Ovários: Salvador 2022
Ovários: Salvador 2022
Ovários: Salvador 2022
SALVADOR
2022
INTRODUÇÃO
Os ovários são duas glândulas endócrinas do sistema reprodutor feminino, cuja função
não se limita apenas a secreção de hormônios. O ovário é o órgão onde se produzem
as células germinais femininas. Eles se encontram localizados na pelve, um em cada
lado do útero, abaixo das trompas de Falópio.
Duas funções fisiológicas associadas ao funcionamento do ovário são a gametogênese
e esteroidogênese que estão interligadas.
A ovogênese é um processo progressivo pelo qual as propriedades necessárias para
expressar a competência de desenvolvimento são adquiridas em sucessivos estágios
de diferenciação e envolvem diferentes níveis de mecanismos reguladores para
permitir o crescimento e maturação de células individuais para garantir a continuidade
de suas espécies.
A função endócrina do ovário produz estrogênio e progesterona, que sincronizam a
atividade do trato reprodutivo e das glândulas mamárias com o ciclo ovulatório,
resultando na liberação periódica de ovócitos. No ovário, duas áreas são identificadas,
uma área periférica chamada córtex e uma área central chamada medula. O córtex
ovariano humano possui um número limitado de células germinativas primordiais, que
diminuem ao longo da vida de um indivíduo do sexo feminino devido à ovulação e
atresia.
Ficando atrás apenas do câncer que acomete o colo do útero, o câncer de ovário é
apontado pelo Instituto Nacional do Câncer (Inca) como segunda neoplasia
ginecológica mais comum no país, ele é silencioso, demorando para apresentar
sintomas. Como consequência disso, a maioria dos casos é diagnosticado apenas
quando os tumores já cresceram bastante e a doença já está em estágio avançado.
Estima-se que 95% das neoplasias ovarianas sejam derivadas de células epiteliais (que
revestem o ovário), enquanto o restante está associado a células germinativas e
estromais.
É importante destacar que, em geral, os cistos ovarianos não têm relação com o câncer
de ovário. Eles são pequenas bolsas de líquido que nem sempre causam sintomas e
normalmente fazem parte do processo de ovulação.
DESENVOLVIMENTO
Ovogênese
O processo de formação do gameta feminino, ovócito secundário ou oócito secundário, é
denominado de ovogênese ou ovulogênese e inicia-se ainda no período embrionário. Embora
se inicie ainda nessa fase, o gameta só completará o seu desenvolvimento anos depois, a partir
do momento em que a mulher chegar à puberdade.
Ciclo Menstrual
O ciclo menstrual é o período entre o início de uma menstruação e outra. Esse período
dura, em média, 28 dias, mas pode ser mais curto ou mais longo.
Durante a puberdade, o hipotálamo inicia gradualmente a liberação do GnRH, que
estimula a hipófise a secretar de hormônios gonadotróficos: LH e FSH. Esse hormônios
estimulam os ovários a produzir os hormônios sexuais femininos, levando a menarca, a
primeira menstruação de uma mulher, que marca o início de sua vida reprodutiva.
A menarca pode ocorrer entre 9 e 16 anos, com idade média, no Brasil, de 12 anos e 4
meses. Os primeiros ciclos menstruais costumam ser irregulares e podem permanecer
assim por até 2 ou 3 anos.
Chamamos de menacme o período fértil da mulher. Este intervalo de tempo ocorre
entre a menarca e a menopausa. Durante o menacme acontecem os ciclos sexuais
mensais femininos ou ciclos menstruais. A duração média do ciclo menstrual é de 28
dias, variando entre 25 e 35 dias. Nesse período de 28 dias, existem 2 diferentes ciclos
que ocorrem ao mesmo tempo: o ciclo ovariano e o ciclo endometrial.
Menopausa
A menopausa é o período no qual há uma diminuição dos hormônios femininos a
quase zero e o ciclo menstrual é cessado. Isso ocorre entre 40 e 50 anos, devido ao
esgotamento ovariano.
Síndrome do Ovário Policístico
A Síndrome do Ovário Policístico (SOP) é uma doença endócrina que afeta de 5% a 10%
das mulheres em idade reprodutiva. Embora não haja uma causa específica,
geralmente ela ocorre devido à hipófise estimular uma produção excessiva de
hormônios masculinos pelo organismo. É observado também que muitas mulheres que
desenvolvem essa síndrome apresentam resistência à insulina.
Dentre os sintomas da SOP, podemos citar:
• Ciclo menstrual irregular
• Dificuldade para engravidar
• Acne, ganho de peso
Faixa etária
O câncer de ovário pode afetar mulheres de qualquer idade. Desde criança,
adolescente, mulher no menacme que é o período fértil da vida, em que ela menstrua,
até depois da menopausa. Porém, os tumores mais frequentes de câncer de ovário são
pós menopausa.
Predisposição genética
Quando falamos de câncer de ovário, pensa-se muito na herança genética, na parte
hereditária. Mas, de todos os casos desse tipo de câncer, só 30% tem uma relação com
a hereditariedade ou com as chamadas mutações genéticas. Em 70% dos casos, nós
não sabemos a causa e, infelizmente, ainda não se consegue detectar qual seria.
Mutação genética
Dos 30% de casos de câncer de ovário que têm relação com síndromes genéticas, a
mais conhecida e estudada é a síndrome das mutações dos genes BRCA1 e BRCA2 –
que são de suma importância para o controle celular. Então, mulheres que têm
defeitos nesses genes têm um risco maior de desenvolver doença do ponto de vista
oncológico, pois elas possuem um defeito no controle celular.
Existem genes responsáveis pelo controle celular, dente eles, o BRCA1 e o BRCA2.
Mulheres com mutação em um desses genes têm 30% de chance de desenvolver o
câncer de ovário e até 80% de chances de desenvolver um câncer de mama. É o que
chamamos de síndrome de câncer de mama e ovário.
Daí, a importância de tentarmos detectar as pacientes que têm risco dessas mutações.
Porque, se isso acontecer, há uma chance de ter um impacto melhor em prevenir que
ela tenha a doença. E quando suspeitar de uma família ou de uma mulher que tenha
risco elevado de ter mutação genética? Quando eu conseguir detectar na anamnese da
paciente alguns fatores que possam ser indicativos, ou seja:
Quando a paciente tiver algum familiar com histórico de câncer de mama abaixo de 40
anos.
Familiar com histórico de câncer de mama com pior prognóstico, com tumor bilateral
de mama ou com tumor triplo negativo;
Qualquer caso de familiar, independentemente do grau de parentesco, de câncer de
mama masculino;
Dois ou mais familiares, também não importando o grau de parentesco, com câncer de
mama e/ou de ovário;
Qualquer caso familiar de câncer de ovário;
Se ela for descendente de judeus asquenazes, que é a população onde começou a
mutação genética, o que aumenta o risco de ter também.
Então, se o médico detecta na anamnese da paciente que existe um alto risco, ela deve
ser encaminhada para a realização do exame genético. Ou, então, para um médico
geneticista avaliar se deve ser feito um exame mais simplificado ou estendido para a
verificação de mutações genéticas.
Realizado o exame e se foi detectado que a mulher é portadora dessa mutação, frente
ao risco de 80% de câncer de mama e 30% de câncer de ovário, o que deve ser feito?
Não é necessário, de imediato, fazer a retirada das mamas e dos ovários dessas
pacientes. Porque existe um outro dado importante na genética que se chama
penetrância da mutação genética.
Com o BRCA1, a mulher começa a apresentar o aumento do risco de desenvolvimento
da doença a partir dos 35 anos. Com o BRCA2, isso se dá a partir dos 42 anos. Um
exemplo disso é o que trouxe essa discussão para a mídia, a atriz Angelina Jolie. Ela
teve dois familiares com câncer de mama e de ovário e fez o exame de mutação
genética, que mostrou ser portadora de BRCA2. Então, ela fez duas cirurgias.
A primeira cirurgia que ela fez, por volta dos 35 anos, foi a mastectomia. Ela postergou
para retirar os ovários até alguns anos depois, pois queria ter os efeitos benéficos da
ação estrogênica por mais tempo. A partir dos 40 anos, por ter BRCA2 positivo, o risco
dela seria aumentado. Então, ela fez a cirurgia de retirada dos ovários.
Portanto, quando uma mutação dessas é detectada em uma paciente, é necessário
avaliar a idade dela. Se estiver perto dos 35 anos e for BRCA1 positivo ou perto dos 40
e for BRCA2 positivo, já existe a chance de indicar essa cirurgia, que chamamos de
cirurgia poupadora de risco.
Agora, se é detectado que na família existem portadores dessa mutação que são
mulheres jovens com 20 anos ou adolescentes, que ainda não tiveram filhos a nossa
responsabilidade é orientar essas pacientes para que elas resolvam até os 35 anos de
idade essa parte de fecundidade. Ou ter filhos, ou congelar óvulos, ou congelar
embriões, porque até essa idade o risco é baixo.
Então, a partir dos 35 anos, com a elevação do risco que ela tem de desenvolver essa
doença por meio da mutação, está indicada a chamada cirurgia poupadora de risco.
Diagnóstico e Sintomas
É muito importante sempre fazer uma avaliação com o ginecologista para ele verificar
se há fatores de risco, se há alguma suspeita que eleve a um patamar de risco para
mutação genética e acompanhar por meio da história, de exame físico e até de alguns
outros exames. Ou, então, fazer um acompanhamento ginecológico normal que possa
fazer uma detecção o mais precoce possível por conta de alguma alteração que seja
suspeita para um câncer de ovário.
Conforme citado, o câncer de ovário não apresenta sintomas específicos quando está
em seus estágios iniciais, sendo que muitos dos sinais manifestados podem ser
confundidos com um mal-estar comum. Embora possam variar entre uma paciente e
outra e se intensificar conforme o tumor cresce, os sintomas mais frequentes são:
Desconforto abdominal, como gases, cólicas e inchaço;
Aumento do volume abdominal;
Tratamento
Mulheres diagnosticadas com câncer de ovário podem ser submetidas a diferentes
abordagens terapêuticas, que dependem do tipo histológico do tumor, do estágio em
que a doença se encontra, das condições clínicas da paciente e de sua idade. Em geral,
um passo muito importante é a cirurgia para a remoção do tumor.
Uma vez que o câncer de ovário se manifesta tardiamente e apresenta um diagnóstico
tão desafiador, muitas vezes o tratamento é iniciado com a doença já avançada e com
possível comprometimento de outros órgãos. O objetivo da cirurgia é sempre retirar
todas as células tumorais visíveis.
CONCLUSÃO
O câncer de ovário representa boa parte dos problemas ginecológicas e também causa
morte em boa parte das pacientes com a doença. Os problemas com o diagnóstico e
também os sintomas que são quase despercebidos faz que já estejam com
disseminação peritônela e ascite no diagnóstico. É muito importante ao mínimo sinal
de suspeita encaminhar a paciente pra o profissional mais adequado a fazer o
diagnóstico e investigação do caso e assim garantir uma boa expectativa e cuidado
com a vida do paciente acometido com a patologia.
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
https://www.biologianet.com/anatomia-fisiologia-animal/ovarios.htm
https://www.sanarmed.com/fisiologia-do-sistema-reprodutor-feminino
https://www.todamateria.com.br/autor/juliana-diana/
https://leforte.com.br/blog/mutacao-genetica-e-um-dos-fatores-de-risco-para-cancer-de-
ovario/
http://www.oncoguia.org.br/mobile/conteudo/causas-do-c%C3%A2ncer-de-
ov%C3%A1rio/1782/1126/
https://oncoegenetica.com.br/oncologia/tipos-de-cancer/cancer-de-ovario/amp/