Impugnação - RP 0600150-54.2022.6.00.0000

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 17

Tribunal Superior Eleitoral

PJe - Processo Judicial Eletrônico

27/03/2022

Número: 0600150-54.2022.6.00.0000
Classe: REPRESENTAÇÃO
Órgão julgador colegiado: Colegiado do Tribunal Superior Eleitoral
Órgão julgador: Juiz Auxiliar - Ministro Raul Araújo
Última distribuição : 26/03/2022
Valor da causa: R$ 0,00
Assuntos: Propaganda Política - Propaganda Eleitoral - Extemporânea/Antecipada
Segredo de justiça? NÃO
Justiça gratuita? NÃO
Pedido de liminar ou antecipação de tutela? SIM
Partes Procurador/Terceiro vinculado
PARTIDO LIBERAL (PL) - NACIONAL (REPRESENTANTE) TARCISIO VIEIRA DE CARVALHO NETO (ADVOGADO)
CAROLINE MARIA VIEIRA LACERDA (ADVOGADO)
EDUARDO AUGUSTO VIEIRA DE CARVALHO (ADVOGADO)
MARINA ALMEIDA MORAIS (ADVOGADO)
LOLLAPALOOZA BRASIL SERVICOS DE INTERNET LTDA
(REPRESENTADO)
LATIN INVESTMENT SOLUTIONS PARTICIPACOES LTDA.
(REPRESENTADO)
Procurador Geral Eleitoral (FISCAL DA LEI)
Documentos
Id. Data da Documento Tipo
Assinatura
15741 27/03/2022 18:14 defesa FA TSE - Lolla 2022 Impugnação
6108
RODRIGUES BARBOSA, MAC DOWELL DE FIGUEIREDO
GASPARIAN - ADVOGADOS
_____________________________________________________

MARCO ANTÔNIO RODRIGUES BARBOSA STÉPHANIE GHIDINI LALIER


SAMUEL MAC DOWELL DE FIGUEIREDO MARIA BEATRIZ BROCHADO COSTA
TAÍS BORJA GASPARIAN JULIANA ROMÃO FRANCESCHI
VIRGINIA VERIDIANA BARBOSA GARCIA ANDREIA TELLES SILVA
MÔNICA FILGUEIRAS DA SILVA GALVÃO LUANA TUKAMOTO
CAROLINA ARID ROSA BRANDÃO CARINA BRUNO LIMA
ROBERTA BENITO DIAS ANDRESSA TARDIN DE CAMARGO
JAIME MAGALHÃES MACHADO JÚNIOR THAMIRES FRANCO MACHADO
MAYARA CRISTINA AMARELLINHO
STEPHANIE FAGALI GUIDA
ANA LUISA BERTHO BARBOSA
JULIANA GOMES DE ARAUJO
PATRIK MATOS GONÇALVES

Excelentíssimo Senhor Doutor Ministro Raul Araújo, do Tribunal Superior


Eleitoral

“De fato, todo poder emana do povo, competindo à


Justiça Eleitoral proteger essa vontade popular e não
substituí-la”.
Min. Jorge Mussi

REPRESENTAÇÃO (11541) Nº 0600150-54.2022.6.00.0000 – BRASÍLIA –


DISTRITO FEDERAL

T4F ENTRETENIMENTO S/A, sociedade por ações


com sede na Rua Cristiano Viana, nº 401, 15º andar, CEP: 05411-000 – São Paulo –
SP, inscrita no CNPJ nº 02.860.694/0001-62 (doc. 01), por sua advogada, vem à
presença de V. Exa., nos autos da ação de investigação judicial eleitoral promovida
por PARTIDO LIBERAL - PL, requerer a reconsideração da decisão liminar
deferida por V. Exa., pelos motivos de fato e de direito que passa a expor.

AV. BRIGADEIRO LUÍS ANTÔNIO, Nº 4763 – CEP 01401-002 - SÃO PAULO – SP – BRASIL
TEL: (55-11) 2344-6672 – FAX (55-11) 2344-6673
EMAIL: MAIL@RBMDF.COM.BR

RBMDFG - 3898176v1

Assinado eletronicamente por: TAIS BORJA GASPARIAN - 27/03/2022 18:14:37 Num. 157416108 - Pág. 1
https://pje.tse.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=22032718143650600000156110202
Número do documento: 22032718143650600000156110202
RODRIGUES BARBOSA, MAC DOWELL DE FIGUEIREDO,
GASPARIAN - ADVOGADOS

I – A T4F ENTRETENIMENTO

1. Primeiramente, importante consignar que


a T4F Entretenimento S/A é empresa líder no mercado de entretenimento, operando
no país há 20 anos, e responsável por alguns dos maiores espetáculos e shows
realizados no país, inclusive pelo Festival Lolapalooza. Daí porque comparece
espontaneamente no presente feito, protestando pela juntada da procuração no prazo
legal.

2. Ressalva-se que a T4F desconhece por


completo as duas empresas representadas, que não tem qualquer relação com a atual
organização do Festival. Contudo, de boa-fé, a T4F se apresenta como produtora do
evento.

3. A T4F já promoveu e viabilizou para o


público brasileiro desde shows de música nacionais (turnês de ROBERTO CARLOS,
MARIA RITA, SANDY&JR., etc.) e internacionais (SIMPLE RED, MADONNA,
ROGER WATERS, AEROSMITH, OS 3 TENORES, ELTON JOHN, ROLLING
STONES, PAUL McCARTNEY, etc.), mas também peças teatrais nacionais
(ADIVINHE QUEM VEM PARA REZAR, TEATRO RÁ-TIM-BUM, PETER PAN,
QUANDO NIETZSCHE CHOROU, etc.) shows família (CIRQUE DU SOLEIL,
SLAVA SNOW SHOW, DISNEY ON ICE, BLUE MAN GROUP, etc.), musicais da
Broadway (O FANTASMA DA ÓPERA, SWEET CHARITY, A BELA E A FERA,
CHICAGO, MISS SAIGON, etc.) e exposições (O CORPO HUMANO-REAL E
FASCINANTE, O GÊNIO LEONARDO DA VINCI, etc.).

4. A T4F é uma das responsáveis pela


inserção do Brasil no circuito das grandes turnês internacionais, atendendo ao

RBMDFG - 3898176v1

Assinado eletronicamente por: TAIS BORJA GASPARIAN - 27/03/2022 18:14:37 Num. 157416108 - Pág. 2
https://pje.tse.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=22032718143650600000156110202
Número do documento: 22032718143650600000156110202
RODRIGUES BARBOSA, MAC DOWELL DE FIGUEIREDO,
GASPARIAN - ADVOGADOS

interesse do mercado local, gerando empregos, divisas e impostos, com benefícios


para toda a sociedade.

5. No mais, a T4F e seus sócios não se


filiam a nenhum partido ou corrente política e jamais realizaram qualquer doação
eleitoral.

II – OBJETO DA AÇÃO

6. Trata-se de representação eleitoral em


que se alega a realização de propaganda eleitoral irregular, por conta de manifestações
de cunho político, realizadas por alguns artistas – Pablo Vittar e Marina - durante o
Festival Lollapalooza. Segundo a representação, a conduta dos artistas configuraria
propaganda eleitoral.

7. A representação, contudo, se embasa na


ilação de que as manifestações realizadas pelos artistas, dentre as quais as que
continham críticas ao Presidente Jair Bolsonaro e apoio ao candidato Lula,
configuraria propaganda antecipada, o que, data vênia, não é verdade.

8. Certamente induzido em erro pela parte


representante, Vossa Excelência deferiu liminar “vedando a realização ou
manifestação de propaganda eleitoral ostensiva e extemporânea em favor de
qualquer candidato ou partido político por parte dos músicos e grupos musicais que
se apresentem no festival, sob pena de multa de R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais)
por ato de descumprimento, a ser suportada pelos representados, até ulterior
deliberação desta Corte”.

RBMDFG - 3898176v1

Assinado eletronicamente por: TAIS BORJA GASPARIAN - 27/03/2022 18:14:37 Num. 157416108 - Pág. 3
https://pje.tse.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=22032718143650600000156110202
Número do documento: 22032718143650600000156110202
RODRIGUES BARBOSA, MAC DOWELL DE FIGUEIREDO,
GASPARIAN - ADVOGADOS

9. Segundo a decisão proferida “Não


obstante a clara disposição legal em vitrina, os artistas e cantores referidos que se
apresentaram no evento musical em testilha, além de destilar comentários elogiosos
ao possível candidato, pediram expressamente que a plateia presente exercesse o
sufrágio em seu nome, vocalizando palavras de apoio e empunhando bandeira e
adereço em referência ao pré-candidato de sua preferência”.

10. A decisão, data vênia, desconsidera que


as manifestações referidas NÃO tem natureza de propaganda eleitoral, mas sim de
manifestação artística, política, de caráter pessoal, cujo conteúdo foi integralmente
definido pelo artista, considerando seu repertório, sua compreensão do mundo e estilo
característico. Nem a T4F nem seus representantes dirigiram, de qualquer forma,
o conteúdo do show, que não foi contratado com a intenção de promover
qualquer candidato ou influenciar na campanha eleitoral.

11. O fato é que os políticos que hoje se


apresentam como pretensos candidatos à presidência, inclusive o presidente Jair
Bolsonaro, virtual candidato a reeleição, são constantemente objeto de análises,
positivas e negativas, críticas e questionamentos – o que é natural em uma
Democracia. Alguns dos artistas participantes do Festival, como comumente ocorre,
expressaram em seus shows suas opiniões acerca do atual Presidente e acerca da
política em geral. O fizeram de forma autônoma e independente, por sua vontade
própria, sem remuneração ou indicação de conteúdo.

12. Assim, a T4F não incidiu em propaganda


eleitoral, não contratou ou remunerou qualquer artista para fazer “campanha política”
para quem quer que seja, não havendo sentido na decisão proferida, que aplica
penalidade a empresas desconhecidas, por conta de manifestações de caráter pessoal
de responsabilidade exclusiva dos artistas.

RBMDFG - 3898176v1

Assinado eletronicamente por: TAIS BORJA GASPARIAN - 27/03/2022 18:14:37 Num. 157416108 - Pág. 4
https://pje.tse.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=22032718143650600000156110202
Número do documento: 22032718143650600000156110202
RODRIGUES BARBOSA, MAC DOWELL DE FIGUEIREDO,
GASPARIAN - ADVOGADOS

III - ILEGITIMIDADE PASSIVA DA EMPRESA PRODUTORA DO EVENTO


PELAS MANIFESTAÇÕES DOS ARTISTAS

13. É por demais evidente que a T4F


Entretenimento S/A, na qualidade de produtora do evento, não detém legitimidade
para responder pelas manifestações realizadas por artistas, no livre exercício de sua
manifestação do pensamento.

14. A T4F não tem qualquer ingerência ou


controle sobre o conteúdo artístico das apresentações. E mais: não tem como fazer
cumprir a ordem proferida, que veda manifestações de preferência política! Afinal, a
T4F não pode agir como uma censora privada, controlando e proibindo o conteúdo de
manifestações.

15. Veja, por exemplo, que no caso da


manifestação realizada pela artista Pablo Vittar, uma bandeira com menção a um
candidato lhe foi entregue por uma pessoa da plateia. Espontaneamente, a artista
empunhou a bandeira. Pergunta-se, como poderia a T4F evitar essa manifestação??

16. Assim, requer seja extinta a presente


representação, diante da manifesta ilegitimidade da produtora para responder pela
representação.

IV - A CONTRATAÇÃO E PRODUÇÃO DOS SHOWS

17. O festival Lollapalooza, cuja produção é


realizada pela T4F Entretenimento S/A há 7 (sete) edições, não tem qualquer relação
com as eleições previstas para esse ano.

RBMDFG - 3898176v1

Assinado eletronicamente por: TAIS BORJA GASPARIAN - 27/03/2022 18:14:37 Num. 157416108 - Pág. 5
https://pje.tse.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=22032718143650600000156110202
Número do documento: 22032718143650600000156110202
RODRIGUES BARBOSA, MAC DOWELL DE FIGUEIREDO,
GASPARIAN - ADVOGADOS

18. Basta dizer que o Festival estava


agendado para ocorrer em 2020, e foi duas vezes adiado, em razão da pandemia.
Finalmente pode ser realizado nos dias 25 a 27 de março corrente, contando com mais
de 70 artistas nacionais e internacionais, dos mais diversos estilos e tendências.

19. De toda forma, a divulgação dos shows


data de mais de 5 (cinco) meses atrás, sendo evidente que não tem qualquer relação
com as eleições.

RBMDFG - 3898176v1

Assinado eletronicamente por: TAIS BORJA GASPARIAN - 27/03/2022 18:14:37 Num. 157416108 - Pág. 6
https://pje.tse.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=22032718143650600000156110202
Número do documento: 22032718143650600000156110202
RODRIGUES BARBOSA, MAC DOWELL DE FIGUEIREDO,
GASPARIAN - ADVOGADOS

20. As simples menções ou críticas


realizadas nos shows em apreço a um candidato, ou crítica a outro, nem de longe
podem ser consideradas como propaganda eleitoral. Vejamos.

V - A LIVRE EXPRESSÃO ARTÍSTICA E DE OPINIÃO

21. Os artistas Pablo Vittar, Emicida, Marina


e outros são notoriamente engajados politicamente, e, durante os shows que realizam,
comumente se manifestam sobre diversas causas de interesse social e político.

22. Supor que esses artistas teriam sido


contratados ou recebido pagamento para alinhar-se politicamente a uma campanha
eleitoral, ou que seus shows configuram propaganda eleitoral, data vênia, é uma
suposição que desconsidera sua atuação pública.

23. Os pagamentos feitos aos artistas, aos


músicos, aos técnicos e às centenas de profissionais e fornecedores envolvidos dos
shows, remuneraram a prestação de serviços de apresentações de espetáculos, e nada
além disso.

24. O artista é contratado pela T4F


Entretenimento S/A para realizar os shows, e tem completa autonomia quanto ao
conteúdo de suas manifestações. E nem poderia ser diferente, diante das garantias de
livre exercício da manifestação artísticas e do pensamento, e da crítica,
constitucionalmente asseguradas na Constituição Federal (art. 5º, IV, IX e XIV).

25. Estranha-se sobremaneira a acusação


lançada ao artista e aos produtores, quando é por demais notório que artistas e
influenciadores em geral se manifestam, de forma pública e constante, acerca de suas

RBMDFG - 3898176v1

Assinado eletronicamente por: TAIS BORJA GASPARIAN - 27/03/2022 18:14:37 Num. 157416108 - Pág. 7
https://pje.tse.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=22032718143650600000156110202
Número do documento: 22032718143650600000156110202
RODRIGUES BARBOSA, MAC DOWELL DE FIGUEIREDO,
GASPARIAN - ADVOGADOS

posições políticas. De Caetano Veloso a Vanessa Da Mata, passando por Wagner


Moura, Anitta, muitos vem manifestando sua oposição ao Presidente Jair Bolsonaro,
sem que daí se tenha extraído nada mais do que manifestações regulares de opinião e
crítica, salutares no regime democrático. Tais manifestações devem ser admitidas,
desde que a manifestação seja espontânea.

26. Não é demais ressaltar que muitos


artistas também se manifestam em favor de Jair Bolsonaro, devendo também lhes ser
resguardada a oportunidade de fazê-lo.

27. Todas essas manifestações representam o


exercício regular da liberdade de expressão. Referem-se a posições políticas, ou
seja, a questão que deve justamente ser objeto de discussão pública, livre e
insuscetível de censura.

28. O Tribunal Superior Eleitoral define o


que configura propaganda eleitoral na Resolução TSE nº 23.610/2019:

“Art. 3º-A. Considera-se propaganda antecipada passível de multa


aquela divulgada extemporaneamente cuja mensagem contenha
pedido explícito de voto, ou que veicule conteúdo eleitoral em local
vedado ou por meio, forma ou instrumento proscrito no período de
campanha."
"Art. 3º-B. O impulsionamento de conteúdo político-eleitoral, nos
termos como permitido na campanha também será permitido durante
a pré-campanha, desde que não haja pedido explícito de votos e que
seja respeitada a moderação de gastos.”

29. Data vênia, nenhuma das manifestações


realizadas importa pedido explícito de voto ou contém conteúdo eleitoral!!

RBMDFG - 3898176v1

Assinado eletronicamente por: TAIS BORJA GASPARIAN - 27/03/2022 18:14:37 Num. 157416108 - Pág. 8
https://pje.tse.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=22032718143650600000156110202
Número do documento: 22032718143650600000156110202
RODRIGUES BARBOSA, MAC DOWELL DE FIGUEIREDO,
GASPARIAN - ADVOGADOS

30. A este respeito, vem este Tribunal se


manifestando reiteradamente:

“ELEIÇÕES 2016. AGRAVOS REGIMENTAIS. RECURSO


ESPECIAL. REPRESENTAÇÃO. PROPAGANDA ELEITORAL
ANTECIPADA. ART. 36-A DA LEI Nº 9.504/97. PEDIDO
EXPLÍCITO DE VOTOS. AUSÊNCIA. SÚMULA Nº 30/TSE.
INCIDÊNCIA. DESPROVIMENTO.
1. A veiculação de expressões e frases com clara intenção de
promover a reeleição de candidato, mas sem pedido explícito de
votos, não encontra vedação na norma. Precedente.
2. Este Tribunal Superior, em julgamento recente, assentou que,
"com o advento da Lei 13.165/2015 e a consequente alteração
sucedida no âmbito do art. 36-A da Lei das Eleições, bem como até
mesmo já considerando a evolução jurisprudencial do tema, a
configuração da infração ao art. 36 da Lei 9.504/97, em face de
fatos relacionados à propaganda tida por implícita, ficou
substancialmente mitigada, ante a vedação apenas ao pedido
explícito de votos e com permissão da menção à pré-candidatura,
exposição de qualidades pessoais e até mesmo alusão a plataforma e
projetos políticos (art. 36-A, I)." (AgR-REspe nº 85-18/SP, Rel. Min.
Admar Gonzaga, julgado em 3.8.2017).
3. Incide na espécie a Súmula nº 30/TSE, segundo a qual "não se
conhece de recurso especial eleitoral por dissídio jurisprudencial,
quando a decisão recorrida estiver em conformidade com a
jurisprudência do Tribunal Superior Eleitoral", aplicável igualmente
aos recursos manejados por afronta a lei.
4. Agravos regimentais desprovidos”.
(Recurso Especial Eleitoral nº 2564, Acórdão, Relator(a) Min.
Tarcisio Vieira De Carvalho Neto, Publicação: DJE - Diário da
justiça eletrônica, Tomo 36, Data 20/02/2019, Página 70)

“AGRAVO REGIMENTAL. RECURSO ESPECIAL. ELEIÇÕES 2016.


REPRESENTAÇÃO. PROPAGANDA ANTECIPADA. ART. 36-A DA
LEI 9.504/97. FACEBOOK. FOTOS COM O NÚMERO E SIGLA DO
PARTIDO. DIVULGAÇÃO. PRÉ-CANDIDATURA.
POSSIBILIDADE. PEDIDO EXPLÍCITO DE VOTO. AUSÊNCIA.
DESPROVIMENTO.1. Nos termos da jurisprudência desta Corte
Superior firmada para as Eleições 2016, a configuração de
propaganda eleitoral extemporânea - art. 36-A da Lei 9.504/97 -
pressupõe pedido explícito de votos.2. No caso dos autos, mera

RBMDFG - 3898176v1

Assinado eletronicamente por: TAIS BORJA GASPARIAN - 27/03/2022 18:14:37 Num. 157416108 - Pág. 9
https://pje.tse.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=22032718143650600000156110202
Número do documento: 22032718143650600000156110202
RODRIGUES BARBOSA, MAC DOWELL DE FIGUEIREDO,
GASPARIAN - ADVOGADOS

divulgação de fotos em rede social de pessoas junto ao pré-candidato,


"portando cartazes com o número e a sigla do partido por meio do
qual viria a se candidatar" (fls. 157-158), configura apenas
divulgação de pré-candidatura, o que é admitido pela norma de
regência e encontra amparo no vigente entendimento do Tribunal
Superior Eleitoral acerca do tema.3. Agravo regimental desprovido”.
(Recurso Especial Eleitoral nº 13969, Acórdão, Relator(a) Min. Jorge
Mussi, Publicação: DJE - Diário da justiça eletrônica, Tomo 212,
Data 23/10/2018, Página 7)

“ELEIÇÕES 2020. AGRAVO INTERNO. RECURSO ESPECIAL


ELEITORAL. PROPAGANDA ELEITORAL ANTECIPADA
NEGATIVA. POSTAGENS EM PERFIL DE REDE SOCIAL.
REPRODUÇÃO DE MATÉRIA JORNALÍSTICA. POSSIBILIDADE
DE REVALORAÇÃO JURÍDICA DOS FATOS DELINEADOS NO
ACÓRDÃO. AUSÊNCIA DE PEDIDO EXPLÍCITO DE NÃO
VOTO, DE OFENSA À HONRA E DE VEICULAÇÃO DE
CONTEÚDO SABIDAMENTE INVERÍDICO. LIBERDADES DE
EXPRESSÃO E DE INFORMAÇÃO. CRÍTICA POLÍTICA.
PROPAGANDA NÃO CONFIGURADA. CONDENAÇÃO
IMPOSTA NA ORIGEM AFASTADA. DECISÃO MANTIDA.
AGRAVO DESPROVIDO.
1. A configuração de propaganda eleitoral antecipada negativa
pressupõe o pedido explícito de não voto ou ato abusivo que,
desqualificando pré–candidato, venha a macular sua honra ou
imagem ou divulgue fato sabidamente inverídico. Precedentes.
2. Na linha da jurisprudência deste Tribunal Superior, os fatos
sabidamente inverídicos a ensejar a ação repressiva da Justiça
Eleitoral são aqueles verificáveis de plano (R–Rp nº 0600894–88/DF,
Rel. Min. Sérgio Banhos, PSESS de 30.8.2018).
3. As críticas políticas não extrapolam os limites da liberdade de
expressão, ainda que ácidas e contundentes, na medida em que fazem
parte do jogo democrático e estão albergadas pelo pluralismo de
ideias e pensamentos imanente à seara político–eleitoral.
Precedentes.
4. No processo eleitoral, a difusão de informações sobre os
candidatos – enquanto dirigidas a suas condutas pretéritas e na
condição de homens públicos, ainda que referentes a fato objeto de
investigação, denúncia ou decisão judicial não definitiva – e sua
discussão pelos cidadãos evidenciam–se essenciais para ampliar a
fiscalização que deve recair sobre as ações do aspirante a cargos
políticos e favorecer a propagação do exercício do voto consciente.

RBMDFG - 3898176v1

Assinado eletronicamente por: TAIS BORJA GASPARIAN - 27/03/2022 18:14:37 Num. 157416108 - Pág. 10
https://pje.tse.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=22032718143650600000156110202
Número do documento: 22032718143650600000156110202
RODRIGUES BARBOSA, MAC DOWELL DE FIGUEIREDO,
GASPARIAN - ADVOGADOS

5. As premissas fático–probatórias emolduradas no acórdão regional,


sobretudo quando se reproduz o conteúdo das publicações
impugnadas, viabilizam a revaloração jurídica dos fatos, sem que isso
contrarie o teor da Súmula nº 24/TSE, consoante jurisprudência
sedimentada neste Tribunal Superior.
6. No caso, das postagens impugnadas não se verifica pedido
explícito de não voto, nem veiculação de conteúdo que exorbite a
liberdade de expressão por se afigurar sabidamente inverídico ou
gravemente ofensivo à honra ou imagem do pré–candidato.
7. A postagem consistente em mera reprodução de matéria
jornalística que informa decisão judicial de bloqueio de bens e renda
de prefeito e candidato à reeleição devido à condenação por
improbidade administrativa não caracteriza propaganda eleitoral
antecipada negativa, visto que albergada pelas liberdades de
expressão e de informação, garantidas no texto constitucional.
8. Quanto às publicações elaboradas pelo usuário da rede social, a
correlação com o conteúdo da referida matéria jornalística
inviabiliza a percepção, de plano, de que as informações constituem
divulgação de fato sabidamente inverídico. Além disso, os
comentários veiculados, #vergonha, #EstânciaNãoMereceIsso e
Infelizmente Estância repercute negativamente na imprensa
sergipana, não exorbitam os limites da liberdade de expressão, de
sorte que as postagens em liça encerram mera crítica política,
inerente ao próprio debate democrático e à vida pública dos
mandatários, assegurada nos termos dos arts. 5º, IV, da Constituição
Federal e 36–A, V, da Lei nº 9.504/1997.9. Os argumentos esposados
no agravo interno afiguram–se insuficientes para convolar a decisão
agravada, devendo ser mantida a conclusão acerca da não
configuração da propaganda eleitoral extemporânea negativa na
espécie.
10. Agravo a que se nega provimento”.
(RECURSO ESPECIAL ELEITORAL nº 060004534, Acórdão,
Relator(a) Min. Edson Fachin, Publicação: DJE - Diário da justiça
eletrônica, Tomo 34, Data 04/03/2022)

31. É verdade que, no campo das eleições, o


respeito ao princípio da liberdade de escolha e à preservação da igualdade de
oportunidades entre os candidatos deve incidir sobre qualquer pessoa ou entidade que
se encontre em situação de exercer influência sobre o eleitorado, mas no caso
específico, por óbvio que a manifestação de uma cantora em espetáculo musical não

RBMDFG - 3898176v1

Assinado eletronicamente por: TAIS BORJA GASPARIAN - 27/03/2022 18:14:37 Num. 157416108 - Pág. 11
https://pje.tse.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=22032718143650600000156110202
Número do documento: 22032718143650600000156110202
RODRIGUES BARBOSA, MAC DOWELL DE FIGUEIREDO,
GASPARIAN - ADVOGADOS

tem nem a mais remota condição de violar o princípio, de modo a debilitar o


equilíbrio das eleições.

32. Além disso, o “princípio da proteção das


eleições”, presente no art. 14, §9º, da CF, é dirigido contra quaisquer atores ou grupos
que tenham o poder, ainda que em tese, de violar a integridade do processo eleitoral, o
que não acontece, obviamente, com a cantora Pablo Vittar, que por míseros 8
segundos, levantou uma bandeira com a imagem de um provável candidato durante
sua apresentação no evento cultural. Muito menos com a cantora Marina, que, aliás, é
inglesa. De resto, a liberdade de expressão abarca a tolerância da diversidade de
opiniões também no campo político, sendo completamente desproporcional a decisão
recorrida, que acaba por impor censura prévia a todos os 25 músicos que entrarão no
palco na tarde deste domingo.

33. Lembre-se que a tolerância vem sendo


defendida por esse Tribunal Eleitoral no âmbito das eleições, do mesmo modo como o
Supremo Tribunal Federal a tem defendido em diversas decisões relacionadas à ampla
liberdade de manifestação de concepções políticas, ideológicas e artísticas.
Recentemente, no acórdão em RECURSO ESPECIAL ELEITORAL Nº 0000082-
85.2016.6.09.0139, relatado pelo Min. Fachin, este TSE entendeu que mesmo os
ministros religiosos, que integram entidades aptas a exercerem influência sobre o
eleitorado, podem externar livremente suas opiniões políticas, sem que, com isso,
estejam praticando atos de abuso de poder religioso ou propaganda antecipada. Ora,
se assim é em relação a autoridades religiosas – e os bispos e padres são autoridades –
o que se dizer, então, de uma cantora em evento cultural que bradou algumas palavras
de apoio em relação a um possível candidato. Ou, em outras palavras, se este
Tribunal Superior Eleitoral entende que eventual desvirtuamento da ação eclesiástica
não é capaz de atingir a livre escolha dos cidadão no processo eleitoral, com muito

RBMDFG - 3898176v1

Assinado eletronicamente por: TAIS BORJA GASPARIAN - 27/03/2022 18:14:37 Num. 157416108 - Pág. 12
https://pje.tse.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=22032718143650600000156110202
Número do documento: 22032718143650600000156110202
RODRIGUES BARBOSA, MAC DOWELL DE FIGUEIREDO,
GASPARIAN - ADVOGADOS

menos razão poderia admitir que o cantor exerça essa influência a ponto de incidir no
resultado das eleições.

34. Não se pode querer transformar os


eventos culturais em movimentos absolutamente neutros, sem participação política,
sem que os legítimos interesses políticos sejam expressos, ou seja, não se pode querer
que os diversos eventos sociais não possam ter uma participação ativa nas questões
eleitorais.

35. Ainda que o Estado tenha a obrigação de


prevenir ou punir qualquer ato que implique na violação da livre formação da vontade
do eleitor, o que se reconhece como necessário, há de se ter em conta critérios para
que o que foi desenhado para proteger o sufrágio, não desborde para atos de censura –
que, por certo, também acabarão por influenciá-los.

36. De mais a mais, o princípio de proteção


das eleições impõe um regime de sujeição especial a todos aqueles que, de uma forma
ou de outra, participem ou intervenham na disputa eleitoral. Mas isso é dirigido
àqueles que participem ou intervenham na disputa, nada se relacionando a artistas que
se apresentam em espetáculo musical

37. Listando os motivos pelos quais a


liberdade de expressão é tida pela constituição como verdadeiro sobredireito, o
Ministro Roberto Barroso, destacou o papel constitucional da crítica e a sempre
presente ameaça da censura e da tentativa de embaraço ao livre expressar:

“15. Uma terceira função atribuída à livre discussão e


contraposição de ideias é o processo coletivo de busca da verdade1.

1
Essa concepção é tradicionalmente associada ao pensamento de John Stuart Mill, na sua obra clássica
“Sobre a Liberdade” (São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1942) apud ADI 4.815/DF, Voto do

RBMDFG - 3898176v1

Assinado eletronicamente por: TAIS BORJA GASPARIAN - 27/03/2022 18:14:37 Num. 157416108 - Pág. 13
https://pje.tse.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=22032718143650600000156110202
Número do documento: 22032718143650600000156110202
RODRIGUES BARBOSA, MAC DOWELL DE FIGUEIREDO,
GASPARIAN - ADVOGADOS

De acordo com essa concepção, toda intervenção no sentido de


silenciar uma opinião, ainda que ruim ou incorreta, seria
perniciosa, pois é na colisão com opiniões erradas que é possível
reconhecer a “verdade” ou as melhores posições. O quarto
fundamento da proteção privilegiada da liberdade de expressão está
atrelada à sua função instrumental para o exercício e o pleno gozo
dos demais direitos fundamentais. A quinta e última justificação
teórica se refere à preservação da cultura e história da sociedade. As
liberdades comunicativas constituem claramente uma condição para
a criação e o avanço do conhecimento e para a formação e
preservação do patrimônio cultural de uma nação.2

16. Por fim, além dos fundamentos filosóficos, há uma importante


razão de ordem histórica para a atribuição de uma posição
preferencial às liberdades expressivas: o temor da censura. Existe
uma suspeição, historicamente fundada, em relação a intervenções
estatais para regular a expressão. No Brasil, o trauma é
particularmente intenso e invoca memórias recentes. A história da
liberdade de expressão no país é uma história acidentada. Desde o
Império, a repressão à manifestação do pensamento elegeu alvos
diversos, da religião às artes. Durante diferentes períodos ditatoriais,
houve temas proibidos, ideologias banidas, pessoas malditas. No
jornalismo impresso, o vazio das matérias censuradas era preenchido
com receitas de bolo e poesias de Camões. Censuravam-se músicas,
peças, livros e programas de televisão.

17. Diante desses fundamentos, as múltiplas e até redundantes


disposições sobre a liberdade de expressão na Constituição de 1988
refletem a preocupação do constituinte em garantir o florescimento
de um espaço de livre fluxo de ideias no cenário de
redemocratização do Brasil, após o fim da ditadura militar, e de criar
salvaguardas para impedir o retorno dos fantasmas do passado. O
reconhecimento de uma posição preferencial às liberdades
comunicativas é justamente um dos principais mecanismos dessa
proteção.”3

Ministro Luis Roberto Barroso, Ministra Relatora Cármen Lúcia, Supremo Tribunal Federal, d.j.
10.06.2015.
2
Tais justificações teóricas foram sistematizadas no marco interamericano da liberdade de expressão e
pela Corte Constitucional Colombiana na Sentença T-391/07, de 22.04.2007 apud ADI 4.815/DF, Voto
do Ministro Luis Roberto Barroso, Ministra Relatora Cármen Lúcia, Supremo Tribunal Federal, d.j.
10.06.2015.
3
ADI 4.815/DF, Voto do Ministro Luis Roberto Barroso, Ministra Relatora Cármen Lúcia, Supremo
Tribunal Federal, d.j. 10.06.2015

RBMDFG - 3898176v1

Assinado eletronicamente por: TAIS BORJA GASPARIAN - 27/03/2022 18:14:37 Num. 157416108 - Pág. 14
https://pje.tse.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=22032718143650600000156110202
Número do documento: 22032718143650600000156110202
RODRIGUES BARBOSA, MAC DOWELL DE FIGUEIREDO,
GASPARIAN - ADVOGADOS

38. A Corte Suprema se posiciona


reiteradamente em reconhecimento do fato de que o direito à crítica é basilar para o
pleno exercício das liberdades de manifestação de pensamento e é fundamental para a
perfeita consolidação do Estado Democrático.

39. Neste sentido, considerando as


manifestações críticas realizadas pelos artistas, tal como feita e no contexto em que
foi exarada, não caracteriza campanha eleitoral.

40. Por todo o exposto, bem demonstrada a


estrita licitude das opiniões expressadas pela artista e a não configuração de
propaganda eleitoral, resta evidente a inexistência de fundamento para a aplicação de
qualquer penalidade aos representados que, por sua vez, não têm qualquer
responsabilidade pelos atos ou manifestações do artista. Não se caracteriza, nem
remotamente, propaganda antecipada, devendo o presente procedimento ser
arquivado.

VI - CONCLUSÃO

41. Por todo o exposto, a representada T4F


requer seja reconsiderada a decisão liminar deferida, sem a aplicação de qualquer
penalidade.

42. Por fim, a T4F informa que apresentará


defesa no prazo legal.

RBMDFG - 3898176v1

Assinado eletronicamente por: TAIS BORJA GASPARIAN - 27/03/2022 18:14:37 Num. 157416108 - Pág. 15
https://pje.tse.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=22032718143650600000156110202
Número do documento: 22032718143650600000156110202
RODRIGUES BARBOSA, MAC DOWELL DE FIGUEIREDO,
GASPARIAN - ADVOGADOS

43. Subsidiariamente, caso Vossa Excelência


não entenda por reconsiderar a decisão liminar, requer-se seja a presente petição
recebida como agravo, remetendo-se os autos ao Plenário para julgamento.

44. Por fim, requer-se que todas as


intimações pela imprensa oficial sejam realizadas em nome da Dra. Taís Borja
Gasparian, inscrita na OAB/SP nº 74.182.

De São Paulo para Brasília, 27 de março de 2022.

Taís Borja Gasparian Monica Filgueiras da Silva Galvão


OAB/SP nº 74.182 OAB/SP nº 165.378

RBMDFG - 3898176v1

Assinado eletronicamente por: TAIS BORJA GASPARIAN - 27/03/2022 18:14:37 Num. 157416108 - Pág. 16
https://pje.tse.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=22032718143650600000156110202
Número do documento: 22032718143650600000156110202

Você também pode gostar