A Zona Da Morte
A Zona Da Morte
A Zona Da Morte
A Zona da Morte
rigoso. Outra verdade é que acidentes são raros. Para cada acidente fatal de
automóvel, há milhões de quilômetros sem acidentes. Para cada acidente aé-
reo fatal, há centenas de milhares de horas de voo seguras. Portanto, acidentes
são casos isolados. Os estatísticos geralmente excluem esses casos isolados,
os pontos “muito” fora da curva, porque eles não representam a situação ge-
ral. Mas quando estudamos estatísticas de acidentes, voltamos a nossa atenção
apenas a esses casos isolados, o que não é uma prática estatisticamente con-
sistente. Também é impossível contar os acidentes que nunca aconteceram. Se
um instrutor de voo treinar muitas técnicas de pouso em vento cruzado com
seus alunos e, consequentemente, esses alunos aprenderem bem e se tornarem
proficientes em ventos cruzados, será que esses alunos terão menos acidentes
com ventos cruzados? Anos depois, um desses alunos pode ter que lidar com
uma aproximação de vento cruzado complicada e pousar de forma segura ou,
porque ele sabe os perigos, escolhe divergir para outro aeroporto onde o ali-
nhamento da pista não cria um vento cruzado. Nessa situação, nenhum aci-
dente ocorre. O esforço que o instrutor de voo fez para treinar acidentes com
vento cruzado não é reparado nem considerado. Assim, toda a vez que usamos
dados de acidentes para discutir um problema, precisamos nos lembrar desses
fatos. Infelizmente, no entanto, muitas vezes só temos como nos guiar pelos
dados dos acidentes. Neste livro, optei pela visão do instrutor de voo sobre os
acidentes, não a do estatístico. Para mim, os dados de acidentes são pessoais,
não apenas números frios. Quando falo sobre um acidente aéreo, faço-o com
grande respeito e sem julgar as vítimas. Um acidente que já ocorreu não pode
mais ser prevenido. Agora, podemos apenas usar o sacrifício que o piloto fez
para evitar o próximo acidente. Esse é o propósito e o valor dos dados de aci-
dentes; o propósito e o valor de compreender a zona da morte.
Em 1999, escrevi a primeira edição do que se tornou A Zona da Morte.
Avaliei acidentes da aviação geral, da privada e alunos de aviação com menos
de 1.000 horas de voo, ocorridos entre 1983 e 1999. Consegui identificar a
que ponto da experiência o piloto se encontrava quando o maior número de
acidentes fatais ocorreu. Por meio dos relatórios de acidentes do conselho
nacional de segurança nos transportes (NTSB) dos Estados Unidos, consegui
determinar quantas horas de voo o piloto tinha no dia em que faleceu em um
acidente aéreo. Pelos números brutos na Figura 1.1, ficou claro que o maior
número de acidentes ocorreu quando um piloto privado ou um aluno tinha
entre 50 e 350 horas de voo – o intervalo da zona da morte.
O saldo da primeira edição de A Zona da Morte foi um ataque à zona: pegar
cada uma das áreas em que a margem se mostrou mais estreita e tentar treinar o
próximo acidente nessas categorias. Faz mais de 10 anos desde a primeira edição
de A Zona da Morte. Se todas as tentativas de eliminar acidentes da primeira
edição de A Zona da Morte, junto com os esforços de centenas de outros ins-
trutores de voos, programas governamentais e pesquisadores tivessem obtido
sucesso, não haveria razão alguma para escrever a segunda edição de A Zona da
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Acidentes fatais
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Horas de voo do piloto
Figura 1.1 Total de acidentes fatais – pilotos privados e alunos, 1983 a 1999.
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Acidentes fatais
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Horas de voo do piloto
Figura 1.2 Total de acidentes fatais – alunos, pilotos privados, recreativos e esportistas, 2000 a
2011.
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Acidentes fatais
1983–1999
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a
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0
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Horas de voo do piloto
Alunos
Voar como aluno continua a ser relativamente seguro. Presume-se que isso
seja verdade porque os alunos estão supostamente sob o olhar atento de um
instrutor de voo. Os instrutores de voo detêm o poder de veto sobre os alunos.
Bons instrutores de voo geralmente permitem que os alunos reúnam os seus
próprios fatos sobre um voo iminente e formulem as suas próprias decisões
de ir ou não ir. Mas é o instrutor de voo que dá o aval final com um endosso
que permite um voo solo ou uma negativa que cancela o voo. Assumimos que
o aumento no número de acidentes (e a parte inferior da Figura 1.2) existe
porque, quando o aluno se torna piloto privado, o seu ex-instrutor de voo já
não tem o poder de veto, e quando esta rede de segurança é removida, alguns
pilotos fazem escolhas equivocadas, e os acidentes crescem. A supervisão do
instrutor de voo é uma garantia de segurança. Os instrutores de voo são a
primeira linha de defesa na prevenção de acidentes.
No banco de dados do NTSB, para os anos de 2000-2011, havia 311 aci-
dentes fatais citando alunos. Mas esses números enganam. Sempre que um
relatório de acidente menciona o termo aluno, ele surge na lista, mesmo
quando o aluno não estava pilotando o avião. Para ter um cenário de ver-
dade, portanto, li todos os relatórios e fiz alguns cortes seletivos. Um relató-
rio baseado nos 311 relatórios indicou que um aluno foi testemunha de um
acidente enquanto estava no solo. O programa usado selecionou-o porque
mencionava a palavra aluno e contou esse acidente nos 311. Obviamente, isso
não foi um acidente de aluno e não deve ser considerado como tal. Em ape-
nas 103 dos 311 acidentes era o aluno que realmente estava voando solo e
atuando como piloto em comando. Muitos dos acidentes fatais envolvendo
alunos aconteceram enquanto eles estavam sendo instruídos por um instru-
tor de voo. Houve 94 acidentes fatais quando o instrutor de voo e o aluno
estavam voando juntos. Entre os 94 acidentes, um ocorreu com um instrutor
“não certificado”, um com um instrutor com um certificado expirado, um em
um “voo introdutório,” um em uma demonstração de vendas e um em um
teste prático. É isso mesmo que você leu, um aluno e seu examinador morre-
ram em um acidente durante a prova de voo de piloto privado. Um acidente
fatal de um aluno se confirmou como suicídio. Treze foram colisões no ar,
envolvendo 26 aeronaves.
Dos 103 acidentes fatais em que um aluno estava agindo como o piloto
em comando, nove envolveram um passageiro ilegal. Os Regulamentos Fe-
derais de Aviação (FAR 61.89 especificamente) proíbem alunos de transpor-
tar passageiros. Isso significa que um aluno pode voar solo, com o endosso
de um instrutor de voo, ou junto com o seu instrutor. Sob qualquer outra
circunstância, o aluno seria ele mesmo um passageiro. Apesar da lei, e, pre-
sumivelmente, apesar dos desejos de seus instrutores, alguns alunos ainda
levaram passageiros, e nove vezes isso terminou em um acidente fatal de 2000
a 2011. Para voar solo em uma aeronave, a pessoa deve primeiro ser titular
de um certificado de aluno válido e ter recebido os endossos adequados de
um instrutor autorizado (FAR 61.87). Dos 103 alunos em acidentes fatais, no
entanto, 14 envolveram um piloto que não tinha o certificado de aluno ou
estava com ele expirado. Uma grande parte dos acidentes ocorreu com alunos
que não estavam seguindo a lei.
Os regulamentos em vigor exigem que uma pessoa, nos termos da Parte
61 dos Regulamentos Federais de Aviação, acumule 40 horas de tempo de
voo antes que possa fazer o exame prático de piloto privado. Essas 40 horas
de voo incluem instrução à noite, em condições simuladas de instrumentos,
voos a aeroportos com torres de controle operacionais e voos a aeroportos
em distâncias superiores a 50 milhas náuticas do aeroporto de que partiu.
Nessas 40 horas, há pelo menos 20 horas com um instrutor de voo certifi-
cado e, no mínimo, 10 horas de voo solo. Apesar de 40 horas serem o tem-
po mínimo, a maioria dos alunos necessita de mais tempo para se preparar
para as provas orais e de voo. A média nacional está mais próxima de 67
horas para a conclusão. Dos 103 acidentes fatais que envolveram um aluno
piloto, apenas 65 relatórios continham informações sobre o tempo total de
voo do piloto no dia do acidente. Portanto, esses dados estão incompletos.
Dos 65 relatórios que incluíram essa informação, houve algumas descobertas
incomuns. Vinte dos 65 tinham mais de 100 horas de voo. Um aluno piloto
tinha 600 horas de voo e dois alunos tinham mais de 1.000 horas de voo no
dia em que morreram. Mais uma vez, você leu corretamente, um aluno com
mais de 1.000 horas de voo! Não me lembro de conhecer um aluno com
mais de 1.000 horas de voo, mas me deparei com essa situação uma ou duas
vezes. Há algumas pessoas que se tornam alunos de “carreira”. É raro, mas
eles normalmente possuem seus próprios aviões, voando ilegalmente sem
certificado ou tendo um instrutor de voo que endosse o certificado a cada 90
dias para o voo solo. Esquivando-se das leis de alunos, esses pilotos nunca
precisam se preocupar em passar em um teste de conhecimentos ou em uma
prova de voo. Eles só voam. Para mim, um instrutor que faz esses repetidos
endossos e, assim, permite que o piloto contorne a lei, está fazendo ao aluno
um desserviço. Essa prática é um abuso do certificado de instrutor de voo.
No entanto, acontece. A rede de segurança contra o aluno de carreira é a ex-
piração do seu certificado. Quando o aluno tenta renovar o certificado com
um médico da FAA, o médico deve emitir apenas um atestado médico, não
outro certificado de aluno. A maneira de obter a renovação do certificado de
aluno é visitar um Escritório Distrital de Normas de Voo (FSDO) da FAA.
No FSDO, um inspetor da FAA determina se a pessoa deve receber outro
certificado de aluno ou não. Há várias boas razões para uma pessoa não pas-
sar na prova de voo antes do seu certificado de aluno expirar: mudança para
uma nova cidade, perder e logo recuperar o interesse, ficar sem dinheiro
para voar, etc., mas um aluno com mais de 1.000 horas? Isso deveria ter le-
vantado suspeita.
Depois de excluir os alunos de carreira dos dados, fiz a média dos núme-
ros restantes. Entre os alunos que foram mortos enquanto estavam voando
solo, o tempo médio de voo que o aluno tinha no dia do acidente foi de 42,5
horas. O tempo de voo mais baixo relatado foi de 8 horas.
A hipótese que tenho é que os alunos estão mais seguros que os pilotos pri-
vados com poucas horas por causa da influência do um instrutor de voo. Mas
alguns acidentes com alunos ocorreram fora da supervisão de um instrutor de
voo. Na noite de 4 de janeiro de 2002, um aluno decolou sem o endosso de seu
instrutor ou a permissão da escola de voo que era proprietária do avião (NTSB
Relatório LAX02FA059). Logo após a decolagem, o avião caiu em um terreno
montanhoso. O aluno, o único ocupante do avião, foi ferido fatalmente, e o
avião destruído. O piloto tinha 95 horas de voo, das quais 25 eram de instrução
dupla à noite, mas ele não tinha o endosso para voar solo à noite. Certamente,
se tivesse consultado o instrutor, esse acidente jamais teria ocorrido.
Pilotos privados
No banco de dados do NTSB, para os anos de 2000-2011, houve 2.119 aci-
dentes fatais relacionados a pilotos privados. Mas, como com os números
dos alunos, é necessário ler todos os relatórios para excluir os acidentes que
podem ter mencionado um piloto privado, mas não envolvem um piloto pri-
vado como o piloto em comando. Em vários casos, um piloto privado era
A boa notícia
Embora ainda existisse uma zona da morte nos anos de 2000-2011, o número
total de acidentes fatais entre os alunos e pilotos privados foi menor nesse pe-
ríodo! De 1983 a 1999, o número total de acidentes fatais de aviação geral foi
7.377, ou 433,94 por ano. De 2000 a 2010, o número total de acidentes fatais
na aviação geral foi de 3.412, ou 310,18 por ano – uma melhora de 28%. De
1983 a 1999, o número total de vítimas fatais da aviação geral foi de 13.592 ou
799,53 por ano. De 2000 a 2010, o número total de vítimas fatais da aviação
geral foi de 6.114 ou 555,82 por ano. Observe que um acidente fatal pode ter
e, na maioria das vezes, tem mais de uma pessoa no avião, então o número
total de pessoas que são mortas (fatalidades) é sempre maior que o número
de acidentes fatais que ocorre. De 1983 a 1999, a taxa média de acidentes
fatais da aviação geral (por 100.000 horas) foi de 1,64. Em outras palavras,
para cada 100.000 horas de voo em aeronaves da aviação geral, houve 1,64
acidente fatal. Esse número melhorou nos anos de 2000-2009, pois a taxa caiu
para 1,29 acidente fatal para cada 100.000 horas voadas.
Mas esses números levam em conta todos os voos da aviação geral. E o
grupo-alvo de pilotos privados e alunos inexperientes? Durante o período
1983-1999, 33,9% de todos os acidentes fatais entre pilotos privados e alu-
nos ocorreram quando o piloto tinha menos de 1.000 horas de voo. Durante
o período 2000-2010, os acidentes fatais nessa categoria caíram para 29,3%.
Depois, há a zona da morte, identificada com pilotos privados ou alunos com
entre 50 e 350 horas de voo totais. Nos 17 anos entre 1983-1999, a zona da
Voar x dirigir
Confesso que digo o seguinte aos meus passageiros quando eles estão de-
sembarcando de um voo: “agora vem a parte mais perigosa da sua viagem,
dirigir para casa.” É uma afirmação verdadeira? Você corre mais risco ao
dirigir seu carro ou durante o voo em uma aeronave da aviação geral? Para
responder a essa pergunta, devemos novamente garantir que não estamos
misturando as coisas, e isso não é fácil com veículos e aeronaves. Como foi
recém-relatado, nos anos de 2000-2009, houve 2,32 mortes em aeronaves da
aviação geral para cada 100.000 horas de voo. Mas o número de fatalidades
não é relatado em “horas de voo”, e sim em “milhas percorridas.” A fim de
comparar diretamente carros e aviões, seria necessário converter as horas de
voo para milhas voadas. Além disso, a taxa padrão aplicada para aeronaves é
acidentes por 100.000 horas de voo. O padrão utilizado para veículos é aci-
dentes por milhões de milhas percorridas. Assim, além de converter horas
para milhas, devemos também mover a casa decimal. Optar por uma taxa
de conversão de horas para milhas para aeronaves da aviação geral é pro-
blemático. As velocidades em que aeronaves da aviação geral viajam vão de
menos de 100 mph para aviões do tipo esporte leve e chegam a velocidades
próximas da velocidade do som para jatos executivos. Harry Mantakos, do
Meretix.com, fez um cálculo para um único ano e decidiu usar 150 mph, em
média. Usando o seu método de cálculo, calculei a taxa para todo o período
de 2000-2009. A taxa de 2,32 acidentes por 100.000 torna-se 23,2 aciden-
tes por um milhão de horas de voo (mudei a casa decimal), e que dividido
por 1,5 (150 mph) dá uma taxa de 15,4 mortes por 100 milhões de milhas
voadas. A Administração Nacional de Segurança do Tráfego Rodoviário
dos Estados Unidos (NHTSA) nos fornece os dados referentes aos veículos.
Durante os mesmos anos de 2000-2009, houve 1,41 morte por 1 milhão
de milhas percorridas. Está correto. É 0,154 (aeronaves da aviação geral)
versus 1,41 (veículos terrestres). Esses números indicam que uma pessoa é
9,15 vezes mais propensa a se envolver em um acidente fatal com carros do
que com aeronaves da aviação geral, por milha percorrida. Pensando nisso,
você começa a entender com o que estamos lidando aqui. Você começa a
ver a importância de todos os nossos esforços para melhorar a segurança na
aviação geral. É difícil admitir isso, mas o fato é que é mais seguro decolar
do que dirigir até o aeroporto.
Em primeiro lugar, por que os pilotos da aviação geral têm mais aciden-
tes? O fato é que eles estão expostos a um risco maior do que os pilotos de
transporte aéreo. Uma tripulação de uma companhia aérea tem menos pou-
sos e decolagens por voo do que um piloto de aviação geral. Um piloto de
transporte aéreo pode decolar uma vez, voar três horas e pousar uma vez. Por
outro lado, os pilotos da aviação geral podem voar uma hora e fazer três de-
colagens e pousos durante essa hora. Como instrutor de voo, sei que a taxa de
decolagem e pouso da minha carreira versus a taxa de horas voadas é muito
mais alta que a dos meus colegas de companhias aéreas. Decolagem e pouso
são mais perigosos que o voo direto e nivelado. Assim, os pilotos da aviação
geral que fazem mais decolagens e pousos têm grande exposição ao risco.
Pilotos da aviação geral voam de e para 19.820 aeroportos. Nem todos
esses aeroportos têm pistas compridas, amplas e bem iluminadas com auxílio
de navegação e equipamentos de emergência. Dos 19.820 aeroportos, apenas
599 foram certificados para operações de transporte aéreo com assentos para
nove passageiros ou mais. Em suma, os nossos amigos pilotos de companhias
aéreas voam apenas para aeroportos com as melhores pistas e muitos equipa-
mentos de segurança.
A aviação geral inclui aplicações aéreas (pulverização agrícola), patrulha
aérea, busca e salvamento, ambulância aérea e muitas outras operações que
possam envolver o trabalho de baixa altitude como parte da rotina. Esses pi-
lotos da aviação geral estão certamente expostos a um risco maior que um
capitão de companhia aérea e sua tripulação em FL240. A taxa de acidentes
da aviação geral é maior, em parte, porque cada uma de nossas unidades de
100.000 horas contém mais trabalho perigoso a ser feito.
Mas não podemos colocar toda a culpa da taxa mais elevada de acidentes
sobre os tipos de operações realizadas. Não, o que mais contribui para a taxa
de acidentes na aviação geral é a inexperiência. Mas é errado pensar nos pi-
lotos da aviação geral como um grupo com pouca ou nenhuma experiência.
Lembre-se, a aviação geral é tudo, tirando as forças armadas ou um transpor-
te aéreo regular. É uma gama ampla de operações, e significa que pilotos de
jatos comerciais multimilionários transoceânicos são pilotos da aviação geral.
Pilotos de ambulância aérea que salvam vidas, arriscando a sua própria, são
pilotos altamente qualificados da aviação geral. As agências governamentais e
policiais empregam pilotos da aviação geral. Pilotos corporativos são pilotos
da aviação geral. Até mesmo o seu instrutor de voo do aeroporto local, que
ganha a vida transmitindo o dom do voo, é um piloto da aviação geral. Essas
pessoas são profissionais. Não é justo rotular pilotos da aviação geral como
se estivessem “passeando” e dando rasantes com seus “aviõezinhos” no fim
de semana. Muitos pilotos da aviação geral são titulares na classificação de
empresas aéreas, mesmo que nunca venham a voar para elas.
Se analisarmos a inexperiência como um fator de causa de acidentes,
não estamos analisando toda a aviação geral, mas um subconjunto menor.