Sustentabilidade: Diferentes Perspectivas, Um Objectivo Comum
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JOÃO VICTOR INÁCIO PEREIRA
CONTEXTO HISTÓRICO
A complexidade deste novo contexto social exigiu uma maior cooperação entre as
pessoas para a manutenção da qualidade de vida. Segundo Dias (2006) ,«nesse
momento, a melhoria da qualidade de vida dava-se em detrimento do mundo natu-
ral, pois a concepção predominante era de luta do homem contra a natureza» (p. 4).
No entanto, as profundas alterações que ocorreram no ambiente natural foram pos-
teriores, com a Revolução Industrial.
Até então «a maior parte das calamidades que afligiam os homens tinham uma
origem natural. A Revolução Industrial veio alterar a situação na medida em que as
ameaças passaram sobretudo a surgir no interior das próprias sociedades» (Beaud,
1995, p. 23).
«Na segunda metade do Séc. XX foram empregados mais recursos naturais na pro-
dução de bens que em toda a história anterior da humanidade» (Dias, 2006, p. 7).
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Na Figura 1 (p. 118), apresentada abaixo, apresenta-se uma linha do tempo com os
acontecimentos mais importantes relacionados com o desenvolvimento sustentável.
Maurice Strong, no prefácio do livro de Ignacy Sachs (1993), afirma que o conceito
de desenvolvimento sustentável surgiu a partir do termo «ecodesenvolvimento», apre-
sentado na Conferência de Estocolmo em 1972.
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FIGURA 1
Principais acontecimentos relacionados com o desenvolvimento sustentável
Fonte: Dias (2006, p. 35), Ecoline (2007). Revista Veja (2007, p. 86-96)
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FIGURA 2
Pilares do desenvolvimento sustentável
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FIGURA 3
Objectivo do desenvolvimento sustentável
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No Séc. XX, a população mundial aumentou de 1,6 mil milhões para 6,1 mil mi-
lhões. Este crescimento ocorreu sobretudo nos países em desenvolvimento e a maior
parte dos futuros aumentos ocorrerão nas regiões mais pobres do mundo, como se
pode ver na Figura 4 (p. 122).
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FIGURA 4
Percentagem da média da taxa de crescimento populacional entre 2001 e 2015
Esta realidade é bem expressa no exemplo de Kazazian (2005): «Em 1990, um ameri-
cano de classe média consumia um volume de energia equivalente ao de 3 japoneses, 6
mexicanos, 14 chineses, 38 indianos, 168 bengaleses, ou ainda 531 etíopes» (p. 26).
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FIGURA 5
Despesas do consumo total
TABELA 1
Análise comparativa entre os cinco países mais ricos e os cinco mais pobres do mundo
que significa que 80 milhões de alemães causam mais danos ambientais que 900 mi-
lhões de indianos. Este facto demonstra que os modelos de consumo e produção, par-
ticularmente nos países desenvolvidos, são uma das principais causas da degradação
do ambiente mundial.
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Como se pode ver na Figura 6 (p. 125), durante o período de 1950 a 1995, os países
em desenvolvimento registaram uma taxa de crescimento anual superior aos países
desenvolvidos. Porém, «os países em desenvolvimento não conseguiram chegar perto
dos países industrializados porque, nesse mesmo período, a sua população também
cresceu mais» (Lomborg, 2002, p. 87).
CONCLUSÃO
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FIGURA 6
PIB per capita para países desenvolvidos e em desenvolvimento em PPC$
de 1985, 1950-1995
Fonte: Summers e Heston 1991, 1995, World Bank 1997 em Lomborg (2002)
Cada nação terá de definir a sua própria estratégia de mudança; no entando, todas deve-
rão chegar a um consenso sobre o conceito básico de desenvolvimento sustentável, já
que este deve ser um objectivo mundial, enfrentado em conjunto por todas as nações.
Observe-se, por exemplo, a avaliação geral feita pela Comissão Brundtland. Esta
concluiu que a economia internacional deve acelerar o crescimento global, respeitando
ao mesmo tempo as restrições ambientais, e frizou a necessidade de se modificar as
relações económicas internacionais, para reduzir os desequilíbrios, as desigualdades e
o alto nível de dependência entre os países. Para a Comissão Brundtland (CMMAD,
1991), os objectivos primordiais para a política de desenvolvimento baseada no con-
ceito de desenvolvimento sustentável são:
• reactivar o crescimento;
• alterar a qualidade do crescimento;
• satisfazer as necessidades essenciais nos campos do emprego, alimentação, energia,
água e saneamento;
• manter a população num número sustentável;
• conservar e melhorar a base de recursos;
• reorientar a tecnologia e atenuar os riscos; e
• integrar o ambiente e a economia na tomada de decisões.
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Para que estes objectivos sejam alcançados, torna-se necessário a transição para um
novo sistema económico, onde haja uma relação harmoniosa entre produção e con-
sumo em todos e entre todos os países.
Não podemos correr o risco de testar até onde o nosso planeta poderá resistir a
este modelo de desenvolvimento, pois as consequências podem ser irreversíveis.
Devemos ampliar a nossa percepção sobre a complexidade dos sistemas que regem
a natureza e as estruturas socioeconómicas e refletir sobre a actual relação existente
entre nós seres humanos e o ambiente que nos cerca. Assim, conseguiremos agir de
forma consciente, promovendo um novo modelo de desenvolvimento baseado na
economia da permanência, reduzindo a poluição e aumentando a qualidade de vida
de todos.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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