhures", mas alguma negligência
divina.
Em face de a criatura pretender "ganhar o Céu" pela atuação competitiva e deliberada para
melhorar a sociedade, vendo nisso a possibilidade de mais breve satisfação, passa a combater
furiosamente os mesmos pecados nos quais se chafurdou, como o indivíduo temeroso de voltar a fumar,
que vive fugindo do cheiro e da fumaça do cigarro.
Sob a Luz do Espiritismo
Daí, os altiloqüentes pastores, sacerdotes e doutrinadores a esbravejar do alto de suas tribunas contra
os pecadores que afrontam e ofendem a Deus, porque ainda praticam coisas tão naturais à sua condição
espiritual, iguais às crianças que descarregam sua ira na agressão aos brinquedos. No entanto, no âmago,
sentem não estar realmente livres dos impulsos instintivos, mas os "santos abafados" defendem-se dessas
impulsões internas, apontando minuto a minuto o perigoso inimigo, a rondar suas almas primárias, e
repletas de impulsos primitivos.
A Terra, sem dúvida, é uma severa, contudo, eficiente escola de educação espiritual, como
qualquer educandário capaz de conduzir os seus alunos ao aprendizado. Os alunos que a freqüentam são
espíritos encarnados, procurando uma conduta melhor e a sabedoria eterna, e mal soletram as primeiras
letras do alfabeto divino.
Para esses pregadores das suas verdades, vale o velho e justo ditado: "Diabo na velhice torna-se
ermitão", uma vez que todos os anatematizadores dos pecadores, ou já pecaram até à saciedade, ou ainda
são candidatos em potencial. Há pseudo-santos preocupados com a sua "salvação" do mar de lodo do
vício, os quais fazem estatísticas de todas as atividades sórdidas no mundo, numa atração de sua intimidade
psíquica à fuga para as cavernas de ermitões, porque condenam todos os prazeres do mundo como o
carnaval, o futebol, os concursos de beleza, o turfe, a riqueza, a fartura, o divertimento, o jogo, o beijo, o
divórcio, o homossexualismo e a prostituição, confundindo como pecados muitas vezes, a expressão de
homens "ainda" pecadores, em busca de um momento de alegria, ou sejam, crianças espirituais.
93
infelicidade e prejuízos, enganando amigos e desonrando lares. Enquanto Nero chafurdava nas orgias
mais lascivas de Roma, rodeado de uma aristocracia tão podre quanto ele, os cristãos morriam cantando
Hosanas a Deus, porque escolheram o Cristo, que é Amor e Pureza.
94
Assim, a exteriorização do instinto sexual pelo abuso pode ser condenável ou passível de imediata
correção, quando tiver o agravante de ser produto da crueldade. A variedade de atenuantes tolerados pela lei
para todos os atos e atividades humanas permite à Administração Espiritual julgar e decidir a favor ou contra
o pecador, conforme o seu ato seja menos ou mais cruel, menos ou mais prejudicial a outrem, porquanto a si
já está julgado, e a pena virá com o tempo.
95
PERGUNTA: — Há alguma razão ou justificação para o velho costume do
Oriente de os sultões possuírem haréns com dezenas de mulheres e, alguns, com centenas de
filhos? Não seria isso um abuso da prática sexual?
RAMATÍS: — Nas adjacências do planeta Terra, em zonas astralinas de convergência
para a superfície física, existem mais de 10 bilhões de espíritos desencarnados e com problemas aflitivos,
ansiosos para conseguir um organismo carnal e assim apagai; ou pelo menos atenuar, as lembranças
dolorosas de seus desacertos e indisciplinas espirituais anteriores.
Em conseqüência, um "organismo carnal" é a mais preciosa dádiva que se lhes oferece, como
meio para transitar no mundo físico, a fim de não só reparar faltas pretéritas, como ainda aumentar o
índice de consciência sob um novo aprendizado terrícola. Há, nessa espera, desde almas cujas culpas são
bem mais leves e, por isso, não sofrem tanta angústia pela expectativa de sua materialização terrena, até,
em maior porcentagem, espíritos cujo desespero os leva a aceitar qualquer tipo de organismo carnal, em
qualquer latitude geográfica, numa descendência aristocrática ou marginalizada, rica ou pobre, sadia ou
enferma, culta ou inculta. Não lhes importam as convenções do mundo físico, quanto à condição de filho
legítimo ou espúrio, de uma progenitora venerável, ou meretriz, de uma família amiga ou carmicamente
adversa. A solução do seu problema aflitivo é reencarnar-se, de qualquer modo e de qualquer forma, e,
assim, ocultar, sob o véu do esquecimento, a sua consciência culpada ou o remorso inquietante, e para apagar
temporariamente da memória perispiritual o passado.
Os mais desesperados e descrentes tomam-se almas impiedosas, clamando por vingança contra
sua mãe, se, sob qualquer pretexto social, financeiro ou comodidade, ela resolve abortar, impedindo o
reencarnante de aliviar suas dores e acalmar o remorso numa organização carnal.
Infeliz da mulher que, por coincidência, pratica o aborto desnecessário, quando já se aninhava no
útero materno, para renascer, uma alma ainda embrutecida, feroz e capaz de todas as perversidades, numa
vingança deliberada e esmagadora. Seria difícil o escritor mais melodramático descrever os acontecimentos
postos em movimento no mundo oculto contra a infeliz abortadeira. O resto de sua existência física será um
calvário de dores, quando lhe faltar assistência espiritual superior, até desligar-se do corpo físico e ir,
desamparada, ao encontro do verdugo impiedoso e satanicamente feliz de castigar a sua vítima.
Em face dessa necessidade de organismos carnais para atender o excesso de almas ainda com
fortes tendências encarnatórias, os tradicionais haréns do Oriente tornaram-se berços coletivos para os
renascimentos, uma vez que os sultões, e mesmo os seus descendentes, numa poligamia sem limites,
procriavam e procriam às dezenas, ou mesmo às centenas de filhos. Malgrado se verifique uma forte
sensualidade, ainda em tal caso, a Lei funciona buscando o equilíbrio devido à exigüidade de filhos no
regime monogâmico, para melhor solução das necessidades dos desencarnados no Além-Túmulo;
enquanto os renascidos pouco se importam com a sua descendência, mas com a dádiva de um corpo.
Também não podemos esquecer as tradições sociais da poligamia milenar, entre velhos patriarcas
bíblicos.
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reiniciar uma nova romagem educativa no mundo físico.
Assim, não nos restringimos, propriamente, ao problema de se o homem "deve" ou "não deve"
limitar os filhos, ou organizar a sua prole conforme as possibilidades financeiras e recursos educativos.
Observando a História, não é difícil ao terrícola comprovar que muitos dos nossos mestres de vida foram
pessoas oriundas de lares pobres, enfrentando imensas dificuldades para sobreviver e cumprir suas tarefas.
Basta citar Jesus, como símbolo principal.
Em conseqüência, apenas expomos a realidade do problema fundamental e da responsabilidade de
todos os espíritos encarnados, ou desencarnados, o qual se afirma no
Sob a Luz do Espiritismo
seguinte "slogan": quanto mais corpos na Terra, mais venturas no Além-Túmulo; quanto menos
filhos, menos oportunidades de redenção espiritual dos irmãos aflitos. E não nos esqueçamos da Lei:
"Fazei ao próximo o que quiserdes que vos seja feito" ou "A cada um segundo as suas obras"; fica
explícito: quanto mais filhos, mais corpos para o "próximo". E, segundo a Lei, "a cada um será dado
segundo suas obras". Quem limita a sua prole, logicamente, fica mais tempo na fila simbólica do
Além-Túmulo, para reencarnar.
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Ninguém poderá alegar ignorância. Pode-se escolher entre o Céu e o Inferno, pois, há um clima
de máxima liberalidade na lascívia humana, como o sexo grupal, terapêutica sexológica, onde o erotismo se
confunde com a técnica de aspecto criativo. Existe todo um clima indisciplinado de satisfação até a
exaustão dos desejos, das paixões, como solução dos problemas humanos. Hoje, no seio da humanidade
terrícola, o sexo é produto de primeira necessidade, e é plenamente justificado por si mesmo, derrubando
tabus, restrições, pudores e contenções, os quais passam a ser artificialismos, ou falsa moral. Os seres se buscam,
atraídos na mesma faixa de satisfação erótica. Fervilham obras em que a pornografia e a exposição científica
fundiram-se na linha divisória e, dificilmente, podem ser identificadas as verdadeiras mensagens, e
transformam-se em "best-sellers" mundiais. Escritores desavisados da realidade espiritual, da função educativa
do orbe e da finalidade dos renascimentos carnais despejam toneladas de tinta sobre o papel
pregando a lascívia, como absoluta liberdade de expressão oral ou gestual, dando nova feição psicológica
para as práticas sexuais, como meio de sublimação superior. Na realidade, a "Besta ri cinicamente", porque,
sob a cortina da falsa erudição, ou desconhecimento científico sexual, os vassalos da Besta usufruem, tão-
somente, os ricos proventos das edições incessantes.
Eis, assim, a violenta e absoluta metamorfose da conduta sexual nos dias de hoje. Sob a
justificativa de abolir os "tabus", contenções, falsa moralidade, crêem os estudiosos no surgimento de uma
nova moral mais sincera e sensata, por força da própria saturação sexual. Jesus previu muito bem essa
hora— a controvérsia da humanidade— e, assim, advertiu: "E o sujo ficará mais sujo, e o santo mais santo".
PERGUNTA: — Que nos dizeis sobre "amor livre", o qual parece a norma de
vida em planetas superiores? (vide Marte)
RAMATÍS: — Não vemos razões lógicas para comprovar ser a satisfação genésica promovida à
guisa de "afinidade" na busca masculina e feminina, como se faz na gravidade entre os astros, coesão entre
as substâncias e o próprio amor entre os homens. A simples conjunção carnal não é prova de afeição, mas,
apenas, uma transitória satisfação, dispensando qualquer dever ou responsabilidade recíproca.
Nas relações sexuais fundamentalmente procriativas, já deve existir o planejamento da responsabilidade
mútua com referência ao futuro, porquanto, a Terra não é simples palco de diversões ou troca de sensações
sem motivos superiores.
O homem terrícola ainda não se encontra satisfatoriamente imbuído dos compromissos do
"amor livre", porquanto, no campo dos interesses humanos, tanto o homem como a mulher, agem
separadamente no tocante aos seus interesses pessoais e, bem pouco, no sentido da afeição e fidelidade
mútua. Disso poderia resultar a licenciosidade e devassidão, numa simples troca sensual e de experimento
erótico, pela variedade e falta de um nexo afetivo. Sob qualquer condição, não é a relação sexual que deve
predominar como motivo responsável pela união entre o homem e a mulher, mas, acima de tudo, o
vínculo do amor, da afeição, da amizade e, depois, a satisfação decorrente da ação normal das leis da
natureza.
98
sociedade.
Assim, quando os cônjuges se desajustam e partem para aventuras menos dignas, não é isso o "amor
livre", mas uma incorreção e prática censurável, porquanto, traíram os princípios aceitos de sã consciência, na
hora de casar. É desrespeito ao juramento; a quebra da fidelidade é sujeita à crítica pelo julgamento social,
tal qual o aluno ao gazear a aula, o crente ao desrespeitar os postulados do seu credo, o funcionário
negligente com sua firma. No caso do matrimônio, forma-se uma instituição com deveres recíprocos dos
cônjuges, em que o amor sexual é condição primacial procriativa, enquanto, no caso do amor livre, vale
primeiramente a satisfação sensual e, se possível, depois a afeição espiritual.
99
CAPÍTULO 9
Homossexualismo.
100
incoerências apontadas pelos contumazes julgadores do próximo, mas, incapazes de julgarem-se a si mesmos.
Milhões de homens e mulheres são portadores dessa anomalia, e requerem a atenção e o estudo cuidadoso de
suas reações e comportamento, não meramente que os julguem censuráveis à luz dos princípios e costumes
morais da civilização retrógrada e mistificadora.
101
eclode a luta psicofísica na intimidade do ser, em que os antecedentes femininos conflitam
com as características masculinas, ocasionando conflito dos valores afetivos, que
oscilam, indeterminadamente, entre a atração feminina ou masculina. É o homossexual
indefinido quanto à sua afeição, pelas exigências conservadoras e tradicionais da sua
comunidade, para a qual ele é um "homem" anátomo-fisiologicamente, mas, no
âmago da alma, tem sentimentos e emoções de mulher, recém-ingressa no casulo orgânico
masculino. Apresentando todas as características da biologia humana do tipo masculino
é, no campo de sua afeição e emotividade, uma criatura afeminada, malgrado os exames
bioquímicos feitos serem característicos do sexo masculino.
102
Insistimos em dizer-vos: o homem que abusa de suas faculdades sexuais no excesso da
lascívia e somente para asatisfação erótica, culminando por arruinar a vivência de outras
pessoas, chegando a ocasionar desuniões conjugais, provocar a discórdia, a aflição e o
desespero e desonras em lares diversos, ou lançando na vida a infeliz moça com o filho no
desamparo de mãe-solteira, ou que descamba por desespero e fraqueza na prostituição, há de
corrigir-se do seu desregramento pelo renascimento físico num corpo feminino e, sob a coação
doméstica do esposo tirânico, resgatar e indenizar todos os males produzidos ao próximo.
Igualmente, a mulher que não cultiva os valores sadios da função digna e amorosa de
esposa, poderia sofrer nova encarnação feminina dolorosa, ou terá de se reajustar, na
condição física, num corpo masculino, capaz de lhe proporcionar todas as ilusões, descasos
e fuga dos deveres conjugais com uma companheira tão fútil, pérfida e irresponsável quanto
também foi no passado, saturando assim o desejo, em vez de sublimá-lo. Ambas as posições,
feminina e masculina, no mundo físico, proporcionam ensejos válidos e simultaneamente
corretivos para garantir ao espírito aflito pela redenção, alcançar, o mais breve possível, a
freqüência angélica, independente de sexo e estágios carcerários na carne.
.
PERGUNTA: — Afora os espíritas ou reencarnacionistas esclarecidos, é muito
difícil encontrar-se mentalidades humanas crentes dessa possibilidade de o espírito renascer
homem, ou de retornar como mulher. Talvez, exista nisso uma reação inconsciente do
homem, ao se considerar frustrado ou ferido em sua masculinidade, pelo fato de poder vir
a ser mulher, como um objeto de sensualidade passiva?
RAMATÍS: — Causa certa surpresa a descrença na possibilidade de o mesmo
espírito de homem retomar à Terra na figura de mulher, quando a própria imprensa terrena é
pródiga de notícias nas quais a intervenção cirúrgica e a terapêutica hormonal adequada
transforma homens em mulheres, e vice-versa. Considerando-se que é bem mais difícil ao
homem se transformar em mulher, depois de caracterizada a sua masculinidade na existência
física, é bem maisfácil o espírito decidir-se pelo sexo, antes de renascer.
103
por parte da Lei, seja qual for a procedência, correta ou equivocada. São assuntos da cons-
ciência de todos os homens, pois, de acordo com a Justiça e a Sabedoria, quem ainda não
passou por provas semelhantes e condena ou insulta o próximo há de enfrentá-las dia mais ou
dia menos, a fim de sentir, na própria carne, não o erro do próximo, mas o remorso do mau
julgamento espiritual.
104
do espírito humano, acostumado por um punhado de existências exclusivamente femininas ou
masculinas. Na nova encarnação, pela ação da forte sexualidade do passado, essas influências
modificam as reações psicológicas do espírito renascido mulher ou homem,
contrariando as peculiaridades orgânicas. O homossexual pode ser fruto de dificuldades da
técnica sideral em conseguir o psiquismo adequado ao organismo humano, em atenuar a
feminilidade total em nova encarnação masculina, ou vice-versa; ou, é óbvio que também
pode ser a prova cármica para quem, realmente, abusou de suas faculdades eróticas,
ocasionando prejuízos a outros, no campo da própria sexualidade, com repercussões sociais.
Ademais, em muitos casos, espíritos de liderança, cultos, hipersensíveis, virtuoses da música,
gênios da pintura ou renomados escultores da matéria e da vivência espiritual, no intuito de
concluir tarefas de elevação nos agrupamentos humanos e melhoria de si próprios, podem
solicitar a mudança urgente da personali-
105
incólume da animalidade para o estado humano, e de homem para anjo, sem passar por
problemas, insuficiências, defeitos, pecados e vícios de toda a humanidade. Alhures, já vos
dissemos que o próprio Jesus não evoluiu em "linha reta", porém, fez o curso integral da
vida física como qualquer outro homem já o fez ou terá de fazê-lo. Distingue-se Jesus de
Nazaré dos demais homens atuais porque, tendo alcançado o clímax de sua evolução
planetária, sacrificado na cruz, e sepultado, ressuscitou pela emancipação espiritual na figura
do "Irmão Maior" e é, na atualidade, o "Caminho, a Verdade e a Vida", pois, quem não
praticar os seus ensinamentos, adquiridos em suas vidas, em incontáveis milênios de
aperfeiçoamento, não alcançará o reino dos Céus.
Conseqüentemente, o principal problema não é de interpretação científica, patológica
ou moral, no tocante aos portadores de homossexualidade, num julgamento simplista ou
leviano, mas o de ajuda, compreensão e interesse de fazer ao irmão réprobo social o mesmo
que desejaria a si mesmo, caso se defrontasse com semelhante problema. Ainda aqui,
recomendamos o Cristo, na sua advertência incomum: "Vedes o argueiro no olho do
vizinho, e não reconheceis a trave no vosso olho?"
Na verdade, a maioria das criaturas homossexuais não sabe bem o que lhes acontece e,
assim, não pode ser culpada de uma situação cuja causa desconhece conscientemente. Daí, a
necessidade de ajuda por outros que podem examinar, analisar e concluir de modo mais exato
quanto às providencias favoráveis ou, pelo menos, maior compreensão e tolerância. O
homossexual, em geral, é uma alma confusa, sujeita a impulsos ocultos, não tendo a percepção
das causas ou dos motivos que o levam à erotização pelo mesmo sexo. É de conceito comum,
mesmo entre as pessoas sem conhecimento psicológico, ser o sexo uma força poderosa e
atuante no ser humano, capaz de conduzi-lo às piores perversões, delinqüência e até crimes,
pela satisfação animal imediata.
O desejo sexual pode cegar o homem mais culto, mais sábio e mesmo o lider religioso,
o sacerdote impoluto, pois, a história é pródiga de exemplos de mentalidades de poderosa
criatividade deixarem se dominar por ele e rebaixarem-se, até degradarem-se por uma paixão
incomum, pela avidez da satisfação sexual. Entretanto, é doloroso notar serem tais des-
regramentos sexuais mais freqüentes entre as criaturas heterossexuais, ou sejam, as que são
julgadas normais e sadias. Portanto, como julgar a manifestação dessa energia poderosa
canalizada para o homossexualismo, gerando contradições inexplicáveis? Logo, a mais
correta e louvável atitude espiritual ainda é "ajudar" e não julgar as almas estigmatizadas
socialmente pelos desvios da sexualidade.
106
os homossexuais é muito reduzido, talvez, porque são mais tolerantes e pouco inclinados à
violência física, afora alguns casos excepcionais, quando há violência e conflitos, comuns
também entre os heterossexuais. O mundo dos homossexuais é algo tranqüilo, e sua
maior conturbação é resultado das frustrações de relacionamento humano. Mas o
homossexual não pode ser considerado um delinqüente, um excluído social, porque
exerce um trabalho, é capaz de amar, de servir, integrando-se à comunidade. Sem dúvida, há
espanto, preconceito e opróbrio por parte dos heterossexuais, ante a sua impossibilidade de
compreender a capacidade ou a desventura de uma pessoa amar outra do seu próprio
sexo. No entanto, aqueles que entendem e reconhecem as minúcias do mecanismo e da
motivação reencarnatória entendem, facilmente, que o afeto espiritual transcende as tran-
sitórias formas das personalidades físicas, embora, o acontecimento incomum de um ser
amar o outro do mesmo sexo possa provocar estranheza e até repugnância.
107
Obviamente, o senso artístico, desde a poesia, a pintura, a música e a literatura tem recebido
notável contribuição de inúmeros homossexuais. Quando puderam extravasar sua
sensibilidade através das letras, da rima, dos sons e das tintas, equilibraram grande parte
do seu drama interior, gerado pela oscilante personalidade indefinida organicamente. O certo
é que as leis delinearam o homem e a mulher, proporcionando-lhes uma gama de estados
espirituais, partindo dos assexuais, passando pelo hermafrodita, até a heterossexualidade, os
quais são úteis ao desenvolvimento de sentimentos e de intelectualidade, estágios esses que
não devem estigmatizar, mas, liberar o ser.
108
CAPÍTULO 10
Prostituição.
109
Velho tema da história terrícola, não se constitui no pior crime do mundo. E,
atualmente, em face de maior libertação e emancipação das mulheres, após o fragor de duas
guerras mundiais e destruidoras, surgiram transformações profundas, modificando as
estruturas, as bases morais, sociais e políticas do mundo. Sem dúvida, é um problema
inquietante mas não o pior, entre múltiplos problemas que afetam a humanidade e requerem
a análise e o exame para se obter uma razoável solução.
Há escândalos no seio da vaidosa aristocracia e monarquia, remanescentes dos
antigos regimes políticos, bem como na burguesia endinheirada e no proletariado imitador.
Nos bastidores das mais avançadas instituições políticas, há irresponsabilidade e
desonestidade no emprego do dinheiro público, em qualquer país. Traições partidárias de
natureza exclusivamente pessoal, aumento dos vícios pela negligência e impunidade de
autoridades, que fazem mais jus ao vocábulo execrável, do que a "prostituição", os "rendez-
vous" na França, ou o "trottoir" nos demais países subdesenvolvidos.
110
sublime brisa a da prostituição humana. A patriótica negociação de seres mortos nos
matadouros fratricidas das guerras, produzida pelos homens depravados e prostituídos pela
ambição da fortuna ou da consagração política, é caracterizada como serviço à Pátria e à
humanidade.
111
orientado para um sentido ético e moral dos valores nobres da vida, haja essa separação algo
afrontosa de "mulher honesta" e de "mulher prostituída"?
RAMATÍS: — Ambas foram criadas a fim de servirem como o vaso sublime da
vida física e, tanto quanto possível, progredir incessantemente pela libertação dos grilhões
da vida animal inferior. No entanto, a proverbial hipocrisia masculina, que vê na mulher tão-
somente um objeto de prazer sexual, facilmente envolve a moça ingênua, inexperiente ou
acicatada pelo seu indecifrável impulso erótico, ou a estigmatizada perante a sociedade
sofisticada e farisaica, na figura desprezada da "mãe solteira", ou de um repasto sem
problemas, das célebres garotas-de-programas. Inúmeras vezes, a jovem desperta e
avalia a sua situação, doravante alvo específico da concupiscência masculina, enfrentando
as mais chocantes dificuldades, quando pretende, heroicamente, amparar e criar o fruto do seu
suposto pecado sem a possibilidade de manter-se no emprego, em face do contrapeso
indesejável do filho. E, não raras vezes, as manchetes escandalosas dos jornais noticiam na
gelidez do noticiário sensacionalista, o infanticídio da "mãe desnaturada" que não quis criar o
fruto dos seus amores clandestinos ou, quando possível, o aborto nas mãos perigosas da
primeira fazedora-deanjos, ou ainda, o tresloucado suicídio, ante o estigma infamante de
prostituta.
No entanto, várias criaturas que destilam veneno pelos lábios pérfidos, ultrajando a
infeliz cobaia do homem fescenino, mal dominando as suas taras compensadas na intimidade
"oficial" do lar, julgam-se de um comportamento irrepreensível, confundindo a bênção do
casamento depois da queda do noivado, com virtude impoluta.
112
crescente infelicidade das moças despreparadas para distinguir, de imediato, a malícia mascu-
lina da amizade, o desejo sexual do carinho puro ou a procura da amante e não da esposa.
Quando reconhecer que a mulher é, acima de tudo, o espelho da irmã, esposa, filha e
mãe, em vez da conduta desrespeitosa de visualizar toda mulher como objeto de prazer e
satisfação instintiva, e reconhecer-lhe a preciosa função de vaso vivo para perpetuação da
espécie, à qual, também, deve sua vida, e deve acima da cobiça e da lubricidade manifestar
amor, a prostituição diminuirá.
113
PERGUNTA: — Ao homem que, após usufruir de uma jovem, que seduziu pela
sua inexperiência, ingenuidade, sonhos de venturas ou mesmo paixão, consegue livrar-se de
quaisquer responsabilidades conjugais ou deveres de manutenção e amparo futuro, cabe-lhe
alguma retificação cármica em encarnação futura?
RAMATÍS: — Há um velho adágio que diz "O homem pode enganar-se a si
mesmo; jamais engana a Deus". Toda defecção contra as leis divinas enquadra o seu infrator na
corrigenda necessária à sua própria ventura espiritual. O espírito do homem, quando desce
para renascer na matéria, lembra um profissional do mundo que enverga certo traje adequado à
tarefa que lhe cumpre realizar. Durante o seu trajeto físico para realizar o compromisso
assumido antes de se materializar no mundo, fica responsável por todas as dívidas, despesas e
uso que fizer além do esquema traçado pelos seus mentores. Da mesma forma, terá de indenizar,
com os respectivos juros e a tradicional correção, quaisquer prejuízos causados ao próximo e à
coletividade onde atua. Qualquer realização indébita, pilhagem ou exploração material ou
mesmo sensual, jamais deixará de "pagar até o último ceitil", conforme preceituou o Cristo,
através do seu sublime Evangelho.
O espírito do famigerado "Don Juan" das aventuras galantes, embora de menor porte e
com alguns casos fesceninos ao alcance de sua capacidade sedutora, há de ressarcir,
implacavelmente, todos os prejuízos e sofrimentos semeados pela sua egoísta satisfação animal.
Acresce ainda que a Lei do Carina, que ajusta e retifica todo o equívoco e mazela espiritual,
tem por função primacial corrigir, educar, retificar, ensinar e, por esse motivo, depois de o
espírito devedor liquidar o seu débito gravoso, acrescido da justa indenização espiritual, ainda
terá de viver, em próxima reencarnação, os mesmos efeitos indesejáveis que causou a outrem
num momento de cobiça, desforra ou exploração sexual.
114
existência, o Alto já planejou um esquema expiatório no qual deverá colher os frutos indiges-
tos da má sementeira no coração e na mente das jovens por ele infelicitadas. De início, e
conhecendo as suas intenções de constituir um lar para o usufruto venturoso, após os delitos de
lubricidade que não se pejou de praticar, o "don juan" otimista será conduzido a esposar
determinada jovem, atraído pelo magnetismo de uma paixão exaltada, sendo ela, também,
candidata às provas de frustração, dores e desventuras que, alhures, semeou em outras
vivências. Efetuado o Casamento, após os arroubos da lua-de-mel, principia a ação da Lei do
Carma, ao determinar que os seus descendentes sejam os mesmos outrora induzidos à
lubricidade e irresponsabilidade espiritual. Pela ação nefasta deles, atingindo a maturidade,
começam a colher os efeitos da atração de espíritos de mau caráter e de tendências depravadas.
Em vez do lar tranqüilo imaginado, porém, a que não fez jus pelas suas atividades da busca
exclusiva do bem próprio e gozo sensual, ao lhe encanecerem os cabelos, surgem no rosto as
rugas do desespero, do sofrimento e da frustração, na impossibilidade de educar e corrigir
filhas com propensão para uma vida sexual irresponsável, ou filhos com passagens notórias
pela polícia por furto de veículos, ou falsificação de cheques, ou pela dependência de drogas,
caso ele não consiga, pelo amor, transformá-los.
PERGUNTA : — Mas não seria uma justiça absolutamente dentro da Lei de "olho por
115
olho, e dente por dente", ao condenar à prostituição quem prostitui? Isso não seria um circulo vicioso, da
alma masculina renascer num corpo feminino e fatalmente condenada à prostituição, talvez, por culpa de outro
sedutor determinado, o agente da punição?
RAMATÍS: — Evidentemente, a Lei não é imoral nem vingativa, a ponto de ser
resultante de decretos irrevogáveis; sua finalidade não é conduzir, fatalmente, alguém à
prática criminosa ou imoral. Mas, assim como o assassino não renasce no futuro sob a
implacabilidade de ser assassinado por alguém já determinado por essa execução, e que o
exterminará caso reaja violentamente às situações criadas no ambiente, por analogia, o
espírito culpado de lubricidade e perversão ao próximo irá se encarnar num meio onde tudo
tende à prostituição. E, assim como abusou da fraqueza, do desamparo, da condição financeira
precária ou da paixão ingênua das jovens casadoiras, também há de ser vítima de tais
dificuldades e imprudências, as quais podem levá-lo à infelicidade de terminar num
prostíbulo, em face de não ter, também, os meios de sobrevivência digna.
No entanto, o que se cumpre é a Lei, antecipadamente exposta e explicada por todos
os instrutores espirituais da Terra, entre os quais Jesus foi o sintetizador, revivendo e rea-
tivando todos os ensinamentos, de modo que o homem não alegue desconhecimento.
Entretanto, o que interessa ao plano divino é a redenção do pecador e não a sua punição e,
mesmo depois da queda no vício degradante, ou no crime, ou da ambição, ou da vingança, o
espírito delinqüente ainda pode se redimir de seu erro, como Maria Madalena alcançou a sua
salvação após conhecer o Mestre Amado. Há inúmeros casos de criaturas viciadas, perversas,
subversivas e desonestas que se regeneram sob programas sociais salvacionistas, amparo
religioso ou quando, entre as fibras do instinto animal inferior, bruxuleia-lhes a luz libertadora
do sopro sagrado.
PERGUNTA : — Considerando-se que a luxúria é um dos "sete pecados capitais", toda mulher
prostituta ou homem pervertido na esfera do sexo há de sofre); na próxima encarnação, as piores conseqüências
de sua imprudência?
RAMATÍS: — Conforme já vo-lo dissemos alhures, em breve exemplo, o
homem que se suicida por enforcamento ou pela bala escaldante rompendo-lhe o crânio, há de
renascer de acordo com o delito praticado em si mesmo—com problemas mentais, surdo-
mudo e giboso, atravessando a existência infelicitado pela corcunda, ou sem ouvir e falar,
ou segregado num hospício. Mas, tudo isso acontece, não em conseqüência de punição pela
Lei, porém, por efeito de serem atos irregulares, violentos e contrários à técnica criativa
fundamental, pois, o espasmo derradeiro do homem pendurado na forca repuxa e atrofia o
tecido supermagnético do perispírito, formando o molde defeituoso para plasmar ou
materializar um novo corpo na próxima encarnação. E quanto ao surdo-mudo, ele fere, com a
bala suicida, os delicados neurônios etéreos do perispírito relativos à cerebração, matriz de
todos os cérebros físicos usados nas diversas encarnações terrenas, dificultando a
confecção perfeita dessa zona de transmissão da mente e da vontade para o organismo
carnal.
O mesmo ocorre a qualquer outra anomalia praticada pelo espírito num momento de
imprudência ou viciação, no decorrer de sua existência física, resultando efeitos semelhantes
por se gerarem de causas semelhantes. Eis o motivo por que os toxicômanos, ao entorpecerem ou
desregularizarem seu cérebro pela ação de psicofármacos, retomam à carne, em nova
existência, com distúrbios psíquicos de uma cronicidade imodificável no cenário físico na Terra,
sob a figura infeliz dos aparvalhados, excepcionais, epiléticos, esquizofrênicos, com baixo
nível de consciência e deficiências motrizes, capengando com um esgar circense, na reprodução
dos efeitos do tóxico, o qual, no pretérito, era tão-somente a fuga da responsabilidade da vida ou
da tentativa inútil de usufruí-la.
116
Mas, não existindo, por parte do Criador, os extremismos absolutos nos ciclos da vida,
em qualquer setor do Universo e na intimidade dos seres, a colheita cármica é, rigorosamente,
o fruto de um conjunto de dados causais ou premissas lógicas para soluções sensatas. Os
espíritos viciados ou toxicômanos devem colher, em encarnações futuras, os efeitos dessa
imprudência, e terão em outra vida a doença exatamente conforme o tipo do psicotrópico a
que se viciaram, o tempo do seu uso, a fuga deliberada das responsabilidades da vida em
comum na coletividade, a falta de cumprimento de promessas antes de se reencarnarem, o
ludíbrio e o sofrimento dos pais e da parentela onerada pelas tropelias, delinqüência ou
simples gazeio da aula física de conteúdo espiritual.
Da mesma forma, os espíritos de homens cuja ação sexual consiste em seduzir
mulheres desavisadas da realidade espiritual, abandoná-las ou enganá-las sem propósitos
benfeitores, mas apenas para satisfação egoísta, devem sofrer, na própria carne futura,
os efeitos milimetrados pela Lei do Carma, num planejamento tão determinista ou liberal
na vivência futura carnal, conforme o grau dos males e das causas ruins que mobilizou
anteriormente, ou de sua evolução no serviço de causas nobres, conseqüência de apri-
moramento espiritual.
117
PERGUNTA: — Que acontece ao homem extremamente luxurioso, em sua nova
encarnação, por efeito de sua vida demasiadamente lasciva e dos prejuízos que semeou trun-
cando sonhos, destinos e infelicitando mulheres?
RAMATIS: — Caso se trate de entidade extremamente pecadora pelo excesso de
lubricidade, cujo perispírito vibra na faixa do descontrole emocional, e sob o domínio do
combustível inferior da animalidade lasciva, há de modelar, na próxima existência física, um
tipo desbragado nos diversos sentidos em que essa energia predominante inferior deve atuar
na sua modulação carnal. Comumente, fere não só o campo cérebro-perispiritual; modifica as
linhas de forças construtoras da fisionomia humana, e produz tão grave vulnerabilidade
psicofísica, que os demais vícios ou delinqüências menores existentes na intimidade do
reencarnado, e menos ofensivos, terminam também se dinamizando.
Impõem a sua influência na formação anômala, desde o campo neurológico até o
sistema reprodutor, produzindo-se um tipo de aspecto predominantemente luxurioso, mas
débil, perigoso ou psicopata, pela característica de maldade e impiedade, na infelicitação
de mulheres vítimas de sua sanha erótica. É agravado ainda pela impotência e esterilidade,
proteção da Lei para evitar a continuidade de um binômio perispiritual e físico tão
indesejável. Descontrolado pela sexualidade, extravasando por todos os poros do corpo, mas
impotente e com dificuldades motrizes, é a criatura obscena, cuja fisionomia mais parece a tela
cinematográfica projetando os "facies" dos animais mais afins da luxúria do pernicioso
residual do perispírito, na própria tortura de não lograr a satisfação sexual, na compensação
obscena e na incessante irritação e atividade neuromuscular, cansando a mente, levando-o ao
delírio e, depois, prostrando-o numa fadiga delirante! ... No monturo de carne deformada pela
configuração grotesca, no aspecto repulsivo, chocante e agressivamente sexual, jaz a figura do
famigerado "don juan", desencaminhador de donzelas incautas, o conquistador de moçoilas
tolas, inexperientes e apaixonadas facilmente pelas promessas e mistificações, afogado no
próprio fluido de sua atividade anterior, extremamente irresponsável.
Sem dúvida, é extensa a gama de comprometimentos e reparações no campo de
qualquer ação culposa ou dolosa, que deve sofrer para se redimir qualquer espírito delinqüente,
agravando-lhe a situação pelas demais atividades complementares e contrárias ao bem,
resultantes do sentimento fundamental. No caso extremo do tarado sexual, agrava-se sua
situação retificadora, quando, no exercício de sua atividade ilegal, ainda deu vazão a outros
sentimentos como ódio, avareza, gula, alcoolismo, toxicomania, ciúme, ira ou astúcia. O
cortejo de energias mobilizadas do mundo animal, termina decorando-lhe a figura semi-
humana na próxima encarnação, de modo a eclodir através do perispírito sacrificado e fluir
para o meio ambiente até o derradeiro alívio.
118
sofrer no Além-Túmulo a ideoplastia consciente de suas atividades criminosas.
Assim, tanto é possível à alma delinqüente lograr a normalidade perispiritual, caso
complete a drenagem mórbida sem acontecimentos imprevisíveis deletérios, e a sua organi-
zação carnal resista aos impactos destrutivos e lesivos da carga fluídica tóxica em
exsudação, como necessitar de duas, três ou mais encarnações, expurgando aos poucos
para o mata-borrão vivo do corpo carnal, o conteúdo indesejável e mortificante imantado ao
perispírito.
119
libertação do instinto animal. Enquanto o homem ainda buscar prazeres nas coisas transitórias,
efêmeras e até enfermiças, invertendo os valores espirituais no culto decepcionante da carne,
não é o prostíbulo estatal ou federal, sob rigorosa assepsia, que irá solucionar um problema
milenar, a desafiar as mais abalizadas e prósperas culturas do mundo para uma solução lógica
e sensata.
O amor livre, a liberdade sexual e os experimentos de grupos na busca de soluções
definitivas, numa atividade que é transitória, jamais poderão oferecer a solução final. Jesus foi
a entidade de maior capacidade criativa no mundo, porque, elevando-se acima das
contingências do sexo, recurso específico da procriação, ativou a vida da humanidade,
delineando-lhe o destino da felicidade eterna. É tão sintomática a propriedade da necessidade
sexual que grandes sábios e gênios da humanidade viviam longo tempo sem sentirem as
exigências do instinto animal, tal o gasto de energias que consumiam, visualizando a
verdadeira vida do espírito imortal.
120
CAPÍTULO 11
“Buscai e achareis” 1
121
PERGUNTA: — Poderíeis expor-nos algo de uma ação cientifica do Cosmo, em
paralelo ao conceito do "Buscai e achareis", o qual é especcamente um código moral
espiritual?
RAMATIS: — A sugestão imperativa do Cristo através do "Buscai e achareis",
embora se refira a uma iniciativa de ordem moral e algo mística do espírito, implica na idéia
de "pesquisa", porquanto, "buscar" ou procurar é sempre investigar para encontrar. Assim, a
legislação divina preceitua ao espírito encarnado que se movimente, incessantemente, na
"busca" de sua própria realidade espiritual, malgrado também deva atender,
disciplinadamente, às exigências justas do seu organismo físico. Além de outras revelações
ocultas, que a humanidade terrícola irá identificando, tanto quanto se fizer o
desenvolvimento "mental-espiritual" do homem, o conceito do "Buscai e achareis" é uma
sequência miniatural da mesma Lei do Universo, que impele toda a criação para o progresso
e aperfeiçoamento.
À medida que o homem conhece e distingue os elementos fundamentais e
responsáveis pela estrutura das formas físicas do mundo, servindo-se dos próprios recursos
técnicos e científicos, se aproxima cada vez mais da ação criativa de Deus. Daí, o motivo por
que a ciência humana deve ser respeitada, uma vez que também é a miniatura da própria Ciên-
cia Cósmica Divina. O equívoco censurável é quando os cientistas superestimam as suas
próprias iniciativas e dispensam a presença de Deus. Assim, muitos laboratologistas ingênuos
da matéria transitória olvidam que só "descobrem" aquilo que Deus já havia criado
anteriormente, enquanto os seus triunfos são, apenas, produtos das leis e pensamentos que
regem o Universo.
Sob o conceito do "Buscai e achareis", Jesus deixa o homem aperceber-se de que há de
achar o que busca, porque isso já existe antes de ele se individualizar espiritualmente, como
criação antecipada e produzida pelo Criador. E quem for mais perseverante e confiante, também
há de encontrar, bem mais cedo, essaVerdade ou Bem Espiritual que"busca", porque, já de início,
vibra sob melhor freqüência sideral. O convite sutil da Divindade, que se oculta sob o preceito do
"Buscai e achareis" é para que o homem busque, mesmo através da ciência do mundo, a
autenticidade da Vida. Mas, não se deixe deslumbrar pelas descobertas extemporâneas, que
nada mais são do que simples"achados" do que Deus já criou. Não se exalte o homem, porque
conseguiu descer à Lua, se ainda não logra penetrar um centímetro dentro de sua própria alma.
Nem se orgulhe o cientista, por movimentar gigantesco avião, através do controle remoto, caso
ainda não saiba dirigir a sua própria alma em paz, no seio da família. Buscai pelos caminhos
científicos e técnicos da Terra, e "achareis", se fordes libertos da vaidade tola e do orgulho
imponente, que faz o homem julgar-se mais importante e sábio do que o seu próprio Criador.
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um homem alucinado, insensato ou anarquista, quem se atira descabeladamente a uma
iniciativa, sem qualquer reflexão, motivo ou propósito anterior.
Em face dos ensinamentos de Jesus ainda serem prematuros para o entendimento da
civilização primária terrícola, então, é possível que alguns exegetas maliciosos e especulativos
encontrem, no conteúdo evangélico, motivos para extrair ilações negativas. O Divino Mestre
resguardou, sob a vestimenta das parábolas, certos esclarecimentos esotéricos mais avançados
e incompreensíveis para a sua época, os quais, somente após alguns séculos ou milênios
devem ser entendidos no seu conteúdo exato, oculto. Aliás, é do próprio Jesus o Conceito de que
"Não se deve atirar pérolas aos porcos". Embora a simplicidade e a evidência moral do
Evangelho do Cristo bastem para garantir a aplicação sensata dos seus conceitos salvacionistas
com o decorrer do tempo, os homens ainda não puderam entender e comprovar que são, realmente,
delicadas miniaturas do próprio cientificismo do Cosmo.
Assim, o "pedir", na intenção de Jesus, não consiste simplesmente no ato primacial de a criatura
solicitar algo. Mas, é sumamente importante que ela, primeiramente, se decida em consciência, quanto à
natureza, contextura superior ou inferior do que pede. Quem não sabe o que pede, pode pedir
insensatamente! É ilógico que o homem venha a querer o que não deseja, pedir o que não pretenda, solicitar
o que não entende, ou, ainda, buscar o que não crê.
Ao pedir, em qualquer plano da vida mental, física ou espiritual, o homem expressa uma atitude
compatível com o seu entendimento íntimo ou bom senso; mas, não basta pedir, pois, é preciso também saber
pedir. Assim, o homem que, no mundo, pede de modo irregular, censurável e até em sentido destrutivo, diz-lhe
a Lei que "se vos dará", ou seja, confirma que ele possui o livre-arbítrio de pedir o que deseja. Mas, como
o conceito evangélico é claríssimo em explicar que "pedindo, recebereis", o homem que, então, saiba
como pedir, em qualquer condição de sua vida, há que saber que"a semeadura é livre", mas "a colheita é
obrigatória". Por isso, adverte Jesus que o "homem será julgado segundo as suas obras".
Sob tal aspecto, o Mestre Divino define ao entendimento do homem terrícola que o mal e o bem ainda
são frutos da própria atitude e condição humana, pois, tanto ele pode pedir certo como errado, e sempre será
atendido pela Lei. Deus é Amor absoluto e incondicional e atende a qualquer pedido, sem fazer distinção
ou restrição entre Seus filhos. É algo à semelhança do pai amoroso, que chega a paraninfar os equívocos dos
filhos, para não os frustrar na vida humana. Em verdade, Jesus disse que "pedindo, recebereis", mas não destacou
o que se deve "pedir", nem mesmo o que é certo ou errado no pedido, embora frisando que, sempre, será atendido
aquele que pedir. Obviamente, quem pedir há de ser o único responsável quanto à natureza dos efeitos que
possam suscitar-lhe o pedido "bom" ou o pedido "ruim".
Sob a Luz do Espiritismo
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operação de tirar as meias exige, "ritualisticamente", a mobilização do primeiro ato, em que deve, antes, des-
calçar os sapatos, como a etapa ordenativa e sensata do processo. Ninguém duvida de que só um louco
"busca" o que Mio cogita e o que não "pede".
Ao pedir, o homem indica o que deseja e considera de melhor para si, e a Divindade, então,
concede a permissão para ele conseguir a sua pretensão humana. Mas, ainda lhe fica o direito de escolher o
"objeto" que deseja e fazer dele o uso que lhe convier. Portanto, entre "pedir" e "receber", "buscai e
achareis", há um vínculo ou elo algo ritualístico, em que, pela disciplina da sucessão dos fatos, ninguém é
sensato "buscando" o que não sabe, o que não pede e o que não deseja.
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exigir o que ainda não tem direito e desistir de violentar o que ainda é prematuro para o seu poder
humano e para a sua capacidade espiritual
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Sob a Luz do Espiritismo
Como ficam os dilemas da vida quotidiana, à luz dos valores milenares da Sabedoria
Espiritual, que a doutrina espírita se propôs divulgar no ocidente?
No capítulo "A Mente", esse Mestre que há milênios se dedica a promover a unidade
do conhecimento oriental e ocidental, oferece uma síntese admirável do conhecimento esotérico
sobre as forças mentais, a ação da mente sobre a fisiologia humana, a estruturação
multimilenar da Mente Instintiva e sua atuação no inconsciente humano, a Mente Cósmica e
sua focalização no microcosmo humano.
Obra cativante pela clareza com que verte em linguagem ocidental, profundos
conhecimentos da Sabedoria Milenar, traz ao leitor elementos para repensar problemas de
máxima atualidade, oxigenados pelo sopro renovador da espiritualidade cósmica.
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