Protocolo de Enfermagem - Metro II

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 265

PROTOCOLO DE ENFERMAGEM NA

ATENÇÃO PRIMÁRIA EM SAÚDE


Região Metropolitana II

Rio de Janeiro - 2016


Gestão 2015/2017
Diretoria
Presidente: Maria Antonieta Rubio Tyrrell
Vice Presidente: Thiago de Freitas França
1º Tesoureiro: Paulo Murilo de Paiva
2º Tesoureiro: Maria da Glória do Desterro Costa
1º Secretária: Ana Teresa Ferreira de Souza
2º Secretária: Danielle Bessler
Conselheiros Efetivos
Adriana Miranda da Silva Coren-RJ 490.781-TE
Ana Teresa Ferreira de Souza Coren-RJ 52.304-ENF
Danielle Bessler Coren-RJ 158.147-ENF
Eliane Soares de Araújo Coren-RJ 715.869-TE
Evandro Cruz Gomes Coren-RJ 743.169-AE
Glauber José de Oliveira Amâncio Coren-RJ 296.606-ENF
Iraci do Carmo de França Coren-RJ 25.752-ENF
José Américo da Silva Ribeiro Coren-RJ 42.655-TE
Lilian Prates Belem Behring Coren-RJ 70.540-ENF
Lúcia Helena Silva Correa Lourenço Coren-RJ 31.780-ENF
Maria Antonieta Rubio Tyrrell Coren-RJ 9.719-ENF
Maria da Gloria do Desterro Costa Coren-RJ 48.374-AE
Paulo Murilo de Paiva Coren-RJ 64.694-AE
Regina Célia Carvalho Veras Coren-RJ 56.653-ENF
Rosângela da Silva Santos Coren-RJ 10.415-ENF
Rosimere Maria da Silva Coren-RJ 29.019-TE
Shirley da Conceição Sizenando Coren-RJ 39.005-TE
Tereza Cristina Marcelino Soares Coren-RJ 96.913-ENF
Thiago de Freitas França Coren-RJ 159.207-ENF
Wilma Gonçalves do Nascimento Coren-RJ 29.148-ENF
Zuleida Vidal de Andrade Coren-RJ 15.565-ENF

Conselheiros Suplentes

Adriana dos Santos Silva Coren-RJ 352.045-AE


Ana Maria da Silva Soares Coren-RJ 70.510-ENF
Brainer Augusto Alves da Rocha Coren-RJ 687.973-AE
Camila Fernandes Cardôso Coren-RJ 274.750-ENF
Carlos Roberto Lyra da Silva Coren-RJ 102.114-ENF
Cintia Maria da Silva Santos Coren-RJ 347.317-TE
Fabricio de Souza Oliveira Coren-RJ 208.397-ENF
Itaeci Brum Ruas Coren-RJ 74.492-ENF
Ivonete Aparecida Rodrigues Correa Coren-RJ 190.173-AE
João Felipe Carvalho Santos Coren-RJ 668.934-TE
Leila Kafa Coren-RJ 33.517-ENF
Leonardo Machado Leal Coren-RJ 348.685-TE
Luciano de Oliveira Pinheiro Coren-RJ 198.460-TE
Marcelo Barbosa de Mendonça Coren-RJ 57.121-TE
Miriam Cristina Ribeiro Benjamin Franco Pacheco Coren-RJ 22.877- ENF
Olguimar Cruz dos Santos Coren-RJ 31.007-ENF
Paula Soares Brandão Coren-RJ 103.354-ENF
Roberto José Leal Coren-RJ 27.622-ENF
Tereza Cristina Abrahão Fernandes Coren-RJ 57.717-ENF
Teresa Tonini Coren-RJ 56.163-ENF
Valdecyr Herdy Alves Coren-RJ 78.687-ENF
© 2016 Conselho Regional de Enfermagem do Rio Janeiro/ Governo do

Rio de Janeiro.

Todos os direitos reservados. É permitida a reprodução parcial ou total

desta obra, desde que citada a fonte e que não seja para venda ou

qualquer fim comercial.

Ficha Catalográfica

Rio de Janeiro (RJ). Conselho Regional de Enfermagem do Rio de Janeiro.


Governo. Secretaria Estadual de Saúde.
Protocolo de Enfermagem na Atenção Primária em Saúde - Região Metropolitana
II. Secretaria Estadual de Saúde. Rio de Janeiro: Governo, 2016.
270p.:Il.
1. Atenção à Saúde. 2.Promoção de Saúde. 3. Protocolos de Enfermagem.
Prefácio

A organização da Atenção Primária em Saúde em todo o território fluminense, e a


melhoria contínua na qualidade da atenção à saúde da população, são desafios
enfrentados por usuários, profissionais e gestores no cotidiano dos Serviços de
Saúde do SUS. Na perspectiva de consolidar uma assistência mais resolutiva, livre
de danos para os usuário, e segura aos profissionais de Enfermagem, o Conselho
Regional de Enfermagem do Rio de Janeiro em parceria com a Superintendência de
Atenção Básica em Saúde coordenou a Elaboração dos Protocolos de Enfermagem
para oferecer aos profissionais da na Atenção Primária em Saúde instrumentos que
contribuam para a qualificação de suas práticas.
Todo o processo de construção do Protocolo de Enfermagem foi ancorado na
metodologia problematizadora, envolvendo profissionais de enfermagem da gestão e
dos serviços, conduzido de forma coletiva e pactuada, transformando-se num
processo de qualificação de todos.
O Grupo de trabalho foi composto por profissionais de Enfermagem das
Coordenações da Atenção Primária dos municípios envolvidos, com a valiosa
contribuição das Áreas Técnicas da Atenção Primária, dos membros das Comissões
Intergestoras Regionais e suas Câmaras Técnicas, dos profissionais de
Enfermagem integrantes das Equipes de Saúde da Família, Unidades Básicas de
Saúde, Universidades e do Conselho Regional de Enfermagem do Rio de Janeiro.
Entregamos este protocolo realizado por várias mãos, considerando os saberes
produzidos nas oficinas realizadas pelo COREN-RJ nos municípios envolvidos a
troca de experiências entre os profissionais de diferentes municípios permearam
todo o processo de discussão e elaboração deste Protocolo.
Entendemos que este documento irá contribuir na organização da assistência de
saúde, respaldando o exercício legal da Enfermagem, com incentivo ao debate e a
atualização dos Protocolos, incorporando saberes e tecnologias adequadas para o
cuidado da saúde dos cidadãos da Região Metropolitana II, na busca permanente do
aperfeiçoamento dos nossos profissionais.

3
Decisão

4
5
6
ORGANIZAÇÃO
Projeto de Apoio à Gestão e Assistência de Enfermagem – PROGAE/ COREN/RJ
Superintendência da Atenção Básica da Secretaria do Estado do Rio de Janeiro- SAB/SES

COMISSÃO ORGANIZADORA
Márcia Cristina Cid Araújo - COREN RJ
Renata Morais- Apoiadora Regional da Metropolitana II e Baixada Litorânea/ SAB/SAS/SES
Bianca Moraes Assucena - Apoiadora Regional Metropolitana I e Baía da Ilha Grande/
SAB/SAS/SES
Karen Barbosa Couto Pereira- Apoiadora Regional Metropolitana I e Baía da Ilha Grande/
SAB/SAS/SES.

ELABORAÇÃO TÉCNICA

Daiana Oliveira do S. Teixeira- Enfermeira da Estratégia Saúde da Família/Mun. de Silva


Jardim
Tereza Cristina Abrahão Fernandes – Secretária de Saúde do Município de Silva Jardim
Kenny A. Gomes- Silva Jardim – Superintendente de Atenção de Básica -Silva Jardim e
Especialista em Gestão na Linha de Cuidados
Adriano Oliveira Macedo- Coordenador do Programa de Saúde do Adolescente e do Homem
- Silva Jardim e Especialista em Enfermagem do Trabalho
Ludimila Mendes Moraes- Enfermeira da Estratégia Saúde da Família - Rio Bonito e
Especialista em Estratégia Saúde da Família
Renata Solano C. Melo- Coordenadora da Educação Permanente - Rio Bonito e Especialista
em Saúde Pública e Estratégia Saúde da Família
Claudia Andrade- Apoio da Coordenação da ESF - Rio Bonito e Especialista em Saúde Pública
e Estratégia Saúde da Família
Jamilla R. A. Pereira- Enfermeira da Estratégia Saúde da Família-Rio Bonito
Rosangela Ribeiro Souza- Coordenadora do Programa de Hiperdia de Tanguá
Luana Duarte Rodrigues- Coordenadora da Estratégia Saúde da Família- Maricá
Maria Auxiliadora Rodrigues Almeida- Mun. de São Gonçalo

EQUIPE DO PROGAE/COREN-RJ
Tereza Cristina Abrahão Fernandes – Conselheira do Coren-RJ e coordenadora do projeto
Ivonete Aparecida Rodrigues Correa- – Conselheira do Coren-RJ
Ana Carolina Mendes S. Benevenuto Maia – Assessora de Projetos Especiais

7
Colaboradores
Sara Gonçalves Marcia Cristina Carolina - Mun. de Tanguá
Dayanne Lucena Ana Lucia R. Velazo - Mun. de Tanguá
Michele Braga de Oliveira- Mun. de Silva Jardim Gleiciane Leal Ferreira- Mun. de Tanguá
Dnajara Diniz – Mun. de Silva Jardim
Cintia Melo de Souza- Mun. de São Gonçalo-
Ruth Correia Silva - Mun. de Silva Jardim
Aluizio Garcia Pereira Junior- Mun. de Silva Jardim Enfermeira Apoiadora NEP
Raphaela Silva Tavares Lacerda- Mun. de Niterói Thatiana Vieira Mattos- Mun. de São Gonçalo-
Juliana Silva Santos- Mun. de Niterói Enfermeira Apoiadora NEP
Erilis Evelyn I. Fernandes Veiga - Mun. de Niterói Christiane Barcelos Monteiro- Mun. de São Gonçalo
Paula de Fátima M. Coaracy- Mun. de Niterói Heivy Dutra do Couto de Oliveira- Mun. de São
Marilza C. Miranda - Mun. de Niterói Gonçalo
Caroline de Moura Melo- Mun. de Niterói
Christiane Quintarilha da Silva- Mun. de São Gonçalo
Viviane da Costa Melo - Mun. de Niterói
Francisco Araújo- Mun. de Niterói Dayanna de Oliveira Calado- Mun. de São Gonçalo
Denise Miyuki Nakano - Mun. de Niterói Monique Silva Ribeiro- Mun. de São Gonçalo
Vilma Carla Braga Cardoso Rocha- Mun. de Niterói Karla Salles- Mun. de São Gonçalo
Maria Marcia de Jesus Santiago- Mun. de Niterói Jenniffer O. Azevedo Emídio - Mun. de São Gonçalo
Ana Rachel Ferreira Ribeiro - Mun. de Niterói Marcella de Moura Souza- Mun. de São Gonçalo
Ronald de Jesus- Mun. de Niterói
Denise Maria da Ajuda S.B. França- Mun. de São
Viviane Alves de Sousa- Mun. de Itaboraí
Gonçalo
Cristiane Feitosa- Mun. de Itaboraí
Rhiva Alves Amaral Borges- Mun. de São Gonçalo
Thaísa de Jesus R. Chagas- Mun. de Itaboraí
Maria Inez de Oliveira- Mun. de Maricá
Bianca Sydio Pereira- Mun. de Itaboraí
Vanessa Ruscy C. Viana- Mun. de Maricá
Lucia Helena Rodrigues- Mun. de Itaboraí
Leilma Trindade- Mun. de Maricá
Bianca Sydio Pereira- Mun. de Itaboraí
Silvana P. do C. Lucas- Mun. de Tanguá

REVISÃO TÉCNICA
Ana Teresa Ferreira de Souza. Primeira Secretária do COREN-RJ
Solange Maria de Lira. Área Técnica de Saúde do Idoso/SES
Leonor Maria da Silva Gomes. Área Técnica de Saúde do Idoso/SES
Leticia Fiorillo Bogado. Área Técnica de Saúde do Idoso/SES
Luigi D’ Andrea. Área Técnica da Saúde do Homem da SAB/SES
Bianca Moraes Assucena. Mestre em Saúde Coletiva pelo IMS/UERJ. Apoiadora Regional
Metropolitana I e Baía da Ilha Grande/ SAB/SAS/SES
Karen Barbosa Couto Pereira.Apoiadora Regional Metropolitana I e Baía da Ilha Grande/
SAB/SAS/SES.
Fátima Virgínia Siqueira de Menezes Silva Conselheira do Conselho Regional de Enfermagem,
Mestre em Educação Profissional e Apoiadora Institucional em Saúde Mental SMS/RIO
Márcia Cristina Cid Araújo- Especialista em Saúde Coletiva e Gestão Pedagógica-CORENRJ
Ricardo de Matos Russo Rafael.Doutor em Ciências (FCM/UERJ)Professor Pós Graduação
(PPGSF/UNESA)
Renata Morais. Especialista e Gestão em Saúde Pública/UFF. Apoiadora Regional da
Metropolitana II e Baixada Litorânea/ SAB/SAS/SES

8
Sumário

1. Introdução ............................................................................................................. 10

2. Acolhimento na Atenção Primária ......................................................................... 13

3.Saúde da Criança e do Adolescente ...................................................................... 38

4. Saúde da Mulher ................................................................................................... 36

5. Doenças Sexualmente Transmissíveis..................................................................57

6. Doenças Transmissíveis........................................................................................68

7. Saúde do Homem ............................................................................................... 118

8. Saúde do Idoso .................................................................................................. 139.

9. Saúde Mental.......................................................................................................169

10. Doenças Crônicas..............................................................................................189

9
Introdução

A Atenção Básica compreende o primeiro nível de atenção à saúde, que se articula


sistematicamente aos demais níveis de maior especialização e densidade
tecnológica, abrangendo ações de promoção, prevenção, tratamento e reabilitação,
de acordo com o perfil epidemiológico e as necessidades de saúde apresentadas
em um dado território.
Hoje o estado do Rio de Janeiro possui uma cobertura de Saúde da Família de
48,80 % com 2.367 Equipes de Saúde da Família distribuídas em 91 municípios.
Importante dizer que para o cálculo deste indicador - “Cobertura populacional
estimada pelas equipes de Atenção Básica”, considera que uma ESF ou uma equipe
de Atenção Básica (ESF- equivalente) proporcionam a cobertura de atenção básica
(AB) para, em média, 3.000 pessoas (Fonte: Caderno de Diretrizes, Objetivos, Metas
e Indicadores 2013-2015, Ministério da Saúde, 2013).
O Estado do Rio de Janeiro é dividido em nove regiões de saúde com uma
população de 16.231.365, entre elas estão as Regiões Metropolitana I e
Metropolitana II, que compreendem 12.039.554 pessoas, aproximadamente 74% da
população do Estado.
Os últimos anos têm sido marcados pelo maior acesso da população fluminense à
atenção básica devido á expansão da Estratégia de Saúde da Família, com
consequente aumento da proporção de população coberta pelo serviço. Hoje, a
Região Metropolitana I conta com 1.061 ESF implantadas e a Região Metropolitana
II, com 364 implantadas (2013, Tabnet/SES). Isso representa uma Cobertura de
Atenção Básica destas representado por 45,42% e 69,73 %, nas referidas regiões.
Sabe-se que ainda é necessário ampliar a cobertura de atenção Básica e de ESF, e
avançar na qualificação dos profissionais, aumentando, assim, a resolutividade da
Atenção Básica.
A crescente expansão da Estratégia de Saúde da Família (ESF) tem exigido um
protagonismo na ação dos profissionais de enfermagem, nesse sentido e visando
consolidar e uniformizar as referências e ações pautadas nas Boas Práticas na
Atenção Básica existentes no âmbito Nacional e Estadual foi fundamental
desenvolver os Protocolos de Enfermagem das Regiões Metropolitanas I e II.

10
A proposta de construção do Protocolo de Enfermagem Regional iniciou-se por meio
de uma parceria entre o Conselho Regional de Enfermagem do Rio de Janeiro e a
Superintendência de Atenção Básica (SAB) da Secretaria de Estado de Saúde
(SES) do Rio de Janeiro proposto pelo COREN RJ no segundo semestre de 2013.
Acolhendo demandas e anseios dos profissionais de enfermagem, o COREN RJ
através da Câmara Técnica de Gestão e Assistência de Enfermagem, criou uma
metodologia para Elaboração de Protocolos e a partir dela desenvolvemos este
trabalho de construção coletiva com nas Regiões Metropolitanas 1 e 2.
A Superintendência de Atenção Básica (SAB) é uma das superintendências
que compõem a SAS e está organizada em áreas técnicas, assessorias das regiões
de saúde e Coordenação do Apoio da Atenção Básica, sendo esta última a
articuladora entre as Áreas Técnicas e as equipes de Apoio Institucional das regiões
de saúde, promovendo a integração das ações estratégicas destes setores.
Todo o trabalho foi desenvolvido de forma pactuada com as instâncias gestoras do
Sistema Único de Saúde dos Estados, envolvendo profissionais e gestores dos
municípios integrantes das Regiões Metropolitanas 1 e 2 ,como componente
estruturante do trabalho.
O protocolo é um instrumento normativo e de pactuação do processo de intervenção
técnica, nas ações de saúde que orienta os profissionais na realização segura de
suas atribuições e registros. Baseia-se nos conhecimentos técnicos científicos para
a padronização de procedimentos visando à qualidade da atenção.

Considera em sua formulação os conhecimentos científicos necessários e presentes


na formação do enfermeiro. As habilidades desenvolvidas pelos profissionais
durante a sua formação, e propõe ações que estejam em consonância com a
legislação do exercício profissional vigente, constituindo-se num norteador das
ações do Enfermeiro, inclusive alertando quanto aos conteúdos teóricos e
capacitação prática que o profissional deve apresentar.
Concebemos estes protocolos como uma proposta de assistência de enfermagem e,
não somente o estabelecimento de procedimentos que possam ser executados ou
prescritos pelo profissional de enfermagem.
Eles asseguram a atuação do profissional em consonância com a legislação
do exercício profissional vigente, pautados na Lei do Exercício Profissional nº
7489/86 regulamentada pelo Decreto 94.406 de 8 de junho de 1987,garante aos

11
Enfermeiros as funções privativas (artigo11 § I), dentre elas: a consulta de
enfermagem (alínea i), a prescrição da assistência de Enfermagem (alínea j) e, no
§II, alínea c, como integrante da Equipe de Saúde – “a prescrição de medicamentos
estabelecidos em programas de saúde pública e em rotina aprovada pela Instituição
de Saúde”.

No desenvolvimento da Assistência de Enfermagem, no âmbito da Consulta


de Enfermagem devem-se contemplar as etapas de coleta de dados, diagnóstico de
enfermagem, planejamento da assistência, intervenções de enfermagem e avaliação
baseada nas respostas humanas conforme as diretrizes da Resolução Cofen
358/2009 e com especial atenção à resolução Cofen 159/1993, que determina as
etapas da consulta de enfermagem.

Ressaltamos que os profissionais da enfermagem não devem realizar ações


para as quais não tenham o conhecimento técnico científico e a habilitação
necessária. O conhecimento prévio do Código de Ética da Profissão, Resolução
Cofen nº311/2007,que confere responsabilidades, direitos e proibições aos
profissionais de enfermagem, é imprescindível para a atuação dos profissionais de
Enfermagem, para evitar a ocorrência de riscos para as pessoas assistidas e
problemas éticos futuros.

Como ressaltado no Protocolo do Conselho Regional de Enfermagem de Goiás


2010, a iniciativa de protocolar as atividades do Enfermeiro, é relevante por
despertar no profissional o benefício em legalizar suas ações, proporciona o
desenvolvimento de seu fazer com segurança o que, certamente, resultará em
melhoria da qualidade a saúde da população.

12
1. Acolhimento na Atenção Primária

1.1 . Introdução
O acolhimento é uma ação tecno-assistencial que pressupõe a mudança da
relação profissional/usuário e sua rede social através de parâmetros técnicos, éticos,
humanitários e de solidariedade, reconhecendo o usuário como sujeito e participante
ativo no processo de produção da saúde.
O acolhimento é um modo de operar os processos de trabalho em saúde de
forma a atender a todos que procuram os serviços de saúde, ouvindo suas
solicitações e assumindo no serviço uma postura capaz de acolher, escutar e
pactuar respostas mais adequadas aos usuários. Implica em prestar um atendimento
com resolutividade e responsabilização, orientando, quando for o caso, o paciente e
a família em relação a outros serviços de saúde para a continuidade da assistência e
estabelecendo articulações com esses serviços para garantir a eficácia desses
encaminhamentos.
Entende-se que o acolhimento não é um espaço ou um local, mas uma
postura ética, não pressupõe hora ou profissional específico para fazê-lo, implica
compartilhamento de saberes, necessidades, possibilidades, angústias e invenções.
Desse modo é que o diferenciamos de triagem, pois ele não se constitui como uma
etapa do processo, mas como ação que deve ocorrer em todos os locais e
momentos do serviço de saúde. (BRASÍLIA, 2004).
O acolhimento tem como diretriz, a caracterização de um processo dinâmico,
contínuo, que integra ações, profissionais, serviços, ferramentas e tecnologias para
o alcance do melhor nível de resolubilidade às necessidades das pessoas usuárias,
envolvendo todas as etapas da produção do cuidado.
A triagem é caracterizada por uma ação pontual, focada no evento clínico (na
queixa-clínica), limitando-se a divisão: quem não deverá ser atendido x quem deverá
ser atendido. O foco está na doença, e, neste caso, a coordenação do cuidado, a
vinculação e a responsabilização das equipes pelo acompanhamento contínuo do
usuário nos diferentes momentos do processo saúde-doença-cuidado não se
constitui como base do trabalho.
Outro aspecto importante relaciona o modo como a triagem foi incorporada no
funcionamento dos serviços de saúde, em algumas realidades, não sendo incomum

13
critérios como: nº de vagas na agenda (definidos previamente) e ordem de chegada
(independente da necessidade clínica) definirem o acesso do paciente ao serviço. É
fato encontrar a triagem setorizada e realizada por funcionários administrativos.
Todo usuário que busca atendimento na Unidade de Atenção Primária sem
estar agendado (programado), portanto, caracterizando demanda espontânea
encaminhada de outro ponto de atenção ou por conta própria, deve ser atendido no
mesmo dia e receber a resposta pertinente à sua necessidade.
Idosos, gestantes, crianças, portadores de necessidades especiais, outros
usuários em situação de maior vulnerabilidade, sofrimento, e risco devem ser
priorizados. Não é por ordem de chegada, e sim de necessidade.
A resolubilidade aqui está em ser escutado, avaliado, compreendido e
atendido em sua necessidade, em receber uma resposta que, se não resulta na
solução imediata, inicia o processo para tal alcance.
Como dispositivo clínico (clínica ampliada), busca garantir a equidade. Para
tal, compreende avaliação baseada em critérios clínicos, incluindo, entre outros
recursos, a avaliação do risco e da vulnerabilidade para a definição de prioridades.
(PREFEITURA DO RIO DE JANEIRO, 2012).
O atendimento humanizado preconiza uma melhor relação entre profissional
da saúde e usuário, através do reconhecimento do paciente e sua subjetividade,
respeitando suas crenças, valores e singularidade, vendo o outro como ser holístico
e não fragmentado. Com isso o acolhimento se enquadra como uma das principais
diretrizes para humanização dos serviços de saúde, uma vez que acolher significa
estar perto, dar atenção demonstrar preocupação com o outro.
Neste entendimento, o acolhimento com avaliação e classificação de risco
tem como objetivos, garantir acesso, e cuidado resolutivo; por meio da escuta
qualificada e o atendimento humanizado, centrado na pessoa e na família; a
realização da promoção da saúde em rede, integrando as RAS (Rede de Atenção à
Saúde) para garantia do acesso e da continuidade do cuidado.

Toda Unidade de Atenção Primária deve ter o seu Plano de Acolhimento elaborado,
discutido e validado por todos os trabalhadores da Unidade, com fluxos bem definidos,
protocolos discutidos e validados pela Equipe

Recomenda-se que o Plano de Acolhimento pactuado entre a Equipe de


Atenção Básica, seja discutido com os usuários vinculados à Unidade, para que

14
possam conhecer a proposta, compreender, esclarecer suas dúvidas, e agregar
suas colaborações.
É fundamental que a Equipe esteja sensibilizada para abordar questões
relativas a estigmas, preconceitos e situações de discriminação promovendo
inclusão e possibilitando ao usuário condições para a melhor utilização dos serviços
disponíveis na Unidade de Saúde e em outros setores, grupos e instituições e neste
sentido “promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor,
idade e quaisquer outras formas de discriminação” (BRASIL,1988, art. 3.º, inc. IV).
Os usuários, seus familiares e/ou acompanhantes devem ser sempre
avisados sobre o tempo de espera para qualquer consulta, procedimento ou exame.
As condutas terapêuticas adotadas devem ser informadas, e todas as dúvidas dos
usuários e de seus familiares e/ou acompanhantes devem ser esclarecidas, bem
como as orientações pertinentes ao cuidado.
Os casos de urgência não podem ser dispensados sem avaliação médica o
que não deve ser definido pela agenda do médico, e sim pela situação clínica. Não
atender a esta orientação pode implicar em omissão de socorro.
O tempo médio de espera pelos serviços deve ser monitorado pela Equipe, e
sempre adequado a sua necessidade.

1.2. Atribuições da Equipe de Enfermagem no Acolhimento


Enfermeiro:
Acolher e fazer a avaliação clínica,
Classificar o risco e vulnerabilidade (biológico, subjetivo e social) e a possibilidade
de agravamento definindo prioridade,
Encaminhamento para consulta médica ou do cirurgião dentista ou para outra
modalidade de cuidado.
Realiza a consulta de enfermagem segundo a pertinência do caso.

15
Técnico de Enfermagem:
Acolhe, realiza procedimentos, como aferição de sinais vitais, resolve dentro de sua
área de competência e/ou prioriza o atendimento do enfermeiro ou médico ou
participação em outra modalidade de cuidado.

No acolhimento deve-se potencializar o encontro com o usuário, e, uma vez


que não se reduz ao evento agudo e a consulta médica como única possibilidade:
1. Orientar o usuário sobre o fluxo do atendimento;
2. Agendar consultas; visitas domiciliares; outras atividades;
3. Incluir em ações programáticas;
4. Informar e encaminhar para outros equipamentos da rede que envolvam
ações intersetoriais, quando necessário.
Ainda que o processo circunscreva uma engrenagem na produção do
cuidado, ele é e deve ser sustentado como um processo dinâmico, sendo de
extrema importância compreender que, o fato de cada profissional ter sua
capacidade resolutiva potencializada, não significa, em hipótese alguma, que este
fluxo não possa comportar mudanças sensíveis ao contexto de cuidado, ou que
cada profissional tenha o seu repertório reduzido. Traduz isto sim, uma organização
que se mostra funcional, na medida em que não está centralizada na consulta
médica, valorizando todas as práticas de cuidado e a capacidade resolutiva de todas
as categorias profissionais, e da Equipe.
O que vai qualificar este processo é o trabalho em equipe; o conhecimento
dos usuários; de seus projetos de cuidado, de suas necessidades, e a organização
serviço e do processo de trabalho.
Este trabalho envolve tecnologias de alta complexidade e refinamento, e de
baixa densidade. As tecnologias leves, relacionais, e mesmo as leves-duras que
incluem os instrumentos de desenvolvimento e normatização do trabalho, todas
constituem a base da gestão do cuidado.

1.3. Quem faz o acolhimento?


O acolhimento deve estar organizado de forma a possibilitar a participação de
toda a equipe, e requer uma abordagem multiprofissional.

16
O fato de todos participarem, não dispensa a definição clara da atribuição de
cada profissional, dentro de sua área de competência, no processo, e a integração
de todos na produção do cuidado.
A Equipe Técnica deve ser referência para avaliar a necessidade de saúde do
usuário através da escuta qualificada.
O acolhimento à demanda espontânea deve ser realizado por Equipe, nas
Unidades onde não há a Estratégia de saúde da Família, recomenda-se a
organização de uma escala por turno / dia dos Profissionais responsáveis pelo
acolhimento à demanda espontânea, de modo que se constitua uma referência para
os usuários, e se garanta o acolhimento durante todo o horário de funcionamento da
Unidade. Não pode haver limitação de horários para o acolhimento à demanda
espontânea.

1.4. Onde faz o acolhimento?


Sala de espera
Como trabalhamos hoje a sala de espera? Os usuários são acompanhados
na espera? Recebem informações sobre o tempo de espera, profissionais,
organização do atendimento? São reavaliados enquanto esperam ou recebem
algum cuidado, se necessário?
Este espaço deve ser potencializado como área de atuação técnica.
Produzir novas formas de encontro entre profissionais e usuários constitui
uma das principais razões do processo de humanização, transversal todos os
momentos e do cuidado, e o momento da espera, seu uso criativo, pode favorecer
novos encontros.
Os usuários devem ser informados e atualizados sobre todas as atividades
oferecidas na Unidade e sobre os fluxos de atendimento.
A organização do Acolhimento pode ser trabalhada os usuários.
As intervenções de Educação em Saúde são aplicáveis, não somente pelo
seu caráter de democratizar o saber e a informação, mas de construí-lo com os
usuários.
Algumas ações e atividades do Programa de Práticas Integrativas podem ser
desenvolvidas na gestão da espera, bem como ações preventivas e de promoção da
saúde, individual e coletiva (PREFEITURA DO RIO DE JANEIRO, 2012).

17
Nas salas, consultórios, não sendo recomendado restringir o acolhimento a
uma única sala, sob pena de que seja reduzido a um setor, e não a uma tecnologia
de cuidado, e mesmo a fim de que não concentre o fluxo, gerando fila e tempo de
espera inadequada.

1.5. Eventos agudos


- Da avaliação e classificação de risco:
As situações identificadas como emergência constituem prioridade zero, ou
seja, a Unidade de Saúde da Família deve realizar os primeiros cuidados, estabilizar
o paciente, o profissional responsável pelo atendimento deve decidir sobre a
transferência para outro nível de atenção.
Classificar risco implica observação e análise; Da Situação clínica do
paciente; Da Queixa manifesta, sua forma e duração; Do histórico do paciente; Do
uso de medicação ou outra substância; Dos sinais vitais; Do exame físico buscando
sinais objetivos; Da glicemia e do eletrocardiograma, se houver necessidade.

- Roteiro básico para consulta de avaliação:


QPD Queixa principal e duração;
Antecedente mórbido e medicamentoso;
Sinais vitais e exame físico sumário;
Exames de Apoio (ECG, Glicemia,etc);
Conduta: Classificação de Risco baseada em Protocolo.

- O Exame Físico Geral prevê avaliar:


Pressão Arterial, Pulso, FC, Temperatura, Respiração, Nível de Consciência,
Pele, Mucosas e anexos, Ascite; Edemas; Avaliação Cardíaca, Respiratória.
Os Protocolos instrumentalizam a definição de prioridade clínica. Ao
descrever a forma de apresentação de uma doença ou agravo e seus sinais de
alerta permite classificar o nível de gravidade e de sofrimento do paciente, e
diferenciar emergência de urgência em seus diferentes níveis.
As situações identificadas como urgência requerem: Realização da consulta
e/ou procedimentos e/ou exames necessários, mantendo em observação - se
pertinente -, programar o retorno do paciente.

18
As situações identificadas como não urgentes, em sua maioria, podem ser
agendadas, compreendendo que, uma vez definida a necessidade de atendê-lo,
deve-se procurar reduzir ao máximo o tempo de espera do usuário, respeitando as
consultas agendadas e prioritárias.

ANEXOS
VERMELHO – EMERGÊNCIA
1. ANAFILAXIA.
2. DESCOMPENSACÃO DO DIABETES MELLITUS.
3- CRISE EPILÉTICA.
4- CEFALÉIA INTENSA:
4.1- Tensional: Dor em aperto ou como (faixa em torno da cabeça).
4.2- Migrânia ou Enxaqueca: Mais comum dor unilateral. Sintomas associados a
náuseas, vômitos. Fotofobia e fonofobia.
5- DISPNÉIA INTENSA:
5.1- Pneumonia adquirida na comunidade;
5.2- Asma. (BRASIL, 2011).
As situações acima mencionadas são referenciadas diretamente ao Serviço
Atendimento Móvel de Urgência - SAMU ou Unidade de Pronto Atendimento – UPA,
devido as Unidades Básicas serem, exclusivamente, para a promoção, prevenção e
recuperação, porém não deixando de prestar serviços assistenciais ao indivíduo,
avaliando os riscos e as vulnerabilidades conforme as orientações do caderno de
Atenção Básica 28, volume ll, pags.35 a 92.

AMARELO - MUITO URGENTE


1. DIARRÉIA:

OBSERVE COLUNA A COLUNA B


Condição Bem alerta Irritado, intranquilo
Olhos Normais Fundos
Lágrimas Presentes Ausentes
Boca Úmida ou ligeiramente Seca ou com saliva

19
Seca Espessa
Sede Bebe normal Sedento, bebe
Avidamente
Elasticidade da pele Pele volta ao normal Pele volta lentamente
(menos de 02 segundos)
Fontanelas Normal ou pouco funda Funda
(p/Lactentes)
Pulso Cheio Rápido, débil
Perfusão Normal Lenta
Diurese Normal ou ligeiramente Diminuída
Diminuída

DECIDA NÃO TEM DESIDRATAÇÃO TEM DESIDRATAÇÃO


(AVALIE) (02 OU MAIS SINAIS)
Fonte: Londrina, 2006

CONDUTA DE ENFERMAGEM A:
- Preparar e administrar o Soro de Reidratação Oral (SRO) até o paciente apresentar
melhora do volume de diurese;
- Reavaliar a criança;
- Liberar paciente se mantiver estado de hidratação correspondente à coluna “A”;
- Fornecer envelope de SRO e orientar o preparo e uso;
- Orientar aumento de oferta de líquidos e evitar alimentos laxantes;
- Orientar o responsável para que ofereça o soro conforme aceitação e após cada
evacuação;
- Orientar noções de higiene;
- Orientar retorno em 24 horas para avaliação de enfermagem;
- Orientar retorno imediato ao serviço de saúde disponível em caso de aparecimento
de qualquer um dos sinais de alerta e sintomas das colunas B e C;
- Comunicar equipe responsável pela área para visita domiciliar no dia seguinte.

20
Esquema para Reidratação Oral para Coluna A:
- Oferecer SRO: 50 a 70 ml/kg em 4 a 6 horas.
- Este volume deverá ser administrado respeitando a capacidade gástrica do
paciente. Em RN 20 ml/kg/h e demais crianças 30 ml/kg/h.
- O volume/hora deverá ser dividido no decorrer dos 60 minutos, para que se
mantenha a constância na reidratação.
CONDUTA DE ENFERMAGEM B:
- Consulta médica no dia;
- Preparar e administrar o Soro de Reidratação Oral (SRO) ou soro caseiro enquanto
aguarda consulta ou remoção;
- Observar evolução do quadro (desidratação e temperatura) enquanto aguarda
consulta ou remoção;
- Fornecer envelope de SRO (orientar preparo e uso) ou soro caseiro (ver
orientações de preparo mais adiante).

Esquema para Reidratação Oral para Coluna B:


- Oferecer SRO: 50 a 70 ml/kg em 4 a 6 horas.
- Este volume deverá ser administrado respeitando a capacidade gástrica do
paciente. Em RN 20 mL/kg/h e demais crianças 30 ml/kg/h.
- O volume/hora deverá ser dividido no decorrer dos 60 minutos, para que se
mantenha a constância na reidratação.
- Orientar o responsável para que ofereça o soro conforme aceitação e após cada
evacuação enquanto aguarda consulta médica no dia (na UBS ou em casa);
- Orientar aumento de oferta de líquidos e evitar alimentos laxantes;
- Orientar noções de higiene;
- Orientar retorno imediato ao serviço de saúde, antes do horário previsto da
consulta em caso de aparecimento de sinais de alerta e sintomas da coluna B.
- Comunicar equipe responsável pela área para visita domiciliar no dia seguinte.

2. FEBRE EM CRIANÇA
CONDUTA DE ENFERMAGEM:
- Orientar sinais de alerta, aumentar ingesta hídrica, orientar vestimentas leves,
- Orientar retorno conforme horário estabelecido p/ consulta.

21
- Orientar sinais de alerta, aumentar ingesta hídrica, orientar vestimentas leves,
retorno em 24 horas;
* Seguir fluxograma em anexo.

VERDE - URGENTE
1. QUEIMADURAS DE 1º GRAU.
CONDUTA DE ENFERMAGEM:
- Lavar com água corrente e sabão líquido*, hidratar o local com S. F. 0,9% e
compressa de gaze estéril.
- Curativo conforme protocolo de instrução específica e profilaxia de tétano.
- Retorno diário para curativo e avaliação da evolução (se piora do quadro com
aparecimento de secreção purulenta ou necrose: agendar consulta médica),
- Contraindicação: rompimento das bolhas, uso e de pó de café, creme dental,
margarina e outras crendices populares.
*Observação: em queimaduras químicas essa lavagem deverá ser entre 10 a 20
minutos no mínimo, para remoção do produto químico residual.

2 – CEFALÉIA SEM SINTOMAS ASSOCIADOS:


CONDUTA DE ENFERMAGEM: Em Anexo

3 - DOENÇA PSIQUIÁTRICA – COMPORTAMENTAL


CONDUTA DE ENFERMAGEM:
Paciente que chega acordado:
• Falar com o paciente de maneira calma e firme, perguntando seu nome e o que
aconteceu.
• Colocar o paciente sentado e explicar que ele está sendo atendido.
• Solicitar que o paciente respire de maneira profunda e lenta, explicando a
importância da respiração adequada para diminuir os sintomas de formigamento e
tontura.
• Medir PA, FR e P; comunicar alterações.
• Avaliar a permanência ou não de acompanhantes junto ao paciente. Em alguns
casos, a importância que os acompanhantes dão aos sintomas pode exacerbá-los.
• Avaliar a necessidade de encaminhamento ao serviço de referência

22
Paciente que chega aparentemente desacordado:
• Ouvir com atenção a história contada pelos acompanhantes, certificando-se de que
não haja situações de trauma físico ou de intoxicação exógena.
• Falar com o paciente de maneira calma e firme, perguntando seu nome e o que
aconteceu.
• Solicitar que abra os olhos ou movimente os membros.
• Investigar permeabilidade de via aérea e mantê-la desobstruída, posicionando o
paciente de maneira adequada.
• Avaliar a necessidade de encaminhamento ao serviço de referência

4- DOR DE GARGANTA
CONDUTA DE ENFERMAGEM:
- Atendimento de enfermagem: dificuldade para deglutir, dor de ouvido, tosse, dor
nas articulações (febre reumática), atentar para as doenças de notificação
obrigatória (difteria),
- Fornecer antitérmico se tiver com febre (Paracetamol e/ou dipirona 500mg 1
comprimido via oral de 6/6hs ou SOS).
- Orientar retorno em 24 horas para avaliação de enfermagem,
- Dieta líquida, gargarejo com água morna e sal (1 copo de água com 1 colher de
cafezinho, rasa, de sal), chá de romã (vide módulo de fitoterápicos), orientar a
escovação dos dentes e gengivas, evitar contato com o público e cigarros, fazer
repouso da voz.

5- DOR DE OUVIDO
CONDUTA DE ENFERMAGEM:
- Atendimento de enfermagem: pesquisar prurido, sensação de pressão, diminuição
da acuidade auditiva,
- Compressa quente sobre o ouvido afetado, instilação nasal de soro fisiológico.
- Fornecer antitérmico (se febre, enquanto aguarda consulta médica), conforme
rotina preconizada pela instituição.

23
- Orientar retorno em 24 horas para reavaliação, e sinais de alerta, limpeza externa
de conduto auditivo, com pano ou toalha macia, evitando “cotonetes”, grampos, etc;
evitar natação no período.
Observação: em lactentes a dor de ouvido pode ser causada por infecção ou
obstrução na Trompa de Eustáquio que ocorre geralmente por obstrução nasal.

AZUL – NÃO É URGENTE.


1- DESMAIO
CONDUTA DE ENFERMAGEM:
- arejar o ambiente ou transportar o usuário para local com boa ventilação,
- elevar os membros inferiores em caso de hipotensão,
- virar a cabeça do paciente para o lado evitando aspiração,
- afrouxar a roupa.
- sentá-lo por alguns minutos, após a recuperação da consciência,
- auxiliá-lo a manter-se em pé quando já estiver em condições de fazê-lo.
- evitar oferecer líquidos imediatamente após a recuperação dos sentidos,
- comunicar a equipe de PSF em caso de encaminhamento para outro serviço.

2- TONTURA:
CONDUTA DE ENFERMAGEM:
- acomodá-lo em maca preferencialmente, mantendo posição horizontal para
melhorar a irrigação dos órgãos vitais,
- sentá-lo em cadeira (se não houver maca), fazer pressão na nuca para baixo em
direção aos joelhos, solicitando que ele force a cabeça para cima, por
aproximadamente 3 vezes. Auxiliá-lo a manter-se em pé quando já estiver em
condições de fazê-lo.
- evitar oferecer líquidos imediatamente após a recuperação dos sentidos.
- comunicar a equipe de PSF em caso de encaminhamento para outro serviço.
- Orientar para aumentar ingesta hídrica (exceto em pacientes cardiopatas e com
insuficiência renal) nos dias de muito calor ou após exercício físico.
- Orientar agendamento de consulta em casos de novos episódios.

24
3-LESÕES DE PELE:

CONDUTA DE ENFERMAGEM NAS LESÕES DE PELE MAIS FREQUENTES

LESÕES CARACTERÍSTICAS CONDUTAS E


LOCALIZAÇÃO ORIENTAÇÕES DE
ENFERMAGEM

Bolhas e ou pápulas c/ Área exposta Contato com lagartas,


Alergia à secreção serosa, escorpiões, cobras, aranhas e
picada de história de reação alérgica
inseto Presença de prurido anterior: consulta médica
com edema ou não, no imediata.
local Observar quadro de reação
alérgica dor, característica do
edema, reação e evolução.
Tratar com dexametasona
creme nas lesões, de 2 a 3
vezes ao dia. Orientar retorno
em 24horas se não houver
melhora.
Vermelhidão, crostas Transição entre pele Orientar aplicação de óleo
ou descamação da face e couro mineral p/ remoção das
Dermatite cabeludo, crostas;
Seborreica Sem presença de sobrancelhas e asas Retornar para reavaliação.
febre do nariz Agendar consulta médica,
conforme agenda na U.S., se
não houver melhora.
Causada por ácaro, Axilas, virilhas, Lavar roupas pessoais e de
Doença contagiosa regiões cama diariamente; secá-las ao
formando túneis na submamárias, sol, passar ao ferro e manter
pele abdômen, face unhas curtas e limpas;
Prurido intenso e mais interna da coxa, Tratar a família (exceto
Escabiose acentuado à noite, dorso das mãos, gestantes, nutrizes e os
(Sarna) Pequenas pápulas, punhos. menores de 2 anos) com
Crostas e secreções Benzoato de benzila diluindo
decorrentes de (meio a meio com água) após
infecção secundária o banho, por três noites
(impetigo) seguidas; retirar o produto
pela manhã, evitar contato
com mucosas e olhos e expor-
se ao sol;
Repetir após uma semana;
Não manipular produto perto
de chamas,
Orientar suspender medicação
e retornar ao serviço se:
tonturas, cefaléia, fadiga e
reações na pele;
Menores de 2 anos, gestantes
e nutrizes: encaminhar para
consulta médica em até 48
horas;
Orientar não ingestão de
álcool 48 h antes e após uso;

25
Verificar esquema vacinal
antitetânica.
Fonte: Londrina, 2006.

CONDUTA DE ENFERMAGEM NAS LESÕES DE PELE MAIS FREQÜENTES

LESÕES CARACTERÍSTICAS LOCALIZAÇÃO CONDUTAS E ORIENTAÇÕES DE


ENFERMAGEM

É transmitida de uma Couro cabeludo Orientar umedecer os cabelos com


pessoa para outra por chumaço de algodão embebido em
contato direto (bonés, solução de vinagre morno (meio a
Pediculose lenços, lençóis, cabeça para meio), retirar as lêndeas com pente
(Piolho) cabeça. fino;
Orientar inspeção de das pessoas
Prurido persistente na que convivem e tratá-las, se
cabeça. infestadas; (exceto gestantes,
nutrizes e os menores de 2 anos –
consulta médica agendada)
Orientar Benzoato de benzila (meio
a meio) e aplicar em couro
cabeludo, por 1 hora, evitando
contato com olhos e mucosas.
Repetir após 1 semana
Não manipular produto perto de
chamas,
Orientar suspender medicação e
retornar ao serviço se: tonturas,
cefaléia, fadiga e reações na pele.

Orientar sobre o meio de


Piolho É transmitida de uma Superfície transmissão;
Pubiano pessoa para outra por corporal, cílios e Trocar e lavar roupas de cama,
(Chato) contato direto (roupas, sobrancelhas banho, íntimas e de uso e passá-
roupas de cama e banho) las a ferro diariamente;
São menores Orientar inspeção de todas
que os piolhos da cabeça pessoas que convivem e tratá-las,
se infestadas;
Shampoo com exacloreto de gama
benzeno a 1% Seguir orientações e
contra indicações do uso;
Não aplicar em cílios e
sobrancelhas, nestes locais utilizar
solução de vinagre morno.

26
Pruridos e lesões na pele. Qualquer parte do Orientar/retirar mecanicamente os
Complicações: corpo parasitas da pele. (Em caso de
Carrapatos doença infecciosa (Febre infestação aplicar Benzoato de
maculosa) Benzila com chumaço de algodão
sobre os parasitas, por 1 hora
conforme orientações da
medicação, roupas e
contraindicações do quadro
anterior;
Destruir o parasita totalmente,
queimando-o após a retirada
evitando infestação do ambiente.
Orientar a revista da residência e
animais domésticos.
Se presença de febre: consulta
médica no dia.
Fonte: Londrina, 2006.

CONDUTA DE ENFERMAGEM NAS LESÕES DE PELE MAIS FREQÜENTES

LESÕES CARACTERÍSTICAS LOCALIZAÇÃO CONDUTAS E ORIENTAÇÕES


DE ENFERMAGEM

Tunguíase Prurido local, Mais comum nos pés, Lavar o local c/ água e sabão,
(bicho de causado pela porém pode acometer Retirar o parasita c/ agulha estéril,
pé) penetração da pulga. qualquer local onde haja queimar o parasita evitando a
Pápula única ou penetração da pulga. disseminação dos ovos,
múltipla c/ ponto Fazer curativo oclusivo, verificar
negro central, esquema vacinal,
dependendo do grau Encaminhar p/ consulta médica se
de infestação. sinais de infecção,
Orientar calçados fechados e
manter-se longe de locais
potencialmente infestados,
Orientar limpeza do local
infestado, principalmente onde
haja animais.
(porcos e outros)

Nódulo com abertura Qualquer local do corpo Fazer curativo no orifício e


única, podendo ter inclusive couro cabeludo verificar esquema vacinal.
Berne ou mais de um próximo e orifícios Fechar o orifício com esparadrapo
Miíase ou em locais duplo
diferentes do corpo, Orientar retorno de 6 a 24h para
diferenciando-se da retirada mecânica;
miíase que são Comprimir a base do nódulo c/ os
várias larvas no dedos c/ movimento de pinça
mesmo orifício. concomitante à retirada do
esparadrapo, forçando saída da
larva, cuidando p/ não fragmentá-
la;
Em caso de fragmentação da
larva ou sinais de infecção,

27
agendar consulta médica nas 24
h.
Mais comum na
infância, são Em qualquer parte do Remoção e limpeza com água e
Impetigo vesículas ou bolhas corpo sabão e banho com
Bolhoso s/ eritema ao redor, Permanganato de potássio 1cp/
(piodermite seu conteúdo seroso 4L água 2 a 3x/dia;
com ou sero-purulento se Orientar separar bucha de banho,
aspecto rompe sendo fontes sabonete, toalhas e roupas de
inicial de de disseminação, cama;
queimadura resultando em Verificar situação vacinal
de cigarro) crostas amareladas. antitetânica;
Complicações: Observação: Se as lesões forem
glomerulonefrite, disseminadas passar por consulta
sepsis. médica no dia;
Solicitar retorno a cada 24h para
reavaliação. Em caso de piora do
quadro agendar consulta médica
no dia.

Lesões eritematosas Face, braços, pernas e Remoção e limpeza com água e


que evoluem p/ nádegas sabão e banho com
vesículas e pústulas, Permanganato de potássio 1cp/
que se rompem 4L água 2 a 3x/dia;
Impetigo
formando áreas Orientar separar bucha de banho,
não erosadas c/ crostas sabonete, toalhas e roupas de
de coloração cama;
Bolhoso
amarelada. Verificar situação vacinal
Complicações: antitetânica;
ulceração com crosta Observação: Se as lesões forem
hemorrágica. disseminadas passar por consulta
médica no dia;
Solicitar retorno a cada 24h p/
reavaliação. Em caso de piora do
quadro agendar consulta médica
no dia.

Complicação de Qualquer região do Remoção e limpeza com água e


dermatose corpo. sabão e banho com
Impetigo Pruriginosa Permanganato de potássio 1cp/
folicular (ex.: escabiose). 4L água 2 a 3x/dia;
Lesões com Orientar separar bucha de banho,
pústulas superficiais, sabonete, toalhas e roupas de
centradas por um cama;
pêlo e rodeadas por Verificar situação vacinal
um halo eritematoso. antitetânica;
Complicações: Observação: Se as lesões forem
podem evoluir p/ disseminadas passar por consulta
furunculose e médica no dia;
glomerulonefrite Solicitar retorno a cada 24h p/
(GNDA) reavaliação. Em caso de piora do
quadro agendar consulta médica
no dia.
Orientar suspender realização da
Foliculite Lesão inicial é uma Face barba, Remoção e limpeza com
de barba porofuliculite, com água e sabão e banho com
dor, prurido e calor Permanganato de potássio 1cp/
local, 4L água 2 a 3x/dia;

28
Pápula-pústula Orientar separar bucha de banho,
folicular que se sabonete, toalhas e roupas de
rompem formando cama;
crostas amareladas Verificar situação vacinal
que aglutinam os antitetânica;
pêlos, a qual Observação: Se as lesões forem
descaracteriza a disseminadas passar por consulta
lesão. médica no dia;
Complicações: Solicitar retorno a cada 24h p/
GNDA reavaliação. Em caso de piora do
quadro agendar consulta médica
no dia.
Fonte: Londrina, 2006

CONDUTA DE ENFERMAGEM NAS LESÕES DE PELE MAIS FREQÜENTES

LESÕES CARACTERÍSTICAS LOCALIZAÇÃO CONDUTAS E


ORIENTAÇÕES DE
ENFERMAGEM

Furunculose Foliculite profunda, que se Nuca, ombros, Orientar higiene local, calor
inicia por uma parafo-liculite cintura, região úmido por 30 min. 6/6
formando nódulo dolorido inguinal e glútea. horas
Extremamente Agendar consulta médica
dolorosos quando em em 24 horas se múltiplos
narinas e conduto furúnculos ou um de
auditivo externo. grande extensão.
Verificar esquema vacinal,
Agendar consulta médica,
se recidivas frequentes

Hordéolo Foliculite dos cílios, com Pálpebras Orientar higiene local c/


(terçol) edema devido à frouxidão do água e sabão,
tecido palpebral, dor e rubor, Calor local úmido por,
c/ ou s/ pústulas. Agendar consulta médica
no dia se extenso ou
dentro da semana se
quadro de repetição

Ulcerações rasas, ovais ou Cavidade oral, Orientar que não precisa


redondas, delimitadas, podendo ser isoladas tratamento especial.
Aftas geralmente cobertas por ou múltiplas. Orientar evitar alimentos
camada branco acinzentada e Observação: Atentar desencadeantes (cítricos e
amarela, rodeadas por halo para febre e nº de ácidos) e que causam dor
vermelho róseo. Pode ser lesões (pode ser (açúcares, cítricos e
causada por alimentos, febre indício de estomatite ácidos).
ou stress aftosa) Orientar bochecho c/ chá
de camomila, gelado, sem
açúcar.
Agendar consulta médica,
se houver muita dor, febre
causada pela afta, lesões
extensas ou persistência
por mais dias.

29
Placas esbranquiçadas, Língua, mucosa Agendar a consulta médica
circundadas por halo labial, gengiva e dentro das 72h (no adulto
Monilíase avermelhado; semelhantes a mucosa das pode caracterizar baixa
oral leite coalhado, com a bochechas imunidade);
(fungo diferença que não são Investigar causas de baixa
Cândida removidas com facilidade. imunidade;
albicans) Orientar higiene da
cavidade oral com
Bicarbonato de sódio (1
colherinha de café rasa)
diluído em 1copo de água
fervida ou filtrada, para
retirada do excesso das
crostas, com gaze ou pano
limpo, 3x/dia até a
consulta.
Orientar fervura dos bicos
de mamadeiras, chupetas
e talheres (para crianças
maiores e adultos).
Nistatina, fazer de 1 a 6 ml,
4 vezes ao dia.

Fonte: Londrina, 2006.

CONDUTA DE ENFERMAGEM NAS LESÕES DE PELE MAIS FREQÜENTES

LESÕES CARACTERÍSTICAS LOCALIZAÇÃO CONDUTAS E


ORIENTAÇÕES DE
ENFERMAGEM

Vesículas em cacho evoluem Lábios ou região Explicar a forma de


Herpes simples
para úlceras e após crostas; vizinha como o nariz, transmissão da
(vírus) auto-limitada; recidivante; queixo e face. doença (vesículas).
regressão espontânea; relacão Orientar o uso
c/baixa imunidade; separado de copos,
transmissão direta; colheres, toalhas de
Formigamento, ardência, rosto, enquanto
prurido, dor surgem antes da durarem as vesículas.
erupção. Investigar a causa
provável da baixa
resistência.
Aplicação de gelo
(envolvido em pano)
para alivio local por 1
a 2 min intermitentes
por 20 minutos.
Nos casos de
recidivas frequentes,
encaminhar para
avaliação médica
agendada.

Exantema máculo papular que Em toda a superfície Avaliar SV, estado

30
Varicela evoluem rapida/e p/ pústula e corpórea geral, aspecto e
para crostas de 3- 4 dias, evolução das lesões
Catapora
febre moderada e (estado geral
(Herpes Zoster) prurido, em crianças é benigna debilitado: consulta
e auto - limitada. médica no dia)
Complicações: impetigo, Orientar banho c/
erisipela, celulite, sepse, Permanganato de
absesso e endocardite Potássio (1cp/ 4 L
água 3x/dia). Retorno
em 24horas p/
reavaliação.
Orientar quanto à alta
transmissibilidade
(contato direto,
secreções
respiratórias e sec.
vesiculares);
Orientar cuidados:
banho de chuveiro c/
água e sabão,
Orientar uso exclusivo
de toalhas, roupas,
etc;
Evitar ambientes
aglomerados e
fechados, e contato
com gestantes;
Retorno às aulas a
partir do 7º dia

Caracteriza-se por uma Geralmente em Verificar esquema


Erisipela
placa eritematosa vermelha membros inferiores, vacinal,
(estreptodermia) brilhante quente de bordas face e abdômen, Verificar se paciente é
bem definidas, edema local, podem originar-se de portador de D.Melitus
dor, calor e calafrios, pode fissuras infectadas, ou erisipela em
originar faixas eritematosas no úlceras varicosas, mucosas (agendar
trajeto de vasos linfáticos. intertrigo necrótico. Em para consulta médica
Complicações: obstrução mucosas é no dia);
linfática (elefantíase) considerada Agendar consulta em
forma gravíssima até 48horas.
Fonte: Londrina, 2006.

CONDUTA DE ENFERMAGEM NAS LESÕES DE PELE MAIS FREQÜENTES

LESÕES CARACTERÍSTICAS LOCALIZAÇÃO CONDUTAS E


ORIENTAÇÕES DE
ENFERMAGEM

Dermatite Lesões eritematosas exsudativas e Região de contato Evitar uso de substâncias


de Fraldas eritemato- papulosas, descamativas com a fralda irritantes: pós, óleos,
nas áreas de contato com a fralda, sabões;
causada por exposição prolongada Troca frequente das
à urina e fezes. fraldas ou retirada das
Complicações: infecção – mesmas até o
fungos (bem delimitadas, desaparecimento
cor viva, com pequenas lesões da dermatite e banho de

31
satélites) e bactérias. sol;
Orientar: fralda de pano
de algodão não causa
alergia;
Higiene c/ água e sabão
neutro após cada
eliminação,
Orientar lavar fraldas com
sabão neutro, enxaguar
abundantemente e último
enxague c/ água e
vinagre;
Orientar uso de amido de
milho após cada higiene,
Reavaliar após cada 48h,
Agendar consulta médica
na UBS, se não houver
melhora ou se sinais de
infecção secundária
Oxido de zinco +
Nistatina, fazendo uma
aplicação de camada leve
em cada troca de fralda.

Lesões avermelhadas que podem Dobras da pele: Higiene e secagem


Intertrigo apresentar exsudato ou maceração costas, braços, adequada do local, evitar
da pele (odor forte) pescoço e região tecidos sintéticos.
auricular, sub Exposição ao sol no inicio
mamária e dobra da manhã
de abdômen Banho c/ permanganato
de potássio: 1comp/ 4L
água, 3 vezes ao dia.

Bálano Inflamação do prepúcio e Prepúcio e glande Banho c/ permanganato


Postite glande de potássio: 1comp/ 4L
água, 3 vezes ao dia,
Orientar higiene local e
cuidado na retração do
prepúcio retornando-o
completamente sobre a
glande.

CONDUTA DE ENFERMAGEM NAS LESÕES DE PELE MAIS FREQÜENTES

LESÕES CARACTERÍSTICAS LOCALIZAÇÃO CONDUTAS E


ORIENTAÇÕES DE
ENFERMAGEM

Tínea Lesões esbranquiçadas, Espaços Orientar higiene diária,


Interdigital pruriginosas, maceradas, interdigitais dos secar bem o local, em
(frieira ou descamativas nos espaços pés e mãos locais públicos evitar
pé de interdigitais causada por excesso contato direto c/ o chão
atleta) de umidade. Pode estar associada durante o banho;
ao D.Mellitus. Orientar usar calçados
Complicações: abertos, toalha de banho de

32
- fissuras; uso exclusivo e meias de
- infecção secundária em pacientes algodão;
com D.M. Exposição dos calçados ao
sol;
Pingar 1 gota de vinagre de
maçã entre os dedos,
diariamente a noite,
deixando secar
naturalmente;
Fornecer e orientar banho
com Permanganato de
potássio (1 cp/ 2 L de água
3x/dia);
Verificar história D.M. e
orientar prevenção do Pé
diabético, e vacinação
Retorno em até 1 semana
para reavaliação (se
história de DM retornar em
3dias);
Agendar consulta médica
conforme agenda se não
houve melhora do quadro
(se DM consulta em 24 a
48h).

Rachadura nos Rachadura na região dos Calcâneos Orientar calçados fechados e


pés calcâneos por uso frequente meias de algodão,
de calçados abertos ou Lixar a região se houver
andar descalço espessamento da pele, durante ou
logo após o banho.
Usar hidratante ao deitar-se,
friccionando o local até senti-lo
aquecido.
Verificar esquema de vacinação
antitetânica.
Verificar presença de micose
interdigital ou de unhas.
Verificar se o paciente é diabético:
utilizar o protocolo de inspeção de
pé diabético.
Retorno em 1 semana p/
reavaliação c/ enfermagem.
Consulta médica nos casos mais
graves ou infecção.
Onicomicose Causada por fungos, Unhas dos Orientar lixar superficialmente
(micose da Destroem as unhas, pés e mãos sobre as unhas e instilar 1 gota de
unha) provocando deformações álcool a 70% em cada unha, após
lixá-las, preferencialmente antes
de dormir,
Orientar uso exclusivo da lixa e
material completo de manicure;
Agendar consulta médica
conforme agenda.
Fonte: Londrina, 2006

33
FEBRE

Atendimento de Enfermagem

Sim Sinais de alerta Não

Sintomas
Associados e/
Sim Não
ou Tempo de
Duração

Conduta de Conduta de
enfermagem* enfermagem *

Orientações de Orientações de
Enfermagem A Enfermagem B

Retorno em 24 horas
Consulta Médica
no dia p/ crianças
ate 05 anos.
ALTA
Consulta Médica
Consulta Médica em até 24 horas
imediata p/ maiores de 05
anos.

Melhora do
Não quadro Sim
DESMAIO OU
TONTURA

Atendimento de Enfermagem

Sim Sinais de alerta Não

Sintomas
Sim Não
Associados

Consulta Médica em Conduta de


24 horas. enfermagem

Orientações de
Enfermagem

Atendimento Médico
de Urgência

ALTA
CEFALÉIA

Atendimento de
Enfermagem

Sim Sinais de alerta Não

Conduta de
enfermagem

Orientações de
Enfermagem
Consulta Médica
imediata

Retorno em 24 horas
ALTA

Melhora do
Consulta Médica no Não Quadro Sim
Período
Referencias Bibliográficas

1. SILVA R.P.V - Construção de um Protocolo de Acolhimento para Unidade de Saúde da


Família de Pingo D` água, Minas Gerais, 2011.
2. HUMANIZA SUS: Política Nacional de Humanização: a humanização como eixo norteador
das práticas de atenção e gestão em todas as instâncias do SUS / Ministério da Saúde,
Secretaria-Executiva, Núcleo Técnico da Política Nacional de Humanização. – Brasília: Ministério
da Saúde, 2004.
3. HUMANIZA SUS: acolhimento com avaliação e classificação de risco: um paradigma ético-
estético no fazer em saúde /Ministério da Saúde, Secretaria-Executiva, Núcleo Técnico da Política
Nacional de Humanização. – Brasília: Ministério da Saúde, 2004.
4. Protocolos de Enfermagem na atenção primária á saúde / Prefeitura, Secretaria Municipal
de Saúde e Defesa Civil, Subsecretaria Geral Rio de Janeiro: Prefeitura, 2012.
5. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria da atenção a saúde. Departamento de Atenção
Básica Acolhimento à Demanda Espontânea/Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à
Saúde. Departamento de Atenção Básica. – Brasília: Ministério da Saúde, 2011. (Caderno de
atenção básica, n.28, Volume l e II)
6. Avaliação e Assistência de Enfermagem: protocolo/. Prefeitura do Município. Autarquia
Municipal de Saúde-- 1. ed.-- Londrina, PR: [s.n], 2006.

1
2. SAÚDE DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE

1. Introdução
A enfermagem na atenção básica atua em todas as fases do ciclo de
vida dos indivíduos de sua área de responsabilidade, visando à proteção,
promoção, cuidado e recuperação da saúde.
Considerando a necessidade da instrumentalização para a enfermagem
que atuam nas UBS com a Estratégia de Saúde da Família e garantindo que
essa assistência ocorra conforme as diretrizes do Sistema Único de Saúde,
fez-se necessária a elaboração deste protocolo com o objetivo de nortear
condutas no âmbito da Atenção à Saúde da Criança.
Dessa forma, propomos a sistematização da assistência de enfermagem
ao longo do ciclo vital do crescimento da criança e do desenvolvimento do
Adolescente, partindo da readequação dos protocolos existentes, trabalhando
com conceitos ampliados de indivíduo e família, buscando a integralidade na
ampliação do mesmo que é complementar outras publicações relativas à
Atenção à Saúde da Criança e do Adolescente.

2. Atendimento à criança
O atendimento à criança requer a sequencia de ações ou medidas
preventivas direcionadas desde antes do nascimento até os cinco anos de
idade, com o objetivo de evitar que ela adoeça e também para promover um
crescimento e desenvolvimento adequados para cada faixa etária.
Com o conhecimento da clientela, viabilizada pelo ESF, é possível iniciar
tal acompanhamento desde o pré- natal seguindo-se com ações individuais e
coletivas a população infantil, de forma a intensificar o monitoramento junto às
crianças que apresentam riscos.

2.1. Como fazer o seguimento da criança?


A puérpera e o recém-nascido (RN) deverão receber a visita domiciliar
do enfermeiro logo que chegam ao domicílio, durante a primeira semana de
vida, na qual são abordadas as orientações das técnicas corretas para o
aleitamento adequado, cuidados com as mamas, com a episiorrafia,com
curativos cirúrgicos, e sinais gerais de anormalidades; incentivo ao aleitamento

1
materno exclusivo e as peculiaridades do cuidado como RN tais como,
cólica,choro excessivo,cuidados como o coto umbilical e higiene em geral.

Fluxograma do acolhimento à criança

FONTE: Protocolos de enfermagem na atenção primária à Saúde.

2.2 Calendário de acompanhamento das crianças


- Realizar visita domiciliar nos primeiros 7 dias após a alta.
- Realizar no mínimo, 7 consultas individuais no 1º ano de vida, sendo3
consultas médicas e 4 de enfermagem.

2
- Participar de grupos educativos, no mínimo por 4 vezes no primeiro
ano de vida.
- Realizar no mínimo, 2 consultas individuais no segundo ano de vida.
- Realizar no mínimo, 1 consulta individual do terceiro ao quinto ano de
vida.
- Realizar visitas domiciliares mensais até os cinco anos de vida.

3
, FONTE: Ministério da Saúde, 2004.

3. Antecedentes pré-neonatais
• A mãe fez pré-natal?
•Ficou doente durante a gravidez?
• Fez algum tratamento ou seguimento?
• Usou drogas (lícitas e ilícitas), investigar HIV.
• Quantos filhos ela já teve?
• Quantos vivem?
• Quantos morreram?
• Quais as causas dos óbitos?
• A criança foi desejada?
• A mãe teve problemas psiquiátricos anteriores?
• Peso ao nascer (se > de 2.500g, se foi termo ou não, etc.)
• Tipo de parto (normal, fórceps ou cesárea “emergencial”por mecônio,
interrogar o motivo do tipo de parto).

3.1 Intercorrências no nascimento


• Interrogar se o RN teve alta com a mãe, se não, por qual motivo ficou
(“tomou soro”ou oxigênio, ou fototerapia);tais informações podem indicar
possíveis anóxias, hipoglicemia, hipocalcemia, infecções, icterícia, etc. e
indicativo da necessidade de monitoramento da evolução da criança.
• Registrar quem é o informante da consulta (a mãe, pai, avó, babá, etc)
e quem cuida da criança.quem cuidará dela após o término da licença
maternidade (creche, avó, babá, etc.).
• Aproveitar todas as oportunidades para investigar sinais indicativos de
maus tratos (equimoses, hematomas, pequenos traumas.)
• Orientar a prevenção de acidentes em cada faixa etária: queda da
cama ou berço, irmãos maiores, risco de sufocamento com mamadeiras,
andadores, carrinhos, envenenamentos, etc.

3.2. Captação do recém-nascido


É importante que os municípios construam mecanismos de comunicação
entre a Maternidade e as Unidades Básicas de Saúde a fim de possibilitar o

4
atendimento mais precoce possível do recém-nascido. Ressaltamos que o
preenchimento adequado da Declaração de Nascidos Vivos (DNV) e agilização
no seu envio à UBS são procedimentos de extrema importância para a
identificação das situações de risco.
Uma vez no domicílio, a puérpera e o recém-nascido devem receber a
visita do Enfermeiro nas primeiras 24 horas após a alta, com o objetivo de:
Verificar condições gerais da criança e da mãe;
Estimular o aleitamento materno;
Avaliar as condições de higiene;
Verificar se há sinais de infecção no umbigo;
Avaliar a existência de situações de risco;
Encaminhar para as Ações do 5º dia;
Orientar a mãe sobre a consulta do puerpério;
Orientar a mãe sobre a importância do acompanhamento da
saúde da criança.
No caso de alguma dúvida ou frente a alguma alteração, o enfermeiro
deverá encaminhar a mãe e a criança para a UBS ou serviço especializado.
(MINAS GERAIS – 2005)

4. Como classificar o risco do RN


• Criança residente em área de risco;
• Baixo peso ao nascer (inferior a 2.500g);
• Prematuridade (menos de 37 semanas gestacionais);
• Asfixia grave ou Apgar menor do que 7 no 5º minuto;
• Internações/intercorrências;
• Mãe com menos de 18 anos de idade;
• Mãe com baixa escolaridade (menos de oito anos de estudo);
• História familiar de morte de criança com menos de 5 anos de idade.

Outras situações reconhecidas de vulnerabilidade: aleitamento materno


ausente ou não exclusivo, gestação gemelar, malformação congênita, mais do
que três filhos morando juntos, ausência de pré-natal, problemas familiares e
socioeconômicos que interfiram na saúde da criança, problemas específicos da

5
criança que interfiram na sua saúde, não realização de vacinas, identificação
de atraso no desenvolvimento e suspeita ou evidência de violência.
Entre as situações familiares consideradas de vulnerabilidade,
encontram-se as seguintes:
gravidez de alto risco ou eventos traumáticos para a mãe durante a gestação,
presença de rupturas e conflitos do casal quando da descoberta da gravidez,
separações e lutos na família, mãe em situação de sofrimento agudo ou
diagnóstico de doença mental, parto difícil ou traumático,pais com dificuldades
de assumir a parentalidade (tornar-se pai e tornar-se mãe) e famílias com
problemas múltiplos (drogadição, alcoolismo, pobreza, condições crônicas).
(Ministério da Saúde, 2012)

4.1 - Captação de lactentes e pré-escolares


Todas as crianças da área de abrangência da UBS devem estar
cadastradas e incluídas no programa de acompanhamento. Novos moradores
devem ser visitados pelo ACS o mais rápido possível. Quaisquer outras
oportunidades de captação devem ser aproveitadas, programando o
acompanhamento.

4.2 - Busca de faltosos


As famílias das crianças faltosas às atividades programadas deverão ser
visitadas pelo ACS para identificação dos motivos da sua ausência e
orientação aos familiares.
As consultas perdidas deverão ser agendadas novamente.
Em caso de internação da criança, a equipe deverá entrar em contato
com o hospital para informações e, assim, programar uma consulta
imediatamente após a alta.
Quando as crianças em situações de risco não comparecerem a
qualquer atividade pré-agendada na UBS, as famílias deverão ser contatadas
com urgência.

5. Acompanhamento do crescimento e desenvolvimento


O acompanhamento do crescimento e desenvolvimento faz parte
da avaliação integral à saúde da criança. Toda criança deve receber a

6
“Caderneta de Saúde da Criança” (CSC - MS), de preferência ainda na
maternidade. Implantada desde 2005, é o documento onde são registrados os
dados de identificação da criança, da história obstétrica e neonatal, da
alimentação, do crescimento e desenvolvimento, da saúde bucal, auditiva e
visual, as vacinações, além do registro das intercorrências clínicas. Contém
ainda orientações para a promoção da saúde e prevenção de agravos como
acidentes e violência doméstica. Entregue às famílias na maternidade, deve
acompanhar a criança sempre que esta for levada a qualquer serviço de saúde.
O registro correto e completo das informações é requisito básico para vigilância
e promoção da saúde infantil, além do diálogo com a família sobre as
anotações realizadas possibilitar apropriação do sentido da puericultura,
favorecendo sua maior adesão e co-responsabilização pelas ações de
vigilância à saúde. As visitas domiciliares ou os atendimentos de saúde na UBS
são oportunidades de entrar em contato com este cartão fazendo atualizações.
Essa ação envolve não apenas a realização do exame laboratorial para
triagem neonatal, mas também a busca ativa dos casos suspeitos, a
confirmação diagnóstica, o acompanhamento multidisciplinar especializado e o
tratamento dos pacientes detectados, o que deve estar garantido e pactuado
na rede de assistência local/regional, bem como a avaliação de cobertura, do
funcionamento e resultados do programa.
A “Primeira Semana Saúde Integral” (PSSI) é uma estratégia em saúde,
na qual são realizadas atividades na atenção à saúde de puérperas e recém-
nascidos (RN). Estas ações contribuem para a redução da mortalidade infantil.
Na “Primeira Semana Saúde Integral” todo recém-nascido deve ser acolhido na
Unidade Básica de Saúde para checagem dos cuidados tanto para a mãe
quanto para a criança, ressaltando-se a importância dessa abordagem na
primeira semana de vida e primeiro mês, quando ocorre a maioria dos
problemas que levam ao desmame precoce. A equipe de cuidados deve estar
atenta para ouvir a mãe ou seus familiares, evitando julgar o que por acaso
esteja sendo feito de errado, devendo elogiar o que estiver sendo feito certo e
sugerir formas de corrigir o errado, sem dar ordens. Avaliar e observar a
mamada em todas as ocasiões de encontro com mãe se bebês e reforçar as
orientações dadas no pré-natal ou maternidade, priorizando a importância do

7
aleitamento materno exclusivo por 6 meses e a complementação com os
alimentos da família até os dois anos de idade ou mais.

5.1 Alimentação saudável e prevenção do sobrepeso e obesidade


Amamentar é muito mais do que nutrir a criança. É um processo que
envolve interação profunda entre mãe e filho, com repercussões no estado
nutricional da criança, em sua habilidade de se defender de infecções, em sua
fisiologia e no seu desenvolvimento cognitivo e emocional, além de ter
implicações na saúde física e psíquica da mãe.
Portanto, cabe ao profissional de saúde identificar e compreender o processo
do aleitamento materno no contexto sociocultural e familiar e, a partir dessa
compreensão, cuidar tanto da dupla mãe/bebê como de sua família.

5.2 Tipos de aleitamento materno:


Aleitamento materno exclusivo – quando a criança recebe somente leite
materno, direto da mama ou ordenhado, ou leite humano de outra fonte, sem
outros líquidos ou sólidos,
Aleitamento materno predominante – quando a criança recebe, além do leite
materno, água ou bebidas à base de água (água adocicada, chás, infusões),
sucos de frutas e fluidos rituais1.
Aleitamento materno – quando a criança recebe leite materno (direto da
mama ou ordenhado), independentemente de receber ou não outros alimentos.
Aleitamento materno complementado – quando a criança recebe, além do
leite materno, qualquer alimento sólido ou semi-sólido com a finalidade de
complementá-lo, e não de substituí-lo. Nessa categoria a criança pode receber,
além do leite materno, outro tipo de leite, mas este não é considerado alimento
complementar.
Aleitamento materno misto ou parcial – quando a criança recebe leite
materno e outros tipos de leite.

Pontos-chave do posicionamento adequado


1. Rosto do bebê de frente para a mama, com nariz na altura do mamilo;
2. Corpo do bebê próximo ao da mãe;
3. Bebê com cabeça e tronco alinhados (pescoço não torcido);

8
4. Bebê bem apoiado.
Pontos-chave da pega adequada
1. Mais aréola visível acima da boca do bebê;
2. Boca bem aberta;
3. Lábio inferior virado para fora;
4. Queixo tocando a mama.
Os seguintes sinais são indicativos de técnica inadequada de
amamentação:
• Bochechas do bebê encovadas a cada sucção;
• Ruídos da língua;
• Mama aparentando estar esticada ou deformada durante a mamada;
• Mamilos com estrias vermelhas ou áreas esbranquiçadas ou achatadas
quando obebê solta a mama;
• Dor na amamentação; Quando a mama está muito cheia, a aréola pode estar
tensa, endurecida, dificultando a pega. Em tais casos, recomenda-se, antes da
mamada, retirar manualmente um pouco de leite da aréola ingurgitada.
Benefícios do aleitamento materno:
Evita mortes infantis
Evita diarréia
Evita infecção respiratória
Diminui o risco de alergias
Diminui o risco de hipertensão, colesterol alto e diabetes
Reduz a chance de obesidade
Melhor nutrição
Efeito positivo na inteligência
Melhor desenvolvimento da cavidade bucal
Proteção contra câncer de mama
Evita nova gravidez
Menores custos financeiros
Promoção do vínculo afetivo entre mãe e filho
Melhor qualidade de vida

9
Fonte: www.saude.gov.br/nutricao

Além da fortificação das farinhas de trigo e de milho e das ações


educativas, o Ministério da Saúde desenvolve o Programa Nacional de
Suplementação de Ferro, que se destina à suplementação preventiva de todas
as crianças de 6 a 18 meses com sulfato ferroso. Mais informações podem ser
obtidas na publicação Manual Operacional do Programa Nacional de
Suplementação de Ferro e no Caderno de Atenção Básica intitulado Carências
de Micronutrientes.
Como o PNSF prevê, a introdução da alimentação complementar deve
ser orientada de forma adequada, uma vez que ela tem papel importante no
suprimento de ferro durante a infância. É indiscutível que o leite materno nos
primeiros seis meses de vidada criança previne anemia, apesar da sua baixa
quantidade de ferro, pois a biodisponibilidade permite a absorção de 50% do
ferro presente, enquanto a absorção do ferro do leite de vaca, que possui
quantidades semelhantes, é de 10%.Para maiores informações consultar
Caderno de Atenção Básica nº 23.

6. Vacinação
• A carteira deve ser verificada sempre, anotando se está em dia pela
verificação direta ou “SIC” (segundo a informação do cuidador).
• Aproveitar qualquer vinda da criança à UBS para regularizar as vacinas
(acolhimento, grupos, consultas médicas ou de enfermagem).

10
• Evitar atrasos por IVAS: desde que a criança esteja bem e afebril, deve ser
vacinada.
• Questionar na VD de puerpério se foi colhido o PKU e T4 na maternidade.
• Se não foi colhido, encaminhar para a coleta o mais rápido possível e
posteriormente, cobrar o resultado.
• As doenças preveníveis por este exame simples (fenilcetonúria e
hipotireoidismo congênito) quase não deixam sequelas (atraso de DNPM) se
diagnosticadas e tratadas precocemente.
• Atualmente, a anemia falciforme está sendo pesquisada também pelo “exame
do pezinho”.
A Unidade de Saúde deve garantir o funcionamento da sala de vacina, sem
restrição de horários, para não se perder a oportunidade de vacinar toda a
população, acompanhar a cobertura vacinal das crianças de sua área, fazendo
a busca ativa de faltosos. A continuidade do acompanhamento do crescimento
e desenvolvimento da criança nos serviços de saúde possibilita ampliar a
cobertura de vacinação, principalmente depois dos 5 anos de vida, quando a
cobertura não tem sido atingida pela ação dos serviços de saúde.

Fonte: http://saudeinfantil.blog.br/
As vacinas de vírus vivos atenuados ou bactérias atenuadas, não devem ser
administradas:

Em pessoas com imunodeficiência adquirida (HIV) ou congênitas;


Em pacientes com neoplasias (câncer) malignas;
Durante a gravidez, salvo alto risco de exposição, como febre amarela;

11
Em indivíduos que estão em tratamento com corticosteroides em altas
dosagens ou outras terapêuticas imunossupressoras, como quimioterapia,
radioterapia etc.

6.1 Adiamento da vacinação

Após tratamento com imunossupressores ou altas doses de


corticosteroides até três meses após o tratamento;
Após transfusões sanguíneas ou de hemoderivados, pois os anticorpos
podem neutralizar o efeito vacinal. Deve-se aguardar de 6 a 8 semanas para
reiniciar o esquema de vacinação;
Em doença aguda febril grave, para que os sinais e sintomas da doença
não sejam confundidos ou atribuídos com possíveis efeitos adversos da vacina.

6.2 Falsas contraindicações

Tosse, coriza, diarréia leve ou moderada, doenças de pele;


História e (ou) diagnósticos clínicos pregressos de hepatite B,
tuberculose, tétano, difteria, coqueluche, sarampo, caxumba, rubéola,
poliomielite e febre amarela em suas respectivas vacinas;
Desnutrição;
Uso de qualquer antimicrobiano;
Vacinação contra a raiva;
Doença neurológica pregressa ou estável;
Alergias (exceto as que se relacionam com os componentes vacinais);
Em tratamentos curtos com corticosteroides, uso para manutenção
fisiológica ou em doses baixas ou moderadas;
Baixo peso ao nascimento (com exceção da BCG) ou prematuridade;
Em casos de internação hospitalar.

7. Consulta de Enfermagem
7.1 Anamnese
Anamnese = recordação, reminiscência.
Identificação: Nome, idade, data de nascimento, sexo, (cor – raça – grupo
étnico), naturalidade, procedência, religião, endereço, nome e idade dos pais,
informante.

12
Consulta de acompanhamento. Se houver descrever segundo o relato do
acompanhante ou do paciente. Identificando corretamente o tempo de
evolução.
Interrogatório Sobre os Diferentes Aparelhos (ISDA) – mesmo que não haja
uma queixa, deve ser realizado o interrogatório complementar.
Geral: febre, adinamia, apetite, perda de peso.
Pele: erupções, prurido, palidez.

7.2 Exame físico


• O exame físico deve ser sempre detalhado.
•Lembrar peculiaridades do RN.
• Estar atento para hipoatividade ou abatimento da criança, assim como
irritabilidade ou choro excessivo.
• Sempre observar sinais de maus tratos, má higiene, abandono ou
negligência.
• Deixar anotado no prontuário qualquer suspeita e tomar as providências que
estiverem ao alcance da equipe.

Evolução do perímetro cefálico esperado:


Avalie o comprimento e o perímetro cefálico da criança. Avalie o peso
em relação ao peso ideal ao nascer. Consideram-se normais tanto uma perda
de peso de até 10% ao nascer quanto a sua recuperação até o 15º dia de vida.
O perímetro cefálico com medidas acima ou abaixo de dois desvios-padrão (< -
2 ou > +2 escores “z”) pode estar relacionado a doenças neurológicas, como
microcefalia (de causa genética ou ambiental) e hidrocefalia, o que exige,
portanto, melhor avaliação e encaminhamento.
Examine as fontanelas: a fontanela anterior mede de 1cm a 4cm, tem forma
losangular, fecha-se do 9º ao 18º mês e não deve estar fechada no momento
do nascimento. A fontanela posterior é triangular, mede cerca de 0,5 cm e
fecha-se até o segundo mês. Não devem estar túrgidas, abauladas ou
deprimidas.

Medidas normais do perímetro cefálico:


0,3 cm por mês No 2º ano de vida

13
0,5 cm por mês 5º ao 12º mês
1,5 cm por mês 3º e 4º meses de vida 2 cm por mês 1º e 2º mês de vida

Estado geral:
Avalie a postura normal do recém-nascido: as extremidades fletidas, as mãos
fechadas e o rosto, geralmente, dirigido a um dos lados. Observe o padrão
respiratório: a presença de anormalidades, como batimentos de asas do nariz,
tiragem intercostal ou diafragmática e sons emitidos.Avalie o estado de vigília
do recém-nascido: o estado de alerta, o sono leve ou profundo e o
choro.Identifique sinais de desidratação e/ou hipoglicemia: pouca diurese,má
ingestão (a criança não consegue mamar ou vomita tudo o que mama),
hipoatividade e letargia.
A temperatura axilar normal situa-se entre 36,4ºC e 37,5ºC e nãonecessita ser
medida rotineiramente em crianças assintomáticas, exceto na presença de
fatores de risco, como febre materna durante o parto.

Avaliar o crescimento e desenvolvimento da criança a partir dos


seguintes valores:
15 cm 1º semestre
10 cm 2º semestre
25 cm 1 ano
10 a 12 cm 2 anos
7 cm 3 e 4 anos
5 a 6 cm Até o início da puberdade

ATENÇÃO: OBSERVAR

• Perda de 10% do peso de nascimento até o 10º dia de vida.


• Ganho de 20 a 30 g/dia durante os 3 primeiros meses de vida; e
• Triplicação do peso de nascimento até o 12º mês de vida.
• A situação das medidas de peso e altura da criança, em relação à idade,
comparadas aos percentis da curva padrão (NCHS), define as seguintes
categorias para o peso:
–Sobrepeso: Peso no percentil maior ou igual a 97 – Adequado: Peso entre os
percentis10 e 97

14
–Risco nutricional: Peso entre os percentis10 e 3
–Desnutrição: Peso menor que o percentil3
• Em relação à avaliação longitudinal, reflete a história da criança desde o
nascimento até a avaliação atual. Considera- se a marcação de vários pontos
na curva (pelo menos 3) e avalia-se o traçado como:
– Ascendente: Satisfatório
– Horizontal: Sinal de alerta
– Descendente: Sinal de Perigo
Obs.: A verificação de peso deve ser feita na consulta de enfermagem e
médica, no atendimento do auxiliar de enfermagem e em grupos de
puericultura, garantindo-se sempre a retirada completa das roupas, fraldas e
calçados.

Ausculta cardíaca
Não há evidências contra ou a favor da ausculta cardíaca e da palpação
de pulsos em crianças. Os valores das frequências cardíaca e respiratória
considerados normais podem ser observados a seguir.

Interrogatório Sobre os Diferentes Aparelhos (ISDA) – mesmo que não haja


uma queixa, deve ser realizado o interrogatório complementar.
Geral: febre, adinamia, apetite, perda de peso.
Pele: erupções, prurido, palidez.

15
8. Cuidados básicos para o acompanhamento da criança
Atendimento em saúde bucal
Realizar ações de educação em saúde bucal.
Realizar atendimento clínico odontológico.
Diagnosticar e tratar as doenças e intercorrências.
Encaminhar a criança para os serviços de referência quando necessário.
Orientar: alimentação e higiene.
Realizar os registros necessários.

• Cabeça: cefaléia, tonturas, trauma, conformação craniana, tumorações,


observar e registrar formato e simetria do crânio, da face e integridade do couro
cabeludo.
• Fontanelas: a fontanela anterior (bregmática) mede ao nascer de 4 a 6 cm e
fecha entre 4 e 26 meses. A posterior (lâmbdia) mede 1 a 2 cm e costuma
fechar por volta de 2 meses.
• Olhos: avaliar presença e aspecto de secreção, lacrimeja mento, fotofobia,
anisocória, exoftalmia, micro ftalmia, cor da esclerótica, estrabismo, entre
outros.
•Visão:avaliar aspecto e simetria dos olhos, alinhamento pelo teste do reflexa
vermelho, presença da visão através da observação de reflexos visuais,
constrição visual direta e consensual à luz.
• Ouvidos: observar a forma, alterações, implantação das orelhas.
• Acuidade auditiva: observar pestanejamento dos olhos, susto ou
direcionamento da cabeça em resposta ao estímulo sonoro, em crianças
maiores sussurrar a uma distância de aproximadamente de 3 metros.
• Nariz: verificar presença e aspecto de secreção. Inspeção e palpação,
pesquisar desvio de septo nasal.
– Observar porção interna anterior do nariz com iluminação empurrando a
ponta para cima.
– Observar coloração da mucosa, condições de cornetos, calibres da via aérea
e secreção.
• Boca e faringe: iniciar pela inspeção dos dentes, gengivas, face interna das
bochechas, língua e palatina. Observar tamanho e aspecto das amígdalas,
hiperemia, petéquias, gota pós-nasal e placa de secreção.

16
• Pescoço: inspeção e palpação dos gânglios cervicais, submandibulares e
retroauriculares. Descrever características: tamanho, consistência, dor,
mobilidade, aderência, avaliar rigidez da nuca.
• Tórax: observar forma, simetria, sinais de raquitismo e mamas.
• Pulmão: observar presença de tiragem, tipo respiratório, ritmo,
expansibilidade torácica e uso de músculos acessórios. Percutir face anterior,
lateral e posterior do tórax.
Auscultar procurando alterações dos sons respiratórios e sua localização.
• Coração: verificar pulso apical, palpitações, cianose, cansaço aos esforços,
dor precordial, síncope, sudorese, cansaço e interrupção frequente das
atividades. Na história neonatal questionar a presença de cianose,
taquidispnéia, se a criança permaneceu no hospital após a alta materna.
Ausculta: frequência, intensidade, ritmo e qualidade deverão ser avaliados,
procurando alterações e sua localização.
• Abdômen: observar alterações globais de forma e volume e abaulamento
localizado, presença de hérnias umbilicais, ventrais e diástases, hábito
intestinal, regurgitação, vômitos, dor abdominal, diarreia.
– As hérnias costumam fechar espontaneamente até os dois anos de idade.
– Examinar o coto umbilical observando a presença de secreção e hiperemia.
A mumificação completa ocorre aproximadamente entre o 7º e 10º dia de vida.
– Realizar palpação geral, superficial e profunda, e também fígado e baço.
Observar presença de dor abdominal e sua localização, defesa ou rigidez da
parede.
• Percussão: delimitar o tamanho do fígado.
• Ausculta: buscar sons intestinais em cada quadrante
• Pele e mucosas: observar elasticidade, coloração, lesões e hidratação. A
pele do RN deve estar lisa, macia, rósea e opaca. A presença de cor
amarelada significa icterícia, e é visível após as primeiras 24 horas de vida e
quando aparece antes disto, pode significar incompatibilidade de grupo
sanguíneo ou infecção do RN.
• Genito-urinário: dor, frequência urinária, urgência urinária, coloração da
urina, presença de testículos na bolsa escrotal, corrimento vaginal, dor lombar,
edema. Nos adolescentes: menarca, ciclo menstrual (intervalo, duração,
quantidade, dismenorréia e sua graduação: ausente, fraca, moderada, forte,

17
mas não atrapalha atividades habituais, forte e atrapalha atividades habituais
e/ou acompanhada de sintomas como vômitos, desmaios, etc..), crescimento
mamas, presença de pêlos pubianos, sexualidade.
Meninos: observar presença de fimose e testículos na bolsa escrotal
(criptorquidia), pesquisar reflexos cremastéricos, hidrocele, hipospadia ou
epispadia.
Meninas: observar o hímen e presença de secreção vaginal pode ocorrer
presença de secreção mucóide ou às vezes sanguinolenta nos primeiros dias
de vida.
• Extremidades: observar deformidades, valgismo/varismo, paralisias, edemas,
alteração de temperatura, assimetria e marcha.
– Palpar pulsos radial, femoral e pedioso;
– Realizar manobra de Ortolani;
– Observar dedos extra-numéricos, baqueteamento digital, polidactilia;
– Examinar coluna vertebral em diversas posições, rigidez, postura, mobilidade
e curvatura.
– Registrar presença de espinha bífida, tufos de pêlos e hipersensibilidade.
• Exame neurológico: observar os comportamentos das crianças comparados
ao comportamento habitual e esperado para fase de desenvolvimento. Avaliar
nível de consciência, atividade normal ou habitual, hipoativa ou com diminuição
do padrão próprio de atividade.
• Avaliação dos reflexos: estão descritos a seguir alguns reflexos que podem
ser avaliados, sendo necessária às vezes a procura de muitos outros durante a
consulta de enfermagem, que podem ser encontrados através de pesquisa
bibliográfica pelo profissional.
• Reação de Moro: utilizar estimulação de queda de cabeça ou som. Não usar
estimulação intensa. A criança deve abrir e fechar os braços.
• Preensão Palmar: colocar o dedo do examinador na palma da mão da
criança no nível do metacarpo falangiano. A criança responde com flexão de
todos os dedos, flexão e adução do polegar, simultaneamente.
• Reflexos de Sucção: é provocado tocando-se os lábios, o que desencadeia
movimentos de sucção dos lábios e da língua. Este reflexo não deve ser
pesquisado imediatamente após a mamada. Este reflexo está presente até os
três meses de vida.

18
• Reflexo Cutaneopalmar: imobilize o membro inferior com a mão apoiada na
porção média da perna, realizando pequenas e sucessivas excitações na borda
externa do pé, na região inframaleolar. A resposta será de extensão do hálux
(sem ser lenta ou majestosa), com ou sem abertura em leque dos dedos
• Reflexo de Marcha: em suspensão vertical, numa superfície dura, segurando
o bebê pelas axilas, realizar o contato da planta dos pés com a superfície, a
criança estenderá os joelhos, que se mantinham semifletidos. (SÃO PAULO,
2003).
9. Doenças mais acometidas em crianças
DOENÇAS CUIDADOS DE NFERMAGEM TRATAMENTO

Dar apoio emocional e Sulfato Ferroso 25 mg/ml Fe


esclarecimento sobre a doença. (II) solução oral
Manter repouso relativo, evitar Tratamento na integra vide
exercícios intensos. quadro a baixo.
Observar aparecimento de
hematomas e petéquias.
Observar anorexia e estimular
alimentação rica em proteínas e
ferro.
Orientar para não ingerir os
alimentos ricos em ferro em
conjunto como leite e derivados,
ANEMIAS mais sim, com alimentos ricos
em vitamina C.
Observar aspecto das
eliminações para detectar
sangramentos.
Observar Sinais Vitais.
Evitar lesões cutâneas e
injeções I.M..
Administrar medicamentos
prescritos (pelo medico): Sulfato
ferroso,
Vitaminas B6/ou B12,Vitamina
C.
Administrar sangue nos casos
de anemia profunda.

Candidíase Nistatina 100.000


CANDIDÍASE ORAL E UI/mlsolução oral
DERMATITEAMONIACAL Orientações à mãe da criança Óxido de Zinco + Retinol +
sobre higienização da mucosa Colecalciferolpomada
oral dermatológica (administrar
Encaminhamento ao pediatra no local afetado diariamente)
Acompanhamento do caso

Paracetamol 100 ou 200


Controle rigoroso de mg/ml solução oral ( 10 a 15
temperatura. mg/kg/dose, com intervalos de
FEBRE Aplicar compressas mornas 4-6 horas entre cada
(nunca fria devido ao risco de administração.)
vasoconstricção súbita).

19
Orientar, auxiliar e
supervisionar a ingesta de
líquidos (oferta de soro oral).

É importante se manter
Orientar e supervisionar a hidratado. Tente
aceitação da dieta. frequentemente a ingestão de
Observar e avaliar os sinais e pequenos volumes de líquidos
sintomas de desidratação. claros, como as soluções de
eletrólitos. Outros líquidos
claros - como água, bebidas à
base de gengibre ou sucos de
NÁUSEAS E VÔMITOS frutas - também funcionam, a
menos que o vômito seja
intenso ou se trate de um bebê.

Para bebês em aleitamento


materno, o leite materno
geralmente é o melhor. Bebês
alimentados com
mamadeirageralmenteprecisam
de líquidos claros.

Sais de para reidratação – pó


para solução oral (Despejar o
conteúdo em um copo litro de
água filtrada e fria e ir bebendo
aos poucos ou à cada
evacuação ou vômito.)

Orientar quanto a importância


DESIDRATAÇÃO da ingesta de líquidos;
Orientar sobre a preparação
correta do soro caseiro
Acompanhamento do caso.
Benzoato de benzila 25%
Hábitos adequados de higiene; emulção tópica
Lavar os cabelos pela manhã, (preferencialmente à noite na
secar bem com uma toalha, hora de deitar-se o paciente
aplicar uma solução de vinagre deve tomar banho com água
morno diluído em partes iguais quente e sabão, em seguida
PEDICULOSE de água (1:1), deixar agir por 20 aplicar a emulsão de forma
a 30 minutos e pentear os abundante nos locais afetados)
cabelos com pente fino, com o - Permetrina 1 % loção
objetivo de remover as lêndeas capilar
manualmente; - Permetrina 5 % loção
- Lavar as roupas de uso
pessoal e de cama com água
quente ou lavar normalmente e
passar a ferro, além de
higienizar escovas, chapéus e
bonés;
- Investigar outros casos no
núcleo familiar e escolar e tratá-
los se for o caso.

Fonte: Silva Jardim 2010

20
Fonte: Ministério da Saúde, 2012.

10. PREVENÇÃO DE ACIDENTES, MAUS TRATOS/VIOLÊNCIA E


TRABALHO INFANTIL.

A violência urbana e doméstica (o abuso sexual, o abandono, a


negligência e a violência psicológica), os acidentes domésticos (quedas,
choques elétricos, queimaduras e ingestão de substâncias químicas) e do
trânsito, deixam marcas, nem sempre visíveis, por toda a vida, são causas

21
importantes de morbimortalidade na infância, e trazem aos serviços de saúde a
necessidade de estruturação diferenciada.
Cabe às equipes de saúde identificar e notificar os casos de violência e
maus-tratos, suspeitos ou confirmados (Notificação Obrigatória de Maus-Tratos
contra Crianças e Adolescentes– MS, 2002), de acordo com fluxo local, além
de proceder ao acolhimento, assistência, tratamento e encaminhamentos
necessários utilizando a rede de apoio existente.
As equipes de saúde deverão estar atentas para reconhecer situações
de risco nas famílias (alcoolismo, abuso de drogas, desagregação familiar)
além de sinais e sintomas sugestivos de violência em todos os seus
atendimentos e visitas domiciliares, tais como lesões físicas (equimoses,
fraturas, queimaduras), alterações de comportamento (agressividade, medo,
timidez excessiva, apatia), negligência (criança mal cuidada, internações
repetidas, desnutrição crônica, etc.), entre outros. Esses comportamentos
podem refletir situações de abuso psicológico, abuso sexual/físico; síndrome da
criança espancada; síndrome do bebê sacudido; abandono; maus-tratos;
negligência, violência institucional, intrafamiliar e violência social.

11. Atenção à criança portadora de deficiência

As crianças com necessidades especiais devem receber atenção


integral e multiprofissional, devendo ter como referencial a promoção da sua
inclusão e participação social. Em toda visita domiciliar ou atendimento da
criança a equipe de saúde deve estar atenta a alguns sinais de alerta como
atraso nas aquisições neuropsicomotoras, comportamentos estereotipados e
repetitivos, apatia frente a estímulos do ambiente, dificuldade em fixar
visualmente o rosto da mãe e objetos do ambiente, ausência de resposta aos
estímulos sonoros, dentre outros, possibilitando a detecção dos problemas em
tempo oportuno para o desenvolvimento de ações de diagnóstico e intervenção
precoce, de habilitação e reabilitação, promoção de saúde e prevenção de
impedimento físico, mental ou sensorial e de agravos secundários,
minimizando as consequências da deficiência.
O cuidado integral à criança portadora de deficiência (diagnóstico,
tratamento, procedimentos de reabilitação, medicamentos, assistência

22
odontológica, ajudas técnicas e a nutrição adequada; o fornecimento de
órteses, próteses, bolsas pediátricas de colostomias, medicamentos, leites
especiais; obedecendo o fluxo local de assistência) pressupõe reabilitar a
criança na sua capacidade funcional e desempenho humano, proteger a sua
saúde para que possa desempenhar o seu papel em todas as esferas da sua
vida social.
Há na família visitada alguma criança com deficiência? A família tem
acesso aos recursos disponibilizados pelo SUS? E na população adscrita pela
unidade de saúde, a deficiência é um problema? Como a equipe da unidade
intermedia estes recursos?

12. Atenção à saúde do adolescente e jovens


Numa abordagem de promoção à saúde, a consulta de enfermagem aos
adolescentes deve levar em consideração os inúmeros processos de
vulnerabilidade, necessidades e agravos a que estes, em particular, e os
distintos grupos a que fazem parte estão sujeitos, sempre considerando a sua
complexidade. Na prática, isto significa não perder de vista a diversidade
humana e, consequentemente, a própria adolescência, construídas em meio a
processos sócio-históricos, projetando a atenção à sua saúde a partir de uma
ampla referência, que considere a dinâmica das relações de classe, gênero,
gerações, raças, culturas e sexualidades.
O conteúdo dessa prática deve se direcionar a partir de dois pontos
importantes de abordagem do adolescente, de acordo com especificidades
locais:
Reconhecimento do perfil sócio-epidemiológico populacional ou,
mais especificamente, do(s) grupo(s) adolescente(s) da sua área de
abrangência;
Envolvimento profissional e comunitário, extensivo os
adolescentes, na definição participativa das necessidades e prioridades de
atenção a serem consideradas.

13. Consulta de enfermagem para adolescentes


A consulta de enfermagem deve ser inserida em um programa de
atenção à saúde de adolescentes, em que se inclua a oferta de ações múltiplas

23
e articuladas, internas e externas aos serviços de saúde, nos diferentes níveis
de assistência, envolvendo uma equipe multiprofisssional e práticas
interdisciplinares e intersetoriais. Os seus fundamentos operacionais devem
pautar-se em elementos de uma abordagem social e clínica da saúde
adolescente, compondo-se de processos de interação, investigação,
diagnóstico, educação e intervenção.
A autonomia e responsabilização de adolescentes se desenvolvem em
torno de seus processos de vida e saúde deve se constituir no objetivo principal
do atendimento de enfermagem a ele. Nesse sentido, a consulta deve buscar:
reconhecer vulnerabilidades sociais, institucionais e subjetivas,
trabalhando com elas no âmbito individual;
avaliar processos orgânicos e psicoemocionais, identificando
possíveis alterações;
adotar medidas assistenciais clínico-educativas, no âmbito
individual;
articular os apoios mais amplos necessários.
A consulta de enfermagem deve ser constituída, eminentemente, em um
espaço de expressão e/ou captação de necessidades, de solução de
problemas da competência profissional de enfermeiros e de articulação com
outros setores da equipe de saúde e estruturas de apoio. O seu caráter deve
ser, sobretudo, o de identificação de necessidades e de intervenção através de
um enfoque clínico-educativo individual. Assim, é fundamental a adoção de
estratégias que tornem a prática da consulta um momento de troca e
crescimento para ambos os lados - adolescentes e profissionais. A abordagem
tradicional, unidirecional, roteirizada, informativa, deve ser substituída por um
processo de inter-relação e construção conjunta de novos valores e
possibilidades práticas em saúde, em que os profissionais assumam o papel de
facilitadores e os adolescentes de sujeitos e líderes de seu próprio
crescimento. É importante lembrar que não existe um modo único e pronto de
trabalhar com adolescentes. De forma que experiências e possibilidades locais
devem estar abertas e continuadas, e novas experiências alimentadas por
processos de avaliação e participação crítica dos envolvidos, o que, sem
dúvida, favorecerá o adolescente conhecer-se/reconhecer-se como
protagosnista de sua história pessoal e social.

24
14. O espaço de atendimento
As consultas de enfermagem os adolescentes devem ser realizadas
preferencialmente em um espaço e ambiente físico exclusivo, preparado
especialmente para o atendimento ao grupo. Em sua organização, deve-se
levar em conta a garantia da privacidade do mesmo, em seu fluxo na unidade
de saúde e também no interior da consulta.
Uma estratégia simples para conseguir com frequência a entrada do
adolescente na unidade, na medida do possível, deve ser fugir dos esquemas
tradicionais de marcação de consulta para as especialidades básicas, que
definem previamente alternativas de atendimento. Pode-se desenvolver
modalidades que permitam a expressão de necessidades e trocas individuais
ou coletivas iniciais, entre adolescentes e profissionais de saúde, que sejam
sugestivas do seu fluxo no serviço e/ou fora dele e que funcionem como um
primeiro processo de interação adolescente/enfermeiro, formação de vínculo e
acolhimento daqueles na unidade. Nesse momento, podem ser aplicadas
técnicas relacionais específicas de apresentação, interação, descontração e
exploração de necessidades.

15. Abordagem a ser utilizada


A consulta de enfermagem ao grupo de adolescentes deve ser realizada
em um espaço reservado ao seu atendimento. A participação da família deve
ser permitida em algumas consultas, em acordo com cada adolescente. É
importante que este tenha confiança no profissional de saúde que o
acompanhará e que não o veja como alguém que pode tornar seu problema
público, acessível a outros elementos de suas experiências de vida e
subjetividades. Este aspecto, inclusive, deve ser objeto de acordo com o
adolescente. A família deve saber que também tem um espaço no
atendimento, respeitadas as regras do sigilo absoluto, da privacidade e da
concordância do adolescente.
A interação entre o profissional de saúde e o adolescente, além da
confiança, deve se basear na troca e no respeito ao modo de vivência do
adolescente.

25
Isto significa não transmitir qualquer juízo de valor, reprovação às suas
manifestações, adoção de qualquer comportamento discriminatório ou se
apresentar como dono da "verdade". As mensagens utilizadas devem ser
claras e objetivas e as informações técnicas sempre serão discutidas e
fundamentadas. A base da troca deve ser o diálogo e não a imposição para
eles. Para isso, processos de escuta do profissional são fundamentais.
Julgamentos prévios em torno do que se imagina que caracteriza todo e
qualquer adolescente devem ser evitados. Também, não haver interrupções no
atendimento e estar sempre atento e aberto às expressões do adolescente são
práticas fundamentais.
O tempo de atendimento deve ser favorável às trocas e a realização dos
procedimentos necessários. Deve ser evitada a prática do interrogatório no
levantamento de questões de vida e necessidades do adolescente, em que um
roteiro de questionamentos revele-se mais importante que o sujeito e a
interação com ele. A confiança e a possibilidade de troca de experiências são
conquistadas de modo gradativo. Dessa forma, deve-se fugir dos esquemas
que por muitas vezes procuram esgotar informações num primeiro contato,
pautados em roteiros formais e sequenciais de atendimento. Além disso, deve-
se fugir de esquemas de sondagem e controle da vida adolescente, avançando
no processo de consulta sempre em acordo com o envolvido, com base em
continuadas trocas em torno de necessidades, interesses e possibilidades,
buscando respeitar e mobilizar valores, conceitos/preconceitos e estereótipos
do adolescente.

16. Avaliação de vulnerabilidades, necessidades e problemas


O que investigar?
Vulnerabilidades sociais, institucionais,
subjetivas/comportamentais e biológicas.
Manifestações orgânicas e psicoemocionais, sugestivas de
alterações.
Elementos a serem abordados
Processos sociais vividos e possíveis riscos para o adolescente:
explorar elementos à caracterização das condições de vida, ambiente e
interações familiares dos mesmos, inclusão e rendimento escolar, inserção e

26
ambiente grupal, práticas de lazer; trabalho (condições e realização pessoal);
situações de estresse vivenciadas; expectativas em relação ao futuro e
perspectiva de vida.
Valores e comportamentos nas áreas da sexualidade e
reprodução: explorar valores e comportamentos que tornam o adolescente
mais vulnerável a problemas sociais e de saúde (como prostituição,
preconceitos, estereótipos, tabus, repressões, medos e dúvidas em relação ao
exercício da sexualidade ou possível maternidade/paternidade), necessidades
em torno do exercício da sexualidade, incluindo trocas afetivas; uso ou recusa
da camisinha em relações sexuais; valores e possíveis tabus e experiências
vivenciadas de formas negativas em torno de práticas de masturbação,
ejaculação, menstruação, namoro, iniciação da atividade sexual, relação
sexual, homossexualidade/bissexualidade; história pregressa de gravidez
indesejada, abortos forçados e prostituição.
Autoimagem e aceitação corporal: através do diálogo direto,
identificar características da autoestima, valores que o adolescente tem sobre
si, imagens idealizadas, aceitação, preocupações e distúrbios relacionados à
imagem corporal.
Processos psicoemocionais: explorar características dos
processos relacionais em família, na escola, no trabalho, com os pares, na
sociedade; comportamentos sugestivos de depressão; ansiedade; ideias
suicidas; declínio e perda de interesse em atividades que são realiza
rotineiramente; possíveis vivências pregressas e atuais de processos de
violência intra e extrafamiliar (física, psicológica, sexual, negligências);
aprovação/reprovação, informações e acesso a substâncias psicoativas; uso,
abuso ou dependência das mesmas.
Capacidade de negociação do adolescente: reconhecer, através
do diálogo, a capacidade do adolescente de negociar elementos interacionais,
em prol de trocas sexuais prazerosas e enriquecedoras, da auto-proteção e
responsabilização na esfera sexual, da autoproteção das DSTs, AIDS e
gravidez indesejada; a capacidade de enfrentamento de adversidades.
Anticoncepção: identificar e explorar valores e adesão dos
adolescentes aos métodos utilizados/possíveis de serem utilizados, em casos

27
de vida sexual ativa ou na pretensão iniciação sexual; uso associado de
anticoncepção e proteção das DSTs e AIDS.
Padrão da alimentação: investigar valores, conhecimento, hábitos
e características familiares e pessoais de alimentação, acesso a alimentos;
caracterizando a condição social de cada um, alterações como obesidade,
bulimia, anorexia e preocupações em torno da imagem e do peso.
Histórico familiar de doenças: levantar situações de hipertensão,
doença cardiovascular, hipercolesterolemia, diabetes, obesidade, saúde mental
e outras doenças de caráter hereditário.
Atividade física e habilidades: investigar sedentarismo, hábitos e
práticas de atividade física/esportiva e habilidades culturais e artísticas.
Alterações sistêmicas: explorar a qualidade do funcionamento dos
sistemas corporais do adolescente.
Acuidade visual e auditiva: questionar sobre a qualidade sobre
cada um dos processos e possíveis dificuldades escolares associadas
aproveitando a observação dos professores nas escolas através de busca ativa
se possível e sinais clínicos observados em palestras e na própria consulta.
Calendário vacinal: solicitar a apresentação do cartão de vacinas
e investigar imunização realizada na infância e adolescência.

17. Elementos a serem avaliados


Alterações na pele:
A pele do adolescente - principalmente da face e do couro cabeludo -
deve ser atentamente observada. A acne e a dermatite seborréica são comuns
nessa fase da adolescência e, comumente, constituem-se fatores negativos na
imagem corporal. Embora sejam processos comuns da vida, medidas devem
ser adotadas à sua redução/resolução, considerando a importância que
adquirem para o adolescente.
Avaliação da capacidade visual e auditiva:
A avaliação da qualidade auditiva e visual é fundamental à detecção de
alterações na acuidade auditiva e na imagem e acuidade visual normal,
podendo indicar disfunções que possivelmente requeiram avaliação minuciosa
e o acompanhamento de profissional de saúde especializado.

28
Avaliação das condições de higiene e integridade da cavidade
oral:
Devem-se verificar possíveis alterações nas gengivas, presença de
cáries e distúrbios de articulação têmporo-mandibular, conversando com o
adolescente sobre possíveis necessidades, problemas e encaminhamentos
para os serviços de odontologia.
Alterações posturais:
Podem ser evidenciadas alterações importantes na postura física do
adolescente, que requerem além de orientações básicas sobre esta, atividades
específicas de correção postural e de avaliação de alterações mais graves
encaminhando para os serviços especializados.
Condições psicoemocionais:
Um ponto muito importante é a observação das dificuldades relacionais;
processos de dependência-independência e autoafirmação; comportamentos
agressivos, nervosismo, ansiedade, depressão, hiperatividade, apatia;
manifestações de possíveis abusos físicos, sexuais, psicológicos ou
comportamentos de negligência dos pais ou responsáveis.
Desenvolvimento físico-pubertário:
O enfermeiro deve estar atento a alterações como desnutrição, anemias
e obesidade, cada vez mais comuns na fase da adolescência, às precárias
condições de acesso à alimentação, estilo de vida sedentário e hábitos
alimentares. Avaliar os níveis pressóricos e as possíveis anormalidades.
Pesquisar alterações externas de hiper ou hipotireoidismo. Acompanhar a
qualidade do crescimento e do ganho de peso, usando como referência os
gráficos de crescimento pubertário feminino e masculino.

18. Exame físico

Na avaliação de necessidades e problemas, o profissional de saúde


deve levar em consideração e identificar possíveis medos e constrangimentos
do adolescente, sobretudo em torno da avaliação física. Havendo necessidade
de realizar o exame corporal no adolescente, deve-se para este, disponibilizar
um espaço privativo de preparação e roupas apropriadas para o uso na

29
consulta. A conversa e o esclarecimento de dúvidas em torno de cada
momento da avaliação são fundamentais para ajudar o adolescente a relaxar
nesse momento, para colocá-lo a par do que vai ser feito, e obter o seu
consentimento. Tudo o que está sendo avaliado deve ser objeto de troca. É
importante aproveitar o momento para identificar percepções e vivências em
torno do corpo e conversar sobre elas. Se necessário, a participação em ações
futuras e específicas como, por exemplo, em atividades educativas em grupo,
deve ser pensada e projetada por ambos, profissionais e adolescentes.

30
FONTE: Brasil 2012

31
Deve haver investigação das mamas dos adolescentes homens; a
ginecomastia é uma patologia muito comum, que frequentemente provoca mal
estar e requer informações apropriadas. Nas adolescentes mulheres t o exame
das mamas também deve ser realizado, aproveitando-se a ocasião para
ensinar o autoexame e sua importância. Nos meninos, investigar varicocele,
hidrocele, fimose e lesões características das doenças sexualmente
transmissíveis, ensinando o autoexame genital. Nas adolescentes, realizar o
exame ginecológico e coleta de material para exame colpocitológico (CCO),
nas com a vida sexual ativa. Inspecionar a vulva e orientar o autoexame
ginecológico. Investigar distúrbios menstruais, alterações genitais e
características de perdas vaginais, distinguindo os problemas e perdas
fisiológicas. A avaliação dos estágios de desenvolvimento do adolescente
permite identificar o grau e a propriedade da maturação físico-sexual ou do
surgimento dos caracteres sexuais secundários e aquisição da capacidade
reprodutiva. Deve-se aproveitar o momento da avaliação física para identificar
a falta de informações sobre o corpo e possíveis dificuldades na sua aceitação,
o que é muito comum entre os adolescentes, conversando sobre as mudanças
físicas e funcionais vivenciadas. Em momento apropriado, deve-se conversar
com o paciente sobre os sentidos, cobranças e repressões socioculturais em
torno do corpo.
Solicitação de exames básicos:
Deve-se solicitar e dispor de exames básicos como hematócrito,
hemoglobina, EAS e parasitológico. Outros exames podem ser realizados, de
acordo com os problemas apresentados e conforme rotinas específicas de
cada serviço e setor. Para as adolescentes sexualmente ativas, o exame
Papanicolau deve ser realizado, no mínimo, anualmente.
Calendário vacinal preconizado pelo Ministério da Saúde:

32
33
Referencias Bibliográficas

1. AYRES, J. R. de C. M.; F. JUNIOR, I. Saúde do adolescente. In:


SCHRAIBER, L. B.; NEMES, M. I. B.; MENDES-GONÇALVES, R. B. (Org.).
Saúde do adulto: programas e ações na unidade básica. São Paulo: Hucitec,
1996. p. 66-85.

2. Brasil, Ministério da Saúde; Acompanhamento do Crescimento e


Desenvolvimento Infantil, Disponível em:<
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/crescimento_desenvolvimento.pdf >,
acessado em 03/07/2014.

3. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento


de Atenção Básica. Saúde da criança : crescimento e desenvolvimento /
Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de
Atenção Básica. – Brasília : Ministério da Saúde, 2012. p.: 272

4. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Diretoria


Técnica de Gestão. Dengue: manual de enfermagem – adulto e criança /
Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde, Diretoria Técnica de
Gestão. – Brasília : Ministério da Saúde, 2008. p.48

5. COUTINHO, M. de F. G.; BARROS, R. do R. Adolescência: uma abordagem


prática. São Paulo: Atheneu, 2001.

6. FRANÇOSO, L. A.; GEJER, D.; REATO, L. de F. N. Sexualidade e saúde


reprodutiva na adolescência. São Paulo: Atheneu, 2001.

7. SETÚBAL, JOSÉ LUIZ –Ministério da Saúde – secretaria de políticas


públicas"Acompanhamento do Crescimento e Desenvolvimento Infantil", junho
de 2011, Disponível em: http://www.hospitalinfantilsabara.org.br/saude-da-

34
crianca/informacoes-sobre-doencas/abc-saude-infantil/d/desenvolvimento-
infantil/, acesso em: 13/ 08/ 2014.

8. SAITO, M. A.; SILVA, L. E. V. da. Adolescência: prevenção e risco. São


Paulo: Atheneu, 2001.

35
4. SAÚDE DA MULHER

1. Introdução

No Brasil, a saúde da mulher foi incorporada às políticas nacionais de


saúde nas primeiras décadas do século XX, sendo limitada, nesse período, às
demandas relativas à gravidez e ao parto. Os programas materno-infantis,
elaborados nas décadas de 30, 50 e 70, traduziam uma visão restrita sobre a
mulher, baseada em sua especificidade biológica e no seu papel social de mãe
e doméstica, responsável pela criação, pela educação e pelo cuidado com a
saúde dos filhos e demais familiares.
Em 1984, o Ministério da Saúde elaborou o Programa de Assistência
Integral à Saúde da Mulher (PAISM), marcando, sobretudo, uma ruptura
conceitual com os princípios norteadores da política de saúde das mulheres e
os critérios para eleição de prioridades neste campo (BRASIL, 1984).
O PAISM incorporou como princípios e diretrizes as propostas de
descentralização, hierarquização e regionalização dos serviços, bem como a
integralidade e a eqüidade da atenção, num período em que, paralelamente, no
âmbito do Movimento Sanitário, se concebia o arcabouço conceitual que
embasaria a formulação do Sistema Único de Saúde (SUS).
O novo programa para a saúde da mulher incluía ações educativas,
preventivas, de diagnóstico, tratamento e recuperação, englobando a
assistência à mulher em clínica ginecológica, no pré-natal, parto e puerpério,
no climatério, em planejamento familiar, DST, câncer de colo de útero e de
mama, além de outras necessidades identificadas a partir do perfil populacional
das mulheres (BRASIL, 1984).
Objetivos Gerais da Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da
Mulher
– Promover a melhoria das condições de vida e saúde das mulheres
brasileiras, mediante a garantia de direitos legalmente constituídos e ampliação
do acesso aos meios e serviços de promoção, prevenção, assistência e
recuperação da saúde em todo território brasileiro.

36
– Contribuir para a redução da morbidade e mortalidade feminina no
Brasil, especialmente por causas evitáveis, em todos os ciclos de vida e nos
diversos grupos populacionais, sem discriminação de qualquer espécie.
– Ampliar, qualificar e humanizar a atenção integral à saúde da mulher
no Sistema Único de Saúde.

1.2 Orientações e Ações Educativas


A criação de espaços de educação em saúde sobre o pré-natal é de
suma importância; afinal, nestes espaços, as gestantes podem ouvir e falar
sobre suas experiências e consolidar informações importantes sobre a
gestação e outros assuntos que envolvem a saúde da criança, da mulher e da
família. Tais espaços de educação podem ocorrer tanto durante grupos
específicos para gestantes quanto em salas de espera, atividades em
comunidades e escolas ou em outros espaços de trocas de ideias.
É necessário que o setor Saúde esteja aberto para as mudanças sociais
e cumpra de maneira mais ampla o seu papel de educador e promotor da
saúde. As gestantes constituem o foco principal do processo de sensibilização;
porém, não se pode deixar de atuar, também, entre companheiros e familiares.
A posição do homem na sociedade está mudando tanto quanto os papéis
tradicionalmente atribuídos às mulheres. Portanto, os serviços devem promover
o envolvimento dos homens (adultos e adolescentes), discutindo a sua
participação responsável nas questões da saúde sexual e reprodutiva.
Entre as diferentes formas de realização do trabalho educativo,
destacam-se as discussões em grupo, as dramatizações e outras dinâmicas
que facilitam a fala e a troca de experiências entre os componentes do grupo. É
importante que se façam grupos fora da unidade de saúde. O Enfermeiro,
atuando como facilitador, deve evitar o estilo “palestra”, que é pouco produtivo
e ofusca questões subjetivas que podem ser mais relevantes para as pessoas
presentes do que um roteiro pré-estabelecido. Portanto, é importante que toda
a equipe de saúde se inclua em espaços de discussão, levando à população,
em espaços formais e não formais, pois a educação popular em saúde é a
forma mais democrática de construir um conceito amplo de saúde, de promover
o autocuidado e de produzir melhores indicadores de saúde.

37
1.3 Assistência ao Pré-Natal de Baixo Risco
De acordo com a lei do exercício profissional da enfermagem – Decreto
nº 94.406/87 - o pré-natal de baixo risco pode ser inteiramente acompanhado
pelo enfermeiro.
A primeira consulta do pré-natal tem como objetivo: Acolher a mulher
respeitando sua condição emocional em relação à atual gestação, buscando
esclarecer suas dúvidas, medos, angústias ou simplesmente curiosidades em
relação a este novo momento em sua vida; identificação e classificação de
riscos, confirmação de diagnóstico, adesão ao pré-natal e educação para
saúde estimulando o autocuidado.

1.4 Ações do Enfermeiro:


 Solicitação do Teste Imunológico de Gravidez (TIG):
Solicitar TIG Resultado positivo: Iniciar acompanhamento PN

Resultado negativo: Repetir após 15 dias,

βHCG

Resultado negativo: orientar sobre saúde sexual e reprodutiva e


encaminhar para avaliação clínico-ginecológica.

 Orientar e estimular a participação nas atividades educativas: Grupos,


Sala de espera e Ações no Território;
 Encaminhar gestantes identificadas como de risco para consulta médica;
 Iniciar o pré-natal o mais precoce possível;
 Realizar seis consultas preferencialmente uma consulta no 1º trimestre,
duas consultas no 2º trimestre e três consultas no 3º trimestre;
 Realizar a consulta de pré-natal de gestação de baixo risco intercalada
entre médico e enfermeiro;

38
 Realizar visitas domiciliares durante o período gestacional e puerperal,
acompanhar o processo de aleitamento e orientar a mulher e seu
companheiro sobre planejamento familiar.
 Solicitar exames de rotina:
Hemograma (Repetir no 3º trimestre); Glicemia sérica de jejum (Repetir no
3º trimestre); Grupo sanguíneo e Fator RH; Coombs indireto no 3º trimestre
(se fator RH -); Teste oral de tolerância à glicose (TOTG), quando a glicose
plasmática estiver maior ou igual a 85 com 75g de glicose anidra, nos
tempos de 0 e 120 minutos; Teste Anti-HIV um e 2 / teste rápido (Repetir no
3º trimestre); Sorologias para hepatites B e C (Repetir Hepatite B no 3º
trimestre); Sorologia para Sífilis (VDRL e TPHA ou FTA-Abs) (Repetir no 3º
trimestre); Sorologia para Toxoplasmose (Repetir na 30ª semana se o IgG
não for reagente); Ultrassonografia Obstétrica, se possível três; Urina tipo 1
(Repetir na 30ª semana); Urocultura, contagem de colônias e antibiograma
(Repetir na 30ª semana); Exame parasitológico de fezes; Colpocitologia
Oncótica (somente a ectocervice); Bacterioscopia de secreção vaginal (a
partir de 37 semanas de gestação); Vacinação na gestação (conforme
quadro abaixo); Prescrever sulfato ferroso na 20ª semana; Prescrever ácido
fólico (1 comprimido 5 mg 1 x ao dia até 14ª semana ) na 1ª consulta;
Encaminhar para avaliação odontológica.

39
1.5 Condutas em exames alterados:

40
Exames de rotina Resultados Condutas
Hemoglobina > Suplementação de ferro a partir da 20ª semana:
11g/dl
1 drágea de sulfato ferroso/dia (200mg), que
Ausência de anemia corresponde a 40mg de ferro elementar.

Recomenda-se ingerir a medicação antes das


refeições.
A) Solicite exame parasitológico de fezes e trate as
parasitoses, se presentes;

B) Trate a anemia com 120 a 240mg de ferro elementar


ao dia. Normalmente, recomendam-se 5 (cinco)
drágeas/dia de sulfato ferroso, de 40mg cada, via oral
(podem ser 2 pela manhã, 2 à tarde e 1 à noite), uma
Hemoglobina (Hb) hora antes das refeições;

entre 8g/dl e 11g/dl C) Repita a dosagem de hemoglobina entre 30

60 dias:
Anemia leve a
moderada Se os níveis estiverem subindo, mantenha o tratamento
até a Hb atingir 11g/dl, quando deverá ser iniciada a
dose de suplementação (1 drágea ao dia, com 40mg de
Hemoglobina
ferro elementar). Repita a dosagem no 3º trimestre;

Se a Hb permanecer em níveis estacionários ou se


diminuir, será necessário referir a gestante ao pré-natal
de alto risco.

Hemoglobina < Será necessário referir a gestante ao pré-natal de alto


8g/dl risco.

Anemia grave

85 – 119mg/dl Realize TTG de 24 a 28 semanas de gestação.


> 110mg/dl Repita o exame de glicemia em jejum. Se o resultado for
Glicemia em jejum maior do que 110mg/dl, o diagnóstico será de DM
gestacional.
Jejum < 110mg/dl Teste negativo.

TTGO 75g (2h) 2h < 140mg/dl

Jejum > 110mg/dl DM gestacional.

2h > 140mg/dl

41
1.6 Quadro de Vacinação em Gestantes:

42
1.7 Condutas nas queixas mais frequentes:

As orientações a seguir são válidas para os casos em que os sintomas


são manifestações ocasionais e transitórias, não refletindo, geralmente,
patologias clínicas mais complexas. A maioria das queixas diminui ou
desaparece sem o uso de medicamentos, que devem ser evitados ao máximo.

Queixas 1ª conduta 2ª conduta 3ª conduta

Prescrever antieméticos
orais
Orientações de hábitos
alimentares Metoclopramida 10mg de
Alimentação fracionada 8/8h SOS
Náuseas e Encaminhar para
Evitar frituras, gorduras
vômitos
Ingerir alimentos sólidos Dimenidrato 50mg de avaliação médica.
pela manhã 6/6h SOS.

Reforçar orientações
hábitos alimentares
Prescrever Hidróxido de
Orientações de hábitos alumínio ou sulfato de
alimentares magnésio – suspensão
Alimentação fracionada 1 colher de sopa após as
Encaminhar para
Pirose e azia Evitar chá preto, café, refeições.
mate, alimentos doces, avaliação médica.
gordurosos, picantes, Melhora do quadro:
álcool e fumo. Reforçar orientações
hábitos alimentares
Prescrever: Dimeticona
Orientações de hábitos
1 comprimido de 8/8h
Flatulência, alimentares
Encaminhar para
obstipação Alimentação rica em fibras
Melhora do quadro: avaliação médica.
intestinal Aumentar a ingestão de
Reforçar orientações
água.
hábitos alimentares
Certificar que não sejam
Prescrever:
Dor abdominal, contrações uterinas Encaminhar para
Butilescopolamina
cólicas Afastar ITU (excluir disúria avaliação médica.
1 comprimido de 6/6h
ou febre)

Corrimento
Tratar vaginose bacteriana
vaginal
e/ou tricomoníase com Outros casos ver
abundante
metronidazol tópico ou condutas do Manual de
cinza-
sistêmico. Tratamento de DST
esverdeada
Agendar consulta
com odor fétido
médica/supervisão G.O
Corrimento
vaginal
Tratar candidíase com
acompanhado
antifúngico tópico por 7 Outros casos ver
de:
dias. condutas do Manual de
Prurido vulvar
Agendar consulta Tratamento de DST
Placas
médica/supervisão G.O
esbranquiçadas
e aderidas a

43
parede

Prescrever: Paracetamol
500mg até de 6/6h. SOS
Afastar hipertensão arterial Encaminhar para
Cefaleia ou
e pré-eclâmpsia. avaliação médica.
Dipirona 500 mg até de
6/6 h SOS
Explicar e orientar que é
um sintoma comum no
início da gestação;
Orientar dieta semelhante
à indicada para náusea e
Sialorréia
vômitos; Encaminhar para
(salivação
Orientar a gestante a avaliação médica.
excessiva)
deglutir a saliva e tomar
líquidos em abundância
(especialmente em épocas
de calor).

Orientar a gestante para


que não faça mudanças
bruscas de posição e evite
a inatividade;
Indicar dieta fracionada, de
forma que a gestante evite
jejum prolongado e
grandes intervalos entre as
Fraquezas e Encaminhar para
refeições;
desmaios avaliação médica.
Explicar à gestante que
sentar com a cabeça
abaixada ou deitar em
decúbito lateral, respirando
profunda e pausadamente,
melhora a sensação de
fraqueza e desmaio.

Recomende à gestante:
Alimentação rica em fibras,
a fim de evitar a
obstipação intestinal. Se
necessário, prescreva
supositórios de glicerina;
Encaminhar para
Que não use papel
avaliação médica, caso
higiênico colorido ou
Hemorróidas haja dor ou sangramento
áspero (nestes casos,
anal persistente.
deve-se molhá-lo) e faça
higiene perianal com água
e sabão neutro, após a
evacuação;
Que faça banhos de vapor
ou compressas mornas.

Tais sintomas são


frequentes na gestação,
em decorrência do
aumento do volume do
útero por compressão

44
pulmonar, assim como por
Falta de ar e consequência da Encaminhar para
dificuldade para ansiedade da gestante. avaliação médica, em
respirar Recomende repouso em suspeita de problema
decúbito lateral esquerdo; clínico.
Ouça a gestante e
converse sobre suas
angústias, se for o caso;
Esteja atento para outros
sintomas associados
(tosse, chiado e sibilância)
e para achados no exame
cardiopulmonar, pois –
embora seja pouco
frequente – pode se tratar
de um caso de doença
cardíaca ou respiratória;

Oriente a gestante quanto


à normalidade de
incômodo mamário, pela
fisiologia da gestação,
devido ao aumento
mamário e ao
desenvolvimento de suas
glândulas;
Recomende à gestante o
uso constante de sutiã,
Mastalgia (dor com boa sustentação, Encaminhar para
nas mamas) após descartar qualquer avaliação médica
intercorrência mamária;
Oriente a gestante sobre o
colostro (principalmente
nas fases tardias da
gravidez), que pode ser
eliminado em maior
quantidade, obrigando o
diagnóstico diferencial com
anormalidades.

Recomende que a
gestante:
faça a correção de sua
postura ao se sentar e ao
andar;
use sapatos com saltos
baixos e confortáveis;
Encaminhar para
Lombalgia faça a aplicação de calor
avaliação médica
local;
Eventualmente, a critério e
por orientação médica, use
analgésico (se não for
contraindicado) por tempo
limitado.

Recomende a escovação
após as refeições, assim
Sangramento Encaminhar para
como o uso de escova de
nas gengivas avaliação odontológica
dentes macia;
Oriente a realização de

45
massagem na gengiva;
Recomende o uso de fio
dental;

Recomende que a
gestante:
Não permaneça muito
tempo em pé ou sentada;
Repouse (por 20 minutos),
várias vezes ao dia, com
as pernas elevadas; Encaminhar para
Varizes
Não use roupas muito avaliação médica
justas e nem ligas nas
pernas;
Se possível, utilize meia-
calça elástica para
gestante.

Recomende que a
gestante:
Massageie o músculo
contraído e dolorido e
aplique calor local;
Evite o excesso de
exercícios; Encaminhar para
Câimbras
Realize alongamentos avaliação médica
antes e após o início de
exercícios ou caminhadas
longas, assim como na
ocasião da crise álgica e
quando for repousar.

Explique que é uma


ocorrência comum na
gravidez e que costuma
diminuir ou desaparecer,
em tempo variável, após o
Cloasma parto; Encaminhar para
gravídico Recomende que a avaliação médica
gestante não exponha o
próprio rosto diretamente
ao sol e que use protetor
solar.

2. Atenção à mulher no puerpério


Atribui-se ao médico e enfermeiro as consultas de puerpério. Elas são
fundamentais no processo de acompanhamento da saúde materna e do
neonato iniciado no pré-natal.
1ª consulta: no período de 7 a 10 dias.
2ª consulta: até o 42° dia.

46
Têm como objetivos:
Avaliar interação entre mãe e RN e o pai
Avaliar o estado de saúde da mulher e do RN
Identificar e conduzir situações de risco/ e ou intercorrências
Orientar e apoiar a família
Orientar os cuidados básicos com RN
Orientar quanto ao planejamento da vida sexual e reprodutiva com o
parceiro
Orientar, incentivar e avaliar quanto à amamentação com o parceiro

2.1 Ações relacionadas à puérpera:


Ações que podem ser desenvolvidas durante o acolhimento da mulher e
do RN por enfermeiro habilitado:
1. Verificar o cartão da Gestante e avaliar as condições da gestação,
do atendimento ao parto e ao recém-nascido;
2. Dados do parto: data, tipo de parto, indicação de parto operatório,
intercorrências no trabalho de parto, parto e pós- parto como febre,
hipertensão, diabetes, convulsões, sensibilização Rh.
3. Avaliar se recebeu a testagem para sífilis e HIV durante a
gestação e/ou parto;
4. O uso de medicamentos (ferro, ácido fólico, vitamina A, outros).

2.2 Anamnese:
 Aleitamento (frequência das mamadas, dia e noite, dificuldades na
amamentação, satisfação do RN com as mamadas, condições das
mamas);
 Alimentação, sono, atividades; dor, fluxo vaginal, sangramento, queixas
urinárias, febre;
 Planejamento familiar (desejo de ter mais filhos, desejo de usar método
contraceptivo, métodos já utilizados, método de preferência);
 Condição psicoemocional (estado de humor, preocupações, desânimo,
fadiga, outros);

47
 Condição social (pessoas de apoio, enxoval do bebê, condições para o
atendimento de necessidades básicas).

2.3 Avaliação clínico-ginecológica:


 Estado geral: estado de consciência, situação psicológica, pele, edema;
 Exame abdominal: atentar para avaliar a involução uterina e dor à
palpação, e incisão cirúrgica se cesárea;
 Exame ginecológico: observar loqueação, lacerações, equimoses,
edemas, episiotomia na vagina, vulva e períneo;
 Avaliar mucosas;
 Avaliar as mamas;
 Avaliar os MMII: varizes, edemas, sinais de flebite, aumento de
sensibilidade e sinal de Homan (desconforto ou dor na panturrilha após
dorsiflexão passiva do pé);
 Avaliar sinais vitais;
 Observar vínculo mãe- RN;
 Avaliar a situação vacinal e encaminhar se necessário;
 Prescrever suplementação de ferro elementar até 3 meses após o parto.
 Agendar a próxima consulta de puerpério (até 42 dias pós parto).

3. Climatério e menopausa
Consulta de enfermagem: Ofertar uma consulta qualificada, seguindo o
roteiro padrão, com o objetivo de orientar a mulher durante este período de
mudanças:
- Escuta;
- Anamnese;
- Exame clínico das mamas;
- Coleta de preventivo;
- Orientação sexual;
- Avaliação das DST;
- Calendário vacinal;
- Orientação alimentar e nutricional;
- Avaliar peso, altura e circunferência abdominal;
- Estimular a prática de atividade física regular;

48
- Estimular o autocuidado
Referenciar à consulta médica para avaliação de tratamento com
reposição hormonal, ou ao serviço de psicologia quando necessário.

3.1 Alterações orgânicas no climatério e resposta sexual:


As modificações orgânicas que ocorrem na mulher durante o climatério
não obrigatoriamente implicam na diminuição do prazer, mas podem influenciar
a resposta sexual, que pode ser mais lenta.
Seguem algumas alterações fisiológicas que podem ocorrer neste período:
- Redução da lubrificação vaginal;
- Hipotrofia vaginal;
- Dispareunia;
- Fogachos;
- Menor efeito estrogênico sobre a pelve;
A rotina básica de exames na primeira consulta da mulher no climatério
consta de exames para prevenção de doenças, detecção precoce ou mesmo
para a avaliação da saúde em geral. Deve ser repetida com regularidade
(semestral, anual, bianual, trianual) de acordo com os protocolos específicos
em vigor, o que pode ser modificado na presença ou não de intercorrências ou
alterações.

3.2 Exames Complementares:


Os exames complementares essenciais para o acompanhamento do
climatério estão abaixo relacionados, cuja indicação e periodicidade de
realização deverá seguir as orientações definidas de acordo com os protocolos
clínicos adotados pelo Ministério da Saúde, seguindo cada especificidade.
• Avaliação laboratorial;
• Mamografia e ultrassonografia mamária (de acordo com as diretrizes
de rastreamento para o câncer de mama);
• Exame Preventivo do câncer do colo do útero;
• Ultrassonografia transvaginal.
A rotina básica de exames na primeira consulta da mulher no climatério
consta de exames para prevenção de doenças, detecção precoce ou mesmo
para a avaliação da saúde em geral. Deve ser repetida com regularidade

49
(semestral, anual, bianual, trianual) de acordo com os protocolos específicos
em vigor, o que pode ser modificado na presença ou não de intercorrências ou
alterações.

4. Rastreamento de câncer de mama e colo de útero


A abordagem a mulher em seu contexto sócio-familiar, dentro das ações
da atenção primária à saúde, previstas para as equipes de atenção básica,
torna-se imprescindível, tanto do ponto de vista do atendimento das possíveis
situações trazidas, como demanda de atendimento, como em um contexto de
estratégia de promoção a saúde, em nível comunitário.
As ações de saúde devem levar em conta a possibilidade, de detectar
necessidades de suporte e incrementar estratégias comunitárias, no sentido de
ampliar redes de apoio social, no domicílio que podem ter impacto positivo na
saúde dos indivíduos e do grupo familiar.
O enfermeiro faz parte de uma equipe multidisciplinar e possui
atribuições importantes para o processo de acolhimento e sequencia no
atendimento desta mulher. Esperamos que essa ferramenta facilite o acesso às
informações para os profissionais, e respalde a atuação dos mesmos.

4.1 Coleta de preventivo

Se em dois anos consecutivos a mulher apresentar resultado


normal, deve-se repetir o exame a cada três anos.

Ações do Enfermeiro:
Organização de dinâmica de sala de espera explicando sobre o exame.
Acolhimento.
Abordagem formativa sobre a prevenção do câncer ginecológico.
Esclarecimento de dúvidas. Sensibilizar reforçando a importância do exame.
Supervisão da organização da sala, registro feito pelos técnicos de
enfermagem e o correto acondicionamento do material para transporte, além
de gerenciar o fluxo de retorno, priorizando os resultados alterados.
Realizar o exame ginecológico é parte essencial do fluxograma de conduta.

50
Fazer o teste de pH vaginal, colocando, por um minuto a fita de papel indicador
do pH na parede vaginal lateral, evitando tocar o colo;
Colher material para o teste de Whiff - teste das aminas ou do “cheiro” = lâmina
com uma gota de KOH 10% sobre uma gota de conteúdo vaginal, sendo
positivo se houver cheiro semelhante ao de peixe podre - e para realização da
bacterioscopia2;
Fazer teste do cotonete do conteúdo cervical - colher swab endocervical com
cotonete e observar se há muco purulento contrapondo em papel branco;
Havendo possibilidade de realização no local ou em referência, coletar material
para cultura de gonococos e pesquisa de clamídia.
Realizar consulta de enfermagem;
Coleta de exame preventivo;
Exame clínico das mamas;
Solicitar exames complementares;
Mamografia de rastreamento para mulheres acima de 35 anos e com fatores de
risco presente (se houver irmã, mãe com histórico de câncer de mama ou
homens na família com caso de câncer de mama bilateral).

4.2 Exame ginecológico e coleta de material para colpocitologia oncótica


Exame ginecológico:
Inspeção e palpação dos genitais externos: avalie a vulva, o períneo, o introito
vaginal, a região anal;
Palpação da região inguinal à procura de linfonodomegalia;
Exame especular: introduza o espéculo e analise a mucosa e o conteúdo
vaginal, o colo uterino e o aspecto do muco cervical. Pesquise a presença de
lesões, sinais de infecção, distopias e incompetência istmo-cervical. Avalie a
necessidade de coletar material para bacterioscopia;
Coleta de material para exame colpocitopatológico;
Toque bimanual: avalie as condições do colo uterino (permeabilidade), o
volume uterino
(regularidade e compatibilidade com a amenorreia), a sensibilidade à
mobilização do útero e as alterações anexiais.

51
4.3 Atendimento em saúde para mulheres e adolescentes em situação de
violência física, sexual e psicológica
Proporcionar às mulheres em situação de violência um atendimento
humanizado e qualificado nos serviços especializados e na Rede de
Atendimento.
Ofertar apoio psicológico;
Realizar uma escuta qualificada;
Referenciar para saúde mental/serviço social, de acordo com o caso;
Em situação de violência física ou psicológica: realizar um acolhimento
cauteloso, notificar e encaminhar para o serviço de referência;
Em situação de violência sexual: seguir rotina para prevenção e tratamento dos
agravos resultantes da violência sexual contra mulheres e adolescentes.

Exames a solicitar: Anti HIV; VDRL; HbsAg; Anti HBS; Anti HBC IgG e IgM;
Anti HCV; βHCG

Prescrições:
- Observar estado vacinal da mulher e aplicar as vacinas atrasadas;
- Levonogestrel (prevenção da gravidez indesejada)
- Mesmos medicamentos da abordagem sindrômica para prevenção das DST;
- Fornecer Kit profilático do HIV (para as primeiras 96 horas), padronizado para
profilaxia básica ou expandida.

5. Planejamento reprodutivo
O planejamento familiar é definido no art. 2º da Lei nº 9.263, de 12 de
janeiro de 1996, da seguinte forma: Para fins desta Lei, entende-se
planejamento familiar como o conjunto de ações de regulação da fecundidade
que garanta direitos iguais de constituição, limitação ou aumento da prole pela
mulher, pelo homem ou pelo casal.
A atenção em planejamento familiar implica não só a oferta de métodos
e técnicas para a concepção e a anticoncepção, mas também a oferta de
informações e acompanhamento, num contexto de escolha livre e informada.

52
O grupo de planejamento familiar pode ser realizado semanalmente,
quinzenal ou mensal, dependendo da avaliação da demanda e da capacidade
operacional de cada unidade de saúde. Cada usuário deverá participar de uma
destas reuniões, na qual terá acesso à informação e discussão que possibilite
uma escolha mais acertada e consciente acerca do método contraceptivo. A
reunião será coordenada por um profissional da equipe de planejamento
familiar, devidamente capacitado ( enfermeiro, entre outros).
A atuação dos profissionais de saúde na assistência à anticoncepção
envolve, atividades educativas, aconselhamento e atividades clínicas. Essas
atividades devem ser desenvolvidas de forma integrada, tendo-se sempre em
vista que toda visita ao serviço de saúde constitui numa oportunidade para
pratica de ações educativas que não devem se restringir apenas as atividades
referentes à anticoncepção, mas todos os aspectos da saúde integral da
mulher.
Observa-se, no entanto, que as ações voltadas para a saúde sexual e a
saúde reprodutiva, em sua maioria, têm sido focadas mais na saúde
reprodutiva, tendo como alvo a mulher adulta, com poucas iniciativas para o
envolvimento dos homens.
É preciso ampliar a abordagem para outras dimensões que contemplem a
saúde sexual em diferentes momentos do ciclo de vida e também para
promover o efetivo envolvimento e corresponsabilidade dos homens.

5.1 Ações educativas


Existem diferentes metodologias de trabalho em grupo. Cada serviço
deve utilizar o que melhor adapte às suas disponibilidades de pessoal, tempo e
de espaço, bem como as características e necessidades do grupo em questão.
Independente da metodologia utilizada é de fundamental importância
que as praticas educativas tem caráter participativo, permitindo troca de
informações e experiências baseadas na vivencia de cada individuo do grupo.
A linguagem utilizada pelo profissional deve ser sempre acessível, simples e
precisa.

53
5.2 Aconselhamento
O aconselhamento é entendido como um processo de escuta ativo
individualizado e centrado no individuo. Pressupõe a identificação e
acolhimento da demanda do individuo ou casal, entendida como suas
necessidades, dúvidas, preocupações, medos e angústias entre outras,
relacionadas as questões de planejamento familiar e prevenção de DST/AIDS;
Avaliação de risco individual ou do casal, para a infecção pelo HIV e outras
DST.

5.3 Atividades Clínicas


As atividades clínicas devem ser realizadas levando em conta que todo
e qualquer contato que a mulher venha ter com os serviços de saúde devem
ser utilizados em beneficio da promoção, proteção e recuperação da saúde. A
primeira consulta deve ser feita após as atividades educativas incluindo: a
anamnese; exame físico geral e ginecológico, orientação sobre o autoexame
das mamas e levantamento do ultimo exame colpocitológico oncótico para
avaliar a necessidade da coleta.
As consultas subsequentes visam um atendimento periódico e continuo
para reavaliar a adequação do método em uso, bem como prevenir, identificar,
e tratar possível intercorrências.

5.4 Consulta do enfermeiro:


- Colher história clínica e reprodutiva.
- Exame Físico:
- Verificar metas reprodutivas e conhecimento prévio e utilização de métodos
anticoncepcionais
- Oferecer orientações gerais e esclarecimento de dúvidas sobre Planejamento
Familiar.
- Colher material para colpocitologia oncótica, quando necessário.
- Realizar ou solicitar exames de prevenção e diagnóstico do câncer de colo
uterino e das DST/HIV, quando necessário;
- Encaminhar para consulta médica quando necessário
- Registrar em prontuário

54
5.5 Atribuições dos Profissionais na Assistência ao Planejamento da Vida
Sexual e Reprodutiva

Atribuições Profissionais
Captação da clientela Multiprofissional
Orientação sobre necessidade de uso Multiprofissional
dos métodos
Prescrição/transcrição de Médico(a) e enfermeiro(a)
anticoncepcionais (orais e injetáveis)
Prescrição do anticoncepcional de Médico(a) e enfermeiro(a)
emergência
Indicação do DIU Médico(a) e enfermeiro(a)
Inserção e remoção de DIU Médico(a) capacitado(a)
1ª Revisão do DIU Médico(a) que realizou a
inserção
Revisões subseqüentes do DIU Médico(a) e enfermeiro(a)
Prescrição de Laqueadura ou Médico(a) e enfermeiro(a)
Vasectomia
Orientação e/ou indicação do Multiprofissional
preservativo
masculino e feminino
Aconselhamento e prescrição do Médico(a) e enfermeiro(a)
Diafragma
Aconselhamento e prescrição dos Médico(a) e enfermeiro(a)
métodos naturais e comportamentais
Consultas de rotina Médico(a) e enfermeiro(a)

55
Referencias Bibliográficas

1. Caderno de atenção básica – Controle de cânceres de colo de útero e mama


– 2013.
2. Manual técnico – pré-natal e puerpério. Atenção qualificada e humanizada –
2006.
3. Atenção à saúde da mulher – NEPP – 2012.
4.Normatização da assistência de enfermagem – MS – 2012.
5.Caderno de atenção básica – Atenção ao pré-natal de baixo risco – 2012.
6.Manual de Atenção à Mulher no Climatério / Menopausa – 2008.
7. Protocolo de Florianópolis 2010
8. Manual técnico Assistência em Planejamento Familiar 2002
9. Cadernos de atenção básica saúde sexual e reprodutiva n26
www.pbh.gov.br/smsa/biblioteca/protocolos/planej_familiar.pdf
http://www.ee.usp.br/departamento/ens/sel/protocol_mulher.pdf

56
4.DOENÇAS SEXUALMENTE TRANSMÍSSIVEIS

1. Introdução
As doenças sexualmente transmitidas (DST) são a principal causa de
morbidez no adulto, sendo responsáveis por inúmeras mortes em todo o
mundo.
Apesar da incidência, alguns problemas envolvem seu manejo, como o
desconhecimento da população quanto à forma de transmissão, o despreparo
dos profissionais de saúde quanto ao diagnóstico clínico, o custo elevado dos
exames laboratoriais e a demora para iniciar o tratamento efetivo.
Além disso, as DST com ulceração facilitam a transmissão do HIV, tendo
seu tratamento como importante atributo para prevenção e controle da AIDS,
pois prevenir suas complicações requer educação para a saúde e promoção do
uso de preservativos.

1.2 Principais síndromes clínicas


SÍNDROME DST AGENTE TIPO TRANSMISSÃO CURA
SEXUAL
Úlceras Sífilis Treponema Bactéria Sim Sim
pallidum
Cancro mole Haemophilus Bactéria Sim Sim
ducreyi
Herpes Herpes Vírus Sim Não
simplex
vírus (HSV-2)
Donovanose Klebsiella Bactéria Sim Sim
granulomatis
Linfogranuloma Chlamydia Bactéria Sim Sim
trachomatis
Corrimentos Vaginose Múltiplos Bactéria Não Sim
bacteriana
Candidíase Candida Fungo Não Sim
albicans
Gonorréia Neisseria Bactéria Sim Sim
gonorrhoeae
Clamídia Chlamydia Bactéria Sim Sim

57
trachomatis
Tricomoníase Trichomonas Protozoário Sim Sim
vaginalis
Verrugas Condiloma Papilomavírus Vírus Sim Não
Humano

1.3 Ações essenciais complementares


 Aconselhar e oferecer sorologias anti-HIV, VDRL, hepatite B e C se
disponíveis;
 Vacinar contra hepatite B, se a idade for < 30 anos;
 Enfatizar a adesão ao tratamento;
 Orientar para que a pessoa conclua o tratamento mesmo se os sintomas
ou sinais tiverem desaparecidos;
 Interromper as relações sexuais até a conclusão do tratamento e o
desaparecimento dos sintomas;
 Oferecer preservativos, orientando sobre as técnicas de uso;
 Encorajar o paciente a comunicar a todos os seus parceiros (as) sexuais
do último mês, para que possam ser atendidos e tratados;
 Fornecer ao paciente cartão de convocação para parceiros (as)
devidamente preenchidos;
 Notificar o caso no formulário apropriado;
 Marcar o retorno para conhecimento dos resultados dos exames
solicitados e para o controle de cura em 7 dias;
 Recomendar o retorno ao serviço de saúde se voltar a ter problemas
genitais.
 Após a cura, usar preservativo em todas as relações sexuais, caso não
exista o desejo de engravidar, ou adotar outras formas de sexo mais seguro;

1.4 Abordagem sindrômica


A- Úlceras Genitais
Opções terapêuticas para úlceras genitais (herpes genital)
1º episódio de herpes genital, iniciar o Aciclovir200 mg, 4/4 hs, 5x/dia, por 7 dias ou
tratamento o mais precocemente possível 400 mg, VO, 8/8 horas, por 7 dias ou

58
com: Valaciclovir 1 g, VO, 12/12, horas por 7 dias;
ou
Famciclovir 250 mg, VO, 8/8 horas, por 7
dias.
Nas recorrências de herpes genital, o Aciclovir 400 mg, VO, 8/8 horas, por 5 dias
tratamento deve ser iniciado de preferência ao (ou 200 mg, 4/4hs, 5x/dia, 5 dias); ou
aparecimento dos primeiros pródromos Valaciclovir 500 mg, VO, 12/12 horas, por 5
(aumento de sensibilidade, ardor, dor, prurido) dias; ou 1 g dose única diária, 5 dias ou
com: Famciclovir 125 mg, VO, 12/12 horas, por 5
dias.
Casos recidivantes (6 ou mais episódios/ano) Aciclovir 400 mg, 12/12 hs, por até 6 anos ou
podem se beneficiar com terapia supressiva: Valaciclovir 500 mg por dia por até 1 ano; ou
Famciclovir 250 mg 12/12 hs por dia por até 1
ano.
Gestantes: Tratar o primeiro episódio em qualquer
trimestre da gestação.
Herpes e HIV: No caso de manifestações Aciclovir 5 a 10 mg por Kg de peso EV de 8/8
severas com lesões mais extensas, pensar na horas, por 5 a 7 dias, ou até resolução clínica.
presença de infecção pelo HIV, quando se
recomenda tratamento injetável:

Opções terapêuticas para úlceras genitais (sífilis e cancro mole)


Na ausência de lesões vesiculosas, recomenda-se o tratamento presuntivo para as duas
causas mais frequente de úlcera genital, a sífilis primária e o cancro mole (exceto herpes):
Sifílis Penicilna G Benzatina, 2.4 milhões UI, via IM,
em dose única (1,2 milhão UI em cada nádega);
ou
Doxiciclina 100 mg, VO de 12/12 horas, por 14
dias ou até a cura clínica (contra indicado para
gestantes e nutrizes) ou
Alergia a penicilina - eritromicina (estearato)
500 mg, VO, 6/6 horas por 15 dias;
Cancro Mole Azitromicina 1g VO em dose única, ou
Ciprofloxacina 500 mg, VO, 12/12 horas, por 3
dias (contra indicado para gestantes, nutrizes e
menores de 18 anos) ou Eritromicina(estearato)
500 mg, VO, de 6/6 horas, por 7 dias; ou
Ceftriaxona 250 mg, IM, dose única.
Gestantes– contra indicado uso de

59
ciprofloxacina. Usar eritromicina ou ceftriaxona
Obs: devido aos efeitos adversos da
eritromicina tais com intolerância gástrica,
utilizar a ceftriaxona pode ser uma alternativa á
eritromicina;

Opções terapêuticas para úlceras genitais (donovanose, linfogranuloma ou neoplasias)


Se a lesão ou lesões tiverem mais de 4 Doxiciclina 100 mg, VO, 12/12 horas por, no
semanas, deve-se suspeitar de mínimo, 3 semanas ou até cura clínica; ou
donovanose, linfogranuloma venéreo ou Sulfametoxazol/Trimetoprim (800 mg e 160 mg),
neoplasias. Encaminhar o paciente, e ao VO, 12/12 horas por, no mínimo, 3 semanas, ou
mesmo tempo, iniciar tratamento para até a cura clínica; ou
donovanose, com: Eritromicina (estearato) 500 mg, VO, de 6/6
horas por, no mínimo, 3 semanas ou até a cura
clínica; ou
Tetraciclina500 mg, de 6/6 horas, durante 3
semanas ou até cura clínica ; ou
Azitromicina 1g VO em dose única, seguido por
500mg VO/dia por 3 semanas ou até cicatrizar
as lesões.
Alertar o paciente para a longa duração do tratamento para donovanose e
solicitar retornos semanais para avaliação da evolução clínica. Não havendo
melhora do quadro, e de posse do diagnóstico histopatológico, encaminhar o
paciente para o tratamento adequado.
Não esquecer as ações complementares essenciais- aconselhar, oferecer
testes anti-HIV, VDRL, sorologia para Hepatite B e C, vacinar contra hepatite B.
Enfatizar adesão ao tratamento, notificar, convocar parceiros, agendar retorno.

B- Corrimento Uretral
Opções terapêuticas para corrimentos uretrais (clamídia e gonorreia)
Clamídia Azitromicina1 g, VO, em dose única, ou
Doxicilina 100 mg, VO de 12/12 horas, durante
7 dias; ou
Eritromicina(estearato) 500 mg, VO, de 6/6
horas, durante 7 dias ou Tetraciclina500mg

60
oral, 4x/dia, 7 dias ou Ofloxacina 400mg oral,
2x/dia, 7 dias;
Em menores de 18 anos contra indicar
ofloxacina.
Gonorréia Ciprofloxacina 500 mg, VO dose única; ou
Ceftriaxona 250mg, IM, dose única; ou
Cefixima 400 mg, VO, dose única; ou
Ofloxacina400 mg, VO, dose única, ou
Espectinomicina2g IM dose única;
Em menores de 18 anos está contra indicado o
uso de ciprofloxacina, ofloxacina.
Terapêutica para agentes menos frequentes de corrimentos uretrais
Eritromicina (estearato) 500 mg, Metronidazol 2g,VO,dose única
VO, 6/6 horas por 7 dias

C- Corrimento uretral e cervicite


Realizar anamnese incluindo os critérios de risco para identificação das
mulheres com maior possibilidade de infecção cervical por gonococo e/ou
clamídia. A presença de qualquer critério é suficiente para indicar tratamento.
Nestes casos, mesmo na ausência dos sinais clínicos para cervicite ao exame
ginecológico, a paciente será considerada como portadora assintomática e
deve receber o tratamento.
Critérios de risco para infecção cervical:
 Parceiro com sintomas
 Paciente com múltiplos parceiros, sem proteção
 Paciente acredita ter se exposto a DST
 Paciente proveniente de áreas de alta prevalência de gonococo e
clamídia
O exame ginecológico é parte essencial do fluxograma de conduta e deve ser
realizado segundo os passos abaixo:
 Examinar a genitália externa e região anal;
 Separar os lábios vaginais para visualizar o intróito vaginal
integralmente.
 Introduzir o espéculo para examinar a vagina, suas paredes, fundo de
saco e colo uterino.

61
 Fazer o teste de pH vaginal, colocando, por um minuto, a fita de papel
indicador na parede vaginal lateral (evitar tocar o colo).
 Colher material para realização da bacterioscopia quando disponível e
para o teste de Whiff (teste das aminas ou do “cheiro” = lâmina com uma gota
de KOH 10% sobre uma gota de conteúdo vaginal, considerando o resultado
positivo se o cheiro for de peixe podre).
 Fazer teste do cotonete do conteúdo cervical (colher swab endocervical
com cotonete e observar se muco purulento contrapondo em papel branco).
 Havendo possibilidade de realização no local ou em referência, coletar
material para cultura de gonococos, pesquisa de clamídia.
Se houver mucopus endocervical (teste do cotonete positivo) ou colo friável ou
dor à mobilização do colo ou presença de algum critério de risco, recomenda-
se o tratamento como cervicite (gonorréia e clamídia).

Opções terapêuticas para cervicite


Clamídia Azitromicina1 g, VO, em dose única, ou
Doxicilina100 mg, VO de 12/12 horas, durante
7 dias; ou
Eritromicina (estearato) 500 mg, VO, de 6/6
horas,
durante 7 dias ou Tetraciclina 500mg oral,
4x/dia, 7 dias ou Ofloxacina 400mg oral,
2x/dia, 7 dias;
Em menores de 18 anos e gestantes, contra
indicar
ofloxacina. Indicar azitromicina, eritromicina ou
amoxacilina (500 mg, VO de 8/8 horas, por 7
dias);
Gonorréia Ciprofloxacina 500 mg, VO dose única; ou
Ceftriaxona 250mg, IM, dose única; ou
Cefixima 400 mg, VO, dose única; ou
Ofloxacina400 mg, VO, dose única ou
Espectinomicina 2g IM dose única;
Em menores de 18 anos e gestantes, está
contra indicado o uso de ciprofloxacina,
ofloxacina.

62
Parceiros sexuais: devem ser tratados, preferencialmente com medicamentos
de dose única.
Pacientes portadores de HIV: devem ser tratadas com os mesmos esquemas
acima referidos.
Opções terapêuticas para corrimentos vaginais
Tricomoníase Metronidazol 2g VO dose única ou
Metronidazol 400-500mg 12/12hs VO 7 dias;
ou
Secnidazol 2g, VO, dose única ou Tinidazol
2g VO dose única; ou
Metronidazol 2g VO dose única ou
Metronidazol 400mg 12/12hs VO 7 dias ou
250 mg VO 3 vezes ao dia por 7 dias;
Vaginose bacteriana Metronidazol 400-500mg 12/12hs VO 7 dias;
ou
Metronidazol 2 g VO dose única ou
Metronidazol gel 0,75%, uma aplicação
vaginal (5 g), 2 vezes ao dia, por 5 dias; ou
Clindamicina 300 mg, VO, de 12/12 horas, por
7 dias; ou Clindamicina creme2%, uma
aplicação à noite, por 7 dias; ou
Metronidazol 250 mg 3 vezes ao dia durante 7
dias
Ou Metronidazol 400mg 12/12hs VO 7 dias ou
Clindamicina 300 mg, VO, de 12/12 horas, por
7 dias.
Candidíase Miconazol, creme a 2%, via vaginal, uma
aplicação à noite ao deitar-se, por 7 dias; ou
Clotrimazol, creme vaginal a 1%, uma
aplicação via vaginal, à noite ao deitar-se,
durante 6 a 12 dias; ou Clotrimazol, óvulos de
100 mg, uma aplicação via vaginal, à noite ao
deitar-se, por 7 dias; ou Tioconazol creme a
6,5%, ou óvulos de 300mg, uma aplicação
única, via vaginal ao deitar-se; ou Nistatina
100.000 UI, uma aplicação, via vaginal, à noite
ao deitar-se, por 14 dias; ou
Fluconazol- 150 mg VO em dose única ou
Itraconazol 200mg VO 12/12 hs em 1 dia ou

63
Cetoconazol 400mg VO/dia por 5 dias; ou
Miconazol, creme a 2%, via vaginal, uma
aplicação à noite ao deitar-se, por 7 dias; ou
Clotrimazol, creme vaginal a 1%, uma
aplicação via vaginal, à noite ao deitar-se,
durante 6 a 12 dias; ou Clotrimazol, óvulos de
100 mg, uma aplicação via vaginal, à noite ao
deitar-se, por 7 dias; ou Nistatina 100.000 UI,
uma aplicação, via vaginal, à noite ao deitar-
se, por 14 dias

A vaginose bacteriana e a candidíase são infecções endógenas. Assim,


apenas os parceiros de mulheres com tricomoníase, devem ser tratados com o
mesmo medicamento em dose única, porque esta é considerada uma DST.
Mulheres vivendo com HIV/AIDS devem ser tratadas com os mesmos
esquemas recomendados acima.
Durante o tratamento para tricomoníase, deve-se evitar a ingestão de
álcool (efeito antabuse, devido interação de derivados imidazólicos com álcool,
caracterizado por mal-estar, náuseas, tonturas, “gosto metálico na boca”).
Durante o tratamento, devem ser suspensas as relações sexuais, mantendo o
tratamento se a paciente menstruar.
Na vaginose bacteriana – os parceiros não precisam ser tratados.
O tratamento sistêmico para candidíase deve ser feito somente nos
casos de difícil controle ou recorrentes (4 ou mais episódios/ano). Nesses
casos, devem-se oferecer sorologia anti-HIV e investigar causas sistêmicas
predisponentes (diabetes, imunodepressão, inclusive a infecção pelo HIV, uso
de corticóides e outros).
Os parceiros sexuais de portadores de candidíase não precisam ser
tratados, exceto os sintomáticos. Alguns autores recomendam o tratamento via
oral de parceiros apenas para os casos recidivantes.

64
D- Desconforto e dor pélvica
O exame ginecológico deve seguir os mesmos passos já descritos no
fluxograma de corrimento vaginal. Se houver corrimento, medir pH e testes das
aminas, e havendo possibilidade de apoio laboratorial, coletar material para
realização de bacterioscopia. Em seguida, limpar o colo uterino e observar se
existe mucopus endocervical (teste do cotonete) ou friabilidade do colo. Após
exame da vulva, vagina, colo uterino e conteúdo vaginal, realizar o exame
pélvico bimanual. Ao toque vaginal, pesquisar hipersensibilidade do fundo de
saco, dor à mobilização do colo ou anexos, e a presença de massas ou
coleções.
Pacientes com atraso menstrual, parto ou aborto recente, com perda de
sangue pela vagina podem vir a desenvolver um quadro grave e, portanto,
devem ser encaminhadas imediatamente para um serviço de referência. Ao
exame, verificar se existe abertura do orifício cervical e/ou fragmentos fetais
residuais.
Quadro abdominal grave: se a paciente apresenta defesa muscular ou
dor, de intensidade forte ou moderada, à descompressão brusca, durante o
exame abdominal, ou apresentar hipertermia maior ou igual a 37,5ºC deverá
ser encaminhada para serviço de referência a fim de possibilitar o seu
diagnóstico, tratamento e acompanhamento.
Quando, ao exame clínico-ginecológico, houver presença de discreta
defesa muscular ou dor à descompressão e/ou dor à mobilização do colo,
deve-se iniciar o tratamento para DIP. Havendo condições para realizar o
diagnóstico, tratamento e acompanhamento da paciente em nível ambulatorial.
Outras possíveis causas da dor ou desconforto pélvicos devem ser
investigadas: infecções do trato urinário, endometriose, varizes pélvicas,
aderências pélvicas, tumores pélvicos, alterações gastrointestinais
(verminoses, constipação intestinal, doenças da vesícula). Nesses casos,
encaminhar, se necessário, ao especialista.
Ao iniciar o tratamento para DIP no ambulatório, deve-se recomendar à
paciente o retorno para avaliação após 3 dias, ou antes, se não houver melhora
ou se houver piora do quadro. Se a paciente for usuária de DIU, encaminhá-la
pra retirada deste.

65
Opções terapêuticas para DIP leve, sem sinais de peritonismo ou febre (tratamento
ambulatorial)
Esquema 1 Ceftriaxona250 mg, IM, dose única; ou
Doxiciclina 100 mg, VO de 12/12 horas, por 14
dias; ou
Metronidazol 500 mg, VO, e 12/12horas, por
14 dias.
Esquema 2 Ofloxacina400 mg, VO de 12/12 horas por 14
dias Ou Ciprofloxacina 500 mg 12/12horas por
14 dias; ou
Doxiciclina 100 mg, VO de 12/12 horas por 14
dia; ou
Metronidazol 500 mg, VO de 12/12 horas, por
14 dias.

Medidas gerais: Repouso, abstinência sexual, retirar o DIU se usuária


(após pelo menos 6h de cobertura com antibiótico), tratamento sintomático
(analgésicos, antitérmicos e anti-inflamatórios não hormonais). Se, ao retornar
em 3 dias, a paciente estiver apresentando melhora do quadro, o tratamento
instituído deve ser mantido, recomendando-se sempre a necessidade de
completá-lo. Não havendo melhora do quadro, a paciente deverá ser
encaminhada para tratamento hospitalar com antibiótico endovenoso.
Incluir as ações complementares: aconselhar, oferecer VDRL, sorologia
hepatite B e C anti-HIV, convocar parceiro (as), notificar, agendar retorno.
Encorajar a paciente a comunicar sobre sua doença a todas as pessoas
com as quais manteve contato sexual durante os últimos dois meses. Fornecer
às pacientes cartões de convocação para parceiros devidamente preenchidos.
Essa medida é fundamental para romper a cadeia de transmissão e evitar que
a paciente se reinfecte. Não havendo suspeita de DIP, e afastada a
possibilidade de cervicite, essa recomendação não se aplica.
A dor pélvica é classicamente dividida em aguda e crônica. A aguda tem
início súbito e geralmente é intensa suficiente para que a paciente procure
cuidados imediatos. A dor pélvica é dita crônica quando tem pelo menos seis
meses de duração, e requer uma propedêutica cuidadosa. De acordo com a
etiologia, pode ser dividida em dois grandes grupos:

66
Causas ginecológicas Causas não ginecológicas
Aborto Apendicite
Gravidez ectópica Diverticulite
Rotura ou torção de cisto de ovário Linfadenite mesentérica
Sangramento de corpo lúteo Obstrução intestinal
Dor do meio do ciclo menstrual (irritação Infecção urinária
peritoneal causada por discreto sangramento
na cavidade quando ocorre a ovulação
Degeneração de miomas Litíase urinária
Doença inflamatória pélvica (DIP) Outras alterações intestinais (verminoses,
constipação intestinal)

67
5. DOENÇAS TRANSMISSÍVEIS

5.1 HANSENÍASE
Embora a endemia hansênica esteja mostrando sinais de declínio na década
atual, os coeficientes de detecção ainda são expressivos, com diagnóstico de casos
em todas as regiões, no Estado do Rio de Janeiro, a Metropolitana I é área prioritária
no controle da hanseníase. Considera-se um caso de hanseníase a pessoa que
apresenta uma ou mais características a seguir, com ou sem história epidemiológica,
e requer tratamento específico: Lesões ou áreas da pele com alteração ou
diminuição de sensibilidade; Acometimento de nervo(s) periférico(s) com ou sem
espessamento associado a alterações sensitivas e/ ou motoras e/ ou autonômicas; e
Baciloscopia positiva para Mycobacterium leprae. Os critérios para classificação
operacional da hanseníase são:

• Paucibacilares – PB: casos com até cinco lesões de pele; e

• Multibacilares – MB: casos com mais de cinco lesões de pele e/ ou com


baciloscopia positiva, independentemente do número de lesões.

Devido ao diagnóstico tardio, muitas pessoas ainda correm o risco de


desenvolver incapacidades físicas, perfeitamente evitáveis com o diagnóstico e
tratamento nas fases iniciais da doença. O diagnóstico tardio contribui ainda para a
manutenção da cadeia de transmissão, com o surgimento de novos casos da
doença. Isto faz com que a hanseníase ainda seja um problema de saúde pública. O
tratamento possibilita a eliminação de fontes de infecção e a prevenção de sequelas.
A assistência de enfermagem é parte integrante desse processo de cura. O
acolhimento do usuário deve ocorrer através da prática de atendimento humanizado,
por meio do processo de escuta e identificação adequada do problema, perpassa
todo o cuidado à pessoa, envolvendo fortalecimento de vínculo e o olhar ao
indivíduo no seu contexto de vida.Na atenção à pessoa com hanseníase o
enfermeiro tem o papel estratégico de:
Identificar precocemente casos novos;
Realizar ações estratégicas para identificar precocemente casos novos e
suspeitos;
Avaliar suspeitas;
Monitorar os casos;

1
Realizar consulta de enfermagem;
Solicitar exames complementares e prescrever medicações, conforme protocolos
ou outras normativas técnicas estabelecidas observadas as disposições legais da
profissão;
Solicitar baciloscopia;
Monitorar o tratamento poliquimioterápico e antireacional;
Orientar sobre as reações das medicações;
Avaliar incapacidade física;
Prevenir incapacidades físicas;
Realizar exame de contato intradomiciliar; e
Ter uma relação de diálogo com o usuário, família e a comunidade, tratamento e
cura.

Atuação do Enfermeiro na Suspeição e Acompanhamento

Acolhimento pela equipe de saúde


CASO SUSPEITO

Consulta de Enfermagem: Consulta Médica


- anamnese e exame físico com avaliação dermatoneurológica;
- solicitação e/ou coleta de baciloscopia (BAAR), esfregaço
intradérmico.
-Educação em saúde.
- encaminhar para consulta médica CASO CONFIRMADO:
Iniciar tratamento de acordo com a
prescrição médica

Primeira Consulta de Enfermagem:


2
- Diagnóstico de enfermagem (anamnese, histórico psicossocial, exame físico e dermatoneurológico,);
- Administrar a dose supervisionada e fornecer a auto-administrada.
-Orientação quanto à realização de exames complementares: hemograma, TGO, TGP, bilirrubinas (direta e indireta), glicemia de
jejum e exame parasitológico de fezes (EPF);
- Avaliar necessidade e encaminhar para as seguintes especialidades terapeuta ocupacional, oftalmologia, odontologia,
Consultas de enfermagem subsequentes:
- Anamnese e exame físico com avaliação dermatoneurológica em todas as consultas e registro na ficha de avaliação neurológica
simplificada na 1ª,
3º e 6ª doses para paucibacilares e 1ª, 6ª e 12ª doses para os multibacilares;
.- Investigar possíveis sinais e sintomas de efeitos colaterais da PQT e/ou reação hansênica;
- Suspender PQT e encaminhar para consulta médica em casos de reações adversas à PQT;
- Encaminhar para consulta médica em caso de reação hansênica;
-Supervisionar a tomada da dose mensal da PQT e fornecer as doses diárias auto-administradas;
- Orientações para o auto-cuidados e educação em Saúde;
- Agendar consulta de retorno para 28 dias a contar da dose supervisionada;
- Monitorar o comparecimento do paciente e proceder à busca de casos faltosos;
- Agendar consulta médica de rotina de 3 em 3 meses;

Consulta de enfermagem na última dose da PQT:


- Anamnese e exame físico com avaliação dermatoneurológica;
- Avaliar o grau de incapacidade física;
- Agendar consulta médica para avaliação de alta após término das doses auto-administradas.
PB – 6 cartelas em até 9 meses
MB – 12 cartelas em até 18 meses
-Educação em saúde.

3
Acompanhamento de casos

CONSULTA DE ENFERMAGEM

MB ou PB com intercorrências: MB ou PB sem intercorrências:


- reação hansência - sem reação hansência
- efeito adverso à PQT - sem efeito adverso à PQT Baixo Risco
- Grau 1 ou 2 de incapacidade - Grau zero de incapacidade
- com neurite

SINAIS DE ALERTA

-Inflamação súbita de manchas pré-


existentes; -aparecimento súbito de nódulos
vermelhos e doloridos, ulcerações;
-piora do quadro geral com febre, mal-estar, Reação hansênica
mialgia e adenomegalia;
- dor e vermelhidão nos olhos; A
- edema de mãos, pernas, pés e face. L
T
O

- dor aguda em nervos de face, mãos e pés;


- piora da sensibilidade de mãos e pés;
- perda súbita da força muscular em face, mãos e
pés; Neurite
- diminuição súbita da acuidade visual; R
Obs: A neurite pode acompanhar a reação I
hansênica. S
C
-anemia grave; O
- cianose de extremidades;
- sintomas parecidos com a gripe após a dose
supervisionada;
- icterícia;
Esquema Terapêutico para paucibacilar:
- náuseas e vômitos incontroláveis; Efeito Adverso
- pele apresentando edema, eritema,Hanseníase
vesículas, paucibacilar (PB)
bolhas, descamação. ≤ 5 lesões de pele e/ou BAAR -

Blister PQT/PB adulto Blister PQT/PB infantil

Esquema PQT PB/ 6 doses Esquema PQT PB/ 6 doses


Dose supervisionada (DS) a cada 28 dias/ 6 Dose supervisionada (DS) a cada 28 dias/ 6
doses em período máximo de 9 meses: doses em período máximo de 9 meses:
- 600 mg de rifampicina (RFP); -300/450 mg de rifampicina
- 100 mg de dapsona (DDS); - 50 mg de dapsona
Dose auto-administrada, 27 comprimidos: Dose auto-administrada, 27 comprimidos:
- 100 mg de dapsona diários. - 50 mg de dapsona diários.

4
Esquema Terapêutico Multibacilar

Hanseníase multibacilar (MB)


> 5 lesões de pele
BAAR + ou -

Blister PQT/MB adulto Blister PQT/MB infantil

Esquema PQT MB/ 12 doses


Esquema PQT MB/ 12 doses Dose supervisionada (DS) a cada 28 dias/ 12
Dose supervisionada (DS) a cada 28 doses em período máximo de 18 meses:
dias/ 12 doses em período máximo de 18 meses: - 300/450 mg de rifampicina;
- 600 mg de rifampicina; - 150 mg de clofazimina
- 300 mg de clofazimina (CFZ); - 50 mg de dapsona
- 100 mg de dapsona. Dose auto-administrada:
Dose auto-administrada, 27 unidades de cada: -50 mg de dapsona diários, 27 unidades;
- 100 mg de dapsona diários; -150 mg de clofazimina por semana, 12 unidades.

5
Conduta de Enfermagem nas reações adversas à PQT

Reação Adversa Medicamento Conduta


Síndrome sulfona: 1º mês de Suspender PQT.
tratamento. ( Anemia, dermatite Encaminhar ao médico com
esfoliativa, febre, dores urgência.
abdominais, poliadenomegalia, Orientação e supervisão da
icterícia, aumento de DDS administração do esquema
trasnaminases, linfocitose com substitutivo.
linfócitos atípicos.
Síndrome mononucleosesímile)
Pode ser fatal.
-Anemia macrocítica Suspender PQT.
(Sonolência, astenia; paciente Encaminhar ao médico.
hipocorado) Orientação e supervisão da
DDS administração do esquema
-metahemoglobinemia. substitutivo.
(Cianose, dispnéia, astenia, Encaminhar ao médico com
taquicardia, cefaléia) urgência.
Suspender PQT.
Anemia hemolítica Encaminhar ao médico com
(Sonolência, astenia; paciente DDS urgência.
hipocorado) RFM Orientação e supervisão da
administração do esquema
substitutivo.
Suspender PQT.
Encaminhar ao médico.
Síndromes de DDS
Orientação e supervisão da
hipersensibilidade tegumentar. RFM
administração do esquema
substitutivo.
DDS Suspender PQT.
Icterícia
RFM Encaminhar ao médico.
Suspender PQT.
Encaminhar ao médico.
Síndrome pseudogripal: a
RFM Orientação e supervisão da
partir da 2ª DS.
administração do esquema
substitutivo.
Suspender PQT.
Encaminhar ao médico.
Orientação e supervisão da
Náuseas e vômitos incontroláveis RFM administração do esquema
substitutivo.

DDS- Dapsona
RFM- Rifampicina

6
Conduta de Enfermagem nas reações hansênicas

Acolhimento e Consulta de Enfermagem


Identificação dos estados reacionais antes, durante ou após o tratamento PQT

Encaminhar para consulta médica para atendimento urgente.


Atentar para classificação da reação e prescrição medicamentosa.

Reação tipo II ou Eritema Nodoso Hansênico


Reação tipo I ou Reversa -Eritema nodoso, eritema polimorfo;
-Mão e pé reacional;
-Lesões antigas mais eritematosas, edematosas e -Sintomas sistêmicos: febre, mal-estar, anorexia;
dolorosas; -Neurite;
-Lesões novas; -Irite, iridociclite, artralgias, glomerulonefrite
-Sintomas sistêmicos pouco frequentes (proteinúria);
-Neurite

Consulta de Enfermagem:

- Anamnese e exame físico;


- Orientar sobre auto-cuidados para olhos, nariz, mãos e pés;
- Orientar quanto à observância da prescrição medicamentosa quanto à adesão, horários, posologia,
armazenamento;
- realizar o controle de pressão arterial, glicemia, peso (IMC), circunferência abdominal e avaliação
dermatoneurológica, a cada 30 dias ou cada 15 dias dependendo do quadro clínico, nos pacientes em
corticoterapia.
-Orientar quanto ao uso de talidomida em mulheres em idade fértil (Resolução da Diretoria Colegiada N°11 de
22/03/2011 ANVISA) e monitorizar quanto ao uso de métodos contraceptivos.
- Orientação quanto à realização de exames complementares: hemograma, TGO, TGP, bilirrubinas (direta e
indireta), glicemia de jejum e exame parasitológico de fezes (EPF), ou outro solicitado, com atenção para
resultados de exames compatíveis com situações de risco.
- Encaminhar ao médico imediatamente em caso de agravamento do quadro.
- Encaminhar ao oftalmologista, odontologia, nutricionista e serviço social, caso necessário.
- Construir
Ações de plano de cuidados
Prevenção debaseado nas queixasfísicas
incapacidade do paciente e situação socioeconômica.
realizadas pelo Enfermeiro
-Sempre encaminhar ao Terapeuta Ocupacional os casos em reação hansênica.

7
ACHADO CONDUTAS

Neurites e/ou mão e pé Avaliar prescrição medicamentosa quanto à adesão, horários, posologia,
reacional (durante o armazenamento e uso.
tratamento PQT e pós alta) • Fazer avaliação e monitoramento sensitivo e motor.
Obs. As neurites podem ocorrer • Orientar paciente para o repouso.
em pacientes com Grau 0, 1 ou • Imobilizar com tipóia e encaminhar para pólo de prevenção de
2 de incapacidade. incapacidades.
. • Acompanhar evolução clínica.

Avaliar o grau de incapacidade:


• PB e MB - no diagnóstico, de 3/3 meses e na alta;
Fazer orientação para o autocuidado durante o tratamento PQT e pós alta;
Grau 0 de incapacidade:
• Observar sinais e sintomas de estados reacionais e neurites;
Nenhum problema com olhos
• Inspecionar olhos, mãos e pés;
mãos e pés no momento do
Fazer avaliação dermatoneurológica no momento da dose supervisionada
diagnóstico
mensal.
Encaminhar pacientes com reações hansênicas, neurites e outras alterações
de mãos, pés e olhos para o nível secundário.

Fazer avaliação e monitoramento sensitivo e motor.


Prescrever, orientar e observar o uso de material de proteção como óculos,
Grau 1 de incapacidade: boné, luvas antitérmicas.
Diminuição ou ausência de Fazer orientação e demonstração para o autocuidado:
sensibilidade em: • Inspecionar olhos, mãos e pés.
• CÓRNEA (não responde • Hidratar e lubrificar a pele.
ao toque com fio dental) • Observar sinais e sintomas de reações e neurites.
• MÃOS (não responde ao • Usar colírio.
monofilamento de 2,0g - • Usar material de proteção para olhos, mãos e pés.
lilás) Prescrever Hipromelose colírio 0,2 % e 0,3 %, 1 a 2 gotas, sempre que
• PÉS (não responde ao necessário, ou de 4 a 6 vezes por dia.
monofilamento de 4,0g Prescrever Creme de Uréia a 10%, 2 a 3 vezes ao dia, uso externo.
– vermelho fechado) Prescrever Óleo Mineral, 2 a 3 vezes ao dia, uso externo.
Prescrever vaselina salicilada para aplicar nas áreas de calosidade, 1 a 2
vezes ao dia.

Prescrever colírio e óculos


• Orientar e demonstrar autocuidados;
Grau 2 de incapacidade:
• Exercícios;
Lagoftalmo;
• Lubrificar com colírio;
ectrópio;
• Usar óculos para proteção noturna e diurna;
entrópio.
Encaminhar para terapia ocupacional.
Fazer acompanhamento.

Retirar os cílios voltados para o globo ocular, sempre que necessário


Orientar e demonstrar autocuidado:
Triquíase • Inspecionar os olhos
• Comparecer à US em caso de irritação ocular, crescimento de cílios
Encaminhar para terapia ocupacional e oftalmologia.

Opacidade corneana;
Encaminhar para o oftalmologista
acuidade visual < 0,1

Prescrever medidas de proteção nas atividades do cotidiano, trabalho e


Úlceras e lesões lazer.
traumáticas em mãos Orientar e demonstrar autocuidado.
Fazer curativo.

Garras em mãos.
Orientar a realização de exercícios em caso de garra móvel

8
Encaminhar para terapeuta ocupacional

Avaliar condição neural: em caso de neurite encaminhar para o médico


urgente.
Mão caída
Monitorar o uso do corticóide.
Encaminhar para terapeuta ocupacional.

Encaminhar para terapeuta ocupacional.


Avaliar e orientar quanto ao calçado adequado.
Realizar curativo.
Lesões traumáticas em pés
Prescrever medidas de proteção para as atividades de vida diária e
laborativa.
Orientar e demonstrar autocuidados.

Úlceras superficiais:
Úlcera plantar (mal Avaliar o calçado/ orientar calçado adequado
perfurante plantar) Encaminhar para terapeuta ocupacional.
Realizar curativo

Avaliar condição neural: em caso de neurite encaminhar para o médico


urgente.
Pé caído
Monitorar o uso do corticoesteróide.
Encaminhar para terapeuta ocupacional.

Orientar a realização de exercício.(garra móvel)


Garras em pés
Encaminhar para terapeuta ocupacional

Consulta de Enfermagem na Vigilância de Contatos:

Consulta de Enfermagem do contato:


-Anamnese e exame físico com avaliação
dermatoneurológica.
-Avaliação da cicatriz vacinal do BCG.
-Educação em saúde
-Comunicar, via SINAN, os contatos avaliados e atualizar,
via boletim de atualização, o número contatos avaliados

Contato Suspeito Contato sem hanseníase

9
Aplicação BCG-ID: Orientações:
Consulta Médica
Sem cicatriz - 1 dose - sobre sinais e sintomas
Com 1 cicatriz - 1 dose da hanseníase;
Com 2 cicatrizes - não prescrever - BCG confere proteção
5.2 TUBERCULOSE

A tuberculose é uma das mais antigas doenças infecto-contagiosa e


permanece como uma das maiores causas de morte relacionadas à infecção de todo
o mundo. O Brasil encontra-se entre os 22 países que albergam 80% dos casos.
Motivo de grande preocupação para os profissionais e gestores do sistema público
de saúde.
A propagação da tuberculose tem uma ampla distribuição geográfica e esta
relacionada às condições de vida das pessoas, uma vez que sua proliferação tem
alta incidência em áreas de maior concentração humana, com serviços precários de
infraestrutura, em locais de profundos contrastes. Porém pode acometer qualquer
pessoa, mesmo em áreas rurais. A probabilidade que a tuberculose seja transmitida
depende de alguns fatores como: a contagiosidade do caso índice, tipo de ambiente
em que a exposição ocorreu e a duração da exposição. Uma vez infectada, a
pessoa pode desenvolver a doença em qualquer fase da vida. Isto acontece quando
o sistema imune não pode mais manter os bacilos “sob controle” e eles se
multiplicam rapidamente. O curso da infecção varia em diferentes hospedeiros.
Usualmente, ocorre a doença pulmonar, mas a infecção pode aparecer em qualquer
local, incluindo nas meninges, nos rins, nos ossos e nos linfonodos.
Para que haja impacto e redução do número de doentes de tuberculose são
necessáros o diagnóstico precoce, o tratamento adequado e a adesão do usuário a
terapêutica medicamentosa.

10
A presença do ENFERMEIRO é fundamental e estratégica no combate e na
prevenção da doença e o mesmo deve ter uma atuação acolhedora ao prestar
assistência aos usuários suspeitos ou confirmados de tuberculose.

5.2.1. Ações do enfermeiro


Realizar busca ativa e identificação dos sintomáticos respiratórios
Executar Consulta de Enfermagem dos sintomáticos respiratórios e portadores de
Tuberculose
Solicitar exames e prescrever medicamentos conforme legislação vigente.
Iniciar tratamento dos casos com BAAR positivo;
Enfatizar a importância do olhar e a escuta cuidadosa do usuário.
Realizar busca ativa, exame e orientação dos contactantes
Desenvolver ações de Promoção e Prevenção em relação às doenças
transmissíveis no território de abrangência da Equipe de Atenção Básica

A busca ativa deve ser estendida a toda comunidade incluindo o


atendimento da população com HIV e instituições fechadas existentes no
território da Equipe de Atenção Básica

O protocolo de Enfermagem é um instrumento cuja finalidade é oferecer aos


profissionais da Atenção Básica a possibilidade de aprimorar sua prática e promover
novas habilidades e contribuir para a Sistematização da Assistência de
Enfermagem.
O Tratamento Diretamente Observado é um elemento-chave da estratégia de
controle da Tuberculose (DOTS) que visa ao fortalecimento da adesão do paciente
ao tratamento e à prevenção do aparecimento de cepas resistentes aos
medicamentos, reduzindo os casos de abandono e aumentando a probabilidade de
cura.
Constitui uma mudança na forma de administrar os medicamentos, porem
sem mudanças no esquema terapêutico: o profissional treinado passa a observar a
tomada da medicação do paciente desde o inicio do tratamento até a sua cura.

11
Esquema Básico (EB) para o tratamento da Tuberculose de adultos e adolescentes
(> de 10 anos):

Regime Fármacos Faixa de Unidades/dose Meses


peso

2RHZE RHZE 20 a 35 kg 2 comprimidos

Fase 150/75/400/275 mg 36 a 50 3 comprimidos


intensiva 2
Comprimido em dose fixa > 50 kg 4 comprimidos
combinada

Até 20 kg 10/10/35/25 mg/kg


4RH RH
300/200 ou 20 a 35 kg 2 comprimidos
Fase de 150/100 mg comprimido
manutenção ou cápsula 36 a 50 3 comprimidos
4
> 50 kg 4 comprimidos

Indicações:
Casos novos de todas as formas de tuberculose pulmonar e extrapulmonar
(exceto meningoencefalite) infectados ou não pelo HIV;
Retratamentos: recidiva (independente do tempo decorrido do último episódio) ou
retorno, após abandono, com doença ativa.
OBS: Pode ser administrado em gestantes e está recomendado o uso de piridoxina
(50mg/dl) durante a gestação pelo risco de crise convulsiva (devido à isoniazida) no
recém nascido.

Observações sobre o tratamento:


Os medicamentos deverão ser administrados preferencialmente em jejum (uma hora
antes ou duas horas apos o café da manha), em uma única tomada, ou em caso de intolerância
digestiva, com uma refeição.
O tratamento das formas extrapulmonares (exceto a meningoencefalica) tera a duracao
de seis meses, assim como o tratamento dos pacientes coinfectados com HIV,
independentemente da fase de evolucao da infeccao viral.

Período de transmissibilidade após início do tratamento


A transmissibilidade esta presente desde os primeiros sintomas respiratorios, caindo
rapidamente apos o inicio de tratamento efetivo. Durante muitos anos considerou-se que, apos 15 dias

12
de tratamento o paciente ja nao transmitia a doenca. Na pratica, quando o paciente nao tem historia de
tratamento anterior nem outros riscos conhecidos de resistencia, pode-se considerar que, apos 15 dias
de tratamento e havendo melhora clinica, o paciente pode ser considerado nao infectante. No entanto,
com base em evidencias de transmissao da tuberculose resistente as drogas, recomenda-se que seja
também considerada a negativacao da baciloscopia para que as precaucoes com o contagio sejam
desmobilizadas, em especial para biosseguranca nos servicos de saude

Reações adversas
As reacoes adversas podem ser divididas em dois grandes grupos: i) reacoes
adversas menores, em que normalmente nao e necessaria a suspensao do
medicamento antiTB; e ii) reacoes adversas maiores, que normalmente causam a
suspensao do tratamento.
A maioria dos pacientes completa o tratamento sem qualquer reacao adversa
relevante.Nesses casos, nao ha a necessidade de interrupcao ou substituicao do
Esquema Basico.
Reacoes adversas “maiores” que determinaram alteracao definitiva no
esquema terapêutico variam de 3% a 8%. Os fatores de risco mais referidos para o
desenvolvimento de tais efeitos sao:
• idade (a partir da quarta decada);
• dependencia quimica ao alcool (ingestao diaria de alcool > 80g);
• desnutricao (perda de mais de 15% do peso corporal);
• historia de doenca hepatica previa; e
• coinfeccao pelo virus HIV, em fase avancada de imunossupressao.
As reações adversas devem ser comunicadas ao médico da Equipe.
As reacoes adversas mais frequentes ao esquema basico sao: mudanca da
coloracao da urina (ocorre universalmente), intolerancia gastrica (40%), alteracoes
cutaneas (20%),ictericia (15%) e dores articulares (4%). Deve ser ressaltado que
quando a reacao adversa corresponde a uma reacao de hipersensibilidade grave
como plaquetopenia, anemia hemolitica,insuficiencia renal etc., o medicamento
suspeito nao pode ser reiniciado apos a suspensao, pois na reintroducao a reacao
adversa e ainda mais grave.
Para maiores informações sobre Reações adversas e seu manejo consultar
Manual de recomendações para o controle da tuberculose no Brasil / Ministério da

13
Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde, Departamento de Vigilância
Epidemiológica. – Brasília.
O advento da epidemia do HIV/AIDS nos paises endemicos para tuberculose
tem acarretado aumento significativo de tuberculose pulmonar com baciloscopia
negativa e formas extrapulmonares. Embora sejam menos infectantes que os
pacientes com baciloscopia positiva, estes pacientes, em geral, sao mais
imunocomprometidos, apresentam mais reacoes adversas aos medicamentos e tem
maiores taxas de mortalidade agravadas pelo diagnostico tardio dessas formas.
E frequente a descoberta da soropositividade para HIV durante o diagnostico
de tuberculose. Estima-se no Brasil que, embora a oferta de testagem seja de
aproximadamente 70%, apenas cerca de 50% tem acesso ao seu resultado em
momento oportuno,com uma prevalencia de positividade de 15%. Alem disso, a
tuberculose e a maior causa de morte entre pessoas que vivem com HIV, sendo a
taxa de obito na coinfeccao de 20%.
Portanto, o controle da coinfeccao TB/HIV exige a implantacao de um
programa que permita reduzir a carga de ambas as doencas e que seja baseado em
uma rede de atenção integral, agil e resolutiva. Entre seus objetivos estao:
1. Garantir aos pacientes com tuberculose acesso precoce ao diagnostico da
infeccao pelo HIV por meio da oferta do teste e acesso ao tratamento antirretroviral,
quando pertinente
2. Garantir as pessoas vivendo com HIV realizacao da PT e acesso ao
tratamento da infeccao latente (quimioprofilaxia) da tuberculose, quando
indicado,além do diagnostico precoce da tuberculose ativa nos pacientes com
manifestações clinicas sugestivas.

14
Contatos de Tuberculose Pulmonar Positivo maior de 10 anos e adultos

Sintomático: tosse há mais de


três semanas, febre vespertina, Assintomático
emagrecimento, dor no peito,
suor intenso

Solicitar raio x de tórax PA/Perfil

Encaminhar para avaliação médica


CONSULTA DE ENFERMAGEM:
Registrar no livro
Anamnese e exame físico;

Solicitar raio x PA/Perfil( com laudo)

Solicitar BAAR;
INDICAÇÃO DE TRATAMENTO DA ILTB
Registrar no livro de Registro e ( INFECÇÃO LATENTE) E
Acompanhamentos de contato de TB (livro INTERPRETAÇÃO DA PROVA
amarelo); TUBERCULINICA FICA A CARGO DO
Se o caso for confirmado seguir fluxograma de MÉDICO.
consulta para tuberculose.

A baciloscopia de escarro de diagnóstico deve ser realizada no mínimo em duas amostras:


uma por ocasião do primeiro contato do sintomático respiratório, e outra, independente do
resultado da primeira, na manhã do dia seguinte, preferencialmente colher o material ao
despertar. Nos casos em que há indícios clínicos e radiológicos de suspeita de TB e as duas
amostras de diagnóstico apresentem resultado negativo, podem ser solicitadas amostras
adicionais.

117
6.SAÚDE DO HOMEM

6.1 Introdução

Segundo o Ministério da Saúde (2007), homens na faixa etária entre 25 a 59


anos apresentam altos índices de morbimortalidade em relação aos coeficientes de
mortalidade feminina e caracteriza-se como problema de saúde pública.
Desta forma, faz-se necessário organizar uma rede de atenção à saúde que
garanta na linha de cuidados integrais voltada para a população masculina apoiando
ações e atividades de promoção da saúde para facilitar e ampliar o acesso aos
serviços de saúde por parte dessa população mediante apoio e qualificação de
profissionais de saúde para o atendimento específico da população masculina.
(BRASIL, 2009). Diante do exposto, há uma preocupação crescente com a saúde
social, que apresenta um papel preponderante no novo conceito antes considerado
como ausência de doenças.
Diante disso, o Ministério da Saúde, visando atender na integralidade o
público masculino, apresenta como prioridade a Política Nacional de Atenção
Integral a Saúde do Homem (PNAISH, 2008), esta deve ser executada nos
diferentes níveis de atenção, mas tem como foco principal a Atenção Básica, sendo
um desafio à promoção de saúde com integralidade e equidade para o homem
brasileiro. Trata-se de uma estratégia recente, que tem como objetivo a
prevenção/promoção de saúde do homem.
Quanto ao cuidado à saúde do homem no nível da Atenção Primária à Saúde
(APS), uma das justificativas para a pouca presença masculina nos serviços desse
nível, advém de um processo de socialização, em que o homem não se preocupa
com sua saúde e desvaloriza o autocuidado. Somado a isto, os homens preferem
buscar soluções mais rápidas e objetivas para seus problemas de saúde, buscando
lugares como farmácias e prontos-socorros, onde conseguem resultados mais
práticos e com maior facilidade no atendimento.
A Política Nacional de Atenção Integral a Saúde do Homem afirma que 75%
das enfermidades e agravos dessa população está concentrada em cinco grandes
áreas especializadas: Cardiologia, urologia, saúde mental, gastrenterologia e
pneumologia.

118
FLUXOGRAMA DE ACOLHIMENTO AO HOMEM COM ENFASE NA PROMOÇÃO E PREVENÇÃO DA SAÚDE

Demanda Busca Ativa Encaminhado


Espontânea

Acolhimento

Consulta de Enfermagem com Classificação de Risco

Diagnóstico de Enfermagem

- Medo Imunização Distúrbio do Doenças Pré Existentes


- Angustia Peso v
- Ansiedade
- Auto Estima
– Exclusão social

Prescrição de Enfermagem

Oferecer apoio Atualizar Orientar sobre a


profissional, esquema importância de Identificação de Risco
incentivar para vacinal uma alimentação
SIM
grupo de apoio. saudável
Incluir a família
NÃO
Consulta
Encaminhar ao Orientação
Médica
Não Aceitação NASF/Nutrição Prevenção

Reabilitação Controle
Encaminhar
ao Centro de Periódico
Referência Já Não
Não
Realiza Realiza
Necessita

Reavaliação Encaminhar
Reavaliação
Periódica ao Centro de
Periódica
Referência
1. VIOLÊNCIA

Conforme descreve a Política Nacional de Atenção Integral a Saúde do Homem, entre os temas estudados, destaca-se a violência
como um fenômeno difuso, complexo, multicausal, com raízes em fatores socioculturais, políticos, econômicos e pisco- biológicos.
A violência no sentido amplo deve ser compreendida como determinante dos indicadores de morbimortalidade por causas externas em
todas as suas dimensões, a saber, acidentes por transporte, agressões e lesões autoprovocadas voluntariamente e/ou suicídios.
O homem é mais vulnerável à violência, seja como autor, seja como vítima. Os homens adolescentes e jovens são os que mais sofrem
lesões e traumas devido a agressões, e as agressões sofridas são mais graves e demandam maior tempo de internação, em relação à
sofrida pelas mulheres (Souza, 2005). A socialização é em grande parte responsável pela tendência ao envolvimento em episódios
agressivos e de violência por parte dos homens, sendo a masculinidade associada à agressividade, bem como à invulnerabilidade e
consequente exposição a riscos variados, como o uso abusivo de álcool e outras drogas lícitas e ilícitas, e o acesso a armas de fogo. A
violência, desde que percebida como uma forma social de poder, advém da estratégia de empoderamento masculino, mas com ônus para os
homens autores de violência, que se vulnerabilizam na adoção de práticas que decorrem em graves danos à saúde física, psíquica e social
para si próprios e para os outros.
FLUXOGRAMA DE ACOLHIMENTO AO HOMEM VÍTIMA DE VIOLÊNCIA NA PROMOÇÃO E PREVENÇÃO

Demanda Busca Ativa


Espontânea

Acolhimento

Diagnóstico de Enfermagem

Consulta de Enfermagem / Classificação de Risco

- Medo
- Angustia
- Ansiedade
- Auto Estima ↓
- Exclusão Social

Prescrição de Enfermagem

Oferecer suporte emocional

Notificar
Encaminhar

Consulta Médica

Delegacia

Rede de Referência

2. ALCOOLISMO/TABAGISMO E OUTRAS DROGAS

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 02 bilhões de pessoas consomem bebidas alcoólicas no mundo, sendo
esse um determinante para a perda de 4% da vida útil dos homens.
Quanto ao tabagismo, os homens usam cigarros também com maior frequência que as mulheres, o que acarreta maior vulnerabilidade
as doenças cardiovasculares, câncer, doenças pulmonares obstrutivas crônicas, doenças bucais e outras.
O uso dessas e de outras drogas existe há milênios nas culturas humanas, sendo utilizado de várias formas por diversos povos de
acordo com seus costumes. Desse modo, trazendo complicações da saúde física e mental que o seu uso abusivo pode provocar. Existe um
aumento significativo no número de pessoas que se tornam dependentes das drogas no Brasil e com início do uso cada vez mais precoce.
Por outro lado, o uso abusivo de substâncias alcoólicas se tornou nos últimos anos um grave problema de saúde pública nesse país.
A Classificação Internacional de Doenças em sua décima versão de 1989 (CID-10) traz os diversos sofrimentos mentais consequentes
do uso abusivo do álcool e de outras drogas, desde a própria síndrome de dependência até transtornos psicóticos. Outros aspectos que
demonstram a complexidade que envolve o uso do álcool/tabagismo e outras drogas são a violência e os gastos públicos produzidos, sendo
que o uso do álcool lidera as estatísticas significativamente. Isso mostra a relevância em refletir sobre a atuação da equipe multiprofissional
do território, do CAPS AD diante da importância social, sanitária e educacional de seus serviços para usuários de drogas, seus familiares e a
comunidade em geral.
FLUXOGRAMA DE ACOLHIMENTO AO HOMEM NA PROMOÇÃO E PREVENÇÃO DO USO DE TABACO, ÁLCOOL E OUTRAS
DROGAS

Demanda Busca Ativa Encaminhado


Espontânea

Acolhimento

Consulta de
Enfermagem

Diagnóstico de Enfermagem
Tabagista Álcool / Drogas
Classificação de Risco

Teste de Fagerstron Prescrição de Orientações sobre o


Orientações sobre o Enfermagem tratamento
tratamento
Iniciar Grupo de Abordagem
Iniciar Grupo de Abordagem
Cognitiva Comportamental
Cognitiva Comportamental
ou Terapia de Nicotina (TRN)

Alteração
Comportamental?

Consulta Médica Encaminhar ao Centro de


Referência, quando necessário

3. POPULAÇÃO PRIVADA DE LIBERDADE


O artigo 196 da Constituição Federal de 1988 (BRASIL, 1988), na Seção II descreve que a saúde é direito de todos e dever do Estado,
visando redução dos riscos de doenças e de outros agravos mediante políticas sociais e econômicas, bem como acesso universitário e
igualitário, então este dispositivo constitucional reforça a importância do atendimento a população privada de liberdade. Para a garantia da
promoção integral das pessoas reclusas nas unidades prisionais, o Ministério da Saúde e da Justiça instituíram a Portaria Interministerial
n°1.777/2003 (BRASIL, 2003), que aprova o Plano Nacional de Saúde no Sistema Prisional. Dentre essas ações estão presentes o controle
de tuberculose, hipertensão, diabetes, hanseníase, saúde bucal, atenção em saúde mental, programa de imunização, diagnóstico,
aconselhamento, tratamento em DST/HIV/AIDS.
A atenção básica presente nos estabelecimentos penais contará com uma equipe composta por médico, enfermeiro, assistente social,
psicólogo, odontólogo, auxiliar de enfermagem, auxiliar de consultório dentário.
As ações mínimas deverão compreender: controle da tuberculose, controle de hipertensão e diabetes, hanseníase, DST/HIV/AIDS,
hepatites, saúde bucal, saúde da mulher, saúde mental, programa de imunizações, exames laboratoriais, aquisição e controle de
medicamentos.
Dentre os procedimentos para a promoção da saúde no Sistema Penitenciário Federal está a avaliação de saúde do indivíduo, como
pode ser acompanhado no fluxograma 1. Esse indivíduo deverá ser incluído nos programas juntamente com os seus familiares durante o
cumprimento da pena. Ele deverá passar por outra avaliação antes de ser liberado ou, antes de retornar a unidade prisional. Todas as
avaliações e históricos médicos devem constar no prontuário do paciente e se este for transferido deverá ser encaminhado juntamente com
seu prontuário (MINISTÉRIO DA JUSTIÇA, 2011).
FLUXOGRAMA DE ACOLHIMENTO AO HOMEM PRIVADO DE LIBERDADE NA PROMOÇÃO E PREVENÇÃO A SAÚDE

Busca Regional

Existe Sistema Prisional

Estratégia de Atendimento/Parcerias

Consulta de Enfermagem

Diagnóstico de Enfermagem

- Medo - Imunização Dependência: Álcool Baixo Peso Doenças: HIV/DST


Angustia - e outras Drogas e Pré Existente
Ansiedade -
Auto Estima –
Exclusão social

Prescrição de Enfermagem

Orientar a Orientar sobre a Identificação de Risco


- Oferecer Viabilizar as
equipe local a importância da
suporte vacinas
inserir no Grupo alimentação SIM NÃO
emocional necessárias
de Apoio
- Incentivar a
participação em
oficinas
Encaminhar ao Orientação
Controle /Prevenção
Orientar a equipe NASF/Nutrição
Periódico Consulta
local para incluir
Médica
Recusa de ao CAPS-AD
Controle
tratamento Exames laboratoriais e específicos Periódico

Sem Alterações
Orientar a Com Alterações
Atendimento pode
equipe local
ser feito na unidade?
para Controle Periódico
encaminhar Sugerir a equipe local encaminhar
ao Centro de Referência
ao Centro de NÃO SIM
Referência
Setor saúde/segurança, solicitar serviço de remoção. Retornar a
unidade prisional

4. SAÚDE BUCAL
A proposta desse protocolo é aumentar a aproximação à Saúde do Homem no âmbito do cuidado à Saúde Bucal, visto que os homens
utilizam pouco o atendimento oferecido pelas unidades de atenção básica, e a maioria das patologias associadas à saúde bucal pode ser
prevenida. Os agravos identificados e relacionados à saúde bucal, a abordagem de fatores de risco e proteção necessitam aproximar-se da
individualidade comportamental masculina.
FLUXOGRAMA DE ATENDIMENTO DE SAÚDE BUCAL DO HOMEM

Demanda Busca Ativa Encaminhado


Espontânea

Acolhimento

Consulta de Enfermagem com


Classificação de Risco

Prescrição de Enfermagem Diagnóstico de Enfermagem

v
Orientar higiene bucal e hábitos Dor
saudáveis Medo
Ansiedade
v
Hiperemia
Identificar o problema de saúde Petéquias
bucal Pettequias
v
v
- Feridas
Orientar quanto à importância do
- Sangramento
tratamento não medicamentoso e retorno
- Abscesso
a unidade
v
Encaminhar ao Centro de Referência

Fatores de Risco: Idade superior a 40 anos; Sexo masculino; Tabagistas crônicos; Etilistas
crônicos; Menor higiene bucal; Desnutridos e imunodeprimidos; Portadores de próteses mal
ajustadas ou que sofram de outra irritação crônica da mucosa
5. IMUNIZAÇÕES
Todo homem tem direito a um cartão vacinal para anotar e controlar o seu esquema vacinal e deverá ser orientado quanto as vacinas
disponíveis no Programa Nacional de Imunização.

FLUXO DE ATENDIMENTO IMUNIZAÇÃO DO HOMEM

Demanda Busca Ativa Encaminhado


Espontânea

Acolhimento

Consulta de Enfermagem

v
Avaliar
Diagnóstico de Enfermagem
alterações
vacinais e
cartão de vacina
Prescrição de Enfermagem
Atualizar cartão
vacinal
v
Em caso de eventos adversos:
notificar, orientar e encaminhar.
CALENDÁRIO BÁSICO DE VACINAÇÃO

IDADE VACINA DOSE PROTEÇÃO


Até 29 anos Contra Hepatite B 03 doses (0-1-6) Hepatite B
nunca
vacinados
Profissional de Vacina contra única Gripe sazonal
saúde Influenza Sazonal
(campanha)
A partir de 10 Dupla Adulto (DT) 03 doses (02/02 Difteria e tétano
anos de idade meses ou 01/01 acidental
mês)
Nota: A Vacina contra a Febre Amarela é indicada em caso de viagem para área risco. Solicitar avaliação médica. É indicada a partir dos 09 meses de idade para
pessoas que irão viajar para regiões endêmicas, de transição ou de risco potencial, 10 dias antes da viagem. A vacina para Hepatite B é indicada até 29 anos para nunca
vacinados e a partir de 30 anos para grupos vulneráveis.

6. TUMORES
Segundo a política nacional de atenção integral a saúde do homem os tumores que incidem com maior frequência nos homens são os
oriundos dos aparelhos digestivo, respiratório e urinário. Faixa etária de maior incidência nos casos de cânceres são de 25 a 59 anos.
A mortalidade por câncer do aparelho digestivo, no ano de 2005, teve sua maior expressão numérica no câncer de estômago, ainda
que imediatamente seguida pelo câncer de boca e de esôfago.
As neoplasias mais frequentemente do aparelho respiratório que causaram a morte, são na sua incidência o câncer de pulmão,
traqueia e brônquios.
Ao se falar de neoplasias malignas do aparelho urinário, o câncer de próstata é o câncer mais comum na urologia, de acordo com a
Sociedade de Urologia (2009), e pode ocorrer em um de cada seis homens. Cerca de 2% dos homens brasileiros com mais de 45 anos
apresentam câncer de próstata neste exato momento e a maioria não tem conhecimento deste fato. Isto significa que no mínimo 400 mil
brasileiros necessitam de diagnósticos, pois a doença é curável quando encontrada precocemente.
Os principais fatores de risco para o desenvolvimento para do câncer de próstata segundo Gonçalves (2008) são: a idade avançada, a
etnia do cliente e a predisposição familiar,sendo que o maior fator de risco é o envelhecimento.
Não se pode deixar de mencionar o câncer de pênis. Trata-se de um tumor raro, relacionado com as baixas condições
socioeconômicas e a má higiene íntima.
FLUXOGRAMA DE ACOLHIMENTO AO HOMEM NA PROMOÇÃO E PREVENÇÃO DE TUMORES

Demanda Busca Ativa Encaminhado


Espontânea

Acolhimento

Consulta de Enfermagem com


Classificação de Risco

Diagnóstico de Enfermagem e
Prescrição de Enfermagem

Medo, angústia, ansiedade, dor,


sangramento, edema, nódulo,
hipertermia, emagrecimento
acentuado, dispnéia, tosse
persistente, disúria, anúria

Encaminhar para Encaminhar para


Consulta Médica Grupo de Educação
em Saúde
Encaminhar ao Centro de
Referência Especializado

Reabilitação

Tratamento em conjunto:
Especialista / USB

7. DIREITOS SEXUAIS E REPRODUTIVOS

A Política Nacional de Planejamento Familiar é concebida hoje, pelo Ministério da Saúde, como Política da Vida Sexual e Reprodutiva,
com o propósito de acolher pessoas que têm vida sexual ativa e não estão, necessariamente, planejando uma família.
A prescrição dos métodos contraceptivos é de responsabilidade dos profissionais médico e do enfermeiro. A eles devem ser
disponibilizadas informações e os métodos. Na eventualidade de uma gravidez, o importante é assegurar condições para que a paternidade
seja vivenciada de modo responsável.
Deve ser realizado a conscientização dos homens do dever e do direito à participação no planejamento reprodutivo. A paternidade não
deve ser vista apenas do ponto de vista da obrigação legal, mas, sobretudo, como um direito do homem a participar de todo o processo,
desde a decisão de ter ou não filhos, como e quando tê-los, bem como do acompanhamento da gravidez, do parto, do pós-parto e da
educação da criança.
No homem, além da camisinha como método contraceptivo, há um outro método definitivo, a vasectomia, onde sua indicação deve
obedecer aos critérios pré-estabelecidos, respeitando a legislação vigente: Lei nº. 9.263, de 12/01/1996. Tanto o profissional médico (a)
quanto enfermeiro (a) poderão indicar tal procedimento.
Condutas para o Aconselhamento em Anticoncepção Cirúrgica:
• Realizar consulta individual ou ao casal, e/ou atividade educativa;
• Orientar sobre os métodos contraceptivos reversíveis existentes;
• Esclarecer sobre os riscos da cirurgia e possíveis efeitos colaterais e as dificuldades de sua reversão
• Somente é permitida a Esterilização Voluntária nas seguintes situações:
I - em homens e mulheres com capacidade civil plena e maiores de vinte e cinco anos de idade ou, pelo menos, com dois filhos vivos,
desde que observado o prazo mínimo de sessenta dias entre a manifestação da vontade e o ato cirúrgico, período no qual será propiciado à
pessoa interessada acesso a serviço de regulação da fecundidade, incluindo aconselhamento por equipe multidisciplinar, visando
desencorajar a esterilização precoce;
II - risco à vida ou à saúde da mulher ou do futuro concepto, testemunhado em relatório escrito e assinado por dois médicos.
FLUXOGRAMA DO ACOLHIMENTO DO HOMEM AOS DIREITOS SEXUAIS E REPRODUTIVOS

Demanda Busca Ativa Encaminhado


Espontânea

Acolhimento

Consulta de Enfermagem com Classificação de Risco

Diagnóstico de Enfermagem
Prescrição de Enfermagem

Planejamento Familiar

Homens com vida sexual ativa ou não

Oferta de possibilidade contraceptiva: não


medicamentosa, medicamentosa e cirúrgica

Cirúrgica: Encaminhar ao Centro de Referência com Consulta


Médica Especializada
Referencias Bibliográficas

1. Ministério da Saúde – Secretaria de Atenção à Saúde Departamento de Atenção Básica Saúde Bucal – 1ª Edição Brasília – DF 2008
(Série A. Normas e Manuais Técnicos Cadernos de Atenção Básica – nº 17)
2. Ministério da Saúde – Secretaria de Atenção à Saúde Departamento de Atenção Básica – Brasília – DF 2013 - Cadernos de Atenção
Básica Estratégias para o Cuidado da Pessoa com Doença Crônica: Hipertensão Arterial Sistêmica, nº 37
3. Ministério da Saúde – Secretaria de Atenção à Saúde Departamento de Atenção Básica – Brasília – DF 2013 - Cadernos de Atenção
Básica Estratégias para o Cuidado da Pessoa com Doença Crônica: Diabetes Mellitus, nº 36
8. SAÚDE DO IDOSO

1. Introdução

O aumento da expectativa de vida da população brasileira e consequentemente seu envelhecimento, traz ao discurso várias questões
como o envelhecimento saudável, formas de acolhimento e abordagem deste idoso, assim como sua colocação no cotidiano da sociedade
atual.
Dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) apontam que atualmente existem no Brasil, aproximadamente, 20
milhões de pessoas com idade igual ou superior a 60 anos, o que representa pelo menos 10% da população brasileira. Segundo projeções
estatísticas da OMS (Organização Mundial de Saúde), no período de 1950 a 2025, o grupo de idosos no país deverá ter aumentado em
quinze vezes, enquanto a população total em cinco. Assim, o Brasil ocupará o sexto lugar quanto ao contingente de idosos, alcançando, em
2025, cerca de 32 milhões de pessoas com 60 anos ou mais de idade (BRASIL, 2010).
No campo da saúde é primordial preservar por maior tempo possível a autonomia desses indivíduos para que preservem a capacidade
de autocuidado, melhorando assim a autoestima uma vez que o envelhecimento por si só, já diminui a capacidade funcional do ser humano.
Assim, a própria portaria que institui a Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa considera que “o conceito de saúde para o
indivíduo idoso se traduz mais pela sua condição de autonomia e independência que pela presença ou ausência de doença orgânica”
(BRASIL, 2010).
Desta forma, este documento foi criado para sistematizar as ações de enfermagem em relação as atividades relacionadas à Saúde do
Idoso na Atenção Básica, na região denominada Metropolitana II e tem como objetivos principais:
 Viabilizar uma Política de Atenção Integral à Saúde do Idoso, tendo como iniciativas a promoção de saúde, prevenção, assistência e
reabilitação;
 Aprimorar, manter e recuperar a capacidade funcional, valorizando a autonomia e a independência dos indivíduos idosos.
A importância de avaliar o idoso de forma global com ênfase na funcionalidade é prevenir complicações e traçar um plano terapêutico que
atenda as necessidades individuais do cliente. Serão abordados neste capítulo alguns aspectos relevantes a serem avaliados em todos os
atendimentos da pessoa idosa, pela equipe multiprofissional.

8.1. Acolhimento do idoso

O acolhimento tem como principal objetivo facilitar o acesso ao serviço de saúde por meio de mecanismos ágeis e confortáveis de
agendamento, desta forma humanizando as relações entre os profissionais de saúde e usuários.
É fundamental que a atenção básica se responsabilize pelo acolhimento e cuidado a pessoa idosa em quadros agudos ou crônicos
agudizados, cuja complexidade seja compatível com este nível de atenção. (BRASIL, 2010)
Assim, o ato de acolher proporciona aproximação, atraindo esse público aos serviços de saúde. É uma forma de organizar e melhorar
o acesso do idoso á unidade de saúde. Este acesso pode ocorrer de maneiras distintas. O que ira nortear o atendimento ao idoso será a sua
necessidade de atendimento, com classificação de risco.
A classificação de risco pode ser feita por qualquer membro da equipe de saúde, desde que este esteja capacitado para tal ação. Para
isso será necessário um instrumento padronizado para auxiliar o profissional na classificação deste idoso. O cenário para a captação do
idoso pode ser no próprio domicílio, na comunidade e na unidade de saúde.
O idoso também poderá procurar a unidade de saúde espontaneamente ou através de um familiar. A equipe deve estar capacitada e
treinada para oferecer um acolhimento de qualidade, identificando as necessidades do usuário e definindo o fluxo de atendimento de acordo
com as necessidades individuais.
8.2. – Imunização
O sistema imunológico sofre algumas alterações com o envelhecimento, com o passar dos anos o ser humano vai ficando mais
suscetível a determinadas doenças. Estas doenças podem ser prevenidas através da imunização.
O Programa Nacional de Imunizações tem por objetivo o controle, eliminação e/ou erradicação das doenças imunopreveníveis. Por se
tratar de uma população que apresenta vulnerabilidades, existem algumas vacinas preconizadas para a população idosa. Na atenção básica
são disponibilizadas as seguintes vacinas: influenza e a contra tétano/difteria. Ainda existe a vacina antipneumocócica, mas a sua distribuição
nas Unidades Básicas de Saúde podem ter diferenciações em cada Município.
É relevante orientar ao idoso sobre a importância de aceitar ser imunizado, sendo necessário que a equipe esteja capacitada para
oferecer as orientações e esclarecer alguns mitos referentes às vacinas.
Dentre as vacinas preconizadas para esta faixa etária específica (60 anos ou mais), estão as vacinas de: Influenza sazonal, Dupla
Adulto, Febre Amarela e Pneumocócica, descrita no calendário a seguir.

Calendário Vacinal do Idoso


Idade Vacina Doses Local de Doenças evitadas
aplicação
Influenza Dose anual IM no deltóide Contra influenza
sazonal sazonal e Gripe
60 Dupla tipo Três doses e IM no deltóide Difteria e Tétano
anos adulto (dT) reforço a cada dez
ou anos
mais Febre 1 dose a cada dez IM ou SC no Febre Amarela
Amarela¹ anos em caso de deltóide
viagem para áreas dependendo do
endêmicas fabricante
Pneumocócica Dose única IM no deltóide Contra Pneumonia
23 Valente² Reforço após 5 causada pelo
anos da dose pneumococo
inicial
1. O idoso que vá viaja para área endêmica (estados AP, TO, MA, MT, MS, RO, AC, RR, AM, PA, GO e DF), área de transição (alguns municípios dos estados: PI, BA,
MG, SP, PR, SC e RS) e áreas de risco potencial (alguns municípios dos estados da BA, ES e MG). Em viagem para estas áreas, vacina 10 dias antes da viagem.
2. A vacina contra o pneumococo é aplicada durante a campanha Nacional de Vacinação contra Influenza sazonal nos indivíduos que convivem em instituição fechada,
tais como casas geriátricas, hospitais, ILPIs e casas de repouso com apenas um reforço em cinco anos após a dose inicial.

Cuidados de Enfermagem a pessoa idosa após a aplicação de imunobiológicos:


 Orientar a aplicar compressa gelada no local;
 Administrar antitérmico ou analgésico em caso de febre ou dor;
 Orientar ao idoso ou cuidador em caso de alguma reação diferente que de costume procurar a Unidade de Saúde ou a emergência (UPA
ou Hospital);
 Notificar a reação ao Programa Municipal de Imunização em formulário próprio.

8.3 – Sexualidade

A sexualidade também deve integrar a avaliação da pessoa idosa, visto que, não está apenas ligada à função reprodutiva e deve ser
compreendida como fonte de prazer e realização em todas as idades. Segundo Brasil (2010) “estudos mostram que 74% dos homens e 54%
das mulheres casadas mantêm vida sexual ativa após os 60 anos.”
Existem alguns tabus em relação à sexualidade entre idosos, que devem ser esclarecidas através de orientações tanto individuais
quanto coletivas. Com o envelhecimento ocorrem mudanças fisiológicas importantes, como a diminuição na produção de hormônios
masculinos e femininos, que podem interferir na intensidade e frequência das relações sexuais.
O processo de envelhecimento e as limitações que vão surgindo podem ser compreendidos após orientações e grupos de
convivências, levando-os a aprender a desenvolver estratégias a fim de superar alguns obstáculos que poderão surgir.
Dentre algumas mudanças que podem ocorrer com o envelhecimento, no homem pode ocorrer a diminuição parcial na tumescência
peniana, que em comparação a um adulto jovem necessita de um tempo para atingir a excitação sexual, assim como completar o ato sexual.
Na mulher pode ocorrer diminuição na libido e na lubrificação vaginal, que geralmente pode causar desconforto durante o ato sexual, ela
pode ser orientada a utilizar um lubrificante íntimo para ter menos desconforto durante o ato.
A equipe de enfermagem poderá atuar através de orientações e esclarecimentos referentes a este assunto como, estimular o idoso a
falar sobre seus medos e limitações e neste momento esclarecer os tabus e estimular o usuário a desenvolver um mecanismo de superação
para preservar a vida sexual.
É muito importante abordar assuntos referentes ás doenças sexualmente transmissíveis, esclarecer que o idoso também corre risco de
adquirir doenças através do sexo e para prevenir necessita utilizar o método de barreira

Cuidados de Enfermagem a pessoa idosa


Estimular o idoso em participar de grupos de convivência;
Orientar quanto ao uso de preservativo (masculino ou feminino) em caso de múltiplos parceiros;
Orientar individualmente ou coletivamente quanto as mudanças ocorridas com o envelhecer;
Orientar quanto ao uso de lubrificantes a base de água durante o ato sexual;
Encaminhar ao médico e/ou psicólogo em caso de prescrição medicamentosa e/ou atendimento psicológico.

8.4 – Queda
De acordo com Brasil (2010), as quedas representam um sério problema para as pessoas idosas e estão associadas a elevados
índices de morbi-mortalidade, redução da capacidade funcional e institucionalização precoce. O profissional deve questionar a ocorrência e
freqüência de quedas, registrando na Caderneta de Saúde da Pessoa Idosa. Essas informações possibilitam a identificação do risco.
O ambiente residencial pode aumentar o risco de quedas e deve ser incluído na programação de avaliação da pessoa idosa. Presença
de escadas, ausência de diferenciação de degraus e corrimãos, iluminação inadequada, tapetes soltos, obstáculos (fios elétricos, pisos mal
conservados etc) no local de circulação, são alguns dos riscos comuns observados.
Vale ressaltar que impactos diretos no punho e no quadril tem maior probabilidade de resultar em fraturas. A maioria das quedas
acidentais ocorre dentro do domicilio ou arredores, os riscos domésticos mais comuns devem ser objeto de atenção das equipes da Atenção
Básica.
Na atualidade as principais complicações relacionadas com a queda são lesões em partes moles, restrição prolongada no leito,
hospitalização, institucionalização, risco de doenças iatrogênicas, fraturas, hematoma subdural, incapacidade e morte. (BRASIL, 2010)

Riscos domésticos para quedas:

Presença de tapetes pequenos e Escadas com piso muito desenhado


capachos em superfície lisa (dificultando a visualização de cada
degrau).
Carpetes ou tapetes soltos e/ou com Uso de chinelos, sapatos desamarrados
dobras ou mal ajustados ou com solado
escorregadio.
Bordas de tapetes, principalmente, Roupas compridas, arrastando pelo chão.
dobradas.
Pisos escorregadios (encerados, por Má iluminação e/ou interruptores distantes
exemplo) ou irregulares. da entrada do cômodo.
Cordas, cordões e fios no chão (elétricos Cadeira, camas e vasos sanitários muito
ou não). baixos.
Ambientes desorganizados com móveis Cadeiras sem braços.
fora do lugar, móveis baixos ou objetos
deixados no chão (sapatos, roupas,
brinquedos).
Móveis instáveis ou deslizantes Animais, entulhos e lixo em locais
inapropriados.
Degraus de escada com altura ou largura Objetos estocados em lugares de difícil
irregulares. acesso (sobe-se numa cadeira ou banco
para alcança-los)
Degraus sem sinalização de término. Escadas com iluminação frontal.

Cuidados de Enfermagem a pessoa idosa:


 Orientar aos familiares e cuidadores a adaptação do ambiente (residência e entorno): acomodar os gêneros alimentícios e outros objetos
de uso cotidiano em local de fácil acesso, evitando com isso o uso de escadas ou banquinhos; reorganização o ambiente interno com
consentimento da pessoa idosa;
 Sugerir a colocação de um diferenciador de degraus nas escadas bem como iluminação adequada, corrimãos bilateral para apoio e
retiradas dos tapetes no inicio e fim da escada; colocação de piso antiderrapante e barra de apoio nos banheiros, evitar o uso de
banheiras, orientar o uso em cadeira higiênica para fazê-lo sentado quando da instabilidade postural e orientar a não trancar o banheiro.
 Orientar a substituição de degraus por rampas, com colocação de luz auxiliar próximo a cabeceira da cama, utilização de almofadas
rígidas/firmes para elevação de assentos baixos;
 Orientar o cuidador/familiar ou idoso a evitar deixar animais domésticos presos a correntes longas que possam cruzar o caminho da
pessoa idosa;
 Encaminhar ao Serviço Social (de acordo com cada município) para aquisição de cadeira de rodas e cadeira higiênica.

8.5 – Demência
Segundo o Manual de Diagnóstico e Estatística de Doenças Mentais da Associação de Psiquiatria (DSM-IV) demência é definida como
uma síndrome caracterizada pelo prejuízo de um nível intelectual previamente mais alto e causada por diversas doenças.
São vários os tipos de doença que podem causara demência, sendo a mais comum é a Doença de Alzheimer, que acomete cerca de
50-60 % de todos os casos. Possui como principais características a perda da memória e declínio cognitivo lento e progressivo, afetando a
memória recente onde os indivíduos acometidos pela doença tendem a lembrar apenas de coisas que ocorreram no passado.

Cuidados de enfermagem:
 Solicitar dosagem de vitamina B12;
 Orientar o cuidador/familiar a estimular a memória da pessoa idosa e perceber se essas dificuldades na memória causam impactos nas
Atividades de Vida Diária (AVDs);
 Orientar o cuidador/familiar a evitar modificações no ambiente;
 Orientar quanto as possíveis alterações comportamentais próprios da demência.

8.6 – Incontinência urinária

A incontinência urinária é compreendida como a incapacidade de controlar a eliminação de urina da bexiga e acomete cerca de 30%
das pessoas idosas. Esses pacientes nem sempre relatam o fato nas consultas de rotina por vergonha ou por achar que é um fato comum
para a idade.
Pode ocorrer por diminuição da capacidade da bexiga de reter urina, por fraqueza do esfíncter urinário, pelo uso de certos
medicamentos que fazem relaxamento da musculatura lisa (como por exemplo, os beta-bloqueadores), fraqueza do assoalho pélvico,
hiperplasia prostática benigna, dentre outros fatores.
Durante a consulta, é importante questionar ao idoso se perdeu urina recentemente ou se se apresentou molhada de forma rápida nos
últimos tempos.

Cuidados de Enfermagem a pessoa idosa:


 Orientar quanto a higiene adequada no uso de protetores higiênicos, absorventes e fraldas, após as eliminações vesicam intestinais;
 Orientar quanto ao uso de protetores de colchão ou oleados, a fim de evitar molhar o colchão;
 Orientar quanto a troca da roupa de cama regularmente ou quando necessário;
 Orientar quanto a higiene e cuidados quando há uso de jontex, evitando lesões locais etc.

8.7 – Depressão

Torna-se importante durante a consulta, identificar alterações de humor na pessoa idosa. A presença de depressão na pessoa idosa
tem impacto negativo em sua saúde, devendo a enfermeira rastrear a presença deste agravo para pode identifica-lo .Para isso podemos
definir a utilização de instrumentos ,tais como Mini Exame do Estado Mental (MEEM) e/ou Escala de Depressão Geriátrica (GDS),tais escalas
são de uso de qualquer profissional de saúde habilitado e treinado.

Cuidados de enfermagem:

Orientar quanto a participação em atividades lúdicas e em grupos de convivência (associações, ONGs, igrejas, centros de convivência,
coral etc);
Orientar quanto ao uso de antidepressivo, respeitando horários das tomadas;
Encaminhar para avaliação no Ambulatório Multidimensional da Pessoa Idosa ou Serviço de Saúde Mental e/ou psicologia casos que se
enquadrem nos critérios de elegibilidade.
8.8 – Acuidade visual

Cerca de 90% dos idosos apresentam diminuição da acuidade visual nesta fase da vida e necessitam do uso de lentes corretivas.
Durante a consulta, o idoso deve ser indagado sobre possíveis dificuldades que apresente ao ler, assistir TV, dirigir ou exercer qualquer
atividade da vida cotidiana. Os que responderem afirmativamente sobre a dificuldade serão encaminhados ao especialista.

Cuidados de enfermagem

Encaminhar ao serviço de oftalmologia;


Orientar o uso regular em caso de uso de óculos.

8.9 – Acuidade auditiva

Assim como a acuidade visual fica prejudicada nas pessoas idosas, a audição também se apresenta diminuída em 1/3 da população
nesta faixa etária. Os idosos devem ser questionados sobre a dificuldade de ouvir e algumas questões são listadas a seguir para orientar
essa avaliação durante a consulta:

Compreende a fala em situações sociais?


Consegue entender o que ouve no rádio ou TV?
Tem necessidade que as pessoas repitam o que lhe é falado?
Sente zumbido ou algum barulho no ouvido ou cabeça?
Fala alto demais?
Evita conversar? Prefere ficar só?
Nos casos onde o examinador constate ou tenha confirmado pelo próprio idoso a diminuição da acuidade auditiva, deverá encaminhá-
lo ao especialista.

Cuidados de enfermagem:

Orientar o cuidador ou familiar falar em tom moderado com a pessoa idosa, pausadamente, olhando diretamente para o mesmo, para que
compreenda a informação;
Encaminhar ao Serviço de Otorrinolaringologista.

8.10 - Saúde bucal

A promoção da saúde bucal está inserida num conceito amplo de saúde que transcende a dimensão meramente técnica do setor
odontológico, integrando a saúde bucal as demais práticas de saúde coletiva. Significa a construção de políticas publicas saudáveis,
desenvolvimento de estratégias direcionadas a tosas as pessoas da comunidade. (BRASIL, 2004)

As ações de proteção à saúde podem ser desenvolvidas no nível individual e /ou coletivo. Os procedimentos coletivos são ações
educativo-preventivas realizadas no âmbito das unidades de saúde que se caracteriza em trabalho da equipe de saúde junto aos grupos de
idosos, planejamento familiar, sala de espera, nos domicílios, grupos de convivência, associações ou outros espaços sociais.

A identificação precoce das lesões da mucosa bucal deve ser priorizada, garantindo-se, na rede assistencial, atendimento integral em
todos os pontos de atenção à saúde, para acompanhamento e encaminhamento para tratamento nos níveis de maior complexidade.
Considerando que a boca merece muita atenção, principalmente quando se fala em pessoas idosas, por se tratar de um local que
mostra como vai a saúde de uma maneira geral, e principalmente por se tratar de uma camada da população que possui ausência de muitos
elementos dentários ou uso de próteses corretivas.
Com o envelhecimento, algumas alterações importantes ocorrem na boca, ou em decorrência da perda dos dentes, da perda do
paladar, da disfagia entre outros.
Outro ponto relevante diz respeito ao aspecto psicológico envolvendo a autoestima, alem de outros problemas decorrentes da má
alimentação, pela preferência por alimentos mais pobres do ponto de vista nutricional, e mesmo pela ingestão praticamente sem mastigar,
dificultando muito a digestão e a absorção dos nutrientes pelo organismo.
Dentre os problemas mais prevalentes na pessoa idosa são:
 Boca seca: sabe-se atualmente que está mais relacionado com o uso de medicamentos para tratamento de doenças crônicas do que
com o envelhecimento em si. Os casos devem ser analisados individualmente por um dentista, e de acordo com os problemas
decorrentes dessa secura (entre eles o mau hálito, ardência e até ulcerações, que trazem um grande desconforto), o médico deverá
ser consultado para ver se há outra opção de medicamento.
 Mau hálito: normalmente é decorrente da diminuição da quantidade de saliva, que faria a limpeza constante da boca, e da presença
de resíduos sobre a língua, dentes e gengiva, devido à má higienização dos dentes e das próteses.
 Cáries: dependendo da condição das restaurações presentes nos dentes, e dos cuidados tomados na escovação e no uso do fio
dental, as cáries e infiltrações podem ocorrer como em qualquer outra idade, e devido à retração gengival que acontece com o avanço
da idade, esses problemas atingem principalmente a região das raízes expostas.
 Doenças da gengiva: gengivite e periodontite são as mais comuns, relacionadas à inflamação e infecção dos tecidos que sustentam
os dentes. Sangramento gengival, mobilidade dentária, mau hálito e dores ao mastigar podem ser sinais da presença desses
problemas, que se não receberem a devida atenção, podem levar à perda dos dentes.
 Próteses desadaptadas: a gengiva que sustenta uma prótese sofre alterações com o tempo e a sua adaptação tende a se modificar
com o passar do tempo. Uma prótese desadaptada e “frouxa”, além de ser desconfortável para conversar e para se alimentar,
favorece o aparecimento de infecções fúngicas, feridas, aftas, hiperplasias (crescimento gengival), que se não forem tratadas podem
predispor o paciente a problemas ainda mais graves, como o câncer bucal.

Cuidados de enfermagem:

 Orientar ao idoso a mastigar bem os alimentos, e quando identificar sintomas como disfagia avaliar a necessidade de avaliação médica e
do nutricionista;
 Orientar a escovação dos dentes e o uso de fio dental após as refeições, com escova macia, após todas as refeições ou ao menos uma
vez ao dia; em caso de uso de próteses, realizar a escovação das próteses e da língua independente da presença de elementos
dentários;
 Promover atividades de educação em saúde juntamente com dentistas, ACDs/THDs e ACS;
 Encaminhar para a avaliação e conduta do dentista, em caso de alguma alteração;
 Orientar cuidados com a prótese dentária: como o uso de creme dental com fluor (ou recomendada pelo dentista); antes de iniciar a
limpeza da prótese, colocar uma toalha ou pano na pia, a fim de evitar no caso desta cair não se quebrar facilmente; escovar a prótese
em toda sua extensão, removendo todos os restos de comida e placa bacteriana; lavar a prótese em água limpa,de preferência água
corrente para retirar todo o creme dental e resíduos;
 Observar sinas e sintomas de disartria e avaliar necessidade de encaminhar para a fonoaudiologista;
 Orientar ao autoexame da boca, a fim de prevenir ou identificar lesões ou feridas e com isso resolver o problema precocemente.

8.11. Violência e maus tratos contra a pessoa idosa


Maus tratos são atos ou omissões que causem dano, prejuízo, aflição, ou ameaça à saúde e bem-estar da pessoa. Pode ocorrer uma
única vez ou se tornar repetitivo, pode variar de uma reação brusca, impensada, até uma ação planejada e contínua, e causar sofrimento
físico ou psicológico à pessoa cuidada. (Brasil, 2010)
A violência e os maus tratos são problemas sociais de grande dimensão, que afeta toda a sociedade, especificamente de forma
continuada, mulheres, crianças, adolescentes, pessoas idosas e portadores de deficiência.
No caso da pessoa idosa, a violência pode ser manifestada de forma estrutural quando há desigualdades sociais e é naturalizada nas
expressões da pobreza, miséria ou discriminação; interpessoal quando está relacionada às relações cotidianas; institucional quando
relacionada a aplicação ou omissão da gestão das políticas sociais pelas instituições de assistência.
A violência intrafamiliar é a violência que possui grande importância na violência interpessoal, por se tratar de toda ação ou omissão
que prejudique o bem estar, a integridade física, psicológica ou a liberdade e o direito ao pleno desenvolvimento de outro membro da família.
Existem condições particulares, individuais, familiares ou coletivas, que tornam a pessoa idosa mais vulnerável à violência na medida
em que se torna mais dependente seja físico ou mentalmente.
A violência e os maus tratos podem estar relacionados a diversas causas, tais como: conflitos familiares, incapacidade técnica do
cuidador em desempenhar as atividades adequadamente, problemas de saúde física ou mental da pessoa cuidada ou do cuidador, desgaste
físico e emocional devido a tarefa de cuidar, problemas econômicos, etc.

A violência e os maus tratos podem ser físicos, psicológicos, sexuais, abandono, negligências, abusos econômico-financeiros,
omissão, violação de direitos e autonegligência.

Tipos violência:
 Abusos físicos, maus tratos físicos ou violência física – são ações que se referem ao uso da força física para que a pessoa idosa
faça o que não deseja fazer, e podem provocar-lhe ferimento, dor, incapacidade e/ou morte. Como beliscões, puxões, queimaduras,
amarrar os braços e as pernas, arrastar, arrancar vestimenta, abandonar em locais desconhecidos, obrigar a tomar calmantes etc.
 Abuso psicológico, violência psicológica ou maus tratos psicológicos – corresponde a toda ação ou omissão relacionada a
agressões verbais ou com gestos que causam dano a autoestima, a identidade ou desenvolvimento da pessoa idosa. Visando
aterrorizar e humilhar a pessoa, como ameaças de punição e abandono, impedir a pessoa de sair de casa ou trancá-la em lugar
escuro, não dar alimentação, assistência médica, insultos, desvalorização, ridicularização, rechaço, além dizer frases como “você é
inútil”, “você só dá trabalho” etc.
 Abuso sexual, violência sexual – é impetrada por pessoa com relação de poder (força física, coerção ou intimidação) sobre a pessoa
idosa, caracterizada como ato ou jogo de relações de caráter hetero ou homorrelacional, sem a permissão da pessoa, que visa obter
excitação ou satisfação sexual do agressor/agressora. Inclui caricias não desejadas, penetração oral, anal ou vaginal, com pênis ou
outros objetos de forma forçada, alem de se utilizar de linguagem erotizada, ou mesmo ser forçado a ter ou presenciar relações
sexuais com outras pessoas e impedimento do uso de preservativos.
 Violência ou Abuso econômico/financeiro/patrimonial – se expressa na exploração indevida ou ilegal dos idosos ou ao uso não
consentido de seus recursos financeiros ou patrimoniais. Consiste na apropriação dos rendimentos, pensão e propriedades sem
autorização da pessoa. Normalmente o responsável por esse tipo de abuso é um familiar ou alguém muito próximo em quem à pessoa
confia.
Inclui roubo, destruição de bens pessoais ou de bens da sociedade conjugal, recusa na participação nos gastos básicos para a
sobrevivência do núcleo familiar, uso dos recursos econômicos da pessoa idosa, tutelada ou incapaz destituindo-a de gerir seus
recursos e deixando-os sem provimento e cuidados.
 Abandono/ Negligência – é caracterizado pela falta de atenção, à recusa ou omissão de cuidados para atender as necessidades da
pessoa idosa. Manifesta-se pela ausência de responsabilidade em cuidar da pessoa que necessite de proteção, sejam por parte de
órgãos do governo ou de familiares, vizinhos amigos e cuidador.
 Autonegligência – diz respeito às condutas pessoais que ameacem a saúde ou segurança da própria pessoa. Ela se recusa a adotar
cuidados necessários a si mesma, tais como: não tomar os remédios prescritos, não se alimentar, não tomar banho e escovar os
dentes, não seguir as orientações dadas pelo cuidador ou equipe de saúde.

Todo caso suspeito ou confirmado de violência contra pessoa idosa deve ser notificado, utilizando-se a “Ficha de
Notificação/Investigação Individual – violência doméstica, sexual e/ou Outras Violências” conforme anexo, encaminhando a ficha
devidamente preenchida ao Setor de Epidemiologia municipal. Segundo a rotina estabelecida no município, os encaminhamentos das
pessoas idosas em situação de violência devem ser feitos para os órgãos e instituições discriminadas a seguir, de acordo com a organização
da rede de serviços local:

a) Delegacia Especializada da Mulher (DEAM)


b) Centro de Referencia da Mulher
c) Delegacias do Idoso
d) Conselho Municipal dos Direitos da Pessoa Idosa (CMDPI) e Conselho Estadual dos Direitos e Defesa das Pessoas
Idosas(CEDEPI)
e) Centro de Referencia da Assistência Social (CRAS)
f) Ministério Público
g) IML e outros.
Existem vários aspectos éticos e legais envolvidos. As vítimas, quando cognitivamente competentes, têm direito de determinar o curso
da intervenção, inclusive, podendo optar por nada fazer. Cabendo aos profissionais o suporte, a orientação, o atendimento, a notificação e o
encaminhamento adequado frente a cada situação que deverá se avaliada de forma particular. (BRASIL, 2010).

FICHA DE NOTIFICAÇÃO

Identificação do caso de Violência


Preencher Ficha de Notificação- Obrigatória
Encaminhar Ficha de Notificação ao setor de Epidemiologia e/ou notificar os órgãos
de defesa da pessoa idosa supracitados.

Cuidados de Enfermagem:
Acolher a vítima dos maus tratos;
Realizar avaliação física do idoso em caso de lesões do tipo hematomas, queimaduras, feridas, arranhaduras, entre outros, orientando
quanto a curativos, hidratação, alimentação e medicações prescritas;
Encaminhar ao serviço especializado ou a Unidade de referencia para procedimentos relacionados às doenças sexualmente
transmissíveis e HIV, em caso de abuso sexual;
Orientar e administrar vacina de hepatite B, tétano;
Preencher notificação compulsória de violência e encaminhar para Setor de epidemiologia;
Orientá-lo do procedimento realizado e encaminhá-lo para notificação na delegacia;
Encaminhar ao serviço social e aos dispositivos da Assistência Social (CRAS, CREAS, CRAM, entre outros);
Orientar aos familiares ou cuidadores a responsabilidade com o idoso;
2 – Promoção da saúde do idoso

Como objetivos principais para a promoção da saúde a pessoa idosa estão:


Promover o envelhecimento ativo e saudável bem sucedido;
Estruturar a atenção integral e integrada à saúde da pessoa idosa;
Fortalecer a participação social;
Monitorar o processo de envelhecimento;
Identificar fatores de risco de doenças e agravos;
Envolver a família e a comunidade no processo de cuidado;
Promover a formação e educação permanente dos profissionais de saúde que atuam junto aos idosos.
Na atenção a saúde do idoso, devemos utilizar estratégias de promoção de saúde que viabilizem um envelhecimento natural e
saudável e que também auxilie na reabilitação de algumas funções que foram comprometidas. É importante que a equipe tenha como foco
que o idoso tem algumas limitações inerentes ao envelhecimento, mas não deve ser tradado como um doente ou uma criança.
Eles apresentam algumas limitações que podem ser contornadas através de estratégias especificas a este grupo. Desta forma, as
ações de promoção a saúde podem sofrer diferenciações de pessoa para pessoa.

2.1 – Orientações básicas para nutrição

Envelhecer é um processo fisiológico e natural, mas pode ocorrer de forma diferenciada para cada indivíduo. Com o passar dos anos o
nosso organismo vai apresentando mudanças naturais no funcionamento, algumas podem interferir no processo de mastigação e deglutição.
Desta forma, a orientação sobre uma alimentação saudável é particular e individual. Deve ser planejada uma dieta baseada nas
demandas nutricionais específicas.
A equipe de saúde pode orientar quanto às medidas de higiene, no preparo dos alimentos, intensificar a importância da lavagem das
mãos durante a manipulação e preparo dos alimentos. Estimular o idoso a optar pela escolha de alimentos saudáveis, quanto á cautela no
uso do açúcar e sal e a participar na escolha do cardápio.
Essas medidas irão estimular o idoso a participar do processo de preparo dos alimentos, o que trará bons resultados referentes à
nutrição adequada e de qualidade.

2.2 – Promoção da atividade física

O processo do envelhecimento biológico causa algumas limitações na pessoa, como na função musculoesqueléticas dentre outras e
gera algumas limitações ás atividades de vida diárias. Fazer exercícios traz benefícios em qualquer idade, melhorando muito a qualidade de
vida e prevenindo o risco de aumento da fragilidade e dependência.
A escolha da atividade física a ser praticada vai depender da disponibilidade de serviços em cada Município, localidade, da escolha do
idoso e sua aptidão para a execução.
Cabe a equipe de saúde informar ao idoso os benefícios da atividade e ajudá-lo a fazer a escolha. Devemos também orientar sobre os
cuidados a serem tomados antes durante e posterior á atividade física. Como:
a escolha do horário em que o sol e o calor sejam mais brandos;
a fazer uma alimentação leve antes de iniciar os exercícios, nunca em jejum;
a utilizar roupas leves, evitando tecidos duros que possam limitar os movimentos, utilizar um calçado confortável;
optar por uma atividade que lhe agrade, compatível com suas necessidades e respeitando suas limitações;
ingerir líquido durante e após a atividade;
orientar que inicie a atividade após avaliação médica, a fim de saber se estar apto a eercer atividade física.
2.3 – Grupos de educação em saúde e vivências

A realização regular de grupos de educação em saúde pode trazer resultados positivos na promoção da saúde. É um ambiente
favorável para o idoso conhecer o processo do envelhecimento, algumas doenças relacionadas a este processo, receber orientações para
superar suas limitações e aprender a conviver com elas.
A equipe pode estimular que o grupo seja um ambiente agradável e fazer com que o idoso tenha vontade de frequentar e participar
das atividades. Dessa forma, ele irá fornecer informações úteis para a equipe desenvolver um plano de cuidados de qualidade e direcionado
a cada usuário.
Toda a equipe de saúde deve ser envolvida na elaboração das ações a serem desenvolvidas no grupo e o enfermeiro deve estimular a
participação de cada membro nas atividades, sabendo explorar a aptidões de cada indivíduo.

2.4 – Orientações aos cuidadores

Este grupo em especial necessita da nossa atenção, pois muitas vezes assumem a condição de cuidador por ser o familiar mais
próximo do idoso e acabam realizando essa função de maneira empírica.
A equipe de saúde pode realizar um trabalho de extrema importância aos cuidadores, eles são uma fonte importante de informações
referente ao idoso envolvido e em contra partida a equipe pode oferecer orientações e esclarecimentos que contribuirão na melhoria da
assistência oferecida.
Uma forma de aprimorar o trabalho dos cuidadores é a realização de grupo de cuidadores, neste momento eles poderão trocar
experiências, conhecer melhor as patologias do seu familiar e receber informações para aprimorar e qualificar a assistência oferecida ao
idoso.
3 – Instrumentos para monitoramento do perfil do idoso

3.1 – CADERNETA DA PESSOA IDOSA

A caderneta do idoso é um instrumento muito importante para identificarmos o perfil do idoso em atendimento. Ela fornece
informações que poderão nortear o cuidado e também nos possibilita classifica-lo com ativo ou vulnerável.
Os dados fornecidos são referentes ao endereço, identificação, hábitos de vida, familiar para contato, principais patologias,
medicamentos em uso, alergias, números de internações, números de quedas, histórico de imunização, acompanhamento do peso, pressão
arterial e glicemia.
Com a apresentação da caderneta qualquer profissional poderá conhecer o perfil e histórico de saúde do idoso, o que irá nortear
e facilitar o atendimento.
É importante que os Municípios e suas respectivas secretarias de saúde implementem o uso da caderneta do idoso na atenção
básica, para facilitar a assistência a este grupo específico. O instrumento é de fácil compreensão e poderá ser preenchido por qualquer
profissional da equipe de saúde.

OBS: A Caderneta de Saúde da Pessoa Idosa está sendo revisada pela equipe do Ministério da Saúde, foi à consulta pública e está em fase
de conclusão.

4 – Atribuições da equipe de enfermagem no atendimento ao idoso

Atribuições do Enfermeiro
 Realizar atenção integral às pessoas idosas.
 Realizar consulta de enfermagem, incluindo a avaliação multidimensional rápida e instrumentos complementares, se necessário.
 Supervisionar e coordenar o trabalho do técnico de enfermagem.
 Realizar atividades de educação permanente e interdisciplinar junto aos demais profissionais da equipe.
 Orientar ao idoso, aos familiares e/ou cuidador sobre a correta utilização dos medicamentos.

5 – Primeira consulta de enfermagem

Durante a primeira consulta o enfermeiro tem que ter como base o conhecimento do processo de senência e senilidade, realizarem a
avaliação do idoso de forma sistematizada buscando desenvolver um plano de cuidado adequado as especificidades de cada usuário.
Nesse momento faz-se necessário utilizar técnicas de comunicação simples, sem o emprego de palavras no diminutivo e evitando
interrupções durante as respostas, desta forma ficará mais fácil conseguir informações valiosas para a condução terapêutica.
Na primeira consulta de enfermagem, o enfermeiro não deve ter a pretensão de levantar e resolver todos os problemas, mas sim, criar
um vínculo que poderá ser duradouro para ambos.

5.1 – ANAMNESE

 A identificação já deverá está preenchida na primeira folha do prontuário;


 História pregressa e atual: questionar sobre doenças, cirurgias, tratamentos medicamentos, vícios e sintomatologia e queixa principal;
 Imunização: avaliar histórico de imunização e encaminhar para vacinação quando necessário;
 Avaliação nutricional: questionar sobre número de refeições, hábitos alimentares, quem prepara a comida, deglutição e mastigação;
 Avaliação sensorial: acuidade visual, auditiva, paladar, olfato e tato;
 Situação familiar: identificar o número de pessoas no domicílio, quem é o cuidador, quem é o provedor;
 Perfil sócio-cultural: avaliar atividades de lazer, atividades laborativas, ocupação do tempo livre, espiritualidade e risco para depressão;
 Autocuidado: avaliar os hábitos de higiene corporal e bucal (frequência, dificuldades), autonomia para se vestir, pentear cabelo e se vestir;
 Sexualidade: estimular o idoso a falar sobre suas dificuldades e expressar suas dúvidas sobre o assunto;
 Hábito intestinal e urinário: frequência, queixas, perdas urinárias e/ou dificuldade de urinar e aspecto das eliminações.

5.2 – Exame físico

Na pré-consulta o técnico de enfermagem realizará as medidas antropométricas (peso, altura, IMC e circunferência abdominal),
aferição da pressão arterial e teste glicêmico.
Na consulta de Enfermagem, o Enfermeiro deverá proceder o exame físico.
Cabeça e pescoço: Inspecionar presença de cicatrizes, lesões, erupções na pele. Avaliar condições de higiene (couro cabeludo e
cavidade oral). Na acuidade visual, questionar o uso de óculos e presença de catarata, avaliar acuidade auditiva e olfato. Na cavidade oral,
ficar atento às condições da dentição e/ ou uso de prótese, mucosa, lesões e infecções.
Pele: Inspecionar coloração, cicatrizes, presença de icterícia e hidratação.
Tórax: Avaliar simetria, expansão pulmonar, cicatrizes. Realizar ausculta cardíaca e pulmonar. Avaliar as mamas e solicitar
mamografia de acordo com a necessidade.
Abdome: Inspecionar cicatrizes, hérnias e avaliar presença de dor.
Aparelho genito urinário: Avaliar urgência miccional e disúria. No sexo feminino realizar coleta de citologia oncótica (Papanicolau) e
avaliação da região vulvar e vaginal. E no sexo masculino, solicitar o exame PSA e encaminhar ao urologista quando houver necessidade.
Avaliação neurológica: O exame na pessoa idosa é de extrema importância e não deve ser omitido, pois, as principais causas de
incapacidade nesta faixa etária se dão pelos distúrbios neurológicos existentes.
 Nível de consciência: Avaliar a orientação fazendo perguntas sobre: nome próprio, profissão, nomes de pessoas próximas e sua
ocupação; lugar: onde a pessoa está; cidade e estado; tempo: dia da semana, mês e ano.
 Função motora: verificar o movimento voluntário de cada extremidade através de comandos específicos. Por exemplo: peça à
pessoa para levantar as sobrancelhas, franzir a testa, mostrar os dentes, apertar as mãos. Para as extremidades inferiores, solicite que faça
o levantamento da perna estendida.
 Resposta pupilar: avaliar tamanho, forma e simetria de ambas as pupilas.
 Coordenação: teste a função cerebelar das extremidades superiores usando teste dedo- nariz.
 Postura e Marcha: solicite para que o cliente caminhe e observe marcha e postura.

5.3- Avaliação laboratorial

Alguns exames laboratoriais devem ser solicitados uma vez no decorrer de cada ano, no decorrer de cada ano. A periodicidade de
cada exame irá depender das co-morbidades identificadas em cada idoso durante a consulta.

EXAMES SEREM SOLICITADOS PELOS ENFERMEIROS

1. Hemograma completo
2. Perfil lipídico
3. Glicemia
4. Uréia
5. Creatinina
6. Sódio
Primeira consulta 7. Potássio
8. Ácido úrico
9. Cálcio
10. Gama GT
11. TGP
12. TGO
13. Vitamina B12
14. Urina I (EAS)
15. EPF
16. VDRL
17. Anti HIV
18. Hepatite: Anti Hbs, HbsAg e Anti
HBC
Anualmente PSA (homem)
Papanicolau (mulher)
Acamados Urinocultura

As solicitações de exames nas consultas subseqüentes deverão levar em conta o estado de saúde do idoso. Em caso de idoso
independente solicitar anualmente os exames listados de 1 a 14. Em caso de idoso semi-dependente ou dependente após avaliação solicitar
trimestralmente ou semestralmente.

5.3– Instrumentos de avaliação

A aplicação dos instrumentos de avaliação auxiliará na classificação de risco do Idoso para melhor estabelecer o Plano de Cuidados
para a pessoa idosa.

Nada substitui uma escuta qualificada realizada pelo enfermeiro, e demais profissionais habilitados, como técnico de enfermagem e
Agente Comunitário de saúde e a investigação de todos os aspectos (familiares, sociais, culturais, econômicos, afetivos, biológicos, etc).

Em anexo apresentamos uma proposta desenvolvida pelo Município de Itaboraí de questionário de avaliação da dependência da
pessoa idosa.
Referencias Bibliográficas

3.1 BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Envelhecimento e saúde da
pessoa idosa / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Atenção Básica 192 p. il. Série A. Normas e
Manuais Técnicos - Cadernos de Atenção Básica, n. 19 – Brasília : Ministério da Saúde, 2010.

3.2 BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações Programáticas e Estratégicas. Atenção à
saúde da pessoa idosa e envelhecimento/ Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Ações
Programáticas e Estratégicas, Área Técnica Saúde do Idoso. Vol. 12 - 44p. Brasília, 2010.
3.3 BRASIL, Ministério da Saúde. Diretrizes Da Política Nacional De Saúde Bucal, Ministério da saúde, Secretaria de Atenção à
Saúde, Departamento de Atenção Básica, Coordenação Nacional de Saúde Bucal. Brasília, 2004.
3.4 FLORIANÓPOLIS. Prefeitura. Secretaria Municipal de Saúde. Diretoria de Atenção Primária à Saúde. Protocolo de atenção à
saúde do idoso/Secretaria Municipal de Saúde Tubarão. Ed. Copiart, 2011.,
3.5 FERREIRA, Vânia Rogéria Antunes. MARINS, Daniela Costa de. Instrumentos de Avaliação de Saúde da pessoa idosa.
Programa Municipal de Saúde do Idoso: Itaboraí, 2010.
3.6 SÃO PAULO. Secretaria da Saúde. Manual de atenção à pessoa idosa/ Secretaria da Saúde. Coordenação da Atenção Básica/
Estratégia Saúde da Família. – 2ª ed– 66p. São Paulo: SMS, 2012.
ANEXO I
FLUXOGRAMA DE ATENDIMENTO DA PESSOA IDOSA

Atendimento ao cliente maior de 60 anos através de


agendamento/demanda espontânea/visita domiciliar

Aplicação de
Questionário de
Avaliação

Independente Dependente Semi dependente

Encaminhar ao Consultas
Inserido em Não inserido ambulatório trimestrais
grupo de em Grupo de Multidimensional da Médico/
Promoção à Promoção à Pessoa Idosa Enfermeiro
saúde Saúde
Ou Ou

Geriatra Equipe do NASF

Consulta anual Ou
com aplicação
do instrumento Ambulatório de
de avaliação Saúde Mental
ANEXO II
CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO DE SAÚDE DA PESSOA IDOSA
É CONSIDERADO IDOSO FRÁGIL VULNERÁVEL OU EM PROCESSO DE FRAGILIZAÇÃO:

 Pessoas com idade igual ou acima de 75 anos, associado a mais de um dos critérios abaixo;
 Pessoas com idade igual ou acima de 60 anos, associado a dois ou mais dos critérios abaixo;
 Pessoas com idade igual ou acima de 60 anos, que necessitem de cuidados para realizar as atividades de vida diária (dependente).

CRITÉRIOS

 Cinco ou mais comorbidades;


 Uso contínuo de cinco ou mais medicamentos;
 Mais de uma internação nos últimos 12 meses;
 Duas ou mais quedas no mesmo ano;
 Emagrecimento nos últimos 12 meses (mais de 4kg);
 Síndrome demencial;
 Vulnerabilidade Social;
 Comprometimento nas atividades de vida diárias e nas atividades instrumentais de vida diária.

OBS.: Estes critérios de classificação servem para orientar o profissional quanto à amostra da população idosa que PODERÁ ser
encaminhada ao Ambulatório Multidimensional. Ou seja, não serão todos os idosos classificados como frágeis vulneráveis que deverão ser
encaminhados ao Serviço, mas sim os idosos que o profissional, após avaliação, julgar necessário para o acompanhamento especializado.
ANEXO III
QUESTIONÁRIO DE AVALIAÇÃO DE SAÚDE DA PESSOA IDOSA

Unidade: _________________________________________Data:
____/____/____
Nome: ___________________________________________ Idade:
_____________
Mora Sozinho? Sim ( ) Não ( )
Cuidador? Sim ( ) Não ( ) Vinculo?
____________________________________
Emagrecimento? Sim ( ) Não ( ) Quantos quilos nos últimos 12
meses? _______________________
Internações Hospitalares nos últimos 12 meses?
Sim ( ) Não ( ) Quantas? ____________________________
Quedas nos últimos 12 meses?
Sim ( ) Não ( ) Quantas? ___________________________
Incontinência Urinária?
Sim ( ) Não ( )
Comorbidades? Sim ( ) Não ( ) Quantas?
____________________________
Medicamentos que faz uso: _____________________________
Independência:
Toma Banho: Sozinho ( ) Com auxílio( ) Não realiza ( )
Se Veste: Sozinho ( ) Com auxílio ( ) Não realiza ( )
Refeições: Sozinho ( ) Com auxílio ( ) Não realiza ( )
Senta: Sozinho ( ) Com auxílio ( ) Não realiza ( )
Levanta: Sozinho ( ) Com auxílio ( ) Não realiza ( )
Apresenta sintomas de Síndrome Depressiva? “O senhor (a) sente-se
muitas vezes triste ou deprimido? Sim ( ) Não ( )
“Costuma esquecer acontecimentos recentes nos últimos meses?” Sim (
) Não ( )
“Tem apresentado comportamento diferente do habitual?” Sim ( ) Não (
)

CLASSIFICAÇÃO: Independente ( ) Semi-dependente/dependente ( )

Fonte: Programa Saúde do Idoso do Município de Itaborai


SAÚDE MENTAL

A Atenção Básica ou Atenção Primária à Saúde (APS) tem como um de seus princípios o primeiro acesso ao Sistema de Saúde,
inclusive das pessoas que demandam um cuidado em saúde mental. Neste ponto de atenção, as ações são desenvolvidas em um território
geograficamente conhecido, possibilitando aos profissionais de saúde uma proximidade para conhecer a história de vida das pessoas e de
seus vínculos com a comunidade/território onde moram, bem como com outros elementos dos seus contextos de vida.
Podemos dizer que o cuidado em saúde mental na Atenção Básica é bastante estratégico pela facilidade de acesso das equipes aos
usuários e vice-versa. Por estas características, é comum que os profissionais de saúde se encontrem a todo o momento com pacientes em
situação de sofrimento psíquico.
Os movimentos de Reforma Psiquiátrica, que aconteceu no mundo e também no Brasil, impulsionaram muitas mudanças nas formas
de cuidado aos nossos usuários. Os conceitos que fundamentavam as práticas e visões da loucura tradicionais e científicas se modificaram
acompanhando um movimento da sociedade de inclusão e proteção do cidadão como um ser humano e social. O ser humano é único e
preenchido de pluralidade, que movimentam sua emoção e fragilidade.
É importante considerar que a diferença e a singularidade de cada indivíduo é construída em um processo contínuo em suas relações
com o mundo, com sua percepção dos objetos e dos significados que são atribuídos a partir da constituição como ser humano.
Em todo processo de construção do ser humano e de acordo com cada história de vida, as alegrias, tristezas e sofrimentos vão
fazendo parte da dimensão humana, por isso nem todo sofrimento é uma doença e precisa ser medicalizado. É preciso reconhecer no
sofrimento psíquico a complexidade e ao mesmo tempo a individualidade de cada situação e de cada ser humano. O sofrimento é real e
subjetivo, portanto não pode ser reduzido aos sintomas.
A maior parte dos profissionais reconhece como ações de saúde mental apenas a administração de medicamentos psiquiátricos e o
encaminhamento do paciente para serviços especializados. Mas, na realidade, o atendimento da enfermagem para esses casos deve ir muito
além, começando por acolher e escutar o usuário.
O Enfermeiro faz parte de uma equipe multidisciplinar e possui atribuições importantes para o processo de acolhimento e sequencia
no atendimento deste usuário.
Sabendo que a incidência de transtornos mentais é alta, e também que as Unidades Básicas de Saúde (UBS) são as mais procuradas
nesses casos, este protocolo de Enfermagem foi elaborado por imaginar que algumas vezes o enfermeiro já tenha se sentido inseguro,
surpreso ou sem saber como agir após uma identificação de uma demanda em saúde mental. Também acreditamos ser provável que em
algumas destas situações o profissional se sente improvisando, ou usando a intuição e o bom senso.

1) Cuidados do Enfermeiro com portadores de transtornos mentais:

A priori deve-se entender que os transtornos mentais não aparecem de forma clara e explícita, os profissionais devem aprender a
identificá-los também nos pacientes que não aparentam ter transtornos mentais. Abaixo seguem alguns cuidados na Assistência do
enfermeiro (a) ao paciente portador de transtorno mental:
 Identificar os pacientes que sofrem exclusão social e até mesmo observar os familiares. As ações de enfermagem em Saúde
Mental devem começar já na entrevista, perguntando e ouvindo com atenção não somente a queixa do paciente, mas sua história de vida,
sua cultura, seu processo de adoecimento, seus problemas emocionais e sofrimentos.
 Conversar com o paciente, orientá-lo, pois muitas vezes essas ações são mais eficazes do que iniciar outra via terapêutica
nesse indivíduo. Além disso, conversar e orientar a família também são ações relevantes.
 Estimular a tomada de suas próprias decisões, fazê-lo perceber que ele tem suas capacidades, limites e potenciais a serem
explorados. Outra ação importante é ajuda-lo a perceber a realidade em que está vivendo.
 Entender que o portador de distúrbio mental é um sujeito ativo, e que apesar de pensar ou agir de forma diferente da maioria,
seus pensamentos e desejos devem ser levados em consideração e respeitados na medida do possível.
 Assistir o enfermo, investir em reuniões com a família, visitas domiciliares, contato com a escola e/ou trabalho, e também
orientá-lo quanto aos centros de cultura e programas de inclusão social, pois sociabilizá-lo com pessoas novas, pode e deve fazer muito bem
para a sua recuperação, além de garantir um acompanhamento mais eficiente.
 Criar estratégias comuns para abordagem de problemas vinculados à violência, abuso de álcool e drogas utilizando estratégias
de redução de danos.
 Desenvolver ações que visem a difusão de uma cultura de assistência não manicomial, diminuindo o preconceito e a
segregação da loucura.
 Promover ações de mobilização de recursos comunitários, buscando construir espaços de reabilitação psicossocial na
comunidade (como oficinas), destacando a relevância da articulação intersetorial (conselhos tutelares, associações de moradores do bairro,
grupos de auto-ajuda, etc).
 Ampliar o vínculo com as famílias, tornado- as parceiras no tratamento e construindo redes de apoio e integração.
 Estimular a participação dos usuários portadores de transtornos psíquicos e inserir nas atividades coletivas, como caminhadas,
grupos de discussão, academias da saúde, rodas de terapia comunitária, entre outras.
 Evitar práticas que levem à psiquiatrização e medicalização de situações individuais e sociais, comuns à vida cotidiana.

IMPORTANTE!

Não há um modelo pronto de atendimento a ser seguido pelo profissional de saúde, cabe ao
enfermeiro ser criativo e estar disposto a ajudar o paciente, além de procurar se aprimorar e se
qualificar a respeito nesse âmbito. É de suma importância ressaltar que o trabalho do enfermeiro
não consiste apenas em realizar práticas e procedimentos, mas proteger, promover e preservar a
2) Abordagem Familiar
qualidade de vida dos seus pacientes!
Para uma abordagem familiar é importante aliar conhecimentos científicos e tecnológicos às habilidades de observação, comunicação,
empatia e intervenção, o que requer aperfeiçoamento de competências profissionais.
Na abordagem familiar, considera-se que a saúde da família vai além da soma da saúde dos indivíduos. Sendo assim, espera-se que
a equipe de Atenção Básica à Saúde seja capaz de identificar e desenvolver as seguintes especificidades:
 Conceituar família e considerar sua complexidade, utilizando a ficha de cadastro domiciliar, a qual deverá estar em local de fácil
acesso ao profissional (prontuário).
 Cuidar com base na experiência da família ao longo do tempo, ou seja, sua história pregressa, atual e perspectivas futuras.
 Trabalhar com todos da família, tanto doentes como sadios.
 Que a família enquanto um sistema é afetada pela mudança de qualquer um de seus membros.
 Reconhecer que a pessoa mais sintomática (doente) da família também pode mudar com o tempo.
 Promover apoio mútuo e compreensão entre os membros da família sempre que possível.
 Levar em conta o contexto social e cultural da família na facilitação de suas relações com a comunidade.
 Realizar grupo de família

2) Avaliação Inicial e Avaliação de risco:

A Política Nacional de Humanização define o acolhimento como um “modo de operar nos processos de trabalho em saúde de forma a
atender a todos que procuram os serviços de saúde, ouvindo seus pedidos e assumindo no serviço uma postura capaz de acolher, escutar e
pactuar respostas mais adequadas aos usuários. Implica prestar um atendimento com resolutividade e responsabilização, orientando, quando
for o caso, o paciente e a família em relação a outros serviços de saúde para a continuidade da assistência e estabelecendo articulações com
esses serviços para garantir a eficácia desses encaminhamentos”.
Isso significa que todas as pessoas que procurarem uma unidade de saúde devem ser acolhidas por um profissional da equipe técnica,
que ouvirá e identificará a necessidade do indivíduo. Devem ser levadas em conta as expectativas do indivíduo e avaliados os riscos. A partir
daí, o profissional deve se responsabilizar em dar uma resposta ao problema, de acordo com as necessidades apresentadas e os recursos
disponíveis na rede.
O Ministério da Saúde ressalta que “avaliar riscos e vulnerabilidade implica estar atento tanto ao grau de sofrimento físico quanto
psíquico, pois muitas vezes o usuário que chega andando, sem sinais visíveis de problemas físicos, mas muito angustiado, pode estar mais
necessitado de atendimento com maior grau de risco e vulnerabilidade” (BRASIL, 2004).
Espera-se ainda que a Avaliação com Classificação de Risco determine a agilidade no atendimento a partir da análise do grau de
necessidade do usuário, proporcionando atenção centrada no nível de complexidade e não na ordem de chegada.

3) Consulta de enfermagem na saúde mental:

A consulta de enfermagem foi legalizada com a Lei do exercício Profissional da Enfermagem, Lei nº 7.498 em junho de 1986, onde em
seu art. 11, I, alínea i, é definida a consulta de enfermagem como uma atividade de competência PRIVATIVA do enfermeiro.
O transtorno mental caracteriza-se por falha do indivíduo em comportar-se de acordo com as expectativas de sua comunidade,
afetando-lhe cada aspecto e refletindo-se em seus pensamentos, sentimentos e ações. A consulta de enfermagem aos indivíduos com
transtornos mentais permite uma abordagem personalizada e integral, envolvendo assistência física, psíquica, social com a finalidade de
prestar um cuidado de qualidade.
Sendo assim, definimos algumas etapas da consulta de enfermagem na APS ao usuário portador de transtorno mental:
É importante que o acolhimento seja transversal a qualquer atividade com um bom exame físico e uma avaliação das funções
psíquicas. Esta avaliação deve fazer parte de um processo, por que inicialmente poderá não ser identificada alteração, mas com o
fortalecimento do vínculo a história, o exame físico e psíquico vão se tornando mais completo. Observe a apresentação geral do individuo,
sua conduta e o comportamento durante a consulta.
Avaliação das funções psíquicas e suas alterações, de acordo com, Dalgalarrondo (2008):
Consciência : Estados: vígil – desperto – obnubilado – torporoso – de coma.
Atenção: Normotenacidade – hipotenacidade – hipervigilância.
Sensopercepção: Normalidade – ilusão - pseudoalucinação – alucinação.
Orientação – orientado – parcialmente – desorientado
Memória: Fixação: inalterada – alterada
Evocação: inalterada – alterada – hipermnésia – hipomnésia
Inteligência: Compatível ao grau de instrução – incompatível – retardo
Afeto: Depressivo – eufórico – irritado – exaltado – pueril – ansioso –apático – angustiado – lábil – ambivalente – maníaco
Pensamento: Alteração de forma – prolixo – desagregante – bloqueado – tendencioso para uso de neologismo, para desejo de
furtar, roubar.
Alteração do curso: taquipsíquico – fuga de idéias – bradpsíquico.
Alteração de conteúdo: delírio
Linguagens: normal – bradifásica – mutista – logorreica – perseverante – neologística – solilóquia

 Acolher o usuário, promovendo uma escuta qualificada;


 Estabelecer vínculo e confiança com o usuário;
 Focalizar no sentimento da pessoa (abordagem centrada na pessoa);
 Manter um ambiente tranquilo, acolhedor e seguro;
 Manter um tom de voz equilibrado sem alteração;
 Obter o máximo de informação possível do núcleo familiar, através da
anamnese, discussão de caso com equipe, através do ACS e através da ficha de
atendimento domiciliar (Abordagem familiar);
 Realizar o diagnóstico de enfermagem (medo, angústia, ansiedade, baixa
autoestima, exclusão social).
 Trabalhar sobre o sentimento suicida, caso seja informado pelo usuário ou
percebido pelo profissional;
 Orientar sobre o uso das medicações prescritas (quando houver), discutindo
efeitos adversos e importância do seu uso;
 Abordar sobre sexualidade, considerando a particularidade do perfil dos
portadores de sofrimento psíquico que possibilita a potencialização dos riscos de exposição a esses agravos, uma vez que eles detêm
dificuldades no estabelecimento de uniões estáveis; na maioria das vezes, apresentam-se em desvantagem socioeconômica e com o juízo
crítico prejudicado, sobretudo em períodos de surto psicótico; são vítimas frequentes de abuso sexual e manifestam hipersexualidade,
impulsividade, bem como baixa autoestima. Atribui-se, em geral, o desejo sexual do portador de transtorno psíquico às manifestações
decorrentes da doença psiquiátrica, ao passo que uma das principais causas para as alterações de libido relaciona-se à ausência de
socialização, secundária às internações prolongadas e ao profundo estigma vivenciado.
 Estimular ações de inserção na comunidade (ex: Centros de convivência,
academia da saúde, grupos de cultura e lazer).
 Realizar e utilizar o familiograma (genograma), sempre que possível, como
instrumento para facilitar e agilizar a abordagem familiar. O familiograma é um eficiente instrumento para obter-se informações a respeito da
história familiar, seu padrão de relacionamentos, estrutura e funcionamento, constituindo um mapa relacional do paciente e sua família.
Auxilia aos profissionais de saúde na detecção de situações psicossociais e padrões de comportamento que estejam influenciando no
processo saúde e adoecimento. A utilização do familiograma com pacientes que possuem transtornos mentais é uma importante ferramenta
na construção da anamnese, na visualização dos fatores de risco e na percepção do indivíduo em seu meio social. Sendo assim, facilita que
os profissionais compreendam os complexos processos de saúde e adoecimento no contexto psicossocial e a elaboração de ações e
estratégias terapêuticas.
 Sempre que possível, realizar o Projeto Terapêutico Singular (PTS)*;
 Realizar visita domiciliar para acompanhamento periódico;
 Encaminhar para CAPS imediatamente os casos graves, que necessitem de
cuidado mais intensivo e/ou de reinserção psicossocial, que ultrapassem as possibilidades de intervenção da ESF e equipe de saúde mental,
utilizando a ficha de referência e contrarreferência.

* O que é e como desenvolver o PTS?

O Projeto Terapêutico Singular (PTS) é entendido como um conjunto de propostas e condutas terapêuticas articuladas em discussão
coletiva interdisciplinar. Configura-se como um dispositivo potencial para o planejamento das ações em saúde na Estratégia de Saúde da
Família, especialmente nos serviços onde o trabalho está organizado na lógica de Apoio Matricial e Equipe de Referência.

O PTS se desenvolve em quatro momentos:

• Diagnóstico: deverá conter uma avaliação orgânica, psicológica e social. Deve tentar captar como o “sujeito singular” se produz diante de
forças como as doenças, os desejos e os interesses, como também o trabalho, a cultura, a família.
• Definição de metas: uma vez que a equipe fez os diagnósticos, faz propostas de curto, médio e longo prazo, que serão negociadas com o
usuário pelo profissional.
• Divisão de responsabilidades: é importante definir as tarefas de cada um com clareza.
• Reavaliação: momento em que se discutirá a evolução e se farão as devidas correções de rumo.
Portanto, o Projeto Terapêutico Singular representa um momento de toda a equipe – NASF e ESF – envolvida, em que todas as
opiniões são importantes para ajudar a entender o indivíduo e/ou família com alguma necessidade complexa de saúde.

Fluxograma da consulta de Enfermagem em saúde mental na APS

Demanda Acolher o usuário Demanda


espontânea programada

CONSULTA DE ENFERMAGEM
 Estabelecer vínculo e confiança com o usuário;
 Focalizar no sentimento da pessoa (abordagem centrada na pessoa);
 Manter um ambiente tranquilo, acolhedor e seguro;
 Manter um tom de voz equilibrado e sem alteração.

HISTÓRICO
 Obter o máximo de informação possível do núcleo familiar;
 Obter história de doenças pregressas e atuais;
 Hábitos de vida;
 Alimentação;
 Atividade física;
 Tabagismo e etilismo;
 Condições sócio-econômicas;
 Condições de moradia;
 Ocupação;
 Lazer;
 Escolaridade.
DIAGNÓSTICO DE ENFERMAGEM:
 Medo
 Angústia
 Ansiedade
 Baixa auto-estima
 Exclusão social

PRESCRIÇÃO DE ENFERMAGEM/CONDUTAS
 Orientar sobre o uso das medicações (quando houver), discutindo efeitos adversos e importância
do seu uso;
 Orientar sobre sexualidade, oferecendo métodos contraceptivos e estimulando uso de preservativos;
 Estimular ações de inserção na comunidade (ex: Centros de convivência, academia da saúde,
grupos de cultura e lazer);
 Realizar e utilizar o familiograma (genograma);
 Realizar o Projeto Terapêutico Singular (PTS), sempre que possível;
 Realizar visita domiciliar para acompanhamento periódico;
 Encaminhar para CAPS imediatamente os casos graves;
 Encaminhar para consulta médica ou com psicólogo, quando necessário;

5) Solicitar
Trabalho Integrado:
exames laboratoriais (HC, TGO, TGP, GGT, fosfatase alcalina, EAS) a cada 6 meses
para usuários crônicos em uso de medicações controladas.

As equipes de Saúde da Família devem realizar grupos considerando as necessidades prioritárias de saúde mental da localidade em
que atua. Esse arranjo institucional também visa a promover articulação entre as unidades locais de saúde e os serviços de saúde mental
como os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), organizando o fluxo e o processo de trabalho, de modo a tornar horizontais as
especialidades e que estas permeiem toda a atuação das equipes de saúde.
Os CAPS são serviços de referência para casos graves, que necessitem de cuidado mais intensivo e/ou de reinserção psicossocial,
que ultrapassem as possibilidades de intervenção da ESF e equipe de saúde mental. Nessa lógica, os casos a serem atendidos nos CAPS
devem ser preferencialmente encaminhados, através de ficha referência pelas equipes de saúde mental.
Os indivíduos que buscarem os CAPS por demanda espontânea, serão acolhidos e avaliados por um dos membros da equipe. As
pessoas que saem de internação hospitalar devem ser encaminhadas através de ficha referência para os CAPS.
Os pacientes acompanhados pelo CAPS que, após estabilização, forem receber alta, deverão ser discutidos nas reuniões entre os
CAPS e equipe de saúde mental, para posteriormente serem atendidos pela equipe de apoio de saúde mental, sempre mantendo o vínculo
com a ESF. Convém ressaltar que esse fluxo não é rígido, portanto, se um indivíduo procurar qualquer um dos dispositivos da rede, deve ser
avaliado e encaminhado para o serviço que melhor de adequou as suas necessidades no momento. Garante-se assim o planejamento
terapêutico individualizado, realizado em conjunto nas diversas esferas da rede.
A pessoa pode transitar pelas diversas instâncias do serviço de saúde, dependendo da sua necessidade. Para tanto, é imprescindível
a existência de um espaço de discussão de caso entre a ESF, equipe de referência em saúde mental e CAPS.
Fluxograma da Assistência em Saúde Mental

Usuário é identificado na visita domiciliar ou acolhido na


UBS com o seguinte perfil:

• Uso Crônico de benzodiazepínicos ou antidepressivos
• Neuroses ou psicoses
• Uso de álcool ou droga
• Egressos de serviços de saúde mental
• Usuários “problemáticos”
• Usuários “em crise”
• Outras queixas similares

Avaliação pela ESF, com apoio do profissional de Saúde Mental


(se houver)

*Usuário crônico de benzodiazepínicos; *Neuroses ou psicoses graves;


*Pacientes em situação existencial difícil; *Abuso de álcool ou droga, com
*Quadros estáveis de neuroses, psicoses; risco iminente para o usuário (CID
*Egressos de serviços de saúde mental com projetos 10: F 10 a F19);
terapêuticos já definidos; *Outros transtornos mentais graves
*Casos mais brandos de abuso de álcool e drogas. (CID 10: F 20 a F29)
CID 10: F 30 a F48 e F 60 a 69.
2) Abordagem familiar

Encaminhar para o CAPS:


Acompanhamento pela ESF, conforme Confirmação do diagnóstico;
plano terapêutico definido. Definição do projeto terapêutico;
Ações de inserção na comunidade (ex: Acompanhamento.
Centros de convivência, academia da
saúde, grupos de cultura e lazer).
Ações de inserção na comunidade
com o envolvimento da ESF
Se houver necessidades de atendimento de
urgência em caso de crises, reencaminhar
para o CAPS. Em caso de surto
Alta do CAPS
psiquiátrico, seguir o fluxograma próprio
para este caso.
Fluxograma para 1ª consulta na UBS/ESF

Enfermeiro acolhe e
orienta.

Atendimento pelo médico da UBS/ESF

Realiza a consulta e define conduta, conforme


fluxograma da Assistência em Saúde Mental

Encaminhar para o psicólogo da


Encaminhar para rede (própria USF ou USF mais Acompanhar na própria
o CAPS. próxima) para o grupo de recepção. USF com apoio do
profissional de Saúde
mental (NASF ou outro,
quando houver).
Seguir o O psicólogo avalia e se houver
fluxograma da necessidade encaminha para o
Assistência em especialista em psiquiatria. Se não
Saúde Mental.
houver necessidade o usuário será Enfermeiro e/ou
acompanhado pelo próprio médico da UBS/ESF
psicólogo. realizam consultas
mensais de rotina,
seguindo orientações
e conforme cada caso.
Especialista da saúde mental realiza o
atendimento, prescreve a medicação (se
necessário) e faz a contrarreferência p/ a UBS
com orientações sobre retorno ao especialista,
efeitos colaterais, sinais de alerta e condutas Estimular ações de
necessárias. inserção na
comunidade
(ex: Centros de
convivência,
Enfermeiro e/ou médico da UBS/ESF academia da saúde,
realizam consultas mensais de rotina, grupos de cultura e
lazer).
seguindo orientações da contrarreferência e
conforme cada caso.
Fluxograma para usuário em surto psiquiátrico na UBS

Usuário dá entrada
na USB/ESF em
surto psiquiátrico

Acolher e orientar família, caso


presente.

Proteger a integridade do próprio usuário e


dos demais.

Encaminhar para o Hospital Geral (HMCML)


para atendimento imediato (Ficha de
referência).

Acionar Samu ou Corpo de Bombeiros para a


remoção do usuário, informando se
necessitará de contenção.
4) Rede de Atenção à Saúde Mental

 Hospital (HMCML) - Urgência, emergência e internação.


 CAPS (Centro de Atenção Psicossocial) - pacientes adultos graves.
 Ambulatório de Saúde Mental - tratamento de psicologia, psiquiatria e neuropediatria.
 Postos de Saúde e Unidades de Saúde da Família - atendimento de psicologia em algumas unidades, acompanhamento com
enfermeiro e médico da ESF em parceria com o especialista (referência e contrarreferência) e matriciamento através do NASF

CID-10 Classificação Internacional de doenças:


 F10 - transtornos mentais e comportamentais devidos ao uso de álcool
 F11 - transtornos mentais e comportamentais devidos ao uso de opiáceos
 F12 - transtornos mentais e comportamentais devidos ao uso de canabinóides
 F13 - transtornos mentais e comportamentais devidos ao uso de sedativos e hipnóticos
 F14 - transtornos mentais e comportamentais devidos ao uso da cocaína
 F15 - transtornos mentais e comportamentais devidos ao uso de outros estimulantes, inclusive a cafeína
 F16 - transtornos mentais e comportamentais devidos ao uso de alucinógenos
 F17 - transtornos mentais e comportamentais devidos ao uso de fumo
 F18 - transtornos mentais e comportamentais devidos ao uso de solventes voláteis
 F19 - transtornos mentais e comportamentais devidos ao uso de múltiplas drogas e ao uso de outras substâncias psicoativas
 F20 - esquizofrenia
 F21 - transtorno esquizotípico
 F22 - transtornos delirantes persistentes
 F23 - transtornos psicóticos agudos e transitórios
 F24 - transtorno delirante induzido
 F25 - transtornos esquizoafetivos
 F28 - outros transtornos psicóticos não-orgânicos
 F29 - psicose não-orgânica não especificada
 F30 - episódio maníaco
 F31 - transtorno afetivo bipolar
 F32 - episódios depressivos
 F33 - transtorno depressivo recorrente
 F34 - transtornos de humor (afetivos) persistentes
 F38 - outros transtornos do humor (afetivos)
 F39 - transtorno do humor (afetivo) não especificado
 F40 - transtornos fóbico-ansiosos
 F41 - outros transtornos ansiosos
 F42 - transtorno obsessivo-compulsivo
 F43 - "reações ao ""stress"" grave e transtornos de adaptação"
 F44 - transtornos dissociativos (de conversão)
 F45 - transtornos somatoformes
 F48 - outros transtornos neuróticos
 F60 - transtornos específicos da personalidade
 F61 - transtornos mistos da personalidade e outros transtornos da personalidade
 F62 - modificações duradouras da personalidade não atribuíveis a lesão ou doença cerebral
 F63 - transtornos dos hábitos e dos impulsos
 F64 - transtornos da identidade sexual
 F65 - transtornos da preferência sexual
 F66 - transtornos psicológicos e comportamentais associados ao desenvolvimento sexual e à sua orientação
 F68 - outros transtornos da personalidade e do comportamento do adulto
 F69 - transtorno da personalidade e do comportamento do adulto, não especificado
Referencias Bibliográficas

1. AMARAL, Arlete M.M; ARAÚJO, Mariza do C; SOARES, Teresa C. Consulta de Enfermagem em saúde mental: recurso
para assistência ambulatorial m nível primário e secundário. Hu Revista. Universidade Federal de Juiz de Fora, 1984.

2. BRASIL. Ministério da Saúde. Saúde mental. Cadernos de Atenção Básica, 34. Brasília: Ministério da Saúde, 2013.

3. _______. Ministério da Saúde. Portaria nº 2.488, de 21 de outubro de 2011. Aprova a Política Nacional de Atenção Básica,
estabelecendo a revisão de diretrizes e normas para a organização da Atenção Básica, para a Estratégia Saúde da Família
(ESF) e o Programa de Agentes Comunitários de Saúde (PACS). Disponível em:
<http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2011/prt2488_21_10_2011.htm>. Acesso em: 06 junho 2013.

4. _______. Humanizasus Acolhimento com Avaliação e Classificação de Risco: um paradigma ético-estético no fazer em
saúde. Série B. Textos Básicos de saúde, Ministério da saúde, 2004.

5. _______. Saúde Mental e Atenção Básica: o vínculo e o diálogo necessários. Ministério da Saúde, 2001.

6. _______. Lei nº. 7498 de 20 de junho de 1986 – Lei do Exercício profissional da Enfermagem no Brasil. Brasília: BRASIL,
1986. Disponível em: <www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l7498.htm>. Acesso em 28 junho 2014.
7. DALGALARRONDO, P. Psicopatologia e semiologia dos transtornos Mentais. 2, Ed. Porto Alegre: artes Médicas, 2008. 440p.

8. LOBATO, Geórgia Rosa. O familiograma utilizado na análise disgnóstica de famílias com transtornos mentais no PSF
de Teresópolis – RJ. Disponível em: <http://atencaobasica.org.br/relato/4463#autores-atores>. Acesso em 28 junho 2014.

9. SILVA, Nathana N. C. S. Atribuições do enfermeiro em Saúde Mental. Conselho Federal de Enfermagem - COFEN. 02 de
Maio de 2013. Disponível em:
<http://www.programaproficiencia.com.br/index.php?option=com_content&view=article&id=609:atribuicoes-do-enfermeiro-em-
saude-mental&catid=39:blog&Itemid=65>. Acesso em: 16 maio 2014.

10. SOARES, Amanda Nathale; SILVEIRA, Belisa Vieira da; REINALDO, Amanda Márcia dos Santos. Oficinas de sexualidade
em saúde mental: relato de experiência. Cogitare Enferm, n. 15, v. 2, p. 345-348, Abr/Jun 2010.
11. DOENÇAS CRÔNICAS

3.7 HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA

Protocolo (do grego protókolon) significa “a primeira folha colada aos rolos de papiro, na qual se escrevia um resumo do conteúdo do
manuscrito”. Expressa a concepção inicial deste trabalho elaborado e dedicado aos profissionais envolvidos no atendimento a pessoa
hipertensa e/ou diabética.
No Brasil, estima-se que o número de portadores de hipertensão e diabetes é de aproximadamente 23 milhões, correspondendo à
13% da população brasileira, sendo 7,4% portadores de doença renal crônica (DRC),sendo a hipertensão e diabetes o responsável por
62,1% dos diagnósticos primários dos indivíduos submetidos à diálise.
No Brasil, os desafios de controle e prevenção da HAS e suas complicações são, sobretudo das equipes de Atenção Básica (AB). As
equipes são multiprofissionais, cujo processo de trabalho pressupõe vinculo com a comunidade e a clientela adscrita, levando em conta a
diversidade racial, cultural, religiosa e os fatores sociais envolvidos. Nesse contexto, o Ministério da Saúde preconiza que sejam trabalhadas
as modificações de estilo de vida, fundamentais no processo terapêutico e na prevenção da hipertensão. A alimentação adequada, sobretudo
quanto ao consumo de sal e ao controle do peso, a prática de atividade física, o abandono do tabagismo e a redução excessivo de álcool são
fatores que precisam ser adequadamente abordados e controlados, sem os quais os níveis desejados da pressão arterial poderão não ser
atingidos, mesmo com doses progressivas de medicamentos (CADERNO DE ATENÇÃO BÁSICA Nº37 – PAG21).
A hipertensão arterial sistêmica (HAS) é uma condição clínica multifatorial caracterizada por níveis elevados e sustentados de pressão
arterial – PA (PA ≥140 x 90mmHg). Associa-se, frequentemente, às alterações funcionais e/ou estruturais dos órgãos-alvo (coração, encéfalo,
rins e vasos sanguíneos) e às alterações metabólicas, com aumento do risco de eventos cardiovasculares fatais e não fatais (SOCIEDADE
BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA, 2010).
A hipertensão arterial sistêmica (HAS) apresenta alta morbimortalidade, com perda importante da qualidade de vida, o que reforça a
importância do diagnóstico precoce. O diagnóstico não requer tecnologia sofisticada, e a doença pode ser tratada e controlada com
mudanças no estilo de vida, com medicamentos de baixo custo e de poucos efeitos colaterais, comprovadamente eficazes e de fácil
aplicabilidade na Atenção Básica (AB).

Classificação da pressão arterial para adultos maiores de 18 anos


Classificação Sistólica (mmHg) Diastólica (mmHg)
Ótima < 120 <80
Normal <130 <85
Limítrofe 130 – 139 85 – 89
Hipertensão estágio 1 140 – 159 90 – 99
Hipertensão estágio 2 160 – 179 100 – 109
Hipertensão estágio 3 ≥180 ≥110
Fonte: (SBC;SBH;SBN; 2010)

CRITÉRIOS PARA RASTREAMENTO E DIAGNÓSTICO NA HIPERTENSÃO


Todo adulto com 18 anos ou mais de idade, quando vier à Unidade Básica de Saúde (UBS) para consulta, atividades educativas,
procedimentos, entre outros, e não tiver registro no prontuário de ao menos uma verificação da PA nos últimos dois anos, deverá tê-la
verificada e registrada.
A primeira verificação deve ser realizada em ambos os braços. Caso haja diferença entre os valores, deve ser considerada a medida
de maior valor. O braço com o maior valor aferido deve ser utilizado como referência nas próximas medidas.
Sempre que possível, a medida da PA deverá ser realizada fora do consultório médico para esclarecer o diagnóstico e afastar a
possibilidade do efeito do avental branco no processo de verificação (SOCIEDADE BRASILEIRA DE HIPERTENSÃO; SOCIEDADE
BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA; SOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA,2010)

Técnica correta da medida da pressão arterial:


•O paciente deve estar sentado, com o braço apoiado e à altura do precórdio.
•Medir após cinco minutos de repouso.
•Evitar o uso de cigarro e de bebidas com cafeína nos 30 minutos precedentes.
•A câmara inflável deve cobrir pelo menos dois terços da circunferência do braço.
•Palpar o pulso braquial e inflar o manguito até 30mmHg acima do valor em que o pulso
deixar de ser sentido.
•Desinflar o manguito lentamente (2 a 4 mmHg/seg).
•A pressão sistólica corresponde ao valor em que começarem a ser ouvidos os ruídos de Korotkoff (fase I).
•A pressão diastólica corresponde ao desaparecimento dos batimentos (fase V)*.
•Registrar valores com intervalos de 2 mmHg, evitando-se arredondamentos (Exemplo: 135/85 mmHg).
•A média de duas aferições deve ser considerada como a pressão arterial do dia; se os valores observados diferirem em mais de 5
mmHg, medir novamente.
•Na primeira vez, medir a pressão nos dois braços; se discrepantes, considerar o valor mais alto;nas vezes subsequentes,medir no
mesmo braço (o direito de preferência).
Fonte: CADERNO DE ATENÇÃO BÁSICA N* 37 (2013)

O diagnóstico da HAS consiste na média aritmética da PA maior ou igual a 140/90 mmHg, verificada em pelo menos três dias
diferentes com intervalo mínimo de uma semana entre as medidas, ou seja, soma-se a média das medidas do primeiro dia mais as duas
medidas subsequentes e divide-se por três.
A constatação de um valor elevado em apenas um dia, mesmo que em mais do que uma medida, não é suficiente para estabelecer o
diagnóstico de hipertensão.
Cabe salientar o cuidado de se fazer o diagnóstico correto da HAS, uma vez que se trata de uma condição crônica que acompanhará o
indivíduo por toda a vida. Deve-se evitar verificar a PA em situações de estresses físico (dor) e emocional (luto, ansiedade), pois um valor
elevado, muitas vezes, é consequência dessas condições.
MEV Modificação de Estilo de Vida

RCV Risco Cardio Vascular

Consulta de enfermagem para pessoas com PA limítrofe

A consulta de enfermagem para pessoa com PA limítrofe tem o objetivo de trabalhar o processo de educação em Saúde para
prevenção primária da doença, por meio do estimulo à adoçãode hábitos saudáveis de vida e também avaliar e estratificar o risco para
doenças cardiovasculares.
A consulta de enfermagem faz parte da estratégia dirigida a grupos de risco que propõe intervenção educativa em individuos com
valores de PA limítrofes, predisposto hipertensão. As medidas são equivalentes às propostas paratratamento não medicamentoso da HAS,
também chamadas de promoção de mudança no estilo de vida (MEV).(Maiores informações sobre MEV buscar no Caderno de Atenção
Básica nº 35.)
A MEV tem como objetivo diminuir os fatores de risco para DCV e reduzir a pressão arterial. Deve-se iniciar um processo de
Reducação em Saúde como medidas no qual a pessoa é motivada a adotar comportamentos que favoreçam a redução da pressão arterial.
Essas medidas sugeridas terão impacto no estilo de vida e sua implementação dependerá diretamente da compreensão do problema e da
motivação para implementar mudanças no estilo de vida.
Nas consultas de enfermagem, o foco do processo educativo será para orientação daquelas medidas que comprovadamente reduzem
a pressão arterial, entre elas: hábitos alimentares adequados para manutenção do peso corporal e de um perfil lipídico desejavel, estímulo à
vida ativa e aos exercícios fisicos regulares, redução da ingestão de sódio, redução do consumo de bebidas alcoólicas, redução do estresse
e abandono do tabagismo (CHOBANIAN et al., 2003; ORGANIZAÇÃO PAN-AMERICANA DA SAÚDE, 2003). Essas indicações são
importantes, pois já existem evidências do seu efeito na redução da pressão arterial, possuem baixo custo, ajudam no controle de fatores de
risco para outros agravos, aumentam a eficácia do tratamento medicamentoso (necessitando de menores doses e de menor número de
fármacos) e reduzem o risco cardiovascular (SEGA et al., 2005).
Apesar de existirem limitações nos estudos que avaliam a eficácia de algumas intervenções não medicamentosas, elas são
universalmente indicadas e deverão fazer parte da consulta de enfermagem porque constituem um conjunto de atividades identificadas como
benéficas para a prevenção não transmissíveis em geral.

Modificações de estilo de vida para manejo da HAS.


Modificação Recomendação Redução da PA mmHg
Redução de peso Manter IMC entre 18,5 e 24,9 5 a 20
Kg/m2
Alimentação saudável Rica em frutas e vegetais. 8 a 14
Pobre em gordura total e
saturada
Atividade física Atividade aeróbica, por 30 4a9
min pelo menos, na maioria
dos dias da semana
Moderação no consumo de É aconselhavel evitar o 2a4
álcool consumo de bebidas
alcoólicas. Quando não for
possível, recomenda-se que
consumo de álcool não
ultrapasse 30ml de etanol/dia
(90ml de destilados, ou
300ml de vinho ou 720ml de
cerveja), para homens e,
15ml de etano/dia para
mulheres e individuos de
baixo peso.
Fonte: (Adaptado dee VII Joint CHOBANIAN et al., 2003).

Consulta de enfermagem para prevenção primária da HAS

A prevenção primária da HAS pode ser feita mediante controle de seus fatores de risco, como sobrecarga na ingestão de sal, excesso
de adiposidade, especialmente na cintura abdominal, abuso de álcool, entre outros. Duas estratégias de prevenção são consideradas: a
populacional e a dirigida a grupos de risco. A primeira defende a redução da exposição populacional a fatores de risco, principalmente ao
consumo de sal. O profissional poderá atuar nessa estratégia por meio de ações educativas coletivas com a população em geral para orientar
a restrição à adição de sal na preparação de alimentos, identificação da quantidade de sal e/ou sódio presente nos alimentos industrializados,
entre outros.
A consulta de enfermagem faz parte da estratégia dirigida a grupos de risco que propõe intervenção educativa em indivíduos com
valores de PA limítrofes, predispostos à hipertensão. As medidas são equivalentes às propostas para tratamento não medicamentoso da
HAS, também chamadas de promoção de mudança no estilo de vida (MEV). Você encontrará mais informações sobre MEV nos Cadernos de
Atenção Básica, nº 35 – Estratégias para o Cuidado da Pessoa com Doença Crônica.
Consultas individuais ou coletivas para incentivar a MEV para adoção de hábitos saudáveis são recomendadas na prevenção primária
da HAS, notadamente nos indivíduos com PA limítrofe, pois reduzem a PA e a mortalidade cardiovascular. Hábitos saudáveis de vida devem
ser estimulados para toda a população desde a infância, respeitando-se as características regionais, culturais, sociais e econômicas dos
indivíduos.
A MEV tem como objetivo diminuir os fatores de risco para DCV e reduzir a pressão arterial. Deve-se iniciar um processo de educação
em Saúde no qual a pessoa é motivada a adotar comportamentos que favoreçam a redução da pressão arterial. Essas medidas sugeridas
terão impacto no estilo de vida e sua implementação dependerá diretamente da compreensão do problema e da motivação para implementar
mudanças no seu estilo de vida.
Embora a abordagem nesse tópico refira-se à consulta de enfermagem, ressalta-se que as estratégias de prevenção primária podem
ser desenvolvidas por todos os profissionais da equipe de Saúde. A complexidade do problema HAS implica na necessidade de uma
abordagem multiprofissional e interdisciplinar e no envolvimento de pessoas com HAS, incluindo seus familiares na definição e pactuação das
metas de acompanhamento a serem atingidas.
Sugere-se que as UBS ofereçam consulta de enfermagem para orientação de MEV e que essas sejam iniciadas no nível pressórico PA
limítrofe, pois se existirem fatores de risco associados, como diabetes mellitus e obesidade, o risco de apresentar hipertensão no futuro é
altíssimo (CHOBANIAN et al., 2003).
Nas consultas de enfermagem, o foco do processo educativo será para orientação daquelas medidas que comprovadamente reduzem
a pressão arterial, entre elas: hábitos alimentares adequados para manutenção do peso corporal e de um perfil lipídico desejável, estímulo à
vida ativa e aos exercícios físicos regulares, redução da ingestão de sódio, redução do consumo de bebidas alcoólicas, redução do estresse
e abandono do tabagismo (CHOBANIAN et al., 2003; ORGANIZAÇÃO PAN-AMERICANA DA SAÚDE, 2003). Essas indicações são
importantes, pois já existem evidências do seu efeito na redução da pressão arterial, possuem baixo custo, ajudam no controle de fatores de
risco para outros agravos, aumentam a eficácia do tratamento medicamentoso (necessitando de menores doses e de menor número de
fármacos) e reduzem o risco cardiovascular (SEGA et al., 2005).
Consulta de enfermagem para estratificação de risco para doenças cardiovasculares
Na consulta de enfermagem para a estratificação de risco cardiovascular recomenda-sea utilização do escore de Framingham. A
estratificação tem como objetivo estimar o risco de cada indivíduo sofrer uma doença arterial coronariana nos próximos dez anos. Essa
estimativa se baseia na presença de múltiplos fatores de risco, como sexo, idade, níveis pressóricos, tabagismo, níveis de HDLc e LDLc. A
partir da estratificação de risco, selecionam-se indivíduos com maior probabilidade de complicações, os quais se beneficiarão de intervenções
mais intensas (SOCIEDADE BRASILEIRA DE HIPERTENSÃO SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA; SOCIEDADE BRASILEIRA
DE NEFROLOGIA, 2010).
O processo de estratificação possui três etapas. A primeira é a coleta de informações sobre fatores de risco prévios. O Quadro abaixo
aponta os fatores de risco baixo, intermediário e alto que influenciam na estratificação.
Achados do exame clínico e anamnese indicativos de risco para DCV.

Baixo risco/Intermediário Alto risco Alto risco

• Tabagismo • Acidente vascular cerebral (AVC) prévio

• Hipertensão • Infarto agudo do miocárdio (IAM) prévio

• Obesidade • Lesão periférica – Lesão de órgão-alvo


(LOA)
• Sedentarismo
• Ataque isquêmico transitório (AIT)
• Sexo masculino
• Hipertrofia de ventrículo esquerdo (HVE)
• História familiar de evento
• Nefropatia
cardiovascular prematuro
• Retinopatia
(homens <55 anos e • Aneurisma de aorta abdominal

mulheres <65 anos) • Estenose de carótida sintomática

• Idade >65 anos • Diabetes mellitus

Fonte: (BRASIL, 2010).

Se o usuário apresenta apenas um fator de risco baixo/intermediário, não há necessidade de calcular o escore, pois ele é considerado
como baixo RCV. Se apresentar ao menos um fator de alto RCV, também não há necessidade de calcular o escore, pois esse paciente já é
considerado como alto RCV. O cálculo será realizado quando o usuário apresentar mais de um fator de risco baixo/intermediário.
Na segunda etapa, será avaliada a idade, exames de LDLc, HDLc, PA e tabagismo. A figura ilustrativa do processo é bastante
didática, de fácil aplicabilidade e está apresentada no Anexo 1.
Após avaliação da presença das variáveis mencionadas, inicia a terceira etapa, em que se estabelece uma pontuação e, a partir dela, obtém-
se o risco percentual de evento cardiovascular em dez anos para homens e mulheres.
O escore de Framinghan é uma ferramenta útil e de fácil aplicação no cotidiano. Ele classifica os indivíduos por meio da pontuação nos
seguintes graus de risco cardiovascular (BRASIL, 2010) e auxilia na definição de condutas:
• Baixo Risco – quando existir menos de 10% de chance de um evento cardiovascular ocorrer em dez anos. O seguimento dos indivíduos
com PA limítrofe poderá ser anual após orientá-los sobre estilo de vida saudável.
• Risco Intermediário – quando existir 10% – 20% de chance de um evento cardiovascular ocorrer em dez anos. O seguimento dos indivíduos
com PA limítrofe poderá ser semestral após orientações sobre estilo de vida saudável e, se disponível na UBS ou comunidade e se desejo da
pessoa, encaminhamento para ações coletivas de educação em Saúde.
• Alto Risco – quando existir mais de 20% de chance de um evento cardiovascular ocorrer em dez anos ou houver a presença de lesão de
órgão-alvo, tais como IAM, AVC/AIT, hipertrofia ventricular esquerda, retinopatia e nefropatia. O seguimento dos indivíduos com PA limítrofe
de alto risco poderá ser trimestral após orientações sobre estilo de vida saudável e, se disponível na UBS ou comunidade e, se desejo da
pessoa, encaminhamento para ações de educação em Saúde coletivas.

10. Consulta de enfermagem para HAS


A consulta de enfermagem da pessoa com diagnóstico de HAS pode ser realizada por meio de aplicação da SAE e possui seis etapas,
objetivando a educação em Saúde para o autocuidado.
A resolução do Cofen nº 358, de 15 de outubro de 2009 (CONSELHO FEDERAL DE ENFERMAGEM 2009), define essas etapas
como: histórico; exame fisíco, diagnóstico das necessidades de cuidado da pessoa, planejamento da assistência (incluíndo a prescrição de
cuidados e um plano terapêutico construído com a pessoa); implementação da assistência e avaliação do processo de cuidado (inclui a
avaliação contínua e conjunta com a pessoa e com a familia em relação aos resultados do tratamento e do desenvolvimento ao longo do
processo de apoio ao autocuidado).
A consulta de enfermagem deve focar também os fatores de risco que influenciam o controle da hipertensão, ou seja, a MEV, o
incentivo à atividade física, à redução do peso corporal quando acima do IMC recomendado e o abandono do tabagismo.

10.1 Passos da consulta de enfermagem


Histórico
- Coleta de informações referente à pessoa, à familia e à comunidade, com o propósito de identificar suas necessidades,
problemas,preocupações ou reações. O profissional deverá estar atento para:
- Identificação da pessoa (dados socio econômico, ocupação, moradia, trabalho,escolaridade, lazer, religião, rede familiar,
vulnerabilidades e potencial para o autocuidado).
- Antecedentes familiares e pessoais (agravos à saúde).
- Queixas atuais, principalmente as indicativas de LOA, tais como: tontura, cefaleia, alterações visuais, dor precordial, dispneia,
paresia, parestesias e edema e lesões de membros inferiores.
- Percepção da pessoa diante da patologia, do tratamento e do autocuidado.
- Medicações em uso e presença de efeitos colaterais.
- Hábitos de vida: alimentação; sono e repouso; atividade física; higiene; funções fisiologicas.
- Identificação de fatores de risco (diabetes, taagismo, alcoolismo, obesidade, dislipidemia, sedentarismo e estresse).
- Presença de lesões em LOA ou doenças cardiovasculares.

Exame fisico
- Altura, peso, circunferência abdominal e IMC.
- PA com a pessoa sentada e deitada.
- Frequência cardíaca e respiratória.
-Pulso radial e carotídeo.
- Alterações de visão.
- Pele (integridade, turgor, coloração e manchas).
- Cavidade oral (dentes, prótese,vqueixas, dores, desconfortos, data do último exame odontológico).
- Tórax (ausculta cardiopulmonar) e abdômen.
- Membros superiores e inferiores: unhas, dor, edema, pulsos pediossos e lesões; articulações (capacidade de flexão, extensão,
limitações de mobilidade, edemas); pés (bolhas, sensibilidade, ferimentos, calosidade e corte ds unhas).
– Aspectos relevantes da história clínica da pessoa com HAS.

• Identificação: sexo, idade, raça e condição socioeconômica.


• História atual: duração conhecida de HAS e níveis pressóricos; adesão e reações adversas aos tratamentos prévios; sinais e sintomas
sugestivos de insuficiência cardíaca; doença vascular encefálica; doença arterial periférica; doença renal; diabetes mellitus; indícios de
hipertensão secundária; gota.
• Investigação sobre diversos aparelhos e fatores de risco: dislipidemia, tabagismo, sobrepeso e obesidade, sedentarismo, perda de peso,
características do sono, função sexual, dificuldades respiratórias.
• História pregressa: gota, doença arterial coronária, insuficiência cardíaca. Nas mulheres, deve-se investigar a ocorrência de hipertensão
durante a gestação, que é um fator de risco para hipertensão grave (SOCIEDADE BRASILEIRA DE HIPERTENSÃO; SOCIEDADE
BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA; SOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA, 2011).
• História familiar: A história familiar positiva para HAS é usualmente encontrada em pacientes hipertensos. Sua ausência, especialmente em
pacientes jovens, é um alerta para a possibilidade da presença de HAS secundária. Pesquisar também história familiar de acidente vascular
encefálico, doença arterial coronariana prematura (homens <55 anos, mulheres <65 anos); morte prematura e súbita de familiares próximos.
• Perfil psicossocial: fatores ambientais e psicossociais, sintomas de depressão, ansiedade e pânico, rede familiar, condições de trabalho e
grau de escolaridade.
• Avaliação de consumo alimentar: incluindo consumo de sal, gordura saturada e cafeína.
• Consumo de álcool: Alguns estudos apontam que a partir do consumo diário médio de 30 g de etanol, quantidade presente em duas doses
de destilados, em duas garrafas de cerveja ou em dois copos de vinho, há aumento difuso e exponencial da pressão arterial em homens.Para
mulheres, as quantidades de risco correspondem a metade destes valores (MOREIRA et al., 1998).
Outros Aspectos relevantes do exame físico da pessoa com HAS, consultar CADERNO DE ATENÇÃO BÁSICA nº 37 pagina 45.
Avaliação laboratorial
O atendimento inicial e acompanhamento da pessoa com diagnóstico de HAS requer um apoio diagnóstico mínimo. Sugere-se uma
periodicidade anual destes exames, no entanto, o profissional deverá estar atento ao acompanhamento individual de cada paciente,
considerando sempre o risco cardiovascular, as metas de cuidado e as complicações existentes.
Rotina complementar mínima para pessoa com HAS.

• Eletrocardiograma;

• Dosagem de glicose;

• Dosagem de colesterol total;

• Dosagem de colesterol HDL;

• Dosagem de triglicerídeos;

• Cálculo do LDL = Colesterol total - HDL- colesterol - (Triglicerídeos/5);

• Dosagem de creatinina;

• Análise de caracteres físicos, elementos e sedimentos na urina (Urina tipo 1);

• Dosagem de potássio;

• Fundoscopia. Fonte: DAB/SAS/MS.

Ao avaliar os exames de rotina, o profissional deve observar alguns aspectos:

• O eletrocardiograma é razoavelmente sensível para demonstrar repercussões miocárdicas da hipertensão, como sobrecarga de ventrículo
esquerdo.
• A presença de proteinúria leve a moderada no sedimento urinário é, geralmente, secundária à repercussão de hipertensão sobre os rins.
Proteinúria mais acentuada, leucocitúria e hematúria (excluídas outras causas), especialmente se acompanhadas dos cilindros
correspondentes, indicam hipertensão grave ou hipertensão secundária à nefropatia.

• O potássio sérico anormalmente baixo sugere o uso prévio de diuréticos. Excluída essa causa,o paciente deve realizar, via
encaminhamento, investigação de hiperaldosteronismo primário.

• A dosagem do colesterol e da glicemia visa detectar outros fatores que potencializam o risco cardiovascular da hipertensão.

Os exames laboratoriais devem ter avaliação médica.

HIPERTENSÃO ARTERIAL SEGUNDO OS CICLOS DE VIDA


- Crianças e adolescentes
A interpretação dos valores de PA obtidos em crianças e adolescentes deve levar em conta a idade, o sexo e a altura (SBH;SBC;
SBN, 2010). Em primeiro lugar, deve-se verificar a estatura do paciente e localizar o percentil de acordo com a idade (CADERNO DE AB Nº
37).
Não há clara evidência que associe a PA em crianças e adolescente a eventos cardiovasculares futuros. Valores mais elevados são
encontrados em crianças obesas, mas que tendem a se reduzir com a diminuição de peso, especialmente na adolescência. Hipertensão
secundária deve ser investigada, especialmente na ausência de obesidade. Recomenda-se preferentemente intervenções não
medicamentosa

CLASSIFICAÇÃO DA PRESSÃO ARTERIAL PARA CRIANÇAS E ADOLESCENTES


Classificação Percentil* para PAS e PAD Frequência de medida da pressão
arterial
Normal PA < percentil 90 Reavaliar na próxima consulta
médica agendada
Limítrofe PA entre percentis 90 a 95 ou se Reavaliar em seis meses
PA exceder 120/80mmHg sempre <
percentil 90 até < percentil 95
Hipertensão Percentil 95 a 99 mais 5mmHg Paciente assintomático: reavaliar em
estágio 1 1 a 2 semanas; se hipertensão
confirmada encaminhar para
avaliação diagnóstica.
Paciente sintomático: encaminhar
para avaliação diagnóstica
Hipertensão PA > percentil 99 mais 5mmHg Considerar encaminhamento à
estágio 2 atenção especializada
Hipertensão do PA > percentil 95 em ambulatório
avental branco ou consultório e PA normal em ----------------------
ambientes não relacionados à prática
clínica
Fonte: (Modificado de SBC; SBH; SBN, 2010).

- Idoso
Existem alguns aspectos importantes a considerar neste grupo:
- A hipertensão sistólica é muito comum em idosos. O objetivo é a redução gradual da PA para valores abaixo de 140/90mmHg. Na
presença de valores muito elevados de PA sistólica podem ser mantidos inicialmente níveis de até 160mmHg. Não está bem estabelecido o
nivel minimo tolerado da PA diastólica (SBH;SBC; SBN, 2011).
- Pseudo-hipertensão, caracterizada por níveis pressóricos falsamente elevados, devido ao enrijecimento da parede arterial,que
dificulta a oclusão da artéria. Podemos identificar esta situação com a manobra de Osler que consiste em inflar o manguito até acima do nivel
da pressão sistólica e palpar a artéria radial. Nos pacientes que apresentam calcificação vascular a artéria permanece palpável(sinal de Osler
ósitivo).
-A hipertensão do avental branco é mais comum em idosos, especialmente em mulheres (JOBIM,2008).
Tratamento medicamentoso a base de diuréticos outras classes de anti-hipertensivos devem ser associadas,seguindo-se as mesmas
recomendações estabelecidas para a população geral.
Especial atenção deve ser dada a idosos frágeis e com risco aumentado de eventos decorrentes da redução excessiva da pressão
arterial como quedas, hipotensão postural e sonolência excessiva.

- Gestantes
A PA deve ser obtida com os mesmos equipamentos e com a mesma técnica recomendada para adultos.
As alterações hipertensivas da gestação estão associadas a complicações graves fetais e maternas e a um risco maior de mortalidade
materna e perinatal. Nos países em desenvolvimento, a hipertensão gestacional é a principal causa de mortalidade materna, sendo
responsável por um grande número de internações em centros de tratamento intensivo.
O tratamento das HAS leve na grávida deve ser focado em medidas não farmacologicas, já nas formas moderadase graves pode-se
optar pelo tratamento usual recomendado para cada condição clinica especifica, excluíndo-se os inibidores de enzima conversora de
angiotensina II (IECA) e antagonistas de angiotensinaII, em razão dos efeitos teratogênicos em potência (GUSSO;LOPES,2012). A metildopa
é a medicação mais bem estudada para uso na gestação.
Conceitua-se HA na gestação a partir dos seguintes parâmetros (BRASIL,2012):
- PA ≥140/90mmHg, mantidos em medidas repetidas, em condições ideais, em pelo menos três ocasiões. Este conceito é mais
simples e preciso.
Independente da etiologia da hipertensão arterial, é fundamental que a equipe de Saúde esteja atenta ao controle pressórico e avalie a
possibilidade de encaminhamento ao serviço de pré-natal de alto risco.
Mais informações sobre síndrome hipertensiva na gestação no caderno de atenção básica n º 32– Atenção ao Pré-natal de
Baixo Risco.

O médico e a enfermeira farão o seguimento das pessoas com hipertensão, solicitando o apoio de outros profissionais de Saúde de
acordo com as necessidades de cada caso e recursos disponiveis. Recomenda-se uma avaliação anual com dentista ou de acordo com o
plano estabelecido após avaliação odontológica. Uma vez controlados os niveis pressóricos, deveremos acompanhar o paciente conforme
suas necessidades individuais e o seu risco cardiovascular. Sugere-se que as consultas sejam mensais, até atingir o nível pressórico
desejado. Visitas mais frequentes podem ser necessárias para pacientes em estágio II ou com comorbidade associada(BRITISH
HYPERTENSION SOCIETY,2008; BRASIL,2006 a).

Tratamento não medicamentoso


O tratamento não medicamentoso é parte fundamental no controle da HAS e de outros fatores de risco para doenças cardiovasculares
(DCV), como obesidade e dislipidemia. Esse tratamento envolve mudanças no estilo de vida (MEV) que acompanham o tratamento do
paciente por toda a sua vida.
Entre as MEV está a redução no uso de bebidas alcoólicas. O álcool é fator de risco reconhecido para hipertensão arterial e pode
dificultar o controle da doença instalada. A redução do consumo de álcool reduz discretamente a pressão arterial, promovendo redução de
3,3mmHg (IC95%1:2,5 – 4,1mmHg) em pressão sistólica e 2,0mmHg (IC95%: 1,5 – 2,6mmHg) em diastólica [GRADE B] (National Institute for
Health and Clinical Excellence, 2011; MOREIRA et al, 1999).
Outro ponto a ser observado é o uso de anticoncepcionais hormonais orais. A substituição de anticoncepcionais hormonais orais por
outros métodos contraceptivos promove a redução da pressão arterial em pacientes hipertensas [GRADE D] (LUBIANCA et al., 2005;
ATTHOBARI et al., 2007).
Embora fumar seja um fator de risco para o desenvolvimento de DCV, o papel do tabagismo como fator de risco para HAS não está,
ainda, bem definido (GUPTA; SINGH; GUPTA, 2004). Estudo realizado na Índia mostrou uma relação significativa do tabagismo com a
prevalência da HAS (GUPTA; GUPTA, 1999). Fumar um cigarro eleva momentaneamente a pressão arterial, podendo,o seu efeito se manter
por até duas horas (GUPTA; SINGH; GUPTA, 2004). Estudos estimam um aumento de até 20mmHg na pressão sistólica após o primeiro
cigarro do dia. Além disso, o cigarro aumenta a resistência às drogas anti-hipertensivas, fazendo com que elas funcionem menos que o
esperado (FERREIRA et al, 2009; CHOBANIAN et al., 2003).
O tabagismo também aumenta o risco de complicações cardiovasculares secundárias em hipertensos e aumenta a progressão da
insuficiência renal. Além disso, a cessação do tabagismo pode diminuir rapidamente o risco de doença coronariana entre 35% e 40%
(KAPLAN, 2010).
A adoção de hábitos saudáveis, como alimentação, diminuição do consumo de álcool, prática de atividade física, controle do peso e
abandono do tabagismo serão abordados no Cadernos de Atenção Básica, nº 35 – Estratégias para o Cuidado da Pessoa com Doença
Crônica

Tratamento medicamentoso
A decisão de quando iniciar medicação anti-hipertensiva deve ser considerada avaliando a preferência da pessoa, o seu grau de
motivação para mudança de estilo de vida, os níveis pressóricos e o risco cardiovascular.
Pessoas com alto risco cardiovascular ou níveis pressóricos no estágio 2 (PA ≥ 160/100mmHg) beneficiam-se de tratamento
medicamentoso desde o diagnóstico para atingir a meta pressórica,além da mudança de estilo de vida (BRITISH HYPERTENSION
SOCIETY, 2008).
Pessoas que não se enquadram nos critérios acima e que decidem, em conjunto com o médico,não iniciar medicação neste momento,
podem adotar hábitos saudáveis para atingir a meta por um período de três a seis meses. Durante esse intervalo de tempo devem ter a
pressão arterial avaliada pela equipe, pelo menos, mensalmente. Quando a pessoa não consegue atingir a meta pressórica pactuada ou não
se mostra motivada no processo de mudança de hábitos, o uso de anti-hipertensivos deve ser oferecido, de acordo com o método clínico
centrado na pessoa.
O tratamento medicamentoso utiliza diversas classes de fármacos selecionados de acordo com a necessidade de cada pessoa, com a
avaliação da presença de comorbidades, lesão em órgãos-alvo,história familiar, idade e gravidez. Frequentemente, pela característica
multifatorial da doença, o tratamento da HAS requer associação de dois ou mais anti-hipertensivos (BRASIL, 2010).

Acompanhamento do Paciente com HAS

Sugere-se a verificação semanal da PA até a primeira consulta médica de reavaliação do tratamento. Neste período, a pessoa deverá
medir a PA na sala de “enfermagem/triagem/acolhimento” e o resultado da verificação, data e horário deverão ser anotados no prontuário do
paciente ou no local indicado para registro do monitoramento da PA. A consulta médica de reavaliação do caso não deverá ultrapassar 30
dias.
Caso a PA não diminua com o uso da medicação indicada até a segunda semana de tratamento,após certificar-se que o paciente está
fazendo uso correto da medicação prescrita, a equipe de Enfermagem deverá agendar o paciente para consultar com seu médico. Se o
paciente não estiver usando corretamente a medicação, a equipe de Enfermagem deverá refazer a orientação sobre o uso da medicação e
continuar monitorando a PA.
Um mês após o início do tratamento, deve-se verificar, em consulta médica, se o usuário atingiu a meta pressórica, isto é PA menor
que:
• 140/90mmHg na HAS não complicada (SOCIEDADE BRASILEIRA DE HIPERTENSÃO;SOCIEDADE BRASILEIRA DE
NEFROLOGIA; SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA,2010; BRASIL, 2006b; CHOBANIAN et al, 2004) [Grau de Recomendação A];
• 130/80mmHg nos pacientes com diabetes, nefropatia, alto risco cardiovascular e prevenção secundária de AVC (SOCIEDADE
BRASILEIRA DE HIPERTENSÃO; SOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA; SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA, 2010;
BRASIL, 2006b; CHOBANIAN et al, 2004) [Grau de Recomendação A];
• 130/80 mmHg na nefropatia com proteinúria maior que 1g ao dia (BRASIL, 2006b) [Graude Recomendação D].
As pessoas que não estiverem com a PA controlada, mas que estejam aderindo aos tratamentos recomendados, deverão realizar
consulta médica para reavaliação (BRASIL, 2006a; BRASIL, 2006b), mensalmente até atingirem a meta pressórica. Aquelas que não
estiverem seguindo os tratamentos recomendados poderão consultar com a enfermeira e/ou o médico para avaliação da motivação para o
tratamento e da capacidade de autocuidado. De acordo com essa avaliação, poderão também ser encaminhadas para receber apoio de
outros profissionais de Saúde (como psicólogo, nutricionista, assistente social, educador físico, farmacêutico) ou ser avaliadas por meio de
apoio matricial do Núcleo de Apoio à Saúde da Família (Nasf) para auxílio à equipe no manejo desses casos.
Essa avaliação deve ser feita continuamente durante o tratamento. Após todos os passos explicados, se a pressão arterial se mostra
refratária ao tratamento medicamentoso com três drogas anti-hipertensivas com doses plenas, poderemos estar diante de um paciente com
hipertensão resistente e/ou secundária e/ou com complicações e estes casos devem ter avaliação médica continua para avaliar a
necessidade de atenção especializada.
O médico e a enfermeira farão o seguimento das pessoas com hipertensão, solicitando o apoio de outros profissionais de Saúde de
acordo com as necessidades de cada caso e recursos disponíveis. Recomenda-se uma avaliação anual com dentista ou de acordo com o
plano estabelecido após avaliação odontológica. Uma vez controlados os níveis pressóricos, deveremos acompanhar o paciente conforme
suas necessidades individuais e o seu risco cardiovascular.
Sugere-se que as consultas sejam mensais, até atingir o nível pressórico desejado. Visitas mais frequentes podem ser necessárias
para pacientes em estágio II ou com comorbidade associada (BRITISH HYPERTENSION SOCIETY, 2008; BRASIL, 2006a) [Grau de
Recomendação D].
As consultas médicas e de enfermagem para acompanhamento dos casos que atingiram a meta pressórica deverão ser
preferencialmente intercaladas. Sugere-se que sua periodicidade varie de acordo com o risco cardiovascular estabelecido por meio do escore
de Framingham e deacordo com as necessidades individuais, considerando-se as diretrizes locais. Na Tabela abaixo , está apresentada uma
sugestão de periodicidade de consulta de acordo com o escore de Framingham.
Para os usuários com HAS com escore de Framingham na categoria de baixo risco, indica-se que consultem anualmente com o
médico e com o enfermeiro. Aqueles com risco moderado deverão realizar consulta médica e de enfermagem semestralmente. Aqueles com
risco alto farão acompanhamento médico e de enfermagem quadrimestral.
Classificação de risco cardiovascular, segundo o escore de Framinghan e sugestão de periodicidade de acompanhamento em consulta
médica, de enfermagem e odontológica
Categoria Risco de Evento Consulta Médica Consulta de Consulta

Cardiovascular Enfermagem Odontológica


em 10 anos

Baixo 10% Anual Anual Anual

Moderado 10 – 20% Semestral Semestral Anual

Alto 20% Quadrimestral Quadrimestral Anual

Fonte: DAB/SAS/MS.
De acordo com as necessidades e os resultados do acompanhamento da pessoa, esta poderá ser encaminhada para avaliação com o
farmacêutico ou para orientações com nutricionista, psicólogo, assistente social e educador físico, conforme disponibilidade do serviço.
Recomendações para melhorar a aderência à terapêutica anti-hipertensiva:
• facilitar o acesso;
• orientar os pacientes sobre o problema, seu caráter silencioso, a importância da adesão à terapêutica, envolver a estrutura familiar
e/ou apoio social;
• encorajar modificações no estilo de vida;
• integrar o uso da medicação com as atividades cotidianas;
•estar atento ao sucesso do tratamento, a não interrupção do mesmo e encaminhar ao médico sempre que identificar dificuldades em
relação a meta pressórica ,
• antecipar para o paciente os efeitos adversos e ajustar a terapia para minimizá-los;(Caderno de Atenção Básica 37,pagina 63)
Apesar de a equipe estar organizada quanto à periodicidade do acompanhamento, existem situações em que este atendimento precisa
ser adiantado e as condutas reavaliadas. Além do risco cardiovascular, a equipe precisa estar atenta a vulnerabilidades, potencial para o
autocuidado e outras situações que requerem atendimento imediato como as crises hipertensivas que devem ter atendimento médico
imediato.
3.8 DIABETES MELLITUS

1. Introdução

O diabetes é um distúrbio do metabolismo de carboidratos, gorduras e proteínas que está associado à hiperglicemia e a um maior risco
de eventos cardiovasculares, alterações renais e oftalmológicas, neuropatia periférica, úlceras e amputações de membros inferiores. É
decorrente de defeito da secreção e/ou da ação da insulina.
O cuidado com o diabetes normalmente é complexo e demorado, baseado em muitas áreas do cuidado à saúde. As mudanças de
estilo de vida necessárias, a complexidade do manejo e os efeitos adversos do tratamento fazem do autocuidado e da educação para as
pessoas com diabetes peças centrais no manejo.
Tanto o tratamento e o cuidado devem levar em consideração as necessidades individuais dos pacientes e suas preferências. Uma
boa comunicação é essencial para permitir que as pessoas tomem decisões sobre o seu cuidado, apoiadas por informações baseadas em
evidências. Se a pessoa estiver de acordo, os familiares e os cuidadores devem ter a oportunidade de se envolverem nas decisões sobre o
tratamento e o cuidado.
O tratamento do diabetes tipo 2 consiste na adoção de hábitos de vida saudáveis, com uma alimentação equilibrada, prática regular de
atividade física, moderação no uso de álcool e abandono do tabagismo, acrescido ou não do tratamento farmacológico. Estes hábitos de vida
saudáveis são base do tratamento do diabetes, e possuem uma importância fundamental no controle glicêmico, além de atuarem no controle
de outros fatores de risco para doenças cardiovasculares.
O manejo clinico da insulinização do DM tipo 2, com aporte de múltiplas doses diárias, deve ser prioritariamente realizado na Atenção
Básica de Saúde(UBS), mas pode ser realizado em um ambulatório de especialidade em casos específicos, ou com apoio matricial, se for
necessário.
A pessoa com DM 1, apesar de geralmente ser acompanhada pela Atenção Especializada, também deve ter seu cuidado garantido na
Atenção Básica. É essencial que a equipe conheça essa população e mantenha a comunicação constante com os demais níveis de atenção.

2. Classificação

A) Diabetes Tipo 1: Resulta da destruição das células beta que eventualmente leva ao estágio de deficiência absoluta de insulina,
quando a administração de insulina é necessária para prevenir cetoacidose, coma e morte.
B) Diabetes Tipo 2: Apresenta-se desde resistência insulínica predominantemente associada a uma relativa deficiência insulínica até a
um defeito secretório. Ocorre em qualquer idade, mais freqüente no adulto após 40 anos. Atualmente, tem-se observado uma
diminuição na idade de inicio, não sendo raros os casos de adolescentes com diabetes tipo 2, freqüentemente com excesso de peso,
com manifestações de resistência insulínica e história familiar de diabetes.
C) Diabetes Gestacional: É a hiperglicemia diagnosticada pela primeira vez durante a gestação, podendo ou não persistir após o parto,
mas retornando anos depois em grande parte dos casos.

Informações sobre diabetes gestacional leia caderno de AB – Atenção ao Pré-Natal de Baixo Risco nº 32

DIFERENÇA ENTRE DIABETES TIPO 1 E TIPO 2

DESCRIÇÃO TIPO 1 TIPO 2


Idade de aparecimento mais Crianças e jovens Mais de 40 anos
freqüente
Excesso de peso Raro Comum
Níveis de insulina Baixo Normal ou Alto
Viroses desencadeantes Freqüentes Raro
Anticorpos anticélulas beta Freqüentes Incomum
pancreáticas
Hereditariedade Incomum Freqüente
Tendência à Cetose Freqüentes Rara
Necessidade de Insulina Sempre Ao Redor de 30%
Resistência periférica à Incomum Freqüente
insulina

3. RASTREAMENTO

O rastreamento rotineiro para diabetes em adulto por meio da glicemia de jejum não é recomendado. Deve ser restrito a pessoas com
maior risco, como aquelas com pressão arterial ≥ 135/80 mmHg, obesidade, história prévia de diabetes gestacional, história familiar de
diabetes em parentes de primeiro grau e síndrome dos ovários policísticos. Devem-se promover ações preventivas populacionais e
intersetoriais, complementadas por ações clinicas principalmente por meio de estímulo a hábitos de vida adequados, tais como atividade
física regular, alimentação saudável e controle de peso.

4. DIAGNÓSTICO

Os sinais e sintomas característicos que levantam a suspeita de diabetes são “quatro P’s”: poliúria, polidipsia, polifagia e perda
inexplicada de peso. Embora possam estar presentes no DM tipo 2, esses sinais são mais agudos no tipo 1, podendo progredir para cetose,
desidratação e acidose metabólica, especialmente na presença de estresse agudo. Sintomas mais vagos também podem estar presentes,
como prurido, visão turva e fadiga.
No DM tipo 2, o início é insidioso e muitas vezes a pessoa não apresenta sintomas. Não infrequentemente, a suspeita da doença é
feita pela presença de uma complicação tardia, como proteinúria, retinopatia, neuropatia periférica, doença arteriosclerótica ou então por
infecções de repetição.
O diagnóstico de diabetes baseia-se na detecção da hiperglicemia. Existem quatro tipos de exames que podem ser utilizados no
diagnóstico do DM: glicemia casual, glicemia de jejum, teste de tolerância à glicose com sobrecarga de 75 g em duas horas (TTG) e, em
alguns casos, hemoglobina glicada (HbA1c).
Quando a pessoa requer diagnóstico imediato e o serviço dispõe de laboratório com determinação glicêmica imediata ou de
glicosímetro e tiras reagentes, a glicemia casual é o primeiro exame a ser solicitado, pois fornece um resultado na própria consulta. Nesse
caso, o ponto de corte indicativo de diabetes é maior ou igual a 200 mg/dl na presença de sintomas de hiperglicemia (AMERICAN DIABETES
ASSOCIATION, 2013).
No TTG-75 g, o paciente recebe uma carga de 75 g de glicose, em jejum e a glicemia é medida antes e 120 minutos após a ingestão.
Uma glicemia de duas horas pós-sobrecarga maior ou igual a 200 mg/dl é indicativa de diabetes e entre 140mg/dl, indica tolerância à glicose
diminuída.

VALORES PRECONIZADOS PARA O DIAGNÓSTICO DE DM TIPO 2 E SEUS ESTÁGIOS PRÉ-CLÍNICOS

CATEGORIA Glicemia de TTG: 2hs após Glicemia Hemoglobina


jejum* 75g de glicose casual** glicada (HbA1c)
Glicemia normal < 110 <140 <200
Glicemia >110e<126
alterada
Tolerância ≥140e<200
diminuída à
glicose
Diabetes <126 ≥200 200(c/sintomas >6,5%
mellitus clássicos***)
Fonte: Adaptado de SBD, 2009: World Health Organization (2006).

*O jejum é definido como falta de ingestão calórica por, mínimo, oito horas.
**Glicemia plasmática casual é definida como aquela realizada a qualquer hora do dia, sem se observar o intervalo desde a última refeição.
***Os sintomas clássicos de DM incluem poliúria, polidipsia e polifagia.
Pessoas com hiperglicemia intermediária (glicemia de jejum entre110mg/dl e 125mg/dl, e duas hs pós-carga de 140mg/dl a 199mg/dl e
HbA1c entre 5,7% e 6,4%), também denominadas casos de pré-diabetes, pelo seu maior risco de desenvolver a doença, deverão ser
orientadas para prevenção do diabetes, o que inclui orientações sobre alimentação saudável e hábitos ativos de vida como reavaliação anual
com glicemia de jejum.
5. Consulta de enfermagem para avaliação inicial

O processo de educação em saúde do usuário deverá ser contínuo e iniciado na primeira consulta. É fundamental que o plano de
cuidado seja pactuado com a pessoa e inclua as mudanças de estilo de vida (MEV) recomendadas.
É de competência do enfermeiro, realizar consulta de enfermagem para pessoas com maior risco para desenvolver DM tipo 2,
abordando fatores de risco, estratificação do risco cardiovascular e orientação sobre MEV. A consulta de enfermagem tem o objetivo de
conhecer a história pregressa do paciente, seu contexto social e econômico, grau de escolaridade, avaliar o potencial para o autocuidado e
avaliar as condições de saúde.
É importante que o enfermeiro estimule e auxilie a pessoa a desenvolver seu plano de autocuidado em relação aos fatores de risco
identificados durante o acompanhamento.
Recomenda-se a utilização do Escore de Framinghan para estratificação de risco (Anexo I do Protocolo de Hipertensão Arterial).

Nas consultas de enfermagem o processo educativo deve preconizar a orientação de medidas que comprovadamente melhorem a
qualidade de vida: hábitos alimentares saudáveis, estímulo à atividade física regular, redução do consumo de bebidas alcoólicas e abandono
do tabagismo.
Informações sobre (MEV) Caderno de Atenção Básica, nº 35 – Estratégias para o cuidado da Pessoa com Doença Crônica).

A consulta de enfermagem para o acompanhamento da pessoa com diagnóstico de DM pode ser realizada por meio da aplicação da
Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE) e possui seis etapas inter-relacionadas entre si, objetivando a educação em saúde para
o autocuidado.

5.1. Histórico
- Identificação da pessoa (dados socioeconômicos, ocupação, moradia, trabalho, escolaridade, lazer, religião, rede familiar,
vulnerabilidades e potencial para o autocuidado).
- Antecedentes familiares e pessoais (história familiar de diabetes, hipertensão, doença renal, cardíaca e diabetes gestacional).
- Queixas atuais, história sobre o diagnóstico de DM e os cuidados implementados, tratamento prévio.
- Percepção da pessoa diante da doença, tratamento e autocuidado.
- Medicamentos utilizados para DM e outros problemas de saúde e presença de efeitos colaterais.
- Hábitos de vida: alimentação, sono e repouso, atividade física, higiene, funções fisiológicas.
- Identificação de fatores de risco (tabagismo, alcoolismo, obesidade, dislipidemia, sendentarismo).

5.2 Exame Físico


- Altura, peso, circunferência abdominal(CA) e IMC.
- Pressão arterial com a pessoa sentada e deitada.
- Alterações de visão.
- Exame da cavidade oral, com atenção para a presença de gengivite, problemas odontológicos e candidíase.
- Frequência cardíaca e respiratória e ausculta cardiopulmonar.
- Avaliação da pele quanto a sua integridade, turgor, coloração e manchas.
- Membros inferiores: unhas, dor, edema, pulsos pediosos e lesões; articulações (capacidade de flexão, extensão, limitações de
mobilidade, edemas); pés (bolhas, sensibilidade, ferimentos, calosidade e corte das unhas).
- Durante a avaliação ginecológica, quando pertinente, deve-se estar atento à presença de cândida albicans.

5.3 Diagnóstico das necessidades de cuidado


É importante reconhecer precocemente os fatores de risco e as complicações, intervir precocemente, principalmente atuar na
prevenção evitando que esses problemas aconteçam.
- Dificuldades e déficit cognitivo, analfabetismo;
- Diminuição da acuidade visual e auditiva;
- Problemas emocionais, sintomas depressivos e outras barreiras psicológicas;
- Sentimento de fracasso pessoal, crença no aumento da severidade da doença;
- Medos: da perda da independência; de hipoglicemia, do ganho de peso, das aplicações de insulina;
- Insulina: realiza a autoaplicação? Se não realiza, quem faz? Porque não autoaplica? Apresenta complicações e reações nos locais de
aplicação? Como realiza a conservação e o transporte?
- Automonitorização: Consegue realizar a verificação da glicemia capilar? Apresenta dificuldades no manuseio do aparelho?

5.4 Planejamento da assistência


- Hipo/hiperglicemia, como agir diante dessas situações;
- Motivar para modificar hábitos de vida não saudáveis (fumo, estresse, bebida alcoólica e sedentarismo);
- Complicações;
- A doença e o envelhecimento;
-Medicamentos em uso (oral ou insulina), doses, horários efeitos colaterais;
- Uso de insulina e o modo correto de como reutilizar agulhas; planejamento de rodízios dos locais de aplicação para evitar
lipodistrofia.
- Solicitar e avaliar os exames previstos no protocolo assistencial local.
- Quando pertinentes, encaminhar ao médico, ou a outros profissionais, quando necessário.
É importante que o enfermeiro mantenha a comunicação com toda equipe durante a implementação da SAE. Ampliando o objetivo do
diagnóstico e planejamento para além da equipe de Enfermagem, envolvendo o médico, ACS, Nasf, quando disponíveis e necessário, nas
ações desenvolvidas.

5.5. Implementação da assistência


A implementação da assistência deverá ocorrer de acordo com as necessidades e grau de risco da pessoa com DM com dificuldade
de adesão e motivação para o autocuidado, a cada consulta.

5.6 Avaliação do processo de cuidado


Avaliar com a pessoa e a família o quanto as metas de cuidados foram alcançadas e o seu grau de satisfação em relação ao
tratamento. A cada retorno observar mudanças; e se houver mudança avaliar a necessidade de adaptação e reestruturar o plano de acordo
com necessidades. Registrar em prontuário todo o processo.

6. Controle glicêmico

A meta para o tratamento da hiperglicemia em adultos, atualmente recomendada pela Associação Americana de Diabetes, é HbA1c <
7%. As metas glicêmicas correspondentes são: glicemia de jejum entre 70 – 130 mg/dl e pós-prandial abaixo de 180 mg/dl (AMERICAN
DIABETES ASSOCIATION, 2013). Metas mais flexíveis (HbA1c < 8%) vêm sendo estabelecidas para certos grupos de pacientes.
A decisão de qual grau de controle buscar precisa ser pactuado entre equipe e usuário, considerando possíveis benefícios, riscos e
disponibilidade de recursos. As metas também precisam consideradas.
As metas de controle glicêmico para crianças e adolescentes com DM tipo 1 também são mais flexíveis.
6.1 Metas de controle glicêmico para crianças e adolescentes com DM tipo 1:

Valores por faixa Glicemia pré-prandial Glicemia ao deitar/à HbA1c (%)


etária (mg/dl) noite
Lactentes e pré- 100 - 180 110 - 200 < 8,5%
escolares (0 a 6
anos)
Escolares (6 a 12 90 - 180 100 - 180 <8%
anos)
Adolescentes e 90 - 130 90 - 150 < 7,5%
adultos jovens (13 a
19 anos
Fonte: American Diabetes Association, 2013.

6.2. Monitorização da Glicemia

É recomendada a monitorização da glicemia capilar três ou mais vezes ao dia a todas pessoas com DM tipo 1 ou tipo 2 em uso de
insulina em doses múltiplas. Em pessoas com bom controle pré-prandial, porém com HbA1c elevada, a monitorização da glicemia capilar
duas hs após as refeições pode ser útil. Em pessoas com DM tipo 2 em uso de antidiabéticos orais a monitorização da glicemia capilar não é
recomendada rotineiramente (AMERICAN DIABETES ASSOCIATION, 2013).
A HbA1c deve ser medida no inicio do tratamento e a cada três meses, podendo ser realizada duas vezes ao ano para aqueles com
bom controle metabólico.

7. Tratamento não medicamentoso

Pessoas com DM precisam ser apoiadas para realizar mudanças em seu estilo de vida (MEV) e instruídas sobre como fazê-lo.
Estratégias que promovam mudança de comportamento e aderências às recomendações, bem como programas de educação em
saúde que visam à promoção e ao apoio ao auto cuidado fazem parte do tratamento do DM.
8. Tratamento medicamentoso

O tratamento do DM tipo1, além da terapia não farmacológica, exige sempre a administração de insulina, a qual deve ser prescrita em
esquema intensivo, de três a quatro doses de insulina/dia, dividida em insulina basal e insulina prandial, cujas doses são ajustadas de acordo
com as glicemias capilares, realizadas ao menos três vezes ao dia.(DUCAN et al., 2013).

8.1Antidiabéticos orais

Os antidiabéticos orais para o tratamento da DM tipo 2, constituem a primeira escolha, em redução de complicações, boa aceitação
pelos pacientes, simplicidade da prescrição e não interferem tanto no peso em comparação a insulina (GUSSO; LOPES, 2012).

8.2 Medicamentos de uso oral disponíveis na Rename 2012

Classe Denominação Concentração Apresentação Dose Dose Tomadas


farmacológica genérica mínima(dose máxima dia
inicial)
Biguanidas Cloridrato de 500 mg Comprimido 500 mg 2.550 3
Metformina mg
Cloridrato de 850 mg Comprimido 500 mg 2.550 3
Metformina mg
Derivados da Glibenclamida 5 mg Comprimido 2,5 mg 20 mg 2-3
ureia,
Gliclazida 30 mg Comprimido 30 mg - 1
sulfonamidas
de liberação
controlada
Gliclazida 60 mg Comprimido 30 mg - 1
de liberação
controlada
Gliclazida 80 mg Comprimido 80 mg 320 mg 1-2

Fonte: Relação Nacional de Medicamento (Rename) de 2012.


8.3. Tratamento farmacológico: 1ª linha

Se a pessoa não alcançar a meta glicêmica em três meses com as medidas farmacológicas, a avaliação deverá ser realizada pelo
médico para averiguar a necessidade de acrescentar a Metformina no plano terapêutico. A Metformina aumenta a captação de glicose e sua
utilização na musculatura esquelética reduzindo a resistência à insulina, e diminuindo a produção hepática de glicose (RANG et al., 2003).

8.4 Tratamento farmacológico: 2ª linha

Cerca de metade das pessoas que atingiram o controle glicêmico com monoterapia requerem a associação de outra medicação dois
anos depois. (POLONSKY et al., 2011).Combinando-se dois agentes antidiabéticos orais com mecanismo diferentes obtém-se uma queda
adicional da glicemia, com melhora confirmada pela dosagem de HbA1c. As sulfonilureias exercem sua principal função sobre as células
beta, estimulando a secreção de insulina e reduzindo o nível plasmático de glicose (RANG et al., 2003). A glibenclamida e a glicazida são as
sulfonilureias disponíveis no SUS. Antes de iniciar uma sulfonilureias, a pessoa deve ser instruída sobre os sintomas e o manejo da
hipoglicemia.

Orientações e sintomas leia caderno de atenção básica nº 37 – capitulo 4


8.5 Tratamento farmacológico: 3ª linha

Se o controle metabólico não for alcançado após o uso de metformina em associação com uma sulfoniluréia por três a seis meses,
deve ser considerada uma terceira medicação. A avaliação deverá ser realizada pelo médico para averiguar a necessidade de considerar o
uso da insulina quando os níveis de glicose plasmática estiverem maiores de 300 mg/dl, na primeira avaliação, principalmente se
acompanhado de perda de peso, cetunúria e cetonemia.
As classes de medicamentos que podem ser utilizadas nesta etapa são insulina de ação intermediária ou longa.
As insulinas disponíveis no SUS estão demonstradas no quadro abaixo:

Início Pico Duração Posologia Aspecto


Insulinas
Ação rápida
Regular 30-60 min 2-3h 8-10h 30min antes cristalino
das refeições
1-3x/dia
Ação Intermediária
NPH 2-4h 4-10h 12-18h Recomendar turvo
dose noturna
Às 22h
Todas as insulinas disponíveis no Brasil têm concentração de 100unidades/ml
Fontes: BRASIL, 2010.

A via de administração usual da insulina é a via subcutânea, mas a insulina regular também pode ser aplicada por vias intravenosa e
intramuscular, em situações que requerem um efeito clinico imediato.
A aplicação subcutânea pode ser realizada nos braços, abdômen, coxas e nádegas. A velocidade de absorção conforme o local de
aplicação, sendo mais rápida no abdômen, intermediária nos braços e mais lenta nas coxas e nádegas.

Os principais efeitos adversos dos hipoglicemiantes orais e insulinas encontram-


se listados no Caderno de Atenção Básica 36
9. Acompanhamento

Vale lembrar que depois de definido o tratamento medicamentoso, é importante que a pessoa com DM mantenha o acompanhamento pela
equipe multidisciplinar para avaliar a evolução da doença e a adesão às orientações, de acordo com uma estratificação de risco.

Estratificação de risco para a pessoa com DM:

Risco Critério
Baixo Pessoa com glicemia de jejum alteradae
intolerância à sobrecarga de glicose
Médio Pessoa com DM diagnosticado e:
Controle metabólico(HbA1c<7,5) e pressórico
adequado
Sem interações por complicações agudas nos
últimos 12 meses
Sem complicações crônicas (micro ou
macroangiopatia)
Alto Pessoa com DM diagnosticado e:
Controle metabólico (7,5<HbA1c<9) ou
pressórico inadequado, com internações por
complicações agudas nos últimos 12 meses
e/ou complicações crônicas (incluindo pé
diabético de risco avançado)
Muito alto Pessoa com DM diagnosticado e:
Controle metabólico (7,5<HbA1c<9) ou
pressórico inadequado com internações por
complicações agudas nos últimos 12 meses
e/ou complicações crônicas (incluindo pé
diabético de risco avançado)
Conclusão Critério
Pessoa com DM diagnosticado e:
Mau controle metabólico (HbA1c>9) ou
pressórico de múltiplos esforços prévios
Múltiplas internações por com plicações
agudas nos últimos 12 meses
Síndrome arterial aguda há menos de 12
meses – AVC, acidente isquêmico transitório
(AIT), IAM, angina inst´vel, doença arterial
Gestão de Caso periférica (DAP) com intervenção cirúrgica
Complicações crônicas severas – doença
renal estágios 4 e 5, pé diabético de risco
alto, ulcerado ou com necrose ou com
infecção.
Comorbidades severas (câncer, doença
neurológica degenerativa, doenças
metabólicas entre outras)
Risco social – idoso dependente em
instituição de longa permanência; pessoa
com baixo grau de autonomia, incapacidade
de autocuidado, dependência e ausência de
rede de apoio familiar ou social
Fonte: DAB/SAS/MS.

O número de consultas e de atendimento para usuário com DM tipo 2 deve considerar a estratificação de risco apresentada acima.

10. Hipoglicemia

É a diminuição dos níveis glicêmicos, com ou sem sintomas, para valores abaixo de 70mg/dl(AMERICAN DIABETES ASSOCIATION,
2013).
A queda da glicemia leva a sintomas neuroglicopênicos( fome, tontura, fraqueza, dor de cabeça, confusão, coma, convulsão) (CRYER,
2008).

Instruções para o manejo da hipoglicemia:


Paciente Ingerir 10g a 20g de carboidrato de absorção rápida; repetir em 10
a 15minutos, se necessário
Amigo ou Familiar Se a pessoa não conseguir engolir, não forçar. Pode-se colocar
açúcar ou mel embaixo da língua ou entre a gengiva e a bochecha
e leva-lo imediatamente a um serviço de Saúde.
Serviço de Saúde Se existirem sinais de hipoglicemia grave, administrar 25 ml de
glicose a 50% via endovenosa em acesso de grande calibre,com
velocidade de 3 ml/ min e manter veia com glicose a 10% até
recuperar plenamente a consciência ou glicemia maior de 60mg/dl;
manter então esquema oral, observando o paciente enquanto
perdurar o pico da insulina; pacientes que recebem sulfoniureias
devem ser observados por 48h a 72 h para detectar possível
recorrência.

Fontes: BRASIL, 2010; BRASIL 2012.

Leia mais sobre complicações agudas do diabetes no caderno de Atenção Básica nº 28 – volume II.

11. Diabetes e Depressão

A depressão é um sofrimento marcado pela diminuição da autoestima, que acomete pessoas aparentemente saudáveis do ponto de
vista orgânico, mas que está presente em proporção maior nas pessoas doentes, em especial naquelas acometidas de doenças crônicas.
As restrições nutricionais, o uso continuo dos medicamentos, freqüentemente de forma injetável, a frustração pela dificuldade de atingir
a meta de controle, a discriminação no ambiente social e no mercado de trabalho, fragilizam emocionalmente as pessoas diabéticas e
comprometem sua autoestima, abrindo caminho para a depressão.
Duas perguntas que poderão ser realizadas pela equipe de Atenção Básica no rastreamento de possíveis sintomas de depressão. Se
a resposta for sim* para as duas perguntas a pessoa deverá ser investigada para depressão.
1) Durante o último mês, você se sentiu incomodado por estar triste,
desmotivado, deprimido ou sem esperança?
2) Durante o último mês, você se sentiu incomodado por ter pouco
interesse ou prazer em fazer as coisas?
Fonte: AMERICAN DIABETES ASSOCIATION

*Critério diagnóstico: Sim para as duas questões (sensibilidade de 96% a 97% e especificidade de 57% a 67%).

12. Diabetes e Multimorbidade

A presença da multimorbidade pode dificultar a adesão ao tratamento. Um paciente com depressão ou artrose significativa que pode
ter dificuldade em seguir a recomendação de mudança do estilo de vida, por diminuição da motivação no primeiro caso e limitação funcional
no segundo. Como também as medicações prescritas pode ser menor no caso da pessoa que necessita utilizar medicamentos para
diferentes condições (polifarmacia).

As comorbidades frequentes e seu manejo em pessoas com DM estão listadas no


Caderno de Atenção Básica número 36.

13. Pé Diabético

O “Pé Diabético” é uma das complicações mais devastadora do DM, sendo responsável por 50-70% das amputações não traumáticas.
Geralmente a neuropatia diabética atua como fator permissivo para úlceras, devido à insensibilidade. As úlceras complicam-se quando
associadas à Doença Vascular Periférica (DVP) e infecção, as quais colocam o paciente em risco.

Orientações para a promoção do autocuidado de pessoas com DM em relação ao cuidado com os pés:

Avaliar o conhecimento do paciente sobre o diabetes;


Avaliar o conhecimento sobre os cuidados com os pés e as unhas (complicações
agudas e crônicas de fácil identificação);
Avaliar o comportamento do paciente com relação aos seus pés;
Avaliar o cuidado executado pela pessoa;
Avaliar o apoio familiar no cuidado com os pés;
Avaliar as condições dos calçados e das palmilhas.

13.1 CONCEITO

Infecção, ulceração e/ou destruição dos tecidos profundos, associados a anormalidades neurológicas e vários graus de doença
vascular periférica nos membros.

13.2 CLASSIFICAÇÃO

As úlceras no pé da pessoa com DM podem ter um componente isquêmico, neuropático ou misto.


O pé isquêmico caracteriza-se por história de claudicação intermitente, isto é, dor em repouso que piora com exercício ou elevação do
membro superior.
A neuropatia diabética é a complicação mais comum do diabetes e compreende um conjunto de síndromes clínicas que afetam o
sistema nervoso periférico sensitivo, motor e autonômico.
O pé neuropático caracteriza-se por alteração da sensibilidade dos membros inferiores. Como formigamentos, sensação de queimação
que melhora com exercício ou sintomas de diminuição da sensibilidade (GRUPO DE TRABALHO INTERNACIONAL SOBRE PÉ DIABÉTICO,
2001).

13.4 CLASSIFICAÇÃO DE RISCO DE COMPLICAÇÕES


Categoria de Definição Recomendação Acompanhamento*
Risco
0 Sem PSP Sem Orientações Anual, com médico
DAP sobre calçados ou enfermeiro da
apropriados. Atenção Básica.
Estímulo ao
cuidado
1 PSP com ou sem Considerar o uso A cada 3 a 6
deformidade de calçados meses com
adaptados. médico ou
Considerar enfermeiro da
correção cirúrgica Atenção Básica.
caso haja
adaptação
2 DAP com ou sem Considerar o uso A cada 2 a 3
PSP de calçados meses com
adaptados. médico e/ou
Considerar enfermeiro da
necessidade de Atenção Básica.
encaminhamento Avaliar
ao cirurgião encaminhamento
vascular. ao cirurgião
vascular.

3 História de úlcera Considerar o uso A cada 1 a 2


ou amputação de calçados meses com
adaptados. médico e/ou
Considerar enfermeiro da
correção cirúrgica Atenção Básica ou
caso não haja médico
adaptação. especialista.
Se DAP, avaliar a
necessidade de
encaminhamento
ao cirurgião
vascular.
Fonte:Adaptado de BOULTON, 2008.
Nota: PSP= Perda da SensibilidadeProtetora; DAP= Doença Arterial Periférica

13.5 FATORES DE RISCO PARA ÚLCERA NOS PÉS

Durante a consulta de enfermagem, alguns aspectos da história são essenciais para identificação das pessoas de maior risco para
ulceração dos pés.
A ulceração nos pés da pessoa com DM, das quais a neuropatia geralmente é o evento inicial mais importante, levando à formação de
úlceras (SINGH et al., 2005)
A pessoa também deverá ser questionada em relação à presença de sintomas neuropáticos positivos ( dor em queimação ou em
agulhada, sensação de choque) e negativo (dormência, sensação de pé morto), além da presença de sintomas vasculares (claudicação
intermitente).(BOULTON et al., 2008)

FATORES DE RISCO
- Amputação prévia
- Úlcera nos pés no passado
- Neuropatia periférica
- Deformidade nos pés
- Doença vascular periférica
- Nefropatia diabética (especialmente em diálise)
- Mau controle glicêmico
- Tabagismo
Fonte:DAB/SAS/MS

13.6 RASTREAMENTO

1- Uma cuidadosa inspeção dos pés deverá ser realizada em local bem iluminado. O profissional deverá avaliar se os calçados são
apropriados aos pés da pessoa, observando seis características do calçado: estilo, modelo, largura, comprimento, material e costura na parte
interna (PRAZERES, 2009).

2- Exame físico minucioso dos pés dividido em 4 etapas:


- Avaliação da pele;
- Avaliação musculoesquelética;
- Avaliação vascular;
- Avaliação neurológica.

Avaliação da pele: A inspeção da pele deve ser total, incluindo a higiene dos pés e corte das unhas, pele ressecada e/ou descamativa.
Temperatura de todo pé ou parte dele, em relação ao outro, pode indicar doença vascular ou ulceração (AMERICAN DIABETES
ASSOCIATION, 2012).

Avaliação musculoesquelética: A avaliação musculoesquelética inclui deformidades, freqüentemente envolvem os dedos (BOULTON et
al.,2008).
Avaliação vascular: A palpação dos pulsos pedioso e tibial posterior pode ser presente ou ausente. Além do pulso é importante observar a
temperatura, os pelos, o estado da pele e dos músculos (BOULTON, 2008).

13.7 Orientações básicas

Autoexame diário dos pés, se Higiene e secagem diária dos pés,


necessário com espelho ou com especialmente entre os dedos
ajuda
Hidratação dos pés com creme Uso de meias limpas de algodão
hidratante. Não usar entre os dedos que não garroteiam
Corte de unhas reto/lixamento Exercícios com os pés
Calçados fechados e confortáveis Não usar caliciadas, somente pedra
pome ou lixa papel nos calos
Lavar os pés diariamente. Evitar água quente ao lavar os pés.

Não mexer em calos ou unhas Procurar o médico ou enfermeiro


encravadas. em caso de aparecimento de
rachaduras, calos, feridas e
alterações de cor da pele ou
infecções micóticas nas unhas e
dedos.
Calçar apenas sapatos que não lhe Sapatos novos devem ser usados
apertem, de preferência macios. aos poucos. Usar nos primeiros
dias em, por no máximo 2 horas.
Não andar descalço Sempre examinar o interior do
sapato antes de usar.

13.8 EDUCAÇÃO DA PESSOA COM DM PARA PREVENÇÃO DE ULCERAÇÃO NOS PÉS


Educar as pessoas com DM para prevenção de ocorrência de ulcerações nos pés e para estabelecer um cuidado diário adequado dos
membros inferiores é fundamental para evitar internações desnecessárias e amputações.
A- Todas as pessoas com DM e baixo risco de desenvolver úlceras (Categoria 0)
- Cuidados pessoais e orientação para o autoexame do pé;
- Exame diário do pé para identificação de modificações (mudança de cor, edema, dor, parestesias, rachaduras na pele);
- Sapatos (reforçar importância do sapato adequado, que deve se adaptar ao pé, evitar pressão em áreas de apoio ou extremidades ósseas);
- Higiene (lavar e secar cuidadosamente, especialmente nos espaços interdigitais) e hidratação diária dos pés com creme (especialmente se
possui pele seca);
- Cuidados com unhas e os riscos associados com remoção de pele e cutículas;
- Cuidado com traumas externos (animais, prego, pedras nos sapatos etc.);
- Orientar a procurar um profissional de Saúde se perceber alteração de cor, edema ou rachadura na pele, dor ou perda de sensibilidade.

B- Pessoas com DM e Alto risco de desenvolver úlceras nos pés (Categoria 1 ou


- Evitar caminhar descalço;
- Procurar ajuda profissional para manejo de calos, ceratose e ruptura de
continuidade da pele;
- Não utilizar produtos para calos e unhas sem orientação de um profissional de Saúde;
- Lembrar o potencial de queimadura dos pés dormentes, portanto sempre verificar a temperatura da água em banhos, evitar aquecedores
dos pés (bolsa-d´agua quente, cobertores elétricos, fogueira ou lareiras);
C- Pessoa com DM e presença de úlceras (Categoria 3)
- Lembrar que infecções podem ocorrer e progredir rapidamente;
- A detecção e o tratamento precoce de lesões aumentam as chances de um bom desfecho;
- Repouso apropriado do pé/perna doente é fundamental no processo de cura;
- Sinais e sintomas que devem ser observados e comunicados aos profissionais de Saúde envolvidos no cuidado da pessoa: alterações no
tamanho da ulceração e cor da pele (vermelhidão) ao redor da úlcera; marcas azuladas tipo hematomas e/ou escurecimento da pele,
observar tipo de secreção (purulenta ou úmida onde antes era seca), surgimento de novas úlceras ou bolhas nos pés;
- Procurar a UBS imediatamente se perceber mudança no odor dos pés ou da lesão ou se ocorrer edema e/ou sensação de mal-estar (febre,
sintomas tipo resfriado, ou sintomas do diabetes mal controlado).Fonte: DAB/SAS/MS.
Considerando que 99% dos cuidados diários necessários ao tratamento do DM são realizados pela pessoa com DM ou seus
familiares, o maior desafio dos profissionais de Saúde consiste em estabelecer um processo efetivo de educação em Saúde para promoção
do desenvolvimento do autocuidado (SOCIEDADE BRASILEIRA DE DIABETES, 2009).
14. ATIVIDADE FÍSICA PARA PESSOA COM DIABETES MELLITUS

A atividade física regular é fundamental na adoção de hábitos de vida mais saudáveis e no controle do DM. Tanto a atividade física,
quanto o exercício físico aumentam a captação de glicose pelo tecido muscular por mecanismos independentes daqueles mediados pela
insulina.
O exercício físico regular melhora o controle glicêmico, diminui os fatores de risco para doença coronariana, contribui para a perda de
peso, melhora o bem-estar, além de prevenir DM tipo 2 em indivíduos de alto risco.

15. O PAPEL DA EQUIPE DE ATENÇÃO BÁSICA NA SAÚDE BUCAL


O cuidado em Saúde Bucal de pessoas com DM do tipo 1 ou 2 é papel de toda equipe de Atenção Básica (AB). É importante que haja
um trabalho integrado entre a equipe de Saúde Bucal com toda equipe de AB para possibilitar uma atenção adequada às pessoas,
contribuindo para a manutenção de sua saúde e bem-estar.
O acesso facilitado para o cuidado odontológico das pessoas com DM deve ser considerado. A presença de infecções, como a doença
periodontal, leva ao estimulo da resposta inflamatória, que aumenta a resistência dos tecidos à insulina, o que provoca a piora do controle
glicêmico (VERNILLO,2003). As queixas mais comuns na doença periodontal são o sangramento gengival, o afrouxamento e a perda
espontânea de dentes e a própria halitose.
Pessoa com DM deve se alimentar normalmente antes do tratamento odontológico (SOUSA et al., 2003; ASSOCIACIÓN DENTAL
MEXICANA, 1999).
O controle da ansiedade é outro cuidado importante. A liberação de adrenalina endógena por estresse pode ter um efeito sobre a ação da
insulina e estimular a quebra do glicogênio no músculo e, em menor medida, no fígado levando a hiperglicemia (VERNILLO, 2003).

Leia mais sobre cuidado bucal na pessoa com DM no caderno de Atenção Básica nº 38 – paginas 137 a 144.

16. GRUPOS EDUCATIVOS

As atividades educativas em grupo podem ser integradas ao atendimento clinico por meio de consultas em grupo, na qual se atende
pacientes previamente convidados (em geral de 10-20), todos com a mesma condição crônica (ex: diabetes). Os profissionais responsáveis
devem revisar previamente o prontuário dos pacientes ou ter fácil acesso às informações clínicas, como comorbidades, necessidades de
novos exames de controle e medicações em uso. Na própria consulta em grupo, são aferidos o peso, a glicemia capilar e a pressão arterial,
solicitados os exames necessários e renovadas as receitas. Ao final, é oferecido espaço para atendimento individual que se mostrar
necessário.
Além de otimizar o tempo de atendimento e possibilitar maior atenção às mudanças de estilo de vida (MEV), essa modalidade de
consulta está associada à redução da HbA1c, menor número de idas às emergências, menos encaminhamentos a especialistas, menos
internações hospitalares e maior satisfação. Entretanto, a participação não pode ser obrigatória. Para os pacientes que assim desejarem (ou
necessitarem), deve ser oferecidas consultas individuais.
ANEXO I

ESCORE DE FRAMINGHAM
ANEXO II
ANEXO III

DISTRIBUIÇÃO E REUTILIZAÇÃO DE SERINGAS NA INSULINOTERAPIA


DOMICILIAR DE PESSOAS COM DIABETES

Padronização da Seringa

Descrição:

Para adultos

Seringa descartável de 1ml, com agulha fixa de 13 x 3,3 mm, empolipropileno, estéril. Graduada em 100 unidades, escala de duas em
duasunidades. A seringa não deverá possuir espaço morto e deverá ter êmbolo decorte reto garantindo a precisão na dosagem. Embalagem
individual estéril, comdados de identificação e procedência, data e tipo da esterilização e tempo devalidade.

Para crianças ou indivíduos com IMC que necessite agulha mais


curta (IMC < 25 Kg/m 2)

Seringa descartável de 0,5 ml, com agulha fixa de 8,0 x 0,3 mm, empolipropileno, estéril. Graduada em 50 unidades, escala de uma em
umaunidade. A seringa não deverá possuir espaço morto e deverá ter êmbolo decorte reto garantindo arecisão na dosagem. Embalagem
individual estéril, comdados de identificação e procedência, data e tipo da esterilização e tempo devalidade.

Justificativas:

A ausência de espaço morto proporciona uma economia de 5 unidades deinsulina por aplicação, além de garantir a dose correta na
mistura.

Agulha mais fina, portanto menos dor.

Menor manipulação, portanto menor risco de contaminação.


Graduação padronizada em unidades de insulina, portanto menorprobabilidade de erro na aplicação da dose prescrita.

Comercializada por mais de uma empresa, o que propicia opções noprocesso de compras.

Aplicação de Insulina

As pessoas que necessitam de insulinoterapia deverão ser capazes de desenvolver habilidades para a auto-aplicação mediante processo
educativo.

Na identificação de qualquer dificuldade par o desempenho da auto-aplicação,


deve-se solicitar a presença de um familiar para proceder aos
encaminhamentos pertinentes.

Antes de cada aplicação, as mãos e o local de aplicação devem ser cuidadosamente limpos. A tampa do frasco deve ser limpa com álcool.
Para a insulina NPH, o frasco deve ser suavemente friccionado na palma das mãos. Na mistura das insulinas NPH e Regular (R), a insulina
Regular deve ser aspirada primeiro.

A insulina deve ser aplicada no tecido subcutâneo, por meio de uma prega na pele e posiciona a agulha em ângulo de 90º

A aspiração e aplicação deverão ser realizadas com o mesmo conjunto de seringa e agulha.

Em relação ao rodízio recomenda-se esgotar as possibilidades de aplicação


em uma mesma região antes de iniciar em outra.

As características da insulina devem ser observadas sempre. Na presença de


qualquer alteração (na cor, grumos, dentre outros), não deverá ser utilizada e trocá-la na Unidade de Saúde.

A insulina em uso, após aberta deverá ser mantida em local refrigerado de 2 a


8º C ou em temperatura ambiente, evitando as temperaturas extremas e
exposição ao sol.

Destaca-se orientar sobre a relação entre a ação da insulina, atividade física ,


dieta e local de aplicação .

Observar locais de aplicação (vermelhidão, calor, dor, caroço, depressão e orientarpaciente a procurar serviço de enfermagem.

Descarte da Seringa

Orientar que o descarte da seringa não deve ser feito em lixo comum . Colocar
conjunto de seringas/agulhas e lancetas utilizadas em frasco rígido e levarpara unidade de saúde para descarte adequado

As seringas devem ser de uso pessoal, pelo risco de contaminação com vírus ,
como os da hepatite e/ou imunodeficiência adquirida (HIV)

Locais de Aplicação X Ordem Decrescente de Absorção

Abdômen > Braços (Externa e Superior) >Glúteo > Coxas (Anterior e Lateral)
(desconsiderando atividade física)

Técnica de Reutilização e Número de Aplicações

Quatro (4) aplicações/seringa com agulha fixa sem mistura de insulina, pois a frequência de reutilização encontrada na literatura foi de
4 a 7 aplicações, com risco mínimo de contaminação e preservando a agulha em condições favoráveis.
Para os pacientes que utilizam mistura recomendaremos reutilização de 2 vezes.
Após a aplicação reencapar a agulha com cuidado e guardar em geladeira junto com a insulina. Na falta de geladeira deixar o frasco
de insulina e seringa em local fresco. Exemplo: ao lado do filtro de água sem receber calor ou luz solar Não ferver, não lavar com água
ou álcool, e não passar algodão com álcool no conjunto seringa e agulha.

Reutilização da seringa deverá ser sempre pelo mesmo


paciente e no domicílio
.
Para a reutilização, devem ser ainda considerados os seguintes aspectos:
ausência de ferida aberta nas mãos, infecções de pele no local da aplicação
que o diabético tenha destreza manual
ausência de tremores
boa acuidade visual
capaz de reencapar a agulha com segurança .

O Fornecimento de seringas de insulina conforme o número de aplicações diárias está disponível no Caderno de Atenção Básica n 36.

ARMAZENAMENTO DE INSULINA

A conservação e o armazenamento das insulinas em frascos devem ser realizados conforme as recomendações do fabricante:
O frasco de insulina fechado deve ser armazenado sob refrigeração entre à 2 a 8 graus, o mais longe possível do congelador.
A porta do refrigerador deve ser evitada.
Os frascos de insulinas abertos ou fechados também podem ser armazenados em temperaturas entre 15 a 30 graus.
Os frascos devem ser utilizados por um período de um mês
As insulinas preparadas com antecedência em seringas, seja insulina única ou misturada devem ser mantidas no refrigerador em
posição horizontal,com as agulhas voltadas para cima e devem ser aplicadas em 30 dias
Desprezar os frascos de insulina que apresentarem mudança de cor
Não utilizar recipiente com isopor dentro do refrigerador.
Durante as viagens a insulina deve ser transportada em recipiente de isopor, sem o contato com gelo.
Os fracos de insulina também devem ser protegidos de temperaturas elevadas e da exposição a luz solar
ANEXO IV

Dez passos para uma alimentação saudável para pessoas com DM

1- Realize 5 a 6 refeições diárias, evitando “beliscar” alimentos entre as


refeições e permanecer longos períodos sem se alimentar.
2- Evite o consumo de alimentos ricos em açúcar, como doces, sorvetes,
biscoitos recheados, sucos em pó e balas, preferindo aqueles sem
açúcar como os diet, zero ou light. Utilize adoçante em substituição ao
açúcar, em quantidades moderadas! Leia os rótulos dos alimentos para
verificar se eles possuem açúcar.
3- Evite o consumo excessivo de alimentos ricos em carboidratos
complexos como pães, bolos, biscoitos, arroz, macarrão, angu,
mandioca, cará, batata e farinhas, preferindo os integrais. O ideal é
consumir seis porções diárias (uma porção=1 pão francês ou 2 fatias de
pão de forma ou 4 colheres de sopa de arroz.
4- Consuma diariamente verduras (alface, almeirão, couve etc.) e legumes
(cenoura, pepino, tomate, abobrinha etc.), preferencialmente crus.
Recomenda-se ingerir, pelo menos, três porções diárias (uma porção
de verduras=3 colheres de sopa; e de legumes=2 colheres de sopa).
Lembre-se: legumes como batata, mandioca e cará não são
recomendados.
5- Consuma frutas diariamente. O ideal são três porções diárias (uma
porção=1 maçã média ou 1 banana ou 1 fatia média de mamão ou 1
laranja média). Para evitar o aumento da glicemia, prefira consumir as
frutas acompanhadas com leite, aveia, linhaça, granola diet ou como
sobremesa após as refeições, sendo preferencialmente com casca ou
bagaço, por possuírem maiores quantidades de fibras.
6- Evite consumir alimentos ricos em sal como embutidos (presunto,
salame, salsicha), temperos prontos (caldo de carnes e de legumes) e
alimentos industrializados (azeitonas, enlatados, chips, sopa e molhos
prontos etc.). Prefira temperos naturais como alho e ervas aromáticas.
Use pouco sal para cozinhar.
7- Diminua o consumo de alimentos ricos em gorduras (frituras; carnes
como pernil, picanha, maçã de peito, costela, asa de frango, lingüiça,
suã etc.; leite integral; queijos amarelos; salgados e manteiga). Prefira
leite semidesnatado ou desnatado e carne magra (músculo, acém,
lombo etc.).
8- Consuma peixe, assados e cozidos pelo menos, uma vez por semana.
9- Reduza a quantidade de óleo utilizado na preparação dos alimentos e
evite o uso de banha de porco. Prefira alimentos cozidos, assados e
preparados com pouco óleo.
10-Pratique atividade física regularmente, sob a supervisão de um
profissional capacitado, mas realize um lanche 30 minutos antes para
ter energia suficiente para realizar o exercício!
Fonte: Universidade Federal de Minas Gerais. Centro Colaborador de Alimentação e Nutrição Sudeste II.
Referencias Bibliográficas

1. Caderno de Atenção Básica nº 36 - Estratégias para o cuidado da pessoa com Doenças Crônicas Diabetes Mellitus - 2013 - do
Ministério da Saúde

2. Caderno de Atenção Básica nº 12 – Obesidade do Ministério da Saúde – 2006 – do Ministério da Saúde

3. Protocolo de Atendimento em Hipertensão e Diabetes - do Município de Ribeirão Preto - 2011

4 . Caderno de Atenção Básica nº 37 – Estratégias para o cuidado da pessoa com Doenças Crônica Hipertensão Arterial Sistêmica
– 2013 - do Ministério da Saúde

5. Protocolos de Enfermagem na Atenção Primária à saúde do Município do Rio de Janeiro - 2012

6. Guia de Referência Rápida Diabetes Mellitus – Município do Rio de Janeiro – 2013

7. Guia de Referência Rápida Hipertensão em Adultos – Município do Rio de Janeiro - 2013


TABAGISMO

EPIDEMIOLOGIA E QUADRO CLÍNICO

 30% dos brasileiros maiores de dezesseis anos fumam e representa trinta milhões de pessoas.

 Metade dos fumantes morre de doenças diretamente causadas pelo tabaco.

 A diminuição da expectativa de vida é de 8 a 10 anos, mas um quarto dos fumantes perde 23 anos de vida, em média.

 Os principais riscos à saúde dos fumantes são as doenças cardiovasculares, os cânceres de pulmão, outras doenças pulmonares,
como a bronquite e o enfisema, e outros tipos de câncer (boca, faringe, laringe, esôfago, pâncreas, rins, bexiga e colo de útero).

 Úlceras pépticas e osteoporose também são mais freqüentes entre tabagistas.

 A maioria dos tabagistas começa a fumar antes dos 18 anos.

 90% dos fumantes têm dificuldade de fumar menos do que 12 cigarros por dia.

 A droga que causa a dependência do tabaco é a nicotina, que é absorvida através dos pulmões e atinge o cérebro em oito segundos.

 O efeito estimulante da nicotina reforça o seu uso, e o desenvolvimento de tolerância ocorre rapidamente, levando ao aumento da
dose e ao estabelecimento do uso regular.

 Mais da metade dos fumantes apresenta sintomas de abstinência.


 Esta síndrome se instala nas primeiras horas sem cigarros, aumentando nos primeiros dias e regride lentamente em algumas
semanas.

 É caracterizada por inquietação, irritabilidade, ansiedade, sintomas depressivos, dificuldade de manter o alerta e a concentração,
sonolência diurna, insônia, aumento de apetite e do peso.

 Fumar mais de um maço por dia e fumar o primeiro cigarro menos de trinta minutos depois de acordar indicam risco de síndrome de
abstinência intensa.

DIAGNÓSTICO

O diagnóstico do tabagismo é simples e inicia-se com a investigação do consumo de tabaco:

_ Você fuma?

_ Quanto?

_ Já tentou parar de fumar?

_ Que aconteceu?

_ Está interessado em parar de fumar?

Recomende parar, ressaltando informações relevantes para cada paciente.


TRATAMENTO

Todo fumante deve ser identificado e abordado sobre o interesse em parar de fumar em cada consulta. Mesmo a intervenção curta,
três minutos em cada consulta, pode ser eficiente. Quanto mais intenso, porém mais efetivo o tratamento. Os principais componentes são:
suporte social, treinamento de habilidades, reposição de nicotina e uso de bupropiona. A associação entre estes dois medicamentos não é
habitual.

Etapas no aconselhamento:

Ajude o paciente a se preparar para largar o cigarro;

Marque uma data, de preferência dentro de duas semanas;

Aconselhe a retirada do cigarro de casa, do local de trabalho, do carro;

Oriente-o a evitar fumar nesses lugares;

Reveja tentativas anteriores, o que ajudou e o que contribuiu para a recaída;

Antecipe dificuldades e ajude-o a preparar-se para elas

As recaídas do tabagismo ocorrem principalmente nas seguintes situações:

Emoções negativas, como ansiedade, tristeza, irritação, tédio;

Pressão para trabalhar rápido;


Presença de outros fumantes;

Uso de álcool.

Oriente o paciente de que mesmo uma tragada eventual, o uso de álcool ou a presença de outros fumantes em casa facilitam a recaída.

ACOMPANHAMENTO

Continue acompanhando o paciente. Marque um retorno na primeira semana depois do abandono do cigarro e outro ainda no primeiro mês
de abstinência. Congratule o paciente pelo sucesso. Se ocorrer algum lapso, encare-o como uma oportunidade de aprendizado. Investigue o
que houve e sugira meios de enfrentar a situação. Recomende abstinência completa novamente. Discuta problemas como ganho de peso,
depressão ou falta de apoio.

REPOSIÇÃO DE NICOTINA:

Visa permitir a diminuição gradual da concentração sérica de nicotina após o abandono do cigarro. Com isso, os sintomas de
abstinência são atenuados e a adaptação à retirada do tabaco torna-se mais fácil. Apesar da pouca informação sobre sua efetividade em
fumantes que consomem menos do que 10 -15 cigarros/dia recomenda-se que seja oferecida a todo aquele que cogite parar de fumar. Os
insucessos com reposição de nicotina devem-se ao seu uso incorreto. Por isso, os pacientes devem ser cuidadosamente instruídos.
As contraindicações à reposição de nicotina: presença de gravidez e de doenças cardiovasculares, como arritmias graves, angina
instável e infarto do miocárdio há menos de 4 semanas.
Existem duas formas de reposição de nicotina no Brasil: gomas de mascar e sistemas transdérmicos:
NICOTINA

É uma goma de mascar e cada unidade contém 2 mg de nicotina. De preferência, deve ser usada a intervalos regulares, e não apenas
quando houver vontade de fumar. A dose normalmente se situa entre 10 e 12 unidades por dia, consumidas a cada uma ou duas horas. A
dose diária total não deve exceder 24 unidades de 2 mg. A principal instrução para os pacientes usando a goma de mascar são é não fumar
enquanto estiverem usando a goma;

Técnica de mascar: mascar a goma lentamente, até notar um sabor picante. Então, “estacioná-la” entre a bochecha e a gengiva para facilitar
a absorção de nicotina através da mucosa oral. Continuar a mascar e estacionar a goma lenta e intermitentemente por cerca de 30 minutos;

Absorção: bebidas ácidas (café, sucos, refrigerantes) interferem com a absorção bucal de nicotina. Evitar comer ou beber qualquer coisa por
quinze minutos antes e também durante o uso da goma;

Adequação da dose: Freqüentemente, os pacientes não usam goma suficiente para obter o máximo benefício: mascam poucas unidades
por dia, e não usam a goma por tempo suficiente. O uso de uma dose fixa (pelo menos uma unidade a cada 1-2 horas) por pelos menos 3
meses pode trazer benefícios maiores do que o uso ad libitum. Depois desse período, a dose normalmente pode ser reduzida gradualmente.

SISTEMAS TRANSDÉRMICOS:

Adesivos que liberam 21, 14 e 7 mg de nicotina em 24 horas. Tipicamente, a primeira aplicação é feita logo pela manhã do primeiro dia
sem cigarro. O produto deve ser aplicado no tronco ou na região superior do braço, sobre uma área de pele saudável e relativamente sem
pêlos. O paciente deve desengordurar o sítio de aplicação, cuidar para que não se forme uma bolha de ar entre o adesivo e a pele e
comprimir o adesivo com a palma da mão por cerca de 30 segundos depois de colocá-lo. Recomenda-se trocar o local de aplicação a cada
dia, para evitar a irritação da pele. A dose é diminuída a cada três ou quatro semanas pelo uso de adesivos progressivamente menores. Os
discos não devem ser cortados. Períodos de 6 a 8 semanas podem ser eficientes, não havendo evidências de que tratamentos mais longos
sejam mais vantajosos. No caso de pacientes mais intensamente dependentes – principalmente aqueles que fumam mais de 20 cigarros por
dia -, pode ser conveniente empregar-se doses mais altas do que 1mg de nicotina por dia.

Efeitos colaterais: Os principais efeitos colaterais da reposição da nicotina são relacionados à forma de uso. Com a goma, são comuns
sintomas como irritação da mucosa oral, dor da articulação têmporo-mandibular, dispepsia e soluços.
Com os sistemas transdérmicos, 30% a 50% dos pacientes apresentam irritação da pele no sítio de aplicação. Caso isso não melhore
com um rodízio mais longo desses locais, pode-se recorrer a um corticoesteróide de ação tópica (por exemplo, creme de hidrocortisona a
5%). A interrupção do tratamento é necessária em apenas 5% dos casos.

BUPROPIONA:

Desenvolvida para o tratamento da depressão, a bupropiona aumenta a disponibilidade sináptica de dopamina e de noradrenalina.
Quando comparada a placebo, praticamente duplica as chances de sucesso no tratamento do tabagismo. A bupropiona é formulada em
comprimidos de liberação lenta com 150 mg. Seu uso é iniciado de uma a duas semanas antes do abandono dos cigarros: um comprimido
pela manhã, nos primeiros quatro dias. No quinto dia, acrescenta-se outro comprimido, oito horas depois do primeiro. O uso de bupropiona
pode ser vantajoso para pacientes preocupados com a possibilidade de ganhar peso ou portadores de depressão. Os efeitos colaterais são
geralmente leves e transitórios. Os mais comuns são inquietação, insônia, boca seca e náusea. Na dose de 300 mg empregada no
tratamento do tabagismo, o risco de convulsões é menor do que 0,5%. A bupropiona está contraindicada para os portadores de epilepsia, de
condições que aumentem o risco de convulsões (como antecedente de traumatismo cranioencefálico grave ou retirada recente do álcool), de
portadores de bulimia ou anorexia nervosa em associação aos inibidores da monoaminooxidase.
O Coren-RJ junto com o governo do Estado do Rio de Janeiro e a Região Metropolitana II visando
a melhoria da qualidade da assistência no SUS integra esta obra aos anis dos Projetos Especiais
Coren-RJ.
Gestão 2015-2017.

Você também pode gostar