Fichamento 5 RAMOS Reforma Da Educação Profissional Otavio
Fichamento 5 RAMOS Reforma Da Educação Profissional Otavio
Fichamento 5 RAMOS Reforma Da Educação Profissional Otavio
Referência:
RAMOS, M. N. Reforma da Educação Profissional: contradições na disputa por hegemonia
no regime de acumulação flexível. Trabalho, Educação e Saúde, Rio de Janeiro, v. 5, n. 3, p.
545-556, nov. 2007. /fev. 2008.
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Ramos relembra que um dos compromissos da campanha do candidato à presidência
Lula era a revogação do Decreto nº 2.208/97, mas que esta medida não foi tomada de
imediato. Isso porque houve uma união entre representantes de setores públicos e setores
privados defendendo a manutenção do decreto, apontando entre as razões para isso a
flexibilidade da oferta de educação profissional. Não obstante, foi promulgado em 2004 o
Decreto nº 5.154, que incorpora os níveis de formação profissional criados pelo decreto
anterior, mas viabiliza a integração da formação profissional ao ensino médio (RAMOS,
2008, p. 549). A autora destaca que esta proposta de integração da educação profissional ao
ensino médio não se confunde com o projeto de escola unitária e educação politécnica, mas
contém elementos destas e pode ser uma condição social necessária para sua construção (ibid.
550).
A autora aponta que a forma integrada da oferta do ensino médio com a educação
profissional segue algumas diretrizes: “integração de conhecimentos gerais e específicos;
construção do conhecimento pela mediação do trabalho, da ciência e da cultura; utopia de
superar a dominação dos trabalhadores e construir a emancipação – formação de dirigentes”
(ibid. p. 551). Destaca ainda que no ensino médio “a relação entre ciência e práticas
produtivas se evidencia”, sendo “a etapa biopsicológica e social de seus estudantes em que
ocorrem o planejamento e a necessidade de inserção no mundo do trabalho” (ibid., p. 551).
Sobre a graduação tecnológica, Ramos entende que o tema não foi debatido
adequadamente e critica a expansão “brutal” e “vertiginosa” de cursos superiores de
tecnologia nas esferas pública e privada, estendendo ao nível superior a dualidade educacional
verificada em outros níveis de educação. Sobre isso, a autora chama atenção para o risco de
“dar respaldo à tendência de se consolidar a educação profissional como uma modalidade
educacional própria, específica e paralela à educação regular, em todos os níveis da educação
nacional” (ibid. p. 551). Ramos destaca que, diferentemente da educação superior das
universidades, nos institutos federais há um peso histórico do comprometimento destes
projetos ao capital e ao mercado de trabalho. Destaca uma concepção utilitarista da ciência e
tecnologia, em que a formação é vinculada às demandas econômicas e em que se negligencia
a formação omnilateral e politécnica, “rejeitando-se, em termos relativos, a oferta do ensino
médio integrado, em nome da oferta de cursos superiores de tecnologia e de licenciaturas,
numa perspectiva expansionista” (ibid. p. 552).
A autora encerra a seção destacando como tema central a mediação estratégica dessas
instituições na publicização da ciência, da tecnologia e da produção social de bens para
atender as necessidades humanas, sendo que isso “exige superar a histórica subsunção do
Estado à dinâmica do capital (ibid., p. 552).
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Uma educação que recupere o conhecimento científico como mediação da formação
omnilateral e politécnica
Ramos inicia esta seção avaliando que, embora as mudanças no mundo do trabalho
exijam a ampliação da educação básica com qualidade, “fundada no domínio
técnico-intelectual enquanto relação entre conhecimentos e competências cognitivas
complexas”, o que tem sido oferecido à classe trabalhadora “se resume à reprodução do
conhecimento tácito” (RAMOS, 2008, p. 552). A autora discorre sobre a forma como os
processos educativos estão direcionados ao desenvolvimento de competências ligadas à
flexibilidade do trabalho e da produção. Nesse sentido, a autora discute o vínculo entre
educação e controle simbólico, que estaria a serviço de uma conformação da personalidade e
da consciência dos trabalhadores.
Considerações
As discussões apresentadas têm profunda relação com o texto O Moderno Príncipe
Industrial: o pensamento pedagógico da Confederação Nacional da Indústria, de José
Rodrigues (1998), que retrata a forma como a Confederação Nacional da Indústria, por meio
entidades por ela controladas, contribui para a formação profissional dos trabalhadores e pela
conformação social dos mesmos, numa busca pela conciliação de classes.
REFERÊNCIAS