Vinhaça - TCC
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RESUMO: Este artigo é uma revisão bibliográfica a respeito de um tema muito discutido e
polêmico nos dias de hoje. A vinhaça pode ser utilizada como irrigação na plantação de cana-de-
açúcar? Quais são os benefícios e malefícios deste subproduto da cana, na produção do etanol, junto
à natureza? O objetivo principal desta pesquisa é apontar o alto índice de poluição do solo e subsolo
onde é descartada a vinhaça na região em estudo. Desta forma, pretende-se conscientizar os
produtores de cana-de-açúcar a respeito da alta periculosidade de contaminação por meio do
produto apontado. Quanto aos objetivos específicos, procuram-se demonstrar os caminhos
percorridos pelo descarte desta vinhaça da indústria até o seu descarte nas lavouras de cana-de-
açúcar na região. Averiguar o principal plano de manejo para o descarte deste produto final por
parte das usinas. Apontar as principais consequências deste subproduto do etanol, ao tocar o solo,
onde é despejado, como se fosse uma fonte natural de irrigação das lavouras de cana. Apontar as
principais doenças aos seres humanos advindas do manejo irregular do descarte do produto junto à
natureza. Quanto à metodologia adotada neste estudo, tem-se a pesquisa bibliográfica como a
principal linha de informação, debate e aprofundamento a respeito do assunto em estudo. Esse
método possibilita um aprofundamento tanto exploratório quanto analítico acerca de um objeto
delimitado geográfica e temporalmente. Alia, ao percurso interpretativo, teorias, práticas ou
experiências adquiridas pelos pesquisadores; permite aprofundamento na investigação empírica;
apresenta procedimentos metodológicos flexíveis; e pode utilizar técnicas da pesquisa histórica, da
análise de documentos, de observações e pesquisas complementares, tais como artigos, revistas e
livros, que retratam o tema em debate.
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Advogado – OAB/GO; Mestrando em Direito da Saúde: dimensões individuais e coletivas, pelo Instituto de Educação
Superior Santa Cecília – UNISANTA. E-mail: marcelito.fialho@bol.com.br
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Mestranda em Direito da Saúde: dimensões individuais e coletivas - Universidade Santa Cecília - Santos/SP
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Advogada Autônoma – OAB/SP. Funcionária Pública Estadual – Executivo Público I no Departamento Regional de
Saúde de Bauru – DRS VI. Mestranda em Direito da Saúde: dimensões individuais e coletivas pelo Instituto de
Educação Superior Santa Cecília – UNISANTA – Santos/SP – Bolsista CAPES - PROSUP. Especializanda em Saúde
Pública: política, planejamento e gestão pela UNIDERP – Educação à distância. Graduanda em Ciências Sociais pela
Universidade Júlio de Mesquita Filho – Faculdade de Filosofia e Ciências – UNESP de Marília/SP. Especialista em
Gestão Pública pela Universidade Estadual de Ponta Grossa – UEPG. Especialista em Direito Civil e Processual Civil
pela Faculdade Anhanguera de Bauru/SP. Graduada em Relações Internacionais pelo Instituto de Ensino Superior de
Bauru – IESB. Graduada em Direito pelo Instituto de Ensino Superior de Bauru – IESB. E-mail:
kpr.adv2010@gmail.com
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Advogado – OAB/SP; Docente; Mestrando em Direito da Saúde: dimensões individuais e coletivas, pelo Instituto de
Educação Superior Santa Cecília – UNISANTA. E-mail: oncadvocacia@gmail.com
5 Advogada Autônoma. Mestranda em Direito da Saúde: dimensões individuais e coletivas pelo Instituto de Educação
Superior Santa Cecília – UNISANTA – Santos/SP. E-mail: mvillarf62@gmail.com
Edição 17 – Março de 2019
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1 INTRODUÇÃO
Este artigo é uma pesquisa bibliográfica que busca apontar os principais prejuízos
ambientais que vêm ocorrendo, nas últimas décadas, nas adjacências entre as cidades de
Quirinópolis, Paranaiguara e Gouvelândia, cidades localizadas na Região Sudoeste goiana, no
Estado de Goiás. Nestas localidades há uma intensa atividade agroaçucareira e os manejos com os
dejetos produzidos por meio da produção de álcool, a denominada vinhaça, tornou-se uma
verdadeira fonte de poluição ambiental na região em estudo.
De acordo com Paulino et al., (2002), o vinhoto também conhecido como vinhaça,
tiborna ou restilo é o resíduo pastoso e malcheiroso que sobra após a destilação fracionada do caldo
de cana-de-açúcar (garapa) fermentado para a obtenção do etanol (álcool etílico). Para cada litro de
álcool produzido, 10 a 15 litros de vinhoto são produzidos. É um volume desproporcional de
rejeitos produzidos por litro de etanol, diariamente, levados aos postos de combustíveis no país,
para atender aos consumidores.
Atualmente, com a grande demanda por combustíveis renováveis, como o etanol, as
atividades se tornaram cada vez mais intensas e lucrativas para as usinas de açúcar e álcool na
região.
A vinhaça é um resíduo altamente poluente e muito mais agressivo ao meio ambiente
que o esgoto sanitário doméstico, por exemplo. Quando essa substância é jogada no solo, atinge os
rios e o lençol freático e constitui uma séria de fonte de poluição incalculável para os seres
humanos, fauna e flora. A vinhaça ou vinhoto pode ser aproveitado como fertilizante e na produção
de biogás ou na pecuária como complemento de alto teor protéico da ração animal. O tratamento
adequado dado a esse subproduto do caldo de cana-de-açúcar poderá virar aliado do homem, pois
poderá ser aproveitado como substrato para a criação de gado, adubo da terra e irrigação de pastos e
da própria plantação de cana.
Em contrapartida, se a vinhaça não obtiver um tratamento adequado da usina produtora
de etanol, poderá trazer uma série de prejuízos à natureza. A vinhaça da cana-de-açúcar, em contato
com o solo, poderá contaminar rios, riachos e o lençol freático. Essa é uma preocupação constante
por parte de estudiosos nas áreas de química, física e biológica de uma Universidade presente na
região em estudo. Além dos estudiosos na área das ciências exatas e biológicas, também há um
acompanhamento por parte de estudiosos na área do Direito Ambiental e do Direito da Saúde.
Estes, por sinal, procuram analisar os problemas apresentados atualmente e compará-los com o
dispositivo constitucional que vem para proteger a natureza de todas as formas de ataques que
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causem malefícios ao meio ambiente. Será que as usinas atendem a legislação Pátria? Esse é um
trabalho de investigação por parte do estudioso na área jurídica. Ao detectar o malefício trazido à
tona, por parte daqueles que não respeitam as leis da República, deverão prestar esclarecimentos
junto ao Poder Público.
O objetivo principal desta pesquisa é apontar o alto índice de poluição do solo e subsolo
onde é descartada a vinhaça na região em estudo. Desta forma, pretende-se conscientizar os
produtores de cana-de-açúcar a respeito da alta periculosidade de contaminação por meio do
produto apontado. Quanto aos objetivos específicos, procuram-se demonstrar os caminhos
percorridos pelo descarte desta vinhaça da indústria até o seu descarte nas lavouras de cana-de-
açúcar na região. Averiguar o principal plano de manejo para o descarte deste produto final por
parte das usinas. Apontar as principais consequências deste subproduto do etanol, ao tocar o solo,
onde é despejado, como se fosse uma fonte natural de irrigação das lavouras de cana. Apontar as
principais doenças aos seres humanos advindas do manejo irregular do descarte do produto junto à
natureza.
Quanto à metodologia adotada neste estudo, tem-se a pesquisa bibliográfica como a
principal linha de informação, debate e aprofundamento a respeito do assunto em estudo. Esse
método possibilita um aprofundamento tanto exploratório quanto analítico acerca de um objeto
delimitado geográfica e temporalmente. Alia, ao percurso interpretativo, teorias, práticas ou
experiências adquiridas pelos pesquisadores; permite aprofundamento na investigação empírica;
apresenta procedimentos metodológicos flexíveis; e pode utilizar técnicas da pesquisa histórica, da
análise de documentos, de observações e pesquisas complementares, tais como artigos, revistas e
livros, que retratam o tema em debate.
Fonte: https://www.todamateria.com.br/aquifero-guarani/
Para o caso in concreto, no estudo em tela, o reservatório de água doce passa pelo
Triângulo Mineiro (no Estado de Minas Gerais) e atinge todo o Sudoeste goiano, local da nossa
pesquisa. Então, pela imagem do mapa acima, pode-se perceber o quanto é importante e abrangente
o manancial de água doce e a importância dela para a população local. Se houver contaminação do
subsolo nesta região, haverá muitos prejuízos para os seres humanos e animais que sobrevivem
desta reserva natural de água potável. Daí a importância da “vigília” constante dos pesquisadores e
parte do Poder Público para impedir a possível contaminação deste grande reservatório de água
doce em nosso continente. As pesquisas são as chaves fundamentais para observação e constatação
dos fatos. Havendo qualquer irregularidade, cabe aos pesquisadores e observadores fazerem a
denúncia aos órgãos públicos responsáveis, tais como o Ministério Público Estadual ou Federal.
O vinhoto é produzido durante toda a safra canavieira, que em geral vai de maio a
dezembro. Atualmente, as empresas utilizam canais (sistema de um canal principal ou
mestre, de onde o vinhoto é distribuído a outros canais, denominados secundários, a partir
dos quais é aplicado) ou caminhões tanques para conduzir o líquido em pontos
convenientes, onde, por meio do método de aspersão, utilizando motores elétricos ou a
diesel, é aplicado nos canaviais como fertilizante. (MARQUES, 2013, p.07).
a) Fator de poluição dos cursos d’água, a vinhaça possui ação redutora extremamente alta
exigindo, consequentemente, uma elevadíssima taxa de oxigênio para se estabelecer;
b) Como fator ictiológico, a vinhaça apresenta alta nocividade aos grandes animais
aquáticos; dizima a fauna de água doce; afugenta a fauna marítima que procura a costa
brasileira para o fenômeno fisiológico da desova; destrói os peixes larvófagos, causando
desequilíbrio biológico dos rios; acaba com os seres da microflora e micro-fauna que
formam os plânctons dos rios; mata as plantas aquáticas de vida submersa e flutuante;
c) Como fator de insalubridade, a vinhaça ocasiona poluição dos cursos d’água; produz
mau cheiro; possui DBO superior a 20000 mg l-1, tornando as águas nas quais é lançada
impróprias para o consumo, confere a água cheiro e gosto desagradáveis, turgidez elevada,
cor anormal e alta taxa de resíduos, agrava o problema de doenças endêmicas e aumenta a
proliferação de insetos;
A vinhaça apresenta grandes riscos à natureza, em especial aos rios e represas de água
(hidrelétricas), quando utilizada de forma inadequada, pois possui DBO (Demanda Bioquímica de
Oxigênio) muito alta, causando desoxigenação dos rios. Essa é uma das preocupações dos
ambientalistas quando se deparam com a aplicação de vinhaça nas plantações de cana-de-açúcar.
Além das poluições apresentas por Schultz (2009), há também outra forma de poluição, que é o
aparecimento de moscas que são alimentadas pela vinhaça. No local onde é armazenada (a vinhaça),
aparecem milhares de insetos e estes se espalham pela região. Onde há criação de gado de corte ou
de vacas leiteiras há uma série de prejuízos aos criadores, pois as moscas sugam o sangue dos
animais, diminuindo a produção de leite e deixando o gado anêmico.
De acordo Barros7 et al. (2010), afirma:
Como se pode observar nas falas do autor acima, produzir energia limpa ainda é um
grande desafio. Mesmo o etanol sendo considerado energia renovável, ainda produz muito lixo
orgânico e inorgânico. Como foi dito, para produzir um litro de etanol gera-se um resíduo de 13
litros de vinhaça. Por outro lado, a gasolina é um combustível de energia não renovável e também
produz uma série de consequências negativas para o planeta, por meio da queima de combustão, o
que ocasiona a elevação da temperatura da terra, por meio do efeito estufa, por queima de
combustíveis fósseis.
6
SCHULTZ, Nivaldo. Efeito Residual da Adubação em Cana Planta e Adubação Nitrogenada em Cana de
Primeira Soca com Aplicação de Vinhaça. Seropédica, RJ, fevereiro de 2009. Disponível em:
<http://www.ia.ufrrj.br/cpacs/arquivos/teses_dissert/123_(Me_-_2009)_Nivaldo_Schultz.pdf>. Acesso em: 05/01/2019.
7
BARROS, Rubens Pessoa de et. al. Alterações em atributos químicos de solo cultivado com cana-de-açúcar e
adição de vinhaça. Pesq. Agropec. Trop., Goiânia, v. 40, n. 3, p. 341-346, jul./set. 2010. Disponível em:
<http://www.revistas.ufg.br/index.php/pat/article/view/6422/7896>. Acesso em 02/01/19.
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Por outro lado, há alternativas de energias renováveis e limpas, nos presentes dias,
como a energia produzida por meio da luz solar. Essa fonte primária de produção de energia limpa
poderia ser utilizada em larga escala no Brasil, tendo em vista que o sol brilha por aqui o ano todo,
principalmente nas regiões do Sudeste, Sul, Centro-Oeste e Nordeste brasileiros. Ou seja, em todas
as cinco regiões do Brasil é possível gerar energia elétrica limpa e sem poluição ambiental. Quanto
à possível eliminação do uso de combustíveis fósseis e renováveis, como o etanol, também é
possível. O que falta no país é política pública e incentivo do governo federal para essa área. Já
existe, no mundo, em vários países, o carro movido a eletricidade. Na cidade de Santos, São Paulo,
por exemplo, já existe um microônibus movido a eletricidade, que faz o transporte regular de
passageiros naquela Urbe, de forma normal e natural.
A questão da eficiência energética já é possível sem o uso em escala industrial do etanol
no Brasil e no mundo. A energia fornecida pela luz solar deveria ser uma máxima no nosso País nos
presentes dias. O uso de combustíveis renováveis, como o álcool (etanol) traz uma série de
desvantagens para a natureza. E, a vinhaça é uma das pragas de poluições ambientais mais
devastadoras que pudemos observar neste estudo. A vinhaça chega ao ponto de ser mais poluidora
do que o esgoto doméstico em cem vezes. Isto é inaceitável.
A vinhaça ou o vinhoto, como também é conhecido, pode ser tratado. De acordo com
Kiehl (1985), o confinamento do vinhoto em depressões naturais do terreno ou em barragens leva à
rápida decomposição microbiana da matéria orgânica, estando boa parte dela nas dimensões
coloidais, com a consequente formação de gases de odores desagradáveis, causando desconforto às
populações vizinhas à destilaria. Há estudos que demonstram a eficiência de bactérias para o
combate destes rejeitos, deixando a vinhaça com o mínimo de poluentes possíveis ao ser levada
para as lavouras de cana. Esse é um processo que demanda comprometimento ambiental por parte
dos empresários do setor sucroalcooleiro. Nem todas as usinas têm essa consciência ambiental e
obedece às regras do Direito Ambiental no país.
Marques (2013), em suas observações a respeito do processo de decomposição da
vinhaça nas usinas de cana-de-açúcar no sul do Brasil, afirma que:
A vinhaça sendo tratada adequadamente, dentro das normas permitidas por Lei e dentro
dos parâmetros do Direito Ambiental, pode retornar à natureza, por meio de irrigação da plantação
de pastagens para o gado ou para irrigar a própria cana-de-açúcar. Além, é claro, de poder
aproveitar a parte sólida para a alimentação do gado ou ser usada como adubo orgânico, conforme
dissertou a autora acima, Marques, 2013.
Na digestão anaeróbia do vinhoto se produz uma fase gasosa, uma fase líquida (o vinhoto
digerido) e uma fase sólida (o lodo biológico). Todas as três fases têm utilidade e podem
ser aproveitadas para aumentar a rentabilidade das usinas. Entre outras aplicações, o
aproveitamento do biogás para geração de energia é particularmente atraente, tendo-se em
vista a possibilidade de uso na própria indústria e a venda para a rede pública do excedente.
(MARQUES, 2013, p. 13).
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Esta pesquisa, de revisão bibliográfica, teve como ponto de partida fazer uma
explanação a respeito de um poluente muito comum nas usinas de cana-de-açúcar, a vinhaça. Esta,
pode ter duas saídas em seu descarte, após a produção de etanol. Uma delas é ser utilizada na
irrigação da própria plantação de cana, sem o devido tratamento recomendado pelas normas
internacionais. Com isso, haverá prejuízos irreparáveis à natureza, tais como na fauna e na flora,
além da poluição do lençol freático.
Foi demonstrado na pesquisa também que há uma maneira correta e eficiente para fazer
o tratamento da vinhaça, antes de colocá-la em contato com o meio ambiente. Ao término da
produção de etanol, sobram resíduos do caldo de cana, fermentado. Esse deve receber tratamento
químico adequado para ser devolvido à natureza, seja por meio da irrigação da própria lavoura de
cana, onde a água já sai com um nível de pureza aceita pela Organização Mundial de Saúde, sem os
7 REFERÊNCIAS