Aula Teorica Patrimonio 2021

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1.

PATRIMÓNIO

1.1. Introdução

As empresas, necessitam de um certo conjunto de elementos, ou seja, de equipamentos, edifícios,


mercadorias, capital financeiro, equipamento e outros. Significa que, no exercício de qualquer
actividade estão sempre afectos valores que são propriedade de alguém. Do ponto de vista
jurídico, os elementos utilizados por cada unidade económica podem considerar-se como sendo
de sua pertença, ainda que, normalmente, os seus direitos não incidam sobre a sua totalidade.

O conjunto de elementos utilizados pelas entidades no exercício da sua actividade constitui o seu
património. Contudo, nem só os edifícios, numerário e equipamento utilizados constituem o
património. A empresa (ou qualquer outro tipo de entidade), no desenvolvimento da sua
actividade, estabelece relações que originam um conjunto de direitos e obrigações. Assim, serão
criadas dívidas a receber (créditos da empresa ou débitos de terceiros) que representam os
valores pertencentes à empresa; e, dívidas a pagar (débitos da empresa ou créditos de terceiros)
que representam valores pertencentes a terceiros e que a empresa se obriga a liquidar. Tanto as
dívidas a receber como as dívidas a pagar, são consideradas valores integrantes do património.

Consideremos o conjunto de valores que constituem o património da Sociedade Sumbune SA,


em 01 de Outubro de 2019
ELEMENTOS PATRIMONIAIS VALORES (Mt)
Numerário em cofre 30,000
Depósito no Moza Banco 120,000
Dívida de Rocha 25,000
Dívida a Clara 60,000
Letra a Receber de J. Reis 15,000
Letra a Pagar a C. Costa 50,000
Bacalhau 100,000
Açúcar 60,000
Sabão 20,000
Balcão 10,000
Mobília do escritório 22,000
Máquinas do escritório 28,000

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Verificamos que nele existem certos elementos que são comuns a todos os comerciantes, ao lado
de outros elementos que são específicos de determinados comerciantes, os quais nos indicam o
respectivo ramo de actividade. No mesmo conjunto, podemos distinguir os bens dos direitos e,
estes das obrigações. Por exemplo:
Bens: Dinheiro no cofre
Direitos: Dívida de Rocha
Obrigações: Dívida a Clara

Naturalmente, os bens são elementos corpóreos e os direitos e obrigações são elementos


incorpóreos. Os elementos deste conjunto, embora sejam diferentes uns dos outros, apresentam,
contudo, as seguintes características comuns:
a) São valores (todos os elementos estão expressos em unidades monetárias);
b) Pertencem a determinada unidade económica;
c) São administrados com certo objectivo.

Assim podemos adoptar uma nova definição do Património:


PATRIMÔNIO: O Património é o conjunto de bens, direitos e obrigações que pertencem a
entidade. Cada componente de um dado património (ex.: as mercadorias, um edifício, uma
dívida, uma viatura, etc.), denomina-se de elemento patrimonial.
Como o património é um conjunto de elementos heterogéneos, existe a necessidade de
transformar ou expressar esses elementos numa mesma unidade. É assim que todos eles, em
geral, são traduzidos em unidades monetárias.

1.1.1. BENS:

Constituem elementos, materiais ou imateriais, que possuem valor económico, que


pertencem a entidade e capazes de satisfazer as suas necessidades. Estes classificam-se em:

1.1.1.1. Bens Materiais

Têm a forma física, são palpáveis, Ex.: Veículos, imóveis, mercadorias, dinheiro, móveis e
utensílios, ferramentas, etc.)

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1.1.1.2. Bens Imateriais

Não são palpáveis, não constituídos de matéria. Ex.: Marcas(2M, Coca-cola), patentes de
invenção (direito exclusivo de explorar uma invenção).

O código Civil da República de Moçambique classifica os bens em:

1.1.1.3. Bens imóveis

Vinculados ao solo. Não podem serem tirados sem destruição ou dano: edifício, árvores, etc.

1.1.1.4. Bens móveis

Podem ser removidos por si próprios ou por outras pessoas: animais, máquinas,
equipamentos, estoques de mercadorias.

1.1.2. DIREITOS
São valores que a entidade tem a receber de terceiros, provenientes da venda ou
empréstimo de mercadorias, produtos, serviços ou bens. Ex.: valores a receber, títulos receber,
contas a receber, salários a receber.

1.1.3. OBRIGAÇÕES
São valores que a entidade tem a pagar a terceiros, provenientes da compra ou
empréstimo de mercadorias, produtos, serviços ou bens.
Em contabilidade consideram-se obrigações as seguintes: Empréstimos a pagar, Divida a
pagar, Impostos a pagar, Salários a pagar, entre outros.

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1.2. CLASSIFICAÇÃO DO PATRIMÔNIO

O património de uma unidade económica classifica-se em:

a) Património Individual, se a unidade económica é um indivíduo;


b) Património Social, se a unidade económica é uma sociedade;
c) Património Público, se a unidade económica é um Estado;
d) Património Privado, se pertence a um cidadão
e) Património Nacional, se pertence a uma nação, o qual incluirá o património público e o
património privado.

O património individual pode estar subdividido em duas parcelas distintas: o conjunto de valores
afectos ao exercício do comércio (património comercial, também designado por “fundo de
comércio” e “estabelecimento comercial”) e o conjunto dos restantes valores (património
particular).

1.3. ASPECTOS DISTINTIVOS DO PATRIMÓNIO

Num património há a considerar dois aspectos distintos:

 A sua composição;
 O seu valor.

Quanto à sua composição, o património engloba um conjunto de elementos heterogéneos


(elementos patrimoniais) com um determinado valor, como sejam as mercadorias, numerário,
edifícios, etc. A composição do património diz respeito à natureza dos elementos patrimoniais
que o integram e à sua extensão, ou seja, à proporção em que eles se encontram. A composição
de patrimónios será tão distinta quando:
a) Os elementos de cada um forem diferentes;
b) Tiverem os mesmos elementos mas com extensão (valor) diferente;
c) Tiverem elementos e valores diferentes.

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1.4. REPRESENTAÇÃO GRÁFICA DO PATRIMÔNIO

A equação fundamental do património de uma entidade é: PL = (B+D) – (OB)

Onde:
PL – Património Líquido
B – Bens
D – Direitos
OB – Obrigações

O Património de uma entidade assume a seguinte representação gráfica:

Aplicações Origens
OBRIGAÇÕES
BENS + DIREITOS
PATRIMÔNIO LÍQUIDO

O património de uma entidade, representado na figura acima, apresenta dois lados. O lado
esquerdo (bens + direitos) é denominado lado das aplicações de recursos e o lado direito
(obrigações + PL) é chamado lado das origens de recursos. A ciência contabilística preconiza
que as aplicações de recursos são iguais às origens de recursos. Esse preceito científico é
conhecido como método das partidas dobradas.

Também se denomina o lado das origens de recursos como o lado dos capitais.
Diferentemente do aspecto financeiro, sob o aspecto contabilístico, o termo capital pode
encontrar vários sentidos. Observando o lado dos capitais, se conclui que as entidades possuem
dois tipos de capitais:

1.4.1. Capitais de Terceiros

Representam as dívidas (obrigações) que a entidade assumiu junto a terceiros. Os Capitais


de Terceiros têm a obrigação de serem pagos pela entidade. Segundo o prazo de vencimento
dos Capitais de Terceiros, pode-se dividi-los em dois tipos: Curto Prazo e Longo Prazo.
1.4.2. Capitais Próprios

Representam a diferença entre (Bens (+) Direitos) (-) (Obrigações). A primeira fonte de Capital
Próprio de uma entidade denomina-se Capital Social, que é o investimento inicial feito

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Pelos sócios/ Accionistas. Outra fonte de Capital Próprio de uma entidade é o Lucro
(Receita>Despesa) gerado em cada exercício social.

O Património de uma entidade pode assumir um dos seguintes estados:

i. B + D> OB, significa que o Património Líquido (PL > 0 ou positivo)

Origens Aplicações
OBRIGAÇÕES
BENS + DIREITOS
PATRIMÔNIO LÍQUIDO

ii. B + D = OB, significa que o Património Líquido (PL = 0 ou nulo)

Origens Aplicações
BENS + DIREITOS OBRIGAÇÕES

iii. B + D < OB, significa que o Património Líquido (PL < 0 ou negativo)

Origens Aplicações
BENS + DIREITOS
OBRIGAÇÕES
PATRIMÔNIO LÍQUIDO

iv. Património Líquido = Obrigações (PL = OB),

B + D = 0 (entidade não possui bens ou direitos)

Origens Aplicações
PATRIMÔNIO LÍQUIDO OBRIGAÇÕES

v. B + D = PL, OB = 0 (entidade não possui capital de terceiros)

Origens Aplicações
PATRIMÔNIO
BENS + DIREITOS LÍQUIDO

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1.5. MASSAS PATRIMONIAIS (CLASSES DE ELEMENTOS PATRIMONIAIS)

Os elementos patrimoniais podem ser reunidos em grupos que desempenham a mesma função
económica ou financeira, constituindo verdadeiras massas (classes de elementos) patrimoniais.
Assim, num dado património, podemos distinguir dois grandes grupos antagónicos:

i. O dos valores positivos, constituído por elementos que representam aquilo que se possui
ou se tem a receber, ou seja, bens e direitos. Estes concretizam uma vontade de acção
económica para prossecução dos objectivos propostos. Os bens e direitos representam,
precisamente, os meios daquela acção, daquela actividade, pelo que o respectivo conjunto
se designa por Activo;

ii. O dos valores negativos, constituído por elementos que representam aquilo que se tem a
pagar, ou seja, obrigações, cujo conjunto se designa por Passivo.

O activo e passivo constituem as massas patrimoniais gerais e nelas encontram-se as massas


patrimoniais parciais, constituídas por classes de elementos patrimoniais a destacar:

Massas parciais de elementos patrimoniais

 Classe 1 – Meios Financeiros;


 Classe 2 – Inventários e Activos Biológicos;
 Classe 3 – Investimentos de Capital;
 Classe 4 – Contas a Receber, Contas a Pagar, Acréscimos e Diferimentos;
 Classe 5 – Capital Próprio;
 Classe 6 – Gastos e Perdas;
 Classe 7 – Rendimentos e Ganhos;
 Classe 8 – Resultados

1.5.1. Valor do Património/ Situação Líquida

Entende-se por valor do património, a quantia que seria preciso dar para o obter, isto é, para
receber em troca todo o activo, ficando ao mesmo tempo com o encargo de pagar todo o passivo.
Sendo o activo, conjunto de valores positivos e o passivo, conjunto de valores negativos, o valor
do património corresponde à soma algébrica das duas classes de elementos.

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A expressão numérica do valor do património, chama-se Situação Líquida (Património Líquido
ou Capital Próprio).

Sendo a situação líquida dada pela diferença entre o activo e o passivo e vistas que foram as
noções destes últimos, facilmente se depreende que ela representa o conjunto de valores que
pertencem efectivamente ao proprietário da empresa, ou seja, representa os direitos deste último
sobre as propriedades da mesma. Em termos monetários, a situação líquida ou capital próprio
num dado momento, representa o valor que o proprietário da empresa teria direito a receber se
cessasse a sua actividade, liquidando o património (do ponto de vista contabilístico), nesse
momento.

Três casos podem ocorrer em dada situação patrimonial:


1) O activo é superior ao passivo, havendo um excesso de valores activos sobre os passivos.
Neste caso a situação líquida diz-se Activa. É o mais frequente e representa um capital
próprio positivo. Esquematicamente:
A>P SL. Activa: ou seja: A = P + SL Activa

2) O activo e o passivo são iguais, não havendo, neste caso situação líquida, ou seja, ela é
nula.

A=P SL. Nula; ou seja, A = P

3) Por último, o activo pode ser inferior ao passivo. Neste caso, existe um excesso de
valores passivos sobre os activos (deve-se mais do que se possui e se tem a receber).
Logo, a situação líquida diz-se Passiva e corresponde a um capital próprio negativo.

A <P SL. Passiva; ou seja, A + SL. Passiva = P ou: A = P – SL. Passiva

O património de qualquer unidade económica encontra-se necessariamente numa das três


situações citadas. De todas, a 2ª, é a de mais difícil ocorrência, visto só excepcionalmente
coincidirem os valores de ambas as classes de elementos patrimoniais.

Para efeitos académico, há que considerar a situação líquida inicial, situação líquida adquirida,
situação líquida retida e situação líquida final, que é determinada por meio de balanços
sucessivos ao longo do exercício das actividades de uma unidade económica.

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1.6. FACTOS PATRIMONIAIS

O património de uma entidade está em constante evolução. As decisões tomadas pelos


gestores das entidades determinam essa evolução. O conjunto de decisões tomadas pelos gestores
da entidade, em determinado período, se traduz na gestão da entidade.

O património de uma unidade económica está sujeito a uma contínua transformação motivada
por dois tipos de acontecimentos, sendo:
 Acontecimentos normais ou voluntários que resultam das operações efectuadas,
voluntariamente, pela unidade económica (compras, pagamentos, vendas, saques, aceites,
recebimentos, etc.);
 Acontecimentos extraordinários ou involuntários, que são independentes da vontade da
empresa (incêndios, roubos, quebras, etc.)

Estes dois tipos de acontecimentos constituem factos patrimoniais. Assim, factos patrimoniais é
tudo aquilo que implica variações no património.

Os factos contabilísticos, Além de modificarem os bens, Direitos e obrigações das


entidades, modificam, também, as receitas e despesas.

Receitas: Representam os ganhos que a entidade aufere e tendem a aumentar seu


Património Líquido.

Despesas: Representam os gastos que a entidade tem e tendem a diminuir seu Património
Líquido.

Lucro: Ocorre quando as receitas são maiores que as despesas num determinado período.

Prejuízo: Ocorre quando as receitas são menores que as despesas num determinado
período.

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1.6.1. Classificação dos factos Patrimoniais

Os factos patrimoniais classificam-se em:

 Factos patrimoniais permutativos (ou qualitativos) -quando provocam uma


variação na composição do património mas, não no seu valor. Estes são os mais
frequentes e, temos como exemplos os seguintes factos: compra de mercadorias,
pagamento de uma dívida, aquisição de um edifício, um saque sobre um cliente, etc.;

 Factos patrimoniais modificativos (ou quantitativos), quando, para além da


variação na composição, ocorre, também, uma variação no valor do património.
Implicam, portanto, uma variação na situação líquida (valor do património). Estes
factos estão relacionados com todas as operações que originam um lucro ou prejuízo
para a unidade económica, tais como: venda de mercadorias com um lucro, venda de
um valor móvel (ou outro) por um preço inferior, ou superior, ao representado no
património, etc.

Assim, podemos concluir que:

a) Quando variam apenas valores activos e/ou passivos o facto patrimonial é


necessariamente permutativo, na medida em que não altera a situação líquida;

b) Quando variam simultaneamente valores activos e/ou passivos e valores da situação


líquida o facto é necessariamente modificativo;

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BIBLIOGRAFIAS UTILIZADAS E RECOMENDADAS

BORGES, António; e outros, Elementos de Contabilidade Geral, 22ª edição, Áreas editora,
2005
BRITO, Dalva, Plano Geral de Contabilidade Comentado, 2ª edição, Moçambique editora,
Maputo, 2005
BENTO, José; MACHADO, J. Fernandes, O Plano Oficial de ContaExplicado 23ª edição,
Porto editora, Lisboa, 1998
DA COSTA, C. Baptista; ALVES, G. Correia, Contabilidade Financeira, 4ª edição, Rei dos
livros, Lisboa, 2001

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