Archivo Da Relaçao de Goa, Vol. II (1641-1700)

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UNIVERSIDAD COMPLUTENSE DE MADRID
BIBLIBEFXATAMENTO
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DE M
O BIBLIOTECA
HISTORIA DEL DERECHO
Facultad / Escuela :

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VARIOS IENTOS

DOS SECULOS XVI, XVIII, E XIX


ATÉ A ORGANISAÇÃO DA NOVA RELAÇÃO PELO DECRETO
DE 7 DE DEZENBRO DE 1836.
POR

35.82
José Ignacio de Avranches Garcia ,
JUIZ DO MESMO TRIBUNAL .

SECULO XVII
INSTITUCIUNES
1641-1700. DE AMERICA
DIBLIOTECA
PARTE II

1X , 2.0 ,
ARC
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NOVA GOA : NA IMPRENSA NACIONAL .

1874
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UNIVERSIDAD COMPLUTENSE
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EXCLUIDO DE PRESTAMO

ADVERTENCIA.

Por motivos imprevistos e alheios da nossa vontade fieon


empatada , desde ha mais de um ano até agora, na imprensa
a publicação d'esta 2. parte do Archivo da Relação , e por
eguaes motivos não pôde ser completada com o indice que ha
viamos promettido .

Nova Goa , 2 de Outubro de 1874 .

G Auctor,
1

1.
DOCUMENTOS DO SECULO XVII. 483

ARCHIVO
DA

RELACÃO DE GOA
DOCUMENTOS DO SÉCULO XVII.

164-1700.

Anno de 1641 .

VHANCELER e desembargadores da Relação de Goa. Eu


El.Rey vos envio muito saudar , Ao Conde de Aveiras,
Viso Rey desse estado mando avisar, de como Deos Nosso
Senhor foi servido de me restituir a coroa destes mes rei
nos, libertando - 08 das vexações e tiranias do governo case
telhano com que estavão moleslados e opprimidos , o que fo.
jão á principal causa de chegar esse estado ao aperto em
que se vê de presente, ordenando -lhe que nelle me faça logo
aclamar, jurar, e obedecer por Rey naturale verdadeiro que
sou, com a mesma quietação e conformidade que nestes rei.
nos se tem feito , no que tenho por certo que concorrereis de
vossa parte com as demonstrações d'amor e boa vontade que
de vossas pessoas e lealdade devo esperar , sem admitir du.
vida nem dillação alguma , assegurando - vos que os serviços
que nesta occasião me fizerdes e os mais que tendes feito me
serão presentes para folgar de vos fazer toda a honra , mercê ,
e favor . Com este aviso e ordem mando despachar logo a
Sancho de Faria da Silva , fidalgo da minha casa , e
tratando de soccorrer esse estado em Seteinbro , como se fica
se fará
tãobem nas monções seguintes , para que se alente e resia 0
re dos danos e perdas , que por rasão do injusto jago cas-.
telhano , recebeu das nações da Europa , com as quaes e com
seus principes tenho mandado tratar de amisade e compo .
sição , e se condusirá brevissimamente em tal forma que por
meio della sejão os vassallos e moradores desse estado rese
tituidos á paz e felecidade de que em tempos dos Senhores
Reis meus predecessores sohião gozar . Eserita em Lisboa a
18 de Março de 1641.-- Rey . - Para o chanceler ee desembar .
.

gadores de Goa 2. via .


Liy, verde 2. fol. 7,
1
484 ARCHIVO DA RELAÇÃO DE GOA
636

SSENTOU - SE em Relação &c. que o desembargador


A a
conquista e ilha de Ceilão a negocios do serviço de S. Mages
tade, não executará em pessoa algama de qualquer calidadade
e condição que seja pena de morte natural , por graves e enor.
mes que as culpas sejão, que destes taes tirará devassas, que
as remetterá a esta Relação para nella se sentencearem ,
pondo este os feitos em termos até final exclusive , o qual
assento o dito desembargador assinou e prometteu guardar
em todo sob pena que não o fazendo, se procederá contra elle
como parecer. Goa e S- tembro 7 de 641.- Mergulhão
Soares - Peçanha - Figueiredo- Christovão Leitão d'Abreu. H

Liv, azul 1. fol. 52.

Anno de 1642.

637

HANCELER
CH e desembargadores
El- Rei vos envio moito saudar. da Relação
Pelas deGoa. que
embarcações Eu
este anno vierão desse estado a cargo de Manoel de Liz , e
Bertola meu Gonçalves se recebeu a vossa carta porque me
significastes o contentamento e boa vontade com que vos
disposestes a me aclamar e obedecer, e ao juramento do
princepe Dom Theodosio, meu muito amado e presado filho;
e porque de assy haverdes obrado em materia tanto de
meu serviço , fico com a devida satisfação por ser muy con
>

forme ao que de vossas pessoas, e zelo de buns portuguezes


devia esperar, volo quiz agradecer por esta , e dizer-vos que
me hade ser presente para folgar de vos fazer todo o favor
que ouver lugar em vossas pertenções. Escripta em Lisboa
a 6 de Dezembro de 1642. - Rey .
Liv . verde 2.. fol. 7 v.

Anuo de 16-13 .

638

CAPITULO da carta de S. Magestade de 5 de Março de


16 13 = Conde Viso Rey da India, amigo. Eu El-Rey
vos envio muito' saudar, corno aquelle que amo. Por convir
tanto ao respeito que se deve ao meu serviço, que as ordens
DOCUMENTOS DO SECLO Xvi . 485

tocantes a elle, em se remetendo a quaesquer ministros se


executern precisamente, sem dillação algaina, vos quiz adver.
tir o signifiqueis assy aos que me servem nessas partes, e
castigueis aos que procederem com omissão .
Liv, verde 2.• fol. 8.
Anno de 16-14 .

639

IU El -Rey faço
saber aos que este alvará virem , que por
E parte de Alvaro Semedo da Companhia de Jesas , procu.
rador geral da ohristandade da China, me foi presentado hum
alvará assinado pelo sr. Rey Dom Sebastião, que santa gloria
aja, de que o treslado he o seguinte = ( Segue-se o alvará
dalado do 13 de Março de 1571), (a ) Pedindo -me o dito Al.
varo Semedo The fizesse mercê mandar-lhe passar o alvará
neste encorporado , por mais tres vias, para mandar aquellas
partes , ouve por bem de lhe man'lar passar este, pelas ditas
tres vias ; o qual se cumprirá tão inteiramente como nelle
se contem , sem duvila nem contradição alguma , e valerá
como carta ser embargo da ord . do 2. ° liv. tit. 40 em con.
trario. Manoel Antunes o fez em Lisboa a 10 de Março de
1644. Eu o secretario Affonso de Barros Caminha o fiz ese
crever.Rey.
Liv , verde 2. fol. 8 v.

Anno de 1645 .
640

OM Felippe Mascarenhas, &c. Faço saber aos que este


DOM
alvará virem , que por quanto Sua Magestade por suas
e
leis e provisões ten defendido odas
uso muitas
de pederneiras
mortes
em todo
o estado da India em resão , que se
davão , e de continuo sahião a brigas com ellas ; e querendo
remediar este damno como convern ao serviço de Deos e do
dito sr., e ser informado que nesta cidade de Goa tem havi.
do muitas mortes, e que publicamente com grande direo-.
lução andão com as ditas pederneiras, assi compridas como
curtas em palanquias , e em mãos de moços de dia e de noite,
e rem nenhum temor nem respeito das justiças de S. Mages
tade ‫ ;و‬hey por bem e mando que nenhuma pessoa de qual
quer calidade , coadição, e estado que seja traga pederneijas
compridas nem curias em palaaquins, nem fóra delles, assi
( a) Vide Archiv . Port. Orient, Fasc. 5.° 1,9710.
486 ARCHIVO DA RELAÇÃO DE GOA

de dia como de noite, nem com ellas acudão ás brigas; nem


outrosi quando forem á caça ou a passarinhar as levem com
fechos pela dita cidade, sob pena de cinco annos de degredo
para a Ilha e conquista de Ceilão, e quinhentos pardáos para
as despezas da ribeira do dito senhor. E hey outrosy por
bem que nenhum cafre, nem moços cativos ou fôrros andern
coin traçados, catanas, azagaias, arcos, frechas , sovelões , sós
nem em companhia de seus senhores ou amos , excepto
com seus sonıbreiros , e os bambús delles vãos por den
iro e sem ferrões, sob pena de serem perdidos para a mes
ma conquista de Ceilão (sic), e por cativos de S , Magestade;
e que qualquer cafre ou preto que levantar a mão a algum
homem branco , ora seja por mandado de seu senhor, ora de
seu moto proprio encorrerá na pena de morte sem remissão,
em que logo se fará a execução . E esta provisão ficará por ley
e sentença definitiva , que o capitão desta dita cidade, e ouvi.
dor geral do crime , e mais justiças farão autos que sentencea ,
2

rão breve e summariamente , e nas mais fortalezas do norte


os ouvidores com os capitães farão vutrosy autos que sen .
ciarão summariamente, remetendo -os á Relação por appella
ção; e esta provisão será registada na secretaria do estado,
e nos cartorios do crime , e apregoada pelas ruas publicas
desta dita cidade, para que venha a noticia de todos , e não
alleguem ignorancia. Notifico-o assy aos ditos, capitão desta
cidade de Goa, e av chanceler do estado , ao ouvidor geral
do crime, e aos capitães e ouvidores das fortalezas do norte,
e mais justiças, officiaes, e pessoas a que pertencer pera que
assy o cumprão e guardem , e fação inteiramente cumprir e
guardar como se nelle contem , o qual valerá como carta pas
sada em nome de Sua Magestade, e não passará pela chan
celaria por ser do serviço do dito sr. , sem embargo da ord .
do liv. 2.° tit. 39 e 40 em contrario . Antonio da Cosla o fez
em Goa a 9 de Janeiro de 1615. Eu o secrelario André Gon.
çalves Meracote o fiz escrever.-Dom Felippe Mascarenhas.
Liv . yerde 2. fol. 25 v.

642

UVI o mandado que manda El- Rey nosso sp. = Que toda
0 a pessoa de qualquer calidade e condição que seja, que
ſecolher ou liver recolhido em suas casas , ou fazendas ao
capitão da Náo Estrella , João Gonçalves , ou lhe der favor
ou ajuda por palavra ou obra , e o não descobrir e entregar ás
justiças do dito sr. , logo da publicação deste em dian.
DOCUMENTOS DO SECULO XVII . 487

te encorrerá em pena de morte e de confiscação de


bens pera a coroa e camara real , e tendo mercês de Sua
Magestade as perderá, e na intrancia dellas se lhe pode.
rá oppor pelos mais providos ; e o mesmo se eoten.
derá nas fazendas que souberem ser pertencer ao dito
capitão . E quem o discobrir e der á prisão , se lhe dará do.
zenios cruzados , da fazenda do dito capitão ; o que poderá
fazer em segredo , sem vir á noticia de ninguem ; e sabendo
se que está recolhido em algum mosteiro ou igreja , se The
porá perba em suas ordinarias, E este se publicará pelos luga .
res publicos e acosta inados desta cidade , e aonde mais for
necessario , para que venha á noticia de todos, e se passará
certidão da dita publicação nas costas delle , e se registará nos
livros e cartorios da Relação, por assy se assentar na dita Rela
ção. Dado nesta cidade de Goa aos 15 de Setembro de 1645 ,
Domingos Ferreira o fez escrever.- O Conde de Aveiras,
Liv . verde 2.° fol. 9 (a ) ,
.

Anno de 1646 .

042

VISO ReyA dacamara


saudar. India,dessa
amigo.cidade
Ea Else Rey
me vos envioda muito
queixou Rela.
ção della tirar a jurisdicção de poder devassar de casos de
morte o ouvidor da mesma cidade, sendo eleito para o di.
10 officio hum cidadão dos principaes, e confirmado pelos Viso
Reis ; e que n'outras materias se tirava tambem a jurisdic .
ção aos juizes ordinarios. Encomendo- vos que neste parti
calar se guarde o que sobre elle tenho ordenado, e o mais
que entenderdes convem a meu serviço , Escrita em Lisboa a
20 de Janeiro de 1646; e eu o secretario Affonso de Barros
Caminha a fiz escrever--- Rey. Esta copia da carta de S. Ma .
gestade concorda com o original , que de ordem de S. Ex .. se
remette ao chanceler do estado, para a mandar registar na
Relação , e se dar cumprimento ao que El -Rei nosso sr, orde
na . Goa 27 de Outubro de 1646. Esta ordem se guardará ,
e fica registada na Relação, para que della aja sempre inteja
ja noticia. Goa 9 de Janeiro de 1647.- Luiz Mergulhão Bore
ges.
Liv. verde 2.° fol. 22.

(a) No mesmo livro a fol. 10 começa o regimento do Fisco, e con


tinua até fol. 19, datado de 10 de Julho de 1620 , -que não pozemos no
lugar competente, por estar já publicado na collecção dos regimentos.
488 ARCHIVO DA RELAÇÃO DB GOA
643

ASSENT OUSE emRelação,queviston


cete e Bardez, as terrasdeSa
estarem dentro das cinco l..
leguas , os 01)
vidores das ditas terras, com pena de suspensão de seus of
ficios não impidão aos officiaes de justiça fazerem diligencias
pelos mandados que forem desta côrte, sem o sell.ccumpras
se = nem os obriguem a isso , por ser contra a forma da ore
denação, Goa 26 de Setembro de 1646. - Mergulhão - Pereira
-Alvares - Figueiredo.
Liv, verde 2. fol. 22 v.

644
OM Phelippe Mascarenhas, do conselho de estado de
S. Magestade, Viso Rei e capitão geral da India &c, Fa.
çu saber aos que este alvará virem , que sobre o requerimento
dos gentios com o Reverendo Padre Pai dos Christãos de Gua,
foi tomada pelos ministros da segunda instancia a det er
minação seguinte= Pela ordem e commissão do exm.º sr .
Dom Phelippe Mascarenhas do conselho de estado de
Sua Magestade, Viso Rei e capitão geral da India , forão
vistos na mesa da segunda instancia o requerimento e pa.
peis de Recumuny gentia viava de Beruá Chathiin , e os que
apresentou o Reverendo Padre Antonio Cerqueira da compa.
nhia de Jesus, Pai dos Christãos, eom as rasões de ambas as
partes, sendo legitimamente ouvidas , e se assentou para reso .
lução do caso presente, e os mais que ao diante se podem
offerecer, ser osſão o filho do infiel pela morte do pai , ainda
que tenha mãe , avós e outros ascendentes, e haver - se - lhe de
dar neste estado tutor christão que succede na guarda, cui.
dado, e direito paterno até idade de quatorze angos , a qual
opinião be verdadeira, e recebida em termos de direito come
mum , e manifestamente seguida nas ordenações de Sua Ma.
gestade, em quan!o arbitrão e nomeão somente orfão ao que
não tem pai ; e como tal The mandão dar lutur decidindo
que o possa ser a mesma mãi, significando que sem isso não
succede no direito paterno, assim se determinou no primei
ro concilio provincial de Goa, decr. 13, confirmado em no
me do dito sr. pelo Viso Rey Dom Aalão de Noronha no
anno de 1567; e depois no quiato concilio em 1606
acla 2.8 decr. 7 , definiado ser bastante 0 consenti .
mento do tutor christão , para o orfão antes de ter uso
de resão poder ser bautisado , ainda que a mãi , ou qualquer
dos ascendentes o contradiga , o que alem de ser conforme
a direito , e de grande utilidade e favor á christandade , se
3

DOCUMENTOS DO SECULO XVII 489

observa aqui de muitos annos a esta parte per actos contra


rios, ainda em joizo contencioso , sem embargo da provisão
do sr. Rei Dom Sebastião, do anno de 1559, os quaes con
vencem costume legitimamente prescripto com os requisitos
necessarios pera ser abrogada , e nesta materia werá serviço
de S. Magestade, se compra e guarde inteiramente , quanto
ao bautismo e provimento dos orfãos, o mesmo quinto con
cilio decr. 7 , como se nelle contem , com declaração que o
Reverendo Padre Pai dos Christãos , e os mais religiosos da
companhia de Jesus, que lhe assistirem no ministerio da
christandade, nos lugares aonde houver jaiz dos orfãos antes
de og hir iomar, ajão despacho dos sr. Viso Reis , ou do
mesnio juiz, levando sempre comsigo na occasião destas di.
Jigencias algum official de justiça ,para se fazerem com toda
a decencia e sua vidade , Goa em mnesa 10 d'Outubro de 1646 .
- Antonio de Faria - João de Barros - Francisco de Fi ..
gueiredo Frey Paulo da Trindade,= Pelo que conformando
.

me eu.com o assento atraz, dos desembargadores da Relação;


hey por bem de confirmar a dila deterininação dos ministros
da segunda instancia, neste encorporada, e que daqui em
diante se guarde e cumpra inviolavelmente, sem interpreta.
ção nem modificação alguma , com declaração , que alteran
do e procedendo o dito Reverendo Padre Pai dos Christãos
fora da ordem prescrita na dita determinação, sem preceder
despacho do juiz dos orfãos, e sem a assistencia d'algum
offiojal de justiça, que o acompanhe será ludo nullo, e se
procederá como for justiça . Notifico - o asey ao chanceler
do estado, ao provedor mór dus defunctos, e a todas as mais
justiças, officiaes, e pessoas a que pertencer, para que assy
o cumprão e guardem , e fação inteiramente comprir e guar.
dar este alvará como se nelle contem , sem duvida alguma;
o qual será registado nos livros da Relação, e no cartorio do
juizo dos orfãos , e se publicará pelos lugares publicos desta
cidade pera vir á noticia de todos , e se não poder allegar
igaorancia delle em tempo algum, e valerá como carta pag.
sada em nome de S. Magestade, sem embargo da ord . do
liv . 2.° tit 40 em contrario. Sebastião Vaz o fez em Goa a
13 de Outubro de 1646. E , o secretario Duarte de Figuei.
Tedo de Mello o fiz escrever.-D. Felippe Mascarenhas .
Assentou-se em Relação , que se passe provisão de confir
mação da determinação lomada pelos ministros de segunda
instancia , sobre o requerimento dos genlios com o Reverendo
Padre Pai dos Christãos, pera daqui em diante se guardar e
cumprir inviolavelmente sem interpretação nem modificação
algama , onde irá eacorporada a dita determinação, com de
490 ARHIVO DA RELAÇÃO DE GOA
claração , que alterando e procedendo o dito Reverendo Padre
Pai dog Christãos fora da ordem prescripta na dita determina .
ção , sem preceder despacho do juiz dos orfãos , e sem a as
sistencia de algum official de justiça que o acompanhe, será
todo nullo , e se procederá como for justica ; a qual pro
visão se registará nos livros da Relação , e no cartorio do juiz
dos orfãos, e se publicará pelos lugares publicos desta ci
dade , para vir á noticia de todos, e se não poder allegar igno .
Fancia della em tempo algum , Goa 12 de Outubro de 1646.
-Mascarenhas - Mergulhão- Figueiredo - Alvares - Pereira .
Liv , verde 2.• fol. 20 .

6-15
ISO Rei da India , amigo . Eu El- Rey vos envio muito sau.
.
na ilha de Ceilão vos concedeu o Conde de Aveiras , que
enlão governava esse estado , isenção e jurisdicção dividida
da do dito Viso Rey ; e que por esta resão, e por a paleute
que se passou a Manoel Mascarenhas Homem , do cargo que
estava ocupando de geral daquella ilba , dizer que governa.
ria assida maneira que o fizestes, queria conservar em si
a mesma isenção e jurisdicção ) ; porque a dita palente não
comprehendeu nein podia comprehender este caso, de
que eu não tinha noticia , nem o dito Conde Viso Rey facule
dade pera conceder aquelle poder hey por bein e VOS
mando que ordeneis a Manoel Mascarenhas, que não use
della, e que sirva de geral de Ceilão subordinado ao go
vernador da India, e não de outra maneira , e nesta contor
midade o mando escrever ao mesmo Manoel Mascarenhas ,
de que vos aviso pera que o tenhaes entendido . Escrita em
Lisboa a 15 de Novembro de 1646. E eu o secretario Affona
so de Barros Caminha a fiz escrever.Rey.
Liv. verde 2 .. fol. 46 v.

Anno de 1649.

M carta d'El- Rei de 8 de Janeiro de 647 está o capitulo


E seguinte E para que haja lugar, que a causa que
correr entre os providos , se averigue a tempo que possão
entrar antes de acabar o que estiver servindo, mandareis
hum anno antes, que se ponhão éditos para os providos re
quererem suas intrancias, e se acabar denito nelle as davidas
que nisto houver .
Liv . verde 1.° fol. 160 v,
DOCUMENTOS DO SECULO XVII. 491

649

IU El-Rey face saber aos que este alvará virem, que


havendo respeito ao trabalho e detrimento , que pade.
cerião as pessoas estantes moradores nas partes da India,
havendo de vir ou mandar a este reino requerer sopprimen .
tos de idades aos menores , legitimações aos filhos bastar.
dos, pela confiança que tenho de Dom Felippe Mascare
nbas , meu Viso Rey das diras partes la India ; hey por bem
e me praz , que elle possa nellas passar cartas de emancipa
ções e supprimentos de idades aos menores, que lhas pedia
rem , na idade , casos , e pela maneira que por minhas orde .
nações e regimentos lhe deverem ser passados; e assy que
possa legitimar filhos bastardos, sendo-lhe requerido pelas
pessoas a quem pertencer pedir as taes legitimações, as quaes
cartas de emancipações, supprimentos, e legitimações passatá
na forma em que se passão nestes reinos, conforme as ditas
ordenações e direito , e sendo passadas, na dita forma , hey
por bem que valhão e se cumprão, como se fossem paseadas
por mim , sem embargo da ordenação , e do regimento dos
desembargadores do paço, e sem embargo onirosy de quaes .
quer outras ordenações , provieões , regimentos , usos e cos.
tames em contrario , da ordenação do 2 ° liv . lit, 44, que diz se
não entenda derogada ordenação alguma sem della se fazer
expressa menção, e derogação; as quaes todas hei aqui por
declaradas, e pera effeito desta por revogadas , como se de
cada haina fizera particular menção ; e quero que valha
como carta , e não passe pela chancelaria, sem embargo da
ordenação do 2.° liv, tit. 39 e 40 em contrario . E se passou
por duas vias , hum só haverá effeito. Antonio Serrão o fez em
Lisboa a 13 de Março de 1647. Affonso de Barros Caminha
o fez escrever . - Reyi - O Marquez de Montalvão .
Liv. verde 2. fol. 22 v.

Anno de 16-18 .

648

A 08 3dias domezde Março de 648,veioosr. VisoRey aesta


Relação, estando nella os desembargadores abaixo assina.
dos, e propoz em como lhes era notorio , que em 25 para 26 do
mez de Fevereiro pasgado, se achara homa estatua na forca
publica de Mandovim com hum rotulo em forma de pregão ,
em nome de S. Magestade , porque dizia que elle mandava
enforcar a Dom Phelippe Mascarenhas, seu Viso Rey deste
2
492 ARHIVO DA RELAÇÃO D8 GOA
estado, com palavras muito exorbitantes , assim contra 808
pessoa, como contra o cargo que serve de Viso Rey: se assen
tou que se tirasse do caso devassa, e que fosse tiraria pelo
desembargador Sebastião Cardoso, ouvidor geral do crime, e
juiz dos feitos da coroa e fazenda , que nella importava
o segredo, se assentava que escrevesse nella o desem.
bargador Sebastião Alvares Migós; o que se a88cntou
depois da proposta do sr. Viso Rey , e elie hido, mandado
votar no caso pelo chanceler do estado. E assim se fez este
termo t'assento, ein que todos vierão uniforinente, e se assi.
narão. - Castro- Cardoso - Figueiredo - Alvares – Veiga.
- C

Livo verde 2 .. fol. 24.

649

SSENTOU - SE que fossem notificados os escrivães dos


А juizes desta côrle , que não aceitern nem ajuntem a feito
algom certidões , que não sejão de escrivães ou tabeliães,
que tenhão autos ein seu poder, de que as passão , pelas file
sidades que dellas resulta, e se tem visto cada dia nesta Re.
lação, que os escrivães comprirão, coin pena de perdie
mento dos officios , Gna 3 de Dezembro de 1649. - Castra
Cardoso - Fegueiredo - Alvares - Veiga.
Liv, verde 2. fol, 24 v.

Anno de 1649.
650

perante
mais desembargadores abaixo assinados, que por quanto
os ouvidores desta India não executão as condenações dos
colpa dos para as despezas de justiça, que se maniasse pôr
nas cartas das ditas diligencias, que não dando feitas as
execuções e cobrança das taes condenações com effeito , a
verem de pegal- 18 de sua casa , e se lhe dar ein culpa em
9

suas residencias, para o que irá capitulo particular nos de


a pessoa que lha tomar fazer pagar ao
B088 residencias , e
syndicado aquillo que achar que deixou de cobrar dos
contenidos ; e que nas ditas carlas , que se lhe passarew ,
se faga declaração deste assento, pera não poderem allegar
ignorancia , Goa e Janeiro 29 de 619.- Castro- Cardoso -
Veiga Alvaresan Figueiredo.
Liv. verde 2. fol. 25 .
DOCUMENTOS DO SECULO Xyll. 493

651
O de hama carta de Sua Magestade
CAMAPITUL
D encomendar Vos -

quiz ( como por esta o faço ) que em se


inelharites coininissões e alçadas, e na eleição dos minisa
tros que nomeardes, procedais com todo o tento e considera.
ção, precedendo tomardes exactas informações, e que não
coasintais , que os que enviardes (que serão os precisamenle
necessarios ) possão levar nem levem mais sellarios que o
que a ordenação lhes concede, nem que possão entender, nem
conhecer de outros casos fora daquelle, a que vós e a Rela.
ção os enviardes. Escrita em Lisbua a 5 de Fevereiro de
1649. - Rey. Para o Viso Rey da Iadia.- O Marquez de Mon
talvão.
Liv, verde 2 .. fol . 51 .

652

DOOM Phelippe Mascarenhas, Viro Rey, amigo, Ea El


Rey vos envio muito saudar, Com cartas vossas de 3 e
Janeiro anno passado se receberão os processos das
23 de do
causas que o procurador de minha fazenda desse estado, pe .
rante o meu joiz dos feitos da corôa e fazenda delle moveu
aog relegiosos da Companhia de Jesus do collegio de Sinto
Ignacio de Rachol, ao reitor do collegio de S. Paulo dessa
cidade, e ao do noviciado, e sobre a Ilha de Juary que pro .
vestes em Dom João Manoel , e sobre as alleas de Asolnā,
Veily , e Ainbelly, e outro processo sobre a renda dos pa.
1
godes, que tudo os ditos religiosos da Companhia possuião ;
e avendo mandado ver todo neste reino pelos juiz dos
feitos de minha corộr e fazenda, e por outros ministros de
letras e satisfação , com as sentenças que nos ditos proces808
se derão; me pareceu em primeiro lugar agradecer-vos muito,
como o faço , o zello do meu serviço, coin que procedestes
nestas materias e conclusão de process08 , e que aos juizes
que correrão com elles e os sentencearão , agradeçais tāobem
de minha parte seus procedimentos; porem movido dos ser .
viços que os ditos religiosos da Campanhia, desde o desco
brimento desse estado, tem feito a Deos No930 Senhor, aos
reis meu : predecessores, e a my na converção de tanta
gentilidade, e a continuão de presente com born exemplo;
e esperando, que sendo favorecidos, o farão com todo o cui.
dado devido daqui em
daqui em diante 9 e visto outrosy que
ao
rigor da ordenação que prohibe ás religiões ad.
quirir bens de raiz, sem especial licença minha ; se tem
dissimulado algumas vezes nesle reino , fui servido le
-494 ARCHIVO DA RELAÇÃO DE GOA
solver, que sem embargo dos ditos processos , sentenças , orde.
nações, e mais leis que o podião prohibir, de fazer merce á dita
religião da Companhia de todos os bens e fazendas, em que
foi condemnada , com declaração, que daqui em diante se
praticarão com elles as ordd . do liv , 2.° tit. 16 e 18, sem
correrem na prohibição delle, para o que serão notificados.
De que vos quiz avisar para o terdes entendido, e o fazerdes
executar; e nesta conformidade mandei aqui passar provisão
aos ditos religiosos da Companhia. Escrita en Lisboa a
14 de Abril de 1649. -Rey .
Liv , verde 1. 0 fol. 273 v.

653

A xo assinados, que pelos grandes inconvenientes que se :


seguem á boa administração da justiça , de as pessoas que
em Relação são condenadas por sentença em penas pecu
niarias para as obras da justiça, levarem suas sentenças e
passal -as pela chancelaria , usando dellas para requerimentos
de serviços e outras mercês , sem constar por certidão do the.
soureiro das obras da justiça a verem pago as ditas con
denações ; que pela chancelaria se não passe sentença al
guina desta Relação, em que aja condenação de dinheiro
para as obras da justiça, sem conslar por certidão do thesou.
reiro, como tem recebido a dita condenação, e o treslado
deste se mandará á chancelaria para nella ser registado , e se
guardará inteiramente , como nelle se contem . Goa o 1.º de
Outubro de 1649, E o mesmo se entenderá nos perdões.
Cardoso -- Alvares - Veiga - Castro.
Liv, verde 2.• fol. 27 v,
Anno de 1650.
654

A SSEN TOU.
xo assina dosSE ão pelos
Relaçanto
, queem porqu o dr.desem Mergudores
Luizbarga lhão abai
Bore
ges veio a esta Relação com huma provisão do sr. Viso Rey D.
Fhelippe Mascarenhas , per que ordenava que fosse admitido
a Relação , e votar nella o dito dr. , porque para isso o fazia
desembargador ; e lida pelo chanceler, disse e respondeu , que >

a provisão punha na boca e na cabeça , mas que encontrava


com sua consciencia , e que lhe parecia não podia ...? .. . (a)
por perfeito , e a que elle ou yesse de votar coino desembara
gador, por quanto entendia que S. Magestade o tinha exclui.
(a) Ha aqui huma palavra, que não se entende o que quer dizer.
DOCUMENTOS DO SECULO XVII. 495

do e suspenso, nos quaes termos não podia ser restituido pelo


81. VisoRey, e que se estivera em sua mão dar-lhe o lugar que
occupava o faria com grande vontade , e fizera outras cousas
maiores pelo dito sr. Viso Rey , mas que por encontrar sua con.
sciencia dexapa de o fazer. E o dito Luiz Mergulhão disse que
lhe desse isso por escrito; a que respondeu que quando o sr.
Viso Rey lho perguntasse lho diria, e depois de oppor.se nos
de direito, lhe dissera o dito Luiz Mergulhão =V. mercê não
quer = ; ao que respondeu que a palavra não quero não dizia
senão que não podia. Ecom isto se foi sahindo com palavras,
que obrigarão ao dito chanceler a dizer, que visse como falla
>

va, que estava elle presidindo na Relação como chanceler que


era , e que se mandaria fazer autos delle ; ao que o dito Luiz
Mergulhão respondeu, que serião autos de Maria Parda : e
sahaia pela Relação fóra sem cortesia alguma , e no voltar
das costas foi fallando outras palavras , que se The não en.
tenderão ; se propoz se era justo que se fizesse disto auto, e
com elle se desse conta a S. Magestade . E por todos se VO
tou uniformemente que se fizesse este assento de auto , para
que com elle se desse conta a Sua Magestade , que assinarão.
Goa, e Março 23 de 650.- Castro - Cardoso Alvares - Figues,
redo,
Continuação do assento.
E logo pelo sr. Viso Rey no mesmo dia foi mandado chamar
á Relação aosseus aposentos, e disse ao chanceler, o dr. Ni
c' oláo Pereira de Castro , que a elle só não competia averi .
goar se era desembargador ou não o dr. Luiz Mergulhão, pelo
provimento que nelle fazia , e que devia , duvidando, dar -lhe
conta , ou mandar votar; e pois se não havia feito , tornasse á
Relação, se votasse sobre a materia . E propondo -se, tornani
do a
ella , pelo ' dito chanceler a dita provisão na for
ma que nella se continha: e vutando-se na materia , votou o
dr. Sebastião Alvares Migós, que elle entendia por hom
papel , que se leu nesta Relação em presença do sr. Viso
Rey, que o dr. Luiz Mergulhão estava excluido do desem
bargo, ou ao menos suspenso para não poder hir a ella, sem
nova ordem de S. Magestade; mās que como o'st . Viso Rey
por sua provisão diz, que o prové de novo, dizia se desse
cumprimento a ella , E pelo dr. Francisco de Figueiredo
Cardoso foi dito e votado, que não tinha por privado , ao dito
Luiz Mergulhão dos privilegios de desembargador, por Sua
Magestade o não declarar na referida ordem , nem em outra
de que tivesse ' noticia , e que assim como o sr. Viso Rey,
podia puxar por outro que tivesse as "partes necessarias
496 ARCHIVO DA RELAÇÃO DB GOA
podia puxar pelo dito Lniz Mergalhão Borges. Pelo dr.
Sebastião Cardoso foi dico e volado O mesmo que O

dito dr. Francisco de Figueiredo. E pelo dr. Nicoláo


Pereira de Castro , chanceler do estado , foi dito , que
entendia que o dito Luiz Mergulhão estava excluido por S.
Magestade, e por essa rasão trouxera por duvida á Relação,
presente o sr. governador, se valeria a lenção de hum feito
em que o dito chanceler estava em de -pucbo , e o ditu Luiz
Mergulhão tinha dado tenção, e coin exia duvida mandou o
ar. Viso Rey buscar hom papel , em o qual se continha a foro
ma com que S. Mayestade fizera o provimento na Inon
ção de 6 17 de lugares da Relação , o qual lido, ou.
vira elle chanceler as palavraspor quanto determinei fazer
Relação de novos on causa semelhante , noineava os lu.
gare : em pessoas que vinhão providag gelle , não fazendo
menção do dito Luiz Mergulhão Borges, provendo em outrem
o lugar que tinha na Relação, e o dizer = que porque todos
fiquem contentes, provia o dito dr. no lugar de provedor mór
dos copioss; e assim mais querendo.se volar ein hum caso
de morte, presente o sre Viso Rey , e sendo necessario cha .
marem -se juizes como O ouvidor da cidade , como
se tigha feito em outras occasiães À por não haver na
tassem para votar neste negocio
baslas
Relação os que bue
dissera elle chanceler ao ditu er. Viso Rey, que lhe pare.
cia mais justo, que S. Ex. mandagse chamar para votar
no dito caso ao dr. Luiz Mergulhảo, pois trunja huma béca,
e linha sido desembargador, antes que a hum jaiz or
dinario ; e pelo si, Viso Rey foi dito, que como havia de
chamar a quein Sua Magesla le tinha exclundo da Relação?
E pur estes fundamentos entendia não podia ser restituido
pelo sr. Viso Rey a ella de novo , coino na provisão se con.
tem ; e que pelo lugar que tinha de choceler, que presidia
na falta de regerilor, não podia propor, ein Nua consciencia ,
negocio algum, em que votarse o dr , Luiz Mergulhåo pelas
grandes aullidades, que dahi se seguião ; de que se fez erte
assento no mesmo dia 23 de Março de 650, assinado por
elles. - Castro - Cardoso - Figueiredo Alvares.
Liv , yerde 1. ' fol. 253 vi

Segue-se a porlaria do Viso Rey.


AVENDO visto os pareceres que se derão em Relação
sobre a provisão que mandei passar ao dr. Luiz Mer
golhão Borges; hey por bem de me conformar com a maior
parte dos ditos pareceres, por ser o mais conforme á justiça
DOCUMENTOS DO SBCLO XVII . 497

e resão, e ao que convem ao serviço de 8. Magestade pela


presente falta e necessidade de desembargadores , e mais
causas ja referidas na dita provisão, em cuja conformidade;
beyontrosy por bem se proceda, e o chanceler de Relação
chame a ella o dito dr . Luiz Mergulhão Borges, todas as
vezes que ouver falla , ou impediinento dos ministros ordi.
narios da Relação , para despacharern as cau : as onde o dito
Luiz Mergulhão exercitará o officio juntamente de desem
bargador dos aggravos ; e esta minha portaria se lançará ao
pécios dilos pareceres que se tomário em Relação, pera que
della conste . Goa 26 de Março de 1650 .-- Mascarenhas.
Liv. verde 1.• fol. 256.

Anno de 1651.
655

U El - Rey faço saber aos qne esta minha provisão virem,


E , por quanto estando mandado por duplicadas leis,
que
e prematicas , e ordens , que se não dê a nenhum ministro
meu mais ainplos titulos que os que The tocarem , nem elles
os consintão; e convir muito ao bom governo , e a toda & reg
são do estado, que nos papeis que se fizerem e se me envjão
da secretaria da India, e das mais conquistas se sigão
os titulos antigos, e que se observão nos deste reino ; hey
por bein e ine praz, que aqui em diante se guarde pontuale
mente na India e inais cinquistas o que neste particular
está disposto, e que nenhum Viso Rey, governador, chana
celer, nem outro qualquer ministro daquelle estado se inti
iule corn mais amplo iitulo do que lhe toca, e que da mes•
ma mineira os ditos ministros não fallem , nem nomeem por
excelencia aos Viso Reis nos papeis, que me enviarem e aos
meus conselhos, nem por excelentissimo 8r., por ser indecencia
gruo de lerem -se ein minha presença semelhantes papeis,
Pelo que manto ao Viso Rey ou goversador da India, que
ora he e au dianie for, ao chanoeler e a todos os mais minis.
tros daquelle estado , cumprão e guardem esta minha provi.
são inuito inteiramente, como nella me contem , seir duvida
alguma, a qual se registará nos livros da Relação, secretaria,
contor, e mais partes do dilo estado onde for necessario, pera
que venha á uoticia de todos o que por ella ordeno, e nesta
conformida ie se proceder daqui em diante, é valerá como
carta feita em meu aume, e passada por minha chancelaria ,
posto que por ella não passe, sem einbargo das ordu , do liv.
2,º tit. 39 e 40, que o contrario dispõem. E se passou por tres
498 ARCHIVO DA RELAÇAO DE GOA
vias. Manoel de Oliveira aa rez em Lisboa a 25 de Setembro
de 1651. O secretario Marcos Rodrigues Tinoco a fez es
crever,. -- Rey .
Liv . verde 1. fol. 257 v .

656

.
ção o dr. Jorge de Amaral de Vasconcellos , ouvidor
geral do crime foi feita queixa, que estando elle Do'rniago,
que forão 15 do mez presente em sua casa , The entrarão
doze ou qualorze cafres em sua casa de assaltada e mão
armada com bambús , The começarão de dar pancadas nos
seus criados , ao que elle acudiu , e querendo tratar de os apa
sigaar e saber do caso, os ditos cafres armarão contra elle, e
tratando de se defender, acadirão mais de outros quinze ca.
fres todos sahidos do collegio de S. Roque, para onde se forão
recolhendo, depois de grande resistencia que lhe fizerão, en
tende serem mandados pelos padres do dito collegio em resão,
de que elles das janellas esta vão animando os ditos caíres a
que dessem , e depois de recolhidos os ditos cafres, das mes
mas janellas lhes derão vaias e corrimaca , e lhe atirarão de
pedaradas os mesmos padres com grandes algasarras e
alaridos e colhe -se mais o ser por mandado dos ditos padres
porque se derão por sentidos de huin despacho que elle avia
dado contra os ditos padres em huma causa civel , e alguns
em sua casa lhe vierão disso dar queixas , e mosirando ...?...
( v)delle . O que visto se assentou por todos uniformemente que
se devasse do'caso por ser de devassa, pelo doutor Sebastião
Alvares , que serve de oavidor geral do crime, e que se pas.
sem orden was justiças, para que prendão todos os cafres e mais
moços que forem achados do dito collegio de S. Roque, e assi
mais os" cafres que se acharem dos ditos padres com
armas ou bambús, ainda que o bambum vá em sombreiro e em
companhia de qualquer pessoa que forern ; e que no que to.
ca ao escandalo que os padres derão com o modo que tiverão ,
está 'relatado, é sé entender que elles mandarão fazer a
tal assuada , em respeito de que cafres seus cada hum de
per si não saem pela portaria fóra com arma alguma...?... ( b)
ido tantos , e vivendo o dito doutor pegado do dito collegio, se
SACOLO S. Magestade , para mandar no caso o que fosse
servido . E que por respeito de requerimentos se entende
cometterãoos o excesso referido, se assentou outrsy que ne
(a) Ha aqui outra palavra, que se não entende .
(b) Idem .
DOCUMENTOS DO SECULO XVII. 499

nhum dos desembargadores em suas casas não defira a re.


querimento algum que por suas pessoas os padres fizerem ;
mas que mandem-nos por escrito ou por palavra por pessoas
seculares , para se evitarem occasiões de semelhantes desore
dens. De que se fez este assento que assinarão .-- Nicolao Peo
reira de Castro - Sebastião Cardoso - Amaral- Veiga - Figuei
redo - Alvares .
Liv. verde 2.° fol. 29.
Anno de 1652.
657

ASSENTO
XO
U.SE
assinados , emque Relação pelos desembarga
pelo muito
dores abai.
prejuizo que a justi.
ça das partes recebia , em os advogados dos juizos desta
cidade assinarem os artigos e rasões com offereço , entender
do - se que elles não fazião por si os artigos nem rasões,
serão notificados que os não assinem por offreço , que os fa
ção por si , sob pena que , fazendo o contrario , pagarem para
as despeža: da Relação cincoepta xerafins por cada vez que
nisto forem comprehendidos. Goa 29 de Novembro de
651.- Figueiredo -Cardoso-- Amaral - Castro.
Liv, verde 2. fol. 30.

CCORDÃO em Relação &c . :: que pelas causas que se


.
considerárão se achar , que se dava á execução pelos ca.
pitães huma sentença , perque per justas causas se concedeu
naquelle tempo, que os ditos capitães de Dio , achando que
os ouvidores davão em fiança alguns presos de casos crimes,
contra o que se manda pela ordenação, podessem desapog.
sar aos ditos ouvidores; e attendendo -se ao prejuizo que
disso se segue , mandão que os ditos ouvidores comprão
inteiramente a dita ordenaçãn, e não o fazendo , se lhe dê om
colpa , e quando o não fação , o que se não espera , nem
por isso os ditos capitães poderão entender com elles , sem
embargo da dita sentença , que neste caso nem querem que se
cumpra , e mandão que este se registe nos livros dos registos,
aonde se costumão registar semelhantes, para que a todo o
tempo ' tenhão delle noticia. Goa , e Janeiro 16 de 1652 an
1
108. - Cardoso - Figueiredo - Veiga Amaral- Castro .
Liv, verde 2. fol . 30 v.
3
500 ARCHIVO DA RELAÇÃO DE GOA
599

ONDE Sobrinho, amigo. Eu El-Rey vos envio muito


CON
saudar como aquelle que inuitu amo. O chanceler e de .
Beinbargadores da Relação me derão conta por carta, que me
escreverão em 15 de Janeiro de 619, que por evitarein o
>

danno e injustiças que se originavão das muitas certiuões


falsas , que nesse estado se passavão, de que avia moitos
exemplos , fizerão huin assento 20 mnez de Dezembro do
anno de 648, probibindo com penas aos escrivães dus juizos
da mesma cidade , que não aceitassem , nein ajuntassem a
feito algum certidões, que vão fossem passadas por escrivães,
e de autos que tenhão em seu poder , a que se reportem , e
o mandá : ão notificar aos ditos escrivães ; e porque o dito
assento está bem passado, e coin justos fundamentos, ( pelas
noticias que aqui tein chegadu , u aproveis, e vos encomendo
muito, que de vossa parte procureis que se guarde inviola .
velmente com as penas nelle declaradas , é aus desembarga.
dores que o tomárão o agradecereis de ininha parte , e o zelo
da justiça que a isso vos moveu , de que tenho satisfação.
Escrita en Lisboa a 25 de Janeiro de 1652. - Rey.
Liv , verde 1.° fol . 257.

660

COVONDE
NI Sobrinho, amigo . Eu El.Rey vos envio muito
.

saudar corno a quelle que muito aino. Havendo mandado


encomendar por varias vezes ao Viso Rey Dorn Phelippe
Mascarenhas, vosso antecessor, e ultimamente por carta de 8
9

de Fevereiro do anno de 649, que na melhor forma em que


a podesse fazer, e permillissem as necessidades desse esia
do, procurasse e ordenasse se desse satisfação aos empres .
timos que, pera cousas de ineu serviço , se havião tomado
de hum cofre que estava no convento de S. Francisco ,
e da Misericordia dessa cidade: respondeu em 27 de Novem .
bro de 650, que procararia que alguns dos acredores do
dinheiro do cofre de S. Francisco fossem accomodados
em cargos e officios, e que nelles lhes iria dando satisfação;
e porque se assi fizer, virá a ser o mesmo que venderem.se,
o que nesse estado causaria escandalo e grande confusão,
e seria de ruiin exemplo para os que servern na guerra com
esperança de premio ; vos encarrego muito e mando que,
como ja se ordenou antes de se receber a carta do Viso Rey
Dom Phelippe, não provejais , nein consiniais que se proveja
DOCUMENTOS DO SECULO XVII . 501

officio algum em recompensa de dividas , porque assy Con.


ven a meu serviço, e outros meios a verá de se poder dar sa
tisfação a estes acredores , sem os inconvenientes , que se con .
siderão no que o Vise Rry escreveu , havia de fazer . Escrita
em Lisboa a 6 de Fevereiro de 1652.Rey.
Liv . verde 1 .. fol. 256 v,

661

E Sobrinho, amigo. Eu El Rey, vos envio muito. Bau


COMONDE
NDcomo
dar . amo. Por alguns papeis que
aquelle quemuito
desse estado da India se enviarão), e se lerão em minha prea
sença ; e por outras noticias que vive de nelle se não guar.
darern as leis e prematicas antigas sobre o tratamenio, que se
deve fazer a meus ministros e vassallos, julguei por cone
veniente mandar pasear de novo a provisão, que com esta carta
se vos envia ; e porque quero que se guarde muy pontual.
mente , vol.o encomendo e mando com encarecimento . Esa
crita ein Lieboa a 21 de l'evereiro de 1652. Rey.
Liv , verde 1. fol. 257 .
602

res governadores, que fosse &notificado o ouvidor geral e


os que ao diante forein , que não tem poderes como a uditores
geraes dos VV . RR. ( Viso Reis ) do dito senhor , neino
fação, com pena do que se procederá contra elles aa forma
da lei dos que não tem seu poder ; e assim se assentou por
aver caosa para se fazer para poder enforquar pessoa alguma,
dado que para isso haja acordos ( ? ) Goa , e Agosio 8 de 652.
-Primaz - Mello - Castro - Cardoso - Figueiredo Alvares
Veiga.
Liv . verde 2.. fol. 31 .

663

3
& .
aos que este alvará virem que por quanto as quatro forta sabe
Jezas do Canará se achão com apertadissimo cerco da gente de
el -rey Suiapá Naique, e procurando nós quanto he possivel
80ccusreloas, corno se tem feito na forma que o tempo per
mitiu, e necessitarem de inuito maior soccorro , em especial
de gente , e sein embargo que se exprimenta falta della , ha
muitos soldados e outras pessoas, que contra o que devem
302 ARCHIVO DA RELAÇÃO DE GOA

a verdadeiros portuguezes e leaes vassallos de S. Magestade,


se eximem , retirando- se e ausentando-se em total prejuizo do
serviço do mesmo senhor, ruina e perdição das fortalezas cere
cadas ; havemos por bem e mandamos que todo o soldado ,
de qualquer calidade e condição que seja, que se não em.
baroar nos navios da armada do cabo, que ora vão soccorrer
as ditas fortalezas, em especial Barcelor, e Cambolim , ainda
que ajão recebido, ou estejão obrigados a qualquer outra ar.
mada, se lhe panha logo verba em seus titulos para em tein.
po algum poderem requerer serviços, e os que tiverem feitos
lhe não serão admitidos a despacho na secretaria, sem certidão
de como forão nesta occasião , nem entrarão em mercê de
8. Magesiade. E outrosy mandamos a todos os despachados
com as fortalezas de Onor , Barcelor, Çambulim, Mangalor,
se embarquem a soccoreloas, e não o fazendo serão excluidos
das suas mercês para em tempo algum entrare nellas; e
pera que se não allegue ignoraucia será publicado este alva .
já pelas ruas desta cidade, e copias delle se fixarão nos
lugares acostumados, e será registado nos livros da Relação,
fazenda, matricula geral, e nos cartorios dos escrivães do
juizo dos feitos, e se dará treslado aos fiscaes, e por vias hira
a Sua Magestade nas primeiras náos para , que sendo ser
vido, mandar passar alvará de confirmação em sua corrobora.
ção, Notificamoleo assi ao vedor du fazenda geral , ao, chanceler
do estado, mais minietros, officiaes, e pessoas a que pertencer
para que assy o cumprão e guariem , e fação inteiramente,
comprir e guardar este alvará , como se nelle contem ; o qual
valerá como carta passada en nome de Sua Magestade, e
em forma de ley, posto que seu effeito aja de durar mais
de hum anno, sem embargo da ord , do liv. 2.° !it. 40 em con.
trario , Manoel Rodrigues o fez em Goa a 17 de Agosto de
1652 - O secretario Jozeph de Chaves Sonto Maior o fez
escrever. - Arcebispo Primaz - Francisco de Melle de Castro .
Liv , verde 2. fol. 31 v.

Termo de quando chegou o Viso Rey Conde d'Obidos


Emas 11 Conde
Viso Rey dias dod'Obidos
mez de Setembro entrou nesta cidade o
D, Vasco Mascarenhas , e chegou
e

á barra a 10 do dito mez. Goa 12 de Setembro de 652.


rra a 10 do dito mez
Liv, verde 2.° fol. 33.
DOCUMENTOS DO SECULO XVII. 503

Anno de 1653 .
664
doutor Nicoláo Pereira de Castro chance
ler, e mais
AOOdesem bargadores da Relação deste estado da India .
Os Inquisidores Apostolioos contra a heretica pravidade e
a poslata( sic) nesta cidade e arcebispado de Goa, e mais partes
do estado da India &c. Fazemos saber a V. M. Bere
tholainen Rodrigues Quadrado, familiar do S. Offique cio desta
Inquisição nos fez hama petição em que dizia, que estando
elle de posse de hum palmar, que está sito nas terras de Sala
cete na freguezia de São Phelippe e São Thiago de Cortaly ,
de mais de seis mezes a esta parte , por titulo de compra, ali
guns gaacares da dita aldea pertenderão de o molestar nadita
compra e posse do dito palmar, allegando terem privilegio
pera não poder ser vendido a portuguez, e sem seu consen
timento , de que fizerão elles petição a este tribunal para o
citar e demandar em outro juizo ; e por elle ser reo, e estac
de posse do dito palmar, mandamos que quem quizesse al.
guma cousa delle o citasse e demandasse perante nós ,
como seus juizes, que eramos privativos , em todas as suas
causas civeis, sendo elle réo. Sem embargo do que tinha no
ticia que o doutor Sebastião Cardoso , juiz dos feitos da co
tôa , tomou conhecimento da dita causa , e, sem elle ser cita .
do, hia correndo com ella no seu juizo, pedindo-nos lhe man
dassemos passar inhibitoria e compulsoria em forma; e visto
por nós ser a dita sua petição vista, e nós sermos seus juizes
na dita causa privativos , por constar ser familiar desta
Inquisição , mandámos passar a dita carta , para que não man
dasse mais na dila causa cousa alguma , nem em suas depen,
dencias ou emergencias , e nos remetesse os autos no estado
em que estivessem , para se fazer cumprimento de justiça; a
qual carta, sendo apresentada ao dito juiz dos feitos e corôa,
The não deu cumprimento, e deu a resposta seguintes Pare
de que he em fraude da jurisdicção real remelter os autos,
que se trata, a esse tribunal , por duas vias : a primeira , de
he
contra os autos o que allega este familiar, porque coin
prando hum palmar , mandou na forma do foral no .
tificar a gancaria se o queria tanto pelo tanto, e que em
outra forma o ficava perdendo para a fazenda real; e dis
serão 08 gancares que o querião , e para isso trouxerão o di.
nheiro para o depositar, e o haver o comprador de cobrar , o
qual requereu ao vêdor da fazenda, que ! he mandasse pagar as
bemfeitorias, e humas jarras que havia comprado para lançar
o viano delle , e o védor da fazenda o mandou assy ; a que
504 ARHIVO DA RELAÇÃO DE GOA
os gancarez vierào com cimbargou allegando não serem obri.
yados a pagar o que o familiar ihe pedia , no qual requeria
mento ficão sendo réos, e o familiar autor, pois lhe pede
e elles se defendem não deverem ; e que das vistas que se
The derão, pareceu á Relação se havia de receber os embar
gos despois de averiguado, que era fainiliar o autor e não
leo , como parece que he neste incidente , que he só o de que
se trata neste feito : secunda, porque nas causas que locão á
fazenda real he o juiz dos feitos joiz privativo, ainda contra
todos os privilegiailos, que tein seus privilegius encorporados
ein direito; e quando não parecio estas re : ī :s bastantes pera
haver de se continuar neste juizo o tal feito , mandará pirat
nelle para se averiguar, te hade ser remettido ou não na
forma do alvará de 1530, perque se concellem os privilegios
aos familiares do S. Officio , como se ura no reino , e já
neste estado se praticouz . Da qual resposta pedindo visla u
dito furniliar nos tornou a fazer segunda petição, dizendo em
ella , que elle nunca fôra autor oa dira causa, nel nos a alos.
se acharia requerimento algum que elle fizesse , e soinenle,
em huma resposta sua , que dera a huma petição que os ditos
gancares fizerão a este tribunal , dissera que laha inandado.
notificar os gancares; porem que ein outra resposta , que
lãobeni dera a oulra petição dos mesmos gancares nesle:
mesmo tribunal, que andava nos autos ful, 11, dissera que
em caso que tivesse feito algum requerimento nesta materia
desistia delle, e quem quizesse alguma cousa delle o. citasse
e demandasse ordinariamente perante nós, com o que dea
feriramos na dita pelição, que fosse citado nesle jaizo; e es.
tando elle nešla boa fé, seni ver citado , se não podia tomat
conheciinento da dita causa , e correr com ella no juiz , da
corôa , e ein caso que la pertencera o conhecimento, se havia
primeiro de averiguar , e então despois ser citato pera correr
os ditos embargos, dos quae nunca tivera noticia , por os
gancares serem os que fizerãu a petição, e emburgarào o
despach ', nen fô : a citado para a remissão, nein tão bein des ..
pois ao diio juizo da corô e se The mandára dar vista para im .
puguar osditos embargos, como se pratica , o que tudo era
em prejuizo dos privilegios do S. Oficio , pedindo -nos lhe
mandasse inos passar segunda carta para V. M.S visto
terem tornado ciob ciinento de dita causa , e dado despacho
nella ; e visto por nós ser a dita sua petição justa, por nós
sermos juizes na dila causa , e o dito fainiliar aver desistido
de qualquer requeriinento que ouvesse feito na materia , e
serios seus juizes privativos em todas suas causas civeis,
sendo reu, conforme au privilegio do S. Ollicio, que não ex :
DOCUMENTOS DO SECULO XVII. 505

ceptua caso algum , como o faz no crime, em que exceptna


alguns casos , mandáinos passar a presente pela qual reque
reinos a V .: M.Sada parte de S. Magestade, e da nossa pe.
dimos por mercê, que sendo -lhe esla a presentada a cumprão,
e em seu cuinprimento não manilem , neminovem mais cousa
algu ma na dita causa , nem em suas dependencias e emergen.
cia , e nos remeltão os autos no estado em que estiverem , pera
se fazer cumprimento de justiça ; e fazendo. V .: Massy
cumprirão com sua obrigação, e com o que S. Mage - tade or-
dena e encomenda , e nós faremos o mesmo quando por pare
te de V. M .: nos fôrem semelhantes apresentadas. Dada
em Goa po S. Officio , sob nossos sinaes e sello delle , aos 21
dias do mez de Janeiro , Pedro Borges, notario do S. Officio ,
o fez, de 1653. - Paulo Castellino de Freitas - Frey Lucas
da Cruz.- Regislada a fol. 60.
Pareceu aos desembargadores abaixo assinados, que feito
requerimento ao juiz dos feitos da corôa , como suppoerno
piecatorio enviauo desse tribunal ao desia Relação, se devia
determinar a quem competia o conhecimento da causa , pelo
modo que S. Magestade tem ordenado, e se pratica , com
que se ha por deferido ao dito precatorio , Goa, Janeiro 22
de 653. - Nicoláo Pereira de Castro - Sebastião Cardoso - Fran .
cisco de Figueiredo Cardoso-- Sebastião Alvares Migós - Braz
Henriques da Veiga .
Liv . verde 2. ° fol. 33 ,
665

doutor Nicolás Pereira de Castro , chanceler, e mais


AOOdesembarga da Relação de Sua Magestade , deste
dores
estado da India . ,
Os Inquisidores A postolicos contra a heretica pravidade e
a poslasia, nesta cidade e arcebispado de Gua, e mais partes
do estado da India &c . Fazeinos saber a Vossas M ' , que a
requeriinento de Bertolameu Rrodrigues Quadrado , familiar
do S. Officio , mandámos passar duas cartas , a primeira ao
doutor Sebastião Cardoso , juiz dos feitos da coroa, e a segun .
da a V.5 M.', para effeito de remetterem os autos , que correrão
no dito juizo, e se tencionárão nessa Relação a favor dos gan.
cares de Cortaly sobre o palmar , de que nelles se trata , sendo
o dito familiar réo , e nós seus juizes privativos neste caso ,
conforme os privilegios concedidos por S. Magestade ao S.
Officio , e pera que se não mandasse mais cousa alguma
na dita causa ; ás quaes cartas se não deu cumprimento no
lucanle á remissão dos aulo .. E porque conforme aos privi.
legios do S. Othcio , e alvará de S. Magestade, passado em 19
506 ARCHIVO DA RELAÇÃO DE GOA

dias do mez d'Abril de 1596 annos, que deve estar registado


nos livros dessa Relação, quando ha duvida entre os inquisido
res e outros juizes de S. Magestade, sobre a jurisdicção nas
causas dos familiares e officiaes do S. Ollicio , se hande
ajuntar dous desembargadores do Paço con dous deputados
do conselho geral da Inquisição, e o que por elles for determi.
nado sobre a duvida que se hade guardar, para o que dispõem
o dito alvará, que se enviem os autos com informação da caq.
sa ao conselho geral do S. Officio, mandando - se parar no
procedimento della na forma do dito alvará que se pratica, re•
queremos a V .: M. da parte de S. Magestade , e de nossa
pedimos por mercê, que sendo - lhe esta apresentada, a com
prão, e em seu cumprimento mandem V.: M. o iteslado dos
autos , de que se trata , com informação nesta náo, que está
para partir para o reino, ao conselho geral do S. Officio, pera
nelle se tomar a resolução que parecer , não inovando entre.
lanto cousa alguma pa dita causa nem em suas dependen .
cias ou emergencias; e em V .: M. assy o fazerem farão a
justiça que costumão , em satisfação ao que S. Mageslede or
dena e encomenda , e nós faremos o mesmo, quando por pare
te de V. M. nos forem semelhantes a presentadas, Dada em
Goa no Santo Officio , sob nossos sinaes e sello della, aos 24
dias do mez de Janeiro . Pedro Borges , notario do Santo Officia
a fez de 1653 annos.- Paulo Castellino de Freitas - Frey Lucas
da Cruz , -Registada a fol. 60.
Fôrão estes autos ao conselho geral do Santo Officio com
infornação do juiz dos feitos na náo, e a que foi por ci
pitão mór José Sousa Palba, levou -os Matheus Rodrigues,
des perseiro da dita náo . - Cardoso .
Liv . verde 2.° fol. 34 v .

666
OS 17 de Dezembro de 653 veio a esta Relação João ( ?) de
AOS.
Andrade Barreto, cidadão casado desta cidade, e disse que
agora fôra obrigado , e que em companhia de ontros o quizerão

obrigar a que fosse fazer requerimento ao governador, para


que o chanceler deste estado, o desembargador Nicoláo Perei.
Ta de Castro , que está preso no Passo de Santiago, fosse envi
ado para o reino, e que elle protestava de The não prejudicar,
sendo mandado , pois elle não vinha nisso nem em tal consen.
tia , de que se fez esle assento no mesmo dia , e assinarão 08
desembargadores . - Jorge de Amaral e Vasconcellos - Sebastiãn
Cardoso - Francisco de Figueiredo Cardoso- Sebastião Alvares
Migós- Braz Henriques da Veiga- Luiz Monteiro da Costo
Liv , vesde 1. ' fol. 260 v.
DOCUMENTOS DO SECULO XVII. 307

Anno de 1654.

667

YONDE, Sobrinho, amigo. Ea El -Rey vos envio moito


CON
8e
saudar , como aquelle que muito amo . Recebe
a
vossa carta de 15 de Janeiro do anno passado,
em que ( como vo-lo havia mandado ordenar ) me des
tes conta da causa de que procederão as davidas o
dissensões , que ouve entre o Viso Rey Dom Phelip.
pe Mascarenhas, que Deos perdhe , e o chanceler Nicoláo
Pereira de Castro ; e havendo mandado ver tudo com a consie
deração que o negocio pede, ( posto que sem as circumstan .
cias de qae devêreis avisar ) me pareceu dizer-vos, que por
o dito Viso Rey ser fallecido não houve lagar de se fazer
com elle a demonstração, que o caso merecia. E que façais
tomar em lembrança para ao diante, que me não ouve por
servido do que se fez ao chanceler, e modo em que se exe
cutou, para não ficar exemplo de hum caso tão escandaloso,
e novo. E que tãobem ordenareis que muy pontualmente se
observem e guardem as ordens dos annos de 627 e de 633,
em que se declarão os ministros de justiça e fazenda, em que
os Viso Reis não tem jurisdicção para proceder, inas somente
para me avisar de seus procedimentos , quando os casos o pe.
direm , o que fareis publicar, e executar de novo. Escrita em
Lisboa a 23 de Janeiro de 1654. - Rey .
Liv. verde 2,º fol. 36.
663

CONDE, Sobrinho,
sagdar como amigo.
a quelle Ea amo.
que muito El Rey,vos envio
Havendo muito
mandado
ver o que me escrevestes em carta de 29 de Janeiro do anno
passado sobre a morte de hum cafre, que o ouvidor geral ( a )
desse estado, Jorge de Amaral de Vasconcellos, a que mata.
rão outros de Dom Francisco Soutto Maior, e sentença vocal ,
que em hum delles se executou , por mandado do mesmo ouvi.
dor geral ; e 0 que tãobem elle me escreveu sobre
caso, e se me representou por parte do dito Dom Francisco,
e de sua mãy, pedindo -me lhe mandasse fazer justiça con
tra o dito ouvidor geral , e seu excesso : fui servido resolver
para exemplo da justiça, que couvidor geral neste caso, e
pelas circumstancias que nelle ouve , procedeu bem , e como
devia , pois o fez fundado , tãobem no bando , que temn
pena de morte aos cafres que trouxerein bambus ou

(a) Assim está ; mas parece que deve ser= do ouvidor geral.=
509 ARCHIVO DA RELAÇÃO DE GOA
azagaia ; e assy Tho direis de minha parte , mas que
>

para o diante esteja advertido, que, quando não ouver


perigo na brevidade da execução em casos com mellidos
em povoados, não pede a execução do dito bando tanla
pressa, que se deixe de dar aos delinquentes lugar de sen.
tença, e os tres dias que se costumão dar aos que morrem
por justiça , para tratarem de suas almas, o que vós e osViso
Reis, que vos succedrem , fareis tãoben guardar muy intei.
ra e pontualmente . Escriia em Lisboa a 9 de Março de 1654.
-Rey
Liv. verde 2 .. fol. 36 v .

HAPITULO da carta de S. Magestade , de 18 de Março


de 1654 , dos perdões que prometteu Antonio de Sousa
Coutinho a pessoas criminosas , que o acompanharão na ar
mada a Mascate. = E os banidos a que tão bem perdoou , hei
por bem que sejão ouvidos de sua justiça, e sentenciados com
o favor, que merecem os que buscão o meu serviço, e se em .
pregão, e tein nelle tão bom procedimenio ; e das sentenças ,
sem se executarem, se me dará conta , para conforme os cas.
80s e defeza lhe perdoar, ou mandar o que for mais servido
se faça , do que tudo vos quiz avisar , para que necta confor.
inidade 0o façais publicar e executar = .
Liv . verde 2. ° fol. 37 .

670

PAR ECEU aos desembargadores abaixo assinados,que vista


a queixa do ogvidor de Bacaim , André Freire , e papeis a
ella juntos , com os que o capitão João Correa Barreio man .
dou em sua defesa, e agraveza do caso ; que fosse aquella
cidade o desembargador Jorge do Amaral de Vasconcellos,
ouvidor geral do crime, com todos os poderes necessarios,
alem dos que tem por seu cargo ; e que anies de outra cou
sa resiitua a sua vara ao dito ouviilor, para que exercite seu
officio como dantes , pois o capitão per nenhuin caso o podia
prender, nem suspender, por não ter jurisdicção alguma sobre
elle; nem menos poder entromelier -se no que elle obrar em
seu officio, ainda que seja contra justiça , mais que fazer
aviso av Vigo Rey , para que mandando ver sua queixa
em Relação se proceda como for justiça ; e que proceda con
Ira quem aceitou a vara da mão do dito capiião, como The
parecer, annullano todo o processado por eile por falta de
jurisdicção, pois c capitão não pode em nenhum caso pro
DOCUMENTOS DO SECULO XVII. 509

ver ouvidor ; e que outrosy proceda conira os officiaes , que


da parte do dito capitão fizerão diligencias com o ouvidor,
e contra os escrivães que escreverão coin o ouvidor norneado
pelo capitão ; e que tire devassa pela queixa do dito ouvidor,
da offensa que diz fazer-lhe o dito capitão , e , para se poder
tirar sem inconvenientes, mandará sahir fóra da dita cidade
o capitão, deixando pelos dias que ella se tirar outro em seu
lugar, e achando justificada a queixa das pancadas, pro .
>

ceda contra elle até sentença final, com adjunios que se


The nomearem . E sendo caso que a tal offensa se não prove
juridicamente, para por ella se poder proceder, no que toca
ao excesso da prisão , suspensões, e reprehensões, ordenará
que se lhe dê em culpa em sua residencia , para no tempo que
ella se ouver de sentencear, še proceda como parecer justiça .
E que se desse conta ao sr . governador, para que mande re
solver o que mais lhe parecer conveniente ao serviço de Sua
Magestade , e 80 respeito que elle quer que se tenha a seus
ministros, Goa, Maio 8 de 654. - Sebastião Cardoso - Sebastião
Alvares Migós - Francisco de Figueiredo Cardoso - Luiz Mon.
-

teiro da Costa .
Liv . verde 1.° fol. 261 .
671

A SSENTOU.SE
os desembargadores abaixo assinados,o sr.
em Relação,presente governador e
que per quanto ,
estamos em guerra aberta, e a gente desta cidade e seu dis
tricto divertida nella, e avendo Relação e audiencias lhe
será necessario acudir a seus negocios , e deixarem a occupa .
ção em que estão, que he tão necessaria ; que se não abra a
Relação athe que de novo senão ordene o contrario, e quan ,
do pendão os feitos, senão processem os termos e dilações ,
que nelles estiverem dados, como se as ferias acabadas não
fossem . Em 17 de Agosto de 654.- Dom Braz de Castro
Sebastião Cardoso - Jorge do Amaral e Vasconcellos- Sebastião
Alvares Migos - Francisco ile Figueiredo - Braz Henriques da
Veiga - Luiz Monteiro da Costa.
Liv . verde 1.° fol. 262

672

ASSENTO U -SE pelos desembargadores abaixo assinados,


que vista a conta do ouvidor geral do crime , o dr.
Jorge do Amaral e Vasconcellos , de como tinha por noticia
que na náo capitania vinhão presos algumas pessoas pelo peo .
cado nefando, e que fôra a ella hoje 3 de Outubro, e duvida.
510 ARCHIVO DA ABLAÇÃO DE GOA

ra trazer os presos, sem primeiro dar conta a esta Relação,


se assentára que tornasse á náo e trouxesse os presos que
nella esta vão pelo dito peccado, resolvendo que não avia que
tro juiz a que a jurisdição estivesse presente, nem que lho
encontrasse, e que os levasse ao tronquo, e delle lhe désse
livramento , por lhe pertencer. Goa , e Outubro 3 de 654.
Sebastião Cardoso Alvares - Amaral- Monteiro , Veiga
Figueiredo.
Lni . verde 2.° fol . 35 v.

Anno de 1656 .

673

PROPOS TA dos conselheiros doestado na morte doConde


de Sargedas=0 senhor Conde Viso Rey he fallecido,
como he presente a esse tribunal da Relação, e procurando
se saber do chanceler do estado, vedor da fazenda geral , e
secretario do mesmo estado se trouxera vias de sucoessão
deste governo, se alcança que as não trouxe, nem as ha neste
estadoO ; e porque o sr. Conde Viso Rey não nomeou pes
soa , que lhe ouvesse de succeder, deve esse tribunal , por ser
se
viço de S. Magestade , dizer como se procederá em
haver de fazer governador deste estado, conformando -se
com a disposição do direito em tal caso, Nossu Senhor
&c. Goa 13 de Janeiro de 1656. C Paolo Cast llino de
Freitas — Manoel Mascarenhas Homem- Dom Giljanes
-

de Noronha - Dom Fernando Manoel Marlin Velho Bar


reto.
Resposta da Relação =0 governo deste estado, sa posta a
proposta que viu esta Relação, se deve fazer por eleição,
chamando a cidade o seu pôyo, em que entrem os tres esta.
dos, na salla da Rainha Nossa Senhora , á imitação da eleição
que se fez dos governadores na aclamação de S. Mages.
iade >
e os votos os deve de tomar o secretario do estado em
presença do ouvidor geral do crime, e regulados elles, quem
sahir eleito se lhe dará juramento na forma ordinaria , no lu
gar em que se costumão fazer semelhan'es actos. Goa , e Ja.
neiro 13 de 1656. - Sebastião Cardoso , Jorge do Amaral e
Vasconcellos - João Alvares Carrilho - Sebastião Alvares Migos
Braz Henriques da Veiga -- Francisco de Figeiredo Cardoso
Manoel Martins Madeira .
Liv, verde 2.° fol. 37 v,
DOCUMENTOS DO SÉCULO XVII. 511

694

ASSENTOU-SE empresença
xo assinados , em Relaçãopelos
do sr . desembargadores
governador, que abai.
tendo
de bir o dr. Jorge do Amaral de Vasconcellos com alçada
ao norte, é ser necessario levar todos os poderes que se re
querem ; que se lhe degsem todos os poderes que levou o dr.
Gonçalo Pinto da Fonseca, quando lá passou com alçada.
Goa Maio 9 de 1656. - Manoel Mascarenhas Homem - Veiga
Alvares - Carrilho - Cardoso - (?) - Madeira.
Liv. verde 1 .. fol. 264 v .

675

SSÉNTOU -SE em Relçaão presente o sr. governador


pelos desembargadores abaixo assinados, que vistas as
cartas do capitão de Bacaim Francisco de Mello Sampaio
que mandou a esta Relação, e os papeis que com ellas vie .
rão, e a queixa de huma das partes, mulher do ouvidor de
S. Magestade , Francisco Soares da Costa, e a noticia que ha
de coino dentro da fortaleza forão mortos o dito ouvidor,
e Luiz de Mendonça e seu irmão Monoel de Mendonça, e
o estado em que ficava aquella cidade; que fosse a ella o
desembargador João Alvares Carrilho , ouvidor geral do
crime, que de presente he, com alçada e com todos os pode.
res necessarios a tirar deyases das ditas mortes ; e que para
se poder fazer com quietação , mandasse o sr. governador, pa.
recendo-lhe, desapossar o capitão Francisco de Mello , man
dando desta cidade pessoa que fosse para a dita fortaleza , e
que viesse preso para esta cidade, e estivesse na prisão até
se acabar a devassa; e que o dito oavidor geral do crime leve
mais gente de sua guarda que a que costumavão levar os on
vidores geraes, que forão áquella praça , por o caso ser con .
tra pessoas poderosas ; e que tanto que chegar, depois de de .
sa possado o dito capitão , sabendo as pessoas , que se acharão
nas ditas mortes os prenderá, e aquelles que forem da facção
dos matadores, que nas taes mortes se não achassem , se lhes
parecer que podem induzir e subornar as testemunhas, para
se não averigaar a verdade, os mandará sahir fóra da cidade
para os lugares , que mais convenientes lhe parecer ; e que
tirada a devassa , e presos os culpados que poder prender,
mande o treslado della com a pronunciação, e com seu pare
cer, se será mais conveniente o virem-se a livrar os taes culpa
dos a esta côrte , ou naquella mesma cidade, para assy se recole
yer o que parecer mais conveniente a bem da justiça, deixar-,
512 ARCHIVO DA RELAÇÃO DE GOA
do-se estar naquella cidade até lhe ir noticia desta Relação . E
não lenda outros negocios em que se occupe , de que possa ti .
rar os custos da alçada os tirará tão bem dos culpados neste ca
a

20; e que leve a alçada dobrada. Goa Outubro 19 de 1656.


Manoel Mascarenhas Homem - João Alvares Carrilho- Sebastião
Alvare's Migós - Luiz Monteiro da Costa - Manoel Martins Ma
deira .
Liv , verde 2. • fol. 38 .
676

ASSENTOU-SEem
xo assinados , que Relação pelosdesembargadores
visto o capitão abai.
Francisco de Mello
dizer em sua carta, que provera a vara de ouvidor daquella
cidade de Bacaim em Jorge do Amaral de Loureiro, que
avia aceitado a dita vara , e exercitava o tal officio, sem ter
poder para isso, nem quem o proveo ter tal jurisdicção para
esse effeito ; que o dr. João Alvares Carrilho, que vai com
alçada aquellas partes, proceda contra o dito ouvidor, e os
officiaes, que com elle servirão, como lhe parecer justiça , an
nollando tudo o por elle processado, por ser feito por falta
de jurisdicção , e por quem lha deu não ter para isso pode
res, e por tal se declara tudo o por elle obrado por nullo e
de nenhum vigor. E por quanto já em outra occasião aceitou
por provimento de outro capitão a mesma vara , se ave
já com elle com mais rigor, conforme lhe parecer, Goa , e
Outubro 20 de 656. - Carrilho - Cardoso-- Madeira - Monteira
- Figueiredo- Alvares.
Liv, verde 2.• fol. 39.

677

A xo assinados , que por haver chegado a armaila do norte , abai


que ein Bacaim estava no tempo em que naquella fortaleza
se matou o ouvidor Francisco Soares da Costa , e Luiz de
Mendonça, e Manoel de Mendonça, e poder haver nella pese
soas que saibão de vista da quelle successo, o ouvidor geral
do crime, o dr. João Alvares Carilho , que vai com alça
da aquellas partes a devassar do successo, tire nesta cidade as
testemunhas, que lhe parecer, que podem do caso ter certa
noticia , as quaes tirará com escrivão que lhe parecer mais
idoneo , elevará comsigo astaes testemunhas perguntadas,
pera ajuntar á devassa, que naquella cidade hade tirar Goa ,
Novembro 3 de 1656.- Cardoso - Carrilho - Alvares - Madeira .
Liv, verde 2. fol. 39 v.
DOCUMENTOS DO SEGULO XVII . 513

SSENTOU.SE em Relação pelos desembargadores'abai.


xo assinados, que visto a notoriedade de na aldea Goi
>

bandal se estar de ordinario fazendo e batendo moeda sem


licença de S. Magestade , e falsa ; que o desembargador João
Alvares Carrilho , ouvidor geral que vai com alçada ao norte
tire devassa do caso , e proceda contra os culpados na mese
ma alçada, e do que nelia achar fará aviso a esta Relação.
Goa , Novembro 8 de 1656. - Cardoso - Carrilho- Alvares
Madeira .
Liy , verde 2.° fol. 40.
9

ASSENTOU- SE em Relação pelos desembargadores abais


xo assinados que visto constar pela devassa, que se tiron
em Bagaim , morrera o doutor Jorge do Amaral e Vascon .
cellos, ouvidor geral , qne foi com alçada ao norte , de peço.
nha que se lhe deu , e não estar directamente averiguado
quem fôra o que dera a tal peçonha; que o dr . João Alvares
Carrilho, que vai com alçada ás mesmas partes , inquira do
Caso com toda a exacção sem embargo da devassa , que está
tirada, cojo treslado levará comsigo, e que a vendo calpados
na dita morte, proceda cortra elles na mesma alçada , e
fará aviso a esta Relação do que achar na materia . E que
outrosy vista a carta que deu o feitor de Bacaim das feridas,
que se lhe derão sobre seu officio , cuja carta se lhe deu ,
devasse outrosy desta materia , e proceda na forma de sua
alçada . Goa, e Novembro 10 de 656 - Madeira - Monteiro -
Cardoso- Carrilho - Figueiredo - ?
Liv . verde 2.• fol. 40 ,

Anno de 1657.

680

ASSENT OU -SEem
xo assinados, vistas aspelos
que Relação desembarga
cartas
doresabai..
do dr . João Alva
res Carrilho , ouvidor geral , que anda com alçada nas partes
do norte ; e a pouca esperança que por ellas dá de poder
prender aos culpados nas mortes do ouvidor Francisco Soa
jes da Costa , e de Luiz de Mendonça , e Manuel de Mendon.
ça , nem podeloos afugentar do distrito de Bacaim , lugar
donde cometerão os delicios , nem de suas aldeas, que como
314 ARCHIVO DA RELAÇÃO DE GOA

gente rica estão desfractando, e o pouco respeito que tem á


justiça, ao que se deviabasque
acudir com todo o cuidado; prender
que se diga
so ouvidor geral que todos os meios para aos
sobreditos, e que use para isso use (sic ) dos poderes que sua
Magestade lhe concede por suas leis ; e que quando não
possa fazer, ponha em nome do dito seabor editaes apre .
goados nos lugares publicos , e nas mesmas aldean, e suas
preganãs, porque mande que nenhuma pessoa de qualquer
calidade que seja acompanhe aos sobreditos ( que se nomea .
zão nellas ) nem se chegue a elles, nein lhe dê ajuda e fa .
vor, para não serem presos sô pena de perdimento de suas
fazendas e vidas ; e que nenhuma pessoa lavre nem cultive
nas terras e aldeas dos sobreditos ( as quaes se nomearão ),
nem nellas more nem abite , nem com familia pem sem ella ,
sô pena de perder o gado e a semente que á terra lançar , e
de dez angos de degredo para as galés , e que para se sairem
dellas se The assinem oito dias depois da publicação , os
qnaes passados, o dito ouvidor geral devassará dos que não
comprirem os ditos editaes , e procederá contra elles por hum
e outro caso, com as penas em cada ham delles declaradas,
chamando - os para a imposição , e execação dellas por éditos ,
quando não possa avelios á mão , nem cercal-os, e que use de
todos os mais rigores e meios que achar de prender esta gente
rebellada contra , ou ao menos para os afugentar dos lugares
que abitão, e fóra de toda a sua jurisdição , e que se desse des
te assento parte ao sr. governador, para, se viesse nelle, se as
sentar, e como se deu e assinou por The parecerem meios ajus.
tados ao intento, Goa e Fevereiro 26 de 657.- Manoel Mas
carenhas Homem --- Sebastão Cardosu - Sebastião Alvares Migós
-Luiz Monteiro da Costa .
Liv. verde 2. fol. 40 v ;

681
SSENTOU - SE em Relação pelos desembargadores
abaixo assinados, que visto terem os senhores gover .
nadores Francisco de Mello e Castro, e Antonio de Sousa
Coutinho nomeado ao dr. Manoel Martins Madeira , desem.
bargador da mesma Relação, para ir lançar as decimas ao
norte ; que para poder melhor obrar com mais respeito e
autoridade no serviço de S. Magestade, convinha levar o
dito dr. poderes na justiça com titulo de ouvidor geral com
alçada, para conhecer de todos os casos crimes, e podel - os
sentencear em final, em quanto andar por aquellas partes ,
excepto os casos das mortes do ouvidor que foi de Baçaim
DOCUMENTOS DO SECULO XVII . 515

Francisco Soares da Costa, Luiz de Mendonça e Manoel de


Mendonça , e do dr. João Alvares Carrilho, ouvidor geral que
estaya com alçada nas ditas partes do norte , por estarem es.
tes casos reservados , e se ter mandado que todos os compre .
hendidos e culpados nelles se ajão de livrar nesta Côrte pe
ranle o ouvidor geral do crime; e que nos mais casos, que
merecerem pena de morte, os sentenceará com adjuntos, e
as sentenças de morte as não dará á execução sem primeiro
mandar o tresladu das calpas com seu parecer a esta Rela .
ção, pera se verem nella na forma das ordens de S. Magesta.
de , e o que se assentar em Relação executará; e se The con
cedem todos os poderes e jurisdicção na conformidade que
levarão os inais ouvidores geraes (a ) .
Liv, verde 2.° fol. 42 .
682
OS oito dias do mež de Ourubro de 657, a esta Relação
A vierão os sr. governadores, Francisco de Mello de Case
iro e Antonio de Sousa Conijuho , e nella em presença dos
desembargadores abaixo assinados proposerão que ontem , que
forão sete dias do presente mez, se aclamou a El Rey D.
Affonso 6.", que Deos guarde , por nosso Rey natural dos rei.
nos de Portugal como legitimno successor d'Rey D. João
o 4.º, que santa gloria haja, e que em taes dias e outros
tão solenes, e de alegria de nosso senhor nos dar successor
legitimo em nossos reinos, se costura fazer graça e dar per
dões aos presos e criminosos levemente , para que se ouvesse
de se perdoar nesta occasião , aquelles ... parecesse erão dignos
delle, e que por isso se aceilasse ... 08 que ..... suas peti .
ções, e aquelles que por desamparados não tivessem quem
iho fizesse .....visto Sua Magestade em Portugal usar de
sua cleinencia com os mesmos presos e criminosos , e assi
usa ... este estado ..... pertença ,> se achava o deverese á
sua imilação usar de alguma indulgencia com os taes pre
sos e criminosos, Goa , e Dezembro 8 de 657.- Francisco de
Mello de Castro Antonio de Sousa Coutinho - Alvares- Verga
.
-Figueiredo - Castro - Luiz Monteiro da Costa b ).
Liv. verde 2.° fol. 41 .

(a) Não está concluido e assignado , e na epigraphe que é feita em


epoca muito mais moderna diz -se o seguinte-Assento (quecreio não
teve effeito por não estar assinado ) para que o desembargador que vai
ás terras do norte a lançar as decimas vá com alçada e poderes de ouvidor
geral etc. E ' sem duvida deste anno, de 657 .
(6 ). Vai com algumas lacunas este docuinento, por estarem no original
algumas palavras apagadas.
516 ARCHIVO DA RELAÇÃO DE GOA
Anno de 1658.

683

PORQUANTO ha doisannos que o Olandezinfesta esta


barra tendo-a de cerco, e de presente com dez embarca.
ções, e pode-lhe chegar maior copia dellas , e a se dar mais
opolento, e ser ajudado de Olanda com daplicados soccorros,
e não haver segurança em El-Rey Idalsá visinho, e facil
mente se moverá a guerrear-nos unido com o Olandez, a
exemplo de Negapatão a que os naturaes tem cercado e em
aperto ; e convir tratar-se com todo o calor da defen .
så desta cidade e mais praças e terras della prevenindo.se
o necessario para o mesmo effeito, e em particular na co.
brança das decimas, para de sua resulta se ajudar a for.
mar armada de alto bordo que he o principal, e por os minis.
tros, que estão occupados no lançamento e cobrança dellas, acu.
direm á Relação, com o que não podem obrar na tal cobrança
com a prestesa que convem : havemos por bem e serviço de S.
Magestade que, por o tempo que parecer ser necessario ao
Referido effeito , se sesse a continuação da Relação , e dos
mais juizos , por tãobem ser essencial a se hirem as pessoas
que andão com demandas aos postos que se lhe signalarem ;
pelo que ordenamos ao dr. Sebastião Alvares Migós, chan .
celer do estado, que dê cumprimento a esta resolução. Goa
27 de Setembro de 1658. – Francisco de Mello de Castro An
tonio de Sousa Coutinho .
Liv , verde 2. • fol. 43.

Anno de 1660 .

684

VU El Rey faço saber ao meu Viso Rey ou governadores


E.do estado da India , que por ser grande a falta que ha
da terra, e das continuas
de gente nella, causada das doenças
guerras que os Olandezes lhe fazem sobre a muita que
lãobem trouxerão prisioneira da Ilha de Ceilão e outras partes,
e da pouca que nestes ultimos annos se lhe enviou de soccor.
ro , e convir a meu serviço que por todas as vias se procare
buscar e grangear ; hey por bem e me praz de vos conceder
licença pera que em meu nome possaes perdoar geralmea.
te
a todos meus vasalos , que andarem ausentes nessas
partes, iodos e quaesguer crimes que tiverem , tirando os de
DOCUMENTOS DO SECULO XVII.
517

heresia, sodomia, e leza-magestade divina e humana, por se


entender que com esta benevolencia de que oso com elles se
redazirão a mea serviço muitos soldados de valor, que por
omizios a'ndão ausentes delle ; e esta minha provisão sou
servido que a comprais muito inteiramente como nella se
contem , a qual fareis registar nas partes onde for necessario ,
para se ter noticia do que por ella ordeno ; e valerá como
carta , e não passará pela chancelaria sem embargo da ord.
liv. 2.° tit. 39 e 40 em contrario ; e se passou por duas vias.
Antonio Serrão a fez em Lisboa a 9 de Abril de 660. O
secretario Marcos Rodrigues Tinoco a fiz escrever, E para
maior firmesa e melhor execução do que por esta provisão
mando, son servido de por esta vez dispensar em qualquer
lei, regimento, ou ordenação que em contrario aja.- Rainha ,
Liv. verde 2.• fol. 46.

685

TOJE 3 de Dezembro de 660 vierão a esta Relação os sr. "


3
-governadores, Francisco de Mello de Castro e Antonio de ."
Sousa Continbo, e troxerão a ella a André Freire d'Ataide , e
disserão que sem embargo de eu chanceler da dita Relação
ter glosado a carta do provimento , que elles fizerão no dito
André Freire para ser desembargador desta Relação, e de
estar a dita glosa determinada por boa em Relação , que o dito
André Freire avia de ser desembargador . Ao que respondi
que sdals senhorias fossem servidos de querer guardar as
ordens de Sua Magestade , e a determinação da Relação , que
André Freire não era desembargador, nem o podia ser, e que
a sua carta não tinha passado pela chancelaria , por en a não
ter assinado para passar por ella, por mo prohibir S. Ma
gestade por suas ordeas, as quaes se lerão aos ditos sr . go
vernadores ;;e o sr. governador Antonio de Sousa Coutinho
disse , que muitos Viso Reis e governadores não guardarão
as ordens de S. Magestade , e que nem por isso S. Magesta
de os castigára, nemlhes pedira conta. E vendo eu tal reso
lução disse a André Freire, que não quizesse aceitar ser
desembargador contra as ordens de S. Magestade, nem ser
causa dos sr. governadores as não guardarem , e de se vio .
lentar a Relação, porque de tudo-se lhe havia de pedir conta,
e que assim lho requeria e protestava como chanceler, e da
parte de S. Magestade; e aos doutorės, Manoel Martins Ma
deira, ouvidor geral do civel, e Francisco de Figueiredo
Cardoso, que serve de juiz dos feitos , disse da parte de S.
518 ARCHIVO DA RELAÇÃO DE GOA
Magestade que não conhecessem ao dito André Freire por
desembargador, nem o admitlissem na Relação, nem com
elle despachassem couga alguma, nem fizessem nullidades,
e que guardassem as ordens de Saa Magestade, porque
assim lho requeria e protestava ; e me responderão que elles
me requerião isso mesmo. E para constar a todo tempo deste
meu requerimento e protesto o escrevo neste livro no mesmo
dia mez e era acima, e me assinei .-Sebastião Alvares Migós.
( Segue-se o juramento de André Freire de Ataide) = Jurei,
e tomei posse de desembargador extravagante desta Rela,
ção por provimento dos sr. governadores em nome de s.
Magestade, os quaes em Relação me derão a dita posse e
joramento. Goa 3 de Dezembro de 1660 (a) .- Mello - Sousa
1
-André Freire d'Ataide.
Representoo- se aos ' sr. governadores segunda vez, que
conforme as ordeņs de $ , Magestade, que lhe forão lidas nes.
ta Relação , depois de nella estar sentenceada a glosa , que na
patente do provimento acima tinha posto o chanceler desta
Relação, e mandado que não passasse pela chancelaria
por accordão della , que não tinha lugar o dito provimento
na forma das ordens do dito senhor, qué annullão taes pro
vïmentos, é mandão que por elles se não faça obra . E se
dissé mais aos ditos sr. governadores, que conforme as dicas
ordens se não podia despachar em Relação com o provido
André Freire, para se não fazerem nallidades. E para assim
constar nos assinamos abaixo escritos com o dito chanceler,
Goa 3 de Dezembro de 1660. - Madeira— Figueiredo- Migós.
Liv, verde 2.º, fol. 44.

686

ERTIFICAMOS nós os escrivães abaixo assinados, em


CERcomo aos 3 de Dezembro de 660 , nesta cidade de
Goa, na fortaleza della, sahindo da Relação os sri' governa .
dores , Francisco de Mello de Castro , e Antonio de Sousa
Coutinho, e o dr . Sebastião Alvares Migós chanceler do' es.
tado, que serve tão bem de ouvidor geral do crime, e os douto
.

( a) Tem á margem as verbas seguintes-De poder absoluto dos sr.


governadores sem quererem guardar as ordens de S. Magestade, nem
fazer caso dos requerimentos e protestos do chanceler
Risquei o acima escripto por André Freire e seu sinal , por não ser
desembargador, como se yê da carta de S. Magestade ao diante fol. 47,
CE
e ficão os sinaes dos sr.s governadores limpos e sem serem riscados ,
Goa 8 de Janeiro de 1663. - Sebastião Alvares Migós,
DOCUMENTOS DO SECULO XVII. 519

Tes Manoel Martins Madeira , ogvidor geral do civel, e Fran.


cisco de Figueiredo Cardoso, juiz dos feitos, e tãmbem An
dré Freire de Ataide , e outras muitas pessoas, estando na

primeira sala disse o chanceler aos ditos governadores , que


suas senhorias tinbão obrigação de guardar e fazer guardar
as ordens de S. Magestade , e determinação da Relação que
tinha avido por boa a glosa, que elle chanceler poz na
carta do provimento feito a André Freire de Alaide , para
haver de ser desembargador da dita Relação , e que
não podia ser conforme as ditas ordeņs de S. Magestade;
que suas sephorias fossem servidos de as guardar, e que re
queria e protestava a ruas senhorias de nullidade a tudo o
que suas senhorias tinhão obrado neste particular contra as
ordens reaes e determinação da Relação. E os ditos doutores ,
Manoel Martiņs Madeira , e Fracisco de Figueiredo Cardoso
disserão, que por suas partes fazião o mesmo requerimento e
protesto , como não consentião em tal procedimento e depois
disto recolhidos os dito : governadores tornou o dito chan.
celer, e os ditos dogtores , Manoel Martins Madeira, e Fran :
cisco de Figueiredo Cardoso na porta da Relação , mandou o
dito chanceler ler hum alvará real que está no livro morado
da Relação, que trata das glosas que o chanceler põen
ás provisões e cartas que os Viso Reis e governadores passada
ão,
е que sendo glogadas pelo chan celer em Rela ção, ence
sent
a glosa por boa , não passe pela chancelaria , que os Viso Reis
ou governadores o mandem expressamente , como melhor
se contem no dito alvará de 1598, a quem nos reportamos , e
que se as passarem nån valhão, nem tenhão força nem se fa.
ça por ellas obra alguma. E sendo lido o dilo alvará, disse
o dito chanceler aos ditos desembargadores , que suas mercês
não admíttiasem na Relação ao dito André Freire de Atai .
de a nenhum despacho , por se não fazerem nelles aullidades ,
e que assi lho requeria e protestava da parte de S. Magesta
de a08 sobreditos ; ao que elles responderão que o mesmo
requerimento e protesto fazião elles a elle chanceler, por,
que querião guardar as ordens de S. Mogestade . E juramos
pelo juramento que temos de nosso officio passar tudo o

acima ' na verdade . Goa 4 de Dezembro de 1660 annos .
Calisto de Almeida Vilella - Manoel da Silva Cabral -Fabião
Ferreira- Affonso de Azevedo de Negreiros João Pinto da
Fonseca .

Liv, verde 2. fol. 45 v .


520 ARCHIVO DA BELAÇÃO DE GOA
Anno de 1661.

687

VOVERNADORES da India. Ea El-Rey vos envio mui.


G. to sandar. Com a occasjão do requerimento, que aqui
se me fez, por parte do provedor e irmãos da Misericordia
dessa cidade de Goa sobre a renuncia da capitania de Ba
çaim com a madeira que Bernardim da Silva, que foi fi
dalgo de minha casa , The deixou quando falleceu , pela fa .
culdade que tinha de a poder testar, que se entendia ser em
pessoa habil e capaz : fai servido resolver que em
resão de se julgar a irmandade da Misericordia por
communidade como as Religiões não possa succeder , nem
se · the possa deixar daqui por diante semelhantes re
nunciações, nem ella aceital-as, e pelo prejuizo grande que
se seguirá a meu serviço e aos soldados que me andão sér.
viado; e publicando- se esta minha resolução ( sobre que
jámandei escrever aos Viso Reis, vossos antecessores no
tocante ás Religiões ), ficarão os testadores entendendo &a for
ma em que poderão deixar suas esmolas e legados ,1 e en
carregal-os a pessoas leigas , que lhos comprão e dem
conta do que fizerem na forma das leis deste reino, aas quaes
esmolas poderão então entrar as que se deixarem á Mise.
ricordia. Encomeado - vos muito ordeneis que esta minha
resolução se publique em todo esse estado, para que seja
notoria e venha á noticia de todos, e que se cumpra muito
inteiramente fazendo - a tãoben registar en todas as mais
partes necessarias; e de como assy se fez e execatoa me
a visareis , para o ter entendido. Escrita em Lisboa a 15 de
Março de 1661.- Rainha.
Liv , verde 1. fol. 274 v .

688

PORQUA NTO somos informados que nos dois dias,que


oape Relação depois de festa do Natal , se não despachou
nella feito algum, em que tivesse voto o doutor Audré Freire
de Ataide , ouvidor geral do crime, mandamos aos doutores
Francisco de Figueiredo Cardoso é a Manoel Martins Madei,
ra, que com o dito doctor André Freire de Ataide despachem
os feitos e petições, que se costa não despachar em Relação,
e na mesma forma se lhe faça distribuição dos feitos, por assi
convir ao serviço de S. Magestade ; e esta portaria se cum
prirá debaixo das penas de outra notificação aos ditos dog.
tores. Goa 24 de Janeiro de 1661. E fará o officio de proca .
DOCUMENTOS DO SECULO XVII. 521

rador da coroa nos papeis em que o procnrador de corôa o


faz de vuvidor geral do civel. Francisco de Mello de Castro
Antonio de Sousa Coutinho.
Por quanto pode acontecer que algum dos litigantes nesta
côrte opponhão ás sentenças, que na Relação se derem, defeitos
de nullidades por votarem nellas os dogtores André Freire de
Ataide , e Antonio da Maia Barreira , desembargadores fei.
tos por nós, do que mandamos se não tome conheoimento ,
por termos dado conta do dito provimento a S. Magestade, e
feito aviso para resolver o dito sr. a validade do que os
ditos desembargadores sentencearem. E para que assi se en
tenda e se pratique será esta portaria dada ( sic) em Relação,
e registada em bum dos livros della, Goa 9 de Abril de 1661.
- Francisco de Mello de Castro Antonio de Sousa Coutie
nho.
Estas portarias estão riscadas >, e tem á margem a verba se
gaiate= Risquei, por S. Magestade reprovar e estranhar
fazerem desembargadores André Freire e Antonio da Maia
Barreira . – Ver a carta do dito sr. no liv. verde novo ( 2. ) a
fol. 47.- Alvares,
Liv , verde 1 .. fol. 264 v ,

689

AOS 17 doosmez
perante sr. de Janho es
governador de 661
Luizem
de Goanesta Relação,
Mendonça Farlado,
e Dom Pedro de Lancastre , forão lidas as ordens de S. Ma.
gestade, que prohibem aos os. Viso Reis e governadores
deste estado da India o crear de novo desembargadores para
a dita Relação , não sendo letrados que tenhão lido no de .
sembargo do paco, e aprovados nelle, e que as cartas ou pro
visões que passarem contra as referidas ordens, sendo glosa -
das pelo chanceler, e sentenceadas em Relação as ditas glo
sas por boas, e que não passem pela chancelaria as taes cartas
ou provisões, que o chanceler as não passe , posto que os ditos
Viso Reis e governadores mandem expressamente que as pas
se, e passando-as sejão nollas sem força nem vigor, e se não
faça por ellas obra alguma; e outrosi se lêrão o assento , que o
chanceler e desembargadores fizerão na Relação, e o protes .
to de nullidade contra os provimentos que os sr. governado
res, Francisco de Mello de Castro , e Antonio de Sousa Couti.
nbo fizerão de desembargadores da dita Relação em Aandré
Freire, e Antonio da Maia Barreira, contra as sobreditas or =
dens de S. Magestade , e determinárão que os ditos provimen .
198 são nullos , e por taes es declaradão, e por estarem glosa.
522 ARCHIVO DA RELAÇÃO DE GOR
das pelo chanceler as cartas que se lhes passarão , e
glosa senteceada por boa em Relação. E de como assim se
Jeclarou e determinou se fez este assento em que os dilos
sri' governadores Luiz Meodonça Fariado, e Dom Pedro de
Lancastre, com o dito chanceler e mais desembargadores
o assinarão no dia mez e era acima . Luiz de Mendonça Fur
tado-- Dom Pedro de Lancastre - Sebastião Alvares Migós - Ma
noel Martins idadeira - Luiz Monteiro da Costa - Francisco de
Figueiredo Cardoso.
Liv, verde 2. fol. 44 v.

Anno de 1662.
690

U El-Rey faço saber aos que esta minha provisão virem


E. que eu fui informado que os desencaminhos e faltas
que ha nas rendas da ladía, particularmente na do tabaco,
procedem de serem muilas as pessoas que tratão nelle
iudo em damno consideravel de minha fazenda e
A
das mais
rendas reaes do dito estado ; e que por esse respeito não ha
quem se atreva a lomar á sua conta a dita renda , nein os
Viso Reis e governadores poderão nunca evitar o desencami.
uho que nisto ha, continuando-se 0o dito trato de particulares; e
porque convem acudir-se com remedio prompto a este damno,
antes que passe mais adiante, em tempo em que he neces
sario buscarode cabedal para as necessidades presentes ; hey
por bem e mando ao meu Viso Rey ou governador do estado
da Iadia , que pera evitar buma introducção tão prejudicial ,
faça proceder com todo o rigor contra os culpados que
iratarern em semelhantes rendas por si Ou
por in
terposlas pessoas, ordenando tãobem que não entre em
mercê sua , nem por renuncia pessoa alguna de qualquer
calidade que seja, que se achar comprehendida não só no par.
ticular da dila renda do tabaco , unas en todas as mais, e o
dito Viso Rey ou governadador, que não der comprimento a
tudo o referido nesta minha provisão se lhe dará em culpa
grave em suas residencias; e esta provirão se cumprirá mui .
to inteiramente como nella se conlem sem duvida alguma, e
valerá como carta ,e não passará pela chancelaria sem ern.
bargoda ord . do liv . 2.° tit. 39 e 40 em contrario ; e se passou
por duas vias. Antonio Serrão a fez em Lisboa a 9 de Janeiro
de 1662.-Rainha.
.

Liv, verde 2.° tol. 53.


DOCUMENTOS DO SECULO XVII .' 523
691

El- Rey vos envio muito sandar. Thomaz Martins Madei.


ra , estante nesse estado , ine pediu aqui lhe confirmasse a
mercê do habito de Christo com doze mil reis de tença ,
que os governadores vossos antecessores , Francisco de Mello
de Castro , e Antonio de Sousa Coutinho, lhe fizerão ern meu
nome , tendo respeito aos seus serviços feitos nas gue rras de
Ceilão desde o anno de 655 até o presente, e haver sido prii
sioneiro dos Olandezes em Jafanapatão , e levado a Batavia , oni
de esteve quinze mezes, e se achar coin Luiz de Mendonça
Furtado nas terras de Salcete contra o Idalsá , de cujo recon .
tro saiu ferido de huma pelourada , de que ficou aleijado..
E por os ditos governadores fazerem a dita mercê , sem
terem para isso faculdarle minha , e contra huma provisão pas.
sada no anno de 610, não fuiservido diſferir a Thomaz Mara
tins ; porem ordenareis que os ditos serviços se vejão em des
pacho , e venhão consultados na dita maneira , e por esta
via haverá lugar de receber de my a mercê que merecer. Es .
crita em Lisboa a 15 de Março de 1662.-Rainha. O Conde
de Soures
Liv , verde 1. fol. 268 .
692

de Mello de Castro , governador, amigo. El


А NTONIO
El Rey vos envio muito saudar. Por parle de Leonardo
de Oliveira d'Almeida , estante nesse estado , se me pediu aqui
confirmação do fổ :o de fidalgo de minha casa coin a mora
dia ordinaria , de que os governadores vossos antecessores The
fizerão mercê em ineu nome por seus ultimos serviços, alle .
gando ser hum dos fóros concedidos ao Conde de Villa
Pouca, a que os dilos governadores succederão no governo
desse estado. E porque elles fizerão a dita mercê sem juris
dicção e poder , que para isso tivessem , e contra forina de
>

huma provisão passada no anno de 610 , que prohibe que os


governadores, que succederem aos Viso Reis, não possão fazer
mercês, porque a elles somente se lhe concede a faculdade ,
não fai servido de defferir por esta via a Leonardo de Olivei .
ra ; porem requerendo elle , e vindo consultado na lista ordin
naria , haverá então lugar de receber de my a mercê que for
justo , de que vos quiz avisar para o terdes entendido. Es .
crita em Lisboa a 15 de Março de 1662.-- Rainha- 0 Conde
de Soure (a ).
Liv . verde 1. fol . 263 .
(a) Está tambem registada no livro Verde 2.º a fl, 49 .
6
524 ARCHIVO DA RELAÇÃO DE BOA
693

Eu El Rey vososenvio
ANTONIO Je Mello de Castro,amigo. me
vernadores vossos antecessores em carta de 26 de Agosto do
anno passado , dando.me conta das pessoas que ficavão ser .
vindo de capitães das fortalezas des: e estado , assy dos pro .
vidos por seus serviços proprios, como dos que enliárão
nellas por renunciações ; e convir muito a meu serviço hit
muito attento no provimento das ditas capilapjar ; me pareceu
dizer•vos que as pessoas, a quem tocar as intrancias dellas ,
assy por mercê propria, como por renuncias, sejão examina ..
dar, e conste que nellas concorrem as partes, valor ee calidades
necessarias para os occuparein e defenderem porque
faltando -lhe estes requisitos, se vos hade estranhar muito
e pedir conta dos damnos que disso resultarem , e aos
Viso Reis ou governadores que os admittirein . Escrita ein
Lis bua em de 30 Março de 662. - Rainha.
Liv . verde 2.° fol . 48 v .

69+

EBASTIÃO Alvares Migós . Eu El-Rey vos envio muito


vestes com dalas de 17 de Dezembro de 660, e 12 de Setem .
bro do anno passado, sobre o provimento que nesse estado se
fez de dous desembargadores , duvidas que puzestes ao passar
das cartas pela chancelaria , e ludo o mais que fizesies em
ordem a este e aos mais particulares , que ellas referem, de
que me dais conia . E porque pelas leis do reino, e por mi .
nbas ordens não pode ser provida nessa Relação pessoa , que
não tenha lido no desembargo do paço, e por elle a prova da ',
e com os mais requisitos que são necessarios, neon os gover.
nadores tem jurisdicção e faculdade para o fazerem , nem
irem contra a glosa que havieis posto , e na Relação se tinha
julgado por hoa , e procederão coin excesso em fazer o contra .
rio: me pareceu dizer-vos, me hey per bem servido de vós , e
que fico com toda a satisfação do zelo e valor com que neste
negocio vos hoovestes, e com toda a lernbraaça deste serviço
para vos fazer mercê nas occasiões de vossas melhoras E aos
mais particulares que apontais naquellas cartas e papeis ,
que com ellas vierão , mandarei prover de remedio ; pois he
ião necessario como bem se deixa entender . Escrila em
Lisboa a 5 de Abril de 1662. -Rainha.
Liv . verde 2. o° fol. 47 .
DOCUMENTOS DO SRCULO XVIF. 525

695

ANTONI O deMello
Rey vos envio deCastro,
muito saudar . governador, amigo.porEuseus
Pedirão -me aqui El.
procuradores Marcos Botelho Pereira, e Manoel de Pinho ,
moradores nesse estado, confirmação da mercê que em meu
nome, e por seus serviços The fizerão os governadores Francis .
co de Mello de Castro, ee Antonio de Sousa Coutinho o fôro de
fidalgo, e Diogo de Sousa de Castro do habito de Christo com
12 mil réis de tença. E porque o que os ditos governadores
fizerão foi contra minhas ordens , pois aos governadores , que
por vias succedein 203 Vigo Reis, ou governadores nomea.
dos, se lhes não tran -ferem mais jurisdicção e poderes que
08 que se cornmeltern no regimento ordinario , e não as prehe
minenciar, e privilegios que se The concedern em particolar;
e assy está disposto por provisão , e declaração passada no
anno de 610 , que se enviou a esse estado : volo quiz ad ver
tir por esta, e dizer - vos que se os ditos pretendentes pedirem
ahi satisfação de seus serviços , mos consulteis em lista ora
>

dinaria, e coin votos dos conselheiros que vos assistem , nas


merces que por eller merecerem , Escrita em Lisboa a 6
de Abril de 1662 -Rainha - -Q Conde de Soure .
-

Liv. verde 1.° fol. 268 v .

696

U fl-Rey faço saber aos que està minha provisão vi.


E rein que eu hey por bem e me praz ,
Motiu de
que Antonio de
Castro, do meu conselho , que ora envio por meu
governador da India , possa proyer e proveja naquelle estado ,
ein quanto servir o dito cargo, todos os otficios de varas de
meirinhos e alcaides , que nos ditas partes ha, e vagarein no
tempo de seu governo, e assy os officios de escrivães do jire
dicial e tabeljies do publico de todas as cidades e fortalezar ,
guardando á cannara da cidade de Gua as provisões que
liver ein seu favor, e isto em vida das pessoas que prover, ou
per angus, posto que seja por mais que os que elle servir
de governador, coino The parecer que os deve prover , e for
mais meu serviço; e que pela mesma maneira possa prover
os cargos de ouvidores por tempo de tres annos, ou por me .
nos, nas pessoas, e pela inaneira que tenho ordenado por mi
nhas provisões , instruções e regimentos, e não em outra
forma, nem haverá lugar nos que até agora são providos por
my , porque estes servirão segundo forma de suas carlas e
provisões ; e as pessoas que assi prover nas dila: ouvidorias
e inais cargos ierão us poderes e qualidades , que pelas
526 AROHIVO DA RELAÇÃO DB GOA
ditas minhas provisões, e instrucções tenho ordenado ; e ng
providos por my precederão sernpre a todos ; e esta provisão
se registará nos livros do meu conselho ultramarino e casa
da india, para o todo o tempo se saber como assy o tenho
mandado ; e quero que valha como carta , e que não passe
pela chancelaria sem embargo da ord . do liv, 2.° liv , 39 e 40
em contrario . E pelo que toca ao novo direito se fez receita
por lembrança ao thesoureiro Manoel Freire a fl . 290 de qui.
nhentos e quarenta réis , que pagou desta provisão , para ter
cuidado de os cobrar do thesoureiro mór do reino da ajuda
de custo que hade pagar ao dito Antonio de Mello de Castio,
Antonio Serrão a fez em Lisboa a 9 de Abril de 1662. 0)
secretario Marcos Rodrigues Tinoco a fiz escrever. - Rainha
O Conde de Sourę.
Liv . verde 1. fol. 265 v .

697

E UremEl-Rey faço saber aos que esta minha


que hapendo respeito ao trabalho e
provisão vie
detrimentos,
que padecerão as pessoas estantes e moradores nas partes
da India , havento de vir ou mandar a este reino requerer
suprimentos de idades aos menores, e legitimações aos filhos
baslardos; pela confiança que tenho de Aatonio de Mello de
Castro, do meu conselho , que ora envio por governador da
India, hey por bem e me praz, que elle possa nella passar
cartas de emancipações e suprimentos de idades aos meno
res que lhis pedirem , nas idades , casos e pela maneira que
por minhas ordenações, e regionentos lhe devem ser passa.
2

dos, e que possa legitimar Alnos bastardos, sendo - lhe reque.


>

rido pelas pessoas a quem pertencer pedir as taes legitima .


ções; as quaes cartas de einancipações, suprimentos e legie
timações passará na forma en que se passão neste reino ,
conforme as ditas ordeqações e direitos, e sendo passadas na
dita forina , hey por bem que valhão e se comprão, como se
fossem passadas por my, sem embargo da ordenação e re .
gimento dos desembargadores do paço , e de quaesquer ou .
tras ordenações, provisões , regimentos, usos e costumes em
contrario, e da ord. do liv , 2. tit. 40, que diz se não enten
da ser derogada ordenação alguma , sem della se fazer ex .
pressa menção e derogação , as quaes todas hey aqui por de
>

claradas, e para este effeito por derogadas, como se de cada


homa se fizera particular menção. E quero que palha como .
Carta, e não passe pela chancelaria , sem embargo da ord . do
liv. 2. tit. 39 e 40 em contrario. E pelo que toca ao novo die
reito se fez receita por lein brança ao thesoureiro Manoel
DOCUMENTOS DO SECULO XVII. 527

Freire a fol. 290 de 540 réis que'pagou desta provisão, para


ter cuidado de os cobrar do thesoureiro mór do reino da aju
da de custo , que hade pagar ao dito Antonio de Mello de
Castro, Antonio Serrão a f- 2 em Lisboa a 9 de Abril de 1662 .
a

O secretario Marcos Rodrigues Tinoco a fez escrever. - Rai


nha Conde de Soure,
,Liy, verde 1. • fol. 266.

69

ANTONI O de Mello de Castro, governador, amiga. Eu


El - Rey vos envio muito saudar. Os governadores vossos
antecessores me derão conta dos ruins intenins que Francis.
eo de Mello, e Diogo de Mello de Sampaio tinhão contra meu
serviço sobre as morter alrozes e aleivosas que commellerão
em Bacaim , aon le erão moradores, e que o capitão da ines
ma cidade lhes pedira consentinento para os mandar inalar ,
e perdoar as culpas aos executores, sendo christãos , e sendo
infieis, para os recolher em minhas terras ; e que corno entena
dião ser conveniente á quietação daquella cidade e mais
Jugares visinhos, lhe deſferirão com aprovar seu parecer, en .
coinendando -lhe que sem dilação o pozessem em effeito .
E porque os ditos governadores e capitão de Bacaim são me
o
recedores de agradecimento pelo zelo com que procederã
em materia tão inportante á segurança e quietação daquel.
Jas lerras ; yos encomendo inuito que a todos deis as graças
da minha parte , e que se ainda se não ouver executado o
intento referido, o fomenteis e procureis vós , e que em outros
semelhantes casos com nomes supostos , por se não romper
o segredo, intenteis o mesmo, valen 10-008 porem do parecer
de pessoas de letras para saberdes se os taes casos são de
calidaile, em que se possa usar de semelhantes meios , em
resão do escrupolo , E - cripta em Lisboa a 9 de abril de 1662.
Rainha O Conde de Soure.
Liv. verde 1. fol. 269.

699
NTONIO de Mello de Castro, governador, amigo. Eu
El- Rey vos envio inuito saudar. Na occasião ern que no
annu de 643 se tornou a crear o conselho ultramarino ( se
melhante ao que antigamente ouve com o nome de India) se
avisou a esse estado, e ás mais conquistas do reino , que por
ao dito conselho pertencerem por regimento todos os nego
cios e materias tocantes á justiça , fazenda e guerra das mes ,
528 ARCHIVO DA RELAÇÃO DE GOM
mas conquistas, a elle havião de vir remetti dos todos os paso
peis que lhe tocassein , e se tivesse entendido que se não
a vjão de comprir as provisões , cartas, alvarás e despachos
passados por outro tribunal ou conselho. E porque assy se
cumpriu sempre, e nos annos passados e neste presente vie
rão alguns papeis renientidos àa outros tribunaes, e na Rela
ção dessa cidade se dá cumprimento ás provisões passa las
pelo dezembargo do paco, o que causa confusão e enleio :
vos hey por muy encomenviado que o advirtaes ao chance
ler da dita Relação e inais desembargadores, e em geral que
desse estado senão enviern papeis alguns senão dirigidos
ao mesmo conselho, nem se guarde nenhum despacho ou
provisão que não for passado por elle, por assy convir ein
observancia do regimento que lhe mandei dar. Escrita em
Lisboa аa 9 de Abril de 1662. - Rainha .
Liv . verde 2. fol. 47 v.
700

M dous de Maio de 664 se viu em Relação a diligencia


EMque o sr . Viso Rey , Antonio de Mello de Castro mandoa
fazer pelo dr. Luiz Monteiro da Costa, em que escreveu **
escrivão Antonio Gil Pretto , sobre se dizer que avia pessoa
ou pessoas que davão dinheiro para mandarein malar e ma
larem ao dito sr . Viso Rey ; e pelo caso ser atroz e muito e :a
candaloso e de máo exemplo e grande atrevimento , mcrece
dor de se fazer nelle grande demonstração de justiça ; se
assentou pelos desembargadores abaixo assinados que o
dito dr . Luiz Monteiro da Cosia com o dito escrivão, que
escreveu na dira deligencia , tire huma muito exacta devassa
do dito caso com todas as circumstancias , que parecerem
necessarias, para se averiguar e saber a verdade do dito caso ;,
e lirada ella e trará á Relação para se proceder com todo o
rigor de justiça contra os culpados. E por assim parecer a
todos se fez este assento, en que se assinarão ao ditu dia ,
mez , e era acima os ditos desembargadores .-- Alvares- Man
chado Figueiredo - Amaral Maia .
Liv. azul 1. fol. 53 v.

701

em 2 de Maio de 664 em Relação o chanceler com os


E mais desembargadores abaixo assinados , propoz o dilo
chanceler que havia inuitos dias que se avião feito huns
autos summarios do R. preso Gaspar de Freitas, pelo caso o
DOCUMENTOS DO SECULO XVII. 529

nedir , de que se lhe deu visla para dizer de soa justiça de


Veito e de direito; e por que lem diin , e naquelle tempo se
achou presente e assinou no despacho o dezembargador Ama.
so d'Azevedo Andrade, o qual ao presente está muito inſere
mo , e tolhido de mãos e braços para não poder vir á relação,
de que o ouvidor geral do crimne , odr. Mannel Martins Ma
deira deu conta ao sr. Viso Rey , de se nãu fer sentenceado
o dito feito , e outros de mortes, e que para se sentencear na
forina da nova orden de S. Magestade , são necessarios cin .
co volos , e fazer-se assento , visto não haver mais que qualro
desembargadores desempedidos, para se poder chanar ao
vuvidor da cidade, como já em outras occasiões se lem leitu,
e o dito ouvidor geral do crime disse em inesa que se fi
zesse assento , e se chainasse o oavidor da cidade, e que as .
sinaria o dito assento . E assim se assentou com Os ditos
desembargadores , de que se fez este assento no diro dia ,
mez e era acima de que assiuarão.- Alvares .
Machado
Monteiro Maia,
Liv, verde 2.• fol. 54.

702

POR QUANTO
prohibido Sua Magestade por muitas ordens tem
que as pessoas, que estão na India , se sirvão
de soldados portuguezes, e de presente ser maior a neces .
sjdade de o execular pela falta que ha de gente neste estadu;
e porque os ditos soldados em casos particulares só servem
assaliadas e delicios na confiança de seus amus com grave
prejuizo, assi do serviço de S. Magestade , como da quela .
ção destes povos : mando que nenhuma pe8808 , de qualquer
qualidade e condição que reja , possa daqui por diante tes ou
acoin panhar-se com os ditos soldados pela maneira seguinte:
os fidalgos poderão ter só dous e não mais; os que não forein
fidalgos, não poderão ter pessoa portogueza ., que passe de
16 annos, e isto com pena aos que o contrario fizerem , sendo
fidalgos, que constará por seus filha miemlos , alem de perde
rem as intrancias das mercês que tenhão, a que não serão
admittidos sein ordem expressa de S. Magestade , serão des
terrados dous annos , e pagarío dous mil xerafins, que applico
para as obras da rebeira desta cidade ; e as outras pessvas
sobre perderem na mesma forma as mercês , pagarão mil xe
rafins para as mestras obras da ribeira , e serão desterra.08
por quatro annos para Mombaça , e humas e outras , que não
liverem mercês, perderão as acções , assy dos proprios servi .
Çus, como daquelles que por outra quarquer via lhe compelle
530 A'RCHIVO DA RELAÇÃO DE GOA
rem ; e na secretaria do estado se terá cuidado de fazer esta
memoria de transgressores , para que conste a todo o tem :) o , e
de possa executar in violavelmente este bando , que se regis.
lará na dita secretaria , nos livros da Relação, nos da camara
desla nobre cidade , e nus da ouvidoria della , e onde
mais necessario for. E para que venha a noticia de to:
dos, se publicará e fixará nos lugares publicos e cos .

tumados , com declaração que se executará o bando nesia


cidade tres dias depois da publicação, e cinco serão para a
Ilha e suas adjacentes, e para Barilez e Salcele ollo . Goa 8
de Selen: bro de 1664.–Antonio de Mello de Custro.
Liv , verde 1 .. fol. 267 .

103

VIVE huma carta de S. Magestade, que Deos guarde, em


Tu e me ordena entregue Bombajm , porem eu não sei
que
a quem se bade entregar, em rasão de que El - Rey de Ingla
teria manda procuroção para a receber Abrahão Sbipinan,
que he morto, e não extende poder a ouira alguma pessoa .
E porque a inesma ordem ine remelle na furia da priineira
que veio em minha companhia , e nella presc : eve S. Magese
tade que peça procuração para conhecer por ella a pessoa,
a que El- Rey de Inglaleria quer que se consigne aquella
ilha , e que se faça auto , ein que a mesma procuração fique
incerta , para conslar a ludo v lempo , como se recebeu em

virtude do capitulado: me pareceu pois , eslas materias são


mais de letras, remeller a esse tribunal as mesmas cartas
e procuração , para que se veja em que modo se fará judi,
cial a entrega, para que se sallefaça a El-Rey de Inglater.
ra o que se lhe tem prometido, e fique servi 10 El-Rey 10-80%
sr, e as suas ordens puntualınente ubelecidas, e se possa fazer
auto com as circumstancias que a carla accusa , e o direito
requer, Encomendo muito aos desembargadores, que vistos
os papeis e ponderadas as palavras, me remetião seus pare
ceres por escrito, para que se vejão em conseiho de estado ,
e se ajustem os outros pontos locantes a este negocio , e
seja tudo com toda a brevidade . Paneliin 3 de Novembro
de 1664.- Antonio de Mello de Castro,

Liv, verde 1.° fol. 269 v .


DOCUMENTOS DO SECULO XVII. 531

NTONIO de Mello de Castro, amigo . Eu El Rey vos en.


Avio muito saudar. Pelo capitulo do que se contractou com
El-Rey de lnglaterra, meu bom irmão e primo, sobre o dote
da Rainha sua mulher , minha muito amada e presada irmã,
que será em companhia desta carta, entendereis como e 0

modo porque lhe toca o rio e terra de Bombaim , e a obriga.


ção que tenho de lhe mandar fazer entrega della. Logo que
chegardes ao estado da India, pedireis procuração de El Rey,
e entendereis por ella a pessoa a que se ha de dar posse e
fazer a entrega, e a fareis dar no modo e forma daquella
capitulação, guardando-a e fazendo -a guardar muito pontual e
inteirmente; e ordenareis se fação de tudo instrumentos com
toda a clareza e distincção, para a todo o tempo constar do
.

que neste negocio paesou , e mus remettereis pôr vias, para


com isso se acabar de ajustar a quitação do dote , que se
prometteu a El - Rey. Pelos outros capitalos daquelle tractado
vos será presente a união que celebramos, e a obrigação
que El-Rey tem de me soccorrer em todos os apertos e ne .

cessidades que disso tiver; se nos em que vos virdes, fôr con.
veniente valerovos dos inglezes, o fareis, como tambem os
ajudareis no que vos fôr possivel . Escrita em Lisboa a 9 de
Abril de 1662,-Rainha.
Liv. verde 1 .. fol. 269 v.
NTONIO de Mello de Castro , governador, amigo. Eu
A El-Rey vos envio muito saudar. Por via de Inglaterra
me chegou noticia , que nesse estado ouvera duvida a se en
tregar a praça de Bumbaim á ordem d'El-Rey de Gran Breta .
nha meu bom irmão e primo, na conformidade das minhas
que levastes, o que nesta parte se estranhou muito, e me cau .
sou grande sentimento; e porque alem das rezões das con
veniencias desta corộa, e particularmente desse estado da
India, que me fizerāv tomar aquella resolução, desejo muito
dar toda a satisfação a El- Rey meu irmão , por eslas e outras
considerações que para 1880 ha; e porque El Rey meu irmão
deve mandar novas ordens, que tirem qualquer duvida que
ouvesse nas primeiras que mandoa , vos ordeno que, em cum .
primento das que levastes minhas, façaes qne se execute a
dita entrega muito pontualmente sem contradicção alguma,
pois a materia a não admitte, e a dilação de muito prejudi.
cial . E em assi o cumprirdes ( como de vós espero ) me ha
verei bem servido, e contra quem o impidir mandarei
proceder com a demonstração que o caso pede. Escrita em
Lisboa
Melhor.
a 16 de Agosto de 1663. - Rey- Conde de Castello
Liv. verde 1.° fol. 270.
7
532 ARCHIVO DA RELAÇÃO DB GOA
ARLOS Segundo, por graça de Deoe; Rey de Inglaterra ,
C
nosso fiel e amado Dom Abrahão Shipman, fidalgo e hum
dos gentis homens in ordinario da nossa camara secreta,
saude. Como nós somos conleates a dar toda a protecção), ani.
mo e assistencia aos noss08 vassallos e poto sobre nossa
Ilha de Bombaim , nas Indias orientaes, e assi julgamos ser
necessario prover para a seguridade e governo della , e por
is80 sabem todos que pomos especial confiança na habilida.
de disericão , fidelidade e experiencia do sobredito Dom
Abrahão Shipman : lenho assigado, constituido, e apoglado, e
para esta presente comissão assino ,constituo e apoglu - Vos por
ser governador e capitão geral sobre nossa sobredita Ilha de
Bombaim , e de todos nossos fortes e forças alevantados e para
8
alevantar alí por nossa defeaça, ou na dita Itha, ou em
qualquer outra Ilha, ou parte na terra firme nas Indias orien.
laes, que oje em dianle sejão cotiquistadas para nós, ou
rendidas ou entregadas a nós, até ser conhecida uossa ulio
ma vontade e até que vem outras ordens novas mandadas
para nós ; e para fazer executar todas as cousas em bua ma.
neira pertencentes a dita fidelidade e officio , que pode re.
sultar para a defença, seguridade e bom governo de nossa
sobredita Ilha , e as outras circumstancias. E mais para a bos
ordem paz e preservação dos soldados e os valros muradores
alí rezidentes, conforme os taes poderes e authoridades que 8:
achão nesta presente coinissão , e tacs instrucções que av pre
serte e no tempo diante serão dadas.a vós por nós, con
forme aos bons e justes costumes, e constiuições que se guar.
dão ein lodas as outras colonias e povoações, ou quaesquer
outros que depois de maduro aviso e consideração forem jul.
gados serem necessarios e proprios para o bom governo e
segurança de nossa sobredita Ilha de Bombaiin , e as mais
circumstancias ; comtanto que não sejão repugnantes ás
110ssas leis de Inglaterra , nem ás allimas pazes con.
cluidas entre nós e n08s0 born imão , El Rey de Portu
gal . E assi nós para esta coininissão damos poderfpleno, e
authoridade a vós o sobredito Dom Abrahain Shipinaa para
englbar, mandar e disciplinar todas as forças inilitares du
nossa sobredita Ilha , e as mais circumstancias , aos seus
lempos convenientes, e para brigar, malar, ascolar , reprimir
e sugeitar todos aquelles que por maneira de hostilidade ou
inotias perieudein de perturbar, invadir, acometer contra
a paz , ou pertendem de tomar a nossa sobre dita Ilha de Bonn
bain , ou quaesquer outras que em tempo ujante forem sugere
lavas e rendidas ás nossas arina-. E para melhor reprimit os
molins e alevantamentos e invasões, quando v urdinario cur.
DOCUMENTOS DO SECULO XVII. 533

en de justiça não o pode bem e com segurança ser applicada;


ordenamos a vós o sobre dito Dom Abrahão Shipman a pôr
em execução as leis marcines conforine o costurne e consti
tuição da côrte marcial , e i880 somente sobre os soldados .
E tambem para esta mesma comissão damos poder
authoridade para vó nomear e constitnir todos os offi.
ciaes em lugar daquelles que forem morren :lo , e quaesquer
outros lugares vagos; eļtambem para esta nossa comissão orie
llamos que todos os oficiaer, ministros, e todos os mais solda
dos e povo da nossa robredita Ilhs , e as de mais que no tem
po a diante forem conquistadas nu rendidas ás nossas armas
a reconhecer a vós por nosso goveroador della ; e todos os 80
breditos soldados e povo serem obedientes a vós , como noss
governador e capitão geral sobre nossa dita Ilha de Bom ,
baim , e todas as mais circumstancias por virtude desta nos ,
ea commissão real , e as mais instrucções que havieis de reces
ber oje em diante de nós , em testemunha de qualtenho causa.
do estas 70894s cartas a ser patente, en o mesmo sou testemu.
nha desta verdade, Escrita em Westminster aos 14 do mez de
Março nos 14 annos do nosso governo- Per ipssum Regem ( a ).
Nós cujos nomes abaixo escritos testificamos que o 80.
breescrito he a verdadeira copia da conmissão real de.
baixo do sello pendente de Inglaterra , conforine seu ori
giaal, o qual original fica nas mãos de Dom Humphrei
Cooque, ao presente governador; e assi jurainos ser esta
verdade. Excrita em Ange diva aos 27 do mer de Outubro de
1664.- Randolph Taylor - João Beltf - Roberto Mastre
Walter Golopher , Philippe Gittard-Guillelme Lincolne
Roberto Boroin - Valentim Foroler,
Eu o padre João Gregorio , da companhia de Jesus,
Certifico in verbo sacerdotis que este treslalo he conforme
o seu original em quanto pode ser , sem acrescentar nem
diminuir . Oje aos 11 de Novembro de 1661. -João Gre ,
.

gorio, - Porem se a caso ouvesse duvida naquellas palavras


( e todas as mais cireuinstancias ), declaro que he o mesmo
que dizer :-( depois de nossa sobre dita Ilhi e de todos
nossos fortes e forças alevantado, e para alevantar ahi por
nossa defeaça , ou na dita Ilhą, ou em qualquer outras Ilhas
ou parte na terra firme, nas In -lias orientaes, que oj- em
diante sejão conquistadas para nós on realidas ou entrega .
das a nós ); e isso foi para não repetir muitas vezes o mesmi ),
e por ser mais breve . - João Gregorio .
Conforma com o original.- Alvares - Madeira - Antonio
da Maia Barreira. Liv. verde 1 .. fol. 272.
(a) Notão -se algumas incorrecções na tralucção deste documento,
que nos pareceu não devermos emendar,
534 ARCHIVO DA RELAÇÃO DE GOA
IRLUS DEI gratia Magnæ Britaniæ, Franciæ, et Hyber .
CAR
'niæL Rex , Fidei defensor etc. Omnibus et singulis ad
quos præsentes literæ pervenerint, salutem . Quandoquidem
tractato inter nos , et Serenissimum Principem Dominum
Alphonsum eadem gratia Regem Portugaliæ etc. Fra.
trem , consanguineum et amicum nostram charissimom , fac
to adque inito , dictus Domians Portugaliæ Rex dede
rit, transtulerit , consesserit , et confirmaverit nobis , hæ
redibos et successoribus nostris in perpetuam Portum ac
Insulam Bombaim, in Indiis Orientalibus cum omnibus suis
juribus proficuis, et territoriis quibuscamque, atque insaper
dicto tractatu conventam et conclusam fuerit, quod quieta et
pacifica ejusdem portas ac Iasulæ possessio nobis vel per
sonis ad hoc per nos deputandis in usu in nostrum libere tra .
datur ; sciatis igitur, quod nos prudentia ac integritate fi
delis, ac dilecti subditi nostri Abrahami Shipman , equitis
aurati, et a privato cubiculo nostro, plarimum confidentes ean.
dem fecimus , ordegavimus , et deputavimas ac per præ
sentes facimus , ordinamos, ac constituimus nostrum ve .
rom et indubitatum comissarium , depatatum , ac procura
torem ad dicti portas ac Iasolæ Bombain possessionem
capiendam, dantes eidem Abrahamo Shipman , et conceden
tes veram et omnimodam polestatem , et authoritatem dictum
una cum propugnaculis, cæterisque
portum et Insulam , ona
rebus , ad nós ex fe lere pertineatibus, nostro nomine,
et in usum nostram recipiendi in plenam execucionem dicta
concessionis nobis factæ ; in cajus rei fidem ,.et testimoniam
præsentes mapa et sigillo nostro signavimus , et maniri
fecimus. Dabantur apud Palatiam nostrum de Whitehall 23.º
die mensisNovembris 1663.° anno Regni nostri 15.º - Cara
lus R .-- Ad mandatam Serinissimi Regis.-- Henriqus Bonot.

Liv. verde 1. fol. 270 v.

OM Abrahão Shipman , fidalgo da camara secreta de


3. Magestade, o governador sobre todas as forças de
S. Magestede na Ilha de Bombaim , nas Indias orientaes &c.
Por virtude de commissão dada a mim de S. Magestade de
Gram . Bretanha, de baixo do sello pendente de Inglaterra,
au constituo e ordeno Hamphrey Cooque por vix-gover
nador, e em sua ausencia o alferes João Thornes , sobre o
regimento de soldados ao presente assistentes na Ilha de
Angediva até que venhão outras ordens de Inglaterra. E por
isro ordeno que todos os capitães, alferes, sargentos, e os
outros mais officiaes e soldados no dito regimento serão
DOCUMENTOS DO SECULO Xvii. 535

obedientes aos mandados do sobredito Humphrey Cooque , ou 5

na sua ausencia ao alferes João Thornes. Escrito em Ange


diva aos 5 de Abril de 1664.- Abrahão Shipman .
Trelado assinado e entregue em presença de nós João Tol.
derax-Thomaz Price - Roger Morgan Henrique Ander
son .
Nós cajos nomes abaixo escritos, certificamos que tudo
isto escrito acima , com estes nomes assinados, he a CO .
pia verdadeira do original que fica nas mãos do sobredito
vix.governador Humphey Cooque & c. Escrito em Angediva
aos 17 do mez Dezembro de 1664, João Hevens - Valentim
Fogler, Walter Gobopher - João Bira, Gilhelme Lincolne
C

Thomaz Forley . Eu João Gregorio, da Companhia de Jesus


certifico em verbo sacerdotis, que este vai fielmente treslado
conforme seu original . Die 5 de Novembro de 1664. - João
Gregorio . - Porto é ser a letra ee sinal da certidão da traducção
acima do padre João Gregorio, da Companhia de Jesus ; o
que assi certifico e dou fé - Eu Antonio Gil Pretto, escrivão
do civel da corte , e o mais antigo della e das justificações
neste estado. Goa a 6 de Novembro de 1664.- Antonio Gil
Pretto.
Liv. yerde 1.° fol . 271 v .

NESTE tribanal da Relaçãe nos apresentou o secretario do


estado, o dr. Luiz Monteiro da Costa, a carta de V. Ex .',
e com ella as copias de duas cartas de Sua Magestade , huma
de 9 de Abril de 662, outra de 16 de Agosto de 663 ; e as•
sim mais & commissão de El Rey de Inglaterra , para se haver
de entregar Bombaim a Abrahão Shipman, de 23 de Novembro
de 663, sem a dita commissão se extender a outra pessoa al.
.

guma. E porque o mesmo secretario trouxe a esta meza o


testamento do dito Abrahão Shipman , e reposta que o capi
tão inglez lhe deu ao que lhe havia perguntado sobre se
trazia nova commissão , em resão da falta do dito Abrahão
Sipman , dizendo que se V. Ex.a se não satisfizesse
com 0 testamento do dito Abrahão Shipman, mandaria
a Angediva buscar a resolação de El.Rey da Gram-Brem
tanha : e parecen aos desembargadores abaixo assinados
que, para respondermos em termos de direito a estes papeis,
se deve mandar tresladar o dito testamento , que está em
idioma inglez , e o torna a levar o "secretario ; e que se tem
os inglezes em Angediya outros papeis d'El Rey de Ingla ,
terra sobre a successão do dito Abrahão Shipman fallecido ,
os devem apresentar, Goa 4 de Novembro de 664.- Se.
bastião Alvares Migós-- Antonio da Mara Barreira - Manoel
536 ARCHIVO DA RELAÇÃO DE GOA

Martins Madeira , Francisco de Figueiredo Cardozo, - Luiz


Monteiro da Costa,
Liv, verde 1. fol . 271 .

YOM os papeis que V. Ex . oje mandou a este tribunal ,


CO Msaber; o testamento de Dom Abrahão Shipman, e a
commissão que trouxe du Serenissimo Rey'de Inglaterra, e
sendo vistas : parecen aos desembargadores abaixo assinados ,
que o mesmo poder fica teado Humphrei Cooque, nomeado
pelo dito Dom Abrahão em virtude da dita commissão real
de seu Rey; e que na forma das ordens de 8 Magestade, que
Dens guarde , se lhe deve fazer entrega de Bombaim , e
-com - esta: Sorgamos a V. Ex.a a procuração do mesmo Rey da
B :Gram - Bretanh ,"e sua commissà e'testamento do dilo Dorn
Abrahap. Goa 13 de Novembro de 661.- Sebilstião Alvares
Migós - Manoel Martins Madeira - Luiz Monteiro da Costa
Francisco de Figueiredo. Cordoso Antonio da Maia Barreira .
Livo verde 1 .. ful. 273.

702

U EI.Rey faço saber aos que esta minha provisão virem


E que os Sr. Reis meus predecessores mandárão passar
dous alvarás, em 24 de Novembro de 593, e 25 de Favereiro
de 595, pelos quaes ordenarão aos Viso Reis e governadores
da India que podessem dotar e casar as orfãs, que vão desta
reino para aquelle estado, com os dotes deolarados nos ditos
alvarás, e tãobem as orfas filhas dos cavalleiros que mo !
ressem er meu serviço naquellas partes. E tendo eu respeito
ao que se me reprezentou por parte do provedor e irmãos da
Santa Casa da Misericordia da cidade de Goa, a cujo cargo
está o recolhimento de Nossa Seahora da Serra , sonde se
recolhem as ditas orfãs, e em resão das duvidas que se move
rão sobre se não averem de praticar as mercês, que pelos
mesmos alvarás tenho concedido as ditas orfas mais que na .
quellas cujos pais morressem na guerra, e sentença que no
mesmo caso se deu na Relação de Goa : hey por bem e me
praz declarar que as mercês, que pelos ditos . alvarás, ou
por outra qualquer ordein minha lhes tenho concedido para
seu casamento , teahão effeito em todas as orfãs, declaradas
.

nos alvarás referidos, constando ser filhas de pessoas bene .


meritas em meu serviço, ainda que seus pais não morressem
na guerra, com a declaração que , na igualdade dos serviços
.

e merecimentos, precederão nas cerees declaradas nos ditos


DOCUMENTOS DO SECULO XVII, 537

alvarás as orfas filhas dos pais que morrerão no conflicto da


guerra ; e mostrando o tempo adiante que convirá alletar-se
esta confirmação, o podereis fazer na forma que for mais con
veniente. Pelo que mando ao meu V. Rey ou governador do
estado da India , que ora he, e ao diante lôr , e a todos os mais
ininisiros, a quem locar, cumprão e guardern esla provisão,
e a fação muito inteiramente cumprir e guardar como nella
se conlem sem duvida alguma, a qual valerá como carta , e
não passará pela chancelaria sem einbargo da onio do liv. 2.
ijl. 39 e 40 em contrario; e se passou por tres viaz, Antonio
Serrãv a feż em Lisboa em 2 de Dezembro de 1664. O
secretario Manoel Bento de Campello a fez escrever.- Rey
Liv, verde 2. fol. 159 y .
INSTITUCIONES
Anno de 1665 . DE AMERICA
705 BIBLIOTECA
M carta de S. Mageslade de 30 de Março de 665 está
EXhum paragrafo cuju theor he o seguinte . =
sulunlu de Mello de Castro, V. Rey , amigu. E. El- Rey
Vos envio muilo saudar. U chaucele i uesse eslaun , Sebas
lião divales Migós, ine deu conta per carta sua de 10 de Ja
neiro uo anno passado , cuino elegesles para ir au aurie a
Nevassar cuin aiçaua , e com u nulu de ouviuos geral , dodré
Freire u'Aluide , com salario grande que se lhe uumevu, selle
uu tudo contra a foirna de manas videos , e lavendo detele
lv8 Aa peosva uesle homem ; u que ine pareceu estronlar vos
muito esla eleição , e dizerovus que convem a ineu serviço
guardareil - se minhas oruens mullu puulualliente, e que as
laçais war á execuçãu waudauuu lugu repôr a Auuré rreire
u salaidu que levou contra uulutas ordeus, as quaes levels
guaruar e observar mullu poolualmenle.
Esla cupla cuatuima cuin u original , que de ordem do
senbur Conve V. Rey se reinelte a Relação para se war á
sua devida execuçãu . Gua 11 de Janeiro de 1667.- Antonio
Paes de Sande.
Liv , verde 2. ° fol. 61.
706

A NTONIOde Mello de Castro, V. Rey, amigo. Ea El-Rey


vos envio inunto sa Quar. H.vendu mandado ver a Carla
que me escrevestes em 13 de Maio de 603 , dandu -te
conla do caso que
sucedeu nessa ciuaue emn casa we
538 ARCHIVO DA KELAÇÃO DE GOA
Manoel Côrte Real de Sampaio , a que acudistés pesa
soalmente com alguns fidalgos , que vos acompanhárão,
e o ovvidor geral do civel Lniz Monteiro da Costa , em
como Manoel Corte Real ficára preso pelo mesmo caso
na fortaleza de A goada pela resistencia que se vo8 fez
em sua casa pelos seus criados ee cafres : me parecen estra
nhar-vos não averdes dado livramento a este fidalgo , e dizer
vos que logo façais remetter os autos, que se processarão, á
Relacio para se sentencearem pelos jaizes a quern pertencer,
conforme as minhas leis e ordenações , sem que vos acheis a
isso presente. Escrita em Lisboa a 13 de Abril de 1665.
Rey . .

Liv , verde 2.° fol. 51 v.

707

PORQUE medizemque nãoestão na Relação as ordens de


8. Magestade sobre o aprovar das pessoas que hio de en
trar a servir as fortalezas deste estado, assy por mercês pro
prias, como por renuncias: me parecen conveniente remetel •
as ao chanceler para que se registem nos livros desse trio
bunal, e se tenha noticia nelle dos poderes que S. Magestade
dá aos seus Viso Reis Desta materia, por ser assy necessario
para se julgarem as causas das iniraneias das dilas fortale .
218 , a que ninguem pode ser admittido, sem primeiro ser
>

aprovado por mim , e este he o que tem melhor direito, ainda


que outra mercê seja mais antiga , particularmente quando os
providos não querem renunciar em pessoas aptas e sufficien .
tes, mandando-lhu eu . E porque não vi na sentença fazerese
menção desta circumstancia , sendo muito essencial, e que de
ve de andar junta aos autos, pela carta que escrivi á Relação ,
como pela notificação que o juiz dos feitos por ordem minha
mandou fazer a Henrique da Silva, será conveniente que islo
a

se declare, por ser conforme ás ordens de S. Magestade; o


porque se tenha noticia desta sua resolução, com que se viião
a escuzar muitas demandas e embaraços no futuro. Tão
bem mando a carta que S. Mageslade me escreveu declaran.
do por nullas as mercês feitas pelos governadores deste esta
do, que não tiverem alvarás e que não sucedem nelles ainda
que succedão aos Viso Reis que os tenhão; e como a ordem
de 627 não fez espressa derogação d’outra passada em 610,
não a pode annullar conforme a ordenação , e sobretudo S.
Magestade confirina por esta a dita ordem de 610 ; e como
na Relação se ha de determinar este negocio, por outra ordem
minha que enviei av juiz dos feitos , me pareceu fazer esla
DOCUMENTOS DO SECULO XVII . 539

advertencia aos desembargadores, porque ou todas as leis se


hão de derogar por outras, sem que se faça expressa menção
dellas, ou esta hade ficar em seu vigor. Goa 3 de Setembro
de 1665 , Antonio de Mello de Castro.
Liv . yerde 2.° fol. 49 v .

1708

A SSENTOU- SE pelos desembargadores abaixo assinados,


presente o sr. Viso Rey, pelo qual nos foi mandado que
lhe declarassemos a qual das ordens de S. Magestade, que
tratão sobre o provimento dos officios que provem os sr. Vi.
80 Reis em viriude dos alvarás que trazem em mão, que fa
zem em virtude dellas os governadores, que succedem em
via de successão com a mesma alçada e jurisdicção dos Vi .
80 Reis a que succedem ; e sendo vistos, o alvará de 610
que anda nos livros desta Relação, e a ordem de 662 na qual
se manda guardar o dito alvará de 610, que o dito alvará não
transfere nos les governadores mais jurisdicção e poder
que tem pelo regimento ordinario , e ser a ultima ordem envia.
da por S. Magestade, se devia guardar, em quanto o mesmo
senhor não mandar 0o contrario, e não a outra de 627. Goa 20
de Outubro de 1665.- Alvares Madeira Figueiredo
Monteiro.

Liv. verde 1.° fol. 273.

ANTONIO de Mello
Rey vos envio de saudar.
muito Castro, Havendo
Viso Rey amigo.
mandadoEuEl.
ver o
que me escrevestes em reposta do que vos mandei ordenar
em carta de 14 de Abril de 663, sobre a queixa que
me fez Manoel Alvares de Figueiredo , escrivão da ma.
tricula geral de Goa , de o mandar prender o governador
Francisco de Mello de Castro , por não querer regis
lar no titulo de André Freire de Ataide a carta que
se lhe passou de desembargador da Relação desse esta
do , estando glosada pelo chanceler, e sentenciada a gloza por
boa , e que não passasse pela chancelaria , o que não foi bastan .
ie, nem defender -se com o capiiulo quinze do seu regimento
pera deixar de o descompor de palyras , com cuja occasião o
mesmo André Freire de Ataide chamára a sua casa a Ma.
noel do Rego official da inatricula , e o afrontára e a coitára :
pareceu-me estranhar - vos muito ( como por esta o faço ) a
8
510 ARCHIVO DA RELAÇÃO DE GOA
omissão com que vos ouvestes em não dar execução á ordem
que levastes para mandar riscar e recolher a carta que os go.
vernadores Francisco de Mello de Castro, e Antonio de Sou.
sa Coutinho passarão a André Freire de Ataide do cargo
de desembargador da Relação desse estado, pelo não pode.
rem fazer, nem tão pouco darem -lhe jurisdicção para ir de.
vassar ao norte ; e vos encomendo e mando que logo esta
receberdes , façaes depor do dito cargo de desembargador
a André Freire, e que seja privado de poder entrar em tem
po algum em meu serviço, e que dos cargos que tiver servie
do reponha os selarios, que levou, pera minha fazenda, visto
ser provido contra a forma de minhas ordens , e excesso com
que se ouve em castigar de poder absoluto em sua casa a
Manoel do Rego por lhe não querer registar a carla de de.
sembargador, ficando -lhe seu direito reservado contra o
dito André Freire, querendo accusal-o; e de como executar.
tes o que por esta vos ordeno, me dareis contra para o ter ea.
tendido. Escrita em Lisboa a 7 de Abril de 665.- Rey .
Liv. yerde 2. fol . 61 v.

Anno de 1666 .

JoÃO Nunes da Cunha. Ea El-Rei - vos envio muito


saudar. Por ser necessario a meu serviço remediar -se o
excesso com que deste reino se envia para a India tabaco
contra as condições do contracto; vos encomendo muito que
chegando aquelle estado, de que vos tenho nomeado por
Viso Rey, ordeneis se fação todas as exactas diligencias pos
siveis para se descobrir o tabaco que for nas embarcações
que partirem deste reino, e que o mesmo se aja de fazer em
todos os annos seguintes ; e o que se achar que foi sem li.
cença na forma do contrato, se tome por perdido, e se appli
que o valor delle ao apresto das náos que ande partir para
o reino, e nellas me avisareis do que nisto sc obrou . Escrita
ein Lisboa a 9 de Janeiro de 1666.Rey.
Liv, verde 2. fol. 71 .
711

JOÃO NunesdaCanba. Viso Rey da India. Eu El.


Rey vos envio muito saudar . Francisco de Mello de Casa
tro , e Antonio de Sousa Coutinho, governadores que forão da
India, se me queixárão que o Viso Rey Antonio de Mello
DOCUMENTOS DO SECULO XVIT.. 541

de Castro, vosso antecessor, em virtude de huma carta minha


mandára anullar todos os provimentos que elles havião feito
no tempo de seu governo, por não terem os alvarás que se
costumão passar aos governadores e Viso Reie, que vão go.
vernar esse estado ; e avendo visto a queixa referida: me
pareceu dizer- vos que he justa na parte que toca aos officios,
que os ditos governadores proverão no tempo do seu gover
no, na forma do regimento e provisões de successão , em que
se declara que gozarão de toda a jurisdicção, poder e alçada ,
que levarão os Viso Reis a quem succederão, e que nesta :
forma estão bem providos os ditos officios, e não podia hapel.
os por vagos o Viso Rey Antonio deMello de Castro, e me ,
nos mandar pôr editaes para os prover de novo em prejuizo
das ditas provisões, e das pessoas que os estavão servindo . E
no que toca aos foros e habitos, que os ditos governadores
derão no tempo de seu governo, entendendo que o podião
fazer , não tem resão de queixa os ditos governadores
contra o Viso Rey Antonio de Mello de Castro , por esta ju
risdicção ser concedida somente aos Viso Reis e não ao gover
no ( sic ): e assim devem os providos fazer novo requerimento,
como já se tem mandado em outras occasiões semelhantes.
Escrita em Lisboa a 12 de Janeiro de 666.- Rey ,
„Liy . verde 2.• fol. 60.

712

Að ha nessa Relação mais que quatro desembargadores, e


NOhum dellés he deão, que, como sacerdote, não vota nog
negocios crimes, de modo que estão paradas as causas ou
retardadas, porque não he possivel acudirem a tanto como
carrega sobre cada hum dos iniaistros, e não ha muitos dias
9

que se não passou seguro a Diogo Monteiro, porque como o


chanceler he o juiz, e Manoel Martins Madeira impedido
por tutor, faltárão desembargadores que votasgem. Li as ore
dens de S. Magestade que não probibem fazerem - se pelos Viso
Reis, como se vê da de 606, e os exemplos que ainda hoje
durão no chancelerie deão , que a hum fez o conde de
Linhares, e a outro D. Phelippe Mascarenhas, sem haver
lido no desembargo do paço . nem hum nem outro : a ne .

cessidade presente he maior que nunca , e S. Magestade he


obrigado a dar a seus vassalos os meios de se conservarem
em paz e justiça, e a isso me mandou a este estado , donde se
segue que não pode ser a sua tenção que me faltem os ins
trumentos com que hei de obrar o que me ordena . E porque
a todo tempo consta que não tenho o sentido de acrescentar
542 ARCHIVO DA RELAÇÃO DE QOA
ou melhorar pessoa algama, senão quando , e como convier
ao serviço de S. Magestade, não quero propor sugeitos, nem
achar- ne presente na Relação, antes encomendo aos deseina
bargadores que com o mesmo zelo que devem, e sem con .
tendas particulares escolhão dous sugeitos capazes de serem
desembargadores, e mos proponhão para lhes mandar passar
suas cartas, e dar nestamonção conta a S. Magestade ; e se
os não ha que tenhão lido no paço, a mesma necessidade
dispensa esta lei como dispensou nos sobreditos, e em outros
que se fizerão do mesmo modo , e nós devemos acudir ás
cousas presentes, que tanto necessitão de remedio; e quando
S. Magestade se não servir de os prover, elles deixarão os
lugares, e eu terei comprido com as obrigações do que occu
po na forma que posso. Chorão 18 de Janeiro de 1666.
Anionio de Mello de Castro. ,
Liv , verde 2. fol. 52.

Resposta que a Relação fez á carta atraz do Viso Rey


Antonio de Mello de Castro ,

A carta de V. Ex. se vių nesta Relação, que trata sobre


querer fazer desembargadores, e que para isso nomeiemos
dous sugeitos capazes de serem , por não sermos mais que
quatro, e o deão ser sacerdote , e não poder votar nos casos de
morte e efusão de sangue : ao que nos pareceu responder a
V. Ex.a que os casos criines desta calidade se sentenceião.
com tres desembargadores seculares, e com o ouvidor da cie
cade e jaiz ordinario , como V. Ex. tem ordenado , e assy se
tem feito no de Diogo Monteiro ; e em todos os mais casos
em que não entra efusão de sangue , fica desempedido o
deão para votar, como vota .
No alvará de 606 , que V. Ex.a aponta, prohibe S. Mages
tade que se não fação desembargadores, que não ajão lido
no desembargo do paço, com a clausufa constante nas pa
lavras :: ibizaprovados pelo meu desembargo do paço, e não
em outros , nem em outra forma ; pelo alvará de 615 o
prohibe tãobem o mesmo senhor com as palavras que se
seguem : ibizaão possa entrar e servir, nem ser admitido a
isso letrado algum sem primeiro aver lido no meu desem
bargo do paco, e ser aprovado, nem os Viso Reis possão dis.
pensar nisso por cousa alguma. E em carta de 619 diz o
mesmo senhor o seguinte: lesse estado não sejão admitidos
aos officios de letras pessoas algumas, que não tiverem lido
no desembargo do paco, e forem aprovados nelle ; e de pro
ximo em carta feita ao chanceler do estado em 662 dea
clara S. Magestade que não ha cá jurisdicção para se fazes
DOOUMENTOS DO SBCULO XVII. 543

rem desembargadores. que não tenhão lido ao desembargo do


paço, e por elle a provados, em confirmação e aprovação das
ditas ordens e leis do reino, declarando averem procedido og
governadores com excesso em fazerem o contrario.
Não temos policia que neste estado aja sugeitos de le.
tras , que tenhão lido no paço, e aprovados nelle , pela qual
resão não nomeamos pessoas a V. Ex.', que possão ser de
sembargadores, porque nio podemos encontrar as ditas or.
dens confirmadas pela ultima de 662, nem fazer nollidades
nesta Relação, nem dar lugar a que as partes fação novas
despezas em legitimar os autos, que se despacharem com
quem não pode ser desernbargador contra as ditas ordens.
Os exemplos dos desembargadores que ca sa fizerão, que
V. Ex. refere, forão já apontados e presentes a S. Mages .
tade pelos governadores passados, e que não havia mais que
os quatro desembargadores que hoje ; ha; e sern embargo
delles foi o mesmo senhor servido resolver que se desse
cumprimento ás ordens referidas. Goa 21 de Janeiro de
1666.- Alvares - Madeira - Figueiredo Monteiro.
Liv . verde 2. fol. 52 v ,

1713

faço saber aos que esta minha provisão pirem,


E PUqueEl-Rey
eu hey por bem e me praz fazer mercê a Antonio
de Mello de Castro, do meu conselho, e Viso Rey e capitão
geral das partes da India, que em quanto servir o dito cargo
possa prover em todas as partes daquelle estado , aonde eu
tenho feitorias, os cargos de feitores e escrivães das mesmas
feitorias, por hurta vez somente , cada ham delles por tres
annos com ordenado conteudo no regimento, na vagante dos
providos, antes do dia que assim prover, de que passará cartas
em forma ás pessoas em que os prover , pelas quaes 08'sera
virão , posto que ajão de entrar nellas depois que o dito An.
tonio de Mello de Castro não servir o dito cargo; e que no
provimento dos taes cargos de feitores e escrivães tenha a
consideração e respeito que convem , e que as pessnas a que
og der tenhão serviços ée calidades para isso , e principale
mente aos que tiverem servido na guerra, conforme ao que
tenho ordenado por minhas provisões , instrucções e regi .
mentos. E esta minha provisão se registará nos livros do meu
conselho ultramarino e.casa da India para a todo o tempo
se saber como assy o tenho mandado , e valerá como carta
e não passará pela chancelaria, sem embargo das ordd . do
liv. 2.° tit. 39 e 40em contrario ; e se p18804 por tres vias,
544 ARCHIVO DA RELAÇÃO DE GOA
Antonio Serrão aa fez em Lisboa a 27 de Fevereiro de 1666.
O secretario Manoel Barreto de Sampaio a fez escrevera -
Rey.
Liv. verde 2.° fol. 55 V..

714

U El-Rey faço saber aos que esta minha provisão virem. ' 3

E que avendo respeito ao trabalho e detrimento que parle..


cerão as pessoas, estantes e moradores nas partes da India ,
avendo de vir ou mandar a este reino requerer suprimentos
de idade aos menores e legitimações aos filhos bastardos;;
pela confiança que tenho de João Nunes da Cunha, que ora
envio por Viso Rey e capitão geral da India : hey por bem
e me praz que elle possa nella passar cartas de emancipações
e suprimentos de idade aos menores , que lhas pedirem , na
idade , casos e pela maneira que por minhas ordenações , e re
gimentos lhes devem ser passadas; e que possa legitimar fi...
Thos bastardos, sendo.be requerido pelas pessoas a que per
tencer pedirem as taes legitimações, as quaes cartas de
emancipações, suprimentos e legitimações passará na forma
em que se passão neste reino, conforme as ditas ordenações
e direito; e sendo passadas na dita forma , hey por bein que
valhão, e se cumprão como se forão passadas por mim , sem
embargo da ordenação e regimento dos desembargadores do
paço, e de quaesquer outras ordenações, provisões, regi.
mentos, usos e costamos em contrario, e da ord . do liv. 2.°
tit. 49, que diz que se não entenda ser derogada ordenação
algama, sem della se fazer expressa menção ou derogação,
as quaes todas hey aqui por declaradas, e pera este effeito por
derogadas , como se de cada haina se fizera particular men
ção. E quero esta valha como carta , e não passe pela chane,
celaria sem embargo da ord . do liv . 2.° iit. 39 e 40 em cone
trario, Antonio Serrão a fez em Lisboa a 12 de Março de
1666. O secretario Manoel Barreto de Sampaio a fez escrever..
-Rey .
(Liv. verde 2. fol. 56.
715
NU El-Rey faço saber aos que esta minha provizão virem ,
E.
Ique eu hei por bem e me praz que João Nunes da Cunha ,
que ora envio por meu Viso Rey e capitão geral da India ,
possa prover e proveja naquelle estado, em quanto servir o
dito cargo, todos os officios de varas de meirinhos e alcai
DOCUMENTOS DO SECULO XVII. 54

des, que nas ditas partes ha , e vagarem no tempo de seu


governo e assy os officios de escrivães do judicial e tabe
liães do publico de todas as cidades e fortalezas, guardan
do á cidade de Goa as provisões , que tiver em seu favor, e
isto em vida das pessoas que prover, ou por annos, posto que
seja por mais que os que elle servir de Viso Rey , como lhe
parecer que os deve prover, e for mais meu serviço. E que
pela mesma maneira possa prover , os lugares de ouvidores
por tempo de tres annos, ou por menos, nas pessoas, e pela
maneira que tenho ordenado por minhas provisões, instruc.
ções e regimentos, e não em outra forma, não haverá lugar
nos que athe gora estão providos por my, porque estes sere
virão segundo a forma de suas cartas e provisões ; e as pes.
soas que assim prover nas taes ouvidorias e mais cargos te.
rão os poderes e calidades que pelas ditas minhas provisões e
instracções tenho ordenado, ee os provido
providos por my precede.
rão sempre a todos . E esta provisão se registará no livro do
meu conselho ultramarino e casa da India , para a todo o tem.
po se saber como assim o tenho mandado; e quero que valha
como carta , e que não passe pela chancelaria sem embargo
da ord , do liv, 2.º tit . 39 e 40 em contrario . André Serrão a
fez em Lisboa a 12 de Março de 1666. ( secretario Manoel
Barreto de Sampaio a fez escrever.-Rey.
Liv . verde 2.° fol . 57 v.
16

U El-Rey faço saber aos que esta minha provisão virem ,


EUque hey por bem e me praz de fazer mercê a João Num
nes da Cunha , que ora envio por meu Viso Rey e capitão
geral da India , que em quanto servir o dito cargo
possa prover em todas as partes daquelle estado , aonde 9

eu tenho feitorias, os cargos de feitores ou escrivães das


mesmas feitorias , por huma vez somente , cada hum delles
por tempo de tres annos com o ordenado contheudo no regi
mento, na vagante dos providos antes do dia que assi og
prover, de que passará as cartas em forma ás pessoas em quem
08 prover, pelas quaes os ser virão, posto que ajão de entrar
nelles depois que o dito Viso Rey não servir o dito cargo.
E que no provimento dos taes cargos de feitores e escrivães
tenha a consideração e respeito que convem , e que as pessoas
a quem os der tenhão serviço e calidade para isso, e princi .
palmente aos que tiverem servido na guerra conforme ao que
ienho ordenado por uninhas provisões , instrucções e regi.
mentos. E esta minha provisão se registará nos livius do meu
546 ARCHIVO DA RELAÇÃO DE GOA
conselho ultramarino e casa da India , para a todo o tempo
se saber como assi o tenho mandado , e valerá como carta e
vão passará pela chancelaria, sem embargo da ordenação do
liv. 2. ° tit. 39 e 40 em contrario. Aadré Serrão a fez em
Lisboa a 12 de Março de 666. O segretario Manoel Barreto
de Sampaio a fez escrever . - Rey.
-

Liv, verde 2.. fol. 57.

RQUE se me ajantarão com a paga da gente, que se faz


POesta tarde, outros negocios que he necessario que esta ma.
nhã se fação, não posso ir á Relação , onde queria que se bus .
casse algum meio para que as causas não estivessem empa.
tadas , como esião , por falta de desembargadores pois aquela
las ein que se aggrava de quaesquer dos ouvidores geraes ,
e as que correm ante o provedor.mór dos defanctos, tanto que
delle se aggrava , não tem quem lhes despache os aggravos; e
as em que he parte o procurador da côroa tem parado por
serem necessarios em huinas e em outras ao menos tres de .
sembargadores pela ordenação, com o que perece a justiça
das partes que andão clamando. Vejão os ministros da Re.
lação que remedio se hade dar a damno tão commum e preju.
dicial , pois na India não ha pessoas aprovadas pelo desem
bargo do paço, e S. Magestade tem obrigação de administrac
justiça a seus vassallos, e nós o mesmo encargo em quanto a
distancia nos prohibe dar-lhe conta, e recebermos a sua reso .
lução ; e o assento que sobre isto se tomar se me trará para
que o arsine , Pangim 8 de Outubro de 666. - Antonio de Mello
de Castro.
Liv. verde 2. ° fol. 55.

718

OUVIomandado do sr.Conde Viso Rey e capitão geral


Por este mando que nenhuma pessoa, de qualquer calida
de e condição que seja, traga de dia nem de noiie armas de
fogo, curtas nem cumpridas, no palaaquim, nem comsigo, nern
ás mãos de escravos nem criados; e sendo achados com ellas
depois deste bando lançado serão castigados, e os soldados
e pessoas, que não tiverem ſoro, se lhe darão tres tratos soltos,
e degradados para Mombaça por tres annos , e os nobres e
os fidalgos como parecer ao dito sr. Conde Viso Rey e ca.
pitão geral da India , com advertencia que se podem apresen .
tar irremissivelmente, por assy o ordenar lãobem El-Rey
DOGUMENTOS DO SECULO XVII. 547

Nosso Senhor por carta sua do anno de 662. E para que vãº
Dha á noticia de todos, e não allegue ignorancia , se apre
goará este pelas ruas, praças e lugares publicos desta cide
de, e se registará na secretaria , e nos cartorios do crime, se
.

08 officiaes a que tocar passarão suas certidões nas costa


deste. Goa 21 de Outubro de 666. - João Nunes da Cuuha .
-

Liv, verde 2.• fol. 59 v .

719

JOÃO Nunesda Cunha , conde de S.Vicente, doconse


Tho de estado e guerra de S. Magestade , geatil homem
da camara de S. A., Viso Rey e capitão geral da India &c .
Faço saber aos que este alvará em forma de lei virem , que
por convir ao serviço de S. Magestade e quietação da terra ,
e evitarem se os muitos maleficios, que se obrão por cafres e
outros escravos, e a frequencia de roubos, ferimentos e gal.
tadas , mortes e outros assassinios, que de ordinario se com .
mettem nesta cidade e seas arrebaldes, caminhos e estradas
publicas , de dia e de noate, trazendó armas de toda a sorte;
e ser o namero desta gente grande por não ter sabida para
fora , como sabía em outros tempos para Malaca, Manilla ,
Ceilão e outras partes para onde os levavão a vender; e para
não irem ayante seas desaforos , e ordenar S. Magestade por
carta de 7 de Abril de 661 se evitem os damnos referidos,
castigando com todo o rigor aquelles que os commetterem:
hey por bem de mandar como por este mando, e em virtude
da dita ordem de S. Magestade que daqui em diante ne.
nhum escravo cativo, cafre, nem outro de qualquer casta que
seja, nem pretos ainda forros, não traga nem ande com ar
mas de fogo , traçados , catanas, azagaias, arco e frechas,
sovelões , nem outra alguma arma só, nem em compa•
nhia de seus senhores ou amos , tirados os bambús vãos por
dentro com seus sombreiros ou copadas, porque destas duas
cousas poderão usar somente em companhia de seus senho•
res ou amos ; e sendo achados em outra maneira com quaes .
quer das ditas armas serão enforcados na forca onde morrerão
morte natural. E o mesmo se entenderá contra aquelles que
fizerem assaltadas , e alevantar mão para algum homem bran .
co, ou o ferir de seu moto proprio , ou por mandado de seu
senhor on ano sem remissão ; e sendo achado de noute ain
da que sem armas depois de oito horas , será perdido para as
galés da ribeira de S. Magestade, ou para a casa da polvora ,
donde ficará captivo pera sempre ; e se forem achados mais de
9
548 ARCHIVO DA RELAÇÃO DE GOA
hum com armas offensivas, ou hum só morrerá morte natural ,
de mais deste castigo mandarei usar com seus senhores e amos
de demostração que me parecer em resão de não terem côbro
nos ditos escravos e servidores. Eo ouvidor geral do crime,
juizes e mais justiças fação autos dos que forem achados como
prehendidos nas sob reditas cousas , ou qualquer dellas, para
breve e summariamente serem sentenciados por my, como
capitão geral da India. E este alvará de lei se registará na se.
cretaria do estado, e nos cartorios do crime, e se a pregoará
pelas praças e lugares publicos desta cidade para vir á no.
ticia de todos, e se não poder allegar ignorancia. Notifico
assy ao chanceler do estado, ouvidor geral do crime, juizes e
mais officiaes de justiça, e ás pessoas a que per tencer para
que assy o comprão e guardem , e fação inteiramente cumprir
e guardar como neste alvará se contem sem duvida nem con.
tradição alguma; e valerá como caria passada em nome de
S. Magestade sem embargo da ord . do liv, 2 ° uit. 40, que o
contrario dispõe, e não pagará meia annata por ser serviço
do mesmo senhor. Domingos da Silva o fez em Goa a 21
de Outubro de 666. O secretario Antonio Paes de Sande o
fez escrever -- João Nunes da Cunha, Conde Viso Rey.
Liv. verde 2. fol. 58 v.

720

ASSSENTOU - SE em Relação presente o sr. Viso Rey , que


por quanto S. Magestade, que Deos guarde, tem prohibi.
do por ordens suas duplicadas que se não possão neste esta.
do eleger desembargadores que não tenhão lido, e sejão apro.
vados no desembargo do paco ; e de presente não aver ne
nhum letrado neste estado aprovado na mesa do dito desem
bargo do paço, para se poder puxar por elle para desembar
gador pela falta que ha de ministros nesla Relação com as
inortes dos doutores Amaro de Azevedo de Andrade, é An
tonio da Maia Barreira , e do chanceler Sebastião Alvares
Migós; e não ee acharem de presente mais que tres desembar.
gadores, com 08 quaes na forma da ordenação se não podem
despachar os feitos de aggravos de petiçõesdo ouvidor geral
do crime, ouvidor geral do civel, juiz dos feitos e provedor
mór dos defanctos, e do juiz do fisco real do que as partes e a
fazenda real de S. Magestade recebem grande prejuizo , fi
cando os ditos feitos e suas causas por despachar empatadas,
e ao dito senhor occorrer obrigação de mandar administrar
justiça a seus vassallos , e conforme a isso se não poder en.
tender a lei e estilo , que ordena sejão tres juizes conformes
DOOUMENTOS DO SECULO XVII. 549

no despacho das causas, senão em termos habeis avendo o


dito namero de tres desembargadores, e verosimilmente
se entender ser esta a mente de S, Magestade e da dita ordena.
ção , saposta a dita prohibição que se despachem os feitos
com os desembargadores, que houver na Relação , pera não fi.
car parada a administração da justiça ;
Parecea que em quanto S. Magestade não prover de mais
desembargadores esta Relação, que os que de presente ha nel.
la despachem os ditos feitos e causas , sem se poder allegar
nallidade alguma, por este assento se tomar em beneficio
das mesmas partes, e se guardará como lei por S. Mages .
tade ter mandado que os assentos, que se tomarem nesta Re
lação em presença dos seus Viso Reis ou governadores, se
guardem como lei em quanto se lhe dá conta ; e deste assento
se lhe dará nas primeiras embarcações que partirem , para o
dito sr. mandar prover como mais for servido, Goa 9 de
Novembro de 666. - Monteiro - Figueiredo - Madeira .
Liy. verde 2.• fol. 54.
721

SSENTOU- SE em conselho da fazenda presente o sr.


CondeViso Rey, e mais ministros deputados delle, que
se não faça pagamento nenhum aos soldados e ufficiaes se.
não em mão propria, descontando -se somente o que houve
rem recebido em mantimento, porque o tal dinheiro se entre
gará aos capitães, constando haverem -lhes dado de comer, e
o resto que sobejar desta despeza se entregará aos ditos sole
dados; e quando se passar mostra se reparará se dão praças
falsas , ou humas por outras , ou se as duplicão, porque no tal
caso sob pena de perdimento de seus officios, e se lhe dará a
mais pena que parecer ao sr. Conde Viso Rey ( sic ); e o dito
auto será entregue ao procurador da coroa e fazenda para re
querer a justiça crime e civelmente; e deste assento se dará
noticia particular a cada hum dos capitães todas as vezes
que se ouver de fazer mostra , e se porá nas praças publicas
que parecer este assento para que em nenhum tempo os solo
dados e capitães possão allegar ignorancia, e desta resoo
lação se dará výsta ao dito procurador da corôa da fazenda,
para que veja se ha que acrescentar pera boa arrecadação da
fazenda real. E se registará esta ordem na auditoria geral,
na Relação, na matricula geral, e nos livros das receitas das
feitorias, e se fixará nas fortalezas pera que venha á noticia
de todos o que nella se contem. E por assy se assentar se
fez este assento em que se assinou o dito sr. Conde Viso
550 ARCHI PO DA RELAÇÃO DB GOA
Rey e ministros. Manoel Gonçalves o fez em Goa a 15 de
Novembro de 1666. Een Ignacio Fernandes Fanchal , con
tador de S. Magestade , que assisti no conselho por impedi.
mento do proprietario o fiz escrever.- Conde - Sousa - Fal
cão - Madeira - Monteiro - Cunha - Adfui, Figueiredo.
-

Liv. verde 2.° fol. 60 v.

Anno de 1667.
722

PORQUE na Relação e tribunaes e ministrosda arrecada


ção da fazenda se achão muitos e diversos estilos de que
eu não posso ser advertido , e em virtude das ordens, que
me não são presentes, eu posso mandar cousa que encontre
os estilos ordinarios ( o que não he nunca minha tenção):
ordeno e mando que este decreto se registe em todos os tri.
bunaes, matricola e mais partes necessarias, e que tenhão
entendido os ministros, a que tocar, que se por algum decreto
on ordein minha se obrar o contrario , e se der cumprimento
a cousa que eu ordenar sem expressa derogaçio deste de
creto, se averá pelos ministros , que me não replicarem , as
perdas e damaos que por algum caminho receber a fazenda
de S. Magestade e a das partes ; por quanto he sempre
minha tenção obrar conforme as leis e regiinentos, os quaes
me não podem todos ser presentes , e são presentes a cada
hum dos tribunaes, e nelles se tomará resão deste decreto,
se
me trará certidão de que fica regislado . ,Goa 9 de
Março de 1667.- 0 Conde V. Rey.
Liv. verde 2.° fol. 62.

723
ISO REY da India , amigo. Eu El- Rey vos envio muito
Viso
saudar. Os joizes da 2. instancia , que residem em Goa e
vem a ser o mesmo que o conselho das ordens neste reino, de
rão conta por suas cartas na mesa da consciencia do excesso
com que Antonio de Mello de Castro, vor80 antecessor, go
vernando esse estado, 08 afroniára por vezes desaoreditando
08 de palavra e por escripto, por elles quererem fazer sua
obrigação e acudir pelos privilegios dus cavalleiros, especial.
mente no caso de Manoel Côrte Real de Sampaio, a quem o
mesmo Antonio de Mello de Castro tinha prezo com grande
aperto e ignominia no forte de Aguada com grilhões nos
DOCUMENTOS DO SECULO XVII . 551

pés, privando-o de toda a communicação em resão do mesmo


Antonio de Mello sahir ferido levemente numa mão na bu
Iba e pendencia, que succedeu na porta do proprio Manoel
Côrte Real , a quem Aptonio de Mello impediu o recurso
de se poder ver a sua causa no juizo competente, perturban
do com isso poder- se usar dos meios ordinarios da justiça .
E posto que na residencia de vosso antecessor se deva traiar
da materia , vos encomendo que estando ainda Manoel Côrte
Real preso lhe nomeeis jaiz dos cavalleiros, por o que está
servindo lhe ser suspeito, pera que em primeira instancia
possa requerer sua justiça , e pedir requisitoria pera lhe se
rem remettidas suas culpas, porque estando julgado nulla
mente no juizo secular se lhe defira no juizo dos cavalleiros .
Com esta occasião me pareceu encomendar-vos maito tra
teis no tempo de vosso governo a esses juizes de segunda
instancia de tal modo que não tenhão occasião de fazer as
multiplicadas queixas, que tem dado de vosso antecessor, com
a advertencia que se pelo tempo a diante acontecer duvidar.
se em algum caso ou crime, se he dos exceptoados pelas car.
tas de 3 de Fevereiro de 623, e 1. ° de Março de 625, sobre
1

semelhante caso não fique a resolução da materia e duvida


somente no vo880 arbitrio, e dos Viso Reis ou governadores
que vos succederem nesse estado ; porque então tereis obri.
gação de propor ou mandar propor a mesma duvida na Re.
lação de Goa, pera se guardar o que nella se resolver, a
tomar por assento pelo maior numero de votos; e quanto ao
crime de leza magestade encorrendo nelle algumas pessoas
declarando-se assy pela mesma Relação no modo referido, ha.
vendo duvida sobre a materia , ordenareis sejão os reos remet
tidos ao reino com as culpas para nelle serem sentenceados
pelo não poderem ser na India por falta do breve, que se não
pôde conseguir, de que na carta referida do 1.º de Março de
625 se fez meação. Escrita em Lisboa a 12 de Abril de 1667.
-Rey.
Liv . verde 2.°0 fol. 63 .

724

PARECEU aosdesembargadores abaixo assinados, que


vistos os papeis e requerimento do dr. Manoel Mar.
tins Madeira, e como conforme a direito, todas as vezes que
o executor de alguma ordem rescreve sobre ella ao princepe,
se não dá á execução a dita ordem sem nova resolução do
princepe ; e com sobre a ordem de S. Magestade sobre o dito
dr. Manoel Martins Madeira , o Viso Rey do dito sr., em cujo
552 ARCHIVO DA ABLAÇÃO DE GOA
tempo veio, rescreveo sobre ella sem a dar á execução pelas
causas que lhe pareceu, como consta da lista junta das care
1a8 escritas a S. Magestade, se não pode depuis proceder á
sua execução, a qual v. ex.a fez dar por não ter noticia da
dita rescripção por causa de não estar na secretaria lançada
nos livros della; e nestes termos está o dr. Manoel Martins
Madeira desempedido para poder continuar no seu lugar
athe S. Magestade resolver ultimamente sobre este negocio.
Goa 25 de Junho de 1667.- Cunha - Monteiro , Figueiredo.
Liv , verde 2.• fol. 63 v.

725

ASSENTOU -SE terem- seRelação


Rey, que visto ordenadopresente
ao ouvidorBr.geral
CondeViso
do cri
me, o dr. Francisco da Canha Facha, prendesse a D. Diogo de
Castro, pareceu aos desembargadores abaixoassinados que o
dito ouvidor geral do crime o levasse á fortaleza da Agua.
da a entregar ao capitão della Antonio Barboza Lobo, por
se entenderficava mais segaro nella, do que no tronco des
1a cidade. Goa de Julho 5 de 667.- 0 Conde - Mello- Ma .
deira - Cunhas
Liv. verde 2.• fol . 62 v.

Anno de 1668.

1726

saberAffons
DOM o &quanto
que por João estacarta
c. Aosque delei virem faço
Nunes da Cunha, Conde do
São Vicente, do meu conselho de estado e guerra ,Viso Rey e
capitão geral da India , foi informando que muitos vassalos
meas, assy portuguezes como outros diversos, que mórão nos
reinos de reis estranhos, particolarmente em Sião e Pegû ,
que ahi fallecem deixando herdeiros no reino e na India, se
desencaminha a fazenda, que deixão , por não haver ordem
certa de como se deve proceder em semelhante caso , como de
presente ha succedido no dito reino de Sião por fallecimen .
to de João da Silva da Gama , que tem a mãi no reino; e
querendo prover de remedio nestes males , por assy serem
de parecer o chanceler e desembargadores da Relação de
Goa: hey por bem que no reino de Sião por fallecimento de
qualquer vassallo meu se faça logo inventario dos bens que
The ficarem , quer haja herdeiros maiores ou orfãos pelo ca.
DOCUMENTOS DO SECULO XVII. 553

pitão do dito Bandel e seu escrivão, e se venderão suas fa .


zendas em presença do commissario do Santo Officio , que as
siste no dito reino, e do superior da Companhia , e do capitão
do dito Bandel, e o procedido de tudo, como tãobem o di
nheiro liquido, que ouver naquelle cazal, se deposite ein hum
cofre de tres chaves, que para este effeito se fará , do qual cofre
terá huma chave o mesmo commissario do Santo Officio , outra
o superior da Companhia, e a outra o capitão de Bandel; e se
fará hum livro numerado pelo dito superior, c nelle se es
creverá tudo por menor, e se não bulirá com o dito dinheiro
por caso algum , senão para se dar ao herdeiro ou herdeiros que
apresentarem papeis, sentença ou mandados do juizo a que
tocar, e a tal seateaça oa mandado ficará em guarda no mesmo
cofre, e se fará declaração á margem do inventario de leilões
que o dinheiro do dito defuncto se entregou a seus certos
herdeiros nomeando-08 por seus nomes, e na forma da dita
sentença ou mandado, e desta maneira ficará satisfeito o dito
herdeiro, e as pessoas acima apontadas dando inteiro compri.
mento a minhas ordens; e fazendo o contrario, que não espero,
será estranhado, aos eclesiasticos por seus maiores e inda cas.
tigados por elles e mandando•os vir e esta cidade, e o capitão
tãobem será mandado vir á cidade de Goa e castigado pelo
Viso Rey em Relação conforme o caso merecer . Notifico - o as
sy ao chanceler do estado, e ao provedor -mór dos defunctos,
e ao capitão do dito Bandel, e encomendo aos ditos padres,
commissario do Santo Officio, e superior da companhia pera
que todos assy o cumprão e guardem, e fação ieteiramente
cumprir e guardar esta carta de lei assy da maneira que nel
la se contem sem davida alguma, e não pagará a mea ag
Rata por ser do meu serviço. Goa 27 de Abril de 1668. - O
Conde Viso Rey.
Liv, verde 2.° fol. 64.

1929

PORQUATO
vidor geral doestá incapaz
crime o dr. deFrancisco
poder servir
da oCunha
officio Facha!
de ou
nomeio para servir o dito officio o dr. Luiz Monteiro da Cos
ta . Goa 23 de Outubro de 1668.- Conde Viso Rey.

Liv . verde 2.° fol. 64 v.


554 ARCHIVO DA RELAÇÃO DE GOA

CONVONDE E:V, Viso


CvioODmuito o Rey como
issaudar da India, amigo. Eu El Rey vos en.
aquelle que amo. Havendo vis.
to o que me escrevestes em carta de 4 de Fevereiro do anno
passado, dando-me conta como intentando Dona Ursala da
Cunha mandar citar o Viso Rey, Antonio de Mello de Cas.
tro, se determinara na Relação que não podia ser citado, e
que assy ordenáreis que se fizesse; mas que sem embargo
disso vos parecia que seria justo mandar-se passar ordem
para que os Viso Reis podessem ser citados, sendo vós o prie
meiro que vos querieis sageitar a esta ley: me pareceu
agradecer - vos muito, como por esta faço, o grande zelo que
lendes do meu serviço e da justiça, querendo ser o pri.
meiro que podesse ser demandado em tão distantes partes;
mas por não convir que se aja de alterar o que athegora
se observou , não ha que inovar cousa algama sobre as ci
tações dos Viso Reis. Escrita em Lisboa a 19 de Novembro
de 1668.- O Princepe.
Liv , verde 2 , fol. 68 v .
729

PORQUE na Relação , tribunaes e ministros da arre


cadação da fazenda se achão muitos e diversos esa

tilos de que nós não podemos ser advertidos , e em virtu


9

de de ordens, que nos não são presentes, nós podemos man.


dar cousa que encontre os estilos ordinarios, ( o que não he
nunca nossa tenção ), ordenamos que este decreto se registe
em todos os tribunaes , matricala e mais partes necessarias,
e que tenhão enteadido os ministros a que tocar que, se por
algum decreto ou ordem nossa se obrar o contrario , e se der
comprimento a cousa que nós orderaarmos em axpressa dero
gação deste decreto , se haverá pelos ministros, que nos não
replicarem , as perdas e damnos que por alguin caminho
receber a fazenda de S. Magestade e das partes; por quanto
he sempre a nossa tenção obrar conforme as leis e regimentus ,
os quaes nos não podem todos ser presentes , e são presen .
tes a cada hum dos tribunaes , e nelles se tomará resão
deste decreto , e se nos trará certidão de que fica registado .
Goa 24 de Novembro de 1668 .-- Mello- Corte Real- ( a ).
Liv , verde 2.• fol. 65 .

(a) Tem á margem a seguinte veba-Não tivemos noticia deste


assento senão hoje, 29 de junho de 1671. - Madeira.
DOCUMENTOS DO SECULO XVIIa 655

Anno de 1669.

730

U o Princepe como regente è governador dos reinos de


E Portugal e Algarves &c. Faço saber aos que esta pro
visão virem tendo respeito representou
que ao que se me por
parte do dr . Luiz Monteiro da Costa, desembargador da Re.
lação de Goa, em a rasão de se haver casado segunda vez
na India sem licença minha e contra a forma de minhas
ordens, por cujo respeito o Viso Rey Antonio de Mello de
Castro o suspendeu dos cargos que exercitava; pedindo-me
que sem embargo das ditas ordens , e que estando ainda sas .
penso dos ditos cargos fosse restituido a elles : hey por bem
de lhe fazer mercè de lhe suprir o defeito de se haver casado
segunda vez contra o que se dispõe nas ordens referidas ,
e em particular na do anno de 634, e que seja restituido aos
seus cargos no caso que ainda estejà suspenso delles. Pelo
que mando ao meu Viso Rey ou governador do estado da
India; e a todos os mais ministros delle e quem tocar, cum.
prão e guardem esta provisão inteiramente , como nella se
contem , sem davia algama ; e valerá como carta sem
embargo da ordenação do liv . 2. tit . 40 em contrario; e
pagou de novo direito 200 réis, que se carregárão ao the
soureiro Estevão da Costa da Silva a fol. 44. Antonio Serrão
de Carvalho a fez em Lisboa a 5 de Março de 1669. O se
cretario Manoel Barreto de Sampaio a fez escrever. - Princepea
Liv, verde 2.. fol. 66.

731

ASSENTOU-SE Relação
xo assinados , emsendo pelos desembargadoresabai
presentes os sr. governadores,
Antonio de Mello de Castro, Manoel Côrte Real de Sampaio,
aonde foi vista huma carta dos deputados da meza da 2 .
instancia das tres ordens militares , escrita aos mesmos 81."
governadores sobre a sentença que tinbão dado como ca
pitães geraes contra José Pereira de Menezes, em que lhes
significação que o dito José Pereira de Menezes era cavallei.
to professo do habito de Christo, e como tal não cabia nel.
le pena vil, de que suas sr.as o devião aliviar, conforme as dea
finições da ordem ; e sendo outrosy vista na mesma Relação
a referida sentença e seus fundamentos, pelos quaes consta.
Va não ler o dito José Pereira de Menezes, com o habito de
10
556 ARCHIVO DA RELAÇÃO DE GOA
Christo tença nem mantença na forma da ordenação, assento
tomado no reino pelo desembargo do paço e leis de S. Ma
gestade ( que Deos guarde ) escritas a esta Relação de Goa,
conforme as quaes não gozar o dito José Pereira de Menezes
do privilegio do foro , e o caso que commetteu ser gravissimo,
que não escusa da referida pena aos cavalleiros nobres, como
se vê da mesma sentença e suas culpas , que a dita sentença -
estava dada em forma juridica, conforme ao inerecimento dog
autos , e que se devia executar como nella era conheudo, e
que da morte natural para baixo ficaria sendo favoravel ao
réo , pela graveza do caso pas elle commettido. Goa 21 de
junho de 1669. - Cunha - Monteiro - Figueiredo.
Liv, verde 2 .. fol. 65 v.

732

A alçadas
ELEIÇÃO e nomeação deministro para estas
pertence a VV . Sr.as, conforine as
missões e
ordens de
S. A. , e os desembargadores desta Relação se conformão
com a proposta de VV , Sro's, excepto no tirar da residen.
cia do capitão de Moçambique , Ignacio Sarmento de Cara
valho, que como he cavalleiro professo da ordem de Chris
to com tença e mantença , na forma da ordenação, gosa da
privilegio do foto ; e conforme a ordem de S. A. de 7 de
Março de 1619 se manda que estas residencias se lirem
por pessoas eclesiasticas , isto no tocante á residencia .
Porem poderá o dr. Francisco da Costa Facha levar poderes
para conhecer de todas as causas civeis de divida , a que o
dito capitão Ignacio Sarmento estiver obrigado , procedendo
contra elle athe com effeito serem satisfeitos os acredores ; e
os poderes , que o dito dr, hade levar, serão aquelles que lhe
parecerem melhores dos que achar na secretaria , e forão
concedidos aos ininistros que a Moçambique passarão com
alçada . Goa 4 de Dezembro de 1669. -Freire- Monteiro
Madeira - Figueiredo.
Liv. verde 2.° fol. 68.
Anno de 1670 .

733

UIZ de Mendonça Furtado , Viso Rey da India, amia


LUIZ
go. Eu o princepe vos envio muito saudar. o Conde de
S. Vicente, João Nunes da Cunha , me representou por carta
sua de 8 de Janeiro de 668 , que seria inuito convenien ;
DOCUMENTOS DO SECULO XVII. 557

te ordenar - se que se não provesse ahi fortaleza ou cargo


algum em vida, pelos damnos que disso se seguião a meu
serviço, e de serem poucos os lugares na India, e ser con
veniente que abrangesse a todos. E porque convem atalhar
este dampo, vos encomendo muito e mando que façais ob
servar o que fica referido, pera que todos os cargos se não
sirvão em vidas, ordenando que as pessoas que os estão
exercitando se lhes tire residencia cada tres annos, e sa.
hindo culpados ordenareis que não eontinuem nelles sem
mostrarem sentença de como estão soltos e livres, e nova
ordem minha. Escrita em Lisboa a 8 de Fevereiro de 1670 ,
-Rey.
Liv. verde 2.0 fol. 73 v.

734

Ꮮ UIZ de Mendonça Fartado, Viso Rey da India , amigo.


,
Eu o Princepe vos envio muito saudar. Os governado.
res, vossos antecessores, me derão conta por carta de 8 de
Janeiro do anno presente , das repetidas ordens que ahi ha
pera se não casarem na India os desembargadores, que a
ella me vão servir, sem licença minha. E como Luiz Montei.
ro da Costa, e Manoel Martins Madeira forão suspensos de
seus cargos por se casarem contra a forma de minhas ordens,
e depois admittidos ao exercicio delles : pareceu-me dizer,
vos que, sem embargo da prohibição referida , dispenseis
com os sobreditos na'pena em que tinhão incorrido, por se t

casarem contra a forma della ; porem havendo desembarga


dor que se case contra o que dispõem as ordens dadas, incora
rerá logo nas pens impostas, as quaes executareis sem duvida
algama, de que me dareis conta , e em falta de o não fazerdes
assy o executará o chanceler da Relação , fazendo o mesmo avia
80. Escrita em Lisboa a 11 de Fevereiro de 1670, - Princepea
Liv . verde 2. ° fol. 74 v .

1735

de Mendonça Furtado, Vigo Rey da India, amigo.


L UIZ
Eno Princepe vos envio muito saudar. Havendo mana
dado ver o que aqui se me representou por parte do vigario
geral e mais prelados da religião de S. Domingos, da con.
gregação da India , sobre o procurador de minha fazenda des .
se estado os obrigar a que presentassem os titulos das fazen.
das que ahi possaião sem licença minha , por lhes ser prohi
bido pela ordenação do reino, e as ordens que para isso tin
nhão; pedindo-me . Thes concedesse faculdade para poderem
558 ARCHIVO DA RELAÇÃO DE GOA
possuir as ditas fazendas , de que estavão de posse, pelos
fundamentos que para isso allegárão : me parecen die
zeroyos que ordeneis a quem toca que sentenceie as causas,
que sobre esta materịa estiverem em juizo; e quando os Re.
ligiosos entenderem que se lhes não faz justiça, poderão re,
quereſ ante my por via de recurso, pera que com as informan
ções e instrucções necessarias lhes mandar deferir, como pa.
recer justiça e meu serviço. Escrita em Lisboa a 26 de Mar.
ço de 1670. - Princepe.
Liv. verde 2.° fol. 74

736
res, que visto ter mostrado, a experiencia destruirem.ge
os naturaes destas partes com accusações , denunciações e
1

querellas, levados de seus odios e malquerenças , que os obrigão


a jararem falso, e a arguirem crimes a innocentes, alem de
outras rasões relatadas na provisão do sr. Rei Dom Sebastião,
pela qual estabelece por lei que os ditos naturaes não fosa
sem admittidos ás ditas querellas, senão nos quatro casos nu. 0

merados na dita provisão, de morte, aleijão, juramento lalso


e falsidade, sem darem fiança, como erão obrigados pela dita
provisão, a qual se observe; e nos mais casos poderão reque .
>

jer sem se proceder á prisão athe final sentença . E para que


venha a noticia de todos será esta lei publicada na Chance
Jaria, e nesta cidade , e nas terras de Bardez e Salcete , por o
mais disposto na dita provisão se não poder praticar nos tem ,
pos presentes; e com declaração que, procedendo-se em ou
tra forma, será todo nullo, Goa 27 de Junho de 1670 ,-Mello
- Côrte Real - Freire - Cunha - Monteiro- Madeira .
Liv. verde 2.° fol. 71 v .
1737

fazião as audiencias da côrte, sita no pelourjaho , está


arruinando - se ee com perigo de chair; que o ouvidor geral do
crime, e o do civel fação as audiencias na casa em que se
fazem as dos aggravos , juizo dos feitos e provedoria -mór
doe defunctos athe se consertar a em que athegora se fazião .
É pera que venha a noticia dos que requererem em juizo, se
publicará este assento na audiencia dos aggravos, Goa 5 dę
Setembro de 1670.- Freire - Monteiro - Madeira , Alfaya.
Li. verde 2. fol. 72
DOCUMENTOS DO SECULO XVII. 659

738

PORQUANT
fique sem castigo o caso boa
Oconvemá queadministra na dajustiça,
succedeu ção não
aldeia Ju em,
da ilha de Salcete , jurisdicção de Bacaim; e ser a de vassa ,
segundo somos informados, que tirou o feitor da quella cida
de informe, por falta de interrogatorios e outras diligencias,
que para indagação da verdadese avião obrar: temos assen
tado passe ao norte o dr. Manoel Serrão Alfaya, ouvidor ge.
a

ral do crime ; na Relação se lhe deem os poderes na jastiça na


forma que parecer para boa execução das penas do dito caso ,
e dos mais que occorrerem . Goa 12 de Novembro de 1670.
Mello - Côrte Real .
Liv. verde 2. fol. 72 v ,

739
LEIÇÃOa vy.
A Epertence e nomeação para estas missões e alçadas
Sr.'s, conforme as ordens de S. A., e og
desembargadores desta Relação se conformão com a propos .
ta deVV , Sr,as na nomeacão do dr . Manoel Serrãn Alfaya on
.

yidor geral do crime; e quanto aos poderes , que o dito doutor


ha de levar, serão aquelles que lhe parecer melhor dos
que achar na secretaria, e forão concedidos aos ministros des
ta Relação, que ao norte passarão coin alçada, Goa 18 de
Novembro de 16 70. - Monteiro - Freire.
Liv, yerde 2, fol . 72.

Anno de 1671 .

740
de Mendonça Furtado ,Viso Rey da India, a migo. Eu
LVio zPrincepe vos envio muito sandar. Mandando ver e
considerar com toda a attenção a parte da consulta , que nesse
estado se fez, por ordem do Conde de S. Vicente, João Nunes
da Cunha , vosso antecessor, no tocante aos ministros da jus.
tiça, que nelle me serpem ; fui servido resolver que daqui em
diante não possão casar. sem licença minha os deembarga.
dores dessa Relação, por provisão passada e assinada por mi.
nha mão, para o que mandei passar provisão , e que com esta
vos será entregue; a qual mandareis registar na secretaria
desse estado, Relação, e livros de minba fazenda , para que
assy se dê a execução na forma que por ella ordono &c. Jun
Jamente ordenareis se observe inviolavelmente a carta, que
560 ARCHIVO DA RELAÇÃO DB GOA
antes da restituição deste renio se enviou a esse estado, para
os desembargadores não visitarem os naturaes da terra , uem
tomarem afilhados, nem dêem casa de jogo ou vão a ellas. E .

com parecer dos inquisidores appostolicos façais reformar os


dias feriados, fóra os que a igreja manda guardar, escusando,
se os dias feriados de bida e vinda das ubos do reino , e os mais
que parecer se devem tirar, para que se possa acudir á ada
ministração da justiça , e ao expediente dos negocios e reque .
rimento das partes como convem . O que vos hey por muy
encarregado, e do que mandardes executar sobre estes para
ticalares me dareis conta para o ter entendido. Escrita em .
Lisboa a 20 de Março de 1671. - Princepe.
Liv, verde 2.• fol. 75.
741

LYUIZ de Mendonça Fartado, Viso Rey da India , amigo.


Eu o Princepe vos envio maito saudar. Sou informado
que se não gardão ahi os regimentos de minha fazenda, e
que ha grandes descaminhos, nella . E porque convem acadi.
se ao remedio de huma e outra cousa : me parecea enco
mendar-vos muito ( como por esta faço ) que tenhais parti
cular cuidado em mandar guardar os regimentos, que os reis
meus predecessores mandárão fazer sobre a arrecadação da
fazenda real desse estado ;e que mandeis'e tragais comvosa
co a copia de todos os regimentos e ordens, como por varias
vezes se tem ordenado aos Viso Reis vosg08 antecessores,
assy antigos como modernos pertencentes á justiça , fazenda
e guerra , para se reformaremos que tiverem necessidade
disso, como parecer mais conveniente a meu serviço. Escrita
em Lisboa a 20 de Março de 1671. - Princepe.
Liv. verde fol. 2.• 76 .
942

U o Princepe, como regente e governador dos reinos


Eude Portugal e Algarves, faço saber aus que esta mi
nna provisão virem que tendo consideração ao muito que
convem á administração da justiça do estado da India, de que
os ministros della sirvão pontualmente sem dependencia, ou
respeito que os obrigue ao contrario em prejaizo dos meus
Vassallos, quebrantando minhas ordens : hey por bem declarar
que nenhain dos desembargadores da Relação do estado da
India possa casar aelle sem especial provisão minha , porque
18 derogne esta; e que se observe inviotavelmente a ordein
1

DOCUMENTOS DO SECULO Xyll. 561

porque se prohibe aos mesmos desembargadores visitarem na .


turaes da ferra , tomarein afilhados, darem casa de jogo ou
irem a ella , sendo contra a boa administração da justiça e
seu expediente. Pelo que inando ao meu Viso Rey ou go
vernador do estado da India fação evitar o disposto nesla
provisão, que será registada nos livros da "secretaria, Relação
e fazenda; e se cumprirá inteiramente, como se nella contem ,
sem embargo de quaesquer ordens em contrario , e da orde .
nação do liv, 1.º tit. 94 ; e valerá como carta e não passará
pela chancelaria, sem embargo da ord . do liv . 2.° tit , 39 e 40
.

que o contrario dispõem; e se passou por duas vias. Francisco


da Silva a fez em Lisboa a 21 de Março de 1671.- secre .
tarío Manoel Barreto de Sampaio a fez escrever . - Princepe.
Liv . verde 2.• fol. 77.
743

UiZ de Mendonça Furtado, Viso Rey da India, amigo.


L Eu o Princepe vos envio muito saudar . Havendo manda .
do ver o que me escreverão os governadores, vossos anteces.
sores, sobre o que mandei ordenar em 19 de Novembro de
669 ao Conde de S. Vicente , sendo V. Rey desse estado, em
rasão da forma em que se devião tirar as residencias aos ca
pitães e mais officiaes das fortalezes do mesmo estado: me .
pareceu dizer - vos que as ditas devassas e residencias das
pessoas, que notoriamente forem privilegiadas, se devem tirar
por ministros de letras, ainda que não sejão cavalleiros, le
vando commissão para isso do juiz dos mesnios cavalleiros,
somente para tirar as ditas devassas e residencias, remetten
do ao juiz dos cavalleiros as culpas que resultarem contra os
culpados. Escrita em Lisboa a 25 de Março de 1671. - Prin
cepe.
Liy . verde 2.° fol. 76 v .
744

POR QUANTO
dentes, semeapresentão
que tocão varias petições
ao governo, fazenda dose minha
e justiça, perten:
tenção he sempre conformar-me em seus despachos e disposje
ções com as ordens de S.A. , de que eu não posso ter inteira no.
ricia , e pode succeder por esta causa despachar alguma contra
as taes ordens : ordeno e encarrego ao chanceler e ininistros da
Relação, ao vedor da fazenda geral, ao provedor mór da fazen .
da dos contos, escrivão geral da matricula e a todos os pais
ministros da fazenda e justiça que , succedendo ir ao juizo de
cada hom :delles qualquer despachu, portaria, provisãu, mang
562 ARCHIVO DA RELAÇÃO DE GOA

dado, patente ou outro qualquer papel assinado por my, tos


cante á fazenda ou a justiça , que encontre as ordens reaes que
nos ditos tribanaes e juizos ajão, antes de se dar á execução
o tal papel, se me replique para os mandar reformar, ajus .
tando-me em tudo com o que S. A. quer e manda ; e não o
fazendo assy, toda àå perda e damno que receber a mesma fac
zenda real e prejuizo ás partes, correrá por conta dos ditos
ministros e officiaes, e não pela minha, pelas causas e rasões
que ficão referidas; e esta se registará nos livros de cada hum
dos ditos tribunaes e juizos, de que se porá certidão nas cosa
tas desta , para constar de como mandei fazer esta diligencia
antecipadamente. Panelim 1.° de Junho de 1671. - Mendonça.
C

Liv . verde 2.•' fol. 73.


Anno de 1672 .

1945
o
ASSENTOU-SE em Relação,
Rey , que o procurador presente
da corôa . 8.Conde
e fazenda real, Viso
qne
faz tãobem o officio de promotor da justiça, não pode votar
nos feitos em que fez o libello, assy nos crimes como civeis ,
que pertencen á corôa e fazenda real, na forma do seu regi.
mento e conforme a direito ; e isto sem embargo do estilo
que avia niesta mesa em contrario , introdusido pela falta de
desembargadores, praticado aos casos em que fazia o officio
de promotor da justiça. Goa 13 de Janeiro de 1672 ,-Men
donça - Madeira - Monteiro-- Alfaia - Velle - Fui presente, Freie
re .
Liv . verde 2. fol. 77 .
746

ASSENTOU-
Luiz BarbozaSEemRelação&c.
no tormento o caso que confessando
da morte o réo
de Miguel dæ
Costa, fosse condemnado em pena de morte natural para sem
pre; e que conſegsando no caso da culilada pelo rosto a An
tonio de Azevedo de Brito , seja açoutado pelas ruas publicas
com baraço e pregão, e seja degradado por toda a vida para
hum dos lugares de Africa, e confiscação de todos seus
bens; e não confessando terá a mesma pena de açoutes e
degredo, sem a consfiscação dos bens. Goa 16 de Fevereiro
de 672.- Monteiro - Freire - Alfaya - Madeira.- ?
Liv. azul 1.9 fol. 54 v.
DOCUMENTOS DO SECULO XVII . 563

747

EY o Princepe , como Regente


20
e Governador dos Reinos de
Portugal e Algarves . Faço saber aos que esta minha
provisão virem , que tendo consideração ao que me avisou An.
9

tonio de Mello de Castro, sendo Viso Rey da India, sobre a


forma das desordene que ali achou dos inávs pagamentos dos
dizimos, cobrança da meia annata , chancelaria , e dos foros
das aldeas do norte, locantes a minha fazenda real , por andar
iudo tão desordenado , que se vendião muitas sem licença
ininha como direito senhorio dellas ; e havendo-se ' tâubern
visto as informações que me enviarão os governadores, que
succederão ao Conde de S. Vicente , do procurador de minha
corôa e fazenda do estado da India acerca do que fica refe .
rido : hey por bem e mando ao meu Viso Rey ou governa
dor da quelle estado faça praticar nelle inviviavelmente a lei
da nomeação das filhas para casarem com naturaes deste
reino , por serem grandes as consequencias que se seguirão
da observancia desta lei . E que se continue lâubem com a dia
ligencia de mandar exibir , e examinar os tilulos para se po .
der conseguir esta execução ; e por haver noticia que ,
por se aceitarem fiadores fallidos, se não cobrão as civia
das das meias annatas pelas fiançar, ordenará o dito meu Vi .
80 Rey, ou governador que os Thesoureiros , a cojo cargo está
a cobrança , as aceitem muito idoneas, e não o fazendo assy,
pagará por seus bens o thesoureiro aquellas conijas, para que
não houver bens do fiador; e o meu procurador da corôa e fa .
zenda fará todos os annos exames nos livros , e das dividas e al .
cances fará a execução o juiz dos feitos da fazenda. E os
que comprarem aldeas nas leitorias do norte a presentarão ein
termo limitado de quatro mezes certidões nos conlos , parą ,
que se não possão divertir os laudemios, e por ellas , que se re,
gistarão em livro que para isso haverá , se tornarão comlas
aos feitores; e aos compradores, que não levarein certidão do
livro do regiein , perderão o preço das aldeas comprada: , e fi
carão para minha fazenda, e a venda nulla ; e nenhuma pes
soa nas capitanias do norte poderá ter mais que até quatro
aldeas , e os que tiverem inais as venderão em lerino ue quae
iro annus, e havendo na venda ou avaliação conluin , ou pa:
sado o termo sem a lalalheação se julgará por coin in 1830, e as
aldeas por encorporadas no patrimonio real, e de todas as que
>
se venderem sem clausula , havendo - o) eu por bem , serão
)

obrigauus ein termo de seis mezes a haverem titulo dellas


do meu Viso Rey , ou governador da India , e confirmação
minha dentro de tres annos , coino he estilo , e passa dus vs ole
564 ARCHIVO DA Relação DE GOA
tos lerinos se julgará por conmisso . E esta minha provisão se
cumprirá inteiramente , como nella se conlem , a qual não pase
sará pela chancelaria , e valerá como carla sem ernbargo da
ordenção do liv , 2 ° tit 39 e 40 em contrario; e se registará
nas partes unde for necessario, para que venha a noticia de
tvslos o que por ella ordeno; e se passou por duas vias . Frani
cisco da Silva a fez em Lisboa a 19 de fevereiro de 672.
O wecretario Manuel Barreto de Sainpaiu a rez escrever.
Princepe.
Liv, verde 2. fol. 126 .

748

ASSsr.ENT OU - SE emRelação, presente «Viso Rey do dito


que no caso da morte de Esperança do Monte, de que
se livra a ré presa Catrina , cafra, confessando ella no tormen
10 que se lhe manda dar, morra morte natural,depois de lhe se.
rein decepadas as mãos, e não confessa nito, que seja açojtaria
publicamente , e degradada por toda a vida para a casa da
polvora, Goa de Julho 30 de 672, - Mendunça - Alfaya - Mons
teiro-Madeira .
Liv . azul 1.º fol , 55 .
7249

ASSENTOU-SE
thesoureiro -inór em
da Relação,sendo
sé, Sebastião da vista
Costa,a patentede
que por ora
se lhe não devia dar posse do cargo de desembargador deela
Rolação, em que vinha provido por S. A. pela dita carla pa
leute ; por quanto o dito provido nem he formado pela unie
versidade de Coimbra , nem leu em o desembargo do paco , e
concorrerem outras resões , que pareceu se devião fazer prea
sentes ao dilo sr. Goa e de Outubro 1 de 1672.- Almada
Madeira - Monteiro - Alfaya - Pedro de Anvers- Sampaio.
Liv . verde 2.° fol. 77 v ,

Anno de 1673 .

750

UATO o cargo de procurador da corôa e fazenda de


P ORQ
?3. Alleza está vago, e convem que o occupe ministro de
satisfação para bem aver de servir; e por concorrerein
na pessoa do doutor Pedro de Anvers , provedor.mór dos de .
funtus, todas as vilas partes : hey por bem que ello sirva u
DOCUMENTOS DO SECULO XVII. 565

dito cargo em quanto eu o ouver por bem , e não mandar o


contrario , e averá os proes e percalsos e liberdades que lhe
locarem , e servirá debaixo do mesmo juramento de seu care
go , e na Relação se lhe dará posse, onde se registará orta
poriaria e aonde mais tocar. Gua 26 de Janeiro de 1663
ann03 . - Mendonça.
Liv . verde 2.• fol. 73.
751

SE
chanceler do estado, e mais deseinbargadores abaixo ar . ,
signados, que por se evitarem as duvidas que avia sobre a
jurisdicção tocante a cada him dos ministros que lenhão offi.
cin na casa, e por se atalharem nulidades com que as partes
impedião o curso das demandas, se observasse daqui por
diante a forma seguinte :
Juiz dos feitos da corða ,
Que o juiz dos feitos da corôn , na forma de seu regimento ,
>

conhecesse só das causas que tocarsem á corôa ou fazenda


jeal , e não de outras algumas, posto que fossem enire gan
cares, salvo quando à contenda forse sobre assentamentos de
seus titulos , ou jonos, ou accordãos e nemos das ellas ganca
rias, porque então poderia conhecer das ditas causas; e bem
assim de todas as mais que por provisões, ou alvarás partie
culares The competissem . E que todos os feitos que tivesse ,
ou au diante lhe fossem , daquelles de que por bern deste as .
sento não devia conhecer, os remeitesse logu av juizo ordis
nariu, sem esperar que as partes declinassem .
Provedor -mor dos defuntos.
Que o provedor-mór dos defuntos conhecesse só daquel
las cousas que lhe locapão por seu regimento , sem se entro
meter na abertura dos lestamentos , nem em a redacção delles
a publica forina, quando se testar nuncupativamente ; nem
menos conhecesse da validade, ou invalidade dos testamen
los, ou das causas que as partes intenta yão por resão delles ,
quando os defuntos lhes erão devedores , porque o conheci
inento das ditas eaosas pertencia ao juizo ordinario ; e só
The tocava quando as partes requerião u seu pagaiento con .
tra os testamenteiros dos defuntos em quanto se lhe lomavão
as contas , porqne nesse caso podia conhecer das taes die
vidas, sendo confessadas pelos testadores e de outra maneira
não. E que da mesma surte se não intrometeria a fazer na
O O
566 ARCHIV DA RELAÇÃ DE GO
bilitações, salvo para aqnellas causas que lhe competiãn, e
que sobre a reminis :ão dos auris ao juiz , ordinario se obsere
vasse a forma do disposto a traz ácerca uo juiz dos feitos da
corôa .
Ouvidor geral do.civel .
Que o oavidor geral do civel , em quem resiilia tãobem a.
jurisdicção ordinaria , noderia tomar conhecimento de todas as
ditas causas, que por bem deste assento se tinhão declarado,
pertencer ao juizo ordinario , porem nào cunheceria privativa
mente sed cumulative , e com prevenção de hum juizo para
outro, porque igualmente pertencia aos juizes ordinarios e
ouvidor da cidade, exceptos os casos ein que a lei The dava
faculdade para a vocar os autos, e o fazia juiz privativo com
inhibição aos mais . E que a que tocava ás justificações
( salvo as que se fozião para as intrancias no juizo da corô ,
adonde periencião , todas as mais se fizessem no juizo ge
ral do crime e civel promiscuamente , como abaixo se decla .
Tag o que só se não entenderia nas justificaçõios dos serviços
feitos neste estado; porque essas taes pertencião ao ouvidor
geral do civel, pelo modo que se acha disposto na provisão,
a fol. 78 v. ( a ).
Ouvidor geral do crime.
Que ao ouvidor geral do crime pertencia igualmente justi .
ficar no seu juizo 08 papeis , que se justificavão no do
geral do civel , coino não fossem dos da qualidade dos sere :
viços contheados na dita provisão a fol. 78. v . , por quanto no
alvará que a este estado veio para a separação destes dois
cargos , que andavão unidos, expressamente se acha assim dis
posto, o que se não pode nem deve alterar , por serein inte
jessados igualmeåte os escrivães ile honi e outro juizo, e te ,
rem igual direito para escreverem nas dilas justificações que
Thes locão na forma do dito alvará .
E para que não venhão mais em duvida semelhantes casos
se mandon fazer este assento , que se cumprirá sem embargo
de qualquer requerimento, que por algumas das partes ina
teressadas no laça. Gua e ile Março 11 de 1673.- Mendonça
Almada - Madeira Monteiro - Anvers - Alfaya.
Liv , verde 2,º fol. 80. v.
752

ASSENTO U -SE em Relação presente o Conde VisoRey,


chanceler do estado, e mais desembargadores abaixo ase
( a) De 31 de Agosto de 1615. Vid . n . 226
DOCUMENTOS DO SECULO XVII. 567

sinarlos , que por quanto de ordinario não avia na dita Relação


ministros bastantes que podessem votar nas caused crines,
em que a lei mandava se determinassem com ciuco juizes,
que nestes taes casos, não se achando neste estado mais que
cinco ministros, não fosse parte o promottor da justiça , e em
seu lugar o solicitador della promuvesse a accusação, e a
seguisse alé final sentença , para que assiin ficasse livre o dito
promnollor e capaz de votar nas dilas causas ; porque era mee
nor inconveniente promover as accusações o dito solicitador
da justiça , cuja impericia se podia na Relação remediar vene
do-se exactamente as devassas, do que chamalem.se para votar
08 juizes ordinarios em materias lão graves , sendo elles as
mais vezes os que desempalão os votos dos desembargadores,
alem de outros inconvenienies , e de se lhes dar au tribunal
assento na mesa com os ministros della , E nesla forma se
jesolveu que se entendesse o assento de 13 de Janeiro de
1672, que só será força e vigor havendo o numero de desene
bargadores, qne a lei requer, Goa e de Marco 12 de 673.
Mendonça - Almada - Madeira - Mello - Anvers - Cunha.
• Liv. verde 2.. fol. 82.
753

SSENTOU-SE em Relação, presente o Conde Viso Rey,


A Chanceler do estado , e mais desembargadores abaixo as .
sinados, que por assim convir á boa ordem e melhor distribuie
ção dos feitos, começagse esta sempre pelo chanceler, e se con.
inuasse pelos desemhargadores do aggravo proprietarios ,
segundo sua antiguidade, e que nesta forma se observasee
daqui por diante , emendando -se as casas no livro da distrim
buição que estava feita pelos officios . E para que a todo o
leinpo constanse da passagem dos feitos, e se soubesse o dia,
mez , e anno em que se entregavão ng feitos , houvesse hum
livro particular, alem do da distribuição que estaria em poder
do chanceler, no qual se faria liculo particular de cada hum
dos desembargadores do aggravo, e quardo se lhes passasse
algum feito , se lhe faria carga no dito seu lilulo , que elle as.
0
sinaria, a qual carga conteria o seguintes Appellação, ou ag.
gravo de taljaiz, entre partes F.eF. , escrivão F. , distribuido
por quem , tal juiz, em tantos de lal inez e anno, tenciona
do por elle em tal dia, mez e anno , pagsado por segundo, ler.
ceiro ou quarto ao juiz F. em tal dia, mez e anno E quanto
aos feitos que se passassem ao chanceler , ihe faria a carga o
desembargador do aggravo mais antigo, que ao tal tempo se


568 ARCHIVO DA RELAÇÃO DE GON
achasse presente na Relação. Goa e de Março 12 de 673.
Mendonça - Almada - Madeira - Monteiro - Anvers - Alfaya .
Liv , verde 2. fol . 81 v.
75+
ASSENTO U.SE em Relação,presentes o chanceler emais
dese in bargadores abaixo assinaitos, que visto a incorupa
tibilidade do cargo do provedor dos defuntos em andar annexos
ao de joiz ordinario da cidade de Dainão, e constar outroxy
que os ouvidores da dita cidade seinpre servirão o cargo de
que se trata , nos quaes se não devia desannexar da quvidoria .
e annexai•ne av joizo ordinario contra as ordens de S.A. e bra
adıninistração da justiça : o dito ouvidor continuasse no exer
cicio do dilo cargo , assim como o fizerão os seus antecessores
na forma da provisão que para esse effeito se the passou; e ten
do que requerer os officiaes da camara e juizes ordinarios, o
fação pela via orlinaria sein prejuiso da posse que se dará ao
dieu ouvidor. Eno que toca ao fazer dos inventarios , sendo
de menores 03 faria seu juiz , e sendo de inaiores
poderião escolher a: partes qualquer dos juizos ; por quanto
assion
a -si os juizes corno o ouvidor tinhão jurisdicção ordinaria ,
e podjão fazer os ditos inventarios. Goa e de Julho o 1.º de
673. Almada - Madeira - Monteiro - Alfaya.
Liv, verde 2.° ſol. 82 v.

755

ASSENTOU -SE abaixo


sembargadores em Relação, presente
assignados , queo ochanceler e dem
dito chanceler
corresge coin as obras das novas casas da Relação , e que po
dense coinprar as propriedades necessarias , e não havendo di .
nheiro das obras da justiça para as ditas compras e mais
gastos necessarios, poderia tornar a ganhos da terra o dinhei .
so necessario obrigando as mesmas despezas para segurança ,
e para a do dito chanceler , ficarião hypothecadas as mesmas
casas da Relação , em hum quarto das quaes poderá inorar o
dito chanceler, em quanto estiver neste estado da India , e poe
derá escolher escrivão inais conveniente qne lhe parecer para
fazer as ditas despezag . Goa de Julho o l .. de 673. - Almada
Madeira - Alfaya -- Monteiro.
Liv. verde 2.• ſol , 83.
DOCUMENTOS DO SECULO XVII. 569

A SSENTOU- SE em Relação, presentes o chanceler e mais


desembargadores abaixo assinador , que o ouvidor da cia
dade de Damão tinha procedido bem em fazer cobrar as di .
simas das sentença , proferidas no seu juizo , assim da con .
dernação principal, como dos interesses resultantes della . E
para que sense daqui por diante toda a duvida, se declara que
das sentenças dadas no juizo ordinario se não deve disima,
e só se hade cobrar das que se proferirem po das ouvidorias
e correições, por ser assiin conforme ás regras da chance .
laria e estilo observando na desta côrte . E que a disima se
devia pagar não só do principal mas dos interesses , sendo pe.
didos na doção das partes que litigão. O que se vbervaria alé
jesolver S. A., se se havia de praucar a lei extravagante no.
vissima , em que se ordena que se pague disiina das senien ,
ças dadas em qualquer juizo , excepto no dos orſãos, a qual
lei não veio a este estado, nem se publicou na sua chane
celtria. Goa e de Julho 4 de 1673 ,- Almada - Madeira
Monteiro - Alfuya.
Liv. verde 2.• fol . 83 v.

Anno de 1674

SSENTOU.SE em Relação), presente o chanceler do esla


Ado, que ora serve de regedor,da justiça , e inais desembarga.
dores abaixo assinados, que os oito annos de serviço , que de re
querem para qualquer pessoa ser consultada ein mercês, esses
mesmos hade ter a pessoa em que for feita a renuncia , por ser
assim a mente do regimento, e se evitarein os inconvenien
tes que do contrario resultão , o que se não entenderá nas or
fãs do numero do recolhimento da Serra , as quaes sendo pro ,
vidas com cargos , seus maridos bastará que tenhão servido
a S. A. quatro annos, excepto no provimento de cargos maio
jes como fortalezas , porque então não poderão entrar sein
ierem os oito annos do regimento ; e quando renunciarem o
farão em
GE pessoas que tenhão Os annus do dito regi
mento , por se escusarem os grandes pleitos que se mo
vern sobre a data das aldeas que dão os Viso Reis
por mercê nova, serão as pessoas providas nellas obrigadas
à ter os annos do regimento, salvo dando - se em satisfação
de serviços herdados vu doiados; do que tudo se ſez este asa
sento pera se observar, Goa de Fevereiro 24 de 674. - Chan
celer, Reyedor - Madeira– Monteiro - Alfaya.
Liv, verde 2.° fol . 85,
570 ARCHIVO DA RELAÇÃO DE GOA

758
REformna A 2 V.Ex.
PRESdoNTregimento chandacele
da ocasa
r doestado que,na
Relação , fica servindi,
absolutamente de regedor das justiças, todas as vezes que no
a usentão os sr . Viso Reis, e lhe compelein todas as preemi.
nencias conce lidas aos regedores ; e por quanto sobre este
particular se podem mover algumas duvidas que estorvein
ao servisso de Sua Altesa, e expediente da justiça, Pede a
V. Ex.' seja servido declarar que em confurinidade do dito
regimento da casa , pode e deve u - ar de todos os poderes,
preeminencias e prerogativas de que usão os regedures . E
receberá mercê .
Despacho.
Use de seu regimento , excepta a preeminencia da cadeira
debaixo do docel. Gua em 25 de Fevereiro de 1671,
Mendonça.- Conforma com o original). Goa de Fevereiro 28
de 674 , - Francisco Cabral de Almada- Manoel Martins Ma
deira--Luiz Monteiro da Costa - Guspar de Miranda e Costa .
dotes da representação supra eslá v terino seguinte - Er
Fevereiro de 674 se einbareou na armarla o Conde do La
vradio , Viso Rey e capitão geral da Tadia, e requerendo o
chanceler do estado, o doutor Francisco Cabral y'alinada ,
que lhe competia ficar servindo de regedor, com todas as
preeminencias, e assim o deciarou o dito Viso Rey.
Liv, verde 2.° fol. 81 v.

739

OM Pedro &c. como regente e governador dog ditos rei.


DOM
008 e senhorios. Faço saber aos que esta carta em for
ma de lei virem , que por justas considerações de meu servir
ço convir ter noticia Luiz de Mendonça Furtado e Albuquera
que, Conde do Lavradio, dos meus conselhos do estado e guer ,
ra , Viso Rey e capitão geral da India , de todas as certidões
que na inatricula geral se costumā , passar ás parte- , como
tãobem saber as baixas 'que ou Verein tiido as pessoa:, que me
servem , para que os pretendentes , que procurarein renuncias
de officios, on ouverein de entrar nelles por dote e herança ,
ou testação tenhão serviços, e por serem assy de parecer o
chanceler e mais desembargadores da Relação : hey por bem
e mando ao escrivão da matricula geral , e 90s contadores
della não passem certidão a pessoa alguini, que o requere
rein , ou seja pelo requerimento de serviços, ou para outro qual.
DOCUMENTOS DO SECULO XVII , 571
quer consto sem despacho do dito meu CondeViso Rey, e dos
mais que lhe succederem ; e para que aja noticia e claresa
desta ordern , e se não allegue ignorancia será regislada no li.
vro a quem tocar da mesma matricula , e fazendo o contra .
rio , que não espero, serão castigados como'suas culpas me .
Tecerem , e se registará tambem nos cartorios do crime para
que no alvará da folha se ponha esta declaração . E outrosy ora
deno ao mesmo escrivão da matricụla geral , e aos con :
la dores della que em todas as ditas certidões que se
passarem , assy para requerimento de serviço, como para
outro qualquer effeito levem nellas declarações das verbas
que tiverão
no titulo , e em que dia se poz a dita verba ,
ou causa por que se lhe poz ; e todas as verbas que
a

tiverem em seus titulos os soliados obrigados á armada ,


que este apno passa ao estreito , e dahi por diante todas as mais
armadas , envie logo aos cartorios do crime para se proceder
contra ellas como for justiça , e tãobem do dia em que se
The levantou , e porque . Eni nesina forma ordeno que não
seja admittida pessoa alguna a servir officio por renuncia , ou
por outra qualquer via de dote ou herança ou testação , sem
pruneiro mostrar por certidão de seu titulo haverein servido
das armadas e fortalezas fronteiras , presidios ou arraiaes os
annos do regimento , Notifico.o assy ao chanceler do estado,
ouvidor geral do crimne , ao juiz dos feitos da ininha corôi e fa.
zenda , e a todos os mais minisiros da justiça , officiaes e pes .
soas a quem pertencer , e lhe mando que assy o cumprão e
guardem , e fação inteiramente cumprir e guardar esta carta de
>

lei como nella se cuntem sem duvida alguina , e não pagará de


meia annata , nein os direitos de chancelaria por ser de meu
serviço , e se registará na matricula geral , e nos cartorios do
crime , e nos livros da Relação . Dada em Goa sob o sello das
armas reaes da Corôa de Portugal . Sebastião Ribeiro a fez a
16 de Março anno do nascimento de Nosso Senhor Jesus
Christo de 1674. O secretario do estado , Lazaro Nunes Fa .
gueira a fiz escrever, -Luiz de Mendonça Furtado.
Apostilla .
Por quanto nesta carta se diz que nenhama pessoa seja
adinittida a servir officios por renuncia , ou por via de doie ,
sein ter servido os annos do regineato : hey por bem de
clarar que as pessoas que ouverein de entrar nos officios por
dote , que casarem com as orfàs do recolbimento de Nossa
Seanvia da Serra , lhes bastarão qualro apnos de serviços na
forma do assento da Relação, e que os escrivães da chance.
laria e meia annata sejāo obrigados tão bem a responder ás
12
672 ARONIVO DA RELAÇÃO DE GƠA
folhas que correrem as partes para as intrancias dos ditos of.
ficios, sem por isso levarem sallario algum dos providos que
ouverem de entrar nos taes officios: os que não mostrarem a
folha resppondida pelos dios escrivães se lhe não admitti .
rá a iatrancia , com esta declaração se cumpra em tudo o
mais da dita carta esta postilla , que valerá outrosy como
carla sem embargo da ord , do liv . 2.. tit. 40 em contrario .
Francisco Gonçalves a fez em Goa a 6 de Abril de 1674, 0
secretario do estado , Lazaro Nunes Figueira a fiz escre
ver. Mendonça . Liv . verde 2 .. fol. 97 v.

60

SSENTOU -SE em Relação , perante o chanceler e mais


desembargadores abaixo assinados , que por quanto não
havia ministros com que se podesssem despachar os feitos
processados na auditoria geral , e por quanto outrosy o car
go de auditor geral da gente de guerra anda ya de presente
annexo ao de ouvidor geral do crime , tivesse voto nas suas sen .
tenças civeis , assim como o tem o vuvidor geral do civel ; o que
se entenderia não havendo na Relação numero de desembar.
gadores bastante para se determinarein as causas , e dorante
a annexação da dita ouvidoria geral . E para constar do re
ferido se fez este assento aos 15 de Abril de 674. Almada
-Monteiro - Madeira - ?
Liv . verde 2.° fol. 98 .

ASSE NTOU -SE emRelação , perante ochanceler e mais


desembargadores abaixo assinados, que visto o requeri
mento de Cadará Chatim e remissão do sr. Conde Visu Rey
deste estado, a que se devia deferir não só pela circumstana
cia presente inas pelas que ao diante se podem mover , se de
terminou que a nobre cidade não tinha jurisdicção conteu
ciosa nem deila podia usar , maiormente nas causas proprias
em que he interessada ; e que assim bayendo algum reque
rimento que lhe tocasse o devia remetter aos juizes ordinaria
como no reino se observa , para as partes poderein ter
03
seus pleitos e 0
remedio da appellação , que
recurso em
nun ca se lhes pode virar, com tambem por ser contra ui
reito que a nobre cidade fique sendo parte e mais juiz .
de Junho ! 5 de 674. Almada - Madeira - Mon
Goa e
teiro - Alfaia. Liv. yerde 2. ' fol. 89.
DOCUMENTOS DO SECULO XVII. 573

ASSENTOU.SE
desembargadoresem abaixo
Relação,presente o chanceler
assinados , que e mais
visto o requeri,
mento feito ao Conde Viso Rey deste estado pelos povos
desia Ilha e suas avijacentes, e terras de Bardez e Salce .
te , que se mandou ver nesta Relação, no qual pedem que se
observe a lei passada em tempo do Viso Rey Ayres de Sal.
danha sobre a prohibição dos convidados que costumavão as.
sistir nos casamentos, com os quaes se impobrecião os mese
mus dotados; que a lei se pratique em tudo e por tudo, e
em observancia della, assim os pais dos desposados como
elles não poderão chamar em seus casamentos e convite do
tal dia mais que até trinta pessoas ( em que se computarão
os mesmos pais e parentes ); o que se entenderá sendo os
ditos desposados christãos, casta bramene, chardó ou vanio, e
as pessoas de outra casta, alem destas referidas, poderá cha.
mar somente até quinze pessoas, e o que fizer a contrario
encorrerá nas penas da dita lei , E para vir á notinia de todos
se apregoará este assento , Goa e de Junho 26 de 674, - Alma ,
da - Madeira - Monteiro - ?
C -

Liv . verde 2.• fol. 89.


763

ASSENT -SE, em
OUdella
ministros se deviapresente
queRelação, alvará de mais
observaro ochancelere 9 de
Março de 650, em que se ordena que os cidadãos desta ci,
dade possão testar em seus filhos ou mulheres na vagante dos
providos as mercês com que forem despachados por serviços
proprios ; por quanto supposto que pelo alvará de 4'de
Abril de 1644 lhes estivesse concedido que, morrendo antes
de entrar nos despachos, podessem transmittir nas ditas pes.
soas a antiguidade das mercês , comtado pelo alvará de 11
de Março de 646 se ordenou que se subestivesse no ef
feito delle , e se não desse á execução em parte nem em
todo , em quanto se não tomava resolução sobre a materia ,
pelas duvidas que representon a nobre cidade, com o que
ficou suspensa a graça da primeira concessão até se deola.
yar o modo della, como de feito se declarou pelo dito alvará
de 9 de Março de 650, confirmado por outro do 1.º de
Abril de 670, com o que sessava a duvida que se ponderou
sobre estes dois ultimos alvarás não derogarem expressa .
mente o de 644, e constar que vierão para declaração do do an.
no de 646, que expressamente trata desta duvida, que se re.
solveu nos ditos alvarás. Do que tudo se fez este assento
para por elle se determinarem as causas occorrentes . God
1
574 · ARCHIVO DA RELAÇÃO DE GOA

de Julho 12 de 674. --Almada- Madeira- Monteiro- Alfaia


-

Liv . verde 2.• fol. 89 v.

764

ASSENTO U.SE emRelação,perante o chanceleremais des


o

sembargadores abaixo assinados , que por se evitarein as


queixas que ha dos feitores e escrivães das e feitorias, jaizes e
escrivães das alfandegas, dêm residencia de seus cargos no
fim do triennio, por não se poderem atalhar de outra sorte og
excessos que commettem e são presentes a esia mesa; atten .
tando a que assim estava disposto por carta de 18 de janei.
ro de 590, e assentado na dita mesa em 14 d'Agosto de 593;
que se perguntasse por seus erros nas devaggas geraes que
08 ouvidores tiravão, o que não foi bastante para se atalharem .
E por quanto o mesmo inconveniente se achava nos feitores,
almoxarifes, thesoureiros , recebebedores de Bardez e Salce,
te 'e desta cidade, os comprehenderia e a seus escrivães este
assento , e huns e outros serião obrigados a dar residencia ,
sem á qual não poderião ser admittidos a servir outros luga,
res, e se lhes não passaria quitação sem primeiro mostrarem
certidão de sua residencia , para o que se mandaria treslado
déste assento ao provedor-mór da fazenda dos contos para o
fazer tresladar nos livros della ; a qual residencia se mandaria
tirar pela mesa do despacho pelos interrogatorios que se da.
rão na chancelaria na forma costumada . E este assento, que
foi feito a requerimento do procurador da corôa e fazenda de
S. A. , se publicará na chancelaria-mór deste estado, e se
enviará copia ás cidades do norte , e comarcas de Salcete e
Bardez. Goa de Julho 13 de 674 , - Almada - Madeira - Mono
eiro -- ad fui, Alfaia .
Liv . verdo 2.° fol. 90 V.

PRIVILEGIOS DA NOBRE CIDADE DE GOA .

Pelição.
O procurador da nobre cidade de Goa , Manoel da Costa
Botelho, que élle a presentando os privilegios que a dita nobre
cidade tem concedidos por S. A.coin alvará do dito senhor,
porque hi outrosy por bon de conceder a ella todos os mais
que goza i cidade de Lisboa, cujá sustancia tambem se
DOCUMENTOS DO SECULO XVII 575

apresenta ; e porque na Relação se movem duvidas sobre os


ditos privilegios , e os ministros della em alguns despachos e
assentos que fazem a instancia das partes encontrão os ditos
privilegios, cujo cumprimento encommenda tanto S. A., como
se vê de hum alvará que tambem apresenta. P. a V. Ex.*
seja servido mandar que se lhe guardem os ditos seus pri
vilegios inteiramente , na forma que o dito senhor quer e ore
dena, no que receberá mercê.
Despacho.
Aja vista ao procurador da coroa e fazenda de S. A. Got
em 20 de Julho de 1671. -eMndonça .
Resposta .
Senhor. Nem o tribunal da Relação, nem os ministros
deste tem obrigação de saber as graças e os privilegios con.
cedidos á nobre cidade, que tem registados nos seus livros,
se os quizerem registar tambem no dito tribunal, parece
deve V. Ex.a mandar que esses е os mais privilegios que
liver a nobre cidade se registem nos ditos livros , e que vis.
tos e examinados en elle, se lome assento sobre o que se
deve observar: e assy o requeiro por parte da corôd . Goa de
Julho 28 de 1674.Monteiro .
Despacho. 1

Registem -se os privilegios e alvarás da nobre cidade, e as


mais ordens que a favor da nobre cidade lhe concederão ng
sea hores Reis de Portugal. Goa em 6 de Agosto de 1674,
-Mendunça ,
Petição.
O Supplicante Procurador da nobre cidade que apresen ,
tando elle alguns privilegios da dita nobre cidade para se
lhe averem de guardar na forma que S. A. ordena por seus
alvarás, foi V. Ex. servido mandar dar vista ao procurador
da corôa , o qual por sua reposta requereu que os ditos pri.
3

vilegios, e os mais que a nobre cidade tiver, se registaşşem


no tribunal da Relação, para nelle serem vistos e examina .
dos , e se tomar assento sobre o que se deve observar. V.
3
Ex ." por portaria juara ordena que se registema , ao que $ 2 .
tisfaz o supplicante apresentando para effeito de se regis
tarem alguns dos ditos privilegios e graças que puyerão da
camara de Lisboa , concedidos tambem a esta cidade, e não
he possivel tresladarem-se todos , porque para isso será ne
cessario tresladar.se todo Livro verde em que ficão regista.
dos os ditos privilegios, que são muitos concedidos ....
pelo que faz presente a V. Ex.a para o comprimento dos di.
576 ARCHIVO DA RELAÇÃO DE GOA
tos privilegios, não precisando exame na Relação , nem
novo assento , por quanto S. A , concede e faz mercê dos
ditos privilegios á nobre cidade de seu motu proprio , certa
sciencia , poder real e absoluto de todas as leis ,
e ordenações, direitos, estilos , foros e costumes, e de quaes.
quer outras cousas que em contrario aja ou possa aver , que
todos ha por derogados, em quanto for contra os ditos prie
vilegios, com as penas impostas contra que encontrar a
elles, e como se vê do alvará folhas 3 v . in fine et 4 : por
tanto ; pede a V. Ex.a seja servido mandar que os ditos pri
vilegios se registem , e V. Ex. corno Viso Rey do dito senhor
os gnarde , e faça guardar como S. A. ordena pelo dito seu
alvará, no que receberá mercê .
Despacho.
O Dogtor Francisco Cabral d'Almada , chanceler do estado ,
faça registar os privilegios juntos nos Livros da Relaçio.
Goa em 21 de Agosto de 674.- Mendonça .
O Gaarda-mór da Relaçio faça logo registar estes privi .
legios para se conferirem . - Almada.
Treslado dos privilegios, que o despacho acima fa : menção.
Alvará porque S. A. ha por bem que os desembargadores
não tomem conhecimento das causas da cidade , nem se intro.
mettão nellas , mais que S. A nor aggravo,
( Fica no Arch . Port. Orient. Fasciculo 2.° pag. 59).
Alvará porque S. A. ha por bem que a nobre cidade por si e
seus juizes possa prender e segurar seas rendeiros e devedo .
res, e não poderem os taes devedores ser admittidos a entrar
nas rendas da fazenia do dito senhor >, em quanto não derem
satisfação á nobre cidade-22 de Fevereiro 1618 .
( Dito Fasciculo , Doc. n.º 71 ).
Alvará porque S. A , ha por bem de conceder e fazer mer
cê á cidade de Goa de todos os privilegios assy e de mam
neira que a cidade de Lisboa tem , e lhe forão concedidos
pelos Reis de Portagal-27 de Março de 1559.
( Dito Fasciculo, Doc. n.° 42).
deSentença
1483 . sobre os privilegios dos Infanções— 3 de Jalho
( Dito Fasciculo , pag. 68).
Privilegio porque se ordena que os Livros da camara não
vão fora della sem mandado dos vereadores.

(Dito Fasciculo, pag. 107).


DOCUMENTOS DO SECULO XVII. 577

Privilegio sobre não entender nas cousas da cam ara, nem


devassar dos vereadores e officiaes della nenhuma justiça,
sem especial provisão de S. A.
(Dito Fasciculo, pag. 168).
Privilegio sobre irem os vereadores á mão direita de S.
A, nas procissões não indo nellas princepe herdeiro do Reinu.
(Dito Fasciculo, pag . 75 ).
Privilegio sobre se pedir aos vereadores os treslados de
seus privilegior, quando por algum caso os quizer o regedor
ou go vernador ver .
( Dilo Faciculo, pag. 804 )
Privilegio sobre os vereadores poderem castigar os almo
lacés quapuu Ibe desubeueção .
( Dito Fasciculo, pag . 78 ),
Privilegio sobre os cidadãos não poderem ser menidos em
torinentu , nen presos por casus crines , salvo sobre oine
nagem em sua casa .
( Dito Fasciculo, pag . 65) .
Privilegio sobre os aforamentos das terras e chãos.
(Dito Fasciculo, pag. 80 ) .
Carta de S. A. ao Viso Rey para o procurador da cidade
assolir nos arreuuamentos das rendas reaes-25 Abril 1626.
( Dito Fasciculo, Duc , n.º 09 ).
Os quaes treslados e capitulos dos privilegios vão aqui
treslauauuo bem e fielmente uus proprius, que anuão no Livro
verve, las lulllas que vàu apontauas uu lululo de cada qual
Uus ullus puvilegius, sem acrescentar nem diirinuir cuusa
que uurida laça, aus quaes, e ao dito Livro me reporio .
Gua 21 ue dyuslu ue lu74 . Maicos Maineiro Pereira o fez
tocrever . - iMarcus Mulleiro Pereira .

266

POR QUANTO a tenção de S. A. he que os providos das


lurlanczas lennau ao partes e requizitus necessarios , u exa
e

Ine uus quaes seueve fazer em Relação, asslin quantu ouver


Juullus prelenuenles , cow.0 NO caso de haver num só, por
concurrer a mestna resãu , e pouer ter ulal provido defeitos
le sua palente com que se dáu de julgar na mesa : ordenu au
01. Francisco Cabiau u'Almada, uhlauceler do estado , que
578 ARCHIVO DA RELAÇÃO DE GOA
faça assim executar, e que do dia da data desta por diante o
juiz dos feitos da corôa e fazenda leve á mesa para nella se
e

sentencearem todas as cartas dos providos de quaesquer lu


gares e fortalezas, que na mesma forma ein conselho da fa .
zenda se sentenceein as habilitações dos provïdos sem se
assinarern por casa de ministros. E esta portaria se regista
rá nos livros da Relação. Goa 2 de Outubro de 1674. Men .
donça.
Liv. verde 2.• fol. 97 ,

POR QUAUTO por portaria de2de Outubro deste anno


tipha ordenado gae as habilitações , que se fazião dos
>

providos de quaesquer lugares e fortaleza , se vissem em cote


selho da fazendas; ordeno que sem ernbargo do que mando
pela dita portaria , o juiz dos feitos da corôa e fazenda de
S. A. proceda neste particular como de antes se fazia, e a esa
ta portarit se de comprimento somente, e se registe no li.
vro da Relação , Goa 9 de Novembro de 674. Mendonça ,
Liv. verde 2. fol. [ 13.

768

em duvida na mesa , presente o chanceler do esta


VEEIO
IO
do e desembargadores abaixo assinados , se intentando .
se alguin official ou ouvidor was terras de Bardez e Salcele
por suspeito, devia conhecer das suspeições o chanceler do
estado como fazia do ouvidor, juizes e mais officiaes desta
côrte. E na mesma forma veio ein duvida se recusando -se
algun desembargador , e não havendo tres juizes livres, como
por estillo se observava , pudião os que ouvesse ( ajaua que
megos em numero ) veterininar a causa das dilas suspeições .
E acerca da primeira duvida se assentou que pertencia ao
chanceler do estado o conhecimento de tres suspeições por
estarein as lerras de Burder ao termo das cinco leguas,
posto que algumas aldeas estivesse in fora dellas; e ácerca
da segunda se assentou que as suspeições postas aos de
sembargadores se podião delerininar pelos juizes que ouves
se liyres, coino se observou na causa de Manoel de Corte
Real de Sampaio com Doin Francisco de Lima, e que aven "
do horn só desembargador livre esse tal podesse sentenceal
as; porque de outra sorte havendo de ordinario tão poucos
dusembargadores nesia mesa, estaria na mão das partes im
DOCUMENTOS DO SECULO XVII.
579

possibilitar as causas , e era menor inconveniente determinar


as suspeições hum só desembargador que o damno que re.
soltava de se prolongarem , esperando que viessem ministros
do reino, e ouiras resões que a esta mesa são presentes , de que
tudo se fez este assento . Goa e de Dezembro 14 de 674. -
Almada - Madeira - Monteiro -- ?
Liv. verde 2. • fol. 98 v.

Anno de 1675 .

769
EIO em duvida na meza , presente o chanceler e mais
VEL desembargadores abaixo assinados , se os tabeliães
erão obrigados a dar residencia cada tres annos , e se nelles
de devia observar o assento de 12 de Julho de 674 que anda
a (l. 90. E se assentou que não erão obrigados a dar re
sidencia , porque estavão sugeitos á devassa que o regimento
mandava tirar delles todos os angos. Goa e de Março 2 de
675. - Almada -- Madeira --Monteiro .
Liv , verde 2.° fol. 99.
790
AOS 30diasdo doestado
chanceler deAgosto
mez Desta de 1675, propoz 0
meza , perante os desem
bargadores abaixo assignados , que a malicia ' e cavilação
dos litigantes , principalmente no juizo das intrancias , se
tinha tanto adiantado que sobre espassarem as causas por
annos, sendo de sua natureza summarias , as protela vão com
multiplicados embargos , e de novo as instauravão depois de
sentenciadas a final por ineio dos embargos que punhão na
fazenda geral ao tomar da posse; e finalmente chegavão a
tanto excesso que com violencia lomavão os feitos aos ade
vogados , e se escondião com elles sem obedecer aos mano
dados dos julgadores e ainda ás ordens deste senado , porque
todo pedia remedio prompto , assim pelo respeito das partes,
como pelo respeito deste dito senado , o qual de todo se per
desia se com tempo se não atalhassem semelhantes absurdos .
E vista a dita proposta se assentou uniformemente pelos
ministros abaixo assignados :
Que por se evitarem as dilações de que as partes usavão
contra as ordens reaes , ein que se manda proceder breve e sum
Mariamente no juizo das intrancias, se não admitiissern nelle
daqui por diante embargos alguns de impedimento , e que
13
580 ARCHIVO DA RELAÇÃO DÊ GOA
quando as partes o tivessem o poderião só por seus advoga
dos requerer em audiencia de palavra, e o juiz della , a pre
sentando - se - lhe certidão do tal impedimento, lhe concede
ria o termo de huma audiencia . E por quanto depois de sen.
lenciadas as causas embargavão as partes as sentenças nog
proprios autos na chancelaria e na fazenda, só por dilatarem as
causas, que na mesma furraa se não admittissem embargos al.
guns nos proprios autos, por lhes ficar o recurso dos embargos
á chancelaria. E que outrosy embargando na chancelaria
alguma das partes a sentença que contra ella se desse,
a não poderia tornar a embargar na fazenda geral ao tomar da
posse , nem aella se poderião acceitar, para o que este assento
se registaria na Jita fazenda geral. E por que lãobem muitos
providos se deixão estar com suas patentes, sem quererem en .
trar no
concurso do litigio, por esperarem por quem sabe a
senteaça e saberem os fuadamentos della , como as nullidades
porque se apollão, e ao depois vem com embargos ua chance.
laria ee fazenda geral , que daqui por diante não possão ser ado
mitidos embargos alguns na dita chancelaria daquelles que
não houverem sido partes na causa ; e que do mesmo modo
estes taes não possão embargar as sentenças no tomar da pos.
se na fazenda, salvo se estiverem ausentes desta Ilha de Goa
e
suas ajacentes , e terras de Salcete e Bardez no tem
po do litigio , ou estavão legitimamente impedidos , assim
como criminosos ao tempo do litigio , ou servindo outros of.
ficios incompativeis , ou outra alguma causa que exclua 0
poderem-se oppor ao tempo do dito litigio. E no que toca
a qualquer das partes , que da mão dos advogados ou seus ou
dos outros litigaates tornar o feito , e o não entregar logo no
termo da lei, ou do que lhe for dado pelo juiz da causa o
não entregar, ficará incorrendo por esse mesmo feito em per
dimento da caasa e mercê sobre que litigava, para nunca em
tempo algum haver mais sem expresso supplemento de S.
A. e em seis annos de degredo para as fortalezas de Africa
>

de Moçambique e Mombaça. E tanto que ao juiz dos feitos


da curôa for requerido pela outra parte que se lhe tomou a
feito , e lhe constar pela diligencia que mandar fazer que o
não quiz dar no dito termv , mandará logo ao escrivão dos
autos, em cujo poder hão de ficar os treslados das pateates
logo no principio que se apresentarem , que os autue com
os mais papeis de diligencia, e os fará conclusos para se sea.
lenciarem a final pelus merecimentos das ditas patentes , sem
se admittiren resões ou embargos da parte que escondeu o
feito, e depois de determinada a causa, o promolior fiscal
poderá pedir complemento deste assento e das mais pena
que merecer, considerada a desobedieacia e qualidade do
DOCUMENTOS DO SECULO XVII. 581

julgador a quem for feita ; o qual assento se publicará na


audiencia e chancelaria do estado. Goa, dia ut supra. - Alma
da - Madeira - Soares --Monteiro. :
-

( Foi publicado este assento na audiencia gendo juiz dos fei.


tos o dr. Antonio Soares Monteiro em 3 de Setembro de 675.)
Liv . verde 2. fol. 99 v .

771

VEIO em davdores
ida, per ante o chanceler ' do estado e mais
desembarga da casa abaixo assinados, se que os

tinhão estimações nas aldeias do norte ou em quaesquer ou


tros bens , que por não soffrerein commoda divisão se encabe .
ça vão em hum , podião logo pedir as quantias das ditas esti.
mações, on se os encabeçados as podião reter em quanto
pagassem os ganhos dellas como até gora se costumava , E
pareceu a todos que, além de ser este estilo contra a dispo
sição da lei , era irracional ; porque por elle se tirava ás
partes o poderem valer-se de seus bens em suas necessida .
des e apertos, cobrando por meio de justiça seus pagainentos:
è assim se assentou que da publicação deste assento em
diante se não observe maig o tal estilo, e que as partes , passa
dos dous annos contados do dia que forem sentenciadas as
partilhas, possão logo pedir o preço das suas estimações execu .
0

tivamente, o qual tempo se concede havendo-se respeito a que


talvez são de grande valor as aldeias e bens que se encabe.
ção , e não poderem os encabeçados achar com facilidade as
quantias das ditas estimações , não se lhes dando esta espera
serião outra vez removidos do encabeçamento por execu .
ção de alguma sentença, que os co -herdeiros estimantes al.
cansassem . Porem isto se não entenderia sendo elles meno .
res , porque estes taes nem por si , nem por seus tutores ou cua
taes estimações
adores poderião pedir as taes estir antes de serem
emancipados , e só se lhes daria os ganhos por se não dar oce
casião a que se defraudem os bens dos ditos menores, os
quaes ficão seguros com a retenção das laes estimações em
poder dos encabeçados, a que sempre a propriedade encabe
çada ficava obrigada , é passava coin o dito encargo a quale
quer possuidor que fosse della. E este assento se publicará
na chancelaria e audiencias da côrte, e se mandará a copia
delle aos ouvidores das praças do norte . Goa e de Novem .
bro 3 de 675. - Almada-- Madeira - Monteiro - Fragozo- Sog .
res .
Li. verde 2 , fol. ' 101 .
582 ARCHIVO DA RELAÇÃO DĖ GOA

EIO em duvida , perante o chanceler do estado e mais dem


yer
sembargadores abaixo assinados, re o alvará de 9 de Março
do presente aono de 675 , em que S. A. dispõem que as
mercês feitas ás orſåg do numero de Nossa Senhora da
Serra Thes fiquem sempre firmes para ellas e seus ma .
ridos no caso de supervivencia de cada hum, sem poder
obstar o estilo que se observava nesta meza; se esta graça
se havia de extender não só as orfãs, que fossem dotadas de:
pois da data do dito alvará, ou tãobem a todas aquellas que já
dantes se achassem dotadas pelo condeV . Rey do dilo sr ;
e se pela mesma rasão, em que está ſundada esta graça, po,
deria renunciar , ou ser a isso obrigada a orla que não estives.
se capaz de casar ; e da mesma forma veio em duvida se
se havia de fazer a mesma extenção do outro alvará de .
( em branco ) do presente anno , em que o dito sr. con.
cede faculdade aos cidadãos de Goa para poderem lestar
em seus filhos e mulheres , somente coin'a mesma antiguia
dade, as mercês com que fossem despachados. E senido exa .
minadas as ditas tres davidas, sobre as quaes se mandou to .
mar assento pelo conde V. Rey do dito er , conformemente
se asseutor : quanto á primeira, que a dila graçı se devia ex.
tender não só ás orfãs que fossein dotadas depois da data
do dito alvará, mas a todas as que se achassem dotadas por
ser a rasão a mesma , e se colligir assim da vontade do dito
sp. , que quasi por palavras expressas o insinua. E quanto á
segunda, que podia a ofá dotada , que se achasse incapaz
de casar, renunciar o cargo com que foi dotada , e obrigal.
a a isso o Conde Viso Rey do dito sr.; por quanto foi servido
Tesolver que tal cargo sempre ficasse á dita orfā, ainda que
não fosse capaz de ter filhos , em cujos termos ficaria frus
traneó o effeito desta graça se a não podesse renunciar, pois
não sendo capaz de casar ficava perdendo a mercê , por não
poder entrar nella senão por meio de seu marido. E quan.
to á terceira, que a dita graça devia extender-se a todos
os filhos e mulheres dos cidadãos de Goa que houveegem
lestado depois da concessão da colleta , como estava determi.
nado por Sua Magestade por carta de 4 de Abril de 644 ;
visto como a dita faculdade foi concedida agora por contem.
plação dos serviços dos cidadões de Goa, a cajos filhos e mu
lheres deve abranger, pois a elles se houve res peito. E
para não vir mais em duvida, se publicaria este assento n' a
chancelaria. Gja e de Novembro 7 de 675. - Mendonça-

Almada -- Madeira - Monteiro - Fragozo - Soares,


Lip, verde 2.. fol. 101 v.
DOCUMENTOS DO SECULO XVII. 593

1973

A CCOR
dos
DÃO em Relação &c. Que visto o 'requerimento
supplicante s e o exame que se fez aesta inesa com
os livros das gancarias, pelos quaes consta haverem dado
voluntariamente ao capitão das terras de Bardez novecen
tos e corenta e hum xerafins, que tirarão da communidade
contra a forına das ordens reaes em damnn e prejuizo dos,po .
bres e mizeraveis, cujas despezas costo mão fazer as gan
carias , por terem por ficiaes ( sic) aos capitães das lerras , os que
tem mais poder nas aldeas: manilão que os gancares , que as.
sistirão 103 taes accordãos e nemos, em termo de oito
dias reponhão logo em mão do theyoureiro do estado os di.
tos novecentos e corenta e hun xerafins que derão sem or
dem, os quaes applicão para as depezas da ' ribeira de S. A .;
e esta deposição será de sua fazenda e bens, e em quanto
por conhecimento em forma do thesoureiro do estado não
mostrarem que lhe estão carregados, não poderão usar , pas
sados os oito dias, de suas honras e preeminencias , jonos e
9

gancarias, de que desde logo og hão por suspensos; e o ouvi.


dor geral do crime fará vir perante sy ao escrivão da cama
ra geral, a quem fará notificar este accordão para que em
termo de outros oito dias o notifique aos gancares dos aco
cordos e vangores, passando certidão de conio assy o tem
feito . E quanto ao capitão das terras de Bardez, Antonio de
Mello da Gima, contra quem se queixão , depois de The ha.
3

verem dado voluntariamente a contia referida, lhe reservão


contra elle seu direito para lhe pedirem na sua residencia ; ' e
daqui ein diante não poderão levar mais daquillo que tem
por regimento , sob pena de se lhe dar em culpa ; e assy lho
notificará o escrivão da ouvidoria das ditas terras de Bardez ,
de que passará certidão, e este se ' registará nos livros da
Relação e da dita ouvidoria para que a todo o tempo conste
de como assy se mandou , Goa 9 de Novembro de 675 , - Al.
mada - Monteiro - Soares - Fragozo .
Liv , verde 2 .. fol. 103 .

792

POR QUANTO convem aoserviçode S.A. que váá fore


taleza de Mombaça hum ministro da Relação para tirar
residencia aos capitães, que forão della, com aquella exac
ção e enteireza couveniente , e a conhecer dos mais casos que ,
hajão succedido daquella parte , que lhe sejão advertidos pela
meza da mesma Relação ; e feilas as ditas diligencias passar
784 ARCHIVO DA RELAÇÃO DE GOA
á fortaleza de Baçaim a averiguar o successo da resisten -
cia que ouve contra o ouvidor de Tanná pelos Paraus e Mae
tares da aldeia de Poncer, indo a prender por ordem do geral
Manoel de Saldanha tres carambios de ham Antonio de
Miranda , e do incendio que se diz tãobem ouve na mesma
aldeia, e a tirar residencia dos capitães que forão das forta
talezas de Damão e Bacaim , que forão cavalleiros da .
or
dem de Nosso Senhor Jesus Christo. E para que conste da
verdade de todo , ee do mais de que for advertido pela mesma
meza da Relação, nomeei ao dr. Paulo Fragozo d'Abrea,
ouvidor geral do crime, que passasse ás ditas fortalezas para
o dito effeito , e para isso deve levar poderes na justiça na fura
ma que parecer á Relação que deve declarar, e o modo com
que se hade haver aas ditas residencias dos freires, e aco ,
medía que se lhe hade dar, e donde hade sahir para com isso
se lhe passarem os despachos necessarios, Goa , 11 de Novem ,
bro de 1675.- Mendonça .
Liv, verde 2. fol. 106.

SSENTOU -SE em Relação que visto ter resolato oe sr.


Conde Viso Rey que passasse a Mombaça o dr. Paulo
Fragozo de Abrea , ouvidor geral do crime, e da volta á
fortaleza de Bacaim a devassar dos casos que lhe ordenasse,
e dos mais que a esta meza lhe parecesse, pela qual lhe serião
dadas as instrucções necessarias; devia passar ás ditas partes .
com aquella jurisdicção e alçada, que costamárão levar os
mais ouvidores geraes do crime, para que assim com mais
auctoridade e respeito podesse conseguir as deligencias a que
he mandado , em rasão do qne poderia em alçada sentenciar
todos os feitos crimes dos culpados, cajos delictos provados 1

não merecessem mais pena que até cinco angos de degredo,


comando por adjuntos ao capitão da fortaleza em que se achar ,
e do ouvidor della, e em falta de cada hum ao feitor ee alcaide
mór da dita fortaleza; e as sentenças que proferidge nesta fore
ma se darião á sua execação sem appellação nem aggravo. E
que da mesma forma poderia sentenciar os casos de morte,
ou cortamento de membro , ou que provados merecessem
maior condemnação que a dos ditos cinco annos , e as
taes sentenças se não executarião sem dar conta com os autos
a esta meza , para neila se determinar o que parecesse justia '.
ça . E que nos casos civeis usaria do regimento dos ouvidores
geraes do civel, dando appellação ee aggrayo nos casos em que
elles o devem dar por bem do dito regimegto , e execatana
do suas sentenças nos casos em que elles as podem execu ,
DOCUMENTOS DO BECULO Xyll. FOR 585

tar. E vindo- lhe alguma parte com suspeição no tirar das


deyassas , procederia com adjunto, e este seria o capitão da
fortaleza , e em sua absencia ou impedimento o ouvidor del.
la, e na de ambos o feitor e alcalde mór ; e desde o dia que
partisse desta cidade até o em que chegasse a algumas das
fortalezas do norte, venceria na forma do alvará de 615, mil e
quatro centos réis por dia á custa da fazenda real, e mil réis
em quanto andar nas partes do norte; e o seu escrivão e mei.
zinho o que constar por exemplos da secretaria que se costa
mou dar a semelhantes officiaes; porem esta comedia lhes
seria paga pelas despezas da justiça que o dito ouvidor ge
ral fizesse. E porquanto a bem della convinha precisamente
fazer algumas diligencias, executaria com toda a observan .
cia as seguintes :
Primeira, tanto que chegasse á fortaleza de Mombaça, se in,
formaria judicialmente se a devassa, que por ordem do conse.
lho da fazenda se mandou tirar pelo capitão della , Manoel de
Campos Mergulhão , e ouyidor Joseph Pereira Serra, foi tirada
por ambos no mesmo tempo e assinada por elles; e saberá se
com effeito se , remetteu a dita devassa , ficando lá o treslado
como se mandou por ordem desta mesa , e não sendo remet,
tida a cobrará e conferirá com o treslado , para ver se estão
conformes , e depois de feita esta diligencia se reperguntará as
lestemunhas , que na dita fortaleza ou partes della se acharem ,
inquirindo se forão subor padas , indusidas ou violentadas por
alguma pessoa para jurarem , e lhes lerá seus testemunhos
para declararem a verdade , e sendo necesarias , para a veri.
guação della , fazer mais oulias diligencias as poderá faeer,
sedusindo tudo a escrito .
Segunda, puxará pelo sequestro que se mandou faser nos
hens de Joseph Homem da Costa , capitão que foi daquella
praça , e se informará das ordens que forão do conselho da
fasenda para se venderem , e se remetter o procedido do dito
sequestro a esta côrte, á ordem du dito conselho da fasenda; e
perguntará judicialmente as causas.porque se não remetteu , e
em cujo poder está, e se se valeu delle alguma pessoa para
seus particulares, negociando com as roupas do dito Joseph
Homem da Costa ou do procedido dellas , para o que se lhe
darão as coplas de todos os papeis, que sobre este particular
vierão de Mombaga; e com effeito todas estas diligencias rem
dastra a escrito, e porá ein arrecadação tudo o que pertencer
ao dito sequestro e deposito, executando sem appellação nem
aggravo a qualquer pessoa que o tenha en sy, ou seja de
veuor ou depositario , de tal sorte que a cobrança e arreca.
dação fique feita , e segura a quantia do dito sequestro, que
de presente tuca á fazenda real ; e para a remessa du proce
536 ARCHIVO DA RELAÇÃO DE COM
dido levará as ordens necessarias pelo conselho da dita fazen :
da , a que pertence tomar o risco, ou determinar o modo por
que se hade remetter , observando em tudo as que se tern en.
viado aquella prapa.
Terceira , devassará dos descaminhos do ambar, que se
diz haver cahido nas prayas de Quelife, ou em outra qualquer
parte das sugeitas aquella fortaleza , que perteação á coroa,
regundo a forma do foral; e contra os culpados nus laes des
camiahos do ambar, que cahia no tempo do capitão Manoel
de Campos Mergulhão , não constando que foi entregue e
carregado na leitoria, procederá corno for justiça, e segurará
por seus bens as quantias ein que se acharem cumpreuhendi
dos; porem não tomará conhecimento das laes culpas para ef
feito de livrar aos criminosos em alçada, porque o tal coche .
cimenlo pertence privativamente ao juiz da corôa e fazenda ,
adonde hade remelter a devassa e mais diligencias que fizer
sobre esta materia .
Quarta , tirará residencia a Joseph Homem da Costa do
tempo que serviu de capitão daquella praça , e tão bem tirara
residencia a Manvel de Campos Mergulnā ), que ora acaba
de servir a dita capitania; e porquanto ne cavalleiro professo
da ordem e militia de Nosso Senhor Jesus Christo , levará coin
missão do juiz dos cavalleiros , e alein dos interogatorios , que
The serão dados na chancelaria na forma costumada , pero >

guntará na dita reside acia pela queixa, que delle fez o Ju


vidor Joseph Pereira Serra, sobre ine haver cavo ein huma
rua publica com hum bastão, prendendo -o e urando.ne a
yara da mão com violencia , e provendo nella a outro ouvidor ,
para cajo effeito se Ine darão làobem as coplas dos papeis
que houver nos cartorios do online subre esta interia .
4 Quiola , tirará huma informação , não por via de devassa ou
de actu.dejurisdicção , mas para constar da verdade o procedie
mento que o vigariu da vara daquella fortaleza leve coin us
ouvidures, prendendo- os estando actualmente serviado, e
condemnando - 99 ein penas de segredo e pecuniarias, e de
proxiino prendeu a hum ouvidor, eu condemnavu a que se lhe
pozesse hamna mordaça na buca , para que assiin com a dita
simples informação se possa dar coala e quein pertence r.
à ines
Acabadas estas diligencias, passara ao norte com
ina alçada e jurisdicção, que se lhe concede para Moinbaça ;
e lanto que chegar a Baçanın tirara devassa va resistencia que
se fez au ouvidor de Tanná pelos Paraus e Malares da al .
dea Poncer, e se lhe dará para este mesinu effelto a copia da
devassa que remetleu a esta meza wdito ouvidor, pela qual
reperguntará as testemunhas , e juplamente trasă devassa uu
DOCUMENTOS DO SECULO XVII. 587

incendio que se diz haver na dita ałdêa, perguntando quem o


tez, e porque ordem.
Da mesma sorte tirará residencia do capi: ão, que foi de
Bacaim , Henrique da Silva d'Dessa , e do feitor Manoel
Marques, e dos juizes dos orfãos e seus officiaes, E em Da .
mão tirará tãobem residencia de Matheus Carneiro de Sousa ,
cavalleiro do habito de Christo , para o que levará com
missão do juiz dos cavalleiros , e do feitor que acabou ,
juiz dos orfãos e seus officiaes. E a mesma residen
cia tirará de Manoel Fartado de Mendonça, para que
iłobem levará commissão do juiz dos cavalteiros, e alem dos
interrogatorios perguntará pelas queixas, que delle fez o ou
vidor Manoel Pires de Carvalho, cujas copias lhe eerão da.
das; ' e ,da soltura dos presos que mandou soltar em o dia do
nascimento de hum seu filho, e de dous homens que mandou
sahir com alva pelas ruas publicas, sem preceder sentença
dada por elle e o ouvidor juntamente . E tendo acabado,
e indo successor tirará residencia ao dito ouvidor, Manoel
Pires de Carvalho, pelos interrogatorios que lhe serão dados:
e havendo mnais outras queixas perguntará por ellas, fazen
do os autos necessarios ; e para constar do sobredito , e se
saber a jurisdicção e alçada que leva, se fez esté assento, cu .
ja copia se lhe dará para com ella requerer ao sr , Conde v.
Rey lhe mande passar as ordens necessarias , Goa e de Noa
vembro 23 de 675.-Almada- Monteiro -- Soares.
Liv, verde 2. fol. 103 v.

O nistrador
Padre Manoel Coelho, da companhia de Jesus, pelo
do hospital real de S. d . , que o dito sr.admi
alvará que offerece concede faculdade para o dito hospital ser
executor, e poder eleger para a cobrança das rendas , foros
e fianças perdidae , que estão applicadas para o mesmo hospi
tal , pelos privilegios que tem o de execução pelos alavarás
que tãobem e offerece ; e para proceder na dita cobran .
ça executivamente , como dividas reaes . Pelo que pede
a v. ex .. seja servido mandar passar provisão, em vir
inde do dito alvará, para o mesmo hospital ser executor e ser.
vir por elle João de Sequeira , thesoureiro do dito hospital, e
os que ao diante forem , com salario de cinco xerafips por
cada um xerafim que arrecadarem . E receberá mercê.
Resposta do Viso Rey .
Aog desembargadores do despacho- Mendonça. 14
588 ARCHIVO DA RELAÇÃO DE GOA
Despacho dos Desembargadores.
Declarem quaes são as rendas e fotos do hospital real para
se The deferir . Gua de Novembro 25 de 675 . Almada
Monteiro ,
O supplicante declara que requer ser executor para a co .
brança das fianças perdidas, que estio applicadas para o dilo
hospital, e da renda das aldeas dadas para a casa da convaa
lescença, e para a cobrança da ordinaria de cada mez , que se,
manda pagar ein primeiro lugar no principio do mez, e para
a cobrança das condeinnações, em que forem condemnados
pela justiça de V. A. os que impedirem os provinenlos e
serviços do dito hospital, e as mais dividas que se julgarem
deverose ao dito hospital, e para asmais arrecadações, que
re offerecerein no tempo adiante. P. a V. A , seja servido
inandar passar provisão na forma pedida. E receberá mercê.
Despacho.
Haja vista ao procurador da corôa e fazenda geral . Goa 29
de Outubro de 675.- Madeira Monteiro.
Coino o hospital real desta cidade não tenha rendas proo
prias, e se sustente das ordinarias , que V. A. The manda var,
e as aldeas do norte, que estão applicadas para a casa de .
Bod valercença , sejão da corôa , termos en que ha inconveniente
para ser execulor a mesma pessoa do adminisitador delle ;
não duvido que na forma do alvará nomeie hun ministro
por executor, confirmando V. A. a nomeação, e com este mejo
se fica remediando tudo, Goa de Nove :nbro 3 de 675 .
Monteiro .
Rºsposta do Padre.
Não impugno à resposta do procurador da corða, e na for.
ma della roineio ao dr. Luiz Monteiro da Costa para executor
do hospital real. P. a V. A , seja servido confirmar a dita nu
meação, e mandar passt alvará della . E. raceberá mercê.
Passe provisão da confirmação de juiz executor dos foros e
rendas do hospital real desta cidade ao dr. Luiz Mooleiro da
Costa; na forma do alvará junto, e nomeação do administra . '
dur do hospital. Goa 8 de Novembro de 675. Mendonça
Almada - Madeira - Fragozo.
de Mendonça Furtado e Albuquerque , Conde do
L UIZ
Lavradio , dos concelhus de Estado e Guerra de S. A. ,
Viso Rey e capitão geral da India & c . Faço saber aus que .
esla provisão virein que lendo eu respeito ao que na petição
e replica ariaz escrila diz o padre Manoel Coelho, da come
panhia de Jesus, administrador do hospital real desta cidade,
e au que neilas allega; e vista a resposta du procurador da
DOCUMENTOS DO SECULO XVII.' 589

corôa e fazenda de S. A. , e nomeação do dito padre admi


nistrador, e provisão passada pelo dito sr. ao dito hospital a
24 de Fevereiro de 672 , pela qual entre outras cousas houve.
por bem que podesse cobrar as rendas e foros que tivesse ,
executivainenie como divillas reaes, para o que seja executor,
qu eleyeria hum ministro da cidade, que lhe parecesse, ee po
deria lānbem gosar do privilegio de que gosa o hospital da
cidade de Lisboa no lucanie ás fianças, a qual andára sempre
junta a esia. E confornando.ne com o parecer dos desemo
bargadores do despacho : hey por bern de confirmar a no .
mjação que o dito padre administrador faz do dr. Luiz Mon.
teiro da Costa para jaiz executor dos foros e rendas do dito
hospital real desta cidade, na forma da dila provisão de S.
4 , e nomeação do dito administrador de dito ho-piral. Nori .
hvo - o assim ao pedor da fazenia geral , ao chanceler do ese
tado , av sobredito Juiz executor, mais ministros, officiaes e
pessoas a que pertencer , para que as.im o cumprão e gaar.
dern , e fação inteiramente cainprir e guardar esta provisão
como nella se contem sem duvida alguma; a qual valerá
como carta passada em nonne S. A. , sem einbargo da
ordenação do }įv . 2. tit . 40 em contrario ; e pagou
nive tangas dos direitos da meia anuala , e dos da chan
celaria pagará quinhentos e quarenta reis passadae

por ella , e registada na fazenda geral, de que cobrará cervi.


dão nas cortas desta , sein a qual lhe não valerá . Domingos
em Goa aa ll die
da Silva, official maior da secretaria , a fez en
Novembro de 675. O secretario do estado, Lazio Nunes fi.
geira , a fez escrever . -Luis de Mendonça Furtado.
Liv. verde 2 .. fol. 106. v.

737
o prince,le como regente , governador dos reinos de Pere
E V !ingal e Algarver , faço saber aos que esta ininha provisão
ein forma de lei virem , que por ser muito conveniente a meu
serviço e ao aug mento do estado ila India, que os ineus Vigo
Reis e governadores della tenhão nouicia das certidões, que se
passarem daqui em diante na matricula geral do inesino udla
0o, e que saibă làobern as baixas que ouverer tido as pes.
soas , que me servein nelle , para que os que procurarem rem
ņuncias de officios, vu ajão de entrar nelles por dote e hø •
Tança , ou lestação tenhão serviços pessoaes : hey, por bem
que o escrivão da inatrisula geral e os contadores della agu
passem Certida a proa aigana que as requerer , ou
sejı para requerimento de serviços, ou para outra quale
590 ARCHIVO DA RELAÇÃO DB QOA.
quer cousasem despacho dos ditos , meus Viso Reis na
governodores da India , e fazendo 0 contrario serão .
castigados como 80 as calpas 0 merecem . E outrosi
ordenarão ao mesmo escrivão da matricola geral, e cona
tadores della que em todas as certidões que passarem , asm
sim para requerimento de serviços, como para outro qualquer
effeito, se fação nellas declarações das verbas, que terem em
seus titulos, e ein que dia se pozerão as laes verbas, e a causa
porque se lhe mandárão pôr em todas as que estiverem ein
seus titulos obrigadas á armada , que o ano passado de 674
passou ao estreito, e dali por diante todas as mais armadas ,
enviará aos cartorios do crime para se proceder contra
elles como for justiça , coin declaração do dia em que se. Thes.
levantárão as dilas verbas , e a causa porque . E na mesma cone.
formidade ordedo que não seja admitida pesroa alguma a
servir, nem por renuncia , nein por outra qualquer via de dole.
e herança, ou lestação , sem primeiro mostrar por certidão de
seu titulo aver.me servido nas armadas e fortalezas frontei..
Tas daquelle estado , presidios ou arrajaes , os annos do regia
mento, o que se não entenderá com os que tem servido, neste
reino, e em postos e lugares de importancia , risco e perigo, e
bastará somente que prefação os ditos oito annos com os que
ouveren servido antes; e as pessoas que ouverem de enire
em officios , por casarem com as orfãs do recolhementu ve
N. S. da Serra , bastará que tenhão quatro annos de serviços
na forina do assento , que se tomou na Relação de Goa; e 08.
escrivães da chancelaria e meia annaia serão tãobein obri
gados a responder ás folhas, que correrem as partes, para as.
intrancias dos officios , sem por isso levarem salario algam ;
e os providos , que ouverem de entrar em officios, que não
mostrarem suas folhas respondidas pelos oito escrivães , se line
não admittirá a intrancia . Pelo que inando ao ineu V130 Rei
da India , que ora he e ao diante for, e aos governadores
della , e vedores geraes de minha fazenda do mesmo estado,
cuin prão e fação cumprir e guardar esta minha provisão mui.
to inteirainente como se nella contem ser duvida algama, a
qual valerá como carta , e não passará pela chancelaria sem
einbargo da ord . liv. 2 ° tii 39 e 40 em contrario ; e se ree
gistará nos livros da dita matricula geral e nos cartorios do
crime e Relaçãı ), e nas mais pariss donde for necessario , para
que ver ha á noticia de todos o que por esta ordeno, a qual sé
passou por duas vias. Paschoal de Azevedo Freire a fez em
Lisboa aos 26 dias do mez de Novembro de 1675.0 se
oretario Manoel Barreto de Sampaio a fiz escrever --Princepe.
Liv , verde 2.° fol. 112.
DOCUMENTOS DO SECULO Xvik , 591

Anno de 1676 .
778

do, e mais desembargadores abaixo assinados , que da pu


blicação deste em diante, assim o ouvidor da cidade , como os
joizes ordinarios e dos orfãos, residissem continuamente em
sua casa nesta cidade e côrte, e per si fação as audiencias
gem as poderem commetter a advogados ; e sendo caso que
estejão doentes as commetterão ao juiz companheiro, ou por
ordem do chanceler;; ainda que de facto as commettão,
nenhum advogado ase de tal commissão , e alem de ser pun
nido com todo o rigor será nullo tudo o que se mandar pelos
taes advogados nas ditas audiencias. E os julgadores que
não cumprirem este assento ficarão logo suspensos, e hans e
outros pagarão por cada vez que forem comprehendidos cem
xerafins, metade para as despezas de justice, e metade para
quein denunciara
E na mesma forma todos os advogados terão seus escria
torios , adonde assistão desde as cinco da manhã até ás onze,
e das duas até ás cinco da tarde , para as paries os acharem a
todo o tempo , excepto naquelle em que forem ás audiencias ,
e a elles irão sempre sob pena das mesmos cen xerafins; e os
Tefrendarios dos cartorios assistirão nelles o inesmo tempo
acima declarado , e pagarão da cadeia a mesma pena; o que
*Be não entenderá nos dias feriados somente da Igreja , porque
em todos os mais, posto que sejão dias feriados da justiça ,
assistirão sempre para melhor expediente della; e isto se en
tenderá tãobem com todos os escrivães e advogados. E por
quanto convem que os feitos e processos venhão a esta Rea
lação bem instructos, e de sorte que se não fação impercepti
veis pelas muitas trapaças, que os advogados principiantes
fazem, como tãobem porque sejão mais auctorisados com os
privilegios que les dá o direito : se assentou que ouvesse
somenle quatro advogados da casa , os quaes serjão primeiro
examinados, e se lhes daria o lugar por opposição , e estes

laes só advogarião nos juizos da côrte. Goa e de Fevereiro


6 de 676 ,-Almada - Monteiro - Soares.
Liv. verde 2. ° fol. 108.

ASSENTOU-SE em Relação,presenteo
tado, e mais desembargadores abaixo chanceler
assinados do
que es:
os
quatro advogados da casa fossem - Manoel Fernandes
502 ARCHIVO DA PELAÇÃO DE GOA
Francisco Ferreira - Manoel "Martins - Antonio Lopes , os
quaes poderião requerer suas cartas pela mesa do despacho.
Goa e de Fevereiro 21 de 676. - Aimada-- Monteiro- Soares .
Liy, verde 2,6 ful. 109 v.

1980
HANCELER do estado da India. Eu o Prince pe pos
CHIA envio muito sandar. Diogo Constancio , estante nesse
ertado, me pedio aqui lhe mandasse passar provirão para
poder advogar nos auditorios dessa cidade de Goa . E porque
dos papeis que apresentou não consta bastantenente de sua
sufficiencia : ine pareceu dizer- vos que o exatnineis , e achando
que he sufficiente , lhe mandeix passar carta para exercitas
o dilo officio, visto a fabia que a hi ha de advogados . Escrila
ein Lisboa a 9 de Março de 1676 .
( Falla a assignatura regią ).
Liv . verde 2. fol. 111 v .
081

tailo, e mais-desembargadores perante


abaixo assinados , que visto
a experiencia ter inostrailo'ser limita lo o quinero de quatro
a.ivogailos da casa , se acrescentassem mais dois , e erlea for
rem Antonio da Silva e Custodio de Sousaq 9.00 na forina
dos inais poderião requerer suas carlas, e que o numero de
Reis advogados se não podesse acresceniar. Gua e de Março
17 de 676 , - Almada --- Munteiro-- Madeira.
Liv. verde 2.° fol , 109 v.
by 82

OS 11 dias do mez de Junho de 6.76 annor, nesta cidade


de Goa , nas minhas ponzad.as apparecerão de presente
Quenim Naique , mentre carpinteiro da ribeira de S. A. e seos
officiues, e por elles me foi dito que indo no tronco desta dita
cidade, por ordem do dr. Luiz Monteiro da Cost4, ouviduc
geral do crime , para verem se o dito tronco se poilia conser
lar , o que vendo achárão todas as paredes rendidas debaixo
e veciina . e que não podião conserlalon , por não ter obra de
carpinteiro, sein priineiro se consertarem as paredes , pois nem
pontaletes the posiião meter, por estarem as traves ein vão; que
enxovia debaixo The tem fallado a parede que está cahida
huin pedaço . Por bem do que ; fiz este lermo en que se assigna
TOCUMENTOS DO SECULO XVII. 593

o lito iniestre e mais officiaes comigo escrivão do crime da


côite , que o escrevi e me assignei. Joseph Rodrigues de Goue
veia - signal de Quenim Naique, mestre -signal de Joseph Ro.
'drigues, carnintein - oxignal de Narná Naique, carpinteiro
signal de Samaná , carpinteiro - ignal de Tuqui corpinteiru.
Li . verde 2 .: fol 110.

783

A OS 18 dias do mêz de Junho de 676 , em presença do


chanceler do estado e maie ministros abaixo assinados,
nesla inéza da Relação,'appareceu o revd .° padré pai dos chris.
18os, Loiz de Abreu , e nella representou que o tronco desta
cidade estava ameaçando instantanea roina , sem de presente
pelo rigor do inverno se lhe poder applicar remedio ; e que
por esta causa corrião evidente perigo as vidas dos presos ,
o que assim tãobem representou o dr. Luiz Monteiro da
Costa , ouvidor geral do crime , a quem se avja commetido o
exame , acrescentando mais que não dava por seguros os
prezos ou dito tronco ; e requeria fossem passados para a ca
sa da polvora e sala dos Brağas e Galé , por quanto já duas
vezes desta meza se avia feito presente ao sr. Condé Visa
Rey, para que ordenasse á nobre cidade que concertasse o
ditu tronco, como tinha obrigação, ou o largasse á justiça para
das despezas della se reformar e consertar; o que a qila nož
bre cida'ie não quizera fazer ategora . E considerado tudo:
se assentou que os ditos prezos, conforme a qualidade das
causas , logsem passados para as referidas prizões, excepto
aquelles que fossem presos pelo dito sr . Conde Visu Rey ,
ou embargados pelo tribunal do Santo Officio , porque ácerca
destes daria primeiro conia ao dito sr, e tribunal o ouvidor
geral do crine, Goa , die ut supru .-- Almada -- Madeira - Mon .
teiru Soaresi
Liy, verde 2.. fol 110 v.
84

OR QUANTO Saa Alteza , que Deos Gaarde, por carta da


PO R de Marçu 676 me orjena que visto haver luntado posse
13
codr. Sebastião da Costa , deão da Sé primacial de Goa, de
desembargador de Relação desta cidade, e que o deixe logo
servir , e o mêta de posse do dito lugar, em que o tinha pro
vido ; ordeno ao chanceler do estado o dr. Francisco Cabral
d'Aliada que na mesına forma, que Sua Alteza manda, mêla
posse ao dito dr. Sebastião da Costa do dito lugar de dereine
bargador, como se costuma fazer aus mais desembaryadures;
594 ARCHIVO DA RELAÇÃO DE GOA

quando entrão a servir. Goa 1.º de Dezembro de 676.- Mene


donça . Liv . verde 2. fol. 111..

Anno de 1677 .
785

EU o Princepe Regente e Governador dos Reinos de Por.


tugal e Algarves. Faço saber aos que este meu alvará vi
rem que por evitar as grandes opressões e duvidas que os Vasa
salos da India e deste reino tem de ordinario sobre os requeri.
mentos, que fazem nelle , tocante ás acções que lhes pertencem
de mercês já feitas, e não a serviços que estão por se ahi fazer;
tendo a ludo consideração, e ao que a isso respondeu o pro
carador da corôa a que se deu vista : hey por bem de de.
clarar que as acções de mercês feitas por serviços continua..,
dos no estado da India , que pertencerem a ineus vassalos
estantes nelle ou neste reino as possão requerer pelo ineu
conselho ultramarino, sem que seja necessario virein consul.
tadas da India pelo Viso Rey e ministros , que lhe assistem ,
por quanto os serviços porque se fizerão as taes mercês já
fôrão vistos em despacho na India , e erão consultados pelo
dito Viso Rey e conselheiros que lhe assistirão , quando se
deferiu a elles, c que se fica evitando não se retardarem os
despachos , tanto em prejuizo das partes, com as duvidas que
de poem na India ás pessoas que requerem neste reino por
virtude da provisão passada em 10 de Março de 617, que
inanda se despachem na Iudia as pessoas que estiverem na
quelle estado, e pertenderem mercês por seus serviços, e pelas
acções que lhe pertencerem ; a qual provisão hey por este
por derogada naquella parte, que toca as acções, e no mais
ficará em seu vigor para se executar o que ella dispõem .
Pelo que mando ao meu Viso Rey, ou governador do estado
da India, que'ora he e ao diante for, e ao vedor geral de mi.
nha fazenda delle , e a todos os mais ministros a que pertencer,
cumprão e fação cumprir , e guardar este med alvará muito
.

inteiramente , como nelle se contem , sem duvida alguma, o


qual valerá como carta, e não pasgará pela chancelaria, sem
embargo da ord , ' do liv. 2. tit . 39 e 40 em contrario; e
se registará nos livros da secretaria daquelle estado , da
minha fazenda e Relação, e se mandará publicar por editaes
para vir á noticia de todos; e se passou por duas vias, Ma.
noel Rodrigues de Amorim o fez em Lisboa a 22 de
Março de 677. O secretario Manoel Barreto de Sampaio o
fez escrever. - Princepe.
Liv . verde 2. fol. 127.
DOCUMENTOS DO SECULO XVII. 595

M Pedro de Almeida, Viso Rey da India , amigo . Eu


DOM
o Princepe vos envio muito saudar. Com intento de tra .
zer a meu serviço os portuguezes de todas as qualidades ,
que se affirma andão ausentes em terra de mouros por cria
mes que nesse estado commetterão, mandei aqui passar em
9 de Abril do anno de 1660 hunia provjeão geral , per que
concedi aos Viso Reis governadores delle , que em meu
nome perdoassem geralmente todos e quaesquer crimes ,
excepto os de heresia , sodomia , lesa.magestade divina od
humana , e outros de prejudiciaes consequencias; e ha noticia
que está na secretaria do mesmo estado , que se avia já co
meçado a praticar. E porque dezejo que passe adiante , e que
os meus vassalos se aproveitem da minha clemencia , vos
quiz dar esta noticia, e encarregar -vos , como faço, que o
procureis quanto em vós fos, tendo porem entendido que em
nenhuma forma se ha de praticar a dita provisão com ne.
Conde de Obidos. Es
nhum dos culpados na expulçãodedo1677.
crita en Lisboa a 17 de Abril - Princepe.
= Para o Viso Rey da India.: =
Sem embargo de que na ultima parte da carta de
Sua Alteza , sobre o perdão , se excepturo os culpados na ex .
pulsão do Conde de Obidos; considerando Sya Alleza que este
negocio está já tão esquecido, e fodera aver algumas pessoas
inerecedores de perdão : he servido que V. M.ce possa
tão bem praticar com elles a provisão geral , de que aquella
carta faz menção , de que a viso a V. M.ce para que o senha
entendido , Deos Guarde a V. M.ce muitos annos . Dj Paço
a 17 de Abril de 1677 .---Francisco Corrêa de Lacerda.
Senhor Dom Pedro de Alineida,
Liv. verde 1. fol. 144 .
A22 de 103.

PORQUE naRelaçito
ção da fazenda , tribunaes
se podem achar e ministrosdla
muitas arrecada
e diversas ordens,
que não nos serão presepies , e podemos mandar cousa que
às enconire , o que não he nunca nossa lenção : osdenamos e
mandarnos aos ministros dos ditos tribunaes , que sendo - lhe
a presentado algum decreto , ou ordem no sa contra o que dis
.

põem as leis , se não dê comprimento a ella sem primeiro nos


advertirein das que tiverein em contrario ; e não aos advere
15
596 ARCHIVO DA RELAÇÃO DE GOA
tindo ou replicando, se haverá pelos ministros, a que tocar,
as perdas e daid nos , que por algum caminho receber a fazen:
da de S. A. e das partes ; por quanto he sempre nossa lenção
obrar conforme as leis e regimento , as quaes nos não podem
ser todas presentes, e o são a cada hum dos tribunaes, e nelles
se tomará resão deste decreto, e se nos trará certidão de que
fica registado. Goa 8 de Janeiro de 1678.- Primaz - Sande.
Liv . verde 2.° fol. 119 v.

788
S
seatárão por sua carta que a renovação de vidas das
aiuêas de seu districto se lhe tinha tirado por huma portaria
do Conde do Lavradio, que mandou ao procurador da corôa
para responder ás petições , que lhe remeltesse dos que pe
direm a dita renovação, que não leaba lagar : e porque esla
materia he de justiça, me digão os ministros da Relação o
que devo mandar neste particular conforme a ella. Goa 12
de Janeiro de 1678 .- ( Rubrica do sr. Viso Rey . )
Resposta dos ministros.
Senhor Pareceu aos desembargadores abaixo assignados
que a renovação de vidas das aldeas deste estado se deve
coaceder de direito aos herdeiros da ultima vida , por sempre
assy se julgar nesta Relação, este direito competia, sendo
as vidas acabadas, ao herdeiro, por não haver de S. A , ordeni
em contrario, que nos seja presente ; para cujo effeito se deve
tratar esta materia no conselho da fazenda , ouvido o procu
rador da coroa e fazenda . Goa 13 de Janeiro de 678. - Ma
deira - Monteiro - Ad fui, Mesquita - Costa.
Asseulou-se em conselho da fazenda, presente o sr. Viso
Rey e mais ministros deputados delle , que visto o parecer
dos ministros da Relação aqui junto; e ser estylo e costume
sempre observado na lodia permitur-se o direito da renovação
das vidas das aldeas , e não haver ordem expressa de S. A.,
que revogue este estylo e direito, se observem as ditas ordens
de 8. A. e as mais particolares, que fallarem na forma dos afo .
ramentos das ditas aldeas. E este se registará onde tocar .
Goa 18 de Janeiro de 1678.- Sande - Rodrigues- Madeira
Ad fui, Mesquita .
Liv. verde 2. • fol. 120.


.

DOCUMENTOS DO SECULO XVII .' 597

789

DOM Pedro porgraçade Deos,Princepede Portugale


dos algarves &c. Faço saber aos que esta minha lei vi.
rem que o povo gentilico de varias nações e officios, mora
dores na cidade de Goa e suas Ilhas , Chaul, Bapain e Da
mão, e suas jurisdicções, me representárão por sua petição
que o sr. Rei D. Sebastião fôra servido ordenar por homa lei
passada no ano de 1559, que todos os filhos dos gentios , que
na dita cidade de Goa, e mais partes da India , ficassem sem
pai , sem mãe, sem avô nem avó, ou outros ascendentes , que
não fossem de idade que podessem ter entendimento e juizo
de resão, tanto que o derradeiro de todos os herdeiros falle
ce88e , o juiz dos orfãos de 80a jurisdicção os fizesse logo
levar, e entregar no collegio de S. Paulo , da companhia de
Jesus da dita cidade, para serem bautizados, creados e
doutrinados, em corroboração da qual lei passara outra o Vi
80 Rey Dom Antão de Noronha em 4 de Novembro de 1564.
E que tendo-se mandado guardar a dita lei, alcançára depois
o padre Antonio Cerqoeira, da companhia de Jesus, pai dos
christãos, huma provisão do Viso Rey Dom Phelippe Mascare.
nhas, paseada em 13 de Outubro de 1646, na conformidade de
hum assento tomado na mesa da 2," instancia da dita cida.
de de Goa, em que se declarou ser orfão o filho do infiel pela
morte do pai , ainda que tenha mãi , avós e outros ascenden.
tes, e aver-se-lhe de dar tutor ohristão ; e que podia ser
bautisado ainda que a mãi , ou qualquer dos ascendentes o
contradissesse , declarando -se no dito assento que asey es
tava determinado no primeiro concilio provincial de Goa,
decreto 13, celebrado na dita cidade no anno de 1567 pelo
arcebispo primaz Dom Jorge Themado , e mais deputados ,
e confirmado em nome do dito sr. Rei Dom Sebastião pelo Vi.
80 Rey D. Antão de Noronha no anno de 1567. E que com o
pretexto da dita provisão os padres pais dos christãos , como
o presente , prendião e metião na casa dog bathecumenos os
filhos ee filhas, que fica vão por morte de pai , tendo mãe e avó
e avô e outros ascendentes , pera os bautizarem e fazerern
christãos , contra vontade dos sobreditos ; e que constrangi .
dos os ditos gentios destas avezações se passarão muitos
para a terra dos mouros com suas casas e familias, e outros
pretendião fazer o mesmo, deixando seus tratos e officios, de
que não sómente resultava prejuizo á fazenda real, mas ain
da á lei catholica , porque não mandava que pessoa alguma
se fizesse christão por força , senão por sua livre vontade : pe.
dindo- me mandasse comprir a dita lei do dito sr. Rei Dom
Sebastião, e passar outra em sua corroboração , sem embargo
599 KLACHIVO DA RELAÇÃO DE GOA
da provisão passada pelo dito Viso Rey Dom Phelippe M150
carenhas, e de qualquer outra em contrario. EE sendo por
mim vista a dita peticio com os papeis, que os gentios ofe
ferecerão , mandei reinetter a copia della ao meu Viso Roy dą
India com carta rinha de 31 de Março do ano passato de
677 , ordeainio.lhe que por este neg cio ser de sammna impor .
tancia , e pedir toda a consideração , se juntasse com as pessoas
que lhe apoplei na dita carta , e com outras mais , que lhe pare .•
cesne , ouvindo o padre pai dos christãos , o neu procurador da
corộa , e o procurador do povo gentilico con todos os docu .
megtos , que se podessem ajaatar, e tomandosię resolução no
negocio , sendo conforme nos votos de todos se executasse ,
dando -me conta della com todos os documentos e pareceres
na primeira monção , e da mesin a maneira se seculasse a re
Bolução ainda que ouvesse hum ou dois votos que fossem dife
ferentes . E na conformnidade da dila carta mandou o dito Viso
Rey juntar todos os documentos que havia sobre esta mate .
șia , e entre elles a lei de que se faz menção do sr. Rei D. Sen
bastião sobre os 0 : fãos gentios, de que o treslado he o seguing
ie :—
Segue - se a lei, que está publicada no Arch . Port, Orient.
Fasc . 5. n .° 287 .
Em corroboração da qual lei passou outra o Viso Rey Dom
Antão de Noronha em 4 de Novembro do anno de 1574, de
clarando nella que a dira lei seria lugar em todas as partes
da India , e nos môços ou môças que não passarem de idade
de 14 annos. E outrosy entre os documentos se achou tão.
bem huma carta escrita pelo governo de Portugal, ein tempo
de El-Rei Dom Phelippe, ao Conde Alinirante, Visu Rey da
India , ácerca dos casamentos dos gentios, sobre a qual pare
ceu ao dito meu Viso Rey , se tomasse juntamente resolução
por assim convir ao serviço de Deos e meu , de que a copia
he a seguinte:
Segue - se a carta, que he de 5 de Março de 1621 , vid. n.º 446
dosle Arck. da Relação.
A qual carta fui manuada cumprir por provisão do
dito Conde Almirante passada em nome de El - Rei Dom
Phelippe em 9 de Maio de 1625. E sendo ouvidos os
procuradores do poyo gentilico , e o padre pai dos christãos .
e o procurador da corôa , como ordena a minha cara de 31
de Março do anno passado , chamou o meu Viso Rey Dom
Pedro de Almeida a junta particular as pessoas apontadas na
inesma, carta e outras que lhe pareceu , pela faculdade nella
concedida: e vendo -se na dia junta todos os ditos papeis,
repostas que derão os sobreditos , se assentou que se cuma
prisse e guardasse a dita lei do sr Rei Dom Sebastião so,
DOCUMENTOS DO SECULO XVII. 599

bre os orſios gentios , na forma que nella se contem , sem se


praticar mais o que se tinha introduzido , tomando - se por for.
ça os gentios orfãos para ge bratisarem, tanto que fallecia seu
pai , contra o que estava disposto na dila lei , de que se seguião
grandes inconvenientes , porque muitos dos ditos ojfios de.
pois de crescidos tornavão a usar dos ritos de suas gentili.
dades , devendo ser a conversão dos ditos gentios pelos meios
su i ves da lei de Christo , e pregação evangelica em que se
devia empregar os missionarios da India , e não as vivlen
e
cias com que se fazia contra vontade de suas mães
avós , de que se resultava ausentaraip.se pera a terra
estranha, por se verem avexados ,, buscando outros domi .
cilios , com que ficava a igreja sem as esperanças que podia
ter de trazer ao gremio della estas almas , se vivessern entre
os fieis. E que na inesma forina se devia tãobem comprir , e
guardar o que estava disposto na carta escrita pelo governo ,
em tempo d’El.Rei Dom Phelippe , que mandava fazer os
casamentos dos ditos gentios nas terras do estado , com de.
claração que serião feitos ás portas fechadas, assistindo de fora
ein guarda dellas as pessoas que forem nomeadas por quem
tocar para que não conşintão entrem nas ditas casas bolos ,
nem outros ministros de pagodes a fazer sacrificios , nem ritos
e cerimonias gentilicas,como costumavão fazer os ditos gentios
contra o que está resoluto na dita carta do governo . E tendo
respeito a tudo o referido , consideradas estas materias com
toda a altenção , por ser tanto do serviço de Deos e meu , e
conformando -me com o assento da dila junta : hey por bem
e me praz de aprovar e confirmar a dita lei do sr . Rei Dom
Sebastião nesta encorporada de 23 de Março do 1559 sobre os
orfãos gentjos, corn o acrescentamento que em sua corrobo
ração fez o0 Viso Rey Dom Anião de Noronha , em que decla.
rou que a dita lei ter ialugar em todas as partes da India , e nos
môços ou môças que não passarem da idade de 14 annos . E
outrosy , hey por bem e ine praz de aprovar e confirmar o que
está disposto na dita carta do governo nesla encorporada e de
5 de Março de 1624 , sobre os casamentos dos ditos gentios,
com declaração feita de novo no assento da dita junta á .
cerca dos mesmos casamentos para se atalharem os sacrificios
e ritos gentilicos de que usavão. E mando que daqui en dian .
le se execule e guarde inviolavelmente o que está resoluto nas
ditas leis e carla, com o acrescentamento e declaração referida
Bern intrepetração dein modificação alguma. Pelo que ordeno
e mando ao meu Viso Rey e capitão geral da India , que ora he
e pelo tempo em diante for, e aos governadores do mesmo
estado cumprão) e guardem e fação inteiramente cumprir e
guardar esta lei , assim e da maneira que nella se contem , fa
600 AROHIVO DA RELAÇÃO DE GOA ,
zendo- a executar em todas as terras do dito estado . Norifico - o
assim ao chanceler delle, desembargadores da Relação, mais
ministros da justiça e fazenda da dita cidade de Goa, e mais
partes da India, para que cada hum no que lhe tocar o cum.
pra e guarde sem duvida nem embargo algam; por quanto
assim he minha mercê, e o dito chancelera fará publicar
na chancelaria , nos lugares pablicos e costumados, para
que venha á noticia de todos o que por esta lei teobo orde.
nado, a qual será registada nos livros dos registos da secre
taria do dito estado, e nos da Relação e Oamara da nobre
cidade, de que os officiaes a que tocar passarão certidões nas
costas da mesma lei, que ficará em boa guarda na torre do
lombo; e não pagará meią annata, nem os direitos de chance.
laria, por ser do meu serviço. O Princepe N. S. o mandou por
seu especial mandado, por Dom Pedro de Almeida , vedor da
casa real , Viso Rey e capitão geral da India , Dada em Goa
sob o sello das armas reaes da corôa de Portugal, João de
Ataide a fez ang 19 de Janeiro, annu do N. de N. S. Jesus
Christo de 1678. Ero secretario Luiz Gonçalves Colta a fiz
escrever-Dom Pedro d'Almeida - Luiz Gonçalves Cotta .
Liv. azul 1.9 fol. 114 v .
790
DOUTOR Ray Lopes de Viegas, fisico -mor deste estado,
que todos os seqs antecessores fôrão medicos da Rela.,
0.000
ção, e assim he estylo; pelo que pede a V. Ex. o mande mete
ter de posse. R. M.- Como pede, 13 de Janeiro de 1678.
Almeida .
O guarda-mór da Relação registe esta petição, e por .
taria do sr. Viso Rey nella posta, para vencer o suppli.
cante o que lhe tocar, do dito registo em diante, para o que
se lhe dará certidão do registo ao pé deste meu despacho . Goa
22 de Janeiro de 1678 ,-Madeira .
Liv. verde 2.0 fol. 119
791

DO
OM Pedro por graça de Deos &c. Faço saber aos que
esta minha carta de lei viren, que sou informado que
correndo sempre a moeda de ouro de sãothomés geralmente
em todo o estado da ladia por cinco xerafias , se alterou de
poucos annos a esta parte o dilo valor no tempo do governo
do Viso Rey, o Conde do Lavradio, acrescentanilo.ee mais
huma langa em cada hom, limitando - se somente este cresci
mento de cinco xerafins e huma langa nos sãothomés que
corrião na cidade de Goa , suas Ilhas e terras de Saly
>
DOCUMENTOS DO SECULO XVII, 601

cete e Bardez , sem se extender esta permissão ás terras do


norte e mais praças do dito estado, de cujo crescimento não
resultou interesse algum á minha fazenda real , por não terem
ido os ditos sãothomés á casa da moeda para se conharem
com mais o valor da dita tanga , ficando todo o lucro e intro
Tesse nos particulares que os tinhão. E porque a experiencia
tem mostrado os damnos que se tem seguido ao mesmo estado
de correrem os ditos sãothomés na dita cidade de Goa, suas
ilhas e terras de Salcete e Bardez por cinco xerafios e huma
langa, não correndo nas terras e fortalezas do norte mais que
por cinco xerafins, de que tem resultado com esta variedade
grande diminuição nos tratos e commercios ; sendo este cres.
cimento causa de não haver no dito estado a moeda dos xe.
rafins de prata , por toda se ter levado pera terras estranhas ,
por lhe acharem conta; chegando a tanto estremo que com
dificuldade se achão os ditos xera fins de prata, com que
meus vassalos padecem grande detrimento a respeito de
trucos para as cousas ordinarias e , usuaes do sustento . E
desejando remediar estes dam008 , e atalhar o que não vão em
angmento, mandei ver esta materia nos conselhos do estado e
fazenda da India , com assistencia do procurador da minha
corôa e fazenda, pera que se assentasee o que fosse mais con.
veniente ao meu serviço , e ao bem publico e commum dos
meus vassalos ; e considerando este negocio com toda a ale
tenção que pede a importancia delle : se assentou uniforme.
mente por todos os ministros dos diros conselhos , que a dita
moeda de sãothomé corresse geralmente em todo o dito es .
tado por cinco xerafins, sem se altender ao prejuizo que al.
guns particulares recebião nisso, em resão da tanga que se
The diminuia , por quanto esta diminuição ficava compensa .
da com o que tinhão danles lucrado, quando se acrescentou
a dita langa; e que por averem lido o dito commodo e utili.
dade, não devião estranhar agora o incommodo deste abati.
mento, porque nos termos em que este negocio se achava
não se podia dar outro meio, nem se devia esperar que mi.
nha fazenda real suprisse esta baixa , por não haver tirado
jateresse do crescimento da dita tanga, nem ella se achava
com possibilidade para isso, por estar muito atenuada e ser
precisamente necessario valer-se de todos os effeitos. E con.
formando.me com o dito assento, em que se referirão outras
mais resões, concernentes a esta materia, dinas de toda a pon.
deração: hey por bem e mando que daqui em diante corra a
moeda , que está lavrada de sãothomé,a resão de cinco xerafias
cada bain , assim na cidade de Goa e suas ilhas e terras de Sale
dele e Bardez, como em todas as cidades e fortalezas e terrat
602 ARCHIVO DA RELAÇÃO DE GOA
do norte, e mais praças e lugares do dito estado . E pela mes.
ma conia correrão para todos os pagamentos e trocos, sein alle .
ração alguma, ficando direito reservado ao procurador da
minha coroa e fazenda , para requerer contra a pessoa ou pes.
soas , que forão interessados no crescimento da langa em ca
da sãothomé, que paguem por seus bens e fazenda o avan .

ço, que nisso tiverão, para do que cobrar delles se satisfazer pro
i ata as partes a diminuição, que agora se faz da dita tanga , con.
formeao que cada huma jas ditas partes manifestou dos são
Thomés, que tinha , em cumprimento dos bandos que os meus
governadores da India mandárão lançar na dita cidade de
Goa , terras de Salcete e Bardez . E mando ao mestre
e thesoureiro da casa da moeda da dita cidade de Goa ,
faça lavrar em xerafins todo o ouro , que tiver entrado , e
for entrando nella , com os mesmos cunhos dos xerafins de
prata, pelo mesmo toque dos sãothomés, a resão de cinco xe.
rafins por cada hum , sein alteração nos pontos e peso que de
presente tem, e todos os sãuthoriés meio , e sãothomé: quar .
108, que estiverem na dita casa sem estarem cunhados se
lavrarão nos ditos xerafins; e todas as pessoas , que tiverem
ouro para lavrar, o poderão levar á dita casa , onde se não la .
vrará mais a ' moeda dos sãothomés sem nova ordein minha,
ou do governo da Falia, lalo na conformidade do assento
tomado nos ditos conselhos do estado e fazenda , sob pena de
que quem o contrario fizer , incorrer n 18 que estão estabe.
lecidas na ordenação do reino contra os que falcificão moe .
da, Notifico - o assim ao vedor da fazenda geral , chanceler
da Relação, juiz conservador da moeda e mais ministros
da justiça e fazenda da dita cidade de Ga, e mais partes da
India , para que cada hum na parte que lhe ticar compra e
faça cumprir e guardar inteiramente esta lei como nella se
contem'sem duvida nem contradicção alguma; e o dito chan
celera faça publicar na chancelaria , nos lugares publicos e cos .
tumados, e para que venha á noticia de todos mandará os tres.
lados della assinados por elle para as fortalezas do norte , onde
tão bem será publicada ; e se registará nos livros de registo
da secretaria do dito estado, e nos da chancelaria , Relação
e cainara da nobre cidade , de que os officiaes a quem tocar.
passarão certidões nas costas da mesma lei , e não pagará
meia annata, nem os direitos de chancelaria por ser do meu
serviço. Dada em Goa sob o sello das armas reaes da corôa
de Portugal . Nicoiáo Ferreira a fez a 12 de Maio , anno do N.
de N. S. Jesus Christo de 1678. O secretario Luiz Gonçale.
ves Colla a fez escrever.-Dom Frey Antonio Brandão , Ara
cebispo Primaz - Antonio Pues de Sande-Luiz Gonçalves Cótta
Liv. verde 2. ° fol. 120 v.
DOOU MENTOS DO DECULO XVII, 603
792

U o Princepe como regente dos reinos de Portugal e dos


EVO
Algarves &c. Faço saber aos que esta minha provjeão vi.
rem que , por se me representar por parte de Manoel Lopes
de Lavra , a quem oia fiz mercê do cargo de secretario do
meu conselho ultramarino, que eu tinha ordenado per regi.
menlo que nelle corressem todos 08. negocios da fazenda, da
goerra e justiça, tocantes ás conquistas, dando-lhe em partj.
cular todo o poder e jurisdicção, que aellas tinha o tribunal
do desembargo do paco antes da creação do mesmo conselho;
e que a elle Manoel Lopes de Layra , como secretario delle,
tucave e pertencia cobrar todas as propinas, que as Relações
uliramarinas davão aos secretarios seus antecessores : pedin ,
do-me que para este effeito lhe mandasse pagsar provisão:
hey por bem e mando ao chanceler e mais ministros da Reum
lação da cidade de Goa , que ora são e a diante forem , que
dêm cada anno so dito Manoel Lopes de Lavra , durante seu
provimento , as propinas e ordinarias , que lhe tocarem das des.
pezas da justiça , na qualidade e quantidade que he estyin ,
assy como se pagavão a sen a plecessor Manoel Barreto de
Sampaio , as quaes começará a vencer desde o primeiro de
Setein bro de 678. E por esta minha provisão, que será re
gistada nos livros da dita Relação de Gos , com conheciinen .
io do dito Manoel Lopes Je Lavra, ou de seus procuradores ,
será levado em conta ao thesoureiro ou recebedor as quan.
tias, que assy lhe pagarem das ditas suas propioas . E esta
se cumprirá muito inteiramente com nella se contem , sem
duvida nem contradicção alguma ; e não passará pela chao .
celaria , e valerá como carta sein embargo da ordenação do
livio 2.° til. 39 ee 40 ein contrario, e se passou por duas vias,
Manoel Rodrigues de Amorim a fez em Lisboa a 20 de Oulu.
bro de678. O secretario André Lopes de Lavra a fez escre
ver. - Princepe - Conde de Vul de Reis.
Liv. verde 2.° fol. 131 v .
Anno de 1679.

793

ASSSEN TOU.SE em Relação, presente o sr. governador e


mais ministros della , que visto ler o dito sr. mandado
passar ao norte o dr . Miguel Nones de Mesquita , provedor
inór dos defunctos a certas diligencias do serviço de S. A. , se
The concedem os poderes de ouvidor geral do crime com al .
çada, para devassar dos casos que se lhe ordenesee nesta
16
601 ARCHIVO DA RELAÇÃO DE GOA
mesa, e que pelo dito governador The for ordenado, para o
que se lhe darão as instrucções necessarias ; e que para pas.
car com aictoridade, que convem á boa administração da
justiça, se lhe concede a alçada para sentencear todos os ſeitos
crimes dos culpados, cujos delictos provados não merecessem
mais que the cinco annos de degredo, tomando para adjuntos ao
capitão da cidade ee fortaleza , em que se achar, ao ouvidor dele
la , ao feitor e alcaide mór e juiz ordinario ; e as sentenças , que
proferirem nesta forma, se darão á sua execução sein appel
lação nem aggravo. E que na mesma forma poderá sentencear
os casos de morte ou motilação de membro , ainda que pro
vados merecessem maior condemnação que a dos ditus cinco
annos , inas as laes sentenças se não executarão sem dar coold
com os autos a esta mesa ; e que nos casos civeis usaria do
regimento ito ouvidor geral do civel . E vindo alguma parte
com suspeição ao lirar las devassas procederia com adjun
tor , e este:, -eria o capitão da fortaleza, e na 802 80 : encia
o olvidor we feitor. E desde o dia que parlisse desta cidade
athe tornar a ella venceria por dia , avendo culpados á custa
á

delles 1600 1.8 , isto de cada hum pro rata ; e não havendo
culpados se lhe pagaria das obras ti a justiça, a vendo-as, 1400
1.', e não havenilo obras da justiça se lhe pagaria pela fa
zenda real 1200 r. por dia . E que ao escrivão da alçada e
meirinho cella se lhe pagaria duis surafias por dia , na ines.
ma forma ; e que levaria 12 honnens brancos, a que se paga .
ria por dia duas tangas, e dos homens a que se pagaria por
dia hum larim , tudo na inesına forma declarada , para o que
se lhe passarão as ordens necessarias. E por quanto a bein
da justiça convinha precisamente fazerem-se algumas dili.
gencias , execuiaria com toda a observancia as seguintes:
Primeiramente tirará as residencias dos capitães , ouvi
dores e feitores , que nas partes do norte estiverem por tirar.
Deyasgará do ouvidor de Tanná e de Damão pelos capitulos ,
que delles derão os morodores daquelles povos, para o que se
The derão todos os papeis que vierão a esta mesa sobre este
particular ; uevassará da morte do ouvidor de Damão, sem >

embargo de que neste caso se tenha tirado outra devassa, a


qual se entregará para se queinar, quando se proceder á se
gunda ; devassará de João d'Eça de Menezes do que obrou
contra hum escrivão só com elle fazer huma diligencia, para
o que se darão os papeis que estiverem cennellidou a esta
mesa ; devagsará dos crines commellidos contra os criados
de doconio de Sá e Antonio da Cunha de Mello , e seus cu.
ruinbins, para o que levará os papeis que estão no cartorio do
criine . Gua 2 de Janeiro de 679. - San'le - Madeira - Montei.
-

ru ? Liv . verde 2. ° fol . 1 23v .


DOCUMENTOS DO SECULO XVII. 605

794

presente ás rasões , que foe


mais ministros della, que attendendo
rão presentes a esta mesa por carta da cidade de Macháo,
sobre as condemnações para as despezas da Relação, sem
haver na dila cidade donde se pague as despezas da justi
qa, que na dita cidade fţzessem , e o estado em que os mora
dores della se achavão na atenuação de seus bens , sendo obri .
gada á sustentação do dito presidio, e reedificação dos muros
da dita cidade : pedindo se applicassem as condemnações para
as obras da justiça da dita cidade , e restando alguma
porte para a reedificação das fortificações della ; ao que atten .
dendo, se declarou que as condemnações, que se fizessem das
pessoas de Macháo, sendo arbitrarias aos julga : iores , e não
applicadas pela lei , se applicassem daqui em diante na forina
pedida pela dita cidade , Goa 28 de Abril de 1679. - Sande
- Monteiro - Mesquita - Costa .
Liy. ver.le 2. fol. 125 v .

D2M Pedro por graça de Deos


?Algarves, Princepe de Portugal e dos
daquem e dallem mar em Africa , Senhor de
Guiné e da conquista , navegação, commercio de Etiopia , Ara
bia , Persia e da India . Como Regente successor e governador
dos ditos reinos e senhorios, faço saber aos que esta minha
provisão virem , que depois que o Viso Rey D. Pedro d'Almei
da , por carta minha de 31 de Março de 677, fez huma ley em
29 de Janeiro do anno passado de 678 sobre os urfãos gen.
tios, em que juntamente tratou dos casamentos dos mesinos
gentios , se queixárão elles por repetidas vezes com varias
petições e instancias a Antonio Paes de Sande, do meu
conselho, governador e capitão geral da India, representando
The a impossibilidade com que se achavão de poderem hic
fazer seus casamentos á terra firme de mouros, como dantes
fazião, por causa das pri : 7: s e roubos, que lá se tinhão feito
de poucu tempo a esta parte a alguns gentios , que forão aos
ditos casamentos , como era notorio; e juntainente pelo lemor
da pena do bando , que o dito meu governador mandára lan. 1
çar, prohibindo aos mercadores gentios a passagem da outra
banda , em resão do que tinha succedido , nem lãobem os po
dião fazer nas terras do estado nas suas freguezjas, porque
ainda que assy olinha ordenado por seu alvará o Viso Rey
Dumn Jeronimo de Azevedo em 13 de Maio de h 13, que ve.
606 ARONIXO DA RELAÇÃO D & QUA
pois confirmára por outro alvará o governador Fernão de Al.
baquerque, passado em 22 de Maio de 621 , que eu tinha mun•
dado cumprir por carta minha de 5 de Março de 1624 , permit .
tindo que podessein fazer os ditos casamentos em 899s caras,
por serem desse parecer os. theologos e canonistas da junta ,
que mandei fazer na cidade de Lisboa sobre este particolar;
com tudo esta permissão se tinha alterado com a declaração
que de novo fizera na dita lei Oo dito Vino Rey D. Pedro de Al.
meida, ordenando que os ditos casamen 08 de fizessern ein 80a8
casas ás portas fecha ias, e , assistinitu de fura em guarda dela ,
4

las as pessoas, que fossem norneadas por quem tocasse , para


que não consentissem entra - sem as ditas casas botos, nom
outros ministros de pagodes a fazer sacrificio, nem ritose
ceremonias gentilicas, como elles gegtios costumava fazer,
com a qual declaração ficavão totalinente impossibilitados
de poderem fazer os ditos casamentos , porque couforme
seus rito , não podião ser validos sein assistencia dos ditos,
bộtos e ceremonias gentilicas; e sen lo feitos em outra forina
erão nullos, ficando as mulheres tidas por mancebas, e os
filhos por illegitimos e privados da nobresa de seus pais . E
posto que quando se fizera a dita ley , se entende a que se fa
zia favor a elles gentios em se lhe perimittirem os ditos ca
zamentos em suas casas com a dita declaração, parecendo .
que os podião fazer em quanto ao contrato sem a dita assis.
tencia de bôtos e ceremonias; com tudo a verdade era que
ni- go ficarão muito gravados e prej idicados , pel 18 resões
referidas , alem de que não podia sortir effeito a dita reso.
lução , por ser tomada á sua reveria , sem elles serem ouvi
dos, nein fazerem requerimento algum sobre este partico
lar dos casamentos ; por quanto o requerimento que só
mente me fizerão , de que procedeu minha carta de 31
de Março de 1677, escrita ao dito Viso Rey, fôra para que eu
ordenasse que o pai dos christãos Thes bão tomasse seus fi
lhos,orfãos de pai para us bauptisar, por ser contra huma lei
do sr. Rey Dom Sebastião , passada em 23 de Março de 1559,
em que mandava se não tomas :em os taes orfãos, senão a.
quelles que ficassem sem pai , sem mãi , sem avós , nern a vô ou
outros ascendentes; e não dera poder nem commissão na
dita carla ao dito Viso Rey, para tomar resolução sobre os die
108. Casamentos , no que excedera a dita ordem javolvendo
Da occasião dos ditos orfãos o negocio dos ditos casamentos ,
de que se não trataya , com que nesta parte ficava sendo
nulla a dita ley, da qual não tiverão elles gentios Boticia se
não depois de passada pela chancelaria e publicada ; porque
se a tiverão anteriormente mostrarião que a dila minha ordem
pio permiltia que se tomasse conhecimento do dito negocio .
DOCUMENTOS , DO SRCULO XTII . 607

E ainda que o dito Viso, Rey me tinha dado conta do que


obrára neste , particular remettendo -me a copia da dita lei
com lodos os papeis, que se ajo niárão quando se vira esta ma.
teria dos osſãos e casamentos 14 janta, que se fizera por ini.
nha ordeın aa cidade de Goa , bem se podia nesta parte sus•
pender a dila lei, em quanto recorrião a my, pedindo revoga.
ção da dita clausula , por não lhe ser possivel dilataremos
ditos casamentos , esperando pela minha resolução em que
podia aver grande dilação ; e que neste caso se devia no in .
terim prover de remed , pelo damov ião consideravel que se
lhe seguia no recurso dilatado de lauto tempo, ficando,sus
pensos seus casamentos e suas filmas incasaveis , por quanto
era lei e uso constante , entre elles inviolavel , não poderem
casar depois dos doze annos, no que recebião grande prejui,
20. E veadoo dito men governador a importancia desta ma .
teria , a mandou consultar com as pessoas doutas, e com os de.
sembargadores da minha Rəlação de Goa; e pera maior ave .
riguação della, ordenou ao juiz do : feitos de minha corôa e
fazenda por huma ordem , que lhe deu , fizesse dar juramento
a alguns geollos mais graves de 1011a : as caslas , para que de.
clarassem se podjão fazer os ditos casamentos sem a dita as .
sistencia dos bolos e ceremonias gentilic18; os quaes decla ..
rárão debaixo de juramento das cabeças de seus filhos, que
entre elles hete maior força e obrigatorio , que não podido
fazer os lues casamentos sem os ditos bolos e ceremonias,
por ser conforme a seus 0 : 0 ; e costume , e qne sendo feitos,
em outra forma erão muilos, corno tinhão representado em suas
supplicas ao sito meu governador; a qual declaração se com
prova coin a que fizerā , todos os vigarios da ilha de Gua na
certidão que passarào, que ine remnelieu o arcebispo de Goa ,
Dom Fry Christovão de Lisbua, de que eu fiz menção na caria
que mandei ercrever ao Conde Almiraute ,Viso Rey que foi da
India em 7 de Março de 1619 sobre os ditos casamentos, ein
que os ditos vigarios afirmárão que se não podião fazer 08
Casamentos de gentjos nobres sein as dila : ceremonias e ri
tos gentilicos, e que sem ellas erão nollos em quanto con.
trato. Conformando - se o dito meu governador com os pare
ceres que lhe serão as ditas pessoas doulas e desembarga.
dores da Relação , en que se resolverão que podiao livremente,
conforme a direito, suspender a dita lei oa parte dos casa
mentos , sem embargo de me estar a cao :a effeita pela conta
goe ne tinha dado o dito V180 Rey , por o dito meu gover :
Dador The succeder no governo com os mesmos poderes, que
The erão concedidos, e o dito Viso Rey ter excedido a forina
3

de minha cominissão, que só fallava nus orſãos gearios, e não


808 ARCHIVO DA RELAÇÃO DE GOA
nos seus casamentos ; e desejando prover de remedio neste
caso , em que não sofria dilação pelas resões que afirmavão ,
a pontadas, em quanto os ditos gentios não recorrião a my,
nem se achava a minha resolução , cumprindo com a obriga
ção do seu governo sobre que estão carregadas semelhantes
materjas , e a conservação dos vassallos e povos para os man .
ter em jus'iça ; e , pertencer á minha real jurisdicção o сco
nhecimento das causas dos gentios meus vassallos, como de.
clarei por huma carta , que mandei escrever av Viso Rey
Dom Jeronimo de Azevedo, em 23 de Janeiro de 1614, que o
dito Viso Rey maudou cumprir, e dar á sua execução por
ham alvará seu passado en 25 de Novernbro do dilo anno, e
antecedentemente por ontra , minha carta escrita em 5 de
Março de 1537 ao Viso Rey Dom Duarte de Menezes , sobre
a confirmação que se me pediu du concilio provincial, que se
fez em Goa no anno de 1555 , fui servido resolver deferindo ao
dito concilio que os gentius não fizessem as cerimonias de
seus casamentos em pub'ico , mas que fazendo as em segredo
Thas poderião permittir , e não procederia contra elles: resol .
veu o dito meu governador por todos os ditos motivos e funda.
mentos apontados que no intirim , em quanto os ditos gentina
recorrião a mny , e chegava a ininna resolução, se suspendes .
se a dita lei do dito Viso Rey Dum Pedro de Almei.la, na parte
em que fallava nos ditos casamento :, permitindo aos ditos
gentios que os podesrem fazer em balões ou manchuas , co .
bertos com seus toldos, ou em qualquer outra embarcação nos
rios , que dividem as terras do estado das dos mouroe, ee que os
mocadões e marinheiros dos ditos balões e manchuas fossem
tãobem gentios , e que em nenhum caso christãos, nem se do
chaseem presentes nos actos dos ditos casamentos christãos
algons, sob pena de serem açoutados com baraço e pregão pe .
las ruasdesta cidade , e degradados por 5 annos para as galés,
e sendo pessoas em que não coubesse a dila pena encorreriảo
na de degredo por tres annos para Mombaça ou Moçambique ,
e em quinhentos pardáos, a terça parte para o accusador e as
duas partes para as despezas das armadas reaes ; ficando-se
por este modo ataltando todo o escandalo que se podia seguir
de serem vistos dos christãos os ditos casamentos, e depois de
feitos no mar poderião nas terras do estado , ou em suas casas
fazer as suas festas e banquetes na forma de seus usos e cosa
lumes , sem usarem de ceremonias e ritos gentilicos. E por me
parecer ajustada está resolução do dito mieu governador : hey
por bem e manido que em quanto não chegar a resolução que
eu tornar neste caso se suspenda a lei , que fez u ditu meu
Viso Rey Dom Pedro de Almeida , na parte em que falla nos
ditos casamentos , é que os ditos gentios os podessem fazer
DOCUMENTOS DO SECULO XVII . 609

nos rios , que dividem as terras do estado das dos mouros , em


balões e manchuas corn seus lolios , ou em qualquer
outra embarcação, sem se acharem presentes christãus al
guns , recolhendo -se depois de feitos a fazerem suas festas
e banquetes 099 terras do estado , ou em . suas casas
ludo na forma da resolução tomalla pelo dito meu governa .
dor, e com as penas por elle corninadas, cumprindo -se esta
provisão inteiramente como nella se contem sein duvida ner
contradiccio alguna. Nolitico- ) assey so chanceler e desen .
bargadores da Relação, e nais ministros da justiça e fazeada
via dita cidade de Goa, e mais parles da India, para que cada
hum no que lhe tocar a comprão e guardem sein duvida nein
einbarg., alguin , e o ditu chanceler a fará publicar na chan .
celaria , pera que venha á noticia de todos o que por esta tenho
ordenado, a qual será registada nos livros dos registos da se.
cretaria do dijo estado , e nos da Relação , chancelaria e ca
mara da nobre cila le , de que os officiaes a quem lucar pas.
Sarão certidãoAds costas da dita provisão, que ficará em
bia guarda na torre do 10'ubo, e não pagará a ineia annala,
sein os direitos de chancelaria por ser do meu serviço . Dada
ein Goa sub o sello das armas reaes da corôa de Poringa!
Dimingos da Silva a fez a 29 de Agosto, anno do N. de N.
8 , J.C.de 1679. O secretario Antonio Luiz Gonçalves Colla
a fiz escrever . - Antonio Paes Sande ,
.

Liv . verde 2.° fol . 128 v .

ANTONIO Paes de Sande , do conselho de S.A., govern


nador e capitiv geral da India &c. Faço saber aos que
este meu alvará virem que, por serem passadas as certidões de
serviços que se costumão passar na India aos soldados das
occasiões , ein que se achžks, assim ein terra como no mal ,
contra a Curma, estilo e regimento, que se guarda e observa no
reino, aonde as passão os capitães de mar e guerra , e da in
fanteria , Thas assinão os cabos mayores, e ser muito con.
veniente au serviço de S. A , que se gaarde neste particular
da India v mesmo que se usa e pratica no reino, e alem de
outras justas considerações do meno real serviço , que me a
isso mnoven : Hey por bem que daqui em diante passem ( 8
capitães de inar e guerra das fragalas das armadas aos sol
dados as certidões que lhes pedirem , somente das occasiöes
em que se acharem , as quaes serão depois assinadas pelo
general, capitão mór, ou cabo das mesmas fragutas e arinadas
para maior aprovação das dilas certidõe; e sendo embarca
610 ARCHIVO DA RELAÇRO 'D8
ções de remo, serão passa las pelos copitães dellar, e assinn ,
dos pelo capitão mór, on cabo das ditas embarcações, e sendo
28 occasiões pa's terras do inimigo do estado, onde se lan.
çar gente das arinadas para alguma facção , as passarão osC4•
pitães da infantaria das companhias dos soldados, e adu ba
Vendo capitão , as passarão os cabos que se acharein ern terra
.
1

com a dita gente, sendo do mesmo modo assinadas pelo gene .


Tal , ou capitão mór, og cabo das ditas armadas; e sendo
empietas cometidas nas terias do estado pelo general ou
capitão mór dellas pågsarão as ditas certidões os capitães da
infantaria assinadas pelo dito general ou capitão-inór ou
cabo, que governar o troço da gente que emprehender as taes
facções. E não he minha tenção repogar nem alterar por este
alvará o que S. A. tem disposto gobre esta particolar dascer
tidões na provisão, que passou em 13 de Fevereiro de 602, e
no alvará de 24 de Março de 62S; antes mando que se cum:
prão e guardem inviolavelinente, como' nellas se conten , de
clarando que as certidões qué na dita provisão de 13 de Fe
vereiro de 602 se prohibe aos capitões móres e mais capitães,
que não passem aos soldados, tão somentes aquellas que cos
tomavão passar dos alardos em tempo que andavão embarca .
dos, ordenando que estas sejão passadas pelo guarda da torre
do tombo, a quem os ditos capitães moies hão de entregar os
ditos alardos, como se dispõem na dita certidão; e a tal prohi
bição não comprehende as certidões que passarein das occa.
sões particolares , em que os soldados se acharem, porque
estas devem passar nestes casos os ditos capitães móres e
mais capitães, como melhor se declara no dilo alvará de 24
de Março de 628, em que se ordena que na matricula geral
se não passe certidão alguma, sem primeiro inostrarem as
certidões dos capitães e capitães das armadas, em que servi
rão, é na parte em que fallão nas certidões passadas pelos
ditos capitães móres, se ha de entender que hảo de ser assi.
padas por elles na conformidade que fica referida neste
alvará, sendo passadas pelos Capitães de mar e guerra e das
companhias ; e passandose as ditas certidões em outra forina
contra o disposto neste alvará não se lhes dará credito nem
sotirão effeito algom ,nem se poderão ajudar dellas os soldados,
em cujo favor forem passadas, quando se quizerein coasollar
depois de terem servido oito annos do regimento, nein Thes
servirão para outro algum requerimento; o que se não enten.
derá nas certidões que estiverem pa-sadas, e inando
porque essas ficarão em seu vigor. Ordenoantes deste elvará
ao se .
oretario do estado, escrivães e conta tore , da matricula geral ,
juizes das justificações, e procuradores fiscaes Ihes não ad
inittão nem aceitem as certidões,que se passarem depois dess
DOCUMENTOS DO SEGULO XVII. 611

te alvará, senão somente aquellas que forem passadas na forma


nelle declarada, sob pena de se lhes darem em culpa , e de se
proceder contra elles com toda a demonstração. E para que
venha a noticia de todos , será registado na secretaria, Rela
ção , matricula geral e chancelaria , onde será publicado, e o
dito secretario do estado remefterá as copias por elle assinadas
ao juiz das justificações e procuradores fiscaes, cumprindo.
se em todo este alvará inteiramente como nelle se contem,
sem duvida nem contradicção alguma. Notifico.o assima
todos os generaes, capitães móres e cabos , e capitães móres de
mar e guerra, e de infantaria das armadas , e terras do estado,
e aos sobreditos'secretario delle , escrivães e contadores da
matricula geral , juiz das justificações, procuradores fiscaes e
mais ministros , officiaes e pessoas a que pertencer , para que
cada hum na parte que lhe tocar o fação cumprir e guardar ,
e dar á sua devida execução , e valerá como carta sem embargo
da ord . do fiv . 2. tit. 40 em contrario , e não pagará os direitos
de chancelaria e meia annata por ser do serviço de S. A. Se.
bastião Ribeiro o fez em Goa a 23 de Setembro de 679. O
secretario Luiz Gonçalves Colla o fez escrever.- Antonio
Paes de Sande.
Liv, verde 2.° fol. 132 .

797

ACCceba
ORDpreso
ÃO algum
emRelação&
no tronco csem o carceroueiromandado
. Quesentença não re
dos julgadores , e que fazendo o contrario se proceda contra
elle com todo o rigor ; e juntamente não soltará os presos sob
fiança carcereira , ainda que os jalgadores os mandem soltar,
pelo não poderem fazer. Goa 10 de Outubro de 1679. Mona
eiro -- Mesquita - Costa .
Liv. verde 2.° fol. 259 .

SSENTOU -SE em Relação &c. Presente o governador


A deste estado, Antonio Paes de Sande, e mais ministros a.
baixo assinados , attentando o modo que ha de processar neste
estado da Inda , e serem os estylos que nelle se observão contra
a forma de direito da ordenação do reino, de que resalta serem
as causas prolongadas, em resão de que chegão a sentencear.
se a final, sem se poder deferir a causa sobre que as partes !
tigão, por se não poder suprir o erro do processo ; pelo que
se resolveu que as partes que fossem a juizo só demandar
suas causas , oa por acção ordinaria de libello com que vie.
17
612 ARCHIVO DA RELAÇÃO DB GOA

tão depoie de posta a acção em juizo..... 0 R. por citado, ou


sendo' causa que proceda de instrumento publico ou privado
por assinação de dez dias, valessem ( ?)depois de 0o R. ser havido
por cilado sem outra assignação de dias ; e nos instrumentos
privados se não assinarão senão depois de ser conhecido o si
nal do tabeljão , ou á sua revelia , a qne só se admitirão em.
baigos de paga ou quitação, que provarão no termo dos dilos
dez dias, ou poderão as partes mandar citar seus devedores
para sua alma , e citados porão acção em joizo; sendo presen .
9

te o R. se lhe deferirá juramento, e confessando a divida


se condemnará de preceito logo verbalmente, de que o es .
crivão da accão fará termo no portocolo, que se assinará pelo
juiz e pelo R .; e não apparecendo o R. em juizo, se haverá
por citado e esperado até primeira , e na qual , não vindo,
no fim da audiencia deferirá juramento ao A. e
jurando que pede bem a dita pivida, se condemnará o R. á
sua reveria , fazendo - se termo ao portocolo assinato pelo juiz
>

e A. E porque por algumas ordens particulares de S. A. se


mandon , que nas causas dos naturaes se proceda breve e
summariamente , demanda qrio elles huns aos outros até quan .
tia que não passe de vinle pardáos, poderão requerer ao seu
juiz competente que mande citar o devedor , que em termo de
tanlos dias, assinandu -lhe para isso tãobem hora aprasada á
parte ante o juiz , que , ouvida huma e outra parte , condemna .
rá ou absolverá qual The parecer justiça , fazendo o seu escri
vão disso termo no portocolo ; e não poderão as partas reque .
rer dividas extrajudicialmente , como até aqui fazião , dando
se vista por pelições ; o que se não entende quando requererem
dividas declaradas em testamento ou carregaias em inven .
tario , que estas poderão requerer , mandando dar vista aus
testamenteiros ou herdeiros, yisto como judicialiente estão já
confessadas . E attentando outrosi a pouca forma que ha no
fazer das petições , declarão que as petições , que se não fizerem
para pedir treslados , certidões ou para correr folhas , se fação
$ por advogados , os quaes não farão petição alguma contra a 1
forma as ordenaçõug ou direito ; e pedindo o contrario nellas 1
disposto, declararão no = pete = o jaiz para que as fazem , e le.
varão sóinente de cada homa petição quarenta réis , dando a
parte papel, e fazendo i contrario pagarão vinte pardáus pera
as despezas desta R - lação ; e as perições serão por elles assina .
das , não sendo as de que neina se faz rneação , que as partes
per si podem fazer ; e as causas que não tiverem juiz privativo
requererão as partes perante o seu jaiz co petente , coino em
Salcete ao ouvidor daquellas terras , e o me:mo em Bardez , e
em Goa perante os juizes ordinarios , salvo sendo pessoas po.
derosas as que demandarem ou forem demandadas , que emlal
DOCUMENTOS DO SECULO Xyil . 613

caso poderão requerer perante o ouvidor da cidade, on


ouvidor geral do civel , e isto ainda que estejão dentro
das cinco leguas, em que o dito ouvidor geral pode conte
hecer por acção nova , attendendo a que aggravando - se
dos despachos do dito ouvidor, se lhe não pode deferir nesta
Relação em resão dos poucos ministros que nella ha , não
sendo em confirmar o dito .despacho ou sentença , o que se
obervará em quanto não houver mais ministros . E o mesmo
haverá logar no juizo dos feitos da coroa , onde até aqui re.
querido as partes , que litiga vão entre si , sem embargo de não
serem as demandas sobre bens da corôa , ou sem ser o procu
rador da corôa parte ; porque ora se resolve , que não tendo
as partes privile gioespecial , ou estando litigando sobre bens
da corôa , ou não sendo o procurador da corôa parte , em tal
caso requeirão sobre ellas perante og juizes ordinarios . E os
mandados cuchos que as partes ouverem de alguns juizes,
que tenhão poder para os passar, querendo os condemnados
à elles vir com embargos á execução delles , virão com el .
les perante o juiz que os passou , donde só poderão ser re.
mellidos , não podendo o tal juiz , que os passou , conhecer
delles, pronunciando em juizo contra ditorio a quem com .
petir, nern outrosi pedirão as partes por petição exibimer
to de pape is despachos ou mandados, e só o poderão faser,
intentando ...... .. que o direito The permitte, e os des .
pachos ou mandados poderão embargar quando forem por
elles requeridos ; e para que não sejão necessarios os ditos
exebimentos , o escrivão, que notificar os ditos despachos ou
mandados , feita a notificação ou execução logo entregará no
cartorio ao escrivão que sobreescreveu os ditos mandados ,
ou sendo despachos os entregará em hum dos escrivães do
juizo , cajo for o despacho , onde as partes poderão requerer
contra elles pela via que lhe parecer ; e querendo a parte , que
mandou fazer a notificação, certidão , se lhe dará ein fornia
pelo escrivão que fizer a diligencia , e en theor dos autos sem
The ser necessario para isso despacho do julgador; e o escrivão
ou officiaes que o contrario fizerem serão suspensos , e pagarão
vinte pardáos pera as despezas da Relação. As execuções
que se fizerem por sentenças ou mandados, havendo de ser
por elles executada alguma pessoa nobre , fará a execução o
escrivão dos autos com o meirinlio na forina da lei, sendo
primeiro requerido o R. que pague, ou de bens á penhora , e
não os dando , ou não pagando ao termo de vinte e quatro ho
Tas , o escrivão e o meirioho birão com a parte a casa do de
vedor , e não dando bens á penhora equivalentes á dita divida ,
fará execução nos bens moveis que achar do devedor , que
bastem para v dito pagamento, e os depositará em poder de
614 ARCHIVO DA RELAÇÃO DE GOA

hum visinho, pessoa abonada, de que tudo fará termo nas cos.
tas do mandado ou sentença; e não havendo bens moveis , fará
execação nos bens de raiz que forem livres e desembargados,
a execução que o R , der, nomeando para isso bens, será
de bens moveis , que o escrivão aceitará , sendo equivalentes
á divida, e não tendo bens moveis , constando isto ao escrivão
o portará por fé em termo nos autos , e aceitará bens de raiz;
e no caso que indo o escrivão a fazer execução, não achan
do o devedor em casa, sendo primeiro passadas as vinte e
quatro horas, depois de notificado , entrará em casa do devea
dor e fará execução na forma acima declarada, e não achan . ,
do bens moveis fará execução nos bens que a parte disser
são de seu devedor ; e o mesmo farão os escrivães das exea
çuções no caso que elles as hão de fazer,
Os escrivães todos irão ás audiencias e nellas escreverão
todos os requerimentos das partes, deferimento dos juizes , tu.
do em portocolo que para isso terão, e não levarão para casa
para os lançarem de cabeça nos autos; e o que assi o não fim
ser será suspenso do officio, e pagará vinte pardúos para as
despesas da Relação , e os escrivães não aceitarão oitações,
que não sejão feitas por escrivães dos autos , ou pelos mayques
de cada hum dos juizos em que se requerer, salvo se vierem
de fóra , sendo per escrivães dos avlos ou reconhecidas por el
les que são feitos por officiaes de ſé d'aquelle juizo don
de vierem .
E este assento se publicará na audiencia para vir á noti .
cia de todos, e o treslado se dará em todos os juisos aos es
crivães delles, como tãobem de Bardez e Salcete , e a todos os
advogados para que não excedão a sua forma, é começará
a sortir effeito passados outo dias da publicação. Feito em
Goa a 10 de Novembro de 679. - Sande - Almada - Costa.
Liv, verde 2, fol. 133.

799

SSENTOU - SE em Relação presente o sr. governador e


o
mais ministros della, que visto estar pelo assento feito
nesta mesa em 2 de Janeiro de 679, que anda a fol. 123, em
que foi nomeado o desembargador Miguel Nunes de Mesquila
para passar ao norte com alçada, o que não fez por naquel
le ternpo 90cceder а morte do deserabargador Manoel
Martins Madeira, e ficar esta Relação sein ministros indo o
dito desembargador aquellas partes, por não serem mais
de tres, com o que não podia aver Relação, ficando parados
os feitos; e que attendendo porem o muito que importava
DOCUMENTOS DO SECULO XVII, 615

que o dito desembargador passasse ao norte, por depene


der a conservação da praça de Dio de que passasse ininistro
tomar conhecimenio das causas , porque os moradores
daquelle povo a despovoão , e para castigar anem fogo
se causa disso, para que vendo og ditos moradores que
Be castigava quem os averasse, se animassem a não largarem
suas casas; e que alem disso havia cousas da justiça e faven .
da a que era de necessidade acudir - se com remedio prompto ,
ainda que os feitos'das partes se retardassem na Relação por
mais algum tein po: com que se assentou que o dito desembara
gador passasse com alçada aquellas partes do norle naquella
mesma forma que continha o assento de 2 de Janeiro de 679;
e que tivesse a mesma alçada ao dito assento concedida, e te>

ria assim elle como os seus officiaes os mesmos emolumentos


que continha o dito assento , e que em tudo usasse delle , e
que visto a falta de ministros que ha nesta Relação, porque
não poderá o dito desembargador ter naquelias partes a dila
ção necessaria para findar e sentencear todos os negocios a
final, causa porque não haverá despezas da justiça , e fica .
são por pagar seus.emolumentos c a ajuda de custo, e o mais
que se lhe manda dar nas ditas despezas ; e assim avendo a
isto consideração se assentsu que não sendo salisfeito das
despezas que ouvessem , vindo algumas causas do norte pre.
paradas, as devassas tiradas, sentenciando - se nesta Relação,
que ayendo nellas condemnações para as obras da justiça ou
despezas da Relação , em tal caso se lhe pagaria daquellas con
demnações que procedessem dos casos que o dito desembar
gador, tivesse tomado conhecimento , a que se lhe reetasse de
ver, não se pagan lo no norte, assim a elle como aquem o
acompanhar conforme as provisões que tiver para haver o dito
pagamento, e dos casos de que conhecer , alem dos exprimidos
no presente assento, serão todos os que levar por instrucções
do governo e desta Relação, e de todos os que soccederem
naquellas partes en quanto nellas estiver. Goa ee de Desenbro
14 de 679.--- Sande-- Costa --Monteiro.
Liv , verde 2. ° fol . 136 .

Anno de 1680.

SOO

EU o Princepe como regente e governador dos reinos de


Portugal e Algarves Faço saber aos que este meu alvará
com forma e carta de lei virem , que por aver mandado orde .
nar por carta de 31 de Março de 677 ao Conde do Lavradio ,
sendo Viso Rey da India , fizesse huma junta particular pera
nella se ver a petição que o povo gentio naquellas partes me
616 ARCHIVO DA RELAÇÃO DE GOR
fizerão sobre se The não tomarem seus filhos orfãos de par,
para serem bauptisados, como fazia o padre pai dos chris.
tãos contra sua vontade, e do que estava disposto em huma
lei do Senhor Rey D. Sebastião passada acerca dos mesmos
orfão ; e em comprimento da ordem referida fazer a dita .
junta o Viso Rey D. Pedro de Almeida , e pelo que nella se
assentou mandar passar em meu nome huma lei em 19 de
Janeiro de 1678 , per que se aprovou e confirmou a dita lei do
dr. D. Sebastião de 23 de Março de 1559 sobre os orfãos gen.
tios o acrescentamento que em sua corroboração fez
com
o Viso Rey D. Antão de Noronha , em que declarou que a
dita lei teria lugar em todas as partes da India , e nos mo .
ços e moças que não passarem de idade de 14 anno; e
juntamente se aprovou e confirmou o que estava disposto na
carta do governo deste reino de 5 de Março de 624 , sobre os
casamentos dos ditos gentios , com declaração feita de novo
no assento da dita junta acerca dos mesmos cazamentos para
se atalhar os sacrificios e ritos gentilicos que se usavão; e
tendo consideração a todo o referido , e ao que respondeu
o procurador da corôa : hey por bem e
me praz de
confirmar a dita lei de 19 de Janeiro de 1673 no tocante
aos orfãos de pai , filhos de gentios não serem tomados pelo
pai dos christãos para serem bauptisados. Pelo que inando
ao mea Viso Rey ou governador do estado da India , que ora
he, e ao diante for, e ao vedor geral da minha fazenda delle,
e aos mais ministros da justiça e fazenda do mesmo estado
a que pertencer, que cada hom na parte que lhes tocar , com.
prão e guardem este alvará de confirmação de lei , e o fação
muito inteiramente cumprir e guardar en todo o dito estado ,
assim e da maneira que nelle se contem sem duvida nem
embargo algom , porque assim he minha mercê, e se publicará
nas terras do mesmo estado e mais s
partes acostumada
pera que venha á noticia de todos o que por este alvará or
deno, o qual se registará nos livros da secretaria do dito es
tado e nos da Relação e camara da cidade de Goa , e ficará
em guarda na torre do tombo, e não passará pela chancela
ria, e valerá como carta eem embargo da ord , do liv. 2.°
tit. 39 e 40 em contrario , e se passou por duas vias. Antonio
Marreiros da Fonseca o fez em Lisboa a 30 de Março de 1680.
André Lopes de Lavra o fez escrever.- O Princepe- Conde
de Valle de Reis .

Liv . verde 2.0 fol . 137 v.


DOCUMENTOS DO SECULO XVII. 617 .

Anno de 168I .

801

U Princepe como regente e governador dos reinos de


EPortugal e Algarves, faço saber aos que esta minha
provisão virem que avendo respeito aos trabalhos e detrimen.
to que padecerião as pessoas estantes e moradoras nas par
tes da India, avendo de vir ou mandar a este reino requerer
suprimentos de idades aos menores e legitimação aos filhos
bastardos ; que pela confiança que tenho de Francisco de Tavo.
ra, que ora envio por meu Viso Rey da India : hey por bem'e me
praz que elle possa nella passar cartas de emancipações e su .
primentos de idades aos menores, que lhas pedirem , na idade,
casos e pela maneira que por minhas ordenações e regimen.
tos The devem ser passadas , e que possa legitimar os filhos
bastardos sendo-lhe requerido pelas pessoas a quem pertencer
pedir ag taes legitimações , as quaes cartas de ernanci.
pações suprimentos e legitimações passará na forma em que
se passão neste reino conforme as ditas ordenações e
direito ; e sendo passadas na dita forma , hey por bem que
valhão e se cumprão como se fossem passadas por mim , sem
embargo da ordenação , e regimento dos desembargadores
do Paço, e de quaesquer outras ordenações provisões, regimen
tos usos e coustumes em contrario , e da ord . do livro 2. tit .
40 , que diz se não entenda ser derogada ordenação alguma sem
della se fazer expressa menção e derogação; as quaes todas
hei aqui por declaradas COMO se de cada huma se fizesse
particular menção, e quero que està vaiba como carta ,
e não passe pela chancelaria sem embargo da ord. do liv. 2 °
tit. 39 ee 40 em contrario , Antonio Marreiros da Fonseca a fez
em Lisboa a 5 de Janeiro de 1681. O secretario André Lopes
de Lavra a fez escrever. Pincepe.
Liv, verde 2, fol. 166.
802

A SSENTOU-SE em Relação &c. Presente o sr. governa.


dor e mais ministros della , que porque foi presente nesta
mesa por huma petição que a ella foi remettida pelo dito sr.
governador, porque consta que por huma petição simples sem
cunsto de divida fôra o supplicante Narana Parbu preso por
se dizer era devedor e suspeito de fuga , para o que a parte
deu testemunhas; e porque nos juizos ordinarios se costu .
mão fazer semelhantes prisões sem constos de dividas, se as.
618
. ARCHIVO DA RELAÇÃO DE GOA
sentou que daqui em diante em nenhum juizo se possão re.
ceber petições de suspeitos de faga para averem de ser pre.
zos os reve.jores, rem primeiro o acredor mostrar obrigação
de divida paguada ao acredor sendo da propria pessoa que a
fez e liquida, e sem isso se não proceda a tomar conhecimen .
to de sein - inantes, requerimentos com pena de se dar em cul. 1
pa a quen o contrario fizer, para o que será este assento pu
licado en todas as audiencia , e dados os treslados 309 es
crivães para o registarem aos seus cartorios e ser presente
a todos os juizes e ouvidores, para que en tempo algum não
alipgoem ignor.ncia. Goa 6 de Fevereiro de 681.- Sande
Munteiro - Guião - Mesquita.
Liv. verde 2.° fol. 138 v.
803

SSENTOU-SE em Relação & c . Presente o sr. governador


A e mais ministros abaixo assinados que visto por falleci.
mento do desembargaiior Sebastião.da Costa ficarem só nes.
ta Relação tres ministros, e não aver neste estado licenceado
algom que seja aprovado pelo desembargo de paço para se
poder puxar por elle para esta Relação, como S. A. ordena
por suas ordens reaes que só permittem que se possão
fazer até dois desembargadores neste estado , avendo falla
delles , tendo lido no desembargo do paco e sendo nelle apro
vados; e como fålte este subcidio, por não aver letrados apro «
vador , e esteja disposto pelas leis do reino que os feitos da
corôa e fazenda se não pannio a despacho sein seren tres

votos conformes na sentença , e o mesmo deve ser nas causas


do fi-co, e nas de tenções e aggravos que forem em revogar
as sentenças do ouvidor geral do civel , prove for inór dos
defuntos, e todas as que furem tada , por ministro desta Rem
lação , que não forein em confirnar a sua sentença; como tão
bem nos aggravos ou appellações das sentenças, que vierem
de fora, em que se desconcordar algum dos ministros , que
nella assistem , ficão as causas paradas e as partes sem re
carro, faltando - lhe por e - ta causa administração de justiça ,
sem de presente poder aver recurso, por serem necessarios ao
menos dois annos para 8. A. poder mandar suprir està falta,
, a que he verosimil acudvá, por se não faltar a administração
da justiça , em cuja consideração se tornou o assento a fol.
84 corroborado con o outro a fol . 220 no liv, vermelho, que
forão feitos sobre esta mesma materia ; e como por ordem
real do dito si. se mandou guardar og assentos desta Relação
como leis : pareceu que se tornasse novo assento em corrobora
ção dos outros apontados, para que se gardasse o nelle disa
DOCUMENTOS DO SÉCULO XVII. 619

posto, visto aver só tres ministros, e hum delles impedido


por ser procurador da corôi em que todas as causas em que
elle he parte fioão só dois ministros para juizes nellas; e com
este assento se dará conta a S. A. na primeira monção
para mandar o que for servido, e este se publicará nas au
diencias desta cồrte para vir á noticia de todos. Goa em 12
de Fevereiro de 631. Sande - Monteiro - Guião-- Mesquita.
Liv. verde 2.° fol. 139.
804

ASSENT OU-SE
dor e mais em Relação
ministros & c. Presenteso
della abaixo quegoverna:
assignados,sr. por se
rem muitas as queixas, que ha dos escrivães da cidade de
Macáo na China , de que passão certidões sem serem emana
das de autos, de que resultão serem muitas passadas como as
partes as pedem , e não como devem ser; e suposto pelas leis
de S. A. esteja determinada pena a quem passa semelhantes
certidões, comtudo pareceu recomendar de novo esta mate .
ria , por ser tão prejudicial ao povo e muito mais em partes tão
reinotas: e assi , para se procurar remedio a semelhantes
falsidades , se tomou este assento de que se remette a execu .
ção delle ao geral que de presente vai , ou a quem seu lugar
liver, pelo qual se ordena que nenhum escrivão passe certi.
dão , que não seja emanada de autos , e fazendo o contrario
perca o officio , e tendo queixa de que passou certidão falsa
contra os autos, o geral os mandará vir perante si, e a cer
tidão passada, e achando ser falsa mandará preso a esta
côrte com os autos por treslado de que emañou a tal certi
vjão , e com ella propria , para se castigar comforme as
leis mandão; e sendo caso que passem alguma certidão , que
não seja emanada de autos a que se reportem , alem da pena
de verdimento do officio , serão presos dois mnezes no tronco ,
e
á s tres certidões se não dará credito em juiz , algum , nem
)

por ellas se fará obra . E porque na mesma cidade ha noti.


cias de que alguns escrivães, que servem no juizo eclesiasti
co , servem tãobem no secular , o que he contra a jurisdicção
real , pois não poderá acudir por ella quem exercita officios em
huma е
outra : se manda que nenhum escrivão , ou outro
official de justiça , que servir no secular , sirva no juizo ecle
siastico, e fazendo o contrario perca o officio , que no juizo
secular exercitar; o que tãubem o geral fará executar , para o
que se lhe mandará dar o treslado deste assento , que logo
ein chegando aquella cidade mandará pablicar tras audien
cias della , e registar onde tocar, ficando - lhe o proprio para
18
620 ARCHIVO DA RELAÇÃO DE GOA
o fazer dar á execução. Goa 22 de Maio de 1631 : _Sande
Monteiro - ? - Mesquita.
Liv . verde 2.. fol . 140.

805

RANCISCO de Tavora , do conselho do estado de S. A.,


Viso Rey e capitão geral da India &c. Faço saber aos
que este alvará virem que eu sou informado que neste esta.
do se tem introduzido, não apresentarem os pertendentes suas
folhas corridas e certidões de christãos velhos , quando fazem
seus requerimentos, pedindo capitanias, cargos e officios, e
que nas patentes e alvarás e provisões, que delles se
lhe passão, sem declarar que apresentárão suas folhas cor.
ridas no juizo dos feitos da fazenda, e depois com ellas e
com certidões de christãos velhos tornão as ditas pa .
tentes ao Viso Rey ou governador, que as passou , para The
por 0 - cumpra - se e sem elle se não dá posse na fazenda; o
que he hum abuso muito mal introduzido , e contra o que se
usa e pratica no reino, cujo exemplo se deve seguir, onde os
pertendentes, quando fazem seus requerimentos, pediado al
gum cargo e officios, alem de apresentarem suas fés de
officio e certidões dos serviços , mostrão logo que estão habeis
ajantando suas folhas corridas, e convem ao serviço de S. A. ,
á boa administração de justiça , e á cobrança de sua real fa.
zenda se observe o inesmo neste estado, principalmente quan.
do pela maior parte todos são obrigados a fazenda real pelas
occupações que se lhes derão, e só por esta via de se fazerem
correntes com as folhas , se pode cobrar o que se dever : hey
por bem e mando que daqui em diante se não aceitem na se
cretaria do estado petições, nem papeis de pertendentes al
guns sem suas fés dos officios; e certidões dos serviços que fi .
zcrão, e suas folhas corridas e certidões de christãos velhos;
• sendo providos, em suas provisões se lhes fará menção nas
patentes, alvarás e provisões, que se lhes passarem dos 'ditus
serviços, declarando - se que se mostrarão por suas folhas
corridas não terem culpas, nem serem devedores á fazenda
real , e por certidões de habilitações serem christãos velhos;
com que se ficará atalhando não somente o dizer-se impro.
priamente que apresentárão as ditas folhas nu juizo dos fei.
tos, mas aiada o abuso de se requerer depois com ellas
os ditos--compra-se-,o que se não entenderá nas patentes e
alvarás e provisões , que vierem do reino dos providos por
S. A.; porque nestas, para terem seu effeito, se necessita sem .
pre do dito-cumpra-se- e de que os taes providos apresen
iarão suas folhas corridas e certidões de christãos vellos; aern
DOCUMENTOS DO SECULO XVII. 621

tãobem se entenderá nas pateates e alvarás e provisões, que se


tiverem passado antes deste alvará pelos governog pa88a
dos deste estado da India, para intrancias de mercês futuras ,
quando estiverem a caber; porque como nesta se tem já decla•
rado que apresentarão suas folhas corridas no juizo dos feitos
da fazenda, se lhe dará inteiro comprimento, apresentando-se
as ditas folhas corridas , certidões de christãos velhos e juiz
dos feitos, que declarará por seu assinado nas costas da dita
patente, alvará e provisões de como lhe forão apresentadas; e
com 1880 se pedirão 03 - cumpra - se - ao governo presente para
terem noticia dos taes provimentos. E depois dos ditos-- cum .
pra - se - se dará aos providog --passe - na fazenda : o que se
coinprirá inteiramente sem duvida nem contradicção alguma.
Notifico.o assim ao vedor geral da fazenda, chanceler do es
tado, e mais ministros e officiaes e pessoas a quem pertencer,
para que assim o cumprão e fação comprir e guardar, e se re
gistará na secretaria , fazenda e Relação e chancelaria, onde

se publicará para que venha á noticia de todos , de que os offi.


ciaes a que tocar passarão suas certidões nas costas deste ale
vará, que valerá como carta, posto que o seu effeito haja de du .
rar mais de hum anno, sem embargo da orit , do liv. 2.° tit . 40
em contrario , e não pagará os direitos de meia annata , como
tãobem os de chancelaria por ser do serviço de S. A. Domin.
gos da Silva o fez em Goa a 16 de Outubro de 1681. O se .
cretario Laiz Gonçalves Cotta o fez escrever. - Francisco de
Tavora ,
Liy, verde 2.° fol. 141 v ,
806

PORQUANTO no Reino, oscostamão


tre os mais escrivães respondere ásmeia
da chancelaria folhas,en
annata ,
por S. A. assim o ter ordenado, o que se não usa neste es.
resultar prejuizo á fazenda real
tado da India, de que podedevedores ,
sendo os pertendentes a ella dos direitos da
dita chancelaria ou meia annata : ordeno so chanceler
do estado , que tãobem serve de juiz da meia annata ,
ordene aos escrivães da dita chancelaria e meia annata ,
que respondão daqui em diante ás folhas , advertindo que
não hão de ser admittidos em juizo, nem fora delle os reque .
rimentos , que as partes fizerem , que não touxerem suas folhas
respondidas pelos ditos dous escrivães. EE para a todo o
tempo constar de como assy o mandei, se registará esta por.
taria na secretaria e na Relação, e nos livros dos registos da
chancelaria e meia annata , e nos cartorios onde mais tocar,
Pangim 30 d'Outubro de 1681. - Sande.
Liv. azul 2.° fol. 142 v .
622
ARCHIVO DA RELAÇÃO DE GOA
807

VRANCISCO de Tavora , do conselho do estado de S. A. ,


Viso Rey e capitão geral da In - lią. &c. Faço saber aos
que este alvará em forma de lei virein , que sendo Rey de
Portugal El Rey D , Phelippe 3.° de Castella mandou huma
instrucção ao VisoRey , que foi deste estado, Aires de Salda,
nha,escripta ein Lisboa a 15 de Janeiro do anno de 1601 , em
que fazendo reposta a alguns particulares , que lhe tinha es
crito o Viso Rey o Conde Almirante, lhe dizia no capitulo 3.9
da dita instrucção que o dito Viso Rey The escrevera , que
808posto tinha manilado se guardasse homa propisão, que Ela
Rey D. Phelippe 2.0 havia passado , porque ouverą por bem
que se não dessem novos sentidos nem interpretações ás
patentes das mercês , que fazia a seus vassallos que servião
neste estado da India, trabalhaầdo elle Viso Rey para que
se comprisse o não quizerão fazer os desembargadores da
Relação de Goa, nem podera acabar com elles; e porque era
de muito inconveniente ao real serviço haver as muitas de.
mandas, que se movião sobre as intrancias das capitanias e
cargos destas partes , encomendava e mandava o mesmo Rey
.

D. Phelippe 3.º que, quando ouvesse algainas duvidas nas in .


trancias das ditas mercês, se determinassem pelo dito Viso Rey
Aires de Saldanha, e pelo Arcebispo de Gua , para se evitarem
as taes demandas, de que tãobem resultavão outros muitos
inconvenientes, que convinha se atalh 18sem . Em cumprimen.
to do capitulo referido da dita instrucção , mandára o dito
Viso Rey Aires de Saldanha passar alvará em 12 de Setem.
bro do dito anno de 1601 , assinado por elle, em que mandára
se cumprisse o que estava ordenado no dito capitalo; e de.
pois do dilo alvará mandára o mesmo Rey D. Phelippe 3.°
passar outro, em que referia que sendo informado ' das muitas
demandas, que se movião neste estado entre os providos de
capitanias e outros cargos e officios destas partes sobre a
preferencia das intrancias nelles; e desejando que se atalhas.
sem e julgassem coin as inteiresas, justiça e brevidade, que
era de vida em materias desta calidade , entre pessoas que
se devião occupar mais pas cousas de milicia e outras de
seu serviço que em demanda , mandará passar diversas pro
visões em que dera ordem e forma, en que se devião julgar,
commettendo o conhecimento dellas ao Viso R y e Arce
bispo priin az , ein caso que elles não concordaşsein em hun
parecer se chain 48se por adjunto ao chanceler do estado, que
n fôsse por carta real , en talla delle , ou lendo algum le .
gitimu imelimonto,
) succedesse para este effeito ein seu lu
gar o inquisidor mais antig ), em sua fafia o segundo in .
DOCUMENTOS DO SECULO XVII. 623

quisidor, e na de cada hum o promotor do santo officio; •


que o dito Vieo Rey e Arcebispo, e qualquer dos terceiros
uomeados tivesse voto decisivo nas ditas , duvidas e causas ,
e se cumprisse o que pela maior parte delles fosse jalgado.
E por ser de novo informado que se segajão moitos inconve
nientes de serem julgadas as ditas causas pelos Viso Reis,
por serem muito occapados nas materias de sua obrigação ,
e estas serem mais proprias de homens letrados, e na dilaçãuca
de seguirão muitos prejuizos ás partes , não sendo examinada
sua justiça pelos termos de direito, como hera resão, e por
outras justas considerações, que a isso moverão ao dito Rey; e
confiando elle da muita virtade e letras e inteireza de D. Frey
Aleixo de Menezes, Arcebispo de Goa e primaz da Iodia ,
que nestas cau848 procederia como convinha a seu serviço e
bem da justiça das partes: ouvera por bem que em quanto o
dito arcebispo estivesse no seu arcebispado, e assistisse na
cidade de Goa, e elle Rey não mandasse o contrario, fosse
juiz e conhecesse das ditas causas e preferencias das intran.
cias nas capitaniae, cargos e mais mercês, que fizesse ás pes.
soas que neste estado da India o servião , juntamente com
o chanceler do mesino estado, ou quem seu cargo servisse,
e o inquisidormais antigo ; e em caso que qualquer delles
ou ambos fossein ausentes, impedidos ou suspeitos poderião
nomear ao dito Arcebispo outro adjunto ou outros em seu lu.
gar, e todos terião nas ditas causas polos decisivos, e se de
terminarjão pelo que parecesse aos mais votos ; e que por
fallecimento ou ausencia do Arcebispo tornarião as ditas
causas á Relação, e nella serião jolgadas pelos desembarga.
dores a quem pertencesse; havendo outrosi por bem e man.
dando que nenhum dosViso Reis, que pelo tempo em diante
fossem deste estado , se podessem intrometter nas ditas causas
nem conhecer dellas nem julgal-ar, nem ke acharião presen
tes, nem assistirião por modo, algum ao sentencear das mes.
mas causas, deixarido livremente o conhecimento dellas aos
juizes a que pelo dito alvará as commettia, pelo que revoga.
va e havia por revogadas todas e quaesquer outras provisões ,
alvarás, cartas ou instrucções em contrario , sobre o modo e
forma de julgar as ditas causas de preſerencias, como tudo
mais largamente se continha no dito alvará, que fôra passa.
do em Lisboa em 15 de Desembro do anno de 1604 , e as.
sinado pelo dito Rey Dom Phelippe. 3.º. E por quanto eu
Francisco de Tavora, depois que entrei nesta governança da
India fui informado que depois da ausencia , que fez para
reino o Arcebispo D. Frey Aleixo de Medezes , a que pelo
segundo alvará atrás referido se commetteu e especialmente
o conhecimento das causas das intrancias das capitanias e
924 ARCHIVO DA "ABLAÇÃO DE GOA
cargos deste estado com os adjuntos nelle nomeados , tornårão
as ditas caugas aos desembargadores da Relação, os quaes
com a jurisdicção , que se lhes concedeu no dito alvará, abe
rogarão tãobem asey a que lhes não tocava, mas aos Viso
Rey e governadores da India , confandindo huma jurisdicção
com outra, porque sendo-lhes somente permittido no dito al
vará conhecer das taes causas das intrancias, o que se en
tendia em termos habeis, e naquellas que couberem na jaris .
dicção dos ditos desembargadores, que he de jalgarem a
validade e antiguidade das cartas, alvarás e mercês das ca.
pitanjas, cargos e officios da India , e se estão correntes, ou tem
algum vicio , ou falta dos registos e verbas,para serem reprova .
das e se não admittirem , julgando-se por boas, e validas as que
as tivessem solemnes; e elles ditos desembargadores sabindo.
se destes termos, se introduzem a conhecer juntamente dos
det pessoaes, que os providos allegão huns contra os on
tros, e de serem inabeis e não terem annos de serviços do re.
gimento, e outras cousas desta calidade , cojo exame lhes não
toca, mas aosViso Reis e governadores para aprovarem ou re.
provarem og súgeitos ; com que os ditos desembargadores fazem
as ditas causas ordinarias, sendo de sua naturesa summarias,
admittindo libellos, contrariedades, replicas e treplicas, assi
pando dilações para as partes darem suas provas, eternisando
por este modo as ditas causas, que durão dois e tres annos e
mais em prejuizo dos providos, que se consomem com os gas
tos e despezas de demandas injustas, feitas as mais das vezes
antes por teimas e emulações do que por justiça que tenhão ;
seguindo-se grande discredito aos taes providos em se articu
larem em autos publicos cousas que somente servem de infa
mar, sendo ordinariameníe falsas. E tendo consideração a tu
do o que fica referido, e parecer conveniente ao serviço de S.
A. e bem commum de todos seus vassallos atalharem-se es.
tes abusos ee desordens, que com o tempo se forão introdu .
eindo , entendendo - se mal as ordens reaes, de que nasceu ex.
cederem os desembargadores a sua jarisdicção, iatrometen
do-se na dos Viso Reis e governadores , aos quaes, por terem a
seu cargo a governança da India, de que tem dado omenagem ,
pertence o exame dog sageitos , que hão de servir as fortalezas
• praças do estado, como se'tem declarado nas cartas que El
Rei D. Phelippe 4.º escreveu ao Viso Rey Conde de Linha.
res em 10 de Desembro de 633, e ao VisoRey Pero da Silva
em 20 de Fevereiro de 636 , e por outras mais ordens particu.
lares com tão amplo poder, que até se lhes de a faculdade para
que, ainda que algumas pessoas estivessem a provadas por
alvarás reaes ficasse no sea arbitrio dar-lhe cumprimen .
DOCUMENTOS DO SECULO XVII . 625

to ou não, pela resão particular de que por sua conta havia


de correr a defensa e guarda das fortalezas, advertindo Thes
que somente aprovassem as pessoas que fossem idoneas e ca.
pazes; e por todos estes respeitos: hey por bem e mando que
daqui em diante não sejão ordinarias as causas das intrancias
das inercês das fortalezas, trespasses de cargos e officios des.
te estado da India, mas somente summarias, e se não adinit.
tão libellos, contrariedades, replicas, nem triplicas; e que as
partes tanto que tiverem noticia que os providos, que servem
as ditas capitanias cargos e officios, estão no fim do tempo
de seus provimentos, seis mezes antes de acabarem apresen
tarão no juizo dos feitos da coroa e fazenda os alvarás e provi .
sões, que tiverem, dos laes capitanias e cargos e officios, dentro
de nove dias primeiros e seguintes na forma do estylo, e os
que estiverem ausentes no reino , e tiverem alvará de S A.
para renunciarem por seus procuradores, serão admitidos em
juizo pelos mesmos procuradores, apresentando suas procura.
ções com as taes mercês para mostrarem a validade dellas.
E sendo assim juntas as ditas cartas alvarás, provisões e mais
papeis, o escrivão a que tocar auluará tudo, e fará os antos
conolasos ao juiz dos feitos da corôa e fazenda, que mandará
por seu despacho que digão as partes de sua justiça de feito e
direito, em termo de duas audiencias cada huina ; o que farão
por resões sem fazerem artigos, apontando somente os de.
feitos e nullidades , que ouver nas laes palentes , alvarás e
provisões , e se estão solemnes ou não, ou lhes faltão alguns
requisitos de registos ou verbas; e se não intromeltão a fazer
outras allegações de defeitos das pessoas, nem de incapacidade
e faltas dos annos de serviço . E sendo caso que fação as ditas
allegações o dito juiz dos feitos da Corôa e fazeada as mune
dará logo riscar de sorte que se não possão ler ; e com as dilas
resões poderão as partes ajuntar os papeis e documentos, que
fizerem a bem de sua justiça, em ordem somente aos defei.
tos ou solemnidades das mercês, e tendo todos arresoados, o 1

escrivão dos autos fará conclusos a final ao dito juiz dos


feitos da coroa e fazenda, que os sentenceará em Relação com
os mais desembargadores uella , e as sentenças que se derem
nessa forma a favor dos presentes ou ausentes terão seu
camprido effeito, e somente se poderão embargar na chan .
celaria com embargos de materia nova , que não teabão alle
gado ; e sendo receptiveis The serão recebidos mandando - se
que as partes os contrariem , sem mais outros artigos , aem se
darem tesseminhas , porque a prova nestes casos não depende
dellas mais que de papeis, e se determinarão os ditos embar.
gos corno for ustiça . Porem sendo a materia delles velba , já
626 ARCHIVO DA RELAÇÃO DE GOA
discutida nos autos, logo serão regeitados , sem se manlar dar
vista ás partes para se atalharem dilações , e não poderão
vir com seguudos embargos na chancelaria, nem na posse ,
nem com os artigos de opposição, nem lhe serão aceitados,
nern admitidos. E aquellas partes a cuju favor forem dadas
as taes sentenças as tirarão do processo, e com ellas farão suas
petições aos Viso Reis e governadores deste estado , apresen
tando suas fés de officios, certidões de serviços, folhas corridas
e habilitações de christãos velhos, certidões dos livros dos de .
0

gradados, e o8 alvarás dos foros que tiverem na Caša real , prillie


cipalınente de fidalgos , para os que ouverem de entrar nas foro
talezas maiores do estado, por ser requisito necessario, como
por varias ordens reaes se tem ordenado; e os que ouverem
servido fortalezas, ou cargos de que sejão obrigauos a darein
residencias, apresentarão tãobern certidões de como as derão
boas , e com todos estes papeis pedirão nas dit is petições aos
ditos Vico Reis ou governadores aprovação de suas pessoas
para servirem as ditas fortalezas, cargos e ufficios, ou faculo
dade para as renunciarem pelos privilegios que tiverem de
cidadãos desta cidade de Gua , nã , teado para isso especial
licença ou alvará de S. A. para fazerein as ises renuncias. E
sendo dadas as ditas sentenças a favor dus ausentes as lirarão
seus procuradores dos processos , e com ellas ajuntarão as car .
las e alvarás das mercês de seus constituinler , pedindo por
suas petições aos ditos Viso Reis ou yovernadores lhes apro .
vem angeitos, em que fapão as renuncias ein virtude das la
culdades concedidas nos alvarás , que para este effeito tiverem;
e aquellas pessoas ein que renunciarein depois de uraren
suas carlas , farão o mesmo requerimento com os docuinen.
los que ficão apontados, requercado sua aprovação , para que
informando -se os ditos Vigo Reis e governadores pelos ditos
papeis , e pelo conhecimento que tiverem dos providos, e
informações particulares , que lomarem dos serviços e mereci .
mentos de cada ham , lhes possão deferir, como entenderern
convem ao serviço de S. A. , e segurança de suas fortalezas ,
e boin expedinte dos mais cargos e officios. E este alvará se
cumprirá coino nelle se contem , sein duvida nein contradic.
ção alguma. Noticco-o assy ao chanceler do estado , desem .
bargadores da Relação e mais ministros , officiaes e pessoas
a que pertencer, e inando que assy o cumprão e guardem e
fação inteiramente cumprir e guardar na forma declarada;
e valerá coinu carta passada em nome de S. A. , posto que seu
effeito aja de durar mais de hum annu, sem embargo cia ord .
do liv . 2.° vil, 40 em contrario, e se registará na secretaria ,
Relação e chancelaria , unde se publicará e nos cartorius du
DOCUMENTOS DO SECULO XVII. 627

juizo dos feitos da corôa ee fazenda, e mais partes donde tocar


para que venha á noticia de todos, e não pagará os direitos
de meia annata e chancelaria , por ser do serviço de S. A. e
bem de justiça . Serafino da Costa a fez em Goa a 6 de Noo
vembro de 1681. O secretario Luiz Gonçalves Cotta a fez esa
crever. - Fancisco de Tavor a .
Liv . verde 2.° fol. 14 2v .

SOS

FRANCISCO de deTavora.
alvará em forma &c.que
lei virem Faço saber
S. A., aos que
que Deos este,
guarde
foi servido mandar -me remetter a copia de huma consulta ,
que se lhe fez pelo conselho ultramarino, em que represen.
iou ao dito senhor o grande descuido em que vivião os mo .
radores deste estado da India , sem attenderem a sua natural
defensa a porque sendo as terras delle humas fronteiras cer=
cadas de inimigos, que por muitas vezes as linhão infestado ,
e necessitando muito de toda a prevenção , trata vão tão pouco
della que davão as armas aos mesmos inimigos com Os ca.

vallos, que lhe vendião, pelo interesse de maior preço , fican .


do por este modo sem elles , e tão iinpossibilitados que não
havia em todo o districto destas Ilhas de Goa e das terras de
Salcete e Bardez huma só tropa de cavallos para se acudir a
qualquer occasião que se offerecesse sendo facil , aos iniini
gos nas que se lhes offerecião pôrem em campo vinte e trinta
mil cavallos, como se vira na entrada que a gente do Sivagi
fizera com muita cavallaria nas terras de Bardez, sem haver
hum cavallo entre os ditos moradores para lhe fazer oppo .
sição . E que não fôra bastante este exemplo e outros mais
modernos, que tinhão acontecidos, para os emprestarem , an
les se davão por tão seguros que andavão pelas ruas com
grande delicia deitados em palanquins e andores , não só os
homens fidalgos e nobres, mas tãobem os de menor condição,
contra muitas ordens que prohibião os ditos palanquins e an.
dores, que se não executarão por omissão dos que governarão
este estado, e que haja (sic) sobre esta prohibição se fizerão
em virtude das ditas ordens duas leis, buma pelo Viso Rey
Aires Saldanha no anno de 603 , outra pelo Viso Rey Pero
da Silva no anno de 636, porém com algumas declarações
impraticaveis, que se devião revogar , reduzindo - se as ditas
leis a termos racionaveis . E que seria muito conveniente ao
serviço de S. A. que todos fossem obrigados a ter cada hum
seu cavallo , e tendo filhos, dous , em que podessem andar
para servirem nas occasiões de guerra , e se lhes prohibisse
0 480 dos ditos palanquins e andores, exepto aos velhos de 60
19
628 ARCHIVO DA RELAÇÃO DE GOA
annos para cima e aos aleijados e enfermos , que não podes
sem andar a pé nem a cavallo, e ás mulheres dos homens
fidalgos e dos ministros maiores da Relação 9, e dos tribunaes
da fazenda, contos , justiça e guerra, e das pessoas nobres e
de calidade , cidadãos da cidade de Goa e das mais cidades
do estado. E querendo S. A , atalhar os incoveaientes que
do referido se seguião a seu real serviço, por falta de não te .
rem os ditos moradores cavallos para qualquer occasião que
se offerecesse de defensa nas invasões dos inimigos: foi ser.
vido mandar-me escrever com a dita consulta huma carta em
4 de Março deste presente anno de 681, ordenando -me por ella
que chegando eu á India pozesse remedio ao que se apon
tava na dita consulta, conforme visse era mais conveniente
a este estado. E mandando propor esta materia no conselho
que me assiste , aonde forão vistas as consultas e carta de S.
A. referidas: se assentou uniformemente por todos os con,
selheiros se fizesse lei, para que todos os vassallos deste es,
tado, que costumavão andar em palanquins e andores tenha
cada hum seu cavallo, e tendo filhos, dous, assinando-se-lbe
seis mezes de tempo para dentro nelles os comprarem , e os >

mais, que não tiverem posses para isso, andassem a pé com


seus sombreiros ou sem elles , e se prohibissem os ditos palan
quins e andores com as penas que me parecesse , exceptuan
do-se aspessoas declaradas na dita consulta e os eclesiastis
cos que, por serem izentos e de outra jurisdicção, se não de
via entender com elles a dita prohibição; e porque poderia
acontecer muitas vezes fazerem as pessoas, que não podessem
sustentar cavallos, jornadas distantes de suas terras para ou
tras , lhes seria de grande detrimento andarem a pé, se devia
permitir que os taes podessem andar em redes , quando fi.
zessem as ditas jornadas, com tanto que não sahissem , nein
entrassem com ellas dentro nesta cidade , nem nas mais do
estado senão fora de seus limites. E conformando - me com
a dita consulta e carta de S. A. e assento do conselho do
estado: hey por bem que todos os moradores desta cidade
de Goa e suas Ilhas e das outras adjacentes e das terras de
Salcele e Bardez, e das inaispraças e cidades do norte do
estado da India, que costumão andar em palanquins e anda
res, tenha cada hum seu cavallo, e tendo filhos, vous, pera an.
darern nelles, e servirem a S.A. nas occasiões de guerra; ee para
08 compraren lhes assino seis mezes, que começarão do dia
da publicação deste em diante , e passado o dito prazo mando
que nenhuma pessoa de qualquer calidade e condição que se .
ja , inoradora neste estado, uze mais dos ditoy palanquins e an.
dores; o que se não ontenderá com os eclesiasticos, mas su
DOCUMENTOS DO SECULO XVII . 629

mente com os seculares, exceptuando-se desta prohibição ge.


ral os velhosde sessenta annos para cima , e os aleijados e en.
fermos, que não poderem andar aa pé nem a cavallo , e as mu.
Theres dos homens fidalgos , e dos ministros maiores da Rela
ção, e dos tribunaes da fazenda, contos , justiça e guerra, e
das pessoas nobres e de calidade, cidadãos desta cidade de
Goa, e das mais cidades do norte deste estado; e os que não ti.
verem possibilidade para terem cavallo, andem a pé com seus
sombreiros ou sem elles, para que com esta prohibição se torne
a renovar o estylo dos portuguezes antigos, que andavãoa pé
e a cavallo , ficando as terras de S. A, com cavallaria para se
acudir ás occasiões do inimigo , e os cavallos exercitados co .
brando forças e valor para suportarem o trabalho da guerra; e
aquelles , que não tiverem cabedal para sustentar cavallos, po
derão uzar de redes somente nas jornadas distantes , que fize
rem de humas terras para outras , por não padecerem a molestia
e detrimento de andarem a pé nas ditas jornadas dilatadas ,
com tanto que não sabião nem entrem com as ditas redes
dentro nesta cidade , e nem nas mais do estado , e se apeem a
fóra dos limites dellas : o que uns e outros cumprirão , sob
pena de que todos aquelles que forem achados em palanquins
e andores, passado o dito prazo de seis mezes, ( não sendo das
pessoas exceptuadas ) The sejão tomados por perdidos com
os adornos que tiverem ; e os complices serão prezos e de
gredados por tempo de quatro annos para a China, ou para
as fortalezas de Mombaça e Moçambique , e pagarão qui .
nhentos pardaos de condemnação ; e do que importar o valor
dos ditos palanquins e andores, e da pena pecuniaria serão
duas partes para as despezas da ribeira , e a terceira parte
para os officiaes da justiça , que fizerem as prisões e denon
ciações ; e do dito degredo não poderão aver commutação ,
nem perdão, e sendo-lhe concedido , não terá effeito algum ;
porque desde agora o hey por nulio e de nenhum vigor, e
sendo cafres os que levarem os ditos palanquins e andores
ficarão captivos de S. A, para servirem nas suas galés , e se foe
rem naturaes das terras serão presos, e servirão bumanno nas
mesmas galés. E por este modo hey por reformadas ee declara
das as leis que sobre este particular fizerão osViso Reis Aires
de Saldanha e Pero da Silva , que revogo na parte em que en
contrem esta nova lei, que se cumprirá como nella se contem
sem davida nem contradicção alguma . Notifio - o o_assy ao
chanceler do estado , e a todos os mais ministros , officiaes e
pessoas a que pertencer, e lhes mando que assy o cumprio e
guardem , e fação comprir e guardar; e este alvará se registará
na secretaria do estado , na Relação , e nas camaras e mais
paries onde competir e necessario for ; e valerá como carta
630 ARCHIVO DA RELAÇÃO DE GOA

passada em nome de S. A. , posto que seu effeito aja de dus


rar hun anno, sem embargo da ord . do liv . 2.° tit. 40 em cone
trario; e não pagará os direitos de meia angata , nem 08 de
chancelaria por ser do serviço do dito seuhor, e será poblica
da nella e nos lugares acostumados desta cidade e suas Ilhas ,
e nas terras de Salcete e Bardez, e nas mais praças e cidades
do norte deste estado. Para que venha á noticia de todos, e
não possão depois allegar ignorancia, se passou por varias
vias , Serafino da Costa o fez em Goa a 1 de Dezembro de
1681. O secretario Luiz Gonçalves Cotia o fez escrever .
Francisco de Tavora .
Liv . verde 2.° fol. 145 v.

809
ENTde
ASScisco OW. SE Relaçãoque visto o år.Viso Rey Fran
Tavoraemhaver nomeado ao dr. Antonio Pereira de
Sousa , desembargador dos aggravos e juiz dos feitos da coroa
e fazenda, para hir com alçada á fortaleza de Moçambique
e Rios a certas diligencias do serviço de S. A., e tirar resi
dencias dos capitães, ministros e officiaes de justiça, fazenda
e guerra , que tem servido naquellas partes, e devassar de als
guns casos que tem succedido ; convinha que fosse com a mes.
ma occupação de juiz dos feitos da corôa e fazenda , e com os
officios de ouvidor geral do crime e civel , e provedor mór dos
defunctos e ausentes, para com mais auctoridade e respeito
conseguir as diligencias'a que vai , concedendo - lhe poder e
auctoridade para conhecer de todas as causas civeis e cri .
mes , que por bem dos ditos officios lhe pertencem , ad vocando
a seu juizo de quaesquer outros as que lhe parecerem , e fo .
rem requeridas pelas partes , no estado em que estiverem , dan.
do appellação e aggravo das sentenças que der para a Relação,
nos casos que não couberem na sua alçada ; e vindo - lhe
com suspeições tomará adjuntos na forma que dispõem a ore
denação. E poderá passar cartas de seguro , alvarás de fiança ;
e todos os ouvidores , juizes ordinarios e dos orfãs derão ap
pellação e aggravo para elle, de que tomará conhecimento
determinando causas
como for justiça , e nas contas
49
dos testamenteiros usará do regimento do provedor mór
dos defunctos . E poderá por penas e executaloas , e aos
que achar culpados nas devassas , que tirar por casos graves,
remelterá presos ao tronco desta cidade com suas culpas,
e sendo leves lhes dará livramento; e fará o officio de chan.
peler , passando pela chancelaria todas as sentenças da alça.
da . Eņas ditas devassas, e mais diligencias que fizer não
DOCUMENTOS DO SECULO XVII. 631

gastará mais tempo que aquelle que precisamente for neces.


sario, conforme a calidade dellas ; e vencerá de salario
por dia , desde 0 em que partir desta cidade até o
em que tornar a ella, mil e seiscentos réis dos bens dos
culpados , pagando-lhe cada hom o que lhes tocar por
rata, conforme o tempo que tiver gastado ; e não havendo
culpados, haverá o mesmo sallario das condemnações que
fizer para as despezas da justiça; e faltando huma e outra
cousa, se assentará no conselho da fazenda o que se lhe deve
dar por conta della como he estylo, e só hade vencer justa
mente o ordenado que tem de desembargador , e o escrivão e
meirinho da alçada vencerá cada hum por dia dois xerafins ;
e levará doze homens brancos , e não os avendo, soldados da
terra , e se dará a cada hum delles por dia hum tostão , todo
á custa dos culpados, e não os havendo do dinheiro das obras
da justiça; e mandará fazer hum livro numerado e assinado
pelo ouvidor de Moçambique , em que se carregará em re
ceita sobre o thesoureiro , que elle nomear,o dinheiro das con
demnações da alçada e das obras da justiça , e o que o dito
thesoureiro despender , se lhe levará em conta com recibos
das pessoas a quem pagar , e ordens do dito desembargador ,
e certidões passadas por elle de como servem os seus officios
e assistem os homens , que se lhe concedem , e dará inteiro
comprimento a todas as provisões que lhe forem dadas , e
guardará em tudo a instrucção que lhe dará o sr . Vsso Rey.
Goa 24 de Dezembro de 681.- Francisco de Tavora - Guião
-Mesquita .
Liv. verde 2.° fol. 149 v.

SIO

F RANCISC O de Tavora , do conselho do estado de S. A. ,


Viso Rey e capitão geral da India &c . Faço saber aos que
este alvará em forma de lei virem , que o dito sr. por carta sua
de 22 de Março deste presente anno de 631, foi servido
mandar-me remetter a copia de huma consulta , que se lhe
fez pelo conselho ultramarino, em que se lhe representou que
os moradores deste estado da India, assy portuguezés , como
os christãos naturaes da terra; asavão de hum grande abuso fa.
zendo extraordinarias festas quando lhes nascião os filhos,
por espaço de oito dias, a que chamavão vigilia , em que da vão
geralmente de comer e grandes banquetes em suas casas a
todos os que The hião assistir, em tal forma que não havia ri.
co nem pobre, que não fizesse o mesmo, com tanio excesso
que ficavão destruidos e empenhados, por gasta rem os cabe
çaes que não tinhão, armando-se mesas de jogo em que se
632 ARCHIVO DA RELAÇÃO DE GOA
perdia muita fazenda; e no sexto dia , que propriamente cha.
mavão o da vigilia , se dobra vão as festas , e dormião muitos
nas ditas casas, de que resultavão algumas murmurações e
menos credito e reputação dos donos dellas, os quaes , sem
embargo de conhecerem que estas vigilias não servjão mais
que de sua destruição, nenhum queria ser o primeiro que
tirasse este costume , por não serem notados de mizeraveis e
poupados, sendo a principal causa de se não haverem tirado a
vaidade das mulheres, que levadas da emulação obrigavão
aos maridos a fazerem os ditos gastos . E querendo S. A.
alalhar este abuso , e tirar a occasião de seus vassallos se desa
truirem com semelhentes superfluidades, sem necessidade 9, e
que não aja motivo de murmuração contra o recolhimento e
honestidade de suas casas ; me ordenou pela mesma carta que
communicando este negocio no conselho , que me assiste ,
procurasse dar-lhe o remedio possivel pera se evitarem estes
inconvenientes . Em cujo cumprimento mandei convocar o dito
conselbo, onde se virão a dita carta e consulta , e reconhecen
do-se por justificadas ag resões que o conselho oltramarino ti.
nha representado a S. A. , se conformarão todos uniformemen .
te com ellas , assentando - se que não somente se evitassem
as festas que se fazião nas ditas vigilias dos nascimentos dos
filhos , mas ainda as que tãobem se fazjão com outros gastos
excessivos nos casamentos , e assy dos portuguezes como dos
naturaes. E tendo consideração ao referido em virtude da
dita carta de S. A. e assento que se tomou em minha presença :
hey por bem e mando que daqui em diante não fação os por
tuguezes, nem os christãos naturaes da terra , moradores nego
te estado da India , as ditas vigilias e festas nos nascimentos
dos filhos, nem tãobem nos seus cazamentos , nem se usem de
tangeres e bailares deshonestos, nem dem de comer em suas
casas , nem consintão que joguem e dormão nellas, e somente
nos dias do baptismo e do recebimento poderão convidar os
ditos portuguezes e naturaes a seus parentes e amigos para
lhe assistirem , offerecendo -lhes neste tempo alguns regalos
ou doces por urbanidade , e sem mais outros despendins , sob
>

pena de que fazendo algam o contrario, sendo portuguez


perderá as mercês que tiver, pera não entrar nellas, nem as
poderá renunciar, nem testar, e aos que ainda não estiverem
despachados não poderão ser consultados por seus serviços ,
nem admittidos seus papeis em despachos , nem provi.
dos em nenhuns postos, nem officios, e pagarão quinhentos
xerafins, a metade pera as despezas das armadas e a outra
pera quem os accusar, e sendo christãos naturaes da terra
pagarem pela priineira vez cem xerafins, tãobem ametade
para as despezas das armadas, e a outra para o acousador, o.
DOCUMENTOS DO SECULO XVII. 633
pela segunda vez serão presos e degredados por dous anno
pera a China ou Mombaça. Notifico - o assy ao chanceler do
estado, e a todos os ministros, officiaes e pessoas a que o con.
hecimento desta lei pertencer, pera que a comprão e guardem ,
e fação inteiramente comprir e guardar, como nella secon.
tem , sem duvida nem contradicção algoma ; e valerá como
caria passada em nome de S. A. , posto que seu effeito aja
de durar mais de hum anno, sem embargo da ordenação do
liv, 2. tit . 40 em contrario; e não pagará os direitos de meia
annala, nem os da chancelaria por ser do serviço do mesmo
sr. E pera que venha á noticia de todos se publicará na
dita chancelaria, nos lugares costumados desta cidade e
suas Ilhas adjacentes, e nas terras de Salcete e Bardez, e nas
mais praças e cidades do norte , para que depois não alle.
guem ignorancia, de que os officiaes a que tocar passarão suas
certidões, e se regisitará na secretaria do estado e chance
laria, Relação e camaras , e aonde mais cumprir, para que a
todo o tempo conste do referido, de que outro sy passarão
suas certidões ; e se passou por varias vias, Sebastião Pereira
a fez em Pangim a 28 de Dezembro de 681. O secretario
Luiz Gonçalves Cotta a fez escrever.- Francisco de Tavora
Liv. verde 2.° fol. 147 v.

Anno de 1682 .
811

PORQAN TO pode succeder deferir a alguns requerimen.


tos das partes com despachos ou portarias em materias
que encontrem os regimentos e ordens reaes em falta de no•
ticia dellas , e não he minha tenção encontral- as, antes fazel .
as obervar e guardar em tudo pontualmente ; ordeno e mane
do ao chanceler do estado e desembargadores da Relação
que , quando lhe forem apresentados alguns despachos ou
portarias minhas que encontrem de alguma maneira o que es.
tiver disposto nos ditos regimentos e ordens , suspendão a
execução dos taes despachus e portarias, e me repliquem
dando- me noticia dos ditos regimentos e ordens , para que,
vendo-as, me possa deliberar nas resoluções que tomar, e não
havendo outras que encontrem , fazel-as guardar, advertindo
aos ditos chanceler do estado é desembargadores da Relação
que , faltando por sua omissão em me darem a dila policia , se
haverá por seus bens e fazendas as perdas e damnos, que por
essa causa resultarem á fazenda real e ás pessoas em cujo
prejuizo forein passadas. E para que haja sempre na dila
634 ARCAIVO DA RELAÇÃO DE GOA
Relação lembrança desta minha ordem , se registará nos livros
della , de que se passará certidão nas costas , que se remeto
terá á secretaria do estads. Pangim 7 de Janeiro de 1682.
( Rubrica do sr. Viso Rey ).
Liv. verde 2.° fol. 151 .

812

FRANCISCOde Tavora,muito
o Princepe vos envio VisoRey
saudar.daTenho
India,resoluto
amigo.haja
Ea
nesse estado tres ministros de letteras para sentencearem as
appellações e aggravos das causas dos descaminhos do ta.
baco, e que estes sejān o ouvidor geral do estado e os dous
desembargadores mais modernos , que ouverem na Relação,
pera que com os tres ministros que ha effectivos na junta da
administração do tabaco do mesmo estado ( que são o su
perintendente e ious administradores ) sentenceem a final
todas as causas na forma das leis e ordeas estabelecidas 80
bre o jabaco ; e quando succeda empatarem em algum caso
dicidirá o ministro de letteras que se seguir ao ultimo, dando
me conta em todas as monções do que obrar pela junta da
administração do tabaco do Reino, para se ter noticia de tu .
do : de que me pereceu avisar-vos para que façaes se execute
esta minha resolução. Escrita em Lisboa a 12 de Fevereiro
de 1682. – Princepe.
Liv, verde 2. fol. 177.

813

ASSENTO
ministrosU.SEemRelação
abaixo assignados, presente
,
que por o
o .
sr o Viso
quant Rey,que
S. A., e
Deos guarde, tem prohibido por suas ordens que se não pose
são neste estado eleger desembargadores que não tenhão li.
do e sejão aprovados no desembargo do paço e de presente
não haver letrado algum neste estado aprovado no dito de
seinbargo do paço ,, para poder puxar por elle para
desembargador; e pela falta que ha de ininistros nesta Re .
lação por serem fallecidos os que nesta monção presente pas.
sarão a este estado , o desembargador Manoel de Almeida
dos Santos , Manoel do O' Barriga e João de Friz de Care
valho ; e partir para Moçambique o dr. Antonio Ferreira de
Sousa , e não se acharem de presente mais que tres desembare
gadores, com os quaes na forma da ordenação se não podem
despachar os feitos em que o procurador da coroa e fazenda .
he parte , e os mais que vem por aggravo em que algum dos
desernbargadores he juiz assim do civel , crime ( sic ), pro .
DOCUMENTOS DO SECULO XVII, 635

vedor mór dos defunctos , juiz dos feitos, como do fisco,


de que as partes e fazenda real de S. A. recebem gran.
de prejuizo, ficando os ditos feitos e suas causas empata.r
das e seun recurso, e ao dito sr. occorrer obrigação de manda ,
administrar justiça a seus vassallos, e conforme a isso se nã
poder entender a lei e estylo, que ordena sejão tres juize
conformes no despacho das causas senão em termos habeis ,
havendo o dito numero de tres desembargadores , e verosi.
milmente , se entender ser esta a mente de S. A. e da dita ora
denação; e supposta a dita prohibição se despachein os feitos
com os desembargadores que ouver na Relação , por não ficar
parado o recurso das causas e a administração da justiça .
Pareceu que em quanto S. A. , que Deos guarde , não pro
ver de desembargadores esta Relação , que os que de presente
ha nella despachem os ditos feitos e causas , sem se poder al.
legar nullidade alguma; por este assento se tomar em bene.
ficio das mesmas partes. E se guardará como lei , por 8. A. ter
mandado que os assentos, que se tomarem na Relação em pre.
sença dos seus Viso Reis, se guardem como lei , em quanto se
lhe dá conta; e deste assento se dará conta ao jito sr , nas
primeiras embarcações, que para o reino partirem , para man .
dar o que mais for servido. Goa 27 de Fevereiro de 1682.
Viso Rey - ? - Mesquita - Guião .
Liv, verde 2.° fol. 151 v .

81 .

Viso Rey e capitão geral da India &c . Faço saber aos


que esta provisão virem que o dito senhor foi servido inandar
passar hum alvará aos 21 de Fevereiro de 1584, por onde or .
denou que o Viso Rey ou governador da India podesse eso
colher e nomear desembargador letrado que reziila nesta Ilha
de Goa, qual lhe parecesse para servir de conservador e juiz
de todos os christãos da terra , e tomar conhecimento de to
das suas causas, assy crimes como civeis , que entre elles se
.. movessem, de qualquer calidade que fossem , e determinal-as
verbalmente como fosse justiça ; e pera tãobem conhecer
das mesmas causas os ouvidores das fortalezas , e onde 08
não ouvesse os capitães dellas , dando appellação e aggreyo
nos casos que não coubessem na sua alçada , cujo treslado he
o seguintes ( segue o alvará , que não pôinos a qui por estar no
Archiv . Port , Orient, Fas . 5. 1.0 807 ).- E porqne avendo lan a

tus annos que se passou o dito alvará , que não consta que até
agora se aja praticado , sendo tanto do serviço de Deus para
augmento da christaudade ; pois nelle se dispõem que os chriya
20
636 ARCHIVO DA RELAÇAO DE GOA
tãos da terra , e os novamente convertidos tenhão conserva .
dore juiz certo e privativo, que conheça verbalınente de to.
das suas causas crimes e civeis ; e por falta do dito juiz as
movem en varios tribunaes e juizos, aonde os A , A. e R. R.
padecem grande molestia e detrimento por serem obrigados
a litigar pelas vias ordinarias , e sendo pela maior parte as
ditas causas de pouca consideração , e muitas vezes rnovidas
por seus odios e paixões , particulares de que se costumão valer
para suas vinganças, com que huns e outros ficão destruidos
com as dilações e gastos que fazeni, e consumindo suas far
zendas e vidas , de que resulta queixarem-se ordinariamente
a este governo, de que não tem cabedaes para sustentarem
pleitos, pedindo lhes mande deferir breve e summariamente,
o que tudo se atalha com o dito conservador; porque como
juiz privativo pela faculdade que se lhes concede pode de.
terminar aas ditas causas com brevidade, ainda com pôr nas
mesmas as partes e nas diferenças que tiverem , que muitas
vezes por falta da dita diligencia se seguem suas leimas sem
fundamento de justiça . E desejando eu remediar estes dam.
nos, e favorecer os ditos christãos, me pareceu conveniente
dar execução ao dito alvará ; e conformando-me com elle, e
pela satisfação que tenho das letras e inteireza do doutor Ma.
nuel Gonçalves Goião, desembargador da Relação de Goa, e
juiz dos feitos da corộa e fazeada: hey por bemn de nomear
conservador e juiz dos ditos christãos da terra , e dos nova .
mente convertidos desta cidade e Ilha de Goa estas adjacen .
ies , para conhecer de todas suas causas crimes e civeis, que
entre elles se moverem de qualquer calidade que sejão. E
porque no dito alvará se ordena que o dito conservador as de
iermine verbalmente como for justiça , sem se fazer destinção
alguma da calidade das dilas causas, e da maior ou me .
nor importancia dellas , e da alçada que hade ter ; e nesta
parle necessita o dito alvará declaração , por se evilarem du
vidas e embaraços, em resão de que pode acontecer que ajão
algumas causas lāv graves e de laata consideração , que não
possa o conservador deferir a ellas verbalmente, e que seja
necessario processar autos e proferir sentenças , e dar appel .
ção e aggravo para a Relação naquelles casos que não cou.
berem na alçada que se lhe arbitrar , se declara por esta pro .
visão, que nos casos crimes ein que não entrevir sangue ira .
tará o dito conservador de cornpor os ditos christãos amiga
velmente semn mais outra figura de juizo; e nos que ouver
sangue , cortamento de membro, furtus e outros semelhantes
toinará as querellas que as partes derem , e lirará as devassas
que furem necessarias, conforine pedir a calidade dos ditos
caso :, e dará livrainento aos culpados breve e suinmaria
DOCUMENTOS DO SECULO Xyll. 637

mente ; e nos casos leves, que não merecerem penas graves,


poderá condemnar os RR. até 20 pardáos, que lhe concedo
de alçada, para as partes queixozas , sem appellação nem
aggravo , e carecendo as culpas de maior condemna .
ção de dinheiro e de degredo, dará nestes casos das senten.
ças que der appellação e aggravo para a Relação , e ap .
pellará por parte da justiça ; e somente não tomará conhe
cimento dos ditos casos de morte que merecerem pena ca.
pital por ser eclesiastico , e ficará reservada essa jurisdicção
80 ouvidor geral do crime, que tirará as devassas dos ditos
casos , e dará livramento aos culpados na forma ordina .
ria; e as causas civeis determinará o dito conservador verbal.
mente até a mesma contia de 20 pardáos sein appellação nem
aggravo; e havendo papeis escriptos e conhecimentos de die
vidas bastará sómente que os veja para sentencear da vero
dade na presença das partes, e depois de vistos e determinas
das as ditas causas os rasgará perante ellas ; e sendo neces
sario tomar alguna inforınação de testemunhas para cons
tar melhor da justiça de cada hum , o fará vocalmente sem
inquirições dando juramento ás mesmas testemunhas , como
se faz no juizo da almotaceria ; e passando a condemnação das
ditas causas civeis da contia referida dos ditos 20 pardaos,
processará autos breve e summariamente sem usar das vias
ordinarias atalhando todas as dilações , e das sentenças que
der de maior condemnação dará appellação e aggravo para a
mesma Relação ; e escreverão was causas crimes os escrivães
do juizo do ouvidor geral do crime , e nas civeis os escrivães
do juizo do ouvidor geral do civel , por se não criarem ou .
tros escrivães de novo; e nas em que o conservador proceder
verbalmente, sem processar, mandará tomar por lembrança
aos ditos escrivães em seus protocolos as sentenças que der,
assinando ao pé dos termos que se fizerem das ditas sentenças,
para que as partes não tornem a repetir as mesmas causas,
e poder constar a todo o tempo que forão já sentenciadas.
E não poderão os ditos christãos desta cidade e Ilha de Goa ,
e suas adjacentes ser demandados pelas causas referidas em
outro algum juizo , mas somente no dito conservador, e nas
terras de Bardez e Selcete, e nas fortalezas do norte de Chaul ,
Bacaim , Taná, Damão, Trapor, nas de Dio , Bombaça e Mo
çambique conhecerão das inesmas causas dos christãos da
terra e novamente convertilos ng ouvidores das ditas forta
lezas, e em falta delles os capitães dellas, cada hüm no seu
districto, na mesma forma em que hade fazer o dito conser.
vador ; porem somente com alçada nas causas verbae's crimes
e civeis até contia de dez pardáos , que he ametade dos 20
que concedo ao conservador por ser letrado e dezembarga
638 ARCHIVO DA RELAÇÃO DE GOA
dor; e as sentenças que os ditos ouyidores e capitães derem
nas ditas causas verbaes poderão executar sem appellação
nem aggravo, mas passando da dita contia darão a dita ap
pellação e aggravo para a Relação, como fica declarado no
conservador; e escreverão nas ditas causas os escrivães dante
os ditos ouvidores. Notifico - o assy ao chanceler do estado,
e ao sobredito conservador, ouvidores, capitães e mais mi
nistros da justiça , officiaes e pessoas a' que o conhecimento
do dito pertencer , e lhes mando que assy o cumprão e guar :
dem , e fação inteiramente cumprir e gardar sem duvida nem
.

contradicção alguma; e o dito conservador servirá este cargo


com 0 mesmo ordenado que tem de desembargador , e
debaixo do juramento que recebeu quando entrou a servir ,
e somente levará assignaturas que lhe tocarem pelo lugar
que occupa ; e os ouvidores e capitães das fortalezas servirão
tãobem com os ordenados que tem com seus cargos , e deo
baixo do juramento, que delles se lhes deu . E esta provieão
se passou por duas vias, e valerá como carta passada em no.
me de S. A. , posto que seu effeito aja de durar mais de hum
anno , sem embargo da ord , do liv . 2.° tit, 40 em contrario ,
e se registará na chancelaria , Relação, camaras das cidades,
e nas gancarias das aldeias, e mais partes onde for neces .
sario, e não pagará os direitos de meia annata nem chance .
laria por ser serviço do dito sr. Cosme de Vargas a fez em
Goa à 20 de Maio de 1632. O secretario Luiz Gonçalves
Cutte a fez escrever. - Francisco de Tavora .
Liy, verde 2.: fol . 152 v .
815

- &
do dito sr . e mais ministros abaixo assignados que por
serem nas causas das intrancias muitos os oppostos , de que
se segue dilatarem as ditas causas , o que fazem todos os
>

providos oppondo - se a todas as mercês aiada que sejão mais


modernos, e não conhecerem vicio nas mercês mais antigas,
e isto em resão de dizerein se tem tomadu assento que aos pro
vi los, que não litigarem , fiquem suas mercês na vagante dos
provins ; o qual assentu, supposto esteja claro , para que ve
nhu á noticia de todos, por este se declara que só lem lugar
nos providos rnais antigos que estão desempedidos ao tempo
da intrancia e deixarão eatrar outros mais modernos; porque
estes então são aquelles cujas inercês ficão na vagante dos
providos. E declara outrosi o dito assento que os providos
mais modernos que nã , litigare in com as inercês mais antia
DOCUMENTOS DO SECULO XVII . 639

gas , estando desempedidos, não poderão embargar a senten


ça na chancelaria , nem vir com embargos á posse; porerna
mercê fica coin aa mesma antiguidade que tinha, ainda que
não litiguem na causa da intrancia. E nesta forma inandão
se guarde o dito assento e ordem de S. A .; e para que venha
á noticia de todos se publicará em todas as audiencias desta
côrte e chancelaria, Goa 10 de Julho de 682, - Sande - Mene.
zes - ? - Mesquita .
Liv . verde 2.• fol . 141 .

816

DIZEM o provedor e mais irmãos na casa da misericordia


"desta cidade de Goa, que sendo Rei de PortugalDom Phe.
lippe 2.0 mandou passar o alvará , fol . 1 , em 24 de Novembro
de 1583 por onde ordenou aos Viso Reis e governadores des .
te estado da India que podesse in dotar as orfaas que vinhão
do reino com feitoria , é mais cargos dahi para baixo , para
seus casamentos, passando -se -lhes logo suas cartas e provisão
para servirem as pessoas que com ellas casassem , quando lhes
coubesse a intrancia, sem ser necessario irem a confirmar ao
reino; e no caso que as ditas orfas fossem de tal calidade, e as
pessoas que com ellas casassem que merecessem cargos avan .
tajados das feitorias para cima , as poderião os ditos Viso Reis
on governadores dotar com elles, com declaração que manda .
rião buscar ao reino confirmação dos taes cargos. E mandan .
do depois o mesmo Rei Dom Phelippe passar 2.º alvará, fol.
2, em 25 de Fevereiro de 1595, ordenou por elle aos ditos Viso
Reis e governadores que podessem tãobem dotar com os
ditos cargos e officios as orfãas nascidas nestas partes da In .
dia , filhas de homens nobres que morrerão em seu serviço, na
mesma conformidade em que fazião ás orlías que vinhão
do reino; em virtude dos qutes alvarás forão sempre os ditos
Viso Reis e governadores dotando huinas e outras orſas
com os ditos cargos e officios para seu casamento , sem dese
tinção de haverem seus pais fallecido no serviço ou fóra
delle, entendendo que como vivião nesta conquista, e tinhão
servido nas armadas e fortalezas, se reputava serem mortos
no serviço . E succedendo serem providos no officio de rece .
bedor das terras de Salcete Gaspar Corrêa e Francisco de
Castel- Branco, por casarem com duas das ditas orfãas; e li
ligando ambos no juizo das intrancias sobre qual delles ha.
via de entrar a servir o dito offcio, forão igualmente excluidos
por sentença da Relação, fol. 3, dada em 3 de Maio de 1650 ,
tomando -se por funiamento que as mercês do dito officio
forão feitas contra a forma do ultimo alvará, porque nenhum
640
ARCHIVO DA RELAÇÃO DE GOA
dos pais das ditas orſãas , mulheres dos sobreditos morrerão
em serviço de S. A. na guerra . A que vindo com embargos
de declaração , for hun dos providos, Francisco de Castel
Branco, articulando que o 2.0 alvará não falla em serem more
tos na guerra , mas no real serviço em que seu sogro inorrera ,
estando servindo de escrivão da fazenda de Salcete: lhe forão
recebidos e julgados por provados os ditos embargos pela
sentença de fol . 6 , dada em 15 de Maio de 1653, revogando.
se a primeira sentença por este solido fundamento , e que
fosse o embargante admitido a servir o dito officio . Para que
se não tornassem a mover semelhantes duvidas recorrerão o
provedor e mais irmãos, que então servião na dita casa da
misericordia , ao sr. Rei Dom Affonso com o treslado das ditas
sentenças , representando que o 2.º alvará , por onde
>

se mandava que fossein providas as orfias nascidas nesa


tas partes da India nos cargos é officios para seus doo
tes, somente declarava que serião as filhas de pais nobre3,
que morressemi em seu serviço, e não fallava em serem mor.
tos na guerra, como inadvertidamente se interpretava na pri
meira sentença , pedindo ao dito sr. Rei que para cessarem as
duvidas que se tinhão movido sobre se não haverern pratica
do as mercês feitas ás ditas orfãas , mais que naquellas cujos
pais morressein na guerra , fosse servido mandar declarar
que todas as ditas mercês que estavão feitas sortissem seu
comprido effeito , sem embargo de que os pais das ditas of.
fãas não fossem mortos na guerra. E lendo o dito sr. Rei res.
peito ao referido nesta supplica , ao grande prejuizo que
podia resaltar ás ditas orfáas, de serem reprovadas as mercês
com que forão dotadas, ficando pobres sem remedio algum
para seus maridos sustentarem os encargos do matrimonio,
foi servido mandar declarar pela provisão fol. 7, passada em
..de Dezembro de 1664, que as mercês que pelos ditos al•
varás tinha concedido para casamento das ditas orfãas tives"
sem effeito em todas as declaradas nos mesmos alvarás, cons
tando serem filhas das pessoas benemeritas , e seus serviços ,
e inda que seus pais não morregsem na guerra, com declara
ção que em igualdade de serviços e merecimentos precede
jião nas mercês declaradas nos ditos alvarás as orfaas, filhas
dos pais que morressem no conflito da guerra , e ino's traudo
o tempo adiante que conviria alterar-se esta provisão o póde.
rião fazer na forma que fosse inais cunveniente. De sorte que
esta provisão faz soinente declaracio para as mercêes que
esta vão feitas, e não comprehendeu as futuras para se deixa
rem de fazer. E nesta conformidade, em virtude dos ditos al
varás forão os Viso Reis e governadores continuando, como
dantes, até o presente em dotar as ditas orfáas com cargos e
DOCUMENTOS DO SECULO XVII. 641

officios conforme suas calidades e das pessoas com quem se


contrata vão para casar, ser nunca os procuradores da corôa
?
e fazenda pôrem a esias duvida alguma . E ora entrando a
servir o dito lugar o doutor Manoel Nunes de Mesquita tem
reparado em alguns dos requerimentos , que de proximo fizerão
tres ou quatro orfãas , que estão contratadas para se casar,
tomando por landamento que a provisão e declaração do dito
sr. Rei só confirmaya as mercês que esta vão feitas , ainda que
os pais de algumas das ditas orfãas não morressem na guerra ,
declarando que nestas laes mercês precedessem as orfãas filhas
de pais que morressem no conflito da guerra; e que com esta
declaração se ficaria restringindo a faculdade concedida nos
alvarás , para se não poderern dotar outras de novo, porque se
não declarava na dita provisão que pode sem conservar OS
Viso Reis e governadores como dantes com o provimento de
dotes dos ditos officios ; o que assim se devia entender por
se dizer na mesma provisão que , mostrando-se pelo tempo a
diante que conviria alterar- se esta confirmação , a poderia
fazer na forma que fosse mais conveniente. E porem parece
que não tem lugar esta inteligencia , que o procurador da
curộa e fazenda dá da dita provisão, para se não fazerem mer.
cês futuras; porque a tenção de S, Magestade não foi de tirar
este remedio devido ás orſãas da India recolhidas no
recolhimento da Serra, deixando- as desamparadas, incasa.
veis , nein se deve entender que com a dita provisão ficou
cessando o efeito dos alvarás ; porque nella se não achão
derrogados, mas somente declarada aa forma que se devia guar
dar, mas nas preferencias das mercês já feitas sobre que se
tinhão movidas as duvidas. E posto que na dita provieão se não
mandasse expressamente aos Viso Reis e governadores que
continuassem em fazer as ditas mercês futuras na forma dos
alvarás , nem por isso podem deixar de o fazer como danles o
fazião , pois os ditos alvará estão em sua força e vigor , e não
lem liinitação de tempo, por S. Magestade entender que na
preferencia das taes mercês puderia aver algum inconvenien .
19 , por isso deixou caininho aberto na dita provisão para o po
der alterar; com que corre de plano que os Viso Reis e gover.
nadores podem prover, não só as filhas orfãaalde pais que mor .
rerão no conflito da guerra, mas ainda aquellas que forão be
neineritas no real serviço , como declara a mesma provisão,
e depois no juizo das intrancias precederão aquellas a estas.
E sendo esta a verdadeira inteligencia , que se deve dar á
dita provisão , ficão totalmente cessando as duvidas do dilo
procura ior da corôi e fazenda ; e porque a casa de inisericorn
dia está fazendo excessivos gastos com o sustento das vilas
orfãas, e por resão das ditas duvidas deixarão inuilas de se
642 ARCHIVO DA RELAÇÃO DE GOA
casar, e estão parados os seus requerimentos em grande pre
juizo dellas e da mesma casa , no que V. Ex.a deve prover
de remedio conveniente ,
P. a V. Ex." Thes faça merce de mandar ordenar ao
procurador da corôa e fazenda que não ponha mais seme
melhantes duvidas aos requerimentos das dita's orſã as , pois
claramente se tem mostrado que podem ser dotadas para o
futuro com os cargos e officios, que couberem em suas calia
dades e das pessoas coin quem casarem , em virtude dos ditos
alvarás e provisão, quer sejão filhas dos pais que morrerão
no conflito da guerra , ou daquelles que forão benemeritos
no real serviço, como se declara na dita provisão . E receberá
mercê. = Despach - Haja vista ao procurador da coroa . Goa
4 de Agosto de 1682. = Rabrica do sr. Viso Rey Francisco
de Tapora .
Resposta do procurador da coróa.
Duvidei poderem - se dar cargos para dote de casamen .
to ás orſas do recolhiinento de N. Senhora da Serra ,
cujos pais não tivessem morrido no serviço de S. A. , que
Deos guarde, por assim entender os alvarás em cuja virtude
o dito sr. lem concedido a V.Ex. poder dotar as taes orforaas.
Tres são os alvarás passados á fayor das ditas orfas; o pri
meiro de 24 de Novembro de 1583 ; o 2.º em 25 de
Fevereiro de 1595 ; eo 3.º em 2 de Dezembro 1664.
No primeiro se concede em que se possã ) neste estado
dotar as orfãas do reino que a elle vierem com cargos de
feitorias para baixo, sem irem confirmar ao reino, e sendo
cargos de maiores irem confirmar; no 2.º se concede o mesmo
ás orfãas
viço, filhas
sendo da India
filhas cijos honradas
de pessoas pais tiverem
e inorrido
nobres , no
e ser
não
em outras; em virtude deste alvará se dotárão as orlãig
desta calidade e tãobem dotá o outras que a não linhão .
Dous providos com estas mercês liviágrão em juizo, e
forão por sentença excluidos, por os pais das orfãas
OS

coin quem avião casado não averem morrido na guerra


Hum destes providos embargou a sentença , e teve melhora.
mento nos embargos , por o pai da orfáa com quem era casado
haver'morrido no serviço do dito sr. , sendo escrivão da fa.
zenia em Salcete ; com que na segunda sentença se veio à
declarar que bastava morrer no serviço , e não era necessario
morrer na guerra para haver de ter effeito as mercês nas filhas
Com esta sentença supplicarão o procurados e irnos da
misericordia aa S.A., e houverão o 3.º alvará que declara que as
inercês, que estavão feitas, tivessem seu comprido effeito ,
ainda que os pais das orfãas , a quem se linhão feito não
Vessem inurrido na guerra; porem que aquellas cujos pais
DOCUMENTOS DO SECULO XVI , 643

morressem na guerra , preferirão ás outras, sendo porem no


serviço humas a outras; e querendo alterar esta confirmação
em algum tempo, por ser conveniente, o poderia fazer.
Por este 3.• alvará se forão dotando todas as orfãas do nou
mero sem embargo de seu pai não haver mortido no serviço,
nem na guerra , parece, fundado nas palavras do 3.º Alvará ,
ibi .... * ainda que seus pais não morressem na guerra =
Poderá ser muito bom este fundamento , ne'm eu o duvidára,
se o terceiro alvará não fora confirmação das mercês feitas,
Sendo assỳ parece que sómente nellas deve ter lugar, e não
nas que dahi em diante se devião fazer, que depião ser feitas
na forma do primeiro e segando alvará, que estão em seu
vigor, porque o 3. nem 08 declarou, nem aplicou . E supposto
que parece que quem vive na India , esteja no serviço de 8 .
A. , por ser isto huma fronteira em que todos estão obrigados
>

á sua defeza , e pela mesma resão assistindo sempre no sel


viço do dito sr. , e assim ficão morando nelle , me parecia que
V. Ex . in andasse ver na Relação esta petição, pois nella se
hão de julgar as taes mercês por boas ou por invalidas, e , pa.
recendo , se tomasse assento , e por elle se continuasse a fazer
.
até se dar conta a S A. para mandar o que for mais servido ,
attendendo tãobem que no dito recolhimento ha muito pou .
cas or fãas , cujos pais tenhão morrido no serviço, havendo
muitas cajos pais servirão muitos annos . Isto he o que me
parece ; sobre tudo mandará V. Ex. o que mais for servido.
Goa 20 de Agosto de 1682. - Misquita Despacho = Veja -se
em Relação e seja em minha presença. Goa 24 de Agosto de
1692 Rubrica do sr. Viso Rey, Francisco de Tavora.
( Seguem-se os alvarás de 24 de Novembro de 1583. Vid.
Arch , Port , Oriel , Fasc . 5.° n . 831 o alvará de 25 de Feve.
reiro de 1595. Arch . Port. Orient. Fasc. 3.° n.'... )
Sentenças que se derão na Causa que correu entre Gaspar Corrêa ,
e Francisco de Castel- Branco ,
A casa da santa mizericordia desia, cidade que a ella he
necessario o relatorio da sentença que se deu em hans autos
que correrão neste juizo entre os providos da recebedoria
das terras de Salcete , Gaspar Corrêa e Francisco de Castel.
Branco, e outrosy treslado dos embargos de declaração com
que o dito Francisco de Castel- Branco veio da dita sen
lença que sobre elles se deu . Portanto pede a V. M. , inan .
de ao escrivão Miguel do Sovral Castel.Branco , em cajo
cartorio estão os ditos autos , The passe o dito treslado da pri
meira sentença, embargos e segunda sentença , em modo que
faça ſé . E. R. M. = Despachos Passe do que constar. Goa
.

10 de Junho de 1682.- Girão .


21
644 ARCHIVO DA RELAÇÃO DB GOA
Accordão em Relação &c. que vistos estes antos , libello
do d . , contrariedade do R., mais artigos recebidos, patentes
e mais papeis juntos: vê-se ser o R. A. cidadão casado com
sua orfãa (sic) do recolhimento da Serra , e serem por
isso cada qual provido pelo alvará do dito sr, com o cargo
de recebedor de Rachol de Salcete, porem que o dito alvará
se não pode entender a outras orfãas mais que aquellas que
forem nascidas de pais nobres e morrerem em seu serviço , e
se não acha que nenhum dos pais das mulheres do A. e R.
mörressem em serviço na guerra ; e por quanto tal se não
pode entender em nenhum delles o dito alvará que expres
samente diz que só estas se cazem , e não outras – . O que
todo visto eo mais dos autos , disposição de direito, julgão
nenhum dos providos ter acção para reqnerer esta merce,
por ella ser feita contra a forma do alvará do dito sr. , e pode
iá qualquer outro provido tratar da intrancia deste cargo, e não
havendo fique vago para ser provido pelos governadores do dito
sr. E pague cada um as suas custar. Goa e M10 8 de 657.
-Cardozo Figueiredo - Alvares - Monteiro.
Embargos .
Provará que desde que Sua Magestade ordenou que
os Viso Reis dotassem as orfías deste estado , em viriu .
de du seu alvará se dotárão sempre , sendo filhas de homem
pobre e sein que lhe fosse necessario provar morrerem seus
pais na guerra , nem no alvará se acha tal condição , é nesta
conformidade forão casando até agora os Viso Reis as ditas
orfăas, sem lhe opporem não morrerem seus pais na guerra , e
este foi sempre o estylo, uso e costume de inuitos annos
esta parte ; por onde não fazendo menção o alvará de que
morrão os pais das orſăas na guerra , e pera effeito de as doo
tarem se não pode entender que era necessario morrerem
nella, quanto mais que os que passarão o cabo da Boa Espe.
perança he posto vierão a morrer no serviço de 8. Magestade
P. se os dotes feitos em virtude do dilo alvará não hảo de
ter effeito senão naquellas orfáas cujo pais morrerão na guer.
ra, será total destruição e desamparo deste estado, pelas
muitas que já estão casadas e dotadas, que até o presente
não eptrárão seus inaridos nas inercês, e outras inuitas orfãas
que de presente estão recolhidas e pelo adiante se recolherão ,
não acharão quem com ellas caze , porque poucas ou nenhu.
mas são orfãas de calidade de seus pais morrerem na guerra,
e re fica fechando a porta a tão grande obra pia como S. Ma.
gestade faz em dotar, como até agora as fez, sendo o principal
intuito do Princepe o considerar o desamparo em que ficão
as ditas erfãas por morte de seus pais , que servirão com mui .
la satisfação nestas partes, e tal vez sem lograr proveito al.
)
DOCUMENTOS DO SECULO XVII. 645

gum ; porque Bertolameu d'Almeida de Albuquerque, sogro


delle embargante era homem muito nobre, que servia Sua
Magestade muitos annos, e ultimamente morreu em seu ser.
viço no cargo de escrivão da fazenda na Recebção ( sic ) das
terras de Salcete ; e como morreu servindo dito cargo, se
verificava nella a calidade do alvará que serão dotadas as
filhas dos que morrerem em seu serviço=por não requerer
que morrerião na guerra , e basta somente que seja em seu
serviço. Esta he a moralidade do dito alvará , sem se
poder ampliar a ser necessario morrer na guerra ; porque
todos os que passão á India , deixando a sua patria servem
ao dito sr . , por estarem em conquista, sempre com as are
inag aas mãos , os que assim morrem , semn poderem dizer que
inorrein em serviço d'El Rey ,
P. que quando elle embargante se casou já estava feita a
merce de que se trata á dita sua mulher, e fiado nella , por en
tender que remediaria os encargos do matrimonio com os
emolamentos da dita mercê, effeituou o casamento , agora
anallando-se lhe pela cabeça (?) de que seu sogro não mor
reu na guerra, e acha.se enganado com o dito dote , e com
grande peação de sustentar como convem a sua mulber , sen ,
do que a dita mercê quando se lhes fez teye todos os reqae.
zitos necessarios, dando - se vista ao procurador da coroa que
não davidoo ; por onde sendo a dita sua mulher orſãa , e por
.

isso dolada , se lhe deve de haver a mercê por boa , como to .


das até agora , que S. Magestade não enganára a seus var.
sallos, e de outro inodo se poderico queixar de engano delo
le e de seus Viso Reis, que estão em seu lugar, pelo que se
deve de haver a mercê por boa , e não ser necessario morrer
na guerra o pai da orfãa, que se dotar em virtude do alvará,
jalgando haver a intrancia ao embargante por mais antigo .
Pede recebimento e inteiro coumprimento de justiça, coin
costas. - Madeira .
Accordão em Relação & c. Que recebem os embargos , do
embargante vista sua materia , e os julgão provados , vistos os
autos; e como se vê que o sogro do embargante morreu no
serviço do dito sr, no officio de escrivão da fazenda de Sal
cete, e ser mais antigo o seu provimento que o que com elle
litiga, mandão que vá entrar no dito cargo. Goa e de Maio
15 de 659, --Cardozo --Figueiredo - Monteiro -- Alvares.
(Segue a provisão que vai pablicada ao seu lugar , de 7 de
Dezembro de 1661. )
Assentou -se em Relação, presente o sr. Viso Rey Fran
disco de Tavora, e os ministros abaixo assinados , que vista
a petição do procurador e nais irmãos da Santa Casa da Mi.
sericordia, e resões nella allegadas, fundadas nos alvarás de
646 ARCHIVO DA RELAÇÃO DE GOA

S. A. declarão não subsistir a da vida do procurador da co


Yôi , dada em resposta da dita petição , e sem embargo della,
pode o sr. Viso Rey dotar as orfias de numero de S. A. do re..
colhimento de N. Senhora da Serra, na forina dos ditos alva
Tás corno até agora se observava, que he dotar todas as filhas
cujos pais fossem benemeritos no serviço de S. A .. , ainda
que não tivessem fallecido no dito serviço real ; e este assen
to se registará no livro da Relação com os mais papeis jan .
108. Goa 2 de Ontubro de 1682 ,- ( Rubrica do sr. Vico Rey .
Francisco de Tavora )) -Monteiro - Girão - Sousa- Tinoco
Adfui, Mesquita.
Liv. verde 2. fol. 154 V.

817

ASSSEN TOU- SE em Relação presente o sr. Viso Rey Fran ..


cisco de Tavora, e o chanceler e mais desembargadores
della : propoz o dito sr. que S. Alteza tinha ordenado por
suas ordens, e em particolar por alvará de 23 de Dezembro
de 609, que as residencias dos capitães e mais officiaes das
fortalezas deste estado se tirem por desembargadores da dita
Relação; e em comprimento da dita ordem iinha nomeado
ao desembargador Manoel Nanes Tinoco para tirar as resi.
,
dencias dos capitães das fortalezas do norte até Dio , e dos
ouvidores e feitores dellas que tinhão acabado o tempo de
seus provinentos, e dos juizes dos orfãos que tivessem ser.
vido mais de tres annos, e devassar dos officiaes das alfan.
degas e mandovis das mesmas fortalezas, e de alguns casos
crimes graves que tinhão succedido , em que os delinquentes
ficarão sem castigo e outras diligencias mais do serviço , do
dito sr.; e que para o dilo desembargador as poder fazer com
toda a jurisdição e alçada, conferisse o dito chanceler e mais
desembargadores o que se lhe havia de dar para conforms
a isso se lhe passarem as ordens necessarias ; e particular
mente sobre a materia aprovárão todos a resolução do dito
Br., e coaformando -se com ella assentárão que se dessem ao
dito desembargador os poderes de ouvidor geral do crime e
civel , e de juiz dos feitos da corôa e fazenda, e de provedor
mór dos defunctos e absentes, e que nas sentenças e cartas •
de seu officio fizesse jantamente o officio de chanceles , e que
tendo tirado as residencias dos capitães das ditas fortalezas,
e dus ouvidores ., feitores e juizes dos orfãos as remettesse
a esta Relação para se deferir a ellas como for justiça. E co
nhecerá de todas as mais causas crimes e civeis que por re •
são do dito officio lhe pertencerem , guardando inteirameate
DOCUMENTOS DO SECULO Xylla 4477

os regimentos delles, e advocará a geu juizo dos outros ina


feriores as causas que lhe parecer , ou pelas partes lhe for
requerido, no estado em que estiverem , e das sentenças que
der dará appellação e aggravo para esta Relação noe casos
que não couberem na soa alçada . E procederá contra os cula
pados nas devassas, que tirar, e lhes dará livramen!o na forma
ordinaria, e sentenceará todos os feitos crimes dos culpados
cujos delictos provados não mereção mais que até cinco an .
nos de degredo, tomando para adjuntos ao capitão da foria .
leza em que se achar, ao ouvidor, ao feitor e a hum juiz ora
dinario; e as sentenças que assim proferirem se darão á exe ,
cação sem appellação nein aggravo ; e na mesma forma po .
derão sentencear os casos de morte ou mutilação de mem.
bro, ainda que provados mereção maior pena que a dos di.
los cinco annos, mas as taes sentenças se não executarão sem
o dito desembargador dar primeiro conta a esta Relação , o
se lhe ordenar o que deve fazer ; e vindo -lhe algumas partes
com suspeições a tirar as ditas residencias e devassas pro
cederá nellas com adjunto , que será o capitão da fortaleza
oude estiver, e em sua absencia o ouvidor ou feitor della ,
e lodos os ouvidores, juizes ordinarios e dos orfãos das ditas
fortalez 18 e suas jurisdicções ; e darão appellação e aggravo
nas causas que correrem em seus juizos para o dito desem .
bargador, de que elle tomará conhecimento , e as determinará
como for justiça na forma referida. E poderá pôr penas e
executal -as aos que achar culpados nas deyassas , que tirar
por casos graves , e os remeterá presos ao tranco desta cidade,
E nas residencias , devasgas e mais deligencias não gastará
inais tempo que aquelle que precisamente The for necessa.
rio, na forma que as leis dispõem ; e levará escrivão meirinho
e 12 homens brancos para o acompanharem , e na falta delles
soldados da terra, e quatro naiques, e hum escrevente para
ajudar o escrivão , e se lhes assinão de sellario ao dito de .
sembargador inil e seiscentos réis por dia , ao escrivão seis
cenlos reis alem das suas diligencias , e aos doze homens , qua.
tro naiques e escrevente a 100 réis por dia cada ham , os
quaes sallarios serão pagos pelos bens dos culpados, que
mandará vender e arrematar na forma costumada em se .
melhaales alçadas . E ordenará hum livro numerado e assina.
do por hun dos ouvidores das fortalezas em que fará carre
gar ao thesoureiro ou depositario que nomear todo o dinhei.
ro das condeninações da dita alçada para delle se fazerem
os ditos pagamentos, e poderá despender do mesmo dinheiro
o que for necessario para as diligencias de sua alçada, fretes
das embarcações e alugueres das casas em que morar, e por
essa resão se lhe passarão varias cartas para ás devassas
648 ARCHIVO DA ABLAÇÃO DS GOA
por bem da justiça e fazer outras diligencias, e particolare
mente tirará novas devassas dos casos que suecederão em
Bagaim e sua jurisdicção e em Taná, de que já se tirárão og.
tras pelos ouvidores das ditas partes , como são huma da morte
que se deu em Bıçaim a Luiz da Silva Telles,outra da resis.
tencia feita ao liagoa' e mais officiaes da ouvidoria do dito
Buçajm ; outra do coriamento das inãos e cutituladas, que se
derão ao escrivão da ouvidoria de Taná, Francisco de Araujo
de Lemos ; outra das duvidas que ouve entre a gente da
aldeia Anica de D. Luiz Henriques, e o de Lagi Ragi Pate.
car, capitão das Praganãs Champanãs e Cairará, do que resol .
tarão inortes e ferimentos, fartos e outros insultos até o dito
Pateoar se levantar e fazer regulo, com que foi lançado fóra
das ditas terras por força de armas. E depois de tiradas as
ditas devaseas queimará as que tirarão os ditos ouvidores
que lhe serão entregues nesta Relação , em que se assentou
que se não procedesse por ellas por serem tiradas com 80
borno e nullidades, serc se guardar a forma da lei, e por essa
resão se maniou tirar outras de novo; e depois de tiradas ,
I segará as primeiras , acabará de tirar a devassa que começou
o ouvidor de Bacaim das catiladas e pancadas que ouve en.
tre os curumbins e bandarins das aldeias de João de Sá
Menezes, e Antonio da Cunha de Mello, e prooederá por ou.
tra que tirou o ouvidor de Tanã da morte de ham cafre de
Francisco Palha de Almeida , as quaes duas devassas lhe
serão tãubem entregues; e sobre tudo guardará inteiramente
a instrucção que lhe der o sr. Viso Rey para melhor direcção
do gerviço de s . A , e boa administração da justiça, de que
tudo se fez este cósento, que assinou o sr. Viso Rey coin
o chanceler e inais desembargadores. Goa de Outubro 15 de
682 (a).
Liv, verde 2.° fol. 162.

BI8

ASSSENTOU.SE em Relação, que visto ter determinado o


Ssr . Vigo Rey Francisco de Tavora que passasse ás partes
do norte o dr. Pedro Nunes Tinoco a certas diligencias do
serviço de S. A., se lhe concedem os poderes de ouvidor geral
do crime com alçada para devassar dos casos que se The
ordenasse nella meza, e que pelo dito sr. Viso Rey The
fur maudado 9 para o que se lhe darão as instrucções
necessalias ; e para passar com auctoridade que convem
á boa administração da justiça The concedem alçada
( a) Este assento não tem as rubricas ,
DOCUMENTOS DO SECULO XVII . 649

para sentencear todos 08 feitos crimes dos colpado ,


cajos delictos provados não mereção mais de cinco annos
de degredo, tomando para adjuntos o geral do norte , &•
chando -se Qa cidade sentencear
ou lugar em que 03

taes casos, e o ouvidor da mesma cidade , e não se achan .


do presente o dito geral , em seu lugar tomará o capitão com
o ouvidor da praça , e estando impedido ou ausente o oa viitor
tomará o feitor poradjunto . E as sentenças que proferirem
nesta forma se darão a sua execução sem appellação nem
aggravo, e que na mesma forma poderá sen lençear os casos
de morte ou matilação de membro , ainda que provados me .
reção maior cuademnação que os ditos cinco ao pos , mas as
táes sentenças se não executarão sem dar conta com os
autos a esta mesa, e que nos casos civeis usará do regimen
to do ouvidor geral do civel ; e vindo alguma parte com
suspeição ao tirar das devassas , procederá com os adjunto :
acima nomeados. E desde o dia que partisse desta corte até
tornar a ella, venceria por dia , avendo culpados , á custa delo
les mil e dozentos réis, e isto de cada hom pro rata , e não
havendo culpados se lhe pagaria das obras da justiça, haven.
do-as , e não havendo obras da justiça, mil réis, e se lhe pagaria
og dit os mil réis pela fazenda real; e que o escrivio ila al .
çada é meirinho della vencesse por dia seiscentos réis na
inesma forma; e bem assim levará doze horneas brancos que
vencerão por dia daas tangas na forma acima declarada , para
o que se lhe pagsarão as ordens necessarias .
E porque para bem da justiça convinha fazerem.se alga
mas diligencias, executaria coin toda a observancia as se

guintes : Primeiramente tirará todas as residencias dos ca


pitães, ouvidores e feitores, que tem acabado de servir nas
cidades e fortalezas do norte, que estiverern por tirar, como
tãobem dos juizes dos orfãos, para 0o que se lhe dará as orden's
necessarias na chancelaria: Devassará na jarisdicção de
Bacaim da morte de Luiz da Silva Telles , e depois de tira
da, rasgará a devassa que do mesmo delicto tirou o ouvidor
3

de Baçalın que se lhe entrega Desta mesa : Vatrosi tirará


devassa da resistencia feita ao lingoa e outros ,ofhciaes da
ouvidoria de Bacaim, e depois de tirada rasgará a que tirou
do mesmo caso o ouvidor da mesma cidade que lhe será en
tregue : Devassará no lugar de Taná do cortamento de
mãos e cutiladas que se derão em hom escrivão da ouvidoria
de Taná, e puchará pela devassa que sobre este caso se tirou,
que estará na mesma oovidoria, e a rargará depois de tirada
nova. Goa 21 de Dezembro de 682.-- Mesquita - Almeida - ?
Guião.
Liy . verde 2. fol. 160 va
650 ARCHIVO DA RELAÇÃO DE GOA
Anno de 1683.
819

TU , Princepe como regente e governador do Reino


Eu de Pornogal eeAlgarves. Façosaber aos que este
meu alvará de confirmação de lei virem , que tendo
respeito a haver ordenado av Viso Rey da India , Fran
cisco de Tavora , por carta de 23 de Marçu de 681 , que
com o conselho de estado procurasse dar remedio possivel
para evitar o grande abuso das vigilias, que os moradores
daquelle estado usa vão quando Thenascião os filhos, emitan
do nisso a gentilidade, e que com tanto exesso de festas e
despezas de fazenda, que ficavão destruidos e empenhados ,
por gaslalem os cabedaes que o não tinhão, ficando as casas
dos inesmos moradores desbaratadas , e em que se fazião
muitas offensas a Deos; è em vistude da provisão referida e
assento que se tomou no dito conselho, mandou o dito Viso
Rey passar huma lei em 28 de Dezembro do dilo anno de
681 , porque ordenou que dali em diante não fizessem portu
guez nem os christãos naturaes da terra, moradores no estado
da India as dilas vigilias e festas uos nascimentos dos filhos,
e tãobem nos seus casamentos , nem se usasse e se consen
tisse de outros Usus declarados na dita lei com as penas
nella referidas ; e tendo consideração a ludo o que na mesta
lei se contem , e me enviou o dito Viso Rey com carta de 25
de Janeiro do anno passado, e ao que respondeu o procurador
da corôd a que se deu vista : hey por bem e me praz de con .
firmar a dita lei assi da maneira que nella se contem, e se
observe muito inteiramente e guarde em todo o estado da
India , corn as penas nella impostas. Pelo que mando ao mea
Viso Rey e governador do dito estado, e aos mais seus suc.
cessores, vedor geral da ininha fazenda, ministros e pegsoas
a quem pertencer, cumprão e guardem e fação cumprir e
guardar este alvará coino nelle se contem sem duvida nem
contradicção alguma, o qual se publicará no dito estado pera
que venha á noticia de todos de como fui servido confirmar
a dita lei ; e se registará uas partes onde ella se registar e
este alvará não passará pela chancelaria , e valerá como
carta sen embargo da ord . do liv. 2.° tit . 40 em contrario, e
se passou por duas vias. Manoel Phelippe da Silva o fez
em Lisboa ao 1 de Fevereiro de 1683. - O secretario André
Lopes de Lavra o fez escrever.- Princepe .
Liv, verde 2.0 ;tol . 179 v.
DOCUMENTOR DO SECULO XVII. 651

Princepe
EUPortugal comoRegente e governador dos Reinos de
e Algarves. Faço saber aos que este meu alva
rá de confirmação de lei virem, que pelos inoradores do esta
do da India viverem com grande descuido, ser at.
tenderem a sua natural defensa , vendendo aos inimigos
os cavallos pelo interesse de maior preço, coni que não
havia em todo aquelle districto huma unica tropa para
se acudir a qualquer repente , sendo facil aos mesmos
inimigos pôr em campo, todas as vezes que quizessem ,
trinta e corenta mil cavallos; e ser tãobem conveniente pro
bibirem -se os palanquins e andores de que asa vão: fui ser.
vido mandar ordenar por carta de 4 de Março de 681 ao
Viso Rey da India , Francisco de Tavora, pozesse remedio
ä todo conforme o que visse ser conveniente. E propondo
elle esta materia no conselho do estado , pelo que nelle se
assenton' mandar passar huma lei em 28 de Novembro do
dito anno de 681 , porque ouvesse por bem que todos os mo
radores da cidade de Goa e suas Ilhas, e das outras adja
centes, e das terras de Saldele e Bardez ; e das mais praças
e cidades do norte do estado da India , que costuma.
võu andar em palanquins andores, tivesse cada hum
sea cavallo, e tendo filhos dous para andarem selles , e me
servirem nás occasiões da guerra , limitando-lhes seis mezes
de tempo para os comprarem , e passando o dito praso não
podesse nenhuma pessoa de qualquer calidade e condição
que fosse, morador no dito estado, usar mais dos ditos palan .
quins e andures com as penas declaradas r'a dita lei ; o que
não se entenderia com eclesiasticos , mas somente os se
culares, exceptuando-se desta brohibição geral os velhos de
sessenta annos para cima e os aleijados e enfermos, que não
podessem andar a pé nem a cavallo, e as molbrres dos ho.'
mens fidalgos e dos ministros maiores da Relação , e dos
tribunaes da fazenda, contos, justiça e guerra , e das pessoas
nobres e de calidade e cidadãos da cidade de Goa , e das
mais cidades do norte daquelle estado. E tendo coasidera .
ção a todo o que na dita lei se contein , me enviou o dito
Viso Rey com carta sua de 25 de Janeiro do anno passado,
e ao que respoudeu o procurador da colô 1 , 1 que se deu
vista : bey por bem e me praz de confirmar a dita lei , assy e
da maneira que nella se declara, e se observe e guarde muito
inteiramente em todo o estado da India com as penas nella
impostas. Pelo que mando ao meu Viso Rey e governador
do dito estado e os mais seus successores , e vedor geral da
minha fazenda ,> e ministros e pessoas a que pertencer,
22
652 ARCHIVO DA RELAÇÃO DE Q0A
cumprão e guardem e fação comprir e guardar este alvará
como nelle se contem, sem davida nem contradicção alguma,
a qual se pubicará no dito estado para que veala á noticia
de todos , de cuino fui servito confirmar a dita lei ; e se regisa ,
tará , e este alvará não passará pela chancelaria , e valerá coino
>

carta sem embargo da ord . do liv . 2. • iii . 39 e 40 en contra .


rio, e se passou por duas vias, Manoel Phelippe da Silva o
fez em Lisboa a 2 de Março de 683. André Lopes de Lavra o
fez escrever.- Princepe.
Liy , verde 2. fol. 178 .

821

NONDE de Alvor, Viso Rey da India, amigo . Eu o Prine


Co pp vos envio muito saudar como a quelle que a no .
cepe
Havendoóvos mandado ordenar por carta de 20 de Fevereiro
de 681 que me infurinasseis sobre o estilo que o secretario
desse estado, Luiz Gonçalves Culia, havja lomado ( com ore
dem do governo ) em escrever aos ministros dos tribunaes ,
prelados das religiões, fidalgos e mais pessoas sobre varias
materias pertencenies a new serviço , e querem que , ne taes
escritos fosser feitos como de antes ) pelo Viso Rey ou go
vernador, para se lhe dar credito; e inaudando ver o que me
escrevesies em carta de 25 de Janeiro do anno passado á.
cerca de não ser possivel aos Viso Reis desse estado gasta
rem o tempo , que pera outras cousas de meu serviço lhes se.
rá necessario, em fazerem os á visós, que agora corrão por
conta do secretario, ñem haver nisso inconveniente algom,
aftes se usou sempre neste reino; me pareceu ordenar ( como
por esta o faço ) que se continue seinpre o estilo de que 0
secretario vesse estado possa escrever da parte do governo a
torios os ministros dos tribunaes e prelados das religiões sobre
ås
malerias pertencentes a meu serviço . Escrita em Lisboa
a 12 de Março de 683. - Princepe.
Liv. verde 2.• fol. 176 v.
822

COpeND E de Alvor,Viso Rey da In:dia, amigo . Eu o Prince


vos envio inuito sa ujar, como a quelle que amo . Haven
do mandado ver o que me escreveu o governador Antonio
Paes de Sande, vo880 antecessor, em carla de 12 de Janeiro
de 680 ácerca das duvidas que u secretario do estado, Luiz
Gonçalves Colla ( a quem encarregou do exame dos papeis
de serviço ) pôzáa muilos delles, e o tiscal havia dado por
DOCUMENTOS DO SRCULO XVII. 653

correntes ; huns por não terem os oito annos do serviço eom.


pletos por certidões da matricola na forma de minhas or
dens; outros por se quererem consultar com serviços de occu
pações honorificas , que'ee lhes derão em terra , sein vencerem
soldos nem mantimentos; outrag por requererern com os an008
que servirão de capitães de algumas fortalezas em que en:
trarão por mercês proprias ou por renuncias, querendo que as
ditas capitania , que se lheaderão por premio de seus serviços,
lhes servissem de annos de matricula , contra o que lhes per
miltia o regimento e minhas ordens, por serem cargos de ore
denado e não de soldo; outros por prefazerem os oito annos
com certidões de como servirão de vereadores dessa cidade
e ootros lugares da republica, não havendo privilegio que
tal Thes concerlesse ; outros por ajuntarem os treslados de
alguns papeis devendo ser us proprias , e outros por
quererem que para os requerimentos de cegundos serviços
basta vão quaesquer annos , e não os oito do regimenio , e
que parecia que em alguns casos destes neoessitava de
declaração o dito regimento e ordeas , nas partes em que
expressamente mandão que os serviços sejão de armadas ou
dos presidios com soldo e mantimentos , porquanto ſô .
ra das ditas armadas e presidios havia postos e lugares
em que se me fazia serviçn . E mandando tảobem ver o que
me escrevestes em carta de 23 de Janeiro do anno passado
sobre a informação que vos mandei pedir neste particular;
me pareceu ordenar.vos ( como por esta o faço ) que os sese
viços dos capitães geraes das fortalezas de note , e
dos geraes das lerras de Salcele e Bard
ez se reputem
corno da matricula para se lhes levarem ein conta , ain .
da que não temn soldos mais que huma ordinaria , e serem
1

postos de guerra com exercicio militar para as occasiões que


88 offerecerem , como lãobem os de capitão-mór do oainpo de
Boçaim , e tranqueira de Saibana e do cainpu de Chaul que
tem
o inesmo exercicio de guerra e obrigação de estarein
na campanha; e do mesmo movo se leve em conta por sere
viços da matricula os que algumas pessoas moradoras nas
fortalezas e terras desse estado fazein nos postos em que gão
occupadas la campanha , ou nos rios ein navios e outras em
barcações nas occasiões da guerra, ou quando se leme que as
haja , ee que os pertendentes possão requerer sem segundos
e terceiros serviços com cinco annos das armadas , sem se
praticar com elles o rigor dos oito adoos do regimento ; e
não leve em conta aos capitães das fortalezas os annos que
servem as dilas capilanias que não vencerem soldos nem
mantimentos, e ser em premio e satisfação de serviços, e não
der justo que o tempo que as servem alleguem por da malri.
654 ARCHIVO DA RELAÇÃO DE GOA
cola para as tornarem a pedir, ou outras em seu lugar ; e não
sejão admitidos por serviços os de vereadores e outros of -
ficios da republica , e só poderão estas occupações servir de
credito a seus procedimentos para se fazer menção nas con
sultas; e se levem em conta por annos de serviço os de er.
crivão geral e contadores da matricula ee contadoria geral ,
para se poderem consultar nos que estiverem a caber aa forma
que mandei declarar com os officiaes dos contos e da fa.
zenda ; e se contein por annos de serviços 28 de capitão da
guarda dos Viso Reis e governapores, e do meirinho da côr .
te e do capitão de manchua dos mesmos Viso Reis e gover
nadores , e do mesmo modo os dos capellães a thesoureiro
da capella, e os reposteiros que assistem no serviço dos di
tos Viso Reis, e tem seus titulos abertos na matricula. E
nesta conformidade fareis executar esta minha ordem muito
inteira e pontualmente, como espero do zelo com que ine
servis, e sem embargo da desigualdade que considerastes em
se terem já despachado alguns pertendentes , a que tãobem
se pozerão as mesmas duvidas, porquanto nellas foi justo dis.
pensar, tanto que lhe deferi, cujo poder he sempre sobre a lei.
Escrita em Lisboa a 18 de Março de 1683. - Princepe.
Liv. verde 2.° fol. 172.

823

COOND Alvoo r,muit


M Eposde envi
cepe
Visoo Rey da India, amigo. Ea o Prin
saudar comò aquelle que amo.
Hvendo mandado vero que me escreverão os officiaes da
camara dessa cidade de Goa em carta de 18 ' de Janeiro de
680 , er que me pedjão mandasse declarar competir áquelle
senado assinar nos termos das posses dos Viso Reis e governa .
dores desse estado primeiro que os desembargadores ,pois elles
erão que lhes fazião entrega das chaves preferião
e nos assen .
tos aos ditos desembargadores tendo -os abaixo dos fidalgos do
conselho ; e o que depois me escreverão em carta de 21 de
Janeiro do anno passado , representando -me muitas resões &
seu favor ; e mandando tãobem ver o que me escreyestes em
caria de 25 do mesmo mez e anno sobre a informação que
se vos pediu neste particular , ouvindo aos desembargadores,
3

e papeis que enviasies ; e que ordenando- se ahi aos officia es


da camara apontassem a rasão em que fundavão a sua justi .
ga, a não chegarão a dar, sendo que a posse é estilo estava
contra elles : me pareceu dizer -vos que o tribunal da Rela .
ção he tão preeminente que nenhum lhe prefere, ainda em
DOCUMENTOS DO SECULO Xyil . 655

côrtes, onde assistem os mais estados, por ser o primeiro que


de eregio em tribunal , e o que mais propriamente se chaina
da justiça ; e assim deve ser conservado na posse e estilo em
que está de preceder aos officiaes da camara nestes actos
que representão . E nesta conformidade o mando tãobem avi .
sar aos mesmos officiaes. Escripta em Lisboa a 22 de Março
de 1683. – Princepe.
Liv. verde 2.° fol. 167 v .

824

U o Princepe como Regente e governador dos Reigos


E de Portugal e Algarves. Faço saber aos que este meu
alvará de confirmação de lei virem , que por se me repre.
sentar que o conselho da fazenda do estado da India vendo
que os feitores e thesoureiros e mais officiaes do recebi.
mento delle, ou por conveniencia sua oa propria negligencia ,
a divertião com grande damno e detrimento da mesma fa
zendà; e dezejando remediar damnos tão prejudiciaes e irre.
paraveis, fizerão hum assento em que se ordena que os taes
feitores, thegoureiros e officiaes désse cada hum delles, ao
tempo de sua intrancia , fiança das contias determinadas no
dito assento, remedio que se Dou o mais efficaz para assi
evitarem ao diante osenptreajduoizog da fazenda , que tantas ve
zes se tinhão experim : hey por bem e me ptreaz de con
en
firmar o dito assento para que elle in violayelm adosre obser .
ye . Pelo que mando ao meu Viso Rey ou govern do es
tado da ladia , e ao vedor geral da minha famzeenntdea delle fação
cumprir e guardar este alvará muito indtieciçrãao , caomo nel.
e
l s ce o n t e m e m a v
, s d ia n i d a e m c o n t r a a um ; e não
l g

passa pela chanc elar , e valerá como caorta sem embar go
da ord . do liv . 2.° tit . 39 e 40 em contrari ; e se passou por
duas vias . Manoel Phelippe da Silva o fez en Lisboa a 23
de Março dre.-1683. O esecretario André Lopes de Lavra
fez escreve Princep .
Liv, verde 2.° fol. 180 v .

25

o
YONDE de Alvor , Viso Rey da India ,amig . Ea El.Rey (sic)
CO.vos envio muito sandar como aquelle que amo. Havendo
mandado ver o que me escrevestes em carta de 25 de Janei
ro do anno passado acerca da lei que fizestes sobre a pro.
hibição das armas de fogo nesse estado, e de que me envias.
es
a copia : me pareceu ordenar-vos que façaes guardar o
656 ARCHIVO DA AELAÇÃO DE GOA
alvará da dita lei até nova ordem minha, com as declarações
que se contem na copia do inesino alvará , que com esla re
vos remetie Escrita em Lisbua a 25 de Março de 1683.
Princepe. Liv , verde 2.° fol. 181 v .
826

CONDE de Alvor, Viro Rey da India. Eu • Princepe


vos envio muito saudar, como aquelle que amo. Havena
do mandado ver o qne me representou Antonio Paes de San.
de, de succeder no governo desse estado pela primeira vith ,
que se abriu na salla real de Goa com as ceremonias Cose
tomadas ein semelhantes actos, e assistir no dito governo
acompanhado do Arcebispo primaz, Dum Frey Antonio Bran .
dão, até o dia do seu falleciinealo, e que por sua morte fis
cou continuando até o tempo que vol- o entregou ua forma
de minhas ordens; e porque o naver passado a esse estado
com o lugar de vedor geral da fazenda, pelas resões que en .
tão se considerárão de mea serviço, podia dar motivo a se
entender em prejuizo seu e das partes, haver sido governaa
dor como vedor da fazenda ein absencia de Duin Pedro de
Almeida, e não governador por successão , ee como tal lh :
locar, e poder usar de toda a jurisdição , alçada, inando e pue
deres concedidos ao Viso Rey Dom Pedro de Almeida, a
quem sacoedeu , excepto o alvará de poder dar habitos e
forus, por expressamente estar derogado, e que só os possão
dar 08 Viso Reis ; e vendo o mais que por sua parte se me
allegou , e me foi presente na via de successão que me apre.
sentou em que se mostra succede ao Viso Rey Dom Pedro
de Almeida com todos os poderes, jurisdicção e alçada , a
elle concedida excepto o alvará de dar habitos e foros: hey
por bein mandar declarar que Antonio Paes de Sande fói
governador de se estado por via de successão, para que
nunca faça duvida esta materia, de que me pareceu avisar.
vos para que maudeis registar esta ordem nas partes a que
locar. Escrita ein Li - bua a 25 de Março de 1683. - Princepem
Liv. verde 2.• fol. 171 v.
827

ASSENTO U.SE
Viso Rey , que em
conde mnão &aoc .R. Presente
Relação Faculiá
er Conife
9r.
a cinco tra
108 ao pôtro , por se terem provado contra elle indicios vehe
mentes de que fizera bazarucos falsos, e dera ajada e favor
aus lazer; e que confessaado que os fizera, ou dera ajuda a
DOCUMENTOS DO SECULO XVII. 657

isko morra queimado, e não confessando , pela prova que


contra elle resulta na devassa , que se tirou dos que fizerão
bižarucos em Bardez , seja degradado por tempo de dez annos
para a casa ala polvora onde servirá eem solilo . Goa 6 de
Abril de 683. - Conde de Alvor --Nunes - Mesquita - Sousa
-?
Liv. verde 2. ° fol . 164 v .

828

SSENTOU - SE em Relação , presente o sr. Conde Viso Rey,


que vi - tas as muitas dilações de que osão os advogados
nas causas da coroa e fazenda de S. A. , causa porque se
retarjão moitos anos , dilatando.as com colas excessivas ,
embargos, antes de chegarem a contrariar de que resultão
grandes prejuizos áx partes e fazenda real : uniformemente
pelos ministros abaixo assignados se assentou que daqui em
diante das divas causas da corôa e fazenda , antes da contra
redade se não venha com colas, excpções ou embargos sein
fundamento , e somente na forma da lei se admilla huma
excepção ou embargos nos quaes 88 pande requerer tudo o
que devião requerer por cot48 ; e em caso que se venha coin
excepção se não possa inais vir com embargos ou cota .
EO mesmo se entenda viado com embargos; e quando
não tenhàu excepção ou einbargos com que vir anles da
contrariedade , sendo-lhe porem necessario alguns papeis
que se desão juntar para fundamento da sua contrariedade , -
ein tal Caso poderão os advogados sómenie vir com hamna
cula , e sein mnais excepção ou embargos contrariarão , sub
pena que fazendo os ditos advogados o contrario , serão pre .
zus no tronco por tempo de huin mez , e suspensos de seu
officio por tempo de seis inezes, e de quinhentos pardéos
para as de pezas da Relação. E para que venha á noticia de
iodos, e se não possa allegar ignorancia se publicará este as.
rento nas audiencias desta cidade . Goa 7 de Maio de 683 .
-C. Viso Rey - Nunes - Misquita - Silva- Guiâo.
Liv , verde 2 ,º fol. 165.

A Rey
SSENe TOU-SE sr
iniuistrosemReleçãopresente
abaixo assignados queos
visto. ConileVito
ter succedi .
do na Igreja de São Mathias,em os 18 de Julho deste anno
presente hum lào a boininavel ee horrendo caso , em se tirar do
sacrario as particulas cuasagradas, abrindo -weem fracção do
vasu sagrado aonde ellas de conservarão , e dever este caso
658 ARCHIVO DA RELAÇÃO DE GOA
ser punido, e pertencer o conhecimento delle á justiça ses
cular pela jurisdição lhe estar preventa pelo auto que man .
dou fazer Antonio Pereira de Berredo, capitão do Passo de
Naroá, por seu escrivão Francisco Ferreira , por ter jurisdicção
compulativa no crime e civel , não obstante ter tomado co .
nhecimento deste caso tão atróz o reverendo' vigario geral
aos 16 do dito mez , por se ter assentado estar a jnrisdi& ção.
preventa pelo secular. Goa 18 de Julho de 1683.- Viso
Rey - Monteiro- Somra - Guião.
Liv. verde 2.0 iol. 174 .
830

ASSSENTOU. SE em Relação, presente o sr. Conde Viso


Rey , e ministros abaixo assignados que visto no assento
que se tem tomado por alvará do dito sr. Conde Vico Rey
sobre as intrancias se processarem breve e sainmariamente ,
só dar lugar a vir-se com huns embargos de materia nova
á chancelaria as proprias partes que tem figurado na cau
sa principal , e não dar lugar vir-se com artigos de oppo.
sição, sem declarar em que pessoas se deve praticar: mandou
por esse respeito que nesta meza se tomagse o presente as.
sento , porque avia por bem de declarar que o dito alvará
quanto ao não admittir opposição nas mercês depois de sen.
lenceadas, se entendia com as pessoas que se achassem
presentes ao tempo do letigio , e por dolo seu se não op
pozessem , porque mostrando estarem impedidas com justo
impedimento, ou ausentes se poderião, oppor á intrancia da
dita mercê. E quanto ao conhecimento do dolo se o ouve
ou não se decidisse em Relação, Goa 27 de Agosto de 683
-Conde Viso Rey- Nunes- Misquita - ? - Guião.
Liv. verde 2.° fol. 160 V.
831

A SSENTOU - SE em Relação presente o chanceler do es


tado e ministros abaixo assignados que se lome contas
ao depositario das obras da justiça e condemnações desta
Relação, para o que serão notificados os escrivães do crime e
os da conservatoria, e os mais escrivães da cidade a que
a presentem por lista as condemnações , que se tem feito em
cada ham dos seus joizos , do tempo que serve o dito depo
sitario, que he o guarda.mór desta Relação. E nomeião para
juiz das ditas contas ao dr . Manoel Nanes de Misquita, e
por escrivão a Antonio Delgado. Goa 9 de Setembro de 1683.
Monteiro Sousa - Guião.
Liy . verde 2. fol. 167.

.
DOCUMENTOS DO SECULO XVII. 659

Anno de 1684.

832

ONDE , Viso Rey da India, amigo. Eu El-Rey vos en


COP
vio muito saudar, como aquelle que amo. Havendo
maadado ver o que me cecrevestes em carta de 24 de Ja.
neiro do anno passado acerca de en ter ordenado particu.
larmente aos governadores do Ultramar que em nenhuma
maneira consentissem que os officiaes dos defunclos e an
sentes se iatromettessem com os bens daquellas pessoas que
morrendo deixassem encarregados o beneficio delles a seus
testamenteiros; e que sendo esta ordem justa , estava com
subrepticia informação alterada desse estado pelo alvará ( de
que me enviastes a copia ) que se passou neste reino em 2
de Março de 1590, porque se concedeu ás casas da Santa
Misericordia do mesmo estado que as fazendas e dinheiro dos
defunctos que fallecessem nas partes da India se entregasee
logo ás Misericordias das fortalezas dellas , para dahi o man
darem á de Goa e Cochim , e vir por letras á Misericordia
desta cidade, de que nascia padecerem meus vassallos damnos
irreparaveis, e serem infinitas queixas justificadas, ficando el.
les perdendo o privilegio de elegerem jestamenteiros, que lo
gravão os homens em toda a parte; me pareceu ordenarevos
( como por esta o faço ) que'a Misericordia daqui ' em diante
se não intromnetta na administração dos bens de defunctos e
ausentes que fizerem testamento , e fique livre aos lestadores
deixarem aos seus testamenteiros a arrecadação de seus bens ,
para que os possão remelter a seus parentes, e obrarem o
mais que dispozerem nos seus testamenlos ; ficando em seg vi.
gor o alvará que se passou á Misericordia cómente nos que
Inorrerem abintestados, com declaração que tereis cuidado
particular de inanidar tomar as contas aos testamenteiros por
hurn ministro de toda a satisfação, e sendo remisso na remessa,
obrigal-o a fazeloa com toda a segurança. Escrita em Lis
boa a 11 de Janeiro de 684.- Rey .
Livi verde 2. fol. 177 v.

833

ONDE Viso Rey da India , amigo . Eu El-Rey vos en.


vio muito saudar, como aquelle que amo. Havendo inan.
dado ver o que me escrevestes em carta de 24 de Janeiro
do anno passado ácerca de não poderdes acabar com os ba.
nia nes de Dio contratarem concorrerem por triennio com
23
660 ARCHIVO DA ABLAÇÃO DE GOA
o que he necessario para a paga da mercê daquella capita
nia , por cuja causa fizestes laixar no conselho da fazenda
os preços das renuncias das fortalezas, lejtorjas e mais offi
cios que se provem nerse estado, e de que me envjastes
huma relação, me pareceu ordenar.vos como por esla o faço,
que se observe a laxa que fizesles da renuncia dus vfficios,
por ser muito conveniente a meu serviço . Escrita em Lis..
boa a 13 de Janeiro de 684.- Rey .
C

Liv , verde 2.° fol. 182 .

834

CONDE ViroReyda India,amigo.Eu El-Rey vosenvio


mujto saudar, como aquelle que amo. Havenuo mandado
ver o que me eserevesles em carta de 2 de Janeiro do anau
passado acerca da ordem , que se nerse estado trazia nos
pagamentos, e de que nascião ao men serviço grande incon 1

venientes, e ás partes não pequenos embaraços , o que vos o.


brigou a tomarder no conselho da fazenda o assento, de que
me enviaveis a copia , para se pagar por folhas nesse estado ,
de coja forma quando se pão seguigse ontro interesse ,
sempre se evitaria que as partes não tivessem n88 8ua8 cobrane
ça s diminuição nem detrimento, e que os repdeiros não que.
brassem nem fugissem, como sem noticia dos recebedores
costumão fazer; e porque a forma que mandasles guardar
nesse eslado be a que se tem escolhido neste reino por mais
util á fazenda real : me pareceu confirmar o dilo assento,
e ordebar-vos, como por esta o faço , que se observe sempre.
Escrita em Lisboa a 13 de Janeiro de 1684. - Rey .C

Liv, verde 2. fol. 181 .

35

U El.Rey , como governador e perpetuo administrador,


.

E que sou do mestrado e ordem de Noreo Senhor Jesus


Christo . Faço saber a vós reverendo em Christo padre Dom
Manoel de Sousa de Menezes , arcebispo de Goa . primaz da
India , e do meu conselho , que en mandei ver o protesto que
fizestes, papel e rasões que me enviastes para revogar a re.
solução que ſui servido fumar em 23 de Março de 1681 na
contenda que vove entre o reverendo arcebispo , vosso ante •
cessor , e os religiosos da Companhia de Jesus sobre o modo
da visita das Igrejas, que administrão em Salcete , pedindo .
me mandasse declarar que as ditas Igrejas , e as mais desse
estado e districto de vossa diocese , pertencem in solidum á
DOCUMENTOS DO SECULO XVII . 661

jurisdicção ordinaria da Mitra, e não ao mestrado de Chris.


to, que as não dotou nem ſandoo , e que os regulares no tempo
presente, em que ha muitos clerigos secolares capazes, não
podem nessa diocese exercitar o officio de parochos sem vos -
sa licença e exame , principalmente da lingua ; e visto o que
me representastes, vista que se deu aos procuradores dus relia
giozos da Companhia e de S. Francisco, e ao procurador geral
das ordens, e consulta do meu tribunal da meza da consciencia ,
e ordens : Me pareceu mandar-vos dizer não haver funda .
meato algum de novo que faça cessar os em que se fundon
a dita minha resolução, onde deferi aos pontos que repetir,
com a qual vos deveis conformar ; e assy vol-o encomendo ,
por ser justo o que nella se contein , assy no no lo da visita
das Igrejas, que administrão os religiosos , como em não se.
rem admittidos a ellas os clerigos seculares, por quanto es .
tando admittidos os regulares pelo Breve do Papa Pio V,
que se não acha revogado, nem constando legitimamente de
defeitos que tenhão, e menos que com os naturaes seculares
se segure melhor aquella christandade ( o que muito se deve
attender ) não convem alterar-se a forma em que até agora se
proseguiu. E quanto ao que me representaes que as Igrejas
e beneficios desse estado são in solidum da jurisdicção ordina
ria, e não do mestra'lo de Christo ( que he só o que de novo
allegaes ), me pareceu proposta de muito pouca ponderação
conira o notorio e in Jubitavel direito, que ine toca , como mes .
tre da dita ordem, ao padroado das Igrejas de todas as con
quistas por Breves Apostolicos concedidos aos srs. reis
destes reinos, sem alê agora se alterar duvida en contrario,
nem esta se involver nas oue moveu o VO880 antecessor .
Dado em Lisboa aos 22 de Março, por doas vias , de que esta
he a primeira , e huma só haverá effeito . Antonio da Silva de
Carvalho o fiz escrever, -- Rey .
Liv. azul 2. fol. 274.

836
IRANCISCO de Tavora , Conde de Alpor, do conselho de
estado de S. A.,VisoRey , e capitão geral da India & c. Fa.
ço saber aos que este alvará de lei virem que eu fui informado
de pessoas zelosas do serviço de Dens , e de S. A. , do bein
commum , augmento e conservação deste estado, que os
naturaes delle , bramades , vanjos , sudros, e mais castas não
só desta Ilha de Gia , senão dos mais a ella adjacentes, como
tambem das terras de Bardez ee Saloete , e das mais fortalezas
do norte , ainda que sufficientemente doutrinados nos miste .
662 A ROHIVO DA RELAÇÃO DB GOA
rios da fé, e com perfeito conhecimento da verdade della , como
se mostrava de muitas virtudes externas, que resplandem
cião nelles, principalmente no serviço, e culto das Igrejas,
observavão ainda comtado alguns ritos e saperstições gen
ulica , que praticão os que obstinados na cegueira da
idolatria preserverão na observancia do ' gentilismo, a coja
imitação as mulheres christās, que enviavão de seu pri
meiro marido, não tornão a casar , ficando pela maior parte em
muito leara ida le sem filhos dem descendientes separadas do
traio e communioação das outras mulheres sem adorao na
composição algaina, e o que mais magoa a piedade christă,
deixarem a continuação da Igreja e assistencia dos officios
divinos nella, não só nos dias feriae3, senão ainda nos de pre
ceito, mostrando a experiencia que se ac180 se deliberão ao
fazer ein alguna occasião , he raras vezes , pela madrugada,
de modo que não possão ser vistas , vivendo finalmen
le em buma perpetua desonnsolação e tristeza, por terem
por cousa affrontoza o segundo matrimonio , a que as
pais , parentes , e irmãos as persuadem , ou coin pretexto
de se não usarem entre elles segundos desposorios ,
011 por interesse de lhe usurparem 08 beas do seu cam
sal , que he a mais verdadeira causa deste reprovado cos
tume, pois se não pratica com os homens , a que he permittida
cazarem duas e tres vezes ,' e todas as mais que lhes parece
conforme as conveniencias que se lhes representão no matri
monio , sendo que toda a boa rezão dita que o mesmo que 88
pratica neste sexo se use no outro; e havendo os senhores
Reis de Portugal expedido em diferentes tempos varias oro
dens para as inulheres da lerra casare in com homens braa
COS
e portuguezęs, assim como se usou logo quando estas
lerras se conquistarão, o que se deixou de pôr em pratica
por omissão dos que as governarão, não reparando no prejuizo
que resultava ao serviço de Deos e de S. A. , pois no ajus.
lamento do casamento entre os naturaes e os brancos se 800.
siliava mais o amor entre todos, e ua propagação , cue he ofin
,

do matrimonio, se multiplicava o namero da gente , de que


tanto se oarece para o meneio das arinas e defensa destas
terras : não sendo menos conveniente que os gatoraes dellas
deponhão o uso do idoina astural , e se appliquen to
dos a falar a lingua portugueza, com que cessario us incon.
venientes, que se consideră , de estarern ao mesm ) lempo fa
)

lando a lingua materna e a portugueza pera não serem en .


teajidos, alem de ser assim mais conveniente para melhor
os parochos os doutrinarein e instruiran dos misterios da ſé ,
om que talvez se não explicão como pede a importancia d elles
on porque o parocho não he perito no idiorna da terra
DOCUMENTOS DO SECULO XVII. 663

ou porque os freguezes não lem lição da lingua por .


tugueza, com que hora e outra falla sempre he nociva , não
só ao trato politico , senão ainda ao bem espiritual , das al.
mas. E desejando eu obviar estes abuzos, e que totalmente
se pratique nos casamentos dos christãos da Terra o niesmo
que se usa entre os portuguezes e inais aações euro peas , por
não parecer racjonavel que estando os segondos desposorios
aprovados pela Santa Madre Igreja de Roma, se pratiquer
sómente nos homens naturaes, e se privem delles as mu
Theres, não se dando maior resão para não ser o mesmo em
hum que em outro sexo, maiormente seguindo-se desta
pralica muitas offensas de Deos, que provocão 808 diri.
na justiça ao justo castigo que experimeut ain98 : hey por
bem e me praz que da publicação desle alvará de lei poi
diante as mulheres da terra de qualquer Casta que sejão,
que se acharem viupas, be possão cazar, e seus pais, irmãos, e
parentes nem por si nem por interposta pessoa lho impidão,
reprovern , ou estranhein por obras ou por palavras , sob pena
de perdimento de seus bens pera a corôa , e de serem privados
ipso facto de toda honra e preheaninencia de suas gancarias,
para em nenhuma tempo serem mais admittidos à ellas; não
sendo minha tenção privalos de lhes solicitarem neste contrato
a melhor conveniencia , e os estranhos que lhes reprovaren o
segundo cazamento, lomado delle occasião para afrontarem as
viuvas que tomarem estado com nomes que indiquem de
algum modo serein iacontinentes (?) , e que pelo não poderem
per se cazarão, como sou informado pralicão entre si ; serão
outrosy castigados e ineu arbitrio e de meus successores ; e
encomeado muito aos parochos que cada hom em sua free
guezia faça observar nesta parte a disposição deste alvará .
removendo lodos os impedimentos que se offerecerein de
presente e no futuro para surtir seu cuinprido effeito e exe .
cução: e outrosy mando que da mesma promulgação delle era
diante as mulheres da terra de qualquer casta que sejão ca.
zem com effeito com homens brancos portuguezes , o que lhes
e elles não será notado sem estranhado, antes poderão ser
vir cargos e officios da republica que pelles couberem , e os
postos militares em que estiverem a caber, e todas as inais
honras e despachos que por seus serviços merecerem ; e en 1

coniendo muito aus naturaes ponhão ein execação esta miaha


ordem , pois he para maior repulação sua, beine augmentó
deste estado, cuja defensão se não pode segurar só com os
80ccorros do reino pelo pouco que se logrão com as iucleinen.
cias deste clima, ficando -nos as esperanças de que por este
ineio abunde de geale o estado de modo que se segure
664 ARCHIVO DA RELAÇÃO DE GOA

defensa destas terras en que vivem , e que conciliados pelo


saoramento do matriinonio os naturaes e 08 portuguezes 89
arreigue entre to :tos com maiores raizes a religião christă,
e extingão totalmente os resaibios do gentilismo;e para se fa -

cilitar mais esta communicação eatre todos, se applicarà.) os


naturaes a falarem a lingua portugueza, e os parochos e
mestres das escolas ensinarão aos neninos a doutrina chrisa
ta no mesmo idioins, para que pelo tempo en diante fique
sendo para Todos coinmam , sem mais usarem da miteraa ; e
para este effeito em todas as praticas e congressos que tive
rem , usarão da lingua portugueza até se fazerem correntes
nella , para o que lhes assigno tres annos de tempo, dentro
dos quaes falarão todos geralmente ao dioina portuguez, e
delle usarão só :nente em seus tralos e contratos que fizerem
em nossas terras , e de neabuin modo ein ' lingua ila terra,
sob pena de se proce'ler contra elles coin a demonstração e
severidade de castigo que parecer. E este alvará de lei se cam.
prirá inteiramente como nelle se contem , e se publicará em
todas as terras deste estado, para que venha á goticia de todos,
Notifico - o assim ao chanceler do menino estado , capitãss das
lerras e fortalezas delle, parochos das Igrejas, e a todos os ini.
nistros da justiça, officiaes e pessoas, a que o conhecimento
disto pertencer, para que assim o cumprão e guardem , e fa .
ção cumprir e guardar este alvará sein duvida de contra .
dição alguma, o qual valerá como carla passada ein noine de
S.' A. , posto seg effeito haja de durar mais de hum anno,
sem embargo da ordenação do liv . 2.° tit. 40 ein contrario ,
e se registará na chancelaria, Relação , cainaras, e nas gan .
carias , e mais partes avade tocar, e não pagará o direito
de meia ánnata, nen o da chancelaria , por ser do serviço de
Deos e de S. A. Serafino da Costa o fez ein Goz a 27 de Ju .
nho de 1684. João de Atside , official muior da secretaria , o
fez ascrever por orden do sr . Con le Vico Ray , por imeti .
medio de doença do secretario do estado . - Conde de Alvor.
João de Ataide.
Liv . verde 2. fol. 167 v.

837

NCISCO
FRAestado de Tavora,Conde deAlvor,do conselho de
de S. A. , Viso Rey, e capitão geral da India. &c.
Faço saber aos que este alvará de lei virem ,que eu sou infor.
mado que ao tempo que os polecares e recebedores das aldeias
da Ilha de Goa e suas adjacentes, e das terras de Salsete e
Bardez hão d ecobrar os quarteis dos foros vencidos pertencen .
les á fazenda real , succede muitas vezes não terem alguns fue
DOCUMENTOS DO SECULO XVII . 665

reiros dinheiro para pagarem promptamente os foros que de


vem em seus litulos , e costumão os ditos potecares e rece.
bedores arrematar as fazendas dos faes foreiros em si , para
elles satisfazerem á fagenda real , mas com tal exorbitancia
de avanço que por dividas de quatro vo seis pariiáos ficão
com fazendas que rendem trinta e quarenta , e isto por moi.
108 a unos, muitas vezes para sempre; como lãobem quan
do se lanção algumas contribuições nas mesmas aldeias, ou
para as fortificações e serviço de S. A. , ou para despe
žas necessarias das mesmas aldeias, e porque as communida .
des não tem dinheiro publico em deposito , de que se hajão de
fazer estas despezar , costuinão pô em leilão as laes despezas
de tal maneira que a pessoa que se obrigou a fazel- as
por seu lanço he com interesse de lhe darem no tempo da
paga a resão de trezentos e quatrocentos por cento ; como
iãobem arbitravão as mesmas despezas ein maoires quantias
do que na verdade são necessarias , e ficando - se com os so
bejos as cabeças das aldeias, o que tudo resulta em huma
nola vel perda dos contocares , e das viavas e orfãos, e mais
gente mesquinha e miseravel; outrosy sou tãobem informa.
que muitas pessoas das mesmas terras para remirem suas
necessidades vendem seas jonos, cuntoe, e outras proprieda
des por tempo limitado de dias ou mezes com declaração que
não pagando no termo assignado ficarão os ditos jonos, can
108 e propriedades vendidas para sempre de venda fixa e
irremivel , e os compradores no tempo em que havião de re:
mir e desfazer as tåes vendas , se escondem e buscão cavila
ções para que se passe o dia signalado , e porque os taes
vendas e contractos referidos das arrematações são illicitos,
asurarios , e prohibidos pela lei divina , devendo - e fazer por
preços justos, conforme as leis do reino de Portugal , dese
jando eu atalhar a estes roubos e usuras tão manifestas, que
se tem introduzido, com o remedio conveniente , para que os
vasalos de S. A. não fiquem gravados das consciencias com
tanto risco de sua salvação , e prejuizo do bem publico è com
mom , hey por bem e mando ás gancarias das aldeias desta
Ilha de Goa e suas adjacentes , e das terras de Salcele e Bare
dez, que nas repartições que fizerão nellas em todos os an .
nos tirem do corpo das communidades o dinheiro que proden .
temente se julgar será necessario para os gastos communs de
contribuições e outros semelhantes, para o qual dinheiro ha.
verá em cada huma das aldeias hum cofre de tres chaves , o
qual estará na Igreja, e huma das chaves terá o padre que for
vigario ou reitor na lal Igreja, outra o cabo da aldeia , e a
terceira o escrivão della , e em presença destas tres pessoar ,
se recolherá e tirará o dinheiro necessario para as sobredi .
666 ARCHIVO DA RELAÇÃO DB GOA
las despezas ; fazendo-se disso assento no livro, ou papel
que para este effeito haverá no dito cofre , e acabado o anno,
o dinheiro que sobejar, se meterá n98 contas e agáis das
mesmas aldeias, para se repartir pelos cuntocares, e pelos que
lem jonos , como se reparte o mais , e Jesie dinheiro se pode
rá satisfazer aos recebedores, com que se evitarão os avanços
que delles levão pelas que chamão esperas, e são roubos ma
nifestos. Hei ontrosy por bein e mando que quando alguos
foreiros deixarem de pagar por sua impossibilidade os quare
leis de seus foros ou parte dellee, não possão os potecares e
outras pessoas que por elles pagarem , arrematar das fazendas
dos seus titulos em mais que o que for precisamente neces.
sario para a sua satisfação dos ia es dividar, e não vinte o
trinia palmeiras por outros tantos pardáos, como injuslamea.
le costumãu fazer, E quando algumas pessoas para remi.
rem suas necessidades venderem seus jonos, cuntos, e outras
propriedades por tempo limitado, se não fação as taes rendas
com a exorbitante diminnição de preço, com que até agora
se ſazião ; e ainda que os vendedores não satisfação no tern
po assignalado, nem por isso ficarão os ditos jonos e contos e
mais propriedades arrenatadas ou vendidas de venda fixa,
como se costuma, antes serão avaliadas, vendidas, e arremata.
das de novo por seu justo valor e commam preço, e as arre
matações ou vendas que se fizerem em outra forma contra o
disposto neste alvará, serão nollase nenhom effeito Dem vigor ,
e em todo o tempo, poderão as partes prejudicadas tratar da
dita nullidade, e todos os que cubrarem contra v que mando e
ordeno nerte aivará, e arsy no tocante ás arrematações dos
jonos, contos , e mais propriedades, ou seja pela satisfação
dos foros, ou por qualquer outro titulo, e os que nos adáos e
contas das aldeias lançarem maiores despezas que as que
precisamente se fizerão, serão castigador conforme o dolo e
malicia, coin que procederão neste particular, e as pessoas
que quizerem denunciar destes roubos e ouzenas referidas, o
poderão fazer, e se lhes dará a terça parte do que elles impor.
iarem , e as duas se applicarão para as despezas da ribeira de
S. A., o que lado cumprirão uns e oulros inteiramente como
neste se alvará se contem sem duvida nein contradicção algo .
ma. Notifico - o assy ao vedor geral da fazenda , e ao chanceler
do estado, e mais ministros da Relação, e ao ouvidor da cida .
de, e mais justiças, e av lanadar mór desta ilha de Goa e suas
adjacentes, e aos capitães e ouvidores das terras de Salcete
e Bardez, e aos sacadores e recebedores, e para que cada
>
hom na sua parte que lhe tocar o fação dar a sua devida
execução, e para que venha á noticia de todos será publica
DOCUMENTOS DO SECULO XVII. 667

do em todos os lugares pablicos e costumados das mesmas


terras, e registado na Relação, camara , e chancelaria , e nos
livros das gaacarias das aldeias, e mais partes aonde tocar,
e valerá como carta passada em nome de 8. A. , posto
que seu effeito haja de durar mais de hum anno sem embar.
go da ordenação do liv, 2. tit . 40 em contrario, e não pagará
os direitos de meia annata nem chancelaria por ser do serviço
do dito 81. Diniz de Sá o fez em Goa a 17 de Setembro
de 1684. João de Ataide , official maior da secretaria , o fez
escrever por ordem do sr . Conde Vigo Rei , e por irnpedi.
mento de doença do Secretario.- Viso Rey , Conde de Alvor.
Liv. verde 2.° fol. 170.

Anno de 1685.

838

PENDO -SE feito o assento atraz pelo sr. Conde Viso Rey
e

na Igreja de S. Mathias, furtando -se do sacrario o vaso 88


grado e arrelicario, em que se assentou que pertencia o co
nhecimento do dito caso ao juizo secular, represenlárão os
mesmos ministros ao sr. Conde Viso Rey que pela calidade
e gravidade do dito caso, e para maior averiguação da vel
dade delle , seria muito conveniente que o sr . Conde Viso
Rey tirasse devassa do mesmo caso e fizesse as mais neces•
sarias diligencias nomeando para escrivão o ministro que
The parecesse; e o dito sr. se conformou com o parecer d'os
rão ,
ministros , de que se fez este assento, que todos assinatei
Goa de Julho 18 de 685. - Conde de Alvor - Guião - Mon ro
Soares.
Liv. verde 2. ° fol. 174v ,

Anno dep1686 .
839

em
Rey e ministros abaixo assignados , depois de propor o
dito er. Conde , convinha passar ham ministro ás partes do
norte para effeito de se fazer certas diligencias do serviço de
S. Magestade, e se assentou uniformemente fosse o dr. Pau.
lo Lopes Aires de Figueiredo, o qual levases poderes de
ouvidor geral do crime e civel , e de juiz dos feitos da corôa
e fazenda , e provedor mór dos defunctos e ausentes , e que
24
668 ARCHIVO DA RELAÇÃO DE GOA
nas sentenças e cartas de seu juizo fizesse juntamente o of
ficio de chanceler ; e qne tendo tirado as residencias dos ca.
pitães das fortalezas que estiverem para tirar, e dos ouvido .
res, e feitores, e juizes dos orlíos , as remelterá a esta Relação
para se deferir a ellas como parecer justiça . E o mesmo
fará em todas e quaesquer devassas que tirar de quaesquer
casos que sejão, pos assim se considerar mais acertado . E
poderá conhecer de todas as cauzas crimes e civeis , que por
resão dos vilos officios lhe pertencerem , guardando inteira.
mente os regimentos delles. E advocará ao seu juizo dos
outros inferiores as causas que lhe parecer , e pelas parles
The for requerido no estado em que estiverem ; e das senten.
ças que der dará appellação e aggravo para esta Relação nos
casos que não couberem em sua alçada , e nas devassas que
tirar, achando culpados , os prononciará, e poderá executar
em seus bens o salario que lhe couber das ditas diligeacias
pessoaes do tempo que gastar nellas , e dos seus offi .
ciaes , eе assim mesmo prende-los , e remetteloos a esta
côrte , para nella correrem com seus livramentos. E nas
suspeições que de lhe pozerem, poderá conhecer dellas
tomando para 1890 adjuntos, que será o capilão da for
taleza , havendo - o, aliás o feitor; e as partes que trouxerem
leligios perante qoaesquer julgadores das dicas partes du nore
le , poderão aggiavar para o dito ouvidor, e este conhecerá e
sentenciará os ditos aggravos em quanto estiver no norte,
como lhe parecerjustiça. E o dito doutor levará de sea salario
o que lhe for taxado por provisões, e assim mesinu o escri
vão, meirinho , e mais officiaes ,‫ و‬conforme as ordens que ha
reaes. E alem do escrivão e ineirinho levará dous naiques
e quatro homens para sua guarda, e os salarios serão pa
gos á custa dos culpados , que para isso poderá mandar ven
der e arrematar o fato delles, que lhe parecer bastante para
as custas . E ordenará bum livro namerado, assignado por
ham dos ouvidores das fortalezas, no qual fará carregar em
receita ao thesoureiro todas as condemn nações , que por qual
quer via fizer, e tudo o mais que assim achar convem ; e do
inesmo dinheiro das condenações poderá despender nas
uiligencias que fizer a bem da justiça. E em particular tira
rá devassa da morte que succedeu em Baçaim de Luiz da
Silva Telles, outra da resistencia que se fez aos officiaes da
oovidoria do dilo Baçaim, outra da morte que succedeu ao
piloto da barra do dito Bacaim , outra da morte do Parbu da
aldeia Canba. E sobre tudo guardará a ipetrucção que lhe dec
0 87. Conde Viso Rey. E assim nas sobreditas devassas ,
coino nas mais que tirar, oujos livramentos hajão de correr
DOCUMENTOS DO SECULO XVII . 669

nesta corte, fará citar a : partes para segaimento delles na


forma da lei , ide que se fez este assento em os 4 ile Feverei .
1o de 686. - Conde Viso Rey - Corrêa - Cunha - Guião.
Liv . verde 2. ° íol. 175 .

840

ASSENTOU-SE
Rey e ministros em Relação,presenteo
abaixo assignados, que pr.CondeViso
por se evitarem
as queixas que continuamente ha pas dilações das causas
que correm 008 auditorios desta côrte , e mais partes, assim
por dercoido dos escrivães como dos advogados, que se de .
via tomar lermo para se lhe pôr remedio oportuno; e pareceu
e todos os votos que daqui em diante todo o escrivão , que
não der o feito depois de lhe ser entregue na audiencia on
pela parte a dous dias primeiros seguintes , entregando -o
aos advogados ou aos juizes conforme os termos em que és .
liver, incorrerão em pena de suspensão de seus officios
por tempo de seis mezes , e hom mez de prisão. E os advoga.
dos seråo obrigados entregar o feito no termo da lei , aliás
incorrerão na mesma pena de suspensão e prisão, alem das
impostas pela mesma lei ; e se encarrega muito aos juizes
fação cada ham em seu juizo observar este assento com
pontualidade, dando - o á execução, e esta se publicará na
audiencia publicamente para que venha á noticia de todos, e
não pursão allegar ignorancia , para o que se tirará huma
onpia delle assignada pelo chanceler. Goa 4 de Fevereiro de
686. - Conde Viso Rey Cunha - Corrêa - Aires-- Guião.
Liv . verde 2. fol . 176 .

841

U El-Rey faço saber aos que este alvará virem que sen.
E do-me presente o prejuizo que se seguia aos orfãos na
introducção de levaremos juizes delles tres vintens de ca.
da pupilo nas contas que tomão aos tutores, e a oppressão
que recebião os povos com as correições a respeito da consi
deravel despeza, que fazião os moradores com os juizes dos
orſãos, escrivães, partidores, e avaliadores e mais officiaes
que costumko hir a ellas, informação que mandei tomar pelo
provedor da comarca de Bantarem , eposta do procurador da
Corôa, a que se deu vista , e por se evitar a diversidade das
seutenças proferidas em huma e outra Relação , e se não
continuar o abuso, que ha deste particular contra a forma
da ley : hey por bem e mando declarar que nenhum juiz dus
670 ARCHIVO DA RELAÇÃO DE GOA
orfãos possa levar mais que tres vintens de cada conta que
tomar ao tutor, ainda que nessa tutoria haja moitos menores,
não fazendo de cada hum delles huma separada , para multi
plicar os selarios , e que as correições se continuem como
athegora, levando o juiz os escrivães costumados, conforme
a repartição para onde for, e que nellas se não possão fazer
partilhas, e que os juizes não levem a ellas partidores , nem
avaliadores ; e que succedendo fallecerein algumas pessoas
nos lugares onde estiverem em correição, fação ' os in .
ventarios tomando avaliadores , homens bons da terra ,
e os tragão preparados para nas villas onde assistirem
se fazerem logo as partilhas. Pelo que mando aos pro .
vedores das comarcas que tendo noticia que os partido.
res, ou avaliadores vão ás correições, fação autos elles, e os
prendão, e aos escrivães que com elles continuarem , e hans
e outros incorrão em pena de perdimento dos officios, sendo
proprietarios , e sendo serventaarios, em inhabilidade para
ter ou servir officio na republica, e aos juízes se lhes faça
disco cargo nas residencias . E este alvará se registará nas
Relações, e se ' mandará a todas as provedorias para se re .
gistar nos livros das camaras dellas, e não poderem allegar
ignorancia 08 juizes, é provedores, ficando sageitos com
esta declaração ás penas da ley dos que levão mais salarios
do que lhes he permittido pelo seu regimento ; e se cuinpri.
rá como nelle se contem , posto que não passe pela chance.
laria . Luiz Godinho de Niza o fez em Lisboa a 5 de De.
zembro de 1686. Joseph Fagundes o fez escrever.
Rey.
Liv. verde 2,º fol. 185.

842

POR QUANTO pode succeder deferir a algum requeri


mento das partes com despacho ou portarias em inate
rias que encontrer os regimeatos e ordens reaes, por falta
de noticia dellas , e não he minha tenção encontral -ae, antes
fazel-as observar em codo muito pontualmente : ordeno e man
do ao chanceler do estado e desembargadores da Relação
que quando lhes forem apresentados alguns despachos ou
portarias, virem que encontrão de alguna manaira ao que
estiver disposto nos ditos regimentos e ordens suspendão a
execução dos taes despachos e portarias , ee me repliquem
dando - rne noticia dos ditos regimentos e ordens, para que
vendo -as, me possa deliberar nas resoluções que tomar, e não
havendo outras que as encoatrem , fazel.as guardar, advertia
DOCUMENTOS DO SRCULO XVII. 671

do aos ditos chanceler e desembargadores da Relação que


faltando por sua omissão em me darem a dita noticia , se hi
verá por seus bens e fazendas todas as perdas e damnos que
por esta causa resultarem á fezenda real , e ás pessoas em
cujo prejuizo forem passadas. E para que haja sempre na
Relação lembrança da dita minha ordem se registará nos
livros della , de que passará certidão nas costas, e se remeterá
na secretaria do estado. Goa a 16 de Dezembro de 686 ,
Costa .
Liy, verde 2.• fol. 182.

( Anno de 1687.
343

CoMONDE
uple amigo . Eu El-Rey vos envio muito saudar como
ferecião na cobrança dos novos direitos dos officios e forta .
lezas desse estado da India, ee o prejuizo que resultava aos
providos de os obrigarem juntamente a pagar os ditos direi.
to nesta côrte e nesse estado, manilei ver este gegooin na
junta dos tres exiados do reino, a que pertence na forma do
regimento do dito tributo a dicisão de todas as duvidas pero
tencentes a elle, aonde se determinou em 23 de Novembro
de 1683 que dos officios
O
que são providos na India pelos
Viso Reis, e de que se me pele confirmação , se hade pagar
da confirmação dos ditos officios outro tanto como o sello
da chancelaria , respeitando.se a que os taes providos na India
pelos Viso Reis logo lá pagão os novos direitos dos ditos
officios para poderem servir e pedirem as confirmações; e
do8 officios que eu provejo nesta côrie nella se hão de pa
gar os novos direitos na forma do regimento e conforme 80a8
avaliações , por ser feita a mercê nie ha cobrança dos di
rejtos novos e o provido vai a entrar na mercê que nesta côra
te lhe faço; o que se não praticará nas mercês das fortalezas
que tem intraocia , e muitas vezes morrem os providos antes
de entrarem nellas, porque destes se hade pagar nesta corte
pelas cartas das mercês dellas outro lanto como ao sello da
chancelaria e respeito do honorifico , e na India pagarão os
novos direitos ao tempo da intrancia das diles fortalezas ; na
sobredita forina se passou ordem no dito dia ao superinten
dente e officiaes dos novos direitos desta côte para procede
rem na arrecadação destes . De que me pareceu avisar -V08
para o lerdes encendido e fazerdes executar esta determina
ção nesse estado , e na mesma forma em todos os providos de .
672 ARCHIVO DA ABLAÇÃO DE GOA
pois do dito dia 23 de Novembro de 1683 em diante sem
duvida, mandando restituir ao desembargador Paulo Lopes
de Figueiredo e aos mais os direitos que nesse estado The
fizerão pagar , havendo -os já pago , ou havendo dado fiança
405 pagar nesta cidade , Escrita em Lisboa a 22 de Fevereiro
de 687. - Rey .
Liv . verde 2.. fol. 183 v.
841
U El- Rey faço saber aos que este meu alvará de confir.
EU
mação de lei virem , que tendo consideração aos respeitos
porque o Conde de Alvor, Viso Rey da Intia , mandou passar
ham alvará de lei em 25 de Junho de 1684, porque houve
por bem que como as mulheres da terra, de qualquer casta que
Bejão, que se achargem viuvas se pudessem casar, e seus pais ,
irmãos e parentes, nem por si , nein por interposla pessoa lho
impedissem , reprovaggem ou estranhassen por obra ou por
palavra, não sendo porem privados de lhes solicitarer neste
contrato a melhor conveniencia ; e que os estranhos Thes
não reprovassem o segundo casainento com nomes quee afron .
1assem as viuvas que tomassein estado. E outrosy que as
inolheres da terra , de qualquer casta que sejão, casassem com
effeito com os homens brancos e portuguezes, o que a elles
The não seria notado nem estranhado; e que se applicassem os
naturaes dentro em tres a nous a fallar todos a lingua portu
gueza, tudo com as penas, privilegios e circumstancias decla
radas aa dita lei ; e tendo tãombem respeito ao que me esore.
veu o dito Coade Viso Rey em carta de 20 de Janeiro do an
no passado de 686 , em ragão de ser conveniente , justo e
necessario que eu mandasse confirmar o dito alvará de lei,
& ao que respondeu o procurador de minha corôa, a que se
dea visla : bei por bem e ine praz de confirmar ( como por
esta confirmo ) o dito alvará de lei , vistas as resões de con .
venieucia , assim politicas, como para a conservação de mens
vassallos no estado da India se seguem da execução della .
Pelo que mando ao meu Viso Rey ou governador do mesmo
estado, e ao vedor geral de minha fazenda delle , e mais mi.
nistros, officiaes e pessoas a4 que pertencer, comprão e fação
cumprir este alvará de confirmação de lei inaito inteiramente
como nelle se contem, e se declara no que mandou passar o
dito Conde de Alvor Viso Rey, sem duvida nem contradic
gão, com as mesmas penas, privilegios e circumstancias con
iheudas da dita lei ; e este se registará nos livros da secre
taria do meu conselho ultramarino e na Relação e camara
do estado da India, e nas mais partes onde for necessarie
DOCUMENTOS DO SECULO Xyll . 673

para a todo o tempo se saber como fui servido confirmar a


dita lei ; e não passará pela chancellaria , e valerá como carta
ser embargo da ord . do liv. 2.° tit. 39 em contrario , e de
passou por duas vias. Manoel Barboza Brandão o fez em
Lisboa a 17 de Março de 687. O secretario André Lopes de
Lavra o fez escrever . - Rey .
Liv. verde 2. fol. 194 .

815
OVERNADOR do estado da India . Eu El- Rey Voir
envio muito saudar. Hey por men serviço que o de.
eembargador Antonio Ferreira de Sousa , sem embargode se.
The ter acabado o tempo de seu despacho, continue na ocu
pação dessa Relação , porque assi hei por bem , em quanto
não tomo resolução sobre o lugar de chanceler que me pelja ;
de que vos manilo avisar para que o tenhaes entendido e
48xį lhe declareis. Exorita em Lisboa a 22 de Abril de 1687 .
--Rey .
Liv , verde 2. fol . 186.
S16

ASSENT OU -SE em Relação , presente o er. governador


ministros abaixo assignados , que avendo respeito a
e
muitas queixas que as partes entre as quaes correm al
partes entre
guns letigios fazem , das muitas dilações e subterfugios que
os advogadas machinão nos feitos que patrocinão e advogão;
e para evitar estas mandão se observe o assento fol. 165 (8 )
( deste livro ) tomado para os feitos da corôa, e de guarde u
meemno assento nos feitos entre partes , debaixo das mesinas
penas no dito assento inclusas. E para terem todos os advo .
gados noticia pelena delle se publicará hum e o vutro no
lugar acostumado, Goa 2 de Maio de 687.- Rubrioa du
governador , e dos ministros - Cunha-- Correa - Custa .
Liv , verde 2.° fol. 182 v.

Paulo Lopes Aires de Figueiredo , dezembargador


DIIZ
Z
da Relação desta cidade, que 8. Mageslade, que Deos
guarde , foi servido fazer -lhe mercê do lugar de ouvidor ge
ral do civel deste estado , que atualınente está exercitando ,
e por resão do dito officio fica tãoben sendo desembargador
dos aggravos de propriedade, conforme o regimento da mee .
( a) Vide n.. 828,
674 ARCHIVO DA RELAÇÃO DE GOA
ma Relação. E porque conforme o mesmo regimento, faltan .
9
do o chanceler proprietario, deve servir o dito lugar o dem
sembargador dos aggravos mais antigo, e ainda que ello
Bapplicante seja mais moderno na dita Relação, he proprie
tario, e os mais cómente serventuarios, como o supplicante
tãobem era athegora, ein quanto nãu teve lugar de proprie.
dade; e nestes terinos deve preceder para o lugar de chan.
celer, em quanto não houver proprietario. Por tanto pede
a V. 8.' seja servido ordenar que o supplicante exercite o
dito lugar de chanoeler para evitar pulidades que do con.
trario se podem seguir. E receberá mercê . Veja-se ee sen.
lenceie -se na Relaçãn Goa 24 de Outubro de 687. ( Rubrica
do Governador D. Rodrigo da Costa .)
Accordão em Relação &c . que ajão as partes vista e di .
gão de seu direito . Goa 25 de Outubro de 1687.- Corrêa -
Roza .
Deve o supplicante apresentar o capitulo do regimento
em que se funda , e os documenlos que lhe parecerem nem
cessarios , e arresoar do facto e direito , o que satisfeito , au .
luados os paneis se pe mande coniinuar vista . Gua 29 de
Outubro de 1687. - Antonio Ferreira de Sousa .
O regimento con que me fundu he o capitulo 2 .: e 3.º do
da Relação, que está registado nu liv. vermelho fol. 120, onde
o meretissimo sapplicado o pode ver , porque semelhantes
dooumentos não se me mantão a presentar . Goa 29 de Ou .
iabro de 1687. - Paulo Lopes Aires de Figueiredo
Accordão em Relação &c . , que sem einbargo do requerido
na cota , diga o supplicio do seu direilo . Gua 29 de Outu.
bio de 1687.- Correa - Roza.
Não poderá negar o supoticante , Meretissimo Senado, ser
>

ea desembargailor do numero. O que posto, ou pelas palavras


do regimento ibi s os quaes nervirão de desembargadores
dos aggravor=, e pelas seguintes ibiz o qual servirá lâubem
de desembargador dos aygravos =sio 08 desembargadores
do nomero pela mercê feita por S.8 Magestade , que Deos
guarde, em seu regimento desembargadores de propriedade
sem ser necessario expecifical.os por bem de fazer mercês ,
00
on são , não obstante as ditas palavras , desembargadores
dos aggravos sesveniüarios ; se conforine estas estes o são
de propriedade , devu eu occupar e ser conservado ao lugar
de chanceler, por desembargador de propriedade autual e de
numero, feito por Sua Magestade, que Deus guarde, em seu
regimento rais antigo no officio , muito antes que o dito
meretissiino senador viesse a este estado, occupando a maior
parte dos officios que aponta o mesino regimento por inercê
feita pelo Viso Rey, que foi deste estado, Francisco de Tavo
DOCUMENTOS DO SECULO XVII , 675

ta , a quem S. Magestade delegou este poder demitindo- o de


si ( constava ), causa porque nenhum dos 4 desembargado.
res , que vierão em sua companhia , lroxe o officio, Se são ser.
ventuarins , não obstante as sobreditas palavras, depo eu tão
bem preferir para o dito lugar, e ser conservado nelle por mais
antigo no officio e posse , e concorrerem iguaes os mais (sic):
que o ufficio de desembargador dos aggravos seja o que sea
requer para servir o lugar de ohanceler , assim o declara
ordenação do reino daplica las vezes , que o mais antigo
na posse e officio prefira a lodus; assim o diz esta em mui.
tas partes, e he resolução communi dos doulorer, en que já
não ha controversia. Logo como desembargador dos aggra
vos mais antigo, ou seja proprietario on serventuario, na for
ma sobre dita , sempre devo preferir, e conrecalivamente ser
conservado, na posse do dito lugar, Não allego aos meretis.
simos juizes aesta conteada com todo o direito, assiin ponti.
ficio como imperatorio, em que está fundada esta commum
resolução , assiin porque o dito meretissimo senador o nív ne .
ga ( nem o contrario se esperava de tão grandes lettras) , como
porque seria eu , réo de hurn quasi sacrilegio se allegasse
lextos e doutores aos oraculos de sabedoria.
Ao 2.° cap. e 3. do regimento respondo não fallar comi
go, porque só falla com desembargadores rupernumerarios e
extraordinarios, por nomeados fora da ordem e numero dos
dez , e não ein desembargadores autuaes . Quando se a pre
sente alguma carta de 3. Magestade , que Deos guarde,
ou outro qualquer documento, requeiro se mne de vista para
allegar de minha justiça. Goa 29 de Outubro de 1687. Ane
tonio Ferreira de Sousa .
Acordão em Relação &c. que aja vista ao supplicante. Goa
30 de outubro de 1687.--- Corrêa Roza.
Se esta procedencia se ouvesse de julgar ao merecimento
e não ao officio , não seria lanto o meu desconhecimento que
chegasse intentar este pleito ; mas como se deve av offi.
cio semn se fazer caso do merecimento , he tão claro o meu
direito que o deixar de procural-o seria fallar ás obrigaçães
do mesmo officio. Quando falta o chanceler proprietario, pero
tence a serventia ao desembargador dos aggravos mais an
tigo: assim o confessamos eu e o meretissimo fupplicado, e
o diz expressamegle o regimento . Isto supposto , he de advere
tir que ha desembargadores dos aggravos de propriedade, e
desembargadores dos aggravos de serventia, e de huns e
outros faz menção o regimento em que me fundo. Os desen
bargadores dos aggravos de propriedade são aquelles que na
casa tem alguns dos ufficios della de propriedade, e 25
destes
676 ARCHIVO DA ABLAÇÃO DE GOA
se faz menção no 2.º cap. do regimento , us quaes outrosy
servirão de desembargadores dos aggravos, Os desembar .
gadores dos aggravos de serventia são aquelles que não
jem officio de propriedade , mas por falta ou impedia
mento de proprietarios servem por coininissão dos srs .
Viso Reis e guvernadores, e destes se trata no cap. 3.°
do regimento ibi. = Haverá outrosy aa dita Relação tres de .
sembargudores extravagantes , os quaer servirão em ausencia
ou impedimento dos desembargadores acima domeados dos
aggravos e dos mais officios, e isto por commissão do Viso
Rey &c.= E que os primeiros sejão os desembargadores dos
aggravos de propriedade, os segundos de serventia , sem ema
bargo de em hoos e outros se usar da palavrasvervirà» = he
eviilenoia que se acha na materia a que se applica, e forina
em que se usa da dita palavra, em cuja explicação me não
dilatı), porque me accusará desta miodeza a eximia juriupru .
dencia dos srs. Juizes desta causa . I to supposto , não pode ne
gar o meretissimo supplicado ser eu ouvidor geral do civel
de propriedade e ser desembargador dos aggravor, daquelies
de que trata o segundo regimento no cap. 2.° que são os pro
prietarios, & pelo contrario não poderá dizer que tem de
propriedade algum dos officios a pontados no 2.º cap. do re
gimeato; antes he certo que só exercita o de provedor mór
dos defuntos e distribuição dos agyavos por cominisrão do
8r. Conde Viso Rưy como confessa : e senilo assy fica sendo
desembargador dos aggravos daquelles de que se trata no
regimento no cap. 3. , que são os serventuarios, como fica
mostrado.
De que se conclue ger eu , apesar da minha insufficiencia ,
desein bargador dos aggravos de propriedade, e ser o merelis.
simo supplicado, seiri embargo de seu grande talento, desern
gador dos agravos de serventia , ac per consequens de ver -lhe eu
prece ter para o lugar de chanceler , por ser indubitavel que
o proprietario não só precedę mas exclue os serveoluarios,
como ha pouco se julgou nesta Relação por votos do meretis
simo supplicado e dos sapientissimos srs. juizes, e se confir•
ma neste mesmo caso em que o sr. desembargador Manoel
Vicente Roza, tendo o officio de ouvidor geral do ciyel de
Berventia , o deixiu de exercitar sem repugnancia , tanto que
eu tive a propriedade, e o mesmo haveria de fazer o inere
tissimo supplicado se servisse de ouvidor geral do civel
de que me vejo a proyriedade, ou me viesse a propriedade
de provedor mór dos defuntos, de que elle lemn a serventia :
e sendo nenos o preceder que o excluir, bein se segue que
be o proprietario pode excluir, tâubeni deve precedur. Tudo
DOCUMENTOS DO SECULO XVII. 677

o referido podéra authorisar com allegações de direito, o que


não faço por ser trabalhoso e escu 80 ) e por seguir nisio
como en tudo a doutrina do meretissimo supplicado . Goa 30
de Outubro de 1687.- Paulo Lopes Aires de Figueiredo.
Accortão em Relação &c . Que vista a petição do suppli ..
canie, doutor Paulo Lopes Aires de Figueiredo, ' repos'a do
supplicano, o doutur " dotonio Ferreira de Sousa, lesões de
sin bas as partes , regimento da casa , pratica e estilo que
neila se oberva em seinelhantes materias ; e como se mostra
que o dito doutor Paulo Lopes Aires de Figueiredo he pro •
viito no officio de ouvidor geral do civel deste estado , por S.
Magestade, de propriedade, e como tal outrosy desembarga .
dor dos aggravos , por andarem estes lugares anexos; inoso
tra -se o disu doutor Antonio Ferreira de Sousa deseinbarga.
dor extravagante , por não ter atheagora na casa officiu alguin
de propriedade em exercicio continuo e permanente , e
os que occupa e tem uccupado forão de serventia por pro .
viinento do Conde Viso Rey , do dite sr , e na mesma forma
fica sento de serventia o lugar dos aggravos que lâubem vc .
cupa pelo mesmu provinento; e como conforme a direito ,
estilo e permatica desta Relação, concorrendo proprietario
com serventuario deve preceder o proprietario , e conseguia .
temente o qne anda anexo ao proprietario: julgão pertencer
a werventia su lugar de chanceler desia Relação ao dito dugo
tor l'aulo L ' »pes Aires de Figueiredo na turina du regineniu .
Gua 20 de Novembro de 1687.- Corrêa -Roza,
Liv , verde 2.° fol. 186

Anno dle 1688.


$ 17
OVERNADOR da India. Eu El.Rey vos envio muito sau ..
dar . Mandan 10 yer algumas das leis que o Conde de
Alvor fez nesse estado , no tempo que nelle foi Viso Rey ,
mie
pareceu conveniente dizer - vos que me a vizeis 10
lllulo cuin que os Viso Reis e governadores do mes .
mo estado podem nelle estabelecer leis , e mandar ве
executern , que sem embargo das ordenações em contrario
valhão sem se passare in e publicarem na chancelaria . E no
entretanto ordeno aos diws Viso Reis e governadores não
usem mais do estylo de estabelecer e erogar leis , e roinente
por provisões soas que serão guardadas como lejs ) var
remedio e providencia nos casos en que pedir a necessidade
pablica do oslado, a respeito da grande distancia e prejuizo
que resultaria de não executar logu o que foi precizo e de:
673 ARCHIVO DA RELAÇÃO DE GOA
9

cessario . E que em quanto não vão confirmadas ou deroga


das as leis, que fez o Conde de Alvor, se guardem, e nesta
forma se executein sem embargo de quaesquer outras oriens
rin contrario . Escrita em Lisboa 20 de Março de 1688.
Rey - Para o governador do estado da lajia.- Conde de
Valle de Reis.
Liv , vemelho 2 .. fol. 371 .

848

PORQUANTOsou informado
los feitos de aggravos para se que estão na Relação
sentencearem , e fica omui.
de .
ſerimento delles impulado por causa dos roinistros destina
dos a elles estarem duenier, no que recebem as partes detri .
mento , e convem acudir a isso com remedio Ounvenienie :
hey por bem que na Relação se sentenceiein todos os ditos
feitos de aggravos pelos ininistros cura que se achar ella, dei
embargo de estarein doentes os outros qne estão destinados
por juizes ao deferimento dos ditos aggravos . Gos 15 de Jan
nho de 1688.- Dom Rodrigo da Costa.
Liv . verde 2 .. fol. 169

*49

OM Rodrigo da Costa , do
DOM conselho de S. Mageslade ,
governador geral da India. .
Faço saber aos que eslą pro
viszło pirem que o dito sr . for servido mandar passar huin
alvará em 21 de Fevereiro de 1581 , por onde ordenou que >
Viso Rey ou governa lor da India podesse escolher e nomear
hum desembargador lettrado residente nesta illa de Gua pera
servir de juiz conservador dos christãos da terra novamente
oon verior, e lumar conhecimento de todas suas causas, as..
sim civei ., como crimnes , que entre elles se inovessem de
40alquer calidade que sejảo, e determinalas verbalinente
como fosse justiça, por se excusarem proces-(13 e demandas
prolongadas, e não seriáo denandados em vidro juizi ; e para
rãobem conhecerem das isesinas causas os olvidores das fora
talezas, e onde os não houvessem os capitãe : dellas, dando
appellação e aggravo nos casos que não coubassein na sua
aiçada. Em viriure do qual alvará passou uma provisio o
Conve de Alvo “, Viso Rey que foi deste estado , em 20 de
Alaio de 1682, por onde numejou para o dito officio a dootor
Nanoel Gonçalves Gujão, inquisidor a postolico, que então
servia de desembargador da Relação; e para que nas forta .
16248 do itu estado conhecessem das dicas causas os vuri
DOOUNENTOS DO SRCULO XVII. 679

dores dellas, e em sua falta os capitães das mesmas fonale


2a , declarando na dita provisão a forina em que uns e outros
devião proceder aus diras causas , e assinando - lhes a alçada
que havião de ler , de que 0o dito Conde Viro Rey deu cun
la a S. Mage : lade, que por sua carla de 11 de Janeiro de
1684 , foi servido mandar que se observasse o dito alvará com
as declarações que o dito Conde Viro Rey fizera na dila prue
visão, ordenando que o dito juiz conservador jogse sempre
secular e não eclesiastico, pelo prejuízo que nisso podia ha•
rer . E conformando - me com a dila ordem , pela satisfação
que tenho do doutor Paolo Lopes Aires de Figueiredo , de .
sembargador da Relação de Gua , ouvidor geral do civel o
chanceler do estado : hei por bern que elle sirva de juiz con .
servador dos diros christãos da lurra bralizados adultos des
la cidade e ilha de Goa e suas adjacentes; o qual conhecerá
de lodas suas causas crimes e civeis , que entre elles se move
sem , de qualquer calidade que sejảo . E porque no dito alva .
rá ordena S. Magestade que o juiz conservador as deter
mine verbalmente como for justiça , sem se fazer destincção,
alguma da calidade das ditas causas , e va alçada que hade
ler; e nesla parte necessità o dilu alvará de declaração , por
se eyilarem duvidas e embaraços, em rerão de que pode a.
coniecer que haja algumas causas tão graves e de tanta con .
sideração que não poesa o aito juiz conservador deferir a el
las verbalmente , e que seja necessario proces ar autos , ee proe
ferir sentenças , e dar appellação e aggravo para a Relação
naquelles casos que não couberem na alçada, que se lhe abire
trar, se declara por esta provisão que nos casos crimes, em que
não entrevir sangue , tralará o vitu juiz conservador de com
por os ditos christãos amigavelmente semn mais outra figura
de juizo , e nas en que houver sangue , coitainento de membro ,
inotter, furtos e vuiros semelhantes loinará a : querelas , que
as partes derei , e lirará as devassas que forein necessarias
conforme o pedir a calidade dos dios casos , e dará livrarnen.
los aos culpados breve e summariamente , e nos casos leves ,
que não inerecerem penas graves , poderá condemnar aos réos
aihe 20 pardáos , que lhe concedo de alçada , para as partes
queixosas sem appellação e aggravo , e inerecendo as culpas
inuior condensação de dinheiro, e degredo e pena capital,
vara nestes casos das sentenças que der appellação e agyravo
para a Relação , e appellará por parte da justiça; e as causas
civeis deterininara o dilo juiz conservador verbalmente athe
a mesma conlla de 20 paruávo sem appellação nein aggravo ,
e havendo papeis escullus e conhecimentos ue dividar , bastara
somente que us veja para senloncea : da verdade na presença

1
650 ARORIVO DA RELAÇÃO DE GOA
das partes , e depois de vistos e determinadas as ditas causas,
rasgará perante ellas ; e sendo necessario tomar alguma
informação de testemunhas para constar inelborda joriiça de
cada horn o fará verbalmente sem inquirições, dando jura.
mento ás mesmas testemunhas, como se faz no juizo da ale
molaceria; e passando a condemnação das dilas causas civeis
da contia referida dos ditos 20 pardáns processará outro : bieve
e soinuariamente , sem usar das vias ordinarias, atalhando
todas as dilações, e das sentenças que der de major condem .
nação) dará appellação e aggravo para a mesma Relação ,
e escrevendo nas causas crines os escrivães do juizo do ou
vidor geral do criine , e nas civeis os escrivães do juizo do
onvidor geral do civel , para se vão crearein outros escrivães
de novo ; e nas ein que o dito juiz conservador proceder ver
balinenle sein processar mandará lvinar por lembrança 808
ditus escrivães ein sens portocolos as sentenças que der, as
rignando ao pé dos lermos, que se fizerem das taes sentença ,
para que as partes vão tornen a repetir as mesinas callsas , e
poter constar a todo tempo que furão já sentenceados. E não
poderão os diius christãos desia chiade e ilha de Goa e suas
adjacentes ser deinandados, pelas causas referidas em outro
alguin juizo , m18 soinenie 00 dito juizo conservador
na forina declarada no dito alvará ; e pas Terras de
Bariez e Salcete , e nas fortalezas do norte , Coaul, Bacaim ,
Tanná, Damão, Trapor, e nas de Dio , Mombaça, Moçam
bique conhecerão das inesmas causas dos christãos da terra
Itovanente conve ; lidos bauritacios adolios 08 Ouvidores das
Witas fortalezas , e en fa ! la delles os capitães dellas, cada
huin no seu distilcio , na mesma forina em que o bade fozer
o dito juiz conservador, porein somente com alçada nas cau .
813 verbaus crimes e civeis alé contia de 10 pardárs, que he
ametade dos 20 que concedi ao juiz conservador por set
letirado e desembargador; e as sentenças que os ditos ouvido .
res e capitães derem nas ditas causas verbaes poderão execu
isr sein appellação nein aggra vo ; mas parsan.so a dita contia
darão a dita appellação e aggravo para a Relação, como fica
declarado no juiz conservador, e escreverão nas ditas causas
Os escrivães d'ante os ditos cuvidores . As quaes declara .
ções referidas nesta provisão são ax merinas que o dito Conile
Viso Rey puz au que passou que S. Magestade aprovou pela
sua carta . Noiificuou assy av merino desembargador, como
chanceler do estado e juiz conservador , e aos ministros da
Relação, ouvidores , capitães e mais officiaes de justiça e
pes80a : a que o conhecimento visto pertencer, e lhes mando
que assim cumprău e guardem , e lação inteiramente cum .
prir e guardar sem davida nein cuntravicçãu alguma; e o ditu
DOCUMENTOS DO SECULO XVII. 681

juiz conservador servirá este cargo com o mesmo ordenado


que tem de desembargador, e debaixo do juramento que re
cebeu quando entrou a servir, e somente levará as assignatu
ras ( ue lhe incarem pelo lugar que occupa , e os ouvidores e
capitães das fortalezas servirão lãobem coin os ordenados que
lem com seus cargos, e debaixo do jurainento que com elles
se lhes deu ; e esla provisão se passou por varias vias, e va .
Jerá como carta passada em nome de S. Magesiade posto que
seu eeffeito haja de durar mais de huin anni , sem embargo da
ord de liv . 2 lit. 40 em contrario; e se registará na chance.
laria , Relação, camaras das cidades, e nas gancarias das al
.

dêas e mais partes onde for necessario , e não pagará os di .


9

reitos de meia anania , nem da chancelaria por ser do serviço


do dito sr. Diniz de Sá a fez en Gua a 15 de Julho de 1688 .
O secretario Luiz Gonçalves Coila a fez escrever. Dum
Rodrigo da Costa , governador .
Liv. verde 2. ° fol . 199 .

Anno 1690

PORQUTAO a camarageral das terras de Bardez me re


presentou o extrato de huma carta de Sua Magestade ,
que Deos guarde , sobre a supplica que fez ao dito sr . ácerca
do perdão dos commissos, em que tivessem encorrido os m «) .
radores dellas , e ordenar que o chanceler da Relaçãu infure ,
inarse com seu parecer, ouvindo o procurados da corôa, pe.
dindo- me a dita cainara geral mandasse' s11spender os leri .
gios formados sobre a mesma acção; e por me parecer injus
10 á vista desta carta que estando pendente da vontade de
S. Magestade o perdoar ou não, corrão estas causas por sells
termos com anticipada e perneciosa cautella 'ao bem com
mum , sendo inais certo da clemencia de S. Magestade e de
sua grandesa o perdão dos cominissos para com seus foreiros ;
porque se em qualquer aforamento basta qualquer causa
para livrar desta pena, com inaior resão no real animo tãobem
de considera liberalidade de quem afora ; ao que allerden
do e a quiras justas cau:a . , que me movem , mando ao chan .
celere inai: ininistros da Relação suspendão com o julgar
das ditas causas athe final determinação de S. Magerlade.
E esta se registará nos livros dos registos da mesina Relação,
Panelin 24 de Outub'o de 1690. - Rubrica do sr . governador ,
Dom Miguel de Almeida ,
Liv. verde 2.° fol. 192,
692 AROUIVO DA ABLAÇAO DE GOA
Anno de 1691.

831

A mais ministros abaixo assignados , depois de se propor


que convinha passar hum ministro á Ilha de Moçambique
com alçada contra Manoel dos Santos Pinto, castellào da
dita fortaleza por queixas e capitulos, que alguns moradores
daquelle povo fizerão a Sua Magestade, que fosse o doutor
João Rodrigues Machado com alçada contra o sobredito
a devassar dos seus procedimentos pelos capitulos e ordens
que para isso lhe forem passados, em virinde dos quaes de.
pois de pronunciado ó pode á prender e irazer remerid . a este
estado para ser renienceado nelle , e lhe poderá sequestrar
seus beos , tanto que o achar cuipado em algum caso en que
por direito seja permitido o sequestro ; e levará á custa do
sobredito desde o dia que se ernbarcar athe o en que portal
opira vez a esta cidade, quinze cruzados por dia para a sua
pe - s0a, e poderá eleger hom escrivão e meirinho para a di.
ta diligencia quaes The pareeer, os quaes haverão cada hum
de saliario por dia oitocentos réi : á custa do mesino Castel.
lão na firma sobredila, e levará para sua guarda doze homens,
e para as diligencias, dois nalques que ven erão de sallario
dozentus réis caua , hum por dia na forma referida; 08 quaes
salarios serão pagos á custa 110 dito Manoel dos Sanlos no
caso que sabia culpado, e não se lhe achando culpa todos
estes pagarão 08 capitulantes, para cujo effeito se lhe darão
seus nomes. E 0o dito ouvidor geral antes de principiar a
devassa inanuará clamar os capitulantes perante si , e lhes
mandara que assinen Bus capitulos de que cada hum parii .
cularineale se queixa , para que assim fiquem obrigados á
satisfação dos eobreuitos ; e sento caso que estes não quei.
são assinar , nein por isso deixará de tirar devassa pelos
mesmos capitulos , e achando - 0 sem culpa neste caso vence.
rá sómnenle v gallario ordinario de 1600 réis por dia á custa
dos inais culpados , e assi o escrivàu e meiriuho a resão de
600 réis por dia cada huin , e os mais humeas a resão de 100
réis por dia , e não os liavendo se lhe pagara o mesmo da
fazenda real . E assi inais tirará residencias ao feitos e ou.
.

vidur da uita fortaleza pelas uidens que para esse effeito


The forem dadas, e achandumis culpados os poderá pronunciar
e remeller presus a esta cidade. poderá devassar de todos
Os inais casos criines de que liver auticia; e se não tiver tira
do devassa tocante á fazonda e á justiça , para o que levará us
DOCUMENTOS DO SÉCULO XVII. 683

poderes de ouvidor geral do civel e crime , jaiz dos feitos da


corôa e fazenda e provedor mór dos defnntos e ausentes, e os
culpados que achar, entendendo que não poderão incorrer
senão em pena pecuniaria ou de degredo, que não passe de
tres annos, os poderá sentencear por si só, e das ditas sen.
tenças que assi der não haverá appellação, nem aggravo, e
nos mais casos crimes que merecerem inajor condemnação,
e nós civeis , que não couberem em sua alçada , dará appellam
ção e aggravo , qual no caso couber, guardando em tudo a
forma de direito. E conhecerá dos aggravos, que se entre
poserem do ouvidor para elle , não sendo de sentenças difici.
livas; e poderá avocar quaesquer causas, que correrem pe.
rante o dito ouvidor , no estado em que estiverem , e nas sen .
tenças que der guardará a forma referida. E ordenará hum
livro numerado que o dito ouvidor rubricará, e nelle fará
carregar em receita todas as condemnações, que por qualquer
via fizer para as obras da justiça, e das ditas condemnações,
hayendo -as, e de todas as mais que estiverem feitas, e não
remetidas a este tribunal ; haverá por ajuda de costo 28500
crusados, e o que sobrar trará comsigo para esla Relação . E
sendo caso que nas causas de que conhecer por obrigação
dos ditos officios lhe sejão posias algumas suspeições podem
rá tomar conhecimento dellas, tomando por adjuntos o ouvi .
dor e castellào da dila fortaleza , e em falta de qualquer delles
ao fejlor . E em tudo o mais guardará as instrucções que
S. Magestade ordena e as ordens que lhe forem passadas
deste tribunal. Goa 5 de Janeiro de 691. E por ter fallecido
o governador Don Miguel de Almeida sem ter assinado este
assento , e o håperem por bem , e confirmarem os que lhe
gucederão e o assignarem , fiz esta declaração aos 12 de Ja.
neiro de 691 -- Mascarenhas - Cotta - Sousa - Dourado Neiva .
Liv. verde 2. fol. 192 v,

852

PORQUANTO
e fazenda por estávago
promoção odoofieio
doutordeprocurador
André VarelladaSouto
coroa.
Maior ao lugar de juiz dos feitos da corôa e fazenda; e por
ser necessario prover-se em outro ministro , e na pessoa do
doutor Manoel João Viera , dezembargador dos aggravos da
Relação de Goa , concorrem as partes e requisitos necessarios
para a dita occapação : havemos por bem de prover e encar.
regar ao dito doutor Manoel João Vieira do officio de pro.
sarador da coroa c fazenda para o les e servir em quanto o
26
684 ARCHIVO DA RELAÇÃO DE GOA
2

ouvermos por bem e não mandarmos o contrario , e com o


dito officio haverá o ordenado , proes e precalços que direita.
mente lhe pertencerem , eo servirá por esta portaria em
quanto se lhe não passar carta , debaixo do juramento que
tem de desembargador, e na fazenda se lhe dará posse , e na
matricula geral se fará declaração em seu titulo para o venci .
mento do ordenado, Goa 30 de Janeiro de 1691.Dom Fere
nando Martim Mascarenhas - Luiz Gonçalves Cotta .
Liv , verde 2 , fol. 195.

853

PORQNATO S. Magestade ,que Deos guarde, por carta


de 15 de Março de 689 ordenou a este governo que na
falta de ministros da Relação puxasse pelos do Santo Officio ,
e ora se não achar a Relação mais que com tres ministros ,
que não podem dar expediente aos officios que por elles es.
ião repartidos, nem aos muitos negocios e requerimentos das
partes , com que se retardão as causas ; e na pessoa do doutor
Manoel João Vieira , inquizidor apostolico desta inquizição
de Goa , concorrem as partes necessarias para servir de de
sembargador, por estar aprovado por S. Magestade com a
mercê que lhe fez de desembergador da Relação do Porto:
havemos por bem de prover e encarregar ao dito doutor Mac
noel João Viera hum dos lugares de desembargor desta Re .
Jação de Goa , e de o acrescentarmos logo a desembargador
dos aggravos para os ter e servir em quanto houvermos por
bem, e não mandarmos o contrario, ou não vierem outros
ministros providos por S. Magestade; com os quaes officios
haverá os ordenados, proes e precalços que direitamente lhe
pertencerem, e servirá por esta portaria , em quanto se lhe
não passarem cartas, e lhe será dado juramento pelo chanceler
do estado, e na fazenda se lhe dará posse , e na matricula
geral se fará em sea titulo a declaração necessaria para o
vencimento do ordenado, Goa 31 de Janeiro de 1691. -Dom
Fernando Martim Mascarenhas --Luiz Gonçalves Cotta.
Liv . verde 2. fol. 191 v .

854

C CAPITULO da carta de S. Magestade , sobre as tenções


dos ininistros fallecidos e ausentes = Que quando os feia
los chegavão á Relação desse estado a distribuir - se por tenções
perdido as partes a esperança de ver- lhe o fim pela pouca ex
DOCUMENTOS DO SECULO XVII. 685

pedição que nelles havia , que mais se aggravavão com anul .


larem as lenções dos que morrião e se vinhão para o reino, e re .
privavão do officio ; e assy que lhe parecia conveniente que es.
ia pralica se moderasse nessas partes da India aonde havia
tanta falta de ministros, e esses acabavão a vida ou officio
com tanta brevidade, por cuja causa avia feitos que tendo cig .
co tenções conformes ainda agora se tomava a segunda, e que
quando se tomava a terceira era muito facil tornar-se ao seu
principio. E mandando eu considerar esta materia ouvindo o
procurador da corôa fui servido resolver .... : e pelo que tocava
ao terceiro , se deve advertir que apenas se acha resão conclu .
dente que se possa defender a disposição da ord . liv . 1 .. lit..
6 ° de cuja obiervancia se segue na Relação infinidade de em.
baraços , todas as vezes que morre ou se aposenta , ou ausenia ,
qualquer desembargador dos aggavos; porem a pouca fre.
quencia destes C1808 e o numero grande de outros desembar.
gadores que ha na dita Relação faz suprir e passar por estes
inconvenientes; mas nessa Relação de Goa são imsuporta veis
porque a frequencia dos taes caso3 he continua e o nuinero .
dios ministrus inuito menor e assim parece que esta necessida .
de que podera fazer derogar a lei ( ainda uul) muito mais sen.
do ella inutil como a experiencia de casos se tem muitas ve .
Zes visto , posi $ 80 fui servido mandar que nessa Relação se não
observe , de que pareceu mandar -vos avisar para que o le
nhaes entendido, e nesta conformidade façaes se observe daqui
em diante , Escrita em Lisboa a 4 de Março de 1691.- Ry
0
Liy , verde 2.: fol. 197 .
$55

YOVERNADOR do estado da India , amigo Eu El . Rey


Gestadovos, André
envio muito saudar. O procurador da corôa desso
Varels Souto Maior representou
, me por carta
siia que os desembargadores que mando para essa Relação
tiverão até o presente a pasciencia de soffrer , que sendo
elles mais antigos na posse, alguns providos pelo governo The
preferissem no assento do lugar e successão da chancelaria ,
cousa que parecia alheia da resão e direito , porque quando
nelles não houvera a desigualdade de prebeminencia do
lugar da casa da supplicação desta corte , e gerem graduador ,
bastava a disparidade de serem providos de propriedade por
min , e elles serem lá providos pelo governador ; e que pelo
lugar que occupará nessa Relaçãu me uéra conta , para que
se applicarse o remedio , quando assiin parecesse convenien
>
686
ARQUIVO DA RELAÇÃO DE GOA
2
te . Que eu fôra servido ordenar que o desembargo assilisse
com os mais tribunaes no dia da festa de S. Francisco Xie
vier, o que até o presente se não fizera, por verem que pelo
governo se lhe signalaya inferior lugar, porque abaixo do
conselho do estado se assignalava lugar á camara , em

freute ao cabido, seguindo-se então o delles desembargadores


que ainda se não occupára, e que para se executar a minha
ordem devia mandar tirar esta diferença , Que quando os
feitos chegavão á Relação desse estado a distribuir-se por
teações perdião as partes a esperança de ver -lhe o fiin pela
pouca expedição que nelles havia , o que mais se aggravava
com se annalarem as tenções dos que morrião e se vinhão.
para o reino, e se privavão do officio; e assiin lhe parecia con ,
veniente que esta materia se moderasse nes as partes da
India aonde havia lanta falta de ministros , e esses acabae
vão a vida ou o officio com tanta brevidade; por cuja causa
avia feitos, que teniio cinco tenções conformes, ainda agora
tornava á segunda, e que quando livessem terceira era inuito
facil tornar -se ao principio, E mandando eu considerar esta
materia , ouvido o procurador da minha corộu , fui servido
>

ordenar : quanto ao primeiro ponto que a qualquer tempo


que entrarem os deseinbargadores proprietarios providos por
min precedão aos serventuarios ou providos por esse governo,
pois assim a pede a boa resão delle e de direito : quanto ao
degando, que não pode haver costume mais desproporcionado
do que ter a camara melhor lugar que a Relação, supreino,
tribunal de justiça desse e.lado, a quein se falla por Mages .
tade, por representar a do Rey soberano, e a cainara não he
mais que a républica dos vassalos moradores nessa cidade: e
pelo que toca ao terceiro se deve advertir que apenas se acha
resão concludente , con que se possa detenuer, a disposição,
da ord , do liv. 1. tit . 6.5 18 de cuja observancia se segue
na Relação infinidade de einbaraç.'s, lodas ás vezes que
morre ou se aposeuta, ou ausenta qualquer desembargador
dos aggravos; e porem a pouca frequencia destes casos, e o
numero grande de outros desembargadores que ha na dila
Relação faz suprir e passar por e - les inconvenientes; mas
persa Relação de Gua são insuportavels, porque a ire .
quaucia dos laes casos he continua , e o numero dus minis .
tros muito ineqor ; e assim parece que esta necessidade, quo
poderá fazer derogar a lei ( ainda util ) inuito mais sendo
ella inutil , como por experiencia de casos se tem vislo . Por
tanto fui servido mandar que nessa Relação se não ub-etve,
de que pareceu mandarovus a virar para que o lenhaes enten ,
dido, e neula cunſurmidade façaes se observe daqui ein
DOOUMENTOS DO SECULO XVII, 687

diante . Escrita em Lisboa a 4 de Março de 1691.- Rey .


Liv, dos registos fol . 206 (a).
Liv . vermelho 3.• fol . 5 v

OM Fernando Mariim Mascarenhas de Lencastre , do


DOM
conselho de S. Magestade, governador e capitão geral
da India &c . Faço saber aos que este alvará virem que por
quanto os providos por S. Magestade com as capitanias e
mais cargos deste estado, ao tempo que vem tomar 0 - cumi
pra-se -- do governo para a posse não registão na secretaria do
eslado ellas carlas palentes e alvarás que lhes vem do reino
das laes mercês , resultando disso granues inconvenientes ao
serviço do mesmo sr . , e em prejuizo das partes , por ter succe
.

dido muitas vezes largar- se vu renuncia - se huma ó merce


duas vezes por falta da clareza do dilo registo, e servir isto de
embaraço aus mesmos providos, e para atalhar com prompto
reipedio : bey por bem e mando que todo o provido, a quem
couber a intrancia da capitania ou outro qualquer caigo , na
occasião que vier requerer o cumpr& • 8t - na sua palenle ou
caria , será obrigado a registar na secretaria do estado para
consiar a todo o tempo, que da lal mercê foi lomaua posse ,
e que na fazenda geral se lhe não dará sem levar o dilo le
gi : lo ; para constar o referido , será este registado na Rela.
ção, na dita fazenda geral e na matricula . Nolifico o assim
ao chanceler do estudo, mais ministros, officiaes e pessoas
a que pertencer, para que assim o comprão e guardem , e
fação inteiramente cumprir e guardar este alvará como
nelle ee contein sem duvida aiguva ; o qual valerá cumo
lei na forma da carta de S. Mageslade de 20 de Março de
688 , e não pagará os direitos de neia annata , nem os direilus
da chancelaria por ser serviço de S. Magestade. Joseph da
Silva a fez em Panelim a 19 de julho de 1691. ( ) recretario
Joseph da Silva Maciel a fez escrever.- D. Fernando Martin
Mascarenhas de Lencastre.

Liv . verde 2.° fol. 195 v .

(a) Não existe no archivo da Relação o livro dos registos, mas acha
mos esta carta, e algumas outras copiadas duquelle livro, e de alguos
outros por estarem deteriorujos, no Liv . vermelho 3.º. Vive o numero
anterior .
688 ARCHIVO DA RELAÇÃO DB GOA
7

Anno de 1693.

857

S governadores do estado da India &c . Fazemos saber


aos que esta provisão virem , que > porquanto somos
informados que muitas pessoas possuem bens comprados
com dinheiro das capellas e das pensões das missas, e por
aras necessidades os vendem a terceiros sem se contribuie
Tem as
ditas pensões , que são devidas e obrigatorias , e por
esta causa segue prejuizo, assim ao dinheiro das capellas como
ás alınas dos defunctos que restituirão (sic), e para o evitar:
havemos por bem e mandamos que não adinitião requerimen .
to algum dos pertendentes, que requerem intrancia dos offi
cios, e venda dos bens , sem a presentarem a folha corrida do'
escrivão da eamara eclesiastica , e inostrar por ella não esla .
rem obrigados a penssão alguma das missas , e ao dinheiro
da capellas os taes bens ; e o official que admittir requeri.
mento dos pretendenies, e solennisar as taes vendas ser a
dita folba será suspenso da occupação que tiver . O que se
executará frrennessivelinente ; e para constar do que nesta
está disposto se registará na Relação , fazenda dos contos ,
na chancelaria e na secretaria do estado, e o proprio se gure
dará na gita Camara . Nolificarnolco assin ao vedor geral
da fazenda, ao chanceler do estado, mais ministros , officiae .
e pess0a8 3 quem periencer , para que assim o cumprão e
guarden e fação inteiramente cui prir e guarilar esta provi
são como nella se contin sem duvila alguma, ę não pagon
meia annala , nem o direito de chancelaria por ser do serviço
de D208e de S. Magestade. João de Alaide official-maior da
secretaria do estado a fez a 28 de Fevereiro de 1693.- sp
cretario Joseph da Silva Maciel a fez escrever.- Arcebispo Prie
maz-D. Fernando Mascarenhas de Lencastre.
Liv . verde 2.° iol . 196 .

858

SSENTOU -SE em Relação aos 20 de Janeiro de 1993 ,


А estando presente v chanceler , Illin . Pedro Peres , e os
desembargadores abaixo assignados que por ser precizo refrei.
ar o excessivo numero de petições que se fazein nesta terra
aos ministros desta Relação, incurialmente e fora dos termos
da ley, preveriendo -se o curso legal das causas, confundine
do -as corn requerimentos incoinpetentes, e feitos a juizes a
quein nàu lucão, de que nasce tuinar.se ludo o lempu aos mi
i
DOCUMENTOS DO SECULO XVII. 683

Dalstros inutilmente em deferimentos importunos, e faltando


The para o necessario: que se não possa fazer petição alguma
a ministro desta Relação, senão assignada por hum dos ad..
vogados da casa, e que fazendo - o algum destes fóra dos termos
coin dollo ou ignorancia culpavel, ou a ministro incompeten .
te deixando aquelle a quem tocar; que o ministro, a quem se
levar, condemne o advogado em 3 x . pera as despezas da Re
lação; e para cobibir a exorbitancia que pode haver nos ditos
advogados em levarem ás partes selarios injustos; que ne.
nhum leve mais gelario por huma petição simples, excepto as
de aggravo, que dous vintens por cada huma . E que este
assento para vir á noticia de todos se publicará em todos os
auditorios desta terra , para o que os naiques desta Relação
tirarão os treslados necessarios , que entregarão a hum escri .
vão de cada auditorio, que passará certidão em como o leua
publicainenie em audiencia aos advogados e partes presentes .
-Pereira Peres-- Antonio Ferreira de Sousa- André Darella
Souto Maior Gregorio Pereira Fidalgo - João Rodrigues Ma.
chado .
Liy , verde 2. fol. 333.
859

ASSENT
Rey , e OU-SE
em Relação presente o sr. Conde Viro
os mais ministros abaixo assignados que o dou
tor Domingos Dourado de Oliveira , que de presente vai ao
norte , ua forma das ordens de S. Magestade, a tombar as
aldeas e ter ras do norte , e a outras varias diligencias do ser:
viço de S. Magestade, que leve 08 poderes de ouvidor geral
do crime e civel, juiz dos feitos da corôa ee fazenda, e prove
dor dos defontos e ausentes, usando da alçada e poderes dos
ditos cargos, e que nas causas crimes appellará por parte da
justiça nos casos que se deve appellar, e que nas suspeições
que se lhe pozerem serão juizes dellas o capitão das praças
e ouvidor e feitor ; e que o dito desembargador poderá pro
ceder na
causa principal até final determinação , tomando
por adjuntos o ouvidor e o feitor , e o que processar com os
ditos adjuntos será valido; e levará de sellario por dia mil réis
á custa das partes, nas materias crimes em quanto durarem
as suas diligencias das devassas que se lhe encarregarem ,
e não apendo culpados levará o mesmo que no tombo, que
são quinze tostões por dia á custa da fazenda real , tudo isto
alem dos ordenados que vence de desembargador, e o es
crivão vence a ceiscentos réis por dia á custa dos culpados ,
e não os avenuo , levará coino no tombu o que levou o escris
690 ARCHIVO DA RELAÇÃO DE GOA
vão do desembargador Gregorio Pereira Fidalgo , cisto alem
da sua escrita ; e o meirinho, e seis homens e dous naiqnes ,
os quae sserão pagos na mesma forma que se pagou aos que
levou o doutor Gregorio Pereira Fidalgo , de que se fez este
assento nesta forma , e por assim se convencer em votos. En
Goa 14. de Novembro de 1693 - Conde Viso Rey - Peres--
Sousa -Pereira - Sotto Maior - Machado.
Liv . vermelho 1. fol. 335 v.
Anno de 1694 .

960

os 8 dias do mez de Outubro de 1694, na meta da Re


A lação desta cidade em presença do sr . Viso Rey, o sri
Conde de Villa Verde , e mais ministros abaixo assinados foi
proposta pelo chanceler a duvida que se novia entre os des
sembargadores Joseph da Silva de Gouveia, Jorge Pimentel
Velho , e Pedro Pinheiro de Sousa, Francisco Borges Beta
tencourt, Antonio Pinheiro de Faria , que na monção deste
presente anno tinhão chegado a este estado, sobre qual del.
les avia de preferir a todos, e como -os mais avião de preferir
huns aos outros , por todos concorrem no mesmo dia a tomaa
rem posse dos lugares de desembargadores desta Relação, de
que Sua Magestade , que Deos tem , tinha feito merce
pelas cartas que apresentárão. E sendo proposta a dita duvida,
e ponderadas as circumstancias e prorogativas com que cada
hum dos ditos desembargadores concorria para querer ser
anterior na posse , e examinado tudo coin a devida atleri .
ção: se mandou pelo exinº sr . Viso Rey votar na materia
que pelo chanceler desta Relação se tinha proposto; e se
tenceu em volos que o doutor Joseph da Silva de Gouveia
preferisse no assento aos mais ministros que com elle con:
corrião, por ter a prerogativa de ter servio dous lugares antes
de S. Magestade, que Deos guarde, The ter feito a mercê
de desembargador desta Relação, e ser juntamente despa.
chado para o dito lugar com o doutor Jorge Pimentel Velho,
ham anno antes que os outros ministros, e tendo-se embarca
do para vir servir, depois de andar seis mezes no mar, arribá
ra a Lisboa, ao que S. Magestade havendo respeito lhe lirára
hom anno dos seis porque vinha servir á India , mandando
The pagar os ordenados do dito anno . E que o doutor Jorge
Pimentel Velho , se lhe seguisse no assento por concorrem
nelle as mesnias prerogativas de se The levar hum anno em
guata pelos descomodos do dito anno , e ainda que lhe fala
DOCUMENTOS DO SECULO XVII . 691

Tasse a de ter servido o lugar ; e que ao doutor Jorge Pimentel


Velho seguisse o doutor Francisco Borges Bettencourt pela
antiguidade de posse do lugar de desembargador extra .
vagante da casa da supplicação da cidade de Lisboa; e que
à elle se seguisse o doutor Pedro Pinheiro de Sousa , e em
ultimo lugar se sentasse o doutor Antonio Pinheiro de Faria ,
preferindo -lhe o doutor Pedro Pinheiro de Sousa , por ser
anterior na posse do lugar da casa da supplicação de Ligó
boa; e como assim foi determinado se fez este assento com a
declaração que tendo algum dos ditos ministros que reque.
rer sobre esta mesma inateria, o poderá fazer a S. Mages.
iade , para o que sendo necessario se lhe dará treslado deste
assenin . Goa 8 de Outubro de 1694.- Conde- Peres
Machado - Pereira - Sousa .

Liv, verde 2.° fol. 199.

361

A SSENTOUSE em Relação perante o si. Conde Viso


Rey.e mais ministros abaixo assignados, que por quanto
nesta cidade se perde a adıninistração da justiça , por não haja
ver carcereiros, que tenhão seguros os presos , os quaes em re.
são do pouco emolumento, que tem pa carceragem , costamão
ser pessoas de pouco momento, e assim nem os presos estão
seguros, nem as partes tem na cadêa segurança para seus de.
vedores, e ainda para os delinquentes, por ter mostrado a ex
periencia serem de facil corrupção os carcereiros, e para se
obviarem estes inconvenientes era preciso dar ordenado aos
carcereiros , que com o interesse do maior rendimento serão
homens de melhor condição, resolverão que os carcereiros de
hoje por diante tenhão cem xerafins de ordenado, pagos das
despezas da Relação aos quarteis, alem das tres langas que
pelo novo regimento tem de cada preso de carceragem , e que
delinquindo algum em seu officio , se execule nelle a lei cora
todo o rigor e execução. Goa 29 de Outubro de 1694.- Viso
Rey - Peres - Sousa- Pereira - Bethencourt - Pinheiro - ? ---

Liv, yerde 2. fol . 200,

27
>
692 ARCHIVO DA RELAÇÃO DE GOA
Anno de 1695 .

862

No anno
NO de mile seiscentos
o doutor ouvidor geral
vou
noventa e tres aggre .
do crime Gregorio Pe
rejra Fidalgo para a coroa dos inquisidores desta cidade
o mandarem declarar por não lhe quererem remeter as cul
pas, que tinhão vindo de Macáo , contra Bernardo da Silva,
Naique do Santo Officio, e dando -se provimento ao aggravo,
de que foi escrivão Sebastião Pires Cardozo, escrivão dos
feitos, e por não quererem ceder os Inquisidores , depois de
grandes controversias levantarão a censura athé decisão de S.
Magestade, a que dando-se conta , mandou a ordem weguinte.
Ordem de Sua Magestade.
Inquisidores e deputados da Inquisição de Goa. Eu
· El Rey vos envio muito saudar. Fai informado do procedi .
mento , que tivestes na causa de Bernardo da Siiva , Naique,
que vos servia de lingua na cidade de Macáo, e sobre todas
as informações que me derão sobre esta materia mandei ouvir
ao Bispu Inquisidor geral, e me parecen significar-vos o des
prazer com que ouvi o modo com que procedestes nesta causa
contra os ministros da Relação dessa cidade , valendo.vos da
jurisdicção eclesiastica em huma causa de privilegio secular
ooncedido pela coroa , em que não podieis valer- vos de outra
jurisdicção , resultando desta conlenda hum grande escandalo ,
de que podião resultar maiores inconvenientes, se a grande
prudencia do Conde V. Rey os não atalhára; e assim não pos.
80 deixar de vos estranhar muito obrardes tão precepitada .
mente na dita causa , sendo o tribunal do Santo Officio aquelle
que em todas as suas acções deve dar exemplo para conser
var a quelle respeito, que lhe he devido pelo seu santo minisa
terio ; e espero em semelhantes materias que se proceda daqui
em diante com tal cuidado , e prudencia que sem que se
confundão as jurisdições se administre a justiça. Escrita em
Lisbua 22 de Março de 1695. - Rey.
Liv . verde 2 .. fol. 200 v.
Anno de 1696 .

863

SSENTOU-SE em Relação , perante o er. Conde de


AconferVilla Verde, V. Rey e capitão geral da India , por
eacia que mandou fazer pelos ministros abaixo assi
DOCUMENTOS DO SECULO XVII. 693

gnados , que as aldeas de tres vidas, que tiverem a clausula


de nomeação em filha que casará com portuguez nascido no
reino, não se possão vender a outro , nein empenhar- se mais
que a vida do possuidor, sem passar o empenho ao socces.
sor nomeado , e isto quando o possuidor tiver filha ao teinpo
que quizer vender ou empenhar , e que se lhe não pode
dar licença para o contrario pelo prejuizo de terceiro, por
assim ser de direito; de que se fez este assento, que todos
assignarão. Em mesa 26 de Março de 1696. - 0 V. Rey -
Pereira - Sousa - 2 - ! - !
Liv . verde 2. ° fol. 202 .
1

864

ASSENTOU.SE em Relação, em presença do sr. Conde


Viso Rey, e nais ministros ,abaixo assignados , que pela
muita e grande facilidade , que ha na gente da terra ein jurar
falso , achando - se todos os dias este delicto nas causas com
granie einbaraço dos ministros , e detrimento da republica,
o que nacia da falta do castigo; que todo o ministro que
achar testemunha convencida de falsa no feito ein que for
jaiz, traga o feito á Relação, onde proporá o caso, e parecer .
do que está convicto , se mandara fazer auto ex officio para
se proceder suminaria rnente contra elte , e ser castigado como
for justiça. En mesa 2 de Abril de 1696.- 0 Conde Viso
Rey - Peres - Souto Maior - Gomes - Pinto - Delgarte - Ma.
chado .

Liv, verde 2. fol. 203.


865

D IZEM os escrivães do crime da corte, das justificações,


e? dos cavalleiros das ordens militares neste estado da
India por S. Magestade, que Deos guarde, que requeren lo
elles supplicantes pela petição junta ao meritissimo desem.
bargador chanceler do estado o contheudo nella, proferia por
despacho que aa folha não tinha autuação , cumprissam o que
tinha inandado por seu edital; ao que replicando com o junto
treslado do assento tomado neste senado da Relação , no
tempo do conde de Linhares , sendo Vigo Rey deste dito
estado, deferiu por se'u altimo despacho, que a certidão de
que fallava o assento , era da que devia passar o corredor
20 pé da folha, e cumprissem o que tinha mandado , no que se
sentem os supplicantes por muitas rasões prejudicados , pria .
694 ARCHIVO DA RELAÇÃO DE GOA
cipalmente porque se não dá comprimento á carta patente
que V. Magestade fez mercê mandar passar do officio que
logrão , em que declara que vencerão os proes e precalços,
que vencerão os passados, os quaes sempre vierão levando
hama langa da autuação de cada folha que correrão no dito
juizo, e os supplicantes tãubem vierão levando; e de presen,
ie o dito desembargador por seu edital tem tirado dos supe
plicantes, e acrescentado ao corredor da folha, que esse não
tem mais que quatro de seu sallario, o dito desembargador
dá cinco tangas contra todo o estilo observado; e no tocante
ao altiino despacho do dito desembargador claro está que o
dito assento junto não ordena ao corredor da folha para pas
sar sua certidão, nem este tal nunca teve em seu poder
culpas dos criminosos para fazer conforme os perdões delle ,
mas antes expressamente manda aos supplicantes escrivães
do crine, que se não passe certidões sem priineiro fazer con,
clasa a folha, que correr, ao desernbargador ouvidor geral do
crime , e com seu despacho passarem os supplicantes as taes
certidões, sob pena de ser invalido, e de se dar em culpa
aos supplicantes, por isso ( sic) mais conforme ao serviço de
$. Magestade e a bem da justiça , como tudo melhor consta
do dito assento. E porque os supplicantes alem de serem cul
pados, e não dando comprimento ao dito assento ficão per
dendo os seus precalços, que ainda no tempo que elle foi
tomado rendia muito o seu officio, e agora de todo atenua.
do, como he notorio : Por tanto , P. os supplicantes a V.
Magestade , visto o que allegão e consta do dito assento
Jeste senado , seja servido måndar que sein embargo de
dito edital e despacho junto do dito desembargador, possão
og supplicantes auldar as ditas folhas, e correrem , e fazerein
conclusas ao desembargador ouvidor geral do crime , como
sempre se fizerão, que o corredor dellas , correndo-19, as
entregue aos supplicantes para o dito effeito, sob pena de
808pensão de seu ofhcio em ordem ao dito assento . E recea,
berá mercê.
Accordão

Accordão em Relação &c . que se observe o assento da


Relação, que se tomou que as folhas corridas, autuadas, se
fizessem conclusas ao desembargador ouvidor geral do crime.
Goa 6 de Julho de 696.- Rubrica do sr. Conde V. Rey - Sor
tomaior — Pinheiro - Delgarte.
Treslado do dito assento , que tinhão junto á petição.
Assentou-se em Relação, presente o ar . Conde V. Ray ,
DOCUMENTOS DO OBCULO XVII . 69

em consideração da folha que se correu a Francisco Henri


ques, e se lhe passou certidão, e se subescreveu pelo escrivão
tendo o perdão de suas culpas por ainda não havido por
conforme; se assentou que de hoje em diante, correndo as
parles as folhas, para dellas se passarem as certidões , so
fação as ditas folhas conclusas ao desembargador ouvidor
geral do crime para por despacho, conforme as respostas dog
escrivães, deferir ás parte :; o que de outro modo se não pas.
sem as iaes certidõcs, sob pena de serem invalidas , e se dar
em culpa ao escrivão , por ser isto mais conforme ao serviço
de S. Magestade e ao bem da justiça , e o mesmo se Urar no
reino . E a copia deste assento se registará nos cartorios do
crime . Ern Goa a 3 de Dezembro de 653– 0 Conde 7. Rey -
Sanches - Mergulhão - Sequerra .
Liv , azal 1. fol . 56.

866

REGIME NTO das assignaturasdos desembargadores,


juizes, e inais officiaes de justiça , de 26 de Junho de
16: 6 ( a ).
Liv, azul 2. fol. 277 .

867
YONDE de Villa Verde , V. Rey da India , amigo. Eu
С.El-Rey vos envio muito saudar, como aquelle que amo.
Viu -se o que informastes em carta de 15 de Novembro de
1694 , como vos havia ordenado , sobre a queixa que havião
feito os officiaes da camara dessa cidade ein se lhe tirar a
precedencia que devião ter nos lugares publicos em vossa
presença, antepondo-se-lhes os ministros do conselho e Rela .
ção contra o estillo e privilegios , que estavão concedidos a
esse senado, e vistas as vossas resões, e o que consta do
treslado da ordem que Me remetestes passada sobre &
mesma materia: Me pareceu dizar - vos se deve guardar na
inateria das precedencias, que pertende a camara , o que está
disposto na dita ordem passada em 1691 , advertindo a08
mesmos officiaes da camara não insistão mais nesta conten.
da, e principalmento estando ella decidida por mim , cuja
resolução devem observar inviolavelmente , de que vos aviso ,
[a] Vid, dadrade e Silya pag . 325 do respectivo volume ,
696 ARCHIVO DA RELAÇÃO DE GOA
para que assim o façaes executar. Escrita em Lisboa a 8 de
Setembro de 1696. - Rey - Conde d'Alvor .
-

Liv. verm . 3. fol . 7 v.com referencia ao livro dos re .


gistos , fol. 208 .
868
SSENTOU-SE em Relação presente o doutor chan .
ASccler e mais ministros abaixo assinados que em huma
devassa que se mandou tirar pelo desembargador ouvidor
geral do crime sobre injuriosas palavras que se proferirão
contra os ministros desta Relação , por haver noticia que as
lestemunhas tiradas se intentavão preverter coin suge ..
tões ; e as partes allegarem que ouve dernasiado affecto no
inquirir do dilo ministro , que para segurança da verdade e boa
adininistração da justiça, ordenarão que pelo Doutor Pedro
Pinheiro de Sousa se repergunte estas testemunhas com o
mesmo escrivão que assistiu aos seus primeiros depoimentos
com outro escrivão do crime ou do civel , e feitas judicial .
mente as reperguntas , as tenha em seu poder athé determi.
nação desta Relaçio, Goi o 1.º de Dezembro de 1696 , - Sar
mento Pinheiro - Gouveia.
-

Liv, verde 1.6 fol . 294 v .

Anno de 1697.
869

( HANCELER da Relação de Goa . Eu El- Rey vos en .


CH vio muito saudar. Por ler noticia que ouve mudança
de estillo no correr das folhas, que é necessario ajantarem
os pertendentes quc offerecem os seus papeis nesse estado
para virem consultados para este reino : me pareceu enco
Inendar- vos que neste particular façaes observar o que se
osava e praticava antigamente . Escrita em Lisboa a 19 de
Janeiro de 1697.Rey.
Liv. verde 2. fol. 201 v .
670
C

HANC ELER Rela ção de Goa. Eu El-Rey vos envio


CH AN saudar . daViu-se
maito a vossa carta de 20 de Novembro
de 695, em que representaes a duvida que se vos offerece
à antiguidade em que se haude renunciar por parte de minha
fazenda (sic) , que alguns vassallos deixão em seus testamen
los pera ella , sem teren faculdade para renunciar ou testar
DOCUMENTOS DO SECULO XVII. 697

dellas : e pareceu -me mandar-vos declarar por esta , que


daquelles mercês de que se me fizer testação, sem embargo
de que as pessoas que o fizerem não tenhão faculdade para
este effeito, sempre se hade entender que he na mesma an
tiguidade em que as tem . Escrita em Lisboa a 30 de Janeiro
de 1697. - Rey .
Liv . verde 2. fol. 201 v .
871
NCELER da Relação do estado da India . Eu El-Rey
CHHAA
vos envio muito saudar. Viu- se o que escrevestes cm

carta de 12 de Dezembro de 694 sobre os V. Reis cosiamam


rem fazer casos de devassas de todos os que lhe parecessem
alem dos expressados na lei ; como tãobem dispensarein nas
cartas e provisões que não pagrão pela chancelaria dentro
dos quatro mezes da mesma lei , para o que vos parecia devia
haver expressa ordem , por ser assim necessario para o bom
governo desse estado . E pareceo.me ordenar por esta se
continue neste particular o estillo que athégora se praticava,
por ser fundado na jurisdição amplissima e poder que aos
V , Reis se lhes concedem nas cartas , que Ihes passão .
Escrita em Lisboa a 8 de Fevereiro de 1697.- Rey .
Liv , verde 2.• fol . 205.
872

ONDE de Villa Verde , V. Rey da India , amigo . En


El - Rey vos envio muito saudar , como aquelle que amo.
Havendo visto o que representanies sobre as liberdades, e 9

agazalha dos que ahi avia pertendido o desembargador Gre .


gorio Pereira Fidalgo , com a (ccasião de querer vir para o
Reino por ter acabado o seu tempo de seis annos , o que se
The não deferira no conselho da fazenda desse estado, sem
embargo de se reconhecer por justissimo o requerimento,
a respeito das minhas ordens gerem nesta materia muito
apertadas : Fui servido resolver se guarde o estillo e forma
ordenada , para com estas liberdades e agazalhos das näos
da India ; de que me pareceu a visar vos para o fazerdes
assim executar . Escrita em Lisboa a 12 de Fevereiro de
1697. - Rey .

Liv . verde 2. fol. 205 v .

4
698 ARCHIVO DA RELAÇÃO DE GOA
873

CONDE
ND vosdeenvio
ORey Villa Verde , V. Rey da India , amigo . En el
muito saudar, como aquelle que amo.
Havendo visto o que informastes sobre o modo com que na
Relação desse estado se costuma proceder no sentencear
dos casos capitaes quando faltão Rella ở tạmero dos
desembargadores que a lei magda , coino havia succedido
no tempo em que governava D. Fern ando Martins
Fernando
Mascarenhas , que para haverein de serem sentenceados
09 calpados ao crime de arrombamento de portas, furto ,
e ferimentos , que se fez
> a hum homem morador ma
aldea da Piedade, mandara chamar á Relação 03
os tres
ogvidores de capa e espada de Goa, Bardez , e Salcete , com
ham juiz ordinario, e com o de -embargador André Varella ,
unico ministro letrado, se sentencearão , e enfurcarão os laes
réos, por não quererem votar no dito caso o inquisidor e
areebispo, que em lugar dos desembargadores impedidos
assistião na Relação, por entenderem que fica vão irregula.
res volando em semelhantes sentenças ; e porque deste ese
cillo pode resultar ou castigarem - se os inocentes, ou absols
verem.se 08 culpados por falta de sciencia , e em lodos os
casos de morte se deve proceder á sentença com seis mi
nistros letrados: Me pareceu ordenarvos que quando succeder
não og haver na Relação desse estado, chameis em lugar dos
que faltarem para o dito numero de seis ministros aos inquie
sidores e promotor de santo officio da inquisição de Goa, por
se entender não poderá oceorrer a disputa das precedencias
entre os ministros da Relação e da inquisição, por ser a mesa
em que estes negocios se costumão sentencear na presença
do V. Rey , onde ninguem tein lugar certo, senão o chan.
celer, e os mais be vão sentando conforme vão entrando ; e
dado caso de não haver os laes ministros que chegarem
ao dito namero; bei por bem que os V. Reis possão votar
fazendo sempre o mesmo numero de seis juizes, e que suce
dendo empatarem -se os votos, se vencerá pela qualidade
do V. Rey ; e porque o Breve concedido aos clerigos para po.
derem votar em casos de morte , he concedido geralmente
para todos os meus dorninios;se vos remette com esta a copia
delle, pera que o façues praticar nessa Relação) ; e ao inquisi.
dor geral mandei encomeadar ordenasse aos inquisidores
desse estado que em caso que sejão chamados para o negocio
de que se iraia , vão com effeito á Relação, porque por esta
os hei ' por nomeados e deputados na forma do dito Breve
para o effeito referido . Escrita em Lisboa a 18 de Março de
1697. - Rey .
Liv , vemelho 2. fol. 310 .
DOCUMENTOS DO SECULO XVII. 699

Breve de Sna Santidade.


Super facultate clericorum , qui e consiliis Regis sunt, vel aliis
publicis officiis funguntur, ad consilia seu suffragia ferenda in
rebus seu causis criminalibus sine iregularitatis incursu .

Pius Episcopos
memoriam . Pro servus
salubriservorumDei . adperpetua
Regnorum et rei
Provinciarumm die
rectione ac officio justitiæ , sine qua Religio nusquam colitur,
Romanus Pontifex Catholicis Principibus aliqua interdum
specialiter indulget, quæ sacrorum Canonum severitas ge
neraliter interdicit. Sane charissimus in Christo Filius noster
Sebastianus Portugaliæ et Algarbiorum Rex Illustris, Nobis
nuper exposuit dudum felicis recordationis Paulo Papæ 3,5
praedecessori vostro , pro parte claræ memoriæ Joannis Portu.
galiæ et Algarbiorum
ticæ personæ Regis
per ipsum expositum
Joannem fuisse
Regem quod ecclesiasa
adscenario
Regnorum et Insularum , ac aliorum locorum sub suo tem-.
porali dominio exislertium pro tempore deputatæ officia ipsa
absque Sedis Apostolicæ licentia exercere nequibant, et
quod pro eorundem Regnorum salubri directione et quiele
sua plurimum intererat ut officia ipsa per easiem personas
•exerceantur ; idem que Prædecessor iilis supplicationibus
in ea parte inclinatus, persunis ecclesiasticis, onjuscumque
dignitatis, stalos , gradus , ordinis, vel conditionis existen.
libus per eum ad quævis secularia officia Regnorum , Ingu.
larum, et locorum pro tempore deputatis , ut officia ipsa
acceptare et regere , et istorum tempore durante , quaeso
cogui.
tioni et decisioni quarumcumque causarum et 5

tionum criminalium contra quoscumque incumbere , et qui.


busyis negotiis criminalibus se immiscere , etiam si exinde,
seu illorum cognitione aut jussione, vel mandato per officia
les justitiæ , seu alios quoscurnque sanguinis effusio , et >

mutilationes membrorum , ac caedes hominum subsequeren .


tur, dummodo a sententiis per se ipsos proferendis abstines
, absque alicujus irregularitatis , seu inhabilitatis, vel
rent,
infamiæ macula, seu nota , aut sententiarum , censurarum
et pænarum contra se in præ niasis ingérentes latarúin incur
80 , libere et licite valerent, licentiam et facultatem per suas
su
literas concessit . El deinde piæ memoriae Julio Papae eliam
3.0 similiter prætecessore nostro pro parte ipsius 'Joannis
Regis exposito quod ipse justitia sincera et aequa lance in
regnis et dominiis prædictis administranda ecclesiasticas
personas, tam seculares quam regulares , in consilio suo
assa inere plerumque cogebatur, et sæpissime contingebat
in eodem consilio de causis criminalibus tractari , quodque
2

28
700 ARCHIVO DA RELAÇÃO DE GOA

ipsæ regulares personæ dubitabant literas prædictas ad eas


non extendi, se que propterea causarum criminaliam hujas.
modi consultationi, et decisioni intervenire licite non posse ,
idem Julius prædecessor similiter ejusdem Joannis Regis in
ea parte supplicationibus inclinatus literas prædictas ad
personas ecclesiasticas cojusvis ordinis regularis, si alias
cum eis extra eorum conventus et alia regularia loca
permanere possent, legitime dispensatum esset quavis e.
tiam pontificali dignitate poilentes in consilio Joannis Regis
hujusmodi pro tempore existentes quod ipeæ in quibusvis
causis tam criminalibus quam profanis et mixtis, etiam pe.
nam sangainis continentibus consulere, et illarum probatio
ni, decisioni, et terminationi intervenire, ac sua vota præsta.
re, dummodo per se ipsos sententias, ut profertur, non fer.
rent, absque aliquo conscientiæ scrupulo, aut irregularita
tis nota , seu censuris, vel penae ecceliasticæ incorsa ,
etiam libere et licite valerent , etiam per suas in for
ma Brevis literas extendit, et ampliavit , prout in sin
gulis eisdem literis plenius continetur. Cum autem
sicat primadicta expositio subjangebat etiam dicti Sebas.
liani, et pro tempore existentis Portugaliæ et Algarbiorum
Regis plurimum intersit, at pro administratione justitiæ hu.
jusmodi in Regais, Insulis, et Dominiis prædictis personae
ecclesiasticae tam seculares quain regulares consilio suo
adhibeantur , et consultationi , et decisioni causarum ,
tam criminalium quam civiliun , et profanarum , sive mix.
taru u interveniant , quod que personæ ecclesiasticæ per
ipsum Sebastianum, et pro tempore existentem Regema
ad secularia officia Regnorum, Iasularum , et Dorpiniorum
eorundem pro tempore deputatae officia acceptent et exer
ceant, ac tempore officiorum eorundem durante cognitioni ,
et decisioni causarum et quaestionum criminalium , ut præfer.
tur, incumbant, et negotiis criminalibus se immisceant ;
quare idem Sebastianus Rex nobis humiliter supplicavi
sibi, et pro tempore existenti Regi praedicto infra scripta
concedere, aliasque in præmissis opportune providere de be
nignitate apostolica dignaremar : Nos igitar, qui catholico
ruin Regum votis , illis presestim , quæ prosperam et felicem
statum Regaorum et Dominiorum suorum, ac justitiae cultum
in eisdem conservent, libenter annuimus , prædictum Sebas
tianum Regem a quibusvis excommunicationis, suspensio
nis , et interdicti, aliisque ecclesiasticis sententiis, censaris ,
et pænis, a jare, vel ab homine, quavis occasione , vel causa
latie, si quibus quomodolibet innodatus, ad effectum præ
sentium dumtaxat consequendum , harum serie absolven
dum , et absolutam fore consentes : Nec non singularuin
" DOCUMENTOS DO SECULO Xyll. 701

literarum prædictarum veriores tenores prærentibus pro


expressis habentes, hujusmodi supplicationibus inclinati Se
bastiano et pro tempore existenti Regi praedicto pro admi.
nistratione justitiæ in Regais, Insulis, et Dominiis eisdem ,
quasvis ecclesiasticas, tam seculares , quam regulares , si
alias eum eis ut extra eorum monasteria , aut alia regularia
loca degere possiat, ligitime dispensatum fuerit , cujusvis or
dinis regularis personas, quavis etiam pontificali dignitate
pollentes consilio suo adhibere, ipsa que in omni consilio pro
tempore adhibitæ personæ in quibusvis criminalibus , profanis,
et mixtis causis, etiam pænam sanguinis concernentes, con
sulere et votum dare, seu suffragium ferre, ac causaram ea
rumdem decisioni, et terminationi intervenire ; nec non per
sona esclesiasticæ cajuscumque dignitatis , status, gradus,
ordinis , vel conditionis existentis per ipsum Sebastianum
et pro tempore existentem Regem , ad secularia officia Re. '
gnorum, Insularum , et Dominiorum hujusmodi pro tempore
deputatæ officia ipsa acceptare et regere , eo que tempore
durante, cognitioni et decisioni quaramque causarum et
quaestionum criminalium contra quoscumque incumbere , et
quibusvis negotiis criminalibus se immiscere libere et licite
valeant absque aliquo consoientiæ scrapalo, aut irregolarita
tis, seu inhabilitatis, vel aliarum sententiarum, censuraram, et
poenarum contra se in praemissis ingerentes latarum incursa,
vel infamiæ nota, etiam si exinde sanguinis effusio et mu
tilatio membrorum , aut mors hominum subsequentur, dum .
modo per se ipsos sententias non ferant, auctoritate apos
tolica tenore praesentium , licentiam concedimus, sibi que pa.
riter indulgemus . Non obstantibus Lateran. et general,
coacilioram , ac aliis constitutionibus, et ordinationibus apos .
tolicis,nec non monasteriorum ,et aliorum regularium locorum ,
et ordinum , quorum ipsae regulares personae fuerint, juramen.
to , confirmatione apostolica, vel quavis firmitate alia roboratis,
statutis, et consietadunibus, cum caeteris que contrariis qui.
buscamque. Nulli ergo omnino hominum liceat hano paginam
nostrae absolationis, concessionis, et indulti infringere, vel
ei ausu temerario contraire. Si quis autem hoc atteatare
praesumpserit, indignationem onnipotentis Dei , et Beatorum
Petri et Pauli Apostolorum ejus se noverit incursurum . Da.
tum Romae apud Sanctum Petrom, Anno Incarnationis
Dominicae millessimo quingentessimo quinquagessimo nono,
Kalen. Martii , Pontificatus nostri anno primo.- André Lo.
pes de Lavra .
Liv. verm. 2.• fol. 311 .
702 ARCHIVO DA RELAÇÃO DE GOA
Anno de 1698 .

874

ASSENTOU -SE emPereira


celer Gregorio Relação presente
Fidalgo , o sr. doutoroban:
maise ministros
abaixo assignados, que visto haver muitas causas, para que ,
era necessario aos niinistros tempo para o despacho , e que
para expedição dos aggravos sobrava tempo vindo os mi.
nistros todos os dias á Relação, e para a ludo se dar commoda
expedição com mais conveniencia das partes e dos ministros,
que se achava conveniente assinalar dias certos para vir á
Relação aos feitos de conferencia e despacho dos aggravos,
para o que bastava vir nas segundas feiras , quartas , e sexlas
feiras, ainda que algum dos ditos dias fosse feriado por prie
vilegio ; e que nos mais dias das semanas ficassem os mi
nistros em suas casas occupados nos feitos de tenção, e de
seus officios, o que assiin se assentou , e manda observar
pelas rasões referidas , e melhor expedição da justiça e ne .
gocios das partes , Aos 13 de Outubro de 695.- Gregorio
Pereira Fidalgo - Santos Pinheiro - Soutomaior-- Gors- Del,
garte ,
Liv, verde 2.° fol . 206 .
Anno de 1699 .

875

ISO
Viso Reyda India,amigo . Eu El-Rey,vos envio muito
saudar . Havendo visto o que representastes sobre a al .
teração dos sallarios , que tinha introduzido o desembargador
Ignacio de Oliveira Gomes em o lugar do provedor dos de
functos e absentes, em que foi provido pela mesa da conse ,
ojencia para esse estado ; me pareceu dizer:10.9 que o que se
observou sempre nelle era levarem os provedores dos de.
funtós e absentes por cada inventario o sellario que dispõe 1

& ordenação, e que por estillo praticado tinhão seis tangas,


que vale in dezoito vintens, de cada leilão em que assistia .
que era em satisfação das assinaturas ., e contas , de
que não levavão nada, e ainda que no leilão se : arre .
mataese in muitas peças de particulares , nunca tinha
mais que as seis tangas, e alterar o que sc usava neste para
ticular seria huma novidade muy mal recebida , alem de
prejudicar a Misericordia nos dous por cento, que dizeis leva ,
a quem estão dados por provisões minhas nos inventarios
em quo The loca a arrecadação, por não haver ahi testamen.
DOCUMENTOS DO SECULO XVII. 703

teiros. E assim vos ordeno o façaes executar não consentina


do que o dito provedor leve os ditos dous por cento, mas
sómente o sellario que dispõe a ordenação, uso em que esta
vão seus antecessores . Escrita em Lisboa a 10 de Fevereiro
de 1699. - Rey .
Liv , verde 2. ° fol. 238 y .

876

ISO Rey da India, amigo . Eu El- Rey vos envio muito


VIS O . O povo dessa Ilha de Goa e
saudar suas adjacentes
per carta de 4 de Janeiro do anno passado se queixa de que
requerendo se lhe perdoassem os commissos , em que ouvesse
encorrido , o ordenando eu a VO880 antecessor infurmasse
sobre este requerimento , o não fizera ; e porque consta que
esta informação se não mandou ; me pareceo ordenar=v08
digaes o que se vos offerecer sobre este particular , e que cam
lidade de fazendas são estas, as utilidades ou damnos que se
segue de se tirar a estes homens estas de que se queixão, e
achando que nisto recebem prejuizo, façaes suspender estas
cauzas, e as mercês que se podein fazer destas terras , em
quanto eu não resolvo o que se deve obrar neste particular ;
pois se allega por parte desse povo fazerem -se merecedores
de toda a attenção pelos grandes donativos coin que concor ,
sem para as defensas desse estado , e que mereceu não ser a

vexados pelos ministros , e que se lhe guardem os privilegios


das suas gancarias. Escrita em Lisboa a 12 de Fevereiro de
1699.- Rey
Liv , verde 2. fol . 209.

877

VISISO
O ReyHavendo
saudar.
da India, amigo. Eu El- Rey vos, envio mujio
visto o que representastes sobre o re
querimento que ahi fizerão os desembargadores da Relação
desde estado para haver de se praticar com elles a lei que
fui servido mandar publicar neste reino sobre os acrescen
tamentos das assignaturas dos ministros, porque suposto te
nhão maiores ordenados , erão tambem muito grandes as
despezas, e por ser justo que se tenha toda a allenção aos
ininistros que vão servir eu tão grande distancia , e ás desa
pezas que fazem para se aviarem para huma viagem são
larga, fui servido resolver se pratique com os desembar
gadores da Relação de Goa a mesma lei que manuej ob .
bervar com os ministros deste reino sobre as assignaturas ,
704 ARCHIVO DA RELAÇÃO DE GOA
de que vos aviso para o terdes assim entendido, e fazerdes
observar nesse estado a dita lei , mandando para esse effeito
registar em os livros da Relação esta minha ordem . Escripta
em Lisboa a 28 de Fevereiro de 1699. - Rey.
Liv. verde 2.° fol. 208 .
78

ASSENTO U.SE em presença do exm."sr.V.Reye mais


ministros abaixo assinados que por se evitarem as duvi
das que cada dia acontecem sobre a taxação dos salarios que
hão de levar os ministros que vão fazer diligencias nesta
Ilha e suas adjacentes, assim a requerimento das partes como
por mandado do sr . V. Rey ou desta Relação, que daqui
em diante se guarde a forma seguinte ; que o ministro que
for fazer alguma vistoria , sendo nas Ilhas de Goa , leve cin
coenta xerafins, e nas terras de Bardez e Salcete cem xera.
fins, ora os dias que gastarem nas ditas diligencias sejão
muitos, ora poucos, e que nas mais diligencias que se costu
mão contar por dias nas Ilhas de Goa, Salcete, Bardez, se
levem dez xerafius de salario por dia, chegando as diligencias
a dez dias, e dahi para cima , é de dez dias para baixo levarão
sempre cein xerafias, e nas Ilhas de Goa cincuenta xera.
fins, não chegando ... a cinco dias o tempo que gastar na
dita diligencia , de que se fez este assento , Goa 12 de Ja .
nho de 699 , -Pereira - Dourado C Machado Gomes Del.
garte - Goes - Faria - Pinheiro,
Liv, verde 2. ° fol. 207.

879

IZEM Pragadas Lacamadas, Deadas Gaudas, Vanidas


D'?
Darmadas, Anadas Tacor e outros , guzerates, mercadores
tratantes nesta cidade, que entre elles he afronta da primei.
ra cabeça jurarem sobre a cabeça de mulher e filhos, e se
estranha tanto , que aquelle que dá semelhante juramento
perde o seu credito entre os mais de sua nação, e se não fião
delle seus contratos e meroanoias , como he notorio, sendo
assim, os supplicantes são cumpellidos ao dito juramento nos
tribunaes deste estado, o que redunda não só em prejuizo
delles pela dita perda do credito, senão tão bern deste estado,
porque se os mercadores de Sarrate , Cambaia , e mais partes,
que remettem suas fazendas aos supplicantes, souberem que
algum delles deu o dito juramento, as deixarão de mandar, e
DOCUMENTOS DO SECULO XVII. 705

por esta via será nota vel perda á alfandega real, por onde de.
vem os supplicantes ser aliviados do dito juramento , mani
dandolhes daro ordinario de faca e papel , como sempre se ob
>

servou, sem embargo da disposição da carta de V. Mages


tade, porque sua disposição 86 se entende a respeito dos
gentios, e não dos supplicantes que são guzerates, e tem di
versos usos e observancias. Por tanto pedem a V. Magestade
seja servido aliviar aos suppllcantes do dito juramento da
mulher ou filhos, no que R. M.
Despacho.
Junte qualquer provisão, que ouver sobre este requerimen .
to. Goa 27 de Setembro de 1699.- Viso Rey - Gouveia- Pi
nheiro - Delgarte.
Provisão.
Dom Pedro Antonio de Noronha , Conde de Villa Verde ,
do conselho de estado de S. Magestade, V. Rey e capitão
geral da India &c . Faço saber aos que esta provisão vi.
rem que Pragadás Lacamadás , guzerate, mercador. nesta
cidade , e cazado e morador nella 9, me representou
por sua petição que elle tratava de varios contractos,
dando grande proveito ás alfandegas reaes , e entre 808
casta era estranhado e vituperado o juramento na са

cabeça dos filhos e mulher, e observando o dito juramento


não se fia vão delle os ditos contractos e negocio , causa
porque alguns mercadores estavão escu sos de semelhantes
juramentos, pedindo-me mandasse passar provisão para em
nenhum caso lhe obrigarem ao dito juramento a instancia
de qualquer pessoa , mas somente jurar o juramento ordina.
rio. E tendo respeito ao referido, hey por bem que o dito
Pragadás Lacamidás não seja obrigado a instancia de qual
quer pessoa a jurar na cabeça de seus filhos ou mulher, e
somente jurará o juramento ordinario, e não servirá de e
xemplo a outrem. Notifico o assim ao vedor geral da fazenda,
ao chanceler do estado, mais ministros, officiaes, e pessoas
a que pertencer, para que assim o oumprão e guardem, e
fação inteiramente cumprir e guardar esta provisão como
nella se contem , sem duvida alguma , e pagará os novos
direitos que dever , como tão bem os de chancelaria, e passa.
da por ella se registará na fazenda geral , sem o que lhe
não valerá. Serafino da Costa a fez em Goa a 2 de Setema
bro de 1698.-O secretario Gregorio Pereira Fidalgo a fiz
.

escrever. - Conde de Villa Verde,


Replica.
Dizem os supplicantes que apresentão a provisão fol. 2
706 ARCHIVO DA RELAÇÃO DE GOA
que foi pagga !a a requerimento de hum delles, alteritando as
causas referidas na supplica fol . 1. Por tanto P. a V. Ma
gestade seja servido provel -os no pedido , alivian 10.08 do
juramento sobre a cabeça da mulher e filhos , R. M.
Despacho.
Constando ser gozerate de Cambaia , não seja obrigado
mais que ao juramento ordinario dos guzerates da dita terra ,
conforme a provisão que ha peste caso . Goa 30 de Outubro
de 1699.---Rubrica do V. Rey - Gouveia- Delgarte- Pinheiro.
GP

Liv, azal 1. fol. 58 .

Auno de 1700.

S80
2

U El-Rey faço saber aos que esta minha provisão via


E rem , que tenilo respeito ao que se me representou por
parte da Hiria Parabu e Antá Parabu , corretores da janta
geral do commercio , e mercadores tratantes na cidade de
Goa, sobre o prejuizo que se lhes segue em os obrigarem go
juramento da cabeça de seus filhos e mulheres, perden.
el
do por esta causa sua fazenda , por ser ' abominav
este jaramento entr e semelhante gente , pedindo -me lhes
seus filhos
concedesse e a
o não se obrigarem ao dito
juramento na forma que a seu favor the está conce
dido por huma provisão passada pelo Conde de Villa Verde
sendo V. Rey daquelle estado , sem embargo da minha
instrucção de 23 de Março de 615, que os obriga ao
tal juramento , e tendo a tudo consideração, e ao que reso
pondeu o procurador de minha coroa , a que se deu vista ,
hey por bem fazer mercê aos ditos Hiria Parabu e Antá
Paraba que tendo ' escripturas, ou conhecimentos, ou outra
prova legal , não sejão obrigados neste caso a jurarem na car
beça de seus filhos e mulheres , dispensando nesta parte
nas ordens que houver em contrario, ficando para o mais as
disposições das leis em seu vigor; pelo que mándo ao meu
V. Rey ou governador do estado da India, e aos mais mix
nistros, e pessoas a que tocar cumprão e guardem esta
provisão, e fação cumprir e guardar inteiramente como nella
se contem sem duvida alguma, a qual valerá como carta
sem embargo da ord , do liv. 2.° tit . 40 em contrario. Paga.
rão de novo direito quinhentos e quarenta réis , que se car.
regarão ao thesoureiro João Soares a fol. 51 cujo conheci.
mento em forma se registou no registo goral a fol . 47 v .
DOCUMENTOS DO SECULO XVII. 707
7 Manoel Pinheiro de Fonseca a fez em Lisboa a 19 de Março
de 1700. O secretario André Lopes de Lavre a fez escrever,
--Rey .
Liv. verde 2. fol . 201 ,
881

ASSENTOU-SE em Relação presente o sr.V. Rey, que


por quanto tendo - se declarado por outro assento
lario que havião de levar os ministros, que fossem fazer die
ligencias assiin nesta Ilha como nas de Bardez e Salcele , e
se não ter declarado o que devião levar os escrivães e mei .
rinhos; que daqui em diante os ditos officiaes levem por dia
em todas as diligencias que forem fazer , assim nesta llha
como nas de Bardez, e Salcete , dous xerafins, e sendo di .
ligencia que tenha caminho, as partes rejão obrigadas a lhe
dar carruagern, e isto fora a sua escrita ; e por não vão vir
mais em duvida se fez este assento , Goa 21 de Maio de 700 .
-V. Rey - Pereira - Machado - Gomes- Dourado .
- C

Liv . verde 2.° fol. 207 v .,

29
1

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