APONTAMENTOS - Cálculo Infinitesimal II
APONTAMENTOS - Cálculo Infinitesimal II
APONTAMENTOS - Cálculo Infinitesimal II
2010/2011
Capitulo 1
Definição: Uma equação diferencial de 1.ºordem diz-se linear se se puder escrever na forma:
Demonstração: A ideia é multiplicar a equação por para que o primeiro membro seja a derivada do produto
.
Ou seja, pare resolver a equação de 1.º ordem basta multiplicar ambos os membros pelo facto integrante.
Se for dada uma condição inicial pode-se descobrir c substituindo essa condição na equação y(x).
Note-se que e .
Então pode escrever-se a equação da forma: o que é equivalente, atendendo ao
teorema da função composta a: , pelo que:
1
Cálculo Infinitesimal II
2010/2011
Teorema 1.3.2: Se e são soluções linearmente independentes (ou seja, nenhuma das funções ou é o
produto de uma constante pela outra) da equação diferencial:
Então a solução geral desta equação é dada por: , e constantes arbitrárias (que podem
ser determinadas num problema com condições iniciais.
Demonstração: Se tem-se e .
Substituindo na equação temos:
Nota: É bem conhecido que para a equação do 2.º grau podemos distinguir 3 casos, consoante o
sinal de :
Se a equação tem 2 raízes reais distintas
Se a equação tem 2 raízes complexas
Se a equação tem 1 raiz real dupla
Teorema 1.4.1:
1) Se e são soluções da equação então é solução da equação
Demonstração:
1) e são soluções da equação temos:
e
Pelo que:
Como determinar ?
Quando é um polinómio de grau n
Quando
Quando ou
Para determinar A, B, C… calcula-se a 1.º e 2.º derivada de e substitui-se na equação .
2
Cálculo Infinitesimal II
2010/2011
Nota: Se a solução de prevista for solução da equação homogénea associada não pode, portanto, ser solução da
equação não homogénea. Deve-se, então, multiplicar por uma potência apropriada de x de tal forma que nenhum
termo deste produto seja solução da equação homogénea.
Capitulo 2
Definição: )e
O plano Ʊ é o conjunto dos pontos P que satisfazem a seguinte equação:
equação vectorial do plano
Nota: O domínio da função é a intersecção dos domínios das suas funções componantes.
3
Cálculo Infinitesimal II
2010/2011
O limite de é igual ao limite das suas funções componantes. Se o limite de uma delas não existir o limite de
não existe.
Calcular a derivada de uma função é calcular as derivadas das suas funções componantes.
O integral duma função vectorial da variável real é o vector cujas componentes são os integrais das funções ,
.
Capitulo 3
Definição: As linhas, ou curvas, de nível de uma função de duas variáveis são as curvas de equação
onde é uma constante
Definição: Dado um conjunto , um ponto diz-se interior a se existe tal que (ou seja, se
existe uma vizinhança de totalmente contida em ).
Um ponto diz-se um ponto fronteiro de se qualquer vizinhança de contem pontos de e do seu complementar.
Um conjunto diz-se aberto se todos os seus pontos forem pontos interiores. Um conjunto diz-se fechado se contiver
todos os seus pontos fronteiros.
4
Cálculo Infinitesimal II
2010/2011
Definição: Seja uma função que está definida numa vizinhança dum ponto excepto possivelmente no
ponto . Então:
se e só se:
Para determinar se existe limite num dado ponto, deve-se tentar várias funções que passem por esse ponto. Se se
obtiver sempre o mesmo valor começasse a suspeitar que existe limite e recorre-se à definição acima para o provar.
Se se obtiver valores diferentes pode-se concluir de imediato que o limite não existe.
Estas derivadas parciais obtêm-se derivando a função f em ordem a uma delas, mantendo a outra fixa (considera-se
que é uma constante). As regras de derivação já conhecidas mantêm-se válidas.
Definição: Uma função diz-se de classe se e todas as suas derivadas parciais até à
ordem (inclusive) forem funções contínuas em .
Teorema 3.2.1: Seja uma função de classe numa vizinhança do ponto ( , então:
Se o vector existe, é único. Ao único vector que satisfaz a condição acima chamamos gradiente de no ponto
e denotamo-lo por: .
Teorema 3.3.1: Se a função tem derivadas parciais continuas numa vizinhança do ponto então é diferenciável
em e
5
Cálculo Infinitesimal II
2010/2011
Demonstração:
O objectivo é provar que:
Donde:
E logo,
Ou seja, a derivada parcial é igual à derivada direccional de na direcção do eixo dos . Se considerarmos o vector
concluímos que , ou seja, a derivada parcial é igual à derivada direccional de na
direcção do eixo dos . Analogamente para funções de três ou mais variáveis.
Teorema 3.4.1: Seja uma função diferenciável no ponto . Então tem derivada direccional na
diracção de qualquer vector unitário e tem-se
Demonstração:
Seja onde . Note-se que . Como é diferenciável em sabemos que:
Se obtemos:
Se obtemos:
Pelo que:
Portanto,
Teorema 3.4.2: Se é diferenciável em então existem todas as derivadas parciais de no ponto e tem-se:
Demonstração:
Sejam os vectores da base canónica de . Recordemos que para todo o vector se tem
Como é diferenciável em , pelo teorema 11 existe para todo o vector unitário . Considerando cada um dos
vectores , resulta então que existe:
6
Cálculo Infinitesimal II
2010/2011
Teorema 3.4.3: Seja uma função diferencial. Então o valor máximo da derivada direccional é dado por
e ocorre quando tem a direccção e sentido do vector
Demonstração:
Se todas as derivadas direccionais são nulas, pelo que podemos supor que e
consideremos o ângulo entre os vectores e . Então podemos escrever
pois é unitário.
Isto diz-nos que é a componente do vector na direccção do vector .
Uma vez que o valor máximo de é 1, e que este valor ocorre quando ,
concluímos que o valor máximo de é dado por e que ocorre quando tem a direcção e o sentido do
vector
Assim, dá-nos o valor máximo da taxa de variação de no ponto e esse máximo ocorre na direcção e
sentido do vector . Esta é então a direcção e sentido em que a função aumenta mais rapidamente no ponto
Teorema 3.5.1: Suponhamos que é uma função diferenciável das variáveis e onde e
são funções diferenciáveis de variável . Então é diferenciável como função de e tem-se:
Se pusermos teremos
O resultado do teorema anterior pode ser escrito da forma:
Teorema 3.5.2: Suponhamos que é uma função diferencial das variáveis e onde e
são funções das variáveis e tais que as derivadas parciais existem. Então existem as derivadas
parciais e e tem-se:
Teorema 3.5.3: Suponhamos que é uma função diferencial das variáveis onde cada é função das
variáveis tal que todas as derivadas parciais existem ( ). Então é uma função
das variáveis e
Para cada .
Note-se que existem tantas derivadas parciais da função quanto o numero de variáveis independentes .
Cálculo de derivadas parciais de ordem superior a 1, faz-se de modo análogo, aplicando o teorema as vezes
necessárias.
7
Cálculo Infinitesimal II
2010/2011
Demonstração:
Suponhamos que a linha de nível é representada parametricamente pela função tal que
e . Nesta curva tem-se:
O vector (ou qualquer múltiplo deste) diz-se um vector normal à superfície no mesmo ponto.
Definição: A recta normal à superfície de equação no ponto dessa superfície é a recta que
passa em e que tem a direcção do vector . Assim, as equações paramétricas da recta normal
são:
Há casos em que a equação que define a superfície pode ser resolvida em ordem a uma das variáveis
como função umas das outras. Se, por exemplo, tivermos a equação da superfície pode ser escrita na
forma: Onde
Assim, a equação do plano tangente à superfície num ponto dessa superfície vem dada por:
Respectivamente:
Em qualquer destes casos dizemos que tem um extremo local ou relativo no ponto
8
Cálculo Infinitesimal II
2010/2011
Os únicos pontos que podem dar origem a extremos locais são os pontos críticos. Note-se que no entanto nem todos
os pontos críticos correspondem a extremos locais.
Definição: Chama-se ponto sela a um ponto de estacionaridade de que não corresponde a um extremo local.
Teorema 3.8.2 (Teste da segunda derivada): Seja e seja um ponto interior de tal que
. Consideremos a matriz (matriz hessiana):
E seja . Então:
i. Se é um ponto de sela.
ii. Se e tem um mínimo local em .
Respectivamente:
Para determinar o máximo e o mínimo absoluto de uma função num conjunto limitado e fechado
i. Determinar os pontos críticos de , isto é, os pontos do interior de para os quais ou
não existe.
ii. Determinar os pontos da fronteira de S que podem dar origem a extremos – parametrizar a fronteira de S
através de uma função vectorial e reduzir o problema ao estudo da função de uma só variável .
iii. Calcular o valor de nos pontos determinados em i) e ii). O maior destes valores é o máximo absoluto de em
S, o menor é o mínimo absoluto.
9
Cálculo Infinitesimal II
2010/2011
Teorema 3.9.1: Seja uma função de duas ou três variáveis e suponhamos que está definido e é de classe num
subconjunto do domínio de . Se é extremo de sujeito à condição então e são paralelos.
Assim se existe tal que:
Às funções chama-se funções componentes de . O domínio de é a intersecção dos domínios de cada uma das
suas funções componentes.
Definição: Seja e suponhamos que está definida numa vizinhança do ponto , excepto
possivelmente em . Dizemos que se e só se:
é a norma em
é a norma em
De acordo com este teorema os limites das funções vectoriais de variável vectorial calculam-se componente a
componente, tal como acontecia para as funções vectoriais de variável real.
Definição: Seja e suponhamos que está definida numa vizinhança do ponto . A função diz-
se contínua em se e só se
Teorema 3.10.2: Seja definida numa vizinhança do ponto do ponto . Então é contínua em
se e só se é contínua em ,
Definição: Dada uma função definida numa vizinhança dum ponto , a derivada de no ponto
segundo o vector é dada por:
Onde
10
Cálculo Infinitesimal II
2010/2011
Dá-se o nome de matriz jacobiana de no ponto . Quando o determinante da matriz no ponto diz-se o
jacobiano da função no ponto e representa-se por
Teorema 3.10.3 (teorema das funções implícitas): Seja um subconjunto aberto de e seja:
Tal que:
a)
b)
Como:
e ,
Derivando estas equações em ordem à variável usando regra da derivação da função composta
obtemos:
Ou seja:
Capitulo 4
Respectivamente:
Tal como no caso das funções de uma só variável pode-se mostrar que se é contínua então existe um e um só
número real que satisfaz as desigualdades:
11
Cálculo Infinitesimal II
2010/2011
Definição: Seja uma função contínua num rectângulo fechado . Chama-se integral (duplo) de em , e escreve-
se:
Onde
Teorema 4.1.1: Seja uma função limitada num rectângulo tal que é contínua em excepto possivelmente num
número finito de curvas de classe . Então é integrável em .
Definição: Definimos
Note-se que uma vez que prolongámos a função por zero fora de é indiferente
qual o rectângulo que se considera, desde que contenha
Proposição:
1. Se é integrável em o volume do sólido limitado inferiormente pela região do plano e
superiormente pela superfície e dado por:
2. Se tem-se donde:
3. A massa da placa que ocupa a região do plano e que tem densidade é dada por:
ii. Se em então
iii. Se então
iv. A função é integrável em e tem-se:
Teorema 4.1.3: Seja onde e suponhamos que , e são limitados por um número finito
de curvas de classe . Se é integrável em e em então é integrável em e tem-se:
12
Cálculo Infinitesimal II
2010/2011
Onde e
Teorema 4.2.1. Seja uma transformação injectiva, de classe e de jacobiano não nulo e
suponhamos que transforma a região do plano na região do plano . Seja uma função contínua em .
Então:
Dado um ponto de coordenadas cartesianas vamos agora definir as suas coordenadas polares
é a distância do ponto à origem, ou seja:
O ângulo é o angulo que o vector faz com o semi-eixo positivo dos :
Estas coordenadas são muito úteis para integrar em regiões circulares ou quando na função integranda intervem a
expressão .
é o jacobiano da transformação.
Respectivamente:
13
Cálculo Infinitesimal II
2010/2011
Definição: Seja uma função contínua definida num paralelepípedo fechado . Chama-se integral (triplo) de em ,
e escreve-se:
Proposição:
1. Se a função representar a densidade (massa por unidade de volume) de uma material que ocupa a
região do espaço, então a massa de é dada por:
3. A massa da placa que ocupa a região do plano e que tem densidade é dada por:
No cálculo do integral
Coordenadas cilíndricas
As coordenadas cilíndricas de um ponto são onde são as coordenadas polares de
ou seja,
Coordenadas esféricas
Dado um ponto vamos agora definir as suas coordenadas esféricas
14
Cálculo Infinitesimal II
2010/2011
Onde:
Capitulo 5
Se este limite existir. Sabendo que os pontos determinam uma partição da curva em n sub-arcos de comprimentos
, ,…, . A norma da partição é o maior destes comprimentos.
Pode mostrar-se que se é uma função contínua então o limite anterior existe e é dado por:
Pode mostrar-se que o integral de linha é independente da parametrização da curva escolhida. Note-se que se
ou obtemos:
15
Cálculo Infinitesimal II
2010/2011
Analogamente em .
Se a função representar um campo de forças contínuo, o trabalho realizado por este campo de forças no
deslocamento de uma partícula ao longo da curva é definido como:
Independência de caminho
Teorema 5.1.1: Seja uma curva de classe dada pela função vectorial com . Seja uma função de
classe em ( ou ). Então:
Definição: Um campo vectorial de diz-se conservativo se existe na função escalar tal que . A função diz-
se uma função potencial (de )
Definição: Seja um campo vectorial contínuo. Dizemos que o integral de linha é independente de caminho
se:
Definição: Uma curva diz-se fechada se o seu ponto terminal coincide com o seu ponto inicial, isto é, se
Teorema 5.1.2: Seja um campo vectorial contínuo definido em ou . Então é independente de caminho
se e só se para toda a curva fechada , seccionalmente de classe .
Como vem .
16
Cálculo Infinitesimal II
2010/2011
Teorema 5.2.1 (Teorema de Green): Seja uma curva seccionalmente de classe , simples e fechada do plano,
com orientação positiva e seja a região do plano limitada por . Se e são funções de classe num aberto que
contém então:
17