Via Sacra Composta Por Mons. João Clá Dias
Via Sacra Composta Por Mons. João Clá Dias
Via Sacra Composta Por Mons. João Clá Dias
Carta de aprovação
VIA SACRA
- São Paulo -
Março 2001
D. Emilio Pignoli
Prezado Sr. João Clá Dias: “Sem Mim nada podeis fazer” (Jo 15,5).
Louvado seja Jesus Cristo!
Ó meu Jesus, sem Vós nada posso fazer, meus méritos são nulos; minha
inteligência, turva; minha vontade, enferma; meus sentimentos,
Ao ler as inspiradas enlouquecidos.
meditações da Via-Sacra, que
em hora tão oportuna
“Tudo posso n'Aquele que me conforta” (Fl 4,13), em união convosco, sou
escreveu, logo me veio à
mente o tema proposto pelo capaz das mais ousadas virtudes, minha alma voa. Vós sois a fonte de todo
Santo Padre para a próxima o bem existente em mim.
Jornada Mundial da
Juventude, que se realizará no
Preparo-me neste instante para acompanhar-Vos em Vossa Via Sacra. Nela
Domingo de Ramos: “Se
alguém quiser vir após Mim, eu Vos encontrarei chagado, sem forças e ensanguentado: “Eu, porém, sou
renegue-se a si mesmo, tome um verme, não sou homem, o opróbrio de todos e a abjeção da plebe” (Sl
a sua cruz e siga-me” (Mt 21,7). Forte expressão usa a Escritura ao referir-se à Vossa Paixão.
16,24).
“Transpassaram minhas mãos e meus pés: poderia contar todos os meus
É na meditação dos
sofrimentos de Cristo que nós ossos” (Sl 21,17-18). Muito diferente está Vossa Divina figura d'Aquela que
encontraremos força para os Apóstolos contemplaram no Tabor, ou caminhando sobre as águas, ou
carregar nossa própria cruz de curando os enfermos. Nessa divina tragédia verei estampada a feiúra e a
todos os dias. Por isso a Igreja
maldade de meus pecados. A enorme quantidade de minhas faltas me
tanto recomenda o exercício
da Via-Sacra, sobretudo na confundirá de começo ao fim. Vós Vos tornastes um verme, foi possível
Quaresma. É ele também um contar Vossos ossos, morrestes por causa de meus pecados. “Ó vós todos,
meio eficaz de fazer crescer que passais pelo caminho: olhai e julgai se existe dor igual à dor que me
em nós horror ao pecado,
atormenta” (Lm 1, 12).
causa dos sofrimentos do
Salvador.
Gostaria de ressaltar alguns Ah! Senhor Jesus, perdão! Começo por Vos pedir perdão por tanta miséria
aspectos desta Via-Sacra que e pela enorme culpa que tenho em Vossos tormentos!
a tornam particularmente
recomendável.
Pareceu-me muito adequada a Por outro lado, Vós me convidais neste ato a seguir os Vossos passos:
inclusão de trechos das “Quem não toma a sua cruz e não me segue, não é digno de Mim” (Mt
Escrituras nas meditações de 10,38).
cada Estação, fundamentando
assim as reflexões feitas, e
incentivando ao mesmo Senhor! Quero não só ser digno de Vós como, muito mais, desejo ser Vosso
tempo os fiéis a se e como Vós. Aceitai meu ser com tudo o que lhe é próprio, meus bens
aprofundarem no materiais e sobrenaturais, de agora e do futuro. Tudo Vos entrego, Senhor!
conhecimento da Palavra,
E que corresponda eu às múltiplas graças que receberei durante este
recomendação insistente do
Concílio Vaticano II. O elevado exercício de piedade. Convertei-me, atraí-me inteiramente a Vós.
mesmo se diga das belas e
bem escolhidas citações de Para isto eu Vos peço a intercessão da Virgem Dolorosa. Que Ela me cubra
Sto. Agostinho, de S.
com seu maternal manto, auxiliando-me a unir-me a Vós e também a
Jerônimo e de outros Padres
da Igreja. abraçar a minha cruz. Amém.
No referente às meditações, é
preciso considerar que elas
seriam estéreis se não
levassem os cristãos a
formular propósitos de vida, I ESTAÇÃO
ou seja, à conversão interior,
pois “fé sem obras é morta”
(Tg 2,26). E nesse sentido se JESUS É CONDENADO À
pode afirmar ser esta Via-
MORTE
Sacra muito completa. Por
isso estou certo de que todos
quantos fizerem este piedoso
V/. Nós Vos adoramos, ó Cristo, e Vos
exercício encontrarão nele um
poderoso meio de bendizemos.
santificação. O que é afinal a R/. Porque pela Vossa Santa Cruz
santidade senão a imitação de remistes o mundo.
Jesus Cristo?
Felicito pois vivamente o
Autor por tão excelente
iniciativa, que será de grande Leitura:
proveito para a Nova
Evangelização na qual estão
empenhados os Arautos do
Evangelho, Os Cavaleiros do Pilatos tornou a entrar no pretório, chamou Jesus e disse-Lhe: “Tu és o
Novo Milênio e a Associação
rei dos judeus?” Jesus respondeu-lhe: “É por ti mesmo que dizes isso, ou
Cultural Nossa Senhora de
Fátima. disseram-to outros de Mim?” Pilatos respondeu: “Porventura sou eu
Ao Autor, assim como a todos judeu? A Tua nação e os sumos sacerdotes é que Te entregaram a mim:
os que piedosamente Que fizeste?” Jesus respondeu: “O Meu Reino não é deste mundo: se o
praticarem a devoção da Via-
Meu Reino fosse deste mundo, pelejariam os Meus servos, para que Eu
Sacra, concedo com grande
comprazimento minha bênção não fosse entregue aos judeus; mas o Meu Reino não é daqui”. Disse-lhe
pastoral. Pilatos: “Logo Tu és rei?” Jesus retorquiu: “Tu o dizes! Eu sou Rei! Para
isto nasci, e para isto vim ao mundo, a fim de dar testemunho da
verdade. Todo aquele que é da verdade ouve a Minha voz” (Jo 18,33-37).
Campo Limpo, 15 de fevereiro
de 2001. Pilatos viu que nada adiantava, mas que, ao contrário, o tumulto crescia.
Fez com que lhe trouxessem água, lavou as mãos diante do povo e disse:
“Sou inocente do sangue deste homem. Isto é lá convosco!” E todo o povo
D. Emilio Pignoli
respondeu: “Caia sobre nós o seu sangue e sobre nossos filhos!” Libertou
Bispo Diocesano de Campo
Limpo - SP então Barrabás, mandou açoitar Jesus e lho entregou para ser
crucificado (Mt 27,24-26).
Meditação:
Jesus não nega Sua condição de Rei, nem sequer descarta a hipótese de
estender a toda Terra Seu império. Ao afirmar não ser o Seu reino deste
D. Emilio Pignoli ao lado do mundo, não deixa de querer ser o rei de nossos corações. Ele irá Se
autor.
entregar nas mãos dos carrascos por amor a nós; neste momento de Sua
Arquivo do blog prisão, não devemos oferecer-Lhe nossos corações?
▼ 2008 (4) Jesus, Rei de meu coração, significa submeter-Lhe minha vontade, meu
▼ Fevereiro (4) querer. Eu não devo estimar nada nem a ninguém, acima de Jesus. Para
Mons. João S. Clá Dias Ele, toda minha admiração e fervor.
VIA SACRA - São Não quero ser neutro face a esse profundo desejo de Jesus. Essa foi a
Paulo...
grande falta cometida por Pilatos: a neutralidade diante de um apelo
III ESTAÇÃO JESUS
divino e de uma criminosa acusação. Se eu não entregar meu coração a
CAI PELA
PRIMEIRA VEZ V/. Jesus, já na primeira Estação desta Via Sacra, no momento de Sua prisão,
Nó... eu serei outro Pilatos: “Fez com que lhe trouxessem água, lavou as mãos
VII ESTAÇÃO JESUS diante do povo e disse: ‘sou inocente do sangue deste homem. Isto é lá
CAI PELA
convosco!’ E todo o povo respondeu: ‘caia sobe nós o seu sangue e sobre
SEGUNDA VEZ V/.
nossos filhos!’ Libertou então Barrabás, mandou açoitar Jesus e Lho
Nós ...
XI ESTAÇÃO JESUS É entregou para ser crucificado” (Mt 27,24-26).
PREGADO NA CRUZ Jesus está a implorar meu coração neste passo da Paixão, Ele quer a minha
V/. Nós... santificação.
Conheça o autor
desta Via Sacra (Breve pausa para reflexão)
http://www.joaocladias.org.b
r Oração:
Oração:
Que significa ter parte na
cruz de Cristo? Quer Ó Jesus, castigado por meus crimes e esmagado por minhas infidelidades,
dizer experimentar no quanto Vos adoro e Vos agradeço por quererdes reerguer-me de minhas
Espírito Santo o amor quedas. Elevai-me desta situação em que me encontro, produzi em mim
que esconde atrás de si a uma verdadeira conversão, para que eu retorne ao caminho de minha
cruz de Cristo. Quer dizer salvação e nunca desanime. Que eu deteste tudo aquilo que me separa de
reconhecer, à luz deste Vós, morra para o pecado e jamais desconfie do Vosso socorro.
amor, a nossa própria
cruz. Quer dizer carregá- Pai-Nosso, Ave-Maria, Glória.
la sobre nossos ombros e,
movidos cada vez mais
por este amor, caminhar. V/. Sagrado Coração de Jesus, vítima dos pecadores.
Caminhar através da R/. Tende piedade de nós.
vida, imitando Aquele V/. Pela misericórdia de Deus descansem em paz as almas dos fiéis
que "suportou a cruz sem defuntos.
temer a ignomínia, e está R/. Amém.
sentado à direita de
Deus" (Eb 12,2).
*******
Contagem de visitas
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Free Counter IV ESTAÇÃO
http://easyhitcounters.com/s
tep3.php? ENCONTRO DE JESUS COM
username=viasacrajcd&style= SUA MÃE SANTÍSSIMA
ariali
Leitura:
Simeão abençoou-os e disse a Maria, sua mãe: “Eis que este Menino está
destinado a ser causa de queda e de soerguimento para muitos homens
em Israel, e a ser um sinal que provocará contradições, a fim de serem
revelados os pensamentos de muitos corações. E uma espada
transpassará a tua alma” (Lc 2,34-35).
Ó vós todos, que passais pelo caminho: olhai e julgai se existe dor igual à
dor que me atormenta (Lm 1,12).
Meditação:
“Sua mãe guardava todas estas coisas no seu coração” (Lc 2,51). Devia
Ela lembrar-se com exatidão das palavras do Arcanjo São Gabriel durante
a Anunciação: “Ele será grande e chamar-Se-á Filho do Altíssimo, e o
Senhor Deus Lhe dará o trono de Seu pai Davi; e reinará eternamente na
casa de Jacó, e o Seu reino não terá fim” (Lc 1,32-33).
“Mas como seriam esse trono e esse reino – deveria penar Ela – se meu
Filho é uma só chaga da cabeça aos pés, sem forças sob o peso da Cruz?”.
Maria, por sua sabedoria, conhecia profundamente a imensa gravidade do
pecado. Mas seria necessário levar as coisas a esse ponto? Quem poderia
imaginar cena mais trágica? Uma espada de dor penetrou sua alma
puríssima e ali depositou um sofrimento lancinante.
Oração:
Ó Virgem Dolorosa, perdão! Perdão pela grande culpa que tenho neste
passo da Paixão. Reconheço as minhas faltas e Vos agradeço por Vos
terdes associado aos tormentos de Vosso Divino Filho para me redimir. Ó
celeste Corredentora, invoco essa sagrada troca de olhares entre Mãe e
Filho, em circunstâncias tão dramáticas, para implorar perdão. Somando o
amor de todos os anjos e santos até o fim do mundo, em nada se
compararia ao amor de um Deus a Sua Mãe, ou ao da Mãe a seu Filho
Deus. Bastaria essa relação de olhares para restaurar minha inocência
perdida. É o momento, ó Maria Santíssima: restaurai-me em minha
inocência!
**********
V ESTAÇÃO
Leitura:
Meditação:
Oração:
Ó Jesus que neste passo de Vossa Paixão pedis a minha ajuda, aqui estou
para Vos servir, Senhor! Com o auxílio de Vossa graça, estou disposto a
enfrentar a opinião dos outros e levar ao alto o estandarte da prática da
virtude. Quero seguir-Vos com minha cruz. Ajudai-me a ajudar-Vos,
Senhor, e que eu jamais Vos ofenda pela covardia diante das risotas dos
outros. Que Vossos mandamentos sejam minha lei e a minha vida. Quero
carregar minha cruz e seguir-Vos.
**********
VI ESTAÇÃO
Leitura:
Meditação:
Oração:
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VII ESTAÇÃO
Leitura:
Meditação:
Nada acontece a Jesus sem um profundo significado. Tudo n'Ele é simbólico e tem
sua razão de ser. Essa segunda queda acentua ainda mais a noção de quanto
pesam, sobre seus sagrados ombros, os nossos pecados.
Suas forças vão enfraquecendo a cada passo e, apesar do auxílio do Cireneu, a
Cruz vai se tornando esmagadora. Quem, ao cair pela segunda vez naquelas
circunstâncias, não se deixaria permanecer no solo? Teria chegado a oportunidade
para desistir. Como eram suaves aquelas pedras do caminho em comparação com
os sofrimentos que ainda viriam pela frente.
Ademais, quis Jesus mostrar-nos qual deve ser a extensão de nossa confiança,
mesmo quando recaímos em nossas faltas. O Salvador está sempre disposto a nos
perdoar e para isto é fundamental nunca desanimarmos. Tendo Ele assumido
nossas culpas, jamais deixará de nos reerguer. Duvidar da misericórdia infinita de
Deus, tão desejoso de nos perdoar e salvar, é uma ofensa ainda pior do que o
próprio pecado, segundo ensina Santo Agostinho.
Oração:
Uma segunda queda, Ó Jesus! Vejo bem o quanto Vos pesam os meus crimes. As
pedras do caminho são meus crimes. Certamente elas Vos prestaram algum apoio
nesta aflição. Se elas fossem dotadas de inteligência e vontade, começariam a
soluçar de compaixão por acompanharem de perto Vossos passos.
Ah, Senhor Jesus, compadecei-Vos de minha pobre alma! Tocai-a com a Vossa
graça, concedendo-lhe uma viva experiência de Vossa dor. Que jamais eu me
deixe levar pelo desânimo.
Pelos infinitos méritos dessa Vossa segunda queda, confirmai-me na Vossa graça,
por Maria Santíssima eu Vo-lo imploro.
*********
VIII ESTAÇÃO
Leitura:
Meditação:
Em Sua Via Sacra, rumo ao Calvário, uma grande multidão seguia Jesus. Porém,
nem todos eram bons. Ali estavam, aqueles que haviam pedido Sua morte,
ansiosos por assistirem a Seu último suspiro. Não se pode descartar a hipótese da
presença de alguns homens bons e aflitos com o enorme crime que diante de seus
olhos se desenrolava. Mas, também eles se mantinham na mesma inação covarde
que levara os Apóstolos a abandonarem o Divino Mestre.
Somente as mulheres “batiam no peito e O lamentavam”. São elas mais sensíveis
à contrição, à penitência e à compaixão. Sua comovida piedade as levava a sofrer
com Jesus, o Bom Pastor, que havia feito o bem até com Sua sombra, por todos os
lugares onde passara. Quantos beneficiados por Ele não estariam em meio à
multidão...
Entretanto, a sentença já havia sido decretada. Os soldados romanos não tinham
outra alternativa senão a de executá-la, e com a crueldade tão comum e freqüente
com que eram tratados os prisioneiros naqueles tempos.
“... Se eles fazem isto ao lenho verde” – Jesus, a Inocência e a Santidade, com
brutalidade máxima era conduzido pelos soldados romanos. “Que acontecerá ao
lenho seco?” – qual seria a violência a ser empregada num futuro não muito
distante, pelos mesmos romanos, contra o povo ali representado? A
responsabilidade pelo pecado de deicídio pesava sobre todos, e por isso Jesus
profetizou o castigo que cairia sobre os habitantes daquela cidade: “chorai sobre
vós mesmas e sobre vossos filhos”.
Jesus, embora mergulhado nos tormentos da Paixão, caminhava para o triunfo do
cumprimento de Sua missão. Seus sofrimentos eram uma nova coroa de glória, e
por isso afirmou: “não choreis sobre Mim”. Na sua infinita justiça, Jesus advertia
as mulheres da necessidade de repararem o pecado coletivo. Não bastava
comoverem-se com a tragédia de um Deus injustiçado. Era indispensável aplacar
a cólera divina contra a nação, pelo crime cometido.
Oração:
Ó Jesus, Senhor da Justiça que a todo bem premiais e a todo mal castigais, dai-me
a graça de ter plena consciência de minhas loucuras, crimes e pecados, a fim de
pedir-Vos perdão com sinceridade. Quanto mais profundamente eu reconhecer
minhas faltas, melhor será meu arrependimento e ampla será a Vossa absolvição.
Vejo agora com toda clareza o quanto tinha razão Santo Agostinho ao afirmar
serem os pecados coletivos castigados nesta Terra. Compreendo quanto devemos
repará-los a fim de se evitar a santa ira de Deus.
Não quero deixar de Vos confessar, Senhor, todo o horror que penetrou em minha
alma diante de tanta covardia. Ninguém para Vos defender! Dai-me, Senhor, a
graça de jamais ter vergonha de defender Vossa honra. E Vos peço perdão por
todas as minhas infidelidades nesta matéria.
*********
IX ESTAÇÃO
Leitura:
Mas aprouve ao Senhor esmaga-lo pelo sofrimento. Era desprezado, era a escória
da humanidade, homem das dores, experimentado nos padecimentos. Como
aqueles diante dos quais se cobre o rosto, era amaldiçoado e não fazíamos caso
dele (Is 53, 2,10).
Também Cristo padeceu por vós, deixando-vos exemplo para que sigais os Seus
passos. Carregou os nossos pecados em Seu corpo sobre o madeiro para que,
mortos aos nossos pecados, vivamos para a justiça (I Pe 2, 21,24).
Meditação:
“Eu sou a luz do mundo; aquele que Me segue não andará em trevas, mas terá a
luz da vida” (Jo 8,12).
Aí está, diante de meus olhos e sob o peso da cruz, a luz do mundo caída ao chão
pela terceira vez. Cruz essa, símbolo de meus pecados, banhada já pelo
preciosíssimo e adorável Sangue do Redentor.
Várias incógnitas cercam essa terceira queda de Jesus. De que apoio servia o
Cireneu para carregar a Cruz? Por que não tomou ele sobre seus ombros a parte
mais pesada? Se os soldados haviam já decidido convocar compulsoriamente o
Cireneu, não lhes faltava compreensão para perceber o estado de esgotamento de
sua vítima. Por que lhe exigem continuar a caminhada?
Uma vez mais, imagem de nossa miséria. Assim somos nós. Os nossos melhores
atos de virtude vêm sempre embebidos das falhas que tanto atormentam a delicada
e sensível consciência dos santos. “Afinal, não pecarei mais”, foi o último gemido
lançado por São Luís Grignion de Montfort, antes de expirar. Por isso me
pergunto diante desta cena: se eu fosse o Cireneu, teria procedido de outra forma?
Quantas e quantas vezes não fui relaxado no cumprimento de meus deveres, na
prática da virtude, no evitar as ocasiões que me levam ao pecado... Como estou
longe da perfeição, deixando Jesus ser quase esmagado sob o peso da Cruz, sem
me preocupar em ajudá-Lo!
Por outro lado, Jesus me repete: “Eu sou o caminho, a verdade e a vida” (Jo 14,6).
Ele me dá o divino exemplo: não devo me apoiar nas inconsistentes promessas
humanas; só no sobrenatural está o meu amparo e proteção. Nem o ressentimento
pode ser a minha lei. Se me abandonam ou me perseguem, e caio sob o madeiro
das decepções, jamais o desânimo me abaterá, desde que siga o exemplo de meu
Divino Mestre: retomar a cruz e chegar ao fim.
Sempre há mais para dar, mesmo quando o fôlego parece já não existir. Essa é
também umas das lições contidas nesta Estação.
Oração:
Ó meu Jesus, perdão! Perdão por sobrecarregar Vossos sagrados ombros com o
peso de meus pecados. Como esgotam eles Vossas forças por causa de seu número
e gravidade!
Perdão por ser relaxado no cumprimento de meu dever. Sei bem que não sendo
perfeito como nosso Pai celeste é perfeito, torno ainda mais pesada a Vossa cruz.
Sou eu também a causa desta Vossa terceira queda.
Eu Vos agradeço o exemplo de generosidade e entrega total que neste passo da
Paixão me dais e Vos rogo graças eficazes para Vos servir continuamente com
amor desinteressado e ânimo forte.
*********
X ESTAÇÃO
Leitura:
Tomaram as Suas vestes e fizeram dela quatro partes, uma para cada soldado. A
túnica, porém, toda tecida de alto a baixo, não tinha costura. Disseram, pois, uns
aos outros: “Não a rasguemos, mas deitemos sorte sobre ela para ver de quem
será”. Assim se cumpria a Escritura: Repartiram entre si as Minhas vestes e
deitaram sorte sobre minha túnica (Jo 19, 23-24).
Meditação:
Quem poderia imaginar tão grande humilhação? Jesus, o próprio criador do pudor
e deste dotado no grau mais perfeito, é despojado de Suas vestes diante de toda
aquela gente. Talvez para reparar a imoralidade e falta de modéstia dos trajes de
épocas futuras. De modas que receberiam a grave censura de Nossa Senhora em
Fátima.
Quatro soldados disputaram a pouca herança da Divina Vítima. A pobreza
d'Aquele Deus era tal que, à hora de Sua morte, não Lhe restava senão a roupa
com a qual estava vestido. Nova lição para mim, que sou dominado pela mania de
juntar tesouros neste mundo.
Sobre a túnica decidiram jogar a sorte, por concluírem os soldados tratar-se de
uma peça de elevado valor, pois não tinha uma só costura de alto a baixo. Era
tecida com arte requintada. Quem a fizera? Maria Santíssima, Sua Mãe! A missão
salvífica e universal de Jesus se representa assim neste passo, pois Ele, que era
pobre, usava no entanto uma veste preciosa, simbolizando através desses extremos
harmônicos que veio salvar pobres e ricos.
Quatro são os cantos da terra e em quatro se repartem os Seus pertences. É um
belíssimo símbolo da expansão da mais alta das obras de Jesus, a Santa Igreja que
tomaria conta da extensão do mundo.
Por outro lado, a Santa Igreja é simbolizada em sua unidade perfeita pela túnica
sem costura. Ela reclama uma união total entre todos os seus fiéis, não
comportando a menor divisão.
E qual o significado da sorte lançada sobre a túnica? É a figura da graça divina,
segundo Santo Agostinho, pois os planos misteriosos de Deus estão muito acima
dos méritos humanos. Tudo é decidido por Ele.
Oração:
Ó meu Jesus, mais uma vez, perdão! Qual não será a gravidade da minha culpa
neste momento tão angustiante de Vossa Paixão? De quantas vezes me acusará
minha consciência da falta de pudor? Não terei eu ofendido a modéstia, fazendo
uso de trajes indignos de um cristão?
Perdão, Jesus! E ao mesmo tempo assisti-me com Vossa santa graça a fim de eu
respeitar com delicadeza de consciência a Vossa Lei.
Que eu ame a unidade de Vossa Santa Igreja e batalhe por sua expansão no mundo
inteiro, jamais fazendo acepção de pessoas nessa tarefa, para ajudar-Vos a salvar
pobres, ricos, ou qualquer classe de almas.
*********
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XI ESTAÇÃO
Leitura:
Meditação:
Por fim chega Jesus ao Calvário, lugar onde, segundo uma piedosa e antiga
tradição, Adão havia sido sepultado. Ali abundara o pecado, ali transbordaria a
graça.
Crucificado! Aquela mesma Cruz que tanto Lhe pesava sobre os ombros seria Seu
instrumento de morte. Os braços abertos para atrair a Si a humanidade inteira, sem
distinção de pessoas de qualquer espécie, conforme afirma S. João Crisóstomo. Já
em estado pré-agônico, enormes cravos perfuram Suas sagradas mãos e divinos
pés, levando-O a contorcer-Se de dores.
O requinte de maldade de seus acusadores chega ao ponto de O crucificarem entre
dois ladrões para ser considerado também como tal.
E Pilatos, como bom representante de todos os que procuram tomar uma posição
de neutralidade entre o Bem e o Mal, ao mesmo tempo em que condenava à morte
Jesus, quis reconhecer sua realeza sobre o povo que exigia a crucifixão d'Ele.
Terminava assim, de “lavar” as mãos do sangue do Inocente.
Ao pé da Cruz, enquanto os soldados repartiam entre si os haveres materiais do
Divino Crucificado, Ele entregava Sua preciosa herança – Maria Santíssima – ao
discípulo amado, num último e supremo gesto de amor filial. Também ali estavam
as Santas Mulheres, dignas de admiração por sua corajosa determinação de
permanecer junto à Cruz, os olhos postos no Salvador, insensíveis ao ódio dos
fariseus que pusera em fuga os Apóstolos. Mas, exemplo sem igual nos dá a Mãe
de Deus, como lembra Teófilo: “Imitai, ó mães piedosas, esta que tão heroico
exemplo deu de amor maternal a seu amantíssimo Filho único; porque nem vós
tereis mais carinhosos filhos, nem esperava a Virgem o consolo de poder ter
outro”.
Oração:
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XII ESTAÇÃO
Leitura:
Em seguida, sabendo Jesus que tudo
estava consumado, para se cumprir penamente a Escritura, disse: “Tenho sede”.
Havia ali um vaso cheio de vinagre. Os soldados encheram de vinagre uma
esponja e, fixando-a numa vara de hissopo, chegaram-lha à boca. Havendo Jesus
tomado do vinagre, disse: “Tudo está consumado”. Inclinou a cabeça e rendeu o
espírito.
Vieram os soldados e quebraram as pernas do primeiro e do outro que com Ele
foram crucificados. Chegando, porém, a Jesus, como O viessem já morto, não
Lhe quebraram as pernas, mas um dos soldados abriu-Lhe o lado com uma lança
e imediatamente saiu sangue e água (Jo 19, 28-30; 32-34).
Meditação:
Oração:
Ó meu Jesus, prova de maior amor não há! Vós destes Vossa preciosíssima
vida por mim! E que Vos devo dar eu? Que poderia receber de mais
grandioso? Pensar que esse mesmo sacrifício se renova todos os dias sobre
o altar, de forma incruenta, podendo me beneficiar dele totalmente! Ah,
Senhor, aceitai meu pobre ser, meu corpo, minha alma, meus parentes,
tudo o que me pertence agora e no futuro, até os meus méritos. Tudo é
Vosso, Senhor, e a Vós entrego em retribuição, por meio de Maria
Santíssima.
Vós me ensinais neste passo o quanto devo agir com equilíbrio, dominando
minhas paixões em todas as circunstâncias da vida. Nenhuma impaciência,
febricitação ou nervosismo. Sempre Vos tomarei como exemplo, cofiando
mais e mais no poder de Vossa graça.
********
XIII ESTAÇÃO
Leitura:
Meditação:
Oração:
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XIV ESTAÇÃO
JESUS É SEPULTADO
Leitura:
Meditação:
Maria deu a luz um único Filho. Seu claustro materno não foi habitado
por mais ninguém, a não ser Jesus. Assim também o Santo Sepulcro. O
tempo avançava, eram demoradas as diligências para obterem a permissão
de Pilatos, descer da Cruz o Corpo sagrado do Senhor não era operação
rápida, todas as circunstâncias favoreceram a escolha de um túmulo nas
proximidades. Sepulcro virgem, pois nem antes, nem depois, algum outro
nele fora sepultado.
“Mais uma vez os acontecimentos são conduzidos pela Sabedoria de Deus.
Evitou-se assim qualquer sombra de dúvida sobre a Ressurreição. Foi
Jesus que ressuscitou e não o cadáver de qualquer outra pessoa. E dada a
proximidade do Sepulcro, tornou-se mais fácil comprovar, tanto pelos
discípulos quanto pelos soldados romanos postos ali pelos fariseus, a
falsidade da suposição do roubo de Seu Corpo.
“O Salvador foi depositado num túmulo que não era o Seu, dando assim a
conhecer que morria pela salvação dos outros; por que haveria de ser
colocado num sepulcro próprio Quem não havia morrido por Si? Por que
haveria de ter túmulo na terra Aquele cujo trono permanecia no Céu? Por
que haveria de ter sepultura própria Quem não esteve no sepulcro mais do
que três dias, não como morto, mas como que descansando num leito? O
sepulcro é a habitação da morte; não era necessário, portanto, que Cristo,
que era a vida, tivesse habitação de morte; nem necessitava habitação de
defunto Quem nunca morre” (Santo Agostinho).
Uma grande pedra nos separa, neste momento, do Corpo Sagrado de
Jesus. Quem tivesse Fé, poderia adorar a Jesus em Corpo e Divindade
presente no Sepulcro, e d'Ele se beneficiar recebendo graças concedidas
diretamente pelo Salvador. Esse foi o grande consolo das Santas Mulheres.
“Depois que o Corpo do Senhor foi sepultado (os outros foram para casa)
unicamente continuaram ali as mulheres, que mais O haviam amado...”
(São Remígio).
“As mulheres perseveraram em seu dever, esperando o que Jesus havia
prometido; por esta razão mereceram ser as primeiras que viram a
Ressurreição, porque ‘quem persevera até o fim, se salvará’” (São
Jerônimo).
Felizes as Santas Mulheres! Mais felizes ainda somos nós, pois temos a
Jesus em Corpo, Sangue, Alma e Divindade na Eucaristia. Nela nós O
adoramos, não com “uma grande lápide” de permeio, mas tão somente
através dos véus das Sagradas Espécies e da custódia.
Oração:
*********
ORAÇÃO FINAL
Página inicial
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