Didatica e Metodologia No Ensino Superior
Didatica e Metodologia No Ensino Superior
Didatica e Metodologia No Ensino Superior
INTRODUÇÃO DA UNIDADE
Em um curso que envolva docência é esperado que haja uma disciplina voltada
especificamente para a Metodologia do Ensino Superior, não é mesmo?
Certamente que sim! Então nessa disciplina, vocês terão acesso às discussões
acerca das particularidades do processo ensino-aprendizagem neste segmento
de ensino, dos métodos, técnicas e estratégias que mais condizem com o
público-alvo, dos conhecimentos práticos que são necessários para tornar mais
atraente a aprendizagem de seus alunos, entre outros temas relevantes que
envolvem a docência.
É fato que nossos alunos não aprendem somente no contexto da sala de aula,
ao contrário, não há dúvidas de que em todos os espaços e em todos os
momentos da vida, eles, e nós também, estamos aprendendo. Veremos que a
aprendizagem não se restringe àquilo que é ensinado na sala de aula, mas é um
processo que ocorre a vida toda, o tempo todo. Com isto, estamos dizendo que
se pode aprender em variados espaços educativos e não somente na escola,
universidade, e outras instituições de ensino. Portanto, discutiremos sobre quais
os tipos de aprendizagens existentes, quais os espaços que elas ocorrem e
como elas podem beneficiar a sua sala de aula no Ensino Superior.
Importante ressaltar ainda que houve uma grande expansão do trabalho por
projetos na educação brasileira, em qualquer nível, segmento ou modalidade
educacional. Além disso, os passos que devem ser seguidos para planejar o
trabalho por projetos, garantindo o ativismo dos alunos, também serão objetos
de estudo. No Ensino Superior, assim como em outros níveis de ensino, é
importante que haja atividades que extrapolem a sala de aula convencional e
que coloquem os alunos em contato com o ambiente profissional que atuarão.
Conceituando didática
No bojo do que será visto na disciplina, a didática e a metodologia são itens que
não podem deixar de serem contemplados. Por que não? Vamos explicitar no
decorrer do texto, mas antes é preciso voltar ao passado para conceituar
didática. Em primeiro lugar, destaca-se que o termo didática tem origem no grego
didaktiké, que significa a arte ou a técnica de ensinar.
Segundo Libâneo (l994, p. 58), a didática tem origem quando “os adultos
começam a intervir na atividade de aprendizagem das crianças e jovens através
da direção deliberada e planejada do ensino, ao contrário das formas de
intervenção mais ou menos espontâneas de antes”.
Outros optam por uma conceituação mais abrangente, como é o caso da Candau
(1988), que entende a didática como algo mais amplo, possuidora de um caráter
multidimensional e que apresenta dimensões humana, técnica e político-social.
Como vimos, os autores citados conceituam a didática de diversas maneiras,
mas todas as sinalizadas aqui não se limitam ao entendimento dela como um
conjunto de técnicas e estratégias, ao contrário, extrapolam este conceito ao
relacioná-la, por exemplo, a um caráter multidimensional, como sinaliza Candau
(1988). Ressalta-se que a compreensão do que é entendido como didática é
fundamental no contexto da Educação Superior, principalmente, para os
docentes recém-chegados a este segmento de ensino, como veremos a seguir
Neste contexto, era quase consensual que para atuar na docência universitária
não haveria necessidade de conhecimento algum sobre a pedagogia. De acordo
com Gil (2008), ao docente restava apenas transmitir o conteúdo e esclarecer os
possíveis questionamentos dos alunos, não havendo, portanto, a preocupação
em formar os professores nas questões próprias da pedagogia.
A prática docente tem sido discutida por outros autores, entre eles, Schon (2000)
que entende como relevante criar estruturas educacionais que favoreçam a
construção de um ensino prático reflexivo, na qual os alunos sejam estimulados
a refletirem permanentemente sobre a sua atuação. Este modelo o autor
denominou como refletir-na-ação. “Conhecimento em ação” baseia-se “numa
concepção construtivista da realidade com que o professor é confrontado”.
(SCHON, 2000, p. 36).
A partir do exposto, vimos que ainda é preciso avançar bastante nas questões
especificas da didática do ensino superior, pois são muitas inquietações se
fazem presentes no cotidiano pedagógico, instigando, com isto, os docentes à
compreensão mais complexa do processo ensino-aprendizagem.
Por dentro dos conceitos de metodologia
Vamos entender melhor os conceitos que serão aqui abordados. Para isto,
recorreremos a alguns teóricos do campo da educação. De acordo com
Bordenave e Pereira (2010), método é “o conjunto organizado de técnicas e
procedimentos”. BORDENAVE; PEREIRA, 2010, p. (BORDENAVE, 2012, p. 90).
Masetto (2003, p. 99) afirma que método ou técnica “seria uma atividade que se
realiza obedecendo a determinadas regras metodológicas visando alcançar
algum objetivo da aprendizagem”.
Para que esta opção seja consciente, segundo Libâneo (1994, p. 153), as
escolhas “devem corresponder à necessária unidade objetivos-conteúdos-
métodos e forma de organização de ensino e às condições concretas das
situações didáticas”. Além disso, o autor sinaliza que esta opção demanda
conhecimento:
• Dos objetivos da aula e dos objetivos gerais constantes nos planos de ensino;
Portanto, grosso modo, planejar significa pensar em ações que contribuem para
alcançar determinado objetivo.
• de forma planejada, quando agimos tendo como base uma ação com fins e
intencionalidade previamente definidos, com vistas a organizar as intenções.
Não podemos deixar de mencionar que o ato de planejar precisa assumir sua
dimensão político-social e superar a limitação da dimensão técnica. Dizemos
isso, pois muitos docentes entendem o planejamento apenas como um aspecto
burocrático do processo ensinoaprendizagem e não o veem como um importante
aliado para transformar concretamente a realidade em que se está inserido.
– Podes dizer-me, por favor, que caminho devo seguir para sair daqui?
(CAROLL, 1865)
Assim como o gato responde a Alice que o caminho a seguir depende para onde
ela deseja ir, podemos dizer que, analogicamente, ao planejar é fundamental ter
clareza de onde se quer chegar, caso contrário pode ficar perdido em meio a
tantas direções a tomar.
Com base no que estamos estudando, podemos considerar que para planejar
adequadamente precisamos ter em mente quem são os nossos alunos, que
saberes possuem, que desejos querem realizar, qual o perfil deles, de que forma
aprendem etc.
Os níveis de planejamento
Consideramos, assim, que a elaboração dos objetivos é uma das etapas mais
relevantes no processo de planejamento e deve ser realizada logo no início
deste, inclusive antes de se pensar em conteúdo, técnicas, recursos, etc.
Quanto a isso, Haydt sinaliza que o objetivo “é a descrição clara do que se
pretende alcançar como resultado da nossa atividade” (HAYDT, 2000, p.
113).
• Objetivo geral: é aquele que aponta qual objetivo o aluno deverá obter
relativo a uma disciplina, módulo ou curso, ou seja, são proposições
que serão alcançadas em longo prazo. Sobre os objetivos gerais,
Haydt sinaliza que: (...) eles são úteis no delineamento inicial de um
curso e têm o seu valor como objetivos a serem atingidos em longo
prazo, no final do processo educativo. Mas, a curto e médio prazos,
eles são de pouco valor, pois devido à sua amplitude não permitem ao
professor estabelecer a relação entre o conteúdo a ser ensinado e os
objetivos a serem alcançados. Para que possam realmente nortear a
ação de professores e alunos, os objetivos gerais devem ser
operacionalizados, isto é, desdobrados ou decompostos em
comportamentos observáveis, que sirvam de parâmetro para o
processo ensinoaprendizagem. (2000, p. 115)
• Objetivos específicos: são aqueles que indicam uma ação única ou
único resultado da aprendizagem do aluno e se refere ao assunto ou
tópico de uma aula ou no máximo para uma unidade de ensino. É mais
simples, concreto e alcançável em menos tempo. Podemos dizer que,
como ponderado por Haydt, os objetivos específicos consistem “no
desdobramento e na operacionalização dos objetivos gerais” (HAYDT,
2000, p. 113).
Quantos aos domínios, os objetivos podem ser divididos tendo como base que
eles sinalizam modificações no comportamento do aluno. Essas alterações se
realizam em nível de pensamento, sentimento e ações, ou seja, ocorrem em três
áreas importantes do comportamento humano: cognitiva (pensamento), afetiva
(sentimento) e psicomotora (ações). Desta forma, segundo Haydt (2000) a
divisão dos objetivos quanto os domínios ocorre da seguinte forma:
• Os objetivos devem estar focados naquilo que se deseja que o aluno alcance,
a mudança no comportamento do educando, atitudes esperadas pelo alunado e
não voltado para o professor. Os objetivos não devem se remeter ao docente,
mas sim àquilo que se deseja que os alunos atinjam ao final de uma aula,
unidade ou curso. Haydt destaca que os objetivos devem ”descrever o
comportamento que se espera observar no aluno em decorrência da experiência
educativa que lhe é proporcionada.” (Haydt , 2000, p. 114)
O trabalho por projetos, de acordo com o que é sugerido por Kilpatrick e Dewey,
consiste em buscar responder a um problema concreto, pressupondo atividades
individuais e em grupo. Segundo Haydt (2000), há alguns aspectos básicos
quando se trata do trabalho por projetos, a saber:
Ainda segundo Haydt (2000) as etapas do projeto, apontadas abaixo, não são
rígidas e podem ser reformuladas para atender às particularidades das
instituições educacionais:
• execução do projeto;
O foco do Ensino Superior não pode ser desconsiderado pelos docentes que
atuam (ou pretendem) atuar neste nível de ensino: formar profissionais
qualificados para diversas áreas do mercado de trabalho. Pensando nisso, é
salutar que os docentes dos cursos de graduação ao elaborarem seus planos de
curso, planos de ensino, planos curriculares ou planos de aula, considerem a
inclusão de atividades, para além da sala de aula, e que simulem, em certa
medida, o que este profissional em formação encontrará no ambiente
profissional.
Neste sentido, Masetto (2012) afirma que “um dos aspectos mais importantes
para motivar o aluno, envolvê-lo com a disciplina que lecionamos e incentivá-lo
a estudar e aprender é a aplicação do que se está aprendendo à vida prática”.
(MASETTO, 2012, p. 123). E como fazer isto no Ensino Superior é o que
veremos nesta aula.
• As aulas práticas precisam ainda que sua preparação seja feita junto aos
alunos, definindo com eles o que irão realizar e os objetivos que desejam
alcançar;
• Pode-se optar como estratégia para as aulas práticas que todos os alunos se
envolvam completamente nela, ou separar os alunos em grupos para que alguns
observem enquanto outros executam uma parte dela e depois os papéis podem
ser invertidos;
Temos visto no decorrer do curso que o Ensino Superior tem como característica
a preocupação com a formação dos profissionais que serão colocados no
mercado de trabalho. Por isso, proporcionar espaços onde os futuros
profissionais possam vivenciar, mesmo que parcialmente, aquilo que
encontrarão no mercado de trabalho é bastante salutar, precisando constar nos
planejamentos institucionais e do docente.
Entretanto, para que as visitas técnicas ocorram de forma satisfatória e para que
possam agregar valor à formação no Ensino Superior é fundamental que as
orientações abaixo sejam seguidas pelos docentes.
• As visitas técnicas também devem ser integradas aos temas que estão sendo
vistos na sala de aula;
• A seleção dos locais onde deve acontecer estas atividades precisa estar em
sintonia com os objetivos do curso;
• avaliação somativa: ocorre no final de um período, sendo vista como uma linha
de chegada temporária. Afinal, tem a finalidade de apreciar o resultado e fornecer
elementos para o planejamento das próximas ações educativas.
Quanto a isso, Luckesi (1996) traz uma reflexão pertinente: “O ato de avaliar
implica dois processos articulados e indissociáveis: diagnosticar e decidir”
(LUCKESI, 1996, p. 8). Ainda buscando compreender a relação de
interdependência entre planejamento e avaliação, Vasconcellos (1999) fornece
uma conceituação importante ao ato de planejar, ao destacar que: “planejar é
antecipar mentalmente uma ação a ser realizada e agir de acordo com o previsto;
é buscar fazer algo incrível, essencialmente humano: o real ser comandado pelo
ideal” (p. 35).
CONCLUSÃO DA UNIDADE
Corroborando com isto, foi visto que a didática é um significativo aliado para
potencializar o processo ensino aprendizagem. Vimos também que o docente
universitário precisa ter clareza dos fatores limitantes da sua ação pedagógica,
compreendendo que há meios de se fazer uma docência mais prática-reflexiva.
Foram vistos ainda os procedimentos que precisam ser seguidos para planejar
o trabalho por projetos, assegurando, assim, o protagonismo dos alunos tão
próprio dessa metodologia de ensino, vimos também nesta aula que o homem é
um ser aprendiz e, como tal, não restringe a sua aprendizagem à frequência aos
bancos escolares. Além disso, vimos também que há variadas formas de
aprendizagens e diversos espaços propícios para que estas aprendizagens
ocorram .
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
QUESTÕES
D- A formação tanto do professor quanto a do aluno para quem ele leciona, deve
ser encarada como um processo permanente, integrado no dia-a-dia.
D- A formação tanto do professor quanto a do aluno para quem ele leciona, deve
ser encarada como um processo permanente, integrado no dia-a-dia.