Direito Constitucional
Direito Constitucional
Direito Constitucional
Direito
Constitucional
Administrativo
Apresentação
Olá, caro (a) estudante!
O conteúdo dela foi criado com todo o rigor necessário para sua utilização como
material de apoio ao estudo para todas as pessoas que almejam prestar concursos e/ou
realizar o exame da ordem. Os conteúdos citam fontes confiáveis, atualizadas e completas
sobre os mais variados temas em Direito e foram elaborados por profissionais com experiência
em ensino e prática jurídica.
Assim, esse ramo do Direito funciona como um garantidor dos direitos fundamentais
em detrimento do poder absoluto do Estado. Ainda, é um instrumento que permite que haja a
harmonia entre os Poderes, evitando abusos praticados pelo Executivo, pelo Legislativo e pelo
Judiciário, de modo a garantir o bom funcionamento da democracia e da federação.
A presente apostila estudará a divisão interna da Magna Carta, seu preâmbulo, seu
corpo, bem como os Atos de Disposições Constitucionais Transitórios (ADCT). Haverá um
aprofundamento de todos os temas relacionados ao Direito Constitucional, desde o seu
advento até a regulação das relações contemporâneas, estudando a forma de recepção e de
revogação de normas no ordenamento jurídico.
Atenciosamente,
2. Preâmbulo da Constituição............................................................................................. 24
9. Direitos Políticos.............................................................................................................. 62
1.1 Constitucionalismo
Neoconstitucinalismo
Marco Histórico Marco Filosófico Marco Teórico
Pós Jurisdição
2ª Guerra Positivismo
Mundial Constitucional
Força normativa
da Constituição
Nova
interpretação
constitucional
1.2 Concepções da Constituição
Já o sentido político foi proposto por Carl Schmitt, que considerava a Constituição como
sendo a retratação da decisão política fundamental do povo, que, através da sua vontade
e do seu poder de decisão, contribuiria para a efetivação da Magna Carta. A referida teoria
também é conhecida como voluntarista, já que a vontade do povo seria fundamental na
construção do ordenamento jurídico. Ainda, Schmitt considerava que a Constituição era
diferente da chamada Lei Constitucional. A primeira retrataria as decisões materialmente
mais importantes para a sociedade, de modo a ser realmente efetiva. A segunda, por sua vez,
somente retrataria as decisões menos importantes, sendo apenas formalmente
constitucional.
Por fim, o sentido jurídico foi proposto pelo teórico Hans Kelsen, que considerava que a
Constituição deveria ser pura, ou seja, sem nenhuma influência social, política ou filosófica.
De acordo com sua teoria, haveria a chamada norma hipotética fundamental, que validaria
todas as normas do ordenamento jurídico. Assim, haveria uma espécie de “pirâmide”
normativa, em que a validade de uma norma ocorreria com base na norma imediatamente
superior, sendo que no topo da pirâmide estaria essa norma hipotética fundamental e abaixo
estariam as demais espécies normativas, que seguiriam uma ordem: normas primárias, que
retiram seu fundamento de validade diretamente da Constituição (leis, medidas
provisórias, decretos autônomos e legislativos) e, posteriormente, normas secundárias
(decretos regulamentares, portarias, etc.).
Lógico: Norma
Voluntarista
Hipotética
Fundamental
1.3 Classificações da Constituição
5. Quanto ao conteúdo, pode ser formal, que somente considera como sendo
constitucional a norma que esteja presente formalmente dentro do texto da
Constituição; material, que considera constitucional a norma que tenha o
conteúdo materialmente constitucional, não importando que esteja fora da
Constituição. A Constituição Federal Brasileira de 1988 é considerada formal.
8. Quanto à estabilidade, pode ser imutável, que é aquela que não pode sofrer
nenhum tipo de alteração; rígida, que é aquela que pode sofrer alteração, desde
que seja através de um procedimento mais complexo do que aquele que altera as
leis ordinárias e desde que sejam respeitas as cláusulas pétreas, que são temas
que não podem ser alterados por nenhuma emenda constitucional (art. 60 § 4 º
CR/88); semirrígida, quando parte dela pode ser alterada pelo procedimento
simples de alteração de leis ordinárias e a outra parte somente pode ser alterada
pelo processo mais complexo de emendas constitucionais (art. 60 § 2 º CR/88);
flexível, a Constituição pode ser alterada da mesma maneira que uma lei
ordinária. No Brasil, adota-se a classificação rígida.
10. Quanto à ideologia, a Constituição pode ser considerada ortodoxa, que abriga
somente uma ideologia; heterodoxa ou eclética, que abriga mais de uma
ideologia. A atual Constituição brasileira é classificada como heterodoxa. A
constituição de 1988 é eclética.
1. Unidade: Considera a Constituição como sendo una, de modo que não haverá
contradição entre seus artigos;
2. Efeito Integrador: a interpretação deve buscar a unidade política e a promoção
da integração social. Dica: quando aparecer o termo “unidade política”, considerar
sua relação com o princípio do efeito integrador e não com o princípio da unidade;
3. Máxima Efetividade ou Eficácia: a interpretação da constituição deve ser efetiva
e buscar a opção que dê maior concretude aos direitos fundamentais, que são
responsáveis pela garantia de uma vida digna aos indivíduos;
4. Força Normativa da Constituição: a interpretação constitucional deve levar em
consideração a realidade social e os fatores históricos a fim de dar maior eficácia
e aplicabilidade a norma constitucional.
5. Proporcionalidade: interpreta a Constituição da maneira mais proporcional
possível. Se divide em adequação (relacionando-se com a escolha dos meios
mais eficazes), necessidade (relacionando-se com a escolha menos gravosa) e
proporcionalidade em sentido estrito (que analisa o melhor custo benefício);
6. Justeza ou Conformidade (exatidão ou correção) funcional: visa impedir uma
interpretação que subverta o esquema de funções constitucionalmente
estabelecidas pelo poder constituinte originário;
7. Concordância Prática ou Harmonização: relaciona-se com um conflito
aparente de normas, que deverá ser harmonizado em cada situação. Não há
sacrifício total de nenhum direito, havendo somente uma redução de aplicação
no caso concreto, sem que isso signifique supressão da norma constitucional;
8. Interpretação Conforme a Constituição: se aplica no caso de normas
plurissignificativas, ou seja, que têm mais de um sentido. Nesse caso, o
interprete deverá priorizar o sentido que torna a aplicação da Constituição o mais
eficaz possível, afastando interpretações que violem o ordenamento jurídico.
Mapa mental
1.6 A nova Constituição e a ordem jurídica anterior
Quando surge uma nova Constituição, é necessário que o aplicador do direito observe as
normas que existiam até então para saber se elas continuarão a vigorar. A situação irá variar
de acordo com a natureza dessas normas que existiam antes do advento da nova constituição,
ou seja, se elas eram constitucionais ou infraconstitucionais.
Ainda, importante destacar que essa análise de compatibilidade com a nova Constituição
é feita de acordo com o conteúdo material das normas, não importando o seu conteúdo formal.
Desse modo, a norma infraconstitucional anterior à nova Constituição poderá ser
recepcionada se for materialmente compatível com esta, ainda que esteja formalmente
equivocada. Por fim, não há que se falar no fenômeno de recepção durante o período de
vacatio legis, uma vez que, neste caso, a norma ainda não está em vigor.
Mapa mental
Uma das classificações mais reconhecidas no ordenamento jurídico é a que diz que as
normas constitucionais terão eficácia plena, contida ou limitada.
Mapa Mental
• Mandamento de
Regra definição
• Mandamento de
Princípio otimização
Referências bibliográficas
Irrelevância
Jurídica
Relevância Jurídica
Plena Eficácia
Indireta
LENZA, Pedro. Direito Constitucional Esquematizado. 23ª edição. São Paulo. Saraiva
Educação, 2019.
3. Princípios Fundamentais da República
3.1 Conceito
1. SOberania;
2. CIdadania;
3. DIgnidade da pessoa humana;
4. VAlores Sociais do Trabalho e da Livre Iniciativa;
5. PLUralismo político;
3.3 Objetivos
Mapa Mental
Princípios Fundamentais da
Objetivos (Art. 3º)
República
LENZA, Pedro. Direito Constitucional Esquematizado. 23ª edição. São Paulo. Saraiva
Educação, 2019.
MENDES FERREIRA, Gilmar. Curso de Direito Constitucional. 14 ª edição. São Pulo.
Saraiva Educação, 2019.
RAMOS TAVARES, André. Curso de Direito Constitucional. 19ª edição. São Paulo.
Saraiva Educação, 2019.
4. Teoria dos Direitos Fundamentais
A Jurisprudência e a Doutrina afirmam que uma das principais diferenças entre os direitos
humanos e os direitos fundamentais é o plano de positivação da norma. Enquanto os
primeiros estão concentrados em documentos internacionais, os segundos estão
positivados internamente no ordenamento jurídico de cada país. Ambos visam garantir, em
última instância, a dignidade da pessoa humana.
Paulo Bonavides, citado por Pedro Lenza, considera que os direitos de quarta dimensão
se referem à globalização dos direitos fundamentais, o que significa universalizá-los no
campo institucional (BONAVIDES apud LENZA, 2019). Cita-se a democracia, a informação
e o pluralismo.
Por fim, no que se refere ao direito à paz, há forte controvérsia doutrinária. Enquanto
Karel Vasak entende ser direito da terceira dimensão, Paulo Bonavides, em razão da sua
importância, o classifica como sendo um direito autônomo de quinta dimensão.
Mapa Mental
1ª 2ª 3ª 4ª 5ª
Liberdade Igualdade Globalização
Fraternidade
Abstenção Atuação
Democracia Paz
Estatal Estatal
Direitos Meio
Direitos
Sociais, Ambiente
Civis e Pluralismo
Culturais e
Políticos
Econômicos
4.2 A Eficácia dos Direitos Fundamentais e a Teoria dos quatro Status de
Jellineck
No que se refere à eficácia dos direitos fundamentais, André Ramos Tavares explica
haver duas principais espécies (RAMOS TAVARES, 2019), quais sejam:
Pedro Lenza apresenta a Teoria dos quatro status de Jellineck como sendo uma das
explicações do papel desempenhado pelos direitos fundamentais nos ordenamentos
jurídicos. (LENZA, 2019).
1. Ativa ou Cidadania Ativa: nesse caso, o indivíduo passa a ter mais autonomia,
uma vez que possui direitos políticos e sua vontade é considerada quando da
atuação do Poder Público.
2. Negativa ou Libertatis: nesse caso, o Estado tem seu poder limitado, de modo
que é demandado sua abstenção, gerando, portanto, uma certa liberdade para
o indivíduo. Assim, percebe-se que a nomenclatura “negativa” se relaciona com
a ausência de atuação estatal, e a palavra “libertatis” se relaciona com a maior
liberdade de atuação que o indivíduo passa a ter.
Mapa Mental
Estado Particular
Positivo ou Civitatis Ativo ou Cidadania Ativa
LENZA, Pedro. Direito Constitucional Esquematizado. 23ª edição. São Paulo. Saraiva
Educação, 2019.
MENDES FERREIRA, Gilmar. Curso de Direito Constitucional. 14 ª edição. São Pulo.
Saraiva Educação, 2019.
RAMOS TAVARES, André. Curso de Direito Constitucional. 19ª edição. São Paulo.
Saraiva Educação, 2019.
5. Direitos Individuais
Os Direitos Individuais são limitações impostas pela soberania popular que visam
restringir o poder do Estado para que possa ser garantida a vida digna dos indivíduos. Além
de serem fundamentos da Constituição (art. 1º, CR/88), eles têm aplicabilidade imediata
e são aplicáveis a todos os homens e mulheres, sejam nacionais ou estrangeiros, sendo
considerados inalienáveis, imprescritíveis e irrenunciáveis.
Inicialmente, é importante destacar o caput do artigo 5º da CR/88 que diz que todos serão
iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza. Além disso, garante-se aos
brasileiros e aos estrangeiros a inviolabilidade do direito à liberdade, à igualdade, à vida,
à propriedade e à segurança.
É importante que o(a) aluno(a) faça uma leitura atenta de todos os incisos do artigo 5º da
CR/88 e tente entendê-los, pois estes não serão citados em sua integralidade, já que seria
contra produtivo somente citar algo que já está disposto na Constituição Federal. Assim,
optou-se por destacar as características de alguns dos direitos que são mais recorrentes nas
provas e nos concursos públicos.
A liberdade de expressão (art. 5 º, IX, CR/88) garante que a pessoa pode se manifestar
livremente sobre quaisquer aspectos, sejam eles intelectuais, artísticos, científicos ou de
comunicação, independentemente de licença ou de censura prévia. Entretanto, caso a
manifestação de um indivíduo viole o direito de outro, a este é garantido o direito de resposta
proporcional ao agravo (art. 5 º, V, CR/88), sendo vedado o anonimato (art. 5 º, IV, CR/88).
Sobre o direito penal e processual penal, é assegurada a instituição do júri (art. 5º,
XXXVIII, CR/88), sendo que a lei não excluirá da apreciação do judiciário qualquer lesão
ou ameaça a direito, além de garantir que não haverá tribunal de exceção (art. 5 º,XXXV
e XXXVII, CR/88). Ainda, não haverá crime sem anterior lei que o comine nem pena sem
prévia cominação legal (princípio da legalidade), sendo que a lei penal, excepcionalmente,
poderá retroagir, desde que seja para beneficiar o réu (art. 5 º, XXXIX e XL, CR/88).
Importante destacar que veda-se a existência das seguintes penas: morte, salvo nos
casos de guerra declarada; perpétuas; trabalho forçado; banimento; ou cruéis (art. 5 º,XLVII,
CR/88). Ainda sobre as penas, é garantido que esta será cumprida em estabelecimentos
distintos, de acordo com a natureza do delito, a idade e o sexo do apenado, sendo
garantido aos presos o respeito à integridade física e moral (art. 5 º,XLVIII e XLIX, CR/88),
sendo inadmissíveis as provas obtidas por meios ilícitos (art. 5º, LVI, CR/88).
Mapa Mental
Hediondo
Racismo e
Tráfico
Grupos
Terrorismo
Armados
Tortura
Inafiançável Inafiançável
Insuscetível
Imprescritível de graça e
anistia
Sobre a prisão civil, cumpre destacar que esta é inconstitucional, salvo no caso de
devedor de pensão alimentícia. Apesar do art. 5 º, LXVII, CR/88 dizer que poderá haver
prisão civil no caso de depositário infiel, o STF entendeu que esta última hipótese é
incabível, em razão da disposição do Pacto de San José da Costa Rica, ratificado pelo
Brasil, que impede a prisão civil do depositário infiel. Desse modo, a única hipótese cabível
atualmente é a do devedor de pensão alimentícia.
Sobre a extradição, o art. 5 º, LI, assevera que esta não pode ocorrer para o brasileiro
nato, cabendo, excepcionalmente ao naturalizado, desde que este tenha praticado algum
crime comum antes da naturalização ou comprove sua atuação no tráfico de drogas,
podendo seu envolvimento, neste caso, ocorrer antes, durante ou após o processo de
naturalização. O artigo art. 5 º da CR/88 garante os chamados remédios constitucionais,
quais sejam: habeas corpus, mandado de segurança individual e coletivo, mandado de
injunção, habeas data e ação popular (art. 5 º, LXVIII, LXIX, LXX, LXXI e LXXII, CR/88).
Referidas ações serão estudadas no tópico “Direitos Individuais – Remédios
Constitucionais”.
Por fim, o Estado terá o dever de indenizar o condenado nos casos de erro judiciário
ou de haver aprisionamento além do tempo fixado na sentença (art. 5 º, LXXV, CR/88).
Referências bibliográficas
LENZA, Pedro. Direito Constitucional Esquematizado. 23ª edição. São Paulo. Saraiva
Educação, 2019.
MENDES FERREIRA, Gilmar. Curso de Direito Constitucional. 14 ª edição. São Pulo.
Saraiva Educação, 2019.
RAMOS TAVARES, André. Curso de Direito Constitucional. 19ª edição. São Paulo.
Saraiva Educação, 2019
6. Direitos Individuais – Remédios Constitucionais e Garantias
Processuais
Os chamados remédios constitucionais, conforme preceitua André Ramos Tavares,
são instrumentos que visam garantir os direitos fundamentais (RAMOS TAVARES, 2019,
n.p.). Todos têm previsão constitucional e alguns também têm proteção legal específica. São
eles: habeas corpus; mandado de segurança individual e coletivo; habeas data; mandado de
injunção individual e coletivo; e ação popular.
Desse modo, caso alguém seja ameaçado de sofrer algum tipo de restrição à sua liberdade
de locomoção, será viável a impetração de um habeas corpus preventivo. Do mesmo modo,
caso já esteja sofrendo uma violência ao seu direito de ir e vir, será cabível o habeas corpus
repressivo. Todavia, cumpre destacar que não caberá ao mencionado remédio
constitucional no caso de pessoas jurídicas, uma vez que essas entidades não possuem o
chamado direito de locomoção, que é restrito às pessoas naturais.
Por fim, cumpre destacar que o STF entende que, em regra, não haverá intimação
pessoal da Defensoria Pública quanto à data de julgamento de habeas corpus, salvo se
houver pedido expresso para a realização de sustentação oral.
É necessário que o impetrante tenha prova pré-constituída, de modo que torne o fato
incontroverso e não haja dilação probatória. Mas vale ressaltar que, nos termos da Súmula
625 do STF, a controvérsia sobre matéria de direito não impede concessão de mandado de
segurança.
O prazo para impetração do mandado de segurança é decadencial de 120 dias (art. 23,
da Lei 12.016/20009), a contar do conhecimento da prática do ato ilegal ou abusivo pelo
interessado, salvo na hipótese de ser preventivo, oportunidade em que o indivíduo se encontra
ameaçado de sofrer lesão ao seu direito, não havendo que se falar em início de prazo
decadencial, já que a lesão ainda não ocorreu. Ainda, o pedido de reconsideração feito na
via administrativa não interrompe o prazo para a impetração do mencionado remédio
constitucional.
Cumpre destacar que não será cabível a impetração de mandado de segurança caso:
a) o Fato seja controvertido, embora caiba mandado de segurança caso o direito seja
controvertido; b) seja cabível recurso contra ato judicial em questão; c) seja contra atos de
gestão comercial, embora seja cabível contra atos de gestão pública, ainda que sejam
praticados por empresas públicas ou sociedades de economia mista; d) tenha havido trânsito
em julgado, já que, nesse caso, seria cabível ação rescisória, salvo no caso de decisões
judiciais teratológicas; e) seja contra lei em tese.
Importante salientar que o referido remédio pode ser impetrado por estrangeiro, não se
restringindo aos nacionais. Ainda, existe a especificidade de ser uma ação personalíssima,
de modo que irá se extinguir caso o autor venha a falecer, não podendo os herdeiros sucede-
lá nestes casos.
Caso seja praticado um ato ilegal ou abusivo por um diretor de uma Universidade
Privada, é importante que se faça uma diferenciação. Em regra, a competência para julgar
essa ação será da justiça estadual, salvo se for impetrado um mandado de segurança,
pois, nesse caso específico, será cabível o ajuizamento na justiça federal.
Cumpre destacar que, no caso de haver recurso contra a decisão proferida em sede de
mandado de segurança, caso não haja a publicação da sentença no prazo de 30 dias, o
acordão será substituído por notas taquigrafas independentemente de revisão. É o que
dispõe o artigo 17 da Lei nº. 12.016/09 (Lei do MS).
Não é qualquer ato que está sujeito à impetração do mandado de segurança, de modo
que se faz necessário dividir os atos em administrativos, judiciários e legislativos.
2. Ato judicial: em regra, não é cabível mandado de segurança contra ato judicial,
salvo nos casos de decisões teratológicas, inclusive após o trânsito em julgado
e na hipótese de a decisão não possuir recurso previsto em lei;
Conforme preceitua o artigo 5 º LXXII, o habeas data será concedido para assegurar
“o conhecimento de informações relativas à pessoa do impetrante, constante de registros ou
banco de dados de entidades governamentais ou de caráter público”, bem como para a
“retificação de dados, quando se se prefira fazê-lo por processo sigiloso, judicial ou
administrativo” Desse modo, pode-se extrair algumas conclusões referentes ao habeas data,
quais sejam:
O mandado de injunção está previsto no artigo 5º, LXXI, CR/88 e na Lei 13.300/16, sendo
usado para sanar omissão total ou parcial de norma regulamentadora, podendo ser
individual ou coletivo. É cabível caso essa ausência legislativa torne inviável o exercício dos
direitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes à nacionalidade, à
soberania e à cidadania, conforme preceitua o artigo 1 º da Lei 13.300/16 (Lei do MI).
Importante frisar que a mencionada lei conceitua os atos nulos, sendo todos os demais
considerados anuláveis. Os principais vícios de nulidade estão previstos no artigo 2 º da lei
da ação popular, sendo que os demais estão no artigo 4 º e remetem a situações mais graves.
Cita-se os principais vícios que a lei considera como passíveis de nulidade:
• Incompetência: quando o ato não se incluir nas atribuições
legais do agente que o praticou;
• Forma: omissão ou não observância de formalidades
indispensáveis à existência do ato;
• Objeto: o resultado caracterizar violação de lei, regulamento
ou outro ato normativo;
• Motivo: matéria de fato ou de direito em que se fundamenta
o ato é materialmente inexistente ou juridicamente inadequada;
• Finalidade: o agente pratica o ato visando a fim diverso
daquele previsto explicita ou implicitamente na regra de
competência;
Referida ação somente poderá ser proposta por um cidadão, que é aquele indivíduo
que possui o título de eleitor. Se alguém entre 16 e 18 anos optar por fazer o referido título,
terá legitimidade para propor a ação popular.
Na ação popular existe o chamado reexame necessário invertido, que ocorre quando
a sentença concluir pela carência ou pela improcedência da ação (art. 19 da LAP). Assim,
haverá o duplo grau de jurisdição e a ação será julgada novamente pela instância superior.
Sobre os efeitos da decisão proferida em sede de ação popular, a lei estabelece que aqueles
serão (art. 18da LAP) erga omnes, ou seja, oponíveis a todos. A exceção apontada é no caso
de haver improcedência por falta de provas, pois, nesse caso, qualquer cidadão poderá
intentar outra ação com idêntico fundamento, bastando que apresente outra prova.
Mapa Mental
Remédios Constitucionais
HC MS MI HD
Individual Individual
Coletivo Coletivo
Referências bibliográficas
LENZA, Pedro. Direito Constitucional Esquematizado. 23ª edição. São Paulo. Saraiva Educação,
2019.
MENDES FERREIRA, Gilmar. Curso de Direito Constitucional. 14 ª edição. São Pulo. Saraiva
Educação, 2019.
RAMOS TAVARES, André. Curso de Direito Constitucional. 19ª edição. São Paulo. Saraiva
Educação, 2019
7. Direitos Sociais
7.1 Conceito
Os chamados direitos sociais, conforme preceitua André Ramos Tavares, por serem
considerados de segunda dimensão, exigem que o Poder Público tenha uma atuação
positiva para garantir o implemento da igualdade material dos indivíduos. São, portanto,
espécies de direitos prestacionais, uma vez que exigem que o Estado realize medidas para
efetivá-los, não bastando uma conduta de mera abstenção (RAMOS TAVARES, 2019, n.p.).
Estão concentrados em sua maioria nos artigos 6º, 7º e 8º da CR/88.
Os direitos sociais são interpretados à luz de três princípios: “vedação ao retrocesso”;
“mínimo existencial” e “reserva do possível”. A chamada vedação ao retrocesso, ou efeito
cliquet, garante que os direitos sociais não sejam restringidos, somente podendo ser
ampliados. Assim, uma vez alcançado certo patamar de direitos sociais, estes não poderão
ser restringidos, podendo ser, somente, estendidos. O mínimo existencial diz respeito à
proteção mínima dos direitos sociais que assegurem uma existência digna ao indivíduo. Já
a reserva do possível aponta que a concretização dos direitos sociais precisa ser realizada
dentro das limitações orçamentárias do Estado.
Uma dica para tentar decorar os direitos previstos no artigo 6º é pensar na mnemônica que
diz:
1. EDU: Educação;
2. MORA: Moradia;
3. ALI: Alimentação;
4. SAU: Saúde;
5. TRABALHA: Trabalho;
6. LA: Lazer;
7. ASSIS: Assistência aos desamparados;
8. PROSSEG: PROteção à maternidade e à infância e SSEG: SEGurança;
9. TRANSPORTANDO: Transporte;
10. PREV: Previdência Social;
Dentre os direitos consagrados do artigo 7º, pode-se destacar aqueles que vieram por
emenda constitucional, ou seja, não vieram no texto original da Constituição Federal. São
eles: salário-família pago em razão do dependente do trabalhador de baixa renda nos termos
da lei; assistência gratuita aos filhos e dependentes desde o nascimento até 5 (cinco) anos
de idade em creches e pré-escolas; ação, quanto aos créditos resultantes das relações de
trabalho, com prazo prescricional de cinco anos para os trabalhadores urbanos e rurais, até
o limite de dois anos após a extinção do contrato de trabalho.
Ainda no que se refere à extensão dos direitos às domésticas, cumpre destacar que
caso sejam atendidas as condições estabelecidas em lei e caso seja observada a
simplificação do cumprimento das obrigações tributárias, a elas também serão
estendidos os seguintes direitos:
Por fim, o art. 9º da CR/88 dispõe sobre o direito de greve, assegurando que este será
garantido pelo Poder Público e competirá aos trabalhadores decidir sobre a oportunidade
de exercê-lo e sobre os interesses que devam por meio dele defender. O STF já pacificou
o entendimento de que poderá haver desconto no salário dos trabalhadores durante o
período de greve, mas este poderá ser cobrado de forma parcelada.
Mapa Mental
Contribuição
Confederativa Sindical
Facultativa Facultativa
Imposta pela
assembleia geral Imposta pela lei
Previsão Constitucional
Cobrança Anual
Referências bibliográficas
LENZA, Pedro. Direito Constitucional Esquematizado. 23ª edição. São Paulo. Saraiva Educação,
2019.
MENDES FERREIRA, Gilmar. Curso de Direito Constitucional. 14 ª edição. São Pulo. Saraiva
Educação, 2019.
RAMOS TAVARES, André. Curso de Direito Constitucional. 19ª edição. São Paulo. Saraiva
Educação, 2019.
8. Direito de Nacionalidade
A nacionalidade tem status de direito fundamental com previsão expressa na Declaração
Universal dos Direitos Humanos (1948). No ordenamento jurídico brasileiro, o capítulo III do
Título II da Constituição da República de 1988 dispõe sobre a nacionalidade.
O tema é constantemente cobrado nas provas da OAB. É importante decorar: as
hipóteses de cargos privativos de brasileiro nato (art. 12, §3º, CR); os critérios de definição da
nacionalidade (ius solis e ius sanguinis); os requisitos constitucionais para adquirir a
nacionalidade brasileira (brasileiro naturalizado – art. 12, II, CR); e as hipóteses de perda da
nacionalidade brasileira (art. 12, §4º, CR).
8.1 Conceito
Além disso, o artigo 12, § 3º, da CR/88, aponta cargos que são privativos de brasileiros
natos, sendo eles:
a) Presidente e Vice-presidente da República;
b) Presidente da Câmara dos Deputados;
c) Presidente do Senado Federal;
d) Ministro do Supremo Tribunal Federal – atenção porque, neste caso, não há
restrição ao presidente
e) Integrante de carreira diplomática;
f) Oficial das Forças Armadas;
g) Ministro de Estado da Defesa.
Consideram-se brasileiros:
8.2.1. Natos
a) Nascidos no Brasil, ainda que de pais estrangeiros, desde que estes não
estejam a serviço do seu país. É o que a doutrina chama de jus solis, que
considera como brasileiro nato aquele que tenha nascido no “solo” brasileiro,
ainda que seja filho de pais estrangeiros. A única exceção ocorre quando algum
dos pais esteja a serviço público do seu país, não incluindo se trabalharem em
empresa privada (art. 12, I, a, CR/88);
b) Nascidos no estrangeiro e quando um dos pais esteja a serviço da República
Federativa do Brasil, não incluindo a hipótese de estarem a serviço de alguma
empresa privada brasileira (art. 12, I, b, CR/88);
c) Nascidos no estrangeiro, quando um dos pais seja brasileiro, desde que sejam
registrados em repartição brasileira competente. Aqui, utiliza-se o que a doutrina
chama se jus sanguinis, que considera como brasileiro nato aquele que tenha o
“sangue”, seja materno ou paterno, de outro brasileiro, ainda que o nascimento
tenha ocorrido no exterior (art. 12, I, c, primeira parte, CR/88);
8.2.2. Naturalizados
Português
Idoneidade moral
Reciprocidade
Países de língua
portuguesa
Restrito àqueles que
vieram de Portugal
Ainda, é importante destacar um importante julgado proferido pelo STF (STF. 1ª Turma.
Ext. 1.462/DF), que diz que o brasileiro titular de green card que optar por adquirir a
nacionalidade norte-americana irá perder a nacionalidade brasileira e, portanto, poderá ser
extraditado pelo Brasil. Aqui não se aplica a disposição referente à dupla nacionalidade.
Mapa Mental
Brasileiro
Nato Naturalizado
Cargos
Privativos
Ministro
Presidente Presidente Presidente Ministro Carreira Oficial da
e Vice da Câmara do senado do STF Diplomática das defesa
forças
armadas
Referências bibliográficas
FERREIRA, Olavo Augusto Vianna Alves. Controle de Constitucionalidade e seus efeitos.
Salvador. Editora Juspodvim, 2018.
LENZA, Pedro. Direito Constitucional Esquematizado. 23ª edição. São Paulo. Saraiva Educação,
2019
MENDES FERREIRA, Gilmar. Curso de Direito Constitucional. 14 ª edição. São Pulo. Saraiva
Educação, 2019.
RAMOS TAVARES, André. Curso de Direito Constitucional. 19ª edição. São Paulo. Saraiva
Educação, 2019.
9. Direitos Políticos
Sabe-se que todo poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos
ou diretamente nos termos do art. 1º, parágrafo único, da Constituição da República de 1988.
Assim, os indivíduos têm direito de participação na formação da vontade política do Estado
e está prerrogativa é assegurada através dos direitos políticos. O tema tem sido cobrado
reiteradamente pela FGV/OAB. Para a prova é importante a memorização: a) dos limites de
idade de cada cargo eletivo (art. 14, §3º, VI); b) das hipóteses de inelegibilidade previstas na
Constituição (art. 14, §4º ao §8º); e c) das condições de elegibilidade (art. 14, §3º).
9.1 Conceito
Pedro Lenza conceitua direitos políticos como sendo instrumentos por meio dos quais
é garantida a efetivação da soberania popular (LENZA, 2019, n.p.). Desse modo, há a
atribuição de poderes aos cidadãos para que estes possam interferir na condução da coisa
pública, seja de maneira direta ou indireta. Ainda, André Ramos Tavares aponta que os
direitos políticos podem ser ativos, se referente à capacidade de votar, e passivos, se dizem
respeito ao estudo da elegibilidade, que é o direito de ser votado (RAMOS TAVARES, 2019).
62
eleitores os estrangeiros e os conscritos, sendo que, neste caso, a vedação se limita ao
período em que o indivíduo prestar o serviço miliar obrigatório.
A elegibilidade, por sua vez, está relacionada com o direito político passivo, ou seja,
com a capacidade de ser votado. O artigo 14, §3 º, da Constituição Federal estabelece as
condições de elegibilidade, sendo elas:
a) Nacionalidade brasileira;
b) Pleno exercício dos direitos políticos;
c) Alistamento eleitoral;
d) Domicílio eleitoral na circunscrição;
e) Filiação partidária.
Além desses requisitos, para que o indivíduo seja eleito, é necessário que ele respeite
os limites de idade estabelecidos pela Constituição. Em regra, verifica-se a idade do
interessado no ato da posse, exceto no caso do vereador, oportunidade em que a idade
será verificada quando do registro da candidatura. Nesse sentido, o artigo 14, §3 º, IV, da
CR/88, estabelece que a idade será de:
63
Mapa Mental
Idade
Data da Data de
Senador
posse Prefeito e registro da
Vice candidatura
Data da
Posse Data da
Posse
64
Percebe-se, portanto, que neste último caso a inelegibilidade se restringe ao território
de jurisdição do titular. Desse modo, o cônjuge do governador de Minas Gerais somente
ficará impedido de concorrer às eleições no mencionado Estado, podendo concorrer, por
exemplo, às eleições em São Paulo ou em Goiás. Somente no caso de cônjuge do presidente
da república é que a inelegibilidade será aplicável a todo o país, já que aquele exerce
jurisdição em todos os Estados. Outra observação a ser feita é a de que a inelegibilidade de
quem haja substituído o Chefe do Executivo não será aplicável caso aquele já seja titular de
algum mandato eletivo e esteja concorrendo à reeleição.
Ainda sobre os Chefes do Executivo, ou seja, Presidente da República, Governador e
Prefeito, é importante destacar alguns entendimentos consolidados dos Tribunais
Superiores sobre o assunto. Inicialmente, destaca-se que a inelegibilidade continuará
ainda que haja divórcio durante o mandado eletivo do Chefe do Executivo, sendo que ela
somente se encerra com o óbito de alguma das partes. Ainda, a vedação ao exercício de
três mandatos consecutivos pelo mesmo núcleo familiar aplica-se também na hipótese
em que um dos mandatos tenha sido para suceder o eleito que foi cassado.
Cumpre salientar que os analfabetos possuem uma peculiaridade. Apesar de seu voto
e de seu alistamento serem facultativos, ele será inelegível. Assim, pode-se dizer que os
analfabetos podem votar (embora não sejam obrigados), mas não podem ser votados.
A Constituição Federal veda o que é conhecido como terceiro mandato, de modo que os
Chefes do Poder Executivo somente poderão ser reeleitos para um único período
subsequente. Assim, não poderão exercer mais do que dois mandatos seguidos (art. 14, §
5º, CR/88). A referida regra também é aplicável àqueles os tiverem substituído nos seis
meses anteriores ao pleito.
Além disso, a Carta Magna também prevê que, caso o Presidente, o Governador ou o
Prefeito queiram concorrer a outros cargos, deverão renunciar aos respectivos mandatos
até seis meses antes das eleições. Entretanto, referida norma não se aplica caso eles
estejam concorrendo à reeleição.
Ainda sobre a elegibilidade, cumpre destacar que o militar será elegível desde que
cumpra com os requisitos dispostos no § 8º do artigo 14 da Constituição Federal. Caso tenha
menos de dez anos de serviço, deverá ser afastado da atividade. Todavia, caso tenha mais
de dez anos, será agregado pela autoridade superior e, se eleito, passará para a inatividade
no ato da diplomação.
65
Mapa Mental
Alistamento Eleitoral e
Voto
Maiores de 16 e
Maiores de 18 anos Estrangeiros
menores de 18 anos
Analfabetos
O mandato eletivo poderá ser impugnado perante a Justiça Eleitoral, mas, para tanto,
deverão ser observados os requisitos constitucionais (art. 14, § 10 e § 11 da CR/88).
Primeiramente, deve-se observar o prazo de quinze dias contado da diplomação, sendo que
os motivos que autorizam essa impugnação se restringem ao abuso de poder econômico,
corrupção ou fraude. Ainda, a referida ação irá tramitar em segredo de justiça, de modo que
é garantido o sigilo durante o seu curso.
A Constituição Federal garante que os direitos políticos não poderão ser cassados.
Entretanto, poderá haver sua perda ou suspensão nos casos de:
66
2. Incapacidade civil absoluta;
3. Condenação criminal transitada em julgado, enquanto durarem seus efeitos;
4. Recusa de cumprir obrigação a todos imposta ou prestação alternativa;
5. Improbidade administrativa.
A lei que altera o processo eleitoral entrará em vigor na data da sua publicação (art. 16,
CR/88). Entretanto, não será aplicada à eleição que ocorra até um ano após a data da sua
vigência, de modo a garantir o princípio da segurança jurídica.
Por fim, importante destacar o entendimento do Supremo Tribunal Federal de que a
suspensão de direitos políticos em razão da condenação criminal transitada em julgado
(art. 15, III, da CR/88) é autoaplicável, pois trata-se de consequência imediata da sentença
penal condenatória. Além disso, aplica-se tanto para condenados a penas privativas de
liberdade como também a penas restritivas de direitos.
67
Referências bibliográficas
68
10. Partido Político
Os partidos políticos exercem um papel constitucional de destaque na democracia
brasileira, uma vez que o ordenamento jurídico prevê a filiação partidária como condição
inafastável de elegibilidade (VELLOSO, 2016, n.p.). Para fins de prova, o estudo do presente
material acrescido da leitura atenta do artigo 17 da Constituição de 1988 será suficiente.
10.1. Conceito
José Afonso da Silva, citado por Pedro Lenza, assevera que o partido político é uma “(..)
agremiação de um grupo social que se propõe a organizar, coordenar e instrumentar a
vontade popular com o fim de assumir o poder para realizar o seu programa de governo”
(SILVA, input LENZA, 2019, p. n). Os partidos políticos são pessoas jurídicas de direito
privado que se destinam a assegurar, no interesse do regime democrático, a autenticidade
do sistema representativo e a garantir a defesa dos direitos fundamentais dos indivíduos (art.
1º, Lei nº. 9.096/95).
Inicialmente, o partido adquire sua personalidade jurídica na forma da lei civil (art. 7º,
CR/88), sendo que, posteriormente, promoverá o registro de seu estatuto no Tribunal
Superior Eleitoral (TSE). O mencionado registro do estatuto no TSE garante que o partido
possa participar do processo eleitoral, receber recursos do Fundo Partidário e ter acesso
gratuito ao rádio e à televisão, nos termos fixados nesta Lei. Além disso, assegura-se a
exclusividade da sua denominação, sigla e símbolos, de modo a vedar sua utilização por
outros partidos e, com isso, evitar a indução de erros ou confusões.
Para que possam cumprir seus objetivos, os partidos têm autonomia para definir sua
estrutura interna, organização e funcionamento, de modo que é garantido a liberdade de
criação, fusão, incorporação e extinção de partidos políticos, desde que haja o respeito à
69
soberania nacional, ao pluripartidarismo e aos direitos fundamentais dos indivíduos (art. 17,
CR/88). Todavia, apesar dessa liberdade, é vedado ao partido político possuir caráter militar
ou paramilitar, bem como utilizar-se de organização da mesma natureza e adotar uniforme
para seus membros.
A Lei número 9.096/95, que regulamenta os partidos políticos no Brasil, em seu artigo
22, dispõe sobre as hipóteses em que haverá o cancelamento imediato da filiação
partidária, sendo elas: a) morte; b) perda dos direitos políticos; c) expulsão; d) outras formas
previstas no estatuto, com comunicação obrigatória ao atingido no prazo de quarenta e oito
horas da decisão; e) filiação a outro partido, desde que a pessoa comunique o fato ao juiz da
respectiva Zona Eleitoral. Ainda, havendo coexistência de filiações partidárias, prevalecerá
a mais recente, devendo a Justiça Eleitoral determinar o cancelamento das demais.
70
Mapa Mental
Cancelamento imediato da
filiação partidária
Outras
Filiação a
Perda dos formas
outro
Morte Direitos Expulsão previstas
partido
Políticos no
político
Estatuto
71
A mencionada lei ainda destaca que somente poderá filiar-se a partidos o eleitor que
estiver no pleno gozo de seus direitos políticos, sendo que, para desligar-se, o filiado
deverá fazer comunicação escrita ao órgão de direção municipal e ao Juiz Eleitoral da
Zona em que for inscrito. Cuidado para não confundir, pois, apesar de o partido político ter
caráter nacional, ele terá órgão de direção municipal, de modo que caberá a este último a
análise dos pedidos de desligamento do partido, dentre outras atribuições.
O artigo 17, §1º, da CR dispõe que os estatutos dos partidos políticos devem “estabelecer
normas de disciplina e fidelidade partidária”. O STF já definiu que a fidelidade partidária deve
ser respeitada em relação aos candidatos eleitos pelo sistema proporcional. Assim, aquele
que mudar de partido sem justa causa perderá o cargo eletivo (LENZA, 2019, n.p.). Ressalta-
se que, segundo o próprio STF, essa regra não se aplica ao sistema majoritário.
72
A minirreforma eleitoral de 2015 (Lei nº 13.165/2015) passou a prever expressamente as
hipóteses de justa causa da desfiliação partidária:
73
Mapa Mental
Partidos Políticos
Preceitos
Liberdade
de Soberania Regime Direitos
organização Nacional democrático Fundamentais
partidária
Proibição de
recebimento de
recursos ou Caráter Prestação Funcionamento
subordinação a
entidades e nacional de contas parlamentar
estados
estrangeiros
74
Referências bibliográficas
75
11. Organização Político Administrativa do Estado
11.1. Conceito
Dalmo de Abreu Dallari, citado por Pedro Lenza, define Estado como sendo: “a ordem
jurídica soberana que tem por fim o bem comum de um povo situado em determinado
território” (DALLARI input LENZA, 2019). Dentro desse conceito, podemos extrair os
elementos integrantes do Estado, quais sejam: soberania, finalidade, povo e território.
O Estado Brasileiro pode ser analisado sob diferentes aspectos. No que se refere à forma
de governo, adotou-se a república (em contraposição à monarquia); quanto à forma de
estado, o Brasil é caracterizado por ser uma federação (em contraposição ao Estado
unitário); no que se refere ao sistema de governo, adotou-se o presidencialismo (em
contraposição ao parlamentarismo).
No que se refere à Federação brasileira, Pedro Lenza cita o artigo 1º, caput, da CR/88,
que assevera que a República Federativa do Brasil é formada pela união indissolúvel dos
Estados, Municípios e Distrito Federal, constituindo-se em Estado Democrático de Direito
(LENZA, 2019). Ainda, o artigo 18 da Carta Magna afirma que: “a organização política-
administrativa da República Federativa do Brasil compreende a União, os Estados, o
Distrito Federal e os Municípios, todos autônomos, nos termos desta Constituição”.
76
Como características da federação brasileira, Pedro Lenza (2019, n.p.) cita:
Salienta-se, ainda, que a forma federativa de Estado é cláusula pétrea, ou seja, não
pode ser suprimida nem mesmo por emenda constitucional. É o que dispõe o artigo 60, § 4º,
CR/88: “Não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a abolir: inciso I - a
forma federativa de Estado”.
Mapa Mental
Brasil
Forma Sistema
77
11.2. Competência Legislativa e Competência Administrativa
(art. 24, CR/88), que, apesar de não estarem expressos nessa competência, podem legislar
sobre assuntos locais (art. 30, CR/88). A segunda, também conhecida como material, pode
ser exclusiva de cada ou comum entre os entes federativos e, aqui, diferentemente da
competência legislativa, está expresso o Município (art. 23, CR/88). Atenção porque as
provas cobram as palavras chaves, de modo que concorrente sempre se relaciona com
competência legislativa, e comum sempre se relaciona com competência administrativa
ou material.
Sobre a delegabilidade, ou não, de uma competência basta pensar que a competência
administrativa é “exclusiva” e “indelegável”, de modo que, em ambos os casos, as palavras
se iniciam com uma vogal. Por outro lado, a competência legislativa é “privativa” e
“delegável”, de modo que, em ambas as situações, se inicia a palavra com uma consoante.
78
somente à União legislar sobre direito processual (art. 22, I, CR/88). No mesmo sentido,
caberá concorrentemente aos entes legislarem sobre previdência social (art. 24, XII,
CR/88), enquanto que caberá à União legislar privativamente sobre a seguridade social (art.
22, XXIII, CR/88), que é mais ampla, já que abrange saúde, assistência e previdência social.
Ainda, será cabível quando o assunto for: a) orçamento; b) juntas comerciais; c) floresta,
caça, pesca, fauna, flora e proteção ao meio ambiente; d) consumo; e) patrimônio histórico,
cultural, artístico e turístico; f) responsabilidade por dano ao meio ambiente, ao consumidor
e a bens e direitos artísticos, estéticos e históricos; g) juizado especial; h) educação, cultura,
lazer, ensino, desporto, ciência, tecnologia, pesquisa e inovação; i) assistência jurídica e
Defensoria Pública; j) infância e juventude.
No âmbito da competência legislativa concorrente, a União irá se limitar a legislar sobre
normas gerais, de modo que caberá aos Estados e ao Distrito Federal legislarem de
maneira suplementar, de acordo com suas necessidades. Caso inexista lei federal dispondo
sobre normas gerais, os Estados e o Distrito Federal terão competência legislativa plena.
Entretanto, com a superveniência de norma geral federal que seja contrária à lei estadual
ou distrital, estas últimas terão sua eficácia suspensa em razão do advento da lei federal,
não havendo que se falar em revogação (art. 24, § 4 º, CR/88).
Já a competência administrativa comum, diferentemente da competência legislativa,
inclui explicitamente os Municípios (art. 23, CR/88). Os assuntos estão relacionados com
temas que dizem respeito a todos os entes, tais como saúde, proteção aos deficientes e ao
meio ambiente e aos bens de valores históricos, artísticos e paisagísticos. Além disso, visam
assegurar a preservação das florestas, da fauna e da flora, bem como de fomentar atividades
como a agropecuária, o abastecimento alimentar e a implementação de moradias e de
saneamento básico. Ainda, existe a possibilidade de que sejam feitas leis complementares
para a fixação de cooperação entre os entes, com o intuito de garantir o desenvolvimento
nacional (art. 23, § único, CR/88).
79
Mapa Mental
Competência
Administrativa ou
Legislativa
Material
Privativo - Exclusiva -
Concorrente Comum
Delegável Indelegável
11.3. A União
80
um método mnemônico conhecido como “CAPACETE DE PIMENTRA” que elenca alguma
das competências legislativas da União, sendo elas:
Sendo elas:
a) Civil (direito);
b) Agrário (direito);
c) Processual (direito);
d) Aeronáutico (direito);
e) Comercia (direito);
f) Eleitoral (direito);
g) Trabalho (direito);
h) Espacial (direito);
i) DEsapropriação;
j) Penal (direito);
k) Informática;
l) Marítimo (direito);
m) Energia;
n) Nacionalidade e naturalização;
o) Trânsito, transporte e telecomunicações;
p) Requisições civis e administrativas;
q) Águas;
81
organizar e manter os serviços de estatística, geografia, geologia e cartografia; i) elaborar e
executar os planos nacionais e regionais de ordenação do território; m) manter o serviço postal
e o correio aéreo nacional.
Lembrar da diferenciação entre os mnemônicos referentes à competência legislativa
concorrente (“PUFET”) e à competência legislativa privativa da União (“CAPACETE DE
PIMENTRA”).
No que tange à organização dos poderes pela União, é importante fazer algumas
diferenciações. No caso dos Territórios, a União terá plena atuação, uma vez que organizará
e manterá seu poder Judiciário, seu Ministério Público e sua Defensoria Pública. Entretanto,
no caso do Distrito Federal, a competência da União não irá abranger a Defensoria Pública,
já que esta é autônoma. Desse modo, no que se refere ao Distrito Federal, a União irá
organizar e manter o Judiciário, o Ministério Público, o corpo de bombeiro militar e a polícia
civil e militar.
Mapa Mental
A união organizará
Judiciário Judiciário
Polícia Cívil
Polícia Militar
82
11.4. Os Estados
No que se refere aos bens dos Estados, destaca-se as águas superficiais, subterrâneas,
fluentes, emergente e em depósito, além das ilhas oceânicas e costeiras que estiverem sob
o seu domínio, ressalvadas as pertencentes à União, aos Municípios ou a terceiros (art. 26,
CR/88). Ainda, garante-se a propriedade das terras devolutas (salvo as necessárias para a
manutenção das fronteiras) e das ilhas fluviais e lacustres não pertencentes à União.
A Constituição Federal garante que os Estados possam incorporar-se entre si,
subdividir-se ou desmembrar-se para se anexarem a outros (art. 18, § 3º, CR/88). Para
tanto, deve-se garantir o plebiscito com a aprovação da população diretamente interessada
e a edição de lei complementar federal editada pelo Congresso Nacional.
Os deputados estaduais terão mandato de quatro anos, sendo seu subsídio fixado
através de lei de iniciativa da Assembleia Legislativa, tendo como limite máximo 75% do
subsídio dos deputados federais (art. 27, § 2 º, CR/88). Salienta-se que a os subsídios do
Governador, do Vice-Governador e dos Secretários Estaduais também serão fixados por
lei de iniciativa da Assembleia Legislativa.
Por fim, no que se refere à competência legislativa do Estado, este, além de concorrer
com os demais entes (exceto com os Municípios), terá poder para editar normas residuais
tratando sobre os assuntos de interesse do Estado. No que se refere à competência
administrativa ou material, seu poder será comum e dividido entre todos os demais entes,
incluindo os Municípios. Corroborando esse entendimento, cumpre destacar um
julgamento proferido pelo STF, que considerou constitucional a lei estadual que concedeu
ressarcimento de despesas de saúde a magistrados, pois referida competências estaria
dentro da margem de discricionariedade legislativa residual que a Constituição Federal
garantiu aos Estados.
83
11.5. O Distrito Federal e os Territórios
O Distrito Federal é uma pessoa jurídica de direito público interno (art. 41, Código
Civil) que não será dividido em Municípios, já que sua ramificação ocorre através das
chamadas regiões administrativas, também conhecidas como cidades satélites. Será regido
por lei orgânica, que é votada em dois turnos, com interstício mínimo de dez dias e
aprovada por 2/3 da Câmara Legislativa, que a promulgará. Fazendo um paralelo, essa lei
orgânica está para o Distrito Federal assim como a Constituição Estadual está para os
Estados (art. 32, CR/88). No que se refere às competências do Distrito Federal, haverá uma
espécie de acumulação, uma vez que a este serão atribuídas as competências legislativas
atribuídas aos Estados e aos Municípios. A União irá organizar e manter o poder
Judiciário, o Ministério Público, o corpo de bombeiros e as polícias militares e civis do
Distrito Federal, mas não terá ingerência sobre a Defensoria Pública do Distrito Federal, já
que está é autônoma (art. 21, XIII e XIV, CR/88).
O Território, por sua vez, não é um ente federado, sendo uma espécie de autarquia
territorial que integra a União (art, 18, § 2º, CR/88), de modo que sua criação, transformação
ou reintegração ao Estado de origem serão regulamentados por lei complementar.
Diferentemente do que ocorre com o Distrito Federal, o Território poderá ser dividido em
Municípios (art. 33, § 1º CR/88). Ainda, a União irá organizar e manter eventual poder
Judiciário, Ministério Público e Defensoria Pública do Território (art. 21, XIII e XIV, CR/88).
11.6. Os Municípios
84
No que se refere aos vereadores, a Constituição Federal dispõe que seu número poderá
variar entre nove (nos Municípios de até quinze mil habitantes) e cinquenta e cinco (nos
Municípios com mais de 8 milhões de habitantes). Além disso, o subsídio dos vereadores irá
variar entre 20% e 75% do subsídio dos deputados estaduais, mudando conforme o número
de habitantes do local (art. 29, VI, CR/88).
Sobre o limite total de despesas, importante fazer uma diferenciação. O total de despesa
com a remuneração dos Vereadores não poderá ultrapassar 5% das receitas do Município.
Por outro lado, o total de despesas com folha de pagamento, incluindo o gasto com o
subsídio dos vereadores, não poderá ultrapassar 70% da receita total da Câmara Municipal.
Por fim, a Constituição Federal garante que os Municípios possam incorporar-se entre
si, subdividir-se ou desmembrar-se para se anexarem a outros (art. 18, § 4 º, CR/88). Para
tanto, deve haver a edição de lei estadual, além da realização de plebiscito com a aprovação
da população diretamente interessada, desde que respeite o período estabelecido pela Lei
Complementar Federal e se faça o Estudo de Viabilidade Municipal.
Mapa Mental
Total de Despesas
5%
Município
Subsídio de
Vereadores
70%
Folhas de
Câmara Municipal
Pagamento
incluí subsídios de
vereadores
85
A Constituição Federal garante ao Município a prerrogativa de elaboração de sua própria
lei orgânica (art. 29, CR/88), que será votada em dois turnos, com interstício mínimo de
dez dias e aprovação por 2/3 dos membros da Câmara Municipal.
Apesar de o Município não estar expresso no artigo que trata sobre a competência
legislativa concorrente entre os entes, ele poderá legislar sobre assuntos de interesse
local, complementar a legislação federal e estadual, instituir tributos mediante lei e criar
distritos (art. 30, CR/88).
Mapa Mental
• Plebiscito
• Lei Complementar federal
Estado
• Plebiscito
• Lei Complementar Federal: estabelece o período
• Lei estadual promove a alteração do ente
Município • Estudo de Viabilidade Municipal
86
Referências bibliográficas
LENZA, Pedro. Direito Constitucional Esquematizado. 23ª edição. São Paulo. Saraiva
Educação, 2019.
MENDES FERREIRA, Gilmar. Curso de Direito Constitucional. 14 ª edição. São Pulo.
Saraiva Educação, 2019.
RAMOS TAVARES, André. Curso de Direito Constitucional. 19ª edição. São Paulo.
Saraiva Educação, 2019.
87
12. Administração Pública – Disposições Gerais e Servidores
Públicos
12. 1. Conceito
sentido funcional para designar a própria atividade (função) exercida por aqueles
entes. É o sentido que se depreende do mesmo dispositivo constitucional
quando submete a Administração Pública aos princípios da legalidade,
moralidade, impessoalidade etc. (MENDES, 2019, n.p.)
88
12. 2. Disposições Gerais sobre a Administração Pública
89
É instituído o chamado teto constitucional, que consiste na remuneração máxima que
poderá ser percebida por um servidor público de qualquer dos entes da administração direta
ou de autarquia ou de fundação. Salienta-se que, diferentemente da proibição de
acumulação remunerada de cargos, as empresas públicas e sociedades de economia
mista somente irão se submeter ao teto constitucional caso recebam dinheiro público para
o pagamento de pessoal ou para o custeio geral. A submissão à regra do teto constitucional
também incluirá os detentores de mandato eletivo, além dos aposentados e pensionistas,
sendo essas verbas percebidas cumulativamente ou não, incluídas as vantagens pessoais
ou de qualquer natureza.
No que se refere aos entes da Administração Indireta, a Constituição dispõe que somente
por lei específica poderá ser criada autarquia. Além disso, será necessário a edição de lei
90
autorizando a instituição de empresa pública, de sociedade de economia mista e de
fundação, cabendo à lei complementar, neste último caso, definir suas áreas de atuação.
Ainda, também será necessária a autorização legislativa para a criação de subsidiárias das
mencionadas entidades.
As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de serviço
público responderão pelos danos que seus agentes, nesta qualidade, causarem a terceiros,
não importando se estes são usuários do serviço público (art. 37, §6 º). Esse artigo se refere
à responsabilidade objetiva do Poder Público ou daqueles que o substituem. Sendo assim,
para que o Estado seja condenado a reparar um dano que seu agente promoveu a terceiros,
é desnecessário provar que aquele tenha agido com dolo ou culpa, já que a
responsabilidade é objetiva. No entanto, a análise da culpabilidade do agente público será
necessária para saber se ele terá que responder por regresso perante o Poder Público, pois,
caso tenha agido com dolo ou culpa, terá que ressarcir as despesas efetuadas pelo Estado.
Alguns servidores públicos devem ser remunerados mediante subsídio, que é uma
parcela única que veda o acréscimo de qualquer gratificação, adicional ou outra espécie
remuneratória (art. 39, §9 º, CR/88). A referida regra se aplica aos detentores de mandato
eletivo, aos Ministros e Secretários de Estado, aos magistrados, aos membros do
91
Ministério Público, aos conselheiros dos Tribunais de Contas, aos membros da AGU, aos
Defensores Públicos e aos membros das polícias.
92
servidor ocupante exclusivamente de cargo em comissão, cargo temporário ou emprego
público.
A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, desde que instituíam um regime
de previdência complementar para seus servidores titulares de cargo efetivo (art.40, §14,
CR/88), poderão fixar como valor da aposentadoria e da pensão do regime próprio o limite
máximo estabelecido pelo regime geral de previdência. A referida previdência complementar
será instituída por lei de iniciativa do Poder Executivo e por intermédio de entidades fechadas
de previdência complementar, que terão natureza pública e somente irão oferecer aos
participantes os planos de benefício na modalidade contribuição definida.
Os aposentados e pensionistas que participam do regime próprio de previdência não
terão que pagar contribuição sobre os proventos que recebem, exceto se o valor ultrapassar
o limite máximo estabelecido para o regime geral de previdência. Na hipótese de ser um
indivíduo que possua uma doença incapacitante, somente terá que contribuir caso
ultrapasse o dobro do valor máximo do regime geral.
Por fim, cumpre destacar o instituto conhecido como estabilidade, que é garantido ao
servidor ocupante de cargo efetivo em razão de concurso público e que exerça suas
funções efetivamente há mais de três anos. Após a aquisição da estabilidade, o servidor
somente poderá perder o cargo nas hipóteses de: a) sentença judicial transitada em
julgado; b) processo administrativo; c) avaliação periódica de desempenho. Entretanto,
caso uma decisão judicial invalide a demissão do servidor público, será ele reintegrado e o
eventual ocupante do cargo será reconduzido ao cargo de origem sem direito à
indenização, aproveitado em outro cargo ou colocado em disponibilidade. Vale destacar que
o art. 169, §4º, da CR prevê a possibilidade de exoneração de servidor estável na hipótese de
o Poder Público exceder os limites de despesa com pagamento de servidores definidos na
Lei de Responsabilidade Fiscal.
Mapa Mental
93
Geral Ministro do STF
Executivo Governador
Subteto
Desembargador do
Estados e DF Judiciário
TJ
Deputado Estadual
Legislativo
e Distrital
Municípios Prefeito
94
Referências bibliográficas
LENZA, Pedro. Direito Constitucional Esquematizado. 23ª edição. São Paulo. Saraiva
Educação, 2019.
MENDES FERREIRA, Gilmar. Curso de Direito Constitucional. 14 ª edição. São Pulo.
Saraiva Educação, 2019.
RAMOS TAVARES, André. Curso de Direito Constitucional. 19ª edição. São Paulo.
Saraiva Educação, 2019.
95
13.Organização dos Poderes
13.1. Conceito
No mesmo sentido, Pedro Lenza assevera que se divide as atribuições do Poder Público
em diferentes poderes com o intuito de preservar a liberdade individual e combater a
concentração do poder, que estava muito presente nos Estados Absolutistas (LENZA,
2019). Ainda, Gilmar Mendes lembra que a separação dos poderes é uma das cláusulas
pétreas (art. 60, §º 4, CR/88) que foi concebida pelo constituinte originário visando garantir
o Estado Democrático de Direito (MENDES, 2019, n.p.).
96
13.3. Funções típicas e atípicas dos Poderes
Para que possa haver essa dinâmica harmônica entre os Poderes, a Constituição
Federal estabeleceu funções típicas e atípicas para cada um deles.
Por outro lado, como função típica do Legislativo, cita-se a capacidade de legislar e de
editar normas jurídicas. Um exemplo de atuação atípica administrativa, pode-se citar a
gestão de seus bens e a administração de seu pessoal. Ainda, como função atípica
jurisdicional, cita- se o julgamento de autoridades nos crimes de responsabilidade (art. 52,
I e II, CR/88).
Ainda, o Poder Judiciário tem como função típica a atividade de julgar uma lide
resistida, de modo a dar uma solução definitiva a um caso. Já como atuação atípica
legislativa, cita-se a elaboração do Regimento Interno, que visa regulamentar o
funcionamento dos Tribunais. Como função atípica administrativa, cita-se a gestão de seu
pessoal através da realização de concursos públicos, bem como a concessão de férias e de
licença a seus servidores.
Assim, compreender e respeitar a separação dos poderes, bem como coibir seus
excessos, serve para manter o funcionamento do Estado Democrático de Direito e, desse
modo, garantir e respeitar as pluralidades culturais que existem dentro de uma sociedade.
Ainda, é possível utilizar-se de tecnologias que auxiliem na fiscalização desses poderes, de
modo a garantia a sua eficácia.
Mapa Mental
97
98
Referências bibliográficas
LENZA, Pedro. Direito Constitucional Esquematizado. 23ª edição. São Paulo. Saraiva
Educação, 2019.
MENDES FERREIRA, Gilmar. Curso de Direito Constitucional. 14 ª edição. São Pulo.
Saraiva Educação, 2019.
RAMOS TAVARES, André. Curso de Direito Constitucional. 19ª edição. São Paulo.
Saraiva Educação, 2019.
99
14. Poder Legislativo
O Poder Legislativo é um dos poderes da União (art. 2º, CF) e o seu estudo é de
fundamental importância para o Direito Constitucional. A matéria está regulamentada no
artigo 44 ao artigo 58 da Constituição. O tema acrescido do tópico específico de Processo
Legislativo (que será tratado em módulo específico) é um dos assuntos mais cobrados na
prova da OAB e merece atenção especial do (a) aluno (a).
14.1. Conceito
O Poder Legislativo federal é exercido pelo Congresso Nacional, que é composto pela
Câmara dos Deputados e pelo Senado Federal (art. 44, CR/88). Salvo disposição em
contrário, as deliberações de cada Casa e de suas comissões serão tomadas por maioria
dos votos, estando presente a maioria absoluta de seus membros. O Congresso Nacional
possui competências que dependem da sanção do presidente da república (art. 48, CR/88)
e competências exclusivas independentes e autônomas (art. 49, CR/88).
100
O Congresso Nacional poderá dispor sobre todas as matérias de competência da União
(vide o tópico “Organização Político-Administrativa do Estado”), desde que haja a sanção do
presidente da república. Como exemplo, pode-se citar a concessão de anistia, a disposição
sobre sistema tributário, plano plurianual, diretrizes orçamentárias, orçamento anual,
operações de crédito e matéria financeira. Ainda, poderá tratar sobre telecomunicação,
radiodifusão, planos e programas nacionais, regionais e setoriais de desenvolvimento (art. 48,
CR/88). Além disso, poderá dispor sobre a criação e a extinção de Ministérios e órgãos da
administração pública, além da criação, da transformação e da extinção de cargos, empregos
e funções públicas.
No que se refere à competência exclusiva do Congresso Nacional, optou-se por citar
os principais dispositivos do artigo 49 da Constituição Federal. Assim, será competente para:
a) Escolher 2/3 dos membros do Tribunal de Contas da União;
b) Autorizar o presidente da república a declarar guerra e a celebrar paz;
c) Resolver definitivamente sobre Tratados e Acordos Internacionais;
d) Autorizar que forças estrangeiras transitem temporariamente no país;
e) Aprovar a intervenção federal e o estado de defesa e de sítio;
f) Autorizar que o presidente e o vice-presidente se ausentem do país por mais de
quinze dias;
g) Sustar atos normativos do poder executivo que exorbitem o poder regulamentar
ou os limites da delegação legislativa;
h) Fiscalizar e controlar o Poder Executivo, incluindo a Administração Indireta;
i) Autorizar o referendo e convocar o plebiscito;
j) Aprovar as iniciativas do Poder Executivo referentes a atividades nucleares;
k) Autorizar, em terras indígenas, a exploração e o aproveitamento de recursos
hídricos e pesquisa e lavra de riquezas minerais.
A Câmara dos Deputados é composta por representantes do povo eleitos pelo sistema
proporcional (art. 45, caput, CR/88). O número de deputados federais que irão compor a
Câmara será definido por lei complementar, sendo que o número mínimo é oito e o máximo
é setenta, com exceção dos Territórios, que elegerão quatro deputados. A Câmara possui
algumas competências privativas (art. 51, CR/88), de modo que deverá autorizar, por 2/3
de seus membros, a instauração de processo contra o Presidente, o Vice-presidente e os
Ministros de Estado. Além disso, elaborará o seu regimento interno, elegerá membros do
Conselho da República e a e fará a tomada de contas do Presidente da república quando
não for apreciada pelo Congresso Nacional no prazo de sessenta dias.
101
O Senado é composto por representantes dos Estados eleitos pelo sistema majoritário,
com a eleição de três senadores com mandato de oito anos, sendo que cada senador é
eleito com dois suplentes (art. 46, CR/88). O artigo 52 da Constituição da república elenca
as competências privativas do Senado Federal, sendo que se optou por elencar aquelas
que são mais cobradas nas provas, de modo que é necessário que o aluno faça uma leitura
atenta do mencionado artigo. Desse modo, compete privativamente ao Senado:
102
Mapa Mental
Sistema Majoritário
Representam os Estados
Congresso Nacional
Senado Federal
Sistema Proporcional
Variam entre 8 e 70
deputados, exceto o
Território, que serão 4
103
praticados fora do recinto do Congresso Nacional e que sejam incompatíveis com a função.
A imunidade material garante que parlamentares sejam invioláveis civil e penalmente por
quaisquer de suas opiniões, palavras e votos (art. 53, caput, CR/88).
104
Desse modo, percebe-se que o Judiciário poderá impor aos parlamentares as medidas
cautelares do art. 319 do Código de Processo Penal. No entanto, a respectiva Casa
legislativa poderá rejeitá-las, como ocorrido esse fato no caso do parlamentar Aécio
Neves.
Mapa Mental
Imunidade Parlamentar
Material Formal
Inviolável suas opiniões,
Após a diplomação
palavras e voto
105
direito público, autarquia, empresa pública, sociedade de economia mista ou
concessionária de serviço público, salvo quando o contrato obedecer a cláusulas
uniformes; b) aceitar ou exercer cargo, função ou emprego remunerado, inclusive os que
sejam demissíveis ad nutum, nas entidades mencionadas anteriormente.
Além disso, não poderão, desde a posse: a) ocupar cargo ou função que seja demissível
ad nutum nas referidas entidades; b) ser proprietário, controladores, diretores ou exerça
função remunerada em empresa que goze de favor decorrente de pessoa jurídica de direito
público; c) patrocinar causa em que seja interessada qualquer das entidades
supramencionadas; d) ser titular de mais de um cargo ou mandato público eletivo.
No que diz respeito à perda do mandado, é necessário fazer uma distinção dos
órgãos competentes para decidir e para aplicar a penalidade (art. 55, CR/88). A perda do
mandato não será automática, uma vez que será decidida pela respectiva Casa, pelo voto
de maioria absoluta de seus membros, mediante provocação da Mesa ou de partido político
com representação no Congresso Nacional, nos seguintes casos:
Por outro lado, a perda do mandato será automaticamente declarada pela Mesa (e
não mais decidida pela Casa) nas hipóteses de:
a) Deixar de comparecer, em cada sessão legislativa, à terça parte das sessões
ordinárias da Casa a que pertencer, salvo no caso de licença ou missão
autorizada;
b) Perda ou suspensão de seus direitos políticos;
c) Quando for decretado pela justiça eleitoral.
106
O Congresso Nacional possuirá comissões permanentes e temporárias, de modo que
na constituição das Mesas das Comissões é assegurada, tanto quanto possível, a
representação proporcional dos partidos ou blocos parlamentares (art. 58, caput, CR/88).
Dentre as competências das Comissões, pode-se citar a convocação de Ministro de Estado
para prestar informações sobre assuntos previamente determinados, o recebimento de
petições, reclamações, representações ou queixas, além da apreciação e da emissão de
parecer sobre programas de obras e planos nacionais, regionais e setoriais de
desenvolvimento. Ainda, caberá a discussão e votação de projeto de lei que dispensar a
competência do plenário, salvo se houver recurso de um décimo dos membros da Casa.
As comissões representativas serão aquelas que irão ocorrer durante o recesso (art.
58, §4º, CR/88). Já a comissão parlamentar de inquérito, também conhecidas como CPI,
possui poderes de investigação próprios das autoridades judiciais e será criada pela
Câmara ou pelo Senado, de maneira conjunta ou separada, podendo haver o requerimento
de 1/3 de seus membros para que ocorra essa criação. Importante destacar que as CPI’s
irão apurar fato determinado e terão prazo certo, sendo que suas conclusões, se for o
caso, serão encaminhadas ao Ministério Público para que este promova a responsabilidade
civil ou criminal dos infratores.
A convocação extraordinária poderá ser feita por alguns legitimados desde que
preencha os requisitos previstos nos parágrafos 6 º a 8 º, do artigo 57, da Constituição
Federal. Desse modo, esta poderá ser requerida pelo Presidente do Senado, nas hipóteses
de compromisso e posse do Presidente e Vice-Presidente do país, além da decretação de
estado de defesa ou de intervenção federal ou de pedido de autorização para a decretação
de estado de sítio. Ainda, ela poderá ser feita pelo Presidente da República, pelos
Presidentes da Câmara e do Senado ou por requerimento da maioria dos membros de ambas
as casas, em caso de urgência ou de interesse público relevante, desde que haja aprovação
da maioria absoluta de cada uma das Casas do Congresso Nacional.
107
projeto de lei de diretrizes orçamentárias (art. 57, CR/88). Haverá sessão conjunta para
inaugurar a sessão legislativa, para receber o compromisso do Presidente e do Vice-
presidente, para conhecer e deliberar sobre o veto e para elaborar o regimento interno
comum. No que se refere às convocações, a Câmara, o Senado federal ou qualquer uma
de suas comissões poderão convocar Ministros de Estado ou titulares de órgãos
subordinados à Presidência da República para prestarem, pessoalmente, informações
sobre assuntos previamente determinados, sob pena de crime de responsabilidade (art.
50, CR/88). Entretanto, essa convocação não atinge o presidente e o vice-presidente da
república.
Mapa Mental
108
Referências bibliográficas
LENZA, Pedro. Direito Constitucional Esquematizado. 23ª edição. São Paulo. Saraiva
Educação, 2019.
MENDES FERREIRA, Gilmar. Curso de Direito Constitucional. 14 ª edição. São Pulo.
Saraiva Educação, 2019.
RAMOS TAVARES, André. Curso de Direito Constitucional. 19ª edição. São Paulo.
Saraiva Educação, 2019.
109
15. Processo Legislativo
O processo legislativo é um conjunto de regras procedimentais que têm
previsão constitucional e serve para a elaboração das espécies normativas (LENZA,
2019, n.p.). O processo legislativo constitucional está regulamentado nos artigos 59 ao 69
da Constituição de 1988 e compreende a elaboração de emendas à constituição, de leis
ordinárias, de leis complementares, de leis delegadas, de medidas provisórias, de
decretos legislativos e de resoluções.
15.1. Conceito
No Brasil têm-se uma Constituição rígida que exige requisitos específicos para que
possa ser alterada via emenda, tendo limitações circunstanciais, formais e materiais.
Primeiramente, não poderá ocorrer essa alteração durante a vigência de intervenção federal
ou de estado de defesa ou de sítio (limitação circunstancial). Além disso, é necessário que
se observe a iniciativa, já que somente poderá haver emenda à Constituição Federal mediante
(art. 60, CR/88) proposta de (limitação formal):
110
a) 1/3, no mínimo, dos membros da Câmara ou do Senado Federal;
b) do Presidente da República;
Por fim, cumpre destacar as seguintes cláusulas pétreas - que são limitações
materiais ao poder de reforma constitucional:
A diferença entre a lei ordinária e a lei complementar é que esta precisa do quórum de
maioria absoluta para aprovação e, para aquela, basta maioria relativa (art. 69 e 47 da
CR/88, respectivamente). Entretanto, é importante ressaltar que não existe hierarquia entre
esses tipos normativos, de modo que a diferença reside na matéria tratada por cada uma, já
que a lei complementar trata das matérias específicas dispostas na Constituição Federal,
enquanto que, à lei ordinária, incumbe tratar das matérias residuais.
122
No que se refere ao projeto de lei, a Casa Revisora poderá: a) aprová-lo, ocasião em
que este será encaminhado à sanção ou à promulgação, sendo que, caso seja aprovado
por uma Casa, será revisto pela outra em um só turno de discussão e de votação; b)
emendá- lo, ocasião em que o projeto voltará à Casa Iniciadora; c) rejeitá-lo, oportunidade
em que ocorrerá o seu arquivamento (art. 65, CR/88).
A Casa na qual tenha sido concluída a votação enviará o projeto de lei ao Presidente
da República, que poderá sancioná-lo ou vetá-lo no prazo de quinze dias úteis, caso o
considere inconstitucional ou contrário ao interesse público (art. 66, CR/88). Posteriormente,
comunicará as razões do veto, em quarenta e oito horas, ao Presidente do Senado.
Importante destacar que o silêncio importa em sanção e o veto poderá ser parcial, desde
que abranja texto integral de artigo, de parágrafo, de inciso ou de alínea, não podendo
abranger somente palavras (art. 66, § 2 º e 3 º, CR/88).
Ainda sobre o veto, cumpre destacar que este será apreciado em trinta dias, em sessão
conjunta, somente podendo ser rejeitado pela maioria absoluta dos Deputados Federais
e dos Senadores. Caso haja a rejeição do veto, o Presidente da República não poderá
discordar e deverá promulgar a lei dentro de quarenta e oito horas, sob pena de ser
promulgada pelo Presidente do Senado nesse mesmo prazo e, caso este também não o
faça, caberá ao Vice-Presidente do Senado fazê-lo (art. 66 §º 4, 5 º e 7 º, CR/88).
123
As leis delegadas serão elaboradas pelo Presidente da República, que solicitará a
autorização ao Congresso Nacional (art. 68, caput, CR/88). Entretanto, não será cabível a
edição de leis delegadas que versem sobre:
a) Nacionalidade e cidadania;
b) Direitos políticos, eleitorais e individuais;
c) Organização do Poder Judiciário e do Ministério Público;
d) Planos Plurianuais, diretrizes orçamentárias e orçamentos;
e) Atos de competência exclusiva do Congresso Nacional e os de competência
privativa da Câmara dos Deputados ou do Senado Federal.
124
g) Matéria já disciplinada em projeto de lei aprovado pelo Congresso Nacional e
pendente de sanção ou de veto pelo Presidente da República.
Por fim, cumpre destacar que, caso seja aprovado o projeto de lei de conversão que
altere o texto original da medida provisória, esta manter-se-á integralmente em vigor até
que seja sancionado ou vetado o projeto. É o que dispõe o art.62, § 12 º, CR/88.
O Congresso Nacional terá o prazo de sessenta dias, prorrogável por igual período,
para disciplinar, através de decreto legislativo, as relações jurídicas decorrentes da medida
provisória. Caso não haja essa conversão, a medida provisória perderá sua eficácia, desde
sua edição, não havendo que se falar em nulidade ou revogação (art. 62, § 3 º, CR/88), sendo
que esse prazo ficará suspenso durante o período de recesso do Congresso.
Quando não for editado o decreto legislativo dentro do prazo de sessenta dias após a
rejeição ou a perda da eficácia da medida provisória, as relações jurídicas constituídas
e decorrentes de atos praticados durante a sua vigência conservar-se-ão por ela regidas
(artigo 62, § 11 º, CR/88).
Além disso, caso a medida provisória não seja apreciada dentro de quarenta e cinco
dias contados da sua publicação, ela entrará em regime de urgência. Isso implicará
na suspensão de todas as demais deliberações legislativas das respectivas Casas até que
haja a votação da matéria constante na medida provisória (art. 62, § 6 º, CR/88).
125
nova proposta na mesma sessão legislativa. Nesse caso, o interessado deverá aguardar a
próxima sessão legislativa para que possa propor novamente o projeto de emenda
constitucional (art. 62, § 5 º e 10 º, CR/88). Todavia, essa regra não se aplica às leis
ordinárias (art. 67, CR/88), que poderão ser propostas novamente na mesma sessão
legislativa ainda que tenham sido rejeitadas ou consideradas prejudicadas.
Mapa Mental
Processo Legislativo
Lei
Complementar, Emenda Decreto Medida
Resolução
Ordinária e Constitucional Legislativo Provisória
Delegada
Proibição
126
Medida Provisória Lei Delegada
•Nacionalidade e Cidadania •Nacionalidade e Cidadania
•Organização do Judiciário e do MP •Organização do Judiciário e do MP
•Direitos Políticos e Eleitorais •Direitos Políticos e Eleitorais
•Plano Plurianual, Diretriz Orçamentária e •Plano Plurianual, Diretriz Orçamentária e
Orçamento Orçamento
•Matéria reservada à Lei Complementar •Matéria reservada à Lei Complementar
•Já disciplinada em projeto de lei aprovado pelo •Direito Individual
CN e pendente de sanção ou veto •Competência privativa da Câmara e do Senao e
•Detenção ou sequestro de bens de poupança exclusiva do CN
•Direito Penal, CPC, CPP, Partido político
Referências Bibliográficas
LENZA, Pedro. Direito Constitucional Esquematizado. 23ª edição. São Paulo. Saraiva Educação,
2019.
MENDES FERREIRA, Gilmar. Curso de Direito Constitucional. 14 ª edição. São Paulo. Saraiva
Educação, 2019.
RAMOS TAVARES, André. Curso de Direito Constitucional. 19ª edição. São Paulo. Saraiva
Educação, 2019.
127
16. Poder Executivo
16.1. Conceito
O Poder Executivo é um dos três poderes do Estado moderno, que foi sugerido por
Montesquieu, na teoria da separação dos poderes. Sobre o tema, Gilmar Mendes afirma
que:
Sobre as funções do Executivo, Pedro Lenza nos ensina que sua função típica é a
executiva ou administrativa, de modo a materializar a prática de atos de Chefia de Estado,
128
de chefia de Governo e de atos de administração. Já as funções atípicas do executivo
seriam as de legislar, como a edição de medida provisória, ou de julgar um processo
administrativo, como, por exemplo, o julgamento de um recurso administrativo referente à
cobrança de multa de trânsito (LENZA, 2019).
Ainda, o presidente poderá agir como Chefe de Estado, de modo a representar o país em
âmbito internacional e Chefe de Governo, que se relaciona às prerrogativas do presidente
no âmbito da Administração Pública.
A Constituição Federal, em seu artigo 76, estabelece que o Poder Executivo é exercido
pelo Presidente da República, que será auxiliado pelos Ministros de Estado. A eleição do
Presidente importará na do Vice e ocorrerá através do sistema majoritário, sendo eleito
aquele que obtiver a maioria absoluta de votos, não computados os brancos e os nulos.
Caso nenhum candidato obtenha os votos necessários no primeiro turno, far-se-á nova
eleição em até vinte dias após a proclamação do resultado, sendo eleito, nesse caso, o
candidato que obtiver maioria relativa dos votos. Se antes de realizar o segundo turno
ocorrer morte, desistência ou impedimento de algum dos candidatos, convocar-se-á,
dentre os remanescentes, o de maior votação e, caso haja empate, será convocado o mais
idoso (art. 77, § 2 º a 5 º, CR/88).
O Presidente e o Vice tomarão posse perante o Congresso Nacional, mas, caso não o
façam sem justificativa dentro do período de dez dias, os cargos serão declarados
vagos (art. 78, parágrafo único da CR/88). É importante diferenciar esse prazo com o
previsto no artigo 83 da Carta Magna, que estipula que o Presidente e o Vice precisarão de
autorização do Congresso Nacional para que possam se ausentar do país por período
superior a quinze dias.
129
É importante diferenciar duas situações que podem ocorrer caso o Presidente não esteja
exercendo sua função. Primeiramente, no caso de situações temporárias como o
impedimento, o Presidente será substituído pelo Vice. Por outro lado, caso a situação seja
permanente, como no caso de vacância, o primeiro será sucedido pelo segundo. Caso haja
impedimento ou vacância dos cargos de Presidente e de Vice, serão chamados ao exercício
da presidência sucessivamente: o Presidente da Câmara, o Presidente do Senado e
o Presidente do STF.
130
j) Escolher 1/3 dos membros do Tribunal de Contas da União, sendo que essa
escolha deverá ser aprovada pelo Senado Federal;
k) Convocar e presidir o Conselho da República (além de escolher membros nos
termos do art. 89, VII, CR/88) e o Conselho de Defesa Nacional;
l) Declarar guerra, no caso de agressão estrangeira, autorizado pelo Congresso
Nacional ou referendado por ele, quando ocorrida no intervalo das sessões
legislativas, e, nas mesmas condições, decretar, total ou parcialmente, a
mobilização nacional;
m) Celebrar a paz, autorizado ou com o referendo do Congresso Nacional;
n) Permitir, nos casos previstos em lei complementar, que forças
estrangeiras transitem pelo território nacional ou nele permaneçam
temporariamente;
o) Enviar ao Congresso Nacional o plano plurianual, o projeto de lei de diretrizes
orçamentárias e as propostas de orçamento previstos nesta Constituição;
p) Prestar, anualmente, ao Congresso Nacional, dentro de sessenta dias após a
abertura da sessão legislativa, as contas referentes ao exercício anterior.
Além dessas competências, existem algumas que o Presidente poderá delegar sua
execução aos Ministros de Estado, ao Procurador Geral da República e ao Advogado
Geral da União (art. 84, § único, CR/88), sendo elas:
a) Concessão de indulto;
b) Comutação de pena;
c) Prover os cargos públicos federais na forma da lei;
d) A elaboração de decreto autônomo, versando sobre a extinção de funções ou
de cargos públicos vagos, bem como sobre a organização e o funcionamento da
Administração Federal, desde que não implique em aumento de despesa e nem
na criação ou na extinção de órgãos públicos;
Além das hipóteses previstas na Lei número 1.089/50, a Constituição Federal, em seu
artigo 85, elencou alguns casos em que o Presidente da República iria responder pelo
cometimento de crime de responsabilidade. Assim, haverá sua responsabilização sempre
que praticar atos que atentem contra a Constituição, contra a existência da União, contra
a lei orçamentária, contra a segurança interna do país, contra a probidade na
administração e contra o cumprimento das leis e das decisões judiciais. Além disso,
131
haverá crime de responsabilidade sempre que o Presidente atentar contra o livre
exercício do Poder Legislativo, do Poder Judiciário, do Ministério Público e dos Poderes
Constitucionais das unidades da Federação.
A Câmara dos Deputados tem a prerrogativa de admitir, por 2/3 de votos, a acusação
contra o Presidente da República, que será julgado pelo Senado no caso de
crimes de responsabilidade ou pelo Supremo Tribunal Federal (STF) no caso de
crimes comuns (art. 86, CR/88). Ainda, o Presidente ficará suspenso ou afastado de suas
funções, pelo prazo máximo de cento e oitenta dias, após a instauração do processo pelo
Senado, no caso de crimes de responsabilidade ou após haver o recebimento da denúncia
ou da queixa crime pelo STF, no caso de crimes comuns (art. 86, § 1 º e 2 º, CR/88).
Por fim, cumpre destacar que o Presidente da República terá imunidade quanto à prisão,
se distinguindo daquela prevista para os parlamentares (art. 53, CR/88). Desse modo, o
Presidente, durante a vigência do seu mandato, não poderá ser responsabilizado por ato
estranho ao exercício da função (art. 86, § 4 º, CR/88). Por exemplo, se o Presidente comete
uma lesão grave contra sua esposa, ele não poderá ser responsabilizado enquanto durar seu
mandato, pois esse crime não se relaciona com o exercício de sua função. Por outro lado,
caso o Presidente cometa uma lesão grave contra um parlamentar em razão do exercício do
cargo, aquele poderá ser punido durante o mandato. Entretanto, o Presidente não poderá
ser preso nas infrações penais comuns enquanto não sobrevier sentença condenatória
(art. 86, § 3 º, CR/88).
132
sendo que dois deles serão nomeados pelo Presidente da República, outros dois serão
eleitos pelo Senado e os dois últimos serão eleitos pela Câmara, sendo que todos terão
mandato de três anos, vedada a recondução.
Já o Conselho de Defesa Nacional (art. 91, CR/88), apesar de também ser um órgão de
consulta do Presidente, tem uma composição diferente do Conselho da República, sendo
composto pelo: Vice-Presidente, Presidente da Câmara e do Senado, Comandante da
Marinha, do Exército e da Aeronáutica e pelos Ministros de Estado da Defesa, da
Justiça, das Relações Exteriores e do Planejamento.
Mapa Mental
Direta Indireta
90 dias 30 dias
133
Presidente -
Substituição
(Temporário)
1º - Presidente
2º - Presidente do 3º - Ministro do STF
da Câmara
Senado
134
Referências bibliográficas
LENZA, Pedro. Direito Constitucional Esquematizado. 23ª edição. São Paulo. Saraiva
Educação, 2019.
MENDES FERREIRA, Gilmar. Curso de Direito Constitucional. 14 ª edição. São Paulo.
Saraiva Educação, 2019.
RAMOS TAVARES, André. Curso de Direito Constitucional. 19ª edição. São Paulo.
Saraiva Educação, 2019.
135
17. Poder Judiciário
O Poder Judiciário tem por função típica a atividade jurisdicional e está regulamentado
nos artigos 92 ao 126 da CF. Sobre o papel constitucional atribuído ao Poder Judiciário,
Gilmar Mendes afirma que a Constituição de 1988 confiou ao Judiciário o papel até então
não outorgado por nenhuma outra Constituição brasileira, de modo a lhe garantir autonomia
institucional, administrativa e financeira para que pudesse cumprir com seus deveres sem
a interferência ou ingerência de nenhum outro poder (MENDES, 2019, n.p.).
17.1. Conceito
O Poder Judiciário é um dos três poderes do Estado Moderno que foi sugerido por
Montesquieu, na teoria da separação dos poderes. De acordo com Pedro Lenza, o referido
poder possui a função típica de realizar a atividade jurisdicional, que é inerente à sua
natureza (LENZA, 2019, n.p.). Também exerce funções atípicas, de natureza legislativa,
como a elaboração do seu regimento interno (art. 96, I, “a”, CR/88) e atípicas, de natureza
administrativa, como decidir sobre a concessão de férias a seus membros (art. 96, I, “f”,
CR/88).
Sobre essa função típica, Pedro Lenza também cita algumas características da
jurisdição, sendo elas (LENZA, 2019, n.p.):
a) a lide (caracterizada por uma pretensão resistida, não havendo consenso quanto
à aplicação do direito ao caso, fazendo-se necessária a intervenção do Judiciário);
b) a inércia (em regra, o Judiciário não pode agir de ofício, devendo haver
provocação para que uma lide seja instaurada); e
c) a definitividade (caracterizada pela coisa julgada proferida no âmbito do
Judiciário).
136
17.2. Do Supremo Tribunal Federal (STF)
137
Superiores ou entre estes e qualquer outro Tribunal;
i) Conflito entre a União e os Estado, ou entre a União e o Distrito Federa ou entre
uns e outros, incluindo sua Administração Indireta;
j) Ações contra o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e contra o Conselho Nacional
do Ministério Público (CNMP);
k) O mandado de injunção, quando a elaboração da norma regulamentadora for
atribuição do Presidente da República, do Congresso Nacional, da Câmara dos
Deputados, do Senado Federal, das Mesas de uma dessas Casas Legislativas,
do Tribunal de Contas da União, de um dos Tribunais Superiores, ou do próprio
STF;
138
Além disso, o STF julgará, em recurso extraordinário, as causas decididas em única ou
última instância, quando a decisão recorrida (art. 102, III, CR/88):
O STJ terá sede na Capital Federal e jurisdição em todo o território nacional, sendo
composto de, no mínimo, trinta e três Ministros, que serão nomeados pelo Presidente da
República dentre brasileiros com mais de trinta e cinco e menos de sessenta e cinco anos,
desde que tenha notável saber jurídico e reputação ilibada. Para tanto, deverá haver
aprovação da escolha pela maioria absoluta do Senado (art. 104, caput, CR/88).
Aqui não se aplica a regra do quinto constitucional (art. 94, CR/88), mas a Constituição
estabelece que 1/3 dos membros do STJ será composto por integrantes do Tribunal Regional
139
Federal (TRF) e 1/3 por integrantes dos Tribunais de Justiça (TJ), indicados em lista tríplice
elaborada pelo próprio Tribunal. Além disso, 1/3, em partes iguais, será ocupado por
advogados e membros do Ministério Público Federal, Estadual, do Distrito Federal e
Territórios, alternadamente, indicados na forma do art. 94.
No que se refere ao julgamento e ao processamento de decisões judiciais, o STJ terá
competência originária e competência recursal, sendo esta dividida em recurso ordinário
e especial (art. 105, I, II, e III, CR/88). Desse modo, competirá ao STJ julgar,
originariamente:
140
jurisdição, Ministro de Estado ou Comandante da Marinha, do Exército ou da
Aeronáutica, ressalvada a competência da Justiça Eleitoral;
É importante fazer uma comparação no que diz respeito aos Ministros de Estado e aos
Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica. Eles serão julgados no Senado,
quando praticarem crime de responsabilidade em conexão com o Presidente da República
(art. 52, I, CR/88). Ainda, serão julgados originariamente perante o STF (art. 101, I, “c”, CR/88)
nos crimes comuns e nos de responsabilidade (salvo se conexos com o Presidente da
República), cabendo também a este Tribunal o julgamento do habeas corpus quando alguma
dessas autoridades for paciente e sofrer constrangimento à sua liberdade de locomoção (art.
101, I, “d”, CR/88). Diferentemente, caberá ao STJ o julgamento do habeas corpus, do
mandado de segurança e do habeas data quando alguma dessas autoridades seja coatora
do ato ilegal (art. 105, I, “b” e “c”, CR/88).
No que se refere ao recurso ordinário, o STJ será competente (art. 105, II, CR/88) para julgar:
Cumpre destacar a diferença existente nesse artigo. No que se refere ao habeas corpus,
a decisão poderá ter sido proferida em única ou em última instância, ao passo que, no caso
do mandado de segurança, a decisão somente poderá ser proferida em única instância.
Ainda, é importante diferenciar o julgamento das lides que envolvam Estados
Estrangeiros e Organismos Internacionais. O julgamento ocorrerá no STF quando
envolver a União, os Estados e o Distrito Federal, sendo a competência originária (art. 101,
I, “e”, CR/88). Por outro lado, a competência será via recurso ordinário e será proferida
decisão pelo STJ quando envolver Municípios ou pessoa natural residente no país (art. 105,
II, “c”, CR/88).
141
Além disso, competirá ao STJ o julgamento de recurso especial quando a causa
envolver (art. 105, III, CR/88):
Por fim, é importante mencionar que dois órgãos funcionarão junto ao STJ (art. 105,
§ único, CR/88). São eles: Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento de
Magistrado, que regulamentará os cursos oficiais para o ingresso e promoção na carreira,
e o Conselho da Justiça Federal, que exercerá a supervisão administrativa e orçamentária
da Justiça Federal de primeiro e segundo grau.
142
Por outro lado, caberá ao TRF julgar originariamente (art. 107, I, CR/88) as causas que
versarem sobre os juízes federais da área de sua jurisdição, incluídos os da Justiça Militar
e da Justiça do Trabalho, nos crimes comuns e de responsabilidade, e os membros do
Ministério Público da União, ressalvada a competência da Justiça Eleitoral. Ainda, julgarão
as revisões criminais e as ações rescisórias de julgados seus ou dos juízes federais da
região, bem como os conflitos de competência entre juízes federais vinculados ao Tribunal.
Por fim, competirão julgar os mandados de segurança e os habeas data contra ato do
próprio Tribunal ou de juiz federal e o habeas corpus, quando o coator for juiz federal.
No que se refere aos juízes federais, estes terão competência para julgar (art. 109, CR/88):
143
i) Os crimes cometidos a bordo de navios ou aeronaves, ressalvada a competência da
Justiça Militar;
j) Os crimes de ingresso ou permanência irregular de estrangeiro, a execução de carta
rogatória, após o exequatur, e de sentença estrangeira, após a homologação, as
causas referentes à nacionalidade, inclusive a respectiva opção, e à naturalização;
k) A disputa sobre direitos indígenas;
Quando a União for parte em uma demanda, é importante diferenciar duas situações (art.
109, § 1 º e 2 º, CR/88). Se for autora, a demanda será proposta na seção judiciária onde o
réu tiver domicílio. Por outro lado, se a União for ré, a ação poderá ser proposta na seção
judiciária do domicílio do autor, ou no local onde houver ocorrido o ato que deu origem à
demanda, ou no local onde esteja situada a coisa, ou, ainda, no Distrito Federal.
144
fim, o Tribunal de Justiça, com o intuito de dirimir conflitos fundiários, poderá propor a criação
de varas especializadas, que terão competência exclusiva para questões agrárias.
A Constituição estabelece que são órgãos da Justiça do Trabalho (art. 111, CR/88) o
Tribunal Superior do Trabalho (TST), o Tribunal Regional do Trabalho (TRT) e os juízes do
trabalho. Aplica-se ao TST e ao TRF a regra do quinto constitucional (art. 94, CR/88), de
modo que 1/5 de seus membros será composto por advogados ou por membros do
Ministério Público com mais de dez anos de exercício funcional.
No que se refere à composição do TST, destaca-se que este será composto por vinte e
sete Ministros, que serão escolhidos dentre os brasileiros com mais de trinta e cinco e
menos de sessenta e cinco anos, sendo nomeados pelo Presidente da República após
aprovação pela maioria absoluta do Senado (art. 111-A, caput, CR/88). O TRT, por sua vez,
compõe-se de, no mínimo, sete juízes, que serão nomeados pelo Presidente da República
dentre os brasileiros com mais de trinta e cinco e menos de sessenta e cinco anos, sendo
que esses Tribunais instalarão a justiça itinerante, com a realização de audiências e demais
funções jurisdicionais, podendo funcionar de maneira descentralizada, de modo a constituir
Câmaras Regionais para garantir o pleno acesso à justiça aos cidadãos (art. 115, CR/88).
145
No que se refere à Justiça Eleitoral, a Constituição elenca os órgãos que a compõe,
sendo eles o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o Tribunal Regional Eleitoral (TRE), os Juízes
Eleitorais e as Juntas Eleitorais (art. 118, CR/88). A Lei complementar irá dispor sobre a
organização e a competência da Justiça Eleitoral, sendo que os juízes dos Tribunais Eleitorais,
em regra, servirão por no mínimo dois anos e no máximo dois biênios consecutivos.
A composição do TSE será de, no mínimo, sete Ministros, ocorrendo eleição, por voto
secreto, para a escolha de três membros do STF (um deles será o Presidente) e dois do
STJ (um deles será o Corregedor Geral). Os outros dois membros serão nomeados pelo
Presidente da República dentre seis advogados de notável saber jurídico e idoneidade
moral, que serão eleitos pelo STF (art. 119, I e II, CR/88). O TRE será composto, mediante
eleição por voto secreto, de dois desembargadores do TJ e de mais dois juízes estaduais
escolhidos pelo TJ. Além disso, será integrado por um juiz federal ou por um
desembargador federal, neste caso somente se o TRF tiver sede na Capital do Estado ou
no Distrito Federal. Por fim, os outros dois membros serão nomeados pelo Presidente da
República dentre seis advogados de notável saber jurídico e idoneidade moral, que serão
indicados pelo TJ (art. 120, CR/88).
A Justiça Militar será integrada pelo Superior Tribunal Militar (STM) e pelos Tribunais e pelos
Juízes Militares instituídos por lei (art. 122, II e II, CR/88). Essa Justiça somente irá julgar
os crimes militares definidos em lei, sendo que esta é que irá dispor sobre a organização,
o funcionamento e a competência da Justiça Militar.
Mapa Mental
146
Estado Estrangeiro ou
Organismo Internacional
STF STJ
Território
Senado
• Crime de responsabilidade conexo com o Presidente
STF
• Crime Comum
• Crime de Responsabilidade, salvo se conexo com o Presidente
• HC - quando paciente
STJ
• Mandado de Segurança - quando coator
• Habeas Data - quando coator
• HC - quando coator
147
Referências bibliográficas
LENZA, Pedro. Direito Constitucional Esquematizado. 23ª edição. São Paulo. Saraiva
Educação, 2019.
MENDES FERREIRA, Gilmar. Curso de Direito Constitucional. 14 ª edição. São Paulo.
Saraiva Educação, 2019.
RAMOS TAVARES, André. Curso de Direito Constitucional. 19ª edição. São Paulo.
Saraiva Educação, 2019.
142
18. Organização do Poder Judiciário
André Ramos Tavares, ao dispor sobre a organização do Poder Judiciário, assevera que
sua estrutura se divide, para fins didáticos, em Justiça Federal e Estadual. A Federal tem
competência taxativa e se subdivide em comum e especializada, sendo esta última
composta pelas Justiças Militar, Eleitoral e Trabalhista. A Justiça Estadual, por sua vez,
tem competências residuais, ou seja, pode tratar de tudo aquilo que não for de competência
especializada de outra Justiça (TAVARES, 2019, n.p.).
O Supremo Tribunal Federal entende que o Poder Judiciário é uno, sendo que essa
divisão é feita somente para sistematizar o conhecimento, já que o Judiciário possui âmbito
nacional (ADI 3.367/DF, rel. Min Cezar Peluso, DJ de 17-03-2006).
No que se refere à organização do Poder Judiciário, Gilmar Mendes divide o tema em
alguns tópicos, quais sejam: a divisão dos tribunais, a formação do quinto constitucional e
dos precatórios, além do funcionamento dos órgãos judiciais sobre a ótica da autonomia e
da celeridade na prestação jurisdicional. Ainda, estuda-se a exigência da fundamentação e
da publicidade dos atos judiciais, bem como as garantias e vedações estipuladas aos
magistrados (MENDES, 2019, n.p.). Todos esses temas foram vistos no tópico “Poder
Judiciário”, de modo que no momento visa-se apenas explanar como é feita a divisão e a
organização do Poder Judiciário.
Gilmar Mendes afirma que a estrutura do Judiciário é definida pelo artigo 92 da
Constituição, sendo hierarquizada e constituída por diversos órgãos (MENDES, 2019, n.p.).
O órgão máximo é o Supremo Tribunal Federal (STF), que exerce a função de guardião da
Constituição e promove o controle de constitucionalidade. Logo abaixo, encontram-se os
Tribunais Superiores, que são: Superior Tribunal de Justiça (STJ), Tribunal Superior do
Trabalho (TST), Superior Tribunal Militar (STM) e Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Logo
abaixo, estão os Tribunais de segundo grau, como os Tribunais de Justiça (TJ), Tribunais
Regionais Federais (TRF), Tribunais Regionais Eleitorais (TRE), Tribunais Regional do
Trabalho (TRT). Por fim, encontram-se os juízes, que exercem a jurisdição no primeiro grau.
143
O presente tópico visa explanar como é feita a organização do Judiciário, sendo que cada um
dos mencionados tribunais será tratado no tópico específico “Poder Judiciário”.
144
No que se refere à atividade jurisdicional, é importante destacar que as decisões
judiciais serão fundamentadas e públicas, sob pena de nulidade, mas poderão ser
restritas às partes e a seus advogados, ou somente a estes, em casos excepcionais e
específicos que exijam essa limitação (art. 93, IX, CR/88). Já as decisões administrativas
dos Tribunais também deverão ser sempre motivadas e em sessão pública, sendo que as
decisões disciplinares serão tomadas pelo voto da maioria absoluta de seus membros
(art. 93, X, CR/88).
A atividade jurisdicional será sempre ininterrupta, sendo vedadas férias coletivas nos
juízes e nos tribunais de segundo grau, devendo haver o seu funcionamento mesmo nos dias
em que não houver expediente forense normal, pois haverá juiz em plantão permanente (art.
93, XII, CR/88). Ainda, cumpre destacar que o número de juízes deverá ser proporcional à
efetiva demanda judicial e à respectiva população (art. 96, XIII, CR/88).
Existe uma importante regra conhecida como quinto constitucional, que é aplicável
aos TRFs e aos Tribunais dos Estados, do Distrito Federal e Território (art. 94, CR/88).
De acordo com essa regra, 1/5 dos lugares desses Tribunais serão ocupados,
alternadamente, por membros do Ministério Público e por advogados com mais de dez
anos de carreira, sendo que neste último caso também é exigido notório saber jurídico e
reputação ilibada. Os interessados irão compor lista sêxtupla que será feita pelos órgãos
de representação das respectivas classes. Após o recebimento dessas indicações, o
Tribunal interessado formará lista tríplice e a enviará ao Poder Executivo que, nos vinte
dias subsequentes, escolherá um de seus integrantes para ser nomeado pela regra do
quinto constitucional.
145
Ainda, é vedado que os magistrados: a) exerçam, ainda que em disponibilidade, outro
cargo ou função, salvo a de magistério; b) receber, a qualquer pretexto, custas ou
participação no processo, além de auxílios ou contribuições de qualquer pessoa física
ou jurídica, ressalvadas as exceções previstas em lei; c) dedicar-se à atividade político-
partidária; d) exercer a advocacia no juízo ou tribunal ao qual se afastou antes de decorrido
três anos do afastamento do cargo em razão de exoneração ou de aposentadoria.
18.3. Precatórios
Por fim, passa-se ao estudo dos precatórios, que é uma espécie de requisição de
pagamento feita por um terceiro, para que a Fazenda Pública, que é devedora, lhe pague
certa quantia em dinheiro (art. 100, CR/88). Assim, os pagamentos devidos pelas Fazendas
Federal, Distrital, Estaduais e Municipais em razão de sentenças judiciais transitadas em
julgado serão efetuados mediante a ordem cronológica dos precatórios.
146
Esses débitos da Fazenda, apesar de também advirem de uma decisão judicial, terão um
regramento distinto e mais simplificado do que aquele estabelecido para os precatórios.
Apesar de existir essa ordem cronológica, alguns pagamentos terão preferência sobre
os demais, como é o caso dos débitos de natureza alimentícia, os créditos pertencentes às
pessoas maiores de sessenta anos ou que tenham alguma deficiência ou doença grave
(art. 100, § 2 º, CR/88). Caso o indivíduo se enquadre em alguma dessas hipóteses, ele terá
prioridade de recebimento sobre todos os demais débitos, até o valor equivalente ao triplo
do fixado em lei como sendo o valor máximo.
147
Mapa Mental
Quinto Constitucional
Tribunal declara:
inconstitucionalidade, por Controle pelo juiz
maioria absoluta de voto
Norma anterior à
Constituição
148
STF
Tribunal
TRF e TJ TRT TRE
Militar
149
Referências bibliográficas
LENZA, Pedro. Direito Constitucional Esquematizado. 23ª edição. São Paulo. Saraiva
Educação, 2019.
MENDES FERREIRA, Gilmar. Curso de Direito Constitucional. 14 ª edição. São Paulo.
Saraiva Educação, 2019.
RAMOS TAVARES, André. Curso de Direito Constitucional. 19ª edição. São Paulo.
Saraiva Educação, 2019.
150
19. Funções Essenciais à Justiça
O Poder Constituinte deu um tratamento constitucional diferenciado às seguintes
atividades profissionais, ao atribuir o status de funções essenciais à Justiça: Ministério
Público, Advocacia Pública, Advocacia e Defensoria Pública. A matéria está regulamentada
nos art. 127 a 135 da Constituição da República de 1988.
19.1. Conceito
Pedro Lenza (2019) afirma que as funções essenciais à justiça são algumas atividades
públicas e privadas que estão previstas nos artigos 127 a 135 da CR/88 e surgiram com o
objetivo de viabilizar e de dinamizar a atividade jurisdicional. Serão compostas pela
advocacia privada e pública, pelo Ministério Público e pela Defensoria Pública.
Gilmar Mendes (2019) afirma que a movimentação do Poder Judiciário é importante para
que os conflitos possam ser resolvidos e para que os direitos possam ser garantidos.
Para tanto, é necessário que existam agentes que oficiem perante o juízo, exercendo,
portanto, uma função essencial à justiça.
André Ramos Tavares (2019) faz uma observação no que diz respeito à polícia judiciária,
afirmando que os corpos voltados à segurança pública, apesar de sua importância, não
pertencem ao capítulo das “Funções Essenciais à Justiça” e sim ao Título “Da Defesa do
Estado e das Instituições Democráticas”. Essas funções investigativas serão realizadas
pela política federal e pela polícia civil, dentro dos seus respectivos âmbitos de atuação.
Para que possa cumprir com seus deveres constitucionais, ao Ministério Público é
assegurada autonomia funcional e administrativa, podendo propor ao Poder Legislativo
a criação extinção de seus cargos e serviços auxiliares, provendo-os por concurso público,
a política remuneratória e os planos de carreira.
151
O Ministério Público abrange o Ministério Público da União (MPU), que compreende o
Ministério Público Federal (MPF), o Ministério Público do Trabalho (MPT), o Ministério Público
Militar e o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios. Além disso, existem os
Ministérios Públicos dos Estados, que estão fora do âmbito do MPU (art.128, CR/88).
Dentre as garantias instituídas a seus membros, destaca-se a vitaliciedade, após dois
anos de exercício, não podendo perder o cargo senão por sentença judicial transitada em
julgado, a irredutibilidade de subsídio e a inamovibilidade, salvo por motivo de interesse
público, mediante decisão do órgão colegiado competente do Ministério Público, pelo voto da
maioria absoluta de seus membros.
Por outro lado, aplicam-se vedações a seus membros, sendo elas: a) receber, a
qualquer título e sob qualquer pretexto, honorários, percentagens ou custas processuais;
b) exercer a advocacia; c) participar de sociedade comercial, na forma da lei; d) exercer,
ainda que em disponibilidade, qualquer outra função pública, salvo uma de magistério;
e) exercer atividade político-partidária; f) receber auxílios ou contribuições de pessoas
físicas, entidades públicas ou privadas, ressalvadas as exceções previstas em lei.
Por fim, destacam-se as principais funções institucionais do Ministério Público, que estão
estabelecidas no artigo 129 da CR/88, sendo elas promover, privativamente, o inquérito civil
e a ação penal pública, na forma da lei, bem como promover a ação de
inconstitucionalidade ou representação para intervenção da União e dos Estados. Além
disso, defenderá os direitos das populações indígenas e exercerá o controle externo da
atividade policial. Por fim, poderá requisitar diligências investigatórias e a instauração de
inquérito policial.
152
19.3. A Advocacia e a Advocacia pública
Por outro lado, no que tange à Advocacia Pública, é importante destacar os artigos 131
e 132 da CR/88, de modo que a Advocacia-Geral da União é a instituição que representa a
União, judicial e extrajudicialmente, cabendo-lhe a consultoria e o assessoramento jurídico
do Poder Executivo. Já os Procuradores dos Estados e do Distrito Federal, por sua vez,
exercerão a representação judicial e a consultoria jurídica das respectivas unidades
federadas. Além disso, terão, como garantia, a estabilidade após três anos de efetivo
exercício, mediante avaliação de desempenho perante os órgãos próprios.
Mapa Mental
Funções essenciais
à justiça
153
Referências bibliográficas
LENZA, Pedro. Direito Constitucional Esquematizado. 23ª edição. São Paulo. Saraiva
Educação, 2019.
RAMOS TAVARES, André. Curso de Direito Constitucional. 19ª edição. São Paulo.
Saraiva Educação, 2019.
VASCONCELOS, Clever. Curso de Direito Constitucional. 6ª edição. São Paulo. Saraiva
Educação, 2019.
154
20. Controle de Constitucionalidade
20.1. Conceito
155
considerar incompatível com a Constituição. Por fim, o terceiro é uma junção dos dois
primeiros, possuindo tanto o controle concentrado quanto o difuso.
156
com vício subjetivo, que diz respeito ao vício de iniciativa ou objetivo, que é
a inobservância das regras constitucionais nas demais fases do processo
legislativo (exemplo, desrespeito ao quórum de maioria absoluta para
aprovação de lei complementar);
b. Material (nomoestática): se relaciona com o conteúdo da lei ou do ato
normativo;
157
c) Medida Cautelar;
d) Nos casos de recepção e de revogação de leis ou atos normativos, pois trata-se de
normas anteriores à Constituição, não havendo que se falar em controle de
inconstitucionalidade;
e) Normas pré-constitucionais;
f) Súmulas do STF;
g) Normas que estejam de acordo com precedentes do STF e do próprio Tribunal que
estiver julgando a lide;
h) Julgamento proferido por um Magistrado de primeiro grau, vez que a decisão é feita
somente por uma pessoa, não havendo que se falar em colegialidade;
158
caso haja o voto de 2/3 dos membros do Tribunal; d) terá efeito Ex Nunc, não havendo
retroatividade. Diferentemente da decisão final proferida em sede de ADI, vez que, neste
caso, o efeito será Ex Tunc e haverá retroatividade; e) ocorrerá o efeito repristinatório, de
modo a tornar aplicável a legislação anterior. Assim, haverá a devolução automática do
ato que havia sido revogado pela lei que acabou de ser considerada inconstitucional;
159
Antes de entrar no estudo específico de cada uma das mencionadas ações, cumpre
destacar o papel de algumas autoridades importantes no deslinde do caso. Primeiramente, o
PGR deverá estar presente em todas as ações de controle concentrado que tramitam
perante o STF e não poderá desistir da ação interposta, embora possa opinar pela
constitucionalidade da lei.
Por outro lado, o Advogado Geral da União (AGU) é obrigatório nas ações de
inconstitucionalidade (ADI) que tramitam perante o STF, mas é dispensável nas ações que
discutem a sua constitucionalidade (ADC). Em regra, devem defender a
constitucionalidade de um ato normativo, já que esta é presumida, mas,
excepcionalmente, poderão defender a inconstitucionalidade de uma lei, caso seja do
interesse da União ou caso o STF já tenha se manifestado dessa maneira em sede de
controle concentrado ou difuso.
Ainda, o Amicus Curiae é uma pessoa, um órgão ou uma entidade não litigante que
leva ao STF informações relevantes para o julgamento da ação, não tendo o poder de
recorrer, via de regra. É importante destacar que é irrecorrível a decisão proferida pelo STF
que inadmite ou que admite sua participação na ação.
A ADI poderá ser proposta em face de lei em vacatio legis (período entre a publicação
e a entrada em vigor da lei), de resoluções e de decretos autônomos e legislativos, uma
vez que são atos normativos primários, conforme preceitua o artigo 59 da CR/88. Entretanto,
não poderão ser opostos em face de:
Ainda, diferentemente da ADI e da ADC, existe um rol maior de atos que poderão ser
analisados pelo STF, uma vez que poderá discutir:
161
d) Ato administrativo;
e) Ato judicial, salvo se já tiver ocorrido o trânsito em julgado deste;
f) Ato realizado por um particular em delegação, sendo, portanto, um ato concreto;
g) Normas pré-constitucionais, igual ocorre no controle difuso
162
20.7. Da Repristinação e do Efeito Repristinatório
Inicialmente, cumpre destacar algumas situações que poderão ocorrer, caso haja
alteração da lei impugnada via ADI durante o curso da ação. Caso ocorra essa situação,
em regra, haverá perda do objeto, com a consequente extinção da ADI. Entretanto, caso a
parte autora prove que a nova lei padece dos mesmos vícios da anterior, poderá haver a
continuidade do julgamento perante o STF. Além disso, não haverá perda do objeto,
portanto, continuará o julgamento da ADI, se ocorrer: a) fraude, oportunidade em que
deverá ser demonstrado que houve a revogação da lei apenas para evitar o julgamento da
ADI; b) Conteúdo da lei revogada seja repetido em outra norma; c) STF já tenha iniciado
o julgamento de mérito da decisão e não tenha sido comunicado acerca da alteração da
lei impugnada via ADI.
163
(não inclui o controle difuso) e os acórdãos proferidos em sede dos Incidentes de Assunção
de Competência e de Resolução de Demandas Repetitivas.
Mapa Mental
164
Anterior à
Norma Revogada
CF
Difuso -
Difuso
Somente
ADPF
165
- Não retroage - Retroage
Efeito Ex Nunc
Efeito Ex Tunc
- Medida - ADI, ADC,
Cautelar ADPF e ADO
- Difuso
- Efeito contra
todos
Lei Municipal
Recurso
Extraordinário em
sede de ADI no
TJ - Norma de
reprodução
obrigatória
166
Preventivo CCJ
Legislativo
Tipos de Controle
Preventivo Veto
Executivo
Chefe do Executivo não
Repressivo aplicar uma lei a um caso
concreto
MS para preservar a
Preventivo competência parlamentar
Judiciário
Controle concentrado ou
Repressivo difuso
167
Referências bibliográficas
LENZA, Pedro. Direito Constitucional Esquematizado. 23ª edição. São Paulo. Saraiva Educação,
2019
MENDES FERREIRA, Gilmar. Curso de Direito Constitucional. 14 ª edição. São Paulo. Saraiva
Educação, 2019.
RAMOS TAVARES, André. Curso de Direito Constitucional. 19ª edição. São Paulo. Saraiva
Educação, 2019.
168
21. Defesa do Estado e das instituições democráticas
O Título V (Da Defesa do Estado e das Instituições democráticas) da Constituição da
República de 1988 é um dos elementos de estabilização constitucional (LENZA, 2019, n.p.).
A matéria está regulamentada nos art. 136 ao 144 da CF. A matéria é de extrema importância
para as provas e tem sido cada vez mais cobrada.
21.1. Conceito
Pedro Lenza (2019) nos ensina que a Defesa do Estado e das Instituições
Democráticas, para fins didáticos, pode ser dividida em dois grupos, sendo o primeiro deles
relacionados com instrumentos que viabilizam essa defesa, sendo o estado de defesa e o
estado de sítio. O outro grupo, por sua vez, tem como objetivo a defesa do País como um
todo, sendo constituído pelas Forças Armadas e pela Segurança Pública. No mesmo
sentido, André Ramos Tavares (2019) afirma que são medidas excepcionais de controle
do pacto federativo, vez que, em regra, um poder não poderá intervir no outro.
Sobre o tema, Clever Vasconcelos (2019) afirma que a defesa do Estado consiste na
proteção incondicional do território brasileiro contra invasões estrangeiras (arts. 34, II e
137, II, CR/88), na defesa da soberania nacional (art. 91, CR/88) e na segurança da Pátria
(art. 142, CR/88). Isso ocorre, pois é necessário que haja a defesa das instituições
democráticas, caso haja a extrapolação dos limites constitucionais por algum dos
poderes, uma vez que não pode existir a preponderância de um grupo sobre os demais.
169
contados de seu recebimento. Entretanto, caso haja rejeição do decreto, haverá a cessação
imediata do Estado de Defesa.
No que se refere ao tempo de duração do estado de defesa, este não será superior a
trinta dias, podendo ser prorrogado uma vez, por igual período, se persistirem as razões
que justificaram a sua decretação. Por fim, é importante destacar situações que poderão
estar presentes na vigência do estado de defesa, sendo elas: a) a prisão por crime contra
o Estado, determinada pelo executor da medida, será por este comunicada
imediatamente ao juiz; b) a comunicação será acompanhada de declaração, pela
autoridade, do estado físico e mental do detido; c) a prisão de qualquer pessoa não poderá
ser superior a dez dias, salvo quando autorizada pelo Poder Judiciário; d) é vedada a
incomunicabilidade do preso.
170
apreciar o ato, sendo que a mencionada Casa Legislativa permanecerá em funcionamento
até o término das medidas coercitivas.
No que se refere às Forças Armadas, o artigo 142 da CR/88 garante que aquelas serão
constituídas pela Marinha, pelo Exército e pela Aeronáutica. São instituições nacionais
permanentes e regulares, organizadas com base na hierarquia e na disciplina, sob a
autoridade suprema do Presidente da República, e destinam-se à defesa da Pátria, à
garantia dos poderes constitucionais e da lei e da ordem.
Cumpre destacar que não caberá habeas corpus em relação a punições disciplinares
militares, sendo que os membros das Forças Armadas são denominados militares,
estando, portanto, proibidas à sindicalização, à greve e a filiação à partidos políticos,
enquanto em serviço ativo.
A Constituição aduz que o serviço militar será obrigatório, exceto no caso das
mulheres e dos eclesiásticos, que ficarão isentos desse serviço (art. 143). Entretanto,
caberá às Forças Armadas atribuir serviço alternativo aos que, em tempo de paz, após
alistados, alegarem imperativo de consciência, entendendo-se como tal o decorrente de
crença religiosa e de convicção filosófica ou política, para se eximirem de atividades de
caráter militar.
171
21.5. Da Segurança Pública
Mapa Mental
Estado de Segurança
Estado de Sítio Forças Armadas
Defesa Pública
172
Diferença entre
Posterior
comunicação ao CN,
que deverá decidir
em 10 dias
173
Referências bibliográficas
LENZA, Pedro. Direito Constitucional Esquematizado. 23ª edição. São Paulo. Saraiva Educação,
2019
RAMOS TAVARES, André. Curso de Direito Constitucional. 19ª edição. São Paulo. Saraiva
Educação, 2019.
VASCONCELOS, Clever. Curso de Direito Constitucional. 6ª edição. São Paulo. Saraiva Educação,
2019
174
22. Da ordem econômica e financeira
Pedro Lenza (LENZA, 2019, n.p.) assevera que o contexto do advento da ordem
econômica e financeira na Constituição Federal se deu principalmente a partir do século XX,
em que foi necessário haver a constitucionalização da economia em razão das inúmeras
situações de abuso do poder econômico. Desse modo, visa-se assegurar a todos os
indivíduos uma existência digna e que respeite a justiça social. A Ordem Econômica e
Financeira está regulamentada nos artigos 170 ao 192 da Constituição de 1988
22.1. Conceito
Clever Vasconcelos (2019) entende que a Constituição Federal instituiu uma ordem
econômica intervencionista, embora seja fundada na liberdade de iniciativa econômica e
seja assegurado o direito de propriedade privada dos meios de produção. Busca-se a
harmonia entre a livre iniciativa e a garantia da concretização da justiça social e da
valorização do trabalho.
André Ramos Tavares (2019) reitera que, no que diz respeito à competência legislativa
dos entes federados, caberá à União, aos Estados e ao Distrito Federal (DF) a
regulamentação, de maneira concorrente, sobre o direito econômico (arts, 170 a 192,
CR/88). Nesses casos, caberá à União editar normas gerais e aos Estados e ao DF a
suplementação de acordo com as peculiaridades locais.
175
c) função social da propriedade;
d) livre concorrência;
e) defesa do consumidor;
f) defesa do meio ambiente;
g) redução das desigualdades regionais e sociais;
Cumpre destacar outra diferenciação presente no artigo 174 da CR/88. Como agente
normativo e regulador da atividade econômica, o Estado exercerá, na forma da lei, as
funções de fiscalização, incentivo e planejamento, sendo este determinante para o setor
público e indicativo para o setor privado.
176
22.3. Política Urbana
Para que possa cumprir com seu dever constitucional, os Municípios irão elaborar o
plano diretor, que é o instrumento básico da política de desenvolvimento e de expansão
urbana. Sua aprovação irá ocorrer pela Câmara Municipal e será obrigatório para cidades
com mais de vinte mil habitantes, sendo que a propriedade urbana irá cumprir com sua
função social quando atender às exigências expressas no plano diretor.
Ainda, será facultado ao Poder Público municipal, mediante lei específica para área
incluída no plano diretor, exigir, nos termos da lei federal, do proprietário do solo urbano
não edificado, subutilizado ou não utilizado, que promova seu adequado aproveitamento,
sob pena, sucessivamente, de (art. 182, , § 4º, CR/88): a) Parcelamento ou edificação
compulsórios; b) IPTU progressivo no tempo; c) Desapropriação com pagamento
mediante títulos da dívida pública de emissão previamente aprovada pelo Senado Federal,
com prazo de resgate de até dez anos, em parcelas anuais, iguais e sucessivas, assegurados
o valor real da indenização e os juros legais. É importante destacar que esta última hipótese
trata da desapropriação para política urbana, tendo função sancionatória. As demais
desapropriações comuns de imóveis urbanos serão feitas com prévia e justa indenização
em dinheiro.
O art. 183 da CF prevê a usucapião especial urbana ao prever que aquele que possuir
como sua área urbana de até duzentos e cinquenta metros quadrados, por cinco anos,
ininterruptamente e sem oposição, utilizando-a para sua moradia ou de sua família, adquirir-
lhe-á o domínio, desde que não seja proprietário de outro imóvel urbano ou rural.
Entretanto, existem situações em que será inviável haver a desapropriação para fins
de reforma agrária (art. 185, CR/88), como é o caso da propriedade produtiva e da
pequena e média propriedade rural, assim definida em lei, desde que seu proprietário não
possua outra. Ainda no que se refere à Reforma Agrária, a Constituição garante que os
beneficiários da distribuição de imóveis rurais pela reforma agrária receberão títulos de
domínio ou de concessão de uso, inegociáveis pelo prazo de dez anos (art. 189, CR/88)
Por fim, existe a chamada usucapião constitucional, que está prevista no artigo 192
da CR/88. Irá beneficiar aquele que, não sendo proprietário de imóvel rural ou urbano,
possua como seu, por cinco anos ininterruptos, sem oposição, área de terra, em zona rural,
não superior a cinquenta hectares, tornando-a produtiva por seu trabalho ou de sua
família, tendo nela sua moradia, adquirir-lhe-á a propriedade. Importante lembrar que os
imóveis públicos não serão adquiridos por usucapião.
No que tange ao Sistema Financeiro Nacional, o artigo 192 da CR/88 garante que
aquele será estruturado de forma a promover o desenvolvimento equilibrado do País e a
servir aos interesses da coletividade, de modo a abranger as cooperativas de crédito,
devendo ser regulado por leis complementares.
Mapa Mental
178
Ordem
Econômica e
Financeira
Setor Público -
Determinante
Estado como agente
normativo e regulador
da atividade econômica
Setor Privado -
Indicativo
179
c
Referências bibliográficas
LENZA, Pedro. Direito Constitucional Esquematizado. 23ª edição. São Paulo. Saraiva Educação,
2019
RAMOS TAVARES, André. Curso de Direito Constitucional. 19ª edição. São Paulo. Saraiva
Educação, 2019.
VASCONCELOS, Clever. Curso de Direito Constitucional. 6ª edição. São Paulo. Saraiva Educação,
2019.
180
c
Conforme aduz André Ramos Tavares (2019), esses direitos sociais são conhecidos
como de segunda geração ou dimensão e necessitam de uma atuação positiva por parte
do Poder Público, que deverá atuar de maneira efetiva para garantir a implementação de
tais direitos e, com isso, garantir a Ordem Social. A Constituição Federal a divide em
capítulos, sendo eles: seguridade social, educação, cultura, desporto, ciência, tecnologia,
inovação, comunicação social, meio ambiente, família, criança, adolescente, jovem, idoso e
índios.
181
c
Para incentivar o cumprimento dos deveres constitucionais, caso uma pessoa jurídica
esteja em débito com a seguridade social, não poderá contratar com o Poder Público e
nem receber benefícios deste até que quite com suas obrigações (art. 195, § 3º, CR/88).
Em contrapartida, serão isentas da referida contribuição as entidades beneficentes de
assistência social que atendam às exigências estabelecidas em lei (art. 195, § 7º, CR/88).
No que se refere às contribuições sociais, garante-se que estas somente poderão ser
exigidas após decorrido o prazo de noventa dias da data da publicação da lei que as houver
instituído ou majorado. Ainda, com o intuito de garantir a efetividade do sistema, nenhum
benefício ou serviço da seguridade social poderá ser criado, majorado ou estendido sem
a correspondente fonte de custeio total (art. 195, § 5º e 6 º, CR/88).
182
c
A execução do serviço de saúde não é exclusiva do Poder, pois também poderá ser feita
por terceiros particulares, sejam pessoas físicas ou pessoas jurídicas (art. 197, CR/88).
Desse modo, percebe-se que a assistência à saúde é livre à iniciativa privada, que poderá
participar de forma
Por fim, passa-se ao estudo da assistência social, que, assim como a saúde, independe
da contribuição por parte do beneficiário, que será o indivíduo que possua deficiência ou
que seja idoso, desde que comprovem não possuir meios de prover a própria manutenção
ou de tê-la provida por sua família (art. 203, V, CR/88). O benefício será composto pela
garantia de um salário mínimo de benefício mensal àquele que preencher os requisitos
constitucionais.
183
c
Por fim, salienta-se que as diretrizes que cabem à assistência social são (art. 204,
CR/88): a) descentralização político-administrativa, cabendo a coordenação e as normas
gerais à esfera federal e a coordenação e a execução dos respectivos programas às esferas
estadual e municipal, bem como a entidades beneficentes e de assistência social; b)
participação da população, por meio de organizações representativas, na formulação das
políticas e no controle das ações em todos os níveis.
184
c
Ainda, é importante destacar que, conforme preceitua o artigo 209 da CR/88, o ensino é
livre à iniciativa privada, desde que haja o cumprimento das normas gerais da educação
nacional e a autorização e avaliação de qualidade pelo Poder Público. Além disso, serão
fixados conteúdos mínimos para o ensino fundamental, sendo que haverá o ensino
religioso, de matrícula facultativa, a ser prestado conforme os horários normais das
escolas públicas de ensino fundamental, além de que será assegurada às comunidades
indígenas também a utilização de suas línguas maternas e processos próprios de
aprendizagem (art. 210, CR/88).
Sobre a atuação dos entes federados no âmbito da educação, cumpre destacar algumas
diferenciações. Primeiramente, caberá à União organizar o sistema federal de ensino e o dos
Territórios e exercer a função redistributiva e supletiva, de forma a garantir equalização
de oportunidades educacionais e padrão mínimo de qualidade do ensino mediante
assistência técnica e financeira aos demais entes (art. 211, § 1º, CR/88), devendo aplicar o
185
c
mínimo de 18%, anualmente, da receita resultante dos impostos na área da educação, sendo
essa transferência realizada anualmente (art. 212, CR/88).
Os Estados e o Distrito Federal atuarão prioritariamente no ensino fundamental e
médio. Por outro lado, os Municípios atuarão prioritariamente no ensino fundamental e na
educação infantil (art. 211, § 3º e 2 º, CR/88, respectivamente). Tanto os Estados e o Distrito
Federal quanto os Municípios deverão aplicar o mínimo de 25% da receita resultante dos
impostos na área da educação, sendo essa transferência realizada anualmente (art. 212,
CR/88).
Por fim, a lei estabelecerá o plano nacional de educação, de duração decenal (dez
anos), visando, dentre outros objetivos, à erradicação do analfabetismo e a
universalização do atendimento escolar (art. 214, CR/88). Cuidado com a diferença entre
os termos, pois as provas costumam confundir o candidato ao trocar as palavras erradicar e
reduzir, sendo que, no caso no analfabetismo, busca-se a sua erradicação e não somente a
sua redução.
Já a cultura será garantida pelo Estado, que irá assegurar a todos o pleno exercício
dos direitos culturais e acesso às fontes da cultura nacional, e apoiará e incentivará a
valorização e a difusão das manifestações culturais (art. 215, CR/88). Ainda, a lei
estabelecerá o Plano Nacional de Cultura, de duração plurianual, visando ao
desenvolvimento cultural do País e à integração das ações do poder público.
Ainda, é importante destacar o artigo 216 da CR/88, que estabelece que constituem
patrimônio cultural brasileiro os bens de natureza material e imaterial, tomados
individualmente ou em conjunto, portadores de referência à identidade, à ação, à memória
dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira, nos quais se incluem: a) as formas
de expressão; b) os modos de criar, fazer e viver; c) as criações científicas, artísticas e
tecnológicas; d) as obras, objetos, documentos, edificações e demais espaços destinados
às manifestações artístico-culturais; e) os conjuntos urbanos e sítios de valor histórico,
paisagístico, artístico, arqueológico, paleontológico, ecológico e científico.
186
c
Por fim, destaca-se o desporto, que está previsto no artigo 217, caput, da CR/88 e dispõe
que é dever do Estado fomentar práticas desportivas formais e não-formais. Para tanto, se
deve observar a autonomia das entidades desportivas dirigentes e associações, quanto a
sua organização e funcionamento, bem como o tratamento diferenciado para o desporto
profissional e o não profissional. Além disso, deverá haver a destinação de recursos
públicos para a promoção prioritária do desporto educacional e, em casos específicos,
para a do desporto de alto rendimento.
No que se refere ao investimento que poderá ser realizado nas empresas que invistam
em ciência, em tecnologia e em inovação, a Constituição assevera que a lei apoiará e
estimulará as empresas que façam esse tipo de investimento e que pratiquem sistemas
de remuneração que assegurem ao empregado, desvinculada do salário, participação nos
ganhos econômicos resultantes da produtividade de seu trabalho. Além disso, é facultado
aos Estados e ao Distrito Federal vincular parcela de sua receita orçamentária a entidades
públicas de fomento ao ensino e à pesquisa científica e tecnológica (art. 218, § 4 º e 5 º,
CR/88). Ainda, o Estado promoverá e incentivará a atuação no exterior das instituições
públicas de ciência, tecnologia e inovação (art. 218, § 7 º, CR/88).
Por fim, destaca-se que o mercado interno integra o patrimônio nacional e será
incentivado de modo a viabilizar o desenvolvimento cultural e socioeconômico, o bem-estar
187
c
Por fim, o artigo 223 da CR/88 estabelece que compete ao Poder Executivo outorgar e
renovar concessão, permissão e autorização para o serviço de radiodifusão sonora e de
sons e imagens, observado o princípio da complementaridade dos sistemas privado,
público e estatal. Para tanto, deverá haver a apreciação do ato pelo Congresso Nacional,
188
c
Ainda, cumpre destacar que o ato de outorga, ou renovação, somente produzirá efeitos
legais após deliberação do Congresso Nacional, sendo que o cancelamento desses antes
de vencido o prazo necessitará de decisão judicial. Por fim, é importante mencionar que o
prazo da concessão ou permissão será de dez anos para as emissoras de rádio e de quinze
para as de televisão.
A Constituição Federal, em seu artigo 225, garante que todos têm direito ao meio
ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia
qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e
preservá-lo para as presentes e futuras gerações. É importante fazer uma diferenciação
entre dois termos parecidos, mas que se referem a situações distintas.
É necessário que o Poder Público exija estudo prévio de impacto ambiental para a
instalação de obra ou atividade potencialmente causadora de significativa degradação do
meio ambiente, devendo haver a publicação desse estudo. Percebe-se, portanto, que não
é qualquer atividade e sim aquela que tenha potencial de gerar significativa degradação
ambiental (art. 225, IV).
Por fim, o Congresso Nacional decidiu que não se consideram cruéis as práticas
desportivas que utilizem animais, desde que sejam manifestações culturais, conforme o
§ 1º do art. 215 desta Constituição Federal, registradas como bem de natureza imaterial
integrante do patrimônio cultural brasileiro. Desse modo, em que pese a decisão do STF
em sentido contrário (STF. Plenário. ADI 4983/CE, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em
06/10/2016), esse tipo de atividade é permitido no país.
No que diz respeito ao idoso, os filhos maiores têm o dever de ajudar e amparar os
pais na velhice, carência ou enfermidade (art. 229, CR/88). Além disso, os programas de
190
c
amparo aos idosos serão executados preferencialmente em seus lares, sendo que aos
maiores de 65 anos é garantida a gratuidade dos transportes coletivos urbanos.
Por fim, no que se refere aos índios, a Constituição garante que serão reconhecidos aos
índios sua organização social, costumes, línguas, crenças e tradições, e os direitos
originários sobre as terras que tradicionalmente ocupam, competindo à União demarcá-
las, proteger e fazer respeitar todos os seus bens (art. 231, CR/88).
Por fim, serão considerados nulos e extintos, não produzindo efeitos jurídicos, os atos
que tenham por objeto a ocupação, o domínio e a posse das terras a que se refere este
artigo, ou a exploração das riquezas naturais do solo, dos rios e dos lagos nelas existentes,
ressalvado relevante interesse público da União. É o que dispõe o art. 231, § 6º, CR/88.
191
c
Mapa Mental
Seguridade Social
Educação, Cultura e
Desporto
Ciência, Tecnologia e
Inovação
Da Ordem Social
Meio Ambiente
Família, Criança,
Adolescente e Idoso
Índios
Regra Rural
65 60
homem homem
60 55
mulher mulher
192
c
Educação
Ensino Ensino
Federal
Fundamental Fundamental
193
c
Referências bibliográficas
LENZA, Pedro. Direito Constitucional Esquematizado. 23ª edição. São Paulo. Saraiva Educação,
2019.
MENDES FERREIRA, Gilmar. Curso de Direito Constitucional. 14 ª edição. São Paulo. Saraiva
Educação,2019.
RAMOS TAVARES, André. Curso de Direito Constitucional. 19ª edição. São Paulo. Saraiva
Educação, 2019.
194
c
24.1. Conceito
A presente apostila não irá transcrever todos os artigos, sob pena de ter-se um material
extenso e repetitivo. Desse modo, é importante que o aluno faça uma leitura dos artigos 135
a 150 da CR/88, mesmo que esse tema não seja muito recorrente nas provas da OAB.
Destaca-se o artigo 236 que dispõe que os serviços notariais são exercidos em caráter
privado, por delegação do Poder Público. No que se refere aos serviços dos notórios e dos
registradores, vale ressaltar o entendimento recente do STF de que os transgêneros têm
direito a alteração de prenome e do gênero diretamente no registro civil, pela via administrativa
ou judicial, independentemente de procedimento cirúrgico e laudos de terceiros (ADI 4275,
Relator (a): Min. Marco Aurélio, Relator (a) p/ Acórdão: Min. Edson Fachin, Tribunal Pleno,
julgado em 01/03/2018).
Destaca-se, também, nas disposições constitucionais gerais, o artigo 243 da
Constituição Federal que prevê a desapropriação confiscatória (sem qualquer tipo de
indenização) de propriedades rurais e urbanas onde forem localizadas culturas ilegais de
plantas psicotrópicas ou a exploração de trabalho escravo.
Apesar dessa previsão, Pedro Lenza (2019) e André Ramos Tavares (2019.), ao
disporem sobre os direitos individuais que estão previstos no artigo 5º da CR/88, garantem
195
c
que o direito à propriedade, como um direito fundamental, deverá ser garantido como regra.
Os Tribunais Superiores têm o entendimento de que a mencionada disposição constitucional
não será aplicada e, portanto, a propriedade será mantida, caso o interessado consiga
provar que não agiu com culpa e que não tinha conhecimento de que a sua propriedade
estaria sendo utilizada para esse fim.
Conforme dito, os referidos artigos possuem um acentuado caráter impessoal e
abstrato, de modo a traduzir diversos comportamento amplos que serão aplicáveis a
situações certas, mutáveis ou passageiras. No Brasil, todas as Constituições previram
disposições gerais, com exceção da Carta de 1937, que simplesmente enunciou o rótulo
“Disposições transitórias e finais”.
Mapa Mental
• Urbana ou Rural
Expropriação
Propriedade • Cultivo de substâncias
para Reforma psicotrópicas
Agrária ou • Trabalho escravo
Habitação
Popular
• Sem indenização
• Abrange toda a propriedade
196
c
Referências bibliográficas
LENZA, Pedro. Direito Constitucional Esquematizado. 23ª edição. São Paulo. Saraiva Educação,
2019.
RAMOS TAVARES, André. Curso de Direito Constitucional. 19ª edição. São Paulo. Saraiva
Educação, 2019.
VASCONCELOS, Clever. Curso de Direito Constitucional. 6ª edição. São Paulo. Saraiva Educação,
2019.
197
c
25. ADCT
25.1. Conceito
O Ato das Disposições Constitucionais Transitórias (ADCT) pode ser conceituado como
um conjunto de regras que estabelecem disposições úteis para que haja a transição entre
um ordenamento jurídico antigo e um novo, de modo a providenciar uma espécie de
acomodação e de transição do pretérito e do atual direito edificado. (LENZA, 2019, n.p.).
Ainda, Gilmar Mendes pontua que a norma contida no ADCT é constitucional, tendo
o mesmo status jurídico das demais normas contidas ao longo da Constituição, podendo,
portanto, ser alterada por emenda constitucional (MENDES, 2019, n,p.).
Pedro Lenza, ao citar Raul Machado Horta, expôs que existem algumas categorias
das normas contidas no ADCT (LENZA, 2019, n.p.), podendo ser:
d) Normas de Recepção: como exemplo, cita-se o artigo 34, § 5 º, CR/88, que afirma
que vigente o novo Sistema Tributário Nacional, ficaria assegurada a aplicação da
legislação anterior naquilo que não fosse incompatível com a nova Constituição;
e) Normas sobre benefícios e direitos: como é o caso do art. 53, CR/88, que
assegurou diversos direitos ao ex-combatente que tenha efetivamente participado
de operações bélicas durante a Segunda Guerra Mundial;
Assim, a tendência é que haja o natural exaurimento das normas do ADCT, visto
que, como disposições transitórias, têm como objetivo promover a transição do
ordenamento jurídico anterior com a nova ordem constitucional. Desse modo, quando
alcança seu objetivo, a referida norma terá sua eficácia exaurida, uma vez que já terá
cumprido com o seu papel.
Mapa Mental
Normas de Natureza
Constitucional
Emenda
ADCT Não inclui
Constitucional
Transitória Preâmbulo
Migrar de um
ordenamento jurídico
antigo para um novo
199
c
Referências bibliográficas
LENZA, Pedro. Direito Constitucional Esquematizado. 23ª edição. São Paulo. Saraiva Educação,
2019.
MENDES FERREIRA, Gilmar. Curso de Direito Constitucional. 14 ª edição. São Paulo. Saraiva
Educação, 2019.
RAMOS TAVARES, André. Curso de Direito Constitucional. 19ª edição. São Paulo. Saraiva
Educação, 2019.
200