Universidade Tecnológica Federal Do Paraná Diretoria de Pesquisa E Pós-Graduação Programa de Pós-Graduação em Ensino de Ciência E Tecnologia
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TESE
PONTA GROSSA
2020
LUCIANA BOEMER CESAR PEREIRA
PONTA GROSSA
2020
Ficha catalográfica elaborada pelo Departamento de Biblioteca
da Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Câmpus Ponta Grossa
n.35/20
CDD 507
por
Esta tese foi apresentada às 14horas e 30 minutos do dia 27 de fevereiro de 2020 como
requisito parcial para a obtenção do título de DOUTORA EM ENSINO DE CIÊNCIA E
TECNOLOGIA, com área de concentração em Ciência, Tecnologia e Ensino, do Programa
de Pós-Graduação em Ensino de Ciência e Tecnologia. A candidata foi arguida pela Banca
Examinadora composta pelos professores abaixo citados. Após deliberação, a Banca
Examinadora considerou o trabalho aprovado.
Profa. Dra. Mary Ângela Teixeira Prof. Dr. Antônio Carlos Frasson
Brandalise (UEPG) (UTFPR)
1 INTRODUÇÃO .....................................................................................................12
2 ENSINO E APRENDIZAGEM DE MATEMÁTICA NO ENSINO SUPERIOR .......22
3 CONTEXTUALIZAÇÃO E INTERDISCIPLINARIDADE.......................................30
4 TRANSPOSIÇÃO DIDÁTICA ...............................................................................38
5 CAMINHOS METODOLÓGICOS .........................................................................47
5.1 CARACTERIZAÇÃO DA PESQUISA ................................................................47
5.2 PARTICIPANTES DA PESQUISA E CARACTERIZAÇÃO DO LOCAL ............48
5.3 ESTRUTURA DE COLETA DE DADOS E ETAPAS DA PESQUISA ...............49
5.4 CODIFICAÇÃO E ANÁLISE DE DADOS ..........................................................53
6 RESULTADOS E DISCUSSÕES .........................................................................56
6.1 A CATEGORIA “INTERDISCIPLINARIDADE” ..................................................56
6.1.1 Análise da Subcategoria “Disciplinas Profissionalizantes que Utilizam
Matemática”.............................................................................................................56
6.1.2 Análise da Subcategoria “Conteúdos Matemáticos” .......................................59
6.1.3 Análise da Subcategoria “Assuntos Contextualizados” ...................................65
6.2 A CATEGORIA “TRANSPOSIÇÃO DIDÁTICA” ................................................69
6.2.1 Análise da Subcategoria “Material Didático” ...................................................69
6.2.2 Análise da Subcategoria “Exemplos e Exercícios Contextualizados” .............77
6.3 CATEGORIA “ENSINO DE MATEMÁTICA” .....................................................83
6.3.1 Análise da Subcategoria “Avaliação do Ensino” .............................................83
6.3.2 Análise da Subcategoria “Ensino Contextualizado” ........................................86
7 PRODUTO EDUCACIONAL: DESDOBRAMENTOS PÓS-BANCA ....................91
8 CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................92
REFERÊNCIAS .......................................................................................................97
APÊNDICE A - Questionário - Professores das áreas técnicas ........................104
APÊNDICE B - Questionário - Acadêmicos - Cálculo.........................................106
APÊNDICE C - Questionário - Acadêmicos - Álgebra Linear ............................109
APÊNDICE D - Corpo do e-mail - Professores de Matemática ..........................111
APÊNDICE E - TCLE - Estudantes .......................................................................113
APÊNDICE F - TCLE - Professores ......................................................................116
ANEXO A - Parecer do Comitê de Ética e Pesquisa ...........................................119
12
1 INTRODUÇÃO
Matemática e assim promover mais motivação às aulas e também por meio dessa
ação, estimular a interdisciplinaridade.
Contudo, ensinar de modo contextualizado exige muito cuidado, pois, os
contextos devem fazer sentido para os estudantes e ainda proporcionarem um
conhecimento interdisciplinar. Não é aconselhável apresentar exemplos
contextualizados de áreas distantes daquela em que os alunos estão se
profissionalizando, ou ainda, apresentar contextos desconectados da realidade. Para
Fazenda (2014, p.13) a “interdisciplinaridade na formação profissional requer
competências relativas às formas de intervenção solicitadas e às condições que
concorrerem ao seu melhor exercício”.
Sendo assim, a contextualização e a interdisciplinaridade se tornam
fundamental para que o acadêmico da área Ciências Agrárias articule conceitos, e
possa raciocinar criticamente sobre os fatos. Mas, a contextualização sozinha não
basta para garantir a aprendizagem, é necessário que os conceitos sejam
transpostos didaticamente. Diante disso, um suporte que pode ser utilizado é o uso
do processo de transposição didática, que de acordo com Chevallard (2005) e
apontado por Silva, Isaia e Rocha (2015), vai ocorrer de acordo com a percepção
que o docente possui sobre o ensino em determinado contexto, desde suas
escolhas metodológicas até suas ações relacionadas ao conteúdo.
Nesse sentido, para Silva, Isaia e Rocha (2015, p.254) “é preciso que os
docentes reflitam sobre suas estratégias de ensino na realização da transposição
didática, de forma que atendam às necessidades do ambiente educacional em que
atuam, levando em consideração a complexidade e as possibilidades de
aprendizagem de cada turma”. Estas situações reafirmam que ao refletir sobre a
construção do conhecimento no Ensino Superior é necessário almejar “uma
aprendizagem que auxilie os estudantes a entender e a intervir no mundo, em
especial, no ambiente profissional no qual ele pretende atuar”. (BALDOÍNO, 2012,
p.27). Logo, no Ensino Superior, a transposição didática precisa ser pensada de
uma forma a atender as especificidades de cada curso e a aprendizagem de cada
profissional a ser formado.
Pois, a Matemática está inserida nas mais diversas áreas do conhecimento
humano e se faz presente no cotidiano das pessoas, mesmo que não se perceba. O
seu desenvolvimento nos revela um verdadeiro celeiro de aplicações práticas,
inclusive na área Ciências Agrárias, com suas variadas aplicações em atividades
17
Este capítulo tem por objetivo discursar sobre publicações que relacionam o
ensino e aprendizagem de Matemática com o Ensino Superior. Para iniciar, convém
destacar os trabalhos da Sociedade Brasileira de Educação Matemática (SBEM),
que possui o grupo de trabalho de Educação Matemática no Ensino Superior (GT4).
Este grupo, tem como objetivo desenvolver, discutir e divulgar pesquisas
relacionadas à aprendizagem e ao ensino de Matemática no Ensino Superior. Dentre
seus objetos de pesquisa destacamos: a formação inicial e continuada de
professores de Matemática, materiais didáticos, novas tecnologias de ensino,
estratégias didáticas, práticas pedagógicas e abordagens alternativas para o ensino
de conceitos em cursos superiores da área de Matemática e de cursos, nos quais a
matemática é disciplina de serviço (SBEM, 2015).
O GT4 possui dois livros publicados, o primeiro em 2009, organizado pelas
autoras Maria Clara Rezende Frota e Lilian Nasser, “Educação Matemática no
Ensino Superior: pesquisas e debates” o qual reuniu 15 (quinze) artigos de relatos
de práticas de ensino e aprendizagem, metodologias e considerações sobre o
ensino e aprendizagem de cálculo, álgebra e análise real em cursos de Ensino
Superior (FROTA; NASSER, 2009).
Outra publicação do grupo é o livro “Marcas da Educação Matemática no
Ensino Superior”, que também relata pesquisas envolvendo aspectos do ensino e da
aprendizagem de temas da Educação Matemática no Ensino Superior. São
pesquisas sobre: erros e dificuldades de aprendizagem, demonstrações em
Matemática, comunicação em cálculo, sequência didática para o ensino da integral,
Curvas de nível, ensino de álgebra à distância, ensino e aprendizagem de números
reais, conceito de sequências, quadratura do círculo e número π (pi), números
complexos e sua conexão com geometria, limite e análise na perspectiva da
reconstrução do conceito, desenvolvimento profissional dos formadores de
professores, modelagem matemática e aprendizagem em cursos de Licenciatura em
Matemática (FROTA; BIANCHINI; CARVALHO, 2013).
Destaca-se deste livro, o artigo de Maria Clara Resende Frota que aborda a
importância dos processos de visualização e de comunicação na disciplina de
Cálculo. Ao elencar os resultados da pesquisa, a autora ressalta que o uso de
23
Como, por exemplo, a proposta de Cunha e Laudares (2017) que elaboraram uma
sequência didática inserida em um objeto de aprendizagem informatizado, que visou
o ensino de comportamento de funções com o estudo de derivadas. Para os autores:
[...] criar uma seção transversal para ser desenvolvida durante o transcorrer
de uma disciplina. Buscando alguns modelos matemáticos ou aplicações
concretas da matemática, objetivando propiciar uma motivação maior ao
aluno, e desta forma desenvolver um tema, um problema ou um assunto de
modo mais abrangente a partir das aulas de Matemática. (RODRIGUES,
2006, p.75).
3 CONTEXTUALIZAÇÃO E INTERDISCIPLINARIDADE
Este contexto compreensível para o aluno pode ser abrangido, desde o nível
cotidiano até o nível social e profissional. Mello (2004) descreve didaticamente três
categorias para a contextualização, sendo elas:
preocupação dos docentes com a formação cidadã dos alunos e conduz para que
estes possam atuar de forma mais impactante na sociedade.
Neste sentido, a interdisciplinaridade no Ensino Superior, em especial na
área Ciências Agrárias, pode ser efetivada quando há uma aproximação da
Matemática com as suas aplicações. Nesta perspectiva, Lima (2003) descreve que
“as aplicações constituem a principal razão pela qual o ensino da Matemática é tão
difundido e necessário, desde os primórdios da civilização até os dias de hoje, e
certamente, cada vez mais no futuro”. (LIMA, 2003, p.141).
Portanto, utilizar os pressupostos teóricos da contextualização e da
interdisciplinaridade pode ser uma estratégia capaz de preparar os acadêmicos de
nível superior com mais ênfase para o mercado de trabalho, bem como, desenvolver
os saberes da experiência de forma dinâmica.
38
4 TRANSPOSIÇÃO DIDÁTICA
[...] um conteúdo de saber que tenha sido definido como saber a ensinar,
sofre, a partir de então, um conjunto de transformações adaptativas que irão
torná-lo apto a ocupar um lugar entre os objetos de ensino. O ‘trabalho’ que
faz de um objeto de saber a ensinar, um objeto de ensino, é chamado de
transposição didática. (CHEVALLARD, 1991, p.39).
Logo, esta reorganização do saber faz com que um conceito, por exemplo,
que estava em um contexto, após ser recontextualizado passa a ter significado em
um novo espaço, sem a necessidade de voltar ao contexto que o gerou.
Nesta perspectiva, Chevallard e Johsua (1982) estabeleceram algumas
regras que precisam ser observadas durante o processo de transformação do saber
sábio em saber a ensinar. Estas regras foram concebidas com o intuito de facilitar a
análise dos diferentes saberes, são elas:
Regra I - Modernização do saber escolar;
Regra II - Atualização do saber a ensinar;
Regra III - Articulação do saber ‘novo’ com o ‘antigo’;
Regra IV - Transformação de um saber em exercícios e problemas;
Regra V - Apresentação de um conceito de uma forma mais
compreensível.
A Regra I, consiste em utilizar o Saber Sábio disponibilizado pelas pesquisas
científicas da atualidade, o que caracteriza esta regra como a modernização dos
saberes escolares. Nesta linha, Astolfi (1997, p.182) ressalta que “em diferentes
disciplinas, parece ser necessário aos especialistas colocar em dia os conteúdos de
ensino para aproximá-los dos conhecimentos acadêmicos”.
Na Regra II, destaca-se que “alguns objetos do saber, com o passar do
tempo, se agregam à cultura geral que, de certa forma, passa a dispensar o
formalismo escolar. Outros, perdem o significado por razões extracurriculares e/ou
escolares”. (ALVES FILHO, 2000, p.236). Diante disso, além de retirar do currículo
escolar, alguns saberes ultrapassados, se faz necessário à inclusão de novos
saberes e a articulação destes saberes com os antigos.
43
Neste interim, pode-se concluir que uma proposta de ensino que articula
intenções educativas e define as competências, os conteúdos, os recursos e os
meios, pratica uma ação através da transposição didática. Logo, corroborando com
(MARQUES, 2014) a transposição didática apresenta-se como um elemento
essencial na atuação do professor em sala de aula, pois é, a partir dessa
transposição que os conteúdos serão apresentados aos alunos, de forma que
favoreça a sua aprendizagem, utilizando-se dos mais diversos recursos e materiais.
46
5 CAMINHOS METODOLÓGICOS
1Disciplina ofertada conforme demanda, para alunos que foram reprovados ao menos uma vez em
Cálculo A da Agronomia, Engenharia Florestal ou Matemática da Zootecnia.
49
das disciplinas específicas (área técnica) dos cursos de: Agronomia, Engenharia
Florestal e Zootecnia da UTFPR-DV.
Esta etapa foi realizada no ano de 2016 e contou com a participação de 80
(oitenta) professores que ministravam aula naquele ano nos cursos da área de
agrárias do câmpus. O questionário aplicado (Apêndice A) continha 5 questões que
objetivavam mapear os conteúdos de Matemática usuais nas demais disciplinas dos
cursos e os assuntos que podem ser utilizados para contextualizar o ensino.
Esta etapa se configura como o ponto de partida para a interdisciplinaridade
caracterizada por Spinelli (2011) pela descoberta de contextos. Além disso, foi por
meio das respostas dos professores que se realizou a seleção dos conteúdos que
seriam abordados da elaboração do material que será exposto na etapa 2.
2ª Etapa - elaboração de um material didático de Matemática
contextualizado para cursos do Ensino Superior da área Ciências Agrárias, sob a
ótica dos critérios de transposição didática.
Esta etapa visou atender o Artigo 30, do Regulamento Interno do Programa
de Pós-Graduação em Ensino de Ciência e Tecnologia (PPGECT) - Doutorado, da
Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), que determina o
desenvolvimento de um produto educacional, para tanto, foi elaborado um material
didático contextualizado que contemplou os conteúdos e assuntos citados pelos
professores na primeira etapa. A escolha dos conteúdos foi realizada com base na
frequência de citações dos professores, ao responderem o questionário e a
presença deles nas ementas de cada curso. O material foi organizado em 12 (doze)
capítulos conforme segue:
Capítulo 1 - Operações Básicas e Complementares;
Capítulo 2 - Unidades de Medida;
Capítulo 3 - Razão, Proporção e Regra de Três;
Capitulo 4 - Tópicos de Matemática Financeira;
Capítulo 5 - Tópicos de Geometria;
Capitulo 6 - Equações;
Capítulo 7 - Matrizes;
Capitulo 8 - Sistemas de Equações Lineares;
Capitulo 9 - Tópicos de Trigonometria;
Capitulo 10 - Funções Reais de uma Variável Real;
51
Quadro 1 - Codificação
Sujeitos Codificação
Professores das áreas técnicas PT01, PT02, ..., PT80.
Alunos da disciplina de Cálculo A especial CA01, CA02. ..., CA37.
Alunos da disciplina de Álgebra Linear AL01, AL02, ..., AL52.
Professores de Matemática UTFPR PM01, PM02, ..., PM05.
Questões dos questionários – alunos Q1, Q2, ..., Q8
Fonte: Autoria própria
54
6 RESULTADOS E DISCUSSÕES
Tabela 1 - Frequência de citações dos conteúdos matemáticos nos relatos dos professores
pesquisados
Conteúdos/palavras Quantidade de Citações
Regra de Três 28
Cálculo de Área 15
Equações 14
Matemática Básica 11
Cálculo de Volume 10
Porcentagem; Unidades de Medidas 9
Proporção; Custos 7
Média; Matriz; Funções; Trigonometria 5
Escala; Probabilidade; Estatística 4
Álgebra; Receita; Financeira; Modelagem; Variância; Operações 3
Básicas
Juros; Taxa; Integral; Amostragem; Geometria; Curvas; Desvio 2
Padrão; Logaritmos
Derivada, Regressão; Potência; Frações; Moda; Mediana 1
Fonte: Autoria própria
(PT35). Mas, há menções mais pontuais nos discursos como frações, potências,
logaritmos e operações básicas.
O cálculo de volume, assim como o cálculo de área é comum no contexto
das Ciências Agrárias. Nas respostas dos professores foi possível encontrar citações
de cálculo de volume nas disciplinas de Sementes e Mudas Florestais, Sistemas
Agrosilvipastoris, Inventário Florestal, Olericultura, Física do solo entre outras.
O conteúdo de Unidades de Medida foi citado nas disciplinas de Topografia,
Construções Rurais, Química, Nutrição animal, Mapeamento de Agricultura de
Precisão entre outras. Nesse contexto, o conteúdo de Unidades de Medida pode ser
considerado um objeto interdisciplinar, pois, mesmo que não citado por todos os
professores que utilizam Matemática, é possível encontrar referências ao uso
desses conceitos, por exemplo, no discurso do professor PT26 da disciplina de
Fitopatologia, (disciplina dos cursos de Agronomia e Engenharia Florestal),
“Determinação de severidade e incidência de doenças; Concentração de
produtos/aplicação - ex: 1 ml/kg - 120 kg/ha; ppm (muita dificuldade) Ex:
concentração de 50 ppm”. Nota-se que não foi citado o conteúdo, mas, há presença
de simbologia que faz referência ao uso desse conteúdo.
A Matemática Financeira e também alguns de seus elementos como o
Custo, a Receita e o cálculo de Taxas e Juros, foram citados pelos professores. São
cálculos de análise de custos e receitas, na disciplina de Sistemas Agrosilvipastoris,
custo e viabilidade econômica na disciplina de Aditivos na alimentação de aves e
suínos, “Cálculo de rentabilidade/lucratividade em atividades (receitas/despesas
etc); Análise de viabilidade econômica (matemática financeira, juros, técnicas
modernas TIR-taxa interna de retorno, VL e recursos B/C - Benefício/custo, VPL-
Valor Presente Líquido”. (PT20) na disciplina de Administração e Planejamento
Rural, enfim, mesmo que muitos professores não tenham citado, é notório que esse
assunto move diversos estudos de análise econômica na área Ciências Agrárias.
Corroborando com Clay et al. (2015, p.9) é preciso “ensinar os alunos a
propor, testar e implementar as estratégias inovadoras que estão melhor
posicionadas, para aumentar a lucratividade e a produtividade e proteger o
ambiente”, pois, em todas as culturas, em toda criação de animais, em todo
planejamento florestal, a análise financeira é o grande responsável pelo sucesso ou
insucesso das atividades.
63
Capítulo 11 - Derivada;
Capítulo 12 - Integral.
O material didático foi elaborado de forma a atender as regras propostas
para guiar a Transposição Didática no ensino, elencadas por Chevallard e Johsua
(1982).
Os exemplos e exercícios contextualizados foram retirados de diversas
fontes, dentre elas: artigos de periódicos, artigos de anais de eventos, boletins
técnicos da EMBRAPA e da IAPAR, trabalhos de conclusão de curso de graduação
e do PDE, dissertações de mestrados acadêmicos e profissionais, teses, livros
didáticos, questões do Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) e questões de
vestibulares.
No Quadro 4, apresenta-se um resumo do material didático, contendo os
conteúdos que foram abordados e os assuntos em cada capítulo.
Quadro 5 - Opinião geral de professores de Matemática que atuam em cursos da área Ciências
Agrárias da UTFPR
Professor Relato
Gostei muito do material, tanto em termos visuais e ilustrativos,
PM01 quanto em termos de contextualização e aplicabilidade para as
ciências agrárias.
É um material simples, porém bem completo em relação. Possui
conteúdos base para que um aluno possa relembrar alguns
conteúdos já vistos em Ensino Fundamental e no Ensino Médio,
mas também, para aprender novos que seriam ensinados em
PM02
determinadas disciplinas. Além é claro, de exemplos e sugestões
de exercícios que relacionam estes conteúdos com as áreas
agrárias, biológicas ou simples aplicações diretas de determinado
tema.
PM03 Muito bom.
Parece organizado de modo linear no aprendizado, apresentando
conteúdos na parte inicial abordados de forma bem simples e de
fácil entendimento, porém deveriam vir operações em que
PM04
envolvem não somente números, mas incógnitas também, pois
estas preparariam os alunos para os conteúdos finais: Matrizes,
derivadas, integrais.
O material é bastante didático, bem organizado em relação aos
conteúdos e sequência dos mesmos e será muito útil,
principalmente para os professores de cursos de Ciências
PM05 Agrárias, pois facilitará a aplicação de conceitos de forma clara e
realista, sem que o professor precise gastar muito tempo
pesquisando em diversas fontes diferentes e, mesmo assim,
encontrando poucas aplicações, na maioria das vezes.
Fonte: Autoria própria
Quadro 6 - Opinião dos professores de Matemática, que atuam em cursos da área Ciências
Agrárias da UTFPR sobre o uso do material
Professor Relato
Com certeza. Adoraria receber um exemplar. E inclusive, já utilizei alguns
PM01 capítulos (funções, derivadas e integrais) em minhas aulas de Cálculo na
Agronomia.
Eu usaria como uma apostila base ou até um material de apoio para
minhas aulas. Alguns conteúdos seriam utilizados e outros apenas
PM02 comentados, mas para quem ministra Cálculo 1 (ou Cálculo A ou
Matemática) e até Álgebra Linear/Geometria Analítica, esse material seria
um ótimo apoio!
PM03 Utilizaria.
Sem dúvida daria para utilizar como forma de introdução, pois os
conteúdos são distribuídos e tratados em disciplinas de 60h. Logo, há uma
imersão bem mais profunda no conhecimento dos assuntos mencionados.
PM04
Gostei bastante que reuniu vários exemplos aplicados na área (que nós
matemáticos geralmente não temos acesso, por não ter feito a graduação
na área do público-alvo).
Utilizei o livro para desenvolver alguns conteúdos de Álgebra Linear (curso
de Agronomia) e, de Matemática A (curso de Engenharia Florestal). A
aceitação dos alunos foi muito significativa. Consideraram que é
PM05
importante saber sobre algumas aplicações dentro do curso e que isto
estimulou para o aprofundamento do conteúdo, buscando novas
aplicações além das apresentadas.
Fonte: Autoria própria
77
Fazem parte desta categoria os dados das questões Q2, Q3, Q5 e Q6 dos
questionários aplicados às turmas de Cálculo A - especial e Álgebra Linear -
Agronomia (Apêndices B e C) e também os pareceres recebidos de professores de
Matemática, que atuam nas disciplinas da área de Matemática em cursos da área de
Ciências Agrárias da UTFPR.
Ao serem questionados sobre os exercícios e exemplos contextualizados na
área Ciências Agrárias (Q2) que foram utilizados ao longo do semestre, os
estudantes em sua maioria apontaram como “bom” e três estudantes consideraram
“regular”. Nas justificativas positivas das questões apareceram termos como: “ajuda
muito”, “facilidade”, “realidade”, “bem elaborados”, “interessante”. E nas justificativas
regulares apareceram os termos “difícil” e “dificuldade”.
Segundo os estudantes, “foram exemplos dos quais foi possível fazer
correlação com o curso” (CA03) e que quando isso ocorre, os conceitos matemáticos
“ficam mais perto da realidade” (CA11), permitindo “melhor entendimento da matéria”
78
(CA18). Eles também pontuaram que “as aplicações são bem feitas” (CA27) e “mais
fácil de entender” (AL23), e que “o uso de exercícios contextualizados são bastante
instigadores” (AL29) e que, além de “interagir com o meio prático” (AL24), ainda
“ajudam a estimular os alunos” (AL33).
Diante destas informações, cabe concordar com Fiorentini e Lorenzato
(2009), que ao interpretarem o termo transposição didática, afirmam que:
articulada com outros já inseridos. Para Astolfi e Develay (1990) o fato de negar de
forma radical um conteúdo da forma tradicional do sistema de ensino pode gerar
desconfiança nos estudantes.
Na perspectiva da interdisciplinaridade Masola e Alevatto (2016, p.66)
chamam de interdisciplinaridade horizontal o fato de promover:
conteúdo trabalhado” (CA05) e ainda que “quando se sabe onde será aplicado
realmente desperta uma maior vontade” (CA14).
Na turma de Álgebra Linear, foi unânime a opinião de que houve motivação
em aprender. Os comentários abaixo apresentam algumas justificativas para a
resposta:
Você sabe para que está aprendendo e onde se deparar com situações
semelhantes. (AL01).
Porque quando vemos algo estudado sendo aplicado, faz mais sentido
porque traz mais motivação. (AL36)
Porque eu sei que posso ou vou utilizar esses conceitos no futuro, não é
algo vago. (AL37) (DADOS DA PESQUISA, 2018).
Uma aula contextualizada leva o aluno a interagir com o que está sendo
ministrado [...] a aprendizagem é associada à preocupação em retirar o
aluno da condição de espectador passivo, em produzir uma aprendizagem
significativa e em desenvolver o conhecimento espontâneo em direção ao
conhecimento abstrato. É preciso fazer os alunos verem a matemática na
vida real, [...] ligar a matemática que se estuda nas salas de aula com a
matemática do cotidiano.
8 CONSIDERAÇÕES FINAIS
tinham reprovados ao menos uma vez, pertencentes aos três cursos da área
Ciências Agrárias da UTFPR-DV, e também na disciplina de Álgebra Linear do curso
de Agronomia. As disciplinas foram ministradas pela professora pesquisadora em
semestres diferentes e os alunos tiveram acesso aos capítulos que lhes eram
enviados por e-mail. Ao final da disciplina foi aplicado um questionário aos
acadêmicos com o objetivo de avaliar o ensino e o material utilizado.
As contribuições desta etapa foram as mais importantes para a presente
pesquisa, pois, foi o momento de verificar se o material didático de Matemática, com
exercícios e exemplos contextualizados na área Ciências Agrárias trouxe
contribuições para a aprendizagem dos acadêmicos. Segundo os comentários
recebidos dos estudantes das duas turmas, o uso da contextualização:
Facilitou a aprendizagem;
Estimulou a aprendizagem dos conceitos;
Motivou-os a aprender;
Ajudou no entendimento do conteúdo;
Melhorou a compreensão dos conteúdos;
Exigiu mais concentração;
Propiciou o desenvolvimento do raciocínio lógico;
Despertou o interesse para resolver questões;
Tornou o aprendizado da Matemática mais instigante e interessante;
Proporcionou a oportunidade de equiparar prática e teoria;
Aproximou cálculos matemáticos com situações reais.
Sendo assim, a análise dos comentários dos estudantes das duas turmas
em que foram abordados os conteúdos de Matemática de forma contextualizada,
revela que a elaboração do material contribuiu para a aprendizagem com
significados, além de facilitar a aprendizagem por meio de contextos que fazem
parte das disciplinas técnicas da graduação que estão cursando.
Cabe ressaltar, que esta etapa efetivou a transposição didática ao
transformar o saber a ensinar em saber ensinado e que as competências
necessárias para a realização da transposição didática como: saber selecionar os
conteúdos de relevância, dominar o conhecimento em questão, relacionar o
conhecimento com outras áreas, saber contextualizar e saber organizar situações de
95
REFERÊNCIAS
GIL, A. C. Como elaborar projetas de pesquisa. 4. ed. - São Paulo: Atlas, 2002.
QUESTIONÁRIO
1- Nome: ________________________________________________________
______________________________________________________________
( ) Agronomia
( ) Engenharia Florestal
( ) Zootecnia
QUESTIONÁRIO
5) Você se sente mais motivado a aprender quando sabe onde vai usar os conceitos
de Matemática?
( ) sim ( ) não ( ) indiferente
Justifique:
______________________________________________________________
6) Qual a sua opinião sobre os exemplos e exercícios contextualizados:
( ) fácil ( ) desafiador ( ) difícil ( ) indiferente
Justifique:
______________________________________________________________
QUESTIONÁRIO
3) Qual a sua preferência com relação ao tipo dos exercícios utilizados em conteúdos de
Matemática:
( ) exercícios de calcule e determine
( ) problemas aplicados/contextualizados
( ) figuras/ desenhos/gráficos
Justifique: ______________________________________________________________
5) Você se sente mais motivado a aprender quando sabe onde vai usar os conceitos de
Matemática?
( ) sim ( ) não ( ) indiferente
Justifique: ______________________________________________________________
Conforme já dialogado por telefone e/ou presencialmente, envio este e-mail que
contêm em anexo o material (Produção técnica do meu doutorado) para a validação.
O objetivo do produto foi apresentar os conteúdos citados pelos professores das
áreas técnicas em 2016 (foi aplicado um questionário) de forma contextualizada nas
três áreas Agronomia, Zootecnia e Florestal. Dessa forma, peço que me envie um
parecer, pontuando as seguintes questões?
Att.
Luciana Boemer Cesar Pereira.
113
A) INFORMAÇÕES AO PARTICIPANTE
1. Apresentação da pesquisa.
Este projeto de Doutorado tem por objetivo analisar as contribuições que um trabalho do
professor em sala de aula apoiado por um livro contextualizado para cursos do ensino
superior da área de ciências agrárias poderá trazer para o ensino de Matemática. Para
tanto, a pesquisa será construída pelas seguintes etapas: Realização de um levantamento
dos conceitos Matemáticos, que podem ser contextualizados nas disciplinas específicas das
Ciências Agrárias dos cursos, Agronomia, Zootecnia e Licenciatura em Educação do
Campo; Análise e organização dos conceitos matemáticos levantados nas disciplinas
específicas das Ciências Agrárias dos cursos, Agronomia, Zootecnia e Licenciatura em
Educação do Campo. Adaptação dos conceitos Matemáticos levantados, descrevendo de
uma forma mais clara e objetiva, atendendo aos critérios da transposição didática;
Elaboração de um livro de Matemática contextualizado para cursos do ensino superior da
área de Ciências Agrárias; Validação do livro proposto com professores que atuam nos
cursos de Ciências Agrárias e análise do trabalho do professor em sala de aula, apoiado
pelo livro contextualizado para cursos do ensino superior da área de Ciências Agrárias. A
pesquisa e aplicação serão realizadas com professores e estudantes da Universidade
Tecnológica Federal do Paraná - Câmpus Dois Vizinhos - Paraná. Espera-se que esta
pesquisa venha contribuir para o ensino e aprendizagem de Matemática na área de Ciências
Agrárias e seja um suporte didático para professores e estudantes.
2. Objetivos da pesquisa.
Analisar as contribuições de um trabalho do professor em sala de aula apoiado por um livro
contextualizado para cursos do Ensino Superior da área de Ciências Agrárias poderá trazer
para o ensino de Matemática.
3. Participação na pesquisa.
Para participar desta pesquisa você deve ser aluno de uma das disciplinas listadas na
sequência:
Álgebra Linear do curso de Agronomia;
Cálculo A - especial agrárias
4. Confidencialidade.
As informações serão utilizadas somente para os fins deste projeto e serão tratadas com
sigilo e confidencialidade, de modo a preservar a sua identidade.
5. Desconfortos, Riscos e Benefícios.
5a) Desconfortos e ou Riscos:
Caso você aluno, não se sinta à vontade, por qualquer motivo, para participar deste projeto,
poderá desistir sem nenhum ônus ou prejuízo a sua pessoa, ou se sentir constrangimento
terá liberdade para desistir em qualquer momento de sua participação.
5b) Benefícios:
Ao participar desta pesquisa, você aluno não terá nenhum benefício direto, exceto as
hipóteses de uma melhor aprendizagem. No entanto, com a sua participação no projeto
esperamos levantar informações importantes que contribuirão para avaliar a importância do
trabalho, com contextos nas diversas disciplinas e áreas do conhecimento. Sua participação
será valiosa para conseguirmos validar o trabalho do professor em sala de aula com um livro
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B) CONSENTIMENTO
Eu declaro ter conhecimento das informações contidas neste documento e ter recebido
respostas claras as minhas questões a propósito da minha participação direta (ou indireta)
na pesquisa e, adicionalmente, declaro ter compreendido o objetivo, a natureza, os riscos e
benefícios deste estudo. Após reflexão e um tempo razoável, eu decidi, livre e
voluntariamente, participar deste projeto de Doutorado intitulado “ENSINO DE
MATEMÁTICA NAS CIÊNCIAS AGRÁRIAS: CONTRIBUIÇÕES DA ELABORAÇÃO DE UM
MATERIAL DIDÁTICO CONTEXTUALIZADO”. Estou consciente que posso deixar o projeto
a qualquer momento, sem nenhum prejuízo.
Concordo que o material e as informações obtidas relacionadas a minha pessoa possam ser
publicados em aulas, congressos, eventos científicos, palestras ou periódicos científicos.
Porém, não devo ser identificado por nome ou qualquer outra forma.
Eu declaro ter apresentado o estudo, explicado seus objetivos, natureza, riscos e benefícios
e ter respondido da melhor forma possível às questões formuladas.
Eu declaro ter apresentado o estudo, explicado seus objetivos, natureza, riscos e benefícios
e ter respondido da melhor forma possível às questões formuladas.
Nome completo:__________________________________________________________
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