Ética de Kant e Mill

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Qual o critério da ação moralmente correta?

Kant: a não contradição da vontade consigo mesma – é moral a ação que obedece ao imperativo categórico.
Mill: a promoção imparcial da felicidade - é moral a ação que promove imparcialmente a maior felicidade.
A ÉTICA DE KANT: A VONTADE BOA
Kant pensava que só a vontade boa é uma coisa boa em si mesma, porque é a única coisa que não é usada para o mal. Por piores
que sejam as consequências dos atos que resultam da vontade boa, esta continua boa em si mesma.
Ter uma vontade boa é querer cumprir sempre o dever.
Vontade boa – intenção/principio  critério moral.
A vontade boa é condição indispensável para se ser digno da felicidade.  então a vontade boa é meio para atingir o objetivo de ser
digno de felicidade.
A vontade só é boa quando é inteiramente dirigida pela racionalidade, que não a deixa cair em contradição, em vez de ser
governada pelas suas inclinações. Kant defendia por isso que a vontade deve ser dirigida pela racionalidade e não pelos impulsos,
porque a finalidade da racionalidade é precisamente dirigir a vontade, tornando-a boa.
Além disso, Kant pensava que, se uma pessoa não tive vontade boa, não é digna de ser feliz, não merece a felicidade. O objetivo da
ética, do ponto de vista de Kant, é ensinar-nos a ser dignos de felicidade e não ajudar-nos diretamente a ser felizes.
Vontade boa: uma vontade que é inteiramente dirigida pela racionalidade e que por isso quer cumprir sempre o dever.
AGIR POR DEVER

Kant pensava que as ações só têm valor moral se a única intenção foi cumprir o dever.
Querer cumprir o dever é o que quer quem tem uma vontade boa.
Agir em conformidade ao dever é diferente de agir por dever:
- Agir em conformidade com o dever é só fazer o que tenho o dever de fazer, ou seja, fazemos por coincidência o que temos o
dever de fazer, mas só porque isso é do nosso interesse.
- Agir por dever é fazer o que tenho o dever de fazer só porque é um dever, ou seja, quando cumprimos o dever, mesmo que isso
não seja do nosso interesse.
Kant defende uma ética deontológica precisamente porque defende que cumprir o dever é a única finalidade de toda a ação moral.
Porque razão pensa Kant que temos o dever de não mentir? Simplesmente porque é um dever, instituído pela nossa própria
vontade boa.
Agir em conformidade com o dever (ação amoral) Imperativo hipotético: qualquer ação que coincida com o que é exigido pelo
dever, mesmo que não tenhas sido levada a cabo para o cumprir.
Agir por dever (ação moral)  Imperativo categórico: quando se age exclusivamente para cumprir o dever.
Agir ao contrário do dever (ação imoral)
Ética deontológica: qualquer teoria ética cujo fundamento da ação moral seja o cumprimento do dever pelo dever.
O IMPERATIVO CATEGÓRICO

Kant pensava que a lei moral é diferente de outras leis porque é um imperativo categórico, não tem condições, é incondicional.
As leis dos países são imperativos, mas são condicionais.
Quando um imperativo é condicional, só me obriga caso eu aceite a condição. Se não me importar de ser preso, a lei não me impede
de roubar.
Um imperativo é uma ordem.
Kant pensava que há uma só lei moral, apesar de ter várias formulações: “age sempre de maneira a que possas querer que a
máxima da tua ação se torne uma lei universal. é a isto que se chama “o imperativo categórico de kant”. É um imperativo
categórico geral, que fundamenta todos os outros imperativos categóricos particulares.
- Uma formulação: Age segundo uma máxima tal que possas ao mesmo tempo querer que ela se torne uma lei universal.
- Outra formulação: Age segundo uma máxima de forma que trates a humanidade da tua pessoa e a de todos sempre e
simultaneamente como um fim e nunca como um meio. EX.: Posso mentir se isso for vantajoso para mim? (e até não ter
consequências negativas, além de estar a enganar os outros). Kant não aceitaria que alguém me menti-se, mesmo que isso fosse
vantajoso para o outro. Logo, não pode ser uma lei universal.
Lei moral: Kant pensava que as únicas leis genuinamente morais são imperativos categóricos.
Para saber se uma ação é moral, verificamos se a sua máxima está de acordo com o imperativo categórico.
A máxima de uma ação é a regra geral dessa ação.
Kant pensa que, se não posso querer que uma máxima se torne uma lei universal, então essa máxima não é uma lei moral.

O CRITÉRIO ÉTICO DA MORALIDADE DA AÇÃO


Kant pensava que não podemos querer que seja uma lei universal que as pessoas mintam quando puderam safar-se sem ser
apanhadas. Não se trata apenas de não querermos que seja uma lei universal; é que não podemos querer. Mas porquê?
Porque Kant pensava que é contraditório querer isso, essa lei anula-se a si própria. E este é o critério ético da moralidade da ação:
- Uma ação só é moral se pudermos querer sem contradição que a sua máxima seja uma lei universal.
A ideia de Kant era que não podemos querê-lo porque isso contraditório. A contradição seria:
1) Quero mentir quando isso é vantajoso para mim.
2) Não quero que as pessoas me mintam quando isso é vantajoso para elas.
- Para saber se uma ação é moral, examina-se a máxima dessa ação para ver se envolve uma contradição da vontade.
- Se envolve, é contrária ao dever; se não, não á contrária ao dever.
Uma contradição da vontade é querer e não querer a mesma coisa.
AUTONOMIA DA VONTADE

Kant não aceitava imperativos morais que tenham em consideração a felicidade ou os interesses das pessoas. Considerava que
todos esses imperativos são hipotéticos, e por isso não são morais.
Quando os imperativos são hipotéticos, manifestam aquilo a que Kant chamava Heteronomia da vontade: a vontade tem em
consideração interesses humanos comuns, e não a simples coerência da vontade consigo mesma.
Kant pensava que, para serem morais, os imperativos têm de manifestar a autonomia da vontade: o simples facto de a vontade
instituir leis para si própria, tendo em consideração exclusivamente a sua própria coerência.
É por isso que Kant considerava que temos o dever de não mentir, mesmo que mentir permita salvar duzentas vidas inocentes. Os
interesses desses duzentos inocentes são exteriores à coerência da vontade consigo mesma, e por isso não contam para determinar
a moralidade da ação.
Autonomia da vontade: quando a vontade segue leis que ela mesma reconhece como suas e que não têm em consideração fatores
externos à vontade.
Heteronomia da vontade: quando a vontade segue leis que têm em consideração fatores externos a si própria, como as inclinação
humanas comuns, que não dizem respeito à próprio vontade.
DUAS CRÍTICA A KANT
1) Não provou que a vontade cai realmente em contradição, quando as máximas são imorais. O que provou é que, se essas máximas
fossem adotadas por toda a gente, as consequências seriam indesejáveis.
2) A ética de Kant não oferece orientação para resolver da melhor maneira conflitos inevitáveis de deveres. Não há qualquer
maneira de resolver apropriadamente quaisquer conflitos de deveres. Do ponto de vista de Kant, façamos o que fizermos, faltamos
ao dever, e é tudo. Não é melhor ou menos mau faltar à promessa do que faltar ao dever de salvar uma vida. As duas coisas são
equivalentes.
A ÉTICA DE MILL: O PRÍNCIPIO DA UTILIDADE

John Stuart Mill defendeu uma ética utilitarista: o critério ético da moralidade de uma ação é a utilidade. Deste ponto de vista, o que
é útil é o que promove a maior felicidade de todas as pessoas envolvidas, e não apenas a nossa. É por isso, que falava a promoção
imparcial da felicidade.
Mill considerava que a felicidade é boa em sai e que é também a razão que nos leva a fazer uma coisa em vez de outra. Fazemos
que pensamos que contribui para a nossa felicidade. Considerava que a felicidade é o fim último da ação, é a razão última de tudo o
que faço.
Ética utilitarista: uma ética que aceita o princípio da utilidade.
Princípio da utilidade: uma ação só é moralmente correta quando promove imparcialmente a felicidade e evita a dor.
Critério ético da moralidade de uma ação: um critério que permite dizer quando uma ação é moral ou não.
PRAZERES INFERIORES E SUPERIOES

Mill defendeu que a felicidade é simplesmente o prazer e a ausência de dor.


Mill identificava a felicidade como o prazer. Contudo, distinguia os prazeres superiores dos inferiores.
Os prazeres superiores são muito melhores em qualidade do que os inferiores. Por mais quantidade que tenhamos de prazeres
inferiores, não abdicamos dos prazeres superiores para ficar com os inferiores. Não é apenas uma questão de quantidade.
O critério para distinguir estes dois prazeres é este: quando quem conhece bem dois prazeres não está disposto a deixar de ter um
deles, por maior que seja a quantidade do outro, isso quer dizer que o primeiro é um prazer superior.
INTENÇÃO E CONSEQUÊNCIAS

Mill defendeu que a moralidade das ações depende inteiramente das intenções. A consequência da ação é a mesma nos dois casos:
a criança morre atropelada, um intencionalmente e o outro não. Mas numa caso a pessoa é culpada, no outros não, porque as
intenções são diferentes.
As ações são morais exclusivamente quando temos a intenção de promover imparcialmente a felicidade. Caso essa não seja a nossa
intenção, a ação não é moral, mesmo que promovamos a felicidade por acaso.
Porém, Mill defendeu também que a moralidade das ações não depende dos motivos que nos levaram a ter as intenções que temos.
Se um estudante não copia num teste só porque tem medo de ser apanhado, faz mesmo assim o que é correto; a ação de fazer o
teste sem copiar é moralmente correta, apesar de o motivo mostrar que não é uma pessoa moral.
Em resumo:
- A moralidade de uma ação depende da intenção. Uma ação só é moral quando a intenção é fazer o que naquele contexto promove
imparcialmente a maior felicidade.
- Mas a moralidade de uma ação não depende do motivo que nos fez ter aquela intenção. Mesmo que tenhamos um motivo imoral,
ação é moral desde que façamos intencionalmente (e não por acaso) o que promove imparcialmente felicidade.
Intenção: o que visa com uma ação.
Motivo: sentimento que nos faz querer fazer algo.
Consequência: neste contexto, é o que resulta de uma ação.
2 teorias
1) Teoria que dá mais importância às intenções, isto é, teorias que entendem que uma ação boa é uma ação que seria o reflexo de
uma intenção igualmente boa Kant – éticas intencionalistas ou deontológicas (ideia de dever)
A ética de Kant não dá indicações/não dá obrigações, dá apenas uma fórmula mental que se deve ter em conta sempre que temos
de decidir alguma coisa.
2) Teoria que defende que o que torna uma ação boa é o facto de gerar resultados/consequências desejáveis  Stuart Mill – ética
consequencialista ou utilitarista

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