2005 - TCC - Apssousa A ESOCOLA COMO MEDIDORA DE LEITURA
2005 - TCC - Apssousa A ESOCOLA COMO MEDIDORA DE LEITURA
2005 - TCC - Apssousa A ESOCOLA COMO MEDIDORA DE LEITURA
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ANAPAULA SARAIVA DE SOUSA
FORTALEZA
2005
A ESCOLA COMO MEDIADORA
DA LEITURA
Por
ANAPAULAS~VADESOUSA
Aprovado em: _
BANCA EXAMINADORA:
(KING, 1986)
RESL-:\fO
It presents a study oftwo schools ofthe city ofFortaleza who work directly with the public
child, developed to ascertain the real commitment of the school with the policies of reading
and writing in the formation of new readers. The school is appointed as a mediator of
reading, because according to experts in education, the pleasure of reading must be
developed within the same in partnership with parents and community during the original
series, even in childhood, because the sooner start the development of reading, most
developing the intellect itself But what kind of player the school really is fonning today?
Because most young people today do not like to read? Does the taste for reading depends
on the manner with which it is introduced into our lives? As part of that process the school
to purchase and taste for reading? The library school is embedded within this contest?
These were the main issues raised encouraged that the demaod in the two schools in
questiono The methodological guidance turned to the choice of methods and techniques
favoring the taking of data descriptive of a qualitative nature that allowed ao aoalysis
centered on the description of the observed and in the interpretation of interviews given by
officials, parents and educators. The results indicate how much, still, needs to be done so
that the school can really fulfill its role expected.
1 INTRODUÇÃO 09
2 SOBRE A LEITURA 12
2.1 As histórias infantis como forma de conhecer o mundo 14
2.2 As origens da literaturainfantil 16
5 SOBRE A PESQUISA 31
5.1 Sobre os dois colégios 32
5.2 Sobre a coletagem de dados 33
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS 37
7 REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS 39
9
1. INTROD
A leitura e os livros têm hoje um novo significado, Pois não basta alguém
completar a educação escolar. Com o progresso da ciência e das novas tecnologias, que se
processam num ritmo cada vez mais rápido, a instrução que temos hoje é insuficiente para o
amanhã, é preciso sempre estar se atualizando. Diante desta realidade nos deparamos com um
grave problema: a falta de preparo por parte dos jovens. Inúmeras pesquisas divulgadas nas
mídias vêm demonstrando esse problema, são muitos os jovens que não gostam de estudar,
principalmente de ler. Vários levantamentos sobre o tema educação apontam que ainda se lê
muito pouco em nosso país, resultando em inúmeras pessoas despreparadas para o mercado de
trabalho, ou seja, mão de obra desqualificada. Mas por que isso acontece? Por que boa parte
da população brasileira não gosta de ler? Será que o gosto pela leitura depende da forma que
ela é introduzida em nossas vidas? Como despertar o prazer pela leitura? Como a escola
participa desse processo de aquisição e o desenvolvimento da leitura?
No quarto capítulo, faço uma ponte entre a leitura, a escola e a educação infantil,
mostrando a biblioteca como um dos diversos recursos pedagógico que a instituição de ensino
deve disponibilizar a seus alunos, e que segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais
(peN), a escola deve criar oportunidades de práticas constantes e sistemáticas de leitura.
2. SOBRE A LEITURA
" 'Ler é melhor do que estudar' - esta frase de Ziraldo já famosa virou botton
e é uma opinião quase unânime e compartilhada pela população letrada e
pertencente às elites intelectuais brasileira, professores do ensino
fundamental, médio e universitário, jornalistas e comunicadores de mídia. No
entanto, a maior parcela da nossa população, embora hoje possa estudar, não
chega a ler. A escolarização, no caso da sociedade brasileira, não leva a
formação de leitores e produtores de textos proficientes e eficazes, ler
continua sendo coisa de elite, no inicio do novo milênio".
(ROJO, 2000, p.13)
o autor em questão nos mostra que, a leitura é uma das formas mais eficazes de
desenvolvimento sistemático da linguagem e da personalidade, pois ela favorece a remoção
das barreiras educacionais, concedendo oportunidades mais justas de educação, através do
desenvolvimento da linguagem e do exercício intelectual. No entanto ele nos alerta para o tipo
de leitura que vem sendo praticada, que é a leitura mecânica, onde simplesmente se lê tal qual
õ texto, sem fazer nenhuma interpretação crítica.
Segundo Soares (2001), a capacidade de observar melhor tudo o que nos cerca é
proporcionada através do ato da leitura A criança que tem em seus pais, desde a mais tenra
idade, o referencial desse prazer em desenvolver a intelectualidade, de abrir a mente, de
conseguir observar o mundo através de uma visão mais alargada, será certamente um outro
adulto, um indivíduo muito melhor, com uma visão da vida de uma forma bastante
diferenciada, proporcionando a ele ver o que os outros não vêem.
14
É impressionante como a leitura tem poder, pois nos transporta através de mundos
e nos resgata da obsolescência, Aquele que lê é diferente dos demais, enxerga o mundo por
um outro prisma, julga ser possível que as coisas mudem através do poder da palavra e da
valorização das atitudes corretas. A leitura no seu sentido geral amplia nossos horizontes e
OOS transporta ao mundo da imaginação, sem contar nos conhecimentos que acabamos
adquirindo quando mergulhamos em universos desconhecidos como a literatura policial, a
literatura infantil ou infanto-juvenil, a literatura fantástica, a literatura clássica, além dos
artigos políticos, econômicos, sociais e culturais encontrados nos jornais e em outros veículos
de informação impressa. ''Portanto, é de suma importância desenvolver em nós uma 'cultura
de leitura', pois só assim seremos aprendizes e formadores de opinião em todo ambiente
social e democrático que estivermos".(MARTINS, 1982, p.31)
Falar, conversar e escutar histórias são alguns dos sistemas simbólicos instituídos
pela sociedade para a comunicação e expressão. Estes acabam sendo aprendidos pelas
crianças, em sua diversidade cultural. Por isso, o contato delas com os livros e as histórias é
essencial, daí a relevância de pais e educadores lerem e contarem histórias para as crianças.
A Literatura Infantil, por iniciar o homem no mundo literário, deve ser utilizada
remo instrumento para a sensibilização da consciência, para a expansão da capacidade e
interesse de analisar o mundo. Sendo fundamental mostrar que a literatura deve ser encarada,
sempre, de modo global e complexo em sua ambigüidade e pluralidade.
15
Por isso é importante que a escola esteja realmente comprometida com uma
política de leitura séria e que esteja atenta aos interesses desse público tão especial, pois vai
depender justamente dessa introdução o interesse ou não pela leitura, o prazer de ler e de
ouvir histórias.
Até bem pouco tempo, em nosso século, a Literatura Infantil era considerada
como um gênero secundário e vista pelo adulto como algo sem muita importância A criança
era considerada mera consumidora do mundo criado pelo adulto. Neste sentido podemos dizer
que não havia um tipo de literatura voltada para seus interesses. A valorização da Literatura
Infantil como formadora de consciência na vida cultural das sociedades é bem recente. Para
investir na relação entre a interpretação do texto literário e a realidade, não há melhor
sugestão do que obras infantis que abordem questões de nosso tempo e problemas universais,
inerentes ao ser humano.
A autêntica literatura infantil não deve ser feita essencialmente com intenção
pedagógica, didática ou para incentivar "hábito" da leitura. Este tipo de texto deve ser
produzido pela criança que há em cada um de nós. É preciso ensinar a gostar , a ter prazer só
assim poderemos cativar esse público tão exigente e importante.
L~tura Infantil hoje conhecida como "clássica" tem suas origens na Índia.
Descobriu-se que, desde essa época, a palavra impôs-se ao homem como algo mágico, como
um poder misterioso, que tanto poderia proteger, quanto ameaçar, construir ou destruir. São
também de caráter mágico ou fantasioso as narrativas conhecidas hoje como literatura
primordial. Nela foi descoberto o fundo fabuloso das narrativas orientais, que se forjaram
durante séculos a.C. e se difundiram por todo o mundo, através da tradição oral.
Oliveira (2005) conta que, a Literatura Infantil constitui-se como gênero durante o
século XVII, época em que as mudanças na estrutura da sociedade desencadearam
repercussões no âmbito artístico. Seu aparecimento tem características próprias, pois decorre
da ascensão da família burguesa, do novo status concedido à infância na sociedade e da
reorganização da escola. Sua emergência deveu-se, antes de tudo, à sua associação com a
Pedagogia, já que as histórias eram elaboradas para se converterem em instrumento seu. É a
partir do século XVIII que a criança passa a ser considerada um ser diferente do adulto, com
17
necessidades e características próprias, pelo que deveria distanciar-se da vida dos mais velhos
e receber uma educação especial, que a preparasse para a vida adulta.
Lev S. Vygotsky (1989) construiu sua teoria tendo por base o desenvolvimento
do indivíduo como resultado de um processo sócio-histórico, enfatizando o papel da
linguagem e da aprendizagem nesse desenvolvimento, sendo essa teoria considerada
histórico-social. Sua questão central é a aquisição de conhecimentos pela interação do sujeito
com o meio. Para ele, o sujeito não é apenas ativo, mas interativo, porque forma
conhecimentos e se constitui a partir de relações interpessoais. A sociabilidade da criança é o
ponto de partida dessas interações sociais com o meio que as rodeias.
É na pré-escola que a criança vai ter contato pela primeira vez com algo, até então
para ela completamente desconhecido. O que, no começo, poderia significar uma ruptura com
O mundo conhecido e se tornar muito assustador tanto para a criança quanto para seus pais,
acabará se tornando a primeira etapa no processo de construção da identidade individual de
cada um. É natural que uma situação nova suscite medo, ansiedade e insegurança, mas vencer
s obstáculos iniciais também já é uma grande experiência Por isso é importante que os
19'
edücadores e responsáveis pela recepção desta estejam preparados para lidar com essas
situações.
Segundo ele, a aprendizagem é produto da ação dos adultos que fazem mediação
no processo de aprendizagem das crianças, portanto, o desenvolvimento dos aspectos
cognitivos superiores é resultado de uma atividade mediada, ou seja, o professor é o mediador
da aprendizagem do aluno, facilitando o domínio e a apropriação dos diferentes instrumentos
culturais. Contudo a ação docente somente terá sentido se for realizada no plano da Zona de
Desenvolvimento Proximal. Isto é, o professor constitui-se na pessoa mais competente que
precisa ajudar o aluno na resolução de problemas que estão fora do seu alcance,
desenvolvendo estratégias para que pouco a pouco possa resolvê-Ios de modo independente.
É preciso que a escola e seus educadores atentem para o fato de que, a escola, não
têm como função ensinar aquilo que o aluno pode aprender por si mesmo, mas sim,
- otencializar o processo de aprendizagem do estudante. Na concepção tradicional de ensino, a
nção inicial da leitura tem por base as habilidades dos alunos para reconhecimento das
palavras.
2&
Nas creches e nas séries iniciais, a brincadeira é educação por excelência. No ato
de brincar ocorrem trocas, as crianças convivem com suas diferenças, dá-se o
desenvolvimento da imaginação, da linguagem, do controle dos sentimentos, da iniciativa e da
decisão. A brincadeira fornece ampla estrutura básica para mudanças da necessidade e da
consciência, criando um novo tipo de atitude em relação ao real. Nela aparecem as ações na
esfera imaginativa, numa situação de faz-de-conta, a criação das intenções voluntárias e a
formação dos planos da vida real e das motivações volitavas, constituindo-se, assim, no mais
alto nível de desenvolvimento pré-escolar.
As crianças possuem uma natureza singular, que as caracteriza como seres que
sentem e pensam o mundo de um jeito muito próprio. Nas interações que estabelecem desde
cedo com as pessoas que lhes são próximas e com o meio que as circunda, as crianças
revelam seu esforço para compreender o mundo em que vivem, as relações contraditórias que
23
presenciam e, por JDelO das brincadeiras explicitam as condições de vida a que estão
submetidas e seus anseios e desejos. No processo de construção do conhecimento, as crianças
se utilizam das mais diferentes linguagens e exercem a capacidade que possuem de terem
idéias e hipóteses originais sobre aquilo que buscam desvendar. Nessa perspectiva, as crianças
constroem o conhecimento a partir das interações que estabelecem com as outras pessoas e
com o meio em que vivem. "O conhecimento não se constitui em cópia da realidade, mas sim
fruto de um intenso trabalho de criação, significação e ressignificação" (VYGOTSKY, 1989,
p. 112).
PtIT isso, as instituições que recebem crianças exclusivamente nessa faixa etária
devem planejar programas específicos voltados aos interesses desse público. O contato
24
precoce com esses recursos de aprendizagem vai certamente constituir vantagens para o aluno
que deles se beneficiem,
Com o progresso da ciência e das tecnologias, que está se processando num ritmo
cada vez mais rápido, a instrução que temos hoje será insuficiente para o amanhã. A
sociedade vai exigir que o indivíduo desenvolva habilidades específicas para lidar com a
informação. Esse conjunto de habilidades está sendo chamado de "Competência
Informacional" .
Ea ainda nos diz que a educação é uma tarefa bastante complexa que exige que
todos os recursos e conhecimentos sejam mobilizados. Conhecimentos estes que
proporcionarão aos alunos o desenvolvimento de suas habilidades informacionais. E é
justamente por esse motivo que a biblioteca tem que assumir seu papel pedagógico de forma
ativa e criativa. O que quer dizer que a biblioteca tem que ser um instrumento "vivo" dentro
da escola.
É ~ escola que a maioria das pessoas tem contato pela primeira vez com o mundo
da escrita e da leitura, geralmente ainda na infância, É justamente lá que as crianças começam
a aprender valores sociais, culturais, entre eles o gosto pela leitura, e passam a depender
profundamente desta para desenvolvê-los, pois, antes de se tomar um leitor, o estudante é
aluno da instituição de ensino. A falta de uma política de leitura, por parte da instituição, faz
com que os alunos não só percam o interesse pela leitura, mas também apresentem
dificuldades de raciocínio e de interpretação de texto.
A leitura deve começar dentro de casa e ser desenvolvida dentro da escola Todas
as pessoas envolvidas nesse processo têm que estarem convencidos da importância da leitura
e dos livros para o desenvolvimento social e psicológico dessas crianças. A educação proposta
nos Parâmetros Curriculares Nacionais (pCN) exige que a escola crie oportunidades para que
. crianças e jovens desenvolvam sua aprendizagem com base na diversidade textual que
circula na sociedade. Os PCN reconhecem que é fundamental o desenvolvimento de um
programa de leitura eficiente, que forme leitores competentes e não leitores que leiam apenas
eventualmente. Reconhecem ainda a Biblioteca como um lugar de aprendizagem permanente,
um "estoque de informações", que deve ser utilizado como um espaço coletivo e de influência
1'1
M- gosto da leitura devendo sua coleção ser formada em função dos interesses de todos os
t-:
4.1 Sobre a Biblioteca escolar
DOS'; que estão terminando a escola básica, para medir seus conhecimentos de leitura e
aprendizagem. O Brasil ficou em último lugar. - em uma entrevista concedida ao jornal
Diário do Nordeste, fala da importância da leitura e do papel que a escola tem em relação ao
desenvolvimento do leitor e comenta o desempenho do Brasil nesse programa.
Ela nos conta que os alunos acabam insistindo naquelas estratégias de copiar igual
ao texto, o que acaba distanciando-os do desenvolvimento de um senso crítico, pois, ao invés
de estabelecer relações com o texto e deduzir por raciocínio, isto é, compreender aquilo que
não está escrito, mas sugerido, os aluno se acostuma a copiar somente o que está explícito.
Ainda segundo ela, é na escola que se aprende a ter o primeiro contato com o mundo da
leitura e se começa a formar os leitores críticos. Porém, para isso, é necessário que se ofereça
toda uma estrutura, bons programas de incentivo à leitura, boas ferramentas e pessoas
qualificadas. Isso inclui uma boa biblioteca, ou pelo menos, uma que disponha de um acervo
atual e que seja de fácil acesso. A biblioteca escolar pode sim ser o local onde se forma o
leitor crítico, que vá até lá, não só porque o professor pediu que fosse feita uma "pesquisa",
mas por vontade própria, para buscar novas leituras, investigar um assunto que lhe tenha
chamado atenção etc,
"'Pesquisa é mna palavra que nos veio do espanhol. Este, por sua vez,
herdou-a do latim Havia em latim o verbo perquiro, que significava
procurar, buscar com cuidado, aprofundar na busca. ° particípio passado
desse verbo era perquisitum. Por alguma lei da que conhecemos fonética
histórica, o primeiro R se transformou em S na passagem do latim para o
espanhol, resultando no verbo pesquisar hoje. Perceba que os significados
desse verbo em latim insistem na idéia de mna busca feita com cuidado e
profundidade, portanto, nada a ver com os trabalhos superficiais, feitos só
para dar nota". (BAGNO, 2000, p, 17)
Bagno (2000), mostra-se indignado com a orientação que é dada às pesquisas nas
escolas de Ensino Fundamental e Médio. Não há, na opinião dele, uma orientação séria a
respeito disso. O professor pede que os alunos façam uma pesquisa na biblioteca sobre
determinado assunto e marca uma data para receber. O que se vê é um "batalhão" de alunos
que vão até a biblioteca, copiam o que encontram e depois entregam para o professor dar nota,
ou seja, a "pesquisa" termina virando uma cópia
29
Milanesi (1983), também aponta a forma com que a pesquisa escolar é trabalhada
como sendo um "grande vilão" para a educação. "A escola Brasileira, com algumas variações,
funcionou e ainda funciona dentro de um esquema que leva o aluno à reprodução do discurso.
Ao professor cabe preparar a aula. Ele lê. O quanto lê depende do professor e das
circunstãncias".(MILANESI, 1983, p.39).
5..SOBRE A PESQUISA
o próprio homem."
(OLIVEIRA, 2002)
Mesmo sem recursos pedagógicos suficientes, a diretora diz que a leitura vem
sendo trabalhada em parcerias com as demais disciplinas, o que, segundo ela, melhorou
bastante o interesse pela leitura e conseqüentemente pelas outras disciplinas. A Educação.
Infantil trabalha a leitura dentro das próprias salas de aula, onde existem prateleiras coloridas
com diversos livros de contos, e em um auditório onde é feita a apresentação de teatro e aonde
os alunos vão para assistir vídeos.
Sobre os que os pais acham, elas responderam que, até o momento, nunca tiveram
nenhum tipo de reclamação ou perceberam alguma insatisfação. Durante os três dias em que
estive no colégio, pude conversar com alguns deles, a grande maioria só apareceu mesmo na
hora de pegar os filhos, Marquei uma entrevista com dois casais e outras duas mães que
aceitaram responder minhas perguntas, mas, somente um casal e uma mãe compareceram ao
encontro. Para ambos fiz as seguintes perguntas: como eles avaliam a escola, o que eles
35
.acham da leitura e de que formam eles incentivam a leitura por parte dos filhos. A mãe
~ que adora a escola e a metodologia de ensino, acha extremamente importante a
leitura; a maneira que ela encontra de incentivar a filha, da alfabetização a gostar de ler é,
além de estar acompanhando de perto as atividades escolares, sempre que possível, leva a
mesma a eventos culturais; já o casal avalia a escola como boa, admite que mesmo sabendo da
importância da leitura não anda participando muito da formação cultural dos filhos, um de
seis anos e um de oito, e que devido ao tempo e ao trabalho não podem acompanhar as tarefas
escolares dos mesmos, mas eles contam com a ajuda de uma professora de reforço que é com
quem as atividades são feitas todos os dias.
A psicóloga da escola afirma que a grande maioria dos pais, mesmos aqueles que
trabalham os dois expedientes, estão mais atentos aos filhos. Está havendo uma maior
conscientização, ainda esta longe do ideal, mas os resultados dessa parceria está sendo
considerada satisfatória; a prova disso é que cada vez mais. os pais vêm procurando a escola
para saber sobre seus filhos, o que antes não acontecia, os pais simplesmente ignoravam os
recados na agenda sobre as reuniões e só tinham conhecimento do desempenho do filho, na
época de entrega dos boletins. Parte deste comportamento e conseqüência de campanhas
desenvolvidas pela escola
No Colégio Inácio Costa, conversei também com três professoras, uma do Jardim
IIL uma da alfabetização e outra da primeira série. Perguntei sobre os meios que elas
utilizavam para trabalhar a leitura e como os alunos reagiam a estas práticas. A falta de
recursos por parte da própria escola foi apontada como um grande obstáculo, pois. sem os
vários recursos pedagógicos muito utilizados hoje em dia pelas escolas, as aulas ficam
praticamente limitadas ao auditório, onde são feitas apresentações de teatro pelos próprios
alunos e aonde eventualmente vão assistir a vídeos ou ouvir historinhas. No entanto, elas
evidenciaram o fato de que os alunos tinham muita vontade e se mostravam bastante
atenciosos principalmente na hora das contações de histórias que são realizadas todos os dias
depois da recreação.
Em seguida perguntei a todos o que eles achavam da leitura e de que forma eles
incentivavam a leitura em casa. Todos os entrevistados responderam achar a leitura nos dias
de hoje muito importante, mas dos cinco entrevistados, apenas uma mãe respondeu que, além
de acompanhar as tarefas da escola da filha, costuma a ler historinhas para ela na hora de
dormir; também costuma a ler na presença da menina e recortar os quadrinhos que vem no
jornal para filha se divertir. Todo o restante alegou falta de tempo, tanto em acompanhar os
filhos nas atividades escolares, quanto praticar leitura.
37
Com base nos teóricos cuja leitura foi indispensável na elaboração deste trabalho,
juntamente com minhas observações, percebo que o grande diferencial na vida das crianças
como futuro leitores, é justamente, os estímulos que eles recebem, tanto da escola quanto dos
pais. Não adianta os pais colocarem seus filhos na escola achando que, cabe exclusivamente a
ela o papel de sócio educador, e que sozinha ela conseguira educar e estimular seus alunos,
mas infelizmente, através da realização deste trabalho, pude constatar que esse ainda é o
pensamento de muitos pais.
Imciativas que tentam combater este tipo de pensamento, ainda são muito tímidas, e
são poucas as Instituições de ensino que realmente se empenham nesta missão. A escola,
ainda está longe do ideal. Muita coisa tem que ser vista e analisada, pois uma escola sem
política séria de leitura e sem um mínimo de recursos pedagógicos não interessa a ninguém.
De acordo com Vygotsk:y (1987), o meio é essencial para o desenvolvimento social humano.
A criança quando bem estimulada, além de se transformar em um ser humano com capacidade
de análise crítica do meio em que se encontra, ajuda a construir um mundo melhor.
38
Posso concluir que, o gosto e o prazer pela leitura não só depende da maneira
como ele é introduzido em nossas vidas, mas também de como ele é estimulado durante toda a
vida escolar. O problema não está somente nas séries iniciais, mas agrava-s.enas séries que se
seguirão. É necessário pais e escola reverem suas posições nesse contexto, para que
futuramente, as novas gerações, não tenham problemas de leitura com na atualidade.
39
"
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Caderno Opinião.